TCC LuizTananta
TCC LuizTananta
TCC LuizTananta
Benjamin Constant – AM
2023
DEDICATÓRIA
Em primeiro lugar, agradeço a Deus pelo dom da vida, perseverança e sabedoria que
me foram concedidos. Agradeço também pela força e coragem que me foram dadas
para enfrentar todas as adversidades e por estar sempre ao meu lado nos momentos
de alegria e aflição, permitindo-me concluir tudo o que me proponho a realizar.
Agradeço aos educadores e funcionários das Escolas Indígenas Ebenezer, Escola
Indígena Porto Cruzeirinho e Escola Indígena Porto Cordeirinho, pois tiveram um
papel fundamental na concretização deste trabalho.
À minha Mãe Judite Arirama Pacaio, mulher agricultora que, mesmo diante das
adversidades, nunca deixou de acreditar no meu potencial e nos meus sonhos, e
sempre transmitiu seus valores de honestidade, simplicidade e amorosidade. Ao meu
Pai, Jorge Garcia Tananta, por todo o amor e carinho que me concedeu e por sempre
se esforçar em dar o melhor para seus filhos, você é um exemplo e uma inspiração
para mim. Pois ser PAIS, realizei o sonho de vocês de finalmente ter o primeiro filho
FORMADO, eu consegui! E espero retribuir em dobro tudo o que vocês fizeram por
mim.
Aos meus irmãos, Lener, Isaque, Luz Angélica, Mara, Jovana e Marivaneide, a ajuda,
a força e os incentivos de vocês foram imparciais nesta jornada.
À minha amada e primogênita filha, Ana Laís Batalha Tananta, você é minha força
diária para vencer os obstáculos da vida e realizar todos os meus objetivos.
À minha amada, Ana Paula Batista Batalha, pelos cinco anos de parceria, sou grato
por tudo o que você fez por mim, meu muito obrigado.
Ao meu orientador e amigo, Dr. Radamés Gonçalves de Lemos, desde o 1º período
da faculdade, colocou-me no caminho da pesquisa científica, obrigado pela parceria
e por toda ajuda que me foi dada.
A todos os professores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) que
contribuíram diretamente e indiretamente no meu processo.
Aos meus colegas e amigos que, durante a caminhada acadêmica, tivemos muitas
vitórias, dificuldades e sempre estamos ajudando uns aos outros. Aos membros da
banca, aos professores Leonardo Gusso Gol e Jarleane da Silva Ferreira, que
contribuíram significativamente para a melhoria da monografia, sou grato por
compartilharem seus conhecimentos.
POEMA
IÇAMI TIBA
RESUMO
Este trabajo presenta como estudio los desafíos y perspectivas del letramento
científico en tres escuelas indígenas en el contexto amazónico en el Municipio de
Benjamin Constant. El objetivo fue identificar y comprender las dificultades y
perspectivas de los profesores en la promoción del letramento científico en estas
escuelas, además de verificar si la formación continua y permanente contribuye a este
proceso. También se buscó identificar las estrategias pedagógicas adoptadas por los
profesores de ciencias naturales y verificar si trabajan con una perspectiva de
letramento científico dentro del contexto de la cultura indígena. La metodología
utilizada en esta investigación se basó en un enfoque cualitativo, fundamentado en
una investigación de campo. La investigación se llevó a cabo en tres escuelas
indígenas ubicadas en la zona rural del Municipio de Benjamin Constant-AM e
involucró a profesores, pedagogos y directores de las respectivas escuelas. La
bibliografía utilizada para fundamentar el estudio sobre letramento científico y las
perspectivas y desafíos enfrentados por los educadores incluye autores como Fleuri
(2003), Teixeira (2011), Sousa (2017), Medeiros (2018), Carvalho (2018), Cunha
(2019), Castro y Santos (2019), entre otros. A partir de los resultados obtenidos, se
realizó una revisión de la literatura sobre la importancia de la formación continua y
permanente de los profesores. Autores como Nóvoa (1991), Freire (1991) y Mello
(1994), junto con la Ley de Directrices y Bases de la Educación Nacional (LDB
9396/96), refuerzan que la formación continua y permanente es esencial para la
mejora de la calidad de la enseñanza y el perfeccionamiento de los profesionales de
la educación. Las prácticas pedagógicas adoptadas por los profesores incluyen
actividades de campo, valoración de la lengua materna, valoración del conocimiento
tradicional de los alumnos y clases teóricas con diálogo. Se comprendieron las
perspectivas y desafíos de los profesores, identificando sus principales anhelos, como
la mejora de la estructura física de la escuela y la necesidad de garantizar una
educación escolar indígena de calidad. En cuanto a las principales dificultades
relatadas por los profesores en la promoción del letramento científico, se destacan la
falta de laboratorio, el apoyo insuficiente de la Secretaría Municipal de Educación
(SEMED), la ausencia de materiales didácticos contextualizados, los problemas
socioeconómicos enfrentados por los alumnos y la escasez de merienda escolar. Los
resultados de este estudio podrán respaldar la realidad educativa en las escuelas
indígenas y proponer acciones efectivas para los organismos educativos del
municipio, con el fin de promover un letramento científico intercultural.
