O Acervo Da Companhia Editora Nacional UNIFESP
O Acervo Da Companhia Editora Nacional UNIFESP
O Acervo Da Companhia Editora Nacional UNIFESP
RESUMO
O texto apresenta, inicialmente, um breve histórico da implantação do
Jaime Rodrigues
Universidade Federal de São Paulo Centro de Memória e Pesquisa Histórica do Departamento de História
[email protected] da EFLCH/UNIFESP. Na sequência, fazemos uma pequena descrição da
trajetória da Companhia Editora Nacional desde sua fundação, nos anos
Marcia Eckert Miranda
Universidade Federal de São Paulo
1920, até as transformações ocorridas nos anos 1970 e 1980, quando
[email protected] das mudanças de proprietários. Por fim, apresentamos o processo de
transferência do rico acervo arquivístico da editora para a Universidade
Maria Rita de Almeida Toledo
Universidade Federal de São Paulo
Federal de São Paulo, envolvendo as formas jurídicas da cessão e as
[email protected] opções tomadas quanto ao início do processo de organização do conjunto.
Palavras-chave:
Centro de Memória e Pesquisa Histórica, Companhia Editora Nacional,
Acervo
1 No decorrer dos trabalhos no Centro de Memória e Pesquisa História (doravante CMPH), o projeto do qual este texto
resulta contou com os seguintes bolsistas (entre 2012 e 2014): Danilo Capistrano, Fabricio Ferreira Barboza, Giorgia
Burattini Saad Medeiros da Silva, Karina Oliveira Morais dos Santos, Mikaelson Azevedo de Freitas e Patrícia Moraes
Sodré (IC-Fundação de Apoio à Unifesp em 2012); Bianca Mayumi Saijo, Daiane Cristina Mazzetto, Gabriela Costa de
Oliveira, Lilian Arantes Camilo Gomes, Lucas Alves de Araújo e Patrícia Moraes Sodré (IC-Fundação de Apoio à Unifesp
em 2013); Rodrigo Gomes de Souza dos Santos, Veronica Pivisan Reis e Bruno Atolini Marques (Monitoria 2012/2013);
Bruna de Souza Pitteri, Emerson Dylan Gomes Ribeiro e Mayra Vanessa Villca Troncozo (Monitoria 2013/2014); Bianca
Leticia de Almeida e Bianca Saijo (Monitoria 2014/2015); Atiele Santos e Bruna Prudêncio Teixeira (Iniciação à Ges-
tão, 2012-2013); Ricardo Monteiro Cavalcante (Iniciação à Gestão, 2013-2014); Jane de Oliveira Mizukami (Iniciação
à Gestão, 2014-2015); Amanda Carvalho (Estágio 2013-2014), Lucas Alves de Araújo (Estágio, 2014); e Thaís de Melo
(voluntária, 2012).
2 Para uma apresentação mais detalhada do curso, remeto a Maria Rita de Almeida Toledo e Wilma Peres Costa. “Formação docente, história, memória e educação patrimo-
nial: os desafios para a produção de novas práticas educativas”. In: Odair da Cruz Paiva e Elisabete Leal (orgs.). Patrimônio e História. Londrina: Unifil, 2014, pp. 13-26.
3 Antonia Heredia Herrera.”Arquivos, documentos e informação”. In: São Paulo (cidade). O direito à memória: patrimônio histórico e cidadania. São Paulo: DPH/SMC,
1992, p. 114.
4 Idem, ibidem.
5 Olga Brites da Silva. “Memória, preservação e tradições populares”. In: São Paulo (cidade). O direito à memória, op. cit., p. 19.
6 A denominação “acervo permanente” inspira-se na teoria das três idades do documento, desenvolvida no início dos anos 1970 e amplamente utilizada na arquivística. A
primeira idade é aquela onde se dá a circulação do documento/informação pelos canais decisórios (arquivo corrente); a segunda ocorre quando, uma vez cumprido o papel
decisório, o documento guarda ainda interesse como objeto de consulta (arquivo intermediário); na terceira idade, o documento assume valor cultural, que extrapola o
objetivo específico de sua criação, tanto para quem o criou como a pesquisa científica original, e seu destino é o arquivo permanente. Cf. Rose Marie Inojosa. “Comunicação
e arquivos: aspectos conceituais”. Cadernos Fundap, 4(8) (abr.1984), pp. 6-7.
7 Laurence Hallewell. O livro no Brasil: sua história. São Paulo: T. A. Queiroz; Edusp, 1985, p. 268.
8 Idem, ibidem.
9 Ephraim de Figueiredo Beda. Octalles Marcondes Ferreira: formação e atuação do editor. Dissertação de Mestrado em Comunicação: Universidade de São Paulo, 1987, p. 221.
10 Orlando José de Almeida Filho. A estratégia da produção e circulação do projeto editorial das coleções de Theobaldo Miranda Santos: (1945-1971). Tese de Doutorado
em História da Educação: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2008, p. 33.
11 Eliana de Freitas Dutra. “Companhia Editora Nacional: tradição editorial e cultura nacional no Brasil dos anos 30”. In: Anais do I Seminário Brasileiro sobre Livro e História
Editorial. Disponível em http://www.livroehistoriaeditorial.pro.br/pdf/elianadutra.pdf. Acesso em 7 de novembro de 2014.
