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Brazilian Journal of Development 74772

ISSN: 2525-8761

Assistência farmacêutica no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)

Pharmaceutical assistance within the scope of the Single Health System


(SUS)

DOI:10.34117/bjdv8n11-270

Recebimento dos originais: 24/10/2022


Aceitação para publicação: 24/11/2022

Maycon Pereira da Cunha


Graduado em Enfermagem
Instituição: Faculdade Facimp Wyden
Endereço: Av. Prudente de Morais, S/N, Qd01, A6 Residencial Kubitschek,
Imperatriz – Maranhão, CEP: 65900-000
E-mail: [email protected]

Hermínio Teixeira de Oliveira


Graduado em Farmácia e Enfermagem
Instituição: Faculdade Pitágoras de Imperatriz
Endereço: Rua Maranhão, N° 300, Centro Imperatriz – Maranhão, CEP: 65900-000
E-mail: [email protected]

RESUMO
Nos últimos anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) consolidou-se para contemplar ações
de saúde integrais para promover a assistência terapêutica integral, incluindo os
medicamentos. As campanhas de ajuda medicamentosa são importantes porque promovem
o uso racional de medicamentos, garante os parâmetros nas ações de saúde. Algumas
iniciativas foram importantes como a criação da Política Nacional de Medicamentos e
Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Neste sentido, o objetivo geral deste
trabalho é descrever as principais ações farmacêuticas no processo de promoção da saúde
e do seu papel no SUS, tendo em vista a valorização do seu papel frente a sua atuação no
órgão. A metodologia utilizada neste trabalho foi a revisão de literatura integrativa. Para
escolha dos artigos foi utilizado a base de dados da SCIELO, Google acadêmico e Pubmed.
O período dos artigos pesquisados foram os trabalhos publicados entre 2017 e 2022, sem
restrições de acessibilidade, ou seja, os pagos e publicados no idioma português e inglês.
A busca resultou em um total de 74 artigos na base de dados selecionada, dos quais 58
artigos foram removidos por não atenderem aos critérios de inclusão do estudo. Como
resultado, 16 artigos foram incluídos na revisão. Pode-se concluir que o engajamento de
farmacêuticos na melhoria da gestão de assistência farmacêutica é importante,
principalmente porque são os principais atores envolvidos em negociações com o governo.
É o profissional que tem conhecimento aprofundado sobre medicamentos os quais são
essenciais para recuperação da saúde do paciente.

Palavras-chave: farmacêutico, sistema único de saúde, promoção a saúde.

ABSTRACT
In recent years, the Unified Health System (SUS) has been consolidated to include
comprehensive health actions to promote comprehensive therapeutic care, including
medications. Drug help campaigns are important because they promote the rational use of

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medicines, guarantee the parameters in health actions. Some initiatives were important,
such as the creation of the National Medicines Policy and the National Pharmaceutical
Assistance Policy. In this sense, the general objective of this work is to describe the main
pharmaceutical actions in the health promotion process and its role in the SUS, with a view
to valuing its role in the face of its performance in the organ. The methodology used in
this work was the integrative literature review. To choose the articles, the SCIELO, Google
academic and Pubmed databases were used. The period of researched articles was the
works published between 2017 and 2022, without accessibility restrictions, that is, paid
and published in Portuguese and English. The search resulted in a total of 74 articles in the
selected database, of which 58 articles were removed for not meeting the inclusion criteria
of the study. As a result, 16 articles were included in the review. It can be concluded that
the engagement of pharmacists in improving pharmaceutical care management is
important, mainly because they are the main actors involved in negotiations with the
government. It is the professional who has in-depth knowledge about medicines which are
essential for the recovery of the patient's health.

Keywords: pharmacist, health unic system, health promotion.

1 INTRODUÇÃO
Com mais de 20 anos de existência, o Sistema Único de Saúde (SUS) apresenta
problemas como falta de leitos em hospitais, falta de profissionais no interior do Brasil,
má qualificação destes profissionais e má remuneração. Neste contexto também entra a
assistência farmacêutica como um grande desafio, no intuito de fortalecer ações e
consolidar a assistência como uma prática real e inovadora.
O acesso a medicamentos é um dos itens principais para as ações do SUS. Garantir
que a população brasileira tenha um tratamento adequado através do uso racional de
medicamentos é tarefa essencial para manutenção da saúde. O uso de medicamentos deve
ser orientado por um profissional habilitado, pois um uso de maneira inadequada pode
trazer sérias consequências para o paciente.
É necessário que se entenda a importância da assistência farmacêutica nesse
contexto e a sua participação em equipes multidisciplinares acrescentando valores aos
serviços e colaborando para a promoção da saúde, pois o mesmo possui ferramentas como
a assistência farmacêutica e atenção farmacêutica que o possibilita realizar seu trabalho
ativo junto à sociedade de forma que o paciente esteja sempre o principal beneficiário.
O que os governos têm feito nas três esferas é uma grande preocupação e o
governo federal é o principal articulador das ações de gestão da assistência farmacêutica,
pois para melhorar o acesso de população a medicamentos e outras ações inerentes, deve
haver uma assistência farmacêutica estruturada e organizada.

