EXCLUIDO
EXCLUIDO
EXCLUIDO
Excludo
A le x a n d re D e C a s tro A lo n s o
Excludo
Ilu s tra o D e : A le x a n d re A lo n s o , G u s ta v o A rro jo e L u B u s s a m ra
Agradecimentos: Giula Azevedo, por me ajudar e fazer possvel meu primeiro trabalho, com toda sua dedicao, todo seu talento. Muito mais do que uma escritora ou revisora, uma pessoa maravilhosa, cheia de felicidade e gratido pela vida. Ao meu pai por ser o homem mais esperto, dedicado e maravilhoso do mundo, por me ensinar que tudo possvel se voc acreditar e batalhar. Ligia, voc tem um temperamento forte, um ego to grande quanto o meu. E se juntarmos esses dois egos colossais, compar-los ao amor que ns temos um pelo outro, eles so infinitamente menores que o mais desidratado gro de arroz. Unhadas, tapas e dentadas significam Eu te amo. Para entender isso s sendo irmo. Vivi, por estar sempre ao meu lado apoiando minhas boas decises e me repreendendo com amor nas ruins. Ao meu grande amigo Gustavo Arrojo. minha me, por ser essa pessoa que eu brigo tanto, mas amo mais ainda. Ana Bacellar e a doce Hel, por serem to especiais e amorosas, por me ajudarem em tudo. Elci, por no ser minha madrasta, mas sim minha boadrasta . Voc me trata como um filho, e por mais que eu me irrite s vezes, eu sei que por amor, e tenho voc como uma segunda me. Kak, por ser a irm mais fofa do mundo. E a todas as pessoas do mundo que j sofreram de excluso, que j tiveram seu corao partido, quelas que conseguiram superar essas terrveis adversidades, e quelas que infelizmente no suportaram. Ao Lucas Sendacz Acher, por no me julgar estranho mesmo conhecendo todas minhas manias e loucuras. Dris, porque voc pode at ensinar a matria que mais tenho dificuldade, mas voc a ensina com carinho, educao e amor, e voc tem a capacidade de transformar o teorema de Pitgoras em algo aconchegante. Ao Rafael, por tratar todos como iguais, e pregar um estilo de vida extremamente honesto, que admiro muito. Agradeo tambm Alice Kok, a carta que jogada nos ps de nosso personagem de autoria dela. Juca Segall, voc demais, forte e especial, nunca se esquea disso. Tia Claudia, voc sem comparao. Aos meus amigos, que esto sempre a para me ajudar, me encorajar; gostaria de agradecer a todos, mas a lista ficaria imensa, mais imensa...
O que o Bullying? Bullying um termo ingls utilizado para descrever atos de violncia fsica ou psicolgica, intencionais e repetidos, praticados por um indivduo (bully - tiranete ou valento) ou grupo de indivduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivduo (ou grupo de indivduos) incapaz (es) de se defender. Tambm existem as vtimas/agressoras, ou autores/alvos, que, em determinados momentos, cometem agresses, porm tambm so vtimas de bullying pela turma. Quais os tipos de Bullying? Os bullies usam principalmente uma combinao de intimidao e humilhao para atormentar os outros. Abaixo, alguns exemplos das tcnicas de bullying: Insultar a vtima; acusar sistematicamente a vtima de no servir para nada. Ataques fsicos repetidos contra uma pessoa, seja contra o corpo dela ou propriedade. Interferir com a propriedade pessoal de uma pessoa, livros ou material escolar, roupas,
etc., danificando-os Espalhar rumores negativos sobre a vtima. Depreciar a vtima sem qualquer motivo. Fazer com que a vtima faa o que ela no quer, ameaando-a para seguir as ordens. Colocar a vtima em situao problemtica com algum (geralmente, uma autoridade),
ou conseguir uma ao disciplinar contra a vtima, por algo que ela no cometeu ou que foi exagerado pelo bully. Fazer comentrios depreciativos sobre a famlia de uma pessoa (particularmente a
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me), sobre o local de moradia de algum, aparncia pessoal, orientao sexual, religio, etnia, nvel de renda, nacionalidade ou qualquer outra inferioridade depreendida da qual o bully tenha tomado cincia. Isolamento social da vtima. Usar as tecnologias de informao para praticar o cyberbullying (criar pginas falsas
sobre a vtima em sites de relacionamento, de publicao de fotos, etc.) Chantagem. Expresses ameaadoras. Grafitagem depreciativa. Usar de sarcasmo evidente para se passar por amigo (para algum de fora) enquanto
assegura o controle e a posio em relao vtima (isto ocorre com freqncia logo aps o bully avaliar que a pessoa uma "vtima perfeita"). Fazer que a vtima passe vergonha na frente de vrias pessoas
Este ato violento acontece em muitos lugares, at no ambiente de trabalho, mas acontece principalmente nas escolas. Casos extremos podem levar ao suicdio ou mesmo a esquizofrenia (do grego ; , "dividir"; e , "phren", "phrens", no antigo grego, parte do corpo identificada por fazer a ligao entre o corpo e a alma, literalmente significa "diafragma") um transtorno psquico severo que se caracteriza classicamente pelos seguintes sintomas: alteraes do pensamento, alucinaes (visuais, cinestsicas, e sobretudo auditivas), delrios e alteraes no contato com a realidade. Junto da parania (transtorno delirante persistente, na CID-10) e dos transtornos graves do humor (a antiga psicose manaco-depressiva, hoje fragmentada na CID-10 em episdio manaco, episdio depressivo grave e transtorno bipolar), as esquizofrenias compem o grupo das Psicoses.
PARTE 1 INTRODUO Acho que sou um jovem comum. Ordinariamente comum, sem grandes atrativos. Minha pele levemente bronzeada, olhos verdes. Sobre meu corpo, bem, esse um tpico sobre o qual no me sinto muito vontade de falar, pelo menos no por enquanto. Minha histria no tem vampiros, no tem personagens principais que se transformam em lobos, e eu duvido que eu v ficar com a mocinha no final. J tentei escrever histrias, mas no consigo, e isso se prova um fato. Descrever aquela paisagem de maneira minuciosa, ou relatar os personagens com tanta preciso que acabaria conhecendo melhor a eles do que a mim mesmo... E na minha cabea a pergunta: POR QUE DESTA VEZ SER DIFERENTE? No parava de pular de um lado para o outro, mas sei a resposta exata para que esta vez seja diferente de tudo o que j aconteceu antes. Essa no uma histria comum, uma mediocridade que voc vai esquecer assim que fechar os olhos. Essa histria o meu dirio, a minha vida, tudo que sobrou de mim, e eu me recuso a aceitar que serei apagado to facilmente, que serei uma vaga lembrana em breve. Nessas prximas pginas voc vai me conhecer melhor, vai saber do que gosto e desgosto vai mergulhar em minha mente, no meu cotidiano e viver comigo meu dia a dia. E, preciso admitir, muitas vezes ele se demonstra um tanto quanto sombrio...
CAPTULO 1 O primeiro dia Por mais reservado que eu seja, por mais que eu evite o contato com as outras pessoas e insista em olhar sempre para baixo, meus segredos parecem cada vez mais emergir das profundezas, o silncio se torna aos poucos claustrofbico, mas meu medo de sair para o exterior vale o sofrimento interior. Existe uma pessoa perfeita, com seus olhos to azuis e sua pele branca. Seu sorriso era mais do que uma esttica bucal perfeita. Tinha um ar de deboche e ao mesmo tempo uma sinceridade que, sempre que eu me fixava ali, naquela boca, naqueles dentes perfeitos, esquecia de mim mesmo, mergulhado numa fantasia muito minha... Seu nome Beatriz (ela estuda em meu colgio). Ela no d muita bola pra mim, e, para ser sincero, acho que ela nem percebe minha existncia. Fico sem ar ao falar com ela, e acabo a evitando para no passar por nenhum vexame. Sento-me no ltimo lugar da ltima fileira, de forma a passar os estudiosos, ultrapassar os bagunceiros, e ficar totalmente isolado. A pessoa mais prxima de mim Luiz, que passa a aula inteira dormindo. Sinto no s na escola, mas o tempo todo, um cansao de dar desespero. Mas desespero de verdade a hora do almoo na escola, quando fico vagando pelo refeitrio, todos me olhando estranho, algumas pessoas comentam, outras evitam falar e algumas acham que sou metido, pois um dos meus nicos amigos, ou talvez uma das nicas pessoas que converso na escola, coincidiu de ser o garoto mais desejado de l: Gustavo. Gustavo recusou-se a namorar com Beatriz. No fez isso por no ach-la interessante, mas o fez porque sabia que eu gostava muito mesmo dela. Ele sabia que no era vontade de
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ficar com ela por ficar, ele sabia que eu a amava incondicionalmente desde a quarta srie, que eu sempre ficava vermelho e sem ar quando a via passar, que eu acabava me atrapalhando com o que quer que estivesse fazendo quando ela aparecia, que minha garganta secava, que eu gaguejava ou perdia a voz, que tudo acontecia de forma a me entregar: ela tinha esse poder sobre mim, causar um turbilho de emoes que me confundiam, me atrapalhavam, me fascinavam. Como uma pessoa podia ter tanto poder sobre a outra? Como eu adoraria no gostar dela, adoraria ser como qualquer outro cara do colgio que s se importa em pegar no peito e na bunda das meninas, mas a verdade que eu quero beij-las, dizer que as amo, dar- lhes flores e perguntar como esto se sentindo. Queria poder enxugar as lgrimas de Bia quando ela chora, porque me destri v-la constantemente triste devido a esses garotos que no se importam com seus sentimentos, que a tratam como um lixo. Teve a histria daquele cara chamado Nicolas, que dizia que a amava, mas a exibia como a um trofu, beijava outras garotas e nunca perguntava como ela estava. Eu ficava com muita raiva dele, porque eu queria estar ao lado dela, eu que deveria estar cuidando dela, abraando-a, segurando sua mo, deveria ser eu sentindo o seu beijo, deveria ser eu.... A aula acabara e peguei o nibus da escola. Minha me decidira-se pelo nibus depois de eu ter levado uma surra na antiga perua que me levava para casa. Apanhei at sangrar de uns valentes, que se acham assim mesmo, valentes, mas s quando andam em grupinhos... Engraado como esses caras se fortalecem na presena dos amigos, e foi isso que aconteceu naquele dia. Apanhei sem muito motivo da minha parte, mas por muitos da parte deles. Meus pais ficaram muito chateados com isso. No deve ser mesmo bom ver seu filho apanhar e ser humilhado na escola, mas eles tinham um jeito todo especial de colocar essa situao para mim: Diziam que eu era especial, diferente, que eu tinha uma sensibilidade grande no s em relao s pessoas, mas tambm em relao s situaes, e que isso acabava intimidando as pessoas (os garotos, principalmente). Grande consolo. Acabaram me colocando no nibus, pensando que ali eu estaria a salvo das provocaes e zombarias. Estava sentado, meio deprimido, e Gabriela se aproximou de mim e realou o que
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meus pais haviam dito: Alex, acho que voc no deve se preocupar tanto com o que vem acontecendo, sei que no deve ser fcil lidar com as brigas, e boatos e tudo mais, mas acredito que voc maior que isso. Obrigado mesmo. Gabriela virou de lado e tirou de sua bolsa um livro que parecia ser relacionado a Wiccanismo. Curioso, ao chegar em casa, realizei certa pesquisa sobre o assunto no computador. Era tarde da noite, tranquei a porta do quarto, pus me a observar as estrelas pela janela. Eram fracas, no tinham muita visibilidade, mas tinha certeza de que estavam brilhando no cu. Abri a porta do banheiro, liguei o chuveiro, arranquei minhas roupas e entrei embaixo da ducha, sentei no cho e fui tomado por uma terrvel sensao, de raiva e tristeza por tudo que vinha acontecendo comigo, o constante sentimento de ser o deslocado, o estranho, o feio, o babaca, o que ningum quer olhar nos olhos, o com a pele seca, o com a estatura muito baixa, os olhos muito escuros, o com as roupas erradas, com as escolhas erradas, com as notas muito altas para tentar ser normal, o que no pertence ao lugar, o que no sente dor, por isso merece apanhar, merece ser apedrejado, comparado e ridicularizado, o que nunca ser notado. O excludo. Eu queria muito ser uma das estrelas do time de futebol, ser forte e ter a garota dos meus sonhos, todos iriam gritar meu nome: ALEX! ALEX!ALEX! ALEX!!! Com toda certeza ia ser demais, eu no precisaria mais me esconder dos outros, e nem ser excludo. Nem com os nerds posso ficar, eu sou apenas uma unidade em tudo isso, no sou classificvel, sou apenas Alex Alonso, nada mais nada menos, apenas aquele cara que no quer ser notado, e que todos conhecem como a sombra escura de Gus. Quando cheguei em casa, desci do nibus amarelo e velho, e Carl, o motorista, sorriu, acenou com a sua mo trmula um tchau xoxo e inocente para mim, e eu sorri timidamente. Apesar de me sentir um nada, um cara sem atrativos, sabia que tinha pelo menos um sorriso atraente, resultado de anos de uso de aparelho nos dentes, os quais
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escovo obsessivamente para mant-los sempre brancos e limpos. Entrei em casa e encontrei Andrea, minha funcionria, fazendo aquele bolinho de arroz que eu adoro. Comi a travessa inteira, e, me sentindo-me mal por ter feito aquilo, corri para a ginstica. Tenho problemas com comida. Nunca fui gordo, sou at magro demais, queria ter msculos, por isso tento sempre fazer exerccios. Mas tinha exagerado nesse dia, e aproveitei para queimar essa gordura (gordura no leva a msculos) toda e me preparar para o dia que chegava. Queria estar mais aceitvel para meu aniversrio, que na escola passaria despercebido se no fosse por Gus, que todo ano insiste em cantar alto parabns quando entro, mesmo sabendo que isso me deixa totalmente constrangido. E por minha pele ser clarinha, quando fico com a bochecha vermelha todo mundo percebe. Isso pode at parecer fofo quando eu falo, mas faz com que eu me sinta como um beb deslocado que deveria ter sido adotado mas ningum o quis. Posso no me relacionar muito com as pessoas, mas as observo minuciosamente. Sei ler cada movimento que vo fazer, o que esto pensando e o que sentem, tudo por uma leve movimentao, ou inquietao. Uma pessoa muito interessante Arieh, que vive fazendo piadas e gracinhas, mas muito esperto. As pessoas o tratam um pouco mal, mas ele parece se sacrificar e ser leal a elas. O apelidaram de Justin Bieber falsificado, e pra ser sincero, ele parece sim... AHHAHA... Mas sua personalidade parece meio apagada quando comparada a personalidade da garota dos meus sonhos. Ela sim algum que observo o tempo todo, de maneira detalhada, e como no poderia? Ela encantadora. Age como se fosse burra na escola, acho que pra chamar a ateno dos outros. Observo a Bia G, dividindo seu tempo entre respirar e chorar de amores por Justin Bieber. E observo a garota dos meus sonhos, fingindo ir mal escola para no chamar a ateno para si mesma. Observo-a o tempo todo. Era para isso que ia escola todos os dias. Era para isso que acordava, que fazia exerccios, que enfrentava as provocaes, humilhaes e os gigantescos trabalhos de casa que realizava com perfeio. Era para Beatriz que minha vida se voltava.
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CAPTULO 2 Populares mais um dia na escola. Passo despercebido, uma mancha cinza andando devagar pelos corredores mal iluminados da escola. Cabea baixa como sempre, tento passar pelos populares com rapidez para no ser notado, mas sempre posso ouvir alguma risadinha, notar algum olhar maldoso, mas continuo andando, ouvindo meu Ipod e vivendo em meu prprio mundinho, que queria que fosse diferente como j disse, mas nada parece mudar. Entro na classe, vejo aquela fileira de cadeiras e mesas sem vida, ando devagar at o ltimo lugar com vontade de chorar e l sento, prometendo a mim mesmo que esse dia ser diferente e que vou conversar com Bia. Todos chegam classe aos poucos, no ligo pra ningum at v-la chegar. Ela vem andando at seu lugar e eu a observo em cmera lenta. Observo a maneira perfeita que seus cabelos balanam soltos, como ela abre cuidadosamente sua mala para no quebrar a unha, que ela deve ter pintado ontem, ela pintou de vermelho, minha cor preferida, gosto de imaginar que ela pintou porque sabe que gosto desta cor, mas a verdade que ela nem deve saber meu sobrenome. Gus ainda no chegou, o grupo popular acaba de entrar, e esto vindo para o final da classe, no entendo o por que disso, eles chegam cada vez mais perto de mim at que um deles comea a falar comigo: -VOC RIDICULO, VOC QUER SE PROMOVER COM A POPULARIDADE DO GUS, VOC MUITO OTRIO, VOC UM EXCLUDO IDIOTA, VOC DEVE SE ACHAR GOSTOSO S PORQUE AMIGO DELE, MAS UM BABACA ESCROTO, VOC NEM
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TEM CORAGEM DE FALAR COM A GAROTA QUE GOSTA, AH, DESCULPE, EU FALEI ALTO, ESPERO QUE ELA NO TENHA OUVIDO, MAS FODA-SE, PORQUE A ESCOLA INTEIRA SABE, TALVEZ OS ESQUIMS NO POLO NORTE J SAIBAM, E ELES TAMBM DEVEM RIR O DIA INTEIRO DA SUA CARA, EXISTEM PESSOAS QUE NASCERAM PARA BRILHAR, PARA SEREM ALGUM OU SIMPLESMENTE ACHAR ALGUM PARA AMAR, MAS NO PARECE SER SEU CASO. EU TENHO TANTA RAIVA DE GENTE ASSIM...VOC NO VAI CHORAR N? VOCE RIDCULO! VAMOS PESSOAL, ELE MUITO OTRIO! Saem da classe e eu seco meus olhos com a manga da blusa e fico segurando o choro, mas a tentativa de segurar o choro faz a sensao de vontade de chorar s aumentar, como se estivesse acumulando para a qualquer segundo explodir como uma bomba relgio... Bia me olhou e perguntou se eu estava bem, mas eu respondi baixinho que sim, s que ela no ouviu e perguntou: O que? Ento desmoronei e comecei a chorar. Todo mundo me olhava e eu no queria que estivessem me olhando, mas no conseguia parar de chorar. O ar me faltava, a viso estava embaada, soluava sem parar e o corpo tremia. Por um minuto parecia que ela ia chegar perto de mim, mas ela s me olhou e virou para frente, logo todo mundo parou de me olhar e eu tentei ficar sozinho, de novo, como sempre. Fiquei com medo que algum fosse chegar perto de mim para conversar e eu recomeasse a chorar, mas ao mesmo tempo eu queria que chegassem, pois me sentia to sozinho, e meu nico amigo no estava l pra ficar ao meu lado. Fiquei esperando que Gus aparecesse, mas ele no chegava ento as aulas foram passando, e na hora do almoo, quando estava indo para o refeitrio, os populares me olharam e um deles balanou o dedo de um lado para o outro com um sorriso malfico no rosto dizendo: NO ENTRE AQUI. Ento recuei e fui correndo para a classe. Fiquei l sentado, pensando o por que de tudo isso acontecer comigo, porque as pessoas precisavam ser to ms comigo, eu nunca havia feito nada de ruim para elas. Ento ouvi barulho de passos vindo em direo classe, imaginei que algum tinha subido pra vir me humilhar de novo, mas era Gus. Ele sentou do meu lado e comeamos a conversar: - O que houve Alex? - Os populares , eles me zoaram, falaram que eu s sou seu amigo porque quero me
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promover. Tambm falaram que eu gosto da Bia, na frente dela, isso no justo! Por que fizeram isso, eu nunca fiz isso com eles, eu nunca fiz essas coisas. Sabe que no faria essas coisas, sabe que amo ser seu amigo, que estamos juntos desde que essa coisa de popular no importava, sabe o quanto nossa amizade importa para mim. - Eu sei. Por que as pessoas precisam me tratar assim? POR QU? Elas so idiotas, no sabem o quanto voc legal e especial, Alex, s Depois daquilo fiquei mais calmo e fui embora. Gus me acompanhou at o nibus, olhando pra todo mundo com um olhar bravo, um olhar nervoso, ento eu entrei no nibus e fui pra casa. Fiquei pensando como no conheo as pessoas de verdade, como elas so um mistrio, fiquei olhando a paisagem passar pela janela, fiquei ali, comigo, triste, humilhado, acovardado. ...
isso,eles ainda no perceberam, mas vo, um dia vo. Voc vai ver.
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CAPTULO 3
Gus ,meu melhor amigo que no conheo mais um dia nesse inferno, esses idiotas ficam me encarando, eu no agento esse lixo de escola, depois de ontem todos ficam comentando, eu tento ficar na minha, mas esses idiotas no param de me olhar assim. Alex? Oi... Eu estava pensando, esse fim de semana, seria muito legal se voc pudesse, no sei, Jura? Sim. Voc nunca convida ningum, nunca convidou. Eu sei, mas sei l, queria que voc fosse. Claro, fechou. Por mais que fssemos muito amigos, eu nunca havia ido at a casa de Gus. Quando ele me fez aquele convite me dei conta que ele me escutava h anos, ficava do meu lado h anos, mas eu no sabia nada sobre sua vida, e que ele era fechado, um completo estranho para mim. Era como se cada pergunta tivesse sido desviada, cada informao apagada, no sabia nada sobre ele, mas diferente do mundo, ele sabia tudo sobre mim, e essa era a primeira vez que ele me convidava a entrar em seu mundo. Achei que ele no me convidava para ir a sua casa, pois notava que eu olhava sempre para seu shorts, e que, quando ficvamos de cueca no vestirio, eu perdia o flego ao olhar para ele, com seu corpo definido, seus braos fortes e a barriga com tanquinhos alinhados. Eu no o olhava com olhos de desejo, mas sim com inveja, pois ele ostentava toda sua beleza, e o fazia com tanta fora e ao mesmo tempo tanta naturalidade que eu quase tive vontade de um contato fsico. Mas depois do que aconteceu comigo, esse no parecia mais o
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ir em casa.
motivo. Por outro lado, eu tinha vergonha de me despir e me trocar no vestirio. Todo mundo amontoado, a situao de muitas pessoas ao mesmo tempo nunca me agradou, e a classe e o vestirio eram os lugares onde eu mais precisava ficar ao lado das pessoas. Normalmente nos jogos ningum me escolhia, mesmo eu tendo habilidades esportivas. Tem todo esse lance de eu no falar com ningum, e isso dificulta muito na hora de entrar nos times da Educao Fsica...
