Taping No Linfedema Uma Revisao de Liter

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Brazilian Journal of Development 73383

ISSN: 2525-8761

Taping no Linfedema: uma revisão de literatura

Taping in Lymphedema: a literature review

DOI:10.34117/bjdv7n7-491

Recebimento dos originais: 23/06/2021


Aceitação para publicação: 23/07/2021

Mirella Dias
Fisioterapeuta do Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON) e Docente da
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Doutora em Ciências Médicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Florianópolis – Santa Catarina – Brasil
E-mail: [email protected]

Suellen Cristina Roussenq


Fisioterapeuta do Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON)
Mestre em Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa
Catarina (UDESC) e Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória (Faculdade
Inspirar)
Florianópolis – Santa Catarina – Brasil
E-mail: [email protected]

Mateus Toffoli de Moraes


Fisioterapeuta
Florianópolis – Santa Catarina – Brasil
E-mail: [email protected]

Marcieli Martins
Fisioterapeuta da Marcieli Martins Physio Concept Place
Especialista em Dermatofuncional
Curitiba – Paraná – Brasil
E-mail: [email protected]

Juliana Lenzi
Fisioterapeuta do Instituto Torres de Oncologia
Mestra em Ciências da Saúde – UNICAMP
Campinas – São Paulo - Brasil
E-mail: [email protected]

Larissa Louise Campanholi


Docente do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais (CESCAGE)
Fisioterapeuta do Instituto Sul Paranaense de Oncologia (ISPON)
Doutora em Oncologia pela Fundação Antonio Prudente – A.C. Camargo
Ponta Grossa – Paraná – Brasil.
E-mail: [email protected]

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RESUMO
Introdução: Taping é um dos recursos terapêuticos utilizados, para tratar linfedemas de
membro superior ou inferior. Embora amplamente utilizado na prática clínica e ter
significativa aceitação por esse público, não há evidências da sua efetividade. Objetivo:
Realizar uma revisão sistemática da literatura sobre a efetividade do taping no tratamento
dos linfedemas e seu panorama atual. Métodos: A busca foi realizada nas bases de dados
eletrônicas PubMed, Cochrane Library e Science Direct, com os descritores
“lymphedema”, “lymphoedema” e “taping”. Seguindo pelas etapas descritas no Preferred
Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-analyses (PRISMA). Resultados:
Foram identificados 348 artigos. Destes, onze foram considerados elegíveis para o estudo.
Conclusão: Concluiu-se que o taping é um recurso válido no tratamento, no que diz
respeito à melhora clínica dos linfedemas, no entanto estudos com um melhor
delineamento metodológico e acompanhamento em longo prazo são necessários para
equilibrar as evidências com a prática clínica. Demonstrando que ainda há necessidade
de maiores evidências científicas para o uso dessa terapêutica.

Palavras-Chaves: linfedema, Fisioterapia, Bandagem Funcional.

ABSTRACT
Introduction: Taping is one of the therapeutic approuch used to treat secondary
lymphedema. Although widely used in clinical practice and has a acceptance, there is no
evidence of effectiveness. Objective: Systematic review of the literature Methods: This
search was carried out in the electronic databases PubMed, Cochrane Library and Science
Direct, with the descriptors "lymphedema", "lymphoedema" and "taping". We based in
Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-analyzes (PRISMA).
Results: 348 articles were identified. Of these, eleven were considered eligible for the
study. Conclusion: It was concluded that taping is a valid treatment resource, with regard
to the clinical improvement of lymphedema, however studies with a better
methodological design and long-term follow-up are necessary to balance the evidence
with clinical practice. Demonstrating that there is still a need for more scientific evidence
for the use of this therapy.

Keywords: Lymphedema, Physiotherapy, Functional Bandage.

