Fichamento Dissertacao Bruna Aparecida Barcelos
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Para alcançar a sustentabilidade nas empresas, ter uma cadeia de suprimentos 1 15
sustentável é considerada a melhor estratégia, entretanto, para isso, é necessário que
todos os seus parceiros da cadeia possuam práticas sustentáveis (YOUNG;
KIELKIEWICZ-YOUNG, 2001; NOURI; NIKABADI; OLFAT, 2019).
no estudo de Lis, Sudolska e Tomanek (2020), os autores verificaram que, apesar da 2 16
crescente preocupação com o tema, ainda há poucos estudos que analisam a
sustentabilidade social na cadeia de suprimentos.
As práticas relacionadas à sustentabilidade social na cadeia de suprimentos são 2 16
focadas em condições de trabalho, ausência do trabalho infantil, direitos humanos,
saúde e segurança, desenvolvimento de populações minoritárias, inclusão social e de
gênero (YAWAR; SEURING, 2017).
Essas práticas sociais têm implicações diretas nas decisões de compras das empresas 2 16
focais, resultando na promoção de direitos humanos, segurança, filantropia, direito
dos trabalhadores, benefícios e salários de seus fornecedores (LEIRE; MONT 2010).
As empresas, que visam a sustentabilidade social, estão adotando programas de 2 16
desenvolvimento de fornecedores com foco nas questões de responsabilidade social
para adequar sua cadeia de suprimentos, pois os fornecedores são um elo importante
da cadeia. Essas ações, desenvolvidas para treinar e atualizar os fornecedores,
resultam em um melhor relacionamento colaborativo e de confiança a longo prazo
(YAWAR; SEURING, 2017)
Compliance visa garantir a implementação de mecanismos ou ações provenientes dos 2/3 16/17
stakeholders externos nos parceiros da cadeia de suprimentos (YAWAR; SEURING,
2017). Estas estratégias são baseadas em código de conduta, padrões, auditoria e
monitoramento, com o objetivo de legitimar o comportamento das empresas (LUZZINI
et al., 2015).
Para Carter e Jennings (2004), as práticas das empresas compradoras para desenvolver 3 17
seus fornecedores no contexto de sustentabilidade social é de suma importância,
especialmente em um contexto de “pressão” dos stakeholders externos para práticas
mais responsáveis dos fornecedores. Uma das ações adotadas para o programa de
desenvolvimento é a utilização do código de conduta corporativo, em que as empresas
exigem que seus fornecedores ajam de maneira socialmente responsável em relação
às práticas trabalhistas, segurança do produto, comunidade local, condições de
trabalho e práticas ambientais.
Por mais que exista um grande interesse das organizações em estabelecer e 3 17
implementar a responsabilidade social, muitas empresas, especialmente no Brasil,
acreditam que só é possível a implementação em companhias de grande porte
(HANDY, 2005). Existem algumas empresas que usam o termo superficialmente,
apenas para demonstrar para a sociedade que ela está atenta e que se preocupa com
os problemas sociais (COELHO; GOSLING, 2012). Na literatura, alguns estudos apontam
que a questão social possui um grande potencial no setor do agronegócio, podendo
influenciar positivamente na reputação da empresa (MALONI; BROWN, 2006; HEYDER;
THEUVSEN, 2009; MAZUR-WIERZBICKA, 2015).
De acordo com os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da 3 17
Universidade de São Paulo (CEPEA, 2021b), em 2020, o PIB do agronegócio
representou 26,6% do total da economia brasileira.
os impactos negativos das dimensões sociais, ambientais e econômicas alavancaram 3 17
ainda mais o desgaste da reputação do Brasil perante a sociedade (GOMES;
GASPERINI, 2020).
a gestão da cadeia de suprimentos possui um papel fundamental, pois considera o 4 18
processo desde a aquisição da matéria-prima até a entrega para o usuário final
(LAMBERT; COOPER; PAGH, 1998; BANSAL, 2005).
No setor do agronegócio, constatou-se a falta de estudos que englobam em conjunto, 5 19
as questões sociais e a cadeia de suprimentos, em economias emergentes como o
Brasil (DAHLSRUD, 2008; SHEEHY, 2015; SILVESTRE, 2015b). No Brasil, este setor é visto
como um dos impulsionadores da economia nacional, consequentemente, ele é
fundamental e vital para a economia, pois além de fornecer emprego e renda, o setor
ajuda na estabilidade macroeconômica (COSTA, 2006; GASQUES; BASTOS; VALDES,
2008).
A Associação Brasileira de Agronegócio (ABAG), que busca soluções de suporte para os 5 19
elos da cadeia produtiva.