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CAPTULO 4 A casa Fiquei imaginando como seria sua casa, mas no acertei nenhum dos meus palpites. Quando cheguei l, vi aquela manso imensa, toda branca com paredes de vidro, seu tamanho chegava a causar certo desconforto, era surreal como aquela gigantesca construo se contrapunha com rvores e pequenos flocos de neve que caam na montanha... Desci do carro e ele veio at mim, estava um frio congelante (eu vestia dois casacos.) e ele de shorts, camisa e meia, todo vermelho, mas no parecia de frio, e sim de quente... Ele pegou minha mochila, cumprimentou minha me e ns entramos na casa, linda... Eu no consegui me segurar e acabei comentando, fiquei sem graa, minhas bochechas coraram como de costume, mas ele no ligou. Fomos assistir filmes de terror na sala, e eu perguntei onde estavam seus pais, ele disse que haviam viajado e que s voltariam sexta-feira da prxima semana. Ele foi at a cozinha e voltou com chocolate e porcarias, ns comemos um monte de besteiras, a noite foi caindo aos poucos. Soube que voc entrou para o time de futebol da escola. Sim, entrei. Como so os treinos, voc os curte? So bem legais, no so fceis, precisa estar disposto, mas eu estou adorando.(O E as animadoras de torcida, so muito gostosas, j pegou alguma? Ento, sabe a Pamela? Aquela loira gostosa? Sim, ento, sipa eu vou ficar com ela no intervalo do prximo treino, sipa no, Podia jurar que ela tinha um namorado! Gustavo fez certo silncio, riu maliciosamente, ento subimos para o quarto. Ele disse
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que ia colocar seu pijama e j voltava, se levantou e foi andando em direo ao banheiro... a seu lado sua sombra ia de distorcendo pelo efeito da luz at desaparecer quando ele adentrou no banheiro e a porta se fechou. Quando saiu do banheiro, meus olhos se arrastaram como ms, seus tanquinhos eram extremamente bem desenhados, seu corpo era perfeito a ponto de dar muita inveja. Tentei no olhar para ele, mas era como se houvesse um m nele, algo que provocasse em mim no uma simples admirao, mas algo doentio, queria ser ele com todas as minhas foras, queria poder ter todas as garotas, queria no pensar em tudo que penso, no recorrer a esses loucos pensamentos, queria apenas olhar no espelho, piscar, sorrir, depois entrar no buraco de uma arma e estourar em alta velocidade, arrasando coraes. Ele percebeu meu olhar, e perguntou se eu no ia colocar pijama, eu disse que sim, ento ele me olhou e deu um sorriso com o canto da boca, eu quase morri de vergonha, e ele perguntou se eu queria navegar na net. -Eu conheo um site muito foda, legal, cola a para eu te mostrar- disse Gustavo. Ns sentamos na frente do computador e comeamos a entrar naqueles sites porns, tinha umas mulheres loiras muito gostosas, ento eu fiquei de pau duro, Gus tambm ficou, e tirou seu pau inteiro para fora da cueca, era bem grosso... eu comecei a me masturbar tambm , ora olhava para o computador, ora olhava para Gustavo, ele percebeu, e ento me perguntou, se eu j havia batido para algum, na hora gelei e meio gago disse que no, ento ele trouxe sua mo levemente at a minha perna e foi subindo devagar... Ele colocou a mo no meu pnis e comeou a me masturbar, e eu comecei a masturb-lo tambm, aquele prazer era intenso, e por mais errado que parecesse eu gostava daquilo, gostava muito. Eu o acariciava, ento olhei para seus olhos azuis esverdeados e me aproximei dele, e comecei a beij-lo, sua boca era muito gostosa, ele beijava bem, sua lngua fazia movimentos circulares e massageava a minha, ele beijava de olho aberto mantendo um grande contato visual, isso era incomum e estranho, mas no conseguia parar de olhar para ele, confesso que isso me distraa e eu acabava beijando mal. Sentia-me uma criancinha, pois ele comandava tudo. Ele parou de me beijar e sorriu, ento voltamos a nos masturbar, eu disse que ia gozar, e gozei um jato, ento ele gozou tambm, ns samos do computador e deitamos na cama. Fiquei olhando seus cabelos loiros e perfeitos que balanavam devagar, (os cachinhos loiros eram
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visualmente macios, e de perto podia se sentir um delicioso aroma.) ao efeito do vento que invadia o quarto por uma fresta da janela. Fiquei observando com muito prazer, mas acabei caindo no sono. Na manh seguinte ao acordar me senti diferente, achei que iria sentir culpa pelo que tinha feito na noite anterior, achei que aquilo me faria sentir mal, mas no, eu encostei-me a ele e comecei a cutuc-lo de leve. Gus... Gus... Eu sussurrava. No comeo ele no respondia, mas aos poucos foi acordando, e levantando, agachou, puxou uma cala jeans do cho e colocou, no falou uma palavra, talvez fosse o frio que se instalara naquele momento, ou a palidez que o quarto tomou, mas eu e ele adotamos um grande silncio e apenas vestimos nossas roupas, fizemos isso de forma bem quieta, de forma a evitar cada mnimo barulho que pudesse dar margem a um som, que pudesse dar liberdade a uma palavra que levaria a uma conversa que traria tona os acontecimentos da noite. Talvez ele no estivesse vontade com o que acontecera, talvez eu no devesse estar a vontade com o que acontecera, a verdade que aconteceu, e o que est feito, est feito, e por minha parte no me arrependia. Talvez no a ponto de comentar ou tentar voltar atrs, mas todo cristo destinado ao arrependimento, certo? - Alex, vamos tomar caf? Aquela simples pergunta com um sorriso descompromissado significava que ele no s havia no se arrependido da noite passada como havia passado... Minhas angstias, meus medos, meus dilemas escorriam pelo ralo naquele momento, pois sabia que ele havia gostado, suspirei internamente e sem muita comemorao ou surpresa confirmei o pedido: -Sim. Descemos as escadas, atravessamos a sala, passamos pela sala de jantar e entramos na cozinha, pelo nosso olhar perdido era bvio que ele estava se alimentando de comida de microondas e porcarias o fim de semana inteiro. Eu pensei que poderamos comer brigadeiro, mas no tinha a mnima ideia de como fazer, ento fomos at a dispensa e pegamos um monte de porcarias e comemos, ele mais do que eu, pois no costumo ter fome pela manh. Ele comia descompromissado, olhava sem ateno e no demonstrava nenhuma emoo. Era como se o envolvimento dos dois corpos nunca tivesse acontecido, como se
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tivesse sido pura imaginao. Minha relao com ele complicada, no s de amizade, pois mais forte; no de irmo, pois tem o toque; antiga pois comeou na pr escola. Tinha tudo para acabar, mas no, ela continua. Ele era meio tmido com as meninas e eu o ensinei como chegar perto delas, ensinei o que falar, o que no falar, e ele acabou falando mesmo, e eu perdi meu tempo o observando, observando os outros, e acabei por no me observar, por nunca me decifrar, por nunca me olhar, ou me amar, me fiz imparcial e abri espao para que jogassem pedras em mim, e quando resolvi olhar para dentro de mim, me acolher dentro de mim, encontrei cacos de vidro, me cortei, sangrei, e continuo sangrando...
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CAPTULO 5 Rotina
Na volta para casa no trouxe comigo s boas lembranas, mas tambm a conscincia de que voltava vida real, normal. Acordar cedo, aquela gritaria matinal, era sempre a mesma coisa, minha me e eu sempre perdamos a hora, eu tentava puxar algum papo durante o caminho mas ela no queria abrir a boca, parecia que se ela fosse falar alguma coisa o tempo passaria mais rpido e nos atrasaramos ainda mais. No costumo ficar tanto com ela, sempre fico mais com meu pai, pois moro com ele, um homem sozinho, que teve algumas namoradas depois de minha me, mas nunca quis se casar de novo. Vive em seu mundo, cuidando de seu bar, o Lato. A vantagem de sempre chegar meio atrasado que no preciso encontrar todo mundo no porto, e o professor nem percebe quando eu entro na classe, e no a miopia dele no, s que ele um desleixado mesmo. s vezes fecho os olhos e comeo a sonhar, imagino que tenho muitos amigos, imagino que estou numa festa, imagino que estou no meio da pista de dana e todo mundo est pagando o maior pau para o jeito que eu dano, eu fao movimentos elaborados e jogo olhares para todas as garotas, em especial para aquela especial, e ela corresponde, ela se aproxima e ento.. -ALEX! ALEX!! RESPONDA-ME! - Oi.. - uma pergunta simples, tem trs portas, atrs de uma delas tem um prmio, o jogador escolhe a porta c, o apresentador do programa abre a porta a e o prmio no est l, vantajoso trocar? - No sei.. - claro que no sabe, como poderia saber, no presta a mnima ateno minha aula, digo mais, muitas vezes acho que alucina, viaja para outro planeta no momento que
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coloco meu corpo nesta sala. Por mais que todos possam ter tirado sarro da minha cara agora, sei que ningum sabia a resposta dessa pergunta, sei que ele s me perguntou isso pois sabia que eu no responderia certo, ele como qualquer outra pessoa, outro idiota. Levantei de minha cadeira e sa da sala sob o pretexto de que iria ao banheiro. Estava a andar pelos corredores da escola em passos cuidadosamente calculados para nenhum barulho soar, quando vi alguns garotos bem altos cercando Pedrinho, um garoto raqutico, baixo, pele fustigada, branca e quebradia pelo vento frio, suas roupas de um tom acinzentado e morto, olhos apontados para baixo, mos tremendo, e o corpo indo de um lado para o outro, com os altos sussurros cuspidos em seus ouvidos. Dei alguns passos para trs, abaixei-me, encostei-me a uma parede e meus olhos correram pelo espao procura de ajuda, mas a escola parecia abandonada, tanta soberba naqueles movimentos do rosto, desenfreados, regados de mal, requintados com tamanha crueldade, as palavras esbofeteavam o garoto aos prantos, chorando ainda mais por tentar reter suas emoes, o mais impressionante no era o fato de tanta violncia, mas de todos omitirem ajuda, passarem longe, abaixarem a cabea, fingirem que estava tudo bem, mesmo uma professora que passou ao longe, quanto sinal de impotncia das pessoas frente a isso... Esperei e um certo tempo depois os quatro meninos deixaram o espao, rindo de maneira maldosa, o sinal tocou e os corredores foram se preenchendo de pessoas. Levanteime e olhei para o garoto, alm de lgrimas estavam espalhados no cho, sentimentos, tristezas, ambies e fragmentos de algo que um dia foi moral, ou mesmo autoestima. Envolto por vergonha e comentrios, com as mos tampando o rosto, o pobre menino respirava com dificuldade, pensei em me aproximar, um gesto de amizade talvez proclamar, mas o medo me dominara, me senti monstruoso, tanto quanto aqueles agressores, havia escutado tudo em silncio, visto tudo em silncio...
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CAPTULO 6 O pai Ao chegar em casa, meu pai notou que eu estava mais abatido que o habitual, e veio conversar comigo. No comeo recuei, mas ele me fitou com os olhos, e sem escolha fui obrigado a, aos poucos, me descascar, e antes que percebesse, estava contando o que havia acontecido na escola, o que o professor idiota havia dito, o que eu havia sentido, e ningum havia dito. Que ningum havia me protegido, que tudo tem passado to rpido, mas ao mesmo tempo tem demorado uma eternidade, como se fossem cem anos de solido. Ele disse que tudo ficaria bem, e que eu brilharia como brilham meu olhos verdes, que eu tenho tudo que ele sempre quis em um filho, e eu sorri, porque aquilo era tudo que eu precisava ouvir. Depois da minha conversa com meu pai me senti muito melhor, senti que podia me abrir com ele, achei que ele no fosse me entender, mas ao dar uma chance ele me entendeu, ele me compreendeu, e aquilo me ajudou muito mesmo, pude sentir que iria encarar a escola de uma maneira totalmente diferente.
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CAPTULO 7 Contato imediato Poderia ser uma manh qualquer, mas Bia olhava para mim de maneira nervosa, cruzando seu olhar com o meu com frequncia, e por mais que tentasse disfarar, era claro que ela queria falar alguma coisa comigo, s no sabia o que, ento ela se virou e comeou a escrever algo freneticamente em uma folha de papel, que, algum tempo depois, foi jogado no meu p. Ela empurrou a porta do corredor e correu para alcan-lo. Segurou seu brao com fora o suficiente para faz-lo parar, mas demorou um pouco antes de deleitar-se em suas palavras incertas: - Eu sei que acabou; eu sei disso. Mas eu detesto a viso que eu tenho de voc agora. E detesto mais ainda a ideia de voc me odiando e agindo como se eu no existisse, ou pior ainda, como se nada tivesse acontecido. - Eu-no-te-odeio! ele disse friamente. Ela o encarou confusa, e perguntou angustiada: - Ento por que voc continua agindo como se nunca houvesse me conhecido? - Porque talvez... ele demorou a prosseguir talvez isso torne o futuro mais fcil, o passado mais terno, e o presente menos doloroso. Ele falou com um ar sincero, intenso e, sobretudo,inseguro. Ela finalmente soltou seu brao e deixou-o ir embora. Ele foi, e levou consigo qualquer amor, qualquer carinho, ou considerao que ela ainda sentisse. De fato, ele nunca a odiara, antes fosse; porque o contrrio do amor, nunca foi o dio. O contrrio do amor, o tempo todo, foi a indiferena. Demorei um pouco para entender o significado daquela histria da carta, e entendi, pelo meu ponto de vista e no do dela, que ela dizia que todos a decepcionavam, e eu tambm, por ser inseguro, e no ir at ela. Gostaria de ter mais coragem de falar com a menina que dei meu corao, com a menina
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que amo incondicionalmente, mas estou sempre me regrando, estou sempre calculando meus movimentos, como se eu fosse um psicopata. s vezes sinto falta de meus sentimentos, pois tudo em minha vida parece calculado, eu sei a nota que vou tirar na escola, eu sei quem vai me zoar, tudo que vai acontecer, mas quando se trata da Bia, no consigo calcular nada, como se o cho fosse tirado de meus ps, e eu no pudesse mais calcular cada movimento, e agora tudo fosse uma tremenda baguna. Talvez eu no fale com ela, porque sei que ela no tem regras como eu, que ela ama, chora, sem contar ou imaginar a probabilidade, a porcentagem de algo dar certo ou errado, e eu tenho medo, muito medo do incerto.
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CAPTULO 8 Motivao Cheguei em casa, abri a pasta e comecei uma lio. Pensei no por que eu no deixava uma pgina do livro em branco, por que eu tinha uma lista de notas impecveis, porque eu nunca havia atrasado um prazo, se eu no tinha amigos... De que me servia todas aquelas notas se eu no sabia estabelecer contato social com as pessoas, se um simples oi requeria de mim tremendo esforo e planejamento estratgico. Tenho o hbito de observar aquelas pessoas que no ligam para o que os outros dizem, de contemplar as pessoas l no cu dentro dos avies, seguindo seus prprios caminhos... Se tudo tem uma razo de ser, uma pretenso de existir, um alvio ao sucumbir, por que eu tenho tanta dvida da minha existncia, da minha razo, das minhas pretenses e de como vou sucumbir, por que eu tenho tanta dvida, se tudo tem tanta razo?
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CAPTULO 9 Eles so meu tudo s vezes penso no futuro, no que ser de mim quando Gus partir, quando Bia for embora, quando eu parar de am-la, quando eu me graduar, para onde eu vou voar, para onde eles vo voar, quem vai me acompanhar, quem vai me ajudar, quem vai me abraar, quem vou admirar de longe, de perto, quem vou tocar, desejar, amar, gostaria que esse tempo que estou vivendo nunca tivesse existido, mas ao mesmo tempo, desejo que ele nunca acabe. Nunca algo to confuso pareceu to certo para mim, nunca desejei tanto poder congelar o tempo e impedir que tudo isso escorresse pelos meus dedos, que eles estivessem ao meu lado como tenho desejado, eles so tudo para mim, so o que me sustenta, so os nicos que me entendem. So as pessoas que amo que me lembram o que significa amar, so as pessoas em volta de mim que psicografam atravs de minhas aes atos bondosos, s vezes malficos, mas atos, carregados de sentimento... So as pessoas, que eu amo.
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CAPTULO 10
Notas Minhas notas sempre foram sinal de admirao para meus pais, os professores j estavam acostumados a me dar boas notas, e sempre gostei de as tirar, pois a sensao era maravilhosa, aquele gostinho de vitria sem precisar machucar nem agredir ningum. Sempre fui alvo de piadinhas e apelidos como C-D-Efe, puxa saco e coisas do gnero, mas esse ano est pior, conforme eu fico mais velho, e conforme Gustavo fica mais popular, sou mais atacado. No fao o tipo do garoto que ningum conhece e a algum valento chega a machucar, fao o tipo daquele que todos conhecem, e todos querem machucar. Eu no sei por que as pessoas gostam tanto de mexer com quem tem boas notas, e principalmente de mexer comigo, eu sei que se levantasse, batesse em todo mundo e fosse um valento, tudo mudaria, se eu tivesse uma arma, todos iriam se curvar ao meu poder, eu no seria mais um idiota, um indefeso. Talvez se pensasse um pouco menos, seria capaz de fazer um pouco mais, se planejasse um pouco menos, beijaria mais, se morresse rapidamente, viveria por mais tempo.
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CAPTULO 11 Eles gostam mesmo de mim? s vezes me pego pensando se Bia no est apenas brincando comigo, se Gus no est apenas preso a mim porque guardo os segredos dele, porque j o toquei como mais ningum (eu acho) o havia feito. Mas ser amigo dele, estar ao lado dele me faz mal. As pessoas vm atrs de mim por isso, minha vida se resume a ser uma sombra desprezada dele, se resume minha famlia nunca me alcanar, como se eu estivesse envolto por uma camada de vidro, como se o mundo me visse, como se ele pudesse me atacar, mas minha voz no sasse, ficasse l, presa, e um grito fica por horas ecoando naquele espao me perturbando, me provocando e se distorcendo de maneira demonaca... como se as palavras de socorro tomassem um ar diferente, e se tornassem planos diablicos de vingana, idias malvadas como as agresses cometidas contra mim. Quando essas idias surgem sinto grande desconforto, minha boca seca, sinto um n na garganta constante, sinto a ponta dos dedos formigarem. Gostaria de no ter esses sentimentos, tentei hoje recorrer a um bilhete que Bia havia escrito para mim na aula, mas no o achei, revirei as gavetas, gritei para saber se algum o havia pegado, mas nenhum sinal dele, como se nunca tivesse existido, e isso me causou terrvel desconforto pois a desmaterializao do bilhete reapresentava que as palavras se confundiriam em minha cabea, que a lembrana seria alterada aos poucos, e que minha certeza escorreria gua abaixo em pouco tempo. As coisas somem, vo de um lugar para o outro, culpamos muitas vezes seres que no existem, santos que no realizam milagres, mas nunca culpamos nosso brao de segurar com firmeza, nossos olhos de manter o foco e nossa cabea de apagar tudo que permanece em volta de nossas aes devastadoras.
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CAPTULO 12 Num tempo distante Tinha um tempo onde essas angstias eram algo que eu no tinha ideia que existiam, tinha um tempo onde todos podiam sentar e brincar de igual para igual, eu no consigo me lembrar muito bem dos dias que no me maltratavam, mas sei que eram muito melhores que esses de agora, sei que todos eram amigos, que tudo era mais bonito, no havia malcia, no tinha corpo certo e corpo errado, a televiso no mostrava mulheres perfeitas, os meninos no precisavam ter muitos tanquinhos, eu no precisava passar o dia na academia para chegar em casa e odiar meu corpo, no precisava ficar me penteando, quem me penteava era minha me, sua mo em meu ombro, segurando com ternura meu corpo, que se balanava devagar, o pente passava lentamente em meus cabelos, com carinho e perfeio, eu podia sentir toda sua concentrao, podia ver no espelho as caras e caretas que ela fazia tentando alcanar em meu cabelo a perfeio, tentando reproduzir naquela passada do pente toda perfeio que via em mim, ento me virava e com os olhos sempre controlando as lgrimas me olhava no fundo, me puxava e me abraava com fora, beijava minha bochecha e me levava pela mo at o porto, se despedia de mim enquanto a perua ia embora... Podia ver em seus olhos que ela tentava parar o tempo, podia ver ela sumindo aos poucos atrs de mim, agora nem consigo mais chegar perto dela, agora no nos alcanamos mais, apenas sorrisos cinzas e comprimentos formais. Naquele tempo, quando chegava escola, tudo era novo, era como se estivesse l pela primeira vez, a mulher do porto me abraava, todos sorriam, as cores corriam pelas paredes, as aulas eram divertidas, o amor pairava no ar, agora ele parece uma velha lembrana do que j passou. Me pego pensando por que no posso ser uma criana para sempre, porque no posso ser aquele ser privado de raiva, porque precisei crescer e me tornar esse vaso transbordando em raiva, porque me converti nessa monstruosidade, porque ouo vozes to altas a me perturbar?
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Por que no posso silenciar tudo, voltar ao passado e me abraar, voltar ao passado apenas eu e eu, o silncio e a paz que no vejo a tanto tempo? Por que precisa ser to difcil crescer, por que preciso ser to corrompido por tudo? Por que no posso voltar a algum lugar quieto e descansar sem preocupaes, sem loucuras, sem dores, sem ambio, apenas um corao, puro e cheio de felicidade, queria voltar no tempo quando eu transbordava felicidade, queria ser eterno no que passou to rpido.
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CAPTULO 13 Convite - Vamos ao Rock Teen? Gus automaticamente: - T. - Ento.. , minha me vai comprar os dois ingressos hoje, e sexta-feira a gente cola l. -Voc acha que a Bia vai? - Pergunta pra ela! -Srio!! Fala a, mano. -Vai sim, relaxa. De boa? - De boa. Despedi-me de Gustavo e fui cantarolando na minha cabea, o dia passou voando, assim como minha ateno, tudo que eu podia pensar era em Beatriz, seu cabelo cheiroso, sua mo perfeitamente desenhada, sua boca suave, seu olhar certeiro. Fechei meus olhos e comecei a imaginar seu rosto se aproximando, seu corpo colado no meu, o volume em minha cala aumentando, enquanto ela roava sua cocha devagar, firmemente sem machucar, mas massageando, a ereo em minha cala se espalhava por todo meu corpo, meu corao palpitava forte, PA.PA.PA.PA.PA.PA.PA! O sinal tocava e todos deixavam a classe. Fiquei sentado esperando a ereo passar, olhei para frente e vi chegando Marcelo, um dos valentes. Olhou-me com desprezo, voltou seus olhos para a frente e continuou seu caminho olhando diretamente para o teto. Todas as atitudes dele, as falas, mostram sensao de grandiosidade, de superioridade, tudo isso para suprir seu ego colossal, sua gigantesca e grotesca baixa-auto-estima, e provavelmente seu... PINTO PEQUENO!
