Responsabilidade Civil Do Estado E1644527869

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DIREITO

ADMINISTRATIVO
Responsabilidade Civil do Estado

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO ADMINISTRATIVO
Responsabilidade Civil do Estado
Gustavo Scatolino

Sumário
Responsabilidade Civil do Estado. ....................................................................................3
1. Introdução...................................................................................................................3
2. Teorias........................................................................................................................6
2.1. Teoria da Irresponsabilidade.....................................................................................6
2.2. Teorias Civilistas...................................................................................................... 7
2.3. Teorias Publicistas....................................................................................................8
3. Análise do § 6º do Art. 37 da CF............................................................................... 10
4. Casos Especiais......................................................................................................... 14
4.1. Estado como Garante/Situação Propiciatória de Risco............................................ 14
4.2. Responsabilidade nos Casos de Omissão.. ............................................................. 20
4.3. Danos de Obra Pública........................................................................................... 21
4.4. Responsabilidade por Atos Legislativos.................................................................22
4.5. Responsabilidade por Atos Jurisdicionais...............................................................24
4.6. Responsabilidade dos Notários............................................................................. 28
5. Excludentes da Responsabilidade Objetiva............................................................... 28
6. Ação Regressiva. ....................................................................................................... 31
6.1. Denunciação à Lide.................................................................................................32
6.2. Prescrição: Vítima x Estado...................................................................................33
6.3. Prescrição: Estado x Agente..................................................................................35
7. Jurisprudência...........................................................................................................36
Questões de Concurso...................................................................................................59
Gabarito........................................................................................................................ 73
Gabarito Comentado. ..................................................................................................... 74

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Responsabilidade Civil do Estado
Gustavo Scatolino

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


Olá!
Esta aula é um dos assuntos que mais gosto em todo o Direito Administrativo.
Uma aula cheia de exemplos de casos concretos e bastante jurisprudência.
Para acertar muitas questões sobre o tema, você precisa estar sempre atualizado(a) com
a jurisprudência do STF e STJ sobre os casos resolvidos, pois basta sair um julgado novo nos
informativos e lá está ele na sua prova
Deixei também ao final, uma série de julgados importantes para leitura. Mas leia todos!!!
Eles já caíram em muitas provas de concurso.

“Eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor”.


Walt Disney

Vem comigo!

1. Introdução
EXEMPLO
Um policial manda um carro parar na blitz, o carro fura a barreira e o policial descarrega a arma
no carro. Quando o carro para o policial vê que tinha uma família dentro do carro e o motorista
não conseguiu parar. Várias pessoas morreram.
Outra cena que eu quero que imagine é um médico em um hospital público cometendo um erro
na cirurgia. Era para amputar a perna direita e ele amputa a perna esquerda...Não dá nem para
imaginar isso... mas acredite, acontece.
Imagine um fiscal sanitário interditando equivocadamente um estabelecimento comercial por
vários dias e esse estabelecimento ficando sem receita.
Pois bem, todas essas condutas do Estado podem causar danos aos particulares. E o que
vamos ver é: o Estado terá que indenizar os particulares por esses danos causados?

Neste tópico, analisaremos a chamada responsabilidade extracontratual, uma vez que a


responsabilidade decorrente do descumprimento de contrato administrativo (responsabilida-
de contratual) é estudada na Lei de Licitações e Contratos Administrativos, com as consequ-
ências previstas nesse estatuto.

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A responsabilidade civil pode ser compreendida em pagamento de indenização. O Estado


agiu por meio de seu agente, causou um dano ao particular. Assim, o Estado tem que indenizar
o particular dos prejuízos sofridos.
Já adiantando um pouco...
Veja que a responsabilidade pelos atos dos agentes é do Estado. Não é direta dos agentes.
O Estado paga o prejuízo depois cobra do servidor em ação regressiva.
É como se fosse um pai em relação ao seu filho menor....
Veja só...

EXEMPLO
Se o meu filho de 15 anos (Igor) está jogando bola, dá um chute acerta um carro e quebra o
para-brisa o dono do carro cobrará de mim, pois eu sou o responsável.
Claro que depois eu volto para o meu filho e digo. Uma pessoa veio até mim, provou que você
quebrou o vidro do carro dela, agora vou ter de descontar de sua mesada.

Assim, é em relação ao Estado e os seus agentes...


A regra ainda existente no Direito é a responsabilidade SUBJETIVA (art. 186, do Código
Civil), aquela que só se configura se o agente praticou a conduta por dolo (intenção) ou culpa
(negligência, imprudência ou imperícia).
Dolo é a vontade livre e consciente de causar o dano. Fez porque quis fazer.

EXEMPLO
Meu filho joga por querer uma pedra no carro do vizinho.

Culpa é a falta de cuidado que gera um resultado danoso. A pessoa não queria, mas “sem
querer querendo” causou um dano.

EXEMPLO
Meu filho joga uma pedra para o alto e cai no carro do vizinho. Ele não queria acertar o carro,
mas sua imprudência (ação) causou isso.

Nesse caso, provado o dolo ou culpa está configurada a responsabilidade subjetiva.

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Mas existem casos nos quais haverá responsabilidade OBJETIVA, sendo aquela que have-
rá o dever de reparar o dano mesmo que o causador não tenha agido com dolo ou culpa. Isso
é indiferente!
A responsabilidade objetiva só é admitida em situações excepcionais como, por exemplo,
nas relações de consumo (arts. 12 e 18 do Código de Defesa do Consumidor) e nos danos
ambientais (art. 225 da CF).
A responsabilidade pode decorrer de atos por ação/comissão, ocorrendo quando o agente
pratica/realiza uma conduta e gera dano ao particular.
De outro modo, pode ocorrer a responsabilidade em razão da omissão, quando devendo
agir o Estado (seus agentes) sem mantém inerte.
Resumindo:

Responsabilidade subjetiva DEPENDE dolo ou culpa do agente.


Responsabilidade objetiva NÃO DEPENDE de se provar dolo ou culpa.
Responsabilidade
Decorre da PRÁTICA de uma conduta.
comissiva/ação
Responsabilidade omissiva ocorre quando o agente deixa de impedir um dano.

A responsabilidade civil do Estado, consagrada no art. 37, § 6º, da CF, é objetiva. O referido
dispositivo está consignado na Carta Maior, nos seguintes termos:

As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos


responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

A responsabilidade objetiva é uma técnica de socialização de danos (solidariedade social).


Trata-se da ideia de repartição dos riscos. Decorre da isonomia, pois se a sociedade se bene-
ficiou de uma conduta estatal, não seria adequado um particular suportar sozinho, um dano
decorrente dessa mesma conduta.
Assim, o Estado responderá, independentemente de dolo ou de culpa, quando na presta-
ção de uma atividade vier a causar dano aos particulares. Basta a vítima demonstrar: conduta,
dano e nexo causal.

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EXEMPLO
Policial, ao perseguir criminosa, dispara um tiro que acerta um particular. Quando esse particu-
lar for cobrar do Estado não precisará discutir a conduta culposa do servidor.

Veremos, mais adiante, que a regra é a responsabilidade objetiva do Estado, mas se for na
omissão a responsabilidade será subjetiva. Esse é o entendimento doutrinário que prevalece.
Então, já sabemos que a nossa CF consagrou a teoria da responsabilidade objetiva do Estado.
Só com essa informação, já acertamos várias questões de prova... mas tem muita coisa
para ser explicada...
Contudo, antes de fazer o estudo da responsabilidade objetiva, é preciso estudar as teorias
acerca da responsabilidade estatal, pois somente com a Constituição de 1946 consagrou-se
a responsabilidade objetiva.
Comparação:

Responsabilidade na
Responsabilidade subjetiva Responsabilidade objetiva
omissão
Conduta + dolo/culpa Conduta Omissão (culpa)
Dano Dano Dano
Nexo causal Nexo causal Nexo causal

Bem, tem uma parte que aparece nos editais de concurso que é referente às teorias da
responsabilidade civil do Estado.
A responsabilidade estatal nem sempre foi objetiva. Inclusive teve época que nem respon-
sabilidade o Estado tinha.
Vamos ver agora esse tópico.

2. Teorias

2.1. Teoria da Irresponsabilidade


Teoria adotada na época dos Estados absolutistas. Considerava-se que qualquer ideia de
responsabilidade do Estado importaria em violação da soberania estatal. Tinha como principal

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fundamento a ideia de soberania do Estado, baseada no princípio de que o rei não pode errar
(the king can do no wrong). O Estado era irresponsável pelos atos praticados.
Nos estados absolutistas não havia nenhum nível de responsabilidade pelos atos do Rei/
Estado.
No Brasil, jamais foi aceita a tese da irresponsabilidade do Estado. No nosso país, a pri-
meira positivação expressa sobre responsabilidade estatal ocorreu, na forma culposa, com o
Código Civil de 1916. Mesmo em legislações mais remotas, não se tem notícia sobre o acolhi-
mento da teoria da irresponsabilidade no país.

2.2. Teorias Civilistas

Por volta do século XX, a tese da irresponsabilidade tornou-se superada. Entretanto, ini-
cialmente, ao admitir-se a responsabilidade do Estado, eram adotados os princípios do Direito
Civil, apoiados na ideia de culpa.
Inicialmente, havia a necessidade de identificação do agente público causador do dano,
bem como era preciso fazer distinção entre os atos de império e de gestão, pois se admitia a
responsabilidade civil decorrente apenas dos atos de gestão.
Essa teoria serviu de inspiração para o art. 15 do Código Civil/1916. Entretanto, o Código
Civil de 2002 estabeleceu a responsabilidade do Estado nos termos da CF.
Foi uma grande evolução, mas ainda não é tão avançada quanto à responsabilidade
objetiva...

LEMBRE-SE! Essa teoria partiu, primeiramente, da distinção entre atos de império e atos de
gestão. Atos de império seriam aqueles em que o Estado atua utilizando-se da soberania, ou
melhor, da supremacia sobre o particular. Como exemplo, podemos citar a imposição de san-
ções e as desapropriações (o Estado atua impondo sua superioridade – império – sobre o
particular). Já os atos de gestão seriam aqueles em que o Estado atua sem utilizar sua supre-
macia sobre o particular, isto é, atos em que o Estado se coloca quase que de igual para igual

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com o particular. São os atos praticados pelo Estado sob regime de Direito Privado como, por
exemplo, fazer a assinatura de uma revista.

2.3. Teorias Publicistas

Têm origem a partir do caso Blanco, ocorrido em 1873. A menina Agnes Blanco, ao atra-
vessar a rua da cidade de Bordeaux, foi atropelada por uma vagonete da Cia. Nacional de Ma-
nufatura do Fumo; seu pai promoveu ação civil de indenização com base no princípio de que
o Estado é civilmente responsável por prejuízos causados a terceiros em decorrência da ação
danosa de seus agentes.
Começaram a surgir as teorias publicistas: teoria da culpa do serviço (falta do serviço) ou
culpa administrativa e teoria do risco, desdobrada, por alguns autores, em teoria do risco admi-
nistrativo e teoria do risco integral.

2.3.1. Teoria da Culpa Administrativa ou Culpa do Serviço/Faute du Service

A teoria da culpa administrativa procura desvincular a responsabilidade do Estado da ideia


de culpa do funcionário. A culpa ocorre quando o serviço não funcionou, funcionou atrasado
ou funcionou mal; vale dizer que existe a presunção de culpa. Por isso, o nome de culpa anôni-
ma, uma vez que não precisava identificar o funcionário causador do dano.
Veja, então, que a culpa era do serviço. E, ainda, era uma culpa presumida (não funcionou,
funcionou mal ou atrasado)

2.3.2. Teorias do Risco

A teoria do Risco tem duas vertentes: Risco Administrativo e Risco Integral.


As duas vertentes dessa teoria consagram uma responsabilidade OBJETIVA. A diferença
é que na teoria do Risco ADMINISTRATIVO há fatores de exclusão da responsabilidade do Es-
tado, já na teoria do Risco INTEGRAL não há qualquer fator de exclusão, a reparação do dano
recairá na pessoa do Estado.

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A nossa CF de 1988, no art. 37, § 6º, (e desde a Constituição de 1946) consagrou a teoria
do RISCO ADMINISTRATIVO. Nela, a ideia de culpa é substituída pelo nexo de causalidade en-
tre o funcionamento do serviço e o prejuízo sofrido.
Mas, cuidado nas provas...

A TEORIA DO RISCO INTEGRAL é, segundo alguns autores, adotada no Brasil, mas de maneira
excepcional, e apenas com expressa determinação Constitucional ou legal.
Quais são os casos em concurso que podemos admitir adoção dessa teoria?
1. Responsabilidades do Estado por danos nucleares (CF, art. 21, XXIII, d);
2. Danos decorrentes de atos terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos, contra aero-
naves de empresas aéreas brasileiras, conforme previsto nas Leis nos 10.309, de 22/11/2001,
10.605, de 18/12/2002, e 10.744, de 9/10/2003.

Veja a divergência doutrinária:


Maria Sylvia Di Pietro (2011, p. 648):

Ocorre que, diante de normas que foram sendo introduzidas no direito brasileiro, surgiram hipóteses
em que se aplica a teoria do risco integral, no sentido que lhe atribuiu Hely Lopes Meirelles, tendo em
vista que a responsabilidade do Estado incide independentemente da ocorrência de circunstâncias
que normalmente seriam consideradas excludentes da responsabilidade. É o que ocorre nos casos
de danos causados por acidentes nucleares (art. 21, XXIII, “d”, da Constituição Federal) e também
na hipótese de danos decorrentes de atos terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos, contra
aeronaves de empresas aéreas brasileiras, conforme previsto nas Leis n. 10.309, de 22-11-2001,
e 10.744, de 9-10-2003.

José dos Santos Carvalho Filho (2011, p. 504):

Tem havido alguma controvérsia sobre as noções do risco administrativo e do denominado risco
integral. No risco administrativo, não há responsabilidade civil genérica e indiscriminada; se hou-
ver participação total ou parcial do lesado para o dano, o Estado não será responsável no primeiro
caso e, no segundo, terá atenuação no que concerne a sua obrigação de indenizar. Por conseguinte,
a responsabilidade civil decorrente do risco administrativo encontra limites. Já no risco integral a

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responsabilidade sequer depende do nexo causal e ocorre até mesmo quando a culpa é da própria
vítima. Assim, por exemplo, o Estado teria que indenizar o indivíduo que se atirou deliberadamente
à frente de uma viatura pública. É evidente que semelhante fundamento não pode ser aplicado à
responsabilidade do Estado, só sendo admissível em situações raríssimas e excepcionais.

Diogenes Gasparini (2004, p. 888):

A instituição dessa responsabilidade era desnecessária, já que a satisfação dos danos decorrentes
de qualquer atividade estatal nessa área é da responsabilidade do Estado, por força do que estabe-
lece o § 6º do art. 37 da Lei Maior.

Para esse autor até no caso de danos nuclear, aplica-se a mesma regra do art. 37, § 6º,
responsabilidade objetiva pelo risco administrativo.
CUIDADO!
Em concurso só se deve marcar que há teoria do risco integral, se a questão mencionar uma
das hipóteses acima: dano nuclear, atos terroristas ou atos de guerra contra aeronaves brasileiras.
Fora disso, vai sempre de risco ADMINISTRATIVO....
O STF entendeu que o art. 23, da Lei Geral da Copa, não se amoldaria à teoria do risco inte-
gral, e sim, que se estaria diante de garantia adicional, de natureza securitária, em favor de vítimas
de danos incertos que poderiam emergir em razão dos eventos patrocinados pela FIFA, excluídos
os prejuízos para os quais a entidade organizadora ou mesmo as vítimas tivessem concorrido.1
Ah! Mais um ponto. Os autores de Direito Ambiental também entendem que a responsabili-
dade consagrada na legislação ambiental também foi pela adoção da teoria do Risco Integral.
Mas isso é perguntado somente em provas de Direito Ambiental.

3. Análise do § 6º do Art. 37 da CF
Como dissemos, a Constituição Federal de 1946 inaugurou a tese da responsabilidade ob-
jetiva. Seguindo o mesmo raciocínio, a CF de 1988, no art. 37, § 6º, estabelece que:
1
ADI 4976/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 7.5.2014. (ADI-4976)
Art. 23. A União assumirá os efeitos da responsabilidade civil perante a FIFA, seus representantes legais, empregados ou
consultores por todo e qualquer dano resultante ou que tenha surgido em função de qualquer incidente ou acidente de
segurança relacionado aos Eventos, exceto se e na medida em que a FIFA ou a vítima houver concorrido para a ocorrência
do dano.
Parágrafo único. A União ficará sub-rogada em todos os direitos decorrentes dos pagamentos efetuados contra aqueles
que, por ato ou omissão, tenham causado os danos ou tenham para eles concorrido, devendo o beneficiário fornecer os
meios necessários ao exercício desses direitos.

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§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos


responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Na forma do referido artigo, é necessário que se trate de pessoa jurídica de direito PÚBLI-
CO OU DE DIREITO PRIVADO prestadora de serviços públicos. Assim, ficam excluídas as enti-
dades da Administração indireta que explorem atividade econômica.
Exige também o artigo em estudo que o agente causador do dano atue nessa qualidade.
Com base nesse requisito, o Supremo Tribunal Federal tem afastado a responsabilidade ob-
jetiva do Estado quando o agente público não tenha atuado nessa qualidade. Confiram-se os
julgados a seguir:

Responsabilidade civil do Estado. Morte. Vítima que exercia atividade policial irregular,
desvinculada do serviço público. Nexo de causalidade não configurado. (RE n. 341.776,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julg. 17/4/2007, DJ 3/8/2007).
(...) Caso em que o policial autor do disparo não se encontrava na qualidade de agente
público. Nessa contextura, não há falar de responsabilidade civil do Estado. (RE n. 363.423,
Rel. Min. Carlos Britto, julg. 16/11/2004, DJE 14/3/2008).
Responsabilidade civil objetiva do Estado. Artigo 37, § 6º, da Constituição. Crime prati-
cado por policial militar durante o período de folga, usando arma da corporação. Respon-
sabilidade civil objetiva do Estado. Precedentes. (RE n. 418.023-AgR, Rel. Min. Eros Grau,
julg. 9/9/2008, DJE 17/10/2008).
Agressão praticada por soldado, com a utilização de arma da corporação militar: incidên-
cia da responsabilidade objetiva do Estado, mesmo porque, não obstante fora do serviço,
foi na condição de policial militar que o soldado foi corrigir as pessoas. O que deve ficar
assentado é que o preceito inscrito no art. 37, § 6º, da CF, não exige que o agente público
tenha agido no exercício de suas funções, mas na qualidade de agente público. (RE n.
160.401, Rel. Min. Carlos Velloso, julg. 20/4/1999, DJ 4/6/1999).

Caso a questão afirme que o agente deve estar “no exercício da função” estará errada.
Basta que esteja “na qualidade de agente”.
Veja, também, que a CF usou a expressão agentes públicos. Assim, qualquer pessoa que
exerça função pública (não importa o vínculo com o Poder Público) poderá ser agente público.

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Até mesmo um voluntário que ajuda o Poder Público a socorrer vítimas. Se faz isso sob os
comandos do Estado é agente público. Incluem-se, ainda, os terceirizados, temporários, em-
pregados públicos etc.
Nos termos do art. 37, § 6º, da CF, as empresas de direito privado que prestam serviços pú-

blicos respondem objetivamente por danos causados a terceiros, incluindo as concessionárias

e permissionárias de serviços públicos.

O entendimento atual do STF é de que as prestadoras de serviços públicos têm responsabilida-

de objetiva em relação a usuários e a terceiros não usuários (RE n. 591.874).

Resumindo:

União, Estados, DF, Municípios, concessionários, permis-


As pessoas jurídicas de direito público e as de
sionários.
direito privado prestadoras de serviços públi-
Obs. Empresa pública e sociedade de economia mista
cos responderão
que exploram atividade econômica – resp. subjetiva

Pelos danos que seus agentes, agindo nessa Agentes – qualquer um que exerça função pública
qualidade Basta que seja nessa qualidade
Na omissão a responsabilidade será subjetiva. Na ação
Causarem a terceiros
responsabilidade objetiva.
Estado responde na forma objetiva.
assegurado o direito de regresso contra o res-
Agente responde em ação regressiva. Depende de
ponsável nos casos de dolo ou culpa.
demonstração de dolo ou culpa (subjetiva)

Elementos para ser Configurada a Responsabilidade Civil do Estado

Segundo o STF “Os elementos que compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabi-

lidade civil objetiva do Poder Público compreendem (a) a alteridade do dano; (b) a causalidade
material entre o eventus damni e o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do
agente público; (c) a oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a agente do Poder

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Público que tenha, nessa condição funcional, incidido em conduta comissiva ou omissiva, in-
dependentemente da licitude, ou não, do comportamento funcional (RTJ 140/636) e (d) a au-
sência de causa excludente da responsabilidade estatal”.
Em resumo, os requisitos são:

A conduta praticada pelo agente poderá ser LÍCITA ou ILÍCITA. No caso de médico que rea-
liza cirurgia em hospital público e vem a cometer algum erro (ato ilícito)2, ou em campanha de
vacinação, quando a vacina vem a causar situação adversa irreversível (ato lícito), são atos que
geram danos passíveis de reparação, na forma objetiva. Outro exemplo de ação lícita que pode
gerar indenização é o caso de uma determinação de que no centro da cidade não possa mais
haver circulação de carros e, por causa disso, o dono de um estacionamento rotativo tenha sua
atividade econômica inviabilizada.
Para que seja configurada a responsabilidade deve haver um dano, pois indenizar é “retirar
o dano” mediante uma contraprestação de natureza pecuniária. Pode ser tanto o dano MORAL
(violação à dignidade, honra etc.) ou MATERIAL (prejuízo financeiro).

DANO EVENTUAL e DANO IMPOSSÍVEL não são indenizáveis. A mera possibilidade de dano,
não é passível de indenização. Por exemplo: construíram um presídio perto da minha casa.
Isso pode vir a causar danos, mas não há um dano concreto e específico.

Conforme posição do STJ:

Súmula n. 43: Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do
efetivo prejuízo.
[...]

2
RE 456.302-AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 6-2-2007, Primeira Turma, DJ de 16-3-2007.

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Súmula n. 54: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsa-
bilidade extracontratual.

O STJ entende que os juros devem ser fixados no percentual de 6% ao ano (REsp 770030/
SC, DJe 17/06/2008). (concurso AGU, 2011, Cespe)
Deve haver, também, o nexo causal que é a necessária relação de causa e efeito entre a
conduta praticada pelo agente e o dano causado. Se esse nexo não existir, ou for rompido por
algum fator, estará, por consequência, afastada a responsabilidade do Estado. Nesse contexto,
é insuficiente a demonstração apenas do dano e da conduta estatal; deve-se, também, provar
o nexo causal.

Professor, e como que fica a questão de presos foragidos????

O STF analisou o caso em sede de Repercussão Geral (tema 362) e fixou a seguinte tese:
Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade
civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sis-
tema prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a
conduta praticada3.
Note que a tese fixada pelo STF foi um tanto mais restritiva, de modo que para que possa
se cogitar de haver direito à indenização deve haver nexo causal direto entre o ato da fuga (mo-
mento da fuga) e o dano ocorrido.
Assim, se um detento fugiu e posteriormente à fuga (dias, meses, anos) cometeu um crime
o Estado não responde por essa conduta.

4. Casos Especiais

4.1. Estado como Garante/Situação Propiciatória de Risco


Quando o Estado tem a posição de garante e está no dever legal de assegurar a integrida-
de de pessoas ou coisas sob sua custódia, guarda ou proteção, responderá de acordo com a

3
STF. Plenário. RE 608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020 (Reper-
cussão Geral – Tema 362) (Info 993).

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teoria da responsabilidade objetiva no caso de danos decorrentes dessa situação, como nos
casos de alunos de escolas públicas, presos e internados em hospital. Os julgamentos do STF
são nesse sentido. Vejamos:

Morte de detento por colegas de carceragem. Indenização por danos morais e materiais.
Detento sob a custódia do Estado. Responsabilidade objetiva. Teoria do risco administra-
tivo. Configuração do nexo de causalidade em função do dever constitucional de guarda
(art. 5º, XLIX). Responsabilidade de reparar o dano que prevalece ainda que demonstrada
a ausência de culpa dos agentes públicos. (RE n. 272.839, Rel. Min. Gilmar Mendes, julg.
1/2/2005, DJ 8/4/2005). No mesmo sentido: AI n. 512.698-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso,
julgamento em 13/12/2005, DJ 24/2/2006.
Preso assassinado na cela por outro detento. Caso em que resultaram configurados não
apenas a culpa dos agentes públicos na custódia do preso – posto que, além de o terem
recolhido à cela com excesso de lotação, não evitaram a introdução de arma no recinto
– mas também o nexo de causalidade entre a omissão culposa e o dano. Descabida a
alegação de ofensa ao art. 37, § 6º, da CF. (RE n. 170.014, Rel. Min. Ilmar Galvão, julg.
31/10/1997, DJ 13/2/1998).
O Poder Público, ao receber o estudante em qualquer dos estabelecimentos da rede ofi-
cial de ensino, assume o grave compromisso de velar pela preservação de sua integridade
física, devendo empregar todos os meios necessários ao integral desempenho desse
encargo jurídico, sob pena de incidir em responsabilidade civil pelos eventos lesivos oca-
sionados ao aluno. A obrigação governamental de preservar a intangibilidade física dos
alunos, enquanto estes se encontrarem no recinto do estabelecimento escolar, constitui
encargo indissociável do dever que incumbe ao Estado de dispensar proteção efetiva a
todos os estudantes que se acharem sob a guarda imediata do Poder Público nos esta-
belecimentos oficiais de ensino. Descumprida essa obrigação, e vulnerada a integridade
corporal do aluno, emerge a responsabilidade civil do Poder Público pelos danos causa-
dos a quem, no momento do fato lesivo, se achava sob a guarda, vigilância e proteção das
autoridades e dos funcionários escolares, ressalvadas as situações que descaracterizam
o nexo de causalidade material entre o evento danoso e a atividade estatal imputável aos
agentes públicos. (RE n. 109.615, Rel. Min. Celso de Mello, julg. 28/5/1996, DJ 2/8/1996).

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O STJ entende que a responsabilidade do Estado por presos é objetiva.

Assim...

EXEMPLO
Preso se matou no presídio ou foi assassinado por ‘colegas’ de cela, haverá responsabilidade
do Estado. Isso porque, se o Estado privou a pessoa de sua liberdade tem que tomar os cuida-
dos para que danos não aconteçam a essa pessoa.

Alguns alunos têm perguntado constantemente se o STF ao julgar o RR 841526 teria muda-
do sua posição e passado a admitir que o Estado não responde pela morte de presos. Não foi
isso que ocorreu. O STF, na verdade, confirmou a responsabilidade objetiva pela guarda de pes-
soas (presos), apenas pontuou que por não se tratar de aplicação da teoria do risco integral, há
situações que o Estado não responde, pois não é um garantidor universal. Como por exemplo
um preso que morre de morte natural (ex.: ataque cardíaco). Assim, limitou a responsabilidade
do Estado nesses casos quando houver uma omissão específica. Vejamos a ementa que vale
a pena ser lida.

Questão 1 (2019/QUADRIX/CREA-GO/ADVOGADO) Uma vez violado o dever específico de


proteção à integridade física do detento sob sua custódia, o Estado será responsabilizado ci-
vilmente por sua morte.