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A discussão acerca as mudanças necessárias na gente de atuação do farmacêutico


e do seu papel social e também da necessidade de qualificação dos serviços de assistência
farmacêutica no SUS vem se ampliando nos meios acadêmicos e governamentais, tendo
em vista que os medicamentos ocupam lugar hegemônico e de destaque na terapêutica
contemporânea.
O governo tem instituído leis para melhorar as ações neste campo. Na parte legal,
o governo tem se preocupado, mas na gestão da assistência farmacêutica cotidiana ainda
deixa muito a desejar.
Este trabalho teve como objetivo geral descrever as principais ações farmacêuticas
no processo de promoção da saúde e do seu papel no SUS, tendo em vista a valorização
do seu papel frente a sua atuação no órgão e os objetivos específicos foram analisar as
principais ações farmacêuticas no processo de promoção a saúde no SUS, descrever o
ciclo da assistência farmacêutica no SUS e identificar seus principais desafios.

2 ATENÇÃO FARMACÊUTICA NO SUS


A atenção farmacêutica é uma série de ações que os farmacêuticos realizam para
orientar os pacientes a usar e limitar os medicamentos, enquanto a atenção farmacêutica
é a relação direta entre farmacêuticos e pacientes para controlar o uso de medicamentos
com os interesses do próprio paciente.
Atenção farmacêutica é o conjunto de atividades, realizadas pelo farmacêutico,
com auxílio dos demais integrantes da equipe de saúde, que possuem como alvo principal
realizar a promoção do uso racional dos medicamentos o real efeito do fármaco e a
eficácia do tratamento. (GERLACK et al., 2017).
Com isso, a assistência farmacêutica reúne as atividades da atenção farmacêutica
quando se fala sobre ações do profissional farmacêutico tendo como referência sempre o
paciente, visando orientá-lo sobre o uso racional de medicamentos. É considerada como
uma fonte fundamental que serve para reduzir financeiramente os gastos do governo com
a saúde pública.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define o uso irracional ou impróprio de
medicamentos como um dos grandes problemas em nível mundial. A OMS estima que
mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou comercializados
de forma inadequada, e que metade de todos os pacientes não os utiliza corretamente
(BARBOSA, et al., 2019).

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O processo de cuidado com a medicação segue uma sequência conhecida de etapas


como abordagem clínica. A abordagem clínica incluiu coleta de dados, identificação de
problemas, implementação de plano de cuidados e acompanhamento do paciente.
Diversos comentários sobre a real importância de atenção e assistência farmacêutica,
unificada a diversos entendimentos do papel do farmacêutico e o objeto de sua
importância na prática no país (BARBERATO; SCHERER; LACOURT, 2019).
As soluções que realmente funcionam não somente na expectativa na inclusão do
farmacêutico no SUS, mas do mesmo modo que o aproveitamento sobre o seu autêntico
papel no processo de consolidação do sistema, e a partir desta determinar o padrão de
prática farmacêutica a ser tomada, sua adaptação ao padrão de cuidado à saúde e às
precisões identificadas , bem como a imagem causada pelo o exercício da atenção
farmacêutica no melhoramento na condição de vida dos usuários e respectivamente , da
comunidade (BARBOSA et al., 2019).
A entrega irregular de medicamentos, sem o comparecimento do farmacêutico,
pode gerar sérios riscos à saúde e prejuízos, como o aumento do consumo de
medicamentos no Sistema Único de Saúde, a não adesão ao tratamento, uso inadequado
sem o efeito esperado, reações adversas e até mesmo agravos ambientais com o descarte
errôneo de medicamentos (BERMUDEZ et al., 2018).
O farmacêutico tem a função de nortear o paciente em tudo no que diz a respeito
ao uso adequado de medicamentoso podendo informar sobre interações medicamentosas
e reações, enfim o paciente acolhido pelo sistema público de saúde tem as mesmas
necessidades e doenças do que outro paciente que pode pagar pelos medicamentos
prescritos, portanto nisso se encaixa do direito constitucional à assistência à saúde,
incluindo assim a assistência farmacêutica (PINTO; CASTRO, 2022).
A qualidade de uma boa assistência saúde depende de uma série de fatores, e cada
ocupação deve garantir o bom funcionamento de suas funções. Nessa perspectiva,
farmacêuticos atualizados e bem informados podem dar uma contribuição significativa
para a superação desse desafio. Após a aprovação da Política Nacional de Medicamentos
(PNM) em 1998, avanços significativos foram alcançados devido a novas diretrizes e
prioridades. As mais importantes são: reorientação do modelo de atenção da farmácia;
promoção do uso racional de medicamentos para melhor proteção dos pacientes;
organização de atividades de monitoramento da vigilância sanitária de medicamentos.

