Universidade Federal Do Amazonas Instituto de Filosofia, Ciências Humanas E Sociais Programa de Pós-Graduação Sociedade E Cultura Na Amazônia
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Universidade Federal Do Amazonas Instituto de Filosofia, Ciências Humanas E Sociais Programa de Pós-Graduação Sociedade E Cultura Na Amazônia
MANAUS - AM
2018
EDITH SANTOS CORRÊA
MANAUS-AM
2018
Ficha Catalográfica
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Esta Tese foi julgada adequada para obtenção do título de Doutora em Sociedade e Cultura na
Amazônia, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação Sociedade e
Cultura na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas.
Comissão Examinadora:
DEDICATÓRIA
English teachers’ education and professional activity in the public schools in Manaus are
embedded inthecontextof foreign language teaching in Brazil as a part of public policy in
education. Although educational reformsover the years have instituted changes which have
resulted in school improvement as a whole, there are signs of a school praxis that seeks
procedures to obtain desirable results in this type of education as a professionalizing basis for
language teachers and their practice. The insertion of foreign languages as a natural part of
the training process has historically fallen short of sociocultural needs in the Brazilian
educational system, either due to curricular instability, lack of teacher education requirements,
or structural and / or curricular problems.As a result, language teaching and learning suffers
from alack of prestige in the basic public education. This research examines the Brazilian
historical repercussion on theteaching and learning of English in the context of the city of
Manaus, in a study that analyzes the preparationof English language teachers whograduated in
English Language Arts and Literature, at the Federal University of Amazonas, from 2004 to
2010, andwork in basic public education. Twenty teachers participated in the study through a
semi-structured interview, with open and closed questions, whose narratives and choices of
answers are the aim of the presentdescriptive and discursive analysis whichexaminesteachers’
practicesundercategories such as professional competence and theoretical and practical
improvement or not for the better use of elementary and high school
students.Finallyindicators of the challenges and institutional implications that impact
theteaching and learning ofEnglish in public schools are presented.
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 19
CONCLUSÃO...................................................................................................................... 155
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 159
APÊNDICES ....................................................................................................................... 169
APÊNDICE A - Formulário de sondagem ........................................................................... 169
APÊNDICE B - Formulário de identificação dos sujeitos, participantes da pesquisa ......... 173
APÊNDICE C - Roteiro de entrevista com os professores participantes da pesquisa ......... 174
APÊNDICE D - Terno de Consentimento Livre e Esclarecido ........................................... 175
ANEXOS .............................................................................................................................. 177
ANEXOA-Anuência da Secretaria Municipal de Educação/SEMED ................................. 177
ANEXOB - Anuência da Secretaria de Estado de Educação e Qualidade de
Ensino/SEDUC ........................................................................................... 179
ANEXO C - Parecer de aprovação da pesquisa no Comitê de Ética em Pesquisa .............. 180
ANEXO D- Estrutura Curricular do Ensino Fundamental - SEMED .................................. 186
ANEXO E - Estrutura Curricular do Ensino Médio - SEDUC ............................................. 187
ANEXO F - Conteúdo Programático de Língua Inglesa - Ensino Fundamental .................. 188
ANEXO G - Proposta Curricular do Ensino Médio - SEDUC ............................................. 197
ANEXO H-Resolução 02/1998, de 7de abril de 1998, do Conselho Nacional de
Educação ....................................................................................................... 222
ANEXO I -Resolução 02/2002, de 19 de fevereiro de 2002, do Conselho Nacional de
Educação .......................................................................................................... 224
19
INTRODUÇÃO
Manaus.O segundo se faz pela descrição da entrevista semiestruturada, com perguntas abertas
e fechadas, realizada com os sujeitos da pesquisa, professores de Língua Inglesa da Rede
Pública Local, além do construto do arcabouço teórico-prático. O terceiro é constituído pela
análise dos produtos da entrevista com os sujeitos da pesquisa.
A pesquisa bibliográfica constitui procedimento básico para estudos. E na assertiva
de Cervo (2007, p. 61), “a busca o domínio do estado da arte sobre determinado tema.” Neste
trabalho, a pesquisa bibliográfica constitui parte da pesquisa descritiva e envolve o
embasamento teórico, voltado para estudos reconhecidos na temática do ensino e
aprendizagem de línguas. Realizado o estudo histórico-teórico da pesquisa na primeira etapa,
com base nos autores que se dedicam ao estudo de questões atinentes ao ensino e
aprendizagem de LE, será feita a sistematização do objeto, no que se refere à formação e à
atuação de professores na Educação Básica, da Escola Pública, em Manaus.
Esta pesquisa dialoga com as duas faces de uma premissa linguística, presente no
processo de ensinar e aprender uma Língua Estrangeira, à luz de proposições teóricas de
especialistas, com base na afirmação, na negação e no alcance da síntese.Ensinare aprender é
o propósito sistemático da escola.Para essa consolidação, a escola conta com a participação do
professor e do estudante, em um processo unificado que implica intencionalidade,
sistematização, sentido e significado para quem ensina e para quem se propõe a aprender,
embora esses atores tenham diferentes objetivos.
Para o processo de coleta de dados, como parte deste estudo, o universo da pesquisa
se constitui de 16 escolas da rede pública,visitadas no período dejunho e julho de 2017.
Dessas escolas, 07 eram do âmbito estadual e 09 da esfera municipal. Nessas escolas com um
quantitativo de professores de Língua Inglesa diferenciado, foram entrevistados 10
professores de Língua Inglesa do âmbito municipal e 10 professores da esfera estadual (tabela
nº01). Nas escolas estaduais, Agenor Ferreira lima e Paulo Freire foram entrevistados 02
professores em cada escola. Nas demais, entrevistamos 01 professor em cada escola. Nas
escolas municipais,dos 10 professores entrevistados, 02 atuam na escola Jorge Rezende
Sobrinho. Nas outras escolas visitadas, entrevistamos 01 professor em cada uma delas.
(Tabelanº 02)
25
a dois turnos para dar conta de oito turmas em cada turno, com duas horas-aula por semana
(no caso da disciplina Língua Inglesa), o que perfaz um total de 16 horas-aula acrescidas de
mais quatro de planejamento escolar, preparação, correção, atendimento na escola, o que é
denominado Hora de Trabalho Pedagógico (HTP). Ao professor que exerce seu trabalho
docente em duas cadeiras, são-lhe atribuídas 40 h/a semanais divididas em dois turnos de 20 h.
No cruzamento de dados acerca do número de funcionários da SEDUC e da SEMED
nas escolas visitadas, verificou-se que existe discrepância, se compararmos o número de
alunos ao número de funcionários. Há mais servidores nas escolas do município, que abrigam
um número menor de alunos, que nas escolas do estado, que têm maior abrangência
quantitativa, ensino fundamental e médio. Os dados fornecidos pela SEDUC e SEMED
(2017) revelam o mínimo de 16 e o máximo de 31 funcionários para as escolas estaduais e
para o município esse quantitativo mínimo é de 28 e o máximo de 81 servidores.
A estrutura física de cada escola não segue um padrão, mas apresenta características
funcionais, no sentido de que o espaço pedagógico, salas de aula; o espaço esportivo e
administrativo são delimitados na maioria das escolas.Embora as dependências físicas sejam
variadase falte infraestrutura na essência da construção, algumas escolas, tanto estaduais
quanto municipais, possuem ampla área de estacionamento, de lazerpara atividades esportivas,
outras não dispõem de espaço desejável para atender, satisfatoriamente,às necessidades do
público-alvo.
O quadro nº01alusivo à Secretaria de Estado da Educação e Qualidade de Ensino –
SEDUC mostra a escola Prof. Agenor Ferreira Lima quefunciona em dependências de prédio
comercial ladeado por instituições bancárias, na Av. André Araújo, com estacionamento
28
interno exclusivo, seu público-alvo é constituído por jovens e adultos advindos de diversas
áreas da cidade.Pessoas que já possuem fonte de renda, autônomos, comerciários, auxiliares
de serviços, donas de casaque não tiveram oportunidade de frequentar a escola em tempo e
horário compatíveis com a idade e tentam concluir a Educação Básica mediante o
cumprimento de matérias e disciplinas de forma modular, com a mesma carga horária das
escolas que funcionam no modelo tradicional. A Escola Estadual Paulo Freire, situada na Av.
Airão, Centro da capital, apresenta condições semelhantes às daEscola Agenor Ferreira
Lima.O alunado tem perfil semelhante ao da escola do Centro da cidade.A maioria dos alunos
da escola Paulo Freire é advinda da Zona Norte, sendo a minoria constituída por moradores
do entorno. A escola não tem área de estacionamento exclusivo. Algumas vagas são
disponibilizadas na frente da escola para professores, o que não é suficiente para beneficiar
todo o corpo docente. Além das salas de aula e do espaço administrativo-pedagógico, a escola
possui sala disponível que funciona como biblioteca.
A Escola Estadual Tiradentes, um colégio tradicionalna cidade de Manaus, situado
na Rua Codajás, no bairro de Petrópolis, abriga alunosdo entorno, de bairros adjacentes, como
Cachoeirinha,São Francisco, Japiim, São Sebastião, Aleixo e atende ao público do ensino
fundamental no turno matutino, e nos turnosvespertino e noturno oferece o Ensino Médio. A
escola possui ampla área de convivência interna e estacionamento para professores e
visitantes. Apresenta condições de funcionamento básico para atendimento à comunidade,
como laboratório de ciências, de informática, sala que funciona como biblioteca.
A Escola Áurea PinheiroBraga situada na Avenida Perimetral, Cidade do Leste,
gerida pela Polícia Militar, é uma escola diferenciada em relação às demais uma vez que atrai
alunos do entorno da Zona Leste como um todo, da Zona Norte,além do diferencial que
oferece à comunidade: concentra alunos de áreas centrais como Cachoeirinha, Praça 14 e
Centro da cidade. Dispõe de biblioteca, laboratórios, refeitório, sala ampla de professores.
As Escolas Cid Cabral da Silva e Ruth Prestes – Aldeia do Conhecimento, situadas
na “Cidade Nova” que abrange os bairros: Cidade Nova, Nova Cidade, Mutirão, Armando
Mendes, Novo Israel e demais áreas localizadas na Zona Norte. Ambas funcionam nos turnos
matutino, vespertino e noturno, possuem laboratórios de ciência e informática, salas de estudo
que funcionam como bibliotecas, cozinhas, quadra de esportes.
AEscola Estadual Francelinade Assis Dantas está situada em plena área comercial do
bairro da Alvorada, Zona Centro-Oeste. Oferece o ensino fundamental nos turnos matutino e
vespertino. A estrutura funcional da escola atende às necessidades do público-alvo, masnão
está entre as melhores dentre as escolas da esfera estadual. A maioria dos alunos advém do
29
entorno, mas há alunos de áreas adjacentes e até mesmode áreas centrais da cidade, como
Chapada, Parque 10 de Novembro.
As limitações na estrutura física e/ou funcional devárias escolas não devem ser
consideradas total empecilho para o sucesso das atividades-fim. Fica claro que o ambiente
aprazível se torna mais atrativo para a comunidade que dele se utiliza. Esse
diferencialcontribui para que os recursos humanos produzam bons resultados. Na Escola
Pública, não poderia ser diferente. A escola nessa realidade revelada é condicionada a
aspectos existenciais, materiais e simbólicos. Na concepção de Bourdieu (2014, p.39), “[...] as
transformações das relações de autoridade são correlativas de uma transformação das relações
de força capaz de levar consigo uma elevação do limiar de tolerância relativo à manifestação
explícita e brutal do arbitrário.” Isso mostra que a relação de interdependência das escolas,
enquanto universos sociais,constitui sistematicamente a imposição da violência simbólica, um
diferencial que estabelece cisão naquilo que foi previsto para se sustentar pela similaridade e
equidade. O fato de ser a escola um ambiente de formação de cidadãos, já pressupõe abertura
para a manutenção do órgão pelas condições díspares que possam favorecer o beneficiárioda
ação pedagógica. A forma de beneficiar a atividade fim em uma escola pode não ser a mesma
a surtir efeito positivo em outro estabelecimento escolar.
Embora as normas emanadas dos órgãos estadual e municipal de Educação revelem
discursos semelhantes nas respectivas escolas, é possível verificar que nãohá linearidade e
equidade no funcionamento dessas escolas. As características de cada estabelecimento escolar
são marcadas pela localização, pela comunidade do entorno,pelas influências externas e pelas
características individuais e coletivas que constituem desigualdades nelas vivenciadas e que
também exercem influência sobre o perfil dos alunos, propósito maior da escola.
O acesso aos professores, sujeitos da pesquisa, deu-semediante anuência da
Secretaria de Estado de Educação e Qualidade de Ensino - SEDUC e da Secretaria Municipal
de Educação - SEMED. O termo de anuência das esferas estadual e municipal foi solicitado
por meio de correspondência endereçadaàs instituições SEDUC e SEMED as quais expediram
o documento de autorização da pesquisa 30 dias após a solicitação. A partir de então,
encaminhamos o projeto de Tese; o termo de consentimento livre esclarecido; o currículo
Lattes e os termos de anuência para o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), que aprovou o
projeto de Tese mediante Parecer nº 2.089.903,em 30 de maio de 2017(p.178).
Com a relação nominal de egressos do Curso de Letras - Língua e Literatura Inglesa,
do período de 2004 a 2010, fornecida pela Pró-Reitoria de Ensino de Graduação
(PROEG/UFAM); com a lista nominal de professores emitida pela SEDUC eSEMED
30
16 escolas para a realização das entrevistas, que aconteceram durante seis semanas nos meses
de junho e julho, de 2017, com duração entre 40 a 50 minutos cada uma.
O quadro nº03nomina e identificaa conclusão da Licenciatura em Letras- Língua e
Literatura Inglesa na UFAM e o tempo de atuação na Escola Pública dos vinte professores,
sujeitos da pesquisa.
1
Quando a língua não tem padrão linguístico local e nem status oficial institucionalizado é tratada como língua
estrangeira. No caso da Língua Inglesa, o Diagrama de Kachru explicita (1989 apud McKay, 2002: 6-10;
Donnini 9-10, 2010) os vários papéis que a língua possui em diferentes países, a considerar três instâncias:1) a
primeira língua, considerada a esfera central, com países como Estados Unidos, Austrália, Canadá e Reino
Unido; 2) a segunda língua, considerada a esfera periférica, com países como Cingapura, Índia e Jamaica; 3) a
língua estrangeira, considerada a esfera de expansão, com países como Noruega, Dinamarca, China, Coreia e,
atualmente o Brasil, onde o Inglês é estudado como língua estrangeira por meio de um número cada vez maior
de habitantes. Isto implica dizer que o ensino e aprendizagem da Língua Inglesa no Brasil é tido como o ensino e
aprendizagem de uma Língua Estrangeira Moderna. As línguas se classificam em línguas clássicas, Grego e
Latim, e línguas modernas. As línguas modernas são línguas vivas. Para Leffa (1999, p.13), foi com a chegada
da Família Real, em 1808, posteriormente com a criação do Colégio Pedro II, em 1837, e finalmente com a
reforma do ensino de 1855, que o currículo da escola secundária começou a evoluir para dar ao ensino das
línguas modernas um status pelo menos semelhante ao das línguas clássicas.
