Sobre Antonio Ferro
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Revista de Historia das Ideias
HELOISA PAULO* Vol. 16 (1994)
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de noiva minhota, com um vestido todo negro com barras de veludo[...]" ."É
claro que estas Tavradeiras' além dos vestidos e dos lenços garridos, todas
tinham ao pescoço muito ouro, cordões, cruzes, corações, estrelas, etc., e nas
orelhas, grandes e pesadas argolas ou então brincos de filigrana muitos
enfeitados." (Fernanda de Castro, Ao Fim da Memória (1906/1939), 2.a edição,
Lisboa, Ed. Verbo, 1988, p. 286).
0 Discurso de António Ferro na inauguração da Exposição, Diário de
Notícias, 5 Jun. 1936, p. 1. A vinculação entre a cultura popular e o Estado é
uma constante, também, na Itália e Alemanha. Sobre o tema ver, entre outros,
Stefano Cavazza, "Arte popolare e intellettuali durante il nazismo", in Itália
Contemporanea, dicembre 1993, Stefano Cavazza, "Tradizione regionale e
riesumazioni demologiche durante il fascismo", in Studi Storici, Aprile-
Settembre 1993, ou ainda, M. Tozzi-Fontana, "II molo delle mostre etnografiche
nel'organizzazione del consenso 1936/1940", in Itália Contemporanea, n° 137,
1979.
(8) Idem.
(9) São elas: 1. Artes Menores (da madeira, da cortiça, do osso, do chifre,
do papel etc...), 2. Barcos, 3. Carros, Jugos e Jaezes, 4. Cestaria, Vime, Palha,
Palma e Esparto, 5. Construções, 6. Escultura, 7. Iluminação, 8. Instrumentos
Musicais, 9. Olaria, 10. Ourivesaria, 11. Religião e Superstição, 12. Rendas e
Bordados, 13. Tecidos e Tapeçarias, 14. Trajo.
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(10) Ver o texto de Luís Chaves para o catálogo da Exposição: SPN, Roteiro
do Centro Regional Exposição do Mundo Português, Lisboa, SPN, 1940, s.p.
(n) O mesmo ocorrerá na Exposição de Nova Iorque, em 1939, que
apresenta uma Sala sobre os costumes e as actividades típicas de cada região
portuguesa.
(12) A recepção mais clássica passa-se numa péniche no Sena, onde os
convidados são servidos pelo Restaurante La Tour d'Argent, segundo o relato
de Fernanda de Castro.
(13) "[...] trouxas e fios de ovos das Caldas, celestes de Santarém, ovos
moles de Aveiro, pingos-de-tocha e castanhas de Viseu e ainda toda a deliciosa
e variada doçaria algarvia [...]". (Fernanda de Castro, ob. cit., p. 285.)
(14) Do programa constam na primeira parte a apresentação da peça "Tá-
Mar", de Alfredo Cortez, vencedora do Prémio Literário Gil Vicente, do SPN,
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(™) O filme é relatado pelo padre da aldeia que, para além de dar coerência
à série de imagens já filmadas e sem plano único pelo realizador, trata de explicar
cada uma das tradições locais, como o ritual do casamento, da partida para a
pesca e outros, enquanto a câmara foca a tipicidade local, a faina marítima, o
interior das casas, o ambiente da aldeia e o desenrolar das festas típicas.
(T9) Ele é o autor de um estudo intitulado O Poveiro, datado de 1932. Sobre
o tema, ver a propósito Colóquio "Santos Graça" de Etnografia Marítima. Actas,
Póvoa do Varzim, Câmara Municipal, 1984-1985, 4 vols.
(“) O filme representa Portugal no Festival de Veneza de 1942, tendo ganho
a Taça Bienal. Ver Félix Ribeiro, ob. cit., pp. 439-447.
(81) Os dois "actores" eram, na vida real, um casal de pescadores da aldeia.
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cena está muito longe do "apelo popular" que vai marcar o Teatro
do Povo a partir do ano seguinte. A influência do que poderíamos
chamar de visão mais "erudita" do Teatro prevalece, e ainda que a
mensagem "nacionalista" esteja presente, está aquém do discurso
acessível e subtil dos textos seleccionados para os anos posteriores.
