Fake News e Redes Coiais
Fake News e Redes Coiais
Fake News e Redes Coiais
SÃO PAULO
2021
JOSÉ CÉLIO BELÉM DE PINHO FILHO
SÃO PAULO
2021
JOSÉ CÉLIO BELÉM DE PINHO FILHO
08 de julho de 2021.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Prof. Dr. Flávio Henrique Unes Pereira
Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa - IDP
_________________________________________________
Prof. Dr. Rafael de Paula Santos Cortez
Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa - IDP
_________________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Resende Campos
Goethe Universität Frankfurt am Main
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, à minha esposa, que foi minha grande parceira nessa jornada de
desafio, abdicação e aprendizado, sendo parte fundamental dessa trajetória, que
agora se encerra com êxito, representando a conclusão de mais uma etapa da minha
formação e da constante busca por conhecimento e sabedoria.
À minha mãe, de quem recebi a maior lição: amor.
Ao meu pai, que sempre acreditou em mim e me deixou a educação como
legado.
À minha irmã, pela amizade singular e apoio de todas as horas.
Aos meus companheiros de trabalho, que apoiaram a busca desse sonho e
sempre me ajudaram quando necessário.
Aos amigos do curso de mestrado, em especial Victor e Johnny, por fazerem
parte dessa história, contribuírem de forma única com sua amizade e tornarem esse
período mais leve.
Ao professor Flávio Henrique Unes Pereira, por ter aceitado a incumbência de
orientar este trabalho, pelas importantes lições jurídicas e constante estímulo à
curiosidade acadêmica.
Aos professores Rafael de Paula Santos Cortez e Ricardo Resende Campos,
com os quais tive a oportunidade de qualificar esse trabalho, aprender com suas lições
e questionamentos e, agora, também contar com a satisfação de sua participação na
Banca Examinadora.
“A verdade se corrompe tanto com a
mentira quanto com o silêncio.” (Cícero)
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 09
1 COMPREENDENDO O FENÔMENO ...................................................... 14
1.1 Desordem da Informação ....................................................................... 14
1.2 Internet e liberdade de expressão ........................................................... 26
1.3 Direito à informação verídica .................................................................. 42
2 REDES SOCIAIS DIGITAIS ..................................................................... 50
2.1 A desinformação e os ordenamentos das redes sociais digitais .............. 53
2.1.1 Facebook ............................................................................................... 54
2.1.2 Instagram ............................................................................................... 58
2.1.3 Linkedin ................................................................................................. 61
2.1.4 Twitter .................................................................................................... 62
2.1.5 Conclusão ............................................................................................. 67
2.2 Autorregulação nas redes sociais digitais ............................................... 68
3 DESINFORMAÇÃO E CONTROLE JUDICIAL ........................................ 74
3.1 A desinformação e a legislação brasileira ............................................... 74
3.2 Controle Judicial ..................................................................................... 83
3.3 Limitações do Judiciário brasileiro no controle judicial da desinformação 87
4 DESINFORMAÇÃO E FORMAS DE REGULAÇÃO ................................ 93
4.1 A regulação ............................................................................................ 96
4.2 A autorregulação .................................................................................... 99
4.3 A autorregulação regulada ...................................................................... 104
4.4 A autorregulação regulada e a experiência alemã (NetzDG) .................. 112
4.5 A autorregulação regulada de redes sociais digitais no Brasil ................. 120
CONCLUSÃO .................................................................................................... 128
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 133
APÊNDICES ...................................................................................................... 154
APÊNDICE I ...................................................................................................... 155
APÊNDICE II ..................................................................................................... 165
RESUMO
INTRODUÇÃO
2DFNDR LAB. Relatório da Segurança Digital no Brasil. Terceiro trimestre – 2018. Disponível em:
<https://www.psafe.com/dfndr-lab/wp-content/uploads/2018/11/dfndr-lab-Relat%C3%B3rio-da-
Seguran%C3%A7a-Digital-no-Brasil-3%C2%BA-trimestre-de-2018-1.pdf>. Acesso em: 20/06/2020.
11
reforçam suas crenças, motivações ideológicas e entendimentos pessoais, o que, por sua vez, estimula
o compartilhamento desses mesmos conteúdos por esses usuários para a sua rede de contatos.
5 Trata-se do Projeto de Lei 2630/2020, que institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e
1 COMPREENDENDO O FENÔMENO
6 “We live in an age of information disorder”. FIRST DRAFT. Essential guide to understanding
information disorder. p. 6. Disponível em <https://firstdraftnews.org/wp-
content/uploads/2019/10/Information_Disorder_Digital_AW.pdf?x76701>. Acesso em 20 jun. 2020.
7 POSETTI, Julie. MATTHEWS, Alice. A short guide to the history of ‘fake news’ and
Fonte: LIBRARY OF CONGRESS. The fin de siècle newspaper proprietor / F. Opper. Disponível
em: < https://www.loc.gov/resource/ppmsca.29087/>. Acesso em 10 ago. 2020.
Fonte: LIBRARY OF CONGRESS. The fin de siècle newspaper proprietor / F. Opper. Disponível
em: < https://www.loc.gov/resource/ppmsca.29087/>. Acesso em 10 ago. 2020.
ausência de flexibilidade para o conteúdo, já que, uma vez impresso, não poderia ser
facilmente modificado e redistribuído; c) a falta de informações detalhadas sobre o
público, suas práticas e crenças; d) a falta de um contexto adequado para conferir a
credibilidade necessária ao meio de distribuição da informação9.10
Foi somente com a popularização da internet, por meio da facilitação do seu
acesso e da difusão de novas tecnologias, que referidas barreiras começaram a ser
superadas, facilitando a disseminação de informações em volume, diversidade e
complexidade nunca vistos.
Os benefícios da revolução tecnológica do final do Século XX, em diversas
formas amplificados já no início do Século XXI, parecem ter criado a expectativa de
que as novas tecnologias digitais, em especial a Internet e sua rápida popularização,
solucionariam definitivamente uma série de antigos problemas, dentre eles o acesso
à informação. Essa visão idealizada, contudo, tem sido rapidamente substituída pela
constatação de que a quantidade e a hipervelocidade com as quais novas informações
são diariamente produzidas e disseminadas na rede mundial de computadores têm
colaborado para gerar um grande volume de conteúdo poluído11.
Por isso, para os fins do presente trabalho, é importante considerar o atual
contexto histórico para compreender e examinar as razões, os efeitos e as modos de
combate do fenômeno que se popularizou pela expressão fake news, mas que deve
ser analisado em todas as suas formas, cujo conjunto, conforme veremos, pode ser
tratado como “desordem da informação”12.
Em 2017 a expressão fake news foi considerada a palavra do ano pelo
Dicionário Collins13 e o aumento do seu uso desde então contrariou as expectativas
da BBC, registradas em artigo de janeiro de 2018, de que, no futuro, a expressão
9 Evidentemente atualmente é mais fácil alguém criar um site, blog ou perfil numa rede social e chamá-
la de jornal ou portal de notícias do que era antigamente criar, de fato, a sede de um jornal impresso
ou conferir confiabilidade a folhetins de procedência desconhecida.
10 ITAGIBA, Gabriel. Fake news e Internet: esquemas, bots e a disputa pela atenção. Disponível em:
<https://firstdraftnews.org/wp-
content/uploads/2019/10/Information_Disorder_Digital_AW.pdf?x76701>. Acesso em 20 jun. 2020.
13 COLLINS DICTIONARY. Collins 2017 Word of the Year Shortlist. Disponível em:
<https://www.collinsdictionary.com/word-lovers-blog/new/collins-2017-word-of-the-year-
shortlist,396,HCB.html>. Acesso em 10 jun. 2020.
17
pudesse ser vista como uma relíquia de 2017, muito embora o artigo ressalve que a
luta contra a desinformação não acabaria, devendo mobilizar governos e pessoas14.
Não obstante a fama que a expressão reconhecidamente ganhou ao longo dos últimos
anos, não nos referiremos, no presente trabalho, exclusivamente as chamadas fake
news, o que será justificado alguns parágrafos adiante.
A filosofia da informação se preocupa, especialmente, sobre como a
informação deve ser criada, processada, gerida e utilizada, não deixando de estudar
também os defeitos que podem ocorrer nesse processo. Isso porque informações
imprecisas, incorretas ou enganosas podem ser extremamente perigosas para a
sociedade e os indivíduos em si, que, por sua vez, podem ser prejudicados nos
estudos e na carreira, em oportunidades de investimentos e tratamentos médicos, na
escolha da marca de um produto e nas escolhas eleitorais, enfim, em inúmeros
aspectos práticos e cotidianos de suas vidas.15
Independentemente de sua origem, se decorre de erro honesto, negligência na
verificação das fontes, viés inconsciente ou de ação intencional (desinformação),
informações enganosas tem o potencial de confundir e prejudicar indivíduos. A
gravidade, contudo, de produção intencional de desinformação tem teor mais crítico
do que o simples erro honesto, já que aquela se motiva pelo objetivo deliberado de
causar dano, ainda que indireta ou difusamente.
A desinformação, quando concretizada em uma de suas formas, afeta
determinadas pessoas, grupos ou comunidades mais diretamente, mas também tem
alcance, ainda que indiretamente, sobre a sociedade em geral, na medida em que
desgasta a confiança nas relações e tende a inibir nossa habilidade de compartilhar
informação entre si.16
A popularização do acesso à Internet e o surgimento e a diversificação das
redes sociais virtuais, facilitaram sobremaneira as comunicações em suas mais
diversas formas (textos, áudios, vídeos e imagens fotográficas), tornando
praticamente instantânea a circulação de mensagens, anúncios e notícias entre
14 WENDLING, Mike. The (almost) complete history of “fake news”. Disponível em:
<https://www.bbc.com/news/blogs-trending-42724320>. Acesso em 10 jun. 2020.
15 FALLIS, Don. What is disinformation? p. 1. Disponível em:
<https://www.ideals.illinois.edu/bitstream/handle/2142/89818/63.3.fallis.pdf?sequence=2>. Acesso em
03 ago. 2020.
16 FALLIS, Don. What is disinformation? p. 2. Disponível em:
<https://www.ideals.illinois.edu/bitstream/handle/2142/89818/63.3.fallis.pdf?sequence=2>. Acesso em
03 ago. 2020.
18
<https://firstdraftnews.org/wp-
content/uploads/2019/10/Information_Disorder_Digital_AW.pdf?x76701>. Acesso em 20 jun. 2020.
20 No original: “Disinformation Is Nonaccidentally Misleading Information”. Vide: FALLIS, Don. What is
Figura 4: Resultado das buscas nos Estados Unidos da América pela expressão “fake news” na
ferramenta Google Trends de 01/01/2004 a 31/12/2017
o Google não indica, nessa ferramenta, a quantidade de buscas em números absolutos, os números
devem ser entidos como uma fração da maior quantidade de buscas em um período de tempo e em
um espaço geográfico delimitado, que pode ser uma cidade, um país ou até mesmo o planeta.
21
Figura 5: Donald Trump se referindo às previsões do jornal The New York Times como Fake News.
26 SNIDER, Mike. Trump invokes ‘fake news’ at press conference. Money. USA TODAY. Disponível
em: <https://www.usatoday.com/story/money/2017/01/11/trump-tackles-fake-news-press-
conference/96438764/>. Acesso em 5 ago. 2020.
27 No original: “You are fake news”.
28 Flegenheimer, Matt; Grynbaum, Michael M. Trump Hands Out ‘Fake News Awards,’ Sans the Red
Figura 6: Resultado das buscas nos Estados Unidos da América pela expressão “fake news” na
ferramenta Google Trends de 01/01/2017 a 31/05/2021
No Brasil, de modo similar ao que aconteceu nos Estados Unidos, mas de forma
precoce, ainda em meio ao pleito eleitoral para a presidência da república, o pico de
buscas pela expressão fake news se deu em outubro de 2018. Nessa ocasião, o Brasil
teve eleito o seu 38º presidente, Jair Bolsonaro (Figura 6).
Figura 6: Resultado das buscas no Brasil pela expressão “fake news” na ferramenta Google Trends
no período de 01/01/2004 a 31/05/2021
Figura 8: Resultado das buscas em todo o mundo pela expressão “fake news” na ferramenta Google
Trends
Figura 9: Resultado do interesse por região de acordo com as buscas em todo o mundo pela
expressão “fake news” na ferramenta Google Trends
Esse cenário indica que a expressão fake news continua tendo grande
expressão e relevância no Brasil, movimentando o noticiário, o Judiciário, o debate
social e a pauta política, que, às vésperas das eleições de 2020, conseguiu mobilizar
o Congresso Nacional para a discussão do Projeto de Lei n° 2630/2020, aprovado no
Senado e, atualmente, em tramitação na Câmara do Deputados, enquanto o STF
conduz o chamado “inquérito das fake news”29, temas esses que serão objeto de
maiores ponderações em tópicos posteriores desse trabalho.
Nada obstante a atual popularidade do termo fake news, uma das
complexidades mais evidentes no estudo aqui proposto, e na forma como o tema vem
sendo abordado por estudiosos das mais diversas esferas, é a terminológica. Isso
porque, muito embora a produção de materiais acadêmicos, jornalísticos e até mesmo
jurídicos seja crescente, a falta de rigor terminológico prejudica o reconhecimento das
diversas formas de desordem da informação, suas motivações e formas de
disseminação.30
29 Trata-se de inquérito iniciado pela Portaria GP n° 69/2019 sobre o qual traremos mais detalhes no
decurso desse trabalho.