36
[...] os séculos podem variar e os cronistas serem originários das mais diferentes
nacionalidades, no entanto, diante do rio e da mata amazônicos, quase
genericamente, nenhum se isentou de externalizar sentimentos que variavam do
primitivismo pré-edênico ao infernismo primordial (GONDIM, 2007, p. 97).
2
Entendemos por imaginário a criação que se sustenta no domínio da imaginação humana, ideologicamente.
Característica do folclore, criação fictícia da realidade. No contexto desta pesquisa, o imaginário faz referência
ao nativo brasileiro, como um indivíduo a quem “pertence o produto território”, uma construção imaginária que
só existe como tal para ele. Os colonizadores desconheciam o direito de igualdade aos primeiros habitantes, o
mesmo direito à educação dado aos portugueses que aqui se fixavam com o propósito de explorar as riquezas
existentes na Quinta Colônia.
38
Do século XVI ao século XIX, como demonstra o quadro nº04,a educação no Brasil
subordinava-se às políticas educacionais do continente europeu, que detinha o domínio
político-econômico e cultural da Quinta Colônia;“enquanto a Europa renascentista se
preparava para o livre pensar e consolidação do Iluminismo 3 no século XVIII, Portugal
preservava a cultura clássico-medieval ancorada no Latim, na Filosofia e na Literatura.”
(ARANHA, 2006).
No período de 1549 a 1759, os jesuítas promoveram a catequese dos índios, a
educação dos filhos dos colonos e a formação da elite intelectual, além de terem controlado a
fé e a moral como forma de vida dos habitantes da época. A pseudo-organização da educação
brasileira, mais precisamente o ensino e aprendizagem de línguas, teve início em 1549, com a
ação dos jesuítas que aqui se estabeleceram para “ensinar” e doutrinar os povos tradicionais.
A valorização das raízes indígenas foi ameaçada pela inserção dos costumes europeus, uma
iniciativa dos colonizadores, que detinham o poder e a força para a submissão e a destruição
das culturas existentes no Brasil, sendo isso fruto da imposição política de Portugal.
O histórico das reformas da educação brasileira (quadro nº 05) com ênfase nas
passagens das principais fontes de mudança e mais especificamente aquelas que inovaram a
educação,segundo Chagas,
3
O Iluminismo diz respeito à utilização da ciência e da razão para indagar os preceitos filosóficos - de maneira
empírica e racional - recusando quaisquer dogmas, principalmente, os relacionados às doutrinas religiosas e/ou
políticas.
39
4
A expressão ‘para profissionais’ é um termo utilizado no Brasil-Colônia para denominar os professores leigos,
que não tinham informações metodológicas para ensinar, mas exerciam a docência com orientação de religiosos.
40
5
Na concepção de Pe. João Daniel (1722-1776) (2004, p.333), o termo língua geral é o que identifica a diferença
de forma de falas em todas as províncias, com diversas nações e idiomas, para a obtenção de uma língua comum,
como na província do Peru, onde a língua geral era a Inca e nos estados portugueses do Brasil, e especificamente
no Amazonas, a língua geral era a língua Tupinambá, usada em todas as missões. E na Amazônia, essa língua foi
sistematizada, pelos missionários, mediante regras gramaticais, para facilitar o ensino e aprendizagem de índios e
brancos nas missões[...]” Para Silva (1985, p. 94) os religiosos foram gravemente acusados de divulgarem a
língua geral em detrimento da língua portuguesa.
41
6
Linguística Aplicada: teoria de ensino de línguas que estabeleceu tradições importantes na investigação
científica do processo de ensino e aprendizagem de línguas. De acordo com Almeida Filho (2007, p. 14) os
primeiros estudos nessa área foram a análise contrastiva das partes equivalentes de duas línguas, a análise de
erros do aprendiz como maneiras de conhecer os processos interiores de aprender línguas que antes apontou para
uma evolução mediante o conceito de interlíngua e análise de desempenho comunicativo global.
42
53), foi “a partir dos anos 1970 quecomeçaram a surgir no Brasil os primeiros cursos de
mestrado em Linguística Aplicada, tendo como pioneira na área a Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo – PUC/SP.”
Este fato marca um avanço do sistema educacionalbrasileiro de forma gradativa. A
formação de professores com ênfase na importância das Línguas Estrangeiras
Modernassuscita uma breve retrospectiva ao colonialismo, período em que a inexistência
profissional ocasionava a submissão dos nativos aos anseios lusitanos em relação à
Colônia.Os portugueses mantinham politicamente o domínio sobre aspectos alusivos ao
desenvolvimento local, como a escola, para os habitantes tradicionais.
A capacitação do professor garante habilidade para aplicaçãodo conhecimento, de
acordo com os acontecimentos no decorrer da ação de ensinar. Essa ação não é genuinamente
visível porque ela não começa especificamente na sala de aula, ela começa na escolha do
material, passa pelo reconhecimento do público-alvo, pela escolha e pela sequência de
conteúdo,preparação da aula, até o momento da ministração dessa ação chamada aula, que Ur
(2007, p.213) chamou de evento social, que varia de acordo com o tema, a atmosfera, o tempo,
o lugar.
Após a Primeira Grande Guerra Mundial, os Estados Unidos se tornaram o paísmais
potente política e economicamente. As indústrias se fortaleceram pelo alto índice de consumo,
em relação ao resto do mundo. Essa hegemonia cai por terra com a crise do capitalismo. A
quebra da bolsa de Nova York em 1929 desencadeou desemprego e falência no âmbito
mundial, pois os Estados Unidos eram a alavanca do Velho e do Novo Mundo.
No Brasil, esta repercussão causou um grande impactou político, econômico e afetou
o campo da educação.No aspecto político, a partir de 1930, a República passa a se chamar
República Nova, o nacionalismo exacerbado ganha visibilidade, o cerceamento da liberdade
deexpressão, o fechamento do Congressofortalecemo Estado com a implantação da Ditadura,
a partir do Estado Novo (1937 - 1945). O voto popular perde a sua importânciana Era Vargase
dá lugar ainterventores no poder de cada estado brasileiro. No âmbito econômicoa
superprodução agrícola provocaa desvalorização da agricultura, principalmente a do café. No
plano da educação e cultura, o ensino de Línguas Estrangeiras é proibido, o Departamento de
Imprensa e Propaganda é criado, e a disciplina Educação Moral e Cívica é inserida no
currículo escolar.
Mesmo com toda a instabilidade política, com a proibição do ensino de LE, o grande
impulso do Inglês no Brasil deu-se na década de 1930, com as tensões políticas ocasionadas
pelo prenúncio da Segunda Guerra Mundial. Nessa época, a língua inglesa era estratégica para
43
[...] as línguas modernas, ocuparam então, e pela primeira vez, uma posição análoga
à dos idiomas clássicos, se bem que ainda fosse muito clara a preferência que se
voltava ao Latim. Entre aquelas figuravam o Francês, o Inglês e o Alemão de estudo
obrigatório, assim como o italiano, facultativo; e entre os últimos apareciam o Latim
e o Grego, ambos obrigatórios. (CHAGAS, 1957, p. 85)
[...] O estrangeiro exerce fascínio de várias formas. Podemos ver esse fascínio
através da teoria deweyana apropriada pela Escola Nova, do Fascismo incorporado
pelo Integralismo de Plínio Salgado, das ideias anarquistas e comunistas da esquerda
sindicalista, do germanismo que encantava Getúlio Vargas e muitos de seus
auxiliares. Esse nos parece ser um momento de grande influência da alteridade na
constituição nacional. Se no fim do Império e na Primeira República se começou a
visibilizar a presença da alteridade estrangeira, com a respectiva reação nacionalista,
44
7
O Método Direto revolucionou a metodologia do ensino e aprendizagem de Línguas Estrangeiras Modernas. As
aulas passaram a ser ministradas na língua-alvo, com foco na oralidade, tendo como regra básica evitar a
tradução. O aluno recebe os comandos, internaliza-os e produz comunicação na língua de estudo, a partir da
associação do significado diretamente na língua-alvo. O significado pode ser demonstrado mediante situações
concretas voltadas para a realidade do aluno, o que implica a criatividade do professor em criar estratégias e
mecanismos adequados a cada situação. O que difere o Método Direto do Método (MD) - Directd Method -
doMétodo Tradicional (MT) – Grammar Translation é a ênfase à oralidade, com a gramática sutilmente inserida
a cada enunciado construído. No MD é dada a oportunidade de expressão oral ao aluno desde a primeira aula,
com a exposição de palavras e sentenças simples para o início do desenvolvimento da comunicação. Já o MT se
constitui com aulas direcionadas à aprendizagem de vocabulário e gramática.
45
legislação se voltou para os interesses de uma nova ordem configurada pelo regimeditatorial.
A Reforma Capanema (1942 a 1946),Lei Orgânica, estimulou o planejamento escolar e
regulamentou cursos de formação de professores, com a estruturação de remuneração digna
aos docentes. Mesmo assim, ainda continuou alto o número de professores
leigos.Implementadadurante a II Guerra Mundial, a Reforma Educacional foi aque deu mais
importância ao ensino das LEs. Os alunos do ginásio até o clássico ou científico estudavam
Latim, Francês, Inglês e Espanhol. Liderada pelo então Ministro Gustavo Capanema,
considerada a mais emblemática diretriz do ensino do período. Foram incluídas dentre as
diretrizes dessa reforma, solicitações que já deveriam ter figurado como o alvo em décadas
anteriores em prol da organicidade nacional.
Segundo Leffa (1999, p. 12), as décadas de 1940 e 1950 foram os anos dourados para
o ensino e aprendizagem de LE no Brasil. A Reforma Gustavo Capanema, considerada a mais
emblemática diretriz do ensino do período, propiciou maior importância e visibilidade ao
ensino de Línguas Estrangeiras clássicas e modernas, comoo Latim, o Francês e o Inglês,
tornando-as disciplinas obrigatórias no curso ginasial, conforme mostra o quadronº 06:
[...] que desde a chegada da Família Real no Rio de Janeiro, em 1808, até a vigência
da primeira República (1889 e 1930 respectivamente), a educação é direcionada a
uma elite e relega a Educação Básicaaplano sem importância. (ALMEIDA FILHO,
2003, p.23).
metodológica. Parece que, tampouco, essa inclusão fora exercida a contento, até mesmo pela
falta de constatação do grau de importância do ensino e aprendizagemdas Línguas
Estrangeirasque passava por situação indesejávelno ensino secundário.
Enquanto o país vivia a Ditadura Militar, a educação, com base tecnicista, passava
por sérios problemas, no sentido de que a formação era para o mercado de trabalho e não para
o alcance da cidadania. Contudo, estas formações não são excludentes. Nessa conjuntura, a
ação normativa era a mola regente da escola, era o retrato de uma situação criada pela
imposição americana. O Brasil tornou-se campo de profissionais de diversas áreas que aqui se
estabeleciam para o domínio ideológico de um país sem força para se estabelecer
politicamente, em meio à ditadura.
Diante desse prisma, na área educacional, o currículo na educação brasileira, a
princípio, foi esboçado como uma engrenagem histórica, social e mutável. Essa engrenagem
está associada a padrões, a mutações épicas, questões de comportamento e contingenciamento
do referente escolar. Embora seja uma ferramenta para selecionar, construir, implementar e
disputar a conjuntura da escolha mercadológica e metodológica daquilo que constitui
viabilidade para implementação nas escolas, mais especificamente na Escola Pública,
constitui o aspecto político do currículo, aquele emanado pelos representantes do povo,
permeado de diretrizes a serem cumpridas de acordo com as necessidades da comunidade-
alvo, conforme a ótica da legislação. Assim, entende-se que as relações entre currículo,
conhecimento e poder são o alvo das atenções dos estudiosos da área, a partir do pressuposto
de que o currículo é temporal e depende da especificidade e da contingência organizacional da
sociedade em benefício da comunidade escolar.
Moreira (2014, p.36)questiona “o currículo visto como a uma cópia do tecnicismo
americano 10 , imposto e acatado no Terceiro Mundo, reconhece a importância dos debates
sobre conteúdo curricular e acredita que esses debates não teriam sido difundidos se o modelo
brasileiro fosse puramente o resultado de uma transferência”estadunidense. Saviani (2011)
complementa o pensamento a partir da concepção de que o modelo tecnicista não valorizava o
professor, assim como o aluno também não era importante,mas sim a tecnologia, a indústria, o
capital. O professor torna-se o especialista responsável por "passar" ao aluno verdades
científicas incontestáveis.
A pedagogia tecnicista foi utilizada no período do regime militar do país, época em
que era necessário formar mão de obra para o mercado de trabalho. Ou seja, a escola não
trabalhava a reflexão e criticidade nos alunos. Essa vertente evidencia a necessidade de
10
Na interpretação de Saviani (2011) é a base da pedagogia tecnicista que surge nos Estados Unidos na segunda
metade do século XX e chega ao Brasil entre as décadas de 60 e 70. Inspirada nas teorias behavioristas da
aprendizagem propõe moldar a sociedade à demanda industrial e tecnológica da época. Entre 1960 e 1970
culminavam as discussões sobre a normatização escolar, a ponto de instituir o currículo nas escolas, embora as
primeirasmanifestações sobre a “origem do campo do currículo no Brasil tenham ocorrido no período de 1920 a
1930”. (MOREIRA, 1914, p. 15).
53
[...] a escola unitária significa o início de novas relações entre trabalho intelectual e
trabalho industrial não apenas na escola, mas em toda vida social. O princípio
unitário,por isso, refletir-se-á em todos os organismos de cultura, transformando-se e
emprestando-lhe um novo conteúdo. (GRAMSCI, 1968, p.125).
Janete: ...eu acredito que o aluno conhecendo um pouquinho mesmo que ainda
pequeno o conteúdo de língua inglesa na Educação Básica... mas isso aí pode nortear
o aluno pra querer algo além, a gente sabe que não é só questão de globalização, mas
também questão de o aluno é... adquirir um conhecimento maior, um idioma. Por
exemplo...eu estudei na Escola Pública a minha vida toda mas só no Ensino Básico
eu tive o contato com a língua inglesa pela primeira vez e isso me levou ao incentivo
de querer dar aula de língua inglesa, de querer aprender, de conseguir falar a língua.
Pesquisadora: Você sente que a Língua Inglesa é menos importante que Português,
Matemática e História...?
Danilo: Quando se fala em peso de avaliação, quando se fala em fator de
reprovação... Inglês é menos importante...é o que muita gente acha.
professora Janete, no último ano do Ensino Médio, é que ela foi estimulada a continuar o
estudo da Língua Inglesa. O impacto da Língua Estrangeira na Escola Pública poderá
funcionar como um diferencial para a continuidade da prática, para a vida, enquanto cidadão,
ou para o começo do profissionalismo docente.
O currículo não oferece equidade quantitativa em termos de conteúdo nas escolas
porque cada disciplina tem suas particularidades. Para o olhar de especialistas que idealizam e
fazem circular os mecanismos e as variáveis no escopo de cada série na Educação Básica, as
diferenças são benéficas. Perifericamente, a distribuição de carga horária, de conteúdo
programático. Apple (1982, p.107) assegura que “o interesse dos primeiros teóricos pela
estrutura do currículo estava na preservação do consenso cultural e, ao mesmo tempo, no
destinodos indivíduos, o seu lugar adequado numa sociedade industrial interdependente”.
