Pneumonias Agudas e Complicações - Secad
Pneumonias Agudas e Complicações - Secad
Pneumonias Agudas e Complicações - Secad
Aa
■ INTRODUÇÃO
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, em 2013, cerca de 1
milhão de óbitos foi atribuído a quadros de pneumonia aguda em crianças com idade
inferior a 5 anos,1 representando um quinto de todos os casos dessa faixa etária no
mundo. Tem sido observado decréscimo na incidência anual de pneumonias nessa
população ao longo das últimas três décadas; no entanto, nos países em
desenvolvimento, ainda são bastante comuns e apresentam grande morbidade e
mortalidade.2
■ OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
conhecer os métodos laboratoriais para identificação do agente etiológico das
AS
■ ESQUEMA CONCEITUAL
+
■ ETIOLOGIA
Os organismos responsáveis pelas PACs variam de acordo com
a faixa etária;
o desenvolvimento do sistema imunológico;
as exposições relacionadas a cada faixa etária;
as exposições relacionadas a cada faixa etária;
o estado vacinal.
Nos
últimos 10 anos, métodos moleculares desenvolvidos para detectar produtos
AS
Estudo recente que avaliou a etiologia por meio do isolamento em cultura e por
técnicas moleculares em 53 amostras de punção pulmonar e/ou de líquido pleural de
55 crianças com PAC, em Gâmbia, na África, identificou 13
S. pneumoniae em 91%;
H. influenza em 23%;
Staphylococcus aureus em 6%.
LEMBRAR
Outro agente ocasionalmente implicado nas PACs em crianças é a Moraxella
catarrhalis.14
Principais causas
Os principais agentes envolvidos nas PACs de crianças com idade inferior a 2 anos e
em idade escolar serão apresentados a seguir.
Crianças com idade inferior a 2 anos
AS
As causas mais comuns de pneumonia em crianças com idade inferior a 2 anos são os
Aa vírus respiratórios. Os mais envolvidos são:21
LEMBRAR
O S. pneumoniae ainda é responsável por um terço dos casos de pneumonia em
todas as faixas etárias.10
Síntese
Streptococcus ++++ + + ++ –
grupos A e B
Enterobactérias ++++ ++ ++ + –
C. trachomatis ++ ++++ ++ – –
C. pneumoniae – – + ++ +++
U. urealyticum ++ ++++ ++ – –
Citomegalovírus ++ ++++ ++ – –
Vírus respiratórios + ++++ +++ +++ +
■ QUADRO CLÍNICO
Muitas vezes, a diferenciação clínica das pneumonias é um desafio, pois podem existir
coinfecções ou simplesmente se referir à evolução de um quadro respiratório inicial.
SINAIS E SINTOMAS
A infecção por M. pneumoniae pode apresentar-se com febre baixa (ou ausente),
cefaleia, mal-estar, tosse seca paroxística ou produtiva. Pode haver associação com
otite ou miringite bolhosa, exantema maculopapular, artralgia e artrite. Cerca de 20%
das infecções por esse agente podem complicar com derrame pleural.14 A C.
pneumoniae pode manifestar-se com faringite em 1 a 4 semanas antes dos sintomas
pulmonares associados à febre, e cerca de 25% dos casos podem evoluir com
complicações como derrame pleural.
EXAME FÍSICO
Na avaliação clínica de pacientes com pneumonia, deve-se observar com cuidado o
grau de desconforto respiratório por meio da avaliação da taquipneia, da presença de
tiragens intercostal, de fúrcula e/ou subdiafragmática (mais frequente nos lactentes), e
de batimento de asa de nariz.24
Na ausculta pulmonar, é possível verificar estertores finos, médios ou grossos,
localizados ou disseminados em ambos os hemitóraces, e respiração soprosa.24 O
murmúrio vesicular (MV) pode estar diminuído em caso de derrame pleural ou de
atelectasia.