Um exemplo é a citada peça de Carlos Selvagem, encenada
pela primeira vez em Maio de 1922, no Teatro Nacional, "Cavalgada
nas nuvens — um episódio sob o reinado d'el rei D. Sebastião",
que narra a história de uma família cujo filho, um fidalgo que
acompanhara o rei na incursão a Alcácer-Quibir, ao regressar a Por
tugal é obrigado a mentir para o pai doente e a descrever uma
suposta vitória portuguesa em terras africanas. O texto é marcado
pela visão dupla de um Portugal ameaçado pelo fim do Império,
pela descrença, representada pelos personagens mais jovens, em
especial Ruy Vaz, o jovem soldado, e sua irmã Branca de Sá, e pela
fé patriótica, simbolizada pela crença do velho combatente Gonçalo
Vaz, que, tendo participado nas "Armadas da índia" e nas
"guarnições de África", acredita que "El-Rei D. Sebastião cumprirá
o seu signo, salvará o Reyno", e Portugal terá novamente: "[...]Um
novo Império Portuguez estabelecido no Mundo aos olhos da
Europa! De novo as Armadas começando suas rotas, sem dobrar o
Cabo nem mester d'aguadas"(85). No último acto, assiste-se à morte
de Gonçalo Vaz, que não resiste ao relato de glória traçado pelo
filho. A crença messiânica de um Portugal novo, tão presente no
ideário do regime, aparece metaforicamente nas afirmações do
desaparecimento de D. Sebastião, pois não se afirma a sua morte, e
na alusão da visão de alguns "calafates" em Lisboa, uma "cavalgada
nas nuvens que foi vista ao pôr do sol", sinal de "mau agouro"
para os descrentes, como Branca, e de "bom agouro" e esperança
para o velho soldado(86).
As peças escolhidas a partir do Concurso de Peças do SPN já
possuem uma outra proposta que está subordinada "com fidelidade,
aos princípios morais e sociais do Estado Novo, por meio de
fórmulas simples"(87), ou seja, são pequenas histórias, narradas em * 15
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(93) Não sabemos ao certo como este acto foi encenado pois não há
indicações do autor neste sentido. Como o material que utilizámos são os
originais das peças que concorreram, não podemos afirmar se tal peça chegou
ou não ao público com modificações.
i94) O autor no guião da peça recomenda que "seria oiro sobre o azul que
dessem à linguagem o sotaque das respectivas províncias".
(95) Idem.
(%) SNI, Panfleto do Teatro do Povo para a temporada de 1948, Biblioteca Pública
Municipal do Porto.
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i97) Armando Pinto Vieira, Brasil, Lisboa, Gráfica Sociedade Astória, 1939,
P* 27.
(%) Idem. No caso, um "brasileiro", ou seja, um imigrante que estivera no
Brasil e que promete fundos e mundos aos mais crédulos da aldeia.
(") Armando Neves, Imigrantes, Lisboa, Ed. J. Roussado dos Santos, 1940,
Colecção do Teatro do Povo, n.° 4, l.° volume, p. 11.
(10°) Idem, p. 32.
(101) O texto da peça é muito condensado, narrando as dificuldades de um
camponês na aquisição da sua pequena propriedade. No último acto, o
personagem principal acaba por revelar a existência dos "Grémios da Lavoura"
como a grande solução para os problemas do campo português e uma de suas
falas inclui a exposição completa de todo o regulamento dos Grémios.
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(107) SNI, 20 anos do Teatro do Povo. Programa do Teatro do Povo para a temporada
de 1952.
(m) Nos programas das peças do Teatro do Povo de 1953 podemos ver
duas peças com tais temáticas: Auto de Santo António, de Gustavo Matos Sequeira
baseado na obra do século XVI de Afonso Alvares, e O Juiz da Beira, de Gil
Vicente.
(109) Peça de António Lopes Ribeiro, Programa do Teatro do Povo para a
temporada de 1955.
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(125 ) Idem.
(126) No júri participam nomes reconhecidos na área da etnografia e do
folclore, como o próprio Luís Chaves, Jorge Dias e Jorge Felner da Costa, além
do director do órgão, Dr. César Moreira Baptista e do Presidente da direcção
da FNAT, Dr. Quirino Mealha.
(127) Como a Casa do Povo de Barqueiros, de Mesão Frio, a Casa do Povo
de Esgueira, de Aveiro ou a Casa do Povo de Almeirim.
(128) SNI, Programa do I Grande Festival Nacional de Folclore, de 24 a 28 de
Junho no Teatro da Ribeira Velha, Lisboa, SNI, 1958, s.p.
(129) Idem.
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