MONOGRAFIA ProbióticosTratamentoPrevenção

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE FARMÁCIA
DEPARTAMENTO DE ANÁLISES CLÍNICAS

PROBIÓTICOS NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA CANDIDÍASE


VULVOVAGINAL:UM ESTUDO DE REVISÃO

LUNA IRIS DA SILVA ALVES MOREIRA

Ouro Preto
2022
LUNA IRIS DA SILVA ALVES MOREIRA

PROBIÓTICOS NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA CANDIDÍASE


VULVOVAGINAL:UM ESTUDO DE REVISÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como parte dos requisitos para obtenção do título
de Bacharel em Farmácia pela Escola de
Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto,
Minas Gerais/Brasil.

Orientadora: Profª. Drª. Cláudia Martins Carneiro

Ouro Preto
2022
SISBIN - SISTEMA DE BIBLIOTECAS E INFORMAÇÃO

M838p Moreira, Luna Iris da Silva Alves.


MorProbióticos na prevenção e tratamento da candidíase vulvovaginal
[manuscrito]: um estudo de revisão. / Luna Iris da Silva Alves Moreira. -
2022.
Mor49 f.: il.: tab.. + SIM.

MorOrientadora: Profa. Dra. Cláudia Martins Carneiro.


MorMonografia (Bacharelado). Universidade Federal de Ouro Preto.
Escola de Farmácia. Graduação em Farmácia .

Mor1. Aparelho genital feminino - Doenças. 2. Candidíase. 3. Probióticos.


I. Carneiro, Cláudia Martins. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III.
Título.

CDU 616.992

Bibliotecário(a) Responsável: Soraya Fernanda Ferreira e Souza - SIAPE: 1.763.787


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
REITORIA
ESCOLA DE FARMACIA
DEPARTAMENTO DE ANALISES CLINICAS

FOLHA DE APROVAÇÃO

Luna Iris da Silva Alves Moreira

Probióticos na prevenção e no tratamento da candidíase vulvovaginal: um estudo de revisão

Monografia apresentada ao Curso de Farmácia da Universidade Federal


de Ouro Preto como requisito parcial para obtenção do título de obtenção do título de Bacharel em Farmácia.

Aprovada em 04 de julho de 2022

Membros da banca

Profa. Dra. Cláudia Martins Carneiro - Orientadora - Universidade Federal de Ouro Preto
Dra. Mariana Trevisan Rezende - Examinadora - Universidade Federal de Ouro Preto
Profa. Dra. Vanja Maria Veloso - Examinadora - Universidade Federal de Ouro Preto

Cláudia Martins Carneiro, orientadora do trabalho, aprovou a versão final e autorizou seu depósito na Biblioteca
Digital de Trabalhos de Conclusão de Curso da UFOP em 05/07/2022.

Documento assinado eletronicamente por Claudia Martins Carneiro, PROFESSOR DE MAGISTERIO


SUPERIOR, em 05/07/2022, às 09:21, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art.
6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site


http://sei.ufop.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 , informando o código verificador 0357064 e
o código CRC 59EECB59.

Referência: Caso responda este documento, indicar expressamente o Processo nº 23109.008855/2022-90 SEI nº 0357064

R. Diogo de Vasconcelos, 122, - Bairro Pilar Ouro Preto/MG, CEP 35400-000


Telefone: (31)3559-1071 - www.ufop.br
AGRADECIMENTOS

Hoje eu só quero agradecer: Primeiramente a Deus, por ter me concedido saúde e


sabedoria para realizar esse trabalho.
Aos meus pais pelo dom da vida. A minha mãe que sempre me ensinou a acreditar
e buscar a realização dos meus objetivos, e ao meu pai (in memorian) que se tornou meu
anjo da guarda, minha estrelinha favorita. Obrigada por sempre acreditarem em mim.
Mesmo quando nem eu mesma acreditava, amo vocês!
Aos meus irmãos pelo apoio e incentivo.
A professora orientadora Drª. Cláudia Martins Carneiro pelas coordenadas e
correções que foram essenciais para a finalização do meu trabalho.
E, a todos que de alguma forma contribuíram para essa realização.
RESUMO

Em um levantamento realizado em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e


Estatística (IBOPE), cerca de 52 % das mulheres brasileiras já tiveram candidíase pelo
menos uma vez na vida. A candidíase vulvovaginal (CVV) é desencadeada por patógenos
oportunistas do gênero Candida, os sintomas incluem coceira vulvovaginal, sensação de
queimação ou disúria, secreção branca, protuberante, inodora, semelhante a queijo,
hiperemia, edema vulvar, fissura vulvovaginal e maceração, dispareunia, cobertura
vaginal e cervical. Os probióticos podem ser utilizados no tratamento não convencional
da CVV uma vez que os lactobacillus são capazes colonizar e estabilizar a microbiota
vaginal e apresentam efeito antimicrobiano na presença de Candida albicans. Nesse
contexto, este trabalho foi desenvolvido a partir de uma revisão sistemática da literatura
com o intuito de avaliar a utilização e eficácia dos probióticos nos tratamentos e
prevenção da candidíase vulvovaginal. Utilizando a metodologia PRISMA foram
selecionados 23 artigos entre os anos de 2017 e 2022 que apresentavam experimentos in
vitro e in vivo utilizando cepas diversas de lactobacillus. Em sua grande maioria os
resultados evidenciam que o tratamento probiótico apresentou capacidade antifúngica às
colônias de Candida albicans e nos tratamentos in vivo observou-se uma redução
significativa dos sintomas da CVV. Dessa forma, probióticos apresentam potencial
promissor para serem utilizados no tratamento e prevenção da CVV.
ABSTRACT

In a survey carried out in 2020 by the Brazilian Institute of Public Opinion and Statistics
(IBOPE), about 52% of Brazilian women have had candidiasis at least once in their lives.
Vulvovaginal candidiasis (VVC) is triggered by opportunistic pathogens of the genus
Candida, symptoms include vulvovaginal itching, burning sensation or dysuria, white,
bulging, odorless, cheese-like discharge, hyperemia, vulvar edema, vulvovaginal fissure
and maceration, dyspareunia, vaginal and cervical coverage. Probiotics can
unconventionally treat VVC since lactobacillus are able to colonize and stabilize the
vaginal microbiota and have an antimicrobial effect in the presence of Candida albicans.
In this context, this work was developed from a systematic review of the literature in
order to evaluate the use and effectiveness of probiotics in the treatment and prevention
of vulvovaginal candidiasis. Using the PRISMA methodology, 23 articles were selected
between the years 2017 and 2022 that presented in vitro and in vivo experiments using
different strains of lactobacillus. For the most part, the results show that the probiotic
treatment showed an anti-fungic capacity against Candida albicans colonies and in vivo
treatments showed a significant reduction in VVC symptoms. Thus, probiotics have
promising potential to be used in the treatment and prevention of VVC.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Critérios de seleção dos artigos ................................................................................. 14


LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Artigos encontrados por ano no período pré-determinado. ......................................... 13

Tabela 2: Dados acerca dos trabalhos revisados ......................................................................... 15


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação brasileira de normas técnicas

CVV - Candidíase vulvovaginal

CVVR - Candidíase vulvovaginal recorrente

IBOP - Instituto brasileiro de opinião pública e estatística

pH - Potencial de hidrogênio

Scielo - Scientific Electronic Librany Online

TCC - Trabalho de conclusão de curso

OMS - Organização mundial da saúde

VB - Vaginose bacteriana
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1

2. JUSTIFICATIVA 2

3. OBJETIVO 3

3.1 Objetivo Geral 3

3.2 Objetivos Específicos 3

4. REFERENCIAL TEÓRICO 4

4.1 Microbioma Vaginal 4

4.2 Candidíase vulvovaginal 4

4.3 Tratamento da Candidíase vulvovaginal 6

4.4 Probióticos 7

4.4.1 Probióticos x Microbiota Vaginal 7

4.4.2 Probióticos no Tratamento da Candidíase 8

5. METODOLOGIA 9

5.1 - Delimitação da Questão Norteadora 9

5.2 - Definição das Fontes de Dados 10

5.3 - Eleição das palavras chaves 10

5.4 - Critérios de inclusão e exclusão 11

5.5- Extração, avaliação dos dados e interpretação dos resultados 11

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 13

7. CONCLUSÃO 33

9. REFERÊNCIAS 34
1. INTRODUÇÃO

A candidíase vulvovaginal (CVV) é desencadeada por patógenos oportunistas do gênero


Candida que crescem de forma anormal principalmente na mucosa do trato genital feminino
(ÁLVARES et al., 2007). Esse tipo de distúrbio inclui uma variedade de síndromes clínicas que
podem ser causadas por aproximadamente 200 espécies de leveduras. Além disso, se
reproduzem por brotamento formando pseudohifas e hifas nos tecidos, colônias com
tonalidades que variam de brancas a creme, além de poder apresentar superfícies lisas ou
rugosas (BARBEDO et al., 2010).
Esse tipo de infecção caracteriza-se como endógena quando se trata de crescimento da
microbiota ou exógena quando se trata de Infecção Sexualmente Transmissível (IST), podendo
essa ser sintomática ou assintomática (SOARES et al., 2018). Segundo levantamento realizado
pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), em julho de 2020 com 2.000
pessoas, encomendada pela farmacêutica Bayer e de abrangência nacional, 52% das mulheres
já tiveram candidíase ao menos uma vez e foi estimado que pelo menos 20% apresentaram a
forma assintomática (VIVA BEM, 2021).
A microbiota humana é bastante diversificada, e está sujeita a desequilíbrios por
diferentes motivos, sendo importante ressaltar que uma microbiota vaginal saudável é
fundamental na prevenção de diversas infecções (DIOPE et al., 2019; SACO e MOYA, 2019).
Os probióticos são microrganismos vivos que quando administrados em quantidades adequadas
conferem um benefício para a saúde do hospedeiro (CAMPINHO et al., 2019). Elespodem ser
utilizados como tratamento não-convencional, como por exemplo o caso dosLactobacillus que
estabilizam a microbiota vaginal e apresentam efeito antimicrobiano napresença de C.
albicans bem como capacidade de colonizar a microflora vaginal, podendo,portanto, ser
utilizados no tratamento e prevenção da candidíase vulvovaginal (CAMPINHO et al., 2019).