Diante da realidade brasileira, desde o final da década de 1970, passando de uma
sociedade industrial-tecnicista para o mundo globalizado,a viabilidade do escopo e da
materialidade da inserção curricular, dentro da perspectiva pedagógica, parece estar
diretamente relacionada aos critérios da regulação. A escola não poderia ficar imune a esse
processo de regulação, no que tange a sua estrutura político-social como um todo e porque
não mencionar a estrutura curricular, tão volátil e vulnerável às ações de constantes
paradigmas.
Até que ponto o currículo é um parâmetro de convergência para com o ensino
brasileiro? As “matérias” ou disciplinas são “caixinhas” separadas por barreiras invisíveis e
sem interconexão, embora essa comunicação entre as “caixinhas” tenha sido normatizada. O
caráter interdisciplinar, ou seja, a integração das disciplinas comos campos de conhecimento
formam uma associação de disciplinas, por conta de um projeto ou de um objeto que lhes
sejam comuns. No entanto, essa característica da ação pedagógica na Escola Pública parece
não validada, embora a interdisciplinaridade esteja prevista nos Projetos Políticos
Pedagógicos das escolas.
O referencial teórico de diferentes correntes epistemológicas volta-se para o processo
de exclusão escolar por intermédio do conteúdo curricular, na medida em que este desenvolve
determinadas formas de raciocínio em detrimento de outras, privilegiandocertos conteúdos,
relegando alguns e silenciando outros. No pensamento de Candau (2013, p.17), “a construção
de um currículo comum não está necessariamente em oposição com o reconhecimento e a
valorização das diferenças culturais.” Isto depende de sua configuração, se em uma
perspectiva monocultural ou multicultural do próprio processo mobilizado em sua construção
e dos atores nela envolvidos.
56
Escola Pública pela classe mais favorecida economicamente, o queé uma realidade atemporal
na educação brasileira.
Segundo Loureiro (2007, p. 125), em referência ao estado do Amazonas,“[...]
adotou-se uma nova política educacional, que entrou em vigor no ano de 1872, com a
construção das primeiras escolas primárias: duas masculinas, no Remédios e em São Vicente,
e uma feminina, no bairro do Espírito Santo, com mobiliário adquirido nos Estados Unidos. O
ensino primário passava a ter a duração de oito anos e o secundário, de cinco. A partir de
então o estudo das Línguas EstrangeirasLatim, Francês e Inglês passou a fazer parte do
currículo da escola secundária.
O ensino e aprendizagem de Línguas Estrangeiras Modernasna Escola Pública, no
contexto político brasileiro foi instituído a partir da LínguaInglesa como disciplina obrigatória,
no currículo escolar, em 1809, mas o ensino oficial de Línguas Estrangeiras teve início em
1837, com a criação do Colégio Pedro II, ainda no período imperial. No entanto, no início da
República Nova, pelo Decreto nº 20.833, de 21 de dezembro de 1931, essa iniciativa se
consolidou nas escolas brasileiras, com ainserção do método direto -o ensino da
línguaestrangeira pela próprialíngua -já em vigor na França há cerca de trinta anos. No
período 1961 a 1971, a Lei nº 4.024 de Diretrizes de Base da EducaçãoNacional(LDBEN),
que regulamentou o ensino de primeiro e segundo graus no Brasil, ignorou a obrigatoriedade
do ensino de Línguas Estrangeiras, deixando sua inclusão a cargo dos estados nos cursos
ginasial e/ou colegial.
A partir de então, cresceu a opção pelo Inglês, ocasião em que se deu a explosão de
cursos particulares do idioma, com a justificativa de que não se aprende Línguas Estrangeiras
nas escolas regulares. Essa concepção desoladora, para quem direciona um olhar
diferenciadoao sistema educativo, mais especificamente ao ensino e aprendizagem de línguas,
faz com que queiramos cada vez mais conhecer as entrelinhas que permeiam a formação do
professor de LE e a suaatuação na Escola Pública.
A inexistência de um controle sistemático para mensurar o resultado da
operacionalização da Língua Estrangeira medianterelatos do Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB) e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) acentua a
fragilidade desse código no âmbito da Escola Pública.Desde o Império, a educação no Brasil
tem sido formulada para o alcance de condições desejáveis para atingir as necessidades que a
situação exige.A falta de equidade em nível de importância com que os componentes
curriculares são tratados ressalta as diferenças nasproposições implementadas até os dias
59
atuais e faz com que as ações da Escola Pública sejam o alvo de constantes discussões no
âmbito educacional.
A partirda sistematicidade entre teoria e prática pedagógica em um curso de
Licenciatura,enxergamos a distânciaque separa os graduandos do campo da teoria para o
campo da prática.A perspectiva é a de que a graduação tende a preparar os graduandos para a
regência. Éo retrato dopré-serviço que visualiza a trilha seguida na graduação, um encontro
que permeia a essencialidade de cada disciplina, com o propósito de conexão de cada
conteúdo apresentado desde o primeiro período até o final do curso.
Essa visão mais aproximada permitetecer comentários sobre o aspecto noâmbito
teóricoque não satisfaz a necessidade de uma formação direcionada para o exercício
individual da ação pedagógica. É um momento de ruptura para a vivência do novo na
concepção da grande maioria dosestudantes que passam da condição ativa de alunos para a
condiçãoativa de facilitador da aprendizagem, questão a ser tratada com detalhes no decorrer
desta pesquisa.
A política educacional deve ser vista à luz da organização econômica e social de uma
sociedade. É o que propõe Santos (2014)quando faz alusão à Grécia Antiga, palco de
questionamentos sobre a educação.
[...] com Platão e Aristóteles e até os diasde hoje, com Norberto Bobbio (1909 –
2004), esse termo deve ser utilizado para referir-se à dimensão coletiva, voltando-se
para a análise de elementos como a relação entre o indivíduo e a administração
pública, entre as estruturas da coletividade e os indivíduos, entre os indivíduos e os
órgãos representativos. (SANTOS, 2014, p.2)
escola, é a comunidade carente que tem outras demandas.Estes outros procedimentos são
vistos como negligentes, na Escola Pública. No entanto, nossa pesquisa considera a escola um
universo social construtivista, e cada disciplina tem sua importância distintamente, com
sustentação importante para a obtençãodo conhecimento e para amelhoria do processo de
formação.
As Línguas Estrangeirascomo parte da estrutura curricular, ao invés de serem
consideradas um corpo estranho,quando bem inseridas,são benéficaspara a socialização e para
a dimensão cultural, em um campo de visão interacionista, socioconstrutivista para os
aprendentes em processo de iniciação da formação. É necessário expandir o conhecimento e
reconhecer a necessidade de aprender a pensar de modo a não subestimar ações possíveis em
prol de uma visão ampliada sobre ensinar e aprender LE na Educação Básica, embora não
tenhamos as condições ideais para cada situação que nos é apresentada especificamente.
A inquietude pela compreensão da formação de professores de Língua Inglesa no
Brasil, especificamente em Manaus, impulsiona esta pesquisa, com os professores da Escola
Pública. Nesse período acompanhei a trajetória de estudantes do Curso de Licenciatura em
Letras, Língua Inglesapara verificar o modo de ensinar e aprender Línguas Estrangeiras, como
uma ação sistemática.
11
Conselho Estadual de Educação (CEE), Secretaria de Estado da Educação e Qualidade do Ensino (SEDUC),
Secretaria Municipal de Educação (SEMED)
61
12
Lyceu Provincial Amazonense, era o nome dado ao atual Colégio Amazonense Dom Pedro II, fundado em
1869, também chamado de Gymnasio Amazonense.
62
identidade amazônica desta cidade e critica o tipo de vida europeia ambicionado pelos
manauaras à época do apogeu do Ciclo da Borracha. Uma cidade situada em plena floresta
tropical, com características díspares das cidades inglesas, particularmente, Liverpool.
O século XX marca o início da integração das Línguas Estrangeiras em Manaus.
Dados fragmentados, oriundos do Arquivo/Inventário do Colégio Amazonense D. Pedro II,
registram que, a partir de 1909, a matriz curricular da escola funciona com carga horária e
matériasdo 1º ao 4º ano conforme o quadro nº 07.
1.3As três versões da Lei de Diretrizes e Bases – Leis nº4.024 /1961, nº 5.692/1971 enº
9.394/1996
13
A USAID, United States Agency for International Development (Agência de Desenvolvimento Internacional
Americana) é um órgão independente do governo federal dos EUA, responsável por programas de assistência
econômica e humanitária em todo o mundo. Por meio do convênio MEC-USAID é que foi implementada a
reforma no sistema educacional pela Lei nº 5.692/71, e, consequentemente, oferecidos à USAID dados a respeito
da situação do sistema educacional brasileiro. Esse convênio se constitui de 12 acordos voltados para programas
educativos no Brasil, com base na internacionalização da filosofia pedagógica desenvolvida nos Estados Unidos.
64
ocorrências das outras disciplinas do núcleo comum, e os empecilhos podem ter as mesmas
causas. Essas causas também justificam a importância da Língua Estrangeira na Educação
Básica.As disciplinas têm suas particularidadese são necessárias, embora tenhamos a
compreensão de que o grau de importância entre elas é diferenciado.O cumprimento deste
grau de importância, com a distribuição de fatias de tamanhos diferentes é mais interessante
do que a omissão da oferta.
O ensino e aprendizagem de Línguas Estrangeiras na Educação Básica foi e sempre
será necessário. Independentemente da classe social, de princípios ideológicos, o homem é
capaz de buscar oacesso ao conhecimento irrestritamente. Por razões que incidem nas
desigualdades sociais, essa possível viabilidade de ruptura para a ampliação do saber lhe é
negada de forma explicita ou de forma velada. Este fato evidencia a denúncia de que as
pessoas têm uma relação diferenciada com o mundo, o que traz a inquietação para questões da
ordem de que nem todos alcançam este conhecimento.
A ausência ou a redução das LEs nas escolas perdurou por tempo suficiente e deu
margempara que, à Escola Pública, fosse atribuída a incapacidade de ensinar Línguas
Estrangeiras. O país vivia sob forte efeito de uma economia internacionalizada, o que exigia o
estudo dessas línguas, mais especificamente da Língua Inglesa. No entanto, ainda que não
assumido legalmente, é claro,o abandono do poder público em relação às Línguas
Estrangeiras. Isto abriu um espaço para ser ocupado pela iniciativa privada, que já havia dado
sinais de possível estabilidade anteriormente, com a criação das escolas Yázigi (1950),
ICBEU (1956),Fisk (1958), mas é no início da década de 1970 que os institutos de línguas se
estabelecem nas capitais brasileiras de Norte a Sul.
O caráter facultativo do estudo de Línguas Estrangeirasno currículo doensino de 1º e
2º Graus instituído pela Lei nº 5.692/1971 divide opiniões e deixa a Escola Pública em
situação indesejável.Dá abertura para tomada de decisões na gestão escolar de determinadas
escolas, possibilita análise do perfil territorial da comunidade,desfavorecea ampliação de
habilidades e diminui as possibilidades das classes menos favorecidasterem acesso a uma LE,
o que poderiaproporcionar a essas classes conhecimento e reconhecimento de mundo.
A aprendizagem de uma Língua Estrangeira é identidade e abertura para novas
descobertas em uma sociedade letrada.Além de ser um aspecto facilitadorde acesso à
informação,é também um divisor sociocultural, de aproximação do saber.Diante de uma
política sob efeito da internacionalização da filosofia educacional americana, estudos
linguísticos surgem nas universidades brasileiras medianteteorias vigentes no exterior no que
68
14
Com base nos estudos realizados por Almeida Filho (1993) a abordagem comunicativa se caracteriza pelo foco
no sentido, no significado e na interação entre os sujeitos aprendentes uma nova língua. Prioriza a autenticidade
no uso da língua-alvo na interação com outros falantes e, de forma implícita, reconhece a interlocução pelo uso
inconsciente de regras. O ensino comunicativo é aquele que organiza as experiências de aprender em termos de
atividades/tarefas de real interesse e/ou necessidade do aluno para que ele se capacite a usar a língua-alvo para
realizar ações autênticas.
15
O Inglês Instrumental é um mecanismo de ensino e aprendizagem de línguas, neste caso a Língua Inglesa,
voltado para uma habilidade linguística específica, com base no E.S.P - English for Specific Purpose (Inglês com
Objetivos Específicos). No Brasil, a habilidade de leitura é a mais utilizada para a compreensão de vocabulário e
interpretação textual.
69
16
O Projeto para Melhoria do Ensino de Inglês (PIMEI) estabeleceu-se em núcleos que ofereciam
cursosmodulares de atualização e capacitação de profissionais em serviço. A coordenação geral do Projeto era
deVilma Sampaio (UFRN). Além da UFRN e da PUC-SP (onde eram elaboradas as apostilas teóricas),
havianúcleos na UFRGS, na UNB e na UFAM.
70
Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis classificam-se nas seguintes
categorias administrativas:
I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, mantidas e administradas
pelo Poder Público;
II - privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por pessoas físicas ou
jurídicas de direito privado.
Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes categorias:
I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e mantidas
por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem
as características dos incisos abaixo;
II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas
físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de professores e
alunos que incluam na sua entidade mantenedora representantes da comunidade;
III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas
físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional
e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior;
IV- filantrópicas, na forma da lei. (BRASIL, 1996)
Embora essa lei tivesse trazido um viés inovador para a educação brasileira, seu texto
gerou controvérsia do ponto de vista político, no que se refere às obrigações do setor público e
às do setor privado.A lei foi tida como uma forte reverência aoneoliberalismo por não garantir
a democratização da educação, pois o governo focalizou a adoção de medidas de redução de
serviços públicos, como as privatizações de empresas estatais, controle de gastos públicos,
menores investimentos em políticas educacionais.
O Estado delegou ao setor privado grande parte de suas obrigações. Essa mudança de
paradigma não contemplou a real necessidade da Educação Básica no Brasil, enquanto
vertente política afetada pela escolha da produtividade e não da formação.Um exemplo disto é
a educação profissional que não se encontra obrigatoriamente vinculada à escola regular,como
mostram o parágrafo 4º do artigo 36 e o artigo 40 da LDB, transcritos abaixo,com a
proliferação das escolas técnicas geralmente privadas, com o objetivo de atender ao mercado,
“mercadoria de troca”, cujos agentes desse processo tecnicista recebem adestramento ao invés
de uma educação voltada para a formação humanística. Em outras palavras, o agente da
71
Art. 36. O currículo do Ensino Médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo
(II) e as seguintes diretrizes:
[...]
§ 4º. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação
profissional, poderão ser desenvolvidas nos próprios Estabelecimentos de Ensino
Médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional.
[...]
Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino
regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições
especializadas ou no ambiente de trabalho. (BRASIL, 1996)
A Lei nº 9.394/96,no seu Art. 26, § 5º,ainda registra que, na parte diversificada do
currículo, a obrigatoriedadede pelo menos uma Língua Estrangeira Moderna. A escolha da LE
ficará a critério da comunidade escolar, de acordo com as possibilidades da instituição, sem
que haja distinção entre oferta da LE em diferentes turnos, como ocorre com a disciplina
Educação Física. Na citação a seguir,
[...] a concepção de Educação, pelo menos nessa parte da LDB, é dependente muito
mais das possibilidades de resolução dos problemas cotidianos da vida escolar do
que vista como formação integral do aluno, seja ele do período diurno ou do noturno,
que necessita aprender tanto os conteúdos das LE quanto os conteúdos da Educação
Física (BRANDÃO, 2005, p.79)
Ao estabelecer breve comparação com o que a Lei prevê para a disciplina Educação
Física, que“[...]integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular
obrigatório da Educação Básica” (Brandão, 2005, p. 79),sendo sua prática facultada ao aluno
de acordo com seu perfil.Quando da operacionalização da oferta dessa disciplina aos alunos
do curso fundamental e médio dos cursos noturnos, que se veem diante de outras obrigações,a
73
Lei lhes ampara se constatadas ajornada de trabalho superior a seis horas,sua faixa etária
equestões familiares, etc.