This work presents a study on the challenges and perspectives of scientific literacy in
three indigenous schools in the Amazonian context in the municipality of Benjamin
Constant. The objective was to identify and understand the difficulties and perspectives
of teachers in promoting scientific literacy in these schools, as well as to verify if
continuous and permanent training contributes to this process. The study also sought
to identify the pedagogical strategies adopted by science teachers and to verify if they
work with a perspective of scientific literacy within the context of indigenous culture.
The methodology used in this research was based on a qualitative approach, with a
field research foundation. The research was conducted in three indigenous schools
located in the rural area of Benjamin Constant-AM and involved teachers, pedagogues,
and school administrators. The bibliography used to support the study on scientific
literacy and the perspectives and challenges faced by educators includes authors such
as Fleuri (2003), Teixeira (2011), Sousa (2017), Medeiros (2018), Carvalho (2018),
Cunha (2019), Castro and Santos (2019), among others. Based on the results
obtained, a literature review was carried out on the importance of continuous and
permanent teacher training. Authors such as Nóvoa (1991), Freire (1991), and Mello
(1994), together with the Law of Guidelines and Bases for National Education (LDB
9396/96), reinforce that continuous and permanent training is essential for improving
the quality of education and the professional development of educators. The
pedagogical practices adopted by teachers include field activities, valorization of native
language, valorization of students' traditional knowledge, and theoretical classes with
dialogue. The perspectives and challenges of teachers were understood, identifying
their main concerns, such as improving the physical structure of the school, and the
need to ensure a quality indigenous school education. The main difficulties reported
by teachers in promoting scientific literacy include the lack of a laboratory, insufficient
support from the Municipal Department of Education (SEMED), the absence of
contextualized teaching materials, the socio-economic problems faced by students,
and the scarcity of school meals. The results of this study can support the educational
reality in indigenous schools and propose effective actions for the educational
authorities of the municipality, aiming to promote intercultural scientific literacy.
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14
1. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 17
1.1 Letramento científico na Educação Escolar Indígena .................................. 17
1.1.1 Letramento científico: conceito e definições ......................................... 17
1.1.2 Letramento científico e a disciplina de Ciências.................................... 18
1.1.3 Desafios e perspectivas do letramento científico .................................. 20
1.2 Educação Escolar Indígena: história e perspectivas ................................... 21
2.2.1 História e conquista da educação escolar indígena .............................. 21
2.2.2 Desafios e perspectivas da educação escolar indígena ........................ 24
1.3 Formação docente em Ciências em comunidades indígenas ...................... 25
1.3.1 Formação docente ou permanente para professores (as) indígenas .... 25
1.3.2 Formação em Ciências em Contextos Intercultural ............................... 27
1.3.3 Práticas pedagógicas indígenas e recursos no ensino de ciências ....... 28
2. MARCO METODOLÓGICO .............................................................................. 30
2.1 Natureza e tipo de pesquisa ........................................................................ 30
2.2 Local e participantes da pesquisa ............................................................... 32
2.3 Instrumentos e análise dos resultados ........................................................ 33
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 37
5.1 Caracterização das escolas ......................................................................... 38
5.2 Formação acadêmica dos professores (as) ................................................. 41
5.4 Concepções dos docentes de Ciências sobre letramento científico ............. 49
5.5 Práticas pedagógicas adotadas pelos docentes .......................................... 52
5.5 Desafios e perspectivas dos docentes para promoção do LC ...................... 54
5.6 Algumas ponderações acerca dos resultados gerais da pesquisa ............... 59
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 63
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 65
APÊNDICE A........................................................................................................... 76
APÊNDICE B........................................................................................................... 77
APÊNDICE C........................................................................................................... 78
APÊNDICE D........................................................................................................... 79
14
INTRODUÇÃO
A Educação Escolar Indígena é um tema que tem sido discutido nos últimos
anos, em virtude de garantir a valorização das características culturais únicas, na
promoção de um ensino de qualidade que respeite as características próprias das
comunidades indígenas e promova a inclusão social. Conforme, afirma Gonçalves
(2017, p.689), “na atualidade, crescem as discussões sobre a educação escolar
indígena, o que pode ser entendido como um movimento que visa afirmar e resgatar
as culturas, línguas e saberes das populações indígenas”.
