O Direito e o Autismo
O Direito e o Autismo
O Direito e o Autismo
O DIREITO E O AUTISMO:
UMA ANÁLISE A LUZ DO PRINCÍPIO DA IGUALDADE MATERIAL
GOIÂNIA-GO
2022
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O DIREITO E O AUTISMO:
UMA ANÁLISE A LUZ DO PRINCÍPIO DAIGUALDADE MATERIAL
GOIÂNIA-GO
2022
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O DIREITO E O AUTISMO:
UMA ANÁLISE A LUZ DO PRINCÍPIO DAIGUALDADE MATERIAL
BANCA EXAMINADORA
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Orientadora: Profa. Ms. Larissa De Oliveira Costa Borges Nota
_____________________________________________________
Examinadora Convidada: Prof. PhD. Cláudia Luiz Lourenço Nota
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SUMÁRIO
RESUMO ...................................................................................................................06
INTRODUÇÃO...........................................................................................................07
1 AUTISMO E DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................................ 08
1.1 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA ........................................................ 08
1.1.1 Conceito do autismo ........................................................................................ 08
1.1.2 Origem histórica do autismo ............................................................................ 09
1.1.3 Níveis do TEA .................................................................................................. 09
1.2 ISONOMIA ENTRE OS INDIVÍDUOS DE UMA MESMA SOCIEDADE .;;;.......... 11
1.2.1 Direitos fundamentais da igualdade ................................................................. 11
1.2.2 Princípio da igualdade material ........................................................................ 12
2 O ORDENAMENTO JURÍDICO A RESPEITO DO TEA ........................................ 13
2.1 FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL .................................................................. 13
2.2 A LEGISLAÇÃO SOBRE O AUTISMO ................................................................ 13
2.2.1 Lei Berenice Piana, nº12.764 de 2012 ............................................................. 14
2.2.2 Lei Romeo Mion, de nº 13.977 de 2020 ........................................................... 16
3 AUTISMO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS ..................................... 17
3.1 PRINCIPAIS POLÍTICAS PÚBLICAS EM PROTEÇÃO AO AUTISTA ................. 18
3.1.1 O direito à vida digna e seus segmentos .......................................................... 18
3.1.2 O acesso à educação ....................................................................................... 19
3.1.3 A inclusão dentro da sociedade ........................................................................ 22
3.2 A SOCIEDADE, O AUTISTA E O PRINCÍPIO DA IGUALDADE MATERIAL …... 23
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 26
ABSTRACT............................................................................................................... 28
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 29
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O DIREITO E O AUTISMO:
UMA ANÁLISE A LUZ DO PRINCÍPIO DAIGUALDADE MATERIAL
RESUMO
INTRODUÇÃO
1Acadêmica do 9º período do Curso de Direito da Escola de Direito, Negócios e Comunicação da Pontifícia Uni-
versidade Católica de Goiás (PUCGO).
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Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa
com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua
consecução.
§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do
espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma
dos seguintes incisos I ou II:
I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da
interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação
verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade
social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível
de desenvolvimento;
II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e
atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais
estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva
aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses
restritos e fixos.
O termo autismo foi utilizado pela primeira em 1908, pelo médico psiquiatra
Eugen Bleuler, a fim de descrever o comportamento de seus pacientes
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O quadro clínico do TEA pode ser divido em níveis, uma vez que há uma
complexidade e singularidade em cada pessoa. Para diagnostico dos níveis, é
necessário um estudo sobre o comportamento, uma vez que o mesmo determina em
qual nível o portador se encontra e qual o devido tratamento, conforme aponta o
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), na sua 5ª edição.
1. Déficits comunicativos e comportamentais: complicações na comunicação
verbal ou não verbal, ligada também a anormalidade no contato visual e
linguagem corporal, gestos e expressões, como por exemplo as estereotipias,
que são os comportamentos caracterizados como repetitivos.