30 WARDLE, Claire. DERAKHSHAN, Hossein. Information Disorder: toward an interdisciplinary
framework for research and policy making. p. 16. Disponível em: <https://rm.coe.int/information-
disorder-toward-an-interdisciplinary-framework-for-researc/168076277c>. Acesso 20 jun. 2020
25
31 ZUCKERMAN, Ethan. Stop saying “fake news”. It’s not helping. Disponível em:
<http://www.ethanzuckerman.com/blog/2017/01/30/stop-saying-fake-news-its-not-helping/>. Acesso
em 5 ago. 2020.
32 TANDOC JR., Edson C.; LIM, Zheng Wei; LING, Richard. Defining “Fake News”. A typology of
ao propor uma definição para a desinformação sugere que o termo “fake news” seja abandonado
justamente em função da confisão gerada em torno do mesmo, conforme relatório “Uma Abordagem
Multidimensional para a Desinformação”, dispinível em:
<https://ec.europa.eu/newsroom/dae/document.cfm?doc_id=50271>. Acesso em 22 ago. 2020.
26
Emenda I
O Congresso não legislará no sentido de estabelecer uma religião, ou
proibindo o livre exercício dos cultos; ou cerceando a liberdade de palavra,
ou de imprensa, ou o direito do povo de se reunir pacificamente, e de dirigir
ao Governo petições para a reparação de seus agravos.37
Art. 10°. Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões
religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública
estabelecida pela lei.
Art. 11º. A livre comunicação das idéias e das opiniões é um dos mais
preciosos direitos do homem. Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever,
Advogado, 2012.
36 Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia, de 16 de junho de 1776. Disponível em:
<http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-
cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/declaracao-
de-direitos-do-bom-povo-de-virginia-1776.html>. Acesso em 19 ago. 2020.
37 Constituição dos Estados Unidos da América. Disponível em:
<http://www.uel.br/pessoal/jneto/gradua/historia/recdida/ConstituicaoEUARecDidaPESSOALJNETO.p
df>. Acesso em 19 ago. 2020.
38 COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 5. ed. São Paulo:
ARTIGO 19
1. Ninguém poderá ser molestado por suas opiniões.
2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a
liberdade de procurar, receber e difundir informações e idéias de qualquer
natureza, independentemente de considerações de fronteiras, verbalmente
ou por escrito, em forma impressa ou artística, ou por qualquer outro meio de
sua escolha.
3. O exercício do direito previsto no parágrafo 2 do presente artigo implicará
deveres e responsabilidades especiais. Conseqüentemente, poderá estar
sujeito a certas restrições, que devem, entretanto, ser expressamente
previstas em lei e que se façam necessárias para:
a) assegurar o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas;
b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral públicas.46
44 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Assembleia Geral. Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Disponível em: <https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Pages/Language.aspx?LangID=por>.
Acesso em 19 ago. 2020.
45 COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Declaração Americana dos Direitos
47 BRASIL. Decreto n° 678/1992. Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto
de São José da Costa Rica. Promulgação. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d0678.htm>. Acesso em 19 ago. 2020.
48 “Art 113 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes: [...] 15) todo cidadão tem o
direito de manifestar o seu pensamento, oralmente, ou por escrito, impresso ou por imagens, mediante
as condições e nos limites prescritos em lei. A lei pode prescrever: a) com o fim de garantir a paz, a
ordem e a segurança pública, a censura prévia da imprensa, do teatro, do cinematógrafo, da
radiodifusão, facultando à autoridade competente proibir a circulação, a difusão ou a representação; b)
medidas para impedir as manifestações contrárias à moralidade pública e aos bons costumes, assim
31
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pais a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à
liberdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] § 8º - É livre a manifestação de
pensamento, de convicção política ou filosófica e a prestação de informação sem sujeição à censura,
salvo quanto a espetáculos de diversões públicas, respondendo cada um, nos termos da lei, pelos
abusos que cometer. É assegurado o direito de resposta. A publicação de livros, jornais e periódicos
independe de licença da autoridade. Não será, porém, tolerada a propaganda de guerra, de subversão
da ordem ou de preconceitos de raça ou de classe”. BRASIL. Constituição da República Federativa
do Brasil de 1967. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao67.htm>. Acesso em 19 ago. 2020.
52 “Ato Institucional n° 5, de 13 de dezembro de 1968 [...] Art. 4º - No interesse de preservar a Revolução,
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
[...]
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença; 55
53 AQUINO, Maria Aparecida de. Censura, Imprensa e Estado autoritário (1968-1978): o exercício
cotidiano da dominação e da resistência: O Estado de São Paulo e Movimento. Bauru: EDUSC,1999.
p. 212.
54 BRASIL. Lei n° 5.250 de 9 de fevereiro de 1967. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5250.htm>. Acesso em: 05 jan. 2021.
55 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em
58 CAETANO, João Pedro Zambianchi. Evolução Histórica da Liberdade de Expressão. ETIC 2016
– Encontro de Iniciação Científica. Toledo Prudente – Centro Universitário. Disponível em
<http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/download/5581/5306>. Acesso em 21
ago. 2020. p. 15.
59 BELL, Daniel. O advento da Sociedade Pós-Industrial. São Paulo: Cultrix, 1974. p. 299.
60 CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. In: A Sociedade em rede.
cultura digital e a leitura como prática cultural. 2016. 197 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais)
- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2016. pp. 89-100. Disponível em:
<https://tede2.pucsp.br/handle/handle/3707>. Acesso em 5 ago. 2020.
62 JUNIOR MACEDO, Ronaldo Porto. Fake News e as novas ameaças à liberdade de expressão.
In: Fake News e Regulação: Georges Abboud, Nelson Nery Jr. e Ricardo Campos (org.). 2. ed. São
Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020. p. 235.
63 JUNIOR MACEDO, Ronaldo Porto. Fake News e as novas ameaças à liberdade de expressão.
In: Fake News e Regulação: Georges Abboud, Nelson Nery Jr. e Ricardo Campos (org.). 2. ed. São
Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020. p. 235.
36
As questões trazidas por essa reflexão evidenciam alguns dos motivos pelos
quais tantos indivíduos decidiram “[abrir] mão de sua privacidade em detrimento da
exposição da vida privada em redes sociais”68, com a consequente divulgação não
apenas dos aspectos mais prosaicos e ordinários de sua rotina, mas também e,
especialmente, dos seus pensamentos, opiniões e convicções, muitas vezes
carregados de um discurso com conteúdo incompatível com determinados valores,
dentre eles os de estirpe democrática.
O que parecia, então, um espaço reservado e privativo, passou a ser cada vez
mais aberto e público, facilitando o acesso a informações objetivas (dados pessoais,
acadêmicos, profissionais) e subjetivas (opiniões, gostos, crenças) por terceiros. Isso
contribui para demonstrar ser falsa a dicotomia entre o on-line e o off-line, outrora
tratados como mundos diferentes pela noção clássica de ciberespaço69 que
prevaleceu da década de 1980 até o início do Século XXI. Vemos, então, que o
binômio conexão/desconexão do ciberespaço está cada vez mais relativizado e sendo
superado por novos conceitos rapidamente assimilados socialmente, como a ideia de
“nuvem”70.71
Mesmo com a mudança de paradigma apresentada nos parágrafos anteriores
e a despeito do caráter cada vez mais público72 decorrente das exposições de suas
68 FAUSTINO, Andre. Fake News e a Liberdade de Expressão nas Redes Sociais na Sociedade da
Informação. 2018. 140 f. Dissertação (Mestrado em Direito da Sociedade da Informação) – Faculdades
Metropolitanas Unidas, São Paulo, 2018. pp. 17-19. Disponível em:
<https://arquivo.fmu.br/prodisc/mestradodir/af.pdf>. Acesso em 6 ago. 2020.
69 Exemplo disso é a Declaração de Independência do Ciberespaço escrita por John Perry Barlow como
uma espécie de manifesto cuja mensagem principal indicava que Governos não podem – nem devem
– governar a Internet. Sem adentrar nas questões político-regulatórias por trás desse objetivo, chama
a atenção as palavras utilizadas no documento para indicar a clara existência entre dois mundos:
aquele construído e liderado pela atuação de governos e seus agentes escolhidos pelos governados e
o cibernético, onde não há escolha de lideranças, mas sim um processo natural e desregulado de
construção. Conforme o autor: “Estamos formando nosso próprio Contrato Social. Essa maneira de
governar surgirá de acordo com as condições do nosso mundo, não do seu. Nosso mundo é diferente.
[...] O nosso é um mundo que está ao mesmo tempo em todos os lugares e em nenhum lugar, mas não
é onde os corpos vivem. Estamos criando um mundo em que todos podem entrar sem privilégios ou
preconceitos de raça, poder econômico, força militar ou lugar de nascimento. Estamos criando um
mundo onde qualquer pessoa, em qualquer lugar, poderá expressar suas crenças, não importa o quão
singulares sejam, sem medo de ser coagido ao silêncio ou a conformidade. [...] Criaremos a civilização
da Mente no Ciberespaço. Ela pode ser mais humana e justa do que o mundo que seus governos
fizeram antes.”. BARLOW, John Perry. Uma Declaração de independência do Ciberespaço.
Disponível em <https://www.nic.br/publicacao/uma-declaracao-de-independencia-do-ciberespaco/>.
Acesso em 15 ago. 2020.
70 A informação está acessível em qualquer lugar e a qualquer tempo, de forma organizada e a partir
In: Ação Midiática. N. 11. Jan/jun. 2016. Curitiba. PPGCOM-UFPR. pp. 207-209. Disponível em:
<https://revistas.ufpr.br/acaomidiatica/article/view/43472>. Acesso em 20 ago. 2020.
72 Aqui no sentido de conhecimento público ou amplo.
38
73 MÜLLER, Fernanda Pascual. Direito Digital: Para especialista, “falsa sensação de anonimato” é um
dos motivos para a alta incidência dos crimes. Entrevista com Coriolano Camargo. Jornal JURID.
Disponível em: <https://www.jornaljurid.com.br/colunas/entrevistas/direito-digital-para-especialista-
falsa-sensacao-de-anonimato-e-um-dos-motivos-para-a-alta-incidencia-dos-crimes>. Acesso em 20
ago. 2020.
74 SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. 2. ed. Rio de Janeiro: Contraponto,
2016. p. 4-6
75 FAUSTINO, Andre. Fake News e a Liberdade de Expressão nas Redes Sociais na Sociedade da
de atuação do homem em busca de sua realização pessoal, de sua felicidade. [...] Vamos um pouco
além, e propomos o conceito seguinte: liberdade consiste na possibilidade de coordenação consciente
dos meios necessários à realização da felicidade pessoal. Nessa noção, encontramos todos os
elementos objetivos e subjetivos necessários à ideia de liberdade; é poder de atuação sem deixar de
ser resistência à opressão; não se dirige contra, mas em busca, em perseguição de alguma coisa, que
é a felicidade pessoal, que é subjetiva e circunstancial, pondo a liberdade, pelo seu fim, em harmonia
com a consciência de cada um, com o interesse do agente. Tudo que impedir aquela possibilidade de
coordenação dos meios é contrário à liberdade”. SILVA, José Afonso da. Curso de direito
constitucional positivo. 22.ed. rev. atual. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 232.
77 FAUSTINO, Andre. Fake News e a Liberdade de Expressão nas Redes Sociais na Sociedade da
imprensa porque tem a ver justamente com a leveza da alma. A liberdade de imprensa, todavia, tem
maior potencialidade vertical ou de penetração. Enquanto a primeira se refere a toda e qualquer
possibilidade de manifestação humana acerca do que seu intimo exprime, a liberdade de imprensa
pode ser subdividida em duas categorias: liberdade ativa e liberdade passiva, o que, respectivamente,
vem a ser a capacidade de o individuo publicar e difundir ou acessar informações e notícias, informando
e formando opiniões de seus pares, através dos meios de comunicação em massa”. PASKIN NETO,
Max. O direito de ser rude: liberdade de expressão e imprensa. Curitiba: Bonijuris, 2015. p. 59.
81Cf. Silva: “Nessa acepção, a liberdade de expressão, genericamente,
79 SILVA, Tadeu Antonio Dix. Liberdade de expressão e direito penal no Estado democrático de
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016. p. 228.
81 MARMELSTEIN, George. Curso de Direitos Fundamentais. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 130.
40
que passa a ser encarada mais como uma liberdade condicional, custodiada por uma
série de exceções e regras que não garantem o seu pleno exercício.82
Sem prejuízo das contribuições trazidas pelo autor sobre os diferentes tipos de
limitações passíveis de aplicação ao exercício do direito à liberdade de expressão,
parece-nos que, embora essa garantia fundamental deva ser vista como um valor e
uma regra a ser maximizada no Estado Democrático de Direito, há situações nas quais
o conflito com outros valores fundamentais exige ponderações86 que garantam sua
82 HUME, Mick. Direito a ofender: a liberdade de expressão e o politicamente correcto. 1. ed. Lisboa:
Tinta da China, 2016. p. 45.
83 HUME, Mick. Direito a ofender: a liberdade de expressão e o politicamente correcto. 1. ed. Lisboa:
coexistência, ainda que mitigada. E isso deve ser visto também como papel do Direito,
conforme aduz Chaïm Perelman:
Faz algumas décadas que assistimos a uma reação que, sem chegar a ser
um retorno ao Direito natural, ao modo próprio dos séculos XVII e XVIII, ainda
assim confia ao juiz a missão de buscar, para cada litígio particular, uma
solução equitativa e razoável, pedindo-lhe ao mesmo tempo que permaneça,
para consegui-lo, dentro dos limites autorizados por seus sistema de Direito. 87
87 PERELMAN, Chaïm. Lógica Jurídica: nova retórica. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 185.
88 FAUSTINO, Andre. Fake News e a Liberdade de Expressão nas Redes Sociais na Sociedade da
Informação. 2018. 140 f. Dissertação (Mestrado em Direito da Sociedade da Informação) – Faculdades
Metropolitanas Unidas, São Paulo, 2018. pp. 46-47. Disponível em:
<https://arquivo.fmu.br/prodisc/mestradodir/af.pdf>. Acesso em 6 ago. 2020.