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convidou-me
com
tanto
entusiasmo
que
resposta
brotou
Depois que ele foi embora, me virei, peguei todo meu material e atirei suavemente dentro da mala, tive imensa dificuldade para fechar o zper, ao terminar aquela insuportvel tarefa olhei em volta, tudo era silencioso, tudo era quieto, os barulhos externos eram ofuscados por tamanha calmaria, que aqui prevalecia agora.
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CAPTULO 14
A balada - Lele? -Oi? -O Gustavo est na porta! - Que Gustavo? - AAh! MULEKE! Gustavo Passarelli Panucci. - Opa, hahaha, eu estava meio desligado, o mande subir. Gustavo fechou a porta, colocou a mo esquerda no corrimo e comeou a subir a escada lentamente fazendo a madeira ranger baixinho. Continuei deitado na cama assistindoCachorro Molhado TV, ele entrou no quarto, jogou sua mala no cho, sentou na minha cadeira, arrancou os tnis, jogou um para cada lado do quarto, mexeu os dedos do p, espreguiou, e comeou a ir de um lado para o outro com a cadeira, com as rodinhas prendendo-se no carpete, arrancando fiapo por fiapo, criando aquele desgaste contnuo que me tirava do srio, mas discutir isso com Gustavo seria como falar com uma porta, afinal aquele barulhinho irritante era um dos sons que mais o acalmava. Eu quebrei o gelo: - Que horas comea a matin? - HAAHAHAHHA, Alex ,meu, se voc continuar falando assim eu vou golfar (vomitar). - T, que horas comea a balada ento? - s sete e meia. - Daqui a meia hora! - Isso no pera, voc pode se atrasar alguns minutinhos. - T, anyway, vamos nos arrumar? - J t arrumado. - Ento, para que esta mochila?
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- Vou dormir na sua casa hoje. - Obrigado por avisar, viu! - Hahahahhaha, desculpe, mas tudo bem? - Cara, voc realmente acha que eu diria no para voc? - Acho difcil. - Ento, assunto encerrado, claro que pode. Levantei-me da cama e fui sem nenhum entusiasmo at o armrio, peguei a primeira roupa limpa e joguei em cima da cama, tirei a roupa e me troquei rapidamente. Fui at o espelho com Gustavo, eu joguei meu cabelo para o lado, ele, apenas checou se seus cachos estavam perfeitamente cacheados e bem distribudos, como de costume. Descemos a escada, despedi-me rapidamente de minha me e entrei no carro da me do Gustavo. Cumprimentei-a e ns trs fomos o caminho inteiro quietos, vinte minutos que deveriam ser interminveis, mas que passaram voando para mim. Fiquei olhando a paisagem fustigada pelo tempo, at chegar na porta da balada, confesso que estava com um pouco de medo de ir l, mas ao me deparar com a pouqussima quantidade de gente do colgio me senti mais confiante, eu iria entrar em um ambiente onde ningum me conhecia, nem ningum iria me julgar mal logo de cara. Samos do carro e fomos at a porta da balada, respirei fundo e entrei, o ambiente era barulhento, cheio de luzes e flashes, e as pessoas danavam e bebiam euforicamente. Fui at o banheiro que estava lotado, lavei meu rosto, sequei e fui ao encontro de Gus, mas no caminho acabei esbarrando em uma menina, e, ao pedir desculpas, era ela, a Bia. -Oi. - Alex! E A, tudo bem? - Sim e voc, vem sempre aqui, digo,nesta balada? - Para falar a verdade no muito, so mais minhas amigas que me arrastam para estes lugares, e voc? - Para falar a verdade a primeira vez que venho em uma balada.. - Jura!? Ai que fofo! - E onde esto suas amigas? - Elas sumiram, e o Gus onde ele t?
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- Sumiu tambm. - Acho ento que a gente sobrou, vamos procurar um lugar para conversar? - Achei que voc tivesse vergonha de falar comigo. - T na hora de perder a vergonha ento! Vem comigo! Bia agarrou meu brao e comeou a me puxar num toque leve, quente e reconfortante. No havia nenhuma fora fsica, e se no acompanhasse seus movimentos sua mo se perderia da minha, o que tornava meu contato com ela mais superficial ainda, mas me alegrava pois, apesar da superficialidade ter tanta emoo. Fomos at uma escadaria, subimos e ento abrimos uma porta que dava ao terrao, sentamos l e comeamos a conversar. Por mais que eu tentasse prestar ateno no que ela falava, seus olhos tiravam toda minha concentrao, s conseguia olhar neles, mergulhar naquele mar, ento sem que eu mandasse meu corpo se aproximava do dela, que no hesitava e se mantinha parado, aos poucos ela parou de falar, quando ia encostar meus lbios nos dela ela se afastou, e pela primeira vez avancei, coloquei minha mo em sua nuca e puxei e lhe roubei um dos beijos mais suculentos que havia dado em minha vida. Ela percorreu sua mo por minhas costas e repousou as duas mos em meu ombro e aos poucos relaxando me beijou, foi com sua cabea de maneira bem lenta para a esquerda e para a direita, sua lngua percorria minha boca, massageava minha lngua e seus lbios eram doces, o gloss que ela passara dava um gosto de morango ao nosso beijo, que agora era de meu domnio... mas ela saiu do transe, percebeu-se ali, foi se afastando... Ela disse que no podia fazer aquilo, levantou-se tremendo um pouco e foi embora. Fiquei sentado naquele banco sem saber o que dizer, pensei inmeras vezes em levantar, pensei o que eu poderia dizer, perdido em todas as minhas questes quanto quela situao, perdi a noo do tempo, fiquei l sentado tempo o suficiente para v-la ir embora, para perd-la de vista. E me sentir um tremendo fracassado sem reao. Fiquei ali por um tempo que no sei precisar quanto, at que me levantei devagar da cadeira, olhei em volta com a cabea baixa temendo que algum tivesse visto o ocorrido, desci as escadas, sai do salo, peguei meu celular e liguei para Gustavo. Ele no atendia, e eu entrava em grande agonia, no queria mais estar ali, no suportava mais... Ento sentei na calada e concentrei todas as minhas foras para no chorar. Fiquei l parado at que uma
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pessoa passou a mo no meu ombro, me virei e era Gus. Tentei falar mas no conseguia emitir um som sem que as lgrimas sassem dos meus olhos. Gus me abraou e eu comecei a chorar, disse que no poderia olhar para a Bia de novo, que ela provavelmente deveria me odiar... Ele se levantou e acenamos para um txi que parou, ns dois entramos no carro e fomos embora de l, tudo que eu conseguia pensar era como eu era um fracassado, arruinara qualquer chance minha com a garota dos meus sonhos e tinha fodido a noite do meu melhor amigo, eu no tinha controle nem pra segurar meu choro, eu era uma pessoa deprimente, um intil...
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CAPTULO 15 Ressaca
Abri lentamente meus olhos, e estranhei o teto, a maciez da cama. Reconheci aquele cheiro e me virei de lado, Gus estava estirado, estvamos em sua casa, em sua cama, provavelmente ele no quis me levar para casa devido ao meu estado, permaneci na cama pensativo, at que no aguentando mais me levantei de maneira barulhenta e proposital, na tentativa de acord-lo, mas no deu certo, ento fui at o banheiro, me olhei no espelho e respirei fundo, coloquei a mo no rosto e lamentei por tudo que tinha errado, por tudo que erro, e por tudo que ainda vou errar. Olhei o espelho, entrei no fundo dos meus olhos e tive uma enorme dvida se aquele era realmente o meu olho, se aquele azul claro no era propriedade de outra pessoa. Pensei nessa minha questo do choro, parece que ele se acumula em mim at um momento crtico ser a queda da Bastilha interna e tudo virar fogo e sangue, e num estrondo da lmina meus olhos silenciarem, o mundo se calar e uma carregada lgrima desabrochar.
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CAPTULO 16
Ressaca parte 2 Sa do quarto, coloquei meus ps descalos nos degraus gelados, deslizei degrau por degrau, coloquei minha mo contra a parede, fui deslizando-a por toda a parede, passei pela imponente sala gozada por obras de artes com um tom grotesco, cores fortes, os detalhes agressivos deixavam claras as fortes pinceladas carregadas de sentimentos. Sentei-me mesa e l estava Lillyan, me de Gustavo, parada comendo. Devagar, ento, levantou seus olhos, inclinou a cabea deixando seus cabelos balanarem devagar atrs da cabea e com um sorriso forado, carregado de boa inteno deu um caloroso e constrangedor bom dia em tom de voz mdio. - Gustavo ainda est dormindo? - Sim, voc sabe como difcil acordar cedo de fim de semana. - Depois acordo ele, mas por que est de p to cedo meu queridinho? - Ah, pra ser sincero.. Sempre acordo meio cedo de fim de semana, no tem muito como evitar, acontece sempre. Pensei seriamente em dizer tudo aquilo enterrado em meu corao, em desabar em lgrimas no colo dela, e por estes pensamentos e sentimentos tomarem conta de minha cabea percebi que meu nvel de desespero era amedrontador, porm contive minhas emoes, esbanjei naturalidade e respondi que estava muito bem, obrigado. Ela encarou meus olhos por dois segundos, arregalou os olhos levemente e sorriu, inclinou novamente a cabea dessa vez para frente e voltou a ler o jornal. Estendi meu brao, agarrei um po, cortei-o e comecei a passar abundantemente manteiga de chocolate, a manteiga brilhava, passei por todo o corpo do po, preenchendo-o por inteiro, o cheiro de chocolate subia e penetrava minhas narinas, podia senti-lo correndo por todo meu corpo, e em uma dentada regada por gula a casquinha fez aquele delicioso CRACK e o chocolate se espalhou por toda minha boca. Sempre fui f de chocolate, mas at
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aquele momento no tinha percebido o quanto chocolate pode ser reconfortante e mgico. Quando terminei a refeio, pedi licena to baixo que s eu ouvi, logo me autorizei, sa andando rpido, subi as escadas, sentei na beira da cama, sem olhar para trs senti a presena de Gustavo atrs de mim. Costumo sentir a presena das pessoas, normalmente transmitem um calor fraco, um cheiro leve, mas Gustavo e Bia eram muito diferentes, no transmitiam calor como as pessoas normais, mas sim uma onda que distensionava meus msculos, relaxando meu corpo por completo, deixando uma sensao de leveza nos ombros, e neste momento podia sentir essa fora subindo por toda minha espinha, saindo do lenol e dominando meu corpo. -Dormiu bem? -Sim, e voc? - respondeu Gustavo levando seus olhos devagar at o meu rosto. -Tambm. - respondi com grande insegurana e deixando claro que no, de maneira sutil. -E quanto a ontem, como voc est se sentindo? Estou melhor, obrigado por me trazer para a sua casa, voc est sempre me Voc quem me ajuda, todas as pessoas da escola no esto interessadas no O circo pegar fogo? isso. Naquele minuto olhando dentro dos olhos de Gustavo comeava a entender que eu no era o nico a se sentir ou estar sozinho, que no fundo todos estavam e se sentiam assim, seja procurando holofotes, popularidade ou um cantinho para descansar, onde pudessem desfrutar da paz, sem nenhuma cobrana, sem serem obrigados a agradar o olhar alheio, ningum realmente estava com a sensao de ter companhia, presos verdade de que viemos sozinhos e que no final estaremos sozinhos, e isso di muito, rezo apenas para estar enganado, para que toda essa argumentao pipocando em minha cabea seja apenas algo infundado, assim como todos meus medos, obra de olhares, gritos, palavras e cobranas. -Pensei de a gente fazer alguma coisa hoje, sei l, ir ao shopping? -No sei...
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ajudando com tudo, at quando no precisaria. bem estar dos outros, s querem ver...
-Alex, eu sei que ontem foi uma merda, mas voc vai se sentir muito melhor se tomar um ar fresco. -Ar fresco dentro do shopping? Debochei, Gus virou os olhos, sorriu deliciosamente e respondeu: -T, ento, vamos ao parque? -Fechou. - Vou falar com a minha me. Gus voou pelas escadas, eu peguei umas roupas de seu armrio, vesti e me sentei na cadeira, respirando fundo, o cheiro de terra molhada que se instalara no quarto delatava a forte tempestade que havia cado durante a noite.
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Captulo 17 Embalos de sbado noite Coloquei o material escolar em cima da mesa, o silncio que perdurava no ar foi quebrado pelo ranger da porta, esperei que algum fosse entrar na classe, mas isso no aconteceu. Olhei fixamente para a porta, mordi meu lbio, tomei foras, levantei da cadeira, abri a porta e dei de cara com Pedro e Bia conversando. Ele olhou pra mim e disse: -O que voc quer hein? Naquele exato momento Beatriz veio andando em minha direo, Pedro no entendendo nada, assim como eu, ele saiu andando, ela chegou bem perto de mim e disse: Oi. Oi. Desculpa por sbado ela disse de maneira sincera. Eu tentei, e foi errado, no deveria ter feito nada e... Certo, eu queria apenas, ... eu combinei com o Gus de nos encontrarmos nessa
sexta-feira na casa dele, ele vai dar uma pequena reuniozinha, eu sei que voc no muito f de socializar, mas eu queria muito que voc fosse, precisamos mesmo conversar. gostar. Ok, eu vou. Obrigada. Beatriz sorriu, virou, continuou seu caminho andando de maneira grandiosa, convencida de que havia realizado uma grande faanha. Mas eu achei que ele fosse viajar neste fim de semana eu disse. No, s os pais dele que vo ela disse, percebendo minha hesitao. Sei l...- eu disse, indeciso de verdade. Vai Alex, d uma chance pra todo mundo te conhecer melhor. Tenho certeza que vo
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CAPTULO 18 Eu, voc e ele - Por que voc vai fazer uma festa na sua casa?- perguntei a Gus. proteo. no vai dar certo. Bem se voc no avanar, eu avano! O que voc quer dizer com isso? Voc sabe muito bem, Alex. Eu tenho meu ritmo, porque todo precisam ficar me acelerando? Porque voc demora, porque ela no vai esperar por voc o resto da vida. Gustavo saiu andando batendo os ps, no com raiva mas fora, pensei em falar alguma coisa mas antes que tivesse a chance de gritar ele subiu as escadas se distanciando demais. Senti raiva, mas principalmente mgoa. Sentia que as pessoas me atropelavam, me violavam por no respeitarem meu jeito, meu tempo para as coisas. Passei a semana inteira sem conversar com Gustavo, todo nosso contato foi por
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Por que eu no faria? Disse Gustavo com um ar cnico num tom de Sei l, voc quer que eu converse com a Bia, voc pediu para ela vir falar Eu pedi, voc no ia! E ela quer conversar! Voc sabe muito bem porque ela aceitou, s vai porque voc chamou! Precisa parar de ser paranico e idiota o tempo todo! Eu s quero ajudar! Jura? Voc chama isso de ajuda? Eu s tomei na cara desde que nos Jura?- ele me imitou. S porque eu impedi que voc se fodesse, o mundo ia Olha, eu no sei se quero isso, se quero falar com ela, no tenho coragem,
comigo? perguntei, com a esperana de ouvir que no, ele no tinha feito aquilo...
Orkiunt. Ele me mandou um depoimento apenas dizendo: 18:30, indicando a hora da festa, e o endereo que eu j conhecia. Ele j havia ficado estranho assim antes, mas nunca havia sentido o que sinto agora, uma sensao estranha tomava conta de mim, um nervoso particular, cansado, mas da maneira como foi imposto que eu deveria comparecer festa sexta-feira no poderia aventar a hiptese de no ir. Cheguei a minha casa, abri o armrio, peguei algumas roupas, demorei at achar uma roupa que me agradasse, vesti-me devagar, fui at o quarto de minha me mas no a encontrei l, senti um certo aperto no corao regado por saudade, aquela coisa que sentimos quando sentimos que nunca mais vamos rever uma pessoa, rapidamente tentei ignorar, me virei, desci as escadas, agarrei uma ma, coloquei a mala nas costas, abri a porta e deixei a casa. Fui caminhando para escola, o vento frio e o clima nublado me davam uma sensao sufocante, as rvores estalavam ao vento, os galhos secos pareciam muito delicados. Cheguei inquieto na escola, todos como sempre no percebiam minha presena e quando o faziam era sempre com olhares crticos. Podia sentir o desprezo nos olhos de todas aquelas pessoas, quando pisei neste lugar pela primeira vez achei que ia ser legal, mas tudo preto e as pessoas me do nojo. Gustavo no veio escola hoje, parecia muito ausente, cada vez mais distante. Ningum mexeu comigo, e por mais que eu me concentrasse, nada ao meu redor interferia positivamente comigo, ouvia coisas no silncio e questionava-me se era mesmo real. Se minha existncia no passa de puro acaso, imaginao que cria, destri e recicla o ser humano. Tenho medo de olhar no espelho e ver uma criatura deformada, a pele decomposta escorrendo pela boca, apodrecendo de fora para dentro, e de dentro para fora. Deste espelho mostrar uma realidade que no conseguirei agentar, me negarei a todo sempre a acreditar.
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CAPTULO 19 Festa Gus desceu as escadas, olhou toda a sala e se questionou se poderia organiz-la melhor. Foi at o centro, empurrou os sofs at os cantos da sala, agarrou a mesa de vidro, levou at o um dos quartos, trouxe uma estante de madeira cerejeira de aproximadamente um metro e pouco de altura, colocou bebidas alcolicas no topo, e embaixo, garrafas bonitas e coloridas. Tirou os tapetes e levou at a porta do depsito, se abaixou, puxou a porta mas ela no abria, ento deu dois chutes nela, e a mesma quebrou, caindo pelas escadas at atingir o fundo escuro. Gus jogou os tapetes dentro do buraco e foi at a cozinha, pegou o telefone e discou o nmero de uma pizzaria, mas no chegou a realizar seu pedido, pois a linha telefnica estava falhando, provavelmente por alguma interferncia que estava sendo causada pela tempestade que chegava aos poucos, mas bastante carregada. Gustavo retornou sala, agarrou os porta-retratos que havia em cima de uma escrivaninha, levou a porta do terrao e repousou ao lado do piano, que, vale a pena comentar, tem na parede logo em cima dele um desenho feito em um pano de uma mulher nua, com um fundo roxo muito poderoso, com gotas de um amarelo meio cor de pele que lembram muito o ouro, destacando assim a preciosidade da musa da foto. O tempo no estava muito bom, para falar a verdade a tempestade de neve que se aproximava tinha uma aparncia devastadora, mas mesmo assim a maioria dos estudantes sortudos que haviam sido convidados para a festa pegara seu carro, ou carona e subia com bastante euforia a montanha para chegar na casa de Gustavo. Beatriz se sentia um tanto quanto desconfortvel, e pensava seriamente em no ir festa, mas fora fisgada segundos antes de entrar no quarto e desistir de tudo por uma buzinada alta, era sua carona, e agora j era tarde para que desistisse de tudo. Bia! Vem logo, a tempestade deve comear e no quero pegar neve! Voc pode dirigir o carro do seu pai? -gritou Beatriz pela janela. Vem logo, Bia, srio! No estou para brincadeira, olha para o cu, precisamos nos
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apressar! Ok, ok, j estou descendo. Ela desceu as escadas da casa, vestia um vestido preto longo, com delicados tamancos vermelhos, batia levemente os dentes, e fez questo de se apressar quando sentiu o frio terrvel que fazia no exterior da casa, ento trancou a porta rapidamente e correu em direo enorme caminhonete azul. Meu, que roupa essa, voc vai morrer de frio! No vou, na casa do Gus tem aquecedor. Como voc sabe? Pensei que voc nunca tinha ido l, achei que ningum da Nada, foi s um palpite, agora voc pode ir andando? Ok, ok, no precisa se irritar! Estava apenas brincando com voc, querida... A noite mal havia chegado, mas a colorao do cu se tornara escura, e o vento forte causava calafrios mesmo em quem estava dentro de casa. Giulia ligou o rdio e comeou a ouvir o noticirio que recomendava que nenhum dos habitantes da cidade deixasse suas casas, pois a tempestade de neve seria muito forte. Na hora Beatriz demonstrou medo, a insegurana saltava aos olhos, Giulia olhou para o lado e comeou a falar com pouco caso, olhando ora para Beatriz, ora para a estrada: -Querida, fica relaxada, devemos chegar em uns dez minutos, e alm disso, todo mundo vai dormir na casa dele! T tentando me acalmar falando que uma multido de garotos tarados vai dormir na O que eu estou dizendo que nada vai acontecer de ruim, sei que est nervosa, e mesma sala que eu? entendo que Gustavo esteja agindo estranho com voc e com o mundo, mas talvez este seja o pedido de desculpas dele por andar to estranho ultimamente. Gus correu em direo ao porto, o abriu e logo carros lotados de pessoas chegaram, todos correram para dentro da casa sujando toda a entrada de neve. Gus ,como frio aqui! - disse Pedro. Eu t ligado, eu vou l dentro colocar a msica e tal, voc vai mandando quem chegar
entrar?
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Vou sim, de boa! Gus ligou o som no volume mximo, e quando saiu na porta, viu Beatriz descendo do
carro com um casaco cobrindo seu ombro, seus cabelos balanando ao vento. O corao de Gustavo disparou, e os batimentos se espalhavam por todo seu corpo, o frio dissipou-se no ar, e uma onda de calor comeou a percorrer seu corpo, seus olhos perderam o foco em tudo sua volta e suas pupilas se dilataram. Ele sorriu, e ela sorriu de volta, ento foi correndo em sua direo. T fazendo muito frio aqui fora, no sei onde estava com a cabea quando escolhi me Voc est linda, e claro, venha comigo. Os dois entraram na casa, e foram direto at o quarto de Gus. Bia foi em direo cama, Gus virou lentamente a chave da porta, voltou e sentou-se ao lado dela. -Queria te dizer que s estou dando essa festa para ter uma desculpa decente de te fazer vir at aqui. quer! Gus aproximou-se de Beatriz, colocou a mo em sua perna, inclinou a cabea e comeou a beij-la. Ela passou sua mo sobre o abdmen dele, e a repousou em cima de sua cala, o beijo foi perdendo seu ar romntico e se tornando quente, urgente. O que de incio era recato se transformara em dois corpos que em questo de alguns segundos se encontravam em cima da cama se atritando, num amor genuinamente proibido, carregado de muito teso, as mos percorriam os corpos, a mo de Gustavo apertava firmemente a coxa de Beatriz, que tomava flegos, gemia e beijava a boca de Gustavo fortemente, dando pequenas mordidas em seus lbios, os corpos se esquentavam, j fora de controle. Isso, vai, eu te amo, me beija! Voc minha?