Diante disso Souza (2019, p.18), define a educação escolar indígena como
aquela que “valoriza as línguas, as culturas e as epistemologias próprias dos povos
indígenas, reconhecendo os saberes locais para o desenvolvimento cultural e
humano”. O município de Benjamin Constant, localizado na região do Alto Solimões
do Estado do Amazonas, abriga diversas comunidades indígenas das mais variadas
etnias, que enfrentam desafios particulares ao acesso à educação, como à falta de
formação de professores para trabalhar numa perspectiva intercultural.
Uma das bases teóricas que embasam a prática docente em escolas indígenas
é o Letramento Científico, definido por Gonçalves (2017, p. 67), como uma capacidade
de “compreender, analisar, utilizar e comunicar conhecimentos científicos na vida
15
cotidiana”. Segundo, o autor o letramento científico não é visto como algo a ser
memorizado, mais sim um conjunto de ferramentas que podem ser utilizadas para
compreender melhor o mundo e tomar decisões mais fundamentadas e conscientes.
Diante disso, o ensino de Ciências tem se tornado cada vez mais essencial para se
entender os fenômenos da natureza quanto para se tornar decisões políticas e sociais
e possibilitam a vivência democrática, cidadã e humana (SUARTE; MARCONDES,
2018).
Por isso, o letramento científico entra no fazer pedagógico como aliado dos
professores em proporcionar um ensino de ciências que seja, sobretudo, aplicável e
observável na vida dos alunos, ou seja, que permita utilização do conhecimento
científico construído em sala de aula com as práticas sociais (BARBOSA, 2020).
Dessa forma, o Letramento Científico pode trazer diversos benefícios para as
comunidades indígenas, como a promoção do diálogo intercultural e a valorização dos
saberes e práticas tradicionais (MOREIRA, p. 45, 2010).
1. REVISÃO DE LITERATURA
científico, permitindo a compreensão do mundo que nos cerca e das relações que
estabelecemos com ele”.
Desse modo Amaral (2014), salienta que “O objetivo da Ciência da Natureza
não se limita ao aprendizado dos resultados científicos, mas também destaca o
aprendizado de como o conhecimento científico é produzido e quais são suas
implicações”. A disciplina de Ciências contribui para a promoção do letramento
científico dos estudantes, pois propicia o estudo dos fenômenos naturais e dos seres
vivos.
Outrossim, em 2015 a Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OECD), através do Programa de Avaliação de Estudantes Internacionais
(PISA) apresentou três competências específicas para classificar um estudante como
letrado cientificamente:
A educação escolar indígena tem sua história marcada por resistências lutas
e conquistas e sempre lutaram pelo direito à sua cultura e à educação. Dito isto,
Medeiros (2018), salienta que “a história da educação escolar indígena pode ser
dividida em dois períodos, o período colonial que perdurou até o final século XX e o
período da escola atual”, onde os primeiros movimentos para fortalecer iniciaram nos
anos 70 (setenta). Ainda conforme a autora estes períodos foram marcados por:
Diante deste contexto, da primeira fase Brandão (1986, p.8), afirma que nesta
fase “os indígenas foram remetidos a assimilar aquilo que não o cabia, sofrendo o
processo de aculturação que não lhe dava o direito a viver a sua cultura, este período
foi marcado por ordens religiosas impostas pela companhia de Jesus”. Diante disso,
a educação escolar indígena ainda no Brasil Colônia não partia de uma educação
formal e diferenciada para os povos indígenas, mas de um processo de
escolarização, cujo objetivo era catequizar para a salvação daqueles primitivos
selvagens, assim eram chamados os índios naquela época.