Certo.
A responsabilidade do Estado quanto à integridade física do detento em unidade prisional é
objetiva. É o que estabelece inclusive o julgado que do STF que transcrevo:

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EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE


CIVIL DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONS-
TITUIÇÃO FEDERAL. 1. A responsabilidade civil estatal, segundo a Constituição Federal
de 1988, em seu artigo 37, § 6º, subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para
as condutas estatais comissivas quanto paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do
risco integral. 2. A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano
sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva
possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever do Estado e direito sub-
jetivo do preso que a execução da pena se dê de forma humanizada, garantindo-se os
direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a sua incolumidade física e moral
(artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucional de proteção
ao detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido
de garantir os seus direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração
da responsabilidade civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição
Federal. 5. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível
ao Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso esti-
vesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade
do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio doctorum a teoria do
risco integral, ao arrepio do texto constitucional. 6. A morte do detento pode ocorrer por
várias causas, como, v. g., homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo que nem
sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. 7.
A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o Poder Público
comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de
causalidade da sua omissão com o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucio-
nal que assenta a tese de que: em caso de inobservância do seu dever específico de pro-
teção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável
pela morte do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação
do suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua
omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão impositiva de responsabili-
dade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO. (RE 841526, Relator(a): Min.
LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUS-
SÃO GERAL – MÉRITO DJe-159 DIVULG 29/07/2016 PUBLIC 01/08/2016).

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E, também, tem que assegurar que ela tenha uma vida com dignidade dentro do estabeleci-
mento prisional. Se isso não ocorrer, haverá direito à indenização. Veja a decisão do STF:

Notícias STF
Quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
Estado deve indenizar preso em situação degradante, decide STF
O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu que o preso submetido a situação degradante
e a superlotação na prisão tem direito a indenização do Estado por danos morais. No
Recurso Extraordinário (RE) 580252, com repercussão geral reconhecida, os ministros
restabeleceram decisão que havia fixado a indenização em R$ 2 mil para um condenado.
No caso concreto, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul (DP-MS), em favor de um
condenado a 20 anos de reclusão, cumprindo pena no presídio de Corumbá (MS), recorreu
contra acórdão do Tribunal de Justiça local (TJ-MS) que, embora reconheça que a pena
esteja sendo cumprida “em condições degradantes por força do desleixo dos órgãos e
agentes públicos”, entendeu, no julgamento de embargos infringentes, não haver direito
ao pagamento de indenização por danos morais.
O Plenário acompanhou o voto proferido em dezembro de 2014 pelo relator, ministro Teori
Zavascki (falecido), no sentido do provimento do recurso. Em seu voto, o ministro resta-
beleceu o dever de o Estado pagar a indenização, fixada em julgamento de apelação no
valor de R$ 2 mil. Ele lembrou que a jurisprudência do Supremo reconhece a responsabi-
lidade do Estado pela integridade física e psíquica daqueles que estão sob sua custódia.
Ressaltou também que é notória a situação do sistema penitenciário sul-mato-grossense,
com déficit de vagas e lesão a direitos fundamentais dos presos.
Indenização e remição
Houve diferentes posições entre os ministros quanto à reparação a ser adotada, ficando
majoritária a indenização em dinheiro e parcela única. Cinco votos – ministros Teori
Zavascki, Rosa Weber, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e a presidente do STF, ministra Cármen
Lúcia – mantiveram a indenização estipulada em instâncias anteriores, de R$ 2 mil. Já
os ministros Edson Fachin e Marco Aurélio adotaram a linha proposta pela Defensoria
Pública de Mato Grosso do Sul, com indenização de um salário mínimo por mês de deten-
ção em situação degradante.

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Proposta feita pelo ministro Luís Roberto Barroso, em voto proferido em maio de 2015,
substituía a indenização em dinheiro pela remição da pena, com redução dos dias de
prisão proporcionalmente ao tempo em situação degradante. A fórmula proposta por Bar-
roso foi de um dia de redução da pena (remição) por 3 a 7 dias de prisão em situação
degradante. Esse entendimento foi seguido pelos ministros Luiz Fux e Celso de Mello.
Voto-vista
O julgamento foi retomado com voto-vista da ministra Rosa Weber, que mesmo apoiando
a proposta sugerida pelo ministro Luís Roberto Barroso, viu com ressalvas a ampliação
das hipóteses de remição da pena, e temeu a criação de um salvo-conduto para a manu-
tenção das condições degradantes no sistema prisional. “Estariam as políticas públicas
a perder duas vezes: as relativas aos presídios, em condições mais indesejadas, e as
referentes à segurança pública, prejudicada pela soltura antecipada de condenados”, afir-
mou. Também na sessão desta quinta-feira, votaram nesse sentido o ministro Dias Toffoli
e a presidente, ministra Cármen Lúcia.
O voto do ministro Edson Fachin adotou a indenização pedida pela Defensoria. Ele fez
ressalvas a se criar judicialmente uma nova hipótese de remição de pena não prevista em
lei. Adotou linha da indenização pecuniária de um salário mínimo por mês de detenção
em condições degradantes. Citando as más condições do sistema prisional brasileiro – e
do caso concreto – o ministro Marco Aurélio considerou “módica” a quantia de R$ 2 mil,
acolhendo também o pedido da Defensoria.
A posição de Luís Roberto Barroso foi seguida hoje pelo voto do ministro Luiz Fux, o qual
mencionou a presença da previsão da remição em proposta para a nova Lei de Execução
Penal (LEP). Para ele, se a população carcerária em geral propor ações de indenização ao
Estado, criará ônus excessivo sem resolver necessariamente a situação dos detentos. “A
fixação de valores não será a solução mais eficiente e menos onerosa. Ela, será, a meu
modo de ver, a mais onerosa e menos eficiente”, afirmou.
Na mesma linha, o decano do Tribunal, ministro Celso de Mello, ressaltou a necessidade
de se sanar a omissão do Estado na esfera prisional, na qual subtrai ao apenado o direito
a um tratamento penitenciário digno. Ele concordou com a proposta feita pelo ministro
Luís Roberto Barroso, destacando o entendimento de que a entrega de uma indenização

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em dinheiro confere resposta pouco efetiva aos danos morais sofridos pelos detentos,
e drena recursos escassos que poderiam ser aplicados no encarceramento.
Tese
O Plenário aprovou também a seguinte tese, para fim de repercussão geral, mencionando
o dispositivo da Constituição Federal que prevê a reparação de danos pelo Estado:
“Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus
presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de
sua responsabilidade, nos termos do artigo 37, parágrafo 6º, da Constituição, a obrigação
de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em
decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento”.

4.2. Responsabilidade nos Casos de Omissão

Quanto à responsabilidade por omissão, atualmente, o STF vem entendendo que depende-
rá do tipo de omissão. Sendo omissão ESPECÍFICA (que é aquela que a omissão é a causa di-
reta do dano), a responsabilidade será OBJETIVA. Já sendo omissão GENÉRICA será subjetiva.

EXEMPLO
Um exemplo de omissão específica é a morte de detento no presídio. Pois em razão da omis-
são do Estado foi que ocorreu a morte. Ou seja, a omissão foi a causa determinante da morte.
Já um exemplo de omissão genérica é o assalto na rua. Para que o Estado responda, o autor
da ação deverá demonstrar essa omissão. Que o Estado tinha como evitar o assalto. Assim,
será subjetiva.

Outros julgados importantes do STF:

TEMA: “Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no artigo
5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte de detento”.
RE 841526
Repercussão Geral – Tema 362: “Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal,
não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de
crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o
nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada”.

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“Diante de tal indefinição, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal vem se orien-


tando no sentido de que a responsabilidade civil do Estado por omissão também está
fundamentada no artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, ou seja, configurado o nexo de
causalidade entre o dano sofrido pelo particular e a omissão do Poder Público em impe-
dir a sua ocorrência – quando tinha a obrigação legal específica de fazê-lo – surge a
obrigação de indenizar, independentemente de prova da culpa na conduta administrativa,
consoante os seguintes precedentes:
[…]
Deveras, é fundamental ressaltar que, não obstante o Estado responda de forma objetiva
também pelas suas omissões, o nexo de causalidade entre essas omissões e os danos
sofridos pelos particulares só restará caracterizado quando o Poder Público ostentar o
dever legal específico de agir para impedir o evento danoso, não se desincumbindo dessa
obrigação legal. Entendimento em sentido contrário significaria a adoção da teoria do
risco integral, repudiada pela Constituição Federal, como já mencionado acima.” (g.n.)
(RE 841526, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, j. 30/03/2016, Repercussão geral)
“Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes
do comércio de fogos de artifício, é necessário que exista violação de um dever jurídico
específico de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem
as cautelas legais, ou quando for de conhecimento do Poder Público eventuais irregulari-
dades praticadas pelo particular”.

4.3. Danos de Obra Pública

No caso de danos decorrentes de realização de obra pública, deve-se verificar como está
sendo efetuada a execução do empreendimento.
Se a obra for realizada pelo Estado sem que haja transferência para o particular (empreitei-
ro), a responsabilidade pelos danos decorrentes será do Estado, na forma objetiva.
Caso o Poder Público transfira, mediante contrato, a execução da obra para um particular,
a responsabilidade será do empreiteiro, na modalidade subjetiva. A responsabilidade do Esta-
do poderá ser subsidiária, caso a reparação do dano não seja realizada pelo executor.

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Também é necessário destacar que a responsabilidade pelo FATO DA OBRA, vale dizer,
os danos inevitáveis de uma obra. A obra em si é danosa. Não houve um dano por erro da obra.
A obra por si só causou um dano. Vamos de exemplo! O minhocão do Maluf!

Como assim, professor???... rs

O Maluf em São Paulo fez uma pista elevada, por cima de outra pista. Mas essa segunda
pista (o minhocão) passa bem rente à janela dos prédios, gerando poluição sonora e visual.
Na verdade, para quem morava no 2º e no 3º andar do prédio, a vida virou um ‘inferno’. É carro
passando jogando poluição e buzinando 24 hs. Veja, a obra não é um dano para os moradores.
Nesse caso de responsabilidade pelo fato da obra, a responsabilidade é do Estado, na
forma objetiva. A responsabilidade continua sendo do Poder Público mesmo que a execução
ocorra na forma indireta (por particular).

 Obs.: Transferência da execução de um serviço público ao particular, mediante concessão


ou permissão, eventual responsabilidade do concessionário ou permissionário pelos
danos causados ocorrerá na forma objetiva, conforme prevê o art. 37, § 6º, da CF.
 Já na execução de obra pública por particular em razão de contrato administrativo
(excluídos os de concessão de serviços públicos), os danos causados decorrentes da
execução serão indenizados na forma subjetiva.

4.4. Responsabilidade por Atos Legislativos


A Constituição determina que, como vivemos em um Estado Democrático de Direito, todo
poder emana do povo (art. 1º), que pode exercê-lo de maneira direta. O mais comum, porém,
é que o faça por meio de representantes eleitos – os legisladores.
Via de regra, o Estado não responde por danos decorrentes da atividade legislativa, uma vez
que a vontade emanada do Parlamento representa a vontade do povo, e é praticamente impossível
prever um direito sem estabelecer um consequente dever – o que, normalmente, pode causar dano.
As três hipóteses previstas pela doutrina como causas de responsabilidade civil por ato
legislativo são: a) aprovação de leis inconstitucionais; e b) dano causado por leis de efeitos
concretos; e c) omissão legislativa.

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Quanto à primeira hipótese, basta imaginar uma lei que, inconstitucionalmente, imponha o
pagamento de determinado tributo. É claro que o Estado deve responder pelo dano causado
aos contribuintes, devolvendo o dinheiro (com juros, obviamente). Outro exemplo é a lei que,
de maneira inconstitucional, proíba a comercialização de determinado produto. Nesse caso,
os danos advindos dessa proibição serão reparados pelo Estado.
A responsabilidade por atos legislativos inconstitucionais é admitida pelo STF, mas só se a
lei já tiver sido declarada inconstitucional – isso porque as leis gozam de presunção de cons-
titucionalidade:

Ato legislativo. Inconstitucionalidade. Responsabilidade civil do Estado. Cabe responsabili-


dade civil pelo desempenho inconstitucional da função do legislador” (STF, RE n. 158.962,
Rel. Min. Celso de Mello, RDA 191/175). No mesmo sentido: STF, RE 153.464, Relator Minis-
tro Sepúlveda Pertence, JSTF 189/14: “O Estado responde civilmente por danos causados
aos particulares pelo desempenho inconstitucional da função de legislar.
Responsabilidade civil. Ato legislativo. A responsabilidade civil em razão do ato legisla-
tivo só é admitida quando declarada pelo STF a inconstitucionalidade da lei causadora do
dano a ser ressarcido, isso em sede de controle concentrado. Assim, não se retirando do
ordenamento jurídico a Lei n. 8.024/1990, não há como se falar em obrigação de indeni-
zar pelo dano moral causado pelo Bacen no cumprimento daquela lei. Precedente citado:
REsp 124.864-PR, DJ 28.9.1998. REsp 571.645-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, jul-
gado em 21.9.2006.

Assim, caso o STF declare uma lei inconstitucional, todos aqueles que tiveram prejuízos
em razão dessa lei, entrarão com ação judicial contra o Poder Público para que tenha os preju-
ízos reparados.
Também se prevê a responsabilidade legislativa pela edição das chamadas leis meramen-
te formais ou leis de efeitos concretos. Nesse caso, o ato apenas formalmente se apresenta
como lei; na prática, cuida-se de verdadeiro ato administrativo que impõe a pessoas determi-
nadas algum encargo. Se esse encargo for particularmente danoso, configura-se o dano e,
com ele, a responsabilidade civil do Estado, na modalidade objetiva. É o caso, por exemplo, de

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lei que cria reserva florestal, interferindo no direito de propriedade do particular. Como se trata
de uma lei de efeitos concretos (forma de lei, conteúdo de ato administrativo), particulares que
eventualmente sofram danos poderão buscar a responsabilização do Estado.
Por fim, também existe a possibilidade de o legislador, devendo legislar, omitir-se, causan-
do, com isso, dano aos particulares. Trata-se, infelizmente, de hipótese muito comum e que –
geralmente, com a omissão do Estado – deve ser apurada pelos critérios da responsabilidade
subjetiva. O STF também admite tal possibilidade:

[...] se ultrapassado o prazo acima, sem que esteja promulgada a lei, reconhecer ao impe-
trante a faculdade de obter, contra a União, pela via processual adequada, sentença liquida
de condenação a reparação constitucional devida, pelas perdas e danos que se arbitrem.
(STF, Pleno, MI 283/DF, Relator Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 14.11.1991).

Quanto à questão da omissão legislativa referente à lei que assegura revisão geral anual
aos servidores públicos, o STF fixou a seguinte tese: “O não encaminhamento de projeto de lei
de revisão anual dos vencimentos dos servidores públicos, previsto no inciso 10 do artigo 37 da
Constituição Federal de 1988, não gera direito subjetivo a indenização. Deve o Poder Executivo,
no entanto, se pronunciar, de forma fundamentada, acerca das razões pelas quais não propôs a
revisão.”

4.5. Responsabilidade por Atos Jurisdicionais

Assim como ocorre nos atos legislativos, quando o Estado exerce função jurisdicional (fun-
ção típica), a regra será a irresponsabilidade, tendo em vista a possibilidade de interposição
de recursos, bem como pelo fato de que o juiz deve ter total independência para exercer sua
função.
Entretanto, a CF traz duas hipóteses no art. 5º, inciso LXXV, de casos de responsabilidade
do Estado. “O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso
além do tempo fixado na sentença”.

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Inicialmente, entende-se que o erro judiciário somente será passível de indenização se

ocorrer na esfera penal.

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu que a natureza da responsabilidade,

neste caso, é objetiva. O Estado é obrigado a indenizar independentemente de ter havido algu-

ma culpa na prolação da sentença condenatória desconstituída em revisão criminal. Assim foi

decidido conforme ementa transcrita a seguir do RE n. 505.393/PE, julg. 26/6/2007:

Erro judiciário. Responsabilidade civil objetiva do Estado. Direito à indenização por danos
morais decorrentes de condenação desconstituída em revisão criminal e de prisão pre-
ventiva. CF, art. 5º, LXXV. Código de Processo Penal, art. 630.
1. O direito à indenização da vítima de erro judiciário e daquela presa além do tempo
devido, previsto no art. 5º, LXXV, da Constituição, já era previsto no art. 630 do Código
de Processo. Penal, com a exceção do caso de ação penal privada e só uma hipótese de
exoneração, quando para a condenação tivesse contribuído o próprio réu.
2. A regra constitucional não veio para aditar pressupostos subjetivos à regra geral da
responsabilidade fundada no risco administrativo, conforme o art. 37, § 6º, da Lei Funda-
mental: a partir do entendimento consolidado de que a regra geral é a irresponsabilidade
civil do Estado por atos de jurisdição, estabelece que, naqueles casos, a indenização é
uma garantia individual e, manifestamente, não a submete à exigência de dolo ou culpa
do magistrado.
3. O art. 5º, LXXV, da Constituição: é uma garantia, um mínimo, que nem impede a lei, nem
impede eventuais construções doutrinárias que venham a reconhecer a responsabilidade
do Estado em hipóteses que não a de erro judiciário stricto sensu, mas de evidente falta
objetiva do serviço público da Justiça.

Tem-se entendido que prisão preventiva/temporária (prisões cautelares) com posterior


absolvição não gera direito a indenização. Isso porque não configura erro judiciário ou prisão
além do tempo fixado na sentença. (RE n. 429.518/SC, julg. em 17/8/2004).
Essa é a tese que tem prevalecido em provas de concursos públicos.

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No concurso de Procurador Federal, em 2010, realizado pelo Cespe, bem como no concurso
de Procurador do Ministério Público Especial junto ao Tribunal de Contas do Estado da Bahia
– Cespe, 2010, o item foi exigido e a resposta correta foi no sentido de que existe responsabi-
lidade do Estado no caso de prisão cautelar com posterior absolvição.

A questão foi extraída do RE n. 385.943-AgR, Relator Min. Celso de Mello, Segunda Turma,
julg. 15/12/2009, o julgamento foi no sentido de que a prisão cautelar com a posterior conclu-
são pela inocência do acusado gera direito a indenização quando há ILEGALIDADE na prisão
cautelar. Confira:

Ementa: Responsabilidade civil objetiva do Estado (CF, art. 37, § 6º). Configuração. “Bar
Bodega”. Decretação de prisão cautelar, que se reconheceu indevida, contra pessoa que
foi submetida a investigação penal pelo Poder Público. Adoção dessa medida de privação
da liberdade contra quem não teve qualquer participação ou envolvimento com o fato cri-
minoso. Inadmissibilidade desse comportamento imputável ao aparelho de estado. Perda
do emprego como direta consequência da indevida prisão preventiva. Reconhecimento,
pelo Tribunal de Justiça local, de que se acham presentes todos os elementos identifica-
dores do dever estatal de reparar o dano. Não comprovação, pelo Estado de São Paulo, da
alegada inexistência do nexo causal. Caráter soberano da decisão local, que, proferida em
sede recursal ordinária, reconheceu, com apoio no exame dos fatos e provas, a inexistên-
cia de causa excludente da responsabilidade civil do Poder Público. Inadmissibilidade de
reexame de provas e fatos em sede recursal extraordinária (Súmula n. 279/STF). Doutrina
e precedentes em tema de responsabilidade civil objetiva do estado. Acórdão recorrido
que se ajusta à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Recurso de agravo improvido.
(RE n. 385.943-AGR, Relator Min. Celso de Mello, Segunda Turma, julg. 15/12/2009, DJE
30, divulg. 18/2/2010, pub. 19/2/2010, RT v. 99, n. 895, 2010, p. 163-168).

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Responsabilidade Civil do Estado
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No que se refere à responsabilidade do juiz, dispõe o Código de Processo Civil que o juiz
responderá por perdas e danos quando, no exercício de suas funções, proceder com dolo ou
fraude; recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou
a requerimento da parte. O CPC não prevê a responsabilidade do juiz nos casos em que atue
de forma culposa, ao contrário dos demais agentes públicos.
Nos casos de erro judiciário em que o juiz atue com culpa, caberá ação de indenização
contra o Estado, mas não haverá posteriormente ação regressiva em direção ao magistrado.
Ou seja: enquanto todos os agentes públicos respondem regressivamente perante o Estado
nas hipóteses de dolo ou culpa, o juiz só pode ser responsabilizado regressivamente apenas
por dolo ou fraude, recusa, omissão ou retardamento, sem justo motivo, providência que deva
ordenar de ofício ou a requerimento da parte.

Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
I – no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II – recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a reque-
rimento da parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte
requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10
(dez) dias.

Vale ainda citar que o CPC também fez previsão de responsabilidade apenas por dolo (não
culposa) de outros membros de carreiras do Estado. Vejamos:

Art. 181. O membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável quando agir com
dolo ou fraude no exercício de suas funções.
Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável quando agir
com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
Art. 187. O membro da Defensoria Pública será civil e regressivamente responsável quando agir
com dolo ou fraude no exercício de suas funções.

Diante de um erro judiciário, o Estado responderá, mas o juiz somente responderá nas hipóte-
ses legais, conforme prevê o Código de Processo Civil. Assim, havendo erro na esfera penal,
o Estado indenizará os prejuízos, mas o magistrado, em regra, não sofrerá ação regressiva do
Poder Público. Salvo se agiu com dolo, fraude, recusa, retardamento injustificado (dolo).

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4.6. Responsabilidade dos Notários


Quanto à responsabilidade dos tabeliães e registradores oficiais, o STF entendeu que o
Estado possui responsabilidade civil direta, primária e objetiva, pelos atos que, no exercício de
suas funções, causem danos a terceiros, devendo haver o dever de regresso contra o respon-
sável (ação regressiva), nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.
Na ação regressiva, a responsabilidade civil dos notários e registradores é subjetiva (nesse
sentido, o art. 22 da Lei n. 8.935/1994, alterado pela Lei n. 13.286/2016).4

5. Excludentes da Responsabilidade Objetiva


Uma vez que a nossa CF adota a teoria do RISCO ADMINISTRATIVO, existem fatores que
afastam a responsabilidade do Estado, pois ele não é um “segurador universal”.
A primeira hipótese de exclusão da responsabilidade é a situação de caso fortuito ou força
maior, podendo decorrer da ação humana ou de eventos da natureza. Por serem imprevisíveis,
inevitáveis e estranhos à vontade das partes, afastam a responsabilização do Estado.

EXEMPLO
Raio que derruba um poste público em cima de um carro particular.
Tremor de terra que faz viaduto cair sobre carros.

 Obs.: mesmo havendo motivo de força maior ou caso fortuito, a responsabilidade do Estado
poderá ficar configurada, se houver, também, a omissão do Poder Público.
 Por exemplo, quando as chuvas provocam enchente na cidade, inundando casas e des-
truindo objetos, o Estado responderá se ficar demonstrado que a realização de deter-
minados serviços de limpeza dos bueiros teria sido suficiente para impedir a enchente.
 Porém, nesse caso, a responsabilidade do Estado será subjetiva.

A mesma regra aplica-se quando se trata de atos de terceiros, como é o caso de danos cau-
sados por atos de multidão ou por delinquentes. O Estado responderá se ficar caracterizada a
sua omissão, ocorrendo falha na prestação do serviço público.
4
STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 (repercussão geral) (Info 932)

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O ato de terceiro, em princípio, é fator de exclusão. Mas se houver omissão do Estado, ele
responderá.

Há autores que, estabelecendo a diferença entre caso fortuito e força maior, admitem apenas
essa última como hipótese de exclusão da responsabilidade (é o caso de Celso Antônio Ban-
deira de Mello, Curso de Direito Administrativo, p. 979; e Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito
Administrativo, p. 616). Essa corrente, entretanto, não encontra guarida na jurisprudência do
STF, que considera ambos os casos como excludentes da responsabilidade objetiva.
Para Maria Sylvia Di Pietro (2011) FORÇA MAIOR é:

Acontecimento imprevisível, inevitável e estranho à vontade das partes, como uma tempestade, um
terremoto, um raio. Não sendo imputável à Administração, não pode incidir a responsabilidade do
Estado; não há nexo de causalidade entre o dano e o comportamento da Administração.
[...]
Já o CASO FORTUITO – que não constitui causa excludente da responsabilidade do Estado – ocorre
nos casos em que o dano seja decorrente de ato humano ou de falha da Administração; quando
se rompe, por exemplo, uma adutora ou um cabo elétrico, causando danos a terceiros, não se pode
falar em força maior, de modo a excluir a responsabilidade do Estado.

Assim, para Maria Sylvia força maior decorre de ação da natureza (ato externo) e o caso fortui-
to decorre de ato humano ou falha da natureza. Somente a força maior excluiria a responsabi-
lidade do Estado.

Fortuito Interno e Externo

Há quem faça, ainda, a distinção entre fortuito interno e externo, sendo apenas este último
excludente da responsabilidade.
Fortuito interno é decorrente da execução do serviço administrativo, não eximindo a res-
ponsabilidade civil. Ex.: pneu do carro da polícia fura, agente de polícia perde o controle e atro-
pela um particular.
Já o fortuito externo afasta a responsabilidade civil, pois é imprevisível, não estando no ris-
co da atividade. Decorre de atos de terceiros, desde que imprevisíveis, eventos da natureza etc.

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Perceba que o conceito de fortuito interno se aproxima do conceito de caso fortuito apre-
sentado por Maria Sylvia acima visto. E o conceito de fortuito externo, aproxima-se mais do
conceito de força maior dado pela referida autora.
E em provas??? Como fica??
Você encontrará questões perguntando, geralmente, se o caso fortuito e força maior são
excludentes. A resposta será afirmativa.
Mas... se alguma questão falar que o fortuito interno não exclui e o fortuito externo exclui,
estará correta também. Porque, provavelmente, o examinador formulou a questão em algum
autor que faz essa diferenciação.

Questão 2 (CESPE/TRE-MT/2016/TÉCNICO ADMINISTRATIVO) A clássica diferenciação


entre fortuito externo e interno perde relevância para a teoria do risco administrativo, já que
não configuram excludentes de responsabilidade.

Errado.
Para parcela da doutrina, não perde a relevância a diferenciação.

A segunda hipótese decorre de culpa exclusiva da vítima. Quando a vítima se coloca em


uma situação que é a causa do dano. Por exemplo, quando ela se joga no trilho do metrô. De
modo diverso, há a culpa concorrente entre a vítima e o Estado, a responsabilidade do Estado
será atenuada. José dos Santos C. Filho (2009) apresenta como hipótese de culpa concorrente
a circunstância de o semáforo encontrar-se com defeito, em cruzamento de artérias públicas
de acentuado movimento, o que impõe ao condutor redobrada cautela. Se assim o motorista
não procede, age imprudentemente, mitigando o limite da responsabilidade do poder público.
Um caso emblemático e que certamente cairá em provas é o caso do fotojornalista atingi-
do por uma bala de borracha quando fazia fotos de conflito do Estado com manifestantes na

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Avenida Paulista. Durante um tumulto envolvendo manifestantes e policiais, o repórter acabou


sendo ferido por bala de borracha, disparada pela polícia, e ficando cego de um dos olhos. Daí,
ele entrou pedindo indenização, mas a justiça paulista entendeu que não haveria o dever de
indenizar, porque a culpa seria exclusiva da vítima.
Ao julgar o caso, o STF fixou a seguinte tese: “é objetiva a responsabilidade civil do Estado
em relação a profissionais de imprensa feridos por agentes públicos durante cobertura jorna-
lística em manifestações em que haja tumulto ou conflitos entre policiais e manifestantes”.
Porém, cabe a excludente de responsabilidade da culpa exclusiva da vítima nas hipóteses em
que o profissional de imprensa descumprir ostensiva e clara advertência sobre acesso a áreas
delimitadas em que haja grave risco à sua integridade física” (STF, RE 1.209.429).
Assim, os advogados do Estado vão tentar na via judicial demonstrar algum fator de exclu-
são para afastar a responsabilidade do Poder Público.