A definição mais popular de desenvolvimento sustentável foi criada em dezembro de 8 22
1987, pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (World
Commission on Environment and Development – WCED), desenvolvida pela
Organização das Nações Unidas (ONU) no Relatório Brundtland. Intitulado como Nosso
Futuro Comum (Our Common Future), este documento define o desenvolvimento
sustentável como o “desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”
(WCED, 1987, p.43).
a Agenda 2030 da ONU é um dos acordos mais relevantes, que se baseia em 17 8 22
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas, para implementar em
todos os países. Além disso, nesta conferência foram identificados os cinco pilares para
a sustentabilidade: pessoas, planeta, prosperidade, paz e parceria. (ONU, 2015).
Para operacionalizar o desenvolvimento sustentável nas empresas, John Elkington 8/9 22/23
criou o modelo do TBL (ELKINGTON, 1997). Ele surgiu em 1990, porém ficou mais
conhecido em 1997, quando publicou o Canibais com Garfo e Faca: o Tripé dos
Negócios do Século 21 (Cannibals With Forks: The Triple Bottom Line of 21st Century
Business). Este modelo considera que a sustentabilidade é formada por três
dimensões, econômica, ambiental e social, e por suas possíveis interações, como a
equidade (interação entre os pilares econômico e social), a ecoeficiência (interação
entre os pilares econômico e ambiental) e a habitabilidade (interação entre os pilares
ambiental e social) (ELKINGTON, 1997)
O termo cadeia de suprimentos, em inglês supply chain, popularizou-se no começo da 10 24
década de 80. Em 1982, os consultores Oliver e Webber criaram o conceito de cadeia
de suprimentos para demonstrar uma rede de organizações interligadas por processos
e atividades que geram valor para os consumidores finais na forma de produtos e
serviços. Essa rede de organizações é formada por operadores logísticos, fornecedores,
distribuidores e varejistas, que se interligam pelos processos corporativos upstream
(processos a montante da cadeia de suprimentos, cujo relacionamento se dá com os
fornecedores, em português) e downstream (processos a jusante da cadeia de
suprimentos, tais como processamento da matéria prima para atender o consumidor
final, em português) (OLIVER; WEBBER, 1982).
Para Mentzer (2001), a cadeia de suprimentos é definida como um conjunto de três ou 10 24
mais entidades (organizações ou indivíduos), diretamente engajadas com o fluxo de
upstream e downstream de produtos, serviços, finanças ou informações. A partir dessa
definição, eles criaram o termo Gestão da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain
Management - SCM), a fim de coordenar as estratégias e sistemáticas das funções
habituais de negócios, entre uma empresa específica e uma de cadeia de suprimentos.
O principal objetivo do SCM é possibilitar melhorias, a longo prazo, no desempenho de
cada companhia e sua cadeia de fornecimento.
A implementação da sustentabilidade no SCM teve início durante o século XX, com a 11 25
inclusão da dimensão ambiental (SWINK et al., 2014). Este fato ocorreu, devido às
pressões dos governos de vários países, para que os sistemas produtivos
equacionassem as limitações ambientais impostas pela natureza, com a crescente
demanda da sociedade por produtos. A partir dessa necessidade de equacionamento,
surgiu o conceito de Gestão da Cadeia de Suprimentos Verde ou Ecológica (Green
Supply Chain Management - GSCM) (AALIREZAEI; ESFANDI; NOORBAKHSH, 2018).
Segundo Srivastava (2007), o GSCM tem como finalidade integrar o aspecto ambiental
na cadeia de suprimentos, incluindo o projeto do produto, a seleção das matérias-
primas e suas fontes, os processos de manufatura, a entrega do produto aos
consumidores e as estratégias de fim-de-vida do produto, como a logística reversa.
os consumidores, a mídia e a população em busca de uma equidade social vêm 11 25
pressionando a adoção de cadeias de suprimentos sustentáveis, o que estimula as
empresas a integrarem a sustentabilidade em seus negócios (BANSAL, 2005, SAEED;
KERSTEN, 2019).
O conceito que engloba as três dimensões da sustentabilidade é a Gestão da Cadeia de 11 25
Suprimentos Sustentável (Sustainable Supply Chain Management – SSCM). Segundo
Seuring e Muller (2008), o SSCM condiz no gerenciamento dos fluxos de material,
informação e capital, concomitantemente, considerando as práticas relacionadas às
dimensões ambientais, econômicas e sociais, voltadas para as exigências das partes
interessadas.
a dimensão social na Gestão da Cadeia de Suprimentos (Social Sustainability in Supply 11 25
Chain Management– SSSCM), é avaliada de acordo com os critérios sociais da empresa
focal (MANI; AGRAWAL; SHARMA, 2015).
empresa focal realiza um importante papel na cadeia de suprimentos sustentável, pois 12 26
estabelece regras, gerencia a sua cadeia, sustenta o contato direto com o consumidor
e garante a qualidade do produto. Portanto, ela é um elo fundamental e influenciador
para a implementação de inovações de práticas sustentáveis entre os membros da
cadeia, formados pelos fornecedores, produtores, consumidores e outras partes
interessadas (SEURING; MULLER, 2008; MANI et al., 2015).
