Prova Discursiva Comentada Age - MG 2023

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AGE/MG - PROVA COMENTADA

PROVA DISCURSIVA DA AGE/MG COMENTADA

Acerca das regiões metropolitanas, a Constituição Federal de 1988 assim


estabelece:

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições


e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.

(...)

§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir


regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções
públicas de interesse comum.

A Lei 13.089/15 (Estatuto da Metrópole), por sua vez, conceitua região


metropolitana da seguinte forma:

Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se:

(...)

VII - região metropolitana: unidade regional instituída pelos


Estados, mediante lei complementar, constituída por

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agrupamento de Municípios limítrofes para integrar a


organização, o planejamento e a execução de funções públicas de
interesse comum;

O Estatuto da Metrópole também estabelece as regras para instituição das regiões


metropolitanas:

Art. 3º Os Estados, mediante lei complementar, poderão instituir


regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, constituídas por
agrupamento de Municípios limítrofes, para integrar a
organização, o planejamento e a execução de funções públicas de
interesse comum.

§ 1º O Estado e os Municípios inclusos em região metropolitana


ou em aglomeração urbana formalizada e delimitada na forma do
caput deste artigo deverão promover a governança
interfederativa, sem prejuízo de outras determinações desta Lei.

§ 2º A criação de uma região metropolitana, de aglomeração


urbana ou de microrregião deve ser precedida de estudos técnicos
e audiências públicas que envolvam todos os Municípios
pertencentes à unidade territorial.

Art. 4º A instituição de região metropolitana ou de aglomeração


urbana que envolva Municípios pertencentes a mais de um
Estado será formalizada mediante a aprovação de leis
complementares pelas assembleias legislativas de cada um dos
Estados envolvidos.

Parágrafo único. Até a aprovação das leis complementares


previstas no caput deste artigo por todos os Estados envolvidos, a
região metropolitana ou a aglomeração urbana terá validade
apenas para os Municípios dos Estados que já houverem aprovado
a respectiva lei.

Art. 5º As leis complementares estaduais referidas nos arts. 3º e


4º desta Lei definirão, no mínimo:

I – os Municípios que integram a unidade territorial urbana;

II – os campos funcionais ou funções públicas de interesse comum


que justificam a instituição da unidade territorial urbana;

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III – a conformação da estrutura de governança interfederativa,


incluindo a organização administrativa e o sistema integrado de
alocação de recursos e de prestação de contas; e

IV – os meios de controle social da organização, do planejamento


e da execução de funções públicas de interesse comum.

§ 1º No processo de elaboração da lei complementar, serão


explicitados os critérios técnicos adotados para a definição do
conteúdo previsto nos incisos I e II do caput deste artigo.

§ 2º Respeitadas as unidades territoriais urbanas criadas


mediante lei complementar estadual até a data de entrada em
vigor desta Lei, a instituição de região metropolitana impõe a
observância do conceito estabelecido no inciso VII do caput do art.
2º.

Portanto, quanto ao aspecto FORMAL observa-se que tanto a CF/88 quanto o


Estatuto da Metrópole estabelecem que a região metropolitana deve ser criada
por LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL e deve abranger municípios
LIMÍTROFES.

No caso concreto, a constitucionalidade formal será verificada caso a lei seja


complementar (o enunciado não explicita se é ordinária ou complementar) e
também se os municípios forem limítrofes (o enunciado fala em proximidade
física). A iniciativa, por sua vez, está correta.

Quanto ao aspecto MATERIAL, a discordância dos Municípios X e Y não


acarretaria qualquer consequência prática, visto que a legislação não impõe a
concordância como requisito para formalização da região metropolitana, mas
apenas a realização prévia de estudos técnicos e audiências públicas que
envolvam todos os Municípios pertencentes à unidade territorial.

