Massinga 12

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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM ENSINO BÁSICO

TERESA DA CONCEIÇÃO MASSINGA

Produção e Uso do Material Didáctico de Baixo Custo e a


Prática Docente: Um Estudo na Escola Básica Montes
Namúli Distrito de Gurué 2022 -2023

Quelimane
2023
2

TERESA DA CONCEIÇÃO MASSINGA

Produção e Uso do Material Didáctico de Baixo Custo e a


Prática Docente: Um Estudo na Escola Básica Montes
Namúli Distrito de Gurué 2022 -2023

Monografia apresentada ao Departamento de


Educação e Psicologia, para a obtenção do grau
académico de Licenciada em Ensino Básico com
Habilitações em Administração e Gestão de
Educação.

Supervisor: Msc. Paulo Mussolo Calima

Quelimane

2023
I

Índice

Agradecimento................................................................................................................................I

Dedicatória.....................................................................................................................................II

Lista de tabelas.............................................................................................................................III

Resumo.........................................................................................................................................IV

Abstract..........................................................................................................................................V

INTRODUÇÃO..............................................................................................................................6

Problematização..............................................................................................................................7

Justificativa e relevância.................................................................................................................7

Objectivos.......................................................................................................................................9

Geral...............................................................................................................................................9

Específicos......................................................................................................................................9

Questões da pesquisa......................................................................................................................9

1.2. Teoria de base:..................................................................................................................11

Aprendizagem Significativa de David Ausubel...........................................................................11

1.3. O material Didáctico.........................................................................................................14

1.4. Meios de Ensino...............................................................................................................15

1.4.1. Objectivos do uso dos Meios de Ensino.......................................................................16

1.4.2. Classificação dos Meios de Ensino...............................................................................16

1.4.3. Critérios de utilização dos Meios de Ensino.................................................................16

1.4.4. Principais meios de ensino............................................................................................17

1.5. Processo de Ensino e Aprendizagem................................................................................18

2.1. Tipo de pesquisa...............................................................................................................20

2.1.1. Quanto a Abordagem....................................................................................................20

2.1.2. Quanto aos objectivos...................................................................................................20

2.1.3. Quanto aos procedimentos técnicos..............................................................................20


II

2.2. População e amostra.........................................................................................................21

2.2.1. População......................................................................................................................21

2.2.2. Amostra.........................................................................................................................21

CAPITULO III: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS...............................................22

3.1. Apresentação dos dados....................................................................................................22

3.2. Análise dos dados.............................................................................................................24

Sugestões......................................................................................................................................27

Bibliografia...................................................................................................................................28

APÊNDICE...................................................................................................................................30

GUIÃO DE ENTREVISTA DIRIGIDA AOS PROFESSORES.................................................31


I

Agradecimento

Aos meus pais e familiares – não há palavras suficientes para expressar minha gratidão por tudo o
que voces fizeram por mim ao longo dos anos . Obrigada por seu amor incondicional, sacreficios
e dedicação em me proporcionar uma vida feliz e cheia de oportunidades.
Aos meus amigos e colegas – voces são uma parte essencial da minha jornada e sou grata por
cada momento compartilhado. Obrigada por me apoiarem e por trazerem conforto e alegria a
minha vida.
Ao meu supervisor – gostaria de expressar minha sincera gratidão pela sua orientação, apoio e
confiança em mim. Sua liderança e conhecimento tem sido inestimaveis para o meu crescimento
profissional. Sou grata a todos voces pelo vosso apoio e confiança.
II

Dedicatória

Dedico esse trabalho ao meus pais, voces são a base sólida em que contruí a minha vida . O amor,
apoio e sacreficio que voces fizeram por mim são inestimaveis. Sou grata por cada conselho, cada
abraço e cada risada compartilhada,obrigada por acreditarem em mim e me aconselharem a
perseguir meus sonhos .
Essa dedicatoria é uma pequena forma de expressar minha gratidão a voces.Obrigada por fazerem
parte da minha jornada
III

Lista de tabelas

Tabela 1: Codificação dos participantes da pesquisa................................................................22


IV

Resumo
O presente estudo que versa sobre a Produção e Uso do Material Didáctico de Baixo Custo
e a Prática Docente, foi desenvolvido na Escola Basica Montes Namuli Distrito de Gurue no
periodo 2022 -2023, na província da Zambézia. Para sua efectivação foi realizada uma pesquisa
descritiva com abordagem qualitativa visando Analisar o nível de produção e uso de material
didáctico com base em material local para o processo de ensino e aprendizagem. O estudo feito
teve como objectivo analisar os factores que contribuem para dificuldade que os professores
enfrentam na aquisição e produção do material didáctico de fabrico local. Foi pesquisado um
referencial teórico assente na teoria de aprendizagem significativa de Ausubel inspiradora do
cognitivismo. Por meio da observação durante aulas assistidas e entrevistas a 6 professores
percebeu-se que os professores produzem material didáctico localmente e o usam durante as aulas
introdutórias de nova matéria. Tal produção tem tido dificuldades por falta de ferramentas mas os
professores usam meios alternativos para superar este obstáculo. Assim, mediante a pesquisa
bibliográfica e o estudo de caso notou-se que as principais potencialidades trazidas pelo uso de
material didáctico estão relacionadas com a relação entre professor e aluno quanto ao incentivo do
aluno (auto estima), a promoção de discussão dos conteúdos, a interacção em trabalhos em
grupos, argumentações, a socialização de um modo geral e a cooperação efectiva, além da ideia
de tornar a aprendizagem mais atractiva, cativando o interesse e a atenção dos alunos.
Palavras-chave: material, aprendizagem, fabrico local
V

Abstract

The present study on the Didactic Material of Local Manufacture and Teaching Practice
was carried out at Montes Namuli Upper Primary School in the district of Gurue, province of
Zambézia. For its effectiveness, an descritive research was carried out with a qualitative
approach aiming at Analyzing the level of production and use of teaching material at EPC
Derruba. The study carried out aimed at identifying the didactic material used in the school as
well as mentioning the didactic material produced at /by the school, pointing out the impasses
that teachers face in the acquisition and production of didactic material and presenting the
alternatives that teachers find to overcome such difficulties. A theoretical framework based on
Ausubel's significant learning theory that inspired cognitivism was researched. Through
observation during attended classes and interviews with 6 teachers, it was noticed that teachers
produce didactic material locally and use it during introductory classes on new material. Such
production has had difficulties due to the lack of tools but teachers use alternative means to
overcome this obstacle. Thus, through the bibliographic research and the case study, it was
noted that the main potential brought by the use of teaching material is related to the
relationship between teacher and student regarding the student's incentive (self-esteem), the
promotion of content discussion, the interaction in group work, arguments, socialization in
general and effective cooperation, in addition to the idea of making learning more attractive,
captivating the interest and attention of students.