89 MEYER-PFLUG, Samantha Ribeiro. Liberdade de expressão e discurso de ódio. São Paulo:
argumentos. In: SARLET, Ingo Wolfgang (org.). Direitos fundamentais, informática e comunicação:
algumas aproximações. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p. 51.
42
91 WU, Tim. Impérios da comunicação: do telefone à internet, da AT&T ao Google. Rio de Janeiro:
Zahar, 2012. p. 339.
92 SILVA, Rosane Leal da. Cultura ciberlibertária x regulação da internet – A corregulação como
modelo capaz de harmonizar este conflito. Revista Brasileira de Estudos Constitucionais – RBEC,
Belo Horizonte, ano 6, n. 21, p. 279-312. jan./mar. 2012. p. 280.
43
93 É a “ágora virtual” que transmuta a democracia, conforme ensina Pierre Lévy, ao indicar que as
“inovações técnicas abrem novos campos de possibilidades que os atores sociais negligenciam ou
aprendem sem qualquer pretensão mecânica. Um vasto campo político e cultural, quase virgem, abre-
se para nós. Poderíamos viver um desses momentos extremamente raros em que uma civilização
inventa a si própria, deliberadamente”. Vide: LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma
antropologia do ciberespaço. 3ª ed. São Paulo: Loyola, 2000. p. 60.
94 TAKAHASHI, Tadao. Sociedade da informação no Brasil: Livro verde. Brasília: Ministério da
97 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros,
2005. p. 246.
98 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Assembleia Geral. Declaração Universal dos Direitos
5º da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2000. p. 162.
45
Marcelo Novelino disserta sobre o que ele considera os três limites que
deveriam ser observados pela imprensa ao propagar informações:
101NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 2. ed. São Paulo: Método, 2008. p.423.
102BALEM, Isadora Forgiarini. O impacto das fakenews e o fomento dos discursos de ódio na
sociedade em rede: a contribuição da liberdade de expressão na consolidação democrática.
Disponível em: <http://coral.ufsm.br/congressodireito/anais/2017/1-12.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2020.
46
porque para a sociedade é relevante que nela circulem informações úteis e não
enviesadas para que seus cidadãos possam exercer plenamente seus direitos.
Como visto em linhas anteriores, a disseminação da Internet e seu uso em
massa provocou um aumento expressivo da quantidade de informação disponível
para acesso a qualquer momento e em qualquer lugar, especialmente ao permitir que
qualquer pessoa ou organização possa gerar conteúdo.
Nessa sociedade da informação os riscos são inerentes e proporcionais à
quantidade imensurável de informações disponíveis, o que massifica a propagação
de “informações superficiais, inúteis ou falsas que originam toda sorte de
problemas”103.
Até mesmo sob o ponto de vista de proteção do consumidor, há previsão no
seu Código de Defesa, de que as informações apresentadas pelo fornecedor,
independentemente do meio, devem ser precisas, corretas e claras. Informações
verdadeiras são necessárias, por exemplo, para a boa execução dos contratos,
promovendo equilíbrio de poder e de fato nas relações jurídicas, em especial as
consumeristas.104
fundamental à informação. PP. 176-182. In: RAIS, Diogo (coord). Fake News: a conexão entre a
desinformação e o Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018.
105 PFEIFFER, Roberto Augusto Castellhamos. Defesa da concorrência e bem-estar do consumidor.
Figura 10: Gráfico da Pesquisa TIC Domicílios 2019 que registra a evolução da quantidade de
usuários de internet entre os anos 2008 e 2019.
106VASCONCELLOS, Clever. Curso de direito constitucional. 6ª. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2019. (p. 197).
107 CETIC (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação).
Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros
– TIC Domicílios 2019. Principais resultados. Disponível em
<https://cetic.br/media/analises/tic_domicilios_2019_coletiva_imprensa.pdf>. Acesso em 25 jun. 2020.
48
Figura 11: Gráfico da Pesquisa TIC Domicílios 2019 que indica as principais atividades realizadas
entre usuários de internet que se comunicação por meio dela.
109 SANTOS, Diego Fruscalso dos. A invenção da ciberdemocracia: o conceito de democracia na era
do ciberespaço. Dissertação (mestrado). Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Programa de Pós-
Graduação em Filosofia. São Leopoldo, 2013. Disponível em:
<http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/4070/Diego%20Fruscalso%20dos%
20Santos.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 8 jan. 2021. p. 57-58.
110 Há uma percepção crescente de que a democracia está entrando em recessão em todo o mundo.
Vide: DIAMOND, Ver Larry. Facing up to the democratic recession. Journal of Democracy 26, n. 1
(jan 2015), p. 141-155. Disponível em: <https://www.journalofdemocracy.org/wp-
content/uploads/2015/01/Diamond-26-1_0.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2021.
50
Nada obstante o conceito abstrato de rede social tenha sua origem nos
aspectos da natureza, o que atualmente chamamos de rede social é uma construção
linguística e cultural. A multiplicidade de sentidos da palavra “rede” em diferentes
contextos (históricos, econômicos, químicos, biológicos, tecnológicos, entre outros)
denota a sua importância para a forma como a sociedade atual é estruturada.113
Nesse sentido, podemos indicar que uma rede social pode ser definida por dois
elementos: atores e conexões. Os atores podem ser quaisquer pessoas, grupos ou
organizações públicas ou privadas. As conexões devem ser vistas como a forma das
interações ou os laços sociais entre os atores.114
111 VERMELHO, Sônia Cristina. VELHO, Ana Paula Machado. BERTONCELLO, Valdecir. Sobre o
conceito de redes sociais e seus pesquisadores. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 41, n. 4, p. 863-881,
out./dez. 2015. P. 865. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v41n4/1517-9702-ep-1517-
97022015041612.pdf>. Acesso em 25 set. 2020.
112 PORTUGAL, Silvia. Contributos para uma discussão do conceito de rede na teoria sociológica.
conceito de redes sociais e seus pesquisadores. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 41, n. 4, p. 863-881,
out./dez. 2015. P. 865-872. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v41n4/1517-9702-ep-1517-
97022015041612.pdf>. Acesso em 25 set. 2020.
114 RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Coleção Cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2009.
P. 24.
51
Como avalia Sônia Cristina Vermelho, a estrutura das redes sociais é de caráter
eminentemente vertical na história da cultura/sociedade ocidental, estando as
relações sociais baseadas em hierarquias das mais diversas. Em função disso,
experiências e relações sociais horizontais nunca passaram do campo da utopia
dentro das redes sociais não-digitais, por assim dizer. Com o advento das redes
sociais digitais, contudo, seus usuários passaram a experimentar relações sociais
horizontalizadas entre si, não obstante o claro viés econômico vertical em que suas
titulares (controladoras, provedoras ou operadoras) estão inseridas na sociedade.115
Ou seja, muito embora a relação entre usuários e controladoras das redes
sociais digitais ainda tenha uma natureza eminentemente vertical, considerando o
caráter de adesão que os termos e as políticas dessas costumam impor àqueles, a
relação entre os usuários é comumente de tipo horizontal, proporcionando a todos
semelhantes experiências, oportunidades e poder de fala. Importante ressalvar que
isso não impede que determinados usuários consigam transportar parte do seu poder
de influência construído em meio às relações verticais típicas do mundo off-line para
o mundo on-line, trazendo, em algum grau, assimetria à horizontalidade da relação
com os demais usuários (capacidade de alcance, quantidade de seguidores ou
autoridade de fala).
As relações entre produtores e consumidores de informação deixam também
de ser passivas e dispersas, como o eram quando a grande imprensa, o rádio e a
televisão eram os detentores da máquina comunicativa (comunicação um-todos).
Agora, com o advento do ciberespaço, a comunicação se dá de forma progressiva e
cooperativa entre todos os atores (dispositivo todos-todos).116 Daí a possibilidade de
que uma mensagem on-line atinja milhões de pessoas simultaneamente e até mesmo
fazer com que um usuário outrora anônimo no mundo real possa, em questão de
segundos, se tornar conhecido em larga escala no mundo virtual (“viralização”117).
Ou seja, a partir da popularização das redes sociais, seus usuários passaram
também a ser emissores de informações e não apenas consumidores, passaram a ser
protagonistas das narrativas e editores de suas próprias histórias, gerando
115 VERMELHO, Sônia Cristina. VELHO, Ana Paula Machado. BERTONCELLO, Valdecir. Sobre o
conceito de redes sociais e seus pesquisadores. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 41, n. 4, p. 863-881,
out./dez. 2015. P. 873-874. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v41n4/1517-9702-ep-1517-
97022015041612.pdf>. Acesso em 25 set. 2020.
116 LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 2. ed. São Paulo:
informações que circulam de forma livre, ágil e dispersa, limitadas, a priori, apenas
pelas restrições objetivas ditadas pelos algoritmos que compõem o código fonte, e, a
posterori, pelo controle subjetivo de Políticas de Comunidade e Termos e Condições
de Uso, a exigir a atuação coercitiva das plataformas.
A partir do acesso a redes sociais digitais, portanto, seus usuários passaram a
vivenciar experiências relacionais muito diferentes das que estão habituados no
mundo analógico ou off-line. Isso não significa, contudo, que fora das redes sociais
digitais as experiências estejam se tornando mais horizontalizadas. Ao contrário, a
estrutura social atual permanece bastante verticalizada.118
Pierre Lévy nos ajuda a compreender melhor o potencial transformacional que
o meio virtual e, por consequência, as redes sociais digitais possuem na sociedade
moderna.
118 VERMELHO, Sônia Cristina. VELHO, Ana Paula Machado. BERTONCELLO, Valdecir. Sobre o
conceito de redes sociais e seus pesquisadores. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 41, n. 4, p. 863-881,
out./dez. 2015. P. 874-877. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v41n4/1517-9702-ep-1517-
97022015041612.pdf>. Acesso em 25 set. 2020.
119 LÉVY, Pierre. O que é o virtual? São Paulo: Ed. 34, 1996, p. 5.
53
Como visto, com o advento das redes sociais digitais, as relações sociais na
rede, contrariamente ao que acontece fora do mundo virtual, onde a verticalização das
relações entre os diversos atores sociais é a regra, assumem um aspecto de
horizontalidade entre seus usuários. Nesse cenário, as condições oferecidas pelas
plataformas, ao definir regras de utilização, têm papel fundamental para a forma como
os usuários participam da rede social digital.120
As plataformas das redes sociais digitais possuem, portanto, importante
“função configuradora da socialidade”121. Essa função extrapola os limites do mundo
virtual e, atualmente, também tem efeitos no mundo analógico ou off-line, que aprende
com a arquitetura dessas plataformas e replica ou ressignifica suas práticas e
costumes122.
Essas regras, visíveis ou não, são criadas pelos próprios provedores de redes
sociais digitais, que conseguem impô-las aos usuários, também por conta própria, já
que são os detentores do controle sobre a arquitetura das plataformas. Em
decorrência disso, os operadores, além de criarem as regras (legislativo), são
120 WIELSCH, Dan. Os ordenamentos das redes: Termos e condições de uso – Código – Padrões de
Comunidade. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e
Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. P. 92.
121 WIELSCH, Dan. Os ordenamentos das redes: Termos e condições de uso – Código – Padrões de
Comunidade. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e
Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. P. 92.
122 Expressões, vocabulário, estruturas organizacionais e até modelos de interação, entre outros
2.1.1 Facebook
123 WIELSCH, Dan. Os ordenamentos das redes: Termos e condições de uso – Código – Padrões de
Comunidade. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e
Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. P. 93.
124 FACEBOOK. Padrões da Comunidade. Disponível em:
<https://www.facebook.com/communitystandards/?locale=pt_BR>. Acesso em 5 out. 2020.
55
desafiadora e delicada, além de reconhecer que há uma linha tênue entre notícias
falsas, sátiras e opiniões.128
Numa página dedicada a falar sobre a estratégia do Facebook para impedir a
disseminação de notícias falsas129, a plataforma afirma que as mesmas são ruins para
as pessoas e para o Facebook, que está investindo de forma significativa para impedir
sua propagação e para promover jornalismo de qualidade.130
Entre as estratégias, contudo, não consta, como apontado anteriormente, a
remoção de conteúdo falso, mas sim a redução da sua distribuição e a instrução sobre
o contexto das publicações que os usuários veem. Para o Facebook, essa abordagem
reduz drasticamente o alcance dessas publicações, elimina os responsáveis por
disseminar notícias falsas e mantém as pessoas informadas sem que, para isso, o
discurso público tenha de ser sufocado.131
Vemos, portanto, que o Facebook não considera a divulgação de notícias falsas
uma violação aos seus “Padrões da Comunidade”, mas entende que elas
frequentemente podem violar outras políticas da plataforma, como a prática de
discurso de ódio ou o uso de contas falsas, o que é removido por padrão.
Nesse sentido, o Facebook atualmente não considera a desinformação um
problema imediato para a sua plataforma, atuando diretamente para excluir
publicações apenas quando uma de suas Políticas é afetada diretamente por notícias
falsas e outras modalidades de desinformação.