6. Ação Regressiva
O dano provocado pelo Estado gera para a vítima o direito a indenização que pode ser feita
pela via administrativa ou judicial. Não havendo reparação administrativa, a vítima ingressa
com ação judicial em face do Estado.
A ação de regresso é a ação do Estado contra o seu agente, causador do dano.
Para o STF há a teoria da DUPLA GARANTIA. Garantia para a vítima de cobrar do Estado,
sem discutir culpa, já que a responsabilidade é objetiva, e garantia para o servidor, de ser de-
mandado somente perante o Estado.
Assim, para o STF o caminho sempre será: ação da vítima contra o Estado. E, posterior-
mente, se o Estado for condenado. Uma outra ação, em separado, do Estado contra o agente.
Para o STF qualquer outro caminho que não seja esse (vítima → Estado; Estado → agente
público) não será admitido.

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE OBJE-


TIVA DO ESTADO: § 6º DO ART. 37 DA MAGNA CARTA. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD
CAUSAM. AGENTE PÚBLICO (EX-PREFEITO). PRÁTICA DE ATO PRÓPRIO DA FUNÇÃO.
DECRETO DE INTERVENÇÃO.
O § 6º do artigo 37 da Magna Carta autoriza a proposição de que somente as pessoas
jurídicas de direito público, ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestem

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serviços públicos, é que poderão responder, objetivamente, pela reparação de danos a


terceiros. Isto por ato ou omissão dos respectivos agentes, agindo estes na qualidade
de agentes públicos, e não como pessoas comuns. Esse mesmo dispositivo constitu-
cional consagra, ainda, dupla garantia: uma, em favor do particular, possibilitando-lhe
ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público, ou de direito privado que
preste serviço público, dado que bem maior, praticamente certa, a possibilidade de paga-
mento do dano objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto, em prol do servidor
estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a
cujo quadro funcional se vincular. Recurso extraordinário a que se nega provimento. RE
327.904 (julgado em 15.08.2006)

A posição do STF que consagra a teoria da dupla garantia foi reafirmada no RE 1027633/
SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/8/2019 (repercussão geral) (Info 947).

6.1. Denunciação à Lide

A denunciação à lide é uma medida de economia processual em que aquele que estiver,
por lei ou contrato, obrigado a reparar o prejuízo deve ser denunciado à lide (fazer parte do
processo). Com a denunciação, o juiz, em uma única sentença, resolverá todas as lides (=ca-
sos). Decidirá a relação entre autor e réu e, em seguida, entre denunciante (=réu) e denunciado
(=aquele que passou a fazer parte do processo).
No CPC anterior, a denunciação à lide era obrigatória, sob pena de perder direito de regres-
so. Porém, o STJ sempre entendeu que nas ações que envolviam a Fazenda Pública não seria
obrigatória. Vale dizer, o Estado poderia não fazer a denunciação e, mesmo assim, poderia
depois entrar com ação regressiva.
No entanto, nos termos do Novo CPC, a denunciação à lide não é obrigatória em nenhum
caso mais. Desse modo, para fins de concurso, vamos seguir o Novo CPC e a posição do STJ:
a denunciação à lide do servidor não é obrigatória.
A Lei n. 8.112/1990 determina no art. 122, § 2º, que o servidor responderá em ação regres-
siva perante a Fazenda Pública, afastando a denunciação à lide e o litisconsórcio.

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Litisconsórcio é instituto do Direito Processual Civil no qual tem na ação mais de uma pes-
soa no polo passivo ou ativo. Ex.: uma pessoa entra com uma ação de indenização contra o
vendedor e contra a loja (litisconsórcio passivo). STF não admite que a vítima entre com a ação
em face do Estado e agente público em razão da teoria da dupla garantia.
Na doutrina, há enorme divergência. Alguns admitem, outros não, sob o argumento de que
com a denunciação à lide seria prejudicial à vítima (=autor).
Para o STF admite? Não. Lembre-se da teoria da DUPLA GARANTIA (vítima → Estado; Esta-
do → agente público). Servidor não participa do mesmo processo junto com o Estado.

Litisconsórcio (ação
Ação regressiva
da vítima contra Ação direta da vítima
(ação do Estado Denunciação à lide do servidor
Estado e agente ao contra o agente
contra seu agente)
mesmo tempo)
Para o STJ e NCPC, não é obrigatória.
Para o STF, não é possível (não cabe,
De acordo com os pois, a ação é contra o Estado. Depois.
O Estado tem de provar Para o STF, não
entendimentos mais o Estado entra com ação regressiva em
que o agente atuou com é possível (RE n.
recentes do STF, não face do servidor). O agente só pode res-
dolo ou culpa (subjetiva). 327.904/SP, 2006).
é possível. ponder perante o Estado.
A Lei n. 8.112/1990 diz que o servidor
só responde em ação regressiva.

6.2. Prescrição: Vítima x Estado

Como eu lhe disse antes, prescrição tem relação com o prazo para exercer uma preten-
são... por meio do ingresso de uma demanda judicial (ação).
Neste tópico da aula, vamos analisar o prazo que a vítima tem para cobrar do Estado e, em
seguida, o prazo que o Estado tem para cobrar do causador do dano.
No que se refere ao prazo prescricional do particular em face do Estado, sendo pessoa
jurídica de direito público ou pessoa de direito privado prestadora de serviço público, o prazo
será de cinco anos, de acordo com o Decreto n. 20.910/1932 e nos termos do art. 1º-C da Lei
n. 9.494/1997. Nesse mesmo sentido, o STJ vem pacificando seu entendimento, afastando a
aplicação do art. 206 do Código Civil (prazo de três anos), por se tratar de norma que rege ape-
nas as relações entre os particulares.

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EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO ADMINISTRATIVO.


AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. PRESCRIÇÃO.
PRAZO QUINQUENAL.
É de cinco anos o prazo para a pretensão de reparação civil do Estado.
Precedente da Primeira Seção (AgRgREsp n. 1.149.621/PR, Relator Ministro Benedito
Gonçalves, DJe 18/5/2010).
Embargos de divergência rejeitados. (EREsp n. 1.081.885/RR, Rel. Ministro Hamilton Car-
valhido, Primeira Seção, julg. 13/12/2010, DJe 1/2/2011).
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. PRESCRIÇÃO. REPARAÇÃO CIVIL CONTRA A
FAZENDA PÚBLICA. ART. 1º DO DECRETO N. 20.910/1932. NORMA ESPECIAL QUE PRE-
VALECE SOBRE LEI GERAL. INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO CIVIL. PRAZO QUINQUENAL.
ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM JURISPRUDÊNCIA DO STJ. ÓBICE DA
SÚMULA N. 83 DO STJ.
Verifica-se que o Tribunal a quo decidiu de acordo com jurisprudência desta Corte no sen-
tido de que o prazo prescricional referente à pretensão de reparação civil contra a Fazenda
Pública é quinquenal, conforme previsto no art. 1º do Decreto-Lei n. 20.910/1932, e não
trienal, nos termos do art. 206, § 3º, inciso V, do Código Civil de 2002, que prevê a prescri-
ção em pretensão de reparação civil. Incidência da Súmula n. 83 do STJ.
Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp n. 1.256.676/SC, Rel. Ministro Humberto
Martins, Segunda Turma, julg. 20/10/2011, DJe 27/10/2011).

O entendimento majoritário da doutrina (entre eles, Celso Antônio Bandeira de Mello e Ma-
ria Sylvia Di Pietro), também é o de que permanece o prazo prescricional de cinco anos para
as ações de reparação de danos contra a Fazenda Pública. Esses autores afastam a aplicação
do Código Civil, pois em relação à Fazenda Pública, existe prazo prescricional específico no
Decreto n. 20.910/1932.
Assim:

 Obs.: Carvalho Filho (2009), em sentido oposto, entende que a prescrição é de três anos,
regulada pelo Código Civil.

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6.3. Prescrição: Estado x Agente


Agora, vamos ver o prazo que o Estado tem para efetuar a cobrança do causador do dano.
Atenção... porque esse tópico teve uma grande mudança desde janeiro de 2016....
A posição atual do STF é no sentido de que a Fazenda Pública está sujeita a prazo de pres-
crição previsto em lei para ingressar com a ação regressiva decorrente de ilícito civil.5
Antes, o STF entendia ser imprescritível, nos termos do art. 37, § 5º, da CF:

§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

Contudo, entendeu o STF que a regra da imprescritibilidade prevista no citado artigo da


CF só vale para reparação de danos decorrente de atos de improbidade. Neste caso, continua
imprescritível.

Ok... O STF afirmou que o Estado tem prazo para ingressar com a ação de regresso. Mas
qual seria esse prazo?

No caso concreto, foi uma ação de reparação de danos que a União ingressou, há muitos
anos, contra uma concessionária (pessoa jurídica de direito privado). A posição do STF foi para
manter o prazo já aplicado pelas instâncias inferiores que no caso concreto foi de 3 anos (apli-
cando o Código Civil) e, em seguida, fixou a tese de que tem que ser observado prazo.
Porém, o mérito principal do recurso julgado no STF não foi para estabelecer um prazo,
mas para estabelecer que deve ter um prazo. Certamente, esse assunto voltará a ser analisado
pelo STF.
De outro modo, o STJ tem jurisprudência pacificada de que na ação de regresso deve ser
observado o prazo de 5 anos, aplicando o Decreto n. 20.910/1932.

(...) 4. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a prescrição contra a


Fazenda Pública é quinquenal, mesmo em ações indenizatórias, uma vez que é regida
pelo Decreto 20.910/1932, norma especial que prevalece sobre lei geral. (...)
5. O STJ tem entendimento jurisprudencial no sentido de que o prazo prescricional da
Fazenda Pública deve ser o mesmo prazo previsto no Decreto 20.910/1932, em razão do
princípio da isonomia. (...)
(STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 768.400/DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
03/11/2015)
5
STF. Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 03/02/2016 (repercussão geral).

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Assim, qualquer questão afirmando que é imprescritível, estará incorreta...


Em verdade, só há um caso que é imprescritível: propositura de ação visando indenização
por danos causados por tortura praticada na época da ditadura.

7. Jurisprudência

Muito importante a leitura desses julgados a seguir, pois em provas de concursos eles
aparecem bastante...
O examinador vai até os sites do STF e STJ e retiram um caso desses e transforma em
questão de concurso...

RESPONSABILIDADE DO ESTADO. FOGOS DE ARTIFÍCIO – Tema 366: “Para que fique


caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes do comércio de
fogos de artifício, é necessário que exista violação de um dever jurídico específico de agir,
que ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais,
ou quando for de conhecimento do Poder Público eventuais irregularidades praticadas
pelo particular”.
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL: A aplicação de penalidades admi-
nistrativas não obedece à lógica da responsabilidade objetiva da esfera cível (para repa-
ração dos danos causados), mas deve obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade,
ou seja, a conduta deve ser cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de
seu elemento subjetivo, e com demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano.
Assim, a responsabilidade CIVIL ambiental é objetiva; porém, tratando-se de responsabi-
lidade administrativa ambiental, a responsabilidade é SUBJETIVA. STJ. 1ª Seção. EREsp
1318051/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 08/05/2019 (Info 650).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. ALTERAÇÃO DE
ALÍQUOTAS. INDÚSTRIA NACIONAL. IMPACTO ECONÔMICO-FINANCEIRO. RISCO DA
ATIVIDADE. Não se verifica o dever do Estado de indenizar eventuais prejuízos financei-
ros do setor privado decorrentes da alteração de política econômico-tributária, no caso
de o ente público não ter se comprometido, formal e previamente, por meio de determi-
nado planejamento específico. REsp 1.492.832-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, por maio-
ria, julgado em 04/09/2018, DJe 01/10/2018.

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Posse tardia em cargo público. Na hipótese de posse em cargo público determinada


por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização, sob fundamento de que deve-
ria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante.
RE 724347/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/o acórdão Min. Roberto Barroso,
26.2.2015. (RE-724347)
POSSE TARDIA E PROGRESSÃO FUNCIONAL RETROATIVA. A nomeação tardia de candi-
datos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à qual atribuída eficácia
retroativa, não gera direito às promoções ou progressões funcionais que alcançariam
se houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação. STF. Plenário. RE 629392 RG/MT,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/6/2017 (repercussão geral) (Info 868).
O STF entendeu que a União, na qualidade de contratante, possui responsabilidade civil
por prejuízos suportados por companhia aérea em decorrência de planos econômicos
que impossibilitaram a empresa de reajustar suas tarifas. Com a decisão, foi garantida
indenização em virtude da suposta diminuição do seu patrimônio decorrente da política
de congelamento tarifário referente ao período de outubro de 1985 a janeiro de 1992.
A empresa, concessionária de serviço aéreo, argumentou que o congelamento das tari-
fas violou o direito ao equilíbrio econômico-financeiro contratual. RE 571969/DF, rel. Min.
Cármen Lúcia, 12.3.2014
Informativo n. 738 STF
PLENÁRIO
Responsabilidade civil do Estado por ato lícito: intervenção econômica e contrato - 6
A União, na qualidade de contratante, possui responsabilidade civil por prejuízos supor-
tados por companhia aérea em decorrência de planos econômicos existentes no período
objeto da ação. Essa a conclusão do Plenário ao finalizar o julgamento de três recursos
extraordinários nos quais se discutia eventual direito a indenização de companhia aérea
em virtude da suposta diminuição do seu patrimônio decorrente da política de congelamento
tarifário vigente, no País, de outubro de 1985 a janeiro de 1992. A empresa, ora recorrida,
requerera também o restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de
serviço de transporte aéreo, com o ressarcimento dos prejuízos suportados, acrescidos
de danos emergentes, lucros cessantes, correção monetária e juros, em face de cláusula
contratual — v. Informativo 705. O Tribunal, por maioria, negou provimento aos recursos
extraordinários do Ministério Público Federal, na parte em que conhecido, e da União.

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Não conheceu, ainda, do outro recurso extraordinário da União, referente à participação


do parquet desde o início da demanda. RE 571969/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.3.2014.
(RE-571969)
A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes
de erro médico ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento custeado pelo
Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a Lei n. 8.080/90, a responsabilidade pela
fiscalização dos hospitais credenciados ao SUS é do Município, a quem compete respon-
der em tais casos. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.388.822-RN, Rel. Min. Og Fernandes, julgado
em 13/5/2015 (Info 563).
DIREITO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO EM RAZÃO DA
EXISTÊNCIA DE CADÁVER EM DECOMPOSIÇÃO EM RESERVATÓRIO DE ÁGUA.
O consumidor faz jus a reparação por danos morais caso comprovada a existência de
cadáver em avançado estágio de decomposição no reservatório do qual a concessioná-
ria de serviço público extrai a água fornecida à população. De início, fica configurada a
responsabilidade subjetiva por omissão da concessionária decorrente de falha do dever
de efetiva vigilância do reservatório de água. Ainda que se alegue que foram observa-
das todas as medidas cabíveis para a manutenção da segurança do local, fato é que
ele foi invadido, e o reservatório passível de violação quando nele foi deixado um cadá-
ver humano. Ficou caracterizada, ademais, a falha na prestação do serviço, indenizável
por dano moral, quando a concessionária não garantiu a qualidade da água distribuída à
população, porquanto inegável que, se o corpo estava em decomposição, a água ficou por
determinado período contaminada. Outrossim, é inegável, diante de tal fato, a ocorrência
de afronta à dignidade da pessoa humana, consistente no asco, angústia, humilhação,
impotência da pessoa que toma ciência que consumiu água contaminada por cadáver
em avançado estágio de decomposição. Sentimentos que não podem ser confundidos
com o mero dissabor cotidiano. Ainda que assim não fosse, há que se reconhecer
a ocorrência de dano moral in re ipsa, o qual dispensa comprovação do prejuízo extra-
patrimonial, sendo suficiente a prova da ocorrência de ato ilegal, uma vez que o resul-
tado danoso é presumido. (AgRg no REsp 1.354.077-SP, Terceira Turma, DJe 22/9/2014
e AgRg no AREsp 163.472-RJ, Segunda Turma, DJe 2/8/2012). REsp 1.492.710-MG, Rel.
Min. Humberto Martins, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014.

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DIREITO ADMINISTRATIVO. TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO DE PRETENSÃO INDENI-


ZATÓRIA DECORRENTE DE TORTURA E MORTE DE PRESO. O termo inicial da prescrição
de pretensão indenizatória decorrente de suposta tortura e morte de preso custodiado
pelo Estado, nos casos em que não chegou a ser ajuizada ação penal para apurar os
fatos, é a data do arquivamento do inquérito policial. Precedentes citados: REsp 618.934-
SC, Primeira Turma, DJ 13/12/2004; REsp 591.419-RS, Primeira Turma, DJ 25/10/2004; e
AgRg no Ag 972.675-BA, Segunda Turma, DJe 13/3/2009. REsp 1.443.038-MS, Rel. Minis-
tro Humberto Martins, julgado em 12/2/2015, DJe 19/2/2015.
Informativo n. 776 STJ – DANO PRESUMIDO”!!!!!!
DIREITO ADMINISTRATIVO E DO CONSUMIDOR. DANO MORAL IN RE IPSA NO CASO DE
EXTRAVIO DE CARTA REGISTRADA.
Se a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) não comprovar a efetiva entrega
de carta registrada postada por consumidor nem demonstrar causa excludente de res-
ponsabilidade, há de se reconhecer o direito a reparação por danos morais in re ipsa,
desde que o consumidor comprove minimamente a celebração do contrato de entrega
da carta registrada. Nesse caso, deve-se reconhecer a existência de dano moralin re ipsa,
que exonera o consumidor do encargo de demonstrar o dano que, embora imaterial, é de
notória existência. De fato, presume-se que ninguém remete uma carta, ainda mais regis-
trada, sem que seja importante o seu devido e oportuno recebimento pelo destinatário,
independentemente do seu conteúdo. Assim, simplesmente negar esse dano seria pac-
tuar com a má prestação de serviço que estaria autorizada mediante a mera devolução
do valor pago na confiança de que o serviço fosse satisfatoriamente executado. Além
do mais, não se trata de aborrecimento sem maiores consequências, mas de ineficiên-
cia com graves consequências, porquanto o serviço contratado não executado frustrou
a finalidade do recebimento oportuno. Ademais, a contratação de serviços postais ofe-
recidos pelos Correios por meio de tarifa especial, para envio de carta registrada – que
permite o posterior rastreamento pelo próprio órgão de postagem –, revela a existência
de contrato de consumo, devendo a fornecedora responder objetivamente ao cliente por
danos morais advindos da falha do serviço quando não comprovada a efetiva entrega.
Além disso, é verdade que o STF, por ocasião do julgamento da ADPF 46-DF (Tribunal
Pleno, DJe 26/2/2010), fixou como atividades típicas de Estado, objeto de monopólio,
aquelas previstas no art. 9º da Lei n. 6.538/1978, entre as quais se encontra arrolada

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a expedição e a entrega de cartas e cartões-postais (inciso I). Aliás, como bem assen-
tado pela doutrina, “sendo o princípio maior o da livre iniciativa (leia-se, também, livre
concorrência), somente em hipóteses restritas e constitucionalmente previstas poderá
o Estado atuar diretamente, como empresário, no domínio econômico. Essas exceções
se resumem aos casos de: a) imperativo da segurança nacional (CF, art. 173, caput); b)
relevante interesse coletivo (CF, art. 173, caput); c) monopólio outorgado pela União (e.g.,
CF, art. 177)”. Portanto, o caso ora em análise revela o exercício de típico serviço público
(art. 21, X, da CF), relevante ao interesse social, exercido por meio de monopólio ou pri-
vilégio conferido aos Correios (art. 9º da Lei n. 6.538/1978), a quem incumbe o “rece-
bimento, transporte e entrega no território nacional, e a expedição, para o exterior, de
carta e cartão-postal”, o que acarreta sua responsabilidade objetiva (art. 37, § 6º, da CF e
arts. 14 e 22 do CDC). EREsp 1.097.266-PB, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 10/12/2014, DJe 24/2/2015.
Informativo n. 558 STJ
DIREITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DE RESSARCIMENTO
AO ERÁRIO FUNDADA EM LESÃO PRESUMIDA.
Ainda que procedente o pedido formulado em ação popular para declarar a nulidade de
contrato administrativo e de seus posteriores aditamentos, não se admite reconhecer a
existência de lesão presumida para condenar os réus a ressarcir ao erário se não houve
comprovação de lesão aos cofres públicos, mormente quando o objeto do contrato já
tenha sido executado e existam laudo pericial e parecer do Tribunal de Contas que con-
cluam pela inocorrência de lesão ao erário. De fato, a ação popular consiste em um rele-
vante instrumento processual de participação política do cidadão, destinado eminente-
mente à defesa do patrimônio público, bem como da moralidade administrativa, do meio
ambiente e do patrimônio histórico e cultural. Nesse contexto, essa ação possui pedido
imediato de natureza desconstitutivo-condenatória, porquanto objetiva, precipuamente,
a insubsistência do ato ilegal e lesivo a qualquer um dos bens ou valores enumerados no
inciso LXXIII do art. 5º da CF e a condenação dos responsáveis e dos beneficiários dire-
tos ao ressarcimento ou às perdas e danos correspondentes. Tem-se, dessa forma, como
imprescindível a comprovação do binômio ilegalidade-lesividade, como pressuposto ele-
mentar para a procedência da ação popular e de consequente condenação dos requeri-
dos a ressarcimento ao erário em face dos prejuízos comprovadamente atestados ou nas

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perdas e danos correspondentes (arts. 11 e 14 da Lei n. 4.717/1965). Eventual violação


à boa-fé e aos valores éticos esperados nas práticas administrativas não configura, por
si só, elemento suficiente para ensejar a presunção de lesão ao patrimônio público, uma
vez que a responsabilidade dos agentes em face de conduta praticada em detrimento
do patrimônio público exige a comprovação e a quantificação do dano, nos termos do
art. 14 da Lei n. 4.717/1965. Entendimento contrário implicaria evidente enriquecimento
sem causa do ente público, que usufruiu dos serviços prestados em razão do contrato
firmado durante o período de sua vigência. Precedente citado: REsp 802.378-SP, Primeira
Turma, DJ 4/6/2007. REsp 1.447.237-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado
em 16/12/2014, DJe 9/3/2015.
DIREITO DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL DA EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELÉGRAFOS (ECT) POR ASSALTO OCORRIDO NO INTERIOR DE BANCO
POSTAL.
A ECT é responsável pelos danos sofridos por consumidor que foi assaltado no interior
de agência dos Correios na qual é fornecido o serviço de banco postal. De início, cumpre
esclarecer que a questão discutida no caso em análise não é a mesma da enfrentada no
julgamento do REsp 1.224.236-RS (DJe 2/4/2014), ocasião na qual a Quarta Turma afas-
tou a incidência do art. 1º, § 1º, da Lei n. 7.102/1983 no que toca às lotéricas, quando atu-
ando na função de correspondente, ao fundamento de que, apesar de prestarem determi-
nados serviços bancários, não possuem natureza de instituição financeira. Naquele caso,
analisava-se contenda entre casa lotérica e a Caixa Econômica Federal, na qual se discu-
tia a relação contratual (seguro) entre elas e a específica relação de permissão de serviço
público, para fins de definir quem seria o responsável pela segurança do estabelecimento
comercial (agência permissionária). Aqui, ao revés, discute-se a responsabilidade na rela-
ção usuário/fornecedor pelo defeito nos serviços prestados na atividade de banco postal,
portanto durante a relação de consumo entre as partes, não havendo falar em permis-
são de serviço público. Posto isso, esclareça-se, por oportuno, que banco postal (serviço
financeiro postal especial), segundo o Banco Central, é a marca utilizada pela Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT para a atuação, por meio de sua rede de atendi-
mento, como correspondente contratado de uma instituição financeira. O objetivo dessa
atividade é levar os serviços e produtos bancários mais elementares à população de loca-
lidades desprovidas de referidos benefícios, proporcionando a inclusão social e acesso

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ao sistema financeiro, conferindo maior capilaridade ao atendimento bancário, nada mais


sendo do que uma longa manus das instituições financeiras que não conseguem atender
toda a sua demanda. Efetivamente, é inviável reconhecer a incidência das especializadas
regras de segurança previstas na Lei n. 7.102/1983 com relação à atuação dos Correios,
notadamente a exigência de requisitos de segurança para funcionamento de estabele-
cimento que seja sede de instituição financeira, tais como: equipamentos de filmagem,
vigilância ostensiva, artefatos que retardem a ação de criminosos, cabina blindada dentre
outros. Todavia, não há como obstar a incidência das regras protetivas do CDC. Com
efeito, as contratações tanto dos serviços postais como dos serviços de banco postal
oferecidos pelos Correios revelam a existência de contrato de consumo, desde que o usu-
ário se qualifique como “destinatário final” do produto ou serviço. Observe-se, a propósito,
que o fato de uma empresa se inserir na categoria de prestadora de serviço público ou de
exploradora da atividade econômica, por óbvio, não a afasta das regras próprias do CDC,
bastando que seja estabelecida relação de consumo com seus usuários (art. 3º). Nesse
contexto, tanto as empresas públicas prestadoras de serviços públicos, assim como as
exploradoras da atividade econômica, submetem-se ao regime de responsabilidade civil
objetiva, previsto no art. 14 do CDC. Dessarte, considerando a existência de relação de
consumo na hipótese, bem como o fato do serviço, resta saber se incide a excludente de
responsabilização pelo rompimento do nexo causal – fortuito externo. No caso do banco
postal, presta-se um serviço cuja natureza traz, em sua essência, risco à segurança, jus-
tamente por tratar de atividade financeira com guarda de valores e movimentação de
numerário, além de diversas outras atividades tipicamente bancárias, e que, apesar de o
correspondente não ser juridicamente uma instituição financeira para fins de incidência
do art. 1º, § 1º, da Lei n. 7.102/1983, aos olhos do consumidor nada mais é do que um
banco, como o próprio nome revela: “banco postal”. Deveras, é assente na jurisprudência
do STJ que, nas discussões a respeito de assaltos dentro de agências bancárias, sendo
o risco inerente à atividade bancária, é a instituição financeira que deve assumir o ônus
desses infortúnios. É que os “roubos em agências bancárias são eventos previsíveis, não
caracterizando hipótese de força maior, capaz de elidir o nexo de causalidade, requisito
indispensável ao dever de indenizar” (REsp 1.093.617-PE, Quarta Turma, DJe 23/3/2009).
Na hipótese, o serviço prestado pelos Correios foi inadequado e ineficiente, porque des-
cumpriu o dever de segurança legitimamente esperado pelo consumidor, não havendo