O presente trabalho, realizado a partir de uma revisão de literatura, tem como objetivo
avaliar a utilização dos probióticos na prevenção e tratamento da CVV.

1
2. JUSTIFICATIVA

Considerando que o quadro da CVV traz desconforto e prejuízos ao cotidiano das mulheres e
que estudos sobre o uso de probióticos para o seu tratamento têm despertado a atenção de muitos
profissionais e pacientes, este trabalho pode ser justificado pela necessidade de se obter
evidências científicas sobre o papel dos probióticos na prevenção e tratamento da CVV e
discutir o uso de probióticos para a melhora da qualidade de vida.

2
3. OBJETIVO

3.1- Objetivo Geral

Analisar a importância dos probióticos na saúde íntima das mulheres cis, homens trans e
transmasculinizados principalmente relacionado a candidíase vulvovaginal. \
Sáude do útero, menstruação são termos majoritariamente associados a mulheres cis, porém é
importante lembrar que os homens trans e pessoas transmasculinizadas também possuemvagina e órgãos
internos femininos, e portanto deve-se atentar a saúde vaginal e uterina, principalmente relacionada a
prevenção de infecções sexualmente transmissíveis

3.2- Objetivos Específicos

• Aprofundar conhecimentos, por meio de revisão literária, sobre a candidíase vulvovaginal;


• Definir o estado da arte sobre o uso dos probióticos na manutenção do equilíbrio da microbiota
vaginal;
• Verificar a utilização dos probióticos em quadros de candidíase vulvovaginal.

3
4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Microbioma Vaginal

A microbiota vaginal apresenta um padrão específico para cada mulher, o gênero


Lactobacillus é dominante e determinante durante o estabelecimento de uma comunidade
microbiana saudável (MORENO et al., 2021). Os Lactobacillus desempenham um papel bem
estabelecido na vagina, representando quase 90% de toda a microbiota vaginal em mulheres
saudáveis (VLADAREANO et al., 2018).
Esse ambiente é comumente habitado tanto por comunidades bacterianas, representadas
principalmente pelo gênero Lactobacillus, como L. iners e L. crispatus , quanto por contrapartes
de leveduras, comumente chamadas de micobiome (ROSATI et al., 2020).
Por outro lado, as infecções vaginais são caracterizadas por uma diminuição significativa
dos Lactobacillus, que estão associados a um crescimento excessivo de patógenos como G.
vaginalis, Candida (VLADAREANO et al., 2018).
As espécies de Candida são os organismos fúngicos mais abundantes nesse ambiente e
em condições normais não causam infecções. A disbiose vaginal é um desequilíbrio da
microbiota que pode afetar o estado de saúde da mulher. Vários fatores podem alterar a
microbiota vaginal como o uso de antibióticos e de anticoncepcionais orais, a introdução de
terapias de reposição hormonal, a gravidez, pacientes acometidas com diabetes Mellitus
descompensada, atividades sexuais e utilização de roupas justas, para umainfecção por Candida
spp., sendo comum nesses casos distúrbios vaginais, como a candidíase vulvovaginal (YANO
et al., 2019).
Pois essas condições demonstram afetar o equilíbrio entre a tolerância e invasão,

levando a aderência da Candida ao epitélio da mucosa, crescimento anormal de levedura e


aumento de risco de contrair infecções (ROSATI et al., 2020).

4.2 Candidíase vulvovaginal

O gênero Candida spp. pertencente a família Saccharomycetaceae é um fungo, cujas


espécies são encontradas em humanos no trato gastrointestinal, trato respiratório superior, pele
e mucosa oral, vulvar e vaginal, atuando como comensais, ou seja, organismos que habitam o
corpo humano naturalmente sem causar patologias, apresentando diversa, podendo ser globosa,

4
oval, cilíndrica ou elíptica (RODRIGUES-CERDEIRA et al., 2020).
Alterações na interação simbiótica entre Candida spp. e o ecossistema a qual ele
compõe, além de características do estado de saúde do hospedeiro e da área infectada, são
responsáveis pelas disbioses fúngicas, sendo que em mulheres pode levar a candidíase
vulvovaginal (vulvovaginal candidiais (VVC)), que é uma infecção fúngica que acomete a
mucosa vaginal e vulvar e é considerada a segunda infecção genital feminina mais comum,
atrás apenas da vaginose bacteriana
uma vez na vida e 9% das mulheres que são acometidas pela infecção apresentam três ou quatro
episódios em um ano, o que pode ser denominada candidíase vulvovaginal recorrente
(vulvovaginal candidiais (RVVC) ((ROSATI et al., 2020).
A espécie mais associada a candidíase vulvovaginal é a Candida albicans, porém ela
pode ser causada também pela espécie C. glabrata, que vem sendo associada a mais casos da
infecção continuamente, sendo difícil determinar a sua prevalência já que o diagnóstico e
tratamento se baseiam em sintomas na maioria dos casos (RODRIGUES-CERDEIRA et al.,
2020).
C. albicans está associada a mais de 90% dos episódios de candidíase vulvovaginal
esporádica aguda, sendo que 85 a 95% das cepas são sensíveis a antifúngicos da classe dos
azóis, enquanto que C. glabrata é responsável por 20 a 30% dos casos, sendo estas na maioria
das vezes resistentes a antifúngicos da classe dos azóis (SOBEL, 2016).
A maioria dos casos se inicia em função de um desequilíbrio da microbiota vaginal,
fatores genéticos e predisponentes do hospedeiro, bem como cepas de Candida spp., sendo que
a principal das causas deste desequilíbrio inclui a mudança na comunidade de Lactobacillus
que habitam a região vaginal (ROSATI et al., 2020).
Os sintomas clássicos incluem: coceira vulvovaginal, sensação de queimação ou disúria,
secreção branca, protuberante, inodora, semelhante a queijo, hiperemia, edema vulvar, fissura
vulvovaginal e maceração, dispareunia, cobertura vaginal e cervical.
Podem inclusive ocorrer lesões vulvares cinza-esbranquiçados, placas aderidas às áreas
do períneo, perianal e virilha.
O diagnóstico de candidíase vulvovaginal geralmente é definido com base nos
sintomas, em que o médico realiza um exame pélvico para avaliar sinais de vaginite antes
de conduzir para a prescrição de um tratamento com antifúngico (YANO et al., 2019).
Porém, testes laboratoriais tradicionais podem ser realizados, como o de microscopia de
amostras em solução salina e hidróxido de potássio 10%, que fornece confirmação rápida

5
quando positivo, mas que apresentam baixa sensibilidade, variando de 40 a 70%; e a cultura de
amostras coletadas quando a microscopia for negativa e o pH vaginal for normal (SOBEL,
2016). Para adetecção de Candida spp. ou até mesmo definição das espécies presentes podem
ser realizadoscom os métodos de reação em cadeia da polimerase (PCR), porém, apesar de
serem mais sensíveis que a cultura de amostras, não fornecem vantagem na prática clínica além
de serem técnicas mais caras (SOBEL, 2016).

4.3 Tratamento da Candidíase vulvovaginal

O tratamento para candidíase vulvovaginal é, na maioria das vezes, simples e confiável


com qualquer antifúngico da classe dos azóis, e com regimes de tratamento de curta duração,
entretanto o tratamento bem sucedido é atrasado porque o diagnóstico da vulvovaginite por
Candida spp. pode ser complicado por sintomas e sinais inespecíficos que confundem o médico,
principalmente aquele profissional que não apresenta um treinamento ideal para diagnóstico
desses casos, além da falta de testes diagnósticos precisos e baratos e o fato de que algumas
pacientes não buscam atendimento médico e tratam os sintomas por conta própria
(ESCHENBACH, 2004).
De acordo com as Diretrizes de Prática Clínica, a CVV pode ser tratada com
formulações antifúngicas tópicas ou orais, entre as quais os azóis (por exemplo, miconazol,
clotrimazol e fluconazol) são os medicamentos mais frequentemente prescritos (ROSATI et al.,
2020).
Após o diagnóstico médico, a maioria dos casos costuma ser tratado com antifúngicos
orais ou tópicos prescritos pelo médico com proporção significativa apresentando alívio dos
sintomas, cerca de 80 a 90% dos casos (YANO et al., 2019).
Contudo, o uso dessas terapias convencionais pode promover a resistência e as vezes
recorrências de infecção. Além disso, eles destroem a flora vaginal normal e aumentam a
suscetibilidade à infecção. Por esse motivo, e amparado por diferentes preocupações
relacionadas à saúde pública e à prevenção de infecções, a necessidade urgente de alternativas
adequadas surgiu nas últimas duas décadas (MACIAS-NADER et al., 2021).

Os tratamentos não convencionais podem ser utilizados como uma medida terapêutica
isolada ou visando acelerar e complementar o tratamento convencional, e envolvem etapas
6
como a lavagem dos genitais com folhas de Barbatimão ou uso de probióticos, que é o enfoque
principal deste trabalho.

4.4 Probióticos

Os probióticos podem ser definidos como microrganismos vivos que, quando


administrados em quantidades adequadas, conferem benefício fisiológico à saúde do hospedeiro
(MACIAS-NADER et al., 2021).
Têm sido amplamente estudados e aplicados na área de alimentos e suplementos
alimentares, sem nenhum efeito negativo particular. Nos últimos anos, a indústria farmacêutica
mostrou um crescente interesse por novas formulações contendo microrganismos benéficos, em
muitos casos específicos para o hospedeiro (MACIAS-NADER et al., 2021).