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Quanto aos desafios geralmente enfrentados pelo setor, vale destacar a


necessidade de se adequar a um modelo que atenda às expectativas do consumidor final.
Portanto, no contexto da atenção farmacêutica, o empenho dos que atuam na área deve
estar voltado para a redução da morbidade associada ao manuseio e consumo de
medicamentos.
No entanto, mesmo com avanços importantes no setor, ainda há necessidade de
melhorar a eficiência dos processos que envolvem todas as etapas da produção de
medicamentos. A atenção a esse fator é fundamental para que os serviços prestados sejam
eficazes, seguros e cumpram as recomendações padrão estabelecidas.
Nesse contexto, sem dúvida, os maiores desafios da atenção farmacoterapêutica
são: criar uma abordagem sistemática e racional do uso de medicamentos que qualquer
paciente possa usar; documentar todas as decisões e intervenções profissionais para
facilitar o controle de qualidade e garantir o processo de atendimento ao paciente; criar
um sistema de gestão de serviços, pois seus aspectos logísticos diferem daqueles
utilizados nas atividades de dispensação farmacêutica.
Portanto, deve-se enfatizar que para que haja um fortalecimento no SUS, é
necessário que os cuidados farmacêuticos sejam desempenhados ali, o seu papel é de
grande valia, visto que esse profissional de saúde é responsável pela assistência
farmacêutica em toda a sua extensão, e nesse contexto de assistência, somente o
farmacêutico pode desempenhar, sendo assim que essa obrigação é única e exclusiva, pois
cabe-lhe a responder aos desafios gerados na sua área.

2.1 O CICLO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO SUS


Os medicamentos devem ser usados apenas quando se sabe a ação que se espera
com aquele uso, uma vez que são bastante específicos. Além disso, um medicamento é
preparado exclusivamente em farmácias ou indústrias, seguindo um rigoroso padrão de
qualidade. Os remédios, por sua vez, são usados para o alívio e a cura de algumas doenças,
mas nem sempre atendem as regras do Ministério da Saúde (BARBERATO; SCHERER;
LACOURT, 2019).
As atividades do ciclo da assistência farmacêutica acontecem em uma sequência
coordenada, a realização de uma atividade de maneira inadequada prejudica todas as
outras, danificando assim seus objetivos e consequências. Como consequências disso, os
serviços não serão realizados de maneira apropriada, gerando assim uma insatisfação dos

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usuários, e, apesar dos esforços, dão evidências de uma má gestão (BERMUDEZ et al.,
2018).
É de caráter essencial que as coordenações ou gerências dos estados tenham a
responsabilidade de ordenar as atividades referentes ao ciclo da assistência farmacêutica,
que envolve a programação, seleção, armazenamento, obtenção, distribuição e
dispensação de medicamentos, além do acompanhamento das avaliações e de
supervisionar as ações (ENDRINGER; CARDOSO).
A Seguir, na figura 1 é mostrado a Ilustração do ciclo da assistência Farmacêutica.

Figura 1 Ilustra o ciclo da assistência Farmacêutica

Fonte: MARIN et al., 2013

A seleção de medicamentos é a linha da Assistência Farmacêutica (AF), porque


todas as outras atividades relacionadas ao ciclo começam a partir desta, é uma atividade
que se responsabiliza pelo estabelecimento da relação de medicamentos, consistindo em
uma avaliação determinante para confirmar o acesso aos medicamentos (SERPA et al.,
2018).
Todos os estados possuem como vantagem de realizar a determinação dos quais
medicamentos serão escolhidos para composição da lista, tendo como embasamento no

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perfil de morbimortalidade e nas precedências constituídas, de maneira a contribuir na