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Essa foi a coisa mais fofa que um menino j me disse sabia? Eu gosto muito de voc, e queria que tivesse rolado aquele dia. Podemos fazer rolar. Voc sabe que no posso, no seria justo. Esquea o mundo, as pessoas, olhe nos meus olhos e diga que no isso que voc
Sim, totalmente, inegavelmente sim! Gus tirou a cala, arrancou a camisa de Beatriz, seus seios tinham pequenas estrias
devido a terem crescido rpido, e serem grandes, mas eram firmes e durinhos, ela se aproximou de Gustavo e comeou a acariciar seu membro peniano que logo se enrijeceu, ela abaixou sua cueca e comeou a masturb-lo, seus olhos fechavam com fora e abriam, gemidos enrustidos procuravam uma sada por sua boca, espasmos musculares pulavam por todo seu corpo, sua mo trmula se aproximava do corpo de Beatriz, deslizava sobre sua barriga, e subia at a altura de sua mama, ento comeou a estimular seus mamilos delicadamente. -Isso, desse jeito! -Vo..c, j, tinha masturbado um garoto antes? -perguntou ofegante -No... voc o primeiro! Gustavo ejaculou, lambuzando toda a mo de Bia. Os dois se deitaram na cama, respiraram fundo e olharam para o teto por algum tempo. Observaram a pequena rachadura, ouviram o vento entrando pela fresta da janela, a neve acumulando, os pequenos pedaos de granizo ricocheteando no vidro, os dois at fecharam o olho por um tempo e adormeceram. Ao abrir os olhos Beatriz achou que seria mais conveniente se descesse primeiro, a fim de evitar comentrios e fofocas que seriam tecidos pelos convidados se avistassem os dois descendo as escadas juntos. Gustavo concordou, colocou sua roupa, deu um selinho nela e sorriu. A garota desceu as escadas, e viu que seu temor era desnecessrio j que todos convidados danavam e bebiam loucamente. No houve nenhuma chance de algum notar sua descida, mas mesmo assim seguiu o plano e se dirigiu at o banheiro. Pedro Carneiro e todos os garotos descolados conversavam e dividiam entre si uma garrafa de vodka, o comportamento no foi julgado ou mesmo notado pelas garotas que pareciam maravilhadas pelo reflexo de seus rostos nas garrafas, ento Caio se aproximou de Michelle e os dois foram conversar dentro da sala de televiso. Nunca falei muito com voc na escola, nunca tinha reparado o quo bonita voc ! No vem com esse papo, sou diferente das outras garotas, s quer me beijar para
isso. coisas.
No nada disso, eu juro, voc diferente, desde a primeira vez que vi voc senti Ai...Que fofo! Juro, um garoto nunca falou essas coisas pra mim! Tenho um pouco de vergonha, por ser sensvel, e sou meio inexperiente nessas No tem porque se envergonhar, voc lindo e meigo, e acho que quero te beijar. A ingnua menina comeou a beijar Caio mais rpido do que ele esperava,
normalmente ele demorava dez minutos com seu papo furado carregado de iluses, mas algumas meninas so fceis de enganar, e ele espalharia para toda a escola que a beijou quando o fim de semana chegasse ao fim, mas o destino planejava algo diferente para os dois que agora se beijavam no sof azul de trs lugares, algo que seria muito mais comentado, e por muito mais tempo. Gustavo se levantou, e quando ia deixar o quarto se deparou com algo extremamente perturbador em seu espelho, sua imagem ia se transformando aos poucos at tomar a forma de Alex. Finalmente as coisas se tornavam mais claras. O que isso? - Gustavo exclamou perplexo na frente do espelho. Sou voc. No, eu sou popular, voc excludo, eu tenho amigos, voc no tem amigos, eu Mas sente que no tem nada, tem medo da cobrana, se acha imperfeito, no tem
tenho tudo... amigos, tem companhias interesseiras, no se acha bonito mesmo sendo quase perfeito, viaja nos pensamentos to longe, que s vezes esquece-se de voltar, confunde sonho e realidade, distorce a verdade. no sabe? Eu no posso! Mas claro que pode! Eles esto te arruinando, me destruram, olha o mal que me No! Sabe que sim, e voc sabe o que todas essas pessoas fizeram a voc e a mim,
No podem fazer mal a voc, no real! Ah, sou sim, sou to real quanto seus medos, suas angstias e suas ambies, loucura! Estou louco! No est, tudo que precisa fazer solidificar essa loucura, colocar em aes e sua O que pretende? Retribuir tudo que eles nos fizeram. No irei machucar ningum, nem mencionei tal, mas voc sabia do que estava
mova seu brao, tambm moverei o meu, chore e irei me comover, sinta raiva e irei agir.
falando, sabe que isso o que tem acontecido a voc, todos esses machucados precisam sarar, Gustavo. Voc um monstro! NS SOMOS UM MONSTRO! A imagem de Alex refletida no espelho se converteu em uma criatura horrenda, os olhos se tornaram escuros e profundos, uma gigantesca onda de morbidade tingida de cor negra comeou a transbordar pelos cantos do espelho, manchando o cho de piche, o quarto se tornara uma gigantesca iluso, e num passe rpido Gustavo golpeou o espelho com seu punho, mas ao chocar-se contra o reflexo distorcido seu brao congelou, logo seu corpo, e todo o quarto explodiram em pedaos de vidro, seu corpo paralisado caiu sobre o cho e se espatifou em pedaos minsculos de vidro, reluzentes luz, mais parecendo p. Aos poucos a escurido caiu... Luzes piscavam no ambiente, corpos se esfregavam, o som contagiante da barulhenta musica, conduzia o ambiente vulgarmente, mos de no sei quem no corpo de no sei quem mais, olhares voando pela sala, sorrisos se rastejando e subindo aos poucos pelo corpo daqueles que a noite deixavam dominar o corpo, aqueles que de sua libido se esqueceram. Em especial um casal de duas meninas que se conheciam a algum tempo e agora estavam se beijando e se pegando na sala, levando o pblico de seu espetculo pessoal ao auge. Havia tamanha naturalidade naquela ao, os lbios se atritando com tanto gosto, as mos escorregando pelo corpo, tudo parecia to real que o fato de ser uma armao para despistar
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Capitulo 20 Enxerido Felipe ouvira gritos e resolvera checar. Atravessara a sala e fora at o quarto de Gustavo, forara a porta e quando esta abriu, deparou com um enorme silncio. Olhou em volta e nada de anormal parecia ter ocorrido, e prestes a deixar o quarto notou o espelho quebrado. Caminhou devagar em direo parede e colocou delicadamente seu dedo indicador sobre o espelho quebrado, ento uma lasca caiu no cho, e quando se abaixou para pegar viu um vulto. Virou-se rapidamente e deu um pulo quando foi acertado no lado direito de seu rosto com uma ferramenta que segundos mais tarde se mostrou ser um martelo. Seu rosto foi banhado por sangue, caiu deitado no cho. Antes do sangue entrar no olho que lhe restara viu a imagem de Gustavo segurando o martelo. No conseguiu falar, mas seu batimento cardaco acelerado ecoava por todo o quarto, assim como o som irritante e constante que foi cessando, contnuas marretadas contra o crnio de Felipe, que se converteu numa gosma avermelhada, o sangue escorrendo pelas paredes enchia a personalidade Alex, de orgulho. O que acabara de fazer? Na sua maneira de interpretar os fatos, no era um crime, uma maldade, muito menos uma vingana, era sim um acerto de contas. Ele tinha certeza de que estava coberto de razo, que a pessoa ensangentada e morta no cho do quarto merecia aquilo mais do que tudo. Depois de contemplar o corpo estirado no cho escuro, Gustavo se virou e comeou a pensar: Qual seria o prximo passo? Calmamente tomou a pior deciso que poderia em toda sua existncia miservel.
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Capitulo 21 Onde Gustavo foi? Viu o Gustavo? No, por qu? No consigo falar com ele, desde que... Desde o que? Podemos falar disso num local mais reservado? Ok. Giulia e Bia se dirigiram at o quarto de hspedes que se localizava prximo sala. Fecharam a porta do corredor, andaram um pouco e novamente fecharam uma porta, agora a do quarto. No me julga? No, o que foi? Eu beijei o Gustavo e... E? E masturbei ele. T falando srio? Sim, voc sabe como eu gosto dele, queria ter esperado, mas na hora no pensei em No pensou no garoto que est namorando tambm? No estamos namorando! Olha, eu sou a primeira a desaprovar o Marcelo, mas quando descobrirem que voc
ficou com o Gus enquanto estava com o Marcelo, voc vai ficar com uma puta fama de galinha, srio. O que eu fao? Eu no sei, voc pode terminar com o Marcelo e dizer que ficou com o Gus depois de
terminarem.
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Voc s esqueceu de um detalhe. Qual? O Marcelo no est aqui na festa! Est uma tempestade enorme l fora, meu telefone No, no pensou, voc claramente no pensou em nada, nunca pensa! O que voc quer dizer com isso? Quero dizer que no a primeira vez. Do que voc est falando? Eu vi voc beijando o Gustavo na Rock Teen Naquela poca eu ainda nem estava ficando com o Felipe! Olha, a quem voc est tentando enganar? Voc me chamou, e como amiga estou te
no pega, e ele no atende! Voc acha que sou idiota, eu j tinha pensado nisso!
dando esse conselho, toma mais cuidado com o que faz e com quem fica, porque todo mundo sempre vai ficar sabendo, se voc quiser ficar puta, ou vir com aquele discurso que sou conservadora pode vir, mas quando todo mundo ficar falando merda de voc no venha dizer que no avisei. Giulia abriu a porta e saiu, fechando a porta. Beatriz se virou,sentou, se deitou de lado, agarrou com firmeza e ternura o cobertor e ps-se a chorar.
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CAPTULO 22 Queda Gustavo desceu as escadas, agarrou uma garrafa de vodca, abriu o lacre e a virou de lado, deixando que inundasse toda a mesa e a bancada. As bebidas ficaram cobertas pela vodca, mas ningum notou tal movimentao devido s luzes estarem baixas, uma verdadeira orgia tomar conta do ambiente e o som ensurdecedor. Gustavo fez ento uma trilha com a bebida at a cozinha e terminou na frente do gerador; abriu a porta do gerador, deu alguns passos para trs contemplou a cena e riu por dentro, imaginou o que aconteceria e comemorou sua to esperada vingana. Lanou a garrafa contra o gerador, que explodiu soltando fascas que caram na trilha do lcool. O gigantesco barulho e a falta sbita de energia fez todos olharem para a cozinha, ento desenhos com fogo foram se formando pelo cho, belos desenhos de fogo espalhavam-se pelo cho, parecia tratar-se de um show de pirotecnia ou algo do gnero. O fogo foi conduzido at a mesa de bebidas, que explodiu. Todas as pessoas que haviam se inclinado para ver mais de perto tiveram a cara perfurada por cacos de vidro e aqueles que estavam em p tiveram suas roupas em chamas (e da cintura aos joelhos cacos afiados alojados profundamente). A sala agora era o inferno real, labaredas subindo pelas cortinas, derretendo tudo sua volta, mveis, objetos, pessoas. Estas gritavam e se debatiam, na tentativa de se livrarem do fogo, e seus movimentos promoviam mais chamas, mais cores. Em meio agonia da dor e do cheiro de carne queimada, dos corpos carbonizados, dos olhares estarrecidos, olhares inconformados, da beleza se dissolvendo e da viso de destruio que se apresentava, uma risada doente ecoava pelo ambiente, num olhar deslumbrado, alheio, doente. Gus estava parado na porta, assistindo ao brutal e sangrento espetculo que promovera. Corpos se debatiam no cho, o fogo subia as paredes criando uma imagem semelhante a de um porto, o inferno se estabelecera, as almas penadas sofriam porto
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adentro com as labaredas fumegantes. Pedaos de pano em chamas se descolavam das roupas que ardiam em chamas, gritos, respiraes animalescas e choro generalizado. Aqueles em que restara conscincia, mesmo que estirados no cho totalmente mutilados, puderam ouvir uma risada estridente ecoar grave e malfica no ar, logo das chamas saiu o garoto de olhos azuis e pele delicada com o rosto negro pelas cinzas e um sorriso sdico, ele andou na direo de Pedro e ficou l, observando-o enquanto agonizava e pedia em vo ajuda chorando, secas lgrimas. Gritos ecoavam pelo lugar, o cheiro de carne se misturava ao lcool que era conduzido por toda a casa pela fumaa. Beatriz estava ainda absorta em seus pensamentos fechada naquele quarto quando tudo aconteceu. Foi quando ouviu gritos, e saiu de onde estava com cautela. Sua intuio dizia para no se deixar ser vista. A viso que teve ao chegar ao final do corredor paralisou-a: Gustavo, de costas para ela, sorria, olhando de um lado para outro, ora freneticamente, ora focando-se em algum. A sala estava em chamas, as pessoas se debatiam, a fumaa comeara a tomar conta de tudo, e o cheiro comeou a lhe deixar enjoada. O medo que sentiu , o cheiro, a viso das pessoas, a lembrana do que havia feito com Gustavo no quarto lhe veio tona: ela estava alucinando, no era real, no poderia ser real. Gustavo com ela, seu beijo, seus desejos, aquele momento, no... Gustavo no era assim, ela no poderia ser enganada tanto assim... O medo a trouxe para a realidade; se Gustavo a visse, o que poderia acontecer com ela? Em pnico, mas devagar, entrou no banheiro que havia no corredor. Pegou trmula seu celular, e discou: Marcelo!- murmurou, aterrorizada de medo que Gus a ouvisse. Oi? Por favor! Me ajuda! O que houve? A casa do Gustavo t pegando fogo!- no havia tempo de explicar tudo. Sai da casa! No d, estou com medo de abrir a porta e no d, por favor, voc precisa me ajudar,
no quero morrer!
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Bia, pelo amor de deus Bia, fica calma, eu estou indo te ajudar, se mantenha longe da Marcelo saiu correndo, pegou a chave do carro de seu pai em cima da mesa, abriu o
fumaa e do fogo, eu j estou chegando! porto da garagem, com seu nervosismo abriu o porto pela metade e saiu na tempestade em disparada, destruindo a porta e acordando seus pais, que chamaram a policia, pensando se tratar de um roubo. Subindo a montanha, a visibilidade era muito fraca. Marcelo pegou seu telefone e discou o nmero de Beatriz, mas o celular escapou de sua mo e caiu no cho do carro. Sem pensar, abaixou-se para peg-lo, mas perdeu o controle da direo. O carro derrapou, Marcelo freou, e o carro girou, girou, at sair da estrada, capotar trs vezes e bater numa rvore. ... Beatriz, aps ligar para Marcelo, volta devagar para o quarto onde estava. A fumaa tinha tomado conta da casa, e no foi difcil chegar ao quarto sem ser vista por Gus. Entrou e se enrolou em si mesma no sof, em choque. Perdeu a noo do tempo, at que... Beatriz me deixa entrar! - Gustavo gritou eufrico. O pnico tomou conta dela. Mas era uma questo de sobrevivncia no demonstrar a ele que sabia o que tinha feito, e que no tinha medo. Precisava fingir que estava a seu lado, que o amava. Estou abrindo, calma! Gustavo entrou no quarto trancou a porta e abraou firmemente Beatriz. T tudo bem, t tudo bem, eles no vo mais machucar ningum! Sobre o que diabos voc est falando? Eu os silenciei. O que? O que quer dizer? Que nunca mais seremos interrompidos ou mesmo julgados. Meu Deus, voc fez isso!? Mantenha a calma. Fiz isso por ns. No! No!- lembrou-se de Giulia. A Giulia, no!
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Ela no era sua amiga de verdade, mas eu posso ser, podemos ficar juntos, para
sempre, seremos inseparveis. Gustavo aproximou-se, e Beatriz pde ler suas intenes em seus olhos... Ele queria mais, queria terminar o que aviam comeado no quarto dele momentos antes de tudo... Fica longe de mim, seu doente filho da puta! Beatriz se virou para fugir, mas Gustavo puxou seus cabelos, ento ela se virou e encravou suas unhas em seu rosto. Ele a jogou no canto do quarto, ela agarrou uma caneta e encravou a mesma em seu peito, ele caiu desmaiado no cho. O carro da polcia passava pela estrada procura do carro denunciado quando os policiais perceberam no meio fio um esportivo esmagado contra uma rvore. A policial que dirigia desceu do carro, e, armada com uma pistola, foi chegando perto do carro. Logo viu que se tratava de uma vtima em estado grave, conseguiu desemperrar a porta junto com seu parceiro e retirou-o do carro. A vtima tinha o rosto coberto de sangue, mas sua palidez era visvel mesmo assim. Tentando falar, mas sem conseguir, Marcelo, em sua ltima demonstrao de fora, aponta para o topo da colina, e com certo esforo a policial conseguiu ver o que parecia um foco de incndio, no com muita certeza, pois um palmo frente de seu nariz poderia descartar qualquer detalhe importante da imagem. O frio era terrivelmente cruel, a ponta de seus dedos comeava a doer. A policial fitou o rosto do jovem e retornou viatura.
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CAPTULO 23
Entre quatro paredes Se o clima de tenso dentro do quarto congelava Bia, a fumaa preta que entrava por debaixo da porta despertava um sentimento muito forte, que levantava seus braos, aumentava sua voz, inquietava seu corpo por inteiro, seu instinto de sobrevivncia alcanava um patamar animal, socos se tornavam patadas contra uma porta de acesso ao jardim. Desesperada e tomada por uma sbita lombalgia e dor de cabea, viu erguer-se, ensangentado, Gustavo. Bia saiu em disparada e quebrando a janela, gritando e chorando, agarrou-se aos pequenos tijolos e comeou a escalar a parede rumo ao topo da manso. O frio era grande mas a adrenalina parecia faz-la no senti-lo. Beatriz lutava com todas as suas foras para agarrar-se quela parede, o vestido limitando seus movimentos, a estufa l embaixo. Gustavo vinha em sua cola, ensangentado, alucinado. Ela sabia que sua loucura o faria ter foras alm das normais, por isso concentrava-se em cada movimento, cada apoio de suas mos e ps, que a essa altura, estavam esfolados, em carne viva. Conseguiu escalar toda a parede e chegar ao topo da casa, que estava coberto por uma poa de gua negra, que se formara devido ao fogo que derretera toda a neve.Com muitas dores nas mos e nos ps, rastejou at o outro canto do telhado, se levantou tremendo de frio, e logo viu a mo de Gustavo no parapeito da parede. Pensou em correr para derrub-lo, mas lhe custaria um tempo at retornar ao lado do telhado por onde ele subia. Gustavo deu alguns passos lentamente, parou no meio do telhado e disse: Todos os dias que eu botava meus ps naquela escola, todos os olhares vinham em Voc no entende, no estavam l te julgando, voc era uma pessoa que os outros Nunca se espelharam em mim, julgavam minha roupa, se era de marca eu era um
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minha direo, todos estavam l para me julgar, para me criticar! tinham como exemplo, espelhavam-se em voc! - retrucou Beatriz
exibido, se no era, era porque eu era pobre, se estava fazendo a coisa certa era certinho, se estava fazendo a coisa errada, era mal. juntos! Voc est louco, eu sempre fui atrs de voc, Gustavo. Meu nome no Gustavo, meu nome Alex! E eu que sempre estive te procurando! Voc est louco, voc no Alex, seu nome Gustavo, est doente, precisa de ajuda, Gustavo olhou pensativo para Beatriz que chorava de maneira compulsiva, deu alguns passos para frente, estes foram respondidos por dois passos para trs de Beatriz. Se voc mesmo Alex, me diga uma coisa, onde est sua me? E seu pai? Eu no sei! E a me do Gustavo? Viajando! O pai dele? Viajando! Como entrou nessa casa? Eu tenho uma das chaves! Est uma tempestade gigantesca l fora, so dezessete quilmetros da sua casa Eu no sei, eu no sei... Naquele momento os olhos de Gustavo se encheram de lgrimas, a dvida de quem era o estrangulava, ento ele se aproximou de Beatriz, olhou nos seus olhos e viu neles seu reflexo, escurecido, viu que a imagem refletida no era de Alex, e sim de Gustavo, porm sua lucidez se esgotara a tempos, ento o mesmo correu desnorteado pelo teto: Gustavo! Onde voc est? Gustavo! Gustavo! Frio, o fogo queimando toda a estrutura da casa, a cena era dramtica. Alex procurava por Gustavo, tudo girava a seu redor. De repente, o garoto cessou de procurar a si mesmo,
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Voc est delirando, meu Deus! Ns vamos morrer aqui em cima! Precisamos achar No precisamos, esse o nosso destino, voc nunca me deu bola, agora estamos
parou no centro da laje, olhou para a menina fragilizada e trmula: Onde voc colocou o Gustavo? Onde ele est!? O tom da voz ia engrossando e aumentando, o rosto franzia, at que o nervoso subiu por suas cordas vocais: Onde ele est?Voc o matou, o matou! Sua vadia! Gustavo abriu sua boca, soltou um grito enorme, levantou sua mo, e o cho desmoronou sobre seus ps. Caindo em queda livre com todo o concreto sua volta, naquele momento tudo ficou em cmera lenta, podia ver a madeira, o concreto, as labaredas de fogo voando sua volta. Em flashes, em fraes de conscincia, pensou: Se me sobrasse mais tempo teria sido diferente, se no houvesse preconceito teria sido diferente, talvez a culpa seja minha, a averso de lidar com a realidade criou um universo complexo em volta de mim, criou imagens, gerou sentimentos, alterou fatos, se pudesse voltar atrs nunca teria aberto mo de minha lucidez, nunca teria abandonado aqueles que amo, me revoltado com a realidade, poderia culpar o mundo e os maus tratos por minhas decises difceis, se pudesse voltar atrs, se pudesse refazer a histria, nunca teria a alterado, se pudesse voltar no tempo, nunca teria perdido a noo das horas, se tivesse apenas imaginado no seria vtima de minhas prprias armadilhas, no estaria solitrio, caindo em queda livre, esperando o fim. Se pudesse congelar o tempo, em vez de apenas remediar o que vem por a, no haveria consequncias, os meus atos seriam experimentaes, no haveria remorso, no haveria medo, consequentemente no haveria uma vlvula para me impulsionar ao desconhecido, no haveria plpebras para me proteger, o vento frio no me causaria danos, a monotonia lutaria constantemente com o amor, e dessa luta nasceria a insegurana, e da insegurana nasceriam medos, que levariam a aes, cheias de consequncias, consequncias me fariam pensar que tudo poderia ser diferente, mas aps acontecer, iria querer que me sobrasse mais tempo, que tudo fosse diferente... Ento ele fechou os olhos esperando que os vrios metros de queda livre o deixassem desacordado, mas foi empalado por um pedao de madeira, repousando bruscamente e ainda acordado no fogo. Ele gritou, seus olhos arderam como nunca, logo cessou de gritar pois no
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conseguia mais respirar, podia sentir a pele grudando no cho, as bolhas que se formavam em suas pernas estourarem, a viso escurecer, uma terrvel dor de cabea, e o indito sentimento que vem logo aps o esgotamento. Era a morte. Podia sentir seu corpo morrendo, da ponta dos ps at seu umbigo que repousavam totalmente no cho, em chamas, negros, e seu rosto e peito, levemente levantados aos poucos, mas com brutalidade fugindo pelos cantos, ento aps algum tempo de luta deixou que a morte lhe tirasse a nica porcentagem do que lhe sobrara. Sua dignidade. ... No que restara do teto, Beatriz se equilibrava e tomava uma deciso difcil; se jogar sorte de olhos abertos, ou cair de olhos fechados dentro do inferno, ento se desequilibrou e caiu para fora da casa, num tempo suficiente para respirar fundo e fechar os olhos, atravessando a estufa de vidro. Seus braos, pernas, peito e coxas foram perfurados, a pele levemente rasgada. Beatriz caiu justamente em cima de vrias rosas, ainda cheias de espinhos. Por uma obra do acaso, ou ironia do destino, tudo que restara era seu rosto intacto.