Keyword: material. Meaningful. Local. production


6
INTRODUÇÃO

O trabalho com o tema Produção e Uso do Material Didáctico de Baixo Custo e a Prática
Docente, desenvolvido na Escola Básica Montes Namuli Distrito de Gurue no periodo
compreendido entre 2022 -2023, visa Analisar os factores que contribuem para dificuldade que os
professores enfrentam na produção e uso do material didáctico de fabrico local.

Numa perspectiva didactica o material didáctico figura como um elemento chave no


processo de aprendizagem de modo que a aprendizagem seja significativa para o aluno a par da
motivação do aluno para aprender e outros aspectos.

Muitos materiais são desenhados especificamente para facilitar a aprendizagem de


determinados conteúdos de uma dada disciplina, no entanto por falta de recursos financeiros,
muitos países em desenvolvimento não conseguem alocar material didáctico específico para cada
disciplina em todas escolas.

Na falta ou deficiência do material convencional ou específico para o ensino de


determinados conteúdos curriculares de algumas disciplinas os professores são incentivados a
procurar alternativas para que o processo de ensino aprendizagem não seja comprometido,
produzindo material de imitação localmente, ou adaptando outro material para o seu uso num
outro contexto.

A escassez de material didáctico convencional deu espaço a predominância do material


didáctico alternativo, passando este a ser entendido como sinónimo de material didáctico não
convencional, ou seja material didáctico alternativo passou a incluir: material didáctico de
imitação, material didáctico produzido localmente, material didáctico tradicional, etc.

No ensino primário, sobretudo nas zonas rurais, o seu uso tem um papel mais relevante
ainda uma vez que muito do que se aprende na escola não faz parte do quotidiano dos alunos. Com
este estudo se procurou analisar em que medida as práticas docentes são auxiliadas pelo material
didáctico produzido localmente na escola Básica Montes Namuli.

O trabalho obedece uma estrutura que inicia da introdução onde se apresenta a


problematização que termina com a apresentação do problema, objectivos gerais e específicos, a
justificativa e a relevância do estudo. Segue-se o capítulo I onde são abordados os conceitos que
norteiam este trabalho bem como as explicações dadas por diversos autores em torno do material
didáctico de produção local; capítulo II da metodologia onde se indica o tipo de pesquisa quanto
a abordagem e quanto aos objectivos, a população, a mostra, as técnicas de recolha de dados e o
modelo de análise de dados; capítulo III em que são apresentados e interpretados os dados;
7
finalmente as conclusões e algumas sugestões.
8

Problematização
O Processo de ensino e aprendizagem por ser dinâmico exige uma diversidade de recursos e
procedimentos, muitas vezes imperados pela realidade da turma em diversos aspectos dos quais
destacamos a idade e o meio em que vive.

Dada a sua importância no processo de ensino e aprendizagem, o material didáctico, é


considerado na Didáctica como um dos componentes ou categorias do processo de ensino
aprendizagem assim como são os objectivos, os conteúdos e os métodos (Zayas,1999).

Embora haja materiais didácticos que são comuns a várias disciplinas curriculares como o
caso do giz e o quadro preto ou o marcador e o quadro branco, existe materiais didácticos
específicos para certas disciplinas curriculares, como é o caso do mapa geográfico para as ciências
sociais, a bola para a Educação Física, etc.

Se por um lado o professor deve usar os livros, os quadros silábicos e demais recursos a ele
disponibilizados; por outro lado ele tem a autonomia de criar pontes entre o conteúdo de tais
recursos e os alunos a partir de material concretizador de modo a lograr os objectivos
institucionais do ensino.

Dadas as restrições monetárias das escolas e dos professores para a aquisição de materiais
convencionais de ensino urge que os professores produzam materiais didácticos na escola basica
Montes Namuli façam o seu uso consciente na sala de aula.

Na escola basica montes Namuli, embora haja material possivel de reciclar e aproveitar
como material didactico a ser usado no processo de ensino e aprendizagem dos alunos em sala de
aulas, o que verifica os professores produzem e usam com pouca frequencia o que de serta forma
torna as aulas monotonas porque os professores limitam-se a usar mais os livros didacticos com
pouco apoio ao material produzido localmente.

Considerando estes aspectos surge a seguinte questão: Quais os factores que contribuem para
dificuldade que os professores enfrentam na produção e uso do material didáctico de fabrico local.

Justificativa e relevância
Escolheu-se o tema por sua pertinência visto que para que haja uma aprendizagem
significativa se faz necessária existência de materiais potencialmente significativos para as
crianças, e, por outro lado a produção e uso do material didáctico tem sido praticável quando for
local dadas as carências monetárias das escolas.
9

O ensino básico mereceu eleição por ser parte da área de formação da pesquisadora e o
subnível de educação em que a pesquisadora trabalha. A escola básica Montes Namuli, foi
escolhida por ser uma escola localizada na zona urbana na cidade de Gurue e oferecer dificuldades
de variada ordem para a aquisição de material didáctico industrializado, possibilitando que se paute
pela produção de material com elementos da comunidade.

Relevância profissional, por se tratar de professor a leccionar no ensino básico e ao mesmo


tempo, pode ampliar conhecimentos que justifiquem a necessidade do uso do material didáctico
nas escolas;

Na relevância social, pelo facto de a educação constituir um facto social e ao mesmo tempo
constituir elementos locais na aprendizagem pela produção de material didáctico alternativo com
matéria-prima local;

Relevância Político-Educativa: pode impulsionar a possibilidade da “educação de todos para


todos” na medida em que os professores usam os saberes locais para produção de material
didáctico alternativo; ademais possibilita a inclusão de saberes locais no processo de ensino-
aprendizagem, ou seja, o currículo local.