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falar em caso fortuito para fins de exclusão da responsabilidade com rompimento da


relação de causalidade, mas sim fortuito interno, porquanto incide na proteção dos riscos
esperados da atividade empresarial desenvolvida. Ademais, como dito, aos olhos do usu-
ário, inclusive em razão do nome e da prática comercial, não se pode concluir de outro
modo. Com efeito, o consumidor efetivamente crê que o banco postal (correspondente
bancário) nada mais é do que um banco com funcionamento dentro de agência dos Cor-
reios. De fato, dentro do seu poder de livremente contratar e oferecer diversos tipos de
serviços, ao agregar a atividade de correspondente bancário ao seu empreendimento,
acaba-se por criar risco inerente à própria atividade das instituições financeiras, devendo
por isso responder pelos danos que essa nova atribuição tenha gerado aos seus consu-
midores, uma vez que atraiu para si o ônus de fornecer a segurança legitimamente espe-
rada para esse tipo de negócio. REsp 1.183.121-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 24/2/2015, DJe 7/4/2015
Determinada pessoa foi presa e torturada por policiais. Foi instaurado inquérito policial
para apurar o ocorrido.
Qual será o termo de início da prescrição da ação de indenização por danos morais?
Se tiver sido ajuizada ação penal contra os autores do crime: o termo inicial da prescrição
será o trânsito em julgado da sentença penal.
Se o inquérito policial tiver sido arquivado (não foi ajuizada ação penal): o termo inicial da
prescrição da ação de indenização é a data do arquivamento do IP.
Ou seja, NÃO É DA DATA DO FATO!!!!!
STJ. 2ª Turma. REsp 1.443.038-MS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 12/2/2015
(Info 556).
Fonte: dizerodireito.com.br
A fixação do prazo prescricional de 5 anos para os pedidos de indenização por danos causa-
dos por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito pri-
vado prestadoras de serviços públicos, constante do art. 1º-C da Lei n. 9.494/97, é constitu-
cional. STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info 824).
ERRO NO PAGAMENTO DA TAXA DE INSCRIÇÃO DO CONCURSO – PERDA DE UMA
CHANCE
Para a aplicação da teoria da perda de uma chance exige-se demonstração contundente
de que a ação do causador do dano foi causa única e determinante para não se alcançar
o resultado pretendido. A candidata teve sua inscrição em concurso público cancelada

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por falta de pagamento porque o funcionário do banco errou ao digitar o código de barras
do boleto bancário da taxa de inscrição. Alegou que perdeu a possibilidade de participar
do certame e de se tornar servidora pública diante de falha da instituição bancária. O Rela-
tor explicou que a teoria da perda de uma chance visa à responsabilização do agente pela
perda da possibilidade de se buscar posição mais vantajosa que muito provavelmente se
alcançaria, não fosse o ato ilícito praticado. Dessa forma, a perda de uma chance, desde
que essa seja razoável, séria e real, é considerada uma lesão às justas expectativas frus-
tradas do indivíduo que, ao perseguir uma posição jurídica mais vantajosa, teve o curso
normal dos acontecimentos interrompido por ato ilícito de terceiro. Na hipótese, os Jul-
gadores entenderam que a falha da instituição financeira no processamento do boleto
bancário da taxa de inscrição não é o único fator capaz de eliminar o eventual êxito da
autora na aprovação do concurso. Para se alcançar a aprovação em concursos públicos,
não basta a inscrição no certame. O candidato deve realizar e ser aprovado em provas e
testes aplicados em que, na quase totalidade dos casos, o número de inscritos é muito
superior ao de vagas oferecidas pela Administração Pública. Dessa forma, a Turma con-
cluiu tratar-se o caso de mera chance hipotética não passível de indenização.
Acórdão n. 885527, 20140310117050APC, Relator: HECTOR VALVERDE SANTANNA, Revi-
sor: JAIR SOARES, 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 05/08/2015, Publicado no DJE:
13/08/2015. Pág.: 224
VENDA DE MÍDIA FALSIFICADA – VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS
O fato de a venda de mídia falsificada ser frequente não significa que há tolerância
social, cabendo ao Estado reprimir a patente violação de direitos autorais, bem constitu-
cionalmente tutelado. Os réus se insurgiram contra a condenação pela prática do crime
de violação de direito autoral, em razão da venda de mídia falsificada. A defesa pleiteou a
absolvição dos réus sob o argumento de atipicidade da conduta, pela aplicação ao caso
do princípio da adequação social. A Julgadora afirmou que o mero fato de uma conduta
ser frequente ou mesmo corriqueira não significa que há tolerância social. Para a Desem-
bargadora, tal argumento levaria à abolição não só da pirataria, mas de grande parte dos
tipos do Código Penal. Acrescentou que a existência de entidades do terceiro setor, como
a Associação de Defesa da Propriedade Intelectual (Adepi) e a Associação Antipirataria
Cinema e Música (APCM), demonstra a revolta da comunidade com a ilicitude do lucro
às custas do trabalho artístico de outrem. Dessa forma, a Turma reconheceu a ilicitude

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da conduta dos réus por entender que cabe ao Estado reprimir, por meio do direito penal,
a patente violação de direitos autorais.
Acórdão n. 887522, 20130710253253APR, Relatora: SANDRA DE SANTIS, Revisor:
ROMÃO C. OLIVEIRA, 1ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 06/08/2015, Publicado no
DJE: 17/08/2015. Pág.: 133
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. LEGITIMIDADE DE AGENTE PÚBLICO
PARA RESPONDER DIRETAMENTE POR ATOS PRATICADOS NO EXERCÍCIO DE SUA FUNÇÃO.
Na hipótese de dano causado a particular por agente público no exercício de sua função,
há de se conceder ao lesado a possibilidade de ajuizar ação diretamente contra o agente,
contra o Estado ou contra ambos. De fato, o art. 37, § 6º, da CF prevê uma garantia para o
administrado de buscar a recomposição dos danos sofridos diretamente da pessoa jurí-
dica, que, em princípio, é mais solvente que o servidor, independentemente de demons-
tração de culpa do agente público. Nesse particular, a CF simplesmente impõe ônus
maior ao Estado decorrente do risco administrativo. Contudo, não há previsão de que
a demanda tenha curso forçado em face da administração pública, quando o particular
livremente dispõe do bônus contraposto; tampouco há imunidade do agente público de
não ser demandado diretamente por seus atos, o qual, se ficar comprovado dolo ou culpa,
responderá de qualquer forma, em regresso, perante a Administração. Dessa forma,
a avaliação quanto ao ajuizamento da ação contra o agente público ou contra o Estado
deve ser decisão do suposto lesado. Se, por um lado, o particular abre mão do sistema de
responsabilidade objetiva do Estado, por outro também não se sujeita ao regime de pre-
catórios, os quais, como é de cursivo conhecimento, não são rigorosamente adimplidos
em algumas unidades da Federação. Posto isso, o servidor público possui legitimidade
passiva para responder, diretamente, pelo dano gerado por atos praticados no exercício
de sua função pública, sendo que, evidentemente, o dolo ou culpa, a ilicitude ou a pró-
pria existência de dano indenizável são questões meritórias. Precedente citado: REsp
731.746-SE, Quarta Turma, DJe 4/5/2009. REsp 1.325.862-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salo-
mão, julgado em 5/9/2013. (CUIDADO!!! DECISÃO ISOLADA DO STJ)
Informativo n. 530 STJ
DIREITO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
Na fixação do valor da indenização, não se deve aplicar o critério referente à teoria da
perda da chance, e sim o da efetiva extensão do dano causado (art. 944 do CC), na hipó-
tese em que o Estado tenha sido condenado por impedir servidor público, em razão de

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interpretação equivocada, de continuar a exercer de forma cumulativa dois cargos públi-


cos regularmente acumuláveis. Na hipótese de perda da chance, o objeto da reparação
é a perda da possibilidade de obter um ganho como provável, sendo que há que fazer a
distinção entre o resultado perdido e a possibilidade de consegui-lo. A chance de vitória
terá sempre valor menor que a vitória futura, o que refletirá no montante da indenização.
Contudo, na situação em análise, o dano sofrido não advém da perda de uma chance,
pois o servidor já exercia ambos os cargos no momento em que foi indevidamente impe-
dido de fazê-lo, sendo este um evento certo, em relação ao qual não restam dúvidas. Não
se trata, portanto, da perda de uma chance de exercício cumulativo de ambos os cargos,
porque isso já ocorria, sendo que o ato ilícito imputado ao ente estatal gerou dano de
caráter certo e determinado, que deve ser indenizado de acordo com sua efetiva extensão
(art. 944 do CC). REsp 1.308.719-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
25/6/2013.
DIREITO ADMINISTRATIVO. IMPRESCRITIBILIDADE DA PRETENSÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANO MORAL DECORRENTE DE ATOS DE TORTURA.
É imprescritível a pretensão de recebimento de indenização por dano moral decorrente
de atos de tortura ocorridos durante o regime militar de exceção. Precedentes citados:
AgRg no AG 1.428.635-BA, Segunda Turma, DJe 9/8/2012; e AgRg no AG 1.392.493-RJ,
Segunda Turma, DJe 1/7/2011. REsp 1.374.376-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
em 25/6/2013.
Informativo n. 515 STJ
DIREITO ADMINISTRATIVO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS EM DECORRÊNCIA
DE NOMEAÇÃO TARDIA PARA CARGO PÚBLICO DETERMINADA EM DECISÃO JUDICIAL.
É indevida a indenização por danos materiais a candidato aprovado em concurso público
cuja nomeação tardia decorreu de decisão judicial. O STJ mudou o entendimento sobre a
matéria e passou a adotar a orientação do STF no sentido de que não é devida indeniza-
ção pelo tempo em que se aguardou solução judicial definitiva para que se procedesse à
nomeação de candidato para cargo público. Assim, não assiste ao concursado o direito
de receber o valor dos vencimentos que poderia ter auferido até o advento da nomea-
ção determinada judicialmente, pois essa situação levaria a seu enriquecimento ilícito
em face da inexistência da prestação de serviços à Administração Pública. Precedentes
citados: EREsp 1.117.974-RS, DJe 19/12/2011, e AgRg no AgRg no RMS 34.792-SP, DJe

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23/11/2011. AgRg nos EDcl nos EDcl no RMS 30.054-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado
em 19/2/2013.
INFORMATIVO n. 501 STJ - RECURSO REPETITIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ATROPE-
LAMENTO EM VIA FÉRREA. MORTE DE TRANSEUNTE. CONCORRÊNCIA DE CAUSAS.
A Seção, ao apreciar REsp submetido ao regime do art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-
STJ, ratificando a sua jurisprudência, firmou o entendimento de que, no caso de atropela-
mento de pedestre em via férrea, configura-se a concorrência de causas quando: a con-
cessionária do transporte ferroviário descumpre o dever de cercar e fiscalizar os limites
da linha férrea, mormente em locais urbanos e populosos, adotando conduta negligente
no tocante às necessárias práticas de cuidado e vigilância tendentes a evitar a ocor-
rência de sinistros; e a vítima adota conduta imprudente, atravessando a composição
ferroviária em local inapropriado. Todavia, a responsabilidade da ferrovia é elidida, em
qualquer caso, pela comprovação da culpa exclusiva da vítima. REsp 1.210.064-SP, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 8/8/2012.
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
JUROS DE MORA. AÇÃO AJUIZADA APÓS A EDIÇÃO DA MP 2.180-35/01. PERCENTUAL
DE 6% AO ANO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO INDICAÇÃO EXPRESSA DO DISPOSI-
TIVO LEGAL TIDO POR VIOLADO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO SUMULAR N. 284/STF.
PRECEDENTES.
1. A jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça posiciona-se no sentido
de que os juros moratórios sobre as condenações contra a Fazenda Pública, nas causas
iniciadas após a edição da Medida Provisória n. 2.180-35/01, devem incidir no percen-
tual de 6% ao ano.
2. No tocante ao suposto valor excessivo fixado a título de indenização a não indica-
ção dos dispositivos legais tidos por violados impede a apreciação do recurso quanto à
hipótese constante na alínea ‘c’ do permissivo constitucional, incidindo, neste particular,
o enunciado sumular n. 284 do Eg. Supremo Tribunal Federal.
3. Recurso Especial conhecido em parte e, nessa extensão, PROVIDO.
(REsp 770030/SC, Rel. Ministro CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ FEDERAL CONVO-
CADO DO TRF 1ª REGIÃO), SEGUNDA TURMA, julgado em 03/06/2008, DJe 17/06/2008)
Responsabilidade civil do Estado. Artigo 37, § 6º, da Constituição do Brasil. Latrocínio
cometido por foragido. Nexo de causalidade configurado. Precedente. A negligência esta-
tal na vigilância do criminoso, a inércia das autoridades policiais diante da terceira fuga e
o curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime são suficientes para caracterizar o

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nexo de causalidade. Ato omissivo do Estado que enseja a responsabilidade objetiva nos
termos do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição do Brasil. (RE n. 573.595-AgR, Rel.
Min. Eros Grau, julg. 24/6/2008, DJe 15/8/2008)
O Tribunal, por maioria, deu provimento a agravo regimental interposto em suspensão de
tutela antecipada para manter decisão interlocutória proferida por desembargador do Tri-
bunal de Justiça do Estado de Pernambuco, que concedera parcialmente pedido formu-
lado em ação de indenização por perdas e danos morais e materiais para determinar que
o mencionado Estado-membro pagasse todas as despesas necessárias à realização de
cirurgia de implante de Marcapasso Diafragmático Muscular (MDM) no agravante, com
o profissional por este requerido. Na espécie, o agravante, que teria ficado tetraplégico
em decorrência de assalto ocorrido em via pública, ajuizara a ação indenizatória, em que
objetiva a responsabilização do Estado de Pernambuco pelo custo decorrente da referida
cirurgia, “que devolverá ao autor a condição de respirar sem a dependência do respirador
mecânico”. Entendeu-se que restaria configurada uma grave omissão, permanente e reite-
rada, por parte do Estado de Pernambuco, por intermédio de suas corporações militares,
notadamente por parte da polícia militar, em prestar o adequado serviço de policiamento
ostensivo, nos locais notoriamente passíveis de práticas criminosas violentas, o que
também ocorreria em diversos outros Estados da Federação. Em razão disso, o cidadão
teria o direito de exigir do Estado, o qual não poderia se demitir das consequências que
resultariam do cumprimento do seu dever constitucional de prover segurança pública,
a contraprestação da falta desse serviço. Ressaltou-se que situações configuradoras de
falta de serviço podem acarretar a responsabilidade civil objetiva do Poder Público, con-
siderado o dever de prestação pelo Estado, a necessária existência de causa e efeito, ou
seja, a omissão administrativa e o dano sofrido pela vítima, e que, no caso, estariam pre-
sentes todos os elementos que compõem a estrutura dessa responsabilidade. (...) (STA
n. 223-AgR, Rel. p/acórdão Min. Celso de Mello, julg. 14/4//2008, Informativo 502).
Responsabilidade civil do Estado. Danos morais. Ato de tabelionato (...) Cabimento. Pre-
cedentes. (AI n. 522.832-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julg. 26/2/2008, DJe 28/3/2008).
Erro judiciário. Responsabilidade civil objetiva do Estado. Direito à indenização por danos
morais decorrentes de condenação desconstituída em revisão criminal e de prisão pre-
ventiva. CF, art. 5º, LXXV. Código de Processo Penal, art. 630. O direito à indenização da
vítima de erro judiciário e daquela presa além do tempo devido, previsto no art. 5º, LXXV,

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da Constituição, já era previsto no art. 630 do Código de Processo Penal, com a exceção
do caso de ação penal privada e só uma hipótese de exoneração, quando para a conde-
nação tivesse contribuído o próprio réu. A regra constitucional não veio para aditar pres-
supostos subjetivos à regra geral da responsabilidade fundada no risco administrativo,
conforme o art. 37, § 6º, da Lei Fundamental: a partir do entendimento consolidado de
que a regra geral é a irresponsabilidade civil do Estado por atos de jurisdição, estabelece
que, naqueles casos, a indenização é uma garantia individual e, manifestamente, não a
submete à exigência de dolo ou culpa do magistrado. O art. 5º, LXXV, da Constituição:
é uma garantia, um mínimo, que nem impede a lei, nem impede eventuais construções
doutrinárias que venham a reconhecer a responsabilidade do Estado em hipóteses que
não a de erro judiciário stricto sensu, mas de evidente falta objetiva do serviço público da
Justiça. (RE n. 505.393, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julg. em 26/6/2007, DJ 5/10/2007).
A intervenção estatal na economia, mediante regulamentação e regulação de setores
econômicos, faz-se com respeito aos princípios e fundamentos da ordem econômica.
CF, art. 170. O princípio da livre iniciativa é fundamento da República e da Ordem econô-
mica: CF, art. 1º, IV; art. 170. Fixação de preços em valores abaixo da realidade e em des-
conformidade com a legislação aplicável ao setor: empecilho ao livre exercício da ativi-
dade econômica, com desrespeito ao princípio da livre iniciativa. Contrato celebrado com
instituição privada para o estabelecimento de levantamentos que serviriam de embasa-
mento para a fixação dos preços, nos termos da lei. Todavia, a fixação dos preços acabou
realizada em valores inferiores. Essa conduta gerou danos patrimoniais ao agente eco-
nômico, vale dizer, à recorrente: obrigação de indenizar por parte do Poder Público. CF,
art. 37, § 6º. Prejuízos apurados na instância ordinária, inclusive mediante perícia técnica.
(RE n. 422.941, Rel. Min. Carlos Velloso, julg. 6/12/2005, DJ 24/3/2006).
Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º, da Constituição Federal. Faute du service
public caracterizada. Estupro cometido por presidiário, fugitivo contumaz, não submetido
à regressão de regime prisional como manda a lei. Configuração do nexo de causalidade.
Recurso extraordinário desprovido. Impõe-se a responsabilização do Estado quando um
condenado submetido a regime prisional aberto pratica, em sete ocasiões, falta grave
de evasão, sem que as autoridades responsáveis pela execução da pena lhe apliquem
a medida de regressão do regime prisional aplicável à espécie. Tal omissão do Estado
constituiu, na espécie, o fator determinante que propiciou ao infrator a oportunidade

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para praticar o crime de estupro contra menor de 12 anos de idade, justamente no perí-
odo em que deveria estar recolhido à prisão. Está configurado o nexo de causalidade,
uma vez que se a lei de execução penal tivesse sido corretamente aplicada, o condenado
dificilmente teria continuado a cumprir a pena nas mesmas condições (regime aberto),
e, por conseguinte, não teria tido a oportunidade de evadir-se pela oitava vez e cometer
o bárbaro crime de estupro. (RE n. 409.203, Rel. p/acórdão Min. Joaquim Barbosa, julg.
7/3/2006, DJ 20/4/2007)
Tratando-se de ato omissivo do Poder Público, a responsabilidade civil por tal ato é sub-
jetiva, pelo que exige dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a negligência,
a imperícia ou a imprudência, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado
que pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço. A falta
do serviço – faute du service dos franceses – não dispensa o requisito da causalidade,
vale dizer, do nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao Poder Público e
o dano causado a terceiro. Latrocínio praticado por quadrilha da qual participava um
apenado que fugira da prisão tempos antes: neste caso, não há falar em nexo de cau-
salidade entre a fuga do apenado e o latrocínio. (RE n. 369.820, Rel. Min. Carlos Velloso,
julg. 4/11/2003, DJ 27/2/2004)
A teoria do risco administrativo, consagrada em sucessivos documentos constitucionais
brasileiros desde a Carta Política de 1946, confere fundamento doutrinário à responsabi-
lidade civil objetiva do Poder Público pelos danos a que os agentes públicos houverem
dado causa, por ação ou por omissão. Essa concepção teórica, que informa o princípio
constitucional da responsabilidade civil objetiva do Poder Público, faz emergir, da mera
ocorrência de ato lesivo causado à vítima pelo Estado, o dever de indenizá-la pelo dano
pessoal e/ou patrimonial sofrido, independentemente de caracterização de culpa dos
agentes estatais ou de demonstração de falta do serviço público. Os elementos que
compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade civil objetiva do Poder
Público compreendem a) a alteridade do dano, b) a causalidade material entre o eventus
damni e o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público, c) a
oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a agente do Poder Público, que tenha,
nessa condição funcional, incidido em conduta comissiva ou omissiva, independente-
mente da licitude, ou não, do comportamento funcional (RTJ 140/636), e d) a ausência de

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causa excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 – RTJ 71/99 – RTJ 91/377–
RTJ 99/1155 – RTJ 131/417). (RE n. 109.615, Rel. Min. Celso de Mello, julg. 28/5/1996,
DJ 2/8/1996). No mesmo sentido: RE n. 481.110-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julg.
6/2/2007, DJ 9/3/2007.
Responsabilidade objetiva do estado. Acidente de trânsito envolvendo veículo oficial.
Responsabilidade pública que se caracteriza, na forma do § 6º do art. 37 da Constituição
Federal, ante danos que agentes do ente estatal, nessa qualidade, causarem a terceiros,
não sendo exigível que o servidor tenha agido no exercício de suas funções. Precedente.
(RE n. 294.440-AgR, Rel. Min. Ilmar Galvão, julg. 14/5/2002, DJ 2/8/2002).
Oficial do corpo de bombeiros militar. Exoneração por haver sido admitido sem concurso.
Reparação das perdas e danos sofridos, com base no art. 37, § 6º, da Constituição Fede-
ral. Legitimidade da pretensão, tendo em vista que a nomeação do recorrente para a cor-
poração maranhense se deu por iniciativa do Governo Estadual, conforme admitido pelo
acórdão recorrido, havendo importado o encerramento de sua carreira militar no Estado
do Rio de Janeiro, razão pela qual, com a exoneração, ficou sem os meios com que con-
tava para o sustento próprio e de sua família. (RE n. 330.834, Rel. Min. Ilmar Galvão, julg.
30/9/2002, DJ 22/11/2002).
Caracteriza-se a responsabilidade civil objetiva do Poder Público em decorrência de
danos causados, por invasores, em propriedade particular, quando o Estado se omite
no cumprimento de ordem judicial para envio de força policial ao imóvel invadido. (RE n.
283.989, Rel. Min. Ilmar Galvão, julg. 28/5/2002, DJ 13/9/2002).
Responsabilidade civil do Estado: morte de passageiro em acidente de aviação civil:
caracterização. Lavra dissenção doutrinária e pretoriana acerca dos pressupostos da
responsabilidade civil do Estado por omissão (cf. RE n. 257.761), e da dificuldade muitas
vezes acarretada à sua caracterização, quando oriunda de deficiências do funcionamento
de serviços de polícia administrativa, a exemplo dos confiados ao DAC – Departamento
de Aviação Civil –, relativamente ao estado de manutenção das aeronaves das empresas
concessionárias do transporte aéreo. Há no episódio uma circunstância incontroversa,
que dispensa a indagação acerca da falta de fiscalização preventiva, minimamente exigí-
vel, do equipamento: é estar a aeronave, quando do acidente, sob o comando de um “che-
cador” da Aeronáutica, à deficiência de cujo treinamento adequado se deveu, segundo
a instância ordinária, o retardamento das medidas adequadas à emergência surgida na

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decolagem, que poderiam ter evitado o resultado fatal. (RE n. 258.726, Rel. Min. Sepúl-
veda Pertence, julg. 14/5/2002, DJ 14/6/2002).
Responde o Estado pelos danos causados em razão de reconhecimento de firma consi-
derada assinatura falsa. Em se tratando de atividade cartorária exercida à luz do art. 236
da Constituição Federal, a responsabilidade objetiva é do notário, no que assume posição
semelhante à das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos
(...). (RE n. 201.595, Rel. Min. Marco Aurélio, julg. 28/11/2000, DJ 20/4/2001).
Os cargos notariais são criados por lei, providos mediante concurso público e os atos de
seus agentes, sujeitos à fiscalização estatal, são dotados de fé pública, prerrogativa esta
inerente à ideia de poder delegado pelo Estado. Legitimidade passiva ad causam do Estado.
Princípio da responsabilidade. Aplicação. Ato praticado pelo agente delegado. Legitimidade
passiva do Estado na relação jurídica processual, em face da responsabilidade objetiva da
Administração. (RE n. 212.724, Rel. Min. Maurício Corrêa, julg. 30/3/1999, DJ 6/81999).
Latrocínio praticado por preso foragido, meses depois da fuga. Fora dos parâmetros da
causalidade não é possível impor ao Poder Público uma responsabilidade ressarcitória
sob o argumento de falha no sistema de segurança dos presos. Precedente da Primeira
Turma: RE n. 130.764, Relator Ministro Moreira Alves. (RE n. 172.025, Rel. Min. Ilmar
Galvão, julg. 8/10/1996, DJ 19/12/1996).
Candidatos que só vieram a ter o direito à nomeação depois de outros que foram nome-
ados por só terem obtido prioridade pela nova ordem de classificação em virtude do ree-
xame de questões do concurso. Nesse caso, o direito a serem ressarcidos por não have-
rem sido nomeados anteriormente não decorre do art. 37, II, da Constituição, mas, sim,
do seu art. 37, § 6º, questão que não foi prequestionada. (RE n. 221.170, Rel. p/acórdão
Min. Moreira Alves, julg. 4/4/2000, DJ 30/6/2000).
Veículo registrado pelo Detran, mas que veio a ser apreendido pela polícia por ser objeto
de furto. Não se pode impor ao Estado o dever de ressarcir o prejuízo, conferindo-se ao
certificado de registro de veículo, que é apenas título de propriedade, o efeito legitimador
da transação, e dispensando-se o adquirente de diligenciar, quando da sua aquisição,
quanto à legitimidade do título do vendedor. Fora dos parâmetros da causalidade não é
possível impor ao Poder Público o dever de indenizar sob o argumento de falha no sis-
tema de registro. (RE n. 215.987, Rel. Min. Ilmar Galvão, julg. 14/9/1999, DJ 12/11/1999).
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. POLICIAL À PAISANA QUE SE
IDENTIFICA. NEXO DE CAUSALIDADE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.