resolubilidade da terapêutica, no valor benefício da terapêutica, no racional prescrição,
no adequado uso dos medicamentos, além de proporcionar maior estímulo administrativo
e financeiro. Para isso, necessitará fundamentar-se a escolha de discernimentos técnicos
científicos, entre eles, a utilização de normas de tratamento e parâmetros administrativos
e legais. (ENDRINGER; CARDOSO, 2021).
A escolha precisa ser desempenhada por uma Comissão ou Comitê Estadual de
Farmacologia e Terapêutica, com o objetivo de constituir a Relação Estadual de
Medicamentos Essenciais (RESME), determinando os medicamentos que serão
providenciados pela Secretaria de Saúde, média ou para alta complexidade. Quando a
seleção for feita, precisa ser formalizada através de portaria ou resolução específica, com
a publicação dos critérios técnicos usados para inclusão e exclusão dos medicamentos,
realizando a necessária cristalinidade ao processo que irá estimar as quantidades de
medicamentos a serem adquiridos para atender a uma demanda especifica de serviço
dentro de um determinado período de tempo, tendo influência direta sobre o
abastecimento e o acesso ao medicamento. Além disso, essa programação deve ser feita
com base na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) e Relação
Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME) (BARBERATO; SCHERER;
LACOURT, 2019).
A programação consiste em uma atividade que é um item do ciclo que tem como
finalidade, confirmar a disponibilidade dos medicamentos antecipadamente escolhidos,
na quantidade adequada e no tempo certo, para atender a população segundo sua
necessidade. A programação precisa levar em conta as reais precisões locais de cada
serviço de saúde (PINTO; CASTRO, 2022).
É indispensável a aquisição de um sistema de dados e gestão de estoque
competente, para que o objetivo possa ser atingido com apoio nos dados autênticos,
permitindo assim o uso de procedimentos de programação, como: perfil epidemiológico,
demanda histórica, consumo ajustado, disponibilidade de serviços, entre outros
(BARBOSA ET AL., 2019).
Concentra-se em um conjunto de processos por meio dos quais são executados
métodos de compra de medicamentos estabelecidos programaticamente, com o objetivo
de disponibilizá-los em quantidade, qualidade e preço baixo para manter a legitimidade e

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a funcionalidade do sistema requer qualificação contínua levando em consideração


características legais, técnicas e financeiras (GERLACK et al., 2017).
Diversas são as escolhas de caráter estratégico para que a aquisição de
medicamentos por entes públicos seja atrativa, isso envolve os gestores municipais
diretamente pois os mesmos farão com que haja uma diminuição dos preços e velocidade
no processo de obtenção e no cumprimento das exigências técnicas administrativas. Deve
ser levado em consideração a alternativa mais viável para cada circunstância, quanto mais
forem ressaltadas e levadas a importância as recomendações e as experiências dos
componentes que realizam essas atividades, melhor será o processo de aquisição
(ENDRINGER; CARDOSO, 2021).
Armazenamento é um processo que é descrito por um conjugado de processos
técnicos e administrativos que abrangem os processos de estocagem, segurança,
conservação e recebimento dos medicamentos, ainda válido o controle de estoque dentro
desse processo.
O local de armazenamento deve ser bem ventilado, livre de umidade e luz solar
direta. A temperatura deve estar sempre entre 15ºC e 30ºC e a umidade deve estar entre
40 e 70%. Se houver alterações além destas, é necessário que sejam controlados por meio
de ar condicionado, ventiladores, exaustores, etc. A edificação deve ser de alvenaria, com
paredes claras, laváveis e pisos fáceis de limpar. O ambiente deve ser mantido em
perfeitas condições de higiene, livre de roedores, pássaros ou insetos (SERPA et al.,
2018).
O gerenciamento acontecendo de forma apropriada dessa fase do ciclo minimiza
as percas, e com isso deve ser levado em consideração a determinados processos e ações,
entre as quais se pode citar, a melhora na qualidade na capacidade administrativa, a real
existência de um sistema para controle de estoque de medicamentos, a preparação de
Procedimento Operacionais Padrão (POP), uma qualificação no recebimento dos
medicamentos, e a adaptação do almoxarifado às boas práticas de armazenagem. O
abastecimento de medicamentos deve ser efetivado segundo a precisão dos requerentes,
deve ter a garantia na rapidez da entrega, segurança e eficácia no sistema de informações
e de controle (BARBOSA et al., 2019).
A dispensação de medicamentos tem como finalidade principal realizar a garantia
na entrega dos medicamentos corretamente ao usuário, na dosagem e quantidade
estritamente estabelecida, com indicações satisfatórias para que ocorra sua utilização

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correta e a maneira de como irá ser guardado, de forma com que não haja a perda da
qualidade do medicamento.
A dispensação correta é um dos componentes primordiais para que ocorra de
forma certa o uso racional de medicamentos, com isso compete ao dispensador o encargo
pelo entendimento do usuário, assegurando assim a utilização correta do medicamento
(PINTO; CASTRO, 2022).
A implantação da atenção farmacêutica é uma tática para que haja garantia de
qualificação e humanização no atendimento aos pacientes. Com isso é possível alegar que
a atenção farmacêutica é uma amostra de prática ampliada no conjunto da assistência
farmacêutica, abrangendo atitudes, valores éticos, comportamentais, aptidões, real
compromisso e corresponsabilidades na vigilância de doenças, melhora da saúde e a sua
promoção, de forma com que haja a integridade da equipe de saúde, e havendo o contato
direto do farmacêutico com o paciente, tendo em vista a farmacoterapia racional e a
obtenção de resultados determinantes, voltados para a melhora na eficácia na qualidade
de vida (LOPES SEGUNDO, 2022).
Outra questão de grande importância para a modernização da Assistência
Farmacêutica foi a criação e implantação do sistema Hórus. O sistema Hórus foi criado
num momento que a quantidade de informações relativas à demanda de medicamentos,
controle de estoque, programação, aquisição era muito reduzida. No entanto, a capacidade
de processamento de informações, o banco de dados e as aplicações do Hórus atingiram
níveis críticos de utilização, acarretando queda na performance, tornando-se necessário
desenvolver uma nova solução tecnológica para atender às necessidades da Assistência
Farmacêutica nacional.
A questão de indicadores é muito importante na formulação de políticas públicas.
A Política Nacional de Medicamentos e a Política Nacional de Assistência Farmacêutica
estão aí para demonstrar o quanto são importantes estas ações políticas (BERMUDEZ et
al., 2018).

