Jandevaldo Felipe Dos Santos
Jandevaldo Felipe Dos Santos
Jandevaldo Felipe Dos Santos
PUC-SP
São Paulo
2017
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
São Paulo
2017
Banca Examinadora
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Dedicatória
AGRADECIMENTOS
This dissertation is focused on studies of contact zones and the cultural meetings
between native Brazilian people and Jesuits missionaries in Portuguese America,
dated by sixteenth century. For noticing the stress and conflicts, we choose analyses
some letters written by priest Jose de Anchietain reference to the missionary
activities in the cities of Sao Vicente and Piratininga (1554 1570). Based on an
interdisciplinary premise, in cooperation with Anthropology and History references
about the theme, the proposal of our analysis is identifying references in the
missionary letters which allow us to think how native Brazilian people were instructed
about religion and how they resisted to the new culture that they were being forced
to, as well as the challenges and possible contradictions shown in the Colonizer’s
praxis. We intend, this way, contribute to the knowledge expansion about the
introduction of the Catholicism in Brazil by sixteenth century, in the context of
Science of Religion.
INTRODUÇÃO........................................................................................................10
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................71
ANEXO...................................................................................................................74
10
INTRODUÇÃO
1
Para melhor entendimento deste assunto, ver O Apetite da Antropofagia. Segundo capítulo: O Canibalismo,
p. 133-196.
19
cultural dos missionários tal prática devia ser extirpada, o mais cedo possível;
constituía um desafio e uma ameaça ao sucesso da implementação do catolicismo.
Na América Portuguesa, a prática da Antropofagia é combatida e condenada pelas
missões. Há, um espanto por parte dos missionários diante do hábito antropofágico.
Para Link,
O que interessa sobretudo é o fato de que os cabelos
2
Para um aprofundamento, ver Link, Luther. O diabo. A máscara sem rosto. Nesse contexto, Link acompanha
a iconografia do diabo durante treze séculos. As ilustrações presentes no texto são esclarecedoras.
20
Anchieta usa os mais diversos recursos para vitalizar a figura do diabo, uma
delas é a da onça. Numa das cartas, que escreveu descrevendo seu trabalho
evangelizador, em São Vicente, relata mortes indígenas causadas por onças.
3
Sobre a presença jesuítica no Extremo Oriente e a tensão provocada pelo desafio de (não) compreender as
culturas locais, sugerimos a leitura de AdoneAgnolin, História das Religiões, Cap. 6 Religião e Civitas no
Renascimento, especialmente pp. 272-283.
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QuiricioCaxa, nascido na Espanha, membro da Companhia de Jesus desde 1559, de notória sabedoria,
carregava as características de um grande intelectual, tinha grande influência nas decisões da Ordem,
professor e teólogo, veio ao Brasil em 1563, logo foi trabalhar com seu companheiro José de Anchieta, com o
qual dividiu trabalhos no Novo Mundo. Os escritos da Companhia o colocam como sucessor do Pe. Manuel
de Nobrega, como afirma o historiador Serafim Leite, autor da introdução da biografia de Anchieta. Logo após
a morte de Nobrega, assumiu as decisões complexas da Província.
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estar ociosos: antes com o muito fervor que êle tinha e grande
zêlo da perfeição os trazia abrasados em fervor de devoção,
mortificados e todas as mais virtudes com vivo exemplo e
contínuas praticas espirituais... ...Chegando, pois, o Ir. José a
S. Vicente, logo o Pe. Nóbrega ordenou lêsse gramática aos
nossos e a muitos moços de fora, filhos de portugueses. O
qual ele fez por muitos anos em Piratininga. (ANCHIETA, 15??
[1984, p.?).
ANCHIETA
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Este capítulo tem por finalidade, fazer uma investigação com o objetivo de
identificar e compreender os indícios, que possibilitem identificar na narrativa do Pe.
José de Anchieta fundamentos para construção de uma imagem heroica dos
missionários e também de uma terra atrativa para os futuros missionários
trabalharem o processo de evangelização.
José Einsenberg fez alusão tanto ao poder exercido pela Ordem, como a
importância da escrita, sendo detentora de pensamentos da Instituição. Como fonte
histórica é de extrema importância para o estudo do Brasil colonial.
p. 18).
Inácio de Loyola, como primeiro superior geral, teve muito claro que havia
de produzir uma imagem da Companhia através das letras. Qualquer notícia deveria
primeiro edificar, e para conseguir a consolação nada melhor que mostrar os
avanços da gloria divina nas obras e ações apostólicas dos padres e irmãos. Sendo
este o objetivo, a missiva não poderia ser deixada ao acaso das impertinências
cotidianas do padre ou á intensidade de seus sentimentos espirituais. Escrevendo
para serem lidas por muitos outros, os padres deveriam ter a consciência de que
estavam produzindo um texto para, ser interpretado e lembrado.
Moreau:
5
Para aprofundamento deste assunto, ver Gloria Kok, na obra: Os vivos e os mortos na América portuguesa:
da antropofagia à água do Batismo. p. 96-102.