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CAPTULO 24 Beatriz Seus olhos se abriram lentamente. A neve caa devagar, menos densa, a tempestade parecia ter ido embora. Seu corpo parecia adormecido. Ali mesmo, sem perceber a garota pensava: Por que a automutilao parece to absurda para quem a assiste, mas to plausvel para quem a executa? Por que certo nunca pode estar errado, se errado significa sempre estar certo, porque existiria bem e mal em uma ao onde se equilibram elementos? Por que a tristeza bate mais forte que a dor, que me lembra de que sem dor o destino que se aproxima ser a morte? Beatriz no se sentia to bem desde que era uma garotinha pequena e sem preconceitos. No precisava sorrir para saber se estava feliz, mesmo o frio no era capaz de atorment-la naquele momento, o delicioso som de madeira estalando no fogo nunca soara to bem, e por mais que o cheiro no local fosse forte, a ventania haveria de dissiplo.Toda aquela calma era preciosa, todos aqueles momentos de tenso tinham acabado, assim como a paisagem, restando apenas no cu uma estrela, que aos poucos foi se aproximando, perdendo sua cor, at tudo ficar escuro. As inquietaes logo acabaram. Tudo que sobrara era uma linda garota silenciada, mas sorridente, e embaixo de alguns escombros, dentro da casa, um dirio, que no havia sido escrito por Alex, ou Gustavo, por uma pessoa ou outra, havia sido escrito pela obsesso que habitava naquelas duas personalidades. O amor.
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PARTE 2 14 de novembro de 2010 A velocidade com que o vento esculpia a fragilidade nas frestas de meus lbios rachados engrandecia mais ainda minha inquietude. Em meus braos se encontrava um jovem moribundo, as roupas de grife em seu corpo no foram capazes de disfarar seu estado. Ensangentado, reuniu todas suas foras para erguer seu brao apontando para o alto de uma montanha. Sem cautela alguma, dirigi meu olhar cansado e angustiado ao que parecia um incndio. Convoquei minha equipe com gestos e gritos para que me ajudassem a retirar o garoto dos escombros, assim poderia prosseguir ao holocausto de fogo que explodia no topo da montanha. Esforos no foram poupados para a retirada rpida do jovem dos escombros, que agora se encontrava inconsciente, provavelmente morto, mas minhas constataes neste momento de nada serviriam a no ser atrasar a minha equipe que agora no tinha nem um minuto a perder. Quando cheguei ao local, a tempestade comeava a cessar. Era um grande amontoado de paredes carbonizadas e corpos queimados. O que havia realmente acontecido ali? Parecia no haver explicao plausvel. Senti uma nusea tremenda com aquele cheiro de queimado e podre. Caminhei pela casa, ou o que sobrara dela. Toda a estrutura havia rudo, os nicos corpos que encontrei foram os da entrada. Demorei-me cerca de uma hora analisando o local, e ao ser informada pela equipe de bombeiros de que uma garota havia sido achada do lado de fora da casa e levada junto com paramdicos para o hospital, suspeitei friamente de que a garota no tem chances de sobreviver. Mesmo em meio a tanta destruio, aparte da copa e da cozinha estavam e, melhor estado do que o resto da casa. Por possurem pisos frios, o fogo no tinha conseguido destru-los completamente. Mesmo assim, o quarto que ficava em cima da rea da cozinha desabara, e os escombros e entulho eram o que se podia ver. Pensei em vasculhar o lugar, mas a fumaa era densa agora, resultado do contato do frio ao calor extremos. Desisti. Fui Ia
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pedir para a equipe de resgate fazer a remoo do material com cuidado. Assim, dei meia volta, mas do lugar onde estava tinha que pisar sobre madeiras quebradas e pedaos de parede, e numa pisada em falso escorreguei. O cho estava molhado, e ca machucando meu brao. Por ironia do destino ou coincidncia, fiquei ali por uns instantes, a dor em meu brao pedindo calma. A equipe estava toda do outro lado, mais especificamente na sala, e eu no queria gritar. Podia me virar sozinha. Apoiei a outra mo numa outra madeira, e ela escorregou, e um livro de capa de couro apareceu. Em dourado, o nico ttulo que se visualizava era: Dirio. Levantei-me e peguei-o. Estava molhado, mas intacto. Guardei-o junto ao meu corpo, logo entreguei na mo de um policial e solicitei que arquivasse o achado na delegacia, como prova. No imaginava o quanto ele era importante. 23 de abril de 2003 Foi em um caso de simonia (que terminara muito mal) que minha carreira como policial explodiu como uma bomba, e meu nome e distintivo se tornaram assunto de destaque na cidade. ...
Numa mo empunhava uma faca, na outra, segurava pela gola da camisa plo azul clara um menino de cabelos castanhos, pele levemente bronzeada, sardas nas bochechas, um metro e cinqenta e nove de altura, e muito medo nos olhos. ... Andria se muda para minha casa. ...
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Gritos abafados e gestos nervosos, em meio ao choro e comoo popular daqueles que assistiam de p a cena que ocorria ali, criavam um clima de tenso, ao qual apenas minha pessoa no havia sido contaminada. Com a arma empunhada na direo do tirano, sem nenhuma hesitao, puxei o gatilho. A bala viajou em cmera lenta, posso jurar que a vi percorrendo todo seu caminho orgulhosa e focada em acertar o homem impiedoso. Pois bem, alojou-se na cabea do padre, que largou o garoto e em seguida caiu como uma pedra no ch. O menino de joelhos tentava se situar enquanto chorava e gaguejava freneticamente. Andei devagar em direo aos dois, comecei a voltear o corpo do padre, em seguida levantei o pobre garotinho do cho. Uma salva de palmas tomou conta do ambiente. Da multido saiu uma mulher desesperada, murmurando frases que me pareciam rezas venerando a Deus por salvar seu filho. Ela agarrou o menino e os dois saram abraados do lugar. No olhou para trs, no parou.Fiquei parada pensativa, logo o som de um carro da patrulha denunciou que o disparo de minha arma havia chamado muita ateno. Na delegacia, o chefe de policia, Clark, me encarou nos olhos, e sem dizer nada fez um gesto para que eu fosse at sua sala: Sente, por favor - disse o ex coronel. Obrigada - respondi com a voz baixa e trmula. Veja, fui informado do caso na igreja, ser questo de tempo, e tudo ser arquivado, Matei um homem, sei que isso comum nesta profisso, mas me sinto como se o No me assusta, completamente normal que se sinta assim. Coloque apenas na sua
sabe, tem muita burocracia envolvida quando o buraco na pessoa - disse sorridente. mundo inteiro estivesse girando. cabea o fato de que matou um assassino com antecedentes de pedofilia e agresso sexual, que ficou impune at hoje, pois era um servo de Deus. Entendo. Vamos aguardar os trmites da justia, e receba minhas congratulaes pelo ato de
bravura. Estarei atento aos procedimentos e voc poder contar comigo para o que precisar disse Clark, num tom mais tranqilo. Atenho mais um assunto a tratar com voc, e temo no ser a hora certa para faz-lo, mas vou aproveitar a oportunidade de voc estar aqui. H uma
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promoo para voc. Tenho observado seu desempenho e sua conduta e acredito ser uma promoo merecida realmente. Quero que pense na proposta. Tire dois dias de folga, aproveite seus quinze minutos de fama, e na segunda-feira venha at a minha sala para que reconversemos.
Contive minha satisfao, sa da sala, caminhei rapidamente pelo saguo, peguei as chaves de meu carro recm comprado e deixei o lugar. O cheiro de carro novo me fez esquecer de toda a situao que acontecera e dirigi tentando esquecer de tudo minha volta. Cheguei em meu prdio, estacionei o carro muito mal, enfiei a chave na fechadura com violncia, abri a porta, fechei-a com o p e cai na cama com vontade de dormir por semanas. 26 de agosto de 2004 Minha complicada relao com Andria chegava a um nvel de impacincia gigantesca. Comeamos como primas, passamos a melhores amigas. Ela morava no Rio De Janeiro, e tnhamos perdido contato por cinco anos,quando numa tarde ela e a famlia sofreram um assalto num farol. O pai acelerou o carro, vrios disparos foram feitos contra o carro, e seu pai, me e irmo foram baleados. O irmo resistiu bravamente por alguns dias no hospital, mas veio logo a falecer. O pai e a me faleceram na hora com os tiros. Ainda com dezessete anos, a menina precisava de um maior responsvel,e aqui entro nessa histria toda. Sem a menor idia do que era cuidar de uma jovem. A convivncia foi se mostrando complicada: Andria era desleixada, desorganizada. Passou a usar drogas e a beber, e seu estilo de vida estava afetando completamente o meu, a careta do pedao, como ela me chamava. E me sentia culpada, como poderia brigar com uma menina que havia passado por tanta coisa? Mas a situao no podia continuar! No posso conviver com isso, a maneira como voc vive, no consigo! - disse a ela com raiva nos olhos, e um misto de culpa, por gritar com uma garota que passou por tanta coisa.
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Se voc no era capaz de me assumir por que me adotou? Voc sabe muito bem que te recebi de braos abertos depois do que aconteceu, fui eu No sabe como eu me sinto.. Eu sei o quanto difcil para voc, sei o quanto tenho evitado tocar neste assunto, na O que voc quer, que eu suma da sua vida, como meus pais sumiram da minha? Quero estabelecer regras para que nossa convivncia nesta casa no se torne um No momento em que finalizei minha frase meu celular tocou, me obrigando a deixar a
quem lutei para que voc no fosse para qualquer lar adotivo.
verdade nunca toquei nesse assunto desde que voc botou os ps na minha casa.
verdadeiro inferno. conversa inacabada. s vezes, no h o que pensar, o que fazer, s vezes o mundo chove vidro em cima de nossas cabeas, e na tentativa de proteger nossos rostos deixamos nossos pulsos descobertos, nossas mos nuas, e o sangue escorre, todos os traos que marcavam quem ramos so picotados por algo sem sentimento, que atua influenciando cada um de nossos sentimentos, o destino. 29 de outubro de 2004 Vivo em uma cidade pacata de trinta mil habitantes, meu cargo na polcia no inclui perseguies em alta velocidade, e o nico tiro que disparei foi no reverendo Marlow. Sou a imagem da ordem, sou o distintivo, e toda minha obrigao, em suma, resume-se a manter a ordem. Identificar e eliminar qualquer rastro de caos. Em uma cidade onde todos se conhecem e superficialmente coexistem pacificamente, nunca poderia imaginar que o inferno cairia sobre minha cabea, que precisaria me esquivar para no sem empalada pelos troncos afiados, em chamas, que despencariam do cu invertendo toda a ordem e colocando o inferno em cima de mim. Com tanta uniformidade, o cabresto em minha face se grudou na pele, tornando-me uma pessoa pragmtica, automatizada. Duas qualidades excepcionais para algum como eu, algum que no precisa sentir, mas sim agir da forma mais matemtica que exista, mantendo a calma onde tudo se tornou o oposto dela. Em contrapartida, privou-me do sentimento de
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dvida, da curiosidade de indagar em alto e bom som em minha cabea: E se? Fiz grande esforo para que algo de original se mantivesse em mim, fiz grande esforo para que minha perspiccia se propagasse em minhas aes cotidianas, fiz de tudo para que a conformidade no passasse batida, no fosse apenas parte de meu dia a dia, e falhei, falhei em todos esses quesitos, e isso pode ter me custado muito mais que a criatividade. 30 de outubro de 2004 Hoje foi um dia puxado, exaustivo. Atravessei a sala e o corpo de Andria estatelado fedendo a vodca no cho. Arranquei a roupa do corpo, dei diversas voltas com a chave na porta para garantir que ningum adentrasse em minha solitria e pequena privacidade. Chequei repetidas vezes se a porta estava trancada, senti um aperto no corao, aparentemente sem motivo, me senti culpada, tantas pessoas sofrendo, e eu aqui, perfeita, saudvel me jogando no fogo cruzado, ajudando os outros para alimentar meu egosmo, com meu sujo sentimento de orgulho, tentando atravs da falsa humildade catar do cho pequenos fragmentos de minha mutilada auto-estima, que pareciam cada vez mais escorrer pelo ralo. Deitei na cama e pus-me a pensar na cor do teto, pensando em algo simples para no pensar em nada. Mal sabia que o branco do teto me lembraria da bandeira branca, aquela que significava redeno, vitoria do adversrio no campo de batalha. Fiquei gesticulando com a boca como seria minha vitria contra um adversrio, o que poderia dizer, aos poucos os movimentos se suavizaram, o branco foi escurecendo, meus olhos involuntariamente fechando e me entreguei a um sono pesado e necessitado por minha pessoa fazia muito tempo, e muitos turnos. 14 de novembro de 2007 Levantei-me tomada por uma dor de cabea insuportvel. Fui em direo pia do banheiro, peguei um frasco de Vicodin e coloquei algumas plulas na boca, engolindo-as sem gua. Abri a porta da geladeira, agarrei um pedao de po duro e velho, passei um pouco de pasta de amendoim e deixei o apartamento propositalmente de maneira barulhenta para que
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Andria acordasse e arrumasse a baguna que havia feito na noite anterior. Nunca nenhum oficial havia ficado to longe das ruas, e to perto da burocracia como eu. Passava os meus dias arrumando papis e dando ordens secundrias a policiais incompetentes, que no conseguiam mover um dedo sem que isso fosse ordenado. A raiva de como tudo acontecia, de maneira to pacata no alimentava meu esprito aventureiro, e se tornaria arrependimento por um dia ter desejado que os eventos que viriam tona fossem minha realidade. O dia pesado se arrastou, as horas teimavam em acabar, mantive o foco de que logo estaria em casa, coloquei a cabea na mesa e dormi. Quando acordei estava escuro, tinha feito meu trabalho, estava livre. Ao chegar ao apartamento, tudo estava limpo e arrumado. Sorri para Andria como uma forma de dizer obrigado sem falar nada, em seguida ela serviu o jantar, comemos e conversamos sobre assuntos variados, me recolhi, deitei na cama e implorei que desta vez no tivesse outro pesadelo. ... Estou correndo por uma floresta, tem algo atrs de mim, mas tenho medo de me virar para checar o que pode ser... Corro com muita velocidade at que atravesso uma porta, estou em um ginsio escolar, muitas pessoas esto me rodeando, rindo e apontando, tem algo a ver com meu sobrepeso, tenho doze anos de novo, ainda sou bem gorda, todos esto rindo da minha cara, como posso ter doze anos, me lembro de toda minha vida, o que ... 17 de novembro de 2007 Acordei suando, assustada. Logo me senti aliviada, tudo fora um pesadelo. Mesmo com todos meus receios, sabia que estava segura naquela cama, virei-me para o lado e continuei dormindo, dormi por muitas horas, sem me preocupar com o relgio, apenas curtindo aquele momento de paz.
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15 de novembro de 2010 mo. Ah, ento isso um homicdio? Voc fez um timo progresso para algum que no tinha capacidade de me responder o que aconteceu dentro da casa. Mas me explique, por que suspeita de um homicdio? - Clark perguntou agora tomado por um sentimento de curiosidade, mas carregado de deboche e descrena. Porque as portas estavam trancadas, e parecia haver uma rea mais afetada, o gerador do local parecia propositalmente destrudo. No fiquei muito tempo no local, mas tempo o suficiente para saber que isso no tem l muita cara de acidente. Deixei a sala enfurecida batendo o p, tomei um caminho alternativo at os fundos da delegacia, tentando assim evitar que fosse abordada por qualquer pessoa. Ainda enfurecida, abri a porta com uma porrada, corri em direo a meu carro e entrei. Fiquei pensativa e decidi que abriria uma investigao, aquele incidente no era um simples acidente, e sua resoluo me tomaria um tempo gigantesco. 16 De novembro de 2010 Estou convencida de que algum iniciou o incndio naquela casa, e quero saber se foi Olvia, a garota est em coma, no temos como falar com ela por enquanto, mas logo O que voc sugere? Sugiro que voc e sua equipe que estavam no local me expliquem o que diabos Quando chegamos tudo havia acontecido, pegamos a histria pela cauda, nem eu nem O que eu vou dizer a todas as emissoras de televiso, ou melhor, o que voc vai dizer? Quando me promoveu no disse que jogaria o departamento de homicdios em minha
pela manh todos vo saber, vo chover perguntas. (Clark exclamou com preocupao.)
acontecera naquela casa! ningum pode explicar ao certo o que aconteceu. Esse departamento seu, essa responsabilidade sua.
sem querer, ou por querer, o que o levo. Quero conversar com os alunos desta escola, algum
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deles vo abrir o bico sobre o que diabos aconteceu. Acho difcil chegar a muitas concluses da noite para o dia, e ainda exigir de mim uma Bem, se me permite, no apenas um palpite, eu pensei bastante nisso, e no estou mobilizao gigantesca, movida por um palpite. dizendo que seja um casso de homicdio ainda, mas considero seriamente essa hiptese levando em conta vrios fatores constatados no local do crime. Tenho o relatrio da percia, bastante incriminador, deveria folhear quando tivesse um tempo - disse de maneira cnica, nervosa e debochada ao homem que se mantinha calado. A imprensa local j havia se mobilizado para cobrir cada passo que a polcia desse, dificultando mais ainda meu trabalho e colocando todos em um estado de estresse desgastante. Eu e Clark fomos at a escola dos alunos envolvidos no incndio, nenhum grande avano ocorreu, o mesmo papo furado de A casa era do Gus! Ele era muito popular e lindo coitado. At que um garota de aparncia plida em sem vida senta esbanjando um sorriso enrustido e se pe a falar comigo: Gustavo era um garoto bonito, esperto e rico, nunca se deu muita conta disso, sei que
sua investigao sobre o incndio, mas o fato do nome Gus se repetir tantas vezes, como deve estar acontecendo, tem um motivo muito mais forte e importante do que o simples fato do incidente ter ocorrido na casa dele. Ele pode ser culpado de muitas coisas ruins - a garota sorriu, e sem minha permisso se levantou e deixou a sala. Boquiaberta, tentava recuperar minha fala, tentei no levar a srio o que ela dissera, mas aquele breve comentrio teve um gigantesco impacto sobre mim. Depois de algumas horas eu e Clark deixamos a escola de maneira quieta, um pouco decepcionada por parte dele. Preferi no anotar minha conversa com a garota. Me arrependi em parte, mas sei o quanto minha opinio quanto ao que aconteceu seria reprimida caso viesse a pblico. ... Era quase onze da noite, atravessei o apartamento, bati a porta de meu quarto e nem notei a presena de Andria que dormia no sof, coisa que descobri apenas na manh seguinte.
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18 De novembro de 2010 Acordei, e por um minuto, esqueci da investigao, esqueci da dor de cabea, esqueci de Andria, esqueci de meu chefe e fechei os olhos curtindo aquele silncio. Rolei para o lado esquerdo da cama, levantei-me, estralei o pescoo, fui em direo ao armrio e peguei minhas roupas. Aps me vestir quase esqueci de pegar meu distintivo que estava em cima de minha mesa de cabeceira, essa mesa por sinal, muito velha e repleta de manchas por copos de gua que ali ficaram sem nenhuma proteo, criando precipitada pela mudana de temperatura e derrubando gotinhas na superfcie. ISSO ME INCOMODA MUITO. Entrei no carro, puxei o cinto, liguei o rdio e sintonizei em um canal de notcias. Falavam sobre o caso, e foram mencionados possveis acidentes envolvendo at raios, mas nada sobre o incndio ter sido obra de algum dos adolescentes, em especial Gustavo. Como a menina havia mencionado, ele poderia ser o culpado por tremenda brutalidade, o culpado pelas almas que queimaram de fora para dentro, culpado pelos gritos abafados, e pelas profundas cicatrizes que consumiram a vida de tantas pessoas. Entrei na sala improvisada de interrogatrio e esperei pela entrada de algum. Conversei com mais alguns jovens, no obtive muitas revelaes, e comecei a ficar aflita. Se no descobrisse nada, o caso seria arquivado como um acidente ou algo do gnero, e tinha certeza de que no fora um acidente, sabia que algum tinha causado tudo isso, e tinha que descobrir se tinha sido o tal menino. Pedi que Clark assumisse, fui escondida at a sala do diretor da escola, espiei e vi que ele estava conversando com a imprensa local, cheio de pompa reverberando sobre algo que nem sabia ao certo. Abri a porta devagar e comecei a fuar as fichas dos alunos. Procurei pela de Gustavo mas no a achei, ento deixei a sala quieta, pensativa e instigada. Topei com o diretor no caminho e pedi o telefone de contato dos pais do menino, que, a princpio se mostrou resistente, mas sob a acusao informal de estar atrapalhando a investigao, acabou cedendo. ...