SINAIS DE GRAVIDADE
Associados ao desconforto respiratório, são sinais de gravidade da pneumonia:
toxemia;
prostração;
palidez;
a cianose.
ATIVIDADES
1. Sobre a etiologia das PACs por faixa etária, assinale a alternativa correta.
A) A C. trachomatis é responsável por cerca de 10 a 20% das pneumonias nos
AS
■ DIAGNÓSTICO
A seguir, serão descritos os diagnósticos de imagem e microbiológico das PACs.
EXAMES DE IMAGEM
Mesmo com as orientações de não se realizar raio X (RX) de rotina quando a criança
está em bom estado geral (BEG), essa prática ainda é muito comum entre os
pediatras Devem ser considerados dois aspectos para a solicitação de RX de tórax 25
pediatras. Devem ser considerados dois aspectos para a solicitação de RX de tórax:25
a criança é submetida à exposição à radiação (0,01 a 0,02mSv para cada RX simples
AS
de tórax);
a interpretação inicial será realizada pelo médico da emergência, que, em geral,
Aa
pode ser menos experiente e apresentar concordância interobservador
fraca/moderada.
derrame pleural;
pneumotórax;
pneumatoceles;
abscesso pulmonar.
MICROBIOLOGIA
Etiologia viral
Nas últimas duas décadas, com a introdução da detecção de ácidos nucleicos, houve
, ç ç ,
grande avanço na identificação etiológica das PACs. A BTS e a IDSA têm
recomendado a pesquisa viral em secreção de nasofaringe e/ou em swab nasal por
AS
meio da reação em cadeia da polimerase (em inglês, polymerase chain reaction [PCR])
Aa ou da imunofluorescência no manejo de PAC em crianças.29
A PCR quantitativa em tempo real (em inglês, real time PCR [RT-PCR]) tem sido
usada para estimar o valor da carga viral e sua implicação na clínica observada;
entretanto, mais estudos ainda são necessários para confirmação.
Punção pulmonar É muito pouco utilizada no diagnóstico da PAC por ser muito
invasiva, mas fornece informação direta do pulmão, com
menor chance de contaminação pelas VAS. A presença de
exsudato parapneumônico aumenta consideravelmente a
chance de isolamento do agente etiológico em cultura do
líquido puncionado.
Detecção de Apresenta baixa especificidade e pode estar relacionada à
antígeno flora colonizadora das vias aéreas, por isso é mais difícil
pneumocócico na considerar a identificação de antígeno pneumocócico na urina
urina de crianças como um marcador etiológico de PAC em crianças.29
jovens
São algumas indicações para admissão da criança com PAC em unidade de terapia
intensiva (UTI):27
ANTIBIOTICOTERAPIA INICIAL
Já que inicialmente a identificação do agente etiológico da PAC não costuma ser tão
rápida, utiliza-se, na prática, um tratamento antimicrobiano empírico, com base em
estudos epidemiológicos bem-estabelecidos.34,35
Aa Nos EUA, recomenda-se não administrar ATB para crianças com idade inferior a 5
anos com pneumonias não graves.23 Porém, nos países em desenvolvimento e/ou nos
quais a cobertura vacinal antipneumocócica é fraca e/ou em que a taxa de
mortalidade de pneumonia é alta, a antibioticoterapia deve ser instituída em todos as
situações.1,23
Desde 2010, a VPC10 foi incluída no calendário brasileiro. A sensibilidade do
pneumococo à penicilina, no País, é de 81,4%, e 18,6% apresentam sensibilidade
intermediária em crianças com idade inferior a 5 anos. Para pacientes com idade
superior a 5 anos, há 93,1% de pneumococos sensíveis à penicilina e 6,9% com
sensibilidade intermediária. Não houve isolamento de pneumococo resistente à
penicilina no Brasil até 2014.36
Os lactentes com PAC com idade inferior a 2 meses devem ser hospitalizados, e
a associação de ampicilina e de aminoglicosídeos tem sido a mais sugerida,
garantindo a cobertura dos estreptococos do grupo B e Gram-negativos.12,37
Para crianças com PAC com idade superior a 2 meses, a penicilina é a terapia de
primeira linha ideal, alcançando concentrações terapêuticas para S. pneumoniae
no pulmão até a concentração inibitória mínima (em inglês, minimum inhibitory
concentration [MIC]) de 4mg/mL.38 Existe uma variação na dosagem e nos
intervalos de acordo com o risco de infecção por sorotipo de S. pneumoniae
resistente à penicilina.