2. Déficits de desenvolvimento: portadores do autismo podem apresentar
dificuldades em enxergar um quadro mais amplo. Por isso, podem ficar
perdidos em detalhes e apresentarem dificuldades ao reunir informações e
ver a situação como um todo. Autistas tem um mundo particular, no qual
levam as coisas a sua maneira, e a dificuldade de reunir tais informações e
aceitar certas mudanças podem os frustrar ao ponto de terem crises intensas
de ansiedade e comportamentais.
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os indivíduos de uma sociedade, possibilitando uma aplicação mais justa das leis e
diversificando as possibilidades de todos. Também é chamada de "Igualdade
Aristotélica", que significa "tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma
desigual na exata medida das suas desigualdades" (SILVA, 2017, on line).
A igualdade material é uma discriminação lícita e necessária, pois quando
estimulada atinge um nível onde indivíduos que possuem peculiaridades que lhe
impedem de exercer plenamente seus direitos constitucionalmente garantidos,
possam ser igualados aos demais indivíduos da sociedade, e que, caso não houvesse
essa diferenciação, estariam sempre em vantagem.
Logo, cabe ao Estado assegurar esses direitos, que muitas vezes não são
garantidos para os indivíduos que necessitam de tratamento especial, como os
autistas.
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municipais, uma vez que nem todo ambiente escolar comporta um profissional capa-
citado para o acompanhamento da criança autista, o Sistema Único de Saúde (SUS)
ainda é falho em oferecer um diagnóstico precoce e atendimento especializado, para
que assim, o autista possa se desenvolver.
É garantido ainda pela lei que o portador do TEA “não será submetido a trata-
mento desumano ou degradante, não será privado de sua liberdade ou do convívio
familiar nem sofrerá discriminação por motivo da deficiência” (BRASIL, 2012).
Entende- se o quarto artigo como os direitos humanos da Lei Berenice Piana,
inibindo toda prática desumana e assegurando ainda que internações devem visar o
cuidado com o indivíduo autista.
Seguidamente da análise jurídica, é nítido que a Lei Berenice Piana tem con-
sigo todo o respaldo para assegurar os direitos das pessoas com autismo e dar opor-
tunidades aos indivíduos e suas famílias de suas conquistas, além de impulsionar no-
vos progressos legislativos.
A política pública brasileira para pessoas com autismo remonta ao artigo 208,
inciso III da Constituição Federal de 1988, que tinha como garantia a Assistência
Educacional Especializado (AEE) aos alunos com deficiência, preferencialmente em
escolas formais.
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benefício de um salário mínimo por mês, o TEA deve ser definitivo e a renda mensal
per capita da família deve ser menor que um quarto do salário mínimo.
O Ministério da Cidadania auxilia que para requerer o BPC, é necessário fazer
a inscrição no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CAD
Único) juntamente com o agendamento da perícia no INSS
Cada norma promoveu uma significativa transformação no lugar social das
pessoas com autismo, com desdobramentos importantes, garantindo os seus direitos
em cada uma das esferas do cotidiano das mesmas.
O site ‘Autismo e Realidade’ nos ajuda a entender como a inclusão pode ser
feita. Primeiramente, precisamos entender que é a falta de fenótipo que separa os
pacientes com TEA do estigma de outras deficiências. Como é quase impossível
identificar imediatamente o transtorno pela observação, cria-se um certo
estranhamento por parte da sociedade ao agirem de forma diferente do que é
considerado “normal” pela mesma, pois não atendem ao resultado esperado, e
acabam sendo marcados como estranhos e excluído do convívio social.
Segundo, um dos modos de impulsionar o processo de inclusão social é
minimizar o estigma que existe em relação as pessoas com autismo. Pesquisas
científicas apontam que os níveis de estigma envolvendo o indivíduo portador do
autismo diminuem quando as pessoas acumulam mais conhecimento sobre o TEA.
Ou seja, à medida que a informação passa a ser mais difundida, a tendência é que os
autistas sofram menos processos de exclusão.
O contrário da discriminação é a inclusão social, e tal ação pode ser alcançada
por meio de relacionamentos e engajamento de todos. Portanto, a convivência social
e a compreensão das características do autismo são essenciais, tendo inúmeros
estudos que apoiam e comprovam essa visão, conforme a matéria do referido site
acima citado.