Nesse sentido, o Facebook busca atuar contra o que chama de “malfeitores”132
que trabalham conjuntamente para disseminar má-informação na rede. Para o
Facebook, boa parte da desinformação espalhada na plataforma decorre de
motivações financeiras, razão pela qual tenta bloquear perfis e combater sites que se
utilizam da estratégia de caça-cliques133, o que exige um combate proativo contra esse
tipo de agente134. Isso vai ao encontro do que defende o Código de Conduta da União
Europeia Sobre Desinformação135.
Além dessas medidas, o Facebook indica que também faz parte de sua
estratégia a realização de parceria com agências independentes de checagem de
fatos que avaliam a acuracidade de publicações na rede. Quando uma agência
classifica o conteúdo de uma publicação como falso, a plataforma a ranqueia de forma
significativamente baixa, reduzindo sua visualização em mais de 80%.136
Concluímos, portanto, que, embora o Facebook reconheça o poder disruptivo
e as consequências destrutivas da desinformação no mundo atual, a sua Política da
Comunidade não prevê como resposta ao fenômeno a simples eliminação de
conteúdo reconhecidamente falso, mas tenta, a partir de ferramentas internas, reduzir
sua disseminação e educar seus usuários.
No que diz respeito aos “Termos de Serviço”, anteriormente chamados
“Declaração de direitos e deveres”, trata-se de “acordo integral”137 (n° 5.1/FB-2020)
entre o usuário e o Facebook, trazendo grande carga da esfera cível do direito para a
relação entre a empresa detentora da plataforma e seus usuários. Nessa “Política”, o
operador da plataforma explica o que espera de seus usuários e informa a maneira
como a rede trata dados e é remunerada, por exemplo. Dentre “os serviços
fornecidos”, estão, entre outros, o de permitir que as pessoas se expressem e falem
sobre o que consideram importante e o combate, pela plataforma, de condutas
prejudiciais à comunidade.138
Por mais evidente que pareça, é importante destacar, para os fins do presente
trabalho, que a tais regras, não apenas para o Facebook, mas para qualquer
plataforma de rede social digital, são de adesão, impedindo qualquer tipo de discussão
ou ajuste pelos seus usuários, que se limitam à possibilidade de alterar apenas
134 FACEBOOK. Hard Questions: What’s Facebook’s Strategy for Stopping False News. Disponível
em: <https://about.fb.com/news/2018/05/hard-questions-false-news/>. Acesso em 5 out. 2020.
135 UNIÃO EUROPEIA. Código de Conduta da UE sobre Desinformação. Disponível em:
<file:///C:/Users/99793903/Downloads/cnect-2019-20022-00-00-pt-tra-00_225C1392-B110-B47A-
80E5F075D6032A1D_59123.pdf>. Acesso em 12 out. 2020.
136 FACEBOOK. Hard Questions: What’s Facebook’s Strategy for Stopping False News. Disponível
2.1.2 Instagram
139 O usuário pode definir, por exemplo, se deseja localizar ou bloquear outros usuários a partir de
certos parâmetros, ativar ou desativar confirmações de leitura, deixar as informações de seu perfil
públicas ou restritas.
140 WIELSCH, Dan. Os ordenamentos das redes: Termos e condições de uso – Código – Padrões de
Comunidade. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e
Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. P. 93.
141 INSTAGRAM. Central de Ajuda – Central de Privacidade e Segurança. Sobre o distúrbios
Figura 12: Alerta sobre publicação compartilhada no perfil do Instagram do presidente Jair Bolsonaro
em 11 de maio de 2021.
142 INSTAGRAM. Central de Ajuda – Quais são as dicas para identificar informação falsa no
Instagram? Disponível em:
<https://help.instagram.com/975917226081685?helpref=search&sr=1&query=not%C3%ADcia%20fals
a&search_session_id=9145a68de6b6650a2fc74ebb580f03be>. Acesso em: 10 out. 2020.
143 Somos direcionados para a página “Hard Questions: What’s Facebook’s Strategy for Stopping False
Assim, o Instagram garante que, sempre que uma publicação é marcada como
informação falsa, a classificação foi feita por um verificador de fatos independente. 145
A rede também permite que os próprios usuários sinalizem que uma publicação
dissemina informação falsa146, permitindo ao usuário denunciado contestar
fundamentadamente a qualificação como informação147.
Na sua seção de “Termos de Uso”, o Instagram descreve os serviços prestados
pela rede aos seus usuários e quais são os compromissos do usuário com a rede,
bem como as permissões concedidas pelos mesmos.148 As previsões sobre direitos e
deveres dos usuários e da plataforma são complementadas pela seção “Informações
sobre aplicação da lei”, na qual a rede aborda temas de privacidade de dados,
segurança infantil e consentimento do usuário, entre outros.149
Observamos, pois, que o Instagram segue, em linhas gerais, a postura adotada
pelo Facebook, não possuindo uma política específica para combate à desinformação
e também se utilizando de sistemas automatizados para analisar as denúncias
recebidas e agências de checagem de fatos para ajudar a ranquear e rotular
publicações falsas ou parcialmente falsas, reduzindo sua circulação entre os usuários
sem, contudo, excluí-las.
No caso da Covid-19, a rede passou não apenas a rotular conteúdos
relacionados à pandemia como potencialmente sensíveis, como também adicionou
links que redirecionam os usuários para o portal do Ministério da Saúde e outras
organizações de saúde, como a Organização Mundial da Saúde.
145 INSTAGRAM. Central de Ajuda – Por que uma publicação está marcada como informação falsa?
Disponível em:
<https://help.instagram.com/388534952086572?helpref=search&sr=2&query=not%C3%ADcia%20fals
a&search_session_id=c86e448a7a264664a35b8ee351c0dd67>. Acesso em: 10 out. 2020.
146 INSTAGRAM. Central de Ajuda – Como faço para sinalizar uma informação falsa no Instagram?
Disponível em:
<https://help.instagram.com/2442045389198631?helpref=search&sr=3&query=not%C3%ADcia%20fal
sa&search_session_id=c53154a82285d2de73bc2e9cb91cb520>. Acesso em: 10 out. 2020.
147 INSTAGRAM. Central de Ajuda – Como faço para apelar de uma classificação de informação falsa
em:
<https://help.instagram.com/581066165581870/?helpref=hc_fnav&bc[0]=Ajuda%20do%20Instagram&
bc[1]=Central%20de%20Privacidade%20e%20Seguran%C3%A7a>. Acesso em: 10 out. 2020.
149 INSTAGRAM. Central de Ajuda – Central de Privacidade e Segurança. Informações sobre
2.1.3 Linkedin
são mais difundidas entre usuários.153 O propósito da rede e o perfil dos usuários
também contribui para que a plataforma não seja a mais adequada para o
compartilhamento de informações falsas ou enganosas.154
Isso fica claro no mais recente relatório do Reuters Institute ao deixar de listar,
entre as plataformas que mais preocupam relativamente à disseminação de
informação falsa ou enganosa.
Figura 13: Plataformas mais preocupantes por informação falsa ou enganosa – Países Selecionados
Fonte: Reuters Institute Digital News Report 2020. p. 19. Disponível em:
<https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/sites/default/files/2020-06/DNR_2020_FINAL.pdf>. Acesso
em: 20 out. 2020
2.1.4 Twitter
153 HERRMAN, John. Redes em crise, exceto uma: por que ninguém fala sobre o Linkedin?
Disponível em: <https://exame.com/negocios/por-que-ninguem-fala-sobre-o-linkedin/>. Acesso em: 13
out. 2020.
154 JOHNSON, Eric. Why is there no fake news on Linkedin? Disponível em:
<https://www.vox.com/2016/12/29/14100064/linkedin-daniel-roth-fake-news-facebook-recode-
podcast>. Acesso em: 13 out. 2020.
63
controlar o conteúdo publicado por seus usuários, razão pela qual não pode ser
responsabilizada por ele.155
Dessa forma, o Twitter se isenta de responsabilidade e apenas modera ou
remove conteúdos que violem diretamente suas regras e políticas. Como suas regras
e políticas não proíbem diretamente o compartilhamento de informações falsas ou
enganosas, não há uma atuação direta e constante da plataforma para excluir esse
tipo de conteúdo da rede.
A plataforma prevê também que mesmo conteúdos que violem suas regras
poderão ser excepcionalmente mantidos para a compreensão ou discussão de um
assunto de interesse público, o que se aplica especialmente a representantes públicos
eleitos e governos. Esse tipo de mensagem é mantido com uma limitação de
visualização por meio de um aviso que contextualiza a violação da regra e permite
que apenas pessoas que cliquem nele possam ver o conteúdo.156
Figura 14: Post de Jair Bolsonaro tem aviso por violar regras.
155 TWITTER. Termos de Serviço do Twitter. Disponível em: <https://twitter.com/pt/tos>. Acesso em:
16 out. 2020.
156 TWITTER. Diretrizes e Políticas Gerais. Sobre as exceções devido ao interesse público no Twitter.
artigo antes. Já em setembro de 2020, um novo recurso também em fase de teste foi
identificado por alguns usuários: o Birdwatch, que visa permitir que os usuários insiram
anotações ao rodapé de conteúdos compartilhados na rede apontando suas razões
para defender que aquela mensagem possui informação falsa ou enganosa.158
158 DEMARTINI, Felipe. Twitter testa nova ferramenta pra conter desinformação e fake news.
Disponível em: <https://canaltech.com.br/redes-sociais/twitter-testa-nova-ferramenta-para-conter-
desinformacao-e-fake-news-172513/>. Acesso em: 16 out. 2020.
159 TWITTER. Política de Integridade Cívica. Disponível em: <https://help.twitter.com/pt/rules-and-
160 CARNEIRO, Igor Almenara. Twitter renova políticas contra fake news para eleições dos EUA.
Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/internet/205055-twitter-renova-politicas-fake-news-
eleicoes-eua.htm>. Acesso em: 17 out. 2020.
161 TWITTER. Política de Integridade Cívica. Disponível em: <https://help.twitter.com/pt/rules-and-
2.1.4 Conclusão
167 Considerando que o Marco Civil da Internet não prevê hipótese de moderação ativa de conteúdo
por provedores de aplicações, mas a moderação decorrente de decisão judicial.
168 TWITTER. Permanent suspension of @realDonaldTrump. Disponível em:
<https://blog.twitter.com/en_us/topics/company/2020/suspension>. Acesso em: 25 mar. 2021.
169 FACEBOOK. In Response to Oversight Board, Trump suspended for two years; Will only be
171 WIELSCH, Dan. Os ordenamentos das redes: Termos e condições de uso – Código – Padrões de
Comunidade. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e
Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. PP. 96-97.
172 Os termos mais comumente utilizados são “feed de notícias”, “feed de publicações” ou “news feed”.
173 WIELSCH, Dan. Os ordenamentos das redes: Termos e condições de uso – Código – Padrões de
Comunidade. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e
Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. PP. 98-99.
70
174 WIELSCH, Dan. Os ordenamentos das redes: Termos e condições de uso – Código – Padrões de
Comunidade. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e
Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. PP. 98-99.
175 WIELSCH, Dan. Os ordenamentos das redes: Termos e condições de uso – Código – Padrões de
Comunidade. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e
Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. PP. 98-99.
71
forma unilateral um conjunto de regras e princípios válidas para todos os seus usuários
e, portanto, com natureza de normas abstratas, inclusive, como destacam tais
regramentos passíveis de monitoramento, análise e valoração individual de acordo
com o caso concreto.
O aceite individual de cada usuário aos termos e condições de uso de uma
plataforma não pode ser visto como um consenso transacional sobre todos os
conteúdos relevantes da norma, embora possa ser entendido como uma derivação de
uma concordância global válida, à qual não se pode, a princípio, associar nenhuma
forma de pressuposto de correção.176
Sob essa perspectiva, os operadores de redes sociais digitais, enquanto
detentores do poder privado decorrente dos termos e condições de uso de suas
plataformas, podem intervir nas liberdades de uns para proteger outros. Isso indica,
portanto, que tais agentes privados assumem prerrogativas de ponderação sobre
direitos fundamentais de seus usuários, tais quais liberdade de expressão e
informação. As decisões daí decorrentes não afetam apenas a relação bilateral
mantida entre o usuário e rede, mas possuem alcance geral, já que as limitações
impostas a um usuário podem afetar todos os demais. Por exemplo, a remoção de um
determinado conteúdo considerado impróprio pela plataforma priva os demais
usuários de acesso ao mesmo.177
Vale relembrar que essas ponderações não se dão apenas por meio da análise
humana e subjetiva, mas também através de milhões de linhas de códigos, cujos
algoritmos automatizam a análise e a tomada de decisões sobre diferentes contextos,
nesse último formato sem garantia de revisão humana.
Não se olvida, aqui, que o Marco Civil da Internet prevê a possibilidade de
análise, no caso concreto, de pedidos de remoção de conteúdo de provedores de
aplicações, o que inclui as redes sociais digitais. Da mesma forma, mas sob outra
perspectiva, a exclusão de usuários ou a remoção de conteúdo feitas unilateralmente
pelo operador de uma plataforma são passíveis de discussão judicial, o que
176 WIELSCH, Dan. Os ordenamentos das redes: Termos e condições de uso – Código – Padrões de
Comunidade. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e
Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. PP. 103-104.
177 WIELSCH, Dan. Os ordenamentos das redes: Termos e condições de uso – Código – Padrões de
Comunidade. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e
Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. PP. 115.