PAC: pneumonia adquirida na comunidade; IV: intravenosa; VO: via oral.
AS
*É realizado em situação de falha terapêutica, nos casos graves ou nos casos sem
Aa vacinação antipneumocócica completa.
Fonte: Adaptada de Donà e colaboradores (2017); 12 Fonseca e colaboradores
(2003);39 Requejo (2007).40
ATIVIDADES
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a IV.
C) Apenas a II e a III.
D) Apenas a III e a IV.
C fi i t
Confira aqui a resposta
8. Uma particularidade a ser observada na definição da antibioticoterapia
AS
■ COMPLICAÇÕES
As pneumonias complicadas são aquelas que se apresentam com derrames
parapneumônicos/empiema, com PN ou com abscesso pulmonar, condições que
serão detalhadas a seguir.
neoplasias;
infecções originárias de outros sítios;
pós-trauma;
cirurgia torácica ou perfuração intratorácica do esôfago.
A expressão derrame parapneumônico é utilizada para definir as coleções pleurais
associadas, principalmente, às pneumonias agudas e, eventualmente, aos abscessos
pulmonares. Esses derrames são sempre exsudatos que resultam da reação
inflamatória pleural causada pelo processo infeccioso.22
Etiologia
A melhor adequação da antibioticoterapia e da programação de outras abordagens
A melhor adequação da antibioticoterapia e da programação de outras abordagens
terapêuticas depende do agente etiológico dos derrames parapneumônicos.
AS
LEMBRAR
Os agentes etiológicos envolvidos nos derrames parapneumônicos são, em
Aa
geral, semelhantes aos causadores das pneumonias. Assim, pneumococos, S.
aureus e H. influenzae têm importância no primeiro ano de vida; no segundo
ano, são observados com mais frequência pneumococos e H. influenzae; já em
crianças com idade superior a 2 anos, há maior prevalência de
pneumococos.12,42,43
Nos locais em que as VPCs são utilizadas na rotina vacinal, observa-se mudança na
prevalência dos sorotipos de S. pneumoniae nos derrames parapneumônicos, com
aumento dos sorotipos de S. pneumoniae não utilizados na vacina e aumento na
incidência de S. aureus, incluindo as cepas resistentes à meticilina.21
Diagnóstico
Aspectos sobre o diagnóstico clínico e radiológico do derrame pleural
parapneumônico serão apresentados neste item.
Diagnóstico clínico
Em relação ao diagnóstico clínico do derrame pleural parapneumônico, pode ocorrer
aumento dos sintomas relacionados ao quadro de pneumonia:43
Diagnóstico radiológico
AS
A USG de tórax é outra ferramenta relevante para esse diagnóstico, pois avalia a
quantidade de líquido, sua localização e suas características ecográficas (grumos e
traves), assim como orienta o local ideal para a toracocentese.41 A TC pode ser
realizada nos casos em que houver dúvida no diagnóstico diferencial de derrame
pleural parapneumônico com o abscesso pulmonar ou mediastinal e de derrames
encistados.