43
Vários índios mostravam interesse pela nova fé, alguns casos são
destacados pelo missionário, que se mostra satisfeito e enfatiza para os superiores
o desenvolvimento do trabalho da evangelização. Ênfase dada ao caso de uma
criança indígena, que no calor da enfermidade pedia para ser levada a igreja,
mostrando de forma clara a influência e almejo pela nova religião cristã.
seguintes características (duas vias) que a configuravam com o perfil desejado por
Inácio de Loyola como descrito no trecho abaixo.
projeto missionário. Isto fica claro nas descrições das cartas mensais, que
informavam sobre o proceder dos estudantes. Seus desempenhos e devoção ao
trabalho eclesiástico.
INDIOS
Mariado Rosário
Optamos fazer nossa análise a partir da carta (5), escrita em São Vicente,
datada de 1º de junho de 1560, destinada ao Geral Pe. Diogo Laínes (1512-1565)
em Roma. Essa carta revela fatos importantes do trabalho missionário, das
dificuldades encontradas na conversão indígena, o que nos possibilita fazer uma
abordagem voltada para o desenvolvimento da evangelização jesuíta. Com seus
momentos de consolação e de desanimo frente as dificuldades. O que explica do
envio de cartas, para que pudessem ser orientados, segundo os critérios
estabelecidos pela hierarquia jesuítica. Adotamos o método de comentar as
citações por nós selecionadas, que facilita, tanto a leitura, quanto a reflexão
posterior.
sem responder mais palavra alguma” a resistência à conversão era uma forma de
manter sua identidade ao seus costumes ancestrais. Costumes, que os ligava a
tribo. Na mesma carta, encontramos vestígios, que nos possibilita entender as,
dificuldades jesuítas para realizar, correções no projeto missionário e na vida
indígena. Ao fechar os ouvidos, evitando assim envolver-se com a religião, que lhe
era anunciada, o índio demostrava com sua atitude de rejeição a nova religião e um
vínculo forte a sua gente, a sua cultura. A não relação com a nova religião oferecida
pelos missionários, aflora de maneira muito significativa na carta. Desde o início da
mensagem cristã, para eles os indígenas eram inconstantes.
6
Eduardo Viveiros de Castro aprofunda essa discussão, na obra A Inconstância da Alma selvagem. Onde dedica
o terceiro capitulo a desenvolver a inconstância indígena (p. 181-264).
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usadas foram os aldeamentos, que para Cristina Pompa7, não tinham o objetivo de
desarticular o espaço indígena, uma vez que índios influenciavam nas
características das aldeias. O que nos chama atenção é a proposta de manter os
índios dentro de um espaço controlado pelos padres jesuítas, ditando sua forma de
proceder, como vestir, se comportar. Eis aí, os sinais de que o plano eclesiástico
tridentino não estava conseguindo solucionar os problemas relacionais com os
índios. Destruindo a ideia de que na nova terra existia um povo sem pecado e sem
religião, uma tabula rasa.
7
Para maior aprofundamento deste assunto, ver POMPA, Cristina.Religião como Tradução. Mais precisamente
o segundo capítulo: A missão no Brasil. Onde a autora descreve o processo missionário Jesuíta. Cf. p. 57-80.
56
8
Para aprofundamento dessa questão ver Maria Antonieta Antonacci, Memória ancorada em corpos negros,
no capítulo 6, Decolonialidade de corpos e saberes. A autora tece considerações sobre a representação do
corpo e os saberes negligenciados por parte dos colonizadores. Cf. 333-372.
58
Poligamia, este costume foi uma prática combatida pelos jesuítas com
relação aos indígenas e também com aos próprios cristãos. Esta prática foi motivo
de muita preocupação por parte os Jesuítas. Na prática missionária os jesuítas
procuravam realiza os casais indígenas na tentativa de firmar o matrimônio nos
moldes da concepção cristã. Era comum aos índios possuírem mais de uma
mulher.
9
Para melhor entendimento deste assunto, ver AdoneAgnolin. O historiador trata do batismo na concepção
pós concilio de Trento. Com suas reorganizações doutrinais por motivos políticos que levaram a Europa a
reorganizações profundas e concretas. Também trabalha as dificuldades linguísticas dos jesuítas para
realização do batismo indígena. (Cf. Agnolin, Adone. Jesuítas e Selvagens: A negociação da fé. São Paulo.
Humanitas Editorial, 2007, pp. 168-172; 304).
62
mesmos.
3.2 As cartas de Anchieta: revelando sinais das influências jesuítas nas tradições
indígenas.
65
Como nos diz Gasbarro, a História das religiões já fora projetada com o
objetivo de responder a questões implícitas do pensamento europeu. É bem sabido
que o olhar para o novo mundo tinha uma roupagem própria. No processo de
evangelização a cultura religiosa jesuíta visa ditar regras, estabelecer critérios
normatizando a vida indígena e tentando manter as missões.
66
espaço de encontro colonial. Como as cartas são objetos de nosso estudo e trazem
em si o universo estudado, recorremos a elas.Nelas pode-se perceber claramente
o imaginário cristão e principalmente o dos missionários além disso elas revelam
sinais de coerção na relação desenvolvida entre as culturas em questão no espaço
colonial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
E por fim, esta pesquisa lhes deixa com um pouco do que se desencadeou
na relação entre índios e missionário jesuítas na zona de contato no Brasil no inicio
do século XVI.
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ANEXOS
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77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
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