Responsabilidade Civil Do Estado E1644527869
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ADMINISTRATIVO
Responsabilidade Civil do Estado
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO ADMINISTRATIVO
Responsabilidade Civil do Estado
Gustavo Scatolino
Sumário
Responsabilidade Civil do Estado. ....................................................................................3
1. Introdução...................................................................................................................3
2. Teorias........................................................................................................................6
2.1. Teoria da Irresponsabilidade.....................................................................................6
2.2. Teorias Civilistas...................................................................................................... 7
2.3. Teorias Publicistas....................................................................................................8
3. Análise do § 6º do Art. 37 da CF............................................................................... 10
4. Casos Especiais......................................................................................................... 14
4.1. Estado como Garante/Situação Propiciatória de Risco............................................ 14
4.2. Responsabilidade nos Casos de Omissão.. ............................................................. 20
4.3. Danos de Obra Pública........................................................................................... 21
4.4. Responsabilidade por Atos Legislativos.................................................................22
4.5. Responsabilidade por Atos Jurisdicionais...............................................................24
4.6. Responsabilidade dos Notários............................................................................. 28
5. Excludentes da Responsabilidade Objetiva............................................................... 28
6. Ação Regressiva. ....................................................................................................... 31
6.1. Denunciação à Lide.................................................................................................32
6.2. Prescrição: Vítima x Estado...................................................................................33
6.3. Prescrição: Estado x Agente..................................................................................35
7. Jurisprudência...........................................................................................................36
Questões de Concurso...................................................................................................59
Gabarito........................................................................................................................ 73
Gabarito Comentado. ..................................................................................................... 74
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Vem comigo!
1. Introdução
EXEMPLO
Um policial manda um carro parar na blitz, o carro fura a barreira e o policial descarrega a arma
no carro. Quando o carro para o policial vê que tinha uma família dentro do carro e o motorista
não conseguiu parar. Várias pessoas morreram.
Outra cena que eu quero que imagine é um médico em um hospital público cometendo um erro
na cirurgia. Era para amputar a perna direita e ele amputa a perna esquerda...Não dá nem para
imaginar isso... mas acredite, acontece.
Imagine um fiscal sanitário interditando equivocadamente um estabelecimento comercial por
vários dias e esse estabelecimento ficando sem receita.
Pois bem, todas essas condutas do Estado podem causar danos aos particulares. E o que
vamos ver é: o Estado terá que indenizar os particulares por esses danos causados?
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EXEMPLO
Se o meu filho de 15 anos (Igor) está jogando bola, dá um chute acerta um carro e quebra o
para-brisa o dono do carro cobrará de mim, pois eu sou o responsável.
Claro que depois eu volto para o meu filho e digo. Uma pessoa veio até mim, provou que você
quebrou o vidro do carro dela, agora vou ter de descontar de sua mesada.
EXEMPLO
Meu filho joga por querer uma pedra no carro do vizinho.
Culpa é a falta de cuidado que gera um resultado danoso. A pessoa não queria, mas “sem
querer querendo” causou um dano.
EXEMPLO
Meu filho joga uma pedra para o alto e cai no carro do vizinho. Ele não queria acertar o carro,
mas sua imprudência (ação) causou isso.
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Mas existem casos nos quais haverá responsabilidade OBJETIVA, sendo aquela que have-
rá o dever de reparar o dano mesmo que o causador não tenha agido com dolo ou culpa. Isso
é indiferente!
A responsabilidade objetiva só é admitida em situações excepcionais como, por exemplo,
nas relações de consumo (arts. 12 e 18 do Código de Defesa do Consumidor) e nos danos
ambientais (art. 225 da CF).
A responsabilidade pode decorrer de atos por ação/comissão, ocorrendo quando o agente
pratica/realiza uma conduta e gera dano ao particular.
De outro modo, pode ocorrer a responsabilidade em razão da omissão, quando devendo
agir o Estado (seus agentes) sem mantém inerte.
Resumindo:
A responsabilidade civil do Estado, consagrada no art. 37, § 6º, da CF, é objetiva. O referido
dispositivo está consignado na Carta Maior, nos seguintes termos:
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EXEMPLO
Policial, ao perseguir criminosa, dispara um tiro que acerta um particular. Quando esse particu-
lar for cobrar do Estado não precisará discutir a conduta culposa do servidor.
Veremos, mais adiante, que a regra é a responsabilidade objetiva do Estado, mas se for na
omissão a responsabilidade será subjetiva. Esse é o entendimento doutrinário que prevalece.
Então, já sabemos que a nossa CF consagrou a teoria da responsabilidade objetiva do Estado.
Só com essa informação, já acertamos várias questões de prova... mas tem muita coisa
para ser explicada...
Contudo, antes de fazer o estudo da responsabilidade objetiva, é preciso estudar as teorias
acerca da responsabilidade estatal, pois somente com a Constituição de 1946 consagrou-se
a responsabilidade objetiva.
Comparação:
Responsabilidade na
Responsabilidade subjetiva Responsabilidade objetiva
omissão
Conduta + dolo/culpa Conduta Omissão (culpa)
Dano Dano Dano
Nexo causal Nexo causal Nexo causal
Bem, tem uma parte que aparece nos editais de concurso que é referente às teorias da
responsabilidade civil do Estado.
A responsabilidade estatal nem sempre foi objetiva. Inclusive teve época que nem respon-
sabilidade o Estado tinha.
Vamos ver agora esse tópico.
2. Teorias
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fundamento a ideia de soberania do Estado, baseada no princípio de que o rei não pode errar
(the king can do no wrong). O Estado era irresponsável pelos atos praticados.
Nos estados absolutistas não havia nenhum nível de responsabilidade pelos atos do Rei/
Estado.
No Brasil, jamais foi aceita a tese da irresponsabilidade do Estado. No nosso país, a pri-
meira positivação expressa sobre responsabilidade estatal ocorreu, na forma culposa, com o
Código Civil de 1916. Mesmo em legislações mais remotas, não se tem notícia sobre o acolhi-
mento da teoria da irresponsabilidade no país.
Por volta do século XX, a tese da irresponsabilidade tornou-se superada. Entretanto, ini-
cialmente, ao admitir-se a responsabilidade do Estado, eram adotados os princípios do Direito
Civil, apoiados na ideia de culpa.
Inicialmente, havia a necessidade de identificação do agente público causador do dano,
bem como era preciso fazer distinção entre os atos de império e de gestão, pois se admitia a
responsabilidade civil decorrente apenas dos atos de gestão.
Essa teoria serviu de inspiração para o art. 15 do Código Civil/1916. Entretanto, o Código
Civil de 2002 estabeleceu a responsabilidade do Estado nos termos da CF.
Foi uma grande evolução, mas ainda não é tão avançada quanto à responsabilidade
objetiva...
LEMBRE-SE! Essa teoria partiu, primeiramente, da distinção entre atos de império e atos de
gestão. Atos de império seriam aqueles em que o Estado atua utilizando-se da soberania, ou
melhor, da supremacia sobre o particular. Como exemplo, podemos citar a imposição de san-
ções e as desapropriações (o Estado atua impondo sua superioridade – império – sobre o
particular). Já os atos de gestão seriam aqueles em que o Estado atua sem utilizar sua supre-
macia sobre o particular, isto é, atos em que o Estado se coloca quase que de igual para igual
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com o particular. São os atos praticados pelo Estado sob regime de Direito Privado como, por
exemplo, fazer a assinatura de uma revista.
Têm origem a partir do caso Blanco, ocorrido em 1873. A menina Agnes Blanco, ao atra-
vessar a rua da cidade de Bordeaux, foi atropelada por uma vagonete da Cia. Nacional de Ma-
nufatura do Fumo; seu pai promoveu ação civil de indenização com base no princípio de que
o Estado é civilmente responsável por prejuízos causados a terceiros em decorrência da ação
danosa de seus agentes.
Começaram a surgir as teorias publicistas: teoria da culpa do serviço (falta do serviço) ou
culpa administrativa e teoria do risco, desdobrada, por alguns autores, em teoria do risco admi-
nistrativo e teoria do risco integral.
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A nossa CF de 1988, no art. 37, § 6º, (e desde a Constituição de 1946) consagrou a teoria
do RISCO ADMINISTRATIVO. Nela, a ideia de culpa é substituída pelo nexo de causalidade en-
tre o funcionamento do serviço e o prejuízo sofrido.
Mas, cuidado nas provas...
A TEORIA DO RISCO INTEGRAL é, segundo alguns autores, adotada no Brasil, mas de maneira
excepcional, e apenas com expressa determinação Constitucional ou legal.
Quais são os casos em concurso que podemos admitir adoção dessa teoria?
1. Responsabilidades do Estado por danos nucleares (CF, art. 21, XXIII, d);
2. Danos decorrentes de atos terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos, contra aero-
naves de empresas aéreas brasileiras, conforme previsto nas Leis nos 10.309, de 22/11/2001,
10.605, de 18/12/2002, e 10.744, de 9/10/2003.
Ocorre que, diante de normas que foram sendo introduzidas no direito brasileiro, surgiram hipóteses
em que se aplica a teoria do risco integral, no sentido que lhe atribuiu Hely Lopes Meirelles, tendo em
vista que a responsabilidade do Estado incide independentemente da ocorrência de circunstâncias
que normalmente seriam consideradas excludentes da responsabilidade. É o que ocorre nos casos
de danos causados por acidentes nucleares (art. 21, XXIII, “d”, da Constituição Federal) e também
na hipótese de danos decorrentes de atos terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos, contra
aeronaves de empresas aéreas brasileiras, conforme previsto nas Leis n. 10.309, de 22-11-2001,
e 10.744, de 9-10-2003.
Tem havido alguma controvérsia sobre as noções do risco administrativo e do denominado risco
integral. No risco administrativo, não há responsabilidade civil genérica e indiscriminada; se hou-
ver participação total ou parcial do lesado para o dano, o Estado não será responsável no primeiro
caso e, no segundo, terá atenuação no que concerne a sua obrigação de indenizar. Por conseguinte,
a responsabilidade civil decorrente do risco administrativo encontra limites. Já no risco integral a
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responsabilidade sequer depende do nexo causal e ocorre até mesmo quando a culpa é da própria
vítima. Assim, por exemplo, o Estado teria que indenizar o indivíduo que se atirou deliberadamente
à frente de uma viatura pública. É evidente que semelhante fundamento não pode ser aplicado à
responsabilidade do Estado, só sendo admissível em situações raríssimas e excepcionais.
A instituição dessa responsabilidade era desnecessária, já que a satisfação dos danos decorrentes
de qualquer atividade estatal nessa área é da responsabilidade do Estado, por força do que estabe-
lece o § 6º do art. 37 da Lei Maior.
Para esse autor até no caso de danos nuclear, aplica-se a mesma regra do art. 37, § 6º,
responsabilidade objetiva pelo risco administrativo.
CUIDADO!
Em concurso só se deve marcar que há teoria do risco integral, se a questão mencionar uma
das hipóteses acima: dano nuclear, atos terroristas ou atos de guerra contra aeronaves brasileiras.
Fora disso, vai sempre de risco ADMINISTRATIVO....
O STF entendeu que o art. 23, da Lei Geral da Copa, não se amoldaria à teoria do risco inte-
gral, e sim, que se estaria diante de garantia adicional, de natureza securitária, em favor de vítimas
de danos incertos que poderiam emergir em razão dos eventos patrocinados pela FIFA, excluídos
os prejuízos para os quais a entidade organizadora ou mesmo as vítimas tivessem concorrido.1
Ah! Mais um ponto. Os autores de Direito Ambiental também entendem que a responsabili-
dade consagrada na legislação ambiental também foi pela adoção da teoria do Risco Integral.
Mas isso é perguntado somente em provas de Direito Ambiental.
3. Análise do § 6º do Art. 37 da CF
Como dissemos, a Constituição Federal de 1946 inaugurou a tese da responsabilidade ob-
jetiva. Seguindo o mesmo raciocínio, a CF de 1988, no art. 37, § 6º, estabelece que:
1
ADI 4976/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 7.5.2014. (ADI-4976)
Art. 23. A União assumirá os efeitos da responsabilidade civil perante a FIFA, seus representantes legais, empregados ou
consultores por todo e qualquer dano resultante ou que tenha surgido em função de qualquer incidente ou acidente de
segurança relacionado aos Eventos, exceto se e na medida em que a FIFA ou a vítima houver concorrido para a ocorrência
do dano.
Parágrafo único. A União ficará sub-rogada em todos os direitos decorrentes dos pagamentos efetuados contra aqueles
que, por ato ou omissão, tenham causado os danos ou tenham para eles concorrido, devendo o beneficiário fornecer os
meios necessários ao exercício desses direitos.