O ideal seria se indistintamente a educação fosse o universo socialde formação
integral do aluno, mas o próprio cotidiano impõe regulaçãode acordo com a especificidade
das diferentes situações. Até pelo fato de que, se o aluno da Educação Básica cumprir a carga
horária do Ensino Fundamental e Médio em tempo hábil,teríamosum perfil de alunos com
menos variações para os argumentos inseridos naquilo que Brandão denominou “problemas
do cotidiano.”A escola,enquanto ícone da formação humana e a importância de cada
disciplina, não está na quantidade da carga horária deste ou daquele curso, mas na existência
de conteúdos qualitativamente interessantes que possam satisfazer a necessidade humana
qualitativamente.
O Art. 36, inciso III estabelece que:
17
Entendemos por Políticas Públicas as ações planejadas, implementadas e desenvolvidas com a estrutura do
Estado, com a finalidade de promover intervenções e resolver situações problemáticas relevantes no âmbito
social.
74
[...]a leitura atende, por um lado, às necessidades da educação formal,e, por outro, é
a habilidade que o aluno pode usar em seu próprio contexto social
imediato.[...]Deve-se considerar também o fato de que as condições na sala de aula
da maioria das escolas brasileiras (carga horária reduzida, classes superlotadas,
pouco domínio das habilidades orais por parte da maioria dos professores, material
didático reduzido ao giz e livro didático etc.) podem inviabilizar o ensino das quatro
habilidades comunicativas. Assim, o foco na leitura pode ser justificado em termos
da função social das LEs no país e também em termos dos objetivos realizáveis
tendo em vista condições existentes. (MEC, 1998).
considerados na tomada de decisões sobre quais línguas devem ser incluídas no currículo: 1) a
inclusão da Língua Inglesa e da Língua Espanhola. A Língua Inglesa pela crescente influência
ao longo do século XX, culminando com a globalização; a Língua Espanhola, pela
intensificação das relações econômicas na América Latina com os países vizinhos e
doMercosul;2) a inclusão da Língua Portuguesa como Língua Estrangeira em comunidades
indígenas e em comunidades de surdos nas quais a língua materna nãoé o Português, mas sim,
segunda língua; 3) a inclusão da LínguaFrancesa, dado o seu papel relevante nas trocas
culturais para toda uma geração de brasileiros.
Consideramos o ponto de vista da autora amparado em três aspectos. A inclusão das
Línguas Inglesa e Espanhola, por fatores históricos desde meados do século XX até a
atualidade, com a quebra das fronteiras, como advento das tecnologias digitais. Sua atualidade
incide no fato de que muitos dos desafios podem serdesvendados mediante o conhecimento
desses idiomas, que precisam ser disponibilizados sistematicamente pelas instituições de
ensino, responsáveis pela Educação Básica. A seguir, por questões étnicas, as comunidades
indígenas brasileiras precisampreservar sua identidade por força de
traçosinterculturais,dadifusãolinguístico-cultural, do tradicionalismo dos primeiros habitantes
que devem conservar sua territorialidade. E, ainda, pelo fato de a língua francesa exercer a
representatividade cultural desde o início do século XX, e ter-se notabilizado pelo fato de ser
a primeira Língua Estrangeira Moderna a ser inserida nos exames para ingresso nas
universidades brasileiras.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:
18
Orientações Curriculares Nacionais, um desdobramento dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio, com implementação em 2006.
76
[...] a escola se justifica como aparelho difusor e criador de cultura nos sujeitos
enquanto for capaz de difundir eficientemente aquela tradição, aqueles conteúdos e
habilidades para os quais está mais preparada que as demais esferas de socialização:
a família, os meios de comunicação, a comunidade etc...[...] É preciso dispor de uma
forte seleção de conteúdos, representativa dos grandes campos do saber
codificado...[...] O currículo que respeite esses princípios terá que ser um currículo
publicamente discutido, dialogado entre aqueles que tenham voz para argumentar
racionalmente.(SACRISTÁN,2001, p.108, 109)
Inglês, tenta inserir o conteúdo previsto de acordo com a Proposta Curricular, segueoPlano de
Ensino, inicia sua aula com alusão à aula anterior e introduz o assuntocom dinamismopara
atrair a atenção do alunoe alcançar os objetivos propostos.
A escola é o espelho dos sujeitos que a constituem. Não basta gerir capacidadese
competências sem a materializaçãodotrabalho docente dentro de cada quadrado que lhe
compete cuidados. O professor precisa acreditar na suaformação, na sua capacidade de criar e
encontrar a melhor direção para atingir as necessidades de seus alunos, embora o ambiente de
alcance não seja o ideal. A atmosfera precisa ser criada.No mundo real, éa existência da
necessidade de aprenderque propicia a edificação da escola.
A construção da realidade a cada evento em sala de aula evidenciaa crença do
professor, como índice de influência nas suas ações e, discutida entre pesquisadores,
considera-se suas características e funções.Para Buehl,várias são as definições de crençano
âmbitodo ensino e aprendizagem,
Isto implica o início do despertar para uma identidade que será marcada pela junção
de diferentes características individuais e saberes a serem construídos durante a formação
inicial até o encontro com a atuação profissional.
Consideramos o conhecimento como um dos principais valores do cidadão, assim
como a capacidade de inovar,de empreender e de obter resultados com a busca pelo saber.
Nesse processo, devemoslevar em contao fato de que a sociedade passa por transformações
suscitadas pela contemporaneidade e revoluções,notadamente a revolução tecnológica que
afeta o modo como as pessoas se organizam, como se relacionam e como aprendem. Infere-se
que esse processo se refere a uma construção histórica, social e política, com limitações e
possibilidades, vivenciadas no dia a dia daqueles que utilizam seu conhecimento intelectual
como instrumento de trabalho.
Para ilustrar essa passagem, fazemos alusão ao texto de autoria de Luiz Antonio
Marcuschi, “A formação intelectual do estudante de Letras”, que consideramos atemporal no
que se refere à construção do conhecimento.
19
O aprendente, o mesmo que aluno, aprendiz. Termo usado pela psicopedagoga argentina Alícia Fernandes na
obra Os idiomas do Aprendente, p. 53, publicada em 2001, Artmed Editora.
83
20
A Escola Nova, um movimento de renovação do ensino que, embora tenha se manifestado nos Estados Unidos
e na Europana segunda metade do século XIX, teve seu apogeu na primeira metade do século XX. Segundo
Aranha (2006, p. 246) a Escola Nova resultou da tentativa de superar a escola tradicional voltada para a
memorização de conteúdos. Desde a Revolução Industrial (1840/1870) a burguesia precisava de uma escola
mais realista, que se adequasse ao mundo em constante transformação. No Brasil, esse movimento se
desenvolveu sob forte impacto de transformações econômicas, políticas e sociais, a partir da publicação do
Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova em 1932.
84
XVII, e por que não dizer em plena exploração da Amazônia.Na análise de Saviani (2009,
p.143),o questionamento do preparo de professores emerge no Brasil,de forma explícita, após
a independência, quando se cogita a organização da instrução popular, imersa em diferentes
períodos da história.
O quadro nº 09é elucidativo acerca dos principais aspectos que impulsionaram e
mudaram o rumo da educação brasileira, desde o período Imperial até os dias atuais.
“artes liberais” ou intelectuais, com base na educação clássica, com fins acadêmicos ou
profissionais,em oposição às “artes mecânicas” ou manuais, para a formação de professores.
A partir do século XIX, com a criação das Escolas Normais de nível médio para
formar professores primários, surgiramdiferentes modelos de formação de professores. Com
base no que afirma Saviani, (2009,p.149),os modelos são denominados conteúdos cultural-
cognitivos e didático-pedagógicos. Isso implica uma luta entre dois modelos de formação que,
embora diferentes, não são excludentes. O primeiro trata da cultura geral e domínio da
especificidade da área de conhecimento correspondente à disciplina de atuação do professor.
O segundo se constitui como decorrência do domínio de conteúdos do conhecimento
organizado, no que se refere a procedimentos metodológicos inerentes à operacionalização e
ao gerenciamento da ação de ensinar.
Ser professor implica ter conhecimento amplo sobre ensinar. O professor de línguas
precisa saber além da especificidade da sua área de atuação, o que pode ser percebido nas
falas das professoras Otília e Maria na entrevista abaixo:
Aqui se observam lacunas na formação que poderiam ter sido supridas no Curso de
Graduação, mediante os estágios supervisionadose nãoobrigatórios. Saberes, atitudes,
competência e habilidade fazem parte de um processo de construção constante do
conhecimento.A formação do professor, na voz de Celani (2002, p.21) “[...] não pode ser vista
em termos apenas de produto, mas deve ser entendida em termos de um processo que
possibilita ao professor educar-se a si mesmo, à medida que caminha em sua tarefa de
educador”. Essa incompletude é marcada em cada profissional que, ao longo da caminhada
docente, tenta minorar a distância entre o real e o ideal.
Embora as questões pedagógicas nos cursos de licenciatura tenham tido destaque
desde a década de 1930, nos dias atuais,ainda deixam muito a desejar. As políticas de
formação de professores são demonstradas de forma implícita nos cursos superiores, que
trazem, no seu bojo, disciplinas práticas e teóricas para satisfazer a necessidade do aluno que
ingressa num curso de Licenciatura sem ter a dimensão da essência que o curso poderá lhe
proporcionar. Alude-se,nesse comentário, em particular, aos alunos que ingressam na
Universidade para o Curso Letras e, mais especificamente, àqueles que enveredam pelas
87
Línguas Estrangeiras, que têm a convicção de que o seu ingresso nos Cursos de Espanhol,
Inglês, Francês ouJaponês implica aprender uma Língua Estrangeira.
É obvio que a aprendizagem da Língua Estrangeira também está prevista no decorrer
do curso, mas a essência das disciplinas não está centrada na possibilidade e probabilidade de
alguém se comunicar em Língua Estrangeira. Sem dúvida, a comunicação em LE deve ser
aprimorada durante o curso; mas a aplicabilidade desse conhecimento linguístico deve ser
materializado na docência. E, para que essa materialização seja consolidada, é necessário que
o professor tenha clareza do saber além da especificidade, do saber fazer com planejamento,
para ser o profissional apto a agir de acordo com as situações que a sala de aula lhe
proporciona.
Essa comunicaçãoa que se denomina simplista deverá ter ocorrido antes mesmo do
ingresso do aluno no curso de Letras, mas nem sempre esse aluno que opta por Línguas
Estrangeiras teve a oportunidade de acesso a umcurso de idiomas antes de se tornar
universitário. Aquele aluno que vivenciou o estudo da língua previamente não só terá maior
identidade com o curso,mas também o seu nível de competência linguística será o desejável
para o acesso ao conteúdo do curso. Isso não significa dizer que o aluno que só vivenciou a
Língua Estrangeira, no caso a Língua Inglesa, na Educação Básica seja impossibilitado de
cursar as disciplinas. Obviamente, ele terá dificuldades no acompanhamento do conteúdo das
disciplinas específicas.Para preencher essas lacunas, o aluno poderá frequentar um curso de
idiomas paralelamente, situação oportuna no Curso de Letras - Língua e Literatura Inglesa, da
Universidade Federal do Amazonas.
É importante evidenciar que, no âmbito desta pesquisa, a procura pelo Curso de
Letras, Línguas Estrangeiras, é feita por jovens recém-egressos da Educação Básica, com
idade entre dezessete a vinte e três anos. Há casos de alunos graduados que procuram o curso
com o intuito de aprimorar sua competência linguística no idioma.
O curso envolve disciplinas como: língua e literaturas, metodologias do ensino do
línguas e procedimentos históricos, pedagógicos e metodológicos.A inclusão de conteúdos
teórico-práticos, estágio supervisionado obrigatório e não obrigatório, fazem parte da
estrutura curricular. Nega-se aqui o fato de aprender uma LE para o alcance da comunicação e
assegura-se a essência do Curso de Letras, formar professores. Logo, aprender para aplicar e
buscar resultados desejáveis.
O questionamento sobre a formação de professores, em particular os professores de
LE,não se esgota tão somenteno domínio do conteúdo da língua que ensina e no seu
conhecimento cultural. Sem fazer apologia à formação generalista, vê-sea necessidade de uma
88
formação holística que alcance a interdisciplinaridade, ainda distante dos cursos de Letras.
Dentre o arcabouço teórico de LE, as cadeiras de Sociologia, Filosofia, História da Arte,
Ciência Política, dariam muito mais base teórico-conceituais aos alunos de Letras, que
expandiram as possibilidades de maior envolvimento com outras áreas do conhecimento.
Mesmo que essa abertura fosse de forma periférica, certamente os sujeitosse
tornariamprofissionais críticos e encontrariam afinidade na imensidãoda complexidade do
conhecimento, o que vem ao encontro da visão de Morin (1994,p. 140)ao afirmar que o todo é
maior que a soma das partes.
A formação de professores está diretamente ligada aos cursos de licenciatura das
faculdades, centros universitários e universidades públicas e privadas que ofertam
cursosdirecionados àqueles que pretendem exercer a aplicabilidade do conhecimento, em um
processo de ensinar e aprender. O questionamento da formação docente envolve diretamente
discurso e ação e tem identificação no pensamento de Dewey (1979) e Schön (1987).
Dewey (p.288)propôs a epistemologia da práticacom a assertivade que a educação é
uma necessidade social, a base da igualdadee o pilar da sociedade, em uma perspectiva de
equidade. Seueixo norteador subjaz na vida, enquanto experiência com vistas ao alcance da
aprendizagem para todos, independentemente da classe social.
Schön(p.64)defende o pensamento em ação, o aprimoramento de práticas sociais
sobre o profissionalismo que representa um válido “conhecimento-no-uso”, resultado de um
número imenso de experimentos em tempo real.Assegura que a prática profissional
competente é construída em torno do “conhecimento na ação” e seu desenvolvimento depende
da “reflexão-no-uso”.
Na interlocução com Wallace (1991, p.12) e Pimenta (2002, p.19),vimos que Schön
(1983)estudaem sua tese de doutorado Dewey, além de Polanyi 21 , Wittigenstein, Luria e
Kuhn,autores que questionaram o conhecimento e lhe dão base para configurar uma
pedagogia de formação profissional. O alicercedo trabalho de Schön,o legado de Dewey,
fomenta o conceito de experiência.A epistemologia da prática compreendida como mais do
que a simples atividade envolve elementos ativos (tentativas, experimentos, mudança) e
passivo, quando se experimenta,se passa ese sofre as consequências da mudança. “[...] a
experiência é uma ação activo-passiva; não é primariamente cognitiva. [...] a medida do valor
da experiência reside na percepção das relaçõesa que nos conduz.” (SCHÖN, 1983, p.192).
21
Michael Polanyi (1891 - 1976) é autor da frase tacit knowing, conhecimento tácito, reconhecimento das faces e
do uso de ferramentas e seus impactos nas mãos (na prática) de profissionais em aquisição de habilidades. O
termo ganhou notoriedade a partir da segunda metade do século XX.
