O Direito e o Autismo

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA DE DIREITO, NEGÓCIOS E COMUNICAÇÃO


NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE TRABALHO DE CURSO
ARTIGO CIENTÍFICO

O DIREITO E O AUTISMO:
UMA ANÁLISE A LUZ DO PRINCÍPIO DA IGUALDADE MATERIAL

ORIENTANDA: MARIANA LOURENÇO MELO


ORIENTADORA PROFª. MS. LARISSA DE OLIVEIRA COSTA BORGES

GOIÂNIA-GO
2022
2

MARIANA LOURENÇO MELO

O DIREITO E O AUTISMO:
UMA ANÁLISE A LUZ DO PRINCÍPIO DAIGUALDADE MATERIAL

Artigo Científico apresentado à disciplina Trabalho


de Curso II, da Escola de Direito, Negócios e
Comunicação, da Pontifícia Universidade Católica
de Goiás (PUCGOIÁS).
Profª. Orientadora Ms. Larissa de Oliveira Costa
Borges.

GOIÂNIA-GO
2022
3

MARIANA LOURENÇO MELO

O DIREITO E O AUTISMO:
UMA ANÁLISE A LUZ DO PRINCÍPIO DAIGUALDADE MATERIAL

Data da Defesa: 2 de dezembro de 2022.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________
Orientadora: Profa. Ms. Larissa De Oliveira Costa Borges Nota

_____________________________________________________
Examinadora Convidada: Prof. PhD. Cláudia Luiz Lourenço Nota
4

SUMÁRIO

RESUMO ...................................................................................................................06
INTRODUÇÃO...........................................................................................................07
1 AUTISMO E DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................................ 08
1.1 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA ........................................................ 08
1.1.1 Conceito do autismo ........................................................................................ 08
1.1.2 Origem histórica do autismo ............................................................................ 09
1.1.3 Níveis do TEA .................................................................................................. 09
1.2 ISONOMIA ENTRE OS INDIVÍDUOS DE UMA MESMA SOCIEDADE .;;;.......... 11
1.2.1 Direitos fundamentais da igualdade ................................................................. 11
1.2.2 Princípio da igualdade material ........................................................................ 12
2 O ORDENAMENTO JURÍDICO A RESPEITO DO TEA ........................................ 13
2.1 FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL .................................................................. 13
2.2 A LEGISLAÇÃO SOBRE O AUTISMO ................................................................ 13
2.2.1 Lei Berenice Piana, nº12.764 de 2012 ............................................................. 14
2.2.2 Lei Romeo Mion, de nº 13.977 de 2020 ........................................................... 16
3 AUTISMO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS ..................................... 17
3.1 PRINCIPAIS POLÍTICAS PÚBLICAS EM PROTEÇÃO AO AUTISTA ................. 18
3.1.1 O direito à vida digna e seus segmentos .......................................................... 18
3.1.2 O acesso à educação ....................................................................................... 19
3.1.3 A inclusão dentro da sociedade ........................................................................ 22
3.2 A SOCIEDADE, O AUTISTA E O PRINCÍPIO DA IGUALDADE MATERIAL …... 23
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 26
ABSTRACT............................................................................................................... 28
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 29
5

O DIREITO E O AUTISMO:
UMA ANÁLISE A LUZ DO PRINCÍPIO DAIGUALDADE MATERIAL

Mariana Lourenço Melo1

RESUMO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem ganhado a atenção quando o assunto


tange os direitos garantidos aos indivíduos portadores dessa deficiência. Este trabalho
tem como objetivo estudar o conhecimento acerca do TEA, como autistas são
inseridos em nossa sociedade e a legislação como instrumento de proteção para os
autistas. Analisar a efetividade das políticas públicas vigentes em nosso ordenamento
jurídico no que tange em estabelecer o equilíbrio em relação as desigualdades entre
os indivíduos portadores de TEA. Para isso, consideramos as principais normas que
garantem direitos aos autistas, a Lei Berenice Piana e a Lei Romeo Mion, em conjunto
com nossa Constituição Federal. O trabalho esgtá divido em três partes, onde
primeiramente tratou-se do conceito do autismo e o que engloba a citada deficiência.
Em seguida, apresentou-se a legislação em vigor no que tange os diretos
assegurados. A terceira parte, estudou-se as políticas públicas correlacionas com o
direito a uma vida digna e seus segmentos e principalmente com a inclusão,
culminando em uma análise da efetividade da proteção jurídica dada a esses
indivíduos à luz do princípio da igualdade material.

Palavras-chaves: Transtorno do Espectro Autista; Igualdade material; Inclusão social.

INTRODUÇÃO

A proteção jurídica acerca do autismo ganha maior relevância e destaque com


a promulgação das Lei Berenice Piana (Lei 12.764/2012) e Lei Romeo Mion (Lei
13.877/2020), que possibilitaram aos portadores da mencionada deficiência uma
abrangência maior no tange os direitos garantidos, gerando assim avanços
incalculáveis no campo social e jurídico.
Esta pesquisa objetivou analisar de forma minuciosa a aplicabilidade das leis

1Acadêmica do 9º período do Curso de Direito da Escola de Direito, Negócios e Comunicação da Pontifícia Uni-
versidade Católica de Goiás (PUCGO).
6

que garantem a proteção aos portadores do TEA à luz do princípio da igualdade


material, de forma a compreender se as mesmas são eficazes e como a aplicabilidade
delas se fazem presentes no cotidiano dessas pessoas.
O método utilizado foi o hipotético dedutivo, com auxílio de pesquisas
bibliográficas, jurisprudenciais e da legislação aplicada ao tema.
A primeira seção apresenta o conceito da deficiência, suas principais
características e origem histórica e o conceito da igualdade material, principal princípio
apresentado nesse trabalho.
A segunda seção apresenta as legislações vigentes que garantem aos
portadores do TEA e como as mesmas estão dispostas na Constituição Federal e na
legislação infraconstitucional.
A terceira seção traz uma análise com um olhar crítico no que tange as
políticas públicas e a aplicabilidade e efetividade das mesmas na vida dos autistas.