4.4.1 Probióticos x Microbiota Vaginal

A microbiota vaginal saudável é um fator determinante na prevenção de diversas


infecções e o seu desequilíbrio devido a estados disbióticos está diretamente relacionado com
o aumento desse microbioma e consequente redução de Lactobacillus (GOMES et al., 2020).
A defesa dos tecidos vaginais contra a invasão de espécies de Candida depende tanto
da imunidade inata quanto da adaptativa, e compreende a secreção de citocinas, anticorpos,
além de probióticos, espécies de Lactobacillus. Todos esses fatores constituem uma barreira de
defesa contra a invasão da Candida, perturbando o crescimento do fungo e o privando de
nutrientes ou regulando a resposta imune. A manutenção da saúde íntima feminina é
parcialmente atribuída às espécies de lactobacillus (LIAO et al., 2019).
A suplementação com probióticos, mais especificamente Lactobacillus é considerada
de grande potencial para restaurar a saúde vaginal, já que em mulheres saudáveis a microbiota
vaginal é frequentemente dominada por essas espécies (OERLEMANS et al., 2020).
Lactobacillus são um elemento importante da microbiota vaginal porque sua produção de ácido
lático mantém o pH vaginal baixo e previne o crescimento excessivo de outros patógenos
especialmente aqueles que causam a candidíase vulvovaginal, vaginose bacteriana e
gonorréia; assim, eles são os probióticos mais comuns usados no tratamento de infecções
vaginais (PERICOLI et al., 2017; LIÃO et al., 2019).
7
4.4.2 Probióticos no Tratamento da Candidíase

Várias espécies e cepas do complexo do gênero Lactobacillus são conhecidos por serem
promotores de saúde efeitos. Esses efeitos na saúde são mais frequentemente atribuídos às suas
propriedades anti patogênicas e imunomoduladoras (OERLEMANS et al., 2020).

As espécies de Lactobacillus do sistema urogenital feminino atuam como uma barreira


à infecção e contribuem para o controle da microbiota vaginal ao competir com outros
microrganismos pela adesão às células epiteliais, deslocando o biofilme patogênico e/ou
inibindo o crescimento de potenciais patógenos. Assim, o uso de cepas probióticas de
Lactobacilos é potencialmente interessante tanto do ponto de vista preventivo quanto
terapêutico (KANG et al., 2018).
Os lactobacillus produzem ácido lático, que contribui para a manutenção do pH
fisiológico < 4,5 e protege a vagina dos microrganismos que ascendem do trato gastrointestinal,
além de produzir peróxido de hidrogênio e bacteriocinas, inibindo a adesão de microrganismos
patogênicos às células epiteliais vaginais (CAMPINHO et al., 2019).
Desse modo, os lactobacillus vaginais podem criar uma barreira contra a invasão do
patógeno, uma vez que os principais produtos de seu metabolismo secretados no líquido
cervicovaginal podem desempenhar um papel importante na inibição de invasores (MACIAS-
NADER et al., 2021).

8
5. METODOLOGIA

O presente trabalho trata-se de uma revisão sistemática da literatura, realizado com o


intuito de estudar a utilização de probióticos como forma não convencional de tratamento e
prevenção da candidíase vulvovaginal.

“Uma revisão sistemática de literatura é uma forma de estudo secundário que


utiliza uma metodologia bem definida para identificar, analisar e interpretar
todas as evidências disponíveis a respeito de uma questão de pesquisa
particular de maneira imparcial e repetível” (KITCHENHAM et al., 2007).

Nesse sentido, optou-se pelo uso da metodologia/recomendação PRISMA, que consiste


em um checklist com 27 itens e um fluxograma de 4 etapas, com o objetivo de auxiliar os autores
a melhorarem ou relatar revisões sistemáticas, tal metodologia é adotada oficialmente pelo
Ministério da Saúde (ARAÚJO, 2019). A aplicação desse checklist melhora a qualidade dos
relatórios de revisão sistemática porque fornece uma lista de itens que precisam ser preparados
e executados.
Além disso a instrução PRISMA é acompanhada por várias extensões . Estas são listas
de verificação adicionais que cobrem tipos ou aspectos específicos de revisões sistemáticas:
protocolos, pesquisas e revisões de escopo, por exemplo (CONVIDENCE,2020).
A declaração é apoiada por uma explicação e elaboração , que fornece a justificativa
para cada item da lista de verificação, juntamente com exemplos úteis.
Fornecendo aos leitores as informações para formar suas próprias opiniões sobre o quão
bem uma revisão foi realizada e como as descobertas são aplicáveis ao seu próprio ambiente.
Também torna a pesquisa replicável – uma das características definidoras de uma revisão
sistemática.
Portanto, baseado nessa metodologia, esse estudo será organizado nas seguintes etapas:
1) delimitação da questão norteadora a ser pesquisada;
2) definição das fontes de dados;
3) eleição das palavras-chave para a busca de artigos;
4) seleção de artigos pelo resumo de acordo com critérios de inclusão e exclusão;
5) extração, avaliação dos dados e interpretação dos resultados.

9
5.1 - Delimitação da Questão Norteadora

Compreende a delimitação dos objetivos e questões de pesquisa, devendo, portanto,


contemplar o problema ou condição que será estudada, assim como o tipo de intervenção que
será analisada, comparações e o desfecho que se pretende estudar.
A existência de uma questão bem delimitada é crucial para que as demais etapas da
revisão da literatura sejam elaboradas.
Nesse contexto, a temática trabalhada neste trabalho refere-se aos efeitos do uso dos
probióticos na prevenção e tratamento da candidíase vulvovaginal.

Intimamente ligada à fase anterior, busca na base de dados deve ser ampla e diversa,
5.2 - Definição das Fontes de Dados
incluindo buscas em bases de dados eletrônicas, buscas manuais em periódicos, referências
descritas em estudos selecionados, contatos com pesquisadores e utilização de materiais
inéditos. As buscas dos artigos foram realizadas nas plataformas

• PubMed: Abrange a literatura internacional de todas as especialidades médicas de 1966


até os dias atuais;
• Scielo: Compreende a produção de artigos produzidos em vários países da América
Latina;

Embora possa haver alguns artigos duplicados em diferentes bases de dados, cada base
é voltada para o público-alvo, ou seja, são assuntos tratados de uma forma preferencial.
Portanto, é necessário encontrar informações relevantes no banco de dados que sejam
adequados e compatíveis com o tema a ser desenvolvido.
Para realizar a busca automática dos artigos nas bases de pesquisa supracitadas, as
palavras chaves foram inseridas nos idiomas inglês, espanhol e português, utilizou-se também
os descritores booleanos “AND” e “OR” com o intuito de relacionar as palavras chaves no
momento da pesquisa

5.3 Eleição das palavras chaves

A ABNT define “palavra-chave” como: “Palavra representativa do conteúdo do


10
documento, escolhida, preferentemente, em vocabulário controlado”.

Isso significa que as palavras escolhidas devem trazer uma ideia clara e específica do
conteúdo do seu trabalho e do seu campo de pesquisa. Nesse sentido foram utilizadas palavras
que definiram de uma forma direta, o assunto central do trabalho.
Para a seleção dos artigos foram estabelecidas as palavras- chavess Probióticos,
candidíase vulvovaginal e tratamentos não convencionais da candidíase.
Para a filtragem nas bases de pesquisa e posterior seleção dos artigos a serem estudados
foram estabelecidos critérios de inclusão e exclusão. Tem-se como critérios de inclusão:

i. Período de publicação: foram selecionados artigos publicados nos


últimos 5 anos, portanto, inseriu-se nas plataformas de busca o período
de publicação entre 2017 e 2022.
ii. Acesso: para estudo dos artigos é necessário que os mesmos estejam
disponíveis na íntegra.

Como critérios de exclusão foram analisados os seguintes itens:


i. Período de publicação: artigos publicados antes de 2017 não foram
contabilizados.
ii. Acesso: artigos cujo acesso não estava disponível na íntegra não foram
analisados.
iii. Tema: temas não vinculados ao tema de estudos proposto neste trabalho
foram descartados, artigos de revisão sistemática da leitura não foram
contabilizados.

5.5 Extração, avaliação dos dados e interpretação dos resultados

Após o levantamento nas bases de dados, realizou-se a leitura dos resumos. Nos casos
onde não se obtinha informações suficientes para inclusão dos artigos, considerando-se os
critérios de inclusão estabelecidos, os artigos foram lidos na íntegra para avaliar se estes
estavam vinculados aos objetivos deste trabalho e dessa forma, determinando sua elegibilidade.
A avaliação dos dados e interpretação dos resultados deu-se através do estudo
aprofundado e sintetização das discussões apresentadas nos artigos acerca da utilização dos
probióticos na manutenção do equilíbrio da microbiota vaginal, além de sua utilização no
tratamento e prevenção da candidíase vulvovaginal.

11
Por fim, a análise crítica dos textos possibilitou o embasamento necessário para avaliar
a relevância do uso dos probióticos diante de casos de candidíase vulvovaginal permitindo
avaliar alternativas com menores efeitos colaterais, quando comparadas aos tratamentos
convencionais possibilitando intervenções mais satisfatórias durante crises de CVV,
melhorando a qualidade de vida das mulheres afetadas.

12
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da metodologia proposta, foram encontrados nas plataformas de busca um total


de 53 artigos publicados no período entre 01 de janeiro de 2017 e 25 de abril de 2022, a
distribuição anual é apresentada na tabela 1.

Tabela 1: Artigos encontrados por ano no período pré-determinado.

Ano de publicação Número de artigos


2017 4
2018 8
2019 7
2020 17
2021 14
2022 3
Total 53

Avaliando-se os critérios de inclusão e exclusão mencionados, tem-se 1 artigo em


duplicata, 20 artigos de revisão, 6 artigos não disponíveis na íntegra e 3 artigos não vinculados
ao tema proposto. O fluxograma baseado na metodologia PRISMA, Figura 1, foi confeccionado
a partir dos dados supracitados e da leitura crítica do resumo dos 23 artigos que se encaixaram
nos critérios inicialmente estabelecidos.