1 INTRODUÇÃO
O linfedema é um achado frequente na abordagem do paciente oncológico pela
fisioterapia (OLIVEIRA et al., 2001; BREGER et al., 2009; OREMUS et al., 2012). Por
ser considerado uma condição clínica importante é necessário ressaltar a constante busca
de tratamentos, visto que pode se tornar altamente debilitante
(CARVALHO&AZEVEDO, 2007; SQUARCINO et al., 2007), apresentando-se como
uma das principais causas permanentes de incapacidades e afastamentos de atividades
laborais (MATTOS et al., 2008).
Linfedema é causado por acúmulo anormal de líquido no interstício (MOWATT-
LARSSEN et al., 2014), com alto teor proteico, não absorvido pelo sistema linfático

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(REZENDE et al., 2010). Sendo uma doença crônica, alguns autores consideram o
aumento do volume devido a alterações cutâneas e histológicas do interstício, incluindo
fibrose com evolução progressiva (BARROS et al., 2013).
A causa direta do linfedema é a incapacidade do sistema linfático em desempenhar
sua função. Essa disfunção pode ser secundária a doenças infecciosas, obstrução
neoplásica, radioterapia ou trauma cirúrgico, como linfonodectomia e compressão
(ROUCOURT et al., 1999; OLIVEIRA et al., 2001; REZENDE et al., 2010). Já o
linfedema primário pode ser causado por malformações do sistema linfático, cujas
manifestações podem ser congênitas, precoces ou tardias (MORTIMER, 1998; TÁBOAS
et al., 2013).
Embora a literatura apresente escassas investigações sobre a prevalência do
linfedema, nos EUA, há uma estimativa de 1,15 por 100.00 pessoas com linfedema
primário e precoce (SMELTZER et al., 1985) e a estimativa para o linfedema crônico é
de 1,33 para 1.00 pessoas, havendo um aumento de 5,4 para 1.000 em pacientes acima de
65 anos (MOFFATT et al., 2003). Encontra-se na literatura brasileira uma maior
incidência de linfedema no sexo feminino do que no masculino (KAFEJIAN-HADDAD
et al., 2005; DE CARVALHO et al., 2011). Quando relacionado com o câncer a taxa
estimada varia de acordo com o local de acometimento e severidade da doença.
O padrão ouro para o tratamento do linfedema, segundo Consenso da Sociedade
Internacional de Linfologia (MAYALL, 2004), é a TERAPIA COMPLEXA
DESCONGESTIVA – TCD, composta por drenagem linfática manual, terapia
compressiva, exercícios miolinfocinéticos, cuidados com a pele e educação da paciente.
A eficácia da TCD está ratificada por diversos estudos, alguns utilizando todos os seus
componentes (MEIRELLES et al., 2006; VIGNES et al., 2007; SANTOS et al., 2010;
TACANI et al., 2013; PAZ et al., 2016) outros apenas parte deles (FINNERTY et al.,
2010).
Apesar da TCD ser descrita como o padrão ouro para o tratamento do linfedema,
alguns estudos demonstram uma baixa adesão à técnica, principalmente em regiões de
altas temperaturas, como enfatizado no estudo de Vignes (VIGNES et al., 2007), onde
uma das suas conclusões mencionava a não aceitação do uso da braçadeira pelas pacientes
após a fase intensiva. Sendo assim, a busca por outras técnicas descritas e estudadas no
tratamento do linfedema com níveis variados de eficácia como a fotobiomodulação, a
eletroterapia de alta voltagem, a compressão pneumática e o taping (GARCIA et al., 2005;
LIPINSKA et al., 2007; LEAL et al., 2009), também conhecido como kinesiologic tape

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(Kinesio Tape - KT), Kinesio Tapet, linfotaping, bandagem cinesiológica, bandagem