1 AUTISMO E DIREITOS FUNDAMENTAIS

Para entender melhor a necessidade de proteger os direitos de pessoas


autistas e a necessidade de legislar nesse preconceito, é essencial o conhecimento
do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

1.1 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

1.1.1 Conceito do autismo

Segundo a Secretária de Saúde do Estado do Estado do Paraná, em conjunto


com o Ministério da Saúde, o autismo, também conhecido pelo termo técnico TEA
(Transtorno do Espectro Autista), é um distúrbio do neuro desenvolvimento
caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits
na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e
estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.
Observa-se a caracterização dos portadores dessa condição, no primeiro
artigo da Lei Berenice Piana, nº 12.764/2012:
7

Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa
com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua
consecução.
§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do
espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma
dos seguintes incisos I ou II:
I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da
interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação
verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade
social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível
de desenvolvimento;
II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e
atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais
estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva
aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses
restritos e fixos.

Segundo o DMS (sigla inglesa de Diagnostic and Statistical Manual, que


significa Manual de Diagnóstico e Estatística), um documento criado pela Associação
Americana de Psiquiatria (APA) para padronizar os critérios diagnósticos das
desordens que afetam a mente e as emoções, em sua 5° edição (2014, p. 53),
classifica o autismo como:
As características essenciais do transtorno do espectro autista são prejuízo
persistente na comunicação social recíproca e na interação social (Critério A)
e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades
(Critério B). Esses sintomas estão presentes desde o início da infância e
limitam ou prejudicam o funcionamento diário (Critérios C e D). O estágio em
que o prejuízo funcional fica evidente irá variar de acordo com características
do indivíduo e seu ambiente. Características diagnósticas nucleares estão
evidentes no período do desenvolvimento, mas intervenções, compensações
e apoio atual podem mascarar as dificuldades, pelo menos em alguns
contextos. Manifestações do transtorno também variam muito dependendo
da gravidade da condição autista, do nível de desenvolvimento e da idade
cronológica; daí o uso do termo espectro. O transtorno do espectro autista
engloba transtornos antes chamados de autismo infantil precoce, autismo
infantil, autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico,
transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, transtorno
desintegrativo da infância e transtorno de Asperger.

Portanto, o autismo é uma condição que afeta a comunicação e


comportamento, e partindo desses conceitos e estudos, a ciência fala de diversos
tipos diferentes, que se manifestam de uma maneira única em cada pessoa, e para
definir a grande abrangência do autismo, usa-se o termo ‘espectro’.

1.1.2 Origem histórica do autismo

O termo autismo foi utilizado pela primeira em 1908, pelo médico psiquiatra
Eugen Bleuler, a fim de descrever o comportamento de seus pacientes
8

esquizofrênicos, porém somente em 1943 que a condição ganhou uma maior


importância, após a publicação da obra de Leo Kanner, Distúrbios Autísticos do
Contato Afetivo’ (1938), baseado no estudo comportamental de onze crianças, o
descrevendo como “um isolamento extremo desde o início da vida e um desejo
obsessivo pela preservação das mesmices”.
Kanner (1943) contribuiu significativamente para a história do autismo, pois
ele que nos dá os três sintomas mais aparentes para se identificar essa condição,
sendo eles a inabilidade social; os problemas na linguagem e comunicação e a
necessidade da repetição, ou mesmice, também chamadas de estereotipias. A partir
de seus estudos, o autismo é referido como autismo infantil precoce, estabelecida
como uma síndrome distinta da esquizofrenia infantil, embora relacionadas.

Já em 1944, Hans Asperger publicou o artigo “A psicopatia autista na infância”,


destacando a ocorrência preferencial em meninos, que apresentam falta de empatia,
baixa capacidade de fazer amizades, conversação unilateral, foco intenso e
movimentos descoordenados, aspectos esses já mencionados e trabalhados por Leo
Kanner, e através de sua pesquisa, ele chegou a conclusão de que o autismo era uma
falha nos genes, proveniente da hereditariedade, segundo o site Autismo e Realidade
em sua matéria sobre os marcos históricos do autismo.

1.1.3 Níveis de TEA

O quadro clínico do TEA pode ser divido em níveis, uma vez que há uma
complexidade e singularidade em cada pessoa. Para diagnostico dos níveis, é
necessário um estudo sobre o comportamento, uma vez que o mesmo determina em
qual nível o portador se encontra e qual o devido tratamento, conforme aponta o
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), na sua 5ª edição.
1. Déficits comunicativos e comportamentais: complicações na comunicação
verbal ou não verbal, ligada também a anormalidade no contato visual e
linguagem corporal, gestos e expressões, como por exemplo as estereotipias,
que são os comportamentos caracterizados como repetitivos.
2. Déficits de desenvolvimento: portadores do autismo podem apresentar
dificuldades em enxergar um quadro mais amplo. Por isso, podem ficar
perdidos em detalhes e apresentarem dificuldades ao reunir informações e
ver a situação como um todo. Autistas tem um mundo particular, no qual
levam as coisas a sua maneira, e a dificuldade de reunir tais informações e
aceitar certas mudanças podem os frustrar ao ponto de terem crises intensas
de ansiedade e comportamentais.
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3. Déficits de socialização: caracterizado pela dificuldade de se relacionar ou


manter relacionamentos com as pessoas ou o ambiente a sua volta, inibindo
a sua capacidade de desenvolver empatia e outros sentimentos em relação
aos demais indivíduos da sociedade.

Atualmente, a Associação Americana de Psiquiatria, no Manual Diagnóstico e


Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) fala sobre três níveis, sendo leve,
moderado e severo, que podem variar conforme o carecimento de apoio de cada
pessoa.
Nível 1 (leve): quanto a comunicação, na ausência de apoio, déficits na
comunicação social causam prejuízos notáveis. Dificuldade para iniciar
interações sociais e exemplos claros de respostas atípicas ou sem sucesso
a aberturas sociais dos outros. Pode parecer apresentar interesse reduzido
por interações sociais. Já nas questões comportamentais, apresentam uma
inflexibilidade de comportamento que causa interferência significativa no
funcionamento em um ou mais contextos. Dificuldade em trocar de atividade.
Problemas para organização e planejamento são obstáculos à
independência.
Nível 2 (moderado): apresentam déficits graves nas habilidades de
comunicação social verbal e não verbal, bem como prejuízos sociais
aparentes mesmo na presença de apoio; indicam uma limitação em dar início
a interações sociais e resposta reduzida ou anormal a aberturas sociais que
partem de outros. Em relação a suas maneiras, lidam com a inflexibilidade do
comportamento, da mesma forma com a dificuldade de mudança ou outros
comportamentos restritos/repetitivos aparecem com frequência suficiente
para serem óbvios ao observador casual e interferem no funcionamento em
uma variedade de contextos. Sofrimento e/ou dificuldade de mudar o foco ou
as ações. mudar o foco ou as ações.
Nível 3 (severo): caracterizados por déficits graves nas habilidades de
comunicação social verbal e não verbal causam prejuízos graves de
funcionamento, grande limitação em dar início a interações sociais e resposta
mínima a aberturas sociais que partem de outros e pela inflexibilidade de
comportamento, extrema dificuldade em lidar com a mudança ou outros
comportamentos restritos/repetitivos interferem acentuadamente no
funcionamento em todas as esferas. Grande sofrimento/dificuldade para
mudar o foco ou as ações.