Tratamento
Duas decisões devem ser tomadas em relação à criança com derrame
Duas decisões devem ser tomadas em relação à criança com derrame
parapneumônico:
a introdução de uma terapêutica antimicrobiana empírica adequada;
AS
Aa
Antibioticoterapia
A escolha da antibioticoterapia inicial para a criança com derrame parapneumônico
deve ser baseada no resultado do exame bacterioscópico do líquido pleural, na faixa
etária, no estado vacinal antipneumocócico, no estado geral do paciente (toxemia) e
na presença de doenças crônicas de base, de outras infecções prévias recentes e
concomitantes, e de imunodeficiência primária ou secundária.
A conduta inicial na antibioticoterapia para a criança com derrame parapneumônico é,
geralmente, empírica, baseada nos agentes mais prováveis para cada faixa etária. Sua
duração é variável e depende do agente isolado, da resposta inicial à terapêutica
empregada, de outros focos infecciosos concomitantes e da ocorrência de
complicações (empiema septado, abscesso pulmonar).22
LEMBRAR
Geralmente, os derrames não complicados, causados pelo H. influenzae, pelo S.
pneumoniae e por outros estreptococos, devem ser tratados por 10 a 14 dias,
enquanto os estafilocócicos devem ser tratados por um período mínimo de 3 a
4 semanas.22
Tratamento cirúrgico
No tratamento cirúrgico do derrame parapneumônico, os objetivos da drenagem
pleural são:
As crianças com derrames parapneumônicos serosos cujo pH esteja entre 7,1 e 7,3
podem ser submetidas a punções seriadas, com acompanhamento ultrassonográfico.
Se houver reacúmulo de líquido pleural na evolução, a punção esvaziadora pode ser
repetida a cada 48 a 72 horas, por 2 a 3 vezes consecutivas. Se a evolução clínico-
radiológica não for favorável a ou se a reanálise seriada dos parâmetros bioquímicos
demonstrar evolução para empiema, deve-se indicar a drenagem pleural.22
(uroquinase,
Estudos recentes sugerem que a instilação intrapleural de fibrinolíticos AS
estreptoquinase ou fator ativador de plasminogênio tecidual) tem eficácia equivalente
à da toracoscopia videoassistida e eficácia superior à da drenagem pleural pura. Ainda
Aa não existem estudos controlados e randomizados para definir o melhor fibrinolítico, a
dose e os intervalos.41
ABSCESSO PULMONAR
O abscesso pulmonar é uma doença rara, porém de grande morbidade, que leva à
hospitalização prolongada e ao risco de mortalidade. Geralmente, pode ocorrer pós-
pneumonia depois do processo aspirativo, e é menos comum por disseminação
hematogênica. Os fenômenos aspirativos são mais comuns em crianças com
problemas neurológicos, com doenças neuromusculares e naquelas com refluxo
gastresofágico.
Etiologia
Geralmente, o agente etiológico envolvido nos processos aspirativos é um anaeróbio.
Nos casos de abscesso pós-pneumonia de origem comunitária, os agentes mais
frequentes são S. pneumoniae e S. aureus. Podem ser isolados em infecções intra-
hospitalares o P. aeruginosa e o Klebsiella sp.
Diagnóstico
O diagnóstico do abscesso pulmonar é radiológico. Na imagem, é típica uma formação
arredondada, de parede espessada, com nível hidroaéreo em seu interior. O
diagnóstico do abscesso pulmonar é facilitado pelo RX,22,46 porém outras lesões
cavitárias ou condensações podem ser confundidas com essa condição (circunstâncias
em que a TC de tórax de alta resolução pode auxiliar no diagnóstico diferencial):
PNEUMONIA NECROSANTE
Cerca de 3,7% de todas as PACs são necrosantes. A média de idade das crianças que
manifestam PN é 4 anos e, em geral, elas não têm comorbidades, como
imunodeficiência ou história de infecções prévias.46,47
Etiologia
Embora sua importância na patogênese das infecções graves pelo MRSA-AC ainda
não esteja totalmente definida, a presença de PVL implica maior gravidade. A taxa de
mortalidade das PNs causadas por MRSA-AC produtor de PVL gira em torno de 56 a
63%.48 Outros agentes raramente envolvidos na PN são:22
Fusobacterium sp.;
P. aeruginosa;
M. pneumoniae;
C. pneumoniae.
Tratamento
ATIVIDADES
9. Sobre os derrames pleurais parapneumônicos, assinale a alternativa correta.
A) Os derrames parapneumônicos são transudatos.