elástica funcional ou ainda, bandagem neurofuncional (MOSTAFAVIFAR et al., 2012;
MORRIS et al., 2013).
O conceito do taping foi criado no Japão pelo Quiroprata Drº Kenzo Kase, na
década de 70. Consiste em uma fita de tecido, de algodão e adesivo acrílico, colada à pele
de acordo com técnicas próprias do método. A fita possui espessura e elasticidade
semelhantes às da pele humana, permite a transpiração e não costuma causar reações
alérgicas. Com a aplicação da bandagem são criadas zonas de baixa pressão (convoluções
– fig. 1) afastando a pele do tecido subjacente, fato comprovado por diversos estudos
(SHIM et al., 2003; TSAI et al., 2009; BOSMAN&PILLER, 2010). Acredita-se que este
efeito auxilie no alívio da dor, melhore a propriocepção e a drenagem linfática.
Kasawara e col. demonstraram em uma meta-análise a ausência de riscos ou
efeitos adversos com o uso do linfotaping no tratamento do linfedema secundário ao
câncer de mama (KASAWARA et al., 2018). Adicionalmente, mostraram que em todos
os estudos, os efeitos positivos da técnica eram benéficos, principalmente quando
comparados com o pré-volume do membro e o volume após a intervenção (KASAWARA
et al., 2018). E considerando o conforto e a experiência do paciente três estudos avaliaram
a qualidade de vida e satisfação positivamente com o linfotaping (KASAWARA et al.,
2018).
A prática baseada em evidências é peça central da fisioterapia contemporânea, e
é necessária para que os pacientes recebam tratamentos adequados. Linfedemas
apresentam implicações importantes, e deve-se buscar tratamentos efetivos, de fácil
aplicação, e alta adesão pelos pacientes. Portanto, este estudo teve como objetivo realizar
uma revisão sistemática sobre o efeito do taping no tratamento dos linfedemas e seu
panorama atual.

2 MÉTODOS
Esta revisão foi baseada na declaração PRISMA (LIBERATI et al., 2009). Foi
realizada uma extensa busca da literatura nas bases de dados eletrônicas, PubMed,
Science Direct e Cochrane, sem restrição quanto ao idioma ou data de publicação. Foram
empregados os descritores controlados MeSH Terms e seus devidos entry terms, ao quais
foram “lymphedema”, “lymphoedema” e “taping”. Operadores boleanos foram
utilizados entre os termos (AND e OR). Para a seleção e extração dos artigos, os

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pesquisadores utilizaram o acrômio P.I.C.O.S. (Population, Intervention, Comparators,


Outcomes, Study) (SANTOS et al., 2007).
A busca foi realizada por dois autores de forma independente (M.D. e M.T.). E
após a seleção de critério de inclusão os achados foram confrontados. Quando houve
discrepância, esta foi resolvida por consenso, um terceiro e quarto avaliador foram
consultados (S.C.R. e J.L.). Iniciou-se a seleção dos artigos pela leitura dos títulos,
resumo e os artigos completos, excluindo-se aqueles que não estavam dentro dos critérios
de inclusão.
Os critérios de inclusão foram artigos completos, observacionais (coorte,
transversal e caso-controle) e ensaios clínicos, os quais precisavam investigar sobre o uso
do taping para o tratamento de edema ou linfedema. Os critérios de exclusão foram ser
revisões sistemáticas, dissertações, teses, capítulos de livros, artigos identificados como
referência cruzada.
Os artigos foram acessados na íntegra pelas plataformas de busca de forma
eletrônica. Para os que não estavam disponíveis, foi feita uma solicitação formal via e-
mail aos autores.
A avaliação metodológica adotada foi a Classificação de Nível de Evidência
Científica de Oxford, onde é avaliada a qualidade dos artigos encontrados e seus
respectivos graus de recomendação (PHILIPS et al., 2009). A classificação do nível de
evidência científica Oxford é realizada especificamente para a área da saúde.

Figura 1. Convoluções ocasionadas pela tendência da fita a retornar ao seu estiramento inicial, erguendo a
pele e o tecido subcutâneo.

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3 RESULTADOS
Foram encontrados um total de 348 artigos. Com o decorrer dos processos
metodológicos de análise, filtragem e seleção foram incluídos na revisão once estudos
(Figura 2). Os demais artigos foram excluídos por não se relacionarem com a pesquisa,
estavam fora dos critérios de inclusão, bem como artigos excluídos após leitura completa
por não relacionarem ao linfedema ou tratamento com taping.