Essa política de doações teve continuidade até datas bastante posteriores e foi ampliada a leitores
e instituições diversas, que enviavam cartas com pedidos de doações a partir de inúmeros estados e
municípios do país. A maioria da correspondência desse tipo encontrada no acervo apresenta carimbo da
CEN, informando a data em que os exemplares foram remetidos. Quase todos os pedidos eram atendidos,
salvo as poucas vezes em que a editora respondeu alegando falta de verba para esse fim ou informando
que a obra se encontrava esgotada.
No mesmo ano de 1932, a CEN adquiriu a Civilização Brasileira e criou uma livraria, com lojas no
Rio de Janeiro e em Lisboa. Valendo-se do câmbio favorável, o livro brasileiro conquistava o mercado
português, mas as editoras portuguesas responderam barateando seus preços. Os livros brasileiros
perderam espaço em Portugal, levando à venda da Civilização Brasileira de Lisboa em 194414.
Uma das dificuldades enfrentadas pela CEN deu-se em 1943, quando alguns de seus principais
funcionários deixaram a empresa. Primeiramente, foram seis professores responsáveis pelo programa
de livros didáticos que saíram para fundar a Editora do Brasil, logo tornada uma importante editora de
didáticos e infantis. Mais tarde, foi a vez de Arthur Neves, importante auxiliar de Octalles, que fundou a
Brasiliense juntamente com Caio Prado Júnior. Ao criar a nova empresa, Neves levou Monteiro Lobato
consigo, embora os direitos de venda dos livros deste pertencessem legalmente à Nacional. Embora
a saída dos funcionários tenha trazido preocupações, o crescimento da CEN continuou até meados da
década de 1950, momento em que a empresa ainda ocupava o primeiro lugar entre as editoras brasileiras.
Em sua longa existência, a CEN enfrentou várias outras adversidades, como o preço do papel, a
oscilação das taxas alfandegárias, a falta de qualidade e custo do papel nacional, a concorrência com o
1. Espécie documental: “Divisão de gênero documental que reúne tipos documentais por seu
formato. São exemplos de espécies documentais ata, carta, decreto, disco, filme, folheto,
fotografia, memorando, ofício, planta, relatório”17.
2. Emissor:
- Nome: nome da pessoa que assina o documento.
- Cargo: Se houver (Gerente do Departamento Editorial; Professor)
- Instituição: Se houver (Departamento Editorial, Escola Epitácio Pessoa, Diretor do PNL). No caso
da instituição ser a CEN, indicar somente o setor (Departamento Financeiro, Direção, Gráfica, etc.).
3. Destinatário: A quem se destina a correspondência.
- Nome: nome da pessoa para o qual o documento é endereçado.
- Cargo: Se houver (Gerente do Departamento Editorial; Professor).
- Instituição: Se houver (Departamento Editorial, Escola Epitácio Pessoa, Diretor do PNL). No caso
da instituição ser a CEN, indicar somente o setor (Departamento Financeiro, Direção, Gráfica, etc.).
4. Ativa/Passiva: Se a correspondência foi enviada (Ativa) ou recebida (P) pela CEN. Deve-se indicar
apenas as iniciais maiúsculas: A ou P.
5. Ação: O tema do documento, assunto. Deve comportar um verbo no gerúndio: “informando o
despacho dos livros encomendados”, “informando a aprovação do livro encaminhado para a
avaliação editorial”.
6. Data tópica: Lugar onde foi datado: cidade, estado no caso do Brasil; cidade e país no caso de
países estrangeiros. Quando não houver: s.l.
7. Data cronológica: dia, mês e ano no formato: dd/mm/aaaa, ou seja, usar para dia e mês sempre
dois algarismos, logo, as unidades devem ser precedidas pelo número zero (01, 02, 03); os anos
devem ser escritos sempre com quatro algarismos. Quando não houver: s.d.
8. Páginas: número de páginas do documento (observar que é diferente de número de folhas).
9. Anexo/Observações: se houver.
10. Localização: onde se encontra o documento, na seguinte ordem: envelope-conjunto provisório.
Envelope: número do envelope; conjunto provisório: correspondência, internacional; etc.
O suporte da maioria dos documentos é papel, grande parte deles datilografada. Contudo, junto
a alguns documentos vem sendo encontrados rascunhos manuscritos. Parte das assinaturas é ilegível,
dificultando a identificação do emissor e ou destinatário. Embora a maioria dos papéis seja de gramatura
mais alta, há também muito papel de seda usado em cópias carbonadas que, por sua fragilidade,
são manuseados com extrema cautela para evitar danos. Alguns panfletos também estão junto às
correspondências e, geralmente, são material de divulgação de revistas associadas à CEN ou de gráficas
prestadoras de serviços para a editora.
Todos os assuntos da correspondência são relacionados à edição ou reedição de livros, novos
17 Ana Maria de Almeida Camargo e Heloísa Liberalli Bellotto. Dicionário de terminologia arquivística. São Paulo: AAB/Núcleo São Paulo; DEMA, 1996, p. 34.
18 Acervo CEN, Correspondência com autores, carta datada do Rio de Janeiro, 1 de agosto de 1977.
19 Acervo CEN, Correspondência com autores, carta datada do Rio de Janeiro, 24 de agosto de 1978.