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Na forma do referido artigo, é necessário que se trate de pessoa jurídica de direito PÚBLI-
CO OU DE DIREITO PRIVADO prestadora de serviços públicos. Assim, ficam excluídas as enti-
dades da Administração indireta que explorem atividade econômica.
Exige também o artigo em estudo que o agente causador do dano atue nessa qualidade.
Com base nesse requisito, o Supremo Tribunal Federal tem afastado a responsabilidade ob-
jetiva do Estado quando o agente público não tenha atuado nessa qualidade. Confiram-se os
julgados a seguir:
Responsabilidade civil do Estado. Morte. Vítima que exercia atividade policial irregular,
desvinculada do serviço público. Nexo de causalidade não configurado. (RE n. 341.776,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julg. 17/4/2007, DJ 3/8/2007).
(...) Caso em que o policial autor do disparo não se encontrava na qualidade de agente
público. Nessa contextura, não há falar de responsabilidade civil do Estado. (RE n. 363.423,
Rel. Min. Carlos Britto, julg. 16/11/2004, DJE 14/3/2008).
Responsabilidade civil objetiva do Estado. Artigo 37, § 6º, da Constituição. Crime prati-
cado por policial militar durante o período de folga, usando arma da corporação. Respon-
sabilidade civil objetiva do Estado. Precedentes. (RE n. 418.023-AgR, Rel. Min. Eros Grau,
julg. 9/9/2008, DJE 17/10/2008).
Agressão praticada por soldado, com a utilização de arma da corporação militar: incidên-
cia da responsabilidade objetiva do Estado, mesmo porque, não obstante fora do serviço,
foi na condição de policial militar que o soldado foi corrigir as pessoas. O que deve ficar
assentado é que o preceito inscrito no art. 37, § 6º, da CF, não exige que o agente público
tenha agido no exercício de suas funções, mas na qualidade de agente público. (RE n.
160.401, Rel. Min. Carlos Velloso, julg. 20/4/1999, DJ 4/6/1999).
Caso a questão afirme que o agente deve estar “no exercício da função” estará errada.
Basta que esteja “na qualidade de agente”.
Veja, também, que a CF usou a expressão agentes públicos. Assim, qualquer pessoa que
exerça função pública (não importa o vínculo com o Poder Público) poderá ser agente público.
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Até mesmo um voluntário que ajuda o Poder Público a socorrer vítimas. Se faz isso sob os
comandos do Estado é agente público. Incluem-se, ainda, os terceirizados, temporários, em-
pregados públicos etc.
Nos termos do art. 37, § 6º, da CF, as empresas de direito privado que prestam serviços pú-
Resumindo:
Pelos danos que seus agentes, agindo nessa Agentes – qualquer um que exerça função pública
qualidade Basta que seja nessa qualidade
Na omissão a responsabilidade será subjetiva. Na ação
Causarem a terceiros
responsabilidade objetiva.
Estado responde na forma objetiva.
assegurado o direito de regresso contra o res-
Agente responde em ação regressiva. Depende de
ponsável nos casos de dolo ou culpa.
demonstração de dolo ou culpa (subjetiva)
Segundo o STF “Os elementos que compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabi-
lidade civil objetiva do Poder Público compreendem (a) a alteridade do dano; (b) a causalidade
material entre o eventus damni e o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do
agente público; (c) a oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a agente do Poder
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Público que tenha, nessa condição funcional, incidido em conduta comissiva ou omissiva, in-
dependentemente da licitude, ou não, do comportamento funcional (RTJ 140/636) e (d) a au-
sência de causa excludente da responsabilidade estatal”.
Em resumo, os requisitos são:
A conduta praticada pelo agente poderá ser LÍCITA ou ILÍCITA. No caso de médico que rea-
liza cirurgia em hospital público e vem a cometer algum erro (ato ilícito)2, ou em campanha de
vacinação, quando a vacina vem a causar situação adversa irreversível (ato lícito), são atos que
geram danos passíveis de reparação, na forma objetiva. Outro exemplo de ação lícita que pode
gerar indenização é o caso de uma determinação de que no centro da cidade não possa mais
haver circulação de carros e, por causa disso, o dono de um estacionamento rotativo tenha sua
atividade econômica inviabilizada.
Para que seja configurada a responsabilidade deve haver um dano, pois indenizar é “retirar
o dano” mediante uma contraprestação de natureza pecuniária. Pode ser tanto o dano MORAL
(violação à dignidade, honra etc.) ou MATERIAL (prejuízo financeiro).
DANO EVENTUAL e DANO IMPOSSÍVEL não são indenizáveis. A mera possibilidade de dano,
não é passível de indenização. Por exemplo: construíram um presídio perto da minha casa.
Isso pode vir a causar danos, mas não há um dano concreto e específico.
Súmula n. 43: Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do
efetivo prejuízo.
[...]
2
RE 456.302-AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 6-2-2007, Primeira Turma, DJ de 16-3-2007.
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Súmula n. 54: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsa-
bilidade extracontratual.
O STJ entende que os juros devem ser fixados no percentual de 6% ao ano (REsp 770030/
SC, DJe 17/06/2008). (concurso AGU, 2011, Cespe)
Deve haver, também, o nexo causal que é a necessária relação de causa e efeito entre a
conduta praticada pelo agente e o dano causado. Se esse nexo não existir, ou for rompido por
algum fator, estará, por consequência, afastada a responsabilidade do Estado. Nesse contexto,
é insuficiente a demonstração apenas do dano e da conduta estatal; deve-se, também, provar
o nexo causal.
O STF analisou o caso em sede de Repercussão Geral (tema 362) e fixou a seguinte tese:
Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade
civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sis-
tema prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a
conduta praticada3.
Note que a tese fixada pelo STF foi um tanto mais restritiva, de modo que para que possa
se cogitar de haver direito à indenização deve haver nexo causal direto entre o ato da fuga (mo-
mento da fuga) e o dano ocorrido.
Assim, se um detento fugiu e posteriormente à fuga (dias, meses, anos) cometeu um crime
o Estado não responde por essa conduta.
4. Casos Especiais
3
STF. Plenário. RE 608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020 (Reper-
cussão Geral – Tema 362) (Info 993).
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teoria da responsabilidade objetiva no caso de danos decorrentes dessa situação, como nos
casos de alunos de escolas públicas, presos e internados em hospital. Os julgamentos do STF
são nesse sentido. Vejamos:
Morte de detento por colegas de carceragem. Indenização por danos morais e materiais.
Detento sob a custódia do Estado. Responsabilidade objetiva. Teoria do risco administra-
tivo. Configuração do nexo de causalidade em função do dever constitucional de guarda
(art. 5º, XLIX). Responsabilidade de reparar o dano que prevalece ainda que demonstrada
a ausência de culpa dos agentes públicos. (RE n. 272.839, Rel. Min. Gilmar Mendes, julg.
1/2/2005, DJ 8/4/2005). No mesmo sentido: AI n. 512.698-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso,
julgamento em 13/12/2005, DJ 24/2/2006.
Preso assassinado na cela por outro detento. Caso em que resultaram configurados não
apenas a culpa dos agentes públicos na custódia do preso – posto que, além de o terem
recolhido à cela com excesso de lotação, não evitaram a introdução de arma no recinto
– mas também o nexo de causalidade entre a omissão culposa e o dano. Descabida a
alegação de ofensa ao art. 37, § 6º, da CF. (RE n. 170.014, Rel. Min. Ilmar Galvão, julg.
31/10/1997, DJ 13/2/1998).
O Poder Público, ao receber o estudante em qualquer dos estabelecimentos da rede ofi-
cial de ensino, assume o grave compromisso de velar pela preservação de sua integridade
física, devendo empregar todos os meios necessários ao integral desempenho desse
encargo jurídico, sob pena de incidir em responsabilidade civil pelos eventos lesivos oca-
sionados ao aluno. A obrigação governamental de preservar a intangibilidade física dos
alunos, enquanto estes se encontrarem no recinto do estabelecimento escolar, constitui
encargo indissociável do dever que incumbe ao Estado de dispensar proteção efetiva a
todos os estudantes que se acharem sob a guarda imediata do Poder Público nos esta-
belecimentos oficiais de ensino. Descumprida essa obrigação, e vulnerada a integridade
corporal do aluno, emerge a responsabilidade civil do Poder Público pelos danos causa-
dos a quem, no momento do fato lesivo, se achava sob a guarda, vigilância e proteção das
autoridades e dos funcionários escolares, ressalvadas as situações que descaracterizam
o nexo de causalidade material entre o evento danoso e a atividade estatal imputável aos
agentes públicos. (RE n. 109.615, Rel. Min. Celso de Mello, julg. 28/5/1996, DJ 2/8/1996).
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Assim...
EXEMPLO
Preso se matou no presídio ou foi assassinado por ‘colegas’ de cela, haverá responsabilidade
do Estado. Isso porque, se o Estado privou a pessoa de sua liberdade tem que tomar os cuida-
dos para que danos não aconteçam a essa pessoa.
Alguns alunos têm perguntado constantemente se o STF ao julgar o RR 841526 teria muda-
do sua posição e passado a admitir que o Estado não responde pela morte de presos. Não foi
isso que ocorreu. O STF, na verdade, confirmou a responsabilidade objetiva pela guarda de pes-
soas (presos), apenas pontuou que por não se tratar de aplicação da teoria do risco integral, há
situações que o Estado não responde, pois não é um garantidor universal. Como por exemplo
um preso que morre de morte natural (ex.: ataque cardíaco). Assim, limitou a responsabilidade
do Estado nesses casos quando houver uma omissão específica. Vejamos a ementa que vale
a pena ser lida.
Certo.
A responsabilidade do Estado quanto à integridade física do detento em unidade prisional é
objetiva. É o que estabelece inclusive o julgado que do STF que transcrevo:
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E, também, tem que assegurar que ela tenha uma vida com dignidade dentro do estabeleci-
mento prisional. Se isso não ocorrer, haverá direito à indenização. Veja a decisão do STF:
Notícias STF
Quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
Estado deve indenizar preso em situação degradante, decide STF
O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu que o preso submetido a situação degradante
e a superlotação na prisão tem direito a indenização do Estado por danos morais. No
Recurso Extraordinário (RE) 580252, com repercussão geral reconhecida, os ministros
restabeleceram decisão que havia fixado a indenização em R$ 2 mil para um condenado.
No caso concreto, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul (DP-MS), em favor de um
condenado a 20 anos de reclusão, cumprindo pena no presídio de Corumbá (MS), recorreu
contra acórdão do Tribunal de Justiça local (TJ-MS) que, embora reconheça que a pena
esteja sendo cumprida “em condições degradantes por força do desleixo dos órgãos e
agentes públicos”, entendeu, no julgamento de embargos infringentes, não haver direito
ao pagamento de indenização por danos morais.
O Plenário acompanhou o voto proferido em dezembro de 2014 pelo relator, ministro Teori
Zavascki (falecido), no sentido do provimento do recurso. Em seu voto, o ministro resta-
beleceu o dever de o Estado pagar a indenização, fixada em julgamento de apelação no
valor de R$ 2 mil. Ele lembrou que a jurisprudência do Supremo reconhece a responsabi-
lidade do Estado pela integridade física e psíquica daqueles que estão sob sua custódia.
Ressaltou também que é notória a situação do sistema penitenciário sul-mato-grossense,
com déficit de vagas e lesão a direitos fundamentais dos presos.
Indenização e remição
Houve diferentes posições entre os ministros quanto à reparação a ser adotada, ficando
majoritária a indenização em dinheiro e parcela única. Cinco votos – ministros Teori
Zavascki, Rosa Weber, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e a presidente do STF, ministra Cármen
Lúcia – mantiveram a indenização estipulada em instâncias anteriores, de R$ 2 mil. Já
os ministros Edson Fachin e Marco Aurélio adotaram a linha proposta pela Defensoria
Pública de Mato Grosso do Sul, com indenização de um salário mínimo por mês de deten-
ção em situação degradante.
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Proposta feita pelo ministro Luís Roberto Barroso, em voto proferido em maio de 2015,
substituía a indenização em dinheiro pela remição da pena, com redução dos dias de
prisão proporcionalmente ao tempo em situação degradante. A fórmula proposta por Bar-
roso foi de um dia de redução da pena (remição) por 3 a 7 dias de prisão em situação
degradante. Esse entendimento foi seguido pelos ministros Luiz Fux e Celso de Mello.