B) Só deve ser considerado empiema se o aspecto do líquido for purulento à
punção.
C) A mortalidade por conta desse problema é alta em todas as faixas etárias.
D) Os agentes etiológicos envolvidos nessas condições são, em geral,
semelhantes aos causadores das pneumonias.
Confira aqui a resposta
C) Apenas a II e a III.
Aa D) A I, a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta
A) F — F — V — V
B) V — F — V — F
C) F — F — F — V
D) V — V — V — F
Confira aqui a resposta
■ CASOS CLÍNICOS
Para auxiliar na sistematização do tema abordado neste artigo, a seguir, serão
apresentados casos clínicos.
CASO CLÍNICO 1
rompimento da bolsa horas antes do parto, Apgar 8, 9 e 10, peso de 3.360g e
AS
Aa
Aos 30 dias de vida do paciente, a irmã de 15 anos apresentou um quadro
respiratório considerado gripe pelo médico que a atendeu, porém se estendeu
por semanas. Ao exame físico, o paciente está em BEG e acianótico. Foram
observados:
ATIVIDADE
14. Observe as afirmativas sobre os aspectos da história do paciente do caso
clínico 1 que podem ser analisados ativamente para ajudar na investigação
etiológica.
I — Se a mãe foi vacinada na gestação para Influenza e DTPa.
II — Se a irmã recebeu reforço da DTPa.
III — Se houve alguma identificação viral no quadro da irmã de 15 anos.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
ATIVIDADES
15 Sobre a etiologia mais provável para PAC apresentada pelo paciente do caso
15. Sobre a etiologia mais provável para PAC apresentada pelo paciente do caso
clínico 1, assinale a alternativa correta.
A) B. pertussis.
AS
B) S. aureus.
Aa
C) M. pneumoniae.
D) C. trachomatis.
Confira aqui a resposta
16. Para confirmar a hipótese diagnóstica, qual exame deve ser solicitado
impreterivelmente?
A) RT-PCR.
B) Teste direto para anticorpos fluorescentes em secreção de nasofaringe.
C) Cultura de secreção para B. pertussis.
D) Sorologia.
Confira aqui a resposta
CASO CLÍNICO 2
ATIVIDADE
17. Com base na história relatada, pela evolução e pelo exame físico do paciente
do caso clínico 2, assinale a alternativa correta.
A) Refere-se a um quadro de pneumonia não complicada.
B) A recuperação do agente bacteriano por culturas não será complexa.
C) Pode-se continuar o tratamento domiciliar, substituindo-se a amoxicilina por
AS
cefuroxima.
Aa
D) Refere-se de um quadro de pneumonia complicada, com possível derrame
pleural.
Confira aqui a resposta
ATIVIDADE
A pesquisa viral por PCR em swab nasal foi positiva para VRS, e foi realizada
punção do líquido pleural com aspecto citrino. Posteriormente, foram solicitados
bioquímica, Gram e cultura do líquido pleural, além de Cief. Ainda, foi solicitado
um novo RX, para afastar a complicação da punção (pneumotórax, por exemplo).
O paciente foi internado e iniciou-se antibioticoterapia com penicilina G
cristalina, IV (não havia completado 48 horas de amoxicilina) e O2 . Os exames
do líquido pleural do paciente apresentaram os seguintes resultados:
pH — 7;
glicose — 23mg/dL;
DHL — 1.890UI/L;
Gram sem identificação;
cultura parcial negativa.