Considerando os níveis acima, é possível notar que o grau um, considerado


como leve, o indivíduo é autônomo nos diversos contextos do dia a dia e alcançam
uma certa independência, pois são capazes de estudar, trabalhar e criam laços
sociais, embora não mantenham o interesse por um longo tempo, preferindo assim
focar em si mesmos.
Na comunicação conseguem se comunicar socialmente, mas há dificuldades
e diferenças percetíveis, uma vez que podem interpretar comandos, falas de um jeito
literal ou não compreender intenções, sentimentos, implícitos, malícia nos tons de voz,
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na linguagem gestual, na expressão facial, o que os faz não agir conforme o


sentimento do outro ou ser induzidos por outros a fazer o que não sabem ser errado.
Em seu nível dois, autistas moderados apresentam dificuldades mais
significativas em comparação com os autistas leves e precisam de mais apoio, ou
seja, mais auxílio no dia a dia e mais terapias, para se socializar e desenvolverem
melhor questões comportamentais, que são bem evidenciadas nesse grau.
No nível três, que é o grau mais severo dessa condição, normalmente se
caracteriza pela iniciativa limitada, grande dificuldade para conversar, sendo alguns
indivíduos não verbais. Ou seja, não falam e precisam de uma pessoa para mediar os
seus interesses, tendem ao total isolamento, costumam apresentar comportamentos
repetitivos graves e muita dificuldade para fazer o que não lhes interessa e mesmo
com o tratamento intensivo, as terapias em consultórios, o acompanhamento de
especialistas, o apoio em casa, autistas severos têm pouca autonomia na vida.
É de suma importância entender os comportamentos e os níveis, para que o
devido tratamento seja efetivado, obtendo assim resultados satisfatórios de modo que
o indivíduo se sinta acolhido por todos a sua volta.

1.2 ISONOMIA ENTRE OS INDIVÍDUOS DE UMA MESMA SOCIEDADE

O princípio da isonomia, também conhecido como princípio da igualdade, é


de fundamental importância para que a aplicação da legislação pelo judiciário seja
baseada em cada pessoa, levando em consideração suas especificidades, segundo
Tiago Fachini, em seu trabalho sobre a isonomia em nossa sociedade.
Para que a legislação seja efetiva na garantia dos direitos da sociedade, ela
deve estabelecer mecanismos que assegurem que as especificidades de cada
indivíduo sejam levadas em conta em sua aplicação.

1.2.1 Direitos fundamentais da igualdade

Os direitos fundamentais são a personalização constitucional de valores


básicos, intrínsecos e inerentes ao ser humano e o seu surgimento se deu pela
necessidade de proteção do homem em relação ao poder estatal, sendo produto de
fusão de várias fontes, desde tradições arraigadas nas diversas civilizações, até a
11

conjugação dos pensamentos filosóficos-jurídicos, das ideias surgidas com o


cristianismo e com o direito natural (MORAES, 1999).
Na Carta Magna, foi adotado o princípio da igualdade de direitos, no qual o
padrão estabelecido pelo ordenamento jurídico é aquele em que todos os cidadãos
têm direito à isonomia de tratamento perante a lei (MORAES, 2018).
Em seu preâmbulo, um dos principais objetivos da Constituição Federal é
garantir a igualdade. A redação proporcional do artigo 5º da Constituição Federal torna
expressando uma referência à isonomia, diz:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade. À segurança
e à propriedade [...]

Logo, o princípio da igualdade tem uma grande importância no direito, pois


deriva de uma cláusula pétrea que mostra que as pessoas pleiteiam um sistema em
que a aplicação e a eficácia de suas leis se fundamentem na igualdade de direitos.
Verifica-se então que a real finalidade desse princípio é erradicar qualquer
forma de distinção arbitrária e discriminação, em razão do tratamento desigual de
casos desiguais, desde que as desigualdades sejam amparadas pelo conceito de
justiça, buscando assim a efetiva igualdade social.

1.2.2 Princípio da igualdade material

Embora a ideia de igualdade seja única, doutrinariamente a mesma pode ser


divida em igualdade formal e material.
Carolina Martins da Rosa e Silva (2017) traz o conceito de igualdade formal e
material em seu trabalho, que traz a comparação entre essas duas vertentes dentro
de um princípio tão nobre. Primeiramente a igualdade formal é aquela que apresenta
as normas e legislações vigentes que se aplicam a toda sociedade, independente das
diferenças existentes, o que limita o entendimento do legislador, pois veda que a
mesma possa conter discriminação não autorizada pela constituição, não cabendo às
leis, em sentido amplo, normatizarem condutas que remetam à discriminação ou à
ruptura da isonomia.
Segundo, o princípio da igualdade material, por outro lado, tem como
fundamento apresentar mecanismos práticos que para minimizar as diferenças entre
12

os indivíduos de uma sociedade, possibilitando uma aplicação mais justa das leis e
diversificando as possibilidades de todos. Também é chamada de "Igualdade
Aristotélica", que significa "tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma
desigual na exata medida das suas desigualdades" (SILVA, 2017, on line).
A igualdade material é uma discriminação lícita e necessária, pois quando
estimulada atinge um nível onde indivíduos que possuem peculiaridades que lhe
impedem de exercer plenamente seus direitos constitucionalmente garantidos,
possam ser igualados aos demais indivíduos da sociedade, e que, caso não houvesse
essa diferenciação, estariam sempre em vantagem.

2 O ORDENAMENTO JURÍDICO A RESPEITO DO TEA

2.1. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL

Um aspecto importante da Constituição de 1988 é a garantia dos direitos fun-


damentais para todos os cidadãos. Seu artigo 5º reconhece explicitamente que todos
os cidadãos devem gozar de igualdade de condições e direitos, ainda que tenham
características específicas que os diferenciem dos demais (BRASIL, 1988).
A necessidade de proteção legal das pessoas com deficiência é defendida por
Martha Nussbaum (2013, p. 121), que considera essencial para uma sociedade justa
e digna.
Uma abordagem satisfatória da justiça humana requer reconhecer a igual-
dade na cidadania para pessoas com impedimentos, inclusive impedimentos
mentais, e apoiar apropriadamente o trabalho de sua assistência e educação,
de tal maneira que também ajudem a lidar com os problemas causados pelas
deficiências associadas. Além disso, requer reconhecer as muitas variedades
de lesão, deficiência, necessidade e dependência que um ser humano “nor-
mal” igualmente experimenta, e, dessa forma, a grande continuidade que
existe entre as vidas “normais” e as daquelas pessoas que padecem de im-
pedimentos permanentes.