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Bullos (2009), que cria uma abordagem comparativa entre ações afirmativas (também
conhecidas por descriminações positivas) e descriminações negativas.
As ações afirmativas são basicamente um tratamento específico feito a certos
grupos sociais, constitucionalmente autorizado, como forma de compensar algum tipo
de marginalização, preconceito sofrido por estes, dando a eles inúmeros benefícios
que consigam igualá-los aos indivíduos que nunca passaram por algum tipo de
restrição. Por outro lado, as descriminações negativas são as desequiparações sem
justificativa, que reforçam o pensamento e atitudes preconceituosas, sendo estas
proibidas pelo constituinte originário e considerada também crime em certos casos.
Para indivíduos portadores do TEA, as ações afirmativas são de extrema
relevância, pois se trata de uma parte da sociedade que possui uma limitação que
ainda é incompreendida e aos poucos, essas ações vem conquistando espaço entre
nós e servem não só para que os desafios cotidianos desses indivíduos sejam
minimizados, mas também garantem uma maior visibilidade diante dos problemas,
abrindo as portas para que sejam criadas mais medidas de conscientização e
inclusão.
CONCLUSÃO
Não é fácil ser diferente. Mais difícil ainda é buscar que o próximo tenha a
empatia necessária para compreender sua singularidade. Partindo do ponto de que
as instituições basilares do Estado Democrático de Direito são feitas e compostas por
pessoas que apresentam essa dificuldade em se solidarizar com o próximo, chegamos
a conclusão de que tudo que tange as pessoas extraordinárias é mais dificultoso.
A proposta do presente trabalho era analisar, sob um olhar jurídico e social, a
legislação bem como políticas públicas no que tange a proteção e inclusão dos
portadores de autismo em nossa sociedade. A meta não era substituir o lugar de fala
dessas pessoas, que lutam incansavelmente pelos seus direitos, mas sim agregar a
essa luta, buscando amparos dentro da nossa legislação e se as mesmas se fazem
suficientes para uma vida digna.
Importante ressaltar que por ser uma deficiência não tão visível, ainda há um
estigma enorme a ser superado quando falamos sobre o autismo e é triste perceber
que a nossa sociedade se sensibiliza somente em casos quando o sofrimento é nítido.
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ABSTRACT
Autistic Spectrum Disorder has gained attention when the subject concerns the rights
guaranteed to individuals with this disability, and due to this, the present work aims to
study the knowledge about ASD, how autistic people are inserted in our society and
the Legislation as a protective tool for autistic people. Therefore, there is a need to
analyze the effectiveness of the same and the public policies in force in our legal sys-
tem regarding the balance in relation to the inequalities between individuals with ASD.
For this, we consider the main norms that guarantee rights to autistic people, the Ber-
enice Piana Law and the Romeo Mion Law, together with our Federal Constitution. The
work will be divided into three parts, where first we will bring the concept of autism and
what encompasses the disability. Next, we will present the legislation in force regarding
the guaranteed rights. In the third part, we will study the public policies correlated with
the right to a dignified life and its segments, and especially with inclusion, culminating
in an analysis of the effectiveness of the legal protection given to these individuals in
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REFERÊNCIAS
AMARAL, Carlos Eduardo Rios do. Lei 12.764/2012: Direitos da pessoa com
transtorno do espectro autista. Disponível em
<https://eduardoamaral74.jusbrasil.com.br/artigos/325861391/lei-12764-2012-
direitos-da-pessoa-com-transtorno-do-espectro-autista>. Acesso em 10 de set. 2022
BRASIL. Senado Federal.Lei Romeo Mion cria carteira para pessoas com transtorno
do espectro autista. Lei 13.977 de 8 de janeiro de 2020. Disponível em <
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/01/09/lei-romeo-mion-cria-
carteira-para-pessoas-com-transtorno-do-espectro-autista> Acesso em 10 set. 2022.