Relevância Económica: numa situação de contenção de custos e dada a conjuntura


económica nacional actual o material didáctico produzido localmente pode minimizar gastos ou
evitá-lo
10
Objectivos
Geral
 Analisar os factores que contribuem para dificuldade que os professores enfrentam na produção e uso
do material didáctico de fabrico local
Específicos
 Identificar o material didáctico usado na escola;
 Mencionar o material didáctico produzido na/pela escola;
 Apontar os impasses que os professores enfrentam na produção usodo material didáctico;

Questões da pesquisa
 Que material didáctico existe na escola?
 Que material didáctico é produzido na/pela escola?
 Que dificuldades os professores encontram na produção e uso do material didáctico de
fabrico local?
11

CAPÍTULO I: MARCO TEÓRICO


1.1. Definição de conceitos

Aprendizagem significativa
Aprendizagem significativa é o conceito central da teoria da aprendizagem de David
Ausubel. Segundo Moreira (1999) "a aprendizagem significativa é um processo por meio do
qual uma nova informação relaciona-se, de maneira substantiva (não-literal) e não-arbitrária, a
um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo". Em outras palavras, os
novos conhecimentos que se adquirem relacionam-se com o conhecimento prévio que o aluno
possui. Ausubel define este conhecimento prévio como "conceito subsunçor" ou simplesmente
"subsunçor".
Subsunçor
Os subsunçores são estruturas de conhecimento específicos que podem ser mais ou
menos abrangentes de acordo com a frequência com que ocorre aprendizagem significativa em
conjunto com um dado subsunçor (Moura, 1999).
Estrutura cognitiva
Para Ausubel (1973) o termo estrutura cognitiva tem o significado de uma estrutura
hierárquica de conceitos. Da mesma forma que em Piaget, Ausubel trabalha com o conceito de
Organização de certas entidades. No entanto, enquanto estas entidades em Piaget eram os
Esquemas (que englobam conceitos mais operações) em Ausubel estas entidades são apenas os
conceitos.
Meios de Ensino
Segundo Piletti (1999), os meios de ensino ou recursos de ensino “são componentes do
ambiente de aprendizagem que dão origem `a estimulação para o aluno. Esses componentes
podem ser o professor, os livros, os mapas, as fotografias, as gravuras, os filmes, os recursos
da comunidade, os recursos naturais e outros”.
O material Didáctico
O material didáctico pode ser entendido como todo objecto que facilita a transmissão ou
assimilação sistematizada do conhecimento. Freitas (2009), define o material didáctico como
“todo e qualquer recurso utilizado em um procedimento de ensino, visando à estimulação do
aluno e a sua aproximação do conteúdo”.
12
1.2. Teoria de base:
Aprendizagem Significativa de David Ausubel
David Ausubel, na década de sessenta, elaborou a proposta da aprendizagem
significativa, segundo a qual a aprendizagem de significados é extremamente importante aos
seres humanos e deve ser buscada prioritariamente. Esses significados dizem respeito ao
conceito e à representação das coisas; são adquiridos gradualmente e de maneira particular
pelos indivíduos, sendo que uma nova aprendizagem significativa dará origem aos significados
adicionais (Ausubel, Novak e Hanesian,1980).

Segundo Praia (2000), quando Ausubel desenvolveu este modelo de aprendizagem, se


baseou na corrente cognitivista e construtivista da aprendizagem. Isso porque sua teoria baseia-
se na aprendizagem cognitivista segundo a qual as informações são armazenadas em um
modelo organizado na mente do indivíduo, a estrutura cognitiva, espaço mental em que
acontece a significação daquilo que é aprendido.

Esses significados são estabelecidos com o mundo no qual os indivíduos se inserem


sendo, cada um deles, o ponto de partida para a atribuição de novos significados. Em outras
palavras, na estrutura cognitiva são retidas novas informações conforme conceitos relevantes e
inclusivos vão sendo clarificados. Ficam, então, as informações disponíveis na estrutura
cognitiva do indivíduo para que atuem como ponto de ancoragem, para as novas ideias e
conceitos (Moreira e Massini,2001).

Independentemente do modo como acontece essa cognição e da maneira como ocorre a


hierarquia conceitual na estrutura cognitiva, a aprendizagem significativa ocorre, para Ausubel,
Novak e Hanesian (1980), quando uma nova informação se relaciona de modo não arbitrário e
substantivo com a estrutura cognitiva preexistente do aprendiz.

Não arbitrário, no sentido de que o relacionamento não acontece com qualquer estrutura
cognitiva, mas com conhecimentos especificamente relevantes, chamados subsunçores;
substantivo no sentido de que aquilo que é incorporado é substância de novos conhecimentos
(Moreira e Massini, 2001).

Além da não arbitrariedade e da substantividade, a aprendizagem significativa


caracteriza-se pelo fato da produção de significados psicológicos, uma vez que estes consistem
de significados lógicos atribuídos pelos indivíduos aos novos conceitos a serem assimilados, já
que são internalizados na estrutura cognitiva.

Existem requisitos essenciais para a aprendizagem significativa:


13
1) A existência de conhecimentos na estrutura cognitiva (conceitos subsunçores) que
possibilitem a sua conexão com o novo conhecimento.
2) A atitude explícita de apreender e conectar o seu conhecimento com aquele que
pretende assimilar (vontade de aprender significativamente);
3) Que os materiais de ensino sejam potencialmente significativos (Ausubel, N, e
H.,1980).

A condição para a existência de conceitos subsunçores (requisito 1) é que o indivíduo tenha


uma experiência de vida, que tenha aprendido significativa ou mecanicamente alguma coisa3,
que tenha relacionado e assimilado algum conhecimento que teve acesso na sua estrutura
cognitiva.

No caso da manifestação explícita de aprender (requisito 2), segundo Moreira e Massini


(2001), é preciso considerar que, por mais que haja estímulos, se o aprendiz não manifestar
vontade de aprender não aprenderá significativamente.

O material ser potencialmente significativo (requisito 3) quer dizer que ele pode se tornar
substância de aprendizagem em uma estrutura cognitiva hipotética que possui antecedentes e
que se situe dentro da capacidade humana de aprender. Também devem estar disponíveis na
estrutura cognitiva do aluno conceitos subsunçores para os materiais potencialmente
significativos.

Sendo a aprendizagem significativa dependente da existência de subsunçores, se por acaso


os alunos não os possuírem em sua estrutura cognitiva, devem ser utilizados organizadores
prévios, que são materiais introdutórios apresentados antes do material em si, que sirvam para
promovê- los.

Devem ser estes organizadores efetivos, a ponto de: permitir identificar e relacionar os
conteúdos com os quais os alunos vão tendo contacto, com os conceitos pré-estabelecidos após
a utilização dos organizadores; dar uma visão geral do material a ser utilizado; prover
elementos organizacionais inclusivos (Moreira e Massini, 2001). Estes autores ainda afirmam
que a eficiência dos organizadores é maior quando eles são apresentados no início das tarefas,
desde que sejam familiares aos alunos.

Para que o processo seja facilitado, Ausubel, Novak e Hanesian (1980) propõem que
devem ser utilizados primeiro os conceitos mais abrangentes e inclusivos e, depois, detalhar as
especificidades. Ou seja, partir do todo para chegar às partes, em dois processos denominados
14

Diferenciação progressiva e reconciliação integrativa. Isso porque, segundo os mesmos


autores, acredita-se que é mais fácil para o ser humano, a partir de um todo, chegar às partes,
do que juntar as partes e chegar ao todo. Acredita-se, também, que a organização da estrutura
de um determinado conteúdo é hierárquica, ou seja, a ideia mais inclusiva está no topo e, a
esta, progressivamente, se incorporam proposições, conceitos e fatos menos inclusivos e mais
diferenciados.