13
Figura 1: Critérios de seleção dos artigos.

Dos 23 artigos selecionados para estudo, 2 artigos foram publicados em 2017, 6 em


2018, 4 em 2019, 5 em 2020, 5 em 2021 e 1 em 2022. Como apresentado na Tabela 1 houve
um aumento expressivo de publicações no ano de 2020 e 2021 relacionados ao tratamento da
candidíase vulvovaginal. Entretanto, grande parte dos artigos tratava de revisões sistemáticas
da literatura. Tal fato pode ter sido ocasionado pelas dificuldades de acesso aos laboratórios
impostos pela à pandemia de COVID-19 ocasionando um aumento neste tipo de trabalho.
A Tabela 2 apresenta os dados sintetizados dos artigos analisados selecionados.

14
Tabela 2: Dados acerca dos artigos revisados

Autor/ano
Título revista Objetivos Metodologia Resultados Conclusões
fator de impacto
qualis CAPES
A therapeutic Analisar o papel do Administração intravaginal Ambas leveduras, viva e Saccharomycescerevisiae ,
activity of a Vericolini et al.,2017; probiótico Saccharomyce da levedura viva e a inativa, aceleraram a particularmente as células
Saccharomyces Virulence s cerevisiae levedura viva levedura inteira em eliminação do fungo. Isso vivas, podem exercer
cerevisiae-based 4,665 e levedura inteira camundongos infectados ocorreu possivelmente efeitos terapêuticos
probiotic and A2 inativada S. cerevisiae no com candidíase devido a múltiplas benéficos em uma
inactivated tratamento da candidíase vulvovaginal a partir de interações inibindo a infecção generalizada da
whole yeast on vaginal, usando modelo BLI Candida. coagregação da Candida e mucosa vaginal
vaginal experimental “ in vivo ”. sua aderência a células
candidiasis epiteliais
Antimicrobial Investigar os efeitos O método de sobreposição Lactobacillus Lactobacillus associada a
Compounds Wang et al., 2017; dos Lactobacillus spp. na de ágar e o ensaio de meio crispatus apresentaram as uma vagina saudável, pode
Produced by Frontiers in vagina saudável e no líquido a base de atividades antimicrobianas inibir fortemente
Vaginal Microbiology crescimento, formação de microplacas foram mais significativas no ensaio o crescimento e a
Lactobacillus 4,076 hifas e expressão de utilizados para determinar de meio líquido à base de formação de hifas
crispatus Are A1 genes relacionados com a a atividade antimicrobiana, microplacas onde a redução de Candida
Able to Strongly virulência de Candida onde placas contendo do crescimento da Candida albicans. Lactobacillus
Inhibit Candida albicans. crecimento de lactobacilos albicans foi maior que 60%. crispatus podem reprimir a
albicans foram sobrepostas com expressão de genes
Growth, Hyphal supensão de Candida específicos de hifas.
Formation and albicans
Regulate
Virulence-
related Gene
Expressions

15
Tabela 2: Dados acerca dos artigos revisados (continuação).

Autor/ano
Título revista Objetivos Metodologia Resultados Conclusões
fator de impacto
qualis CAPES
Saccharomyces Gabrielli et al., 2018; Abordar mecanismos e O probiótico A vagina e o tecido vaginal Os resultados in vivo
cerevisiae- Beneficial examinar a capacidade Saccharomyces cerevisiae foram totalmente fornecem uma base
based probiotic Microbes; probiótica a base de S. foi administrado via preservados em integridade razoável de benefícios da
as novel anti- 2,923; cerevisiae de modular intravaginal em arquitetônica em utilização do probótico
fungal and anti- B1; fatores relacionados a camundongos infectados camundongos tratados com com capacidade anti-
inflammatory Candida albicans como com Candida Albicans de Saccharomyces cerevisiae fungica e anti-inflamatória
agent for aspartil na cavidade levedura viva não onde o autor sugere que a
therapy of vaginal. apresentando nenhuma utilização segura em testes
vaginal toxicidade. clínicos iniciais em
candidiasis humanos
In vitro Chang-Ho et al., Investigar Os Lactobacillus O MG901 e o MG989 Esta estirpe de lactobacilo
probiotic 2018; as propriedades fermentum MG901 e demonstraram in vitro inibir MG901 e MG989 tende a
properties of European Journal of probióticas in vitro MG989 foram isolados das fortemente vários ser um candidato
vaginal Obstetrics & de Lactobacillus plantarum vaginas de mulheres microorganismos probiótico eficaz para a
Lactobacillus Gynecology and para serem usados como saudáveis e cultivadas potencialmente nocivos com utilização benéfica na
fermentum Reproductive anti Candida anaerobicamente e em um efeito particularmente protecção de infecções
MG901 and Biology; meio MRS foi analisado seu evidente contra C. albicans microbianas causadas
Lactobacillus 1,666; efeito inibitório à C. albicans especialmente por C.
plantarum A3 albicans
MG989 against
Candida
albicans

16
Tabela 2: Dados acerca dos artigos revisados (continuação)

Autor/ano
Título revista Objetivos Metodologia Resultados Conclusões
fator de impacto
qualis CAPES
New evidence Vladareanu et Avaliar a atividade e L. plantarum A ingestão de probióticos melhorou Este estudo demonstra
on oral L. al., 2018; tolerabilidade de um P17630 ou placebo significativamente a colonização de quea administração de
plantarum European Review produto oral contendo foram formulados em lactobacilos nas células epiteliais probiótico oral
P17630 for Medical and aestirpe probiótica cápsulas e administrados vaginais. Os resultados Lactobacillus plantarum
product in Pharmacological específica Lactobacillus oralmente a um total de demonstraram uma significativa P17630 melhora a
women with Sciences; plantarum P17630 na 93 mulheres com diferença em mulheres tratadas colonização da vagina
history of 1,778; colonização vaginal de história de candidíase com L. plantarum P17630. de bactérias lácticas e
recurrent A4 bactérias lácticas vulvovaginal recorrente Nenhuma evidência de melhora foi sugere o uso deste
vulvovaginal durante 3 ciclos de 15 registrada em mulheres que produto oral para
candidiasis dias e separados por receberam placebo. O aumento da prevenir com sucesso
(RVVC): a intervalos de 15 dias. adesão de lactobacilos foi associado episódios de candidíase
randomized Posteriormente, com a melhora dos sinais clínicos vulvovaginal.
double-blind realizou-se exames como vermelhidão, inchaço e
placebo- vulvovaginais e cultura corrimento.
controlled micológica vaginal.
study
Study on the Russo et al., 2018; Avaliar as alterações no Swabs vaginais foram A ingestão oral da mistura de A administração oral de
effects of an Archives of escore Nugent em mulheres coletados de cada lactobacilos/lactoferrina levou a coletados de
oral Gynecology and com microbiota vaginal mulher no início e no uma colonização vaginal lactobacilos/lactoferrina
lactobacilli Obstetrics intermediária tratadas via final do tratamento significativa por L. acidophilus GLA- contribuiu no suporte
and 2,090 oral com Lactobacillus probiótico e analisados 14 e L rhamnosus NH001 para a saúde vaginal
lactoferrin A3 acidophilus GLA-14 por RT-PCR. Ambos os mostrando que amabas as cepas fornecendo bases para
complex in e Lactobacillus sintomas de microbiota podem colonizar a vagina após estudos futuros sobre
women with rhamnosusmistura HN001, vaginal anormal e efeitos ingestão oral sendo correlacionado infecções vaginais.
intermediate em combinação com adversos foram com a melhora da microbiota
vaginal lactoferrina bovina RCX ou avaliados ao longo do vaginal anormal, incluindo prurido e
microbiota placebo, por 15 dias. estudo corrimento

17
Tabela2: Dados acerca dos artigos revisados (continuação)

Autor/ano
Título revista Objetivos Metodologia Resultados Conclusões
fator de impacto
qualis CAPES
Anti- Santos et al., 2018; O objetivo deste estudo Lactobacillus plantarum 59 As culturas LP59 e LF137 e L. plantarum 59 e L.
inflammatory Microbiology foi avaliar as (LP59) e Lactobacillus os sobrenadantes livres de fermentum137 foram
effect of two - propriedades fermentum 137 (LF137) foram células não mostraram confirmados como
Lactobacillus - imunomoduladoras de isolados do trato vaginal de evidência de citotoxicidade potenciais candidatos para
strains during LP59 e LF137 em um mulheres saudáveis de Cuba para células HeLa. Além uso como probióticos para
infection with modelo de células e cultivados em caldo por disso tratamentos com as o tratamento e prevenção
Gardnerella epiteliais HeLa infectadas 18 h a 37 ºC em uma cepas de Lactobacillus ou de infecções vaginais,
vaginalis and com G. vaginalis ou C. câmera anaeróbica. seus sobrenadantes livres de como BV e VVC.
Candida albicans células antes (pré-
albicans in a tratamento) ou após (pós-
HeLa cell tratamento) o desafio com
culturemodel os patógenos resultou em
diminuição da secreção de
citocinas pró-inflamatórias
In Vitro Kang et al., 2018; Investigar a atividade L. salivarius MG242 e C. No período de incubação, L. L. salivarius MG242 tem
Probiotic Probiotics and antagônica de L. albicans foram cultivados a salivarius MG242 inibiu o potencial para ser
Properties of Antimicrobial salivarius MG242 37°C por 18 h em meio crescimento de C. albicans , desenvolvido em uma
Lactobacillus Proteins; contra C. albicans e misto preparado pela enquanto que na parte fórmula probiótica para
salivarius 1,600; avaliar a adaptação ao mistura de caldo YM com seguinte do período de tratar ou prevenir CVV.
MG242 Isolated A4 calor em várias caldoRS. L.salivarius MG242 incubação, as contagens de
from Human temperaturas para e C. albicans foram células viáveis de C.
Vagina. preservar a viabilidade inoculados na co-cultura ao albicans diminuíram
celular e manter a mesmo tempo. significativamente. Além
atividade anti-Candida disso, a 50, 60 e 70 ºC o pó
durante a liofilização. de células vivas apresentou
vida útil sete vezes maior