Figura 2: Fluxograma das buscas nas bases de dados

Os resultados estão expostos em duas tabelas (Tabela 1 e Tabela 2). Na tabela 1


são observadas as características gerais do estudo e o nível de evidência segundo a
classificação de Oxford (PHILIPS et al., 2009). Na tabela 2 estão descritas as informações
referentes à intervenção, frequência e desfechos encontrados.
Quanto às pontuações obtidas por meio da Classificação de Nível de Evidência
Cientifica de Oxford (PHILIPS et al., 2009), os artigos obtiveram classificação entre 1A
e 4. Considerando que a melhor classificação é 1A, pode-se observar que houve 1 artigo
com pontuação máxima (SMYKLA et al., 2013).

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Segundo Medeiros & Stein (MEDEIROS&STEIN, 2002) a Classificação de Nível


de Evidência Científica de Oxford relacionada ao grau de recomendação demonstra que
dentre os artigos da revisão apenas um estudo foi classificado como alto grau de
recomendação (1A) (SMYKLA et al., 2013) e dez apresentaram classificação razoável
(médio grau de recomendação - 1B e 2B) (TSAI et al., 2009; CIESIELSKA et al., 2012;
SMYKLA et al., 2013; PEKYAVAS et al., 2014; POP et al., 2014; MALICKA et al.,
2014; GERACIMENTO et al., 2015; TARADAJ et al., 2015; MARTINS et al., 2015;
TANTAWY et al., 2019; ERGIN et al., 2019).

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Tabela 1. Autores, tipos de estudo, objetivos e Nível de Evidência de Oxford dos estudos.

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Tabela 2. Amostra e intervenção, medidas de avaliação e resultados dos estudos.


Número Intervenção Resultados
1 7 mulheres com linfedema após mastectomia receberam bandagem Kinesio - Os pacientes foram avaliados para registrar as alterações da circunferência do
Tape. A aplicação do KT foi 2 vezes por semana durante 3 semanas. Elas membro, no início e no final da intervenção. A soma das circunferências dos
também participaram de um programa de exercícios domiciliares, onde membros melhorou significativamente após o tratamento em comparação com
receberam impressas as orientações de exercícios após ser apresentado sua antes do tratamento (P <0,05).
execução. Os exercícios periódicos e a orientação era para ser repetido 3 vezes - Os achados deste estudo mostraram que a soma da circunferência do membro
por dia, com 10 repetições de cada um. diminuiu estatisticamente (p <0,05).
2 Grupo 1 realizou TDC e o Grupo 2 realizou TDC + Kinesio Tape. Todos os - Houve uma diferença significativa em ambos os grupos antes e depois do
pacientes receberam tratamento por 1 hora por dia, 5 dias por semana, durante 4 tratamento (p <0,05), mas não houve diferença significativa entre os dois grupos
semanas. em relação às mudanças no volume do membro (p> 0,05).
3 O grupo 1 foi composto por 15 pacientes tratados por uma combinação de - Kinesio Tape é apresenta efeito da estimulação linfática comprovados
compressão pneumática intermitente, "kinesio tape" e massagem subaquática. O clinicamente, bem como aumento de fluxo venoso;
grupo 2 continha 15 pacientes tratados com compressão pneumática - O Kinesio Tape tem efeito positivo sobre os processos de microcirculação,
intermitente e massagem subaquática. levando a diminuição da hipóxia e melhora da função endotelial (função
endotelial, vasodilatação de pré-capilares, aumento do fluxo sanguíneo na
microcirculação)
- O Kinesio Tape não pode substituir completamente a bandagem compressiva.
4 Grupo A (Kinesio Tape, compressão pneumática e drenagem linfática manual), Foi observado em todos grupos diminuição estatisticamente significativa do
grupo B (tratados com placebo de Kinesio Tape, compressão pneumática e volume do membro comprometido, redução significativa no percentual médio do
drenagem linfática manual) e o grupo C (Procedimento padrão - drenagem edema (diferença percentual entre o membro saudável e o afetado), ganho de
linfática manual e pneumática e também terapia de compressão - bandagem amplitude e força. Porém o grupo C ainda se mostrou em vantagem em relação a
multicamada) diminuição de volume, sendo que a redução entre o grupo A e B não teve
diferença significativa. Para o ganho de amplitude também se sobressaltou o
grupo C com maiores ganhos, bem como para aumento de força do membro
afetado.
5 Intervenção com Kinesio Tape e retirado a peça de compressão já utilizada. Durante a avaliação das alterações dérmicas após a intervenção, nenhum paciente
apresentou lesões cutâneas, bolhas ou hipertermia no membro, e um (4,2%)
paciente apresentou peeling e vermelhidão. Não houve descolamento total do
curativo em 95,8% dos pacientes, mas 75,0% apresentaram distanciamento do final
da fita. A maioria dos pacientes negou uma mudança na vida social ou na realização
de atividades da vida diária; eles se sentiram mais seguros e estavam muito
satisfeitos com o tratamento. A funcionalidade dos membros superiores melhorou.
Não houve diferença no volume dos membros superiores após intervenção. O
linfedema após o tratamento do câncer de mama mostrou-se seguro. Houve uma
baixa incidência de complicações dérmicas, um sentimento de segurança no