Voto-vista
O julgamento foi retomado com voto-vista da ministra Rosa Weber, que mesmo apoiando
a proposta sugerida pelo ministro Luís Roberto Barroso, viu com ressalvas a ampliação
das hipóteses de remição da pena, e temeu a criação de um salvo-conduto para a manu-
tenção das condições degradantes no sistema prisional. “Estariam as políticas públicas
a perder duas vezes: as relativas aos presídios, em condições mais indesejadas, e as
referentes à segurança pública, prejudicada pela soltura antecipada de condenados”, afir-
mou. Também na sessão desta quinta-feira, votaram nesse sentido o ministro Dias Toffoli
e a presidente, ministra Cármen Lúcia.
O voto do ministro Edson Fachin adotou a indenização pedida pela Defensoria. Ele fez
ressalvas a se criar judicialmente uma nova hipótese de remição de pena não prevista em
lei. Adotou linha da indenização pecuniária de um salário mínimo por mês de detenção
em condições degradantes. Citando as más condições do sistema prisional brasileiro – e
do caso concreto – o ministro Marco Aurélio considerou “módica” a quantia de R$ 2 mil,
acolhendo também o pedido da Defensoria.
A posição de Luís Roberto Barroso foi seguida hoje pelo voto do ministro Luiz Fux, o qual
mencionou a presença da previsão da remição em proposta para a nova Lei de Execução
Penal (LEP). Para ele, se a população carcerária em geral propor ações de indenização ao
Estado, criará ônus excessivo sem resolver necessariamente a situação dos detentos. “A
fixação de valores não será a solução mais eficiente e menos onerosa. Ela, será, a meu
modo de ver, a mais onerosa e menos eficiente”, afirmou.
Na mesma linha, o decano do Tribunal, ministro Celso de Mello, ressaltou a necessidade
de se sanar a omissão do Estado na esfera prisional, na qual subtrai ao apenado o direito
a um tratamento penitenciário digno. Ele concordou com a proposta feita pelo ministro
Luís Roberto Barroso, destacando o entendimento de que a entrega de uma indenização
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em dinheiro confere resposta pouco efetiva aos danos morais sofridos pelos detentos,
e drena recursos escassos que poderiam ser aplicados no encarceramento.
Tese
O Plenário aprovou também a seguinte tese, para fim de repercussão geral, mencionando
o dispositivo da Constituição Federal que prevê a reparação de danos pelo Estado:
“Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus
presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de
sua responsabilidade, nos termos do artigo 37, parágrafo 6º, da Constituição, a obrigação
de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em
decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento”.
Quanto à responsabilidade por omissão, atualmente, o STF vem entendendo que depende-
rá do tipo de omissão. Sendo omissão ESPECÍFICA (que é aquela que a omissão é a causa di-
reta do dano), a responsabilidade será OBJETIVA. Já sendo omissão GENÉRICA será subjetiva.
EXEMPLO
Um exemplo de omissão específica é a morte de detento no presídio. Pois em razão da omis-
são do Estado foi que ocorreu a morte. Ou seja, a omissão foi a causa determinante da morte.
Já um exemplo de omissão genérica é o assalto na rua. Para que o Estado responda, o autor
da ação deverá demonstrar essa omissão. Que o Estado tinha como evitar o assalto. Assim,
será subjetiva.
TEMA: “Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no artigo
5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte de detento”.
RE 841526
Repercussão Geral – Tema 362: “Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal,
não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de
crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o
nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada”.
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No caso de danos decorrentes de realização de obra pública, deve-se verificar como está
sendo efetuada a execução do empreendimento.
Se a obra for realizada pelo Estado sem que haja transferência para o particular (empreitei-
ro), a responsabilidade pelos danos decorrentes será do Estado, na forma objetiva.
Caso o Poder Público transfira, mediante contrato, a execução da obra para um particular,
a responsabilidade será do empreiteiro, na modalidade subjetiva. A responsabilidade do Esta-
do poderá ser subsidiária, caso a reparação do dano não seja realizada pelo executor.
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Também é necessário destacar que a responsabilidade pelo FATO DA OBRA, vale dizer,
os danos inevitáveis de uma obra. A obra em si é danosa. Não houve um dano por erro da obra.
A obra por si só causou um dano. Vamos de exemplo! O minhocão do Maluf!
O Maluf em São Paulo fez uma pista elevada, por cima de outra pista. Mas essa segunda
pista (o minhocão) passa bem rente à janela dos prédios, gerando poluição sonora e visual.
Na verdade, para quem morava no 2º e no 3º andar do prédio, a vida virou um ‘inferno’. É carro
passando jogando poluição e buzinando 24 hs. Veja, a obra não é um dano para os moradores.
Nesse caso de responsabilidade pelo fato da obra, a responsabilidade é do Estado, na
forma objetiva. A responsabilidade continua sendo do Poder Público mesmo que a execução
ocorra na forma indireta (por particular).
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Quanto à primeira hipótese, basta imaginar uma lei que, inconstitucionalmente, imponha o
pagamento de determinado tributo. É claro que o Estado deve responder pelo dano causado
aos contribuintes, devolvendo o dinheiro (com juros, obviamente). Outro exemplo é a lei que,
de maneira inconstitucional, proíba a comercialização de determinado produto. Nesse caso,
os danos advindos dessa proibição serão reparados pelo Estado.
A responsabilidade por atos legislativos inconstitucionais é admitida pelo STF, mas só se a
lei já tiver sido declarada inconstitucional – isso porque as leis gozam de presunção de cons-
titucionalidade:
Assim, caso o STF declare uma lei inconstitucional, todos aqueles que tiveram prejuízos
em razão dessa lei, entrarão com ação judicial contra o Poder Público para que tenha os preju-
ízos reparados.
Também se prevê a responsabilidade legislativa pela edição das chamadas leis meramen-
te formais ou leis de efeitos concretos. Nesse caso, o ato apenas formalmente se apresenta
como lei; na prática, cuida-se de verdadeiro ato administrativo que impõe a pessoas determi-
nadas algum encargo. Se esse encargo for particularmente danoso, configura-se o dano e,
com ele, a responsabilidade civil do Estado, na modalidade objetiva. É o caso, por exemplo, de
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lei que cria reserva florestal, interferindo no direito de propriedade do particular. Como se trata
de uma lei de efeitos concretos (forma de lei, conteúdo de ato administrativo), particulares que
eventualmente sofram danos poderão buscar a responsabilização do Estado.
Por fim, também existe a possibilidade de o legislador, devendo legislar, omitir-se, causan-
do, com isso, dano aos particulares. Trata-se, infelizmente, de hipótese muito comum e que –
geralmente, com a omissão do Estado – deve ser apurada pelos critérios da responsabilidade
subjetiva. O STF também admite tal possibilidade:
[...] se ultrapassado o prazo acima, sem que esteja promulgada a lei, reconhecer ao impe-
trante a faculdade de obter, contra a União, pela via processual adequada, sentença liquida
de condenação a reparação constitucional devida, pelas perdas e danos que se arbitrem.
(STF, Pleno, MI 283/DF, Relator Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 14.11.1991).
Quanto à questão da omissão legislativa referente à lei que assegura revisão geral anual
aos servidores públicos, o STF fixou a seguinte tese: “O não encaminhamento de projeto de lei
de revisão anual dos vencimentos dos servidores públicos, previsto no inciso 10 do artigo 37 da
Constituição Federal de 1988, não gera direito subjetivo a indenização. Deve o Poder Executivo,
no entanto, se pronunciar, de forma fundamentada, acerca das razões pelas quais não propôs a
revisão.”
Assim como ocorre nos atos legislativos, quando o Estado exerce função jurisdicional (fun-
ção típica), a regra será a irresponsabilidade, tendo em vista a possibilidade de interposição
de recursos, bem como pelo fato de que o juiz deve ter total independência para exercer sua
função.
Entretanto, a CF traz duas hipóteses no art. 5º, inciso LXXV, de casos de responsabilidade
do Estado. “O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso
além do tempo fixado na sentença”.
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neste caso, é objetiva. O Estado é obrigado a indenizar independentemente de ter havido algu-
Erro judiciário. Responsabilidade civil objetiva do Estado. Direito à indenização por danos
morais decorrentes de condenação desconstituída em revisão criminal e de prisão pre-
ventiva. CF, art. 5º, LXXV. Código de Processo Penal, art. 630.
1. O direito à indenização da vítima de erro judiciário e daquela presa além do tempo
devido, previsto no art. 5º, LXXV, da Constituição, já era previsto no art. 630 do Código
de Processo. Penal, com a exceção do caso de ação penal privada e só uma hipótese de
exoneração, quando para a condenação tivesse contribuído o próprio réu.
2. A regra constitucional não veio para aditar pressupostos subjetivos à regra geral da
responsabilidade fundada no risco administrativo, conforme o art. 37, § 6º, da Lei Funda-
mental: a partir do entendimento consolidado de que a regra geral é a irresponsabilidade
civil do Estado por atos de jurisdição, estabelece que, naqueles casos, a indenização é
uma garantia individual e, manifestamente, não a submete à exigência de dolo ou culpa
do magistrado.
3. O art. 5º, LXXV, da Constituição: é uma garantia, um mínimo, que nem impede a lei, nem
impede eventuais construções doutrinárias que venham a reconhecer a responsabilidade
do Estado em hipóteses que não a de erro judiciário stricto sensu, mas de evidente falta
objetiva do serviço público da Justiça.
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No concurso de Procurador Federal, em 2010, realizado pelo Cespe, bem como no concurso
de Procurador do Ministério Público Especial junto ao Tribunal de Contas do Estado da Bahia
– Cespe, 2010, o item foi exigido e a resposta correta foi no sentido de que existe responsabi-
lidade do Estado no caso de prisão cautelar com posterior absolvição.
A questão foi extraída do RE n. 385.943-AgR, Relator Min. Celso de Mello, Segunda Turma,
julg. 15/12/2009, o julgamento foi no sentido de que a prisão cautelar com a posterior conclu-
são pela inocência do acusado gera direito a indenização quando há ILEGALIDADE na prisão
cautelar. Confira:
Ementa: Responsabilidade civil objetiva do Estado (CF, art. 37, § 6º). Configuração. “Bar
Bodega”. Decretação de prisão cautelar, que se reconheceu indevida, contra pessoa que
foi submetida a investigação penal pelo Poder Público. Adoção dessa medida de privação
da liberdade contra quem não teve qualquer participação ou envolvimento com o fato cri-
minoso. Inadmissibilidade desse comportamento imputável ao aparelho de estado. Perda
do emprego como direta consequência da indevida prisão preventiva. Reconhecimento,
pelo Tribunal de Justiça local, de que se acham presentes todos os elementos identifica-
dores do dever estatal de reparar o dano. Não comprovação, pelo Estado de São Paulo, da
alegada inexistência do nexo causal. Caráter soberano da decisão local, que, proferida em
sede recursal ordinária, reconheceu, com apoio no exame dos fatos e provas, a inexistên-
cia de causa excludente da responsabilidade civil do Poder Público. Inadmissibilidade de
reexame de provas e fatos em sede recursal extraordinária (Súmula n. 279/STF). Doutrina
e precedentes em tema de responsabilidade civil objetiva do estado. Acórdão recorrido
que se ajusta à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Recurso de agravo improvido.
(RE n. 385.943-AGR, Relator Min. Celso de Mello, Segunda Turma, julg. 15/12/2009, DJE
30, divulg. 18/2/2010, pub. 19/2/2010, RT v. 99, n. 895, 2010, p. 163-168).
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No que se refere à responsabilidade do juiz, dispõe o Código de Processo Civil que o juiz
responderá por perdas e danos quando, no exercício de suas funções, proceder com dolo ou
fraude; recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou
a requerimento da parte. O CPC não prevê a responsabilidade do juiz nos casos em que atue
de forma culposa, ao contrário dos demais agentes públicos.
Nos casos de erro judiciário em que o juiz atue com culpa, caberá ação de indenização
contra o Estado, mas não haverá posteriormente ação regressiva em direção ao magistrado.
Ou seja: enquanto todos os agentes públicos respondem regressivamente perante o Estado
nas hipóteses de dolo ou culpa, o juiz só pode ser responsabilizado regressivamente apenas
por dolo ou fraude, recusa, omissão ou retardamento, sem justo motivo, providência que deva
ordenar de ofício ou a requerimento da parte.
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
I – no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II – recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a reque-
rimento da parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte
requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10
(dez) dias.
Vale ainda citar que o CPC também fez previsão de responsabilidade apenas por dolo (não
culposa) de outros membros de carreiras do Estado. Vejamos:
Art. 181. O membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável quando agir com
dolo ou fraude no exercício de suas funções.
Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável quando agir
com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
Art. 187. O membro da Defensoria Pública será civil e regressivamente responsável quando agir
com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
Diante de um erro judiciário, o Estado responderá, mas o juiz somente responderá nas hipóte-
ses legais, conforme prevê o Código de Processo Civil. Assim, havendo erro na esfera penal,
o Estado indenizará os prejuízos, mas o magistrado, em regra, não sofrerá ação regressiva do
Poder Público. Salvo se agiu com dolo, fraude, recusa, retardamento injustificado (dolo).