18
Tabela 2: Dados acerca dos artigos revisados (continuação)

Autor/ano
Título revista Objetivos Metodologia Resultados Conclusões
fator de
impacto
qualis CAPES
Enhanced Liao et Avaliar atividade preventiva Um ensaio de placa de ágar de Os resultados in vitro em placa de L. casei/pPG612.1-BLF é
antifungal al., 2019; e terapêutica no modelo em duas camadas permitiu que a C. ágar evidenciam uma diminuição do um promissor agente
activity of BNC camundongos com VVC albicans fosse exposto número e do tamanho médio de preventivo e terapêutico
bovine Microbiology, utilizando Lactobacillus casei diretamente aos Lactobacillus colônias de C. albicans após a anti-VVC. Destaca-se a
lactoferrin- 2,644; ATCC 393 e pPG612.1. casei ATCC 393 e pPG612.1, exposição ao probiótico L. casei. possibilidade de empregar
producing A2 onde os L. casei foram Em camundongos, a carga de o probiótico L. casei como
probiotic cultivados anaerobicamente na infecção inoculados veículo para a terapia no
Lactobacillus camada interior e a C. albicans intravaginalmente com o L casei foi trato genital feminino.
casei in the na camada exterior. O efeito menor que os apresentado pelos
murine model terapêutico em camundongos a grupos de controle
of vulvovaginal cepa L. casei/pPG621.1-BLF foi
candidiasis com uma pipeta por cinco dias
entregue via intavagivanl em
animais infectadpos infectadas
com C. albicans.
Anticandidal Er et Investigar a capacidade As atividades antifúngicas de Como resultado da identificação do O ácido lático produzido
activities of al., antifúngica de bactérias várias bactérias lácticas isoladas ácido lático isolado bactérias ácidas, pela bactérias em estudo
lactic acid 2019; láticas retiradas e isoladas da vagina de mulheres verificou-se que os 49 isolados de apresentam alta capacidade
bacteria Turkish da vagina de mulheres saudáveis foram investigadas bactérias do ácido lático antifúngica e são
isolated from Journal of saudáveis em ação contra a pela técnica de difusão em ágar pertenciam principalmente a L. candidatos promissores na
the vagina. Medical cândida. em contato com algumas paracesei (27%) e a L. crispatus secreção vaginal causada
Sciences espécies de candida (22,4%), seguido por L. fermentum pela candidíase.
- de difusão em ágar. (16,3%), L. acidophilus (14,3%), L.
- pentosus (10,2%), L. plantarum
(6,1%), e L. delbrueckii subsp.
Delbrueckii (4,1%) .

19
Tabela 2: Dados acerca dos artigos revisados (continuação)

Autor/ano
Título revista Objetivos Metodologia Resultados Conclusões
fator de
impacto
qualis CAPES
Randomised Russo et al., Avaliar a eficácia de uma formulação 48 mulheres positivas para C. Após a terapia com Os resultados
clinical trial in 2019; oral contendo Lactobacillus albicans e sintomas de CVV clotrimazol, houve melhora mostram que a
women with Mycoses; acidophilus GLA-14, Lactobacillus foram divididas em dois grupos significativa dos sintomas em mistura de
Recurrent 2,252 rhamnosus HN001 e lactoferrina ondereceberam ambos os grupos. No entanto, lactobacilos
Vulvovaginal A1 bovina sobre os sintomas e simultaneamente ao tratamento apenas as mulheres tratadas investigada em
Candidiasis: recorrência de CVV como terapia tradicional com clotrimazol o com probióticos e lactoferrina combinação com
Efficacy of adjuvante ao clotrimazol tópico. tratamento placebo ou apresentaram melhora lactoferrina
probiotics and probiotico contendo significativa da coceira e representa uma
lactoferrin as Lactobacillus cidophilus GLA-14 corrimento. Durante os seis abordagem
e Lactobacillus meses de acompanhamento, adjuvante segura e
maintenance
rhamnosus HN001 em as recorrências foram eficaz para reduzir os
treatment
combinação com lactoferrina significativamente menores sintomas e
bovina RCX. no grupo de intervenção recorrências de
versus placebo. candidíase
vulvuvaginal
recorrente.
Local Probiotic Li et al., Investigar e comparar os efeitos Ratas foram inoculadas Resultados in vitro mostraram Os L. crispatus e L.
Lactobacillus 2019; de L.crispatus, bactéria vaginal intravaginalmente com que a atividade inibitória delbrueckii são um
crispatus and Frontiers in predominante em humanos, e L. suspensão de C. Albicans. contra as contagens de potencial agente
Lactobacillus Microbiology delbrueckii , que está contido na Confirmada infecção foram unidades formadoras de bioterapêutico
delbrueckii Exhibit 4,076 única preparação vaginal separadas em grupos contendo colônias de Candida foi adjunto em
Strong Antifungal A1 comercialmente disponível de cepas animais não infectados e demonstrada pelas duas cepas mulheres com CVV,
Effects Against de Lactobacillus , anti C. albicans, infectados, mas tratadas com de Lactobacillus. Além disso a especialmente para
Vulvovaginal focando adicionalmente na resposta placebo, L. cripatuse ou L. utilização desse probióticos aquelas com
Candidiasis in a imune do epitélio vaginal do delbrueckki e as atividades desempenharam a diminuição resistência a drogas,
antifúngicas investigadas. de secreção epitelial de efeitos adversos ou
Rat Model. hospedeiro em um modelo de rato.
citocinas contraindicações ao
uso de antifúngicos

20
Tabela 2: Dados acerca dos artigos revisados (continuação)

Autor/ano
Título revista Objetivos Metodologia Resultados Conclusões
fator de impacto
qualis CAPES
Biosurfactant De Gregorio et al., Caracterizar quimicamente um 100 mL de uma cultura de L. O BS não foi citotóxico e O BS de L.
from vaginal 2020; biossurfactante (BS) isolado de crispatus BC1 foram inoculados reduziu a capacidade das crispatus BC1
Lactobacillus Microbial Cell uma cepa vaginal em 900 mL de caldo MRS e cepas de Candida aderirem vaginal é capaz de
crispatus BC1 Factories; de Lactobacillus crispatus,, L. deixados crescer por 24 h em às células epiteliais interferir na adesão
as a promising 3,681; crispatus BC1, e investigar sua frascos anaeróbicos contendo cervicais humanas. Além de Candida in vitro e
agent to A2 segurança e atividade GasPak EZ. A suspensão foi disso, a inoculação in vivo, e sugerem
interfere with antiadesiva/antimicrobiana centrifugada e o sobrenadante intravaginal de BS em um seu potencial como
Candida contra Candida spp.,empregando filtrado e ubmetido à diálise modelo experimental agente preventivo
adhesion ensaios in vitro e in vivo. contra água envolvendo camundongos para reduzir os
desmineralizada obtendo-se foi segura e não perturbou danos à mucosa
multicomponente bruto BS que a citologia vaginal, ocasionados
foi testado in vivo e in vivo histologia e microbiota por Candida durante
vaginal cultivável. a CVV.
Identification Dausset et al., 2020; Avaliar o impacto do tiossulfato Lactobacillus spp:. foram A formulação vaginal STS é um excipiente
of sulfur Scientific reports; de sódio (STS) nas propriedades cultivadas em caldo Man, de Lactobacillus ativo que contribui
omponents 4,259; anti- Candida ) L Rogosa, Sharpe a 37°C durante rhamnosus Lcr35, para as
enhancing the A2 rhamnosus Lcr35. 48 h. Candida spp: as cepas GYNOPHILUS, foi capaz de propriedades
anti-Candida foram inoculadas a em caldo matar C. albicans ATCC anti- Candida do
effect of Sabouraud dextrose cultivadas 10231 após 48 h, enquanto Lcr35 por meio de
Lactobacillus a 25 °C por 48 h. Logo após o a cepa nativa sozinha um mecanismo
rhamnosus pré-cultivo, foi feito um caldo de apenas reduziu a desconhecido
Lcr35 cultura misto com 50% de viabilidade do patógeno em
subcultura 3 log 10 (UFC/ml) ao longo o
de Lactobacilli contendo ou não mesmo período de tempo.
STS 50% de subcultura
de Candida.

21
Tabela 2: Dados acerca dos artigos revisados (continuação)

Autor/ano
Título revista Objetivos Metodologia Resultados Conclusões
fator de impacto
qualis CAPES
Recovery of Decherf et al., Determinar se a Mulheres saudáveis foram Ao longo da fase de O uso oral do
Saccharomyces 2020;Nutrients; administração oral do randomizadas para receber uma suplementação de 4 probiótico em vez da
cerevisiae CNCM I- 3,350; probiótico Saccharomyces dose diária de S. cerevisiae CNCM semanas, S. cerevisiae CNCM administração local
3856 in Vaginal A1 cerevisiae CNCM I-3856 I-3856 ou placebo por 4 I-3856 foi detectado nas levou a uma maior
Samples of Healthy levaria à detecção da cepa semanas. Subculturas e reação amostras vaginais de 21% adesão e uma ação
Women after Oral em amostras de swab em cadeia da polimerase das mulheres no grupo antipatogênica
Administration vaginal. Avaliar a quantitativa (qPCR) foram probiótico 500 mg e 16% precoce do probiótico
sobrevivência do probiótico usadas para detectar a cepa em das mulheres no grupo no intestino, que é
no trato gastrointestinal e amostras vaginais e de Probiótico 1000 mg. A cepa conhecido por ser
seu impacto nas principais fezes. Uma avaliação de foi detectada nas fezes de uma das fontes
espécies bacterianas que segurança foi realizada durante 90% das mulheres que potenciais de infecção
constituem a flora todo o estudo. consumiram o probiótico, vaginal. Uma vez na
Döderlein. demonstrando a migração vagina, o probiótico
da levedura do intestino também pode exercer
para a vagina, onde pode seus benefícios
exercer seus benefícios. localmente

22
Tabela 2: Dados acerca dos artigos revisados (continuação)

Autor/ano
Título revista Objetivos Metodologia Resultados Conclusões
fator de impacto
qualis CAPES
The use of 3 Donders et Selecionar cepas probióticas e A cepas L. plantarum YUN- 3 cepas mostraram forte O produto foi de
selected al., 2020; avaliar a tolerabilidade, os efeitos V2.0 , L. pentosus YUN- grande aceitação
European Journal colaterais e a eficácia potencial no potencial inibitório
lactobacillary Of Clinical tratamento da vulvovaginite V1.0 e L. rhamnosus YUN- contra Candida albicans , por parte das
strains in vaginal Microbiology & S1.0 foram administradas boa adesão às células mulheres que não
aguda por Candida.
probiotic gel for the Infectious Diseases; em um gel contendo85,5% eiteliais vaginais e sem necessitaram de
treatment of acute 2,727; de dimeticona, 4,5% de problemas de segurança medicação resgate
Candida vaginitis: a A3 copolímero de bis-vinil (inflamação ou resistência e até mesmo em
proof-of-concept dimeticona/dimeticona e a antibióticos). A utilização metade das que
study 10% de mistura de pó do gel fabiricado a partir necessitaram do
de Lactobacillus (as cepas das cepas selecionadas procedimento. Isso
foram misturadas em propiciou à 45% da sugere uma alta
quantidades iguais com base mulheres a cura dos aceitação mesmo
no peso). O gel foi utilizado sintomas da CVV, o que não tenha
via intravaginal por 10 dias restante das pacientes resolvido os
em mulheres com CVV. necessitou entra com
medicação resgaste as pacientes.