89
ter acesso ao estudo de uma LE. É na escola que esse novo código é visto pela primeira vez,
emborano cotidiano dessas famílias e de seus adolescentes estejaminseridas palavras em
Inglês.
Por força do uso do celular, do computador,dos jogos eletrônicos, da internet eda
aquisição de produtos importados no comércio de Manaus, o contato com o Inglês não é
vivenciado pela primeira vez na sala de aula da Escola Pública. Os controles remotos, com os
comandos (on/off, input, exit, back,print, control, insert), os produtos do supermercado (made
in Brazil, made in China...), os anúncios na televisão(take it easy, enjoy coke...), os painéis na
via pública (Get Up, vem pro YÁZIGI, black friday) e até nomes de estabelecimentos
comerciais (House das chaves,Point da tia Helena, Depyl action) fazem parte do cotidiano
desses estudantes.
A atmosfera criada pelo dia a diados alunosé o primeiro contato com a LE,mas essa
vivência tende a ser silenciada pela falta de percepçãoda necessidade de construção do
conhecimento sem que este começo seja via escola. Mesmo assim, os alunos da Escola
Públicasão considerados false beginners (iniciantes falsos)no início do contato sistemático
com a LE na escola. Embora os estudantes não sejam capazes de formular sentenças,eles
conhecemum número,embora limitado, de palavras em Inglês, fruto do conhecimento de
mundo em plena era tecnológica, que coloca a Língua Inglesa em evidência.
Essa percepção de que a escola não é a primeira fonte de contato com a Língua
Inglesa para os alunos da Escola Pública permeia o discurso dos professores participantes
desta pesquisa em entrevista sobre a sua prática de sala de aula.As respostas iam além das
nossas expectativas. Os entrevistados se posicionavam sobre questões específicas, a exemplo
da professora Anne, que se manteve firme em suas respostas, com ênfase à sua criatividade,
quando perguntamos:
Anne: É... os alunos eles é... primeiro eu faço todo um é... uma... que eu chamo de
pre activity, fazer um brainstorming22sobre o que eles conhecem de Inglês que tá em
volta deles, né?! E aí depois eu vou especificamente para alguns produtos como do
supermercado que eles encontram, né?! E... então têm várias atividades e é um
projeto bem interessante, onde eles vão coletar embalagem que eles têm dentro de
casa, coisas que eles consomem, que fazem parte do uso diário e dentro de sala de
aula vamos trabalhar, o vocabulário e onde é que eles podem aplicar esse
vocabulário no dia a dia deles aliado a uma estrutura gramatical previamente
trabalhada.
22
Explosão de ideias, aqui considerada uma técnica utilizada nas aulas de Línguas Estrangeiraspara testar o
conhecimento de mundo dos estudantes, a partir do uso do vocabulário explorado na sala de aula.
93
retirado e quais as possibilidades de adaptação daquilo que está pronto, mas não atende à
necessidade do público-alvo.
Na fala do professor Felipe, o efeito de sentido da Lei nº9.394/1996 não teve o seu
cumprimento de imediato. Considera-se o fato de que a mudança de uma determinada cultura
para outra forma de operacionalização em uma conjuntura educacionalpressupõe mudança
estruturale institucionalem uma instância socializadora, como é o caso da escola. A mudança
é institucional, mas a sua materialização demanda tempo e não é concomitante com o início
da sua validade teórica. A substituição dos professores que não estavam aptos para a docência
da Língua Inglesa, a partir da Lei nº 9.394, não aconteceu de forma pontual, o processo
caminha gradativamente. Embora a lei em discussãotenha atingido a sua maioridade (21 anos),
é incerta a afirmação de que o seu cumprimento seja a total. No relato do professor Cassiano,
95
a fragilidade da LE nas Escolas Públicas ainda persiste, euma outra situação se estabelece, o
professor é graduado em outra área e tem o curso do ICBEU, então, ele pode ser professor de
Inglês na Rede Pública.
O curso da UFAM, entre os demais oferecidos por outras instituições, é oque tem um
diferencial:o Programa CEL23 – Centro de Estudos de Línguas.É um programa de extensão
que oportuniza a aprendizagem de Línguas Estrangeiras à comunidade e propicia aos
estudantes do curso de Letras, professores em formação, da Universidade Federal do
Amazonas, um campo de estágio com subsídios linguísticos e didático-pedagógicos, para
iniciação da prática docente.
O programa também oportuniza recurso para estudantes de Letrasadquirirem a
proficiência desejávelna língua de escolha, para o acompanhamento das aulas. Uma
alternativa para os alunos de Letras - Línguas Estrangeiras que não tiveram oportunidade de
estudar a Língua Estrangeira do curso escolhido antes do seu ingresso na Universidade.O
Programa CEL oferece os cursos de Língua Espanhola, Língua Francesa, Língua Inglesa,
Língua Japonesa, Libras e Língua Portuguesa para Estrangeiros (alunos estrangeiros,
vinculados à UFAM, por meio de convênios internacionais e para estrangeiros residentes em
Manaus que desejam estudar, revalidar diploma ou trabalhar).
No relato da professora Otília, que iniciou seus estudos de Inglês no então Projeto
CEL, atual Programa CEL, é clara a abrangência da extensão universitária para a comunidade.
23
O Projeto foi criado em 1990 pelo Departamento de Línguas e Literaturas Estrangeiras – DLLE, em 2016 e
passou a integrar a lista de programas de extensão da Universidade Federal do Amazonas - Programa CEL –
Centro de Estudos de Línguas.
96
“[...] as Línguas Estrangeiras são cada vez mais necessárias para o rompimento de
barreiras que antes dividiam os povos.A Universidade Federal do Amazonas,
enquanto instância de ensino compromissadacom as necessidades educativas e
tecnológicas da sociedadee como resposta às demandas de um mundo complexo,
dinâmicoe plurilinguístico, oferece anualmentetrezentas e sessenta e duas
(362)vagas iniciais nos diversos cursos de letras, contribuindo de forma contundente,
para a formação de professores, tanto da língua materna como de quatro Línguas
Estrangeiras e de LIBRAS”(PPC LÍNGUA INGLESA, 2014, p. 8)
97
Do total de vagas oferecidas anualmente pela UFAM,50 são para o curso de Língua
Inglesa, com via de ingresso de 50%das vagas pelo Sistema de Seleção Unificada, o Exame
Nacional do Ensino Médio(ENEM)e 50% pelo Processo Seletivo Contínuo (PSC).
O graduado em Letras, Língua Inglesa deve ser identificado por múltiplas
competências e habilidades adquiridas no âmbito acadêmico para atuação como professor,
pesquisador, crítico literário, tradutor, intérprete, revisor de textos, roteirista, secretário,
assessor cultural, entre outras atividades inerentes ao uso da linguagem e da estrutura
linguística formal.
A Licenciatura Plena em Letras da Universidade Federal do Amazonas-UFAM-
Campus-Sedese constitui de sete cursos distintos, vinculados anteriormente ao antigo Instituto
de Ciências Humanas e Letras (ICHL). Atualmente esses cursos integram a Faculdade de
Letras (FLet)(criada pela Resolução nº 005/2017, que aprova a reestruturação pedagógica e
administrativa do ICHL),com sede em Manaus, a saber: Língua e LiteraturaPortuguesa
(vespertino), Língua e Literatura Portuguesa (noturno), Língua e Literatura Espanhola e
Hispano-Americana (vespertino), Língua e Literatura Francesa (vespertino), Língua e
Literatura Inglesa (vespertino), Língua e Literatura Japonesa (noturno) e Libras, Língua
Brasileira de Sinais (vespertino).
O curso representa um diferencial para a Educação Básica em Manaus e parao estado
do Amazonas em relação aos demais cursos de Licenciatura em Letras existentes e Manaus.A
carga horária de 2.885 horas passa a integrar um total de 3.170horas, distribuídas em 08
períodos, incluindo disciplinas teóricas e práticas,como Componente Curricular, Estágio
Supervisionado,e Trabalho de Conclusão de Curso, este como requisito final para a conclusão
do curso. De acordo com o PPC - Projeto Político Pedagógico (2016, p. 06)inicialmente, o
Curso foi vinculado à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, no sistema seriado,
integralizado em 04 anos, com habilitação em Língua e Literatura Portuguesa, e as duplas
licenciaturas em Português-Francês e Português-Inglês.
No início, o curso oferecia vagas que eram preenchidas via exame vestibular. A
partir de 2009, o Cursopadrão de Licenciatura em Letras - Língua e Literatura
Inglesaampliousuas vagas em atendimento à convocação do REUNI 24 e passou a oferecer
50vagas.
24
O REUNI é umPrograma de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais,
instituído pelo Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007, no governo do então Presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
98
25
As Teses sobre Feuerbach são onze notas filosóficas curtas escritas por Karl Marx (1845) que explicitam a
crítica das suas ideias sobre o filósofo hegeliano, Ludwig Feuerbach. Trata-se do hegelianismo que chancelou o
idealismo e o materialismo metafísicos na sua época, e promoveu a sua proposta (de Marx) de materialismo.
Esses textos foram incluídos por Engels no livro da sua autoria “Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica
alemã”, de 1888, sendo a primeira publicação do escrito de Marx.
100
TOTAL DE CRÉDITOS:
CARGA HORÁRIA TOTAL:
= 2825 CRÉDITOS DE = 170
CARGA HORÁRIA DE OPTATIVAS:
= 180 OPTATIVAS: = 12
CARGA HORÁRIA DE OBRIGATÓRIAS:
= 2445 CRÉDITOS DE = 158
CARGA HORÁRIA DE ATIVIDADES ACADÊMICAS CIENTÍFICO
= 200 OBRIGATÓRIAS: =
CULTURAIS:
CRÉDITOS DE AACC:
MÍNIMO DE PERÍODOS: =8
MÁXIMO DE PERÍODOS: = 13
LIMITES NO PERIODO:
= 30
MÁXIMO DE CRÉDITOS:
Pesquisadora: Você que já trabalhou com o Inglês no nível superior, o que você
precisa aprimorar, enquanto professora?
Rosa: [...] me causa uma inquietação é exatamente trazer o universo externo no caso,
as relações externas a sala de aula, né?! Trazer a vivencia pra sala de aula. É... a
gente fala muito na metodologia da imersão, né?! E um desafio hoje pra mim é
tentar trazer pra sala de aula um pouquinho dessa realidade da imersão, ou seja,
tentar trazer questões da realidade, um jornal em Inglês pras crianças lerem ou tipo
assim, [...] um encarte, [...] um produto que eu tenha [...]uma etiqueta em Inglês?
Trazer essas questões do universo cotidiano, esse hoje se constitui em desafio pra
mim enquanto professora de língua inglesa.
Pesquisadora: Em sua opinião, para trabalhar na Escola Pública o conhecimento
linguístico e o conhecimento metodológico adquiridos na Universidade são
suficientes?
Rosa: Com certeza não, é... aEscola Pública ela levanta muitos desafios [...] e impõe
uma realidade social muito forte e... o... conhecimento metodológico sistemático
conhecimento linguístico ele não é suficiente pra você enfrentar uma sala de aula,
éna realidade dentro da realidade que a gente vive é... é importante, mas você
precisa de outros... de outros conhecimentos a mais pra tentar lidar com aquilo que
você vai transmitir e de como você vai transmitir aquilo dentro da realidade do aluno.
sala de aula.Percebemos que esta concepção deve ser repensada porque, embora o professor
seja o centro das atenções na sala de aula, o componente mais importante deste processo (que
envolve quem ensina, quem aprende e a sala de aula)são os que buscam a aprendizagem: os
alunos. Diante dessa perspectiva, o modelo deve ser considerado, pois, professores-aprendizes
têm muito a aprender com umprofissional mais experiente.
O modelo exalta ovalor atribuído ao “conhecimento experiencial” daquele professor
que já tem trajetória na docência, advinda da ação do dia a dia em sala de aula, em diferentes
níveis e diferentes situações, em convergência com uma perspectiva didático-metodológica.
No entanto, não significa dizer que o professor experiente seja “detentor do conhecimento” de
determinada área específica. Ele é um conhecedor do assunto que vive em constante processo
de construção e desconstrução da sua área de atuação, o que supostamente deve fazê-lo com
dinamismo e inovação. Logo, o vislumbre de obter resultados satisfatórios é o seu maior
propósito diante de cada situação nova com a qual se depara na sala de aula.
Um outro modelo, chamado de “modelo de ciência aplicada”, se desenvolve apartir
das descobertas empíricas da ciência e professa que os problemas relacionados aoensino
“podem ser solucionados mediante a aplicação do conhecimento empírico aos
objetivosdesejados” (Wallace,1991, p. 8). Assim, os resultados da experimentação científica
são passadospara os aprendizes por aqueles que são especialistas nas várias áreas do
conhecimento, oque leva a uma separação entre aqueles que pensam a profissão e aqueles que
a exercem.Esse fato implica questionar aidealização e a operacionalização, respectivamente,
direcionadas a pesquisadores e a professores, como se as duas ações não estivessem
relacionadas a ambos. Ao criticar o modelo, Wallace lembra que “ensino de qualidade é uma
atividadeinquestionavelmente complexa, e não há garantia de que poderá ser totalmente
previsívelde forma lógica de acordo com princípios ‘científicos’” (idem, p. 7). Apesar dos
conhecidosproblemas desse modelo, o autor acredita que esse ainda é o modelo mais
praticado namaioria dos programas de treinamento de novos profissionais.
Insatisfeito com as limitações de ambos os modelos, Wallace propõe um terceiro,
o“modelo reflexivo”, que tenta unir os pontos positivos dos dois modelos anteriores, ou seja,a
experiência e a base científica da profissão. Com base nas ideias de Schön (1983),Wallace
sugere que a educação do professor tem duas dimensões principais: o conhecimento recebido,
na forma de saber científico, e o conhecimento experiencial,advindo das ações diárias do
profissional.
O conhecimento recebido se constitui de informações e teorias, normalmente
relacionadas a algum tipo de pesquisa e que são amplamente encontradas como parte do
109
26
(a) The trainee has received it rather than experienced it in professional action, and (b) it is a deliberate echo of
the phrase ‘received wisdom’ (meaning what is commonly accepted without proof or question) it resembles in
certain ways.
112
27
The workday life of the professional depends on tacit knowing-in-action. Every competent practioner can
recognize phenomena – families of symptoms associated with a particular disease, peculiarities of a certain kind
of building site, irregularities of materials o structures for which he cannot give a reasonably accurate or
complete description. In his day-to-day practice he makes innumerable judgments of quality for which he cannot
state the rules and procedures. Even when he makes conscious use of research-based theories and techniques, he
is dependent on tacit recognitions, judgments, and skillful performances.( SCHÖN, 1983, p.49,50)
113
o aluno começa a ter a convicção dialógica do seu papel no processo de aprender para ensinar,
uma concepção que pode já ter tido um prenúncio conceptivo ainda na Educação Básica.No
entanto, a vivência de cada disciplina realizada, de cada semestre concluído, ano após ano,faz
com que o ato de assistir à ação se transforme no agente da própria ação.