72
O papel disciplinador e controlador das redes socais digitais não deve ser
obnubilado pela sua dimensão de facilitador comunicacional. Pelo contrário,
é a própria liberdade de expessão e a privacidade, entre outros direitos dos
utilizadores, que é colocada em causa se estes não conhecem de forma clara
quais as regras auto-ordenadoras ou auto-reguladoras que podem restringir
as suas liberdades fundamentais. É aqui obrigatório assegurar que existe
transparência e um procedimento devido na aprovação e comunicação das
regras que sustentam as ponderações realizadas pela própria rede social e
que podem conduzir a limitações de liberdades dos utilizadores. Estas
ponderações são a parte oculta do que muitas vezes se manifesta como a
eliminação de uma publicação de um utilizador ou a venda dos seus dados
pessoais a entidades terceiras.179
178 WIELSCH, Dan. Os ordenamentos das redes: Termos e condições de uso – Código – Padrões de
Comunidade. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e
Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. PP. 118.
179 FARINHO, Domingos Soares. Delimitação do espectro regultório de redes sociais. p. 59-60. In:
ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São
Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. pp. 29-89.
73
180GIACCHETTA, André Zonaro. Atuação e responsabilidade dos provedores diante das fake
news e da desinformação. p. 24. In: RAIS, Diogo (coord). Fake News: a conexão entre a
desinformação e o Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018. PP. 23-49
74
181HACIYAKUPOGLU, Gulizar; YANG HUI, Jennifer; SUGUNA, V.S.; LEONG, Dymples; RAHMAN;
Muhammad Faizal Bin Abdul. Countering Fake News. A survey of recent global iniciatives.”.
Disponível em:
<https://www.rsis.edu.sg/wp-content/uploads/2018/03/PR180416_Countering-Fake-News.pdf>.
Acesso em 06 jan. 2021.
75
lei e/ou ainda estão tramitando em meio ao debate público, que busca formatar
soluções que combatam a disseminação de desinformação preservando a liberdade
de expressão, demonstram que a “dinamicidade da tecnologia da comunicação e do
mercado que, a partir dela, se estrutura, [demanda a observância de] uma regra de
ouro em termos de regulação: evitar grandes saltos e dar passos seguros”182.
Em tópico anterior, abordamos a proteção conferida pela Constituição Federal
de 1988 à liberdade de expressão e comunicação, bem como o direito de informação,
informação essa que, por óbvio, ressalvados os contextos com claros fins satíricos ou
humorísticos, deve ser verídica e não enganosa para cumprir seu papel dentro de um
regime democrático. Tais normas constitucionais coexistem e devem ter sua aplicação
ponderada de acordo com o caso concreto, conforme ensina Luís Roberto Barroso.
182 CAMPOS, Ricado; ABRUSUIO, Juliana; MARANHÃO, Juliano. Armadilhas e saídas para a
regulação de fake news. In: Clipping de Imprensa. Associação Brasileira da Propriedade Intelectual.
p. 4-8. 25/06/2020. Disponível em: <https://abpi.org.br/wp-content/uploads/2020/06/1593081979.pdf>.
Acesso em 15 fev. 2021.
183 BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. Os conceitos
discussão sobre a sua constitucionalidade, à luz dos Arts. 5°, incisos II, IV, IX, XIV, XXXVI, e 220, caput
e §§ 1° e 2° da CF/88, sido reconhecida no STF (TEMA 987). Em suma, o Facebook Brasil questiona
o entendimento da Segunda Turma Recursal Cível do Colégio Recursal de Piracibaca/SP, que
entendeu não ser condição para a exclusão de perfil falso o ajuizamento de ação própria, de forma que
isso ensejaria a responsabilidade objetiva da aplicação de internet pelo conteúdo nela veiculado.
77
<https://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/prt/2017/portaria-no-949-de-7-de-dezembro-de-2017>.
Acesso em: 06 jan. 2021.
78
A partir de 2015, a Lei Eleitoral passou a permitir, conforme redação do Art. 57-
A, a propaganda eleitoral na internet. Tal permissão foi restringida, em função de uma
nova microrreforma eleitoral em 2017, por meio da qual o Art. 57-B da Lei Eleitoral foi
modificado para vedar, em seu § 3°, a utilização de impulsionamento de conteúdos e
ferramentas digitais para alterar o teor ou a repercussão de propaganda eleitoral,
ficando o provedor de aplicação responsável por danos decorrentes de eventual
conteúdo impulsionado apenas se não adotar as providências necessárias para deixar
de disponibilizar o conteúdo após ordem judicial.
e a influência da Internet nas eleições, em especial o risco das fake news e o uso de
robôs na disseminação das informações”193.
Tal portaria conversa com a preocupação externada pelo TSE no Art. 22 da
Resolução n° 23.551/2017, segundo o qual “a livre manifestação do pensamento do
eleitor identificado ou identificável na Internet somente é passível de limitação quando
ocorrer ofensa à honra de terceiros ou divulgação de fatos sabidamente
inverídicos”194. Referida Resolução, revogada pela Resolução n° 23.610/2019195, teve
essa previsão mantida, sendo acrescida apenas a previsão de que a ofensa poderia
se dar a candidatos, partidos ou coligações tanto relativamente à sua honra quanto à
sua imagem.
Em ambos os casos, ficou disciplinada a aplicação da previsão inclusive às
manifestações anteriores ao período regulamentar de propaganda eleitoral, o que
exige análise acurada para evitar que a aplicação da legislação possa configurar
censura prévia, como ressaltado no julgado abaixo.
Disponível em <https://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2017/resolucao-no-23-551-de-18-de-
dezembro-de-2017>. Acesso em: 06 jan. 2021.
195 TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. Resolução n° 23.610 de 18 de dezembro de 2019.
Disponível em <https://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2019/resolucao-no-23-610-de-18-de-
dezembro-de-2019>. Acesso em: 06 jan. 2021.
196 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE PERNAMBUCO. Representação 0602803-
94.2018.6.17.0000. Relator: Stênio José de Sousa Neiva Coêlho. 03 de outubro de 2018. Disponível
em <https://jurisprudencia.s3.amazonaws.com/TRE-PE/attachments/TRE-
PE_RP_060280394_03ec9.pdf?AWSAccessKeyId=AKIARMMD5JEAO67SMCVA&Expires=16228238
78&Signature=0dtbQRXLQ%2BX5roujzkeRf0A6zGc%3D>. Acesso em: 07 jan. 2021.
80
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como
crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala
ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
(..)
Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
(...)
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
(...)
Denunciação caluniosa
Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento
investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo
disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra
Programa de Enfrentamento à Desinformação com Foco nas Eleições 2020 – Anexo I. Disponível
em:
<https://www.justicaeleitoral.jus.br/desinformacao/arquivos/Programa_de_enfrentamento_web.pdf>.
Acesso em: 07 jan. 2021.
199 JUSTIÇA ELEITORAL. Desinformação. Disponível em
<https://www.justicaeleitoral.jus.br/desinformacao/#>. Acesso em: 07 jan. 2021.
200 Existem projetos de lei tramitando com o objetivo de criar ou alterar tipos penais para incluir a criação
ou divulgação de notícia falsa no rol de ilícitos penais, tais quais os PLs 473/2017, 471/2018, 3682/2020
1015/2021, todos os Senado, e os PLs 3857/2019, 718/2020 e 4096/2020, da Câmara dos Deputados.
81
fundamental à informação. PP. 176-182. In: RAIS, Diogo (coord). Fake News: a conexão entre a
desinformação e o Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018. p. 178-179.
205 BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Lei n° 8.078 de 11 de setembro de 1990. Disponível
garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre
os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. 206
206 BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Lei n° 8.078 de 11 de setembro de 1990. Disponível
em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm>. Acesso em: 06 jan. 2021.
207 AFONSO, Luiz Fernando. Fake News e Direito do Consumidor: uma violação ao direito
fundamental à informação. PP. 176-182. In: RAIS, Diogo (coord). Fake News: a conexão entre a
desinformação e o Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018.
208 BRASIL. Lei n° 12.965 de 23 de abril de 2014. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm>. Acesso em: 05 jan. 2021.
84
209 CÂMARA DOS DEPUTADOS. Sessão 013.4.54.O. 12 de fevereiro de 2014. Disponível em:
<https://www.camara.leg.br/internet/sitaqweb/TextoHTML.asp?etapa=5&nuSessao=013.4.54.O%20%
20%20%20%20&nuQuarto=74&nuOrador=1&nuInsercao=15&dtHorarioQuarto=19:26&sgFaseSessao
=OD%20%20%20%20%20%20%20%20&data=12/02/2014&txApelido=ALESSANDRO+MOLON+PT-
RJ&txFaseSessao=Ordem+do+Dia++++++++++++++++++&txTipoSessao=Deliberativa+Ordin%E1ria
+-+CD+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++&txEtapa=>. Acesso em
28 fev. 2021.
210 CUEVA, Ricardo Villas Bôas. Alternativas para a remoção de fake news das redes socais. PP.
271-279. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e
Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020.
85
211 A inclusão dessa previsão se deu, conforme exposição de motivos, em razão de solicitações
específicas de componentes da bancada feminina da Câmara dos Deputados, que alertaram sobre
práticas como a vigança pornográfica, cujo intuito é constranger e humilhar pessoas que eventualmente
tenham se deixado, de forma privada, retratar ou filmar.
212 BRASIL. Lei n° 12.965 de 23 de abril de 2014. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm>. Acesso em: 05 jan. 2021.
86
de rádio e televisão, seguindo um roteiro bem definido pelo marketing político para
uso em um espaço demarcado, um tempo limitado e sem interação com o público-
alvo.213
Somente a partir de 2015, com a reforma eleitoral promovida pela Lei n° 13.165,
é que a propaganda política na internet passou a ter previsão na legislação que
estabelece normas para as eleições, trazendo um novo território em termos de volume
e complexidade à relação entre candidatos e eleitores e, consequentemente na
relação entre esses atores e a seus pleitos perante a Justiça Eleitoral.
No que tange à apuração criminal, muito embora, como já tenhamos explicado,
algumas condutas relacionadas à disseminação de desinformação possam ser
subsumidas em tipos penais já existentes no Código Penal em vigor, observado o rito
processual penal, em 14 de março de 2019, o presidente do Supremo Tribunal
Federal, instaurou o Inquérito n° 4.781, que ficou conhecido como “Inquérito das Fake
News”, para investigar, de forma sigilosa, supostas práticas de denunciações
caluniosas e ameaças contra a Corte, seus membros e familiares.
Pouco mais de um ano depois, em 26 de maio de 2020, o Ministro Alexandre
de Moraes, em meio à decisão proferida no âmbito do inquérito indicou que “as provas
colhidas e os laudos periciais apresentados nestes autos apontam para a real
possibilidade de existência de uma associação criminosa, denominada nos
depoimentos dos parlamentares como ‘Gabinete do ódio”, dedicada à disseminação
de notícias falsas”214 por meio de publicações em redes sociais que atingem milhões
de pessoas diariamente, cujo financiamento se dá por empresários com o objetivo de
“desestabilizar as instituições democráticas e a independência dos poderes”.
Ressalvadas as críticas215 de diversas naturezas e escalas à atuação proativa
(sem provocação externa) do STF ao determinar de ofício a abertura do inquérito,
213 CRUZ, Francisco Brito (coord.); MASSARO, Heloisa; OLIVA, Thiago; BORGES, Ester. Internet e
eleições no Brasil: diagnósticos e recomendações. InternetLab, São Paulo, 2019. Disponível em:
<https://www.internetlab.org.br/wp-content/uploads/2019/09/policy-infopol-26919_4.pdf>. Acesso em:
18 fev. 2021.
214 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Inquérito 4.781 Distrito Federal. Decisão de 26 de maio de
jurídica em decorrência do modus operandi do STF no Inquérito 4.781, cada uma delas capaz,
individualmente, de levar à nulificação de todo o processo e das provas nele produzidas. In: ARAUJO,
Fernando Henrique de Moraes; MACIEL NETO, Aluísio Antônio. Supremo Tribunal Federal ou de
Exceção? O Estado de São Paulo, São Paulo, 18 de abril de 2019. Disponível em:
<https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/supremo-tribunal-federal-ou-de-excecao/>.
Acesso em: 20 fev. 2021.
87
216 LORENZETTO, Bruno Meneses; PEREIRA, Ricardo dos Reis. O Supremo Soberano no Estado
de Exceção: a (des)aplicação do direito pelo STF no âmbito do Inquérito das “Fake News” (Inquérito
n. 4.781). Disponível em: <https://www.scielo.br/j/seq/a/3rd8dS8fb5j5pVH4rBbsfbB/?lang=pt>. Acesso
em: 25 fev. 2021.
217 LORENZETTO, Bruno Meneses; PEREIRA, Ricardo dos Reis. O Supremo Soberano no Estado
de Exceção: a (des)aplicação do direito pelo STF no âmbito do Inquérito das “Fake News” (Inquérito
n. 4.781). Disponível em: <https://www.scielo.br/j/seq/a/3rd8dS8fb5j5pVH4rBbsfbB/?lang=pt>. Acesso
em: 25 fev. 2021.
88
222 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em números 2019: ano-base 2018. Brasília: CNJ,
2017. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/wp-
content/uploads/conteudo/arquivo/2019/08/justica_em_numeros20190919.pdf>. Acesso em 10 mar.
2021. p. 36.
223 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em números 2013: ano-base 2012. Brasília: CNJ,
a) quais as medidas não contenciosas que vêm sendo tomadas por esta c.