Logo, cabe ao Estado assegurar esses direitos, que muitas vezes não são
garantidos para os indivíduos que necessitam de tratamento especial, como os
autistas.
13

2.2 A LEGISLAÇÃO SOBRE O AUTISMO

Sendo uma garantia do Estado, a mesma se encontra prevista na Lei nº


7.853/1989 de apoio às pessoas portadoras de deficiência:
Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portado-
ras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos
direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao
amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Consti-
tuição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.

Visando atingir o objetivo explícito do artigo citado, foi criada e sancionada em


2015 a Lei nº 13.146, sendo ela a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência, também denominada de Estatuto da Pessoa com Deficiência, que traz em
seu artigo 2º a seguinte definição para o termo deficiência:
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação
com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

No artigo 4º do Estatuto, é salientada que “toda pessoa com deficiência tem


direito à igualdade de oportunidades com as demais, sem discriminação de qualquer
natureza” (BRASIL, 2015).
Circunstâncias especiais decorrentes da deficiência não prejudicam seus di-
reitos como cidadãos, devendo os mesmos ter oportunidades de trabalho, educação
e vida social, que são garantidos pelo Estatuto e demais normas vigentes.
As pessoas com deficiência incluídas na legislação incluem aquelas com
transtorno do espectro do autismo (TEA), vitória essa conquistada através da Lei Be-
renice Piana.

2.2.1 Lei Berenice Piana, nº 12.764/2012

Em 27 de dezembro de 2012 foi promulgada a lei que instituiu a Política


Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, o
que é considerado um marco na história do autismo no Brasil e que também garantiu
uma qualidade de vida melhor e igualitária para os portadores de tal deficiência.
A Lei nº 12.764/2012 é resultado de um projeto de lei do Senado Federal,
mais precisamente de sua Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa,
14

resultante da proposta legislativa feita pela Associação em Defesa do Autista, a qual


Berenice Piana é diretora e fora homenageada, levando o seu nome na Lei. Berenice
é mãe do autista Dayan, que fechou o disgnóstico do seu filho sozinha, após um árduo
estudo sobre seus comportamentos e batalhou incansavelmente pelos direitos do
mesmo e assim, abrangendo toda uma classe, conforme Carlos Eduardo Rios do
Amaral em seu estudo sobre a referida lei.
A primeira grande conquista com essa norma está em seu artigo 1º, § 2º: “a
pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência,
para todos os efeitos legais”.
O reconhecimento do portador de TEA como indivíduo com deficiência
agregam aos mesmos uma série de benefícios quando unidos, transformando-se
numa importante ferramenta no combate contra a desigualdade e assim
representando a luta das inúmeras famílias pela garantia de uma vida mais justa e
melhor.
O plano da norma é garantir a integração da saúde, educação, oportunidades
iguais aos seus beneficiários e o envolvimento na comunidade na inclusão dos
autistas, conforme o seu artigo 2º.
Os incisos do artigo 2º demonstram a importância e relevância que a
sociedade desempenha no desenvolvimento e inclusão dos portadores de TEA. No
inciso V temos o incentivo a entrada dos mesmos no mercado de trabalho, já no inciso
VII é estimulada a capacitação profissional voltada para o atendimento às pessoas
autistas e o inciso VIII reforça a produção de pesquisas para agregar um maior
conhecimento sobre o autismo no Brasil.
Nesse sentindo, o artigo 3º versa sobre os direitos conferidos aos autistas:
a) vida digna, integridade física e moral, livre desenvolvimento da personali-
dade, segurança e lazer;
b) proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;
c) acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas
necessidades de saúde, incluindo o diagnóstico precoce, ainda que não defi-
nitivo, o atendimento multiprofissional, a nutrição adequada e a terapia nutri-
cional, os medicamentos e as informações que auxiliem no diagnóstico e no
tratamento;
d) acesso à educação e ao ensino profissionalizante;
e) acesso à moradia, inclusive à residência protegida;
f) acesso ao mercado de trabalho; e,
d) acesso à previdência social e à assistência social.

Analisando a redação dos artigos da referida lei, é notável a necessidade de


uma transformação na área da educação e saúde, em âmbitos federais, estaduais e
15

municipais, uma vez que nem todo ambiente escolar comporta um profissional capa-
citado para o acompanhamento da criança autista, o Sistema Único de Saúde (SUS)
ainda é falho em oferecer um diagnóstico precoce e atendimento especializado, para
que assim, o autista possa se desenvolver.
É garantido ainda pela lei que o portador do TEA “não será submetido a trata-
mento desumano ou degradante, não será privado de sua liberdade ou do convívio
familiar nem sofrerá discriminação por motivo da deficiência” (BRASIL, 2012).
Entende- se o quarto artigo como os direitos humanos da Lei Berenice Piana,
inibindo toda prática desumana e assegurando ainda que internações devem visar o
cuidado com o indivíduo autista.
Seguidamente da análise jurídica, é nítido que a Lei Berenice Piana tem con-
sigo todo o respaldo para assegurar os direitos das pessoas com autismo e dar opor-
tunidades aos indivíduos e suas famílias de suas conquistas, além de impulsionar no-
vos progressos legislativos.