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EXEMPLO
Raio que derruba um poste público em cima de um carro particular.
Tremor de terra que faz viaduto cair sobre carros.
Obs.: mesmo havendo motivo de força maior ou caso fortuito, a responsabilidade do Estado
poderá ficar configurada, se houver, também, a omissão do Poder Público.
Por exemplo, quando as chuvas provocam enchente na cidade, inundando casas e des-
truindo objetos, o Estado responderá se ficar demonstrado que a realização de deter-
minados serviços de limpeza dos bueiros teria sido suficiente para impedir a enchente.
Porém, nesse caso, a responsabilidade do Estado será subjetiva.
A mesma regra aplica-se quando se trata de atos de terceiros, como é o caso de danos cau-
sados por atos de multidão ou por delinquentes. O Estado responderá se ficar caracterizada a
sua omissão, ocorrendo falha na prestação do serviço público.
4
STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 (repercussão geral) (Info 932)
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O ato de terceiro, em princípio, é fator de exclusão. Mas se houver omissão do Estado, ele
responderá.
Há autores que, estabelecendo a diferença entre caso fortuito e força maior, admitem apenas
essa última como hipótese de exclusão da responsabilidade (é o caso de Celso Antônio Ban-
deira de Mello, Curso de Direito Administrativo, p. 979; e Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito
Administrativo, p. 616). Essa corrente, entretanto, não encontra guarida na jurisprudência do
STF, que considera ambos os casos como excludentes da responsabilidade objetiva.
Para Maria Sylvia Di Pietro (2011) FORÇA MAIOR é:
Acontecimento imprevisível, inevitável e estranho à vontade das partes, como uma tempestade, um
terremoto, um raio. Não sendo imputável à Administração, não pode incidir a responsabilidade do
Estado; não há nexo de causalidade entre o dano e o comportamento da Administração.
[...]
Já o CASO FORTUITO – que não constitui causa excludente da responsabilidade do Estado – ocorre
nos casos em que o dano seja decorrente de ato humano ou de falha da Administração; quando
se rompe, por exemplo, uma adutora ou um cabo elétrico, causando danos a terceiros, não se pode
falar em força maior, de modo a excluir a responsabilidade do Estado.
Assim, para Maria Sylvia força maior decorre de ação da natureza (ato externo) e o caso fortui-
to decorre de ato humano ou falha da natureza. Somente a força maior excluiria a responsabi-
lidade do Estado.
Há quem faça, ainda, a distinção entre fortuito interno e externo, sendo apenas este último
excludente da responsabilidade.
Fortuito interno é decorrente da execução do serviço administrativo, não eximindo a res-
ponsabilidade civil. Ex.: pneu do carro da polícia fura, agente de polícia perde o controle e atro-
pela um particular.
Já o fortuito externo afasta a responsabilidade civil, pois é imprevisível, não estando no ris-
co da atividade. Decorre de atos de terceiros, desde que imprevisíveis, eventos da natureza etc.
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Perceba que o conceito de fortuito interno se aproxima do conceito de caso fortuito apre-
sentado por Maria Sylvia acima visto. E o conceito de fortuito externo, aproxima-se mais do
conceito de força maior dado pela referida autora.
E em provas??? Como fica??
Você encontrará questões perguntando, geralmente, se o caso fortuito e força maior são
excludentes. A resposta será afirmativa.
Mas... se alguma questão falar que o fortuito interno não exclui e o fortuito externo exclui,
estará correta também. Porque, provavelmente, o examinador formulou a questão em algum
autor que faz essa diferenciação.
Errado.
Para parcela da doutrina, não perde a relevância a diferenciação.
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6. Ação Regressiva
O dano provocado pelo Estado gera para a vítima o direito a indenização que pode ser feita
pela via administrativa ou judicial. Não havendo reparação administrativa, a vítima ingressa
com ação judicial em face do Estado.
A ação de regresso é a ação do Estado contra o seu agente, causador do dano.
Para o STF há a teoria da DUPLA GARANTIA. Garantia para a vítima de cobrar do Estado,
sem discutir culpa, já que a responsabilidade é objetiva, e garantia para o servidor, de ser de-
mandado somente perante o Estado.
Assim, para o STF o caminho sempre será: ação da vítima contra o Estado. E, posterior-
mente, se o Estado for condenado. Uma outra ação, em separado, do Estado contra o agente.
Para o STF qualquer outro caminho que não seja esse (vítima → Estado; Estado → agente
público) não será admitido.
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A posição do STF que consagra a teoria da dupla garantia foi reafirmada no RE 1027633/
SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/8/2019 (repercussão geral) (Info 947).
A denunciação à lide é uma medida de economia processual em que aquele que estiver,
por lei ou contrato, obrigado a reparar o prejuízo deve ser denunciado à lide (fazer parte do
processo). Com a denunciação, o juiz, em uma única sentença, resolverá todas as lides (=ca-
sos). Decidirá a relação entre autor e réu e, em seguida, entre denunciante (=réu) e denunciado
(=aquele que passou a fazer parte do processo).
No CPC anterior, a denunciação à lide era obrigatória, sob pena de perder direito de regres-
so. Porém, o STJ sempre entendeu que nas ações que envolviam a Fazenda Pública não seria
obrigatória. Vale dizer, o Estado poderia não fazer a denunciação e, mesmo assim, poderia
depois entrar com ação regressiva.
No entanto, nos termos do Novo CPC, a denunciação à lide não é obrigatória em nenhum
caso mais. Desse modo, para fins de concurso, vamos seguir o Novo CPC e a posição do STJ:
a denunciação à lide do servidor não é obrigatória.
A Lei n. 8.112/1990 determina no art. 122, § 2º, que o servidor responderá em ação regres-
siva perante a Fazenda Pública, afastando a denunciação à lide e o litisconsórcio.
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Litisconsórcio é instituto do Direito Processual Civil no qual tem na ação mais de uma pes-
soa no polo passivo ou ativo. Ex.: uma pessoa entra com uma ação de indenização contra o
vendedor e contra a loja (litisconsórcio passivo). STF não admite que a vítima entre com a ação
em face do Estado e agente público em razão da teoria da dupla garantia.
Na doutrina, há enorme divergência. Alguns admitem, outros não, sob o argumento de que
com a denunciação à lide seria prejudicial à vítima (=autor).
Para o STF admite? Não. Lembre-se da teoria da DUPLA GARANTIA (vítima → Estado; Esta-
do → agente público). Servidor não participa do mesmo processo junto com o Estado.
Litisconsórcio (ação
Ação regressiva
da vítima contra Ação direta da vítima
(ação do Estado Denunciação à lide do servidor
Estado e agente ao contra o agente
contra seu agente)
mesmo tempo)
Para o STJ e NCPC, não é obrigatória.
Para o STF, não é possível (não cabe,
De acordo com os pois, a ação é contra o Estado. Depois.
O Estado tem de provar Para o STF, não
entendimentos mais o Estado entra com ação regressiva em
que o agente atuou com é possível (RE n.
recentes do STF, não face do servidor). O agente só pode res-
dolo ou culpa (subjetiva). 327.904/SP, 2006).
é possível. ponder perante o Estado.
A Lei n. 8.112/1990 diz que o servidor
só responde em ação regressiva.
Como eu lhe disse antes, prescrição tem relação com o prazo para exercer uma preten-
são... por meio do ingresso de uma demanda judicial (ação).
Neste tópico da aula, vamos analisar o prazo que a vítima tem para cobrar do Estado e, em
seguida, o prazo que o Estado tem para cobrar do causador do dano.
No que se refere ao prazo prescricional do particular em face do Estado, sendo pessoa
jurídica de direito público ou pessoa de direito privado prestadora de serviço público, o prazo
será de cinco anos, de acordo com o Decreto n. 20.910/1932 e nos termos do art. 1º-C da Lei
n. 9.494/1997. Nesse mesmo sentido, o STJ vem pacificando seu entendimento, afastando a
aplicação do art. 206 do Código Civil (prazo de três anos), por se tratar de norma que rege ape-
nas as relações entre os particulares.
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O entendimento majoritário da doutrina (entre eles, Celso Antônio Bandeira de Mello e Ma-
ria Sylvia Di Pietro), também é o de que permanece o prazo prescricional de cinco anos para
as ações de reparação de danos contra a Fazenda Pública. Esses autores afastam a aplicação
do Código Civil, pois em relação à Fazenda Pública, existe prazo prescricional específico no
Decreto n. 20.910/1932.
Assim:
Obs.: Carvalho Filho (2009), em sentido oposto, entende que a prescrição é de três anos,
regulada pelo Código Civil.
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§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
Ok... O STF afirmou que o Estado tem prazo para ingressar com a ação de regresso. Mas
qual seria esse prazo?
No caso concreto, foi uma ação de reparação de danos que a União ingressou, há muitos
anos, contra uma concessionária (pessoa jurídica de direito privado). A posição do STF foi para
manter o prazo já aplicado pelas instâncias inferiores que no caso concreto foi de 3 anos (apli-
cando o Código Civil) e, em seguida, fixou a tese de que tem que ser observado prazo.
Porém, o mérito principal do recurso julgado no STF não foi para estabelecer um prazo,
mas para estabelecer que deve ter um prazo. Certamente, esse assunto voltará a ser analisado
pelo STF.
De outro modo, o STJ tem jurisprudência pacificada de que na ação de regresso deve ser
observado o prazo de 5 anos, aplicando o Decreto n. 20.910/1932.
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7. Jurisprudência
Muito importante a leitura desses julgados a seguir, pois em provas de concursos eles
aparecem bastante...
O examinador vai até os sites do STF e STJ e retiram um caso desses e transforma em
questão de concurso...
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a expedição e a entrega de cartas e cartões-postais (inciso I). Aliás, como bem assen-
tado pela doutrina, “sendo o princípio maior o da livre iniciativa (leia-se, também, livre
concorrência), somente em hipóteses restritas e constitucionalmente previstas poderá
o Estado atuar diretamente, como empresário, no domínio econômico. Essas exceções
se resumem aos casos de: a) imperativo da segurança nacional (CF, art. 173, caput); b)
relevante interesse coletivo (CF, art. 173, caput); c) monopólio outorgado pela União (e.g.,
CF, art. 177)”. Portanto, o caso ora em análise revela o exercício de típico serviço público
(art. 21, X, da CF), relevante ao interesse social, exercido por meio de monopólio ou pri-
vilégio conferido aos Correios (art. 9º da Lei n. 6.538/1978), a quem incumbe o “rece-
bimento, transporte e entrega no território nacional, e a expedição, para o exterior, de
carta e cartão-postal”, o que acarreta sua responsabilidade objetiva (art. 37, § 6º, da CF e
arts. 14 e 22 do CDC). EREsp 1.097.266-PB, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 10/12/2014, DJe 24/2/2015.
Informativo n. 558 STJ
DIREITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DE RESSARCIMENTO
AO ERÁRIO FUNDADA EM LESÃO PRESUMIDA.
Ainda que procedente o pedido formulado em ação popular para declarar a nulidade de
contrato administrativo e de seus posteriores aditamentos, não se admite reconhecer a
existência de lesão presumida para condenar os réus a ressarcir ao erário se não houve
comprovação de lesão aos cofres públicos, mormente quando o objeto do contrato já
tenha sido executado e existam laudo pericial e parecer do Tribunal de Contas que con-
cluam pela inocorrência de lesão ao erário. De fato, a ação popular consiste em um rele-
vante instrumento processual de participação política do cidadão, destinado eminente-
mente à defesa do patrimônio público, bem como da moralidade administrativa, do meio
ambiente e do patrimônio histórico e cultural. Nesse contexto, essa ação possui pedido
imediato de natureza desconstitutivo-condenatória, porquanto objetiva, precipuamente,
a insubsistência do ato ilegal e lesivo a qualquer um dos bens ou valores enumerados no
inciso LXXIII do art. 5º da CF e a condenação dos responsáveis e dos beneficiários dire-
tos ao ressarcimento ou às perdas e danos correspondentes. Tem-se, dessa forma, como
imprescindível a comprovação do binômio ilegalidade-lesividade, como pressuposto ele-
mentar para a procedência da ação popular e de consequente condenação dos requeri-
dos a ressarcimento ao erário em face dos prejuízos comprovadamente atestados ou nas
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por falta de pagamento porque o funcionário do banco errou ao digitar o código de barras
do boleto bancário da taxa de inscrição. Alegou que perdeu a possibilidade de participar
do certame e de se tornar servidora pública diante de falha da instituição bancária. O Rela-
tor explicou que a teoria da perda de uma chance visa à responsabilização do agente pela
perda da possibilidade de se buscar posição mais vantajosa que muito provavelmente se
alcançaria, não fosse o ato ilícito praticado. Dessa forma, a perda de uma chance, desde
que essa seja razoável, séria e real, é considerada uma lesão às justas expectativas frus-
tradas do indivíduo que, ao perseguir uma posição jurídica mais vantajosa, teve o curso
normal dos acontecimentos interrompido por ato ilícito de terceiro. Na hipótese, os Jul-
gadores entenderam que a falha da instituição financeira no processamento do boleto
bancário da taxa de inscrição não é o único fator capaz de eliminar o eventual êxito da
autora na aprovação do concurso. Para se alcançar a aprovação em concursos públicos,
não basta a inscrição no certame. O candidato deve realizar e ser aprovado em provas e
testes aplicados em que, na quase totalidade dos casos, o número de inscritos é muito
superior ao de vagas oferecidas pela Administração Pública. Dessa forma, a Turma con-
cluiu tratar-se o caso de mera chance hipotética não passível de indenização.