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É objetiva a responsabilidade civil do Estado por ação de policial à paisana que se envolve
em tiroteio em transporte público, resultando na morte de passageiro.
Deve ser reconhecida a responsabilidade do Estado, ante a presença do liame entre a
atuação administrativa, com a participação do policial, ainda que fora do estrito exercício
da função, e o dano suportado por terceiro. Precedente do STF. Recurso especial provido.
(REsp n. 976.073/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julg. 24/6/2008, DJe
12/8/2008).
O art. 37, § 6º, da Constituição da República não confere direito à indenização a candida-
tos não aprovados dentro do número de vagas previsto no edital, não nomeados por con-
veniência da Administração. (AI n. 743.554-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julg. 8/9/2009,
Primeira Turma, DJE 2/10/2009.) No mesmo sentido: RE n. 602.254-AgR, Rel. Min. Eros
Grau, julg. 27/4/2010, Segunda Turma, DJe 21/5/2010.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INOCORRÊNCIA DE CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE OU
OMISSÃO. PRETENDIDO REEXAME DA CAUSA. CARÁTER INFRINGENTE. INADMISSIBILI-
DADE. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO PODER PÚBLICO. ELEMENTOS ESTRUTU-
RAIS. TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO. FATO DANOSO (MORTE) PARA O OFENDIDO
(MENOR IMPÚBERE) RESULTANTE DE TRATAMENTO MÉDICO INADEQUADO EM HOSPITAL
PÚBLICO. PRESTAÇÃO DEFICIENTE, PELO DISTRITO FEDERAL, DO DIREITO FUNDAMENTAL
À SAÚDE, INDISSOCIÁVEL DO DIREITO À VIDA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
(...)
Os elementos que compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade civil
objetiva do Poder Público compreendem a) a alteridade do dano, b) a causalidade mate-
rial entre o eventus damni e o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do
agente público, c) a oficialidade da atividade causal e lesiva imputável a agente do Poder
Público que tenha, nessa específica condição, incidido em conduta comissiva ou omis-
siva, independentemente da licitude, ou não, do comportamento funcional e d) a ausên-
cia de causa excludente da responsabilidade estatal. Precedentes. A omissão do Poder
Público, quando lesiva aos direitos de qualquer pessoa, induz à responsabilidade civil
objetiva do Estado, desde que presentes os pressupostos primários que lhe determinam
a obrigação de indenizar os prejuízos que os seus agentes, nessa condição, hajam cau-
sado a terceiros. Doutrina. Precedentes.
A jurisprudência dos Tribunais em geral tem reconhecido a responsabilidade civil obje-
tiva do Poder Público nas hipóteses em que o eventus damni ocorra em hospi-
tais públicos (ou mantidos pelo Estado), ou derive de tratamento médico inadequado,

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ministrado por funcionário público, ou, então, resulte de conduta positiva (ação) ou nega-
tiva (omissão) imputável a servidor público com atuação na área médica. Configuração
de todos os pressupostos primários determinadores do reconhecimento da responsabili-
dade civil objetiva do Poder Público, o que faz emergir o dever de indenização pelo dano
pessoal e/ou patrimonial sofrido. (RE n. 734.689-DF, Relator: Min. Celso de Mello, julg.
26/6/2012, Segunda Turma, publ. Acórdão Eletrônico DJe-167, divulg. 23/8/2012, publ.
24/8/2012).
DIREITO ADMINISTRATIVO. IMPRESCRITIBILIDADE DA PRETENSÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANO MORAL DECORRENTE DE ATOS DE TORTURA.
É imprescritível a pretensão de recebimento de indenização por dano moral decorrente
de atos de tortura ocorridos durante o regime militar de exceção. Precedentes citados:
AgRg no AG 1.428.635-BA, Segunda Turma, DJe 9/8/2012; e AgRg no AG 1.392.493-RJ,
Segunda Turma, DJe 1/7/2011. REsp 1.374.376-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
em 25/6/2013.
É indevida a indenização por danos materiais a candidato aprovado em concurso público
cuja nomeação tardia decorreu de decisão judicial. O STJ mudou o entendimento sobre a
matéria e passou a adotar a orientação do STF no sentido de que não é devida indeniza-
ção pelo tempo em que se aguardou solução judicial definitiva para que se procedesse à
nomeação de candidato para cargo público. Assim, não assiste ao concursado o direito
de receber o valor dos vencimentos que poderia ter auferido até o advento da nomea-
ção determinada judicialmente, pois essa situação levaria a seu enriquecimento ilícito
em face da inexistência da prestação de serviços à Administração Pública. Precedentes
citados: EREsp 1.117.974-RS, DJe 19/12/2011, e AgRg no AgRg no RMS 34.792-SP, DJe
23/11/2011. AgRg nos EDcl nos EDcl no RMS 30.054-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado
em 19/2/2013.
Informativo n. 285 TJDF - TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE CONTRA O ESTADO
FALTA DE VAGA EM UTI – PERDA DE UMA CHANCE
Distrito Federal é condenado a indenizar pais de criança morta por falta de vaga em
UTI. O nexo de causalidade entre a conduta omissiva do DF e a morte do bebê foi com-
provado, o que implica a responsabilização civil do Estado, prevista no texto constitu-
cional.O bebê foi internado com sintomas típicos de gripe, mas o quadro evoluiu para
insuficiência respiratória e, posteriormente, pneumonia e septicemia. Diante da gravidade
do estado de saúde da criança, houve pedido médico de encaminhamento para UTI, mas

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o setor de regulação de vagas informou que não havia previsão de disponibilidade de


leito. Os Magistrados entenderam pela aplicação da teoria da perda de uma chance, já
utilizada pelo STJ em casos similares, pois foi retirada da paciente a melhor chance de
restabelecer sua saúde, acarretando o dever do Estado de reparar os danos morais cau-
sados.Acórdão n. 798907, 20110110312866APO, Relator: J.J. COSTA CARVALHO, Rela-
tor Designado: ESDRAS NEVES, Revisor: SÉRGIO ROCHA, 2ª Turma Cível, Data de Julga-
mento: 18/06/2014, Publicado no DJE: 01/07/2014. Pág.: 127
Informativo n. 284 TJDF
GRAVIDEZ APÓS PROCEDIMENTO DE LAQUEADURA – INEXISTÊNCIA DE RESPONSABI-
LIDADE DO ESTADO
A recanalização espontânea após a cirurgia de laqueadura tubária constituiu evento
imprevisível e inevitável que afasta a responsabilidade indenizatória do Estado. A res-
ponsabilidade civil do Estado na prestação de serviço médico-hospitalar é objetiva, isto é,
independe de verificação de culpa do agente, mas pode ser excluída caso o ente público
comprove a ocorrência de caso fortuito. No caso, a prova pericial concluiu que não houve
erro no procedimento cirúrgico da laqueadura e que a gestação decorreu da recanaliza-
ção espontânea da tuba uterina. Para os Desembargadores, embora a recanalização seja
rara, caracteriza-se como caso fortuito, capaz de romper com o nexo de causalidade e
afastar a responsabilidade pelos danos alegados. Dessa forma, concluiu-se que o Distrito
Federal não pode ser responsabilizado pela gravidez não planejada. Acórdão n. 794041,
20030110552417APC, Relator: ANTONINHO LOPES, Revisor: CRUZ MACEDO, 4ª Turma
Cível, Data de Julgamento: 05/06/2013, Publicado no DJE: 04/06/2014. Pág.: 121
ERRO NA DIVULGAÇÃO DE RESULTADO DE VESTIBULAR – VÍCIO DE LEGALIDADE
Candidato que foi erroneamente considerado aprovado em vestibular não pode conti-
nuar a frequentar o curso, sob pena de se perpetuar uma injustiça. A Administração pode
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, pois deles não
se originam direitos (Súmula 473 do STF). Para os Julgadores, manter o candidato não
aprovado em vestibular no curso traria prejuízo àqueles que, efetivamente aprovados e
classificados, não puderam realizar a matrícula em razão da falta de estrutura da faculdade
para atender candidatos além do número de vagas previstas no edital. Sob o pretexto de
se proteger o suposto direito da parte, não é possível a convalidação desse ato ilegal. Dessa
forma, o Colegiado concluiu que, pelo princípio da autotutela, a Administração tem o dever

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de anular a matrícula, eis que o candidato não obteve classificação dentro do número de
vagas reservadas para o curso de medicina.Acórdão n. 795740, 20140020096248AGI,
Relator: JAIR SOARES, 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 04/06/2014, Publicado no
DJE: 10/06/2014. Pág.: 145
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. OMISSÃO. BACEN. DEVER DE
FISCALIZAÇÃO. MERCADO DE CAPITAIS. QUEBRA DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. EVEN-
TUAL PREJUÍZO DE INVESTIDORES. NEXO DE CAUSALIDADE. AUSÊNCIA.
1. A pacífica jurisprudência do STJ e do STF, bem como a doutrina, compreende que a
responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, sendo necessário,
dessa forma, comprovar a negligência na atuação estatal, ou seja, a omissão do Estado,
apesar do dever legalmente imposto de agir, além, obviamente, do dano e do nexo causal
entre ambos.
2. O STJ firmou o entendimento de não haver nexo de causalidade entre o prejuízo
sofrido por investidores em decorrência de quebra de instituição financeira e a suposta
ausência ou falha na fiscalização realizada pelo Banco Central no mercado de capitais.
3. Recursos Especiais providos.
(REsp 1023937/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
08/06/2010, DJe 30/06/2010)
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INS-
TRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS.
PERSEGUIÇÃO POLÍTICA E TORTURA DURANTE O REGIME MILITAR.
IMPRESCRITIBILIDADE DE PRETENSÃO INDENIZATÓRIA DECORRENTE DE VIOLAÇÃO DE
DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS DURANTE O PERÍODO DE EXCEÇÃO. INAPLICABI-
LIDADE DO ART. 1º DO DECRETO N. 20.910/1932.
VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC QUE NÃO SE VERIFICA. CONFIGURAÇÃO DA CONDIÇÃO
DE ANISTIADO E REDUÇÃO DA VERBA INDENIZATÓRIA. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE DIRI-
MIU A CONTROVÉRSIA COM BASE NO ACERVO PROBATÓRIO DOS AUTOS. REFORMA DO
JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ.
1. Constatado que a Corte de origem empregou fundamentação adequada e suficiente
para dirimir a controvérsia, é de se afastar a alegada violação do art. 535 do CPC.
2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que “As
ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de atos de tortura ocorridos

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durante o Regime Militar de exceção são imprescritíveis. Inaplicabilidade do prazo pres-


cricional do art. 1º do Decreto 20.910/1932.” (EREsp n. 816.209/RJ, Relatora Ministra
Eliana Calmon, Primeira Seção, in DJe 10/11/2009). Isso, porque as referidas ações refe-
rem-se a período em que a ordem jurídica foi desconsiderada, com legislação de exceção,
havendo, sem dúvida, incontáveis abusos e violações dos direitos fundamentais, mor-
mente do direito à dignidade da pessoa humana.
Precedentes: REsp 959.904/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 29/9/2009;
AgRg no Ag 970.753/MG, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJe 12/11/2008;
REsp 449.000/PE, Rel.
Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 30/6/2003.
3. O Tribunal a quo, analisando os fatos da causa, concluiu que houve inequívoca “perse-
guição política”, estando, portanto, preenchidos os requisitos para se obter a reparação
de danos prevista na lei, e inverter essa conclusão, bem como discutir a pretendida redu-
ção da verba indenizatória, implica incursão no universo fáctico-probatório dos autos,
o que é vedado em razão do óbice contido no enunciado n. 7 da Súmula do STJ.
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no Ag 1391062/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, jul-
gado em 09/08/2011, DJe 16/08/2011)
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO DO ART 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA
DE FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA N. 284/STF. ANÁLISE DE DISPOSITIVOS CONSTITUCIO-
NAIS. COMPETÊNCIA DO STF. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DANOS MORAIS E
MATERIAIS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ANIMAL NA PISTA. AUSÊNCIA DE FISCALIZAÇÃO
E SINALIZAÇÃO. OMISSÃO DO ESTADO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULA N. 7/STJ.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
3. Na hipótese de acidente de trânsito entre veículo automotor e equino que adentrou
na pista, há responsabilidade subjetiva do Estado por omissão, tendo em vista sua
negligência em fiscalizar e sinalizar parte de rodovia federal em que, de acordo com o
acórdão recorrido, há tráfico intenso de animais.
4. A constatação de ocorrência de culpa da vítima por excesso de velocidade ou de mera
fatalidade do destino reclamaria necessariamente o reexame do material fático-probató-
rio, o que é vedado pela Súmula n. 7/STJ.

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5. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que a revisão do arbitramento da repa-


ração de danos morais e materiais somente é admissível nas hipóteses de determinação
de montante exorbitante ou irrisório.
(...)
8. Recurso especial não conhecido.
(REsp 438.831/RS, 2ª Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 2.8.2006)
É cediço que, segundo a jurisprudência deste Superior Tribunal, as concessionárias de
serviços rodoviários, nas suas relações com os usuários da estrada, estão subordina-
das ao CDC. Dessa forma, a presença de animal na pista coloca em risco a segurança
dos usuários da rodovia, devendo a concessionária responder, de forma objetiva, pela
morte de motociclista que se chocou com animal na rodovia. Com esse entendimento,
a Turma não conheceu do recurso da concessionária, no qual se defendia a denunciação
à lide do DNER para reparação dos danos, afirmando ser da autarquia a responsabilidade
de patrulhar a rodovia para apreensão de animais soltos, e confirmou o acórdão recor-
rido que decidiu descaber a denunciação à lide. Precedentes citados: REsp 647.710-RJ,
DJ 30/6/2006; AgRg no Ag 522.022-RJ, DJ 5/4/2004, e REsp 467.883-RJ, DJ 1º/9/2003.
REsp 573.260-RS, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 27/10/2009.

O termo inicial do prazo prescricional para ajuizamento da ação de indenização contra


o Estado em razão da demora na concessão da aposentadoria conta-se a partir do seu
deferimento. STJ. 1ª Turma. REsp 1.840.570-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado
em 16/11/2021 (Info 720).

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (2019/MPE-GO/MPE-GO/PROMOTOR DE JUSTIÇA/REAPLICAÇÃO) Sobre a
responsabilidade civil do Estado, assinale a alternativa incorreta:
a) Segundo o STF, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
de serviço público, em relação a terceiros não usuários do serviço, é subjetiva.
b) No caso de posse em cargo público determinada por decisão judicial, entende o STF que o
servidor não faz jus á indenização sob fundamento de que deveria ter sido investido em mo-
mento anterior, salvo situação de flagrante arbitrariedade.
c) Como regra, o Brasil adota a teoria do risco administrativo, segundo a qual é possível excluir
a responsabilidade diante da ausência de qualquer de seus elementos definidores.
d) É possível constatar divergência doutrinária quanto ao reconhecimento do caso fortuito
como excludente da responsabilidade objetiva, uma vez que parcela dos autores, para os quais
ele não pode ser considerado uma excludente, afirma que pouco importa perscrutar o porquê
de o Estado ter praticado o ato.

Questão 2 (2019/CESPE/TJ-PA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Segundo o entendimento


majoritário do STJ, no caso de ação indenizatória ajuizada contra a fazenda pública em razão
da responsabilidade civil do Estado, o prazo prescricional é
a) decenal, como previsto no Código de Processo Civil, em detrimento do prazo trienal previsto
pelas normas de direito público.
b) quinquenal, como previsto pelas normas de direito público, em detrimento do prazo decenal
contido no Código de Processo Civil.
c) trienal, como previsto pelo Código de Processo Civil, em detrimento do prazo quinquenal
contido no Código Civil.
d)quinquenal, como previsto pelas normas de direito público, em detrimento do prazo trienal
contido no Código Civil.
e) trienal, como previsto no Código Civil, em detrimento do prazo quinquenal contido no Código
de Processo Civil.

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Questão 3 (2019/VUNESP/PREFEITURA DA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE GUARATINGUE-


TÁ/PROCURADOR) Considere que Mário, habitante do Município Y, no dia 01 de setembro de
2016, trafegava obedecendo às regras de trânsito em uma estrada da cidade às 19 horas quan-
do seu veículo se chocou com um animal de grande porte que estava no meio da pista. Em
decorrência do acidente, Mário ficou tetraplégico. De acordo com o entendimento do Superior
Tribunal de Justiça, é correto afirmar que
a) Mário não poderá mais ajuizar ação de responsabilidade civil em face do Município, pois
o prazo prescricional para tal demanda é de 03 (três) anos que começou a correr na data do
acidente.
b) se configura a responsabilidade civil do Estado por omissão, havendo nexo causal entre o
acidente e a conduta estatal, consubstanciada no dever de fiscalizar as estradas e de impedir
que animais fiquem soltos em suas imediações e invadam a pista.
c) se trata de hipótese de caso fortuito e, consequentemente, o Município Y não poderá ser
responsabilizado pelo acidente sofrido por Mário.
d) o Município Y não poderá ser responsabilizado pelo acidente sofrido por Mário, pois o ente
público não possui meios eficazes de impedir a passagem de um animal nas estradas.
e) se configura hipótese de força maior, excludente do nexo causal, e o Município Y não será
responsabilizado pelo acidente sofrido por Mário.

Questão 4 (2019/VUNESP/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP/PROCURA-


DOR) Sobre a responsabilidade civil do Estado, assinale a alternativa que está de acordo com
a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
a) Nas ações indenizatórias decorrentes da responsabilidade civil objetiva do Estado, é obriga-
tória a denunciação à lide.
b) A responsabilidade civil pelo dano ambiental é subjetiva e subsidiária, mormente quando há
omissão do dever de controle e de fiscalização por parte do ente público.
c) O Estado responde subjetivamente pela integridade física de detento em estabelecimento
prisional.

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d) O Estado responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema peniten-
ciário, ainda que os danos não decorram direta ou imediatamente do ato de fuga.
e) Em caso de ato ilícito cometido por agente público, o termo inicial do prazo prescricional
para ajuizamento de ação indenizatória em face do Estado se dá a partir do trânsito em julgado
da sentença penal condenatória.

Questão 5 (2019/IDIB/CREMERJ/ADVOGADO) Sobre a responsabilidade civil da Adminis-


tração Pública, assinale a alternativa correta:
a) É possível que a Administração Pública seja responsabilizada por atos omissivos que gera-
rem danos aos particulares.
b) A pretensão indenizatória, decorrente de responsabilidade civil do Estado, prescreve em 03
(três) anos, conforme previsto na legislação.
c) Se o dano ao particular ocorrer dentro de instituições militares, a responsabilidade civil da
Administração Pública será sempre de natureza subjetiva.
d) Na hipótese de o dano ter sido causado por militar, a Constituição Federal veda que a Admi-
nistração Pública se utilize do direito de regresso.

Questão 6 (2019/QUADRIX/CRF-PR/ADVOGADO) Com relação à responsabilidade do Es-


tado, assinale a alternativa correta.
a) A responsabilidade das concessionárias de serviços públicos no exercício da função dele-
gada é objetiva, tal qual a da Administração, que, por sua vez, somente pode ser demandada
subsidiariamente.
b) Excepcionalmente, a responsabilidade das concessionárias de serviços públicos poderá ser
objetiva perante seus usuários e subjetiva em relação a não usuários.
c) Atos jurisdicionais, como regra, podem fundamentar responsabilidade civil do Estado.
d) Leis de efeitos concretos que atinjam diretamente determinado indivíduo podem fundamen-
tar responsabilidade estatal independentemente de serem declaradas como inconstitucionais.
e) Por força da presunção de constitucionalidade com que nascem, as leis posteriormente
declaradas como inconstitucionais não são capazes de ensejar a responsabilização civil do
Estado.

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Questão 7 (2019/VUNESP/UNIFAI/PROCURADOR JURÍDICO) Suponha que João, servi-


dor público, estava conduzindo durante o horário de expediente veículo oficial quando colidiu,
culposamente, com o carro de Maria. Com o objetivo de receber indenização pelos prejuízos
suportados, Maria ajuizou ação em face do Município, na qual lhe é reconhecido o direito ao
recebimento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), correspondente à quantia gasta com o conserto
do automóvel. Considerando que o ato praticado por João não está tipificado como crime ou
improbidade administrativa, assinale a alternativa correta.
a) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João prescreve em 5 (cinco) anos.
b) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João prescreve em 3 (três) anos.
c) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João é imprescritível.
d) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João prescreve em 10 (dez) anos.
e) O Município não dispõe de pretensão de ressarcimento em face de João.

Questão 8 (2019/CESPE/TCE-RO/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CON-


TAS) Considere as seguintes situações hipotéticas.
I – João, agente de uma fundação pública de direito público, no exercício de suas funções,
causou dano a terceiro.
II – Pedro, agente de sociedade de economia mista exploradora de atividade econômica, no
exercício de suas funções, causou dano a terceiro.
III – Antônio, agente de empresa privada prestadora de serviços públicos, no exercício de suas
funções, causou dano a terceiro.
Assinale a opção que apresenta, na ordem em que aparecem, as formas de responsabilidades
das referidas pessoas jurídicas pelos danos causados por João, Pedro e Antônio.
a) objetiva /objetiva /objetiva
b) objetiva /objetiva /subjetiva
c) objetiva /subjetiva /objetiva
d) subjetiva /objetiva /objetiva
e) subjetiva /subjetiva /objetiva

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Questão 9 (2019/QUADRIX/CREA-GO/ADVOGADO) Quanto às agências reguladoras,


aos poderes da Administração, à responsabilidade civil do Estado e ao controle jurisdicional
dos atos administrativos, julgue o item.
Uma vez violado o dever específico de proteção à integridade física do detento sob sua custó-
dia, o Estado será responsabilizado civilmente por sua morte.

Questão 10 (2019/CESPE/MPC-PA/PROCURADOR DE CONTAS) A respeito da responsa-


bilidade civil extracontratual do Estado, assinale a opção correta à luz do entendimento da
doutrina e dos tribunais superiores.
a) Conforme entendimento do STF, a responsabilidade civil do Estado por atos de notários
e oficiais de registro que, nessa qualidade, causarem danos a terceiros é direta, primária
e objetiva.
b) De acordo com o entendimento doutrinário predominante, o direito brasileiro acolheu a teo-
ria da irresponsabilidade do Estado.
c) A culpa concorrente da vítima, o fato de terceiro e a força maior são causas excludentes do
nexo de causalidade.
d) Não há responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes de atos normativos, mesmo
quando se tratar de leis de efeitos concretos.
e) Segundo entendimento do STJ, a imprescritibilidade da pretensão de recebimento de indeni-
zação decorrente de atos de tortura ocorridos durante o regime militar de exceção não alcança
as ações por danos materiais.

Questão 11 (2019/FAFIPA/PREFEITURA DE FOZ DO IGUAÇU-PR/PROCURADOR DO MU-


NICÍPIO JÚNIOR) Assinale a alternativa CORRETA, em relação à responsabilidade civil do Es-
tado.
a) A responsabilidade objetiva do Estado existe em qualquer hipótese de dano, inclusive decor-
rente de força maior e caso fortuito.
b) Na hipótese de falha do serviço público prestado pelo Estado, é desnecessária a comprova-
ção do nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída à Administração Pública e o dano
causado a terceiro.

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c) As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públi-


cos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, asse-
gurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
d) De acordo com a teoria do risco integral, para configuração da responsabilidade estatal,
é imprescindível a existência da ilicitude do ato lesivo.
e) O prazo de prescrição do direito de obter indenização pelos danos causados por agentes de
pessoa jurídica de direito privado prestadoras de serviços públicos é de dez anos.

Questão 12 (2019/INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) Sobre os elemen-


tos jurídicos da responsabilidade civil do Estado, assinale a afirmação INCORRETA:
a) É cabível ação de regresso manejada pela Pessoa Jurídica de Direito Público, na hipótese de
esta ser condenada a ressarcir um particular, em razão de conduta culposa de agente gerador
de dano a terceiro.
b) Os elementos comuns da responsabilidade civil objetiva e subjetiva são a ação do Estado,
o nexo causal e o dano.
c) Culpa é elemento subjetivo a ser verificado em ação de indenização quando se tratar de
responsabilidade subjetiva.
d) Na ação de reparação de danos, que tem por objeto a conduta comissiva de um agente do
Estado, é preciso que se comprove, além do nexo causal e dano, o elemento volitivo do agente
do Estado.
e) Aplica-se a responsabilidade civil subjetiva do Estado na hipótese de dano físico em par-
ticular que estava sob a custódia de um agente policial, e quando a alegação de dano físico
decorreu de conduta omissiva do referido policial.

Questão 13 (2019/CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) No que diz respeito a desvio e ex-


cesso de poder e à responsabilidade civil do Estado, julgue o item subsecutivo.
É possível responsabilizar a administração pública por ato omissivo do poder público, desde
que seja inequívoco o requisito da causalidade, em linha direta e imediata, ou seja, desde que
exista o nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder público e o dano causa-
do a terceiro.

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Questão 14 (2019/CESPE/PREFEITURA DE BOA VISTA-RR/PROCURADOR MUNICIPAL)


Julgue o item a seguir, acerca das disposições constitucionais a respeito de direito admi-
nistrativo.
Um município poderá ser condenado ao pagamento de indenização por danos causados por
conduta de agentes de sua guarda municipal, ainda que tais danos tenham decorrido de con-
duta amparada por causa excludente de ilicitude penal expressamente reconhecida em sen-
tença transitada em julgado.

Questão 15 (2019/CESPE/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO) De acordo com o entendimento majo-


ritário e atual do STJ, a responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é
a) objetiva, bastando que sejam comprovadas a existência do dano, efetivo ou presumido, e a
existência de nexo causal entre conduta e dano.
b) objetiva, bastando a comprovação da culpa in vigilando e do dano efetivo.
c) subjetiva, sendo necessário comprovar negligência na atuação estatal, o dano causado e o
nexo causal entre ambos.
d) subjetiva, sendo necessário comprovar a existência de dolo e dano, mas sendo dispensada
a verificação da existência de nexo causal entre ambos.
e) objetiva, bastando que seja comprovada a negligência estatal no dever de vigilância, admi-
tindo-se, assim, a responsabilização por dano efetivo ou presumido.

Questão 16 (2019/CESPE/TJ-BA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) A respeito da responsa-


bilidade civil do Estado, julgue os itens a seguir.
I – O Estado é responsável pela morte de detento causada por disparo de arma de fogo por-
tada por visitante do presídio, salvo se comprovada a realização regular de revista no público
externo.
II – O Estado necessariamente será responsabilizado em caso de suicídio de pessoa presa, em
razão do seu dever de plena vigilância.
III – A responsabilidade do Estado, em regra, será afastada quando se tratar da obrigação de
pagamento de encargos trabalhistas de empregados terceirizados que tenham deixado de re-
ceber salário da empresa de terceirização.

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Assinale a opção correta.


a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item III está certo.
c) Apenas os itens I e II estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

Questão 17 (2019/FUNDEP/DPE-MG/DEFENSOR PÚBLICO) Analise as afirmativas a seguir


sobre a responsabilidade civil do Estado e dos agentes públicos.
I – Fulano sofreu danos materiais decorrentes de uma ação estatal. Nesse caso, a ação de
reparação de danos, fundada no art. 37, §6º, CR/88 pode ser ajuizada conjuntamente contra a
pessoa jurídica de direito público e o agente público envolvido.
II – O servidor público não pode ser punido na esfera administrativa se foi absolvido no juízo
criminal.
III – Pela má execução da obra, a administração pública responde objetivamente, ao passo
que, pelo “só fato da obra”, a responsabilidade é subjetiva.
IV – A responsabilidade civil de um servidor público e a de um empregado de empresa privada
concessionária de serviço público, ambos no exercício de suas funções, é objetiva e subjetiva,
respectivamente.
Nesse contexto pode-se afirmar:
a) Estão corretas I e IV, apenas.
b) Estão corretas II e III, apenas.
c) Estão corretas I, II, III e IV.
d) Todos os itens estão incorretos.

Questão 18 (2019/CONSULPLAN/TJ-CE/JUIZ LEIGO) Considerando as causas em que se


discute a responsabilidade civil do Estado por danos causados ao particular, marque a asser-
tiva correta.
a) Nas ações em que se discute a responsabilidade civil do Estado, o ônus probante recai so-
bre o particular lesado ou quem o represente.