2.1.2 Lei Romeo Mion, de nº 13.977/2020

Sancionada em 08 de janeiro de 2020, a Lei Romeo Mion altera o texto da Lei


Berenice Piana, adicionando em sua redação do artigo 3°-A:
Art. 3º-A. É criada a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista (Ciptea), com vistas a garantir atenção integral, pronto
atendimento e prioridade no atendimento e no acesso aos serviços públicos
e privados, em especial nas áreas de saúde, educação e assistência social.
(Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020)
§ 1º A Ciptea será expedida pelos órgãos responsáveis pela execução da
Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante
requerimento, acompanhado de relatório médico, com indicação do código
da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde (CID), e deverá conter, no mínimo, as seguintes
informações:
I - nome completo, filiação, local e data de nascimento, número da carteira de
identidade civil, número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF),
tipo sanguíneo, endereço residencial completo e número de telefone do
identificado;
II - fotografia no formato 3 (três) centímetros (cm) x 4 (quatro) centímetros
(cm) e assinatura ou impressão digital do identificado;
III - nome completo, documento de identificação, endereço residencial,
telefone e e-mail do responsável legal ou do cuidador;
IV - identificação da unidade da Federação e do órgão expedidor e assinatura
do dirigente responsável.
§ 2º Nos casos em que a pessoa com transtorno do espectro autista seja
imigrante detentor de visto temporário ou de autorização de residência,
residente fronteiriço ou solicitante de refúgio, deverá ser apresentada a
Cédula de Identidade de Estrangeiro (CIE), a Carteira de Registro Nacional
16

Migratório (CRNM) ou o Documento Provisório de Registro Nacional


Migratório (DPRNM), com validade em todo o território nacional.
§ 3º A Ciptea terá validade de 5 (cinco) anos, devendo ser mantidos
atualizados os dados cadastrais do identificado, e deverá ser revalidada 37
com o mesmo número, de modo a permitir a contagem das pessoas com
transtorno do espectro autista em todo o território nacional.
§ 4º Até que seja implementado o disposto no caput deste artigo, os órgãos
responsáveis pela execução da Política Nacional de Proteção dos Direitos da
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista deverão trabalhar em conjunto
com os respectivos responsáveis pela emissão de documentos de
identificação, para que sejam incluídas as necessárias informações sobre o
transtorno do espectro autista no Registro Geral (RG) ou, se estrangeiro, na
Carteira de Registro Nacional Migratório (CRNM) ou na Cédula de Identidade
de Estrangeiro (CIE), válidos em todo o território nacional. (Incluído pela Lei
nº 13.977, de 2020)

Conforme a alteração, foi criada a Carteira de Identificação da Pessoa com


Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA), que deve garantir aos portadores atenção
integral, atendimento prioritário e no acesso aos serviços públicos e privados, em
especial nas áreas de saúde, educação e assistência social.
A mesma é expedida de forma gratuita pelos órgãos estaduais, distritais e
municiais que trabalham em conjunto com a Lei n° 12.764/2012. Se tornou a
‘carteirinha’ dos portadores de autismo, o que auxilia na identificação dos mesmos e
assim, evitando maiores constrangimentos.

3 AUTISMO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS

Como visto anteriormente, o Transtorno do Espectro Autista é considerado


uma deficiência, e partindo desse princípio, iremos analisar o direito dos portadores
em âmbito nacional, baseando-se na Lei Berenice Piana, em atenção a dignidade
humana, o direito a educação, a inserção dos mesmos em nossa sociedade e as
garantias asseguradas por nossa Constituição Federal.

3.1 PRINCIPAIS POLÍTICAS PÚBLICAS EM PROTEÇÃO AO AUTISTA

A política pública brasileira para pessoas com autismo remonta ao artigo 208,
inciso III da Constituição Federal de 1988, que tinha como garantia a Assistência
Educacional Especializado (AEE) aos alunos com deficiência, preferencialmente em
escolas formais.
17

A legislação posterior fortaleceu os textos constitucionais, em especial a Lei


nº 7.853/1989 que estabeleceu “normas gerais para assegurar o pleno exercício dos
direitos pessoais e sociais e sua efetiva integração social pelas pessoas com
deficiência” e teve seu conteúdo complementado pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), em seu artigo 54, inciso III.
Falando diretamente sobre o autismo, podemos destacar a Política Nacional
de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI) (Brasil,
2008), a qual determinou que alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento (TGD), em que está incluso o autismo e altas habilidades/super
dotação seriam beneficiados da educação especial em conjunto com a Lei
12.764/2012 que determinou que para todos os efeitos legais, o autismo é sim uma
deficiência.
E partindo desse ponto, podemos falar sobre a inclusão dos autistas nas
políticas públicas brasileiras, como no Estatuto da Pessoa com Deficiência
(13.146/2015), bem como nas normas internacionais assinadas pelo Brasil, como a
Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
(6.949/2000) e em como as áreas da saúde, educação e socialização tiveram que
encontrar um meio para inclui-los em seus ambientes.
Seguindo essa linha de raciocínio, podemos incluir também a Lei nº
13.977/2020, quem implementou a Carteira de Identificação do Portador do
Transtorno do Espectro Autista, que vem como uma resposta à impossibilidade de
identificar o autismo visualmente, o que gera obstáculos ao acesso prioridade de
atendimento e a serviços aos quais os autistas têm direito, como estacionar em uma
vaga para pessoas com deficiência.
Podemos ainda citar políticas públicas que fazem parte do cotidiano tanto dos
indivíduos com TEA e de suas famílias, como a Lei 13.370/2016 que reduz a jornada
de trabalho de servidores públicos com filhos autistas; Lei nº 8.899/94, a qual assegura
o transporte interestadual gratuito à pessoa autista com renda comprovada de até dois
salários mínimos (a solicitação deve ser feita através do Centro de Referência de
Assistência Social).
A Lei nº 8.742/1993, conhecida como Lei Orgânica da Assistência Social
(LOAS), oferece o Benefício da Prestação Continuada (BPS), e para ter direito ao
18

benefício de um salário mínimo por mês, o TEA deve ser definitivo e a renda mensal
per capita da família deve ser menor que um quarto do salário mínimo.
O Ministério da Cidadania auxilia que para requerer o BPC, é necessário fazer
a inscrição no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CAD
Único) juntamente com o agendamento da perícia no INSS
Cada norma promoveu uma significativa transformação no lugar social das
pessoas com autismo, com desdobramentos importantes, garantindo os seus direitos
em cada uma das esferas do cotidiano das mesmas.