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Oi, meu me chamo Olivia, sou a policial encarregada da investigao do incndio que Sobre o que voc deseja conversar? Precisamos falar sobre seu filho. O que quer saber? Como ele morreu, quer me perguntar como a dor de perder um
aconteceu em sua casa. Gostaria de conversar com voc pessoalmente se for possvel.
filho, quer me perguntar a ltima coisa que ele me disse? Meu Deus! - A mulher agora chorava raivosa ao telefone. No isso senhora, o que preciso falar de grande importncia e preciso que a Ok, ok, voc pode vir a meu apartamento? Certamente, qual melhor horrio para a senhora? s oito da noite. Ok. Dirigi at o apartamento da mulher, agora uma humilde residncia.Toda a dignidade, toda a riqueza pareciam ter desaparecido junto com o fogo, com as perdas... Senti uma pontada de pena da mulher, mas logo me foquei no que deveria fazer, bati na porta, ela atendeu: ele. No acha que isso causava uma grande presso no menino? Um pouco, mas o que isso tem a ver? Olha, gostaria de dar uma olhada na ficha de seu filho, aquela que foi retirada dos Por que deseja isso? O que acha que aconteceu, acha que ele tem envolvimento com Oi, pode entrar. Obrigada- disse enquanto sentava no sof. Ento, o que queria me dizer? Queria saber, seu filho sofria algum tipo de excluso na escola, alguma presso? Meu filho, no, ele era perfeito, lindo, bonito, todos o admiravam, queriam ser como senhora coopere comigo.
Eu no acho nada, no disse nada, quem esta falando a senhora. Quanta ousadia - disse a mulher sem elevar a voz, mas gesticulando palavres com o Olha, estou te pedindo uma coisa simples, se a senhora no tem nada a esconder, por Drama? Meu filho est morto, vocs so uns incompetentes que no conseguem
movimento de sua face. que fazer todo esse drama? resolver um simples caso de incndio sem jogar a culpa na nica pessoa com futuro dessa cidadezinha de merda! Enfurecida, a mulher levantou e comeou a apontar para a porta. Saia de minha casa! Saia daqui agora, sua maldita, no importa se voc policial, precisa sair daqui agora sua biscate, no sabe o meu sofrimento, e provavelmente nunca vai saber, saia agora! No vai omitir isso por muito tempo, voc sabe do que eu sei, h pessoas esperando por uma resposta, questo de tempo at o laudo chegar, mas pode ficar calma, antes disso venho bater sua porta com um mandado de busca. Levantei-me brava, tomando as rdeas que no tomava h muito tempo, bati a porta do apartamento e com o corao quase pulando para fora da boca fui ao encontro de Clark para conversar sobre o ocorrido. Estava to nervosa que deixara cair meu celular no sof da mulher e no me dera conta na hora, nem na manh seguinte. Erro fatal. 19 de novembro de 2010 Acordei enfurecida, o tratamento que aquela vadia havia me dado, porca pretensiosa... Clark ficara perturbado com minha teoria e fora at a delegacia revisar alguns fatos do caso. Tinha feito uma descoberta gigantesca acerca do dirio que eu havia achado no local do crime. Rapidamente mandou uma mensagem em meu celular. Em minha casa, no me dei conta da ausncia do celular, e pela manh apenas agarrei meu casaco, conversei um pouco com Andria que prometeu mudar seu comportamento e fui para a delegacia. Andria me contou que um colega havia passado muito mal e entrado em coma devido as drogas, o fato a assustou, a menina chorou e disse que os pais dela no gostariam que ela se comportasse desse jeito. Ela parecia convencida em seu novo estilo de vida.
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Antes de chegar a meu destino, ou comemorar a mudana da garota, fui informada pelo rdio de uma tentativa de invaso na delegacia, teriam acontecido disparos, estacionei o carro e cautelosamente entrei no local. Vi o dirio jogado no cho, a me do menino ensangentada e Clark apontando para o caderno ensangentado e amassado. Logo me dei conta do que deveria ter ocorrido, a mulher sabia que o filho tinha envolvimento no crime, e sabia que o dirio era a ltima pea do quebra cabea, peguei o dirio e comecei a ler:
Dirio de Gustavo Passareli Panucci/Alexandre Tomado pelas cobranas, presses e a raiva que crescem cada vez mais dentro de mim, preciso colocar no papel meu sentimento de descontentamento com o mundo, com o modo com que as pessoas me tratam e pelo modo deformado e horrendo que me enxergo no espelho, queria que no fosse assim, sei que no deveria ser assim, mas sei que meu destino final logo se aproxima, talvez essas palavras dem um pouco de sentido a tudo aquilo que venho sentindo, toda essa dor que bate e rebate aqui no meu peito me causando tanta raiva. Se as pessoas tivessem tido mais pacincia, se tivessem percebido que sou humano, que posso errar, que nunca serei perfeito no teria de recorrer a esses loucos pensamentos. Tudo isso me faz querer morrer, nunca serei bom o bastante, estou queimando vivo, toda vez que olhos nos olhos de algum sinto que quero morrer, todos bebem de minha alma, eu achei que tinha de tudo, oportunidades que durariam para a eternidade, mas agora tudo me d vontade de morrer, nunca serei bonito o suficiente e isso me faz querer morrer, tudo isso me faz querer desaparecer, faz com que me sinta to deslocado e mal amado, me faz querer morrer, ainda sinto um pouco de amor, no prprio mas por algum, mas sei que toda vez que olhar no espelho vou ter vontade de morrer, porque tudo me faz querer morrer, tudo me faz querer sofrer. Me faz querer morrer! Seria um talento desperdiado? Talvez um pobre coitado? Talvez ela caminhasse como uma pessoa sem vida de brilho mais que ofuscado...
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Em um caminho de sujos trapilhos, seu destino, fosse ele to pequeno quanto sua existncia, de um passageiro, impacto constante e desagradvel. Seria um amor no correspondido, ou uma fcil entrega e desistncia... Poderia ela morrer com calma, sabendo que tudo que trouxe foi constante incmodo, e agora ela se vai deixando apenas carne podre para urubus e vermes que a estraalharam sem ao menos seu nome saber...
Apunhalada
Quando abrimos nossos olhos, enxergamos uma nvoa de poeira asfixiante, vemos que tudo que atramos era tristeza e o sofrimento de algum que sempre se sacrificou por ns, e agora a apunhalamos como algum de corao frio. Ns a matamos com palavras mais fortes que a morte, que por sua vez suave e rpida. Ns percebemos que matamos essa pessoa em vida e transformamos tudo que era colorido em um cinza profundo, uma grande onda de pura melancolia nos embriagou com tristeza e no com lcool, cavamos um tmulo e colocamos todas nossas emoes a sete palmos do cho, para que elas morram conosco de maneira lenta e fria, morremos sozinhos sem o amor, apenas acompanhados da frieza que tanto negamos e que agora com simplicidade aceitamos. Que caminho ns aceitamos como inevitvel? Que onda de choque nos desviou, sem simplicidade, mas com vulgaridade outra direo (sem corao?) Que fim nos espera? Ser o fim a ltima etapa? Poderamos caminhar eternamente at que nossas lgrimas secassem como o deserto, ser que poderamos enterrar nosso destino e deix-lo sem rumo, procurar uma paz em meio tormenta perfeita e errnea que a vida nos prope, poderamos desafiar as regras das regras e gritar em silncio liberdade, seria a liberdade mais uma regra? No enxergo a liberdade, assim como um cego desconhece o colorido, tudo que sei que nada poder mudar o que aconteceu e o futuro inevitvel, ele vem rpido e fugaz, no rastro da bala seguem nossas lgrimas borradas de sangue... A estrada longa e traz consigo muitas tristezas e melancolias, mas desenterra velhas
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lembranas daquele tempo que todos ns poderamos descansar com paz. O nico quesito de preocupao era a felicidade do outro dia. Ns no percebamos que a verdadeira preocupao era o ciclo vicioso que nos envolvia em seu manto, obrigando nossos olhos a se abrirem para a triste e fria verdade, tal melancolia nos atormenta como a pior das doenas e ao mesmo tempo suave e leve, afinal, o que seria sofrimento, teria o sofrimento graus de impacto? fcil chorar falsas lgrimas, difcil parar de beber e chorar lgrimas profundas. Difcil dar de encontro com a verdade que nos julga com frieza e sem individualismo, nos julga de maneira to imparcial que seu manto de puro vidro quebrado e tristeza daqueles que l se enrolaram esperando que ela os protegesse, e aquela falsa proteo os alucinava e eles esqueciam que o vidro cortava sua pele como uma bala rasga uma lata suja de areia. Ele os cortava de dentro para fora, e quando percebiam, eles j haviam morrido, mas morreram em paz, por isso seria essa promessa de proteo verdadeira ou apenas a iluso...
Corao partido: Corao partido, choro meu corao partido que queima na brasa, desavenas e tristezas caramelam esse amargo doce que sou obrigado a me deliciar, afinal, o nico doce que eu tenho. Meu corao partido chora sangue, vejo minha anja sem asas desaparecer na luz branca, seus olhos azuis, sua pele branca dificultam ainda mais que eu corra atrs, vejo-a partir, no a vejo sorrir, me vejo sucumbir e apunhalado meu amor partir... O ATOR: Tudo perfeitamente incongruente e se encaixa de uma maneira perfeita, seja o drama e as lgrimas que correm dos olhos surrados de um protagonista que confunde a vida real e se questiona: seria a sanidade uma arte ou sua falta a realidade difundida no mais belo tom de cores? Seria uma triste verdade ou um fim sem precedentes? A graa de vivenci-lo para aquele homem era alternar seus sentimentos, viver diferentes vidas e diferentes papis. A
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graa de ser nico, no meio de tantas pessoas parecidas... Ele sabia que nunca poderia descansar feliz, pois hora de cair morto no cho era certa e certeira (e o atingiria), e sua nica opo seria matar algum que ele criou e agora diz adeus sem ao menos enxergar aquele que tanto amou. Aquilo no era apenas um papel, e sim uma vida que passaria despercebida, mas sua melancolia se escondia atrs do sucesso, atrs das rosas estavam espinhos sujos de um sangue que no podia ser visto a olho nu, tudo que ele sabia que a lembrana ficaria, a lembrana de um sonho criado por sua louca imaginao, tudo que ele sabia que no era o tempo e sim a fora de seu amor repreendido no meio de uma mgoa negra, ele fazia fora para chorar, mas no podia, nem seus olhos viriam a se avermelhar, ele fez fora mas seus olhos estavam dispostos a nunca mais derramar uma lgrima, e ele se refugiou...no calibre de uma arma fria.
A mulher perfeita: Aquele no era um sorriso comum. Ela nunca existiu, mas sempre foi meu objeto de fixao, uma fixao louca, seus olhos perfeitos e sua pele intocvel a tornavam a mulher mais perfeita do mundo. Talvez ela no existisse mais. Se eu pudesse toc-la eu diria que a amo. Ela mostrou que a beleza intocvel e s pode ser sentida com o amor, ela poderia ser um sonho, mas mesmo assim ela seria real se eu acreditasse, ela seria linda, ela seria algo que me foge s palavras e me faz estremecer, ela me faz repetir vulgarmente as palavras e meus dedos borram o papel com a tinta, ela vai embora, mas deixa seu brilho marcado em mim...
A ALMA: O rastro da bala certeiro, seus olhos agora se enchem de lgrimas e ela olha com desprezo a vida que levou. Percebe que morreu nos braos daquele que nunca amou, ela percebe que tudo mudou. V que a vida nos muda e que no ltimo instante tudo poderia ter
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sido diferente, mas foi igual, ela percebe que tudo foi intil se sua lgrima no cair, se o silncio for alto demais e ela morrer de olhos fechados, pois s de olhos abertos ela continuar uma sonhadora, pois sua alma nunca esteve de verdade naquele corpo, a verdadeira alma corre livre e s o corpo fica limitado... Imagem borrada: Seus olhos se apagaram de minha mente. Voc virou uma lembrana borrada e perdida entre meus pensamentos mais sombrios, voc se descoloriu aos poucos, se transformou em pura melancolia, se transformou em uma desagradvel lembrana e por mais que tente me lembrar de voc, sua imagem continua a se apagar... Seu brilho ofuscado me deixa poucas palavras, dolorosas, que me abatem como a maior das melancolias, sua voz arranca sangue de mim e sua presena me desgasta aos poucos at no sobrar nada. A ARTE: As pinceladas se arrastam pelo papel criando tanta expectativa, e os olhos daquele que deveria sorrir olham com tamanha apreenso a arte se tornar pura realidade, tomando formas abstratas ao seu julgamento... Ele as observa minuciosamente procurando algum defeito, na arte ele se joga de cabea sem enxergar a definio da arte. O que seria a arte? Ela existiria sem a motivao? E ser que ele um dia no foi aplaudido? Como pode manter sua cabea erguida, se no havia motivao, apenas um silncio interno repreendido, que s poderia ser libertado atravs de pinceladas fortes e suaves que transformavam aquela mera e medocre tela em uma obra de arte, estaria ai sua definio, seria a arte o amor verdadeiro ou a repreenso? Ela se despede:
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Ela se transforma e a angstia toma conta de mim. As lgrimas secam e o rancor parece dominar tudo. Aquela angstia que bate em minha porta e me persegue como louca atrs de meu sofrimento, sugando toda minha felicidade que agora mais do que nunca est escassa e pobre, miservel, vai embora de cabea baixa, sem olhar para trs. Ela no acena nem se despede de mim, vai embora com raiva por eu no correr atrs dela, mas como poderia correr se meus sentimentos esto mortos, agora vejo ela se afastar com frieza me deixando apenas a tristeza...
A grande mentira: As mentiras se tornam a mais pura realidade e me perseguem. Aquelas mentiras desejam se tornar reais e sabem que so passageiras e incapazes de ficar em minha memria. Ela me tortura e me confunde me levando a questionar: Seriam elas a realidade? Seria a realidade uma distoro da mentira? E se a realidade fosse a mentira? Se a mentira fosse a mais pura realidade, se confundindo no ar e disseminando sua matria no ar, que matria teria ela, passageira mentira que me persegue? Tudo que sempre quis: Tudo que sempre quis foi te ver sorrir, tudo que sempre quis foi fazer com que fosse feliz, tudo que sempre fiz foi brigar por voc, tudo que sempre fiz foi observar voc, sempre estive lhe observando mesmo quando jurava que o mundo inteiro a havia abandonado, tudo que sempre fiz foi me jogar ao vento e a sorte atrs de uma qualidade que fizesse com que voc me notasse, tudo que sempre fiz foi escrever cartas de amor sem destino, tudo que sempre fiz foi pensando no quanto a amo, tudo que sempre fiz foi sabendo como tudo isso terminaria, sempre soube que tudo seria uma catstrofe, uma bola de fogo, mas quero viajar ao quinto dos infernos se for para estar ao seu lado. Velhas lembranas:
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Me faltam palavras, torno o pblico meu dirio pblico, me apoio em minhas palavras bambas e vejo o mundo cair aos poucos, vejo que a luz no fim do tnel um incndio, vejo que tudo que era antes virou uma vaga e apagada lembrana de algo que um dia foi felicidade, se tornam valiosas no momento que no posso mais viv-las, no momento que elas parecem estar perdidas...
O BBADO: Entre garrafas vazias e vidro quebrado choro lgrimas secas. O que me resta de misericrdia prpria asfixio com a fumaa do baseado. Mato aqueles sentimentos mergulhados em um buraco eterno, dou-me ao luxo diante das circunstncias que me encontro. Afinal, de quem a culpa? Poderia cair em cima de um pobre bbado que vive a cambalear e viver de suas palavras surradas, um miservel atrs de um terno de linha italiana puda, um triste destino que acabaria em uma rua escura com o carro enfiado em um poste, mas minha morte seria memorvel e me tornaria no futuro mais do que esse anonimato.
Falso Manto: De que serve esse manto que me cobre se ele de falsas esperanas? O que poderia ele pensar, ele inanimado, assim como os sentimentos que fui perdendo aos poucos durante essa veloz e repetitiva vida? Seria ele a encarnao de velhas memrias que deixei escapar aos poucos, memrias que tentam falhadamente mudar a triste verdade, a de que elas so apenas a mentira, pois nunca acontecero e nunca foram libertadas, memrias que mais parecem sonhos, angstias. Passam a mo na cabea delas, e elas fecham os olhos e tentam viver uma mentira para no arcar com a realidade, essas memrias so nossa sociedade, passageira, triste e frgil.... Apagadas:
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O tempo parece ter esgotado os bons momentos que restaram, deixando apenas chulas memrias de um tempo esquecido por fortes emoes, que se tornaram a mais pura tristeza caindo abatidas... O que parecia eterno se ofuscou at o ponto de se apagar, deixando apenas o nada, um espao. Sozinho para chorar a perda das preciosidades da vida...
Desafio muito mais que a boca de B.M: Me encontro parado na frente de meu maior desafio, aquele que me atreveu a enxergar alm do que os olhos podem, aquele que me ensinou que no errado cobiar e sim no aceitar o que se j tem, aquele que se ops em minha frente como um inimigo e que agora termino com amor e dedicao, um desafio que agora se deita ao meu lado, que agora no mais um desafio que deita ao meu lado, agora um beijo na chuva, um beijo lento, um indiscreto orgasmo que chama a ateno daqueles que o contemplam em volta, fazendo silncio.
Estrada: Atravs dessas curvas me desviei at o suor secar. Ca no cho, vi tudo desabar e a verdade se manter intacta e inativa em algum lugar longe de mim. Vi luzes e pessoas passarem, vi todos irem e virem e poucos ficarem Vi que o inferno se sobreps sobre a felicidade, mas o que afinal seria o inferno, o CeRto e O ERRadO, o que seria a verdade sem a mentira, se tudo se difundisse de maneira a no voltar a se organizar, se o padro fosse quebrado, o que seria da sorte e do azar, o que seria do final dramtico se a risada fosse apagada por gritos abafados sem preciso, do que se tratavam, se tudo estivesse invertido e a estrada estivesse agora em cmera lenta e eu me movendo de maneira rpida em direo
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Verdades e simplicidades da melancolia: Aqui jaz verdades e simplicidades de melancolia, estas que descansam sem nenhum louvor, sem nenhum luxo, alm do que essas poderiam conseguir em sua etapa inicial de transio, entre aquilo que parecia ser o centro de sua existncia, mas que agora, era uma etapa. Por mais que bem vivida, uma etapa, e se conformar com seus ganhos era um sinal de humildade, entre a humilhao que em conjunto caminhava com essas verdades e simplicidades que nada tinham a temer e a perder. Tudo que tinham era o talento amargurado e ressentido, preso por uma vida inteira, um sentimento que as trazia de volta, e reduzia sete palmos a gros finos de terra. Estranho sentimento esse que poderia mudar tudo sem mudar nada, agindo na sutileza mais refinada, causando um impacto que s poderia ser visto por poucos e sentido por menos ainda, mas causando tamanho impacto que com certeza seria algo a ser desconsiderado. No considerar essa coliso no em massa, mas interna. Uma coliso que abala estruturas emocionais e desmorona muros slidos de tristeza e amargura, sentimentos crucificados na alma daqueles sentimentos melanclicos que olham ao cu com esperana de um dia serem mais que a tristeza, mais que a simplicidade banal que j se aplica no cotidiano, eles sonham com o diferencial, sonham com a capacidade de mudana.
Iluso perceptiva: De que sentido tem a literatura se essa ecoar no silncio, pois o silncio no ausncia de presena e sim de percepo e essa a maior ausncia que se reflete em nosso cotidiano, que, afinal, sempre foi agitado de uma forma ou de outra. Mas as cicatrizes se curam e junto a elas a lucidez se confunde, e esquecemos que aqueles momentos que pareciam ser bons eram momentos de euforia e tristeza, eram momentos que deveriam ser
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recordados com melancolia, mas se perdem no esquecimento passageiro, que se colide com a rapidez que exigida das cicatrizes para que essas se fortaleam, afinal, amanh podero estar novamente abertas e precisam de pelo menos uma noite para se iludirem com um final que nunca vir as acalmar...
A melodia desgastada e a pluma pesada: A mesma melodia se desgasta tocando a mesma melodia, e as letras balanam no ar coreografando sem vida o que um dia j foi algo prazeroso, mas que agora levado pelo tempo por uma tempestade imprevisvel, rpida, lenta, contraditria e sem sentido, que s confunde e distorce a realidade a tornando algo ainda mais indistinto do que est j entre ns. Que caminhamos aqui, quietos, esperando que a morte chegue, apreensivos, mas em silncio... Esperamos morrendo de medo do que vir, se este ser leve como a mais pura pluma ou pesada como a mais carregada tempestade. E se a pluma casse em alta velocidade tomando peso maior que seu tamanho, afinal, tudo uma questo de proporo, ser que aos meus olhos minha morte ainda seria leve?
Desejo: Quando a inveja no mata, ela consome, seduz. Por me mutilar, acabei por me apaixonar pelo perfeito. Por ser o imperfeito, admirar tudo aquilo que considerado bonito, j que eu no sou, apenas cobio, desejo, desejo, no sexual, talvez apele s vezes, mas na maioria das vezes inveja deste mundo perfeito que no me encaixo, que no h molde que eu me encaixe, sou consumido por remdios e doenas, repulsas chiques que acredito que me levaram ao meu destino, perfeio e pura luxria, no quero todas as mulheres do mundo, mas quero ter o poder de sair como flecha arrasando o corao de todas elas.
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O vagabundo: De que serve a motivao, se o silncio toma conta do ambiente com sutileza indiscreta, e mostra a ele o fracasso? Quando chegava perto dele sentia tamanha euforia... Como este poderia viver uma vida to simples e fracassada, com um estigma grudado ao seu prprio suor que muito pouco escorria, afinal, aquele s fingia estar se esforando, pois o esforo at que vinha, mas era falso. E de que isso adianta se passa o tempo escondido em seu prprio mundo, sem ao menos reclamar suas poucas vitrias, que foram mais pela sorte conquistada, que por seus olhos que pouco demonstrava a achar algo naquela nvoa que eu chamo de desafio? Eu me assustei com sua ignorncia e falta de conhecimento, me envergonhei em parte por sentir at nojo dele, mas me motivou a fazer ao mximo algo que evitei, pois no poderia conviver com o fato de ser to vagabundo daquele jeito, sem sonhar, apenas procurando sem vontade um destino pobre que me traaria aos poucos, uma espcie de estupro mental que derramaria meu tecido enceflico por todo o cho, que por sua vez possua muito pouco acabamento, aquele miservel com destino pequeno, me motivou mais que qualquer coisa a seguir em frente para o futuro.