Esses processos de diferenciação progressiva e reconciliação integrativa podem ser


percebidos de forma clara com o uso de mapas conceituais. Estes são, segundo Moreira e
Massini (2001), diagramas indicando relações entre conceitos. São hierárquicos e refletem a
organização conceitual de disciplinas, podendo ter duas dimensões (organizados em um plano
permitindo uma relação mais abrangente das relações entre conceitos de uma disciplina) ou
três dimensões (permitem representar ainda melhor essas relações, entretanto mapas
bidimensionais são mais familiares). Eles devem permitir explorar as relações de subordinação
e super ordenação entre os conceitos.

Os mapas conceituais podem ser utilizados em todas as áreas ou com todos os


conteúdos, contudo, não são auto explicativos necessitando da explicação do autor (Moreira e
Massini, 2001). São vantajosos no sentido de (1) enfatizar a estrutura conceitual de uma
disciplina e o papel dos sistemas conceituais no seu desenvolvimento, (2) mostrar que os
conceitos diferem quanto ao grau de exclusividade e generalidade, apresentá-los em ordem
hierárquica e (3) promover uma visão integrada do assunto. Porém, eles têm a desvantagem de
que, se não tiverem significado para cada indivíduo, podem ser encarados como algo a ser
memorizado, complexo e confuso.

Os mapas podem ser utilizados também como instrumentos de avaliação. Isso no sentido
de entender o tipo da estrutura que os alunos possuem para um conjunto de conceitos. Para
isso, o aluno pode construir um mapa, ou este pode ser obtido pelas suas respostas. Deste
modo, os mapas podem permitir avaliar se a aprendizagem foi ou não significativa.

Outra maneira de avaliar se a aprendizagem foi ou não significativa, segundo Ausubel,


Novak e Hanesian (1980), é propor questões totalmente desconhecidas e que forcem a
utilização de todo o conhecimento da estrutura cognitiva relacionada ao tema em questão.
Podem
15

também serem apresentados alguns testes de maneira que se envolva uma amplitude de
conceitos da estrutura cognitiva do aprendiz, propor actividades dependentes de outras,
solicitar a diferenciação de ideias relacionadas entre si.

Com estes testes, muitas vezes é possível verificar o que Ausubel, Novak e Hanesian
(1980), chamam de aprendizagem mecânica. Esta seria um tipo de aprendizagem em que as
novas informações se relacionam de maneira arbitrária, ficando distribuídas desta forma na
estrutura cognitiva do aluno. Tavares (2008), afirma que a aprendizagem mecânica é muito
utilizada em exames escolares, sendo fruto da inexistência de subsunçores na estrutura
cognitiva do aluno.

Ainda que possa haver, de algum modo, uma interpretação que leve ao entendimento de
uma dicotomia entre aprendizagem mecânica e aprendizagem significativa, é importante
destacar que essa ideia não deve ser sustentada, uma vez que, a partir de Ausubel, uma
aprendizagem mecânica pode se tornar significativa.

Desse modo, fato de um problema não ser resolvido pelo aprendiz não significa que a
aprendizagem tenha sido mecânica e, caso tenha, isso não a impede de, em certo momento, se
tornar significativa. Resolver problemas implica certas habilidades além da compreensão. Da
mesma forma, as condições para a aprendizagem significativa podem ser respeitadas, mas, se o
aluno não apresentar predisposição para aprender significativamente, sua aprendizagem pode
ser mecânica (Ausubel, Novak e Hanesian, 1980).

1.3. O material Didáctico


O material didáctico tem sido objecto de consideração por parte de muitos profissionais
da pedagogia e da didáctica pelo papel que ocupa no processo de ensino e aprendizagem. O
mesmo, recebe várias designações por parte dos autores que abordam o processo de ensino e
aprendizagem, entre essas designações encontramos: equipamentos didácticos, meios de
ensino, recursos didácticos, tecnologias educacionais entre outras (Zayas, 1999).

No entanto, independentemente de como se chame, o material didáctico pode ser


entendido como todo objecto que facilita a transmissão ou assimilação sistematizada do
conhecimento. Freitas (2009), define o material didáctico como “todo e qualquer recurso
utilizado em um procedimento de ensino, visando à estimulação do aluno e a sua aproximação
do conteúdo”.
15

Sendo o material didáctico um componente do processo de ensino e aprendizagem, a


falta do mesmo pode afectar grandemente o alcance dos objectivos e consequentemente
comprometer todo o processo de ensino e aprendizagem (Trojan & Rodríguez,2008).

Muitos materiais são desenhados especificamente para facilitar a aprendizagem de


determinados conteúdos de uma dada disciplina, no entanto por falta de recursos financeiros,
muitos países em desenvolvimento não conseguem alocar material didáctico específico para
cada disciplina em todas escolas.

Na falta ou deficiência do material convencional ou específico para o ensino de


determinados conteúdos curriculares de algumas disciplinas, os professores são incentivados a
procurar alternativas para que o processo de ensino aprendizagem não seja comprometido,
produzindo material de imitação localmente, ou adaptando outro material para o seu uso num
outro contexto.

Mirione (2015), percebe o material didáctico alternativo como aquele que não se
encontra sujeito aos círculos tradicionais de fabricação para o campo da actividade lectiva,
desportiva e recreativa ou no caso de estar, recebem um uso distinto ao que tinha quando se
desenhou, e citam como por exemplo, o material encontrado no entorno natural como pedras,
folhas etc, material encontrado no entorno urbano como bancos, escadas, etc, material
convencional mas aplicado de forma alternativa, como bola, barreira, etc.

A escassez de material didáctico convencional deu espaço a predominância do material


didáctico alternativo, passando este a ser entendido como sinónimo de material didáctico não
convencional, ou seja material didáctico alternativo passou a incluir: material didáctico de
imitação, material didáctico produzido localmente, material didáctico tradicional, etc.

1.4. Meios de Ensino


Segundo Piletti (1999), os meios de ensino ou recursos de ensino “são componentes do
ambiente de aprendizagem que dão origem `a estimulação para o aluno. Esses componentes
podem ser o professor, os livros, os mapas, as fotografias, as gravuras, os filmes, os recursos
da comunidade, os recursos naturais e outros”.
16

Para Libâneo (1994), “meios de ensino são todos os meios e recursos materiais
utilizados pelo professor e pelos alunos para organização e condução metódica do processo de
ensino e aprendizagem.”

No entanto em algumas obras, não usam o termo meios de ensino mas sim termos como
meios didácticos, ou mesmo materiais de ensino-aprendizagem. Contudo, estes termos são
todos eles equivalentes.