3.1.1 O direito à vida digna e seus segmentos

Os direitos como a igualdade, liberdade, educação, saúde, moradia são


elencados como dos direitos imprescindíveis para uma vida digna, elencados em
nossa Constituição Federal, no seu artigo 5°. Por serem de extrema relevância, são
conhecidos como direitos humanos, promulgados em tratados internacionais, e
recebem a designação de direitos fundamentais quando um país acolhe em suas leis,
e no caso do Brasil, nossa Constituição Federal de 1988 que rege tais direitos.
É importante lembrar que a Constituição causou um impacto no que tange os
direitos das pessoas com deficiência, porém a relevância maior acontece com a
Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (2007), em proposta feita pela
Organização das Nações Unidas (ONU) e promulgado no Brasil em 2008 e passou a
ser categorizada de Emenda Constitucional, por força do artigo 5º, § 3º.
O princípio da dignidade humana é um direito fundamental, o qual está
previsto em nossa Constituição Federal, em seu artigo 1º, inciso III, e a Convenção
tem como primazia tal princípio, e que é descrito em seu primeiro artigo:
O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar o
exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito
pela sua dignidade inerente. (BRASIL, 2009)

Seguido da dignidade humana, existe o princípio da isonomia, que se traduz


pela igualdade de todos perante a lei (art. 5º, caput), o qual permite o tratamento
diferenciado em determinados episódios jurídicos, envolvendo pessoas distintas para
que assim, as necessidades possam se adequar às particulares de cada
pessoa/situação.
19

Os princípios acima citados serviram de alicerce para a legislação, como por


exemplo, para a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência que lista
princípios próprios às pessoas com deficiência:
Art. 3º. Os princípios da presente Convenção são:
a) O respeito pela dignidade inerente, a autonomia individual, inclusive a
liberdade de fazer as próprias escolhas, e a independência das pessoas;
b) A não-discriminação;
c) A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade;
d) O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência
como parte da diversidade humana e da humanidade;
e) A igualdade de oportunidades;
f) A acessibilidade;
g) A igualdade entre o homem e a mulher;
h) O respeito pelo desenvolvimento das capacidades das crianças com
deficiência e pelo direito das crianças com deficiência de preservar sua
identidade. (BRASIL, 2009)

Nota-se que o artigo supracitado traz consigo os princípios considerados


básicos para a dignidade da vida humana, defendendo assim a igualdade entre toda
uma sociedade e garantido o respeito comum à ela.

3.1.2 O acesso à educação

A educação é um direito social garantido pela Constituição Federal de 1988


em seu artigo 6º e em seu artigo 205 diz que é direito de todos e dever do Estado e
da família. Sendo a educação um direito social e também fundamental para a
dignidade da pessoa humana, ele é um direito indisponível, ou seja, o indivíduo não
pode abrir mão desse direito (FRAZÃO, 2019).
Em 1961, surge a Lei 4.024, que estabelece a Lei de Diretrizes e Bases, que
previa em seus artigo 88 e 89:
Art. 88. A educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se
no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade.
Art. 89. Toda iniciativa privada considerada eficiente pelos conselhos
estaduais de educação, e relativa à educação de excepcionais, receberá dos
poderes públicos tratamento especial mediante bolsas de estudo,
empréstimos e subvenções.

Em 1996, surge a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a


qual revogou a Lei 4.024/1961, mas perdura como uma garantia, o que faz com que
ela seja hoje a lei de maior importância para o sistema educacional brasileiro, pois
20

traça os princípios e objetivos da educação no país, servindo como a base da educa-


ção, sendo elaborada com a partir do regimento constitucional referentes ao ensino.
Com a implementação da mencionada lei juntamente com a Constituição Fe-
deral, passou a ser obrigação do Estado incluir pessoas com deficiência em escolas
regulares, que devem ser construídas de forma adequada para atender todos os indi-
víduos que estão em nossa sociedade.
O artigo 208, III da Constituição traz em sua redação que o dever do Estado
com a educação será alcançado “mediante a garantia de atendimento educacional
especializado às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de en-
sino”.
Quando se trata de inclusão na educação, não podemos esquecer o conceito
de educação inclusiva, o qual surgiu em 1994 com a Declaração de Salamanca, do-
cumento este ordenado na Conferência Mundial da Educação Especial. Esta declara-
ção expande nosso entendimento no que tange as necessidades educacionais para
pessoas com deficiências, oportunizando assim uma educação especial para as mes-
mas:
Princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças devem
aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer difi-
culdades ou diferenças que elas possam ter. Escolas inclusivas devem reco-
nhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos, acomodando
ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de
qualidade a todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacio-
nais, estratégias de ensino, uso de recurso e parceria com as comunidades.
(DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p.5)

Assim, a declaração é essencial para a aplicabilidade da inclusão social. Criar


condições que promovam a igualdade é um princípio fundamental, portanto, a partir
do momento em que a diferença é confirmada, surge a necessidade de adaptação
visando a superação das diferenças.
A UNICEF (Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a
Infância) traz a Convenção que trata sobre o Direito das Pessoas com Deficiência da
ONU que exige aos Estados a garantia de que as pessoas especiais não sejam ex-
cluídas do sistema educacional sob a premissa de que possuem alguma deficiência,
e que, pelo contrário, sejam criadas políticas públicas que permitam a sua inclusão,
com igualdade de oportunidades bem como o desenvolvimento de sua personalidade
e talentos que lhe cabem, estimulando assim a criatividade e melhorando suas habili-
dades intelectuais e físicas.
21

O site ‘Autismo em Dia’ nos traz o entendimento de que as pessoas portado-


ras do Transtorno do Espectro Autista, é preciso deslocá-las do sistema de ensino
regular para o de ensino inclusivo, dependendo de cada particularidade. Isso se deve
por existirem níveis do transtorno, como o próprio nome ‘espectro’ sugere, manifes-
tando de formas diferentes em cada indivíduo. Logo, alguns terão dificuldade de
aprendizagem, mas possuirão habilidades sociais satisfatórias com as pessoas em
sua volta, bem como teremos pacientes que possuem uma altíssima habilidade inte-
lectual, porém dificuldades em socialização.
A inclusão não deve ser apenas um desafio do professor, mas sim de toda a
escola e da rede de ensino. "Os autistas têm gestos e atitudes diferentes, e incluí-los
dá trabalho", comenta Andréa Werner Bonoli (2012), mãe de Théo, um garotinho au-
tista, e autora do bloglagartavirapupa.com.br, criado para auxiliar famílias em situa-
ções parecidas.
Ainda a respeito da inclusão, Bonoli (2012) complementa que "os educadores
têm de entender o autismo, compreender que aquele aluno processa as informações
de maneira diferente, tem resistência a mudanças, pode ser mais sensível ao barulho.
Cada uma dessas especificidades exige adaptações na rotina".
Logo, criar uma rede de apoio em que o professor da turma regular, o profis-
sional do Atendimento Educacional Especializado e o time pedagógico lidem junta-
mente. Também se faz necessário a conscientização de diretores, funcionários, pais
e alunos, de modo a abrangê-los em um propósito de escola inclusiva, na qual as
diferenças são respeitadas e utilizadas em prol do conhecimento, conforme o enten-
dimento de Leandro Rodrigues, do Instituto Itard.
Temos o entendimento do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais
acerca da inclusão de autistas ne rede regular de ensino:
AGRAVO DE INSTRUMENTO - MENOR PORTADOR DE TRANSTORNO
DO ESPECTRO AUTISTA - INCLUSÃO NA REDE REGULAR DE ENSINO -
DEVER CONSTITUCIONAL - ACOMPANHAMENTO POR PROFISSIONAL
ESPECIALIZADO - MEDIDA QUE VISA GARANTIR A MELHORA NO REN-
DIMENTO ESCOLAR E PROMOVER A INCLUSÃO SOCIAL - PREVISÃO NA
LEI FEDERAL Nº 12.764/2012 - ACOMPANHAMENTO POR PROFISSIONAL
DE MANEIRA EXCLUSIVA - FORMA DE ORGANIZAÇÃO E FORNECI-
MENTO DO SERVIÇO PROFISSIONAL - FACULDADE CONFERIDA AO
MUNICÍPIO - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. No que tange ao acesso à educação especificamente dos portadores de
deficiência física, o inciso III do art. 208 da CR/88 estabeleceu que é dever
do Estado fornecer atendimento especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino.
2. Em relação especificamente àqueles que apresentam Transtorno do Es-
pectro Autista a Lei Federal nº 12.764/2012 que instituiu a Política Nacional
22