Corte Superior para impedir a desinformação do eleitor por meio da
disseminação pulverizada de informações falsas, injuriosas, caluniosas e
difamatórias sobre candidatos em plataformas digitais? b) a pretensão de
garantir a liberdade do voto, considerando a relevância desse ato decisório
que é concentrado no tempo, que é datado e cujos efeitos se estendem por
anos, exige que a Justiça Eleitoral determine que as plataformas digitais
retirem, independentemente da indicação individual e específica da URL de
cada postagem, todo o conteúdo idêntico que dissemine informação falsa,
injuriosa, caluniosa ou difamatória a respeito de candidatos? c) A disrupção
tecnológica e a interferência na manifestação de vontade do eleitor exige a
releitura dos art. 35, incisos IV, V e XVII, no art. 129 e no art. 242, parágrafo
único, todos do Código Eleitoral no sentido de que os juízes eleitorais
possuem competência para exercer poder de polícia administrativa
determinando a retirada de conteúdo falso, injurioso, calunioso ou difamatório
de plataformas digitais e aplicativos de mensagens? 237
Tarcisio Vieira de Carvalho Neto. Sessão de 25.09.2018. Disponível nos autos eletrônicos (ID nº
311698 – p. 6). Também disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/diarios/211860563/tse-05-10-
2018-pg-52?ref=topic_feed>. Acesso em: 12 mar. 2021.
238 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em números 2020: ano-base 2019. Brasília: CNJ,
239 O relatório Justiça em Números 2020 (ano-base 2019) indica que a redução total de um milhão de
processos que ocorreu na Justiça do Trabalho nos anos 2018 e 2019 pode estar relacionada à reforma
trabalhista que entrou em vigor em novembro.de 2017.
240 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em números 2020: ano-base 2019. Brasília: CNJ,
241 BÂRGĂOANU, Alina; RADU, Loredana. Fake News or Disinformation 2.0? Some Insights into
Romanians’ Digital Behaviour. Romanian Journal of European Affairs, v. 18, n. 1, p. 24-38, 2018.
Disponível em: <http://rjea.ier.gov.ro/wp-
content/uploads/articole/RJEA_vol.18_no.1_June2018_art.2.pdf>. Acesso em 02 abr. 2021.
242 GUIMARÃES, Patrícia Borba Vilar; SILVA, Lucas do Monte. Autorregulação jurídica no
urbanismo contemporâneo: smart cities e mobilidade urbana. Revista de Direito da Cidade, vol. 08,
n. 4. pp. 1231-1253 Disponível em: <https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/rdc/article/view/23468/19142 >. Acesso em 05 mar. 2021.
243 No sentido de garantia da correção da criação e disseminação de informações.
244 ABBOUD, Georges; CAMPOS, Ricardo. A auto-regulação regulada como modelo do Direito
245 WISCHMEYER, Thomas. What is illegal offline is also illegal online – The German Network
Enforcement Act 2017. In: PETKOVA, Bilyana & OJANEN, Tuomas, Fundamental Rights Protection
Online: The Future Regulation of Intermediaries. London: Edward Elgar Publishing, 2019. Disponível
em <https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3256498>. Acesso em 25 ago. 2020.
246 A relação entre o operador ou provedor da aplicação e o utilizador da aplicação.
247 A relação entre usuários de uma mesma rede social digital.
248 A relação entre o usuário de uma rede social digital e um sujeito externo).
249 FARINHO, Domingos Soares. Delimitação do espectro regulatório de redes sociais. p. 36-37.
In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed.
São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. pp. 29-89.
250 A corregulação pode ser aqui entendida ou tratada como sinônimo de autorregulação regulada. A
global market. p. 36-37. Social and Political Dimensions of Forest Certification. p. 237-247, 2003.
Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/252743812_New_forms_of_governance_Certification_regi
mes_as_social_regulations_of_the_global_market>. Acesso em: 25 abr. 2021.
95
252 No original: “L’autorégulation se conçoit alors comme un proceed destiné à rencontrer les problèmes
fonctionnels de regulation susmentionnés dans le cadre d’une recomposition des formes et des objectifs
de l'intervention juridique”. LISBOIS, Boris. Autorégulation ou démocratisation? Recherches en
Communication, v. 9, n. 9, p.25-32, 1998. Disponível em:
<https://ojs.uclouvain.be/index.php/rec/article/view/46663/44863>. Acesso em 20 mai. 2021. p. 26.
253 SILVA, Rosane Leal da. Cultura ciberlibertária x regulação da internet – A corregulação como
modelo capaz de harmonizar este conflito. Revista Brasileira de Estudos Constitucionais – RBEC,
Belo Horizonte, ano 6, n. 21, p. 279-312. jan./mar. 2012. p. 280.
96
4.1 A REGULAÇÃO
254 SILVA, Rosane Leal da. Cultura ciberlibertária x regulação da internet – A corregulação como
modelo capaz de harmonizar este conflito. Revista Brasileira de Estudos Constitucionais – RBEC,
Belo Horizonte, ano 6, n. 21, p. 279-312. jan./mar. 2012. p. 280.
255 MOREIRA, Vital; LIMA, Luís Vale. Autorregulação professional official – O caso dos corretores
de seguros no Brasil. Revista de Direito Público da Economia – RDPE. Belo Horizonte, ano 10, n. 39,
p. 181-225, jul./set. 2012. p. 183.
256 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
(org.). Regulação no Brasil: uma visão multidisciplinar. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2014. p. 112-113.
97
Para atingir seus fins, são esperadas importantes qualidades das normas
regulatórias: (i) a racionalidade, decorrente de decisões fundamentadas e embasadas
na lei; (ii) a simplicidade, com a definição clara e objetiva das regras do jogo; (iii) a
previsibilidade, propiciada pelo estabelecimento de direitos e obrigações bem
determinados; (iv) a estabilidade, que evita a introdução de alterações constantes e
arbitrárias; e (v) a adaptabilidade, necessária à habitual mudança da dinâmica das
relações dentro da sociedade moderna e tecnológica do Século XXI. Isso faz com que
o “ambiente jurídico dos negócios [seja], em grande medida, determinado pelas
características do direito administrativo dos negócios em vigor”259.
Sabe-se que nos campos em que tradicionalmente não há reserva estatal,
como o comércio, a indústria e a tecnologia, os agentes privados possuem liberdade
econômica para definir seus negócios, o que não impede que a regulação pública
possa, em alguma medida, estender-se a esses setores/negócios e condicionar sua
execução a determinados padrões.
No âmbito das aplicações de internet, em especial as redes sociais digitais,
somente após muitos anos de tratamento do tema exclusivamente por meio do
Judiciário260, a disciplina estatal brasileira passou a regular importantes aspectos do
uso da Internet no país a partir da edição do Marco Civil da Internet, definindo
princípios, direitos e obrigações para quem usa a rede e o papel do Estado.
Muito antes disso, contudo, a determinação, em 1995, pelo Ministério das
Comunicações e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, para a criação do
Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br)261, já demonstrava uma tentativa do
Estado brasileiro de ver estabelecidas, por meio dessa ferramenta, diretrizes
estratégicas relacionadas ao uso e ao desenvolvimento da Internet no país. Passados
258 MOREIRA, Vital; LIMA, Luís Vale. Autorregulação professional official – O caso dos corretores
de seguros no Brasil. Revista de Direito Público da Economia – RDPE. Belo Horizonte, ano 10, n. 39,
p. 181-225, jul./set. 2012. p. 183.
259 SUNDFELD, Carlos Ari. Direito público e regulação no Brasil. pp. 111-142. In: GUERRA, Sérgio
(org.). Regulação no Brasil: uma visão multidisciplinar. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2014. p. 112.
260 SOUZA, Carlos Affonso Pereira de. Responsabilidade civil dos provedores de internet: uma
década à procura de regulação. pp. 143-170. In: GUERRA, Sérgio (org.). Regulação no Brasil: uma
visão multidisciplinar. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2014. p. 147-162.
261 COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL. Portaria Interministerial n° 147 de 31 de maio de
pouco mais de 20 anos, tal figura da administração pública viria a ditar diretrizes
regulatórias para o bom funcionamento da Internet, nos termos do Decreto 262 que
regulamentou o Marco Civil da Internet.
Isso demonstra que o ciberespaço não pode ser tratado como um ambiente
alheio ao direito e à regulação. Independentemente de se passar na esfera virtual, a
Internet comporta inúmeros fatos jurídicos relevantes para a vida que impactam
concretamente a esfera jurídica de inúmeros sujeitos de direito, muitas vezes
constituindo ilícitos não apenas de natureza civil, mas também penal.
Apesar disso, não se pode cair na armadilha de regular as redes sociais digitais
para combater a desinformação a partir de um viés prioritariamente punitivo, como
vemos atualmente em diversos projetos de lei em curso. A regulação da rede deve, a
nosso ver, ter uma finalidade preventiva e pedagógica, o que só parece ser possível
com a participação ativa dos provedores de aplicações de internet, a partir da
arquitetura das plataformas (código) e dos Termos e Condições de Uso, e da
sociedade civil, educada e consciente de seu papel.
Do ponto de vista da regulação pública, portanto, é preciso salientar que os
direitos fundamentais funcionam tanto como limites negativos como positivos do que
o Estado pode e deve exigir. Negativos, do ponto de vista dos titulares das redes
sociais digitais, que têm a expectativa de manutenção da liberdade de propriedade e
de iniciativa econômica, bem como da liberdade de expressão a partir de uma
perspectiva de moderação de seu conteúdo, na medida em que os usuários veem
aquilo que as plataformas entendem que lhes interessa. E positivos no que diz respeito
à observância do interesse público, posto que a constituição confere ao legislador
ordinário ou regulador incumbências específicas para preservar os valores e objetivos
constitucionais.263
No que tange especificamente à regulação das fake news, Raúl Magallón Rosa
assevera que ela deve ser observada com base em pelo menos duas perspectivas: (i)
a necessidade de regulamentar os conteúdos, desconsiderando a forma como se
apresentam; ou (ii) a necessidade de legislar acerca do modo como os conteúdos
ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São
Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. pp. 29-89.
99
4.2 A AUTORREGULAÇÃO
264 ROSA, Raúl Magallón. Leyes ‘fake news’. Telos. Madri: Fundación Telefónica. Disponível em:
<https://telos.fundaciontelefonica.com/las-leyes-las-fake-news-problema-la-libertad-informacion-no-
legislar/>. Acesso em 14 mai. 2021.
100
265 GIACCHETTA, André Zonaro. Atuação e responsabilidade dos provedores diante das fake
news e da desinformação. p. 23. In: RAIS, Diogo (coord). Fake News: a conexão entre a
desinformação e o Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018. pp. 23-49
266 FARINHO, Domingos Soares. Delimitação do espectro regultório de redes sociais. p. 42. In:
ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São
Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. pp. 29-89.
101
267 FARINHO, Domingos Soares. Delimitação do espectro regultório de redes sociais. p. 66-67. In:
ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São
Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. pp. 29-89.
268 PECK, Patricia Pinheiro. Direito digital. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 90-91.
102
269 FARINHO, Domingos Soares. Delimitação do espectro regultório de redes sociais. p. 32-44. In:
ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São
Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. pp. 29-89.
270 FARINHO, Domingos Soares. Delimitação do espectro regultório de redes sociais. p. 45. In:
ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São
Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. pp. 29-89.
271 FARINHO, Domingos Soares. Delimitação do espectro regultório de redes sociais. p. 48. In:
ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São
Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. pp. 29-89.
103
272 FARINHO, Domingos Soares. Delimitação do espectro regultório de redes sociais. p. 45-46. In:
ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São
Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. pp. 29-89.
273 FARINHO, Domingos Soares. Delimitação do espectro regultório de redes sociais. p. 42. In:
ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São
Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. pp. 29-89.
274 FARINHO, Domingos Soares. Delimitação do espectro regultório de redes sociais. p. 57. In:
ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São
Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. pp. 29-89.
104
275 No original: “In this sense, then, law, norms and code regulate cyberspace just as law, norms and
nature (or what I call ‘real space code’) regulate real space. But there is an important difference between
these two regimes. In real space, constraints are changed by changing law; in cyberspace, constraints
will be changed by changing code. This will follow because of two features of these two different worlds:
First: In real space, it is law that is plastic; in cyberspace, it is code that is plastic. And second: In real
space, it is relatively hard to escape the constraints of law; in cyberspace, it is much easier. The effect
of both differences will be to shift the locus of regulatory change from law to code. In real space, law is
at center stage, and code is an afterthought. In cyberspace, the game is code. Law is a side-show.”.
LESSIG, Lawrence. The constitution of code: limitations on choice-based critiques of cyberspace
regulation. Common Law Conspectus, n. 5, Rev. 181, 1997. p. 183-184. Disponível em
<https://scholarship.law.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1119&context=commlaw>. Acesso em: 10 abr.
2021.
276 ABBOUD, Georges; CAMPOS, Ricardo. A auto-regulação regulada como modelo do Direito
277 Como uma espécie dentro do gênero inteligência artificial, os sistemas de machine learning
permitem a modificação autônoma de comportamento com base na própria experiência do sistema,
contando com mínima interferência humana. Ou seja, o sistema é capaz de estabelecer regras lógicas
de acordo com a sua experiência para melhorar o desempenho de uma tarefa ou a tomada de decisão
em um determinado contexto a partir da repetição e do reconhecimento de padrões a partir de um
grande volume de dados analisados.
278 SZTAJN, Rachel. Regulação e o Mercado de Valores Mobiliários. In: RDM – Revista de Direito
of the “sharing economy”. 2016. Cambrige: NBER Working Paper, n. 22029. Disponível em:
<https://www.nber.org/system/files/working_papers/w22029/w22029.pdf>. Acesso em 28 abr. 2021.
106
especial de redes sociais digitais, da mesma forma que são regulados os meios
tradicionais de telecomunicação, como a televisão e o rádio.
A incerteza acerca da eficácia dos mecanismos regulatórios tradicionais para
controlar esse peculiar fenômeno da sociedade moderna conectada em rede, que é a
desinformação, exige um novo modelo de regulação capaz de se adaptar às
constantes mudanças tecnológicas sem deixar de atender aos preceitos basilares do
interesse público e das garantias fundamentais.