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controle do linfedema e um baixo impacto nas atividades da vida cotidiana. Houve


melhorias na funcionalidade do membro superior e sem alteração do volume do
membro após a intervenção.
6 Pós- mastectomizadas com linfedema de membro superior. Divididos em 3 - Não foi encontrada diferença significativa entre os três grupos em todos os
grupos: Grupo bandagem, Grupo bandagem + kinesio taping e grupo kinesio parâmetros (dor, limitações em atividades de vida diária, desconforto, peso,
taping. rigidez, parestesia, qualidade de vida);
- Nenhuma diferença significativa foi encontrada em todos os parâmetros
(satisfação do paciente em relação ao tratamento -atividades diárias, coceira e
formação de feridas);
- Foi encontrada diferença significativa entre fatores de tempo (relacionado ao
tempo de resposta ao tratamento e o tempo de permanência dos efeitos) em todos
os grupos;
- O Kinesio Taping aplicado com TDC podem ter um efeito positivo sobre a
diminuição dos sintomas relacionados ao linfedema. Também pode trazer
longevidade ao efeito do tratamento com linfedema.
7 Aplicação do método tradicional versus método próprio. - Redução de 55% no grupo do método próprio e de 27% no grupo tradicional.
- Aumento na força de preensão e na ADM.
- Nenhuma paciente percebeu o tratamento como “ruim”.
- As medidas de força, perimetria e ADM obtiveram diferença estatisticamente
significativa entre os grupos, a favor do grupo do método modificado.
8 Grupo intervenção foi dividido em 2 subgrupos no qual um era realizada a Durante a avaliação inicial, foi encontrada uma diferença significativa no volume
aplicação do Kinesio Tape. No primeiro subgrupo, a fita foi aplicada na total [ml] entre a extremidade superior do lado operado e o lado oposto para ambos
extremidade superior edematosa em formas de leque individuais braço e os grupos. No entanto, a diferença não foi demonstrada no grupo de estudo durante
antebraço e ao longo das anastomoses. No segundo subgrupo, a fita foi aplicada a avaliação final. Isso significa que no grupo de pacientes submetidos a aplicações
somente para a extremidade superior em forma de leque duplo dentro do braço e de Kinesio Tape uma significativa redução na extensão do linfedema foi obtida
antebraço. Nenhum dos grupos acima participou de sessões fisioterapêuticas entre a avaliação inicial.
durante a pesquisa. Também não realizaram exercícios físicos.
9 Três grupos: KINESIO TAPE, Quasi-KINESIO TAPE e TCM-enfaixamento Houve redução de volume em todos os grupos. A redução nos grupos Kinesio Tape
compressivo. e quasi-Kinesio Tape foi semelhante. A redução mais significativa foi observada
Todos os grupos receberam terapia por compressão pneumática, 1h de DLM e no grupo TCM.
educação para cuidados com a pele. O grupo Kinesio Tape recebeu aplicação de
taping, o grupo quasi-Kinesio Tape de fita sham, e no grupo TCM foi aplicado o
enfaixamento compressivo. Os tratamentos foram aplicados três vezes por
semana durante um mês.
10 Grupo A (DLM) e B (Kinesio Tape). - Todos os pontos reduziram em ambos tratamentos.