Acórdão n. 885527, 20140310117050APC, Relator: HECTOR VALVERDE SANTANNA, Revi-
sor: JAIR SOARES, 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 05/08/2015, Publicado no DJE:
13/08/2015. Pág.: 224
VENDA DE MÍDIA FALSIFICADA – VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS
O fato de a venda de mídia falsificada ser frequente não significa que há tolerância
social, cabendo ao Estado reprimir a patente violação de direitos autorais, bem constitu-
cionalmente tutelado. Os réus se insurgiram contra a condenação pela prática do crime
de violação de direito autoral, em razão da venda de mídia falsificada. A defesa pleiteou a
absolvição dos réus sob o argumento de atipicidade da conduta, pela aplicação ao caso
do princípio da adequação social. A Julgadora afirmou que o mero fato de uma conduta
ser frequente ou mesmo corriqueira não significa que há tolerância social. Para a Desem-
bargadora, tal argumento levaria à abolição não só da pirataria, mas de grande parte dos
tipos do Código Penal. Acrescentou que a existência de entidades do terceiro setor, como
a Associação de Defesa da Propriedade Intelectual (Adepi) e a Associação Antipirataria
Cinema e Música (APCM), demonstra a revolta da comunidade com a ilicitude do lucro
às custas do trabalho artístico de outrem. Dessa forma, a Turma reconheceu a ilicitude
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da conduta dos réus por entender que cabe ao Estado reprimir, por meio do direito penal,
a patente violação de direitos autorais.
Acórdão n. 887522, 20130710253253APR, Relatora: SANDRA DE SANTIS, Revisor:
ROMÃO C. OLIVEIRA, 1ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 06/08/2015, Publicado no
DJE: 17/08/2015. Pág.: 133
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. LEGITIMIDADE DE AGENTE PÚBLICO
PARA RESPONDER DIRETAMENTE POR ATOS PRATICADOS NO EXERCÍCIO DE SUA FUNÇÃO.
Na hipótese de dano causado a particular por agente público no exercício de sua função,
há de se conceder ao lesado a possibilidade de ajuizar ação diretamente contra o agente,
contra o Estado ou contra ambos. De fato, o art. 37, § 6º, da CF prevê uma garantia para o
administrado de buscar a recomposição dos danos sofridos diretamente da pessoa jurí-
dica, que, em princípio, é mais solvente que o servidor, independentemente de demons-
tração de culpa do agente público. Nesse particular, a CF simplesmente impõe ônus
maior ao Estado decorrente do risco administrativo. Contudo, não há previsão de que
a demanda tenha curso forçado em face da administração pública, quando o particular
livremente dispõe do bônus contraposto; tampouco há imunidade do agente público de
não ser demandado diretamente por seus atos, o qual, se ficar comprovado dolo ou culpa,
responderá de qualquer forma, em regresso, perante a Administração. Dessa forma,
a avaliação quanto ao ajuizamento da ação contra o agente público ou contra o Estado
deve ser decisão do suposto lesado. Se, por um lado, o particular abre mão do sistema de
responsabilidade objetiva do Estado, por outro também não se sujeita ao regime de pre-
catórios, os quais, como é de cursivo conhecimento, não são rigorosamente adimplidos
em algumas unidades da Federação. Posto isso, o servidor público possui legitimidade
passiva para responder, diretamente, pelo dano gerado por atos praticados no exercício
de sua função pública, sendo que, evidentemente, o dolo ou culpa, a ilicitude ou a pró-
pria existência de dano indenizável são questões meritórias. Precedente citado: REsp
731.746-SE, Quarta Turma, DJe 4/5/2009. REsp 1.325.862-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salo-
mão, julgado em 5/9/2013. (CUIDADO!!! DECISÃO ISOLADA DO STJ)
Informativo n. 530 STJ
DIREITO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
Na fixação do valor da indenização, não se deve aplicar o critério referente à teoria da
perda da chance, e sim o da efetiva extensão do dano causado (art. 944 do CC), na hipó-
tese em que o Estado tenha sido condenado por impedir servidor público, em razão de
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23/11/2011. AgRg nos EDcl nos EDcl no RMS 30.054-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado
em 19/2/2013.
INFORMATIVO n. 501 STJ - RECURSO REPETITIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ATROPE-
LAMENTO EM VIA FÉRREA. MORTE DE TRANSEUNTE. CONCORRÊNCIA DE CAUSAS.
A Seção, ao apreciar REsp submetido ao regime do art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-
STJ, ratificando a sua jurisprudência, firmou o entendimento de que, no caso de atropela-
mento de pedestre em via férrea, configura-se a concorrência de causas quando: a con-
cessionária do transporte ferroviário descumpre o dever de cercar e fiscalizar os limites
da linha férrea, mormente em locais urbanos e populosos, adotando conduta negligente
no tocante às necessárias práticas de cuidado e vigilância tendentes a evitar a ocor-
rência de sinistros; e a vítima adota conduta imprudente, atravessando a composição
ferroviária em local inapropriado. Todavia, a responsabilidade da ferrovia é elidida, em
qualquer caso, pela comprovação da culpa exclusiva da vítima. REsp 1.210.064-SP, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 8/8/2012.
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
JUROS DE MORA. AÇÃO AJUIZADA APÓS A EDIÇÃO DA MP 2.180-35/01. PERCENTUAL
DE 6% AO ANO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO INDICAÇÃO EXPRESSA DO DISPOSI-
TIVO LEGAL TIDO POR VIOLADO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO SUMULAR N. 284/STF.
PRECEDENTES.
1. A jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça posiciona-se no sentido
de que os juros moratórios sobre as condenações contra a Fazenda Pública, nas causas
iniciadas após a edição da Medida Provisória n. 2.180-35/01, devem incidir no percen-
tual de 6% ao ano.
2. No tocante ao suposto valor excessivo fixado a título de indenização a não indica-
ção dos dispositivos legais tidos por violados impede a apreciação do recurso quanto à
hipótese constante na alínea ‘c’ do permissivo constitucional, incidindo, neste particular,
o enunciado sumular n. 284 do Eg. Supremo Tribunal Federal.
3. Recurso Especial conhecido em parte e, nessa extensão, PROVIDO.
(REsp 770030/SC, Rel. Ministro CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ FEDERAL CONVO-
CADO DO TRF 1ª REGIÃO), SEGUNDA TURMA, julgado em 03/06/2008, DJe 17/06/2008)
Responsabilidade civil do Estado. Artigo 37, § 6º, da Constituição do Brasil. Latrocínio
cometido por foragido. Nexo de causalidade configurado. Precedente. A negligência esta-
tal na vigilância do criminoso, a inércia das autoridades policiais diante da terceira fuga e
o curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime são suficientes para caracterizar o
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nexo de causalidade. Ato omissivo do Estado que enseja a responsabilidade objetiva nos
termos do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição do Brasil. (RE n. 573.595-AgR, Rel.
Min. Eros Grau, julg. 24/6/2008, DJe 15/8/2008)
O Tribunal, por maioria, deu provimento a agravo regimental interposto em suspensão de
tutela antecipada para manter decisão interlocutória proferida por desembargador do Tri-
bunal de Justiça do Estado de Pernambuco, que concedera parcialmente pedido formu-
lado em ação de indenização por perdas e danos morais e materiais para determinar que
o mencionado Estado-membro pagasse todas as despesas necessárias à realização de
cirurgia de implante de Marcapasso Diafragmático Muscular (MDM) no agravante, com
o profissional por este requerido. Na espécie, o agravante, que teria ficado tetraplégico
em decorrência de assalto ocorrido em via pública, ajuizara a ação indenizatória, em que
objetiva a responsabilização do Estado de Pernambuco pelo custo decorrente da referida
cirurgia, “que devolverá ao autor a condição de respirar sem a dependência do respirador
mecânico”. Entendeu-se que restaria configurada uma grave omissão, permanente e reite-
rada, por parte do Estado de Pernambuco, por intermédio de suas corporações militares,
notadamente por parte da polícia militar, em prestar o adequado serviço de policiamento
ostensivo, nos locais notoriamente passíveis de práticas criminosas violentas, o que
também ocorreria em diversos outros Estados da Federação. Em razão disso, o cidadão
teria o direito de exigir do Estado, o qual não poderia se demitir das consequências que
resultariam do cumprimento do seu dever constitucional de prover segurança pública,
a contraprestação da falta desse serviço. Ressaltou-se que situações configuradoras de
falta de serviço podem acarretar a responsabilidade civil objetiva do Poder Público, con-
siderado o dever de prestação pelo Estado, a necessária existência de causa e efeito, ou
seja, a omissão administrativa e o dano sofrido pela vítima, e que, no caso, estariam pre-
sentes todos os elementos que compõem a estrutura dessa responsabilidade. (...) (STA
n. 223-AgR, Rel. p/acórdão Min. Celso de Mello, julg. 14/4//2008, Informativo 502).
Responsabilidade civil do Estado. Danos morais. Ato de tabelionato (...) Cabimento. Pre-
cedentes. (AI n. 522.832-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julg. 26/2/2008, DJe 28/3/2008).
Erro judiciário. Responsabilidade civil objetiva do Estado. Direito à indenização por danos
morais decorrentes de condenação desconstituída em revisão criminal e de prisão pre-
ventiva. CF, art. 5º, LXXV. Código de Processo Penal, art. 630. O direito à indenização da
vítima de erro judiciário e daquela presa além do tempo devido, previsto no art. 5º, LXXV,
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da Constituição, já era previsto no art. 630 do Código de Processo Penal, com a exceção
do caso de ação penal privada e só uma hipótese de exoneração, quando para a conde-
nação tivesse contribuído o próprio réu. A regra constitucional não veio para aditar pres-
supostos subjetivos à regra geral da responsabilidade fundada no risco administrativo,
conforme o art. 37, § 6º, da Lei Fundamental: a partir do entendimento consolidado de
que a regra geral é a irresponsabilidade civil do Estado por atos de jurisdição, estabelece
que, naqueles casos, a indenização é uma garantia individual e, manifestamente, não a
submete à exigência de dolo ou culpa do magistrado. O art. 5º, LXXV, da Constituição:
é uma garantia, um mínimo, que nem impede a lei, nem impede eventuais construções
doutrinárias que venham a reconhecer a responsabilidade do Estado em hipóteses que
não a de erro judiciário stricto sensu, mas de evidente falta objetiva do serviço público da
Justiça. (RE n. 505.393, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julg. em 26/6/2007, DJ 5/10/2007).
A intervenção estatal na economia, mediante regulamentação e regulação de setores
econômicos, faz-se com respeito aos princípios e fundamentos da ordem econômica.
CF, art. 170. O princípio da livre iniciativa é fundamento da República e da Ordem econô-
mica: CF, art. 1º, IV; art. 170. Fixação de preços em valores abaixo da realidade e em des-
conformidade com a legislação aplicável ao setor: empecilho ao livre exercício da ativi-
dade econômica, com desrespeito ao princípio da livre iniciativa. Contrato celebrado com
instituição privada para o estabelecimento de levantamentos que serviriam de embasa-
mento para a fixação dos preços, nos termos da lei. Todavia, a fixação dos preços acabou
realizada em valores inferiores. Essa conduta gerou danos patrimoniais ao agente eco-
nômico, vale dizer, à recorrente: obrigação de indenizar por parte do Poder Público. CF,
art. 37, § 6º. Prejuízos apurados na instância ordinária, inclusive mediante perícia técnica.
(RE n. 422.941, Rel. Min. Carlos Velloso, julg. 6/12/2005, DJ 24/3/2006).
Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º, da Constituição Federal. Faute du service
public caracterizada. Estupro cometido por presidiário, fugitivo contumaz, não submetido
à regressão de regime prisional como manda a lei. Configuração do nexo de causalidade.
Recurso extraordinário desprovido. Impõe-se a responsabilização do Estado quando um
condenado submetido a regime prisional aberto pratica, em sete ocasiões, falta grave
de evasão, sem que as autoridades responsáveis pela execução da pena lhe apliquem
a medida de regressão do regime prisional aplicável à espécie. Tal omissão do Estado
constituiu, na espécie, o fator determinante que propiciou ao infrator a oportunidade
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para praticar o crime de estupro contra menor de 12 anos de idade, justamente no perí-
odo em que deveria estar recolhido à prisão. Está configurado o nexo de causalidade,
uma vez que se a lei de execução penal tivesse sido corretamente aplicada, o condenado
dificilmente teria continuado a cumprir a pena nas mesmas condições (regime aberto),
e, por conseguinte, não teria tido a oportunidade de evadir-se pela oitava vez e cometer
o bárbaro crime de estupro. (RE n. 409.203, Rel. p/acórdão Min. Joaquim Barbosa, julg.
7/3/2006, DJ 20/4/2007)
Tratando-se de ato omissivo do Poder Público, a responsabilidade civil por tal ato é sub-
jetiva, pelo que exige dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a negligência,
a imperícia ou a imprudência, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado
que pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço. A falta
do serviço – faute du service dos franceses – não dispensa o requisito da causalidade,
vale dizer, do nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao Poder Público e
o dano causado a terceiro. Latrocínio praticado por quadrilha da qual participava um
apenado que fugira da prisão tempos antes: neste caso, não há falar em nexo de cau-
salidade entre a fuga do apenado e o latrocínio. (RE n. 369.820, Rel. Min. Carlos Velloso,
julg. 4/11/2003, DJ 27/2/2004)
A teoria do risco administrativo, consagrada em sucessivos documentos constitucionais
brasileiros desde a Carta Política de 1946, confere fundamento doutrinário à responsabi-
lidade civil objetiva do Poder Público pelos danos a que os agentes públicos houverem
dado causa, por ação ou por omissão. Essa concepção teórica, que informa o princípio
constitucional da responsabilidade civil objetiva do Poder Público, faz emergir, da mera
ocorrência de ato lesivo causado à vítima pelo Estado, o dever de indenizá-la pelo dano
pessoal e/ou patrimonial sofrido, independentemente de caracterização de culpa dos
agentes estatais ou de demonstração de falta do serviço público. Os elementos que
compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade civil objetiva do Poder
Público compreendem a) a alteridade do dano, b) a causalidade material entre o eventus
damni e o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público, c) a
oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a agente do Poder Público, que tenha,
nessa condição funcional, incidido em conduta comissiva ou omissiva, independente-
mente da licitude, ou não, do comportamento funcional (RTJ 140/636), e d) a ausência de
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causa excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 – RTJ 71/99 – RTJ 91/377–
RTJ 99/1155 – RTJ 131/417). (RE n. 109.615, Rel. Min. Celso de Mello, julg. 28/5/1996,
DJ 2/8/1996). No mesmo sentido: RE n. 481.110-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julg.
6/2/2007, DJ 9/3/2007.
Responsabilidade objetiva do estado. Acidente de trânsito envolvendo veículo oficial.
Responsabilidade pública que se caracteriza, na forma do § 6º do art. 37 da Constituição
Federal, ante danos que agentes do ente estatal, nessa qualidade, causarem a terceiros,
não sendo exigível que o servidor tenha agido no exercício de suas funções. Precedente.
(RE n. 294.440-AgR, Rel. Min. Ilmar Galvão, julg. 14/5/2002, DJ 2/8/2002).
Oficial do corpo de bombeiros militar. Exoneração por haver sido admitido sem concurso.
Reparação das perdas e danos sofridos, com base no art. 37, § 6º, da Constituição Fede-
ral. Legitimidade da pretensão, tendo em vista que a nomeação do recorrente para a cor-
poração maranhense se deu por iniciativa do Governo Estadual, conforme admitido pelo
acórdão recorrido, havendo importado o encerramento de sua carreira militar no Estado
do Rio de Janeiro, razão pela qual, com a exoneração, ficou sem os meios com que con-
tava para o sustento próprio e de sua família. (RE n. 330.834, Rel. Min. Ilmar Galvão, julg.
30/9/2002, DJ 22/11/2002).
Caracteriza-se a responsabilidade civil objetiva do Poder Público em decorrência de
danos causados, por invasores, em propriedade particular, quando o Estado se omite
no cumprimento de ordem judicial para envio de força policial ao imóvel invadido. (RE n.
283.989, Rel. Min. Ilmar Galvão, julg. 28/5/2002, DJ 13/9/2002).
Responsabilidade civil do Estado: morte de passageiro em acidente de aviação civil:
caracterização. Lavra dissenção doutrinária e pretoriana acerca dos pressupostos da
responsabilidade civil do Estado por omissão (cf. RE n. 257.761), e da dificuldade muitas
vezes acarretada à sua caracterização, quando oriunda de deficiências do funcionamento
de serviços de polícia administrativa, a exemplo dos confiados ao DAC – Departamento
de Aviação Civil –, relativamente ao estado de manutenção das aeronaves das empresas
concessionárias do transporte aéreo. Há no episódio uma circunstância incontroversa,
que dispensa a indagação acerca da falta de fiscalização preventiva, minimamente exigí-
vel, do equipamento: é estar a aeronave, quando do acidente, sob o comando de um “che-
cador” da Aeronáutica, à deficiência de cujo treinamento adequado se deveu, segundo
a instância ordinária, o retardamento das medidas adequadas à emergência surgida na
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decolagem, que poderiam ter evitado o resultado fatal. (RE n. 258.726, Rel. Min. Sepúl-
veda Pertence, julg. 14/5/2002, DJ 14/6/2002).
Responde o Estado pelos danos causados em razão de reconhecimento de firma consi-
derada assinatura falsa. Em se tratando de atividade cartorária exercida à luz do art. 236
da Constituição Federal, a responsabilidade objetiva é do notário, no que assume posição
semelhante à das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos
(...). (RE n. 201.595, Rel. Min. Marco Aurélio, julg. 28/11/2000, DJ 20/4/2001).
Os cargos notariais são criados por lei, providos mediante concurso público e os atos de
seus agentes, sujeitos à fiscalização estatal, são dotados de fé pública, prerrogativa esta
inerente à ideia de poder delegado pelo Estado. Legitimidade passiva ad causam do Estado.
Princípio da responsabilidade. Aplicação. Ato praticado pelo agente delegado. Legitimidade
passiva do Estado na relação jurídica processual, em face da responsabilidade objetiva da
Administração. (RE n. 212.724, Rel. Min. Maurício Corrêa, julg. 30/3/1999, DJ 6/81999).
Latrocínio praticado por preso foragido, meses depois da fuga. Fora dos parâmetros da
causalidade não é possível impor ao Poder Público uma responsabilidade ressarcitória
sob o argumento de falha no sistema de segurança dos presos. Precedente da Primeira
Turma: RE n. 130.764, Relator Ministro Moreira Alves. (RE n. 172.025, Rel. Min. Ilmar
Galvão, julg. 8/10/1996, DJ 19/12/1996).
Candidatos que só vieram a ter o direito à nomeação depois de outros que foram nome-
ados por só terem obtido prioridade pela nova ordem de classificação em virtude do ree-
xame de questões do concurso. Nesse caso, o direito a serem ressarcidos por não have-
rem sido nomeados anteriormente não decorre do art. 37, II, da Constituição, mas, sim,
do seu art. 37, § 6º, questão que não foi prequestionada. (RE n. 221.170, Rel. p/acórdão
Min. Moreira Alves, julg. 4/4/2000, DJ 30/6/2000).
Veículo registrado pelo Detran, mas que veio a ser apreendido pela polícia por ser objeto
de furto. Não se pode impor ao Estado o dever de ressarcir o prejuízo, conferindo-se ao
certificado de registro de veículo, que é apenas título de propriedade, o efeito legitimador
da transação, e dispensando-se o adquirente de diligenciar, quando da sua aquisição,
quanto à legitimidade do título do vendedor. Fora dos parâmetros da causalidade não é
possível impor ao Poder Público o dever de indenizar sob o argumento de falha no sis-
tema de registro. (RE n. 215.987, Rel. Min. Ilmar Galvão, julg. 14/9/1999, DJ 12/11/1999).
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. POLICIAL À PAISANA QUE SE
IDENTIFICA. NEXO DE CAUSALIDADE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
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É objetiva a responsabilidade civil do Estado por ação de policial à paisana que se envolve
em tiroteio em transporte público, resultando na morte de passageiro.
Deve ser reconhecida a responsabilidade do Estado, ante a presença do liame entre a
atuação administrativa, com a participação do policial, ainda que fora do estrito exercício
da função, e o dano suportado por terceiro. Precedente do STF. Recurso especial provido.
(REsp n. 976.073/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julg. 24/6/2008, DJe
12/8/2008).
O art. 37, § 6º, da Constituição da República não confere direito à indenização a candida-
tos não aprovados dentro do número de vagas previsto no edital, não nomeados por con-
veniência da Administração. (AI n. 743.554-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julg. 8/9/2009,
Primeira Turma, DJE 2/10/2009.) No mesmo sentido: RE n. 602.254-AgR, Rel. Min. Eros
Grau, julg. 27/4/2010, Segunda Turma, DJe 21/5/2010.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INOCORRÊNCIA DE CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE OU
OMISSÃO. PRETENDIDO REEXAME DA CAUSA. CARÁTER INFRINGENTE. INADMISSIBILI-
DADE. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO PODER PÚBLICO. ELEMENTOS ESTRUTU-
RAIS. TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO. FATO DANOSO (MORTE) PARA O OFENDIDO
(MENOR IMPÚBERE) RESULTANTE DE TRATAMENTO MÉDICO INADEQUADO EM HOSPITAL
PÚBLICO. PRESTAÇÃO DEFICIENTE, PELO DISTRITO FEDERAL, DO DIREITO FUNDAMENTAL
À SAÚDE, INDISSOCIÁVEL DO DIREITO À VIDA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
(...)
Os elementos que compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade civil
objetiva do Poder Público compreendem a) a alteridade do dano, b) a causalidade mate-
rial entre o eventus damni e o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do
agente público, c) a oficialidade da atividade causal e lesiva imputável a agente do Poder
Público que tenha, nessa específica condição, incidido em conduta comissiva ou omis-
siva, independentemente da licitude, ou não, do comportamento funcional e d) a ausên-
cia de causa excludente da responsabilidade estatal. Precedentes. A omissão do Poder
Público, quando lesiva aos direitos de qualquer pessoa, induz à responsabilidade civil
objetiva do Estado, desde que presentes os pressupostos primários que lhe determinam
a obrigação de indenizar os prejuízos que os seus agentes, nessa condição, hajam cau-
sado a terceiros. Doutrina. Precedentes.
A jurisprudência dos Tribunais em geral tem reconhecido a responsabilidade civil obje-
tiva do Poder Público nas hipóteses em que o eventus damni ocorra em hospi-
tais públicos (ou mantidos pelo Estado), ou derive de tratamento médico inadequado,
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ministrado por funcionário público, ou, então, resulte de conduta positiva (ação) ou nega-
tiva (omissão) imputável a servidor público com atuação na área médica. Configuração
de todos os pressupostos primários determinadores do reconhecimento da responsabili-
dade civil objetiva do Poder Público, o que faz emergir o dever de indenização pelo dano
pessoal e/ou patrimonial sofrido. (RE n. 734.689-DF, Relator: Min. Celso de Mello, julg.
26/6/2012, Segunda Turma, publ. Acórdão Eletrônico DJe-167, divulg. 23/8/2012, publ.
24/8/2012).
DIREITO ADMINISTRATIVO. IMPRESCRITIBILIDADE DA PRETENSÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANO MORAL DECORRENTE DE ATOS DE TORTURA.
É imprescritível a pretensão de recebimento de indenização por dano moral decorrente
de atos de tortura ocorridos durante o regime militar de exceção. Precedentes citados:
AgRg no AG 1.428.635-BA, Segunda Turma, DJe 9/8/2012; e AgRg no AG 1.392.493-RJ,
Segunda Turma, DJe 1/7/2011. REsp 1.374.376-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
em 25/6/2013.