O fato é que, não se apresentando de forma unitária, o ciberespaço, suas
interações e problemas dificultam a unificação de regras a partir de uma regulação
única. Seu caráter transnacional, sua dinamicidade e alto grau de especialização
tecnológica também representam fronteiras regulatórias. Assim o é igualmente em
relação às redes sociais digitais, cuja dificuldade de conceituação legal demonstra per
se as limitações de uma abordagem puramente estatal para o fenômeno da
desinformação.
Como bem ressaltam Georges Abboud e Ricardo Campos, em obra que aborda
de forma inovadora no Brasil a temática da regulação de redes sociais digitais para o
combate à propagação de fake news, a regulação do Estado sobre as plataformas
passa a se dar de forma legislativa indireta, tendo em vista a necessidade de
endereçar soluções que garantam o respeito aos direitos fundamentais dentro dessas
esferas privadas nas quais as relações se dão entre sujeitos privados.281
280 No Original: Lo que se concluye de lo expuesto es que el ciberespacio precisa pocas regulaciones
sustantivas nuevas, que muchos de los problemas que ahora preocupan, aunque tengan conotaciones
especiales, ya habían sido considerados en normaciones antecedentes; que no es necesario, por tanto,
crear un derecho especializado ex novo sino acordar las adaptaciones necesarias del existente; que
tampoco es conveniente empeñarse en una reglamentación excesiva; y, en fin, que la precisa poderá
ser dispuesta tanto por decisiones de los poderes públicos de diferentes niveles como por organismos
independientes o mediante autorregulaciones. MACHADO, Santiago Muñoz. La regulación de la red:
poder y derecho en Internet. Madri: Grupo Santillana de Ediciones, 2000. p. 60.
281 ABBOUD, Georges; CAMPOS, Ricardo. A auto-regulação regulada como modelo do Direito
Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São Paulo:
Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. pp. 123-124.
282 ABBOUD, Georges; CAMPOS, Ricardo. A auto-regulação regulada como modelo do Direito
qual, em tradução nossa, “o que diz respeito a todos, por todos deve ser discutido e aprovado”.
284 ABBOUD, Georges; CAMPOS, Ricardo. A auto-regulação regulada como modelo do Direito
289 MARANHÃO, Juliano; CAMPOS, Ricardo. Fake news e autorregulação regulada das redes
sociais no Brasil: fundamentos constitucionais. PP. 321-335. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY,
Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista
dos Tribunais, 2020. pp. 323-324.
290 LUÑO, Antonio-Enrique Pérez. Derechos humanos, estado de derecho y constitución. 9. ed.
291 MARQUES NETO, Floriano de Azevedo. Regulação econômica e suas modalidades. Revista de
Direito Público da Economia, Belo Horizonte, ano 7, n. 28, p. 37, out./dez. 2009.
292 MARANHÃO, Juliano; CAMPOS, Ricardo. Fake news e autorregulação regulada das redes
sociais no Brasil: fundamentos constitucionais. PP. 321-335. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY,
Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista
dos Tribunais, 2020. pp. 325-326.
111
293 ROCHA, Glauco da. Autorregulação e poder disciplinar das bolsas de valores, mercadorias e
futuros. Revista Direito & Justiça, v. 41, p. 182-194, jul./dez. 2015.
294 AWAZU, Luís Alberto de Fischer. Apontamentos sobre a globalização, o papel regulatório do
<https://www.gesetze-im-internet.de/netzdg/BJNR335210017.html> e em inglês:
<https://web.archive.org/web/20200519032842/https://www.bmjv.de/SharedDocs/Gesetzgebungsverfa
hren/Dokumente/NetzDG_engl.pdf?__blob=publicationFile&v=2>. Acesso em 25 mai. 2021.
113
298 WISCHMEYER, Thomas. What is illegal offline is also illegal online – The German Network
Enforcement Act 2017. In: PETKOVA, Bilyana & OJANEN, Tuomas, Fundamental Rights Protection
Online: The Future Regulation of Intermediaries. London: Edward Elgar Publishing, 2019. Disponível
em <https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3256498>. Acesso em 25 ago. 2020.
299 WISCHMEYER, Thomas. What is illegal offline is also illegal online – The German Network
Enforcement Act 2017. In: PETKOVA, Bilyana & OJANEN, Tuomas, Fundamental Rights Protection
Online: The Future Regulation of Intermediaries. London: Edward Elgar Publishing, 2019. Disponível
em <https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3256498>. Acesso em 25 ago. 2020.
300 O estudo foi posteriormente criticado em função da metodologia considerada frágil, mas sua
publicação deixou a impressão na opinião pública de que as mídias sociais estavam fazendo pouco
demais.
301 Vide: <jugendschutz.net.>
302 WISCHMEYER, Thomas. What is illegal offline is also illegal online – The German Network
Enforcement Act 2017. In: PETKOVA, Bilyana & OJANEN, Tuomas, Fundamental Rights Protection
Online: The Future Regulation of Intermediaries. London: Edward Elgar Publishing, 2019. Disponível
em <https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3256498>. Acesso em 25 ago. 2020.
303 SCHREIBER, Mariana. A controversa lei alemã que inspira projeto de lei das Fake News. BBC
304 WISCHMEYER, Thomas. What is illegal offline is also illegal online – The German Network
Enforcement Act 2017. In: PETKOVA, Bilyana & OJANEN, Tuomas, Fundamental Rights Protection
Online: The Future Regulation of Intermediaries. London: Edward Elgar Publishing, 2019. Disponível
em <https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3256498>. Acesso em 25 ago. 2020.
305 Aqui a legislação visa proteger empresas entrantes no mercado, assegurando-lhes a possibilidade
Enforcement Act 2017. In: PETKOVA, Bilyana & OJANEN, Tuomas, Fundamental Rights Protection
Online: The Future Regulation of Intermediaries. London: Edward Elgar Publishing, 2019. Disponível
em <https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3256498>. Acesso em 25 ago. 2020.
115
308 CUEVA, Ricardo Villas Bôas. Alternativas para a remoção de fake news das redes socais. PP.
271-279. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e
Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. p. 276.
309 Cabe ao provedor configurar esse procedimento que possibilita a reclamação de violações, o seu
e a Regulação da Plataforma. pp. 161-191. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS,
Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais,
2020.
116
312 No original: “1. die Unabhängigkeit und Sachkunde ihrer Prüfer gewährleistet ist, 2. eine
sachgerechte Ausstattung und zügige Prüfung innerhalb von sieben Tagen sichergestellt sind, 3. eine
Verfahrensordnung besteht, die den Umfang und Ablauf der Prüfung sowie Vorlagepflichten der
angeschlossenen sozialen Netzwerke regelt und die Möglichkeit der Überprüfung von Entscheidungen
vorsieht, 4. eine Beschwerdestelle eingerichtet ist und 5. die Einrichtung von mehreren Anbietern
sozialer Netzwerke oder Institutionen getragen wird, die eine sachgerechte Ausstattung sicherstellen.
Außerdem muss sie für den Beitritt weiterer Anbieter insbesondere sozialer Netzwerke offenstehen”.
117
313 Uma crítica bastante razoável feita por Martin Eifert, em artigo aqui mencionado, acerca dessa
preocupação diz respeito à desconsideração de que tipicamente os provedores preveem a
possibilidade de exclusão de conteúdos que, a seu critério, não se enquadrem dentro de suas Termos
e Condições de Uso. Isso faz com que as críticas sejam direcionadas exclusivamente à atuação
regulatória do Estado enquanto as restrições impostas de forma autorregulatória pelos provedores a
partir dos padrões de comunidade permanecem fora do debate ou são vistas como permitidas dentro
da dinâmica de poder que envolve a rede social e o papel do provedor.
314 EIFERT, Martin. A Lei Alemã para a Melhoria da Aplicação da Lei nas Redes Sociais (NetzDG)
e a Regulação da Plataforma. pp. 161-191. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS,
Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais,
2020.
118
315 EIFERT, Martin. A Lei Alemã para a Melhoria da Aplicação da Lei nas Redes Sociais (NetzDG)
e a Regulação da Plataforma. pp. 161-191. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS,
Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais,
2020. p.176.
316 UNITED NATIONS HUMAN RIGHTS. Mandate of the Special Rapporteur on the promotion and
protection of the right to freedom of opinion and expression. OL DEU 1/2017. Disponível em:
<https://www.ohchr.org/Documents/Issues/Opinion/Legislation/OL-DEU-1-2017.pdf>. Acesso em: 29
mai. 2021.
119
LEI
PAÍS
STATUS STAKEHOLDER RESPONSÁVEL
Alemanha Aprovado Empresas de tecnologia
Usuários, administradores de websites,
Italia Pendente
provedores de serviço de internet, escolas
Filipinas Pendente Usuários e empresas de tecnologia
Rússia Pendente Empresas de tecnologia
Pendente Empresas de tecnologia
Estados unidos
Pendente Empresas de tecnologia
Reino unido Pendente Empresas de tecnologia
Empresas de tecnologia, anunciantes on-line
Austrália Em andamento e outras partes que se beneficiem de
desinformação
Israel Pendente Empresas de tecnologia
India Aprovado Administradores de grupos de redes sociais
Canadá Em execução Veículos de mídia em massa
Fonte: HACIYAKUPOGLU, Gulizar; YANG HUI, Jennifer; SUGUNA, V.S.; LEONG, Dymples;
RAHMAN; Muhammad Faizal Bin Abdul. Countering Fake News. A survey of recent global
iniciatives. Disponível em:
<https://www.rsis.edu.sg/wp-content/uploads/2018/03/PR180416_Countering-Fake-News.pdf>.
Acesso em: 06 jan. 2021.
Será possível obter mais detalhes sobre o que dizem propostas legislativas em
diferentes países verificando o Apêndice II (Visão global geral da legislação sobre fake
news) do presente trabalho, no qual são indicadas as ações prescritas, as partes
responsáveis pelo cumprimento das medidas e também de que forma as companhias
317HACIYAKUPOGLU, Gulizar; YANG HUI, Jennifer; SUGUNA, V.S.; LEONG, Dymples; RAHMAN;
Muhammad Faizal Bin Abdul. Countering Fake News. A survey of recent global iniciatives. Disponível
em:
<https://www.rsis.edu.sg/wp-content/uploads/2018/03/PR180416_Countering-Fake-News.pdf>.
Acesso em: 06 jan. 2021.
120
318 Tratam-se de mecanismos de inteligência artificial que selecionam os assuntos apresentados aos
usuários nas redes sociais a partir de temas e preferências pessoais e políticas coletadas não apenas
pela interação dentro da rede, mas também a partir de cookies que monitoram o acesso de usuário a
outros recursos e aplicações fora da rede social.
319 Efeito segundo o qual os usuários tendem a visualizar informações e publicações que coincidem e
reforçam suas crenças, motivações ideológicas e entendimentos pessoais, o que, por sua vez, estimula
o compartilhamento desses mesmos conteúdos por esses usuários para a sua rede de contatos.
121
Mesmo durante a pandemia, Senado pode votar texto sem tempo para amplo
debate.
320SOUZA, Adalthon de Paula. Comentários ao PL N° 2.630/2020, o “PL das Fake News” – Contas
inautênticas, identificação de usuários e rastreabilidade de mensagens. ITS Rio. Disponível em:
<https://itsrio.org/wp-content/uploads/2021/03/Adalthon-de-Paula-Souza_COMENTARIOS-AO-PL-N-
2.630_2020-O-PL-DAS-FAKE-NEWS-%E2%80%93-CONTAS-INAUTENTICAS-IDENTIFICACAO-DE-
USUARIOS-E-RASTREABILIDADE-DE-MENSAGENS.pdf>. Acesso em 12 mai. 2021. p. 11.
123
Em função disso, pedimos que o Projeto de Lei 2630/2020, que Institui a Lei
Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, seja
retirado da pauta do Senado a fim de que seja amplamente debatido, e que
um novo relatório, mais consensual e equilibrado, seja proposto. 321
O Facebook, por sua vez, num tom mais drástico ressaltou que a regulação
proposta compromete o acesso da população à informação em meio à pandemia:
323CRUZ, Bruna Souza. PL das fake news: senadores festejam; ativistas e empresas criticam. Tilt.
Disponível em: <https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/07/01/pl-das-fake-news-veja-a-
repercussao-da-votacao-do-senado.htm>. Acesso em: 26 mar. 2021.
125
324MARANHÃO, Juliano; CAMPOS, Ricardo. Fake news e autorregulação regulada das redes sociais
no Brasil: fundamentos constitucionais. PP. 321-335. In: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson;
CAMPOS, Ricardo (org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos
Tribunais, 2020. p. 321-322.
127
CONCLUSÃO
relação existente entre a plataforma e os seus usuários, uma vez que assimétrica,
supera essa esfera, não estando regida exclusivamente a partir da premissa de livre
consentimento.
Aos usuários as plataformas impõem normas que devem ser seguidas sem
oportunidade de negociação ou questionamento. De igual modo, os operadores, além
de criarem as regras (legislativo), são responsáveis pela sua implantação (executivo)
e pela definição/aplicação das sanções cabíveis em caso de descumprimento
(judicativo), o que fala muito sobre o papel normativo naturalmente assumido por
esses operadores e sua influência na sociedade.
O modelo atual, portanto, enseja questionamentos sobre a sua
compatibilidade com o sistema jurídico brasileiro. Para alguns, o exercício da
liberdade de expressão se encontra ameaçado em função do modelo de tomada de
decisão baseado no arbítrio ou subjetivismo das redes, que parecem incapazes de
assegurar a observância de valores e princípios constitucionais caros e necessários à
efetivação dos direitos e das garantias fundamentais, essenciais dentro de um Estado
Democrático de Direito.