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- O grupo B apresentou maior redução em oito dos nove pontos e destes, quatro
apresentaram redução estatisticamente significativa.
11 Grupo bandagem e grupo Kinesio Tape. Ambos grupos apresentaram redução de medidas. Não houve diferença
Ambos grupos receberam 30min de DLM, 1h de compressão pneumática, e estatisticamente significativa entre os valores obtidos.
diferiram em aplicação de Kinesio Tape ou bandagem compressiva ao final. Grupo Kinesio Tape: maior conforto e permanência, menor dificuldade em usar,
melhor aceitação, menor circunferência do membro, menor teor de água.
Grupo bandagem: menor conforto e permanência, redução no teor de água, e no
tamanho do membro.
Legenda: DLM – drenagem linfática manual; TCM – terapia de compressão multicamadas; ADM – amplitude de movimento; .

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4 DISCUSSÃO
Os artigos mais recentes sobre o tema mostraram que em pacientes com linfedema
no membro inferior e membro superior, a estimulação linfática pelo taping e seu efeito
positivo em processos de microcirculação foi comprovada (SILVA et al., 2014;
PEKYAVAS et al., 2014; NAVARRO-BRAZÁLEZ et al., 2014; GERACIMENTO et
al., 2015; TARADAJ et al., 2015; MARTINS et al., 2015). Entre os benefícios clínicos
observou-se redução do volume dos membros, aumento de força muscular e amplitude de
movimento (TSAI et al., 2009; BOSMAN&PILLER, 2010; SILVA et al., 2014;
PEKYAVAS et al., 2014; MARTINS et al., 2015).
Em relação aos resultados da técnica o estudo de Pekyavas e col. e Taradaj e col.
observaram que, a resposta do taping comparada à terapia de compressão com bandagens
multicamadas, obteve menor efeito, porém ao serem utilizadas em conjunto, os resultados
em relação à redução do volume do membro permaneceram por mais tempo
(PEKYAVAS et al., 2014; TARADAJ et al., 2015).
Quanto a análise de segurança na aplicabilidade, Pekyavas et al. e Martins et al.
observaram que o taping não possui efeitos lesivos na pele e/ou desconforto para quem o
utiliza (PEKYAVAS et al., 2014; MARTINS et al., 2015). Como resposta, apresenta um
alto grau de satisfação e aumento da segurança das mulheres e, dentre elas, uma pequena
parcela (4,2%) apresentou vermelhidão e descamação. Porém apresentaram melhora da
funcionalidade do membro, já em contraponto, não houve diferença significativa em
relação ao volume.
No estudo de Geracimenko et al., foi avaliada a aplicação da técnica Kinesio Tape
como uma forma de reabilitação não farmacológica dos pacientes com linfedema de
membros inferiores, e a correção da disfunção endotelial (GERACIMENTO et al., 2015).
Tais autores descrevem seu efeito sobre a microcirculação, através da melhora da função
endotelial, estimulação linfática e aumento do fluxo venoso. Porém, apesar de todos esses
efeitos, relatam que o Kinesio Tape não pode substituir a bandagem compressiva.
Afirmação também resultante pela pesquisa de Taradaj et al. a qual igualmente analisava
o volume do membro, a força e destreza manual a partir do tratamento com Kinesio Tape,
concluindo que há ganho de força, destreza manual e diminuição do volume, porém em
menor escala quando comparado ao tratamento com a bandagem compressiva
multicamadas (TARADAJ et al., 2015).
Pekyavas et al. também associou TCD com o Kinesio Tape em pacientes com
linfedema (pré, pós intervenção e em 1 mês após) (PEKYAVAS et al., 2014). O estudo