Nesta fase, a educação escolar indígena nos anos 70 inicia uma luta, pois aqui
nascem os movimentos indígenas apoiados na Constituição de 1988, que propõe
uma educação diferenciada, respeitando a diversidade de cada povo. Desta feita,
destaca-se o artigo 78 da LDB:
Dessa forma, a educação escolar indígena que passa por fases tem seus
direitos resguardados sendo respeitadas suas tradições e crenças. Uns dos
documentos que garantem este direito é o Referencial Curricular Nacional para
Escolas Indígenas-RCNEI (1998, p.24), destaca que “ela deve ser comunitária,
intercultural, bilíngue, específica e diferenciada”. Posto isto, outras bases legais da
Educação Escolar Indígena são:
Outro ponto a ser destacado é falta de políticas públicas que garantam uma
educação escolar apropriada, pois apesar de haver documentos como o Referencial
Curricular para a Escolas Indígenas de 1988, falta uma atenção às demandas atuais
dos povos originários em relação ao ensino de sua cultura e língua. Conforme
destaca Maia (2016, p.31), “falta de políticas públicas efetivas tem sido uma barreira
para garantia de uma educação escolar indígena de qualidade”.
Isso significa que não basta apenas disseminar o ensino da Ciência de modo
sistemático, mas torná-lo um diferencial na vida do estudante de origem indígena,
considerando que ele carrega uma cultura diferenciada.
Desta conjuntura, é necessário considerar a importância da valorização dos
saberes tradicionais na contribuição para o ensino de Ciências, assim permitindo uma
abordagem intercultural do conhecimento científico. De acordo, com Sáez (2019, p.
71), “a formação docente em Ciências em contextos interculturais deve contemplar a
valorização dos saberes tradicionais para construção do conhecimento científico”.
Para autores Oliveira e Queiroz (2013), o ensino de Ciências deve ser um “meio para
o desenvolvimento e a aquisição de certas habilidades e conhecimentos que
permitam o empoderamento às pessoas do grupo social no qual os conteúdos são
trabalhados”.
Esse é o espaço de oportunidades que se abre com o ensino de Ciências e
que “oferece às comunidades indígenas a possibilidade de definir quais práticas
sociais desejam transformar e como o conhecimento de Ciências pode ser legítimo e
útil para esses fins, sem qualquer prejuízo de sua herança cultural” (JESUS, 2019).
Compreendemos que, ao aprender Ciências, sob essas perspectivas, o indígena
poderá distinguir quando um conhecimento ou procedimento científico será a melhor
opção para resolver um problema específico e quando será suficiente utilizar apenas
o conhecimento derivado da tradição.
2. MARCO METODOLÓGICO
Assim, por meio da pesquisa de campo, foi possível coletar dados que refletiu
a realidade vivida pelos alunos e toda a comunidade escolar, assim conhecendo suas
expectativas e desafios vivenciados na promoção do letramento científico. Gonçalves
(2001), enfatiza que a pesquisa de campo “proporciona que o pesquisador busque
informação diretamente com a população pesquisada, exigindo que ele se direcione
ao espaço onde o fenômeno ocorre”. Minayo (2001, p. 51) destaca que a pesquisa de
campo permite ao pesquisador estabeleça relações mais próximas com os
participantes da pesquisa, o que pode contribuir para a validade e confiabilidade dos
resultados.
32
Gestores 03
Pedagogos 03
Professores 03
Total 6
Em linhas gerais, Gil (2011), Fachin (2005) e Joseph Hair Jr et al (2005), conc
eituam questionário como “uma técnica ou instrumento de coleta de
informações/dados, muito utilizada em pesquisa científica de cunho teórico-empírico”.