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b) A morte de detento em presídio atrai a responsabilidade subjetiva do Estado, pois implica


provar o dolo ou a culpa do agente penitenciário.
c) A responsabilidade objetiva, pela teoria do risco administrativo, admite, como tese de con-
testação do Estado, a alegação de culpa exclusiva da vítima.
d) No caso de responsabilidade civil por omissão genérica, tratada pela doutrina como teoria
da culpa anônima, a responsabilidade estatal é, em regra, objetiva

Questão 19 (2019/IADES/CRN-3ª REGIÃO (SP E MS)/ADVOGADO) A respeito da Respon-


sabilidade Civil do Estado, prevista no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, quanto à teoria, em
regra, é adotada atualmente no Brasil, assinale a alternativa correta.
a) Teoria da responsabilidade subjetiva para todas as hipóteses existentes.
b) Teoria do risco administrativo, sem causas excludentes, para os danos nucleares e
ambientais.
c) Teoria do risco administrativo que reconhece uma única hipótese de excludente de respon-
sabilidade, ou seja, quando houver culpa exclusiva da vítima.
d) Teoria do risco integral, quando o serviço atrasou ou funcionou mal.
e) Teoria do risco administrativo que admite duas hipóteses de excludente de responsabilida-
de, ou seja, quando houver culpa exclusiva da vítima e caso de força maior ou caso fortuito.

Questão 20 (2019/IADES/AL-GO/PROCURADOR) Considerando a jurisprudência sedimen-


tada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto à responsabilidade civil do Estado, assinale
a alternativa correta.
a) Em se tratando de indenização por danos decorrentes de responsabilidade contratual, os ju-
ros moratórios fluem a partir da ocorrência do evento danoso, tanto para os danos morais
quanto para os materiais.
b) O valor arbitrado, a título de danos morais, não pode ser revisto pelo STJ em face de a Corte
ter vedação de reanálise de matéria fática.
c) O prazo prescricional trienal contido no Código Civil de 2002 é aplicado nas ações indeni-
zatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo quinquenal previsto no
Decreto n. 20.910/1932.

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d) A responsabilidade civil do Estado pela morte de detento em delegacia, presídio ou cadeia


pública é objetiva, pois deve o Estado prestar vigilância e segurança aos presos sob a respec-
tiva custódia.
e) Nas ações de indenização fundadas na responsabilidade civil objetiva do Estado, com base
no § 6º do art. 37 da Constituição Federal de 1988, é inadmitida a denunciação da lide do agen-
te público supostamente responsável pelo ato lesivo.

Questão 21 (2019/UPENET/IAUPE/ADVOGADO) Sobre a responsabilidade civil do Estado,


assinale a alternativa CORRETA.
a) A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem admitido a responsabilidade integral do
Estado por ato comissivo de agente público, que causa dano ambiental.
b) É possível o afastamento da responsabilidade do Estado por dano nuclear causado por
agente público, quando da verificação concreta de caso fortuito ou força maior.
c) A responsabilidade civil por risco administrativo não admite excludente do nexo de causalidade.
d) A responsabilidade regressiva do agente público será objetiva em regra.
e) De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, os legitimados para propor Ação Civil Pública
não poderão pleitear indenização por dano social.

Questão 22 (2019/CESPE/TJ-BA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Determinado taxista diri-


gia embriagado quando colidiu contra o prédio de determinada secretaria estadual, que foi da-
nificado com a batida. Nessa situação hipotética, conforme o entendimento do STJ, o estado
federado prejudicado deverá propor ação de ressarcimento
a) no prazo prescricional de cinco anos, em razão de previsão expressa no Decreto Federal n.
20.910/1932.
b) no prazo prescricional de três anos, com base no Código Civil.
c) em prazo indeterminado, ante a imprescritibilidade das ações de ressarcimento ao erário
público.
d) no prazo prescricional de cinco anos, com base em aplicação analógica do Decreto Federal
n. 20.910/1932.
e) no prazo prescricional de cinco anos, por aplicação expressa da Lei Federal n. 9.784/1999,
que regula o processo administrativo no âmbito federal.

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Questão 23 (2018/VUNESP/FAPESP/PROCURADOR) Na hipótese de empregado de Agên-


cia Reguladora que, no exercício de sua atividade de fiscalização e monitoramento de exe-
cução de contrato de delegação de serviço público, causar dano a terceiro, haverá, em tese,
responsabilidade civil extracontratual
a) objetiva da agência reguladora, por ato comissivo de seu empregado.
b) subjetiva da agência reguladora, devendo-se apurar dolo ou culpa do empregado.
c) subjetiva do Poder Concedente, já que a agência reguladora não tem personalidade jurídica
própria.
d) objetiva do empregado da agência reguladora, por ato decorrente do exercício de poder de
polícia.

Questão 24 (2018/VUNESP/PREFEITURA DE BAURU-SP/PROCURADOR JURÍDICO) Um


agente de meio ambiente – guarda parque municipal – envolveu-se em acidente de trânsito
dentro dos limites territoriais de seu local de exercício, vindo a colidir veículo automotor oficial
com veículo particular de um dos visitantes do parque público municipal. De acordo com o
registro da ocorrência, o acidente teria sido provocado por negligência do servidor municipal.
Nessa hipótese,
a) há responsabilidade objetiva do Município em reparar o dano comprovadamente sofrido
pelo particular em decorrência dos fatos, cabendo ainda ao ente público instaurar procedimen-
to próprio para apuração de responsabilidade administrativa do servidor com vistas ao ressar-
cimento do erário pelos prejuízos sofridos como resultado de sua possível conduta negligente.
b) há responsabilidade objetiva do servidor público que responderá solidariamente com o Mu-
nicípio pelos danos comprovadamente sofridos pelo particular em decorrência dos fatos, além
de responsabilidade disciplinar e criminal do guarda parque.
c) não há que se falar em responsabilidade do ente público porque não é possível afirmar que
o servidor, ainda que uniformizado, durante horário de trabalho e conduzindo veículo oficial,
estivesse atuando, no momento dos fatos, na qualidade de agente de pessoa jurídica de direito
público.

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d) não há que se falar em responsabilidade civil do Município em razão da inexistência, no


caso descrito, de relação jurídica entre o ente público e o particular envolvido no acidente de
trânsito.
e) há responsabilidade subjetiva da pessoa jurídica responsável pela gestão do parque munici-
pal em que ocorrido o acidente, a ser apurada em processo administrativo próprio, observado
o devido processo legal.

Questão 25 (2018/QUADRIX/CRP-17ª REGIÃO (RN)/ADVOGADO) A respeito da responsa-


bilidade civil do Estado, assinale a alternativa correta.
a) Segundo a Constituição Federal de 1988 (CF), a responsabilidade civil estatal subsume-se à
teoria do risco administrativo exclusivamente para as condutas estatais comissivas.
b) Conforme o Superior Tribunal de Justiça (STJ), para que se caracterize a responsabilidade
civil do Estado pela morte de um detento em uma delegacia, um presídio ou uma cadeia públi-
ca, é necessário se inquirir sobre a existência de meios disponíveis à Administração Pública
para evitar o ocorrido.
c) A CF, nas condutas estatais omissivas, aceita a teoria do risco integral.
d) A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima
nos casos em que o Poder Público ostente o dever legal e a efetiva possibilidade de agir para
impedir o resultado danoso.
e) A responsabilidade civil do Estado, nos termos da CF, confunde-se com a responsabilidade
subjetiva de seus agentes, perquirida em ação regressiva ou autônoma.

Questão 26 (2018/IDECAN/CRF-SP/PROCURADOR) Para que seja imputada a responsabi-


lidade civil a determinado agente é imperioso que haja uma relação entre a conduta deste e o
prejuízo suportado pela vítima. Há, pois, hipóteses em que será afasta a responsabilidade do
agente. São causas excludentes da responsabilidade civil, EXCETO:
a) Legítima defesa.
b) Culpa exclusiva da vítima.
c) Omissão voluntária do agente.
d) Exercício regular de direito reconhecido.

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Questão 27 (2018/VUNESP/CÂMARA DE INDAIATUBA -SP/PROCURADOR JURÍDICO)

Fulano dos Santos foi visitar sua sogra em Indaiatuba e deixou o carro estacionado na rua.

Quando retornou, o carro não estava mais lá. Ele acionou a polícia, que registrou a ocorrência

e desde então não mais teve notícias do paradeiro de seu veículo. Diante disso, assinale a al-

ternativa correta

a) O Estado responde por omissão na segurança pública, pois não evitou a ocorrência do crime.

b) O Município de Indaiatuba deve indenizá-lo, pois o furto foi praticado no Município.

c) Não cabe indenização porque a responsabilidade, nos casos de omissão, é de natureza sub-

jetiva, devendo ser comprovada a culpa do ente público.

d) O Estado e o Município respondem objetivamente e de forma solidária pelo furto do veículo.

e) Somente o Estado deve responder de forma objetiva, pois há nexo de causalidade entre a

falha na segurança pública, que é de responsabilidade do Estado, e o crime que vitimou Fulano

dos Santos.

Questão 28 (2018/INAZ DO PARÁ/PREFEITURA DE SÃO JOÃO DO ARAGUAIA-PA/PRO-

CURADOR MUNICIPAL) No texto Constitucional de 1988 está previsto que as pessoas jurí-

dicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão

pelos danos que seus agentes causarem a terceiros.


Fonte: ANGHER, A. J. (Org.); 2017.

De acordo com o exposto, de que forma a pessoa jurídica poderá acionar judicialmente o agen-

te causador do dano?

a) A Lei assegura ação de regresso contra o agente causador do dano a terceiro.

b) É assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

c) O direito de regresso contra o responsável se dá em qualquer situação de dano causado a

terceiro.

d) Existe previsão legal de regresso quando o agente não justificar sua ação dentro do prazo

legal.

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Questão 29 (2017/VUNESP/DPE-RO/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO) Um cidadão,


juridicamente necessitado, procura a Defensoria Pública solicitando que fosse deduzida
pretensão em face do Estado de Rondônia, pleiteando indenização pela morte do filho, oca-
sionada por policial militar durante uma reintegração de posse. Ao atendê-lo, seria correto
responder-lhe que
a) a ação pode ser ajuizada e a chance de êxito é plena, pois nosso ordenamento jurídico ado-
tou a teoria do risco integral, devendo o Estado de Rondônia ser responsabilizado, bastando a
comprovação do dano e sua extensão.
b) o sucesso da demanda dependerá da demonstração do dano, da existência de nexo deste
com a ação policial e da inexistência da prática de ato, pela vítima, que legitimasse referi-
da ação.
c) como defensor público, não pode ajuizar ação contra pessoa jurídica de direito público.
d) precisaria da identificação do policial militar, pois a ação deve ser ajuizada em face dele e da
Fazenda Pública do Estado de Rondônia, sob pena de extinção.
e) a ação deve ser ajuizada em face do policial militar, independentemente da demonstração
de culpa, desde que seja possível identificá-lo e provar que foi o autor dos danos.

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GABARITO
1. a 28. b
2. d 29. b
3. b
4. e
5. a
6. d
7. a
8. c
9. C
10. a
11. c
12. d
13. C
14. C
15. c
16. b
17. d
18. c
19. e
20. d
21. a
22. d
23. a
24. a
25. d
26. c
27. c

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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (2019/MPE-GO/MPE-GO/PROMOTOR DE JUSTIÇA-REAPLICAÇÃO) Sobre a
responsabilidade civil do Estado, assinale a alternativa incorreta:
a) Segundo o STF, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
de serviço público, em relação a terceiros não usuários do serviço, é subjetiva.
b) No caso de posse em cargo público determinada por decisão judicial, entende o STF que o
servidor não faz jus á indenização sob fundamento de que deveria ter sido investido em mo-
mento anterior, salvo situação de flagrante arbitrariedade.
c) Como regra, o Brasil adota a teoria do risco administrativo, segundo a qual é possível excluir
a responsabilidade diante da ausência de qualquer de seus elementos definidores.
d) É possível constatar divergência doutrinária quanto ao reconhecimento do caso fortuito
como excludente da responsabilidade objetiva, uma vez que parcela dos autores, para os quais
ele não pode ser considerado uma excludente, afirma que pouco importa perscrutar o porquê
de o Estado ter praticado o ato.

Letra a.
a) Errada. De acordo com o entendimento do STF no julgamento do RE 591874/MS, a respon-
sabilidade será objetiva:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. ART. 37, § 6º, DA CONS-


TITUIÇÃO. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO
PÚBLICO. CONCESSIONÁRIO OU PERMISSIONÁRIO DO SERVIÇO DE TRANSPORTE COLE-
TIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA EM RELAÇÃO A TERCEIROS NÃO USUÁRIOS DO
SERVIÇO. RECURSO DESPROVIDO. I - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de
direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuá-
rios e não usuários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal.
II - A inequívoca presença do nexo de causalidade entre o ato administrativo e o dano cau-
sado ao terceiro não usuário do serviço público, é condição suficiente para estabelecer a
responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito privado. III - Recurso extraordiná-
rio desprovido.

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b) Certa. Esse é o entendimento do STF de acordo com o julgado que se segue: É indevida a in-
denização por danos materiais a candidato aprovado em concurso público cuja nomeação tardia
decorreu de decisão judicial. O STJ mudou o entendimento sobre a matéria e passou a adotar a
orientação do STF no sentido de que não é devida indenização pelo tempo em que se aguardou
solução judicial definitiva para que se procedesse à nomeação de candidato para cargo público.
Assim, não assiste ao concursado o direito de receber o valor dos vencimentos que poderia ter
auferido até o advento da nomeação determinada judicialmente, pois essa situação levaria a seu
enriquecimento ilícito em face da inexistência da prestação de serviços à Administração Públi-
ca. Precedentes citados: EREsp 1.117.974-RS, DJe 19/12/2011, e AgRg n. RMS 34.792-SP, DJe
23/11/2011. AgRg nos EDcl nos EDcl no RMS 30.054-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
19/02/2013.”
c) Certa. De fato, a nossa CF de 1988, no art. 37, § 6º (e desde a Constituição de 1946), consa-
grou a teoria do risco administrativo. Nela, a ideia de culpa é substituída pelo nexo de causali-
dade entre o funcionamento do serviço e o prejuízo sofrido.
d) Certa. Há autores que, estabelecendo a diferença entre caso fortuito e força maior, admitem
apenas essa última como hipótese de exclusão da responsabilidade (é o caso de Celso Antô-
nio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo, p. 979; e Maria Sylvia Zanella Di Pietro,
Direito Administrativo, p. 616). Essa corrente, entretanto, não encontra guarida na jurisprudên-
cia do STF, que considera ambos os casos como excludentes da responsabilidade objetiva.
Para Maria Sylvia Di Pietro (2011) FORÇA MAIOR é:

Acontecimento imprevisível, inevitável e estranho à vontade das partes, como uma tempestade, um
terremoto, um raio. Não sendo imputável à Administração, não pode incidir a responsabilidade do
Estado; não há nexo de causalidade entre o dano e o comportamento da Administração.
[...]
Já o CASO FORTUITO – que não constitui causa excludente da responsabilidade do Estado – ocorre
nos casos em que o dano seja decorrente de ato humano ou de falha da Administração; quando
se rompe, por exemplo, uma adutora ou um cabo elétrico, causando danos a terceiros, não se pode
falar em força maior, de modo a excluir a responsabilidade do Estado.

Assim, para Maria Sylvia força maior decorre de ação da natureza (ato externo) e o caso fortui-
to decorre de ato humano ou falha da natureza. Somente a força maior excluiria a responsabi-
lidade do Estado.

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FORTUITO INTERNO E EXTERNO:


Há quem faça, ainda, a distinção entre fortuito interno e externo, sendo apenas este último
excludente da responsabilidade.
Fortuito interno é decorrente da execução do serviço administrativo, não eximindo a respon-
sabilidade civil. Ex.: pneu do carro da polícia fura, agente de polícia perde o controle e atropela
um particular.
Já o fortuito externo afasta a responsabilidade civil, pois é imprevisível, não estando no risco
da atividade. Decorre de atos de terceiros, desde que imprevisíveis, eventos da natureza etc.
Perceba que o conceito de fortuito interno se aproxima do conceito de caso fortuito apresenta-
do por Maria Sylvia acima visto. E o conceito de fortuito externo, aproxima-se mais do conceito
de força maior dado pela referida autora.
E em provas??? Como fica??
Você encontrará questões perguntando, geralmente, se o caso fortuito e força maior são exclu-
dentes. A resposta será afirmativa.
Mas... se alguma questão falar que o fortuito interno não exclui e o fortuito externo exclui, esta-
rá correta também. Porque, provavelmente, o examinador formulou a questão em algum autor
que faz essa diferenciação.

Questão 2 (2019/CESPE/TJ-PA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Segundo o entendimento


majoritário do STJ, no caso de ação indenizatória ajuizada contra a fazenda pública em razão
da responsabilidade civil do Estado, o prazo prescricional é
a) decenal, como previsto no Código de Processo Civil, em detrimento do prazo trienal previsto
pelas normas de direito público.
b) quinquenal, como previsto pelas normas de direito público, em detrimento do prazo decenal
contido no Código de Processo Civil.
c) trienal, como previsto pelo Código de Processo Civil, em detrimento do prazo quinquenal
contido no Código Civil.
d)quinquenal, como previsto pelas normas de direito público, em detrimento do prazo trienal
contido no Código Civil.
e) trienal, como previsto no Código Civil, em detrimento do prazo quinquenal contido no Código
de Processo Civil.

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Letra d.
É exatamente esse o entendimento que prevalece no STJ:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. PRESCRIÇÃO. REPARAÇÃO CIVIL CONTRA A


FAZENDA PÚBLICA. ART. 1º DO DECRETO N. 20.910/1932. NORMA ESPECIAL QUE PRE-
VALECE SOBRE LEI GERAL. INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO CIVIL. PRAZO QUINQUENAL.
ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM JURISPRUDÊNCIA DO STJ. ÓBICE DA
SÚMULA N. 83 DO STJ. Verifica-se que o Tribunal a quo decidiu de acordo com jurispru-
dência desta Corte no sentido de que o prazo prescricional referente à pretensão de repa-
ração civil contra a Fazenda Pública é quinquenal, conforme previsto no art. 1º do Decre-
to-Lei n. 20.910/1932, e não trienal, nos termos do art. 206, § 3º, inciso V, do Código Civil
de 2002, que prevê a prescrição em pretensão de reparação civil. Incidência da Súmula
n. 83 do STJ. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp n. 1.256.676/SC, Rel. Ministro
Humberto Martins, Segunda Turma, julg. 20/10/2011, DJe 27/10/2011).

Questão 3 (2019/VUNESP/PREFEITURA DA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE GUARATINGUE-


TÁ/PROCURADOR) Considere que Mário, habitante do Município Y, no dia 01 de setembro de
2016, trafegava obedecendo às regras de trânsito em uma estrada da cidade às 19 horas quan-
do seu veículo se chocou com um animal de grande porte que estava no meio da pista. Em
decorrência do acidente, Mário ficou tetraplégico. De acordo com o entendimento do Superior
Tribunal de Justiça, é correto afirmar que
a) Mário não poderá mais ajuizar ação de responsabilidade civil em face do Município, pois o prazo
prescricional para tal demanda é de 03 (três) anos que começou a correr na data do acidente.
b) se configura a responsabilidade civil do Estado por omissão, havendo nexo causal entre o
acidente e a conduta estatal, consubstanciada no dever de fiscalizar as estradas e de impedir
que animais fiquem soltos em suas imediações e invadam a pista.
c) se trata de hipótese de caso fortuito e, consequentemente, o Município Y não poderá ser
responsabilizado pelo acidente sofrido por Mário.
d) o Município Y não poderá ser responsabilizado pelo acidente sofrido por Mário, pois o ente
público não possui meios eficazes de impedir a passagem de um animal nas estradas.
e) se configura hipótese de força maior, excludente do nexo causal, e o Município Y não será
responsabilizado pelo acidente sofrido por Mário.

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Letra b.
Nesse caso, há responsabilidade subjetiva por omissão do Estado, no caso de haver nexo cau-
sal. Segue o julgado sobre o assunto:

ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE


CIVIL DA AUTARQUIA FEDERAL. VÍTIMA DE ACIDENTE DE TRÂNSITO EM RODOVIA
FEDERAL. OMISSÃO DA AUTARQUIA FEDERAL EM FISCALIZAR ANIMAIS NA RODOVIA.
MORTE DA VÍTIMA POR ANIMAL NA PISTA DE ROLAMENTO EM RODOVIA FEDERAL.
FATO INCONTROVERSO. VALORAÇÃO DOS CRITÉRIOS JURÍDICOS CONCERNENTES À
UTILIZAÇÃO DA PROVA E À FORMAÇÃO DA CONVICÇÃO. DEVER DE VIGILÂNCIA. RES-
PONSABILIDADE SUBJETIVA CARACTERIZADA. REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓ-
RIO. INOVAÇÃO RECURSAL. AGRAVO INTERNO DA AUTARQUIA FEDERAL A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. O Tribunal de origem, em sede de Apelação e Reexame Necessário,
afastou a responsabilidade civil do DNIT por entender que seria impossível tal Entidade
o controle extensivo de toda rodovia. 2. Todavia, com efeito ficou reconhecido que o aci-
dente ocorreu em Rodovia Federal, em razão da presença de animal transitando na pista,
situação que denotaria negligência na manutenção e fiscalização pelo DNIT, além de não
haver nos autos quaisquer indícios de culpa exclusiva da vítima e de força maior. 3. Não
há que se falar no afastamento da Responsabilidade Civil do Ente Estatal, isso porque é
dever do Estado promover vigilância ostensiva e adequada, proporcionando segurança
possível àqueles que trafegam pela rodovia. Trata-se, desse modo, de valoração dos cri-
térios jurídicos concernentes à utilização da prova e à formação da convicção, e não de
reexame do contexto fático-probatório dos autos. 4. Assim, há conduta omissiva e cul-
posa do Ente Público, caracterizada pela negligência, apta a responsabilizar o DNIT, nos
termos do que preceitua a teoria da Responsabilidade Civil do Estado, por omissão (AgInt
no AgInt no REsp. 1.631.507/CE, Rel. Min. ASSUSETE MAGALHÃES, DJe 28.8.2018; e
REsp. 1.198.534/RS, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJe de 20.8.2010). 5. Com relação à
redução do valor arbitrado a título de indenização, é certo que tal tema sequer foi men-
cionado nas razões das Contrarrazões do Recurso Especial, e somente foi suscitado em
sede de Agravo Interno, o que caracteriza inovação recursal, vedada diante da preclusão
consumativa. 6. Agravo Interno da Autarquia Federal a que se nega provimento.

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Questão 4 (2019/VUNESP/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP/PROCURA-


DOR) Sobre a responsabilidade civil do Estado, assinale a alternativa que está de acordo com
a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
a) Nas ações indenizatórias decorrentes da responsabilidade civil objetiva do Estado, é obriga-
tória a denunciação à lide.
b) A responsabilidade civil pelo dano ambiental é subjetiva e subsidiária, mormente quando há
omissão do dever de controle e de fiscalização por parte do ente público.
c) O Estado responde subjetivamente pela integridade física de detento em estabelecimento
prisional.
d) O Estado responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema peniten-
ciário, ainda que os danos não decorram direta ou imediatamente do ato de fuga.
e) Em caso de ato ilícito cometido por agente público, o termo inicial do prazo prescricional
para ajuizamento de ação indenizatória em face do Estado se dá a partir do trânsito em julgado
da sentença penal condenatória.

Letra e.
a) Errada. Nos termos do Novo CPC, a denunciação à lide não é mais obrigatória em nenhum
caso. Desse modo, para fins de concurso, vamos seguir o Novo CPC e a posição do STJ: a de-
nunciação à lide do servidor não é obrigatória.
b) Errada. A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, seguindo a teoria do risco integral.
c) Errada. O Estado tem responsabilidade objetiva pela integridade física do detento em unida-
de prisional. É o que estabelece inclusive o julgado que transcrevo a seguir:

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE


CIVIL DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONS-
TITUIÇÃO FEDERAL. 1. A responsabilidade civil estatal, segundo a Constituição Federal
de 1988, em seu artigo 37, § 6º, subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para
as condutas estatais comissivas quanto paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do
risco integral. 2. A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano
sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva

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possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever do Estado e direito sub-
jetivo do preso que a execução da pena se dê de forma humanizada, garantindo-se os
direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a sua incolumidade física e moral
(artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucional de proteção
ao detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido
de garantir os seus direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração
da responsabilidade civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição
Federal. 5. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível
ao Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso esti-
vesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade
do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio doctorum a teoria do
risco integral, ao arrepio do texto constitucional. 6. A morte do detento pode ocorrer por
várias causas, como, v. g., homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo que nem
sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. 7.
A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o Poder Público
comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de
causalidade da sua omissão com o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucio-
nal que assenta a tese de que: em caso de inobservância do seu dever específico de pro-
teção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável
pela morte do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação
do suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua
omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão impositiva de responsabili-
dade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO. (RE 841526, Relator(a): Min.
LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUS-
SÃO GERAL – MÉRITO DJe-159 DIVULG 29/07/2016 PUBLIC 01/08/2016).

d) Errada. Segundo o julgamento do RE n. 369.820, deve haver nexo de causalidade para que
o Estado possa ser responsabilizado: “ Tratando-se de ato omissivo do Poder Público, a res-
ponsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, esta numa de suas três
vertentes, a negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo, entretanto, necessário indivi-
dualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço.
A falta do serviço – faute du service dos franceses – não dispensa o requisito da causalidade,

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vale dizer, do nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao Poder Público e o dano cau-
sado a terceiro. Latrocínio praticado por quadrilha da qual participava um apenado que fugira da
prisão tempos antes: neste caso, não há falar em nexo de causalidade entre a fuga do apenado
e o latrocínio. (RE n. 369.820, Rel. Min. Carlos Velloso, julg. 04/11/2003, DJ 27/02/2004).”
e) Certa. É o que entende o STJ:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. HOMICÍDIO PRATICADO
POR POLICIAL MILITAR. DANOS MORAIS E MATERIAIS. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊN-
CIA. TERMO INICIAL. TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA.
PRECEDENTES DO STJ. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça é assente no sentido de que, “em se tratando de ação
civil ex delicto, com o objetivo de reparação de danos, o termo a quo para ajuizamento
da ação somente começa a fluir a partir do trânsito em julgado da ação penal” (AgRg no
Ag 951.232/RN, Rel. Min. ELIANA CALMON, Segunda Turma, DJe de 5/9/08). 2. Agravo
regimental não provido.

Questão 5 (2019/IDIB/CREMERJ/ADVOGADO) Sobre a responsabilidade civil da Adminis-


tração Pública, assinale a alternativa correta:
a) É possível que a Administração Pública seja responsabilizada por atos omissivos que gera-
rem danos aos particulares.
b) A pretensão indenizatória, decorrente de responsabilidade civil do Estado, prescreve em 03
(três) anos, conforme previsto na legislação.
c) Se o dano ao particular ocorrer dentro de instituições militares, a responsabilidade civil da
Administração Pública será sempre de natureza subjetiva.
d) Na hipótese de o dano ter sido causado por militar, a Constituição Federal veda que a Admi-
nistração Pública se utilize do direito de regresso.

Letra a.
a) Certa. Pode ocorrer a responsabilidade em razão da omissão, quando, devendo agir, o Esta-
do (seus agentes) se mantém inerte. Como sabemos, a regra é a responsabilidade objetiva do
Estado, mas, se for na omissão, a responsabilidade será subjetiva.