2.2 OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELO FARMACÊUTICO NO EXERCÍCIO DAS


SUAS FUNÇÕES DENTRO DO SUS
No Brasil ocorreu um aumento significativo na procura de serviços ofertados na
rede pública de saúde, por conta da criação da política nacional de medicamentos onde o

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farmacêutico é de extrema importância na promoção da saúde e uso racional de


medicamentos (BARROS et al., 2017).
Para o bom funcionamento do SUS, são necessárias várias funcionalidades, entre
elas está a área de medicamentos, que deve ser acompanhada por um profissional
habilitado e apto a essa tarefa, que é o farmacêutico. As atividades do farmacêutico visam
à obtenção da resposta terapêutica esperada, durante o acompanhamento, integrando-a ao
controle de riscos relacionados ao serviço, e saúde do trabalhador (Lei 8080\90)
(VIEIRA, 2017).
As Unidades Básicas de Saúde (UBS's) são uma das alternativas para quem
necessita de assistência pública à saúde, é nelas onde são armazenados os medicamentos
até que sejam dispensados pelos farmacêuticos. Mas devido seu tamanho e o número de
medicamentos ali armazenados torna-se uma tarefa difícil à orientação aos pacientes.
O farmacêutico tem um papel importante no sistema de saúde, devido ao seu
importante conhecimento na área dos medicamentos. Porém muitos farmacêuticos ainda
não são reconhecidos pela sociedade e pelos órgãos reguladores devido ao fato de os
medicamentos serem vistos como mercadorias, sem contar a falta de apoio que essa
profissão enfrenta (ENDRINGER; CARDOSO, 2021).
O SUS necessita de mão de obra qualificada para seu bom funcionamento do
sistema são necessários programas, políticas projetos e teorias para o planejamento,
sustentação e manutenção do SUS e seus serviços ofertados à população, para o êxito de
sua implementação (BARBERATO; SCHERER; LACOURT, 2019).
Políticas na saúde pública se tornaram necessidade, uma prioridade, pois suas
contribuições são muito amplas, na área farmacêutica são: Política Nacional dos
Medicamentos, Política Nacional de Assistência Farmacêutica, e como projeto o
Qualifar-SUS. O projeto Qualifar-SUS tem como objetivo central a contribuição com o
desenvolvimento, e a implementação sistêmica das atividades da Assistência
Farmacêutica, nos serviços de saúde (MELO, 2017).
Ainda um pouco engessada a assistência farmacêutica tem um importante papel
na saúde pública. É uma política intersetorial que pretende articular: pesquisas, políticas
de saúde, produção de tecnologia e distribuição. A política nacional de assistência
farmacêutica é decorrente da política nacional dos medicamentos, como principal
objetivo o acesso da população aos medicamentos de forma facilitada e segura garantindo
o acesso racional e a qualidade.

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O Farmacêutico representa uma das últimas oportunidades de, ainda dentro do


sistema de saúde, identificar, corrigir ou reduzir possíveis riscos associados à terapêutica.
Esse profissional entende sobre boa parte da Farmacodinâmica e Farmacocinética dos
medicamentos, pois cabe a ele no ato da entrega do medicamento, orientar o paciente
quanto ao uso correto, hora de administração, entre outras questões pertinentes que podem
evitar de forma direta a automedicação.
Com o trabalho da Assistência Farmacêutica (AF), o farmacêutico torna-se um
corresponsável pela melhora na condição de vida do paciente, pois esse profissional é o
único que possui característica que servem para que haja a certeza de qualidade dos
medicamentos, através da sua formação acadêmica adquiri experiências nesse aspecto
(BARROS et al., 2017).
O SUS, com certeza é um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo, pois
ele compreende, desde do início da consulta médica, no atendimento em nível
ambulatorial, até níveis bem mais complexos, como o transplante de órgãos, também
oferece consultadas médicas, internações e exames, o sistema ainda realiza campanhas de
vacinação, e atividades de caráter de prevenção. Esse programa tem como característica
garantir aos usuários o acesso completo, comum e de forma gratuita. O mesmo foi criado
em 1988 pela Constituição Federal Brasileira.
A Atenção Farmacêutica incide na responsabilidade em que o farmacêutico tem
diretamente com o paciente, servindo para que o tratamento direcionado pelo médico
tenha a eficácia esperada. O farmacêutico deve estar cuidadoso ao longo do tratamento,
para que não ocorra nenhum tipo de RAM (Reação Adversa do Tratamento), e nem
interações medicamentosas, e caso ocorrer que possa sanar de imediato. A Atenção
Farmacêutica é uma prática que tem o paciente como centro de benefícios através das
atividades do farmacêutico (BARBERATO; SCHERER; LACOURT, 2019).