Silvares e Gongora (2006) alertam que perguntas fechadas são úteis para coletar
informações precisas e objetivas, enquanto as perguntas abertas permitem os
participantes expressem suas opiniões de forma mais amplas e variadas, oferecendo
informações mais detalhada e elaboradas.
determinado tempo e espaço, e, ainda, identificar de que maneira e por qual motivo
ela se constitui”.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
CARGO/FUNÇÃO QUANTIDADE
Gestor 03
Pedagogo 03
Professores 03
Total 9
A instituição atende 224 alunos (as) distribuídos em 12 (dose) turmas, nas quais
06 turmas são da modalidade de Ensino Fundamental l dos anos iniciais de 3º ano ao
5º ano, divididas nos turnos: matutino e vespertino, 06 turmas da modalidade de
Ensino Fundamental II dos anos finais do 6º ano ao 9º ano. A escola conta com 19
(dezenove) professores (as) distribuídos pelos diferentes componentes curriculares e
com 11 (onze) funcionários distribuídos por várias funções. Na figura 02 a seguir
podemos observar o prédio da Escola Porto Cruzeirinho.
Com base nos relatos dos docentes, constatou-se que os três professores
começaram a atuar como docentes apenas no ensino fundamental. Isso se deve ao
fato de que, na época, não havia professores indígenas formados nessas áreas em
suas comunidades. A partir das lutas das lideranças indígenas, foram colocadas em
prática normas e leis previstas em documentos legais, como a Resolução nº 3, de
10/11/1999, do Conselho Nacional de Educação- CNE, que estabelece as Diretrizes
Nacionais para o Funcionamento das Escolas Indígenas.
A professora Tucumã, por sua vez, conseguiu cursar o ensino superior por meio
da parceria entre a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e o Programa
Nacional de Formação de Professores (PARFOR), optando pelo curso de Ciências
Biológicas e Química.
Após constatar que os três professores começaram a atuar sem ter uma
formação acadêmica, questionamos quais foram as principais dificuldades
enfrentadas por eles ao entrar na sala de aula sem uma graduação. Os docentes
deram as seguintes respostas:
“No início tive muitas dificuldades, pois não sabia fazer meu planejamento,
meu plano de aula, tinha dificuldades em compreender os alunos e claro não
tinha muito conhecimento sobre os conteúdos da disciplina de ciências”.
Depoimento 02 do professor Ingá)
Dificuldades
“Durante este período, comecei a fazer uma na área da botânica, mais acabei
trancado e não dei continuidade, pois a universidade fica em outro estado, ae
não tive condições de me manter lá” (Depoimento 03 do professor Açaí)
“Não fiz ainda minha pós-graduação, pois aqui em nossa região é difícil ter
nas universidades públicas só são oferecidas nas particulares e não tenho
recursos financeiros para pagar um”. (Depoimento 03 do professor Ingá)
Em consonância com essa ideia, Freire (1996, p. 43) afirma que "na formação
contínua dos professores, o momento fundamental é a reflexão crítica sobre a prática.
É ao refletir criticamente sobre a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a
próxima prática". Portanto, é fundamental que os professores Açaí e Ingá saiam da
zona de conforto de uma prática constante e imutável, e planejem novamente suas
ações na sala de aula, a fim de alcançar de forma mais efetiva os alunos. Nesse
sentido, torna-se necessário que eles busquem uma formação continuada.
48
Devido trabalhar o dia todo acabo não tendo tempo para participar de eventos
que promovem a formação permanente dos professores, mais dos eventos
que a SEMED promove sempre procuro participar”. (Depoimento 06 do
professor Açaí)
Acredito que o letramento científico é muito amplo para definir, mais está
ligado com as informação e conhecimento científico que nos rodeia em nossa
volta, por exemplo, quando conseguimos compreender uma teoria, ou um
conteúdo e sua aplicação dentro da sociedade”. (Depoimento 07 do professor
Ingá)
O professor Ingá, por sua vez, estabelece uma relação entre o letramento
científico e os conhecimentos científicos, assim como esses conhecimentos estão
sendo aplicados na sociedade. Essa perspectiva está conforme as ideias de Cunha
(2019, p.23), que destaca que o letramento científico não diz respeito apenas ao
conhecimento sobre ciência e tecnologia, mas especialmente à sua interação com a
sociedade. De maneira geral, os educadores não encontraram dificuldades em
51
“Acredito que sim, por que nosso curso era voltado para formação de
professores indígenas, os conteúdos foram bem contextualizado com a parte
prática que tivemos, claro levando em consideração a realidade da cultura
indígena”. (Depoimento 09 da professora Tucumã)
Como nossa formação era voltado para formar professores indígenas, isso
contribui para que tivéssemos uma formação adequada para atuar nas
escolas indígenas, os professores do curso conheciam muita da nossa cultura
e isso ajudava para que eles contextualizassem os conteúdos, e isso contribui
de forma significativa na minha formação como professor indígena”.