AS
ATIVIDADE
Aa
19. Sobre a conduta mais adequada após os resultados dos exames do líquido
pleural do paciente do caso clínico 2, assinale a alternativa correta.
A) Realizar a punção seriada com acompanhamento de USG.
B) Fazer a drenagem pleural aberta.
C) Aplicar a drenagem pleural fechada sob selo d’agua.
D) Proceder a toracoscopia videoassistida.
Confira aqui a resposta
febre alta há quatro dias, tosse e prostração, foi medicada pela mãe com
azitromicina, durante dois dias, pois havia sobrado do tratamento de amigdalite
Aa
do filho mais velho.
em REG;
dispneica;
acianótica;
com SaO2 de 90% em ar ambiente;
toxemiada.
A ausculta pulmonar evidenciou respiração soprosa em terço superior de
hemitórax direito (HTD), estertores crepitantes no HTD e diminuição do MV na
base direita. O hemograma da criança revelou os seguintes resultados:
Hb — 9,8g/dL;
Ht — 25,8%;
leucócitos de 13.400/mm3 (metamielócito, 2%; bastonetes, 18%;
segmentados, 52%; linfócitos, 25%; monócitos, 3%);
plaquetas — 235.000/mm3.
A gasometria arterial mostrou:
pH — 7,4;
pressão arterial de gás carbônico (pCO2 ) — 33,8mmHg;
pressão de O2 (pO2 ) — 92mmHg;
bicarbonato (HCO3 ) — 20,5mEq/L;
CRP — 450mg/L.
ATIVIDADE
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
Aa
Hb — 9,6;
Ht — 27,5%;
leucócitos de 10.310/mm3 (metamielócito, 1%; bastonetes, 14%;
segmentados, 56%; linfócitos, 20%; monócitos, 9%);
proteína C-reativa (em inglês, C-reactive protein [PCR] — 140mg/L.
ATIVIDADE
21. Com base nas informações apresentadas, qual é o provável diagnóstico do
paciente do caso clínico 3?
Confira aqui a resposta
AS
Aa
■ CONCLUSÃO
Atividade 2
Resposta: D
Comentário: As causas mais comuns de pneumonia em crianças com idade inferior a 2
anos são os vírus respiratórios. Os mais envolvidos são o VRS, responsável por 50 a
70% dos casos, o adenovírus, o parainfluenza, o rinovírus, o enterovírus e o Influenza,
principalmente tipo A. Desde a introdução das VPCs, verificou-se redução na
incidência de infecção invasiva por pneumococo em crianças com idade inferior a 5
anos e nas taxas de hospitalização por pneumonias pneumocócicas. Entretanto, o S.
pneumoniae e o H influenzae ainda representam etiologias relevantes sobretudo
pneumoniae e o H. influenzae ainda representam etiologias relevantes, sobretudo
naqueles com idade inferior a 5 anos. O M. pneumoniae e a C. pneumoniae têm sido
reconhecidos como agentes importantes, particularmente em
crianças maiores, com 4
AS
Atividade 4
Resposta: Toxemia, prostração, palidez e cianose são sinais de gravidade da
pneumonia associados ao desconforto respiratório.
Atividade 5
Resposta: B
Comentário: Mesmo com as orientações de não se realizar RX de rotina quando a
criança está em BEG, essa prática ainda é muito comum entre os pediatras. As
diretrizes internacionais não recomendam a realização de RX tórax em crianças que
estejam bem o suficiente para serem tratadas em ambulatório. Esse exame deve ser
realizado apenas em crianças hospitalizadas, que estiverem com sintomas graves,
como hipoxemia ou suspeita de pneumonia complicada. Duas novas formas de
diagnóstico por imagem surgiram na última década para avaliação de possíveis
complicações da pneumonia (USG de pulmão à beira leito e RM).