Exige-se, pois, que, na ausência de cominações legais expressas, tais
normas de direito privado, às quais os usuários simplesmente devem aderir sem
direito a questionamento, possuam alguns de seus pilares fundados nos princípios e
garantias constitucionais que regem nossa democracia, assegurando aos seus
usuários o respeito às suas liberdades e direitos.
Apesar de ainda não haver legislação no país que expressamente
discipline, em alguma esfera, o tratamento da disseminação de desinformação nas
redes sociais digitais, o Marco Civil da Internet aborda a retirada de conteúdos do
mundo virtual a partir do requerimento judicial dos interessados, prevendo que os
provedores de aplicações de internet somente serão responsabilizados em caso de
descumprimento de determinação judicial, o que indica que a responsabilidade dos
provedores é subsidiária.
Tanto no âmbito da responsabilidade civil quanto penal, nossos códigos
não abordam expressamente cominações relacionadas à disseminação de
desinformação, cabendo aos jurisdicionados se valerem de dispositivos gerais de
responsabilidade extracontratual, para fins cíveis, e crimes contra a honra, no âmbito
criminal.
130
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154
APÊNDICES
155
APÊNDICE I
Artigo 1
Lei para a Melhoria da Aplicação da Lei nas Redes Sociais
(NetzDG)
§1
Âmbito de Aplicação
(1) Esta lei é válida para os provedores de serviços de telecomunicação que, com
cunho lucrativo, operam plataformas na internet que funcionam de modo que
os usuários possam compartilhar conteúdos indeterminados com outros
usuários ou torná-los acessíveis ao público (redes sociais). Plataformas com
ofertas de cunho jornalístico e redacional que sejam de responsabilidade dos
provedores de serviços não são consideradas como redes sociais no sentido
desta lei. O mesmo é valido para plataformas que são direcionadas para
comunicação individual ou para a difusão de conteúdos específicos.
(2) O provedor de uma rede social está liberado das obrigações dos §§ 2 e 3
quando a rede social tiver, domesticamente, menos do que dois milhões de
usuários registrados.
325Tradução conforme capítulo 16 da obra: ABBOUD, Georges; JR. NERY, Nelson; CAMPOS, Ricardo
(org.), Fake News e Regulação. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2020. P.
338-344.
156
§2
Obrigação de prestar informações
(1) Provedores de redes sociais que tiverem, no ano civil, mais de 100 reclamações
que tratem de conteúdos ilícitos são obrigados a apresentar um relatório
redigido na língua alemã sobre os procedimentos e medidas tomadas em
relação às reclamações relacionadas a conteúdo ilícito em suas plataformas,
respeitando as indicações obrigatórias do parágrafo 2º, a cada seis meses e
publicá-lo tanto no Diário Oficial da República Federal da Alemanha
(Bundesanzeiger) quando no próprio website no mais tardar um mês após o fim
de cada meio ano. O relatório que constar na própria homepage deve ser de
fácil reconhecimento e tornado acessível de forma direta e contínua.
§3
Tratamento de reclamações sobre conteúdos ilícitos
(3) O procedimento deve prever que toda reclamação, bem como todas as
medidas que foram tomadas em decorrência delas, devem ser documentadas
dentro do âmbito de validade das Diretivas 2000//31/CE e 2010/13/EU.
§4
Disposições sobre multas pecuniárias
(3) A infração administrativa pode ser sancionada ainda que tenha sido cometida
fora da República Federativa da Alemanha.
§5
Representantes legais domésticos
§6
Disposições transitórias
(1) O relatório referido no § 2 será exigido pela primeira vez no primeiro semestre
de 2018.
Artigo 2
Alteração da Lei de Telecomunicações
Artigo 3
Entrada em vigor
APÊNDICE II
LEGISLAÇÃO
RESPOSTAS DAS
PAÍS EMPRESAS DE
PARTE TECNOLOGIA
STATUS AÇÕES PRESCRITIVAS
RESPONSÁVEL
Facebook ressaltou
que essa lei pode
encorajar as redes
A lei de uso das redes sociais a removerem
estabelece multas para conteúdos que não são
redes sociais de até 50 evidentemente ilegais,
milhões de euros se eles em razão da multa
falharem em remover estabelecida ser
conteúdos obviamente desproporcional. Isso
ilegais no prazo de 24 horas iria transferir a
após o recebimento da responsabilidade de
reclamação. Nos casos em decisões legais que
que seja necessária uma Empresas de são complexas das
Alemanha Aprovado
investigação a fundo a tecnologia autoridades
respeito do conteúdo online responsáveis para
ofensivo, as redes sociais empresas privadas. O
devem bloquear o conteúdo Facebook testou suas
em questão dentro do prazo próprias ferramentas
de sete dias. Em não sendo para combater fake
adotado tal medida, será news durante as
aplicável multa. A Lei não eleições na Alemanha
parece ser aplicável fora do em 2017, como uma
território nacional. resposta ao pedido do
governo de ações a
serem adotadas com
tal finalidade.
O Facebook afirmou
não possuir bots em
Legislação Anti Bots
sua plataforma graças
proposta por Ministros de
a sua política de banir
Justiça em três estados
perfis falsos. O Twitter
alemães diferentes (Hessen,
Alemanha Pendente Desconhecido insistiu que a empresa
Saxony-Anhalt e Bavaria)
aplica estritamente
para regular contas em
suas políticas anti-bot,
redes sociais automatizadas
como a proibição de
que compartilham fakenews.
automação de retuítes
e favoritamento.
326HACIYAKUPOGLU, Gulizar; YANG HUI, Jennifer; SUGUNA, V.S.; LEONG, Dymples; RAHMAN;
Muhammad Faizal Bin Abdul. Countering Fake News. A survey of recent global iniciatives. Disponível
em: <https://www.rsis.edu.sg/wp-content/uploads/2018/03/PR180416_Countering-Fake-News.pdf>.
Acesso em: 06 jan. 2021..
166
LEGISLAÇÃO
RESPOSTAS DAS
PAÍS EMPRESAS DE
PARTE TECNOLOGIA
STATUS AÇÕES PRESCRITIVAS
RESPONSÁVEL
Uma proposta legislativa
submetida em em 7 de
fevereiro de 2017 no
Senado da República prevê
a adoção do Artigo 656-bis
do Código Penal. Usuários
que publicarem ou
compartilharem online fake
news e informações
exageradas ou enviesadas
Itália Pendente Indivíduos Não se manfestaram
que induzam ao erro
deverão enfrentar multas de
até 5.000 euros. Esta
disposição se aplicaria
apenas a publicações online
que não sejam registradas
como “jornais online”. A
legislação proposta não
parece abordar a aplicação
extraterritorial.
Todas as plataformas online
deverão publicar dentro de
48hrs após pedido,
declarado ou pedido de
retificação enviado por
qualquer pessoa que tenha
se sentido prejudicado por Administradores
Itália - Não se manfestaram
alguma publicação ou ainda de websites
que declare que aquela
informação é falsa, contato
que tais declarações sejam
legais. A não retificação é
punível com multas de 500
a 2000 euros.
Provedores de serviços de
internet devem monitorar
todo conteúdo,
especialmente aqueles que
gerem grande comoção e
interesse dos usuários com
a finalidade de avaliar a Provedores de
Itália - confiabilidade e veracidade serviços de Não se manfestaram
do conteúdo. Se esses internet
provedores entenderem que
certo conteúdo não atende a
esses requisitos, devem
removê-lo imediatamente ou
serão passíveis de
aplicação de multa.
167
LEGISLAÇÃO
RESPOSTAS DAS
PAÍS EMPRESAS DE
PARTE TECNOLOGIA
STATUS AÇÕES PRESCRITIVAS
RESPONSÁVEL
Escolas seriam obrigadas a
ensinar os alunos sobre
alfabetização midiática e
Itália - Escolas Não se manifestaram
jornalismo cidadão a fim de
protegê-los contra fake
news.
O projeto de lei nº 1492 do
Senado proposto, intitulado
“Uma lei que penaliza a
distribuição maliciosa de
notícias falsas e outras
violações relacionadas”,
define notícias ou
informações falsas como
“aquelas que pretendem
causar pânico, divisão,
caos, violência e ódio, ou
aqueles que exibem uma
propaganda para denegrir
ou desacreditar a reputação
de alguém”. Qualquer
pessoa provada culpada
de estar envolvida na Indivíduos e
Filipinas Pendente criação ou distribuição de empresas de Não se manifestaram
notícias falsas enfrentará tecnologia
multas e prisão. Se o
infrator for funcionário
público, deverá pagar o
dobro da multa e cumprir o
dobro do período de
reclusão, inabilitado para
exercer qualquer cargo
público. Empresas de mídia
de massa ou plataformas de
mídia social que falharem,
negligenciarem ou se
recusarem a remover
notícias falsas enfrentarão
multas e prisão. O projeto
de lei proposto não trata da
aplicação extraterritorial.
168
LEGISLAÇÃO
RESPOSTAS DAS
PAÍS EMPRESAS DE
PARTE TECNOLOGIA
STATUS AÇÕES PRESCRITIVAS
RESPONSÁVEL
Um dos autores
da lei, Deputador
Sergey
Boyarsky,
Dois legisladores russos do confirmou aos As empresas de redes
Estado de Duma, maior críticos que a lei sociais russas reagiram
partido da Rússia Unida, tem como de maneira negativa a
propuseram uma lei para principal lei. Vkontakte, uma
que a publicação de destinatários as plataforma de rede
informação falsa em redes empresas de social russa, por
Russia Pendente sociais seja considerado redes sociais e exemplo, ressaltou que
crime e punível com severas não os usuários. as medidas propostas
multas. A lei seria aplicável Afirmou que não podem conter o
a indivíduos e grandes ficaria a cargo de impacto das
corporações. O projeto de "organizadores informações falsas e
lei não parece ser aplicável de são impossíveis de
fora do território nacional. compartilhament serem implementadas.
o de informação
deletar as
informações
ilegais".
Nas audiÊncias do
Senado Americano em
O Ato de Anúncios
novembro de 2017,
honestos, um projeto
representantes do
bipartidário, exigiria que as
Facebook, Google,
empresas de internet
Twitter foram
divulgassem detalhes sobre
questionados se as
as políticas dos anúncios
empresas apoiariam
colocados nas plataformas.
essa lei. Sem
Estados O ato proposto se aplicará a Empresas de
Pendente consentirem
unidos outros países através da tecnologia
explicitamente com as
procura de contribuições,
condições da lei, os
despesas e desembolsos
representantes
para comunicação em
afirmaram que as
campanha eleitoral de
empresas de
nações estrangeiras na
tecnologia fariam tudo
forma de propagandas
que estivessem ao seu
online.
alcance para conter as
fakenews.
Um inquérito de Fakenews
foi convocado em 2015 pelo
Comitê de Digital, Cultura,
Mídia e Esportes da Câmara O comitê escreveu
dos Comuns para entender para o Facebook e o
o fenômeno das fakenews e Empresas de Twitter solicitando
Reino unido Pendente
o seus impacto na tecnologia detalhes de anúncios
sociedade, segurança de contas ligadas a
nacional e processos Rússia.
democráticos. Atualmente
não está claro se o inquérito
irá analisar legislação.
169
LEGISLAÇÃO
RESPOSTAS DAS
PAÍS EMPRESAS DE
PARTE TECNOLOGIA
STATUS AÇÕES PRESCRITIVAS
RESPONSÁVEL
O Parlamento Australiano
está estabelecendo um
Empresas de Na audiência pública
Comitê Selecionado para o
tecnologia, que aconteceu em 22
futuro do interesse público
anunciantes de agosto de 2017, o
Em no jornalismo a fim de
online e outras Google e o Facebook
Austrália andament examinar o impacto das
partes que fizeram uma submissão
o fakenews e contramedidas.
possam se que inclui ações se
Isso inclui estudar se é
beneficiar de comprometendo ao
necessário legislação
desinformação. trato de fakenews.
específica para conter as
fakenews.
Após uma reunião em
Israel em setembro de
2016, o Facebook
disse que não tolera o
Em janeiro de 2017, o terrorismo e concordou
parlamento israelense em criar equipes
aprovou a primeira leitura de conjuntas para
um novo projeto de lei que combater o incitamento
permitiria aos Tribunais de online. A plataforma
Assuntos Administrativos de também espera
Empresas de
Israel Pendente Israel ordenar às empresas continuar um “diálogo
Tecnologia.
de mídia social a remoção construtivo” com Israel
de conteúdo online que discuta as
considerado incitamento à “implicações deste
violência. O projeto de lei projeto de lei para a
proposto não trata da democracia israelense,
aplicação extraterritorial. a liberdade de
expressão, a Internet
aberta e o dinamismo
do setor de Internet
israelense”.
O magistrado do distrito de
Varanasi emitiu uma ordem
conjunta declarando que um
primeiro relatório de
investigação pode ser feito
Administradores
contra o administrador de
India Aprovado de grupos de "NIL"
um grupo de mídia social se
redes sociais
notícias falsas estiverem
circulando em seu grupo de
mídia social. A ordem
conjunta não trata da
aplicação extraterritorial.
170
LEGISLAÇÃO
RESPOSTAS DAS
PAÍS EMPRESAS DE
PARTE TECNOLOGIA
STATUS AÇÕES PRESCRITIVAS
RESPONSÁVEL
Em Outubro de 2017, as
comissões de Rádio-
Televisão e Comunicação
do Canadá retiraram uma
proposta para revogar uma
Implement regra a respeito de
Canada Mídia de massa "NIL"
ado "proibição de conteúdo de
programação" que incluía a
transmissão de fakenews.
Essa regra não possui
aplicação fora do território
canadense.