É indevida a indenização por danos materiais a candidato aprovado em concurso público
cuja nomeação tardia decorreu de decisão judicial. O STJ mudou o entendimento sobre a
matéria e passou a adotar a orientação do STF no sentido de que não é devida indeniza-
ção pelo tempo em que se aguardou solução judicial definitiva para que se procedesse à
nomeação de candidato para cargo público. Assim, não assiste ao concursado o direito
de receber o valor dos vencimentos que poderia ter auferido até o advento da nomea-
ção determinada judicialmente, pois essa situação levaria a seu enriquecimento ilícito
em face da inexistência da prestação de serviços à Administração Pública. Precedentes
citados: EREsp 1.117.974-RS, DJe 19/12/2011, e AgRg no AgRg no RMS 34.792-SP, DJe
23/11/2011. AgRg nos EDcl nos EDcl no RMS 30.054-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado
em 19/2/2013.
Informativo n. 285 TJDF - TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE CONTRA O ESTADO
FALTA DE VAGA EM UTI – PERDA DE UMA CHANCE
Distrito Federal é condenado a indenizar pais de criança morta por falta de vaga em
UTI. O nexo de causalidade entre a conduta omissiva do DF e a morte do bebê foi com-
provado, o que implica a responsabilização civil do Estado, prevista no texto constitu-
cional.O bebê foi internado com sintomas típicos de gripe, mas o quadro evoluiu para
insuficiência respiratória e, posteriormente, pneumonia e septicemia. Diante da gravidade
do estado de saúde da criança, houve pedido médico de encaminhamento para UTI, mas
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de anular a matrícula, eis que o candidato não obteve classificação dentro do número de
vagas reservadas para o curso de medicina.Acórdão n. 795740, 20140020096248AGI,
Relator: JAIR SOARES, 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 04/06/2014, Publicado no
DJE: 10/06/2014. Pág.: 145
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. OMISSÃO. BACEN. DEVER DE
FISCALIZAÇÃO. MERCADO DE CAPITAIS. QUEBRA DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. EVEN-
TUAL PREJUÍZO DE INVESTIDORES. NEXO DE CAUSALIDADE. AUSÊNCIA.
1. A pacífica jurisprudência do STJ e do STF, bem como a doutrina, compreende que a
responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, sendo necessário,
dessa forma, comprovar a negligência na atuação estatal, ou seja, a omissão do Estado,
apesar do dever legalmente imposto de agir, além, obviamente, do dano e do nexo causal
entre ambos.
2. O STJ firmou o entendimento de não haver nexo de causalidade entre o prejuízo
sofrido por investidores em decorrência de quebra de instituição financeira e a suposta
ausência ou falha na fiscalização realizada pelo Banco Central no mercado de capitais.
3. Recursos Especiais providos.
(REsp 1023937/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
08/06/2010, DJe 30/06/2010)
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INS-
TRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS.
PERSEGUIÇÃO POLÍTICA E TORTURA DURANTE O REGIME MILITAR.
IMPRESCRITIBILIDADE DE PRETENSÃO INDENIZATÓRIA DECORRENTE DE VIOLAÇÃO DE
DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS DURANTE O PERÍODO DE EXCEÇÃO. INAPLICABI-
LIDADE DO ART. 1º DO DECRETO N. 20.910/1932.
VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC QUE NÃO SE VERIFICA. CONFIGURAÇÃO DA CONDIÇÃO
DE ANISTIADO E REDUÇÃO DA VERBA INDENIZATÓRIA. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE DIRI-
MIU A CONTROVÉRSIA COM BASE NO ACERVO PROBATÓRIO DOS AUTOS. REFORMA DO
JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ.
1. Constatado que a Corte de origem empregou fundamentação adequada e suficiente
para dirimir a controvérsia, é de se afastar a alegada violação do art. 535 do CPC.
2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que “As
ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de atos de tortura ocorridos
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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (2019/MPE-GO/MPE-GO/PROMOTOR DE JUSTIÇA/REAPLICAÇÃO) Sobre a
responsabilidade civil do Estado, assinale a alternativa incorreta:
a) Segundo o STF, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
de serviço público, em relação a terceiros não usuários do serviço, é subjetiva.
b) No caso de posse em cargo público determinada por decisão judicial, entende o STF que o
servidor não faz jus á indenização sob fundamento de que deveria ter sido investido em mo-
mento anterior, salvo situação de flagrante arbitrariedade.
c) Como regra, o Brasil adota a teoria do risco administrativo, segundo a qual é possível excluir
a responsabilidade diante da ausência de qualquer de seus elementos definidores.
d) É possível constatar divergência doutrinária quanto ao reconhecimento do caso fortuito
como excludente da responsabilidade objetiva, uma vez que parcela dos autores, para os quais
ele não pode ser considerado uma excludente, afirma que pouco importa perscrutar o porquê
de o Estado ter praticado o ato.
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d) O Estado responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema peniten-
ciário, ainda que os danos não decorram direta ou imediatamente do ato de fuga.
e) Em caso de ato ilícito cometido por agente público, o termo inicial do prazo prescricional
para ajuizamento de ação indenizatória em face do Estado se dá a partir do trânsito em julgado
da sentença penal condenatória.
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Fulano dos Santos foi visitar sua sogra em Indaiatuba e deixou o carro estacionado na rua.
Quando retornou, o carro não estava mais lá. Ele acionou a polícia, que registrou a ocorrência
e desde então não mais teve notícias do paradeiro de seu veículo. Diante disso, assinale a al-
ternativa correta
a) O Estado responde por omissão na segurança pública, pois não evitou a ocorrência do crime.
c) Não cabe indenização porque a responsabilidade, nos casos de omissão, é de natureza sub-
e) Somente o Estado deve responder de forma objetiva, pois há nexo de causalidade entre a
falha na segurança pública, que é de responsabilidade do Estado, e o crime que vitimou Fulano
dos Santos.
CURADOR MUNICIPAL) No texto Constitucional de 1988 está previsto que as pessoas jurí-
De acordo com o exposto, de que forma a pessoa jurídica poderá acionar judicialmente o agen-
te causador do dano?
terceiro.
d) Existe previsão legal de regresso quando o agente não justificar sua ação dentro do prazo
legal.
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GABARITO
1. a 28. b
2. d 29. b
3. b
4. e
5. a
6. d
7. a
8. c
9. C
10. a
11. c
12. d
13. C
14. C
15. c
16. b
17. d
18. c
19. e
20. d
21. a
22. d
23. a
24. a
25. d
26. c
27. c
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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (2019/MPE-GO/MPE-GO/PROMOTOR DE JUSTIÇA-REAPLICAÇÃO) Sobre a
responsabilidade civil do Estado, assinale a alternativa incorreta:
a) Segundo o STF, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
de serviço público, em relação a terceiros não usuários do serviço, é subjetiva.
b) No caso de posse em cargo público determinada por decisão judicial, entende o STF que o
servidor não faz jus á indenização sob fundamento de que deveria ter sido investido em mo-
mento anterior, salvo situação de flagrante arbitrariedade.
c) Como regra, o Brasil adota a teoria do risco administrativo, segundo a qual é possível excluir
a responsabilidade diante da ausência de qualquer de seus elementos definidores.
d) É possível constatar divergência doutrinária quanto ao reconhecimento do caso fortuito
como excludente da responsabilidade objetiva, uma vez que parcela dos autores, para os quais
ele não pode ser considerado uma excludente, afirma que pouco importa perscrutar o porquê
de o Estado ter praticado o ato.
Letra a.
a) Errada. De acordo com o entendimento do STF no julgamento do RE 591874/MS, a respon-
sabilidade será objetiva:
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b) Certa. Esse é o entendimento do STF de acordo com o julgado que se segue: É indevida a in-
denização por danos materiais a candidato aprovado em concurso público cuja nomeação tardia
decorreu de decisão judicial. O STJ mudou o entendimento sobre a matéria e passou a adotar a
orientação do STF no sentido de que não é devida indenização pelo tempo em que se aguardou
solução judicial definitiva para que se procedesse à nomeação de candidato para cargo público.
Assim, não assiste ao concursado o direito de receber o valor dos vencimentos que poderia ter
auferido até o advento da nomeação determinada judicialmente, pois essa situação levaria a seu
enriquecimento ilícito em face da inexistência da prestação de serviços à Administração Públi-
ca. Precedentes citados: EREsp 1.117.974-RS, DJe 19/12/2011, e AgRg n. RMS 34.792-SP, DJe
23/11/2011. AgRg nos EDcl nos EDcl no RMS 30.054-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
19/02/2013.”
c) Certa. De fato, a nossa CF de 1988, no art. 37, § 6º (e desde a Constituição de 1946), consa-
grou a teoria do risco administrativo. Nela, a ideia de culpa é substituída pelo nexo de causali-
dade entre o funcionamento do serviço e o prejuízo sofrido.
d) Certa. Há autores que, estabelecendo a diferença entre caso fortuito e força maior, admitem
apenas essa última como hipótese de exclusão da responsabilidade (é o caso de Celso Antô-
nio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo, p. 979; e Maria Sylvia Zanella Di Pietro,
Direito Administrativo, p. 616). Essa corrente, entretanto, não encontra guarida na jurisprudên-
cia do STF, que considera ambos os casos como excludentes da responsabilidade objetiva.
Para Maria Sylvia Di Pietro (2011) FORÇA MAIOR é:
Acontecimento imprevisível, inevitável e estranho à vontade das partes, como uma tempestade, um
terremoto, um raio. Não sendo imputável à Administração, não pode incidir a responsabilidade do
Estado; não há nexo de causalidade entre o dano e o comportamento da Administração.
[...]
Já o CASO FORTUITO – que não constitui causa excludente da responsabilidade do Estado – ocorre
nos casos em que o dano seja decorrente de ato humano ou de falha da Administração; quando
se rompe, por exemplo, uma adutora ou um cabo elétrico, causando danos a terceiros, não se pode
falar em força maior, de modo a excluir a responsabilidade do Estado.
Assim, para Maria Sylvia força maior decorre de ação da natureza (ato externo) e o caso fortui-
to decorre de ato humano ou falha da natureza. Somente a força maior excluiria a responsabi-
lidade do Estado.
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Letra d.
É exatamente esse o entendimento que prevalece no STJ:
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Letra b.
Nesse caso, há responsabilidade subjetiva por omissão do Estado, no caso de haver nexo cau-
sal. Segue o julgado sobre o assunto:
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Letra e.
a) Errada. Nos termos do Novo CPC, a denunciação à lide não é mais obrigatória em nenhum
caso. Desse modo, para fins de concurso, vamos seguir o Novo CPC e a posição do STJ: a de-
nunciação à lide do servidor não é obrigatória.
b) Errada. A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, seguindo a teoria do risco integral.
c) Errada. O Estado tem responsabilidade objetiva pela integridade física do detento em unida-
de prisional. É o que estabelece inclusive o julgado que transcrevo a seguir:
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possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever do Estado e direito sub-
jetivo do preso que a execução da pena se dê de forma humanizada, garantindo-se os
direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a sua incolumidade física e moral
(artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucional de proteção
ao detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido
de garantir os seus direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração
da responsabilidade civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição
Federal. 5. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível
ao Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso esti-
vesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade
do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio doctorum a teoria do
risco integral, ao arrepio do texto constitucional. 6. A morte do detento pode ocorrer por
várias causas, como, v. g., homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo que nem
sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. 7.
A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o Poder Público
comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de
causalidade da sua omissão com o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucio-
nal que assenta a tese de que: em caso de inobservância do seu dever específico de pro-
teção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável
pela morte do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação
do suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua
omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão impositiva de responsabili-
dade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO. (RE 841526, Relator(a): Min.
LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUS-
SÃO GERAL – MÉRITO DJe-159 DIVULG 29/07/2016 PUBLIC 01/08/2016).
d) Errada. Segundo o julgamento do RE n. 369.820, deve haver nexo de causalidade para que
o Estado possa ser responsabilizado: “ Tratando-se de ato omissivo do Poder Público, a res-
ponsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, esta numa de suas três
vertentes, a negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo, entretanto, necessário indivi-
dualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço.
A falta do serviço – faute du service dos franceses – não dispensa o requisito da causalidade,
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vale dizer, do nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao Poder Público e o dano cau-
sado a terceiro. Latrocínio praticado por quadrilha da qual participava um apenado que fugira da
prisão tempos antes: neste caso, não há falar em nexo de causalidade entre a fuga do apenado
e o latrocínio. (RE n. 369.820, Rel. Min. Carlos Velloso, julg. 04/11/2003, DJ 27/02/2004).”
e) Certa. É o que entende o STJ:
Letra a.
a) Certa. Pode ocorrer a responsabilidade em razão da omissão, quando, devendo agir, o Esta-
do (seus agentes) se mantém inerte. Como sabemos, a regra é a responsabilidade objetiva do
Estado, mas, se for na omissão, a responsabilidade será subjetiva.