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foi dividido em grupos: grupo bandagem, grupo bandagem + Kinesio Tape e somente
Kinesio Tape. Foi observado que em relação à dor, limitações das atividades de vida
diária, desconforto, peso, rigidez, parestesia e qualidade de vida não houve diferenças
entre os grupos. Mas quando comparados o Kinesio Tape e a bandagem, foram
observadas diferenças em relação ao tempo de resposta e o tempo de permanência dos
efeitos dos tratamentos. Portanto foi confirmado, no estudo, que os melhores resultados
foram os da bandagem, pela rapidez da resposta ao tratamento e maior eficácia na
prolongação dos efeitos. Porém, o autor ainda afirma que, as respostas mais efetivas
foram obtidas no grupo em que houve a associação das terapias de Kinesio Tape e
bandagem.
O estudo de Pop et al. comparou o método tradicional da Kinesio Tape com um
método modificado, objetivando a redução do volume do membro em mulheres com
linfedema secundário (POP et al., 2014). O método modificado ou “próprio” (“own
method”) consistia em aplicar a fita com tensão leve, em espiral. Ambos métodos foram
eficazes, porém o método modificado foi mais eficiente na redução da perimetria e a força
de preensão aumentou consideravelmente em ambos grupos.
Comparando a drenagem linfática manual (DLM) com a Kinesio Tape, o ensaio
clínico conduzido por Ciesielska et al., mostrou redução na perimetria em oito pontos dos
nove analisados no estudo, no grupo Kinesio Tape (CIESIELSKA et al., 2012). Destes,
quatro pontos apresentaram diferença estatisticamente significativa. Ambos os métodos,
Kinesio Tape e DLM, foram eficazes no tratamento do linfedema.
Smykla et al. investigaram a possibilidade de substituir o enfaixamento
compressivo pela Kinesio Tape no tratamento do linfedema (SMYKLA et al., 2013). A
amostra foi dividida em três grupos: Kinesio Tape (fita terapêutica), quasi-Kinesio Tape
(fita sham – mesmas propriedades e utilidades da Kinesio Tape, porém produzidas com
outro material) e Terapia de Compressão Multicamadas (TCM). Os grupos receberam
compressão pneumática, uma hora de DLM e educação para cuidados com a pele, além
da Kinesio Tape/sham/TCM. Houve redução pequena e não significativa nos grupos
Kinesio Tape e quasi-Kinesio Tape. No grupo TCM, houve redução estatisticamente
significativa. Os resultados sugeriram que a Kinesio Tape é ineficaz na redução do
linfedema secundário ao tratamento do câncer de mama e, portanto, não poderia substituir
a bandagem compressiva na amostra estudada.
O ensaio clínico randomizado controlado conduzido por Tsai et al.31, vai de
encontro ao concluído por Smykla et al. (ESPEJO et al., 2011). Os autores conduziram