1.4.1. Objectivos do uso dos Meios de Ensino


Quando bem usados os meios de ensino permitem:

 Motivar e despertar o interesse do aluno sobre o conteúdo que está a ser mediado;
 Favorecer o desenvolvimento da capacidade de observação;
 Aproximar o aluno da realidade;
 Visualizar ou concretizar os conteúdos de aprendizagem;
 Oferecer informações e dados;
 Permitir a fixação da aprendizagem;
 Ilustrar noções mais abstractas, e
 Desenvolver a experimentação concreta

1.4.2. Classificação dos Meios de Ensino


Não existe uma classificação universalmente aceite, estas variam segundo os
autores. Contudo, os meios podem agrupar-se em:
 Visuais- que englobam as projecções, mapas, os cartazes, gravuras,etc;
 Auditivos- que são a rádio, as gravações,etc;
 Audiovisuais- são eles o cinema, TV, filmes,etc.

1.4.3. Critérios de utilização dos Meios de Ensino


A utilização dos meios de ensino é para melhorar a aprendizagem. para estes colaborarem
neste sentido, importa observar alguns critérios e princípios dos quais se destacam:

 Ter em vista os objectivos ao alcançar;


17

 Utilizar meios suficientemente conhecidos, de forma a empregá-los correctamente;


 Estimular nos alunos comportamentos que aumentem a receptividade dos meios de
ensino tais como a actuação, a percepção, o interesse, a sua participação activa, pois a
eficácia dos meios de ensino depende da interacção entre estes e o aluno;
 Escolher os meios de ensino tendo em conta a natureza da matéria a ensinar;
 Há matérias que exigem maior utilização dos meios audiovisuais que outros;
 Considerar o tempo disponível, pois a preparação da utilização dos meios que as vezes
o professor não dispõe. Como alternativa, deve se recorrer a meios que exigem menos
tempo, se necessário o professor pode solicitar ajuda dos alunos e de outros
profissionais para preparar os meios de ensino.

1.4.4. Principais meios de ensino


Gravuras- ilustrações retiradas de revistas, jornais ou livros. Servem para motivar
estudos, desenvolver a observação, completar e enriquecer as plantações. Potencialidades/
Vantagens do uso de gravuras: São pouco dispendiosos, porque as revistas e os jornais estão
cada vez mais ricos em gravuras, que até os próprios alunos podem colaborar na obtenção
desse material.

Cartazes- são cartolinas ou folhas de papel contendo uma ou mais ilustrações e uma
mensagem. Servem para comunicar, dar sugestões, recomendações e informações despertando
assim o interesse por um determinado assunto, que pode ser numa data comemorativa, um
acontecimento importante, etc. Potencialidades/ Vantagens do uso de cartazes: Despertar a
atenção no aluno; São facilmente confeccionados; São de custo baixo; Estimulam o trabalho
de equipa e, Podem ser confeccionados pelos próprios alunos.

Álbum seriado- colecção de folhas organizadas numa encadernação, contendo


fotografias, letreiros, etc. Serve para abordar temas mais ou menos gerais, que permitem a sua
visão em partes. Também enriquecem numa aula expositiva, apresenta dados previamente
elaborados e de forma sequencial. Sistematiza um assunto. Potencialidades/ Vantagens do uso
do álbum seriado: Apresentação da aula de maneira mais organizada, orientada e dirigida, sem
dispersões ou confusões; Concentração da atenção do aluno com relação ao tópico seguinte;
Fixa tópicos essenciais e, Melhor visualização das ideias através de ilustrações.
18
Manual da disciplina - Este instrumento é útil para o aluno, não apenas para
acompanhamento daquilo que esta sendo ministrado, mas também como referência do assunto
tratado para posterior consulta, e ainda como complemento. O manual pode trazer
detalhadamente o que foi abordado na sala de aula, permitindo que o aluno complemente as
informações. O manual, como o próprio nome sugere, é um instrumento mais completo, com
os detalhes passo a passo.

1.5. Processo de Ensino e Aprendizagem


A concepção defendida por Fernández (1998), é que o processo de ensino-aprendizagem
é uma integração dialéctica entre o instrutivo e o educativo que tem como propósito essencial
contribuir para a formação integral da personalidade do aluno. O instrutivo é um processo de
formar homens capazes e inteligentes.

Entendendo por homem inteligente quando, diante de uma situação problema ele seja
capaz de enfrentar e resolver os problemas, de buscar soluções para resolver as situações. Ele
tem que desenvolver sua inteligência e isso só será possível se ele for formado mediante a
utilização de actividades lógicas.

O educativo se logra com a formação de valores, sentimentos que identificam o homem


como ser social, compreendendo o desenvolvimento de convicções, vontade e outros
elementos da esfera volitiva e afectiva que junto com a cognitiva permitem falar de um
processo de ensino-aprendizagem que tem por fim a formação multilateral da personalidade do
homem.
A eficácia do processo de ensino-aprendizagem está na resposta em que este dá à
apropriação dos conhecimentos, ao desenvolvimento intelectual e físico do estudante, à
formação de sentimentos, qualidades e valores, que alcancem os objectivos gerais e específicos
propostos em cada nível de ensino de diferentes instituições, conduzindo a uma posição
transformadora, que promova as acções colectivas, a solidariedade e o viver em comunidade.

A concepção de que o processo de ensino-aprendizagem é uma unidade dialéctica entre a


instrução e a educação está associada à ideia de que igual característica existe entre ensinar e
aprender. Esta relação nos remete a uma concepção de que o processo de ensino-
aprendizagem tem uma estrutura e um funcionamento sistémico, isto é, está composto por
elementos estreitamente interrelacionados.
Todo acto educativo obedece determinados fins e propósitos de desenvolvimento social
e económico e em consequência responde a determinados interesses sociais, sustentam-se em
19
uma filosofia da educação, adere a concepções epistemológicas específicas, leva em conta
interesses institucionais e, depende, em grande parte, das características, interesses e
possibilidades dos sujeitos participantes, alunos, professores, comunidades escolares e demais
factores do processo.
A visão tradicional do processo ensino-aprendizagem é que ele é um processo neutro,
transparente, afastado da conjuntura de poder, história e contexto social. O processo ensino-
aprendizagem deve ser compreendido como uma política cultural, isto é, como um
empreendimento pedagógico que considera com seriedade as relações de raça, classe, género e
poder na produção e legitimação do significado e experiência.
Tradicionalmente este processo tem reproduzido as relações capitalistas de produção e
ideologias legitimadoras dominantes ao ignorarem importantes questões referentes às relações
entre determinado conhecimento, poder, cultura e política. O produto do processo ensino-
aprendizagem é o conhecimento.