23
Tabela 2: Dados acerca dos artigos revisados (continuação)

Autor/ano
Título revista Objetivos Metodologia Resultados Conclusões
fator de impacto
qualis CAPES
Saccharomyces Gaziano et al., Avaliar a Três linhagens do complexo do Os testes mostraram que 45% O estudo aponta
cerevisiae Based 2020;Frontiers in suplementação gênero Lactobacillus ( L. das mulheres não necessitaram aspectos importantes
Probiotics as Novel Microbiology; com Lactobacillus rhamnosus GG, L. de medicação de resgate para a futura seleção de
Antimicrobial Agents 4,076; para a prevenção pentosus KCA1 e L. (fluconazol), implicando uma lactobacilos para uso
to Prevent and Treat A1; e tratamento de plantarum WCFS1) com base melhora de seus probiótico em CVV e a
Vaginal Infections CVV, em dados de avaliação in vitroa sintomas. Essas mulheres necessidade de
selecionando formulou-se um gel para apresentaram concentrações investigar possíveis
cepas com fortes aplicação vaginal. Este gel foi finais de fungos semelhantes às influências negativas
propriedades anti avaliado em 20 pacientes com mulheres tratadas com dos azólicos na
– Candida. CVV aguda, que foram fluconazol. Além disso, o comunidade bacteriana
acompanhados por quatro fluconazol pareceu reduzir o vaginal.
semanas, incluindo um período número de lactobacilos
de tratamento de 10 dias. endógenos.
A New Therapy for Stabile et al., 2021; Apresentar Um grupo com 20 mulheres foi No grupo tratado A suplementação com a
Uncomplicated Healthcare; compostos administrado tratamento diário comsuplementação probiótica, medicação probiótica
Vulvovaginal - naturais como antifúngico tópico com a cura clínica e microbiológica demonstrou curar a
Candidiasis and Its C alternativa clotrimazol por seis dias aos 15 e 30 dias foi observada candidíase vulvovaginal
Impact on Vaginal promissora no consecutivos. No segundo em 90% das mulheres, em não complicada
Flora tratamento da grupo, 20 mulheres foram comparação 80% no grupo associada com
CVV tratadas com clotrimazol tratado apenas com clotrimazol, reduzindo a
associado a uma preparação clotrimazol. Apenas 20% das recorrência e
oral que continha os seguintes mulheres com tratamento de melhorando a flora
princípios ativos : Saccharomyces suplementação probiótica vaginal melhor do que
cerevisiae ( S. cerevisiae ) cepas apresentou recorrências o tratamento com
vivas, melatonina e Lactobacillus sintomáticas dentro de 3 meses, clotrimazol sozinho.
acidophilusGLA-14 . em comparação 40% no grupo
somente clotrimazol.

24
Tabela 2: Dados acerca dos artigos revisados (continuação)

Autor/ano
Título revista Objetivos Metodologia Resultados Conclusões
fator de impacto
qualis CAPES
Novel Kumherová et al., Isolar lactobacilos vaginais Lactobacilos foram isolados 41 cepas de lactobacillus foram L. crispatus 46B e
Potential 2021; de gestantes saudáveis na de 50 swabs vaginais e os identificadas. Todas as cepas 69E, L. fermentum 74A
Probiotic Probiotics and 36ª semana de gestação, isolados purificados foram foram resistentes ao fluconazol e 74B, L. gasseri 8D, L.
Lactobacilli for Antimicrobial especialmente em testes identificados. Propriedades e metronidazol. As linhagens L. rhamnosus 10A podem
Prevention Proteins; de atividade funcionais (atividade fermentum e L. ser potenciais
and Treatment 1,600 antimicrobiana, para antimicrobiana, produção de rhamnosus apresentaram alta candidatos para
of A4 descobrir cepas adequadas ácidos orgânicos e peróxido atividade antibacteriana e tratamento e
Vulvovaginal para o tratamento de de hidrogênio, hidrofobicidade, e as prevenção de infecções
Infections infecções vaginais de suscetibilidade a linhagens L. vulvovaginais,
mulheres grávidas que antibióticos, autoagregação crispatus apresentaram alta especialmente para
induzem ao parto e hidrofobicidade) de autoagregação e atividade mulheres grávidas com
prematuro ou infecções isolados selecionados foram anti- Candida.. microbioma anormal
neonatais. testadas. visando reduzir o risco
de parto prematuro ou
infecção neonatal
por Streptococcus
agalactiae.

25
Tabela 2: Dados acerca dos artigos revisados (continuação)

Autor/ano
Título revista Objetivos Metodologia Resultados Conclusões
fator de impacto
qualis CAPES
Bacteriocin- Hefzy et al., 2021; Avaliar a atividade O isolamento de Lactobacillus em Isolados de L. pentosus apresentou a Experimentos in
Like Inhibitory Antibiotics inibitória e bactericidas ágar de Man, Rogosa, Sharpe e o maior atividade anti - Candida 73,3%), vitro e in vivo
Substances - de lactobacilos e isolamento de Streptococcus em seguido de BLISs de isolados de L. mostraram que
from A1 probióticos isolados a ágar M17. Swabs vaginais de paracasei subsp. paracasei (68,9%), L. derivados de
Probiotics as partir de alimentos mulheres com vulvovaginite rhamnosus I (66,7%), L. potenciais
Therapeutic de Candida albicans e foram inoculados em ágar delbrueckii subsp. lactis I ( 66,7%) e S. probióticos
Agents for não Candidaalbicansde Sabouraud dextrose e incubados uberis II ( 66,7%). A atividade possuem
Candida mulherescomvulvovaginite. por 24-48 h a 37 °C. A difusão em protetora in vivo melhorou atividade
Vulvovaginitis poço de ágar foi usada para significativamente a sobrevivência ao anti- Candida e
avaliar o potencial inibitório sétimo dia das larvas infectadas podem prevenir
probiótico. a formação de
com C.albicans ou C. glabrata.
biofilme.

26
Tabela 2: Dados acerca dos artigos revisados (continuação)

Autor/ano
Título revista Objetivos Metodologia Resultados Conclusões
fator de
impacto
qualis CAPES
Inhibitory Paniágua et Investigar os efeitos inibitórios A atividade antifúngica L. casei Shirota apresentou ação L. casei Shirota possui
effects of al., 2021; in vitro de Lactobacillus do ácido lático contra as inibitória contra todas atividade antifúngica
Lactobacillus BMC casei Shirota cepas de Candida foi as Candida spp. testadas, variando contra as espécies
casei Shirota Complementary sobre Candida spp. que causam avaliada usando o de 66,9 a 95,6%. Essa inibição de Candida causadoras
against both and Alternative VVC e em C. auris. método de diluição em possivelmente está relacionada à de CVV. L.
Candida auris Medicine caldo de microtitulação produção de ácido lático, uma vez casei também tem
and Candida 2,88; para determinar as que o ácido lático mostrou ação ação microbicida
spp. isolates A3 concentrações inibitórias microbicida contra Candida spp. contra C. auris.
that cause mínimas. Além disso, L. casei Shirota foi capaz
vulvovaginal de reduzir a formação de hifas de C.
candidiasis and albicans e biofilmes precoces,
are resistant to apresentando fortes efeitos
antifungals anti- Candida.
Lactobacillus Parolin et al., Investigar a capacidade de 16 odas as 16 cepas AslinhagensdeL.plantarum foram as As propriedades
Biofilms 2021; cepas vaginais de Lactobacillus incluídas melhores produtoras de biofilme, e funcionais fornecem
Influence Anti- Frontiers in de Lactobacillus (pertencentes neste estudo foram alta variabilidade foi registrada no um suporte para
Candida Activity Microbiology; a Lactobacillus previamente isoladas de nível de formação de biofilme entre apoiar o
4,076; crispatus , Lactobacillusgasseri, swabs vaginais de as linhagens de L. crispatus e L. desenvolvimento de
A1; Lactobacillus mulheres caucasianas gasseri. As linhagens L. crispatus e L. novas estratégias
vaginalis e Lactobacillus pré-menopausa plantarum apresentaram o melhor antimicóticas
plantarumespécies) de formar saudáveis, lactobacilos perfil fungistático, e os biofilmes baseadas em
biofilmes, relacionando o seu foram cultivados aumentaram sua atividade anti probióticos cultivados
modo de crescimento com a rotineiramente em caldo - Candida O modo de crescimento em adesão
atividade anti- Candida de Man, Rogosa e biofilme/planctônico também afeta
Sharpe anaerobicamente o metabolismo de Lactobacillus.
à 37 ºC.