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um estudo de alta qualidade, com alto grau de evidência de acordo com o Cochrane
Checklist, e concluíram que, em curto prazo, a Kinesio Tape pode substituir a bandagem
compressiva no tratamento do linfedema secundário. O estudo-piloto mostrou melhor
aceitação, menor circunferência e volume do membro no grupo tratado com a Kinesio
Tape (TSAI et al., 2009). No tratamento convencional pela FDC com bandagem
compressiva, o uso da braçadeira não parece apresentar boa adesão pelas pacientes do
estudo após a fase intensiva (VIGNES et al., 2007).
Apesar da larga aplicação clínica do taping, uma revisão sistemática de 2012
concluiu que existem evidências insuficientes para apoiar o uso da KinesioTape na prática
clínica. Nessa mesma revisão os autores colocam os benefícios do taping sobre o sistema
linfático, como maiores reduções do edema ou reduções mais rápidas. Já em uma revisão
mais recente, Paz et al., comprovam a boa recomendação da Terapia Descongestiva
Complexa no tratamento de linfedema, os autores também abordam sobre o taping,
relatando que sua atuação em conjunto com a TDC para o tratamento de linfedema é
extremamente eficiente (PAZ et al., 2016).
Segundo a revisão bibliográfica de Apolo e Espejo, a maioria (78,38%) dos
estudos testa a eficácia do taping em seus efeitos musculoesqueléticos (ESPEJO et al.,
2011). Os autores concluíram que apenas 5,41% das publicações investigam os efeitos do
método em afecções circulatórias, e, destes, uma fração é voltada ao linfedema.
De acordo com esse estudo podemos observar que há uma escassez de trabalhos
relacionados ao tema, sendo a nossa maior dificuldade nessa temática a quantidade de
estudos para chegar à conclusão sobre os efeitos do taping. Além da pouca quantidade de
estudos também encontramos limitações metodológicas, a dificuldade de avaliação do
membro e número de participantes das amostras insuficientes.
Os trabalhos aqui revisados representam o panorama atual da prática clínica do
taping no tratamento do linfedema. Os estudos apresentam ainda resultados
inconsistentes, com variados graus de evidência, no entanto, não contraindicam a
continuidade do uso da técnica. Percebe-se na prática clínica uma resposta positiva em
relação amplitude de movimento, consistência do linfedema, maior liberdade na
realização das atividades de vida diária e conforto com o uso do taping, além de uma
melhor resposta do linfedema quando associado a outras técnicas. Principalmente quando
trabalhado em conjunto com a TDC.

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5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO
Há poucos estudos sobre o tema, estes se apresentam com baixa qualidade
metodológica e com dificuldade de avaliar os resultados encontrados.

6 CONCLUSÃO
Podemos observar que há uma lacuna quanto à comprovação e estruturação do
uso de Kinesio Tape na literatura. Ainda há poucos estudos sobre o tema, os que são
encontrados apresentam algumas falhas metodológicas e a maioria destes apresenta um
grau de recomendação mediano.
É claramente demonstrado que o taping traz resultados em pacientes com
linfedema no que diz respeito à melhora clínica, porém ainda não há quantificações
precisas de avaliação, bem como respostas quanto ao seu uso para que se possa ter maior
grau de evidências.
Conseguimos transpor por esse estudo que tal instrumento aperfeiçoa os efeitos
das terapias já utilizadas, promove melhora quanto ao tempo de permanência desses
efeitos e traz melhorias quanto a efeitos colaterais de alguns tratamentos para o linfedema.
No entanto, são necessários mais estudos, estudos mais bem delineados, melhor
avaliados, que minimizem os vieses da pesquisa e com acompanhamento em longo prazo,
para desta forma, poder comprovar os efeitos positivos encontrados pelos profissionais
que utilizam a técnica na prática clínica.

Contribuição Dos Autores No Manuscrito


Mirella Dias – contribui substancialmente na concepção e no planejamento do estudo, na
obtenção, na análise e/ ou interpretação dos dados, assim como na redação e/ ou revisão
crítica e aprovação final da versão publicada;
Suellen Cristina Roussenq – contribui substancialmente na concepção e no planejamento
do estudo, na obtenção, na análise e/ ou interpretação dos dados, assim como na redação
e/ ou revisão crítica e aprovação final da versão publicada;
Mateus Toffoli de Moraes - contribui substancialmente na concepção e no planejamento
do estudo, na obtenção, na análise e/ ou interpretação dos dados, assim como na redação
e/ ou revisão crítica e aprovação final da versão publicada;
Marcieli Martins - contribui substancialmente na concepção e no planejamento do estudo,
na obtenção, na análise e/ ou interpretação dos dados, assim como na redação e/ ou revisão
crítica e aprovação final da versão publicada.

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Juliana Lenzi – contribui substancialmente na concepção e no planejamento do estudo,


na obtenção, na análise e/ ou interpretação dos dados, assim como na redação e/ ou revisão
crítica e aprovação final da versão publicada.
Larissa Louise Campanholi – contribui substancialmente na concepção e no planejamento
do estudo, na obtenção, na análise e/ ou interpretação dos dados, assim como na redação
e/ ou revisão crítica e aprovação final da versão publicada.

Local do estudo
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC e Centro de Pesquisas Oncológicas
– CEPON

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