Partindo desse princípio, concebe-se que o conhecimento é uma construção social, assim
torna-se necessário examinar a constelação de interesses económicos, políticos e sociais que as
diferentes formas de conhecer podem reflectir. Para que o processo ensino-aprendizagem possa
gerar possibilidades de emancipação é necessário que os professores compreendam a razão de
ser dos problemas que enfrentam e assuma um papel de sujeito na organização desse processo.

As influências sociopolíticas económicas, exercem sua acção inclusive nos pequenos


actos que ocorrem na sala de aula, ainda que não sejam conscientes. Ao seleccionar algum
destes componentes para aprofundar deve-se levar em conta a unidade, os vínculos e os nexos
com os outros componentes.

O componente é uma propriedade ou atributo de um sistema que o caracteriza; não é uma


parte do sistema e sim uma propriedade do mesmo, uma propriedade do processo docente-
educativo como um todo. Identificam-se como componentes do processo deensino-
aprendizagem:

 Aluno - deve responder a pergunta: "quem aprende?"


 Professor: “quem faz a mediação”?
 Problema – elemento que é determinado a partir da necessidade do aprendiz.
 Objectivo – deve responder a pergunta: "Para que ensinar?"
 Conteúdo - deve responder a pergunta: "O que aprender?"
20
 Método - deve responder a pergunta: "Como desenvolver o processo?"
 Recurso- deve responder a pergunta: "Com o quê?"
21
CAPÍTULO II: METODOLOGIA
Neste capítulo explana-se como foi realizada a investigação. Apresenta-se a descrição dos
procedimentos metodológicos desde a tipologia da pesquisa quanto aos objectivos e
abordagem, a população, a amostra, a técnica de colecta e a técnica de análise de dados.

2.1. Tipo de pesquisa


2.1.1. Quanto a Abordagem
Quanto à abordagem o estudo é qualitativo. A pesquisa qualitativa segundo Neves
(1996), se caracteriza por não enumerar ou medir eventos e nem utilizar estatística para
analisar os dados.

As técnicas visam escrever e de codificar os componentes de um sistema complexo de


significados. Expressa o sentido do fenómeno não impedindo o pesquisador de utilizar a
lógica, de partir de suposições do que seja mais apropriado. Os métodos qualitativos se
assemelham a procedimentos de interpretação de fenómenos.

2.1.2. Quanto aos objectivos


Quanto aos objectivos trata-se de uma pesquisa descritiva. No que se refere a pesquisa
descritiva GIL (2002) afirma que “este tipo de pesquisa tem como objectivo primordial a
descrição das características de determinada população ou fenómeno, ou então, o
estabelecimento de relações entre variáveis”.

Em complemento, Triviños (1987), expõe que “os estudos descritivos não ficam
simplesmente na colecta, ordenação, classificação dos dados, eles podem estabelecer relações
entre variáveis”. Neste tipo de estudo o pesquisador necessita conhecer o assunto para assim,
analisar os resultados sem a interferência pessoal.

2.1.3. Quanto aos procedimentos técnicos


Foi realizada uma pesquisa bibliográfica antes da visita ao campo. A pesquisa
bibliográfica ou levantamento bibliográfico na óptica de Gil (1985), consiste na procura em
livros, revistas especializadas, trabalhos académicos, informações de órgãos governamentais
etc. com o intuito de aprofundar o conhecimento necessário para o desenvolvimento de um
trabalho de pesquisa; neste trabalho tem espaço uma larga pesquisa bibliográfica assente em
fontes devidamente citados ao longo do texto e mencionados na bibliografia.
22

2.2. População e amostra


2.2.1. População
População “é o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos
uma característica em comum” (Marconi e Lakatos, 2007), a pesquisa foi feita na Escola
basica Montes Namuli sobre um universo de 23 professores.

2.2.2. Amostra
Para Marconi e Lakatos (2007), amostra é uma parcela convenientemente seleccionada
do universo (população); é um subconjunto do universo.
Foram obtidos dados a partir de 6 professores seleccionados aleatoriamente. Estes números
justificam uma amostragem probabilística uma vez que qualquer professor poderia fornecer as
informações pretendidas para a realização deste trabalho.

2.3. Técnicas de Colecta de


dados

Observação directa

A observação se utiliza, basicamente da capacidade que temos de observar os factos


que estão ao nosso redor direccionados para certa expectativa. Segundo Ezpeleta e Rockwell
(1989), pela observação, é possível seleccionar, do contexto analisado, o que há de
significativo e coerente em relação à base teórica construída.

Entrevista semi-estruturada

“É o tipo de entrevista na qual o pesquisador estabelece uma direcção geral para a


conversação e persegue tópicos específicos levantados pelo respondente. Idealmente o
respondente assume a maior parte de uma conversação. Um dos pontos fortes desse tipo de
entrevista é a flexibilidade” (Babbie,2001).

As entrevistas Semi-estruturadas tiveram 7 perguntas abertas, feitas verbalmente,


registadas, em uma ordem prevista apoiada no quadro teórico e nos objectivos desta pesquisa.
Antes das entrevistas foi dada uma explicação sobre os objectivos das mesmas aos
participantes, explicando-se que sua participação deve ser voluntária e que a qualquer
momento podem desistir das entrevistas.
23

CAPITULO III: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

3.1. Apresentação dos dados


Os dados da pesquisa feita sobre produção e uso do material didáctico de baixo custo e a
prática docente, na escola basica Montes Namuli distrito de Gurue 2022 -2023, foram colectados
mediante entrevistas com 6 professores cujas identificações, por questões éticas e de
confidencialidade, foram codificadas como ilustra a tabela a seguir:

Tabela 1: Codificação dos participantes da pesquisa

Participantes 6 Professores
Código P1, P2, P3, P4, P5, P6

Todos os participantes afirmaram que o material didáctico existente na escola foi


produzido localmente com excepção de alguns quadros caligráficos de iniciação à escrita e o
material básico escolar (carteiras, giz, quadro e bolas). Perguntados com que matéria-prima se
produz material didáctico P1 citou as partes de plantas como caules e folhas; P2 e P5 disseram
que a matéria-prima tem sido predominantemente o barro; por sua vez P3 diz que qualquer
material local serve; P4 e P6 apontaram a palha e restos de caixas de papel como matéria-
prima para a produção de material didáctico.

Os professores afirmaram que poderiam produzir mais material didáctico trabalhando de


forma integrada com os alunos pois estes dispõem de mais tempo em casa e conhecem os
melhores locais onde encontrar a matéria-prima necessária para a produção de material
didáctico local.

Como frisado por P5 existem alunos com boas habilidades em desenho que podem
auxiliar em trabalhos que envolvem desenho; e, P3 acrescentou que há alunos capazes de
ajudar a fazer bandas desenhadas por sua habilidade em inventar histórias.