Valores, crenças e atitudespassam a ser dimensionados mediante o início do Estágio,
o pré-treinamento, também denominado pré-serviço, que faz parte do currículo escolar. Para
exemplificar esta passagem, mencionamos aqui situações vividas no período de 2004 a 2010
no Curso de Letras - Língua e Literatura Inglesa da UFAM.Alunos do curso iniciavamsuas
atividades como pré-estagiários, ocasião em que: 1) preparavamum plano de aula;2) discutiam
o plano de aula como professor; 3) entregavam o plano de aula para o professor que assistia à
aula no papel de observador; 4) ministravam a microaula para os colegas, que simulavam ser
alunos iniciantes de Língua Inglesa. Uma ação geradora de conversa sobre os procedimentos
linguísticos, metodológicos, didático-pedagógicos após cada sessão.O início do processo de
introspecção, projeção e socialização de princípios reflexivos, embora de forma implícita.Essa
ação era parte do cumprimento de atividades práticas da disciplinaEstágio Supervisionado,
uma instância sintetizada mediante o processo formativo em que teoria e prática se articulam
sob o princípio da ação, reflexão, ação,planejadas em conjunto com o professor da disciplina.
Ao término desse ensaio de micro aula, deixava-se bem claro que,terminada aação,haveriaum
debate entre os demais alunos da disciplina, intermediado pelo professor que, a rigor,
manifestava oseu ponto de vista.
Desta feita, metodologicamente, vários fatores eram observados, mas, a princípio, a
postura pedagógica e o domínio de sala de aula e arazoabilidade da competência linguística
eram fatores preponderantes nessa avaliação que poderia ser decisiva para que aquele início
fosse o prenúncio de uma sequência de ações pedagógicas bem sucedidas. A apreciação da
ação nem sempre tinha caráter convergente e verossímil porque os debatedores também
poderiam desenvolver ação a contento, como poderiam cometer falhas a serem acertadas em
outra oportunidade com a repetição daquele evento que, obviamente, não seria a mesma
ação.Após comentários compartilhados e/ou individuais, orais e/ou escritos, o agente dessa
ação reconstruiria esquemas conceptuais, mediante absorção do que fora atestado, para, na
sequência das atividades, repetir a ação, acatando os comentários que lhe fizerem retroceder à
ação. Eis uma ação reflexiva,frutoda condiçãode sujeito de uma ação que se iniciapela
concepção da capacidade de exercício de uma experiência internalizada teoricamente.
Schön (1983) faz considerações interessantes sobrea reflexão, o que implica ruptura
na busca de uma ação consciente que motiva suas ações ao recomeçode uma nova ação com
116
marcas da ação anterior. Logo,é a mesma ação, com traços renovados. Isto nos remete ao que
diz Penny Ur(2007)a atividade docente é um evento social que varia de acordo com o tópico,
o lugar, a atmosfera, a metodologia e os materiais, com mesmo propósito de atingir os
aprendentes.A construção desse evento social gera um processo derupturae recomeço dentro
de uma atividade em que deve predominar dinamismo.
É importante abrir um parêntese neste texto e falar da crença, uma
característicamarcante do profissional docente que nãose pode separar no sujeito, a pessoa e o
professor. Mas em que consiste essa crença? Na visão de Fives & Buehl (2012, p.471),
28
Empoderamento (empowerment) termo que foi primeiramente usado nos Estados Unidos vem
ganhandorelevância acadêmica e social, nas últimas décadas, nos países de língua inglesa, passando a fazer
parte dos mais diversos campos do conhecimento, em especial, administração, economia, saúde pública,
psicologia e sociologia política.
117
projetos, em suma, de intençõesou de razões das quais ele está ‘consciente’ (grifo do
autor)[...] pode-se dizer que de um modo geral um professor sabe o que faz e por que o faz.
(TARDIF, 2014, p.208). Ossaberes do professor emergem do entrelaçamento ascendente e
descendente entre os insumos que pairam entre o conhecimento recebido e o conhecimento
experiencial, imbricadono âmbito empírico ou noarcabouço teórico da busca de saberes.
Wallace (1991, p. 14, 15) assegura que “[...] o conhecimento do professor é pautado
no conhecimento recebido, ou seja, conceitos, teorias, e o conhecimento experiencial baseado
nas ações profissionaiscotidianas e na reflexão feita a cada atividade pedagógica exercida.”
Para Tardif (2014, p.64, 65),“[...] os professores utilizam constantemente seus conhecimentos
pessoais e um saber-fazer personalizado. [...]os saberes dos professores possuem uma
certacoerência, não se trata de uma coerência teórica nem conceitual, mas pragmática e
biográfica”. Almeida Filho exalta as diversas competências do professor mas incide na
competência aplicada do professor em sala de aula, como resultado do seu conhecimento
teórico-prático. Para Almeida Filho (2008, p. 21),“a competência aplicada é aquela que
capacita o professor a construir a sua prática de maneira consciente, permite a ele explicar o
porquê dos resultados que obtém.” A atuação do professor deve ir ao encontro da necessidade
dos alunos, diante das diversas situações advindasdas circunstâncias do sistema escolar na
trajetória de gerenciamento de ensinar e aprender.
Com base no currículo do Curso de Letras – Língua e Literatura Inglesa, na
Universidade Federal do Amazonas, a adequação teoria e prática, quando da aplicabilidade do
conhecimento científico, implica o reconhecimento de saber o que ensinar, o porquê de
ensinar da maneira como ensina, a fim de atingir a necessidade do estudante. A formação
inicial pressupõe base profissionalizante para a atuação a ser aprimorada mediante a
experiência do dia a dia em contato com os estudantes em ambiente de sala de aula.
A partirde ocorrências, recorrênciase manifestações planejadas ou não em sala de
aula, a atuação do professor é de fundamental importância para demonstrar a sua habilidade
não só de professor de Línguas Estrangeiras mas também de profissional comprometido com
a sua prática. O professor, enquanto profissional,constrói o conhecimento específico e
abrangente para vivenciar, diagnosticar e intervir diante de situações de cunho individual ou
coletivo,desencadeadaspor diferenças socioculturais na sala de aula.
Mediante a análise de dados empíricos, registramos relatos do dia a dia da sala de
aula do professor de Língua Inglesa, da Educação Básica, na rede pública, em Manaus.Com
uma mostra de vinte profissionais entrevistados no final do primeiro semestre de 2017,
buscamos o esclarecimento da realidade do ensino de LE na Escola Pública.Uma realidade
119
29
Apreensão em ambiente real da investigação científica como objeto de uma constatação, compreensão
superficial da realidade. Para Durozoi & Roussel (1996, p.117) “[...] trata-se dos elementos de base de um
problema, de uma situação, ou dos fatos nos quais uma ciência se baseia num momento preciso de sua evolução.
Para Bruyne (1977, p.202) “os dados estão no pólo técnico da pesquisa, inseridos no campo doxológico, o da
“realidade de todos os dias”. A partir da seleção, os dados passam a fazer parte do campo epistêmico.
30
Bruyne (1977, p.202, 203) “[...]A informação torna-se um ‘dado’ pela própria aplicação das técnicas de coleta;
opera-se uma seleção específica segundo as problemáticas da pesquisa. A informação conserva a significação
das práticas sociais efetivas, o dado deve neutralizar essa significação primeira e transformá-la em significação
pertinente para a pesquisa científica.”
122
Pesquisadora: Em algum momento você tem que ser assistente social, psicólogo na
escola, além de ser professor de Língua Inglesa?
Nabuco: Tem que dar um pouquinho mais de prioridade para os alunos
problemáticos porque muitas vezes eles não trazem o exercício ou dever de casa, ou
o trabalho de pesquisa.
Pesquisadora: Por que isto acontece? Eles não têm acompanhamento em casa?
123
Nabuco: Eles não têm um acompanhamento, né?! Eles chegam e... nós percebemos
isso porque os alunos que têm desempenho muito ruim são os mesmos alunos que
têm problemas estruturais em casa no que diz respeito à família. É aquela coisa, né?!
Pai ausente, mãe ausente, filho criado com avó, então filhos... que dizer, crianças
criadas com tios e tias, padrasto e madrasta então assim... que só fazem matricular,
né?!E nós temos que dar um pouquinho de prioridade nessas situações aí, né?!
Pesquisadora: Os alunos têm uma acompanhamento familiar?
Joana: Normalmente não há, são muitos problemas, muitas dificuldades, inclusive
ontem tivemos uma reunião e tem crianças totalmente abandonadas... o conselho
tutelar nem isso adianta porque você já chamamos os pais várias vezes e eles não
conseguem acompanhar, às vezes é porque eles mesmos não entendem, eles não têm
muita escolaridade, mas, às vezes eles têm e passam o dia trabalhando então é difícil
é um problema bem complexo.
Pesquisadora: Equando eles percebem que o filho ou a filha está fraco(a) na escola
oque eles fazem?
Joana: Ao invés de tentarem resolver o problema deles com o próprio filho, eles
perguntam e questionam o professor “todos os seus alunos são assim?” muitas vezes
eles fazem essa pergunta “todos os alunos estão assim?” como se indiretamente
dissessem “o problema é com você, não é com o meu filho” eles nunca perguntam
“professora o que eu posso fazer por ele?” “qual é a dificuldade dele?” já houve até
pais que disseram “deixaeu ver aí no seu diário se você realmente fez as
recuperações?”
A negação da referência familiar para adolescentes que vivem sob a tutela de pais
sem estrutura socioeconômica e cultural desejável, ou sob cuidado de avós com idade
avançada ou parentes envolvidos com seus próprios interesses, sem tempo para a causa dos
adolescentes, compromete o aproveitamento desses estudantes na escola. Desse universo,
percebemos que aestrutura socioeconômica, intelectuale cultural desses supostos responsáveis
interfere diretamente no aproveitamento escolar de quem está em processo de formação.
As escolas visitadas estão distribuídas em diferentes localidades, algumas até em
áreas classificadaspela Secretaria de Segurança Pública como áreasvulneráveis, mais
frequentes na Zona Leste da cidade, onde o tráfico eo uso de entorpecentes são considerados
de alta periculosidade pelas autoridades policiais.Istonão significa dizer que asáreas mais
centrais não sejam afetadas pela ação de pessoas mal intencionadas. A propósito, a professora
Betina, de uma escola na Zona Sul da cidade,dizianão ter recursos na instituição onde ela
trabalhapara tornar suas aulas mais atrativas, costumava levar equipamentos própriospara a
escola, como,laptope data show, a fim de melhorar a qualidade das suas aulas,mas,desde o dia
em que vivenciou um assalto na escola, decidiu não mais levar seus pertences para uso em seu
local de trabalho.
Gestores comprometidos com as escolas, dentre elas, uma escola municipal,
relativamente pequena, com organização funcionalsatisfatória, onde a biblioteca é lugar de
alunos até na hora da merenda, abrimos parêntese parauma digressão e mencionamos o fato
124
31/35 Mais de
Quant. Gênero 26/30 anos 36/40 anos S C D UE
anos 40 anos
9 M 1 2 2 4 4 4 1 -
11 F 4 1 4 2 1 8 1 1
TOTAL 20 - 5 3 6 6 5 12 2 1
FONTE: A autora (2017)
LEGENDA: (S) Solteiro; (C) Casado; (D) Divorciado; (UE) União Estável.
duração de um a três meses, três tiveram apoio da SEDUC, em parceria com o ICBEU e a
Embaixada Americana.Uma professora participou de curso no exterior, com
aproximadamente a mesma duração, mas utilizou recursos próprios. A formação do professor
envolve um conjunto de saberes que constitui o seu repertório capaz de ser materializado em
prol da aprendizagem de outrem. Segundo Tardif,
[...] os saberes que servem de base para o ensino, tais como são vistos pelos
professores, não se limitam a conteúdos bem circunscritos que dependem de
conhecimento especializado. Eles abrangem uma grande diversidade de objetos, de
questões,de problemas que estão relacionados com seu trabalho[...]não
correspondem, ou pelo menos muito pouco aos conhecimentos teóricos obtidos na
universidade e produzidos pela pesquisa na área de Educação. (TARDIF, 2014,
p.61)
31
A palavra eco se refere à manifestação espontânea dos sujeitos, professores participantes da pesquisa.
128
3.2A importância do Estágio para os desafios enfrentados pelo professor em sala de aula
32
CNE/CP – Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno. Resolução CNE/CP nº. 02/2002.
33
DRH (CEL/DRH) Curso de Línguas Estrangeiras direcionado à comunidade Universitária (servidores, de
modo geral e seus dependentes) que funcionou com a parceria do Departamento de Recursos Humanos como
atividade extensionista,no Projeto CEL/UFAM, no período de 2000 a 2012.
129
ao ser chamada de teacher, parecia que nem era comigo!”–“Eu fiquei quietinho e observei o
professor-estagiário que falava mais que os alunos.”
Na passagem de aluno para professor,na fala deMoraes e Galiazzi (2011, p.215),
“[...] entender as aprendizagens como reconstruções do já anteriormente construído implica
compreendê-las num sentido que as aproxima do funcionamento dos próprios processos vitais,
auto organizados e emergentes [...]”, o quesai do discurso para a ação em um construto
constante de aprendizagem de forma circunstancial. E a edificação dos saberes se faz presente
a cada desconstrução dentre os pontos que precisam ser reformulados e lapidados na prática
docente, mesmo em pré-serviço.
A ideia do traineesurgiu quando a coordenação geral do projeto percebeu que grande
parte dos estagiários que ingressava na regência de turmas no CEL possuía conhecimento
linguístico considerado adequado e leve conhecimento teórico, mas desconhecia a
aplicabilidade desse componente como um aspecto essencial no processo de formação.
A escolha desses estudantes era feita pelo professor de Estágio Supervisionado,
mediante indicação dos professores de línguas, que tinham como critério principal de
indicação do desempenho desses discentes nas aulas das disciplinas Prática Oral II, Língua
Inglesa III e Língua Inglesa IV. Feita a indicação, os discentes passavam a integrar a equipe
de estagiários do CEL.
A partir das atividades do trainee, o trabalho desenvolvido com os alunos passou a
ser chamadoPrograma Trainee, divulgado entre a comunidade de Letras como preparação
para a regência de sala de aula, na condição de estagiário do Projeto CEL, a partir do terceiro
período.As disciplinas que iriam subsidiar a regência desses estagiários,Metodologia do
Ensino da Língua Inglesa I34e Didática Geral35são disciplinas do quinto período. O fato da
maioria dos alunos de Letras - Língua e Literatura Inglesa ingressar na faculdade com um
nível básico/intermediário no idioma, permiteo ingresso no CEL a partir do 3º ou 4º período.
Nessa perspectiva de fazer com queos estudantes fossem encorajados a vivenciar a
sala de aula com mais segurança, diante da imaturidade didático-metodológica é que foram
propostas reuniões e rodas de conversa com eles, como uma atividade extraclasse, com
oobjetivo de verificar o que poderia ser feito para minorar o temor da sala de aula. Daí
34
Objetivos do ensino de língua estrangeira. O ensino de línguas no Brasil. Apresentação, discussão e análise de
métodos e abordagens do ensino de língua estrangeira. Manejo de classe. Planejamento. Preparação e adaptação
de material didático. Avaliação (PPC Língua Inglesa)
35
Os objetivos da Didática e os elementos que constituem o processo didático-pedagógico e suas implicações no
processo ensino-aprendizagem são a formação do educador e o compromisso com a transformação social.