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Letra d.
a) Errada. Nesse caso, a Administração poderá, a depender do caso, ser demandada também
solidariamente, como ter excluída sua responsabilidade no caso de culpa exclusiva do conces-
sionário.
b) Errada. O entendimento do STF é que as prestadoras de serviços públicos têm responsabili-
dade objetiva em relação a usuários e a terceiros não usuários (RE n. 591.874).
c) Errada. Quando o Estado exerce função jurisdicional (função típica), a regra será a irrespon-
sabilidade, tendo em vista a possibilidade de interposição de recursos, bem como pelo fato de
que o juiz deve ter total independência para exercer sua função.
d) Certa. No caso de leis de efeitos concretos que atingem pessoas determinadas, incide a
regra da responsabilidade do Estado. Nesse caso, a lei não terá o caráter geral e abstrato que
lhe é comum.
e) Errada. A regra é a irresponsabilidade por atos praticados pelo Poder Legislativo (função
típica). Entretanto, no caso de leis inconstitucionais, desde que declaradas pelo STF, haverá
dever de reparar os prejuízos causados:
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Letra a.
Segundo decidiu o STJ, que o prazo prescricional será de 5 anos:
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Letra c.
A Constituição Federal de 1946 inaugurou a tese da responsabilidade objetiva. Seguindo o
mesmo raciocínio, a CF de 1988, no art. 37, § 6º, estabelece que:
Certo.
A responsabilidade do Estado quanto à integridade física do detento em unidade prisional é
objetiva. É o que estabelece inclusive o julgado que do STF que transcrevo:
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Letra a.
a) Certa. Com relação ao tema, o STF entendeu que o Estado responde, objetivamente, pelos
atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a
terceiros, devendo haver o dever de regresso contra o responsável (ação regressiva), nos casos
de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa. Fixo também a corte que o Estado
possui responsabilidade civil direta, primária e objetiva pelos danos que notários e oficiais de
registro, no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros.
b) Errada. A nossa CF de 1988, no art. 37, § 6º (e desde a Constituição de 1946), consagrou
a teoria do risco administrativo. Nela, a ideia de culpa é substituída pelo nexo de causalidade
entre o funcionamento do serviço e o prejuízo sofrido.
c) Errada. Apenas o fato de terceiro e a força maior são causas excludentes do nexo de causa-
lidade. No caso de culpa concorrente entre a vítima e o Estado a responsabilidade do Estado
será atenuada.
d) Errada. No caso de leis de efeitos concretos que atingem pessoas determinadas, também
incide a regra da responsabilidade do Estado.
e) Errada. Segundo o STJ, os danos morais também são imprescritíveis:
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Letra c.
a) Errado. A força maior e o caso fortuito são hipóteses de excludentes da responsabilidade
estatal.
b) Errado. O Estado responderá se ficar caracterizada a sua omissão, ocorrendo falha na pres-
tação do serviço público. Para isso, deve haver a comprovação do nexo causal entre o dano e
a ação omissiva do Estado.
c) Certo. Essa é inclusive a redação da CF de 1988, no art. 37, § 6º, estabelece que:
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Letra d.
Como no caso de danos causados pelo Estado a responsabilidade é objetiva, não há que se
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Certo.
Entende-se que, quando o Estado é omisso em seu dever legal de agir, deverá reparar o prejuízo
causado. Porém, a responsabilidade será na forma subjetiva, uma vez que deverá ser demons-
trada a omissão estatal (culpa). Nesse caso, deve ser demonstrado o nexo de causalidade
entre o dano e a conduta omissa do Estado.
Certo.
Segundo o entendimento do STJ: segundo a orientação jurisprudencial do STJ, a Administra-
ção Pública pode ser condenada ao pagamento de indenizações pelos danos cíveis causados
por uma ação de seus agentes, mesmo que consequentes de causa excludente de ilicitude pe-
nal (ex.: legítima defesa putativa). Apesar da não responsabilização penal dos agentes públicos
envolvidos no evento danoso, reconhecida em âmbito penal, não é capaz de excluir responsa-
bilidade civil do Estado pelos danos provocados. Mesmo com a alegação de que atuar
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sob causa excludente de ilicitude torna o ato lícito, não afasta a responsabilidade do Estado.
(REsp 1266517/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado
em 04/12/2012, Dje 10/12/2012). STJ (Jurisprudência em tese) – Edição n. 61: “A Adminis-
tração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, ainda que
estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal.
Letra c.
Entende-se que, quando o Estado é omisso em seu dever legal de agir, deverá reparar o prejuízo
causado. Porém, a responsabilidade será na forma subjetiva, uma vez que deverá ser demons-
trada a omissão estatal (culpa). Segundo o entendimento do STJ:
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as medidas cabíveis para a manutenção da segurança do local, fato é que ele foi inva-
dido, e o reservatório passível de violação quando nele foi deixado um cadáver humano.
Ficou caracterizada, ademais, a falha na prestação do serviço, indenizável por dano moral,
quando a concessionária não garantiu a qualidade da água distribuída à população, por-
quanto inegável que, se o corpo estava em decomposição, a água ficou por determinado
período contaminada. Outrossim, é inegável, diante de tal fato, a ocorrência de afronta
à dignidade da pessoa humana, consistente no asco, angústia, humilhação, impotência
da pessoa que toma ciência que consumiu água contaminada por cadáver em avançado
estágio de decomposição. Sentimentos que não podem ser confundidos com o mero dis-
sabor cotidiano. Ainda que assim não fosse, há que se reconhecer a ocorrência de dano
moral in re ipsa, o qual dispensa comprovação do prejuízo extrapatrimonial, sendo sufi-
ciente a prova da ocorrência de ato ilegal, uma vez que o resultado danoso é presumido.
(AgRg no REsp 1.354.077-SP, Terceira Turma, DJe 22/9/2014 e AgRg no AREsp 163.472-
RJ, Segunda Turma, DJe 2/8/2012). REsp 1.492.710-MG, Rel. Min. Humberto Martins, jul-
gado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014.
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Letra b.
Item I – Errado. Em regra, no caso de morte de detento em unidade prisional a responsabilida-
de do Estado é Objetiva, por seu papel de garantidor.
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Item II – Errado. O Estado não será responsável pelo suicídio de pessoa presa se demonstrar
que não teria como impedir a morte, rompendo assim o nexo de causalidade.
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previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela
morte do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação
do suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua
omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão impositiva de responsabili-
dade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO. (RE 841526, Relator(a): Min.
LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUS-
SÃO GERAL – MÉRITO DJe-159 DIVULG 29/07/2016 PUBLIC 01/08/2016).
Item III – Certo. No caso de encargos trabalhista, a responsabilidade pelo pagamento será da
empresa contratada.
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Letra d.
I – Errado. Para o STF, há a teoria da DUPLA GARANTIA. Garantia para a vítima, de cobrar do
Estado sem discutir culpa, visto que a responsabilidade é objetiva, e garantia, para o servidor,
de ser demandado somente pelo Estado. Assim, para o STF, o caminho sempre será a ação
da vítima contra o Estado. Posteriormente, se o Estado for condenado, pode haver uma outra
ação, em separado, do Estado contra o agente. Para a Suprema Corte, qualquer outro caminho
que não seja esse (vítima – Estado; Estado – agente público) não será admitido.
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Letra c.
a) Errada. Nesse caso, o ônus será do Estado de afastar sua responsabilidade.
b) Errada. O Estado tem responsabilidade objetiva pela integridade física do detento em unida-
de prisional:
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sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva
possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever do Estado e direito sub-
jetivo do preso que a execução da pena se dê de forma humanizada, garantindo-se os
direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a sua incolumidade física e moral
(artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucional de proteção
ao detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido
de garantir os seus direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração
da responsabilidade civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição
Federal. 5. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível
ao Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso esti-
vesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade
do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio doctorum a teoria do
risco integral, ao arrepio do texto constitucional. 6. A morte do detento pode ocorrer por
várias causas, como, v. g., homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo que nem
sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. 7.
A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o Poder Público
comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de
causalidade da sua omissão com o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucio-
nal que assenta a tese de que: em caso de inobservância do seu dever específico de pro-
teção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável
pela morte do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação
do suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua
omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão impositiva de responsabili-
dade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO. (RE 841526, Relator(a): Min.
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culpa anônima, uma vez que não se precisava identificar o funcionário causador do dano. Essa
responsabilidade de omissão estatal será subjetiva.
Letra e.
a) Errada. A teoria subjetiva só é aplicada no caso de omissão estatal.
b) Errada. No caso de dano nuclear, atos terroristas, atos de guerra contra aeronaves brasilei-
ras e dano ambiental é adotada a teoria do risco integral, não do risco administrativo.
c) Errada. Na teoria do risco administrativo também há outras causas de exclusão da respon-
sabilidade estatal, como força maior ou caso fortuito.
d) Errada. O art. 37, § 6º, adotou a teoria do risco administrativo.
e) Certa. A nossa CF de 1988, no art. 37, § 6º (e desde a Constituição de 1946), consagrou a
teoria do risco administrativo. Nela, há fatores de exclusão da responsabilidade do Estado,
como no caso de culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior.
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b) O valor arbitrado, a título de danos morais, não pode ser revisto pelo STJ em face de a Corte
ter vedação de reanálise de matéria fática.
c) O prazo prescricional trienal contido no Código Civil de 2002 é aplicado nas ações indeni-
zatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo quinquenal previsto no
Decreto n. 20.910/1932.
d) A responsabilidade civil do Estado pela morte de detento em delegacia, presídio ou cadeia
pública é objetiva, pois deve o Estado prestar vigilância e segurança aos presos sob a respec-
tiva custódia.
e) Nas ações de indenização fundadas na responsabilidade civil objetiva do Estado, com base
no § 6º do art. 37 da Constituição Federal de 1988, é inadmitida a denunciação da lide do agen-
te público supostamente responsável pelo ato lesivo.
Letra d.
a) Errada. Segundo decidiu o STJ, no EREsp 903.258-RS, os juros de mora no caso de respon-
sabilidade contratual incidem a partir da citação.
b) Errada. Segundo o STJ, excepcionalmente os danos morais podem ser revistos nos ca-
sos de valores exorbitantes e irrisórios. Senão vejamos o que decidiu o tribunal no REsp
438.831/RS:
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c) Errada. Nesse caso, de acordo com o STJ, será aplicado o prazo quinquenal do Decreto n.
20.910/1932:
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e) Errada. Nos termos do Novo CPC, a denunciação à lide não é mais obrigatória em nenhum
caso. Desse modo, para fins de concurso, vamos seguir o Novo CPC e a posição do STJ: a de-
nunciação à lide do servidor não é obrigatória.
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Letra a.
a) Certa. Segundo a jurisprudência do STJ, em caso de dano ambiental a responsabilidade será
objetiva, com base na teoria do risco integral.
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na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano
ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de inde-
nizar; b) em decorrência do acidente, a empresa deve recompor os danos materiais e
morais causados e c) na fixação da indenização por danos morais, recomendável que
o arbitramento seja feito caso a caso e com moderação, proporcionalmente ao grau de
culpa, ao nível socioeconômico do autor, e, ainda, ao porte da empresa, orientando-se
o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e jurisprudência, com razoabilidade, valen-
do-se de sua experiência e bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades
de cada caso, de modo que, de um lado, não haja enriquecimento sem causa de quem
recebe a indenização e, de outro, haja efetiva compensação pelos danos morais expe-
rimentados por aquele que fora lesado. 2. No caso concreto, recurso especial a que se
nega provimento.
b) Errada. A responsabilidade do Estado por danos nucleares é objetiva, com base também na
teoria integral, que não admite causas excludentes de responsabilidade.
c) Errada. Na teoria do risco administrativo, há fatores de exclusão da responsabilidade, como
caso fortuito, força maior e culpa exclusiva da vítima.
d) Errada. Quando se fala em ação de regresso, a responsabilidade do agente será subjetiva,
devendo o Estado provar o dolo ou culpa do agente causador do dano.
e) Errada. Não há essa vedação na jurisprudência do STJ.
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e) no prazo prescricional de cinco anos, por aplicação expressa da Lei Federal n. 9.784/1999,
que regula o processo administrativo no âmbito federal.
Letra d.
A alternativa está de acordo com o entendimento do STJ. Assim, será aplicado o prazo quin-
quenal do Decreto n. 20.910/1932:
cução de contrato de delegação de serviço público, causar dano a terceiro, haverá, em tese,
c) subjetiva do Poder Concedente, já que a agência reguladora não tem personalidade jurídica
própria.
polícia.
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Letra a.
As agências reguladoras têm natureza de autarquia e são criadas por lei para prestação de
serviço público. Por