Esquivando-me de cacos de vidro e ao retorcido: O destino se choca com palavras de vidro e ao retorcido e tenta se esquivar da morte que vem despedaada e aos poucos tomando forma e matando o destino de maneira lenta. A tristeza se tornou a nica felicidade presente em sua rotina, pobre destino que agora comea a se cansar e nem ligar para os cortes que derramam seu orgulho no cho de mrmore e transforma aquele todo poderoso em um servo feudal, um mero campons obrigado a seguir caprichos sacrificantes, at que a foice desa e decepe de uma vez seu pescoo, acabando com a dor interna de seu corao, o levando para longe, agora ele poder parar de se esquivar porque tudo que resta um corpo morto sem vida. A NOITE FRIA:
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A noite cheia de tormentas e mgoas que se propagam aos poucos, tomando formas amedrontadoras que levam os lcidos loucura, transformando o certo em errado e difundindo todas as cores, e excluindo-as uma a uma at que a ausncia delas seja tudo que resta at que mais nada possa se erguer e a morte seja a nica mo estendida para aqueles rejeitados e pobres que caram na desgraa de ficarem expostos ao relento da noite. Aos poucos, em passos que deslizam como a dana, cortam suas esperanas e reduzem as migalhas, as transformando em meros gros, e a beleza atrs da desgraa se mostra quando a felicidade desses liberada em um sorriso, quando morrem e sabem que nunca mais sero acordados e que agora podero viver seu sonho, mas na morte percebem que mesmo dormindo em paz tudo continuar escuro como a noite, e novamente eles entraro em desespero, afinal, eles at poderiam queimar no inferno se o inferno tivesse luz e fogo como prometido, assim poderia aquec-los, mas o inferno se mostra frio e congelado, e suas almas necrosadas procuram a luz em meio escurido... OBRA DE ARTE VIVA: Vejo voc de longe, seu sorriso. Minhas preocupaes so milionrias, mas voc enxuga tudo e bota de lado quando sorri. Vejo seu corpo, vejo seus contornos, voc a obra de arte mais bem desenhada que j vi. Passo a rasgar minha pele , no me conformo que isso seja realidade, que voc seja realidade, anja, anjo, luz, voc a luz, minha luz, apaixonado, no queria estar, preferia apenas seu corpo desejar, mas a verdade que algo no seu perfume desperta uma sensao que nenhuma outra mulher desperta em mim, com simplicidade voc me leva em loucas viagens cheias de luxria, todas as pessoas minha volta perdem a graa, ficam mais feias, mais cinzas e voc as toma a cor, mas no sinta culpa, contanto que o seu corpo deite ao meu lado esta noite, que voc esteja disposta a ser minha e de mais ningum, amor da minha, vcio da minha vida, razo da minha conturbada existncia.
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Luxuosa: Luxuosa, bela, se propaga no ar como a mais doce melodia a me leva a pensar como tudo perfeito e imperfeito, como o drama e a comdia andam juntas, como a variao das diferentes formas de interpretar o dia-a-dia transformam a mera e medocre tela em uma tela de obra de arte, percebo que a msica muito mais que linda, teraputica, percebo que o adeus significa ol muitas vezes, e que a contradio a razo, que as luzes no danam no ar, mas meus olhos acompanham seus movimentos enquanto a melodia compe a mais bela arte e a felicidade me domina por completo.
O verde de terno e gravata: Deixo as linguagens coloquiais de lado e observo minuciosamente as folhas se remexendo ao redor de minha viso, desenhando o quadro mais famoso e pouco valorizado que existe, a vida.As folhas pareciam criar tamanha expectativa em mim, e eu observava o movimento de tudo com muita cautela, o olhar artificial que antes lanava se encontrava em algum lugar bem longe e inativo, a rotina banalizada, os ternos tomavam cores e os sentimentos afloravam tomando formas agora mais que abstratas. Aquilo no era um filme, no era a arte, era uma rvore de outono sendo acariciada pelos ventos, essa era minha interpretao, claro que poderia ser outra, poderia considerar que aquela rvore estava sendo surrada, afinal, tudo momentneo e no faz sentido a menos que ns procuremos algo para apoiarmos nossas teses e tentarmos compreender o inexplicvel.
A msica e sua influncia: A melodia se decompe e as letras fluem com mais leveza, a msica conduz minhas mos com suavidade, tornando as palavras belas melodias. A prosa e poesia percorrem o
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papel com felicidade e ternura, a msica torna realidade o que apenas era um distante sonho, uma respirao mais profunda e suave como consequncia, assistir ao show que eu mesmo fao em silncio com apenas o som me conduzindo e a mais bela poesia cantada, a mais bela histria narrada ao som, algo lindo e maravilhoso, a influncia da msica.
Palavras Filtradas: As sombras passam, as pessoas parecem se aproximar e a distncia se estabelecer, os barulhos misturados no ar se diluem e aos poucos as idias vo tomando forma, os sonhos e a realidade se tornam mais simples, aos poucos meu entendimento se torna mais puro, e atravs destas idias posso voar, posso me libertar, me filtrar, achar meu eixo central, algo extraordinrio como elas se encaixam to bem no meu cotidiano, e me conduzem com leveza.
A energia: Sinto uma energia que me percorre com velocidade, fugaz e rasteira, corre por todo meu corpo, insiste em destacar os pequenos atos, jogar o cabelo, virar os olhos, uma energia que toma conta de mim e diz que eu posso fazer tudo, ela guia meu corpo como uma valsa e cada movimento parece perfeitamente coreografado, os meu ps deslizam pelo cho como se eu pudesse voar, essa energia no tem nome nem identidade, mas me marca com profundidade. A puta mais bela de todas: Eu a vejo caminhar desolada com os sapatos na mo. Para aqueles que passam rpido ela mais uma puta bbada de rua, mas algo sutil em seus movimentos, a maneira com que ela chamava a ateno, cambaleando bbada rua abaixo... Queria poder ajud-la, mas me encontro parado observando minuciosamente seus movimentos em cmera lenta, eu a acho
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corajosa, parece renegar tudo que imposto sua frente, ela domina minha cabea, e s de pensar que toda essa manipulao mental veio do simples caminhar de uma moa de rua, agora, refletindo ,vejo que algo pequeno que define uma grande personalidade.Ser que um dia eu a verei de novo, aquela mulher que bbada cambaleava na rua afirmando ser apenas uma miragem de minha conturbada imaginao?
Um milagre chamado Vanessa: A imaginao se apaga como uma lmpada quebrada, as cores e cheiros desaparecem de maneira lenta, e talvez por isso parea ter sido to rpido, porque no processo de perda eu me dei ao luxo de rir da ampulheta, dos ponteiros, e agora com sangue nas mos, e muita pouca imaginao, giro para trs os ponteiros na esperana de um milagre, na esperana de a inspirao voltar pela porta que sara, s assim eu poderia dizer quanto a amo, e sei que um dia ela voltar, at l tudo que posso fazer chorar e retroceder com meu dedos, metal enferrujado, na esperana de um milagre, um milagre chamado Vanessa. Ser o escuro? Seria errado cobiar mais do que se tem, seria errado olhar discretamente a amargura daqueles que sofrem e pouco se importam, ser que eu poderia deixar que o mundo queimasse em chamas enquanto fico parado observando seu fim, ser que a minha imobilidade causaria choque naqueles que correm desesperados, ser que eu poderia encarar os olhos desapontados de uma criana que pede socorro, ser que eu poderia lhe atirar um leno e substituir por aquilo um plano de fundo preto? Mas se eu fizesse isso toda hora minha vida iria se tornar mais escura que a noite, que to iluminada tem com requinte aumentado o dia e afirmado sua individualidade, que nada tem a ver comigo, pois o escuro nunca apresenta desgaste ou aperfeioamento, ele apenas a ausncia de opinio. Ser que com tantas aes erradas eu poderia viver no escuro esperando a morte, e quando ela
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chegasse, ser que eu iria rir ou chorar, ou ser que estaria imparcial como o escuro... Como a morte poderia me levar se eu estivesse no escuro, talvez fosse esse meu castigo por uma vida de pecados, andar eternamente no inferno da Terra enquanto queimo. O que me restaram so lembranas, at que meu corpo caia no cho sem vida... Conto De Fadas: Vejo a chuva cair pela janela, conto de fadas... Queria entrar pelo buraco do coelho... Queria entrar pelo buraco da arma e sair em alta velocidade arrasando coraes... Conto de fadas, seria chuva, seria choro? Seria conto de fadas... Lentido com que o tempo passa, parece rpida demais para minha tristeza acompanhar, ento se apia em melancolia e desespero, e em mais desespero, e navalha no pulso. Conto de fadas ora louco, (ora) sempre surreal, conto de fadas, pena que o meu h de ser a sete palmos do cho...
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Duvda ou dvida de mim?: Dvida, eu tenho dvida, ser dvida a engrenagem da sociedade ou seu parafuso solto? Ser dvida poesia, conto ou relato, dvida! ISOLA LIBERTA ACORRENTA EXPERIMENTA? DVIDA! Vem e vai, mas nunca se apaga completamente, e dvida vira raiva, calor, vira angstia, pura angstia, que aos poucos me mata, ser que me mata? DVIDA! Eu tenho muitas dvidas, e voc, duvida de mim? LOUCA EUFORIA: Louca euforia, no tem som, no tem fria, no tem voz, tem apenas a inquietude, que me leva de canto a canto. Mas que louca euforia esta, desacompanhada, sem voz, no esquizofrenia, ento poderia jogar tudo para cima , e a euforia h de ir? NO!
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Insiste em ficar como um parasita maldito e eu pobre hospedeiro, louca euforia que fica, e que fica sem me deixar, seria loucura, ela me afeta, me constrange, porque no formal, no segue regras, no v valores em costumes, ah, mas sem ela no vivo, porque por mais louca, ela e sempre ser minha nica companhia, minha louca euforia... O VELHO SBIO: Olha l quem vem cheio de pose, o grande sbio, de intelecto superior, ele se gaba. O que ele no sabe que em meio sociedade seu intelecto se diminui e se adequa massa, agora ele to estpido quanto um babuno, to incompreensvel como o braile para uma criana que v cores em tudo. Agora ele burro e incoerente. Pobre sbio, que um dia foi fonte de inspirao, hoje h de ser minha grande frustrao, o vejo catar migalhas de po tentando reconstruir um velho sermo. A MOA: Vi uma moa andando, moa inusitada, observo seus movimentos em cmera lenta. Nunca vi tamanha perfeio, em tamanha banalidade, no era paixo. Sem nenhuma razo, apenas olhei, e olhei, at que sua imagem se tornasse uma turva pincelada nos meus olhos. Eu pisquei, porm, mantive meus olhos fechados, no queria ver ela partir novamente, queria ela sempre em minha mente, para sempre, sei que se aquela fosse a minha ltima viso seria o homem mais feliz...
O ESCRITOR SONHADOR: Maldito tempo que varreu meus sentimentos e meus tempos, maldito tempo que fez de mim mais frio, mais calculista, mas me diga, tempo, foi voc que me fez diferente, ou foram
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plulas e drogas que me abatiam aos poucos me matando e deixando apenas uma velha alma triste e enxuta dentro de mim? Mas que alma boa esta, esta alma que se aperfeioaria, esta alma que focada poderia se realizar e a com a caneta, sonhos realizar. FUNERAL: Hoje seu funeral, no choro, no derramo uma lgrima, passo intacto pela morte. J voc parece abatido. A chuva desenha lgrimas em meu rosto, molha seu caixo, destri meus sonhos e a terra se dissolve sobre meus sapatos e abaixo deles.Ela escorre sobre voc, se sobrepe sobre voc. Eu queria chorar, queria lamentar, queria estar triste assim como , imagino, voc est, mas como eu poderia estar se fui eu que puxei o gatilho da arma que te matou? Talvez tenha sido rpido para voc, mas eu posso jurar que vi em bullet time ela viajando at pegar em seu corao. Vi seus olhos de tristeza, e naquele momento quis chorar, no de tristeza, OU arrependimento mais sim de alvio, por ter voc longe de mim, mas agora no importa, j que no fim de minha reflexo voc se encontra a sete palmos do cho.
OLHOS DE DIAMANTE: Seus olhos so diamantes e refletiram a luz me deixando cego. Pareo caminhar sem direo, mas sinto seu cheiro, seu perfume, sua excitao no ar, sinto voc. Vejo na escurido flashes de luzes que me guiam, no parece ser amor, parece ser pura luxria, puro prazer, mas o que quero fazer com voc, voc puro prazer, s tenho olhos para voc, e no importa se estou cego, pois pretendo usar apenas o tato, pretendo embaar as janelas junto com voc, mas preciso de confirmao, preciso sentir que voc tambm quer, quero voc de qualquer jeito, de qualquer forma, me guie agora pois seus olhos de diamante me cegaram.
INFLUENCIADO: O que certo e errado? Tento catar esses cacos de vidro do cho, mas acabo
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sujando mais as coisas com o sangue que derramo. O que preciso fazer quando nada disposio. O que se torna controvrsia, seria apenas padro pr conceituado, o que eu considero errado, o que eu julgo j pr conceituado, como posso saber se no estou sendo influenciado por vozes ocultas que me perturbam durante a noite, por vozes cada vez mais altas que gritam: FAA ISSO, FAA AQUILO! Ser que eu no posso me decidir sem ser influenciado, sem ser pr-conceituado?
MARIPOSAS, BENDITO FRUTO QUE H DE APODRECER EM MEU ROSTO: Vejo seu sangue, vejo que as borboletas que voavam no meu quarto so malditas mariposas sem cor, sujas. Maldita repulsa, tento me esquivar, mas elas continuam pousando sobre meu lbio, me obrigando a silenciar as vozes. As vozes que me atormentam, malditas mariposas, por que no podem ir embora, por que ficam sem parar de me atormentar, pego uma por uma e as esmago, mas em vez de sangue de seus corpos caem malditas larvas, o maldito do bendito fruto da vida que passa adiante esta maldio! Seria a soluo uma faca, meu rosto arrancar para que elas pusessem suas crias em minha carnia apodrecida, ser que isso que elas querem? No posso dar meu corpo para elas, MALDITAS MARIPOSAS QUE VOAM EM MINHA VOLTA ME ENLOUQUECENDO, MALDITAS, MALDITAS, por que, por que precisam ser to ms, por que querem toda gota de sangue minha arrancar? Vejo seu corpo morto no cho e vejo que voc cedeu s mariposas, ser que eu tambm devo ceder? Ser que eu tambm devo fazer de meu destino, de meu rosto, pura carnia infestada de vermes, ser que meu destino no mais que o punhal torto desta faca? MALDITAS MARIPOSAS QUE AO MEU REDOR VOAM, E NEM SEQUER PARAM DE SUSSURRAR UM MINUTO, MARIPOSAS, MARIPOSAS, MARIPOSAS, TODAS NO AR, A TODO INSTANTE, INSTIGANTES, COMO CONSEGUEM SEM SE CANSAR APENAS ME ATORMENTAR!
COBERTO DE EXCREMENTO:
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Sou louco, sou mesmo? Sou, acho que no fundo sou, de canto em canto me arrasto, meio vivo meio morto, tem at palavra para isso, pareo mrbido, mas entenda, a culpa no minha, tem certa ironia nesta cascata de merda que cai sobre minha cabea, sobre este ftido cheiro que me persegue e que as pessoas evitam, mas no fundo gosto do cheiro e da bosta em minha cabea, da merda em meus lbios, porque este meu consolo, ser que se eu estivesse so, limpo, as pessoas estariam mais prximas, ou outros defeitos elas achariam para me crucificar? Ando coberto de excremento, mas pelo menos h de ser minha companhia, meu consolo de que eu no sou o erro, ele, ele que afasta as pessoas, no sou eu o pedao de merda, e essa sensao de consolo tima, agora no venha dizer que eu cuspo no prato que eu como, eu derramo merda nele mesmo, voc derramam a merda em mim e querem que no escorregue no prato?? AAAA MANH H DEE SER OUTRO DIA! PARA SEMPRE JOVEM Gostaria de ser para sempre jovem, gostaria de ser para sempre jovem, queria viver para sempre jovem gostaria de nunca precisar crescer, gostaria de nunca sofrer, queria nunca me preocupar, nunca ter vontade de algo tomar, gostaria de ser para sempre jovem gostaria de viver para sempre, sempre jovem, gostaria de ser para sempre jovem... DUROS: Amargura, raiva, este sentimentos te fortalecem, ou te destroem, parece bvio, mas acho que no pois at o amor no fim lhe deixa frgil, lhe desmonta, ento, que sentimentos frios , que congelam o corao, esses sentimentos parecem bons de certo modo, parecem endurecer o corpo e o corao, ento presumo que na hora da queda aqueles frios e tristes sejam mais fortes, mas tambm mais fracos para catarem o que se espalhar, fracos, muito fracos, eles so de fato, pobres, no existe amor ou rancor, todos nos levam a um fim inevitvel, a auto destruio...
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ESPERANAS E DESESPERANAS INCONGRUENTES: Esperanas parecem despedaadas, amores parecem velhos hbitos, a costumeira rotina tirou a cor de tudo que me prestava, restando apenas la traviata para ouvir, at que o som dela tambm se fosse, e junto com ela meus ltimos momentos de felicidade, uma pena que o comodismo tenha feito de mim pessoa triste, homem infeliz, criana sem brinquedo, queria poder ver a felicidade, mas tudo que se reflete atravs de velhos e engordurados vidros de acrlico metlico a tristeza que se sobrepe,e junto a ela falsas promessas, e aquele velho manto que feito de vidro, mas que para os infelizes um pouco de conforto h de trazer no inverno, por mais que inundado de sangue... Nunca parei realmente para analisar uma obra de arte, nunca realmente ouvi a tinta soprar idias atravs da tela para meus olhos, nunca apreciei o colorido como algo bonito, nunca vi detalhes, nunca parei para pensar como tudo perfeito, PERFEITAMENTE INCONGRUENTE, nunca parei para pensar como me repito em minhas palavras e frases mais famosas, olhe, nunca parei por um segundo, nunca paramos nem depois de mortos conseguimos alcanar a paz que tanto buscvamos, esperanas e desesperanas, peras e cantigas que fazem de mim mais humano, ou menos, nunca parei para pensar como sou incongruente.. VIDRO: Posso ouvir voc chegando devagar, os passos ecoarem pelas paredes, o som se distorcendo pelo espao, sua voz continuamente rebatendo nas paredes de minha cabea, mas no a enxergo, no a toco, mas sinto seu poder de destruio, sinto suas unhas cravadas em minha carne, seu cheiro penetrando meu corpo, seus espinhos cortando meu rosto, mas estou sozinho, voc conduz meus movimentos, e aos poucos o pedao de vidro se aproxima de minha garganta, o sangue parece ser uma manta, me cobre por inteiro, quente e reconfortante, voc se afasta, aos poucos o sangue esfria, e endurece, a dor parece ir embora, a luz comea a nascer do nada, meus sentimentos comeam a abrochar, um sorriso em meu rosto, voc me levou embora.
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NO AR, VOC, AMOR: Toda vez que me aproximo de voc me distancio, gostaria que voc me notasse assim como noto-a, gostaria de t-la por inteiro, gostaria de v-la sorrir para mim, acho que preciso de voc, vejo seu rosto me perseguir em sonhos, imagino e vivo cenas de amor no meu subconsciente com voc, mas na realidade voc parece se mover em outro compasso, em outro mundo, seu ritmo parece muito distante, tento alcan-la, mas toda vez que eu chego voc j faleceu, este pesadelo se repete noite aps noite, corro desesperado na chuva para lhe encontrar, mas no h jeito de chegar, o destino quis te reservar a solido para pairar. MINHA PERFEIO ESCULPIDA: Dirijo pelas ruas da loucura, atropelo os pedestres cegos e a nova tintura do meu carro base de sangue, quero me divertir, a batida segue um ritmo louco, sigo desnorteado pelas mesmas ruas que antes eram to sem graa, onde costumava festejar... Me encontro parado, vejo tudo queimar, e ao invs do fogo apagar, jogo lascas de papel para o aumentar, dou risada, hahaha, afinal, a culpa h de cair em cima de um louco, to louco o jogo, to simples e to complicado, to controverso, to humano, mas feroz como um animal raivoso, dirijo, no sei onde vou chegar, mas sei que vou acelerar ao mximo, sei que mesmo que haja um muro, a perfeio que estou esculpindo o h de esfaquear.
ESCRAVO DO VCIO: Numa maca de um hospcio em chamas, esse meu constante pesadelo, seria a loucura minha e mais prxima amiga, ser que sou to louco como mostram os espelhos distorcidos, ser que minhas lgrimas so tinta azul, no gosto de chorar, a tinta txica, no faltam sentimentos, mas entenda, com 900 gramas de anestsico babar e ficar pseudo fora de si algo extremamente saudvel, e quando bate tristeza, no h do que reclamar, porque a dose sempre h de poder aumentar, escravo do vcio sou eu, mais um escravo do vcio, assim
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O DIA QUE O VENTO ENTREGAR AS CARTAS MULHER DE MINHA VIDA: Vivo mutilado sem voc, escrevo cartas de amor, infinitas cartas de amor que mando sem destino ao destino, para que um dia o vento as leve at voc, um dia que o tempo h de colaborar com meu corao e meus sonhos realizar, um dia que tudo se tornar mais claro, um dia que voc vir buscar meu beijo de volta, o dia que eu achar o caminho de seus lbios, de seu corpo, te farei a mulher mais feliz do mundo, mas at l me contentarei com falsos orgasmos e falsas promessas de um vento que diz lhe entregar minhas cartas de amor... SEU CHAMADO Foi voc que me mandou que eu ficasse em silencio, foi voc que disse que no poderia me amar, foi voc que me transformou em um pesadelo, foi voc quem me tirou o direito de amar e ser amado, foi seu chamado que me tirou da estrada, que me apunhalou no corao, foi seu chamado que me fez reparar que o gelo me necrosava. ALGO NEGRO Algo negro corre em minhas veias, algo negro cobre meus olhos, algo negro desafia minhas boas aes, algo negro afoga minha bondade, algo negro sorri maliciosamente para mim, algo negro ensurdece meus ouvidos, algo negro me faz querer provar do proibido, algo negro me faz brincar no escuro, algo negro me faz invencvel, algo negro me faz poderoso, algo negro destri minha fragilidade, algo negro corrompe meus valores, algo negro me leva ao topo, algo negro faz com que minhas mos faam justia, algo negro brilha dentro de mim, transformando tudo em diamantes afiados, algo negro me corta por dentro, algo negro me fortalece de solido, algo negro possui meu corpo, mata minhas emoes...