Todavia, a detenção de 60% dos votos pelo Estado Alfa caracteriza indevida
concentração do poder decisório em um só ente-federado, o que contraria o
entendimento do STF firmado na ADPF 863, julgada em 16/05/2022:

Prevaleceu a tese da competência e da titularidade conjuntas, a


qual implica que deva existir, no seio da região metropolitana,
estrutura colegiada assecuratória da participação dos Municípios.
Ainda que o Supremo Tribunal Federal não tenha definido, de
maneira positiva, o desenho institucional a ser adotado pelas
regiões metropolitanas, assentou-se a proibição de que as
instituições colegiadas concentrem poder decisório em um

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só ente-federado. 3. O princípio da proibição de


concentração de poder acarreta um outro, seu consectário
lógico-normativo: não se pode admitir que a percepção dos
frutos da empreitada metropolitana comum aproveite a
apenas um dos entes-federados.

Quanto ao aspecto formal, o Decreto YY viola o art. 225, §1º, III, da CF/88:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder


Público:

(...)

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços


territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos,
sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei,
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos
atributos que justifiquem sua proteção.

No âmbito infraconstitucional, o Decreto também está em desacordo com o que


preconiza a Lei n. 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza – SNUC:

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Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do Poder


Público.

(...)

§ 7º. A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de


conservação só pode ser feita mediante lei específica.

Portanto, eventuais alterações, supressões, desafetação ou redução dos limites de


uma unidade de conservação apenas podem ser veiculadas mediante LEI em
sentido formal (princípio da reserva legal), sendo inviável que a matéria seja
tratada mediante Decreto.

Quanto ao aspecto material, o Decreto YY também se mostra inconstitucional por


violar o art. 225, caput da CF/88, notadamente porque a supressão de espaço
territorial especialmente protegido vulnera o dever de proteção e preservação do
meio ambiente e ofende os princípios da vedação do retrocesso e da proibição da
proteção insuficiente. Assim já entendeu o STF:

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.


DIREITO CONSTITUCIONAL AMBIENTAL. REDUÇÃO
DO TERRITÓRIO DA ÁREA DA PROTEÇÃO AMBIENTAL
DE TAMOIOS POR MEIO DE DECRETO ESTADUAL.
ART. 1º DO DECRETO 44.175/2013 DO ESTADO DO RIO
DE JANEIRO. INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA
RESERVA LEGAL. ART. 225, § 1º, III, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. PRECEDENTES. AFRONTA AO DEVER DE
PRESERVAÇÃO E AOS POSTULADOS DA VEDAÇÃO DO
RETROCESSO E DA PROIBIÇÃO DA PROTEÇÃO
INSUFICIENTE. ART. 225, CAPUT, DA LEI MAIOR.
PEDIDO JULGADO PROCEDENTE. I – A Área de Proteção
Ambiental de Tamoios foi reduzida por meio de Decreto estadual,
em violação ao princípio da reserva legal (art. 225, § 1°, III, da
CF). II – A supressão de extenso espaço territorial
especialmente protegido vulnera o dever de proteção e
preservação do meio ambiente (art. 225, caput, CF) e ofende
os princípios da vedação do retrocesso e da proibição da
proteção insuficiente. III - Ação direta de inconstitucionalidade
julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade da
expressão “com área total aproximada de 7.173,27 hectares",
contida no artigo 1º do Decreto 44.175/2013 do Estado do Rio de
Janeiro. (ADI 5676, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI,
Tribunal Pleno, julgado em 18/12/2021, PROCESSO

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ELETRÔNICO DJe-012 DIVULG 24-01-2022 PUBLIC 25-01-


2022)

a) a vedação ao nepotismo decorre diretamente dos princípios da Administração


Pública e foi definida na Súmula Vinculante 13 do STF:

SV 13-STF: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em


linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma
pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração
Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o
ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição
Federal.

A norma prevista na Constituição Estadual é constitucional, mas deve ser dada


interpretação conforme à Constituição no sentido de o dispositivo ser válido
somente quando incidir sobre os cargos de provimento em comissão, função
gratificada, cargos de direção e assessoramento. Isso porque o STF possui
entendimento consolidado no sentido de que essa vedação não pode alcançar os
servidores admitidos mediante prévia aprovação em concurso público,
ocupantes de cargo de provimento efetivo:

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EMENTA: AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. INCISO VI DO ART. 32 DA
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.
SERVIDOR PÚBLICO. NEPOTISMO. VEDAÇÃO AO
EXERCÍCIO DE FUNÇÕES SOB A DIREÇÃO IMEDIATA
DE CÔNJUGE OU PARENTE ATÉ O SEGUNDO GRAU
CIVIL. VIOLAÇÃO AO INCISO II DO ART. 37 DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL E AO PRINCÍPIO DA
ISONOMIA. INEXISTÊNCIA. PROIBIÇÃO QUE DECORRE
DO CAPUT DO ART. 37 DA CF. PROCEDÊNCIA
PARCIAL PARA EMPRESTAR INTERPRETAÇÃO
CONFORME A CONSTITUIÇÃO. INCIDÊNCIA
EXCLUSIVA SOBRE CARGOS DE PROVIMENTO EM
COMISSÃO, FUNÇÃO GRATIFICADA E CARGOS E
DIREÇÃO E ASSESSORAMENTO. (ADI 524, Relator(a):
SEPÚLVEDA PERTENCE, Relator(a) p/ Acórdão: RICARDO
LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 20/05/2015,
DJe-151 DIVULG 31-07-2015 PUBLIC 03-08-2015 EMENT
VOL-03992-01 PP-00001)

b) Sim. O STF possui entendimento consolidado no sentido de que a nomeação


do cônjuge de Prefeito/Governador para o cargo de Secretário
Municipal/Estadual, por se tratar de cargo público de natureza política, por si só,
não caracteriza ato de improbidade administrativa. Todavia, excepcionalmente
é possível que fique caracterizado o nepotismo mesmo em se tratando de cargo
político caso reste demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na
nomeação por manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade
moral do nomeado.

Ementa: NOMEAÇÃO PARA CARGOS POLÍTICOS DO


PRIMEIRO ESCALÃO DO PODER EXECUTIVO.
CRITÉRIOS FIXADOS DIRETAMENTE PELO TEXTO
CONSTITUCIONAL. EXCEPCIONALIDADE DA
APLICAÇÃO DA SV 13 NO CASO DE COMPROVADA
FRAUDE. INOCORRÊNCIA. NOMEAÇÃO VÁLIDA.
DESPROVIMENTO. PRECEDENTES. 1. O texto
constitucional estabelece os requisitos para a nomeação dos cargos
de primeiro escalão do Poder Executivo (Ministros), aplicados por
simetria aos Secretários estaduais e municipais. 2.
Inaplicabilidade da SV 13, salvo comprovada fraude na
nomeação, conforme precedentes (Rcl. 7590, Relator Min. DIAS

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TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 30/9/2014, DJe de


14/11/2014, Rcl 28.681 AgR, Primeira Turma, Rel. Min.
ALEXANDRE DE MORAES, Dje de 7/2/18; Rcl 28.024 AgR,
Primeira Turma, Rel, Min. ROBERTO BARROSO, Dje de
29/5/18). 3. Agravo interno ao qual se nega provimento. (Rcl
34413 AgR, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Primeira
Turma, julgado em 27/09/2019, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-220 DIVULG 09-10-2019 PUBLIC 10-10-2019)

a) É possível a aplicação da pena de demissão antes da conclusão da ação de


improbidade administrativa.

Súmula 651-STJ: Compete à autoridade administrativa aplicar a


servidor público a pena de demissão em razão da prática de
improbidade administrativa, independentemente de prévia
condenação, por autoridade judicial, à perda da função pública.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 21/10/2021.

Esse é o entendimento consolidado do STJ:

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(...) as sanções disciplinares previstas na Lei 8.112/90 são


independentes em relação às penalidades previstas na LIA,
daí porque não há necessidade de aguardar-se o trânsito em
julgado da ação por improbidade administrativa para que
seja editado o ato de demissão com base no art. 132, IV, do
Estatuto do Servidor Público Federal. (...) STJ. 1ª Seção. MS
15.848/DF, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 24/04/2013.

Isso porque deve prevalecer o princípio da independência das instâncias,


conforme preconiza o art. 12 da Lei 8.429/90, com a redação dada pela Lei nº
14.230/21:

Art. 12. Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do


dano patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de
responsabilidade, civis e administrativas previstas na legislação
específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às
seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:

Ademais, a pena de demissão não é de exclusividade do Poder Judiciário,


tratando-se de poder-dever da Administração apurar e punir os servidores que
eventualmente venham a cometer ilícitos de natureza disciplinar.

b) Não pode, pois o administrador não tem qualquer margem de


discricionariedade na aplicação da pena, tratando-se de ato plenamente
vinculado.

Súmula 650-STJ: A autoridade administrativa não dispõe de


discricionariedade para aplicar ao servidor pena diversa de
demissão quando caracterizadas as hipóteses previstas no art. 132
da Lei nº 8.112/90.

c) A Lei 14.230/21 promoveu diversas alterações na Lei de Improbidade


Administrativa (8.429/92), dentre elas o art. 18:

Art. 18. A sentença que julgar procedente a ação fundada nos


arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao ressarcimento dos danos e à
perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiridos,
conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo
ilícito. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)

§ 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa


jurídica prejudicada procederá a essa determinação e ao ulterior
procedimento para cumprimento da sentença referente ao

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ressarcimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos


bens. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

§ 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providências


a que se refere o § 1º deste artigo no prazo de 6 (seis) meses,
contado do trânsito em julgado da sentença de procedência da
ação, caberá ao Ministério Público proceder à respectiva
liquidação do dano e ao cumprimento da sentença referente ao
ressarcimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos
bens, sem prejuízo de eventual responsabilização pela omissão
verificada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

Portanto, o Estado deve promover o cumprimento da sentença referente ao


ressarcimento dos danos e à perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente
adquiridos. Caso haja necessidade de liquidação do dano, o Estado deve
proceder à devida liquidação antes de ingressar com o cumprimento de sentença.

Por fim, caso o Estado não adote qualquer providência no prazo de 6 meses a
partir do trânsito em julgado, cabe ao Ministério Público proceder à liquidação
do dano e ao ulterior cumprimento de sentença.

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a) Não. Após a alteração legislativa do Código Civil promovida pela Lei


13.146/15, apenas os menores de 16 anos são considerados absolutamente
incapazes.

Art. 3 o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os


atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.

b) A citação apenas poderia ser considerada nula se o executado comprovasse


que no momento da citação não podia exprimir a sua vontade, seja por causa
transitória ou permanente, nos termos do art. 4º, III, do C.C.:

Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira


de os exercer:

(...)

III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não


puderem exprimir sua vontade;

Não consta no enunciado da questão qualquer menção à comprovação da


incapacidade pelo executado, que não se desincumbiu do seu ônus probatório.
Ao contrário, o enunciado indica que o mandado retornou positivo, “sem
qualquer observação”, não havendo qualquer indicação do oficial de justiça
acerca de eventual incapacidade.

c) O prazo de suspensão do curso da execução por 1 ano, estabelecido no art. 40


da Lei de Execução Fiscal (Lei 6.830/80), começa a fluir a partir da primeira
ciência inequívoca da Fazenda Pública acerca da diligência infrutífera. No caso
em tela, o Estado não foi intimado acerca do retorno do mandado negativo de
penhora, de modo que o prazo de 1 ano sequer se iniciou.

Ademais, de acordo com a Súmula 106 do STJ, a demora por motivos inerentes
ao Judiciário não justifica o acolhimento da arguição de prescrição.

O STF já se pronunciou acerca da constitucionalidade do art. 40 da LEF:

É constitucional o art. 40 da Lei nº 6.830/1980 (Lei de Execução


Fiscal – LEF), tendo natureza processual o prazo de um ano de
suspensão da execução fiscal. Após o decurso desse prazo, inicia-
se automaticamente a contagem do prazo prescricional tributário
de cinco anos. STF. Plenário. RE 636.562/SC, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 17/02/2023 (Repercussão Geral – Tema 390)
(Info 1083).

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a) O pedido de recuperação em consolidação processual não é impositivo


(“poderão requerer”) e é aplicável aos devedores que atendam aos requisitos da
Lei e que integrem grupo sob controle societário comum.

Lei 11.101:

Art. 69-G. Os devedores que atendam aos requisitos previstos


nesta Lei e que integrem grupo sob controle societário comum
poderão requerer recuperação judicial sob consolidação
processual.

b) o Juízo competente é o do local do principal estabelecimento entre os dos


devedores.

Art. 69-G

(...)

§ 2º O juízo do local do principal estabelecimento entre os dos


devedores é competente para deferir a recuperação judicial sob
consolidação processual, em observância ao disposto no art. 3º
desta Lei.

c)

Lei 11.101/05

Art. 7º A verificação dos créditos será realizada pelo


administrador judicial, com base nos livros contábeis e
documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que

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lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o


auxílio de profissionais ou empresas especializadas.

§ 1º Publicado o edital previsto no art. 52, § 1º , ou no parágrafo


único do art. 99 desta Lei, os credores terão o prazo de 15 (quinze)
dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações
ou suas divergências quanto aos créditos relacionados.

(...)

Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em


juízo no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação
da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial,
sob pena de convolação em falência, e deverá conter:

(...)

Art. 55. Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao


plano de recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado
da publicação da relação de credores de que trata o § 2º do art. 7º
desta Lei.

d) Quando se trata de consolidação processual são mantidas as autonomias


subjetiva e objetiva dos devedores, vez que a norma estabelece que cada devedor
apresentará individualmente a documentação exigida, garantindo-se também a
independência dos devedores, dos seus ativos e dos seus passivos.

Art. 69-G (...)

§ 1º Cada devedor apresentará individualmente a documentação


exigida no art. 51 desta Lei.

(...)

Art. 69-I. A consolidação processual, prevista no art. 69-G desta


Lei, acarreta a coordenação de atos processuais, garantida a
independência dos devedores, dos seus ativos e dos seus passivos.

§ 1º Os devedores proporão meios de recuperação independentes


e específicos para a composição de seus passivos, admitida a sua
apresentação em plano único.

§ 2º Os credores de cada devedor deliberarão em assembleias-


gerais de credores independentes.

§ 3º Os quóruns de instalação e de deliberação das assembleias-


gerais de que trata o § 2º deste artigo serão verificados,

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exclusivamente, em referência aos credores de cada devedor, e


serão elaboradas atas para cada um dos devedores.

§ 4º A consolidação processual não impede que alguns devedores


obtenham a concessão da recuperação judicial e outros tenham a
falência decretada.

§ 5º Na hipótese prevista no § 4º deste artigo, o processo será


desmembrado em tantos processos quantos forem necessários.

Portanto, a consolidação processual não afasta a autonomia patrimonial das


sociedades em recuperação, pois devem apresentar listas de credores
individualizadas e ter o seu plano deliberado pela Assembleia Geral de Credores
em votações separadas por seus respectivos credores.

a) durante o período de afastamento em razão de licença por acidente do trabalho


é devido o depósito do FGTS pelo empregador, nos termos do art. 15, §5º, da Lei
8.036/90:

Art. 15. Para os fins previstos nesta Lei, todos os empregadores


ficam obrigados a depositar, até o vigésimo dia de cada mês, em
conta vinculada, a importância correspondente a 8% (oito por
cento) da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada
trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam
os arts. 457 e 458 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),

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aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e a


Gratificação de Natal de que trata a Lei nº 4.090, de 13 de julho
de 1962.

(...)

§ 5º O depósito de que trata o caput deste artigo é obrigatório nos


casos de afastamento para prestação do serviço militar obrigatório
e licença por acidente do trabalho.

b) em regra, a partir do 16º dia de afastamento a responsabilidade pelo


pagamento é do INSS. Todavia, se o INSS negar o pedido administrativamente e
o empregador reiterar a incapacidade para o trabalho, haverá o chamado “limbo
previdenciário”, situação em que não há nenhuma lei que obrigue a realização
do pagamento. Pelo que consta do enunciado, nem o empregador nem o INSS
fizeram qualquer tipo de pagamento durante o limbo previdenciário.

Por sua vez, o TST tem adotado o posicionamento no sentido de que o parecer
do INSS se sobrepõe aos demais. Assim, o empregador não poderia negar o
retorno do trabalhador, devendo arcar com a remuneração correspondente:

Logo, permanecendo o vínculo empregatício, é do Reclamado a


responsabilidade pelo pagamento dos salários após a alta
médica conferida pelo INSS até a determinação de
reintegração – tal como decidido. Insta destacar que, ante a
determinação de reintegração do Autor, inaplicável à hipótese a
Súmula 378/TST. […]” (g.n.) (TST, 3ª Turma, Ag n.
8193920135050511, Relator: Mauricio Godinho Delgado,
Julgamento: 11/05/2022, Publicação: 20/05/2022)

A TNU, por sua vez, fixou a seguinte tese no Tema 300:

Quando o empregador não autorizar o retorno do segurado, por


considerá-lo incapacitado, mesmo após a cessação de benefício por
incapacidade pelo INSS, a sua qualidade de segurado se mantém
até o encerramento do vínculo de trabalho, que ocorrerá com a
rescisão contratual, quando dará início a contagem do período de
graça do art. 15, II, da Lei n. 8.213/1991.

Portanto, é consectário lógico da manutenção da condição de segurado que o


empregador deve manter o vínculo empregatício com o correspondente
pagamento das parcelas devidas.

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c) quem irá receber a pensão por morte serão os dois filhos menores e o cônjuge,
pois pertencem à mesma classe (“classe I”), excluindo do direito às prestações os
dependentes das classes seguintes:

Lei 8.213:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social,


na condição de dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não


emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos
ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou
deficiência grave;

II - os pais;

(...)

§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste


artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes.

(...)

§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é


presumida e a das demais deve ser comprovada

d) os dois filhos menores receberão a pensão por morte até completarem 21 anos,
nos termos do art. 77, §2º, II, da Lei 8.213:

Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionista,


será rateada entre todos em parte iguais.

(...)

§ 2º O direito à percepção da cota individual cessará:

(...)

II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os


sexos, ao completar vinte e um anos de idade, salvo se for inválido
ou tiver deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave;

Já o cônjuge receberá a pensão por morte durante 4 meses, pois no momento do


óbito o casamento tinha apenas 1 ano de vigência, aplicando-se a regra do art. 77,
§2º, V, “b”:

§ 2º O direito à percepção da cota individual cessará:

V - para cônjuge ou companheiro:

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b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado


tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o
casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de
2 (dois) anos antes do óbito do segurado;

quando cessar a pensão por morte do cônjuge, sua cota reverterá aos dois filhos
menores até completarem 21 anos:

Art. 77:

§ 1º Reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito à


pensão cessar.

a) O Presidente do TJ deve promover, nos 30 dias subsequentes, limitação de


empenho e movimentação financeira segundo critérios fixados pela LDO,
conforme estabelece o art. 9º da LRF:

Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da


receita poderá não comportar o cumprimento das metas de
resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas
Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato

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próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias


subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira,
segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

b) Sim, caso constatada inércia dos Poderes Legislativo, Judiciário e do MP, o


Executivo pode promover a limitação dos valores financeiros, nos termos do art.
9º, §3º da LRF:

§ 3o No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério


Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no
caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores
financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes
orçamentárias.

c) Não, porque não foi atingido o limite de gasto com pessoal que, para os
Estados, é de 60% da RCL. Ademais, ainda que tivesse sido extrapolado o limite,
a proibição de contratação de operação de crédito não atingiria aquela destinada
ao pagamento da dívida mobiliária.

LRF:

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da


Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de
apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os
percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:

(...)

II - Estados: 60% (sessenta por cento);

Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido


no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem
prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual excedente
terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo
menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as
providências previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da Constituição.

(...)

§ 3º Não alcançada a redução no prazo estabelecido e enquanto


perdurar o excesso, o Poder ou órgão referido no art. 20 não
poderá: (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021)

I - receber transferências voluntárias;

(...)

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III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao


pagamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das
despesas com pessoal.

a) Não. Isso porque o disposto no § 3º do artigo 2º da Lei 6.830/80 somente se


aplica aos créditos não tributários da Fazenda Pública.

O STJ tem entendimento consolidado no sentido de que o CTN, por ter sido
recepcionado como lei complementar, prevalece em relação à Lei de Execuções
Fiscais (lei ordinária). Não pode, portanto, lei ordinária estabelecer prazo
prescricional da execução fiscal previsto em lei complementar.

Lei 6.830/80:

Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela


definida como tributária ou não tributária na Lei nº 4.320, de 17
de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui
normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos
orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e
do Distrito Federal.

(...)

§ 3º - A inscrição, que se constitui no ato de controle


administrativo da legalidade, será feita pelo órgão competente
para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a

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prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a


distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo
aquele prazo.

b) Nos termos do art. 156, V, do CTN, a prescrição extingue o crédito tributário.


O STJ, por sua vez, possui entendimento consolidado no sentido de que a
prescrição tributária extingue o próprio crédito tributário, e não apenas a
pretensão do exercício do direito de ação.

Nesse sentido, a prescrição tributária não é passível de renúncia pelo


contribuinte. Em outras palavras, ainda que o contribuinte parcele o débito, ou
pague o tributo após a prescrição, o ato é inválido, devendo o tributo ser
restituído.

CTN:

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

(...)

V - a prescrição e a decadência;

STJ:

(...) Assim, a prescrição não está sujeita à renúncia por parte do


devedor, haja vista que ela não fulmina apenas o direito de ação,
mas também o próprio crédito tributário, nos termos do art. 156,
V, do CTN, de modo que a jurisprudência desta Corte Superior
orienta que a renúncia manifestada para fins de adesão à
parcelamento é ineficaz à cobrança de crédito tributário já
prescrito. Precedentes: AgInt no AREsp 312.384/RS, Rel.
Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em
08/06/2017, DJe 08/08/2017; AgRg no AREsp 743.252/MG, Rel.
Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em
08/03/2016, DJe 17/03/2016; e AgRg no REsp 1.191.336/RN,
Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe de
30/09/2014.

Na hipótese dos autos, o Tribunal de origem, em desconformidade


com a orientação jurisprudencial deste Superior Tribunal de
Justiça, entendeu pela impossibilidade de oposição de defesa acerca
do direito renunciado, de modo que está correto o provimento do
recurso especial a fim de que seja processada exceção de pré-
executividade quanto à alegação de prescrição do crédito
tributário, aspecto jurídico do crédito tributário. Agravo interno

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desprovido. (AgInt no AgInt no AREsp 1343161/SP, Rel.


Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 16/12/2019, DJe 19/12/2019)

c) O prazo decadencial para o lançamento suplementar de tributo sujeito a


homologação recolhido a menor em face de creditamento indevido é de 5 anos
contados do fato gerador, conforme a regra prevista no art. 150, § 4º, do CTN.

CTN:

Art. 150 (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele
de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado
esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto
o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou
simulação.

STJ:

(...) III. O termo inicial do prazo decadencial de tributo sujeito a


lançamento por homologação - como é o caso, em regra, do ICMS
-, depende da circunstância de ter o contribuinte antecipado, ou
não, o pagamento da exação. Com efeito, nos termos da Súmula
555 do STJ, "quando não houver declaração do débito, o prazo
decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário
conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos
casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de
antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa" (PRIMEIRA SEÇÃO, DJe de 15/12/2015). Ou
seja, não antecipado o pagamento, o prazo decadencial inicia-se no
primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido
efetuado o lançamento. Por outro lado, antecipado o pagamento
do tributo, o prazo decadencial observa o art. 150, § 4º, do CTN,
ou seja, desde a ocorrência do fato gerador inicia-se o prazo
decadencial para o lançamento suplementar, sob pena de
homologação tácita do lançamento. Nesse sentido: STJ, AgInt no
REsp 1.817.191/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,
SEGUNDA TURMA, DJe de 24/04/2020; AgInt no AgInt no
AREsp 1.229.609/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 24/10/2018.

(...)

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(AREsp n. 1.471.958/RS, relatora Ministra Assusete Magalhães,


Segunda Turma, julgado em 18/5/2021, DJe de 24/5/2021.)

a) A obrigação civil de reparar o dano ambiental é do tipo propter rem. É dizer,


aquele que adquire a propriedade e não reverte o dano ambiental, ainda que não
causado por ele, é responsável indireto por degradação ambiental.

Em outras palavras, o novo proprietário assume o ônus de manter a integridade


do ecossistema protegido, tornando-se responsável pela recuperação, mesmo
que não tenha contribuído para o desmatamento ou destruição, visto inexistir
direito à degradação.

STJ:

(...) a obrigação civil de reparar o dano ambiental é do tipo


propter rem, porque, na verdade, a própria lei já define
como poluidor todo aquele que seja responsável pela
degradação ambiental - e aquele que, adquirindo a
propriedade, não reverte o dano ambiental, ainda que não
causado por ele, já seria um responsável indireto por
degradação ambiental (poluidor, pois)" (REsp 1.251.697/PR,
Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe
17/4/2012).

b) Adota-se a teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica, tendo


em vista que o art. 4º da Lei 9.605/98 estabelece que basta que a personalidade
jurídica seja obstáculo ao ressarcimento para que seja desconsiderada, não sendo
necessária a comprovação de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial (teoria maior adotada pelo art.
50 do Código Civil).

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Lei 9.605/98:

Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que


sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados à qualidade do meio ambiente.

A ação constitucional cabível é a Arguição de Descumprimento de Preceito


Fundamental (ADPF). Isso porque a questão fala em ação de controle
concentrado cujo objeto é uma lei municipal, o autor é o Governador e o
tribunal competente é um tribunal da União (STF). Portanto, apenas a ADPF se
enquadra nessas características.

Não seria possível uma ADI Estadual (Representação de Inconstitucionalidade


Estadual) porque o parâmetro de controle seria a Constituição Estadual; o
Tribunal de Justiça não é um Tribunal da União; o legitimado ativo deveria ser o
Prefeito Municipal e não o Governador do Estado em razão da pertinência
temática.

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O requisito da subsidiariedade da ADPF resta cumprido porque não existe outra


forma de controlar em abstrato a constitucionalidade de lei municipal em face da
CF/88.

CF:

Art. 102

(...)

§ 1º A argüição de descumprimento de preceito fundamental,


decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo
Tribunal Federal, na forma da lei.

Lei 9.882/99:

Art. 1o A argüição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição


Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá
por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental,
resultante de ato do Poder Público.

Parágrafo único. Caberá também argüição de descumprimento de


preceito fundamental:

I - quando for relevante o fundamento da controvérsia


constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou
municipal, incluídos os anteriores à Constituição;

Inconstitucionalidades a serem indicadas na peça:

- Inconstitucionalidade formal: vício de iniciativa. Matéria reservada ao Poder


Executivo. Organização da Administração. Criação de órgão. Arts. 25 e 61, § 1º,
II, alíneas “b” e “e”, da CF/88. Extrapola interesse local (art. 30, I, da CF). Usurpa
competência do Estado (art. 25, §2º, da CF/88).

CF:

Art. 25 (...)

§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante


concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995)

- Inconstitucionalidade material: violação ao princípio da Separação dos


Poderes (art. 2º). Interferência nos contratos de concessão de serviços públicos
concedidos pelo Poder Executivo.

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Interpretando os artigos 177, IV e 25, § 2º, ambos da CF/88, é possível chegar à


seguinte conclusão: à União ficou reservado o monopólio do transporte de gás
da empresa produtora até as empresas distribuidoras. Ao Estado onde as
distribuidoras estiverem localizadas ficou a competência jurídica e
administrativa das relações estabelecidas entre as empresas distribuidoras e os
destinatários do produto.

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