3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
O presente trabalho foi um estudo de revisão de literatura integrativa. Este método
de pesquisa consiste na construção de uma vasta análise da literatura, contribuindo para
discussões sobre métodos e resultados de pesquisas (FACHIN, 2017).
Para tanto, foi utilizado como investigação a metodologia científica, visto que está
utiliza técnicas e métodos para realização da investigação com vistas que o conhecimento

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produzido tenha utilidade na vida prática, além do caráter de verificação e estruturação


de etapas (GIL, 2017).

3.2 COLETA DE DADOS


As fontes de informações na elaboração da pesquisa foram as bibliográficas, no
qual foi realizada uma consulta à livros, dissertações e por artigos científicos selecionados
através de busca nas seguintes bases de dados (livros, sites de banco de dados, etc.) Scielo,
Medline e Google acadêmico.

3.3 ANÁLISE DE DADOS


Para a discussão dos resultados, após a coleta de dados da pesquisa, foi realizada
a análise e interpretação destes. A análise e a interpretação das informações têm como
objetivo estabelecer e sumarizar os dados de maneira que permitam encontrar as respostas
do problema proposto. Já a interpretação objetiva a procurar do sentido mais amplo das
respostas.
Os critérios selecionados para a inclusão das publicações foram: trabalhos
disponibilizados na íntegra e na forma online, sem restrições de acessibilidade;
Publicados no idioma português. Como critérios de exclusão elegeram-se: trabalhos
incompletos e restritos.
Com os textos selecionados, foi realizado uma leitura analítica com a finalidade
de ordenar e sumariar as informações contidas na fonte de forma que possibilite a
obtenção de respostas ao problema da pesquisa.
Depois da leitura analítica dos textos, foi feito uma leitura interpretativa com o
intuito de conferir significado mais amplo aos resultados obtidos com a leitura analítica.
Na leitura interpretativa o pesquisador vai além dos dados obtidos, ele já faz uma ligação
com outros conhecimentos já alcançados.

3.4 CRITÉRIOS ÉTICOS


Como essa pesquisa foi realizada através de uma pesquisa de dados por meio
bibliográfico em referências e artigos científicos conhecidos, o aspecto ético não será
levado em consideração.

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4 RESULTADOS
A partir da busca pelos descritores e filtros, foram recuperados 74 artigos.
Daqueles, 49 resultaram da base de dados Scielo e 25 do portal BVS, dos quais 58 artigos
foram removidos por não atenderem aos critérios de inclusão do estudo Da leitura na
íntegra realizada foram selecionados 16 artigos. O período dos artigos pesquisados foram
os trabalhos publicados entre 2017 e 2022.
Dos 16 artigos selecionados, 8 abordaram diretamente aspectos relacionados no
âmbito do sistema único de saúde (SUS). No Quadro 1 estão listadas características gerais
de cada artigo.

Quadro 1 – Atuação do Farmacêutico no SUS


Autor /
Título Objetivo Resultados / Conclusão
Ano
Zuluaga A assistência Analisar as definições de A Dispensação e Atenção
GCR, farmacêutica e Dispensação no âmbito Farmacêutica são hoje
2013. . a atenção da APS a partir de reconhecidas como práticas de
primária à documentos institucionais significativa importância por
saúde: do Brasil, Colômbia e de representar um momento chave na
coordenação, instituições internacionais interação com os usuários dos
integralidade e e propor indicadores para serviços de saúde.
continuidade a avaliação da
do cuidado na Dispensação e da
Dispensação e Atenção Farmacêutica na
Atenção APS.
Farmacêutica
no Brasil
Gerlack Gestão da Identificar fatores A gestão da assistência
LF, assistência condicionantes da gestão farmacêutica encontra-se
Karnikows farmacêutica da assistência respaldada em um arcabouço
ki MGO, na atenção farmacêutica na atenção legal e político, que deveria nortear
Areda CA, primária no primária no âmbito do e contribuir para melhoria da
Galato D, Brasil Sistema Único de Saúde assistência farmacêutica na
Oliveira (SUS). atenção primária no SUS. No
AG, entanto, há um descompasso entre
Álvares J, os objetivos fixados por essas
et al, 2017. normativas e o que se observa na
realidade.
Costa KS, Avanços e Dialogar com resultados Os resultados da Pesquisa
Tavares desafios da da Pesquisa Nacional apontam desafios, como o acesso
NUL, assistência sobre Acesso, Utilização e equitativo dos medicamentos, a
Nasciment farmacêutica Promoção do Uso estruturação dos serviços
o Júnior na atenção Racional de farmacêuticos, o aprimoramento
JM, primária no Medicamentos (PNAUM), da logística e da gestão e a
Mengue Sistema Único componente de Avaliação implantação de ações voltadas ao
SS, de Saúde dos Serviços de cuidado farmacêutico nas
Álvares J, Assistência Farmacêutica unidades de saúde.
Guerra Primária, ampliando o
Junior AA, debate sobre os avanços
et al, 2017. e os desafios para a
Assistência Farmacêutica
na atenção primária no
Brasil.