Perguntados se incentivavam os alunos a produzir material didáctico todos responderam


positivamente; entretanto P4 ressaltou que tem encontrado dificuldades pessoais e com os
alunos devido a falta de algumas ferramentas como tesoura, cola, martelo, pregos, lixas,
cartolinas, etc.; P6 ressaltou que mesmo incentivando os alunos na produção de material
didáctico a insuficiência de meios de trabalho e a dificuldade do professor fiscalizar cada aluno
em casa contribuem para
talmaterialsejainconsistentee,porvezes,inadequadoparaafinalidadequelevouasuacriação.

De forma análoga os professores mostraram que produzem material didáctico


pessoalmente, também, sendo que P1 diz que a maior dificuldade reside na incapacidade de
replicar os materiais
24

para todos alunos, quando se trata de instrumentos de trabalho individual; p3 afirma que não
recebe apoio da direcção da escola em papel ou em riscadores por isso fica muito limitado para
a produção de material didáctico; P 4 diz que produziria mais material didáctico se a direcção
pudesse apoiar na aquisição de cartolinas e meios de pintar porque nem todo material didáctico
pode ser produzido com materiais da comunidade pela natureza dos recursos, por exemplo os
cartazes e quadros silábicos; mas P5 e P2 dizem que não há tempo para planificar e procurar
instrumentos localmente para produção de material didáctico, e, P6 afirma que sempre cria
material didáctico mesmo que seja para simplesmente cortar uma imagem de um livro ou usar
ilustrações de outros livros para suas aulas.

Perguntados em que aulas usam o material didáctico P1, P2 e P3 afirmam que somente o
usam nas aulas iniciais pois os alunos precisam ser surpreendidos com alguma novidade para
entrar numa aula nova; P4 e P5 dizem que as aulas introdutórias exigem material didáctico mas
que eles usam o material didáctico quando acham que precisam dele pois determinadas aulas
não requerem material didáctico mesmo que sejam iniciais, e, P6 afirma que toda a aula
requer material didáctico por isso sempre usa material didáctico varias vezes nas mesmas
aulas teóricas e praticas tanto nos momentos de introdução como de consolidação todos os dias
independentemente do tipo de aula.

Perguntados qual a diferença entre usar material didáctico e não o usar na aula P1 diz
que sem material didáctico a aula se torna mais teórica e dificulta a aprendizagem; P2 diz que
as aulas sem material didáctico são mais abstractas e não permitem que os alunos das classes
iniciais se familiarizem com as aprendizagens necessárias; P3 afirma que o uso de material
didáctico torna a aula mais real; P4 diz que existe uma vantagem no uso de material didáctico
porque os alunos aprendem melhor em aulas práticas; P5 entende que o material didáctico
auxilia muito os alunos; e, P6 diz que os alunos se recordam das aulas que se realizaram com
material didáctico.

Dados da observação

Durante a observação do ambiente escolar e nas aulas assistidas foi possível perceber
que a escola possui materiais didácticos que são usados pelos professores. A maior parte
desse material foi produzido localmente mas não se encontra em bom estado de conservação
(pode ser devido ao uso ou dificuldade de armazenamento pois este material foi deixado na
secretaria e no gabinete
25

do Director no chão ou de forma improvisada). O material didáctico da escola se revela


insuficiente pois a perecem apenas poucas réplicas destes quer para alunos como para
professores.

O material didáctico existente na escola facilita a aprendizagem pois os alunos conseguem


manusear tais materiais. Dentre os materiais existentes podem ser encontrados mapas, cartazes,
desenhos, instrumentos para jogos de educação física, quadros silábicos e alfabéticos feitos na
escola e alguns objectos feitos de barro ou palha.

3.2. Análise dos dados


Quando os professores afirmam que o material didáctico existente na escola pode facilitar
a aprendizagem dos alunos remetem ao explicado por Moreira e Massini (2001), em que o
material deve ser potencialmente significativo, o que quer dizer que o material didáctico pode
se tornar substância de aprendizagem em uma estrutura cognitiva hipotética que possui
antecedentes e que se situe dentro da capacidade humana de aprender.
Na elocução dos entrevistados a falta de material didáctico torna a aula mais abstracta e,
de acordo com a idade dos alunos nas classes iniciais, as aulas podem não ser devidamente
entendidas pelos alunos e as aprendizagens insignificantes. Isto vem a corroborar com Trojan
& Rodríguez (2008) defensores da ideia de que sendo o material didáctico um componente
do processo de ensino e aprendizagem, a falta do mesmo pode afectar grandemente o alcance
dos objectivos e consequentemente comprometer todo o processo de ensino eaprendizagem.
Ao afirmar que a aula ministrada com o material didáctico pode se tornar uma aula prática
e acessível aos alunos, os professores entrevistados revelam que o material didáctico é
indispensável para uma aprendizagem significativa por meio da acção do aluno que manipula
os materiais didácticos produzidos na escola basica montes Namuli.
A este respeito Fiorentini e Miorim (1990), expressão que o importante da acção é que ela
seja reflexiva e que o aluno aprenda de modo significativo, desenvolvendo actividades nas
quais raciocine, compreenda, elabore e reelabore seu conhecimento, sendo que o uso de
materiais pode trazer uma grande contribuição nesse sentido.
Afinal, o aluno é um sujeito activo na construção do seu conhecimento; ele aprende a
partir de suas experiências e acções, sejam elas individuais ou compartilhadas com o outro.
Os professores afirmaram que incentivam os alunos a produzir material didáctico tanto na
escola como em casa e os estimulam a procurar os recursos locais nos melhores locais de sua
conservação, explicando como os manusear pois de acordo com D’Ambrósio. (1998) o
25
Professor tem o papel de facilitar a aprendizagem, mesmo a aprendizagem da produção de
material didáctico.
Assim, apesar das dificuldades, os professores procuram programar e planificar as aulas
com os alunos quando pedem que estes produzam o material que vai ser usado nas aulas
subsequentes e isto faz com que, de acordo com ( Rêgo 2006), o professor deva planejar com
antecedência as actividades em sala de aula e, o uso de materiais didácticos deve incentivar o
aluno, promover um espaço de discussão, propiciar trabalhos em grupos, possibilitar
argumentação, a socialização e a cooperação efectiva.
Ao longo das entrevistas P6 mostrou que sempre usa material didáctico e referiu que nem
sempre usa o mesmo material mas tenta, tanto quanto possível, diferenciar esses materiais
ressaltando assim a ideia de Moreira (2011), segundo o qual a utilização de materiais
diversificados, e cuidadosamente seleccionados, ao invés da “centralização” em livros de texto
é também um princípio facilitador da aprendizagem significativa crítica
Importa ressaltar que os professores mencionaram o fabrico de materiais para jogos, sobretudo
de educação física, dando um olhar de importância ao lúdico no PEA. Nesse contexto, os jogos
constituem uma forma interessante de possibilitar ao aluno desenvolver a capacidade de
interagir socialmente, bem como, de propor situações desafiadoras. Sua dimensão lúdica
envolve surpresa, abstracção, possibilidade de refazer, criatividade na elaboração de estratégias
de resolução e busca de soluções para a melhor jogada.
O trabalho com jogos exige dos professores da escola basica Montes Namuli uma
preparação cuidadosa, avaliação constante das acções didácticas e das aprendizagens dos
alunos, bem como, a intervenção com perguntas e observações que explorem sua dimensão
educativa.
26