Para Chardine-Baumann e BottaGenoulaz (2011), a dimensão social engloba as 12 26
condições de trabalho em geral, tais como o respeito, diálogo social, ambiente seguro
e saudável para o desenvolvimento do trabalho e os direitos humanos garantidos,
excluindo a ocorrência de trabalho infantil ou forçado, por exemplo. Além disso, esta
dimensão deve abranger o compromisso social da empresa focal, como o
envolvimento com a comunidade local, a educação, a cultura e o desenvolvimento
tecnológico. As questões dos clientes, tais como, o marketing, informação, saúde e
segurança, pautados pela transparência nas transações, controle da corrupção,
promoção de um comércio justo e responsável (CHARDINE-BAUMANN; BOTTA-
GENOULAZ, 2014).
As cadeias de suprimentos, que abrangem a dimensão social, são relevantes para 12 26
produtos/processos que afetam diretamente a segurança humana e/ou o bem-estar
da comunidade local (KLASSEN; VEREECKE, 2012).
Para administrar a gestão da sustentabilidade social em cadeias de suprimentos, três 12 26
aspectos devem ser considerados. Primeiro, as questões sociais, que são ações que
afetam a segurança humana, bem-estar e desenvolvimento da sociedade. Segundo, às
partes afetadas pelas operações da empresa. Terceiro, a interação entre os
mecanismos de governança utilizados nas operações (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016). De
acordo com Ferreira e Gerolamo (2016), as empresas, normalmente, implantam
práticas sociais por meio da responsabilidade social corporativa, com base nas normas
NBR 16001:2012 e a NBR ISO 26000:2010
No final da década de 70, Carroll (1979) definiu um modelo conceitual de 12/13 26/27
Responsabilidade Social Corporativa baseado em quatro pilares: responsabilidades
econômicas, responsabilidades legais, responsabilidades éticas e responsabilidades
discricionárias (voluntárias). Anos depois, Carroll (1999) detalhou mais este conceito e
concluiu que, a empresa responsável, além de considerar apenas seus acionistas,
também, deve considerar seus funcionários, fornecedores, distribuidores,
comunidades locais e a nação.
Mcwilliams e Siegel (2001) tratam a RSC como ações que prospectam um certo bem 13 27
social que está acima dos interesses da própria empresa, sendo requisitado por leis
governamentais. Segundo Piecyk e Bjorklund (2015), as políticas de RSC auxiliam nas
respostas às críticas enfrentadas por companhias que focavam, exclusivamente, no
desempenho econômico e no lucro a curto prazo. Em outra perspectiva, Matten e
Moon (2004) entendem que a RSC é um conjunto de princípios, estratégias ou
diretivas em conformidade implícitas com as normas empresariais impostas pela
sociedade. Já para Crouch (2006), a RSC é uma ponte pacificadora com a sociedade,
em que tem como papel, atenuar as influências negativas das empresas sobre a
sociedade.
Para Zheng, Luo e Maksimov (2015), a RSC é entendida como ações de investimento 13 27
que podem trazer valores e reconhecimento ético para a empresa. Ela pode ser
integrada nas empresas a partir de ações que estimulam o envolvimento do
empregado em atividades organizacionais, que melhoram a satisfação do consumidor,
que realizam o desenvolvimento contínuo na qualidade dos produtos, que agem na
segurança laboral, que realizam a governança corporativa, que melhoram os direitos
trabalhistas, que realizam o desenvolvimento social, que gerenciam o ambiente de
trabalho e que fazem o tratamento justo dos empregados.
a implementação da responsabilidade social pode gerar externalidades positivas para a 13 27
produtividade da empresa, pois reduz os acidentes de trabalho e promove a lealdade,
motivação e o comprometimento dos empregados (SCHIEBEL; POCHTRAGER, 2003).
Uma das alternativas para a inclusão da responsabilidade social nas empresas é por 13/14 27/28
meio da Norma Brasileira (NBR) 16001, disponibilizada pela primeira vez em 2004 e
revisada em 2012. Esta norma tem como principal objetivo, determinar os requisitos
necessários para a elaboração de um sistema de gerenciamento de responsabilidade
social, consequentemente, contribuindo com a sustentabilidade social da empresa em
nível de gestão e estratégia (FERREIRA; GEROLAMO, 2016).
A NBR 16001:2012 define a RSC como a responsabilidade de uma empresa 14 28
pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio
ambiente, guiado a partir de um comportamento ético e transparente que:
• • Contribua para o desenvolvimento sustentável, incluindo a saúde e o
bem-estar da sociedade;
• • Considere as expectativas das partes interessadas;
• • Esteja em conformidade com a legislação aplicável, bem como que
seja consistente com as normas internacionais de comportamento, e;
• • Esteja integrada em toda a organização, sendo praticada em suas
relações (ABNT, 2012).