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Costa EA, Concepções Identificar e discutir as A diversidade de concepções


Araújo PS, de assistência concepções de expressa os muitos sentidos
Penaforte farmacêutica assistência farmacêutica atribuídos à assistência
TR, na atenção segundo distintos atores, farmacêutica; identificando-se
Barreto JL, primária à na Atenção Primária à também, no processo de sua
Guerra saúde, Brasil Saúde, no Brasil. reorientação, um movimento que
Junior AA, reflete uma mudança gradual do
Acurcio paradigma técnico, centrado na
FA, et al, logística de medicamentos, para
2017. uma abordagem orientada ao
usuário dos serviços de saúde.
Araújo PS, Atividades Caracterizar as atividades A pequena participação em
Costa EA, farmacêuticas de natureza clínica atividades educativas de
Guerra de natureza desenvolvidas pelos promoção da saúde indica pouca
Junior AA, clínica na farmacêuticos nas integração dos farmacêuticos na
Acurcio atenção básica unidades básicas de equipe de saúde e da assistência
FA, Guibu no Brasil saúde e sua participação farmacêutica nas demais ações de
IA, Álvares em atividades educativas saúde.
J, et al, de promoção da saúde.
2017.
Vieira FS, Integralidade Discutir os desafios à Identificam-se desafios
2017. da assistência garantia da integralidade importantes para a garantia da
terapêutica e da assistência terapêutica integralidade da assistência
farmacêutica: e farmacêutica, a partir de terapêutica e farmacêutica no
um debate uma abordagem SUS. Esses desafios estão
necessário conceitual sobre os relacionados às práticas
sentidos da integralidade profissionais, à organização das
no SUS. ações e serviços e à resposta
governamental para problemas de
saúde ou para tratamento de
grupos populacionais específicos.
Santos Serviço clínico Acompanhamento de Os serviços clínicos farmacêuticos
RAS, farmacêutico – usuários com contribuem para a melhoria da
2017. uma nova polimedicamentos, com assistência a saúde prestada
realidade na dificuldade de adesão e reduzindo custos, aprimorando o
atenção entendimento á terapia manejo clínico de pacientes com
básica. medicamentosa e com doenças crônicas, controlando
Implantação de várias comorbidades, possibilidades de reações
serviços características estas que adversas e promovendo maior
clínicos contribuem para o adesão ao tratamento e
farmacêuticos desenvolvimento de fornecendo educação em saúde.
na UBS – ESF problemas relacionados à
farmacoterapia.

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Silva DAM, A prática Compreender os Os resultados evidenciaram que


Mendonça clínica do elementos essenciais do os principais elementos para
SAM, farmacêutico processo de sistematização da prática clínica
Oliveira no núcleo de sistematização da prática passam pela ‘construção de uma
DR, apoio à saúde clínica de uma nova identidade profissional na
Chemello da família farmacêutica da atenção equipe multiprofissional e pela
C, 2018. primária à saúde com incorporação de novas atividades
base no referencial teórico- na rotina de trabalho que,
metodológico da atenção combinadas, resultam em uma
farmacêutica, que subsidia proposta de integração de um
o serviço clínico de serviço de gerenciamento da
gerenciamento da terapia terapia medicamentosa nos fluxos
medicamentosa. das unidades de saúde.