de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, as-


segurou em seu art. 3º que nas hipóteses em que, comprovada a necessi-
dade do portador de Transtorno do Espectro Autista, lhe será assegurado o
acompanhamento especializado visando facilitar o seu acesso à educação.
3. Respeitada a organização do serviço próprio do Município, não se vê jus-
tificativa para que o serviço solicitado seja exclusivo ao agravante.
4. Recurso parcialmente provido.
(TJ-MG, AI 50054536001 MG, Relator: Sandra Fonseca, 6ª Câmara Cível,
DJe 30/09/2016)

Para que a inclusão ocorra, portanto, é preciso mais do que a aprovação de


leis. É necessário revisar as políticas públicas atuais de modo a garantir aos educa-
dores os conhecimentos, o tempo e a formação necessária para que os alunos não
só sejam matriculados, mas também tenham garantido seu direito de aprender e se-
rem capacitados para o seu futuro.

3.1.3 A inclusão dentro da sociedade

O site ‘Autismo e Realidade’ nos ajuda a entender como a inclusão pode ser
feita. Primeiramente, precisamos entender que é a falta de fenótipo que separa os
pacientes com TEA do estigma de outras deficiências. Como é quase impossível
identificar imediatamente o transtorno pela observação, cria-se um certo
estranhamento por parte da sociedade ao agirem de forma diferente do que é
considerado “normal” pela mesma, pois não atendem ao resultado esperado, e
acabam sendo marcados como estranhos e excluído do convívio social.
Segundo, um dos modos de impulsionar o processo de inclusão social é
minimizar o estigma que existe em relação as pessoas com autismo. Pesquisas
científicas apontam que os níveis de estigma envolvendo o indivíduo portador do
autismo diminuem quando as pessoas acumulam mais conhecimento sobre o TEA.
Ou seja, à medida que a informação passa a ser mais difundida, a tendência é que os
autistas sofram menos processos de exclusão.
O contrário da discriminação é a inclusão social, e tal ação pode ser alcançada
por meio de relacionamentos e engajamento de todos. Portanto, a convivência social
e a compreensão das características do autismo são essenciais, tendo inúmeros
estudos que apoiam e comprovam essa visão, conforme a matéria do referido site
acima citado.
23

Podemos citar aqui as pessoas que tiveram contato com produções


cinematográficas mostrando a vida de pessoas com autismo, tiveram menos estigma
sobre o TEA. É o caso da série "Good Doctor", produzida pela Sony Pictures e pela
ABC Studios, em que o personagem principal é o médico autista Sean Murphy, onde
ele usa seus talentos para salvar vidas e desafiar o ceticismo de seus colegas.
Já a produção coreana “Uma Advogada Extraordinária”, produzida pelos
estúdios AStory, KT Studio Genie e Nangman Crew, que mostra a vida de uma
advogada autista no início de sua carreira, buscando a compreensão de seus colegas
de profissão e da sociedade como um todo perante a sua deficiência. Um estudo
realizado por duas pesquisadoras da Universidade de Oklahoma (Stephanie C. Stern
e Jennifer L. Barnes) mostrou que ao assistir as séries, as pessoas tendiam a se
interessar mais pelo TEA e a compreender a complexidade e singularidade que a
deficiência e seus portadores trazem consigo, ajudando a gerar empatia e assim
fazendo com que a inclusão seja efetivada, conforme pesquisa feita pelo site Autismo
e Realidade sobre a questão do estigma.
Coelho et all, na publicação feita pela Revista Gestão & Saúde (2015, p.81),
traz um comentário necessário a respeito da inclusão:
Incluir socialmente a criança com TEA vai além do que antes era conhecido
como processo de integração, transpassa a fronteira de apenas reconhecê-
la como diferente, e impõe o compromisso de criar situações nas quais ela,
assim como as crianças de desenvolvimento típico, possa usufruir das
mesmas oportunidades. Trata-se de uma reestruturação do sistema, uma
reorganização, uma transformação, quer seja ele familiar, escolar ou público.
Do contrário, crianças diagnosticadas com TEA, serão sempre „crianças-
problema”, um problema que nunca será de ninguém.

O ordenamento jurídico brasileiro necessita de adaptações no que diz respeito


aos direitos das pessoas com deficiência, principalmente as diagnosticadas com
autismo, buscando atender com eficiência todas as demandas e proporcionando uma
empatia coletiva.