(Depoimento 09 do professor Ingá)
“Eu me esforço e dou o melhor de mim para ajudar os alunos neste processo,
no entanto a escola como instituição e pelo descaso do poder público não
oferece o suporte adequado, pois a escola não tem um laboratório de
ciências, uma biblioteca isso acaba prejudicando, mais eu acredito que é
adequado mais falta melhorar muito”. (Depoimento 11 da professora Tucumã)
professores está em consonância com Delpit (2006, p. 72), que destaca a importância
de "reconhecer e valorizar os conhecimentos e experiências prévias dos alunos
indígenas, pois esses saberes podem enriquecer significativamente a aprendizagem".
Dificuldades
POSSIBILIDADES
“Para melhor meu trabalho pretendo fazer minha pós-graduação para assim
aperfeiçoar meu trabalho, gostaria muito que os professores trabalhassem
unidos e a SEMED desse mais apoio a nos professores indígenas”.
(Depoimento 15 do professor Açaí)
Nos depoimentos dos professores, fica evidente que todos têm a perspectiva
de um futuro melhor para a educação escolar indígena e a promoção do letramento
científico. Apesar dos avanços na educação escolar indígena, ainda há carência de
apoio pedagógico, administrativo e financeiro nas escolas. De acordo com Marques
(2012, p. 73), "a educação escolar indígena tem sido alvo de muitas críticas, sendo
necessária uma mudança efetiva e eficaz na forma como é implementada e
conduzida".
Tanto o professor Açaí quanto o professor Ingá têm a intenção de fazer uma
pós-graduação para melhorar a qualidade do ensino oferecido aos alunos. Conforme
Fleuri (2018, p 34), "a formação continuada, por meio de pós-graduação adaptada à
realidade indígena, proporciona aos educadores um conhecimento mais aprofundado
sobre a educação e suas práticas".
Outro ponto importante desta pesquisa são as falas dos pedagogos das três
escolas. Eles desempenham um papel crucial, sendo responsáveis pelo
planejamento, desenvolvimento e avaliação das práticas pedagógicas que visam o
aprendizado e desenvolvimento dos alunos.
61
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo busca ampliar sua abrangência para outras escolas indígenas do
Município, levando em consideração os desafios e perspectivas enfrentados pelos
professores na promoção do letramento científico. Sua contribuição se estende à
comunidade local, ribeirinha e indígena, bem como aos acadêmicos e a qualquer
indivíduo que busque conhecimento sobre o tema pesquisado. Pretende-se que este
estudo sirva de referência para futuras pesquisas públicas ou privadas, uma vez que
o tema em questão é pouco explorado na região.
65
REFERÊNCIAS
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approaches. Los Angeles: SAGE 2013.
FIGUEIREDO, Antônio Macena de; SOUZA, Soraia Riva Goudinho de Souza. Como
elaborar projetos, monografias, dissertações e teses: da redação científica à
apresentação final. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª. ed. São Paulo:
Editora Atlas S.A, 2002.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas,
2011.
GUEDES, Simoni Lahud. Antropologia social e cultural. São Paulo. Atlas, 2018.
LADEIRA, Maria Elisa. Desafios de uma política para Educação escolar indígena.
In: Revista de Estudos e Pesquisa. FUNAI, Brasília, v.1,n.2, p.141-155. 2004.
MOREIRA. Antônio Flávio; Barbosa; CANDAU, Vera Maria Ferrão. Indagações sobre
o currículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília: Ministério da Educação, p.
48, 2007.
MORAES, Jussara de Loiola; LIMA, Maria Gorete Lucena de. Letramento Científico
e Ensino de Ciências. Revista Educação em Debate, v. 42, n. 81, p.10-21, 2020.
OLIVEIRA, Maria Marly. Como fazer pesquisa qualitativa / Maria Marly de Oliveira.