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PROMESSA: Me diga se esta uma promessa que pode manter, me diga que se as mentiras no a afogaro e as rochas afiadas em mgoas no estraalharam seu corpo, me diga se suas promessas no so o veneno dissolvido na minha bebida, me diga que suas promessas so aqueles minutos longos que mais parecem horas, me diga se suas promessas no so as mos do diabo costuradas em carne humana, tento lhe recompor, tento lhe santificar, tento lhe regar e o bem lhe frutificar, mas voc insiste em apodrecer , e tudo que h de restar pura promessa... Engrenagem: Meus olhos esto doendo. A imagem est se distanciando, tomo este tempo no para fazer poesia, mas sim para evitar minha autodestruio, esta que parece eminente, sim, criei averso gigantesca ao mundo minha volta, estou com nojo deste mundo preconceituoso, intolerante autodestrutivo, e ver que fao parte dele, e que sou engrenagem funcional dele, faz de mim pessoa triste, pessoa chocada e deprimida. No sou um homem realizado, no tenho idade para isso, no sou um homem sbio, e do jeito que as coisas caminham no acho que um dia sabedoria h de ser minha grande virtude, mas de uma coisa eu sei, sei que o mundo se condena, se mata, vezes por baixo do pano, vezes por cima a olho nu mesmo, o negcio escroto e cheio de bosta, no tem o mnimo acabamento, e se tiver ser feito se sangue animal e humano ( claro), o mundo se destri, e com plulas e plulas de remdio que tiram parte da coordenao motora de minha lngua, mas me abatem psicologicamente, tenho mais tempo para pensar; E foi esse maldito tempo extra que me revelou a grande merda que tudo anda, e ento eu pensei comigo mesmo, mas que droga, porque eu no viro um emo e choro esse mundo? Porque faria parte desta engrenagem.. Por que eu no me encho de bebida e saio por ai a cambalear? Por que faria parte desta engrenagem... Porque eu no pego minha arma e saio atirando nas peas? Porque pea solta quicando por ai, ainda pea da engrenagem, mas pea solta quietinha, na cama, quase em
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coma, sem movimento, quase esttica, puta, essa nem parece engrenagem, parece enfeite, ento t ai a soluo, s a bosta da engrenagem de enfeite que dorme, no canto, inerte, quieta, eufrica, louca para agir, mas sem movimento, porque no pode movimentar-se, este seu movimento, o silncio, engrenagem solta e quieta, sem quicar, sem reclamar, apenas a chorar, para dentro e se inundar, dos velhos rancores que guardou e agora se afoga em lgrimas, pobre engrenagem, pode at sobreviver, mas agora que est molhada vai enferrujar. LBIOS: Quero roubar seus lbios para mim, o que algum como voc faz num lugar desses, se perdeu, nem imagina onde se meteu, agora no tem escapatria, esta presa no meu olhar, agora voc comea a flutuar, se da conta do que eu sou capaz, quero seus lbios, se entregue pra mim, eu nunca serei o mesmo se nos encontrarmos de novo, esse sonho me deixou muito acordado, mas se foi sonho porque ainda posso sentir o gosto do seu beijo? DOR Como di saber que voc nunca poder ficar ao meu lado, como di saber que tudo est to destinado ao fracasso, queria poder olhar as estrelas, atravessar a camada de sujeira que estupra o cu, e relaxar ao seu lado, como no posso me contento com o as brasas do fogo que arde dentro de mim, desculpe se no fao sentido, mas tente o fazer enquanto queima de dentro para fora para ver. OLHOS: De que servem os olhos,s e todos se recusam a ver, se tudo querem prever, em vez de o presente viver, e com o passado aprender, de que servem os olhos se as lgrimas os borram, de que servem os olhos se sempre choram, de que serve alm da viso, porque ningum aqui quer ver a importncia deles. FEITIO Vou fazer um feitio, me mudar de casa, de pais, de planeta, de universo, vou fazer um feitio, ser um prncipe mestio, vou fazer fuzarca na seriedade, chutar a tristeza, viver
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realizando as mais loucas proezas, vou fazer mgica com o ctico, rir do crente, e no final perceber que todo mundo gente, assim, como, agente. EQUILIBRISMO: Tenho pouco tempo, a loucura j esta tomando conta do meu corpo, meu brao vai para aquele lado e minha perna pra esse, meu olho esquerdo fecha, minhas lgrimas so reconfortantes, deixam meu rosto mais quente, mas todos reclamam que eu choro, eu tento amar, eu procuro lbios para beijar, e romances eu poderia ilustrar, se um dia encontrar, mas pura iluso acreditar que eu posso um dia encontrar minha princesa, no existe princesa, no existe final feliz, meus sonhos se tornam antiquados, minhas poesias esto em transe e perdem qualidade, vejo metade de uma carreira despencar e a outra queimar, antes mesmo de comear, vejo decadncia atrs de passos que parecem firmes, mas mais nada so que puro equilibrismo. AO MEU LADO: Me diga o que perfeio, lhe mostrarei o que motivao, me d liberdade, lhe mostrarei as verdades, me defina, lhe mostrarei o quo fina a camada que definiu, me chame de burro, seus argumentos so nulos, me jogue no cho, nunca catarei as migalhas do seu po, me desafie, me machuque, corra de mim, mas entenda que no vive sem mim, vire os olhos caminhe para longe, se sinta superior, tente afogar todo seu amor, pois no fim eu serei mais forte, no fim eu terei encarado, no fim eu terei amado, me mostre todos os lados ruins da vida, assim terei mais tempo de curtir os bons, se diminua na sua superioridade, mas saiba que tem escolha, que pode mudar, que esse no precisa ser seu lugar, que no merece ser apenas um corpo jogado a beira do amar, ainda posso sem nenhum esforo voltar a te amar. A MODA: "A moda virou uma piada. Os designers se esqueceram que existem mulheres dentro das roupas. A maioria das mulheres se veste para os homens e quer ser admirada. Mas elas tambm precisam andar, entrar num carro sem arrebentar a costura! Roupas tm que ter uma
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forma natural." Coco Chanel Moda, nome curto de uma questo ampla, doentia marca registrada da sociedade que preferia abordar e desbotar apenas com desgosto, mas apenas seria pura puxao de saco do bem estar fazer isto. Aprecio a moda, aprecio a escandalizao das cores e estampas que muitas vezes no me fazem sentido, que muitas vezes at desafeto visual me causam, mas ignoro, afinal, h de ser a moda, a nova tendncia. Certo e errado perdem nitidez em cima de uma passarela, aos meus medocres olhos tudo igual, e ainda mais difcil encontrar algo especial, afinal sou homem, e, h de admitir, sou cego neste quesito. Mas se como homem preciso me distanciar para enxergar com nitidez tudo, fao algo que poucos fazem, tenho uma viso clara de todo o acontecimento, e no s fatos isolados. Seria muito medocre a moda se ela fosse apenas costura, no, no, ela no apenas costura, ela vai muito mais alm, por isso sua compreenso h de ser to difcil, porque ela tem muitas faces, ela muito mais que algo a ser abordado em uma folha de papel que se decompe, a moda no se decompe. Voc pode dizer que moda a tendncia de consumo da atualidade. A moda abordada como um fenmeno sociocultural que expressa os valores da sociedade - usos, hbitos e costumes - em um determinado momento. J o estilismo e o design so elementos integrantes do conceito moda, cada qual com os seus papis estritamente definidos. Que a moda um sistema ocasionado e mutvel, que se baseia em fatos polticos, sociais, sociolgicos.
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PURA MERDA. Compramos como loucos, vivemos eufricos, vivemos em um tempo marcado por decadncia, no apenas atmosfrica, mas uma decadncia pessoal, onde maridos esperam 10 minutos no carro, onde evitamos contato social na rua, onde evitamos nos olhar no espelho, onde evitamos falar a verdade, ou tecer elogios. Entrou na moda se auto- mutilar e infelizmente nunca saiu de tendncia, infelizmente continuamos a nos cortar, a nos enterrar e aos poucos se calar sem ao menos se importar... Moda, doentia moda, vivemos na moda, se moda fosse apenas roupa, fosse apenas costura, no teria graa, moda muito mais, moda vem tachado e marcado na pele, no algo que possa cientificamente ser descrito, algo que vem de dentro, pode vir de maneira fria, doentia, e louca, mas vem de dentro... EXCLUDO Me sinto totalmente desprotegido, sinto como se meu corpo fosse feito de vidro, e todos pudessem ver atravs de mim, sinto me vazio, quase transparente, mas mesmo assim, todos podem me ver, parece que esto olhando para mim, mas no esto, esto apenas olhando o que estou protegendo, queria ser especial, desejo que fosse especial, mas sou feio, sou uma aberrao, sou um desprezado, sou o frgil espelho que o separa da realidade, e que aos poucos vai se despedaando, que parece frgil, mas quando eu estiver no cho, vai se esquecer de mim, e ser nessa hora que vou lhe cortar, ser nessa hora que o que vem de baixo o atingira.
PRESSO Com toda a presso que venho sofrendo seria impossvel no enlouquecer, fico apenas
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pensando se esse meu comeo de loucura j no se deu a muito tempo atrs, e fui o nico que no percebi, com toda a presso que venho sofrendo me pergunto o que tenho feito, como tenho feito, porque tenho feito, com toda essa presso me pergunto, o que todos pensam sobre mim, eles tem pena, tem raiva? Com toda essa presso me pergunto se no vou desmoronar em breve. REFLEXO Me deparei com a perfeio para descobrir o quanto sou imperfeito, precisei chegar ao meu limite para descobrir que estou apenas comeando, precisei cair para entender que estou apenas levantando, precisei chorar para me curar, precisei apanhar para aprender a brigar, precisei errar para voltar a acertar, precisei deixar de amar para beijar, precisei acabar com a rima e a poesia para escrever sobre a verdade que aqui em meu corao habita, precisei me deslocar de um lado para o outro para perceber que estou parado, precisei mentir para achar a verdade, precisei matar para viver, precisei colocar os ps no cho para poder voar, precisei deixar de escrever para viver, precisei deixar de viver para escrever...
DESCOBRI Descobri o sentido no sem sentido, descobri a rima onde no tinha, descobri a verdade escondida no meio da mentira, descobri o amor no dio, descobri a duplicidade de tudo que nesta terra habita, precisei morrer para entender o que significa viver, precisei apagar meus conceitos, precisei aprender todos os nomes para lembrar dos meus, precisei deixar de enxergar com os olhos, tocar com os dedos, voar com os pensamentos, descobri que a confuso tem sua prpria organizao e que o errado nunca erra, sempre acerta em errar. ONDE VOC FOI? Fico te procurando, fico aqui largado chorando, fico aqui sem voc me sentindo um lixo, quebro coisas na parede, fico sem entender porque voc foi embora, tento entender porque fico to sozinho, queria que soubesse que o tempo no passa sem voc aqui, parece que
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voc me deixou a mil anos, fico te procurando, tentando reconstruir seu rosto com as pessoas que passam na rua, fico reproduzindo seus braos no carinho de outro, queria estar ao seu lado sem compromisso, sem pr conceito, sem terror, mas com muito amor, queria saber para onde foi, sinto muito sua falta, parece que se foi para sempre, por favor volte para mim, por favor no me deixe aqui, volte para mim. CERTO Seu corpo se mexe devagar, o lugar esta certo, os movimentos certos, a musica certa, seu cabelo esta certo, seus olhos brilham como nunca, todos sabem que esta certo, todos sabem que estamos avanando para o certo, e todos acham errado, mas no importa, vamos nos beijar, por mais que no seja certo, o futuro pode agora descansar, quero este momento aproveitar, pois sei que esse tempo no vai mais voltar, quero a noite toda danar, encostar meu corpo no seu, sei que o lugar esta certo, sei que o momento esta certo, mas de alguma maneira todos acham errado, mas agora tanto faz. ENCARAR Talvez o tempo no seja de mudar, mas sim de a verdade comear a aceitar, talvez no seja tempo de sofrer, de arder, de morrer, mas sim de viver, de aproveitar cada momento, parar e encarar, perceber que se esta mudando, que se esta melhorando, que a imperfeio no passa de coisa do espelho, talvez no seja tempo de retrucar, mas de comear a aceitar, talvez no seja hora de se rebelar, mas sim se revelar, se mostrar no mais forte, mas compreensivo com o fato de que a incerteza ser num futuro prximo a nica certeza, talvez seja tempo de finalmente se aceitar, de deixar de sonhar para acordar e uma doce realidade contemplar. MEUS SONHOS ESTO NO CHO Minhas asas esto quebradas e repousam em suas mos, sinto suas palavras falando dentro de mim, te daria tudo que eu tenho, todos meus sonhos esto despedaados, algum me ajude, no importa quem ou como, mas fique ao meu lado, por favor, tenho esperado por voc. Eu vejo o mundo repousar em seu corao, eu sinto tudo quebrar por dentro, te daria
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tudo que quisesse, todos meus sonhos esto despedaados e estou pedindo, algum me salve, no importa como ou quem , mais algum, por favor tenho te esperado. QUERO ME LIBERTAR Comeou tudo certo, ramos o casal perfeito, comeou tudo de um pequeno momento, comeou tudo de um pequeno gesto, comeou de uma pequena palavra, agora no posso mais calcular o tamanho que tudo isso tomou, no comeou eu gostava, mas agora comeou a me sufocar, e voc vai me matar, e isso me recuso a deixar, quero me libertar de voc, preciso me libertar, deus sabe que quero me libertar, eu me apaixonei, me apaixonei pela primeira vez, e sabia que era de verdade, apenas no sabia que odiava amar, estranho sei que , mas tenho certeza que quero me libertar, eu quero me libertar, mas calma pois a vida continua, no entenda mal, no quero viver sozinho, mas no quero ficar ao seu lado apenas para me ver desmoronar. ESCURO Espaos vazios, sons amedrontadores, olhares assustados, cantos escuros, heris errados, vibraes negativas, mas o show precisa continuar, mesmo que para isso tenha de abrir meu corao, despedaado, mesmo que para isso precise enxergar mais do que a imagem mostra, me sinto nojento por dentro, mas o show precisa continuar, o show precisa continuar, dentro de mim bate um corao despedaado, dentro de mim vibra um terror sem limites e precedentes.
MUNDO LOUCO: O mundo louco, mas quem liga, eu tambm sou, mas bom que eu admita assim sei que um pouco de lucidez me resta, pois o dia que de minha loucura renunciar ,sei que minha paz nunca mais h de reinar.. Fico imaginando se foi o mundo que me enlouqueceu, ou se fui eu que enlouqueci o meu mundo, tentando fazer tric dei tantas agulhadas no meu dedo que mais pareo um
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diabtico, tentando frear o carro para no bater me lancei contra o vidro e consequentemente o muro, vejo meu sangue escorrer pelo cho, nesse mundo louco tem um tom de cores diferente, meu sangue to colorido quanto minha loucura, j que minha alma cinza, cheio de regras. Assim como eu o mundo uma priso, fico alucinando com um lugar livre, pura ALUCINAO, puro desgaste do meu subconsciente, isso nunca vai acontecer, o mundo louco, e de pouco em pouco deixa todos loucos, no sou exceo, sou um a mais, um a menos, mais um louco. VOC SABIA Foi da maneira que disse que aconteceria, foi da maneira que voc dizia, foi da maneira que temia, foi da maneira mais abominvel, sem amor nem gloria, sem heri no cu, foi horrvel, foi brutalmente cruel, foi um olhar carregado de desprezo que me derrubou, da maneira que voc me alertou, no me entenda mal, sempre confiei em voc, mas me recusava a acreditar que era to excludo, to odiado, desculpe se minha queda o afeta, se minha queda o machuca, se minha personalidade se modifica demais, e acima de tudo se no consigo tirar meus olhos do que mais me destri, mas a tentao de acabar pelas mos de uma outra pessoa, parece mais digna, parece mais brava, pois vivi tempo demais de aes sem coragem, de aes pequenas, me desculpe se a realidade se concretizou como voc temia.
COISAS LOUCAS As coisas tem explicaes loucas, na maioria das vezes no fazem sentido, mas tento as seguir, lembro da primeira vez que a vi, seus olhos azuis brilhavam como nunca, e no havia motivo de tanta bondade e beleza estarem na minha frente, nunca mereci tanto, o que fiz para ganhar tanto, fui em sua direo, perdido, tinha toda a certeza do mundo que voc era a pessoa certa, a maneira com que seus cabelos balanavam com o vento podia jurar que j havia a visto no cu, podia jurar que estive danando em cima do cu quando a vi pela primeira vez, podia jurar que voc era uma miragem, e tenho quase certeza, pois quanto mais corro, mais voc se afasta, e na tentativa de no a fazer hesitar vi sua imagem borrar, desaparecer.
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AMIZADES: Todos foram embora, meus romances se apagaram e se mutilaram, minhas conexes foram para o espao, ser que sou to insuportvel, virei motivo de piada, adoeci, enlouqueci.. Vi a garota dos meus sonhos virar uma vadia qualquer, meu melhor amigo um esnobe que s me evita, talvez me auto-valorize, mas no mereo isso, talvez eu autovalorize os outros, pois vivo lambendo o cho deles, ver o mundo com clareza di por isso procuro me refugiar em alguns drinques e peo desculpas se por acaso eu cai em cima de algum em alguma festa, mas at que bom estar bbado: d pra passar a mo na bunda de qualquer vadia e no mximo voc toma um tapa, mais um bbado inconveniente, sem rumo, triste, esnobado no mesmo crculo vicioso, mas a ressaca vai passar e novos amigos vo chegar, at o dia que eles vo me decepcionar e eu vou me acabar.... NOVAMENTE... So poucas as amizades que ficam, prometemos a eternidade a ventos passageiros, este , com certeza, um erro constante. GAROTA ABERCROMBIE 2 Voc a chama, estou vagando s no escuro e seus olhos azuis banham com luz o meu caminho, voc distante em realidade, mas presente em meus sonhos, caminha longe de mim, observo-a de longe, apenas me aproximo com pensamentos, voc destri e reconstri meu corao despedaado, sangro de portas escancaradas ao relento, fico esttico espera de um milagre, espera de suas mos, no para me erguer, mas para me chamar, e me motivar a continuar... A CASA As casas tem um tom cinza, as ruas no tem sujeira mas parecem cada vez mais encardidas, o ar cada vez mais gelado e seco, os olhares mais nervosos, os super mercados cada vez mais vazios, a janelas dos carros parecem cada vez mais escurecidas, e se desviado o olhar se perde em meio a tantas arvores altas e imponentes que tentam invadir a cidade, as montanhas parecem desertas cheias de neve, mas algo fica no topo, uma casa
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sombria, uma casa grande, uma casa poderosa, inacessvel, negra, errada, seria linda, mas algo faz com que seja misteriosa, to misteriosa que chama a ateno de qualquer um, mesmo sabendo o perigo que l habita.
O FIM Fecho mais um captulo de minha ainda rescm- nascida vida, atravs dessas pginas errantes e poticas revelo ao mundo meu abalado corao, meu esfarrapado corao que caminha sem a quem poder dar as mos. No que eu seja pura tristeza, mas os canhes armaram de atirar em mim em sincronia, e isso me fez cinza, mas atravs deste cinza que procuro revelar-me ao mundo. Espero que o mundo jogue cores de volta em mim, do mesmo jeito que me arrancou e eu volte a t-las. Interpretar essa daltonia forte, psicolgica. Que ela v embora e eu volte a sorrir. Sinto que atravs deste desabafo j posso desabrochar ao canto da boca um aliviado sorriso... A libertao nunca esteve to prxima. Preciso ir, hoje farei o que sempre quis fazer, sempre quis ser a brasa que iniciou a exploso, ser a fasca que incendiou tudo, posso no ser o centro das atenes dessa vez, mas sei que serei, assim que lerem isso, no era isso que todos queriam, que eu fosse o perfeito, que eu fosse eternamente lindo, bem, terminamos assim, que sua ultima viso de mim seja o garoto perfeito, ignore esse corpo carbonizado, ignore essa alma ferida, ignore o holocausto de fogo que fiz de minha vida, ignore minhas aflies, pois farei isso hoje. Apenas esta noite deixe que tudo corra livre, que no exista lei, que no exista preconceito nem discriminao, que meu corpo perfeito queime no leito da morte, esta noite deixo de ter um prazo de validade, essa noite alcano o maior nvel de perfeio que poderia existir, morro com a alma purificada, com os arrependimentos se desprendendo da pele. Apenas a noite onde jogarei tudo para cima, quando a luz e o fogo atingirem seus olhos saiba que tudo sua culpa, que tudo isso apenas aconteceu pois exigiram tanto de mim, que era impossvel no sucumbir, hoje viro lenda, perfeio, menino
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A beleza subjetiva, assim como a morte, meu rosto perfeito pode ter escondido alguns de meus conhecimentos, mas sei o quanto a beleza passageira, por isso precisei imortaliz-la esta noite, Alex me ajudou em tudo, posso at dizer que todo credito dele, mas no vou negar, estou louco para ver tudo queimar.
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WWW.YOUTUBE.COM/LUMASEPA
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Orelha do livro:
Alexandre De Castro Alonso, nascido no ano de 1995, cursa o ensino mdio e faz formao profissional em teatro. Comeou sua carreira literria no ano de 2008, rabiscos e poesias originaram o livro Torno o pblico meu dirio. Em seguida vieram publicaes espordicas no jornal Folha de So Paulo. Junto a formao profissional Alex participa ativamente de curtas metragens disponibilizados no You Tube, somando um total de mais de 300.000 exibies. A base em redes sociais e um blog que o acompanhou durante os anos de 2006 e 2007 tornaram possvel a descoberta e aprimoramento de suas habilidades artsticas. Vive atualmente com sua me em So Paulo, Brasil.
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Contra capa:
Atravs desta obra, Alexandre Alonso mostra ao leitor brasileiro o Bullying de uma maneira nunca antes vista em solo nacional, por meio de uma fico com elementos reais do cotidiano de muitos jovens. A histria ambientada em uma cidade fictcia, o clima da mesma to frio quanto seus habitantes. Atravs de relatos ficcionais do personagem Alex, a realidade se torna uma questo de percepo, e as discrdias de ser jovem na sociedade atual so pautadas por sentimentos de angustia e uma tentativa de fuga dos sentimentos internos. A jornada tem incio no primeiro dia de aula, quando os portes da escola recebem os alunos, cada um com uma recepo alternativa. Gustavo, Alex e Beatriz so a representao dos esteretipos sociais, que por mais diferentes que sejam, se mostram muito semelhantes nas questes internas e scio afetivas. Um convite ao leitor para penetrar em uma leitura aparentemente macabra, que esconde em suas manchas pretas um sentimento adormecido, o amor.
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