Planejamento Educacional - níveis, etapas, tipos; componentes e operacionalização. (PPC Língua Inglesa, 2010-
2014)
131
surgiram interações com a equipe de coordenação do projeto e muitos temas foram debatidos
e discutidos nas reuniões, a partir de indícios de situações já vivenciadas por alguns que
prontamente se manifestavam para relatar breves ocorrências e recorrências de ordem
disciplinar ou de cunho metodológico que os incomodavam. Além desses relatos havia um
cronograma de temas a serem abordados durante o semestre. Essas atividades eram
trabalhadas durante dois semestres, cada um com 30 (trinta) horas. A partir do segundo
semestre de 2005, a coordenação do Projeto CEL, oCurso de Letras - Língua e Literatura
Inglesa e o Departamento de Línguas e Literaturas Estrangeiras (DLLE) chegaram a um
consenso sobre a relevância do trabalho desenvolvidocom os acadêmicos de Letras - Língua e
Literatura Inglesa.
As atividades do trainee(de 2003 a 2010) foram documentadas mediante relatórios
semestrais. Para ilustrar as manifestações do encontro teoria e prática que alçavam a
maturidade de futuros professores de Inglês, foi materializada essa expressão pelos
fragmentosdo relatório do segundo semestre de 2008,a seguir:
Teórica. Estágio
Acompanhar a rotina de um professor de Língua Inglesa em turmas
Estágio em
Supervisionado,
do Ensino Fundamental I (1º. a 5º. anos) de Escolas Públicas;
observação e regência
Preparar e ministrar aula de língua inglesa sob supervisão em 75h
em turmas do Ensino
turmas do Ensino Fundamental I (1º. a 5º. anos) de Escolas
Fundamental I (1º. a 5º.
Públicas;
anos) de Escolas
Produzir relatório crítico sobre os processos e procedimentos
Públicas.
adotados.
36
Introdução ao estudo do ensino da Língua Inglesa e sua aplicabilidade. Observação orientada de sala de aula,
reflexão e discussão de eventos da aula de línguas. Conhecer e discutir sobre elementos do contexto ensino e
aprendizagem. Observar e refletir situações do evento aula de línguas.
133
Supervisionado,
do Ensino Fundamental II (6º. a 9º. anos) de Escolas Públicas;
observação e regência
Preparar e ministrar aula de língua inglesa sob supervisão em 60h
em turmas do Ensino
turmas do Ensino Fundamental II (6º. a 9º. anos) de Escolas
Fundamental II (6º. a
Públicas;
9º. anos) de Escolas
Produzir relatório crítico sobre os processos e procedimentos
Públicas.
adotados.
Total de horas de Estágio Supervisionado 210h
FONTE: Projeto Político Pedagógico do Curso de Letras - Língua e Literatura Inglesa
As constantes mudanças na Matriz Curricular do curso, para atender às necessidades mercadológicas e para
maior vivência com a ação docente durante a graduação, foi ampliada a carga horária de Estágio Supervisionado,
conforme mostra o quadro nº 16, a seguir.
Fundamentação
inglesa;
Estágio em
Teórica. Estágio
Acompanhar a rotina de um professor de Língua Inglesano Centro
Supervisionado, trainee
de Estudos de Línguas (CEL) – UFAM; 105h
e regência no Centro de
Preparar e ministrar aula de língua inglesa sob supervisão no CEL;
Estudos de Línguas
Produzir relatório crítico sobre os processos e procedimentos
(CEL) – UFAM.
adotados
Refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem de língua
Fundamentação
inglesa;
Língua Inglesa II
Teórica. Estágio
Acompanhar a rotina de um professor de Língua Inglesa em turmas
Estágio em
Supervisionado,
do Ensino Fundamental I (1º. a 5º. anos) de Escolas Públicas;
observação e regência
Preparar e ministrar aula de língua inglesa sob supervisão em 105h
em turmas do Ensino
turmas do Ensino Fundamental I (1º. a 5º. anos) de Escolas
Fundamental I (1º. a 5º.
Públicas;
anos) de Escolas
Produzir relatório crítico sobre os processos e procedimentos
Públicas.
adotados
Refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem de língua
Fundamentação
Língua Inglesa III
inglesa;
Teórica. Estágio
Acompanhar a rotina de um professor de Língua Inglesa em turmas
Estágio em
Supervisionado,
do Ensino Fundamental II (6º. a 9º. anos) de Escolas Públicas;
observação e regência
Preparar e ministrar aula de língua inglesa sob supervisão em 105h
em turmas do Ensino
turmas do Ensino Fundamental II (6º. a 9º. anos) de Escolas
Fundamental II (6º. a
Públicas;
9º. anos) de Escolas
Produzir relatório crítico sobre os processos e procedimentos
Públicas.
adotados
A distância que separa discurso e ação é insumo de estudo para as descobertas que
movimentam a compreensão do ensino e aprendizagem. Tarefa do professor cujo saber tem
origem na percepção do processo de construção das suas habilidade e competências edificadas
em ambiente acadêmico e fora dele. Essa compreensão se faz perceptível a partir da
aplicabilidade do conhecimento acadêmico.
Os quadros nº 18 e 19 expressam o pensamento dos sujeitos desta pesquisa na
ocasião do posicionamento acerca do processo de formação e atuação. O professor é um
artesão cujo saber é o de construtor da experiência, em uma perspectiva generalizada,
específica e aglutinada de intervenções verdadeiras para as situações que a sala de aula
propicia.
37
A ordem desse quadro se refere às questões de múltipla escolha contidas no roteiro de entrevista com
professores de Língua Inglesa da Educação Básica – SEMED (p. 165).
138
38
A ordem desse quadro se refere às questões de múltipla escolha contidas no roteiro de entrevista com
professores de Língua Inglesa da Educação Básica – SEMED (p. 165).
139
Paulo: É... a motivação, né?! é... eu geralmente estou lá inteiro apesar de um dia
cansativo, independente disso eu tô lá no meu ambiente de trabalho, eu tô lá pra me
dedicar, a minha paciência com os alunos, né?! a minha dedicação com eles o
cuidado que eu tenho, o interesse de ver realmente é uma preocupação que eu tenho
de saber se eles estão realmente aprendendo ou não.
Maria: Eu separo em vocabulário e em parte gramatical é... porexemplo, eu tenho
aula duas vezes na semana, a minha primeira aula é vocabulário, eu escolho
esporte.... eu vou dar só esportes. Na outra aula, eu entro com gramática, vou
trabalhar o simple present por exemplo, trabalhar os esporte com simple present eu
tento encaixar os dois.
Nabuco: Eu me resumo ao ensino do vocabulário e ao ensino da gramática, mas é
porque trata-se de... do... a língua inglesa ser ensinada na Escola Pública.
Pesquisadora: Você não acredita no ensino da língua inglesa na Escola Pública?
Nabuco: Eu acredito, né?! Porém, a... grade curricular ela nos limita, ela nos limita
no que diz respeito ao tempo, né?! É... de modo que não dá tempo de fazer todas as
abordagens, pra você explorar a escrita e a produção... a produção e a escrita...
Pesquisadora: Mas em que sentido a proposta curricular limita?
Nabuco: O tempo, o tempo, né?! Os livros eu tenho até... eu tenho elogiado os livros
que têm chegado no ensino é... os livros que têm chegado aqui... nas escolas
municipais.
Otília: A gramática muito forte, né?! minhas aulas sempre têm gramática e... no 8º,
9º ano a gente introduz mais interpretação de texto, mais vocabulário com eles.
Pesquisadora: Como você gosta de ensinar Inglês?
Rebeca: Ah...eu gosto muito de ensinar com música e... gosto muito... não muitas
vezes, mas eu tento trazer vídeos pra eles que é uma coisa que eu gosto muito de
filmes.
Pesquisadora: O que você considera importante para o dinamismo da sua prática
docente?
Otília: Importante... eu acho que você precisa ter jogo de cintura principalmente pra
ensinar uma língua nova pra eles, porque as dificuldades são enormes, né?! Então às
vezes você tem que improvisar e ter muita disposição e jogo de cintura, eu acho que
isso é importante.
Pesquisadora: E você acha que... professor tem que improvisar?
Otília: Sim! Não tem jeito, a gente improvisa. A gente faz o nosso plano, nos
planejamos, mas sempre tem algo... sempre tem aquele momento que você acha que
tá preparado e às vezes improviso acaba sendo uma coisa boa.
No postulado de Widdowson (2005, p. 97) não se podem adquirir habilidades linguísticas sem
as capacidades comunicativas. A competência comunicativa depende do acesso aos
conhecimentos gramaticais.
Na concepção dos sujeitos da pesquisa, a proposta curricular dá ênfase ao estudo
isolado da gramática. Seria desejável que o sujeito, mediante conhecimento explícito,
visualizasse a necessidade de contextualização dos tópicos gramaticais propostos. A
percepção do sujeito precisa ir ao encontro dos desvios que afetam as condições da sua prática
pedagógica. Contextualizar o ensino de gramática ou instrumentalizar o uso de determinados
conteúdos pela habilidade da leitura e exploração do vocabulário leva o estudante a inferir
significados. O uso de técnicas, estratégias e procedimentos de acordo com a atmosfera criada
na sala de aula é condição para bons resultados na aula de LE. A ênfase em uma habilidade
linguística não se esgota na unicidade, o desencadeamento de outras habilidades é uma
consequência natural. É desejável situar o aluno a compreender alíngua-alvo e que a aulaseja
ministradade forma sequenciada e necessariamente contextualizada. Na entrevista da
pesquisadora com a professora Inara, esta comenta:
O Quadro nº 19, alusivo à prática docente de LE, nas escolas visitadas, da Secretaria
de Estado da Educação e Qualidade do Ensino – SEDUC, evidencia a oralidade como a
habilidade linguística mais complexa, e a leitura como a habilidade predominante na sala de
aula de Língua Inglesa, no Ensino Médio. A existência de empecilhos com a oralidade é
corroborada pela visão da maioria dos professores e de especialistas do seguinte modo: “na
Escola Pública as turmas são numerosas e o tempo de aula é exíguo para trabalhar a
oralidade”. Os PCNs sugerem a habilidade de Leitura como a abordagem mais adequada para
o ensino de LE na Educação Básica. A pesquisa identifica a leitura como uma habilidade
alternativa para o alcance coletivo e a possibilidade da abrangência de outras habilidades.
Cabe enxergar esta justificativa como cômoda e distante de aproximação do aluno à língua-
alvo. Para a professora Betina a leitura é a base de suas aulas.
Habilidade
linguística com
5 Oral Todas Todas Leitura Todas Oral Todas Todas Todas Todas
maior
identificação
Habilidade
linguística mais
6 Escrita Oral Oral Oral Oral Oral Auditiva Oral Todas Oral
complexa na sala
de aula
Predominante
Leitura/ Leitura/ Leitura/ Leitura/ Leitura/ Leitura
nas suas aulas Conversa- Vocabulá- Gramática/ Gramática/
9 Compreen- compreens Compreen- Compreen- Compreen- Compreen-
de Língua ção rio Exercícios Exercícios
são textual ão textual são textual são textual são textual são textual
Inglesa
Sequenciamento
de Inadequa-
14 Regular Bom Bom Regular Regular Bom Regular Regular Regular
conteúdo/linearid do
ade
Trabalha nos
16 segmentos Não Sim Não Não Não Não Não Não Não Não
público e privado
O Curso de
Licenciatura em
Letras – Língua e
Literatura Inglesa
18 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
prepara o
professor para
atuar na Escola
Pública.
O Curso de
Licenciatura em
19 Prática/ Prática/
Letras Língua e Teórica Prática Prática Prática Prática Prática Prática Prática
(a;b) Teórico Teórico
Literatura Inglesa
deixa lacuna.
O primeiro olhar
para o Curso de Comunica- Comunica- Comunica- Comunica-
20 Ensino Ensino Ensino Ensino Ensino Ensino
Licenciatura em ção ção ção ção
Letras.
39
A ordem desse quadro se refere às questões de múltipla escolha contidas no roteiro de entrevista com
professores de Língua Inglesa da Educação Básica – SEDUC (p. 165).
143
Gostou do Curso
de Licenciatura
em Letras –
21 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Língua e
Literatura
Inglesa.
FONTE: A autora (2017)
40
A ordem desse quadro se refere às questões de múltipla escolha contidas no roteiro de entrevista com
professores de Língua Inglesa da Educação Básica – SEDUC (p. 165).
144
41
Os professores participantes da pesquisa têm no mínimo cinco anos de trabalho docente na escola pública.
146
que nos causa inquietação é que a presença do Inglês enquanto Língua Estrangeira é menos
importante ou silenciada no âmbito público.Como se mencionou anteriormente, os
profissionais que atuam nos dois segmentos, a iniciativa privada e a escola pública, são
professores com nível de formação equivalente, advindos da mesma Instituição de Ensino
Superior que exercem práticas diferenciadas. Em conversa informal um professor mencionou:
“eu não consigo fazer na Escola Pública o que eu faço no curso de idiomas.” Isto implica
dizer que a importância da LE tem efeito de sentido de que a qualidade do ensino e
aprendizagem do Inglês está associada à iniciativa privada.
Ao término do Ensino Médio, o aluno cumpre uma carga horária de 560 horas de
Língua Inglesa e a sua competência linguística não é condizente com o número de horas-aula
expresso na regulamentação da Educação Básica.São os desafios da Escola Pública na voz
dos professores, sujeitos da pesquisa,vertente que encontra amparo na fala da professora Inara.
competência aplicada do professor [...] aquela que capacita o professor a ensinar de acordo
com o que sabe, [...] porque ensina da maneira como ensina e porque obtém os resultados que
obtém.”Schön (1983) vislumbra o professor como um profissional autocrítico e reflexivo na
sua prática. O professor deve ser capaz de encontrar estratégias para trabalhar com turmas
numerosas para atingir a necessidade de seus alunos, sem compará-los com as turmas dos
cursos de idiomas que não ultrapassam uma média de 20 alunos.
Dizer que o profissional está preparado para o exercício docente é pensar no saber de
forma pragmática, ter objetivos definidos, fugir do improviso. Os atos só são verdadeiros se
diagnosticarem falhas e propuserem resoluções para as questões oriundas de situações
planejadas ou não. A partir de uma situação dada, feito o diagnóstico, a atuação metodológica
toma vez e voz. É preciso que a competência implícita dê lugar à competência teórica para o
enlace com a competência aplicada. A competência profissional com status de
metacompetência depende da reflexão advinda da competência teórica. A pesquisa reforçou
esta afirmação com base no relato dos sujeitos e com a constante ampliação que vem sendo
feita no curso de Licenciatura em Letras - Língua e Literatura Inglesa da Universidade
Federal do Amazonas.
O curso de graduação é a base para a profissionalização que permite abrangência
teórica e a sua adequação à prática. Pelo exercício da competência implícita e da competência
linguístico-comunicativa o egresso demonstra capacidade para vivenciar o uso da língua-alvo,
exercer a competência teórica, mas os obstáculos tolhem o brilho da sua prática. A pouca
regulamentação, a falta de padronização, as turmas numerosas, sem que haja um processo de
mensuração do Inglês em nível municipal, estadual ou nacional fica a inferência de que falta
discussão mais ampliada e sistematizada sobre a importância do Inglês na formação básica.