27
Tabela 2: Dados acerca dos artigos revisados (continuação)

Autor/ano
Título revista Objetivos Metodologia Resultados Conclusões
fator de impacto
qualis CAPES
Lactobacilli reduce Ang et al., 2022; Investigar os efeitos O probiótico putativo O grupo que recebeu Os probióticos
recurrences of Journal of Applied das cepas de de lactobacilos (duas tratamento probiótico lactobacilos são
vaginal candidiasis Microbiology; lactobacilos na cápsulas/dia) ou reduziu sintomas como benéficos para as
in pregnant women: 2,099; prevenção de placebo foi irritação, queimação e mulheres grávidas,
a randomized, A3 recorrências de administrado por 8 corrimento a partir da especialmente na
double-blind, candidíase vulvovaginal semanas. quarta sema até a redução dos sintomas
placebo-controlled em gestantes e os Questionários foram oitava semana quando vulvovaginais e
study potenciais benefícios utilizados para avaliar comparado com o recorrências de CV,
na qualidade de vida as condições de saúde grupo que recebeu acompanhadas de
intestinal e vaginal e placebo. Observa-se melhora do sofrimento
também os impactos também redução do emocional e social
na qualidade de vida, estresse emocional e atribuído à CV
como emocionais, social nesse grupo. Em
sociais e sexuais. relação ao impacto nas
relações sexuais não
houve alterações
significativas nos 2
grupos.

28
Os artigos estudados durante a construção deste trabalho apresentam metodologias e
resultados distintos.
Segundo Pericolini (2017) a administração da levedura probiótica e da levedura
inativada causaram um aumento estatisticamente significativo da depuração de C. albicans da
vagina do camundongo, significando um benefício anti-infeccioso consistente. Também foi
observado que tanto células vivas quanto inativadas de Saccharomyces cerevisiae podem
exercer algum tipo de interferência na adesão da Candida como agregação ou competição por
ocupação de espaço nos tecidos epiteliais, como na aderência do fungo ao epitélio vaginal. No
entanto, apenas a levedura probiótica viva pode causar inibição de características de virulência
da C. albicans no ambiente vaginal como transição de hifas. Isso sugere que o benefício
terapêutico é alcançável de forma ideal apenas com o probiótico. Em conclusão, os resultados
mostram que a utilização do probiótico Saccharomyces cerevisiae vivo e, do produto de
levedura inativado de forma menos eficaz, apresentam potencial como agentes anti-infecciosos
na vagina e encorajam mais estudos sobre sua capacidade de prevenir e controlar infecções do
trato urogenital em mulheres.
Wang (2017) investigou como três espécies de Lactobacillus (L. crispatus, L. gasseri e
L. jensenii) afetaram o crescimento de C. albicans e a transição de levedura para hifa, as
atividades antimicrobianas de cepas de Lactobacillus contra C. albicans foi realizada usando
dois ensaios, ou seja, o método de agar e o ensaio de meio líquido à base de microplacas.O ensaio
em meio líquido usando L. crispatus teve geralmente uma melhor capacidade para inibir C.
albicans e pode regular negativamente a expressão de genes específicos de hifas. Os efeitos
podem ser devidos à produção de alguns compostos antimicrobianos secretores, além de H2O2
e ácidos orgânicos. O autor aponta que investigações adicionais sobre L. crispatus
facilitariam o desenvolvimento de agentes probióticos com grande potencial contra C.albicans.
Em seu estudo envolvendo Lactobacillus fermentum MG901 e Lactobacillus plantarum
MG989 Chang-Ho (2018) apresentou que em um período T = 24 h, a população de C.albicans
6
cultivada sozinha (controle) atingiu 5,3 × 10 UFC/mL, enquanto lactobacilos viáveis
reduziram as contagens de C. albicans em várias ordens de magnitude, dependendo o
tratamento (para 3,7 × 10 5 , 1,2 × 10 4 e 4,5 × 10 3 UFC/mL. O MG901 e o MG989
demonstraram in vitro inibir fortemente vários microorganismos potencialmente nocivos com
um efeito particularmente evidente contra C. albicans. A capacidade de aderir às células
epiteliais é um pré-requisito para o exercer efeitos benéfico, dessa forma os dois tipos de

29
lactobacillus apresentaram resultados significativamente maiores que a cepa patogênica
comercial. Por esse motivo, essas duas cepas bacterianas podem ser consideradas promissoras
na prevenção e, possivelmente, na cura de infecções por Candida.
Vladareanu (2018) afirma que a administração oral de L. plantarum P17630 aumentou
significativamente a colonização vaginal de lactobacilos por meio de contaminação cruzada do
trato gastrointestinal para a vagina. Os resultados mostrados pelo grupo que recebeu tratamento
apresentaram uma melhora significativa de LBG em relação ao grupo que recebeu placebo .
LBG é um parâmetro para definir o número de lactobacilos presente na microfloravaginal e
prever desfechos clínicos, como infecções vaginais. Portanto, a administração de L. plantarum
P17630 demonstrou a intensidade dos sinais (vermelhidão e inchaço) e sintomas associados à
CVV em maior extensão do que placebo.
Os resultados do trabalho de Russo (2018) indicam que a ingestão oral de probióticos
selecionados por um curto período de tempo (15 dias) aumenta significativamente os níveis
vaginais de ambas as espécies de lactobacilos, L. acidophilus GLA-14 e L. rhamnosus HN001
implicando numa redução de sintomas como coceira e corrimento vaginal relatados em
mulheres com disbiose vaginal sintomática. Nenhuma redução significativa no pH vaginal foi
observada após o tratamento com probiótico ou placebo. No entanto, a ingestão oral da mistura
de lactobacilos/lactoferrina induziu uma tendência positiva para valores de pH mais baixos. Os
resultados deste estudo sugerem que a suplementação oral com probióticos comprovadamente
colonizadores da vagina pode ser o primeiro passo em tratamentos da candidíase vulvovaginal
e disbiose.
Quanto de probióticos no tratamento da candidíase vulvovaginal Santos (2018) avaliou
duas cepas de Lactobacillus (L. plantarum 59 e L. fermentum 137) por suas propriedades
imunomoduladoras utilizando células epiteliais HeLa cervicais humana infectadas por
Gardnerella vaginalis (BV) ou Candida albicans.
A G. vaginalis e C. albicans desencadearam a secreção de citocinas pró-inflamatórias.
Tratamentos com as cepasde Lactobacillus ou seus sobrenadantes livres de células antes (pré-
tratamento) ou após (pós- tramento) o desafio com os patógenos resultou em diminuição da
secreção de citocinas pró- inflamatórias e não apresentou nenhum efeito citotóxico às células
HeLa.. Os tratamentos comcepas de Lactobacillus não só diminuíram a secreção de IL-8, mas
também sua expressão, comoconfirmado pelo ensaio de luciferase do gene repórter, sugerindo
albicans e foram capazes de influenciar a sinalização na via NF-κB, tornando-os candidatos
interessantes comoprobióticos para a prevenção ou tratamento de VB e CVV.
A comparação entre os efeitos antifúngicos de L. crispatus e L. delbrueckii em ratas
30
infectadas intravaginalmente com C. albicans foi realizada por Li (2019). Os resultados
mostraram que a administração vaginal de L. crispatus ou L. delbrueckii exerceu de forma
semelhante, efeitos anti-vaginite por C. albicans, enquanto ratas não tratadas testaram positivo
para C. albicans com as células epiteliais sendo penetradas pela hifa. A entrega intravaginal de
cepas de Lactobacillus por 7 dias inibiram o crescimento in vivo de espécies de Candida entre
60 e 70%., fornecendo evidências claras dos efeitos fungicidass das duas cepas probióticas
de Lactobacillus. Os efeitos do probiótico L. crispatus e L. delbrueckii no tratamento da CVV
são particularmente perceptíveis em relação às alterações da mucosa vaginal de natureza
microbiológica, fisiológica e morfológica. Em termos de efeitos antifúngicos, anti-
inflamatórios e reparo da mucosa, os efeitos de L. crispatus são semelhantes aos da formulação
comercial de L. delbrueckii.
Lião (2019) desenvolveu uma cepa probiótica de L. casei (L.casei/pPG612.2-BLF) que
secretava BLF através de um plasmídeo vetor de secreção maduro pPG612.1 avaliando sua
propriedade antifúngica in vitro e in vivo. A BLF é uma proteína da família das transferrinas
com propriedades antifúngicas. Os ensaio in vitro demonstraram que a cepa desenvolvida foi
capaz de diminuir significamente o número e o tamanho das colônias de C. albicans. Para
observar fungos na vagina de camundongo, os tecidos foram fixados para coloração. Ao
contrário de camundongos saudáveis, sem C. albicans visível, os animais infectados
apresentaram um grande número de hifas e blastoconídios. Após o tratamento com o probiótico
L. casei612.1- BLF foi observado que os grupos que receberam tratamento muito menos hifas
e blastoconídios. Além disso a carga de infecção em camundongos infectados com foi reduzida
após tratamento continuo por 5 dias com a cepa probiótica desenvolvida no referido estudo.
Combinados esses resultados sugerem um potencial promissor para a utilização da cepa
L.casei/pPG612.2-BLF como agente preventivo e terapêutico no tratamento da candidíase
vulvovaginal.
A administração oral de tratamento convencional com clotrimazol associado com o
tratamento placebo ou tratamento contendo L. acidophilus GLA-14 e Lactobacillus rhamnosus
HN001 em combinação com lactoferrina bovina RCX foi avaliado por Russo (2019). Os
controles foram realizados 1 semana (T1), 2 semanas (T2), 1 mês (T3), 3 meses (T4)e 6 meses
(T5) após o tratamento antifúngico inicial e tiveram como objetivo avaliar a eficácia e segurança
dos produtos sob investigação. Os principais resultados indicam melhora na coceira,corrimento
e cura clínica geral durante a fase de manutenção, mostrando a ausência dequaisquer
sintomas e de leveduras indicadas por cultura de swab, com diferença significativa entre T4 e