Conclusão
Através dos resultados obtidos, é possível notar que as principais potencialidades
trazidas pelo uso de material didáctico estão relacionadas com a relação entre professor e
aluno quanto ao incentivo do aluno (auto estima), a promoção de discussão dos conteúdos, a
interacção em trabalhos em grupos, argumentações, a socialização de um modo geral e a
cooperação efectiva, além da ideia de tornar a aprendizagem mais atractiva, cativando o
interesse e a atenção dos alunos.
Os materiais didácticos usados na escola são maioritariamente produzidos na mesma
basica Montes Namuli dentre os quais foram encontrados mapas, cartazes, desenhos,
instrumentos para jogos de educação física, quadros silábicos e alfabéticos feitos na escola e
alguns objectos feitos de barro ou palha.
Os impasses que os professores enfrentam na aquisição do material didáctico são de
carácter monetário por isso os professores investem na sua produção; entretanto enfrentam
dificuldades em termos de ferramentas e adereços pois não há apoio da direcção para a
produção de material didáctico e a escola não disponibiliza instrumentos de produção de
material didáctico, apesar de os alunos ajudarem a encontrar as matérias-primas uteis para a
produção de materialdidáctico.
Como alternativas que os professores encontram para contornar tais dificuldades, foi
possível verificar que os mesmos usam de meios alternativos como uso de faca de cozinha para
lixar a madeira, dentes para rasgar alguns materiais no acto da sua confeção, e algumas
misturas como de agua e farinha de trigo para fazer cola, entre outras forma improvisadas
detrabalho.
O trabalho permitiu perceber a actualidade da afirmação de D’ambrósio (1998), de que o
professor que insistir no seu papel de fonte e transmissor de conhecimento está fadado a ser
dispensado pelos alunos da escola e da sociedade em geral pois o novo papel será o de
gerenciar, de facilitar o processo deaprendizagem.
A realização deste trabalho permitiu verificar ainda que há necessidade de uma maior
divulgação dos materiais didáticos e das suas potencialidades. Sabendo que o uso dos recursos
pelos professores infelizmente é muito limitado. Para uma melhor utilização e aproveitamento
desses recursos pensamos e deixamos algumas propostas e sugestões para que os professores
recorram mais aos materiais didáticos para que se possa construir um processo de ensino-
aprendizagem mais eficiente.
27
Sugestões

Levando em conta que nem todas as escolas possuem uma quantidade de recursos
(materiais didácticos) disponíveis, acreditamos que o professor pode incentivar a confecção de
materiais didáticos, e entendemos que ele pode utilizar esses recursos como uma das formas de
desenvolver a sua formação e sua prática pedagógica, tornando-a assim, mais significativa.

Por isso apresentamos algumas sugestões:

 Que os professores da escolasica ontes namuli continuem produzindo e usando


material didáctico;
 Que os membros de direcção apoiem os professores na produção de material didáctico
disponibilizando as ferramentas necessárias, possíveis;
 Que os professores busquem meios alternativos de produção de material didáctico;
 Que os professores estimulem seus colegas a produzir material, mostrando os resultados
de sua actuação com o material didáctico; que os professores trabalhem em parceria
com os alunos para que estes não só saibam produzir material didáctico mas também
que se sintam confiantes no seu uso durante as aulas.
28
Bibliografia
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Fernández. P. Desenvolvimento psicológico e educação. Buenos Aires: El Ateneo. 1998.
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Freitas Olga. Equipamentos e Materiais Didáticos. Universidade de Brasília SP, 2009 Gil,
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Marconi, M. e Lacatos, E. Metodologia do trabalho científico, Atlas SA, 2007.
Mirione. D. C. Material didáctico alternativo ou material didáctico de produção local? Uma
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.Consultado em 20-08-2018, publicado em 2015
Moreira. M. A. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
Moreira. M. A.; Masini, E. F. S. Aprendizagem significativa: A teoria de David Ausubel.
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29

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Trojan, R. M. e Rodríguez, J. R.Os PCN.s e os Materiais Didáticos para o Ensino da Arte: o
que propõem? LINHAS, Florianópolis, v. 9, n. 1,2008
Zayas, C. A. “Laescuelaenla vida”. Editorial Pueblo y Educación. LaHabana,1999
30

APÊNDICE
31

GUIÃO DE ENTREVISTA DIRIGIDA AOS PROFESSORES


Em relação ao Material Didáctico
1) O material didáctico existente foi comprado ou produzido naescola?
R/

2) Com que matéria-prima produz o material didáctico para ensino da leitura e escrita?
R/

3) O professor poderia produzir material didáctico em maior escala do que produz?


R/

4) O que é necessário para produção do material didáctico na escola? E o que falta?


R/

5) Será que o(a) sr.+a)professor+a) cria e/ou incentiva os alunos na criação do material
didáctico?
R/

6) Em que tipo de aula usas o material didáctico?


R/

7) Qual é diferença de leccionar sem o material didáctico e com o material?


R/
GUIÃO DE OBSERVAÇÃO
Escola Basica Montes Namuli
Data:
Objectivo: o presente guião de observação destina-se a colecta de dados sobre a produção e uso de Material Didáctico, com vista a elaboração da
Monografia Científica como requisito para a obtenção do grau académico de Licenciatura em Ensino Básico.

Ordem Especificação da actividade Sim Não Obs.


1 A escola possui material didáctico
2 Os professores da usam MD
3 A escola tem MD convencional
4 A escola tem MD alternativo
5 MD esistente na escola está em bom estado de conservação.
6 A escola tem MD, mas não suficiente.
7 Os professores Produzem o MD com base na materia prima local e de facil manuseio.
8 A escola não tem MD tanto convencional assim como alternativo.
9 Os professores não produzem MD.
10 O MD usado facilita o processo de PEA
11 Os alunos conhecem e manuseam o MD em uso na escola.
12 Os professores não usam o MD desponivel.
13 O MD alternativo é o mais usado
ˡ Material Didáctico

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