Os professores demonstram descontentamento com a pouca estrutura oferecida a eles
pela rede púbica de ensino na Educação Básica. A falta de recursos didático-pedagógicos, a
vulnerabilidade social dos alunos, a impossibilidade do uso da tecnologia na sala de aula
constituem um referencial que poderia contribuir para inovar as aulas, do modelo tradicional
para o moderno, com o uso alternativo de data show, da internet, aparelhos de som. São
recursos que podem servir de atrativos para a interação professor e alunos. A insatisfação com
a recompensa financeira é fator de incômodo para os sujeitos. A escassez de materiais e
recursos tecnológicos não inviabiliza a aula, a criatividade do professor deve prevalecer
mesmo quando ele não dispõe de facilidades extras para sua aula.
A expressiva carga horária de 80 horas-aula no decorrer de 40 semanas durante o ano
letivo, a partir do 6º ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio, deve ser
enfrentada pelos gestores da política educacional em diálogos com seus idealizadores. A carga
horária resulta, para o egresso da Educação Básica, num total de 560 horas-aula. Esse total de
horas-aula pode se equiparar às horas-aula de um curso básico de idiomas, que provê o
conhecimento de estruturas básicas de comunicação para apresentação e interação sobre
aspectos pessoais e do cotidiano. Considerando o uso das quatro habilidades (ouvir, falar, ler e
escrever) presentes nas aulas de Inglês, o que é possível, e se o professor usar a língua-alvo
153
42
A proposta institucional do Ministério da Educação e Cultura para o ensino de Línguas Estrangeiras mediante
os Parâmetros Curriculares Nacionais consiste em tera leitura como principal habilidade na sala de aula.
154
CONCLUSÃO
Grego) e para as Línguas Modernas (Francês, Inglês e Alemão), que tiveram fluxo relevante
no currículo escolar brasileiro.
A década de 1930, início da Segunda República foi de grande importância para o
ensino de línguas, até então desprovido de metodologia adequada e de professores com
formação na área. A inserção do método direto em 1931 ea criação de cursos de Licenciatura
em Letras em São Paulo em 1934 colocaram a conjuntura educacional brasileira em contato
com a crise política advinda de conflitos externos resultantes da queda da bolsa de Nova York
em 1929.
A Lei de Diretrizes e Bases instituída em 1961 flexibilizou o ensino línguas de
estrangeiras no currículo escolar, deixando a sua inclusão ou não a critério dos conselhos
estaduais. Se não havia obrigatoriedade para a matéria língua estrangeira, sua inclusão era
silenciada, fato que distanciava o aluno de classe menos favorecida da aprendizagem de um
outro idioma. Crescia no país, de Norte a Sul, o índice de cursos de idiomas para atender a
estudantes advindos de famílias com maior poder aquisitivo.
A flexibilidade da lei poderia ter gerado novo caminho para o incentivo das línguas
estrangeiras nas escolas. Com turmas aglutinadas nas escolas, as aulas de línguas poderiam ter
sido instituídas, mas o que não era obrigatório não foi operacionalizado. Fazer o mínimo
satisfaz a classe menos favorecida. A falta de controle e avaliação para aferir resultados do
ensino e aprendizagem de línguas pode ser um indicador de fragilidade e desestímulo. Esta
situação permeou as décadas de 1960 e 1970 e mostrou que o ensino e aprendizagem de
línguas estrangeiras no Brasil é elitizado e estimula a desigualdade na escola, universo social
agregador das diferenças, como uma vertente que advém da força do sistema capitalista, em
que o ter se sobrepõe ao ser.
Como resultado desta visão equivocada do “vamos estabelecer prioridades”, ocorreu
a estagnação do sistema escolar e a Língua Estrangeira é relegada a ser um componente
curricular que poderá vir por acréscimo. Sua inserção ou não no currículo tem sido
considerada um fator irrelevante pela legislação e as escolas têm valorizado o mínimo. Quem
poderia à época valorizaras línguas estrangeiras em plena ditadura militar, que tanto afetou o
sistema educacional brasileiro, se transformou emsilênciocoletivo. O currículo fragmentado e
fracionado era uma “dádiva” para a maioria da população que só tinha acesso à educação para
a qual não precisava usar os recursos destinados à alimentação e à moradia. A educação
pública funcionava mais como um presente, e não como uma obrigação governamental, à
população que não tinha voz para reivindicar mudanças no sistema escolar que viessem a
contemplar seus anseios.
157
A segunda edição da LDB, de 1971, marcada pela ação da ditadura militar, muito
sacrificou o avanço da educação brasileira, instituiu o ensino profissionalizante, diminuiu de 9
para 8 anos o ensino de primeiro grau e manteve a duração de três anos para o segundo grau.
Essa redução de tempo do primeiro grau comprometeu a presença da Língua Estrangeira que
seria inserida a “título de acréscimo” e ministrada de acordo com as condições do
estabelecimento.
Os anos 1970 foram marcados pela ditadura militar que se firmava no Brasil e a
educação não ficou imune ao processo de recessão. Em 1971, o sistema educacional
brasileiropassou a ser regido pela segunda versão da LDB, marcada por uma abordagem
tecnicista, com formação educacional de cunho profissionalizante, sem dar importância aos
atores deste circuito: o aluno e o professor. Daí, ficam claros o desinteresse e a falta de
compromisso governamental com o ensino de LE. A pouca importância nada mais era do que
consequência daquele momento histórico que exigia dos filhos desta nação o patriotismo
declarado em plena ditadura. A censura e a propaganda tiveram o seu apogeu na manipulação
popular:“Brasil, ame-o ou deixe-o. Este é um país que vai pra frente”, “Todos juntos, vamos,
pra frente Brasil “, “Eu te amo, meu Brasil.”
A pesquisa visualizou a formação do professor que não é estática e nem conteudista,
mas é continuada, atemporal e pragmática. Foi tratada aqui a formação inicial, a base
construtora de pertencimento de que, para ensinar LE, a especificidade é imprescindível, mas
o conhecimento axiomático é percepção do ato de ensinar com o propósito de atingir o alvo.
O necessário para a aplicabilidade na sala de aula não se esgota em um curso, seja ele de
capacitação, de formação ou de pós-graduação. O capital geral de conhecimentos do professor,
independentemente das escolas frequentadas, pode até ser o desejável, mas não,o satisfatório.
Isto porque as escolas não satisfazem às dimensões de que ele precisa para ser capaz de
atingir o seu alvo indistintamente. A constante alteração curricular do Curso de Licenciatura
em Letras, Língua e Literatura Inglesa da Faculdade de Letras da Universidade Federal do
Amazonas, frente ao desenvolvimento científico e tecnológico, que demanda profissionais
cada vez mais qualificados para o mercado de trabalho, constitui desafios para futuras
pesquisas.
Ficamos pressupostossobre o fato de que a legislação que rege o sistema educacional
brasileiro institui a obrigatoriedade do ensino e aprendizagem de LE na escola pública; de que
a carga horária é expressiva diante da realidade brasileira, onde o aluno permanece na escola
em um único turno (com exceções); de que o professor possui formação que provê a base da
profissionalização ea sua inserção no mercado de trabalho. O professor deve continuar sua
158
formação a partir da ação diária na sala de aula, com o apoio institucional de cursos de
capacitação e de formação lato sensu e stricto sensupara aprimorar a sua prática.
O processo de formação do professor de Língua Inglesa é regido por um discurso
construído no curso de graduação. Ao término dos créditos exigidos para a conclusão da
licenciatura, vem a colação de grau, festa de formatura muito celebrada. A partir de então, o
egresso estáaptoa ingressar no mercado de trabalho. O exercício docente implica o início de
um novo processo de aprendizagem que começa com o ingresso no magistério. O curso de
Licenciatura é uma exigência acadêmica imprescindível para o exercício docente, mas não
pressupõe a completude da competência profissional do sujeito que carece de vivência
profissional (prática) para tomar parte do processo de que o ensino e aprendizagem para o
professor de línguas exige a competência aplicada. E, para atingir a competência profissional,
a vivência diária contribuirá para o alcance de uma posição confortávelde ensino frentea si
mesmo e ao seu público-alvo.
À guisa de conclusão: na pesquisa intitulada “A política de formação de professores
de Língua Inglesa e os desafios da prática cotidiana na escola pública”, mediante investigação
teórica e coleta de dados empíricos, não se identificou uma política específica voltada para o
ensino de línguas estrangeiras ao longo da história da educação brasileira. O ensino e
aprendizagem de outro idioma está atrelado ao âmbito geral do sistema educacional, sem um
plano específico para equalizar oportunidades para estudantes de baixo poder aquisitivo. Falta
integração entre os formuladores das políticas e as necessidades dos atores que estão na
operacionalização do processo ensino e aprendizagem. A política de LE está ancorada no
plano macro no âmbito da legislação e é dada como uma parte diversificada, complementação
curricular, que não suscita atenção diferenciada.
159
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Poder Executivo
Ministério da Educação
Universidade Federal do Amazonas
Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação
Instituto de Ciências Humanas e Letras
Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia
Formulário aplicado aos professores de Língua Inglesa na primeira reunião de apresentação do projeto de
pesquisa.
Assinale (X) apenas uma alternativa nas questões fechadas. Nas questões abertas expresse o seu ponto de vista,
com basena sua percepção teórica e na sua prática.
02)Quando você teve o primeiro contato sistemático (início da aprendizagem) com a Língua Inglesa?
() Durante o ensinode primeiro grau /ensino fundamental.
() Durante o ensino de segundo grau/Ensino Médio.
() Durante o curso de graduação ou especialização.
() Outros ____________________________________________________________________
06) Qual das habilidades linguísticas você considera a mais complexa na interação com seus alunos?
()Compreensão auditiva
()Expressão oral
()Leitura
()Escrita
()Todas
07) Você se considera um professor deLíngua Inglesa pronto ( 1 ) ousente a necessidade de aprimorar ( 2 )
seus conhecimentos (formação continuada)?
()1 ()2
11) O que você considera de extrema necessidade para odinamismo de sua prática docente?
()Melhorar o nível de proficiência naLíngua Inglesa,principalmente a oralidade.
()Estudar sistematicamente a estrutura da Língua Inglesa.
()Ler os teóricos da Linguística Aplicada e seguir os procedimentos didático-pedagógicos.
()Aumentar a carga horária das aulas de Língua Inglesa.
Por quê?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
14) Qual das habilidades linguísticas você consideramais complexa na interação com seus alunos?
()Compreensão auditiva
()Expressão oral
()Leitura
()Escrita
15) Como você considera o sequenciamento dos conteúdos de uma série para outraem relação ao
desenvolvimento da competência linguística do aluno? (considere as habilidades ensinadas)
()Muito bom()Regular
()Bom ()Inadequado
As Orientações Curriculares Nacionais surgiram a partir de ampla discussão envolvendo professores, alunos e
representantes da comunidade acadêmica em 2006,ocasionadas pelas discussões acerca dos PCNs
18) Se você trabalha nos dois segmentos, público e privado, onde há melhor aproveitamento?
()Na Escola Pública ()Na escola privada
Justifique:
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
19) Ao concluir o Ensino Médio, qual o grau de conhecimento da Língua Inglesa do aluno da Escola
Pública?
()Comunicação que permite uma simples apresentação
()Comunicaçãoque permite a leitura detextos
()Comunicação para assistir filmes em Inglês
()Outros _______________________________________________________________________
20) Ao concluir o Ensino Médio, qual o grau de conhecimento da língua inglesa do aluno da rede privada?
()Comunicação que permite uma simples apresentação
()Comunicaçãoque permite a leitura de textos por meio de técnicas direcionadas.
()Comunicação para assistir filmes em Inglês
() Outros _______________________________________________________________________
Justifique:
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
22) O curso de graduação em Letras - Língua e LiteraturaInglesa da UFAM deixa muitas lacunas?
()Sim()Não
Quanto à prática
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
23) Quando você ingressou no curso de Letras - Língua e LiteraturaInglesa, imaginou que iria aprender a
língua para
() a sua comunicação()o ensino de Inglês
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
172
24) Você gostou do curso de Letras - Língua e Literatura Inglesa como umtodo?
() Sim()Não
25) Na sua opinião, que fatores poderiamcontribuir para a melhoria do ensinoe aprendizagemda língua
inglesa naEscola Pública?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
Obrigada pela sua disponibilidade! Sua participação neste trabalho é muito importante!
173
1. SEXO
() masculino () feminino
2. IDADE
() entre 26 e 30 anos() entre 31 e 35 anos() entre 36 e 40 anos() mais de 40 anos
4. ESTADO CIVIL
() Solteiro () Casado () Separado(a) () Divorciado(a) () viúvo(a) () União estável
5. NASCEU NO AMAZONAS?
() sim () não () outro especificar__________________________________
6. É NATURAL DE MANAUS?
() Sim () Não Se a resposta for não, especificar naturalidade: _____________
A pesquisa tem como objetivo geral, analisar o processo de ensino e aprendizagem da Língua Inglesa a partir da
formação de professores que atuam na rede pública de ensino na cidade de Manaus.E como objetivos
específicos: conhecer os principais aspectos da política educacional voltada para o ensino da Língua Inglesa no
Brasil; contextualizar o processo de formação de professores no Curso de Letras - Língua e Literatura Inglesa da
Universidade Federal do Amazonas, no período de 2004 a 2010 e o ensino e aprendizagem da língua inglesa, na
Escola Pública, em Manaus; identificar as tendências teórico-práticas presentes no processo de ensino e
aprendizagem da língua inglesa na Escola Pública; verificar, a partir da formação do professor, o seu
desempenho e os desafios da política pedagógica direcionada ao ensino da Língua Inglesa.A proposta da
pesquisa é suscitar a reflexão dessa prática e verificar a permeabilidade entre formação e atuação de professores
na Escola Pública.O cenário do ensino de Línguas Estrangeiras no Brasil e a estrutura do currículo escolar
sofreram constantes mudanças em decorrência da organização social, política e econômica ao longo da história.
Assim, serão considerados neste estudo os desafios do ensino de Línguas Estrangeiras Modernas, mais
especificamente a realidade manauense: um estudo sobre a atuação dos professores graduados no período de
2004 a 2010, na Universidade Federal do Amazonas, da Educação Básica, nas esferas municipal e estadual.
Enquanto profissional da Escola Pública, a sua ação como professor e o seu aprimoramento teórico-prático no
mercado de trabalho fazem parte dos insumos que nortearão o desenvolvimento desta pesquisa de cunho
qualitativo. Trata-se de um estudo ancorado na dialética, como método que dialoga com as duas faces de uma
premissa linguística, ensinar e aprender uma Língua Estrangeira, à luz de proposições teórico-práticas, mediante
a afirmação, a negação e o alcance da síntese.
Sua participação é voluntária e se dará por meio de entrevista semiestruturada, com perguntas abertas e fechadas
com cada professor, de forma que o docente possa se expressar ao se deparar com questões de múltipla escolha
do que foi previamente estabelecido, pela pesquisadora ou de forma pragmática com a sua própria manifestação
subjetiva. Solicitamos sua autorização para que essas falas sejam gravadas, com o registro de imagens que se
fizerem necessárias para o corpus dessa pesquisa. O conteúdo das entrevistas será analisado à luz da pesquisa
qualitativa, em busca de resultado da investigação proposta.Informamos que as gravações serão transcritas e
preservadas pela pesquisadora; e as imagens poderão ser inseridas no texto do trabalho como linguagem não
verbal. Todo o material coletado será arquivado, posteriormente, em local reservado pelo Programa de Pós-
Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia-PPGSCA.
Consentimento Pós–Informação
________________________________
Assinatura da Pesquisadora Responsável
Impressão Dactiloscópica
Caso não saiba ou esteja
impossibilitado de assinar
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