Fonte: Autoria própria

5 DISCUSSÃO
Com base nos artigos recuperados na pesquisa, pode-se observar a importância da
atuação do farmacêutico no SUS, dada sua contribuição para a melhoria dos problemas
relacionados a medicamentos (PRM), e segundo Silva et al. (2018), pode-se observar que
as famílias podem ser uma área de atuação para os farmacêuticos abordarem de forma
mais efetiva os problemas de medicação de determinados pacientes, principalmente os
idosos.
Vieira (2017) mencionou que houve um aumento significativo da polifarmácia em
idosos nos últimos anos. Os pacientes desse grupo geralmente apresentam altas taxas de
comorbidades, correm alto risco de prescrever medicamentos potencialmente
inapropriados e são mais propensos a apresentar perda de doses ou erros de medicação
que podem afetar a adesão ao tratamento; o autor também afirma que os serviços de
acompanhamento farmacêutico para desenvolver um plano de cuidados por meio de
aconselhamento, abordar questões relacionadas à medicação e fornecer acompanhamento
oportuno, com foco na aquisição de habilidades e competências para responsabilidade
compartilhada, pode melhorar a adesão à medicação e, portanto, os resultados clínicos.
Sem a devida atenção farmacêutica, pode haver efeitos na saúde do paciente.
Costa et al. (2017) apontaram que a atenção farmacológica como estratégia de
saúde da família pode ser uma alternativa eficaz para alcançar melhores resultados
clínicos e econômicos, melhorando assim a qualidade de vida dos usuários do SUS.
A atenção farmacêutica agrega valor à dispensação, necessária para complementar
os serviços de medicação que dão suporte e potencializam os resultados do tratamento,
ao mesmo tempo em que contribuem para atributos presentes na atenção básica (AB), e,

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como tal, dispensação e cuidado com medicamentos passam a ser considerados essenciais
para os representantes momentos críticos de interação com os usuários dos serviços de
saúde são significativos (VIEIRA, 2017).
Segundo estudo realizado por Araújo et al. (2017), observou-se um pequeno
número de farmacêuticos envolvidos em atividades educativas e de promoção da saúde
nos serviços de atenção primária, sugerindo que esse profissional ainda não está bem
integrado à equipe de saúde e que o atendimento na farmácia permanece um pouco
segregado.
Jaques et al. (2017) observou que a efetividade da Enfermagem Farmacêutica
(AP) foi apontada como um dos desafios da integração do SUS, e um dos aspectos que
levaram ao problema, estava diretamente relacionado ao desenvolvimento de sua gestão
no SUS, pré-requisito para garantia de acesso a medicamentos e tratamento integral. A
gestão da atenção farmacêutica é amparada por um arcabouço jurídico e político que deve
orientar e contribuir para a melhoria da assistência farmacêutica na atenção básica do
SUS.
Costa et al. (2017) observaram em estudo que o baixo percentual de conceitos de
AF associados ao cuidado integrado como parte da Pesquisa Nacional de Acesso, Uso e
Promoção do Uso Racional de Medicamentos sugere que a distância entre AF e outras
ações de saúde é permanente, os entrevistados tinham pouca compreensão da AF como
parte integrante do SUS e integral à integralidade da atenção à saúde. Os autores ainda
expressam avanços na área da política de medicamentos da atenção básica do SUS, mas
permanecem desafios, como o acesso equitativo aos medicamentos, a estruturação dos
serviços de medicamentos, melhorias na logística e gestão e a implementação de ações
voltadas para a atenção aos medicamentos em saúde. Por outro lado, ainda há necessidade
de melhorar as atividades relacionadas à gestão e logística de medicamentos e insumos.
Os farmacêuticos devem sair de trás do balcão e começar a atender o público,
prestando atendimento e não apenas comprimidos. O simples ato de entregar
medicamentos não tem futuro. Essa atividade pode e será feita via internet, máquinas e/ou
técnicos treinados. O fato de um farmacêutico ter formação acadêmica e atuar como
profissional de saúde o obriga a atender a comunidade de uma forma melhor do que
atualmente (SANTOS, 2017).

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6 CONCLUSÃO
Pode-se dizer que desde a implantação do SUS, o governo tem criado políticas
públicas para aumentar a resolubilidade do sistema de saúde. A assistência farmacêutica
também tem sido contemplada nas políticas públicas com o intuito de melhorar a
qualidade dos serviços. O engajamento de farmacêuticos na melhoria da gestão de
assistência farmacêutica é importante, principalmente porque são os principais atores
envolvidos em negociações com o governo. É o profissional que tem conhecimento
aprofundado sobre medicamentos os quais são essenciais para recuperação da saúde do
paciente.
Nas farmácias, ele desempenha o papel de atenção farmacêutica, orientando o
paciente acerca do uso racional de medicamentos; que é uma das maiores preocupações
acerca da saúde, pois quando a fórmula é utilizada de forma inadequada, pode agravar a
doença e até levar a morte. As ações governamentais estão muito presentes no segmento
farmacêutico, intensificando e melhorando a gestão da assistência farmacêutica no país.
O Departamento de Assistência Farmacêutica, assim como o Ministério da Saúde, tem
papel fundamental no processo.
No entanto, ainda existem alguns obstáculos a serem superados para que essa
prática se generalize. Com a inserção do farmacêutico no SUS e, consequentemente,
novas práticas de saúde, será possível promover uma assistência qualificada e uso racional
de medicamentos para a população.

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