31
T5. Embora a taxa de cura a curto prazo com terapia convencional fosse comparávelnos dois
grupos, uma manutenção com tratamento probiótico e lactoferrina mostrou recorrências
significativamente menores em mulheres tratadas com o produto probiótico experimental
durante o acompanhamento de 6 meses em comparação com aquelas que tomaram o placebo
(33,3% versus 91,7% após 3 meses e 29,2% versus 100% após 6 meses). O estudo indica que
um efeito de longo prazo nos sintomas vaginais que podem estar relacionados com os potenciais
efeitos anti-inflamatórios e imunomoduladores da combinação de lactobacilos e lactoferrina
investigados.
Oerlemans (2020) estudou em detalhes os efeitos inibitórios in vitro de uma seleção de
cepas lactobacillus contra o crescimento e as propriedades patogênicas (adesão às células
vaginais e formação de hifas) de C. albicans. Posteriormente, foram selecionadass três cepas
(L. plantarum WCFS1, L. pentosus KCA1 e L. rhamnosus GG) e um gel à base de silicone, que
foi projetado especificamente para aplicação na vagina e manteve uma alta viabilidade dos
lactobacilos. Este gel foi fornecido a pacientes com CVV aguda por 10 dias e o microbioma
vaginal foi avaliado ao longo de quatro semanas: antes, durante e após o uso do gel probiótico
e comparado com o grupo que necessitou de medicação de resgate (MR; 3 × 200 mg de
fluconazol) com o grupo que não solicitou esse tratamento antifúngico. Os resultados deste
estudo in vitro e in vivo mostraram que cepas específicas de lactobacullus podem ser
selecionadas para competir com Candida conforme indicado pela redução nas concentrações
de fungos no grupo RM e não RM para níveis semelhantes. Nem todas as mulheres que
participaram foram suficientemente ajudadas com o gel probiótico, mas essas mulheres
provavelmente sofriam de infecções mais graves. Embora formulação probiótica de teste não
tenha sido bem-sucedida para todos os pacientes tratados, ainda pode ser útil como tratamento
adjuvante para casos graves.
Nos estudos de De Gregorio (2020) envolvendo um biosufactante obtido a partir do
isolamento L. crispatus BC1 do swab vaginal de uma voluntária saudável. Os ensaios de adesão
mostraram que o BS de L. crispatus BC1 foi capaz de diminuir a adesão de todas as cepas
de Candida testadas. No entanto, diferenças na adesão foram evidenciadas entre cepas da
mesma espécie (C. albicans), e de espécies diferentes (C. tropicalis, C. krusei e C. glabrata).
Desta forma, o BS poderia induzir mudanças nas características da superfície celular

e modificar a interface contribuindo para a inibição da aderência da levedura às células


epiteliais. Corroborando com os resultados in vitro, o ensaio experiental envolvendo
camundongos evidencia que o BS não produziu modificação na citologia e histologia vaginal
32
murina e não afetou significativamente o número de bactérias cultiváveis avaliadas em lavados
vaginais. Estes resultados sugerem que a aplicação de BS é segura e não modifica a microbiota
vaginal cultivável. Assim, os resultados sugerem que a aplicação preventiva da BS pode evitar
o dano da mucosa mediado por C. albicans durante a CVV, consequentemente reduzindo os
altos níveis de citocinas inflamatórias no trato genital que podem causar vulnerabilidade da
mucosa e aumento do risco de HIV e infecções sexualmente transmissíveis (IST).
Decherf (2020) apresenta em seu trabalho dados sobre o comportamento do probiótico
S. cerevisiae CNCM I-3856, quando consumido por via oral, incluindo sobrevivência no trato
gastrointestinal, recuperação em amostras vaginais e impacto na microbiota vaginal normal de
mulheres saudáveis. Ao longo da fase de suplementação (D0- D28), a cepa foi detectada nas
fezes de 90% mulheres que consumiram o probiótico. Além disso, as contagens médias de
sobrevivência confirmaram a alta sobrevivência da cepa após sua passagem pelo trato
gastrointestinal. O fato de o probiótico testado poder sobreviver no trato gastrointestinal poderia
promover um efeito benéfico adicional à sua potencial ação na vagina.O autor afirma que via
oral seria fácil e conveniente para um uso prolongado, aumentando a adesão e permitindo um
benefício do no intestino e na vagina através da migração. S. cerevisiae CNCM I-3856
confirmou sua excelente tolerabilidade, como já observado em váriosestudos clínicos. O uso oral
em vez da administração local certamente levou a uma maior adesão e uma ação antipatogênica
precoce do probiótico no intestino, que é conhecido por ser uma das fontes potenciais de
infecção vaginal. Uma vez na vagina, ele também pode exercer seus benefícios local.
O desenvolvimento de um gel com as cepas probióticas L. pentosus YUN V1.0, L.
plantarum YUN V2.0 e L. rhamnosus S1.0 foi relatada na pesquisa de Donders (2020). Diante
da incerteza de eficácia na utilização do produto, o autor relata a possibilidade de prescrever
tratamento de resgate para aquelas pacientes que não obtiveram melhora com o uso do gel
probiótico. A taxa de cura de 45% apenas com gel probiótico e cerca de metade dos pacientes
fez uso dessa medicação de resgate, a maioria nos primeiros 9 dias após o início do tratamento
do estudo. Se fosse necessária medicação de resgate, havia uma relação inversa entre a
gravidade dos sintomas no início e o tempo de atraso para obtê-la. Além disso, as mulheres que
precisaram de medicação de resgate sofreram significativamente mais recorrências do que as
mulheres sem medicação de resgate. Isso indica que, em casos graves e recorrentes, as mulheres
precisam de tratamento antifúngico imediato. Por outro lado, as mulheres com sintomas menos
graves parecem se beneficiar mais do gel pois os sintomas melhoraram rapidamente (dentro de
alguns dias). Esses resultados indicam que em metade das mulheres, a medicação antifúngica

33
poderia ser substituída por esse gel probiótico com boa eficiência.
Stabile (2021) investigou a eficácia de um tratamento em quarenta mulheres acometidas

por CVV não complicada foram divididas em dois grupos. Um grupo foi submetido à terapia
com clotrimazol tópico a 2% por seis dias. O segundo grupo submetido a uma terapia suplementar
com a administração de duas fórmulas diárias diferentes por 15 dias:1comprimido contendo S.
cerevisiae pela manhã e 1 comprimido contendo melatonina e GLA- 14 à noite. Complementando
os resultados já apresentados na tabela 2, observou-se que a contagem de lactobacilos antes do
tratamento era ausente ou 1+ (onde + representa o número médio de células vistas por campo de
imersão em óleo), e após o tratamento foi para 2+/3+. Por outro lado, a contagem de células
polimorfonucleadas era 3+ antes do tratamento e foiencontrada principalmente em 1+ após o
tratamento com suplementação probiótica. Todas as mulheres toleraram bem a terapia sem
quaisquer efeitos adversos durante o tratamento. Este efeito pode ser atribuído tanto à capacidade
do tratamento com suplementação probióotica de modular a resposta inflamatória (redução de
polimorfonucleados) quanto ao aumento significativo da flora vaginal de lactobacilos.

Em mais detalhes sobre a identificação e propriedade dos lactobacilosencontrados


na vagina de mulheres na 36ª semana de gestação, o trabalho de Kumherová (2021) 41 cepas
foram identificadas em 58% dos swabs com predominância de L. crispatus (48%) seguido por
L. jensenii (21%), L. rhamnosus (14%), L. fermentum (10%) e L. gasseri (7%). A maior
atividade antibacteriana foi determinada para L. fermentum e L. rhamnosus. Forte atividade anti
- Candida foi observada para as cepas L. crispatus, L. fermentum e L. rhamnosus. A cepa L.
jensenii 58C apresentou a maior produção de peróxido de hidrogênio. Amelhor produtora de
ácido lático foi a cepa L. rhamnosus 72. Todas as cepas foram resistentes ao fluconazol e
metronidazol. A maior autoagregação foi observada para a cepa L. crispatus 51A. Cepa L.
rhamnosus 68A apresentou a maior hidrofobicidade. As linhagens L. fermentum e L. rhamnosus
apresentaram alta atividade antibacteriana e hidrofobicidade, e as linhagens L. crispatus
apresentaram alta auto-agregação e atividade anti-Candida.

Quanto aos efeitos inibitórios in vitro de Lactobacillus casei Shirota sobre Candida spp
os resultados dos estudos de Paniágua (2021) apontam que a L. casei shirota apresentou atividade
inibitória contra todas as cepas de Candida testadas, que representam os principais agentes etiológicos
da CVV, além do patógeno emergente C. auris. A inibição por L. casei foimuito efetiva (89,2%) na
espécie mais prevalente, C. albicans, e 95,6% de inibição foialcançada contra C. tropicalis. A inibição
do crescimento provavelmente está relacionada à produção de ácido lático, uma vez que os
testes de microdiluição mostraramque Candida spp. Não multiplicam em uma concentração de
34
ácido lático indicando que esse composto é o principal fator microbicida associado a cepas de
Lactobacillus.
Esses resultados são consistentes com estudos anteriores sobre os efeitos dos probióticos
no tratamento de infecções vaginais, como CVV e suas recaídas

7. CONCLUSÃO

A análise dos artigos catalogados permitiu concluir que os probióticos apresentam


cepas diversas de lactobacillus que podem ser utilizados na prevenção e tratamento da candidíase
vulvovaginal. Grande parte dos artigos analisados apresentaram como probiótica o isolamento
anaeróbico das cepas de lactobacilos de vaginas de mulheres, saudáveisou não. Apenas um estudo
apresentou lactobacillus provenientes de alimentos como o leitefermentado e o iogurte.
Os artigos apresentaram metodologias de pesquisa diferenciadas com testes in vitro e in
vivo. Os testes in vivo foram realizados via oral ou intravaginal em camundongos ou mulheres
infectadas com Candida e utilizando como tratamento, o probiótico associado ou não com
tratamento convencional antifúngico com azóis.
A grande maioria dos artigos apresentou resultados promissores evidenciando uma
redução significativa dos sintomas causados pela candidíase vulvovaginal. Mesmo que tenha
sido destacado por alguns autores a necessidade de estudos mais aprofundandos, os resultados
preliminares mostram que a utilização dos probióticos tem grande potencial no tratamento e
prevenção da candidíase vulvovaginal.

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