3.2 A SOCIEDADE, O AUTISTA E O PRINCÍPIO DA IGUALDADE MATERIAL

A sociedade exerce papel fundamental quando é discutida a inclusão dos


portadores de TEA na mesma, uma vez que os indivíduos que a compõe são
responsáveis por tal ação juntamente com as políticas públicas do Estado.
24

O psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal


Fluminense, Jairo Werner, que estuda o autismo, diz que o maior problema é a
desinformação da população em geral e até mesmo de profissionais da área da saúde
e educação sobre o TEA. Para ele, “um dos motivos do aumento de casos se deve ao
maior conhecimento sobre o autismo e ao fato de os critérios diagnósticos terem ficado
mais abrangentes, incluindo, além do transtorno autista, o transtorno de Asperger e o
transtorno global do desenvolvimento não especificado”, explica.
Logo, é possível compreender que com a informação sendo disseminada da
forma correta e pessoas fazendo questão de entender sobre, teremos uma sociedade
a par do que se trata o autismo e como acolhê-lo em nosso meio.
Esse é o papel fundamental que todo cidadão precisa exercer, para que assim
possamos falar do princípio da dignidade humana, base para qualquer Estado
Democrático e porta de entrada para falarmos sobre a igualdade.
O princípio da igualdade é diretamente conectado com o da dignidade da
pessoa humana, e tratar indivíduos diferentes de maneira igual e indivíduos iguais de
maneira diferente seria uma afronta direta ao princípio da dignidade da pessoa
humana, segundo Marcelo Novelino (CAMARGO, 2006).
Seguindo essa linha de raciocínio, temos Celso Antônio Bandeira de Mello
Neto (2013), que nos diz que a lei não pode servir como instrumento de privilégios ou
perseguições e sim como uma reguladora da vida social a qual requer um tratamento
equitativo para todos a que elas se submetem. Embora exista a ideia de igualdade
sendo algo ímpar, podemos dividi-la de forma doutrinária em igualdade formal e
igualdade material, como abordado no primeiro capítulo deste trabalho.
Dando enfâse ao que foi dito anteriormente, a igualdade material, atua como
uma discriminação legitimada, como um viés compensatório em benefício das
pessoas que possuem certas limitações, tendo por finalidade igualar tais indivíduos
aos demais. Sabendo que as pessoas possuem particularidades que em sua grande
maioria, não são superadas quando submetidas a uma mesma lei e
consequentemente aumentando os níveis de desigualdade, faz-se necessário que o
legislador, leve em consideração as diferenciações existentes na sociedade,
adequando o direito às peculiaridades de cada um.
Para ampliar o entendimento acerca da igualdade material e como a mesma
atua em conjunto com o autismo, podemos abordar a compreensão de Uadi Lamêgo
25

Bullos (2009), que cria uma abordagem comparativa entre ações afirmativas (também
conhecidas por descriminações positivas) e descriminações negativas.
As ações afirmativas são basicamente um tratamento específico feito a certos
grupos sociais, constitucionalmente autorizado, como forma de compensar algum tipo
de marginalização, preconceito sofrido por estes, dando a eles inúmeros benefícios
que consigam igualá-los aos indivíduos que nunca passaram por algum tipo de
restrição. Por outro lado, as descriminações negativas são as desequiparações sem
justificativa, que reforçam o pensamento e atitudes preconceituosas, sendo estas
proibidas pelo constituinte originário e considerada também crime em certos casos.
Para indivíduos portadores do TEA, as ações afirmativas são de extrema
relevância, pois se trata de uma parte da sociedade que possui uma limitação que
ainda é incompreendida e aos poucos, essas ações vem conquistando espaço entre
nós e servem não só para que os desafios cotidianos desses indivíduos sejam
minimizados, mas também garantem uma maior visibilidade diante dos problemas,
abrindo as portas para que sejam criadas mais medidas de conscientização e
inclusão.

CONCLUSÃO

Não é fácil ser diferente. Mais difícil ainda é buscar que o próximo tenha a
empatia necessária para compreender sua singularidade. Partindo do ponto de que
as instituições basilares do Estado Democrático de Direito são feitas e compostas por
pessoas que apresentam essa dificuldade em se solidarizar com o próximo, chegamos
a conclusão de que tudo que tange as pessoas extraordinárias é mais dificultoso.
A proposta do presente trabalho era analisar, sob um olhar jurídico e social, a
legislação bem como políticas públicas no que tange a proteção e inclusão dos
portadores de autismo em nossa sociedade. A meta não era substituir o lugar de fala
dessas pessoas, que lutam incansavelmente pelos seus direitos, mas sim agregar a
essa luta, buscando amparos dentro da nossa legislação e se as mesmas se fazem
suficientes para uma vida digna.
Importante ressaltar que por ser uma deficiência não tão visível, ainda há um
estigma enorme a ser superado quando falamos sobre o autismo e é triste perceber
que a nossa sociedade se sensibiliza somente em casos quando o sofrimento é nítido.
26

Sendo assim, é concreto um histórico de preconceito e mitos acerca do Transtorno do


Espectro Autista, que prejudica os seus portadores e o reconhecimento desse grupo
social que precisa de uma atenção e cuidado tão especial. Acrescentamos a isso o
fato de que existem direitos adquiridos, mas que a sua aplicabilidade não se faz da
maneira como deveria, por falta de conhecimento e apuração de informações corretas
e teremos o retrato atual da proteção jurídica sobre o TEA.
É importante lembrarmos que tivemos um enorme avanço no que tange o
direito das pessoas com deficiência, com garantias melhoradas e um tratamento
igualitário perante as suas singularidades, mas não podemos deixar passar o fato de
que essas conquistas, quando não acompanhados de políticas públicas eficazes e
que visem a amplitude desses direitos, tendem a serem esquecidas, sem a sua devida
utilidade.
Esse infelizmente é o cenário que nosso país está enfrentando. Direitos
garantidos, como a conquista de benefícios previdenciários, boas políticas públicas
de inclusão desde a primeira fase da infância, que passam batido para a maioria das
pessoas que precisam, devido a falta de informação ou por não possuírem meios para
usufruir de tais conquistas, culminando assim na desproteção jurídica para esses
indivíduos.
Em momentos assim precisamos exercer nossa empatia e dar mais força a
voz daqueles que precisam ser escutados. Não deixemos que a descriminação
positiva e a ideia de uma igualdade material fiquem apenas sendo uma utopia para os
portadores de autismo.

ABSTRACT

Autistic Spectrum Disorder has gained attention when the subject concerns the rights
guaranteed to individuals with this disability, and due to this, the present work aims to
study the knowledge about ASD, how autistic people are inserted in our society and
the Legislation as a protective tool for autistic people. Therefore, there is a need to
analyze the effectiveness of the same and the public policies in force in our legal sys-
tem regarding the balance in relation to the inequalities between individuals with ASD.
For this, we consider the main norms that guarantee rights to autistic people, the Ber-
enice Piana Law and the Romeo Mion Law, together with our Federal Constitution. The
work will be divided into three parts, where first we will bring the concept of autism and
what encompasses the disability. Next, we will present the legislation in force regarding
the guaranteed rights. In the third part, we will study the public policies correlated with
the right to a dignified life and its segments, and especially with inclusion, culminating
in an analysis of the effectiveness of the legal protection given to these individuals in
27

the light of the principle of material equality.

Keywords: Autism Spectrum Disorder; material equality; social inclusion

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