Atividade 6
Resposta: D
Comentário: A BTS e a IDSA têm recomendado a pesquisa viral em secreção de
nasofaringe e/ou em swab nasal por meio da PCR ou da imunofluorescência no
manejo de PAC em crianças. A punção pulmonar é muito pouco utilizada no
diagnóstico da PAC por ser muito invasiva, mas fornece informação direta do pulmão,
com menor chance de contaminação pelas VAS. A detecção de antígeno
pneumocócico na urina apresenta baixa especificidade.
Atividade 7
Resposta: B
Comentário: Os critérios para hospitalização da criança com PAC variam entre as
diferentes instituições, porém alguns são comumente utilizados, como:
pneumotórax.
Aa Atividade 8
Resposta: Sobre o estado de cobertura vacinal, as diretrizes do Reino Unido e da
Espanha não recomendam ATB para crianças com idade inferior a 2 anos com
vacinação comprovada e completa para pneumococo e que estejam em quadro de
pneumonia não grave. Nos EUA, recomenda-se não administrar ATB para crianças
com idade inferior a 5 anos de idade com pneumonias não graves.
Atividade 9
Resposta: D
Comentário: A expressão derrame parapneumônico é utilizada para definir as coleções
pleurais associadas, principalmente, às pneumonias agudas e, eventualmente, aos
abscessos pulmonares. Esses derrames são sempre exsudatos que resultam da reação
inflamatória pleural causada pelo processo infeccioso. O empiema é o derrame
parapneumônico que se caracteriza pelo acúmulo de líquido na cavidade pleural, com
grande quantidade de leucócitos polimorfonucleares e fibrina. Pode ser de aspecto
purulento ou não, devendo-se avaliar a bioquímica para a definição enquanto se
aguarda a análise microbiológica. A mortalidade, relativamente baixa, é
significativamente maior em crianças com idade inferior a 2 anos, com infecções
causadas pelo S. aureus, e naquelas com empiema de aquisição intra-hospitalar. Os
agentes etiológicos envolvidos nos derrames parapneumônicos são, em geral,
semelhantes aos causadores das pneumonias; no primeiro ano de vida, têm relevância
os pneumococos, S. aureus e H. influenzae; no segundo ano, ocorrem com maior
frequência os pneumococos e o H. influenzae; em crianças com idade superior a 2
anos, há maior prevalência do pneumococo.
Atividade 10
Resposta: B
Comentário: A obtenção do líquido pleural pela toracocentese é fundamental em todo
diagnóstico de derrame para investigação diagnóstica e como medida terapêutica.
Após a toracocentese, deve-se realizar o controle radiológico, com o objetivo de
detectar possíveis complicações, como pneumotórax. Se o líquido pleural puncionado
for de aspecto seroso (amarelo citrino), deve-se enviar o material para determinação
do pH, da glicose e da DHL. A análise do líquido pleural de derrames
parapneumônicos pode indicar derrame benigno ou empiema.
Atividade 11
Resposta: Geralmente, o agente etiológico envolvido nos processos aspirativos é um
anaeróbio. Nos casos de abscesso pós-pneumonia de origem comunitária, os agentes
mais frequentes são S. pneumoniae e S. aureus. Podem ser isolados em infecções
intra-hospitalares o P. aeruginosa e o Klebsiella sp.
Atividade 12
Resposta: A
Comentário: A PN é uma complicação grave das PACs. O S. pneumoniae é o agente
predominante, seguido pelo Streptococcus sp. e pelo S. aureus.
Atividade 13
Resposta: B
Comentário: A PN é caracterizada por necrose,
liquefação e
cavitações
no
AS
Atividade 14
Resposta: D
Comentário: Globalmente, tem-se verificado aumento da incidência da pneumonia,
sobretudo em crianças com idade inferior a 6 meses, mais suscetíveis às complicações
pela infecção, com risco aumentado de óbito. A principal fonte de infecção das
crianças são os adolescentes e os adultos jovens. Uma estratégia que se mostrou
particularmente eficaz é a vacinação da gestante com a DTPa na apresentação de
reforço. A transferência materna dos anticorpos pela placenta protege o lactente
jovem de maneira bastante eficaz. A vacina está disponível nas unidades básicas de
saúde (UBS) para todas as gestantes a partir da 20ª semana de gravidez.