4. Ed.- Vozes, 2012.
OLIVEIRA, Leandro Antônio de; SILVA, Nilma Soares da; MATTOS, Ctharina Gouvêa
Viana de. O uso de charges como potencializador do letramento científico. In: X
Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – X ENPEC, Águas de
Lindóia, 2015. Disponível em: https://docplayer.com.br/88874908-0-uso-de-charges-
como-potencializador-do-letramento-cientifico.html. Acesso em: 23 de mai. 2023.
SEIXAS, Reinaldo Haas Matos; CALABRÓ, Luciane; SOUSA, Dalila Oliveira de. A
formação de professores e os desafios de ensinar Ciências. Revista Ciências
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SILVA, João Manoel da; LINS, Anne Ewillyn. Letramento científico no ensino de
Biologia e Ciências: percepções de professores da rede pública de ensino.
Diversitas Journal, v. 6, n. 3, p. 3535-3552, 2021. DOI:10.48017/Diversitas_Journal-
c6i3=1877. Disponível em:
https:///diversitasjournal.com.br/diversitas_journal/artucle/view/1877. Acesso em: 23
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REIS, Aylizara Pinheiro dos. Letramento Científico como prática inovadora numa
escola pública araguainese. 2016. 230 f. Dissertação (Mestrado Profissional) –
Universidade Federal de Tocantins, Araguaína, 2016. Disponível em:
http://repositorio.uft.edu.br/handle/11612/1726. Acesso em: 24 de mai. 2023.
REIS, Aylizara Pinheiro dos. Letramento Científico como prática inovadora uma
escola pública araguainense. 2016.230 f. Dissertação (Mestrado Profissional) –
Universidade Federal do Tocantins, Araguaína, 2016. Disponível em:
http://repositorio.uft.edu.br/handle/11612/1726. Acesso em: 26 de mai. 2023.
ROSA, Sheila Cristiane Santos; LOPES, Edna Terezinha Torezan. Tendências das
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da natureza. Amazônia (UFPA), v. 14, [s.n.], p. 108-120, 2018.
CRESWEL, John W. Qualitative Inquiry and research design: choosing among five
approaches. Los Angeles: SAGE 2013.
APÊNDICE A
1- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO-TCLE
Consentimento Pós–Informação
Eu,___________________________________________________________, fui
informado sobre o que o pesquisador quer fazer e porque precisa da minha
colaboração, e entendi a explicação. Por isso, eu concordo em participar do projeto,
sabendo que não vou ganhar nada e que posso sair quando quiser. Este documento
é emitido em duas vias que serão ambas assinadas por mim e pelo pesquisador,
ficando uma via com cada um de nós.
APÊNDICE B
2- AUTORIZAÇÃO DE REGISTROS FOTOGRÁFICOS
Instituição: ______________________________________________
APÊNDICE C
QUESTIONÁRIO
Data: __/__/__
Nome: ______________________________________________________
Grau de escolaridade: Graduação ( ) Qual o curso? ____________________ b.
Especialização ( ). Qual o curso? _____________________ Tempo de serviço ( )
1. Durante o período de atuação como professor você cursou ou recebeu algum curso
de formação continuada ou permanente?
2. Há necessidade de especialização, em alguma área específica para aprimorar seu
trabalho?
3. A educação escolar indígena caracteriza como uma educação diferenciada que
deve ser ministrada numa perspectiva intercultural, na sua prática educativa você
trabalha nesta perspectiva?
4. Define com suas palavras o que letramento cientifico?
5. Você acredita que a formação continuada e permanente contribui para promoção
do letramento científico?
6. Em relação a formação acadêmica, você acredita que te preparou para atuar na
educação escolar indígena?
7. Quais as principais estratégias pedagógicas que você utiliza para promover o
letramento científico? Você acredita que estas estratégias que você utiliza são
adequadas a cultura dos alunos indígenas?
8. Você acredita que é possível trabalhar com o letramento científico de forma
integrada a cultura dos alunos indígenas? Como?
9. Quais são a suas principais dificuldade e perspectivas no que tange a promoção
do letramento cientifico na educação escolar indígena?
79
APÊNDICE D
QUESTIONÁRIO
Data: __/__/__
Nome: ______________________________________________________
Para os gestores:
Para os pedagogos: