Proteína Vegetal-Completo (Digest - Soja) 2024
Proteína Vegetal-Completo (Digest - Soja) 2024
Proteína Vegetal-Completo (Digest - Soja) 2024
Roberto
Metabolismo:
O metabolismo é normalmente dividido em dois grupos: anabolismo e catabolismo (Figura 1).
Reações anabólicas, ou reações de síntese, são reações químicas que produzem nova matéria orgânica
nos seres vivos. Sintetizam-se novos compostos (moléculas mais complexas) a partir de moléculas
simples (consumindo energia sob a forma de ATP). Reações catabólicas, ou reações de
decomposição/degradação, são reações químicas que produzem grandes quantidades de energia
(ATP) a partir da decomposição ou degradação de moléculas mais complexas (matéria orgânica). O
metabolismo converte os nutrientes em formas que podem ser usadas (ou armazenadas no corpo) e
também em formas (toxicas ou não) que são removidas (excretadas) do corpo. Existem milhares de
reações bioquímicas conhecidas que compõem uma enorme diversidade de vias metabólicas. As
principais rotas do organismo humano são: Glicólise, Ciclo do Ácido Cítrico (Ciclo de Krebs),
Fosforilação oxidativa, Vias das Pentoses, Ciclo da Ureia, Síntese de Aminoácidos e β-oxidação. No
corpo humano o metabolismo se inicia pela degradação das macromoléculas pela digestão
extracelular. Macromoléculas como o amido ou as proteínas não podem ser rapidamente assimilados
pelas células, tendo de ser degradados nos seus componentes de menor tamanho antes de poderem
ser utilizados no metabolismo celular.
Digestão: A comida tem que ser quebrada em seus componentes menores para serem absorvidos
pelas células. Assim, a digestão é a série de etapas que decompõem os alimentos em suas partes
constituintes (Figura 2). Os alimentos são compostos de amidos (carboidratos), proteínas, gorduras,
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fitoquímicos (compostos fenólicos), vitaminas e minerais cada grupo com seus constituintes unidos
entre si por ligações químicas.
Figura 2. Dogma Central da Biologia Molecular. Resumo: o DNA é "transcrito" pelo RNA mensageiro
(RNAm) e depois a informação é "traduzida" pelos ribossomos (RNAr + proteínas + RNAt), na sequência
específica da proteína a ser formada. Fonte: https://realizeeducacao.com.br/wiki/dna-e-sintese-de-proteinas/
No organismo, as proteínas são reconstruídas a partir dos aminoácidos contidos nas proteínas
dos alimentos. Entretanto para que estes aminoácidos sejam aproveitados eles precisam ser
absorvidos pelo intestino e para isto ocorrer os alimentos precisam ser primeiramente digeridos. Isto
ocorre por meio das várias enzimas que atuam no processo digestivo: Digestão do amido (amilases),
dos lipídios (lipases) e das proteínas (pelas proteases, pepsinas e tripsinas) (Fig. 3).
Dos 20 aminoácidos, o nosso organismo não consegue sintetizar de novo 9, que devem ser
supridos pela dieta. (de novo é uma frase em latim, traduzindo literalmente para "do novo" do
“começo”, implicando que o AA deve ser sintetizado desde o começo pelos seus elementos
constituintes). São os chamados aminoácidos essenciais: Histidina, isoleucina, leucina, lisina,
metionina, fenilalanina, treonina, triptofano e valina. Os demais aminoácidos não são necessários na
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dieta, pois podem ser construídos a partir de pequenas moléculas precursoras, como nitrogênio,
oxaloacetato, piruvato, α-cetoglutarato etc., e outras derivadas do metabolismo de açúcares.
A forma mais fácil de obter os aminoácidos essenciais é através da proteína animal. Proteínas
de fonte vegetal (como feijões, lentilhas e soja), tem pouca quantidade de alguns destes aminoácidos
essenciais. Nestas proteínas o aminoácido limitante é o aminoácido cuja concentração está abaixo da
concentração necessária para sintetizar uma proteína completa (o aminoácido essencial encontrado
na menor quantidade nos alimentos). Em outras palavras, quando um aminoácido é limitante, as
proteínas só podem ser sintetizadas até o nível de disponibilidade desse aminoácido. O que levanta a
dúvida se uma dieta com restrição total de alimentos de origem animal teria proteínas com os AA
essenciais suficientes para suprir nossa carência. Os aminoácidos das proteínas são utilizados pelo
organismo humano para a formação de hormônios, enzimas e anticorpos, portanto, a sua carência
leva a uma deficiência em diversas vias metabólicas do corpo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em uma dieta balanceada, a ingestão
de proteína deve representar cerca de 15% do total da dieta diária de uma pessoa. É muito difícil um
indivíduo desenvolver uma deficiência proteica, mas esta pode acontecer se não for ingerida uma
quantidade suficiente de alimentos de origem animal ou vegetal, por períodos longos. Contrário à
ingestão de proteínas de fontes animais é o fato de elas virem, em geral, acompanhadas de gorduras
e estudos comprovam que o consumo excessivo destas proteínas pode ocasionar cálculos renais,
osteoporose, e um aumento do colesterol, devido a presença de gorduras.
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A favor das fontes vegetais de proteína está o fato de que eles também fornecem outros
nutrientes importantes como fibras (por ex. celulose) e fitoquímicos (por ex. flavonoides) que
previnem algumas doenças. Por outro lado, a proteína animal é rica em ferro, zinco e vitaminas B.
De uma forma geral, quimicamente as proteínas são compostos orgânicos nitrogenados
complexos, formados fundamentalmente por C, H, O e N (Tabela 1), podendo ainda conter minerais
como o S, P, Cu, Fe, etc. A composição geral é apresentada na tabela abaixo.
Para que os componentes das proteínas sejam aproveitados pelo organismo precisam
primeiramente, passar por etapas da digestão como será visto a seguir.
Boca: A boca é a cavidade de entrada do alimento no sistema digestivo e onde ele é preparado
mecanicamente para acessar o estomago e tubo digestivo. Ela é formada pelos músculos labiais,
dentes e língua, que preparam o alimento para a digestão, por meio da mastigação. Os dentes reduzem
os alimentos em pequenos pedaços, misturando-os à saliva, o que irá facilitar a ação das enzimas
(Tabela 2). A saliva é produzida pelas glândulas salivares e já contem uma enzima digestiva, amilase,
denominada ptialina, portanto já na boca inicia-se a digestão do amido.
Deglutição: Após a mastigação e a salivação, forma-se o que chamamos de bolo alimentar, que é
deglutido (engolido). Após o ato de engolir, o bolo alimentar passa pela faringe e chega ao esôfago.
Faringe: A faringe é um órgão cavitário alongado em forma de funil, situado logo após a boca. Ela
conecta o nariz e a boca à laringe e ao esôfago. É um canal comum ao aparelho digestivo e ao aparelho
respiratório. De modo geral, nos mamíferos a faringe é ponto de encontro entre estes dois
aparelhos. O alimento ao chegar à faringe, os músculos de sua parede se contraem e empurram o
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alimento para o esôfago. Associada à faringe está a laringe que impede que partículas de alimentos
passem à via respiratória. Ela é também o órgão onde se produz a voz, contém as cordas vocais e por
onde ocorre a passagem dos gases respiratórios.
Esôfago: O esôfago é um órgão em forma de tubo, com paredes flexíveis e que mede
aproximadamente 25 centímetros de comprimento. Em sua parede superior, ele se comunica com a
faringe; em sua parte inferior, comunica-se com o estômago. Por meio de movimentos peristálticos,
o esôfago empurra o alimento para o estômago.
Movimentos peristálticos: A deglutição é um movimento voluntário, isto é, executamos
conscientemente o ato de engolir. A partir daí, movimentos mecânicos, denominados movimentos
peristálticos (Figura 4), conduzem o bolo alimentar pelo tubo digestório. Esses movimentos são
involuntários, isto é, independem da nossa vontade. São contrações dos músculos situados no esôfago,
no estômago e nos intestinos, onde são mais intensos. Além de empurrar o alimento ao longo do tubo
digestório, promovem a sua mistura. Os movimentos peristálticos participam da digestão mecânica,
fazendo com que o bolo alimentar seja empurrado do esôfago para o estômago. Uma válvula
denominada cárdia, regula essa passagem do alimento ao estomago.
Válvula: é uma estrutura biológica com ação mecânica que regula, permitindo ou interrompendo, a
passagem de uma substância de um local para outro, como os esfíncteres. Três esfíncteres, em
especial, merecem mais atenção: o esfíncter cárdico (ou cárdia) ou esfíncter esofágico inferior, região
de transição entre o esôfago inferior e o estômago; o esfíncter pilórico, que faz comunicação entre o
estômago e o duodeno, e o esfíncter anal, orifício no final do intestino grosso que regula a passagem
das fezes e gases intestinais.
Digestão no estômago
No estômago (Figura 4 e 5) os movimentos peristálticos misturam o bolo alimentar ao suco
gástrico, produzido pelas glândulas da mucosa. Esse suco contém ácido clorídrico, que mantém a
acidez estomacal, dando condição favorável ao trabalho das enzimas do estômago. A pepsina, a
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principal protease do estômago, atua na degradação das proteínas, intensificando a digestão
bioquímica, que continuará no intestino. O suco alimentar resultante da digestão gástrica é
denominado quimo; por isso, a digestão gástrica é também denominada quimificação. A passagem
do quimo para o intestino é regulada por outra válvula, o piloro. O quimo e o quilo são produtos da
digestão formados, respectivamente, no estômago e no intestino delgado.
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• Suco pancreático – É produzido pelo pâncreas. Possui várias enzimas que atuam na digestão das
proteínas (proteases), dos carboidratos (amilases) e dos lipídios (lipases).
• Suco entérico – é produzido pela mucosa intestinal. Possui enzimas que atuam na transformação,
entre outras substâncias, das proteínas e dos carboidratos.
Ao término do processo digestor no intestino delgado, o conjunto de substâncias resultantes
forma um líquido viscoso de cor branca denominada quilo.
Intestino grosso
Após a digestão no intestino delgado, o que resta do quilo chega ao intestino grosso. O
intestino grosso mede cerca de 1,5 m de comprimento e divide-se em ceco, cólon ascendente, cólon
transverso, cólon descendente, cólon sigmoide e reto (Figura 6). A saída do reto chama-se ânus e é
fechada por um músculo que o rodeia, o esfíncter anal.
Numerosas bactérias e outros micro-organismos (fungos e protozoários) formam a microflora
que vive em mutualismo no trato intestinal (principalmente intestino grosso) humano. Há cerca de
390 trilhões (3,9 x 1013) de microrganismos no intestino, contra cerca de 370 trilhões (3,7 x 1013) de
células humanas no corpo. Seu trabalho consiste em dissolver os restos alimentícios não assimiláveis,
reforçar o movimento intestinal e proteger o organismo contra bactérias estranhas, geradoras de
enfermidades. Algumas bactérias intestinais fermentam e assim decompõem resíduos de alimentos e
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produzem vitaminas (a vitamina K e algumas vitaminas do complexo B), que são aproveitadas pelo
organismo. Nessas atividades, as bactérias produzem gases – parte deles é absorvida pelas paredes
intestinais e outra é eliminada pelo ânus. O intestino grosso não possui vilosidades nem secreta sucos
digestivos, normalmente só absorve água e os sais minerais ainda presentes nos resíduos alimentares,
levando-os, então, para a circulação sanguínea. O que sobra se condensa até formar as fezes. As fibras
vegetais, principalmente a celulose, não são digeridas nem absorvidas, contribuindo com
porcentagem significativa da massa fecal. Como retêm água, sua presença torna as fezes macias e
fáceis de serem eliminadas (evacuadas). As fezes que são cumuladas no reto e, posteriormente,
quando sentimos vontade de defecar, são empurradas por movimentos peristálticos para fora do ânus.
Concluídas todas as etapas da digestão, os nutrientes que chegam à circulação sanguínea são
distribuídos a todas as células, e assim são utilizados pelo organismo.
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As proteínas vegetais são obtidas principalmente de cereais, raízes e tubérculos. Há também
as proteínas de folhas, em geral, matéria de pesquisas para formulações de concentrados proteicos
para consumo de populações pobres sem acesso a proteínas animais. Há relatos de várias pesquisas
empregando gramíneas e folhosas como o ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata), também conhecido
como orabrobó, lobrobó ou lobrobô, que é uma cactácea trepadeira folhosa. Ele contém minerais
como manganês, magnésio, ferro, cálcio, além de vitamina C, compostos fenólicos e fibras. Seu teor
proteico é elevado, podendo ser de 17 a 32% em base seca. Um problema relacionado a proteínas
vegetais é que podem estar acompanhadas de fator antinutricional, que pode ser alguma substância
tóxica (alcaloides) ou algum inibidor enzimático, como os inibidores de tripsina da soja.
Em geral pode se dizer que a proteína animal é balanceada em aminoácidos enquanto as
proteínas vegetais são desbalanceadas nestes componentes. Hoje isto não é tão problemático porque
as dietas não são uni-alimentares e as pesquisas mostram que existem complementações nutricionais
nas dietas compostas, onde a deficiência de um certo aminoácido de uma proteína é compensada por
outra contendo aquele mesmo aminoácido.
Há muitos estudos tentando viabilizar o uso humano das chamadas de proteínas não
convencionais ou proteínas unicelulares ou Single-cell proteins (SCP), que se refere àquelas
proteínas obtidas de microrganismos como bactérias, leveduras e algas verdes para consumo humano
ou como alimentos ou ração para animais. Entretanto, estas tentativas ainda não superaram obstáculos
tecnológicos e de escala de produção, capazes de torna-las competitivas com as proteínas
convencionais amplamente usadas em alimentação humana. A produção em grande escala de
biomassa microbiana teria algumas vantagens em relação aos métodos tradicionais de produção de
proteínas para alimentos ou rações. 1) a agricultura industrial convencional é marcada por um elevado
nível de consumo hídrico, alto uso de terra, destruição da biodiversidade, degradação ambiental geral
e contribuição para as alterações climáticas através da emissão de um terço de todos os gases com
efeito de estufa. A produção de SCP não apresenta necessariamente nenhum desses sérios
inconvenientes; 2) a SCP pode ser produzida a partir de resíduos agrícolas e, como tal, é considerada
ambientalmente amigável; 3) os microrganismos têm uma taxa de crescimento muito maior (tempos
de geração, bactérias: 0,5 a 2 horas, levedura: 1 a 3 horas, algas: 2 a 6 horas). Isso permite selecionar
cepas com alto rendimento e boa composição nutricional de forma rápida e fácil em comparação com
a agricultura convencional. Entretanto, embora a SCP mostre características muito atrativas, existem
alguns problemas que impedem sua adoção globalmente: 1) Os microrganismos como bactérias e
leveduras, tendem a ter uma alta concentração de ácido nucléico, notadamente o RNA. Os seus níveis
devem ser limitados nas dietas de animais monogástricos a <50 g por dia. A ingestão de compostos
como a purina, decorrentes da quebra do RNA leva ao aumento dos níveis plasmáticos de ácido úrico,
o que pode causar gota (doença na qual há o acúmulo de depósitos de cristais de ácido úrico nas
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articulações devido a concentrações elevadas de ácido úrico no sangue (hiperuricemia) e pedras nos
rins. O ácido úrico pode ser convertido em alantoína, que é excretada na urina. A remoção do ácido
nucleico não é tão necessária em alimentos para animais, mas é naqueles para humanos; 2) a parede
celular de alguns micro-organismos, como algas e leveduras, contém componentes não digeríveis,
como as β-glucanas. logo, as suas células devem ser quebradas para liberar o material intracelular e
permitir a digestão e assimilação; 3) alguns tipos de SCP exibem cores e sabores desagradáveis; 4)
deve-se ter cuidado para prevenir e controlar a contaminação por outros microrganismos, que podem
produzir toxinas, como micotoxinas ou cianotoxinas; 5) algumas leveduras e proteínas fúngicas
tendem a ser deficientes em metionina.
Uma outra comparação frequente com relação a proteína vegetal, ocorre entre as proteínas de
leguminosas e as de cereais. As Leguminosas são em geral deficientes em aminoácidos sulfurados
como metionina e cisteína (Tabela 3) e muitas vezes, ainda em triptofano. Por ex: feijão (de varios
tipos, sendo principal o Phaseolus vulgaris), grão de bico, lentilhas, soja, favas, ervilhas, etc. Os
cereais, geralmente, são deficientes em lisina e algumas vezes em treonina ou triptofano. O milho
possui acentuada deficiência em lisina e triptofano, enquanto outros cereais como sorgo, cevada e
trigo são deficientes em lisina e treonina. Na soja, o aminoácido limitante é a metionina. Assim, na
prática, lisina, metionina, treonina e triptofano são os aminoácidos que merecem maior atenção na
nutrição vegetariana.
A ausência de um ou outro aminoácido nos alimentos pode ser compensada pelas misturas
alimentares. As leguminosas têm sido ao longo dos séculos utilizadas como complemento dos cereais.
Assim, suas utilizações em conjunto são uma excelente forma de fornecer proteína de boa qualidade
(ex. arroz com feijão). Felizmente para o Brasileiro, isto acontece com a mistura arroz com feijão. O
arroz é pobre em lisina, um aminoácido existente no feijão. O feijão, por sua vez, tem pouca metionina
e triptofano, dois aminoácidos encontrados no arroz. Com a mistura, é possível juntar todos os
aminoácidos essenciais. Em cada 100g de arroz branco cozido há 109 kcal e 2 g de proteínas,
enquanto em cada 100g de feijão branco cozido há 118 kcal e 7,8 g de proteínas. A mistura proteica
tem uma digestibilidade de 80%.
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Tabela 3. Aminoácidos limitantes
Familias Denominação Fonte proteica Amino ácido limitante
Aveia Lisina
Arroz Lisina
Milho Lisina e Triptofano
Gramineas Grãos/Cereais
Cevada Lisina
Centeio Lisina
Trigo Lisina
Feijão Metionina
Ervilha Metionina
Amendoim Metionina
Leguminosas Sementes
Soja Metionina
Grão-de-bico Metionina
Lentilha Metionina
Valor Biológico da Proteína (VB): Quando absorvidos para dentro do corpo humano a partir da
dieta, os 20 aminoácidos padrões ou são utilizados na síntese de proteínas e outras biomoléculas,
como as gorduras, ou são usados como fonte de energia e oxidados a ureia e dióxido de carbono. O
valor biológico da proteína é dado pelo seu teor de aminoácidos essenciais. A proteína padrão de alto
valor biológico, é a proteína do ovo e em segundo lugar a proteína do leite (caseína e albuminas).
Assim, as proteínas desses alimentos poderão nos fornecer todos os aminoácidos essenciais para o
crescimento e manutenção da vida saudável, desde que em quantidades adequadas. O valor biológico
mede a eficiência pela qual o corpo usa uma fonte específica de proteína. Quanto maior for o valor
biológico, mais aminoácidos e nitrogênio seu corpo irá reter. As tabelas 4 e 5 mostram os valores
biológicos de diferentes fontes de proteínas naturais e formuladas em laboratórios e suas respectivas
graduações. O valor biológico de uma proteína pode ser medido pela relação do nitrogênio retido pelo
organismo e o nitrogênio absorvido, como mostra a fórmula:
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Tabela 4. Valor biológico de proteínas naturais
Alimento VB
Ovo (inteiro) 100
Leite de vaca 91
Clara de ovo (albumina) 88
Peixe 83
Bife magro 80
Frango 79
Arroz 59
Feijão 49
Digestibilidade: É um outro fator para medir a qualidade proteica. A digestibilidade vai depender
dos aminoácidos fornecidos pela proteína e da preparação do alimento Proteico. O método de
preparação do alimento também vai interferir na digestão pois tem se verificado que aminoácidos
essenciais termo lábeis como a lisina, tendem a ser destruídos em calor seco ou fritura, ou podem até
mesmo formar ligações químicas com outros compostos (reação de Maillard) de difícil digestão para
o organismo. O cozimento desses alimentos em água, aumenta a digestibilidade de certos
aminoácidos essenciais como a metionina, aumentando assim sua absorção. Podemos medir a
digestibilidade de uma proteína utilizando a seguinte fórmula:
D = Nabs x 100 / Ningerido
NPU: O NPU (Net protein Utilization) ou em português NPR (Razão Protéica Líquida) mede o uso
líquido de proteína, o qual quando é de valor igual ao do valor biológico, diz-se que a proteína tem
boa digestibilidade. Podemos medir o NPU da seguinte maneira:
NPU = N retido x 100 / N ingerido
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PER: O PER, ou taxa de eficiência proteica, é outra medida da qualidade da proteína, e para isso
levamos em consideração a relação do ganho de peso de um animal em crescimento, pela quantidade
de proteína consumida pelo mesmo. Assim:
PER = ganho de peso (g) / quantidade de proteína ingerida (g)
A figura abaixo mostra a relação entre as diferentes formas de avaliação de qualidade da
proteína em relação ao destino do nitrogênio. N é o nitrogênio presente no alimento (ração) ingerido,
geralmente determinado pelo método de kjeldahl.
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colas e plásticos. Esta substância está normalmente presente nos alimentos em geral, sob baixas
concentrações (e por isso não tóxicas), devido a migração das embalagens. Na adulteração de
alimentos a melamina é adicionada para dar a falsa aparência de um alto teor de proteínas.) Assim,
apesar de sua vantagens, este método tem problemas pois não mede a proteína verdadeira e o fator de
conversão/correção de 6,25 não é adequado para todos os tipos de proteína e deve ser corrigido com
base na composição de aminoácidos da proteína em questão. Outros métodos utilizados para
determinar proteínas solúveis são apresentados abaixo (Hayes 2020).
Método do biureto: Sob condições alcalinas, as ligações peptídicas reagem com os íons
cúpricos para produzir uma cor violeta-púrpura, cuja intensidade a 540 nm está correlacionada com
o teor de proteínas da amostra. Este método é rápido e simples, com pouca interferência de fontes não
peptídicas ou não proteicas.
Método Lowry: O método Lowry foi desenvolvido com base no método biureto. As proteínas
reagem com o reagente de fenol Folin-Ciocalteu para produzir um complexo azul a 750 nm. A
intensidade da cor é proporcional ao teor de proteínas da amostra (Owusu-Apenten, 2002). Embora
este método seja muito sensível, sofre a interferência de sacarose e lipídios.
Método de Absorção Ultravioleta de 280 nm: As proteínas, a 280 nm, mostram forte absorção
principalmente pelos resíduos de triptofano e tirosina. Essa técnica é aplicada principalmente em um
sistema de proteínas purificadas, porque a absorvância será falsamente aumentada se partículas ou
outra substância como ácidos nucleicos estiverem na solução. Este método não é invasivo; assim, as
amostras podem ser usadas para outras análises após a determinação da proteína.
Outros métodos: Além dos métodos acima mencionados, os métodos Dumas, espectroscopia
no infravermelho, ácido bicinconínico, ligação aniônica com corante, ligação com corante Bradford,
Ninidrina e técnicas imunologicas são algumas outras técnicas comumente usadas para análise de
proteínas. A escolha de um método apropriado depende das propriedades das proteínas presentes nas
amostras, bem como das características das abordagens analíticas.
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Figura 7. Processo Kjeldahl
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Ácido gama- Carnitina Citrulina Ornitina
aminobutírico (GABA)
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apresenta maior resistência à hidrólise proteolítica que as proteínas de origem animal, resultando em
um menor aproveitamento do alimento. A resistência à ação das proteases nas proteínas vegetais está
ligada à existência de glicoproteínas cuja estereoquímica não permitiria aproximação da molécula de
enzima.
Tabela 6 - Fontes de proteínas vegetais
Semente % Proteína
Soja 35
Amendoim 28
Lentilha 23
Feijão 22
Ervilhas 22
Trigo 11
Milho 10
Arroz 08
Do ponto de vista tecnológico, as proteínas de origem vegetal são importantes pelos efeitos
estruturais nos produtos alimentícios, inclusive naqueles à base de carnes. Assim a proteína de soja
possui alta capacidade de retenção de água, superior à da caseína, e quando em mistura com carnes,
permite um maior volume e peso do produto pela água retida.
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Figura 9. Formação da N(ε)-carboxi metil lisina (CML).
Figura 10. Esquerda: formação de cistina, direita: perda de cistina por calor com liberação de H2S
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Proteínas do Trigo
O trigo da espécie Triticum aestivum L. é a principal cultivar do Brasil, é também a mais
cultivada no mundo. Tem grande aplicação comercial por ser o principal trigo utilizado na produção
de pães, biscoitos e bolos, sendo também chamado de trigo comum. No Brasil também é utilizado
para a produção de massas alimentícias. O Triticum durum L. apresenta também grande expressão
comercial por ser usado principalmente na fabricação de massas alimentícias, por formar um glúten
mais resistente que resulta em uma textura firme após cozimento. Esta espécie é pouco cultivada no
Brasil.
O trigo, assim como a cevada, é considerado planta de clima frio, que cresce bem em clima
moderado e não cresce bem em clima tropical, por isto grande parte do trigo e do malte consumidos
no Brasil são importados. A produção brasileira de trigo em 2015 foi de cerca de 6 milhões de
toneladas, o que corresponde a aproximadamente metade do que é consumido no país, sendo a outra
metade importada.
O grão de trigo (Figura 11) é constituído de três partes principais: gérmen, endosperma e
farelo. O gérmen é o tecido responsável pela germinação e crescimento de uma nova planta e
representa cerca de 3% do peso do grão. O endosperma é constituído basicamente de amido e
proteínas e representa aproximadamente 85% do peso do grão. As camadas externas incluindo a
camada de aleurona (que do ponto de vista botânico é parte do endosperma, mas no processo de
moagem é separada juntamente com as camadas mais externas do grão) constituem o farelo e são
responsáveis pela proteção do grão representando em torno de 12% do peso do grão. Em termos gerais
a composição química do grão de trigo é de 14% umidade, 12% de proteína, 60% de amido, 10%
carboidratos não amiláceos, 2% lipídios, e 2% minerais.
O trigo se destaca entre os cereais por apresentar um desempenho singular na produção de
diferentes produtos. Ele é o único cereal que contém as duas proteínas gliadina e glutenina, presentes
no endosperma do grão, em proporção e qualidade, adequadas que ao serem hidratadas e submetidas
a um trabalho mecânico, concomitantemente com a incorporação de ar, formam uma massa
viscoelástica denominada glúten, capaz de reter o gás produzido durante a fermentação e assegurar o
volume do pão durante e após o assamento.
As proteínas do trigo apresentam a característica única de formar massa (glúten), que as
diferem das proteínas de outros cereais (alguns outros cereais, como o centeio, a cevada e o triticale
também formam glúten). Elas podem ser divididas em dois grupos:
1. Constituído pelas Albuminas (solúveis em água) e Globulinas (solúveis em soluções salinas), que
correspondem a 15% do total;
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2. Constituído pelas Gliadinas (solúveis em solução de água e álcool) e Glutenina ou glutenina
(solúveis em solução aquosa diluída com ácido ou base) (Tabela 7), que correspondem a 85% do
total. Estas duas formam o glúten (responsável pela capacidade de retenção de ar)
A B
Grão Farinha
Componentes
(%) (%)
Amido 60 50-70
Lipídios 2 1-2
Minerais 2 0,5-2
Proteínas 12 7-13
Umidade 14 10-20
Carboidratos não
10 3-5
amiláceos
Figura 11. Grão de trigo. (a), componentes do grão e (b) composição do grão e farinha.
Ambas são ricas em aminoácidos sulfurados, que são os principais responsáveis pelas características
elásticas e extensíveis do glúten formado.
Figura 12: Rolos de extração. Dois ou mais cilindros pesados giram em direções contrárias
A camada mais interna (endosperma) contém praticamente todo amido (Figura 8). A medida
que se aumenta a extração, aumenta-se os teores de gordura, proteínas, minerais e vitaminas da farinha
diminuindo proporcionalmente o amido. As cinzas aumentam do interior para o exterior do grão.
Assim, o teor de cinza aumenta com a extração. A qualidade da farinha pode ser avaliada em termos
de porcentagem de cinzas, até 0,5% é considerada boa, sendo que quanto menos cinza, melhor a
qualidade. A tabela 8 apresenta a composição centesimal da farinha de trigo. A farinha para pão é
extraída de trigo da variedade Triticum aestinun, que produz massa com força adequada para pão.
A Semolina significa a farinha extraída de trigo da variedade Triticum durum. Apresenta uma
textura granulada, geralmente mais grossa que farinha branca, sendo destinada ao preparo de massas
(macarrão). O termo semolina também é usado para designar sêmola de outros grãos, como arroz e
milho.
A Legislação Brasileira classifica a farinha de trigo em 3 tipos: Tipo 1, Tipo 2 e integral, que
devem apresentar os teores mínimos de proteína de 7,5% para tipo 1 e 8,0% para o tipo 2 e integral.
A farinha mais adequada para pão é a do Tipo 1. A farinha de Tipo 2 é mais amarelada e é mais
utilizada pela indústria para produção de biscoitos. A legislação também exige que toda farinha
comercializada no Brasil deve receber doses extras de ferro e de ácido fólico.
A farinha de trigo integral tem praticamente a mesma composição do grão, enquanto que a
farinha beneficiada tem composição bastante diferente. A farinha mais usada tem 70% de extração.
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O decréscimo da concentração de proteína na farinha beneficiada é pequeno, entretanto a
qualidade do ponto de vista nutricional é bem inferior (perde albuminas e globulinas). As proteínas
do glúten têm muitos aminoácidos sulfurados, mas baixo teor de Lisina e Triptofano.
Tabela 8. Composição da farinha de trigo
Componentes %
Proteínas 7 - 13
Lipídeos 1-2
Açúcares solúveis 1-2
Pentosanas 2-4
Amido 50 - 70
Água 10 - 20
Juntamente com os nutrientes essenciais à medida que se aumenta o grau de extração aumenta
também a concentração de ácido fítico (ou seu sal fitato), um agente quelante de efeito antinutricional
porque se liga a Ca++ (principalmente), Fe++, Cu++, Zn++, etc. Do ponto de vista tecnológico a farinha
com baixa extração é muito superior devido, a) tem maior proporção de proteínas formadoras de
glúten; b) é mais clara; c) tem menos lipídeo sendo, portanto, mais fácil de conservar (pouca oxidação)
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glúten que por sua vez, está ligado à fisiologia do trigo e serve para classificar este cereal em dois
tipos, a) trigo mole, produz glúten fraco; b) trigo duro, produz glúten forte.
A natureza exata da estrutura da massa não é totalmente conhecida. Sabe-se que há feixes de
proteínas (glúten), formando estruturas contínuas separadas do amido e outras proteínas, contendo
parte dos lipídeos ligados à gliadinas e gluteninas. Há pelo menos três hipóteses para explicar a
formação da estrutura do glúten: Ligações sulfidril - dissulfeto (Backwith e Wall); Concatenações e
encadeamento das cadeias proteicas (Greenwood e Wall); Ligações secundárias (Kasarda e
Bernardin).
Gliadina simples
Complexo de Gliadinas
Figura 13. Estruturas da Gliadina e estrutura da massa formada (glúten)
Fermentos
Os fermentos são os agentes responsáveis pela produção e incorporação de ar, contribuindo
assim para a porosidade, crescimento, qualidade e textura da massa dos produtos de panificação.
Os fermentos são classificados em três tipos:
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1. Fermento físico: Considera-se um fermento físico a incorporação direta de material aerado às
massas dos produtos de panificação. São exemplos de fermento físico, a clara de ovo batida em neve
e vapor de água, os quais incorporam ar e dão leveza aos produtos de panificação. São usados em
produtos como suflês, massa folhada e bomba (ou écleair, como na França e Portugal, devido à
primeira mordida, a massa “estourar” na boca com seu recheio cremoso e obtido de massa choux que
é aquela massa oca usada no preparo de carolina de padaria, bombas, profiteroles e outras
sobremesas).
2. Fermento biológico: São os fermentos a base de micro-organismos, como culturas puras de
leveduras Saccharomyces cerevisiae. São obtidos por procedimento tecnológico adequado e
empregado para dar sabor, volume e porosidade dos produtos forneados. Dependendo da forma de
apresentação, são designados como: Fermento biológico ou Levedura ativa. Os quais, dependendo do
teor de umidade, serão classificados em: a) Fermento fresco, também denominado Fermento prensado
ou Fermento verde ou Levedura prensada; b) Fermento Seco, também denominado Fermento
desidratado ou Levedura seca. Para que o fermento biológico possa reagir, é necessária a presença de
glicose (proveniente da própria farinha ou adicionada), que servirá de alimento para a levedura. Após
a ingestão do açúcar o metabolismo microbiano a transformará em álcool e gás carbônico, que na
presença do calor realizará o crescimento da massa. Este fermento caracteriza-se pela ação lenta,
requer tempo e temperatura para produção e expansão do CO2. Em geral, é utilizado para produção
de todos os tipos de pães e massas de pizzas.
3. Fermento Químico: é o produto formado de substância ou mistura de substâncias químicas que,
pela influência do calor e/ou umidade, produz desprendimento de gás capaz de expandir massas
elaboradas com farinhas, amidos ou féculas, aumentando-lhes o volume e a porosidade. Basicamente,
os fermentos químicos são constituídos de uma mistura de pirofosfato ácido de sódio, bicarbonato de
sódio e fécula de mandioca. Entretanto, um grande número de outras substâncias podem fazer parte
da formulação deste produto, tais como os ácidos cítrico, fosfórico, fumárico, málico, lático, tartárico;
citratos; fosfatos, dentre outros. Os fermentos químicos são empregados no preparo de pães especiais,
broas, biscoitos, bolachas e produtos afins de confeitaria. Em excesso, podem resultar em sabor
desagradável (sabão/alumínio).
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Efeito do aquecimento e estrutura da massa:
Durante o aquecimento ocorre os seguintes eventos: a) a proteína desnatura e perde H2O para
o meio; b) esta água é utilizada pelo amido para sua gelatinização; c) açúcares e proteínas sofrem
reação de Maillard produzindo aroma e coloração marrom superficial.
Uso de excesso de fermento ou a temperatura inicial muito baixa (vai ocorrer perda de gases
antes da desnaturação proteica), pode resultar em mal crescimento da massa e/ou provocar o colapso
(massa cede e murcha).
Endurecimento do pão:
O endurecimento do pão (staling em inglês) resulta de um processo mais complexo do que a
simples perda de umidade. Ele ocorre devido à retrogradação do amido (recristalização das regiões
lineares do amido) conforme figura 14, com liberação de água (sinérese) que se perde por evaporação.
O resultado é o endurecimento da massa e diminuição da friabilidade (desintegração ou
fragmentação) da textura superficial.
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Bolacha: diferente do que acontece com o pão, na bolacha espera-se um espalhamento da massa
(laminar). Para isto é essencial um crescimento pequeno e rápido somente durante o aquecimento e
neste caso, pode usar como fermento o bicarbonato de amônio que forma CO2 e NH3 por
aquecimento a 50 - 60 °C. Os furinhos da bolacha também ajudam a laminação.
A soja (Glycine max) é uma leguminosa da família Fabaceae, a qual inclui também grãos
como o feijão, a lentilha e a ervilha. A soja é a leguminosa mais utilizada em processos industriais,
sendo empregada principalmente para extração de óleo. Mas seu material não oleoso também é
matéria prima para outros produtos como molho de soja, leite de soja, proteína de soja, soja em grão
etc. e também como ração animal. É um grão rico em óleo, proteínas e sais minerais. Os principais
minerais são: potássio, cálcio, magnésio, fósforo, cobre e zinco. Também é fonte de algumas
vitaminas do complexo B, como a riboflavina e a niacina, e também em vitamina C (ácido ascórbico).
Porém é pobre em vitamina A e não contém vitamina D e B12.
Composição química da soja: Em média, a soja possui 40% de proteínas, 20% de lipídios (óleo),
24% de carboidratos (açúcares como glicose, frutose e sacarose, fibras (casca) e os oligossacarídeos
como rafinose e estaquiose), 5% de cinzas (minerais) e 11% de água. A soja não possui amido. Entre
as proteínas de soja, a glicinina e a β-conglicinina são as mais importantes e, em combinação,
representam mais de 70% das proteínas totais da soja.
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Estudos também sugeriram que estas agliconas têm maior efeitos preventivos e inibitórios em casos
de câncer de mama e próstata e são também indicadas como repositores de hormônios femininos.
Glicosídeo Aglicona
R1 R4 Composto R3 R4 Composto
H H Daidzina H H Daidzeína
H OH Genistina H H Genisteína
OCH3 H Glicitina OCH3 H Gliciteína
Figura 15. Ação da β-glucosidade e isoflavonas da soja
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em órgãos de armazenamento como as sementes durante o processo de desenvolvimento. Os α-
galactosídeos mais conhecidos são a rafinose, a estaquiose, a verbascose e ajugose. Estes compostos
são galactosídeos α (1 → 6) ligado ao C-6 da porção de glucose da sacarose.
Altos níveis de α-galactosídeos foram relatados como efeitos nutricionais negativos, incluindo
a flatulência devido à fermentação anaeróbica de α-galactosídeos no intestino. A ingestão de grandes
quantidades de legumes é conhecida por causar flatulência em humanos e animais monogástricos.
Acumulação de flatus no trato intestinal resulta em desconforto, roncos abdominais, cólicas, dor e
diarreia. Membros da família da OFR não são digeridos pelo humano porque a sua mucosa intestinal
não produz a enzima hidrolítica α-galactosidase e estes açúcares inteiros não são capazes de passar
através da parede intestinal. A microflora no intestino grosso então metaboliza estes oligossacarídeos
e produzem grandes quantidades de dióxido de carbono, hidrogênio e pequenas quantidades de
metano e ácidos graxos de cadeia curta, além de reduzir o pH.
Para evitar a flatulência, sugere-se que seja feita uma previa extração destes compostos
(maceração em agua) e que também a soja seja bem cozida para desnaturar os fatores antinutricionais
que contem.
Por outro lado, estes mesmos α-galactosídeos apresentam efeito benéfico à saúde como efeito
probiótico. Os prebióticos são ingredientes alimentares não digeríveis que afetam beneficamente o
hospedeiro ao estimular seletivamente o crescimento e/ou a atividade certas bactérias no cólon. Isto
implica que eles resistem à hidrólise pelas enzimas digestivas e/ou não são absorvidos na parte
superior do trato gastrointestinal e passam para o intestino grosso onde promovem o crescimento de
Bifidobacterium e Lactobacillus. Em resumo, os α-galactosídeos apresentam efeitos fisiológicos
dualistas: Eles atuam como fatores antinutricionais ou compostos benéficos (Fig. 16) dependendo das
doses nas quais o eles são consumidos. Pode-se sugerir que doses diárias eficazes de α-galactosídeos
para obter benefícios para a saúde são 3 g/dia, enquanto doses mais elevadas podem causar problemas.
O sabor e odor desagradáveis da soja são devidos a compostos de baixo PM produzidos
(radicais livres e hidroperóxidos) durante a desintegração do grão em água, pela ação da lipoxigenase
sobre os lipídeos da soja. A lipoxigenase é uma enzima naturalmente presente no grão de soja. O
aquecimento após a desintegração inativa a lipoxigenase, mas por mais rápido que seja feito, ainda
se formam os compostos indesejáveis. O tratamento térmico antes de desintegração reduz o teor de
proteínas solúveis no produto final.
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Figura 16. Efeito dualista da soja na alimentação. Rafinose (galactose, glicose e frutose)
O grão soja por esmagamento fornece:
• Óleo
• resíduo de elevado teor proteico (Farinha desengordurada)
Da farinha desengordurada (obtém-se):
• Concentrado 70% proteína
• Isolado > 95% proteína
A soja é uma das plantações que estão sendo geneticamente modificadas em larga escala, e
utilizada em inúmeros produtos alimentícios. Cerca de 85% da soja cultivada no Brasil é transgênica
(a empresa Monsanto controla o mercado de soja transgênica). É grande a polêmica sobre a soja
transgênica: os seus defensores alegam que é um recurso tecnológico que aumentará a produção
agrícola, enquanto que seus críticos alegam que ela poderá reduzir a diversidade dos alimentos.
Produtos da soja
1. Concentrado proteico de soja:
Obtido da farinha de soja desengordurada. Neste caso emprega-se um processo de extração mais
simples, obtendo uma proteína menos pura. Na maioria das vezes faz-se por extração alcoólica,
preservando a presença de alguns carboidratos e possui cerca de 65% de proteínas. A sua utilização
na indústria alimentícia é amplamente difundida como "fortificante proteico" e base nutricional de
alimentos liofilizados.
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2. Isolado proteico de soja:
Obtido da farinha de soja desengordurada. Neste caso emprega-se um processo de extração mais
completo, obtendo uma proteína mais pura. Envolve a utilização de processos químicos ou
mecânicos, empregando o tratamento termico, maceração e utilização de água ou álcool e possui cerca
de 90% de proteína. A sua utilização está inserida na produção de compostos dietéticos e
dietoterápicos. O processo de extração deve levar em consideração as isoflavonas, diretamente
envolvidas com o fator de proteção cardiovascular atribuído à soja. Há evidencia na literatura que a
extração aquosa preserva as isoflavonas.
4. Leite de soja: O leite de soja, obtido conforme apresentado na figura 18, é consumido por um
número cada vez maior de pessoas, especialmente aquelas que têm alergias ao leite de vaca. E preciso
ter os mesmos cuidados com extração de açúcares flatulentos e aquecimento para inativação de
fatores antinutricionais.
Fabricação: Para obtê-lo, primeiro a soja é colocada, por algumas horas, de molho (macerado) em
água quente para inativar as enzimas que produzem gosto desagradável. Depois de removidas as
cascas, os grãos são triturados junto com a água até formar um purê consistente que é imediatamente
cozido.
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Tabela 10. Composição química do "leite" de soja e do leite de vaca
Componentes “Leite”de soja (%) Leite de vaca (%)
5. Temphe (tempê): Originário da Indonésia é outro alimento feito a partir dos grãos de soja
descascados, triturados, cozidos e sobre os quais é inoculado um fungo, o Risopus oligosporus, para
que ocorra a fermentação (Fig. 19). Com o crescimento do fungo, forma-se sobre a massa de soja
uma fina camada esbranquiçada, semelhante à do queijo brie e camembert (nesse caso o fungo
utilizado é o Penicillium). Depois de pronto, o temphet, com um sabor que lembra o do bacon, é
cortado em pequenos tabletes, que podem ser consumidos ao natural ou fritos. Graças à ação do fungo,
o temphet ganha significativa dose de vitamina B12, o que é difícil de se encontrar em alimentos de
origem vegetal.
7. Tofu (Queijo de soja): Muito popular no Japão, o tofu (Fig. 20) é uma espécie de queijo, obtido a
partir do leite de soja coagulado. Os grãos de soja são aquecidos e esmagados para produzir o leite de
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soja (6% de sólidos). A seguir ele é aquecido (70 - 85 °C) e adicionado de um agente coagulante
como o sulfato de cálcio ou magnésio ou cloreto de cálcio (2-3%), cuja função é aglutinar as proteínas
formando uma massa branca, gelatinosa e bastante frágil (coagulação química, diferente do queijo de
leite animal onde se utiliza a coagulação biológica ou enzimática). O coagulo de soja resultante é
prensado, cortado e resfriado em água fria se transformando no tofu. Às vezes é chamado queijo de
soja e é vendido em blocos empacotados em água. Altamente nutritivo, rico em proteínas e ácidos
graxos poli-insaturados e de fácil digestão, o tofu não tem gosto do queijo tradicional. Na verdade,
não tem gosto, e por isso, pode ser temperado ou usado na culinária em inúmeros pratos: refogados,
pastéis, patês, em sopas, cozido com vegetais, no forno, sob a forma de molhos e pastas, etc.
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Referências Bibliográficas
1 - Bobbio, F. O. e Bobbio, E. A., Química do Processamento de Alimentos - 2ª Ed. Livraria
Varela. 2001.
2 - Srinivasan Damodaran, Kirk L. Parkin & Owen R. Fennema, Química de Alimentos -
Artmed, 2010
3 - Bobbio, F. O. e Bobbio, P. A., Introdução à Química dos Alimentos - 2ª Ed. Livraria
Varela.2003.
4 - Fennema, O. R., Principles of Food Science. Part 1: Food Chemistry - Marcel Dekker Inc. 1976
5 - Cheftel e Cheftel. Introduccion a la Bioquímica e Tecnologia de los Alimentos - Ed. Acribia.
1977
6 - Belitz, A. D., Química de los Alimentos - Ed. Acribia. 1988
7- Lajolo, Franco Maria; Mercadante, Adriana Zerlotti. Química e bioquímica dos alimentos. Editora
Atheneu, Rio de Janeiro, 2018, 420 p.
8- Araújo, W. M. C.; Montebello, N. De. P.; Botelho, R. B. A.; Borgo, L. A. Alquimia dos
alimentos. Editora SENAC. Brasília, 2007.
9- Araújo, J. M. A. Química de alimentos - teoria e prática. Viçosa: Imprensa Universitária, 1995.
332p.
10 - Ribeiro, E. P. Seravalli, E. A. G. Química de Alimentos. São Paulo, Edgard Blücher, 2 ed, 2007.
11- Crick, F. H. (1958). «On protein synthesis». Symposia of the Society for Experimental Biology:
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12 - Christiano Vieira pires; Maria Goreti de Almeida oliveira; José César rosa; Neuza Maria Brunoro
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Tecnol. Aliment., Campinas, 26(1): 179-187, jan.-mar. 2006
13 - Maria Hayes. Measuring Protein Content in Food: An Overview of Methods. Foods 2020, 9,
1340; doi:10.3390/foods9101340
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Aula Pratica: Preparação do glúten
MATERIAL
- Vasilhas de plástico
- Becker
- Estufa
- Farinha de trigo, Fermento biológico, Açúcar (sacarose) e óleo.
PROCEDIMENTO
I - OBTENÇÃO DO GLÚTEN
- Pesar 400g de farinha de trigo na vasilha plástica adicionar, aos poucos, 200 mL de água
e amassar bem (cerca de 10 minutos) até que se forme uma massa firme.
- Retirar aproximadamente ¼ desta massa para fazer o pão conforme seção II
- Comece a lavar os outros ¾ em água da torneira, lavando bem devagar no início.
- Continue a amassar lavando em água corrente até que a água não apresente mais cor branca
(perdeu todo o amido).
- Prossiga conforme a seção III
DISCUSSÃO / RELATÓRIO
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