Atividade 15
Resposta: A
Comentário: Pelos dados históricos e radiológicos, considerando que a mãe não
recebeu vacina DTPa, que a irmã de 15 anos não recebeu o reforço da DTPa e que os
colegas de colégio da jovem têm faltado às aulas por causa de tosse com guincho e de
cianose, a etiologia mais provável é a B. pertussis.
Atividade 16
Resposta: C
Comentário: A cultura é o mais importante meio para confirmar a hipótese
diagnóstica; ela tem especial valor em surtos e epidemias, quando se alcança
positividade em 80 a 90% dos casos, porque o diagnóstico é mais precoce e a
positividade é maior na fase inicial (1ª semana) e antes da introdução da
antibioticoterapia. O teste direto para anticorpos fluorescentes em secreção de
nasofaringe apresenta baixa sensibilidade e especificidade variável, não sendo usado
como critério de confirmação laboratorial. Os testes sorológicos ainda têm limitações
em razão da variação na sensibilidade, especificidade e reprodutibilidade.
Atividade 17
Resposta: D
Comentário: O caso clínico refere-se a um quadro de pneumonia complicada com
possível derrame pleural, com base na história relatada, na evolução e no exame físico
(a ausculta do paciente evidenciou estertores crepitantes em HTE, com diminuição no
terço inferior do HTE e, à percussão, macicez no terço inferior do HTE). Como o
paciente foi medicado com amoxicilina, a recuperação do agente etiológico por meio
de culturas estará prejudicada.
Atividade 18
Resposta: C
Comentário: Considerando os resultados radiológicos e laboratoriais do paciente do
caso clínico 2, a punção do líquido pleural pela toracocentese é fundamental no
diagnóstico de derrame para a investigação diagnóstica e como medida terapêutica.
Caso o líquido pleural apresente aspecto seroso (amarelo citrino), deve-se enviar o
As
infecções virais ou as combinações de diversos agentes infecciosos
material para determinar o pH, a glicose e a DHL, e proceder a análise microbiológica. AS
(vírus/bactérias) são mais comuns em crianças com idade inferior a 5 anos. Nesse
caso, avaliando-se o hemograma e a CRP, deve-se pensar em coinfecção bacteriana
Aa
ao menos.
Atividade 19
Resposta: C
Comentário: Em relação à conduta mais adequada após os resultados dos exames do
líquido pleural do paciente do caso clínico 2, se o pH for inferior a 7,1, a glicose for
inferior a 40mg/dL e a DHL for superior a 1.000UI/L, possivelmente, refere-se a um
derrame infectado/empiema (deve-se realizar a drenagem pleural). O método de
escolha para os derrames purulentos é a drenagem fechada contínua sob selo d’água
com dreno, preferencialmente tubular, siliconizado e multiperfurado, de tamanho
adequado para a idade.
Atividade 20
Resposta: D
Comentário: Em relação à etiologia bacteriana mais provável da pneumonia do
paciente do caso clínico 3, o S. pneumoniae é o agente predominante, seguido pelo
Streptococcus sp. e pelo S. aureus. Os sorotipos 3 e 19 do S. pneumoniae têm sido
muito associados à PN, sendo o sorotipo 3 um dos mais implicados nos casos mais
graves. O Streptococcus sp. e o S. aureus, especialmente o MRSA-AC, têm sido
associados à PN.
Atividade 21
Comentário: Com base nas informações do caso clínico 3, o diagnóstico do paciente é
PN, uma complicação grave das pneumonias caracterizada por necrose, liquefação e
cavitações no parênquima pulmonar.
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