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b) Errada. Na verdade, decidiu o STJ, que o prazo será de 5 anos:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. PRESCRIÇÃO. REPARAÇÃO CIVIL CONTRA A


FAZENDA PÚBLICA. ART. 1º DO DECRETO N. 20.910/1932. NORMA ESPECIAL QUE PRE-
VALECE SOBRE LEI GERAL. INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO CIVIL. PRAZO QUINQUENAL.
ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM JURISPRUDÊNCIA DO STJ. ÓBICE DA
SÚMULA N. 83 DO STJ. Verifica-se que o Tribunal a quo decidiu de acordo com jurispru-
dência desta Corte no sentido de que o prazo prescricional referente à pretensão de repa-
ração civil contra a Fazenda Pública é quinquenal, conforme previsto no art. 1º do Decre-
to-Lei n. 20.910/1932, e não trienal, nos termos do art. 206, § 3º, inciso V, do Código Civil
de 2002, que prevê a prescrição em pretensão de reparação civil. Incidência da Súmula
n. 83 do STJ. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp n. 1.256.676/SC, Rel. Ministro
Humberto Martins, Segunda Turma, julg. 20/10/2011, DJe 27/10/2011).

c) Errada. Não há essa regra.


d) Errada. De igual modo, não existe essa vedação na CF.

Questão 6 (2019/QUADRIX/CRF-PR/ADVOGADO) Com relação à responsabilidade do Es-


tado, assinale a alternativa correta.
a) A responsabilidade das concessionárias de serviços públicos no exercício da função dele-
gada é objetiva, tal qual a da Administração, que, por sua vez, somente pode ser demandada
subsidiariamente.
b) Excepcionalmente, a responsabilidade das concessionárias de serviços públicos poderá ser
objetiva perante seus usuários e subjetiva em relação a não usuários.
c) Atos jurisdicionais, como regra, podem fundamentar responsabilidade civil do Estado.
d) Leis de efeitos concretos que atinjam diretamente determinado indivíduo podem fundamen-
tar responsabilidade estatal independentemente de serem declaradas como inconstitucionais.
e) Por força da presunção de constitucionalidade com que nascem, as leis posteriormente
declaradas como inconstitucionais não são capazes de ensejar a responsabilização civil do
Estado.

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Letra d.
a) Errada. Nesse caso, a Administração poderá, a depender do caso, ser demandada também
solidariamente, como ter excluída sua responsabilidade no caso de culpa exclusiva do conces-
sionário.
b) Errada. O entendimento do STF é que as prestadoras de serviços públicos têm responsabili-
dade objetiva em relação a usuários e a terceiros não usuários (RE n. 591.874).
c) Errada. Quando o Estado exerce função jurisdicional (função típica), a regra será a irrespon-
sabilidade, tendo em vista a possibilidade de interposição de recursos, bem como pelo fato de
que o juiz deve ter total independência para exercer sua função.
d) Certa. No caso de leis de efeitos concretos que atingem pessoas determinadas, incide a
regra da responsabilidade do Estado. Nesse caso, a lei não terá o caráter geral e abstrato que
lhe é comum.
e) Errada. A regra é a irresponsabilidade por atos praticados pelo Poder Legislativo (função
típica). Entretanto, no caso de leis inconstitucionais, desde que declaradas pelo STF, haverá
dever de reparar os prejuízos causados:

RESPONSABILIDADE CIVIL. ATO LEGISLATIVO. A responsabilidade civil em razão do ato


legislativo só é admitida quando declarada pelo STF a inconstitucionalidade da lei cau-
sadora do dano a ser ressarcido, isso em sede de controle concentrado. Assim, não se
retirando do ordenamento jurídico a Lei n. 8.024/1990, não há como se falar em obriga-
ção de indenizar pelo dano moral causado pelo Bacen no cumprimento daquela lei. Pre-
cedente citado: REsp n. 124.864-PR, DJ 28/09/1998. REsp n. 571.645-RS, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, julg. 21/09/2006.

Questão 7 (2019/VUNESP/UNIFAI/PROCURADOR JURÍDICO) Suponha que João, servi-


dor público, estava conduzindo durante o horário de expediente veículo oficial quando colidiu,
culposamente, com o carro de Maria. Com o objetivo de receber indenização pelos prejuízos
suportados, Maria ajuizou ação em face do Município, na qual lhe é reconhecido o direito ao
recebimento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), correspondente à quantia gasta com o conserto
do automóvel. Considerando que o ato praticado por João não está tipificado como crime ou
improbidade administrativa, assinale a alternativa correta.

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a) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João prescreve em 5 (cinco) anos.


b) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João prescreve em 3 (três) anos.
c) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João é imprescritível.
d) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João prescreve em 10 (dez) anos.
e) O Município não dispõe de pretensão de ressarcimento em face de João.

Letra a.
Segundo decidiu o STJ, que o prazo prescricional será de 5 anos:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. PRESCRIÇÃO. REPARAÇÃO CIVIL CONTRA A


FAZENDA PÚBLICA. ART. 1º DO DECRETO N. 20.910/1932. NORMA ESPECIAL QUE
PREVALECE SOBRE LEI GERAL. INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO CIVIL. PRAZO QUIN-
QUENAL. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM JURISPRUDÊNCIA DO STJ.
ÓBICE DA SÚMULA N. 83 DO STJ. Verifica-se que o Tribunal a quo decidiu de acordo
com jurisprudência desta Corte no sentido de que o prazo prescricional referente à
pretensão de reparação civil contra a Fazenda Pública é quinquenal, conforme pre-
visto no art. 1º do Decreto-Lei n. 20.910/1932, e não trienal, nos termos do art. 206,
§ 3º, inciso V, do Código Civil de 2002, que prevê a prescrição em pretensão de
reparação civil. Incidência da Súmula n. 83 do STJ. Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp n. 1.256.676/SC, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma,
julg. 20/10/2011, DJe 27/10/2011).

Questão 8 (2019/CESPE/TCE-RO/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CON-


TAS) Considere as seguintes situações hipotéticas.
I – João, agente de uma fundação pública de direito público, no exercício de suas funções,
causou dano a terceiro.
II – Pedro, agente de sociedade de economia mista exploradora de atividade econômica, no
exercício de suas funções, causou dano a terceiro.
III – Antônio, agente de empresa privada prestadora de serviços públicos, no exercício de suas
funções, causou dano a terceiro.

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Assinale a opção que apresenta, na ordem em que aparecem, as formas de responsabilidades


das referidas pessoas jurídicas pelos danos causados por João, Pedro e Antônio.
a) objetiva /objetiva /objetiva
b) objetiva /objetiva /subjetiva
c) objetiva /subjetiva /objetiva
d) subjetiva /objetiva /objetiva
e) subjetiva /subjetiva /objetiva

Letra c.
A Constituição Federal de 1946 inaugurou a tese da responsabilidade objetiva. Seguindo o
mesmo raciocínio, a CF de 1988, no art. 37, § 6º, estabelece que:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos


responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” Na forma do referido artigo,
é necessário que se trate de pessoa jurídica de direito público ou de direito privado prestadora de
serviços públicos. Assim, ficam excluídas as entidades da Administração indireta que explorem ati-
vidade econômica. Logo, no primeiro e segundo casos haverá responsabilidade objetiva, enquanto
no segundo, subjetiva.

Questão 9 (2019/QUADRIX/CREA-GO/ADVOGADO) Quanto às agências reguladoras,


aos poderes da Administração, à responsabilidade civil do Estado e ao controle jurisdicional
dos atos administrativos, julgue o item.
Uma vez violado o dever específico de proteção à integridade física do detento sob sua custó-
dia, o Estado será responsabilizado civilmente por sua morte.

Certo.
A responsabilidade do Estado quanto à integridade física do detento em unidade prisional é
objetiva. É o que estabelece inclusive o julgado que do STF que transcrevo:

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE


CIVIL DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONS-
TITUIÇÃO FEDERAL. 1. A responsabilidade civil estatal, segundo a Constituição Federal
de 1988, em seu artigo 37, § 6º, subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para

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as condutas estatais comissivas quanto paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do


risco integral. 2. A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano
sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva
possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever do Estado e direito sub-
jetivo do preso que a execução da pena se dê de forma humanizada, garantindo-se os
direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a sua incolumidade física e moral
(artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucional de proteção
ao detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido
de garantir os seus direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração
da responsabilidade civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição
Federal. 5. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível
ao Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso esti-
vesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade
do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio doctorum a teoria do
risco integral, ao arrepio do texto constitucional. 6. A morte do detento pode ocorrer por
várias causas, como, v. g., homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo que nem
sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. 7.
A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o Poder Público
comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de
causalidade da sua omissão com o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucio-
nal que assenta a tese de que: em caso de inobservância do seu dever específico de pro-
teção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável
pela morte do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação
do suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua
omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão impositiva de responsabili-
dade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO. (RE 841526, Relator(a): Min.
LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUS-
SÃO GERAL – MÉRITO DJe-159 DIVULG 29/07/2016 PUBLIC 01/08/2016).

Questão 10 (2019/CESPE/MPC-PA/PROCURADOR DE CONTAS) A respeito da responsa-


bilidade civil extracontratual do Estado, assinale a opção correta à luz do entendimento da
doutrina e dos tribunais superiores.

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a) Conforme entendimento do STF, a responsabilidade civil do Estado por atos de notários


e oficiais de registro que, nessa qualidade, causarem danos a terceiros é direta, primária
e objetiva.
b) De acordo com o entendimento doutrinário predominante, o direito brasileiro acolheu a teo-
ria da irresponsabilidade do Estado.
c) A culpa concorrente da vítima, o fato de terceiro e a força maior são causas excludentes do
nexo de causalidade.
d) Não há responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes de atos normativos, mesmo
quando se tratar de leis de efeitos concretos.
e) Segundo entendimento do STJ, a imprescritibilidade da pretensão de recebimento de indeni-
zação decorrente de atos de tortura ocorridos durante o regime militar de exceção não alcança
as ações por danos materiais.

Letra a.
a) Certa. Com relação ao tema, o STF entendeu que o Estado responde, objetivamente, pelos
atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a
terceiros, devendo haver o dever de regresso contra o responsável (ação regressiva), nos casos
de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa. Fixo também a corte que o Estado
possui responsabilidade civil direta, primária e objetiva pelos danos que notários e oficiais de
registro, no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros.
b) Errada. A nossa CF de 1988, no art. 37, § 6º (e desde a Constituição de 1946), consagrou
a teoria do risco administrativo. Nela, a ideia de culpa é substituída pelo nexo de causalidade
entre o funcionamento do serviço e o prejuízo sofrido.
c) Errada. Apenas o fato de terceiro e a força maior são causas excludentes do nexo de causa-
lidade. No caso de culpa concorrente entre a vítima e o Estado a responsabilidade do Estado
será atenuada.
d) Errada. No caso de leis de efeitos concretos que atingem pessoas determinadas, também
incide a regra da responsabilidade do Estado.
e) Errada. Segundo o STJ, os danos morais também são imprescritíveis:

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DIREITO ADMINISTRATIVO. IMPRESCRITIBILIDADE DA PRETENSÃO DE INDENIZAÇÃO


POR DANO MORAL DECORRENTE DE ATOS DE TORTURA. É imprescritível a pretensão
de recebimento de indenização por dano moral decorrente de atos de tortura ocorri-
dos durante o regime militar de exceção. Precedentes citados: AgRg no AG 1.428.635-
BA, Segunda Turma, DJe 09/08/2012; e AgRg no AG 1.392.493RJ, Segunda Turma, DJe
1º/07/2011. REsp 1.374.376-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/06/2013.

Questão 11 (2019/FAFIPA/PREFEITURA DE FOZ DO IGUAÇU-PR/PROCURADOR DO MUNI-


CÍPIO JÚNIOR) Assinale a alternativa CORRETA, em relação à responsabilidade civil do Estado.
a) A responsabilidade objetiva do Estado existe em qualquer hipótese de dano, inclusive decor-
rente de força maior e caso fortuito.
b) Na hipótese de falha do serviço público prestado pelo Estado, é desnecessária a comprova-
ção do nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída à Administração Pública e o dano
causado a terceiro.
c) As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públi-
cos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, asse-
gurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
d) De acordo com a teoria do risco integral, para configuração da responsabilidade estatal,
é imprescindível a existência da ilicitude do ato lesivo.
e) O prazo de prescrição do direito de obter indenização pelos danos causados por agentes de
pessoa jurídica de direito privado prestadoras de serviços públicos é de dez anos.

Letra c.
a) Errado. A força maior e o caso fortuito são hipóteses de excludentes da responsabilidade
estatal.
b) Errado. O Estado responderá se ficar caracterizada a sua omissão, ocorrendo falha na pres-
tação do serviço público. Para isso, deve haver a comprovação do nexo causal entre o dano e
a ação omissiva do Estado.
c) Certo. Essa é inclusive a redação da CF de 1988, no art. 37, § 6º, estabelece que:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos


responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

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d) Errado. A responsabilidade do estado, independentemente da teoria adotada, pode ser por


atos lícitos ou ilícitos.
e) Errado. Segundo o STJ, esse prazo é de 5 anos:

DIREITO ADMINISTRATIVO. IMPRESCRITIBILIDADE DA PRETENSÃO DE INDENIZA-


ÇÃO POR DANO MORAL DECORRENTE DE ATOS DE TORTURA. É imprescritível a pre-
tensão de recebimento de indenização por dano moral decorrente de atos de tortura
ocorridos durante o regime militar de exceção. Precedentes citados: AgRg no AG
1.428.635-BA, Segunda Turma, DJe 09/08/2012; e AgRg no AG 1.392.493RJ, Segunda
Turma, DJe 1º/07/2011. REsp 1.374.376-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
25/06/2013.

Questão 12 (2019/INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) Sobre os elemen-


tos jurídicos da responsabilidade civil do Estado, assinale a afirmação INCORRETA:
a) É cabível ação de regresso manejada pela Pessoa Jurídica de Direito Público, na hipótese de
esta ser condenada a ressarcir um particular, em razão de conduta culposa de agente gerador
de dano a terceiro.
b) Os elementos comuns da responsabilidade civil objetiva e subjetiva são a ação do Estado,
o nexo causal e o dano.
c) Culpa é elemento subjetivo a ser verificado em ação de indenização quando se tratar de
responsabilidade subjetiva.
d) Na ação de reparação de danos, que tem por objeto a conduta comissiva de um agente do
Estado, é preciso que se comprove, além do nexo causal e dano, o elemento volitivo do agente
do Estado.
e) Aplica-se a responsabilidade civil subjetiva do Estado na hipótese de dano físico em par-
ticular que estava sob a custódia de um agente policial, e quando a alegação de dano físico
decorreu de conduta omissiva do referido policial.

Letra d.

Como no caso de danos causados pelo Estado a responsabilidade é objetiva, não há que se

falar em dolo ou culpa do agente.

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Questão 13 (2019/CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) No que diz respeito a desvio e ex-


cesso de poder e à responsabilidade civil do Estado, julgue o item subsecutivo.
É possível responsabilizar a administração pública por ato omissivo do poder público, desde
que seja inequívoco o requisito da causalidade, em linha direta e imediata, ou seja, desde que
exista o nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder público e o dano causa-
do a terceiro.

Certo.
Entende-se que, quando o Estado é omisso em seu dever legal de agir, deverá reparar o prejuízo
causado. Porém, a responsabilidade será na forma subjetiva, uma vez que deverá ser demons-
trada a omissão estatal (culpa). Nesse caso, deve ser demonstrado o nexo de causalidade
entre o dano e a conduta omissa do Estado.

Questão 14 (2019/CESPE/PREFEITURA DE BOA VISTA-RR/PROCURADOR MUNICIPAL)


Julgue o item a seguir, acerca das disposições constitucionais a respeito de direito adminis-
trativo.
Um município poderá ser condenado ao pagamento de indenização por danos causados por
conduta de agentes de sua guarda municipal, ainda que tais danos tenham decorrido de con-
duta amparada por causa excludente de ilicitude penal expressamente reconhecida em sen-
tença transitada em julgado.

Certo.
Segundo o entendimento do STJ: segundo a orientação jurisprudencial do STJ, a Administra-
ção Pública pode ser condenada ao pagamento de indenizações pelos danos cíveis causados
por uma ação de seus agentes, mesmo que consequentes de causa excludente de ilicitude pe-
nal (ex.: legítima defesa putativa). Apesar da não responsabilização penal dos agentes públicos
envolvidos no evento danoso, reconhecida em âmbito penal, não é capaz de excluir responsa-
bilidade civil do Estado pelos danos provocados. Mesmo com a alegação de que atuar

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Responsabilidade Civil do Estado
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sob causa excludente de ilicitude torna o ato lícito, não afasta a responsabilidade do Estado.
(REsp 1266517/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado
em 04/12/2012, Dje 10/12/2012). STJ (Jurisprudência em tese) – Edição n. 61: “A Adminis-
tração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, ainda que
estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal.

Questão 15 (2019/CESPE/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO) De acordo com o entendimento majo-


ritário e atual do STJ, a responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é
a) objetiva, bastando que sejam comprovadas a existência do dano, efetivo ou presumido, e a
existência de nexo causal entre conduta e dano.
b) objetiva, bastando a comprovação da culpa in vigilando e do dano efetivo.
c) subjetiva, sendo necessário comprovar negligência na atuação estatal, o dano causado e o
nexo causal entre ambos.
d) subjetiva, sendo necessário comprovar a existência de dolo e dano, mas sendo dispensada
a verificação da existência de nexo causal entre ambos.
e) objetiva, bastando que seja comprovada a negligência estatal no dever de vigilância, admi-
tindo-se, assim, a responsabilização por dano efetivo ou presumido.

Letra c.
Entende-se que, quando o Estado é omisso em seu dever legal de agir, deverá reparar o prejuízo
causado. Porém, a responsabilidade será na forma subjetiva, uma vez que deverá ser demons-
trada a omissão estatal (culpa). Segundo o entendimento do STJ:

DIREITO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO EM RAZÃO DA EXIS-


TÊNCIA DE CADÁVER EM DECOMPOSIÇÃO EM RESERVATÓRIO DE ÁGUA. O consumi-
dor faz jus a reparação por danos morais caso comprovada a existência de cadáver em
avançado estágio de decomposição no reservatório do qual a concessionária de serviço
público extrai a água fornecida à população. De início, fica configurada a responsabili-
dade subjetiva por omissão da concessionária decorrente de falha do dever de efetiva
vigilância do reservatório de água. Ainda que se alegue que foram observadas todas

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as medidas cabíveis para a manutenção da segurança do local, fato é que ele foi inva-
dido, e o reservatório passível de violação quando nele foi deixado um cadáver humano.
Ficou caracterizada, ademais, a falha na prestação do serviço, indenizável por dano moral,
quando a concessionária não garantiu a qualidade da água distribuída à população, por-
quanto inegável que, se o corpo estava em decomposição, a água ficou por determinado
período contaminada. Outrossim, é inegável, diante de tal fato, a ocorrência de afronta
à dignidade da pessoa humana, consistente no asco, angústia, humilhação, impotência
da pessoa que toma ciência que consumiu água contaminada por cadáver em avançado
estágio de decomposição. Sentimentos que não podem ser confundidos com o mero dis-
sabor cotidiano. Ainda que assim não fosse, há que se reconhecer a ocorrência de dano
moral in re ipsa, o qual dispensa comprovação do prejuízo extrapatrimonial, sendo sufi-
ciente a prova da ocorrência de ato ilegal, uma vez que o resultado danoso é presumido.
(AgRg no REsp 1.354.077-SP, Terceira Turma, DJe 22/9/2014 e AgRg no AREsp 163.472-
RJ, Segunda Turma, DJe 2/8/2012). REsp 1.492.710-MG, Rel. Min. Humberto Martins, jul-
gado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014.

Questão 16 (2019/CESPE/TJ-BA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) A respeito da responsa-


bilidade civil do Estado, julgue os itens a seguir.
I – O Estado é responsável pela morte de detento causada por disparo de arma de fogo por-
tada por visitante do presídio, salvo se comprovada a realização regular de revista no público
externo.
II – O Estado necessariamente será responsabilizado em caso de suicídio de pessoa presa, em
razão do seu dever de plena vigilância.
III – A responsabilidade do Estado, em regra, será afastada quando se tratar da obrigação de
pagamento de encargos trabalhistas de empregados terceirizados que tenham deixado de re-
ceber salário da empresa de terceirização.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item III está certo.
c) Apenas os itens I e II estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

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Letra b.
Item I – Errado. Em regra, no caso de morte de detento em unidade prisional a responsabilida-
de do Estado é Objetiva, por seu papel de garantidor.

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE


CIVIL DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONS-
TITUIÇÃO FEDERAL. 1. A responsabilidade civil estatal, segundo a Constituição Federal
de 1988, em seu artigo 37, § 6º, subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para
as condutas estatais comissivas quanto paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do
risco integral. 2. A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano
sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva
possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever do Estado e direito sub-
jetivo do preso que a execução da pena se dê de forma humanizada, garantindo-se os
direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a sua incolumidade física e moral
(artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucional de proteção
ao detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido
de garantir os seus direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração
da responsabilidade civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição
Federal. 5. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível
ao Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso esti-
vesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade
do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio doctorum a teoria do
risco integral, ao arrepio do texto constitucional. 6. A morte do detento pode ocorrer por
várias causas, como, v. g., homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo que nem
sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. 7.
A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o Poder Público
comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de
causalidade da sua omissão com o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucio-
nal que assenta a tese de que: em caso de inobservância do seu dever específico de pro-
teção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável
pela morte do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação
do suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua

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omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão impositiva de responsabili-


dade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO. (RE 841526, Relator(a): Min.
LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUS-
SÃO GERAL – MÉRITO DJe-159 DIVULG 29/07/2016 PUBLIC 01/08/2016).

Item II – Errado. O Estado não será responsável pelo suicídio de pessoa presa se demonstrar
que não teria como impedir a morte, rompendo assim o nexo de causalidade.

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE


CIVIL DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONS-
TITUIÇÃO FEDERAL. 1. A responsabilidade civil estatal, segundo a Constituição Federal
de 1988, em seu artigo 37, § 6º, subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para
as condutas estatais comissivas quanto paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do
risco integral. 2. A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano
sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva
possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever do Estado e direito sub-
jetivo do preso que a execução da pena se dê de forma humanizada, garantindo-se os
direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a sua incolumidade física e moral
(artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucional de proteção
ao detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido
de garantir os seus direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração
da responsabilidade civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição
Federal. 5. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível
ao Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso esti-
vesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade
do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio doctorum a teoria do
risco integral, ao arrepio do texto constitucional. 6. A morte do detento pode ocorrer por
várias causas, como, v. g., homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo que nem
sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. 7.
A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o Poder Público
comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de
causalidade da sua omissão com o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucio-
nal que assenta a tese de que: em caso de inobservância do seu dever específico de proteção

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previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela
morte do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação
do suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua
omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão impositiva de responsabili-
dade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO. (RE 841526, Relator(a): Min.
LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUS-
SÃO GERAL – MÉRITO DJe-159 DIVULG 29/07/2016 PUBLIC 01/08/2016).

Item III – Certo. No caso de encargos trabalhista, a responsabilidade pelo pagamento será da
empresa contratada.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA COM REPERCUS-


SÃO GERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO NO
ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SÚMULA 331, IV E V, DO TST. CONSTITUCIONA-
LIDADE DO ART. 71, § 1º, DA LEI N. 8.666/1993. TERCEIRIZAÇÃO COMO MECANISMO
ESSENCIAL PARA A PRESERVAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO E ATENDIMENTO Supremo
Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001 de
24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O docu-
mento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autentica-
cao/sob o número 12957009. Supremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página
1 de 355 Ementa e Acórdão RE 760931 /DF DAS DEMANDAS DOS CIDADÃOS. HISTÓRICO
CIENTÍFICO. LITERATURA: ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PRECARI-
ZAÇÃO DO TRABALHO HUMANO. RESPEITO ÀS ESCOLHAS LEGÍTIMAS DO LEGISLADOR.
PRECEDENTE: ADC 16. EFEITOS VINCULANTES. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO
E PROVIDO. FIXAÇÃO DE TESE PARA APLICAÇÃO EM CASOS SEMELHANTES. 7. O art. 71,
§ 1º, da Lei n. 8.666/1993, ao definir que a inadimplência do contratado, com referên-
cia aos encargos trabalhistas, não transfere à Administração Pública a responsabilidade
por seu pagamento, representa legítima escolha do legislador, máxime porque a Lei n.
9.032/95 incluiu no dispositivo exceção à regra de não responsabilização com referência
a encargos trabalhistas. 8. Constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei n. 8.666/1993 já
reconhecida por esta Corte em caráter erga omnes e vinculante: ADC 16, Relator(a): Min.
CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2010. 9. Recurso Extraordinário par-
cialmente conhecido e, na parte admitida, julgado procedente para fixar a seguinte tese

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para casos semelhantes: “O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados


do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a respon-
sabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do
art. 71, § 1º, da Lei n. 8.666/1993.

Questão 17 (2019/FUNDEP/DPE-MG/DEFENSOR PÚBLICO) Analise as afirmativas a seguir


sobre a responsabilidade civil do Estado e dos agentes públicos.
I – Fulano sofreu danos materiais decorrentes de uma ação estatal. Nesse caso, a ação de
reparação de danos, fundada no art. 37, §6º, CR/88 pode ser ajuizada conjuntamente contra a
pessoa jurídica de direito público e o agente público envolvido.
II – O servidor público não pode ser punido na esfera administrativa se foi absolvido no juízo
criminal.
III – Pela má execução da obra, a administração pública responde objetivamente, ao passo
que, pelo “só fato da obra”, a responsabilidade é subjetiva.
IV – A responsabilidade civil de um servidor público e a de um empregado de empresa privada
concessionária de serviço público, ambos no exercício de suas funções, é objetiva e subjetiva,
respectivamente.
Nesse contexto pode-se afirmar:
a) Estão corretas I e IV, apenas.
b) Estão corretas II e III, apenas.
c) Estão corretas I, II, III e IV.
d) Todos os itens estão incorretos.

Letra d.
I – Errado. Para o STF, há a teoria da DUPLA GARANTIA. Garantia para a vítima, de cobrar do
Estado sem discutir culpa, visto que a responsabilidade é objetiva, e garantia, para o servidor,
de ser demandado somente pelo Estado. Assim, para o STF, o caminho sempre será a ação
da vítima contra o Estado. Posteriormente, se o Estado for condenado, pode haver uma outra
ação, em separado, do Estado contra o agente. Para a Suprema Corte, qualquer outro caminho
que não seja esse (vítima – Estado; Estado – agente público) não será admitido.

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II – Errado. A regra, é a independência de esferas, no âmbito cível, criminal e administrativo.


III – Errado. É necessário destacar que a responsabilidade pelo fato da obra, vale dizer, os da-
nos inevitáveis de uma obra, é do Estado, na forma objetiva. A responsabilidade continua sen-
do do Poder Público mesmo que a execução ocorra na forma indireta (por particular).
IV – Errado. Tanto o servidor público quanto o um empregado de empresa privada concessio-
nária de serviço público, respondem, ambos no exercício de suas funções de forma objetiva.

Questão 18 (2019/CONSULPLAN/TJ-CE/JUIZ LEIGO) Considerando as causas em que se


discute a responsabilidade civil do Estado por danos causados ao particular, marque a asser-
tiva correta.
a) Nas ações em que se discute a responsabilidade civil do Estado, o ônus probante recai so-
bre o particular lesado ou quem o represente.
b) A morte de detento em presídio atrai a responsabilidade subjetiva do Estado, pois implica
provar o dolo ou a culpa do agente penitenciário.
c) A responsabilidade objetiva, pela teoria do risco administrativo, admite, como tese de con-
testação do Estado, a alegação de culpa exclusiva da vítima.
d) No caso de responsabilidade civil por omissão genérica, tratada pela doutrina como teoria
da culpa anônima, a responsabilidade estatal é, em regra, objetiva

Letra c.
a) Errada. Nesse caso, o ônus será do Estado de afastar sua responsabilidade.
b) Errada. O Estado tem responsabilidade objetiva pela integridade física do detento em unida-
de prisional:

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE


CIVIL DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONS-
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as condutas estatais comissivas quanto paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do
risco integral. 2. A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano

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sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva
possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever do Estado e direito sub-
jetivo do preso que a execução da pena se dê de forma humanizada, garantindo-se os
direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a sua incolumidade física e moral
(artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucional de proteção
ao detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido
de garantir os seus direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração
da responsabilidade civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição
Federal. 5. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível
ao Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso esti-
vesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade
do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio doctorum a teoria do
risco integral, ao arrepio do texto constitucional. 6. A morte do detento pode ocorrer por
várias causas, como, v. g., homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo que nem
sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. 7.
A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o Poder Público
comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de
causalidade da sua omissão com o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucio-
nal que assenta a tese de que: em caso de inobservância do seu dever específico de pro-
teção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável
pela morte do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação
do suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua
omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão impositiva de responsabili-
dade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO. (RE 841526, Relator(a): Min.
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c) Certa. A culpa exclusiva da vítima é umas das hipóteses de excludentes de responsabilidade


do Estado na teoria do risco administrativo.
d) Errada. A teoria da culpa administrativa procura desvincular a responsabilidade do Estado
da ideia de culpa do funcionário. A culpa ocorre quando o serviço não funcionou, funcionou
atrasado ou funcionou mal; vale dizer que existe a presunção de culpa. Por isso o nome de

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culpa anônima, uma vez que não se precisava identificar o funcionário causador do dano. Essa
responsabilidade de omissão estatal será subjetiva.

Questão 19 (2019/IADES/CRN-3ª REGIÃO (SP E MS)/ADVOGADO) A respeito da Respon-


sabilidade Civil do Estado, prevista no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, quanto à teoria, em
regra, é adotada atualmente no Brasil, assinale a alternativa correta.
a) Teoria da responsabilidade subjetiva para todas as hipóteses existentes.
b) Teoria do risco administrativo, sem causas excludentes, para os danos nucleares e ambientais.
c) Teoria do risco administrativo que reconhece uma única hipótese de excludente de respon-
sabilidade, ou seja, quando houver culpa exclusiva da vítima.
d) Teoria do risco integral, quando o serviço atrasou ou funcionou mal.
e) Teoria do risco administrativo que admite duas hipóteses de excludente de responsabilida-
de, ou seja, quando houver culpa exclusiva da vítima e caso de força maior ou caso fortuito.

Letra e.
a) Errada. A teoria subjetiva só é aplicada no caso de omissão estatal.
b) Errada. No caso de dano nuclear, atos terroristas, atos de guerra contra aeronaves brasilei-
ras e dano ambiental é adotada a teoria do risco integral, não do risco administrativo.
c) Errada. Na teoria do risco administrativo também há outras causas de exclusão da respon-
sabilidade estatal, como força maior ou caso fortuito.
d) Errada. O art. 37, § 6º, adotou a teoria do risco administrativo.
e) Certa. A nossa CF de 1988, no art. 37, § 6º (e desde a Constituição de 1946), consagrou a
teoria do risco administrativo. Nela, há fatores de exclusão da responsabilidade do Estado,
como no caso de culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior.

Questão 20 (2019/IADES/AL-GO/PROCURADOR) Considerando a jurisprudência sedimen-


tada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto à responsabilidade civil do Estado, assinale
a alternativa correta.
a) Em se tratando de indenização por danos decorrentes de responsabilidade contratual, os ju-
ros moratórios fluem a partir da ocorrência do evento danoso, tanto para os danos morais
quanto para os materiais.

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b) O valor arbitrado, a título de danos morais, não pode ser revisto pelo STJ em face de a Corte
ter vedação de reanálise de matéria fática.
c) O prazo prescricional trienal contido no Código Civil de 2002 é aplicado nas ações indeni-
zatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo quinquenal previsto no
Decreto n. 20.910/1932.
d) A responsabilidade civil do Estado pela morte de detento em delegacia, presídio ou cadeia
pública é objetiva, pois deve o Estado prestar vigilância e segurança aos presos sob a respec-
tiva custódia.
e) Nas ações de indenização fundadas na responsabilidade civil objetiva do Estado, com base
no § 6º do art. 37 da Constituição Federal de 1988, é inadmitida a denunciação da lide do agen-
te público supostamente responsável pelo ato lesivo.

Letra d.
a) Errada. Segundo decidiu o STJ, no EREsp 903.258-RS, os juros de mora no caso de respon-
sabilidade contratual incidem a partir da citação.

DIREITO CIVIL. TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA NO CASO DE RESPONSABILI-


DADE CIVIL CONTRATUAL. Na hipótese de condenação de hospital ao pagamento de
indenização por dano causado a paciente em razão da má prestação dos serviços, sendo
o caso regido pelo CC/1916, o termo inicial dos juros de mora será a data da citação,
e não a do evento danoso. Isso porque, nessa situação, a responsabilidade civil tem natu-
reza contratual. EREsp 903.258-RS, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 15/5/2013.

b) Errada. Segundo o STJ, excepcionalmente os danos morais podem ser revistos nos ca-
sos de valores exorbitantes e irrisórios. Senão vejamos o que decidiu o tribunal no REsp
438.831/RS:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO DO ART 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA


DE FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA N. 284/STF. ANÁLISE DE DISPOSITIVOS CONSTITUCIO-
NAIS. COMPETÊNCIA DO STF. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DANOS MORAIS E
MATERIAIS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ANIMAL NA PISTA. AUSÊNCIA DE FISCALIZAÇÃO

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E SINALIZAÇÃO. OMISSÃO DO ESTADO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. INDENIZAÇÃO


POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULA N. 7/STJ.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. 3. Na hipótese de acidente de trânsito entre veí-
culo automotor e equino que adentrou na pista, há responsabilidade subjetiva do Estado
por omissão, tendo em vista sua negligência em fiscalizar e sinalizar parte de rodovia
federal em que, de acordo com o acórdão recorrido, há tráfico intenso de animais. 4.
A constatação de ocorrência de culpa da vítima por excesso de velocidade ou de mera
fatalidade do destino reclamaria necessariamente o reexame do material fático-probató-
rio, o que é vedado pela Súmula n. 7/STJ. 5. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido
de que a revisão do arbitramento da reparação de danos morais e materiais somente
é admissível nas hipóteses de determinação de montante exorbitante ou irrisório. 8.
Recurso especial não conhecido. (REsp 438.831/RS, 2ª Turma, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, DJU de 02/08/2006).

c) Errada. Nesse caso, de acordo com o STJ, será aplicado o prazo quinquenal do Decreto n.
20.910/1932:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. PRESCRIÇÃO. REPARAÇÃO CIVIL CONTRA A


FAZENDA PÚBLICA. ART. 1º DO DECRETO N. 20.910/1932. NORMA ESPECIAL QUE PRE-
VALECE SOBRE LEI GERAL. INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO CIVIL. PRAZO QUINQUENAL.
ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM JURISPRUDÊNCIA DO STJ. ÓBICE DA
SÚMULA N. 83 DO STJ. Verifica-se que o Tribunal a quo decidiu de acordo com jurispru-
dência desta Corte no sentido de que o prazo prescricional referente à pretensão de repa-
ração civil contra a Fazenda Pública é quinquenal, conforme previsto no art. 1º do Decre-
to-Lei n. 20.910/1932, e não trienal, nos termos do art. 206, § 3º, inciso V, do Código Civil
de 2002, que prevê a prescrição em pretensão de reparação civil. Incidência da Súmula
n. 83 do STJ. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp n. 1.256.676/SC, Rel. Ministro
Humberto Martins, Segunda Turma, julg. 20/10/2011, DJe 27/10/2011).

d) Certa. No caso de morte de detento a responsabilidade será em regra objetiva, segundo o


entendimento do STJ segundo a decisão abaixo:

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE


CIVIL DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO

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FEDERAL. 1. A responsabilidade civil estatal, segundo a Constituição Federal de 1988, em


seu artigo 37, § 6º, subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para as condutas
estatais comissivas quanto paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do risco integral.
2. A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela
vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva possibilidade
de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever do Estado e direito subjetivo do preso
que a execução da pena se dê de forma humanizada, garantindo-se os direitos fundamen-
tais do detento, e o de ter preservada a sua incolumidade física e moral (artigo 5º, inciso
XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucional de proteção ao detento somente
se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido de garantir os seus
direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração da responsabilidade
civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal. 5. Ad impossibi-
lia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível ao Estado agir para evitar
a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se
o nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade do Poder Público, sob pena de
adotar-se contra legem e a opinio doctorum a teoria do risco integral, ao arrepio do texto
constitucional. 6. A morte do detento pode ocorrer por várias causas, como, v. g., homicí-
dio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo que nem sempre será possível ao Estado
evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. 7. A responsabilidade civil estatal
resta conjurada nas hipóteses em que o Poder Público comprova causa impeditiva da
sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de causalidade da sua omissão com
o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucional que assenta a tese de que: em
caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso
XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento. 9. In casu,
o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação do suicídio do detento, nem outra
causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua omissão com o óbito ocorrido, res-
tando escorreita a decisão impositiva de responsabilidade civil estatal. 10. Recurso extra-
ordinário DESPROVIDO. (RE 841526, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em
30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-159 DIVULG
29/07/2016 PUBLIC 01/08/2016).

e) Errada. Nos termos do Novo CPC, a denunciação à lide não é mais obrigatória em nenhum
caso. Desse modo, para fins de concurso, vamos seguir o Novo CPC e a posição do STJ: a de-
nunciação à lide do servidor não é obrigatória.

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RESPONSABILIDADE CIVIL. DENUNCIAÇÃO À LIDE. Trata-se de ação de indenização em


razão de o autor ter sido atingido por um paralelepípedo na calçada, no momento em
que um ônibus transitava na rua em frente a sua casa. A empresa recorrente ao contes-
tar a ação denunciou à lide o Município, responsável pela manutenção, conservação e
pavimentação das vias públicas. A Turma considerou correta a fundamentação do despa-
cho agravado, uma vez que não cabe a denunciação quando se pretende exclusivamente
transferir responsabilidades pelo evento danoso, não sendo a denunciação obrigatória
nas hipóteses previstas no art. 70, III, do CPC. Precedentes citados: REsp 151.671-PR,
DJ 2/5/2000; REsp 80.277-SP, DJ 4/8/1997, e REsp 49.979-RS, DJ 12/12/1994. REsp
302.205-RJ, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 22/10/2001.

Questão 21 (2019/UPENET/IAUPE/ADVOGADO) Sobre a responsabilidade civil do Estado,


assinale a alternativa CORRETA.
a) A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem admitido a responsabilidade integral do
Estado por ato comissivo de agente público, que causa dano ambiental.
b) É possível o afastamento da responsabilidade do Estado por dano nuclear causado por
agente público, quando da verificação concreta de caso fortuito ou força maior.
c) A responsabilidade civil por risco administrativo não admite excludente do nexo de causalidade.
d) A responsabilidade regressiva do agente público será objetiva em regra.
e) De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, os legitimados para propor Ação Civil Pública
não poderão pleitear indenização por dano social.

Letra a.
a) Certa. Segundo a jurisprudência do STJ, em caso de dano ambiental a responsabilidade será
objetiva, com base na teoria do risco integral.

RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTA-


TIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. DANOS DECORRENTES DO ROMPIMENTO
DE BARRAGEM. ACIDENTE AMBIENTAL OCORRIDO, EM JANEIRO DE 2007, NOS MUNI-
CÍPIOS DE MIRAÍ E MURIAÉ, ESTADO DE MINAS GERAIS. TEORIA DO RISCO INTEGRAL.
NEXO DE CAUSALIDADE. 1. Para fins do art. 543-C do Código de Processo Civil: a) a
responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral,
sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre

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Responsabilidade Civil do Estado
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na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano
ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de inde-
nizar; b) em decorrência do acidente, a empresa deve recompor os danos materiais e
morais causados e c) na fixação da indenização por danos morais, recomendável que
o arbitramento seja feito caso a caso e com moderação, proporcionalmente ao grau de
culpa, ao nível socioeconômico do autor, e, ainda, ao porte da empresa, orientando-se
o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e jurisprudência, com razoabilidade, valen-
do-se de sua experiência e bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades
de cada caso, de modo que, de um lado, não haja enriquecimento sem causa de quem
recebe a indenização e, de outro, haja efetiva compensação pelos danos morais expe-
rimentados por aquele que fora lesado. 2. No caso concreto, recurso especial a que se
nega provimento.

b) Errada. A responsabilidade do Estado por danos nucleares é objetiva, com base também na
teoria integral, que não admite causas excludentes de responsabilidade.
c) Errada. Na teoria do risco administrativo, há fatores de exclusão da responsabilidade, como
caso fortuito, força maior e culpa exclusiva da vítima.
d) Errada. Quando se fala em ação de regresso, a responsabilidade do agente será subjetiva,
devendo o Estado provar o dolo ou culpa do agente causador do dano.
e) Errada. Não há essa vedação na jurisprudência do STJ.

Questão 22 (2019/CESPE/TJ-BA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Determinado taxista diri-


gia embriagado quando colidiu contra o prédio de determinada secretaria estadual, que foi da-
nificado com a batida. Nessa situação hipotética, conforme o entendimento do STJ, o estado
federado prejudicado deverá propor ação de ressarcimento
a) no prazo prescricional de cinco anos, em razão de previsão expressa no Decreto Federal n.
20.910/1932.
b) no prazo prescricional de três anos, com base no Código Civil.
c) em prazo indeterminado, ante a imprescritibilidade das ações de ressarcimento ao erário
público.
d) no prazo prescricional de cinco anos, com base em aplicação analógica do Decreto Federal
n. 20.910/1932.

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e) no prazo prescricional de cinco anos, por aplicação expressa da Lei Federal n. 9.784/1999,
que regula o processo administrativo no âmbito federal.

Letra d.
A alternativa está de acordo com o entendimento do STJ. Assim, será aplicado o prazo quin-
quenal do Decreto n. 20.910/1932:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. PRESCRIÇÃO. REPARAÇÃO CIVIL CONTRA A


FAZENDA PÚBLICA. ART. 1º DO DECRETO N. 20.910/1932. NORMA ESPECIAL QUE PRE-
VALECE SOBRE LEI GERAL. INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO CIVIL. PRAZO QUINQUENAL.
ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM JURISPRUDÊNCIA DO STJ. ÓBICE DA
SÚMULA N. 83 DO STJ. Verifica-se que o Tribunal a quo decidiu de acordo com jurispru-
dência desta Corte no sentido de que o prazo prescricional referente à pretensão de repa-
ração civil contra a Fazenda Pública é quinquenal, conforme previsto no art. 1º do Decre-
to-Lei n. 20.910/1932, e não trienal, nos termos do art. 206, § 3º, inciso V, do Código Civil
de 2002, que prevê a prescrição em pretensão de reparação civil. Incidência da Súmula
n. 83 do STJ. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp n. 1.256.676/SC, Rel. Ministro
Humberto Martins, Segunda Turma, julg. 20/10/2011, DJe 27/10/2011).

Questão 23 (2018/VUNESP/FAPESP/PROCURADOR) Na hipótese de empregado de Agên-

cia Reguladora que, no exercício de sua atividade de fiscalização e monitoramento de exe-

cução de contrato de delegação de serviço público, causar dano a terceiro, haverá, em tese,

responsabilidade civil extracontratual

a) objetiva da agência reguladora, por ato comissivo de seu empregado.

b) subjetiva da agência reguladora, devendo-se apurar dolo ou culpa do empregado.

c) subjetiva do Poder Concedente, já que a agência reguladora não tem personalidade jurídica

própria.

d) objetiva do empregado da agência reguladora, por ato decorrente do exercício de poder de

polícia.

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Letra a.
As agências reguladoras têm natureza de autarquia e são criadas por lei para prestação de
serviço público. Por esse motivo, a agência reguladora responderá de forma objetiva, pois, de
acordo com a teoria do risco administrativo, o estado responde de forma objetiva, indepen-
dente de dolo ou culpa. De acordo com a CF/1988, art. 37, § 6º, as pessoas jurídicas de direito
público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra
o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Questão 24 (2018/VUNESP/PREFEITURA DE BAURU-SP/PROCURADOR JURÍDICO) Um


agente de meio ambiente – guarda parque municipal – envolveu-se em acidente de trânsito
dentro dos limites territoriais de seu local de exercício, vindo a colidir veículo automotor oficial
com veículo particular de um dos visitantes do parque público municipal. De acordo com o
registro da ocorrência, o acidente teria sido provocado por negligência do servidor municipal.
Nessa hipótese,
a) há responsabilidade objetiva do Município em reparar o dano comprovadamente sofrido
pelo particular em decorrência dos fatos, cabendo ainda ao ente público instaurar procedimen-
to próprio para apuração de responsabilidade administrativa do servidor com vistas ao ressar-
cimento do erário pelos prejuízos sofridos como resultado de sua possível conduta negligente.
b) há responsabilidade objetiva do servidor público que responderá solidariamente com o Mu-
nicípio pelos danos comprovadamente sofridos pelo particular em decorrência dos fatos, além
de responsabilidade disciplinar e criminal do guarda parque.
c) não há que se falar em responsabilidade do ente público porque não é possível afirmar que
o servidor, ainda que uniformizado, durante horário de trabalho e conduzindo veículo oficial,
estivesse atuando, no momento dos fatos, na qualidade de agente de pessoa jurídica de direito
público.
d) não há que se falar em responsabilidade civil do Município em razão da inexistência, no
caso descrito, de relação jurídica entre o ente público e o particular envolvido no acidente de
trânsito.

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e) há responsabilidade subjetiva da pessoa jurídica responsável pela gestão do parque munici-


pal em que ocorrido o acidente, a ser apurada em processo administrativo próprio, observado
o devido processo legal.

Letra a.

O Estado possui responsabilidade civil pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causem

a terceiros, respondendo de forma objetiva. Trata-se de previsão expressa do art. 37, § 6º, da

CF/1988: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços

públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,

assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”

Assim, o Estado responderá independentemente de dolo ou de culpa quando, na prestação de

uma atividade, vier a causar dano aos particulares; portanto, alternativa A.

Questão 25 (2018/QUADRIX/CRP-17ª REGIÃO (RN)/ADVOGADO) A respeito da responsa-

bilidade civil do Estado, assinale a alternativa correta.

a) Segundo a Constituição Federal de 1988 (CF), a responsabilidade civil estatal subsume-se à

teoria do risco administrativo exclusivamente para as condutas estatais comissivas.

b) Conforme o Superior Tribunal de Justiça (STJ), para que se caracterize a responsabilidade

civil do Estado pela morte de um detento em uma delegacia, um presídio ou uma cadeia públi-

ca, é necessário se inquirir sobre a existência de meios disponíveis à Administração Pública

para evitar o ocorrido.

c) A CF, nas condutas estatais omissivas, aceita a teoria do risco integral.

d) A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima

nos casos em que o Poder Público ostente o dever legal e a efetiva possibilidade de agir para

impedir o resultado danoso.

e) A responsabilidade civil do Estado, nos termos da CF, confunde-se com a responsabilidade


subjetiva de seus agentes, perquirida em ação regressiva ou autônoma.

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Letra d.
a) Errada. A CF de 1988, no art. 37, § 6º, estabelece que:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos


responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Na forma do referido artigo, é necessário que se trate de pessoa jurídica de direito público ou
de direito privado prestadora de serviços públicos.
b) Errada. Nesse caso a responsabilidade do Estado é objetiva, devendo apenas demonstrar a
conduta, o dano e o nexo causal.

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE


CIVIL DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONS-
TITUIÇÃO FEDERAL. 1. A responsabilidade civil estatal, segundo a Constituição Federal
de 1988, em seu artigo 37, § 6º, subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para
as condutas estatais comissivas quanto paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do
risco integral. 2. A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano
sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva
possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever do Estado e direito sub-
jetivo do preso que a execução da pena se dê de forma humanizada, garantindo-se os
direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a sua incolumidade física e moral
(artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucional de proteção
ao detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido
de garantir os seus direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração
da responsabilidade civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição
Federal. 5. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível
ao Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso esti-
vesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade
do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio doctorum a teoria do
risco integral, ao arrepio do texto constitucional. 6. A morte do detento pode ocorrer por
várias causas, como, v. g., homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo que nem

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sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. 7.
A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o Poder Público
comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de
causalidade da sua omissão com o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucio-
nal que assenta a tese de que: em caso de inobservância do seu dever específico de pro-
teção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável
pela morte do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação
do suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua
omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão impositiva de responsabili-
dade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO. (RE 841526, Relator(a): Min.
LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUS-
SÃO GERAL – MÉRITO DJe-159 DIVULG 29/07/2016 PUBLIC 01/08/2016).

c) Errada. A teoria do risco integral só é utilizada em algumas poucas hipóteses, como danos
nucleares e danos ambientais.
d) Certa. Entende-se que, quando o Estado é omisso em seu dever legal de agir, deverá reparar
o prejuízo causado. Porém, a responsabilidade será na forma subjetiva, uma vez que deverá ser
demonstrada a omissão estatal (culpa).
e) Errada. A responsabilidade civil do Estado é em regra, objetiva, enquanto a responsabilidade
de seus agentes é subjetiva em sede de ação regressiva.

Questão 26 (2018/IDECAN/CRF-SP/PROCURADOR) Para que seja imputada a responsabi-


lidade civil a determinado agente é imperioso que haja uma relação entre a conduta deste e o
prejuízo suportado pela vítima. Há, pois, hipóteses em que será afasta a responsabilidade do
agente. São causas excludentes da responsabilidade civil, EXCETO:
a) Legítima defesa.
b) Culpa exclusiva da vítima.
c) Omissão voluntária do agente.
d) Exercício regular de direito reconhecido.

Letra c.
A omissão voluntária do agente não é causa de exclusão da responsabilidade civil.

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Questão 27 (2018/VUNESP/CÂMARA DE INDAIATUBA -SP/PROCURADOR JURÍDICO)


Fulano dos Santos foi visitar sua sogra em Indaiatuba e deixou o carro estacionado na rua.
Quando retornou, o carro não estava mais lá. Ele acionou a polícia, que registrou a ocorrência
e desde então não mais teve notícias do paradeiro de seu veículo. Diante disso, assinale a al-
ternativa correta
a) O Estado responde por omissão na segurança pública, pois não evitou a ocorrência do crime.
b) O Município de Indaiatuba deve indenizá-lo, pois o furto foi praticado no Município.
c) Não cabe indenização porque a responsabilidade, nos casos de omissão, é de natureza sub-
jetiva, devendo ser comprovada a culpa do ente público.
d) O Estado e o Município respondem objetivamente e de forma solidária pelo furto do veículo.
e) Somente o Estado deve responder de forma objetiva, pois há nexo de causalidade entre a
falha na segurança pública, que é de responsabilidade do Estado, e o crime que vitimou Fulano
dos Santos.

Letra c.
Entende-se que, quando o Estado é omisso em seu dever legal de agir, deverá reparar o prejuízo
causado. Porém, a responsabilidade será na forma subjetiva, uma vez que deverá ser demons-
trada a omissão estatal (culpa). Portanto, “Fulano” deverá provar a culpa estatal na falta de
segurança na rua para poder fazer jus à indenização.

Questão 28 (2018/INAZ DO PARÁ/PREFEITURA DE SÃO JOÃO DO ARAGUAIA-PA/PRO-


CURADOR MUNICIPAL) No texto Constitucional de 1988 está previsto que as pessoas jurí-
dicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes causarem a terceiros.
Fonte: ANGHER, A. J. (Org.); 2017.

De acordo com o exposto, de que forma a pessoa jurídica poderá acionar judicialmente o agen-
te causador do dano?
a) A Lei assegura ação de regresso contra o agente causador do dano a terceiro.

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b) É assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.


c) O direito de regresso contra o responsável se dá em qualquer situação de dano causado a
terceiro.
d) Existe previsão legal de regresso quando o agente não justificar sua ação dentro do prazo
legal.

Letra b.
A CF de 1988, no art. 37, § 6º, estabelece que:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos


responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Assim, havendo dolo ou culpa do agente causador do dano, poderá a pessoa jurídica ajuizar
ação regressiva contra esse agente.

Questão 29 (2017/VUNESP/DPE-RO/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO) Um cidadão, juri-


dicamente necessitado, procura a Defensoria Pública solicitando que fosse deduzida pretensão
em face do Estado de Rondônia, pleiteando indenização pela morte do filho, ocasionada por
policial militar durante uma reintegração de posse. Ao atendê-lo, seria correto responder-lhe que
a) a ação pode ser ajuizada e a chance de êxito é plena, pois nosso ordenamento jurídico ado-
tou a teoria do risco integral, devendo o Estado de Rondônia ser responsabilizado, bastando a
comprovação do dano e sua extensão.
b) o sucesso da demanda dependerá da demonstração do dano, da existência de nexo deste
com a ação policial e da inexistência da prática de ato, pela vítima, que legitimasse referi-
da ação.
c) como defensor público, não pode ajuizar ação contra pessoa jurídica de direito público.
d) precisaria da identificação do policial militar, pois a ação deve ser ajuizada em face dele e da
Fazenda Pública do Estado de Rondônia, sob pena de extinção.
e) a ação deve ser ajuizada em face do policial militar, independentemente da demonstração
de culpa, desde que seja possível identificá-lo e provar que foi o autor dos danos.

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Letra b.
A responsabilidade civil do Estado é objetiva e a teoria adotada (regra) é a do risco adminis-
trativo. De acordo com o art. 37, § 6º, da CF/1988: “As pessoas jurídicas de direito público e as
de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa. “ Assim, quando se fala que a responsabilidade do Estado é objeti-
va, isso significa que a pessoa que sofreu um dano causado por um agente público terá de pro-
var apenas três elementos: conduta praticada por um agente público, nessa qualidade; dano e
nexo de causalidade (demonstração de que o dano foi causado pela conduta). O policial militar
responde de forma subjetiva (demonstrando dolo ou culpa) perante o Estado, caso haja ação
de regresso do Estado contra ele.

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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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Gustavo Scatolino
Atualmente é procurador da Fazenda Nacional. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito
Administrativo e Processo Administrativo. Ex-assessor de ministro do STJ. Aprovado em vários concursos
públicos, dentre eles, analista judiciário do STJ, exercendo essa função durante cinco anos, e procurador
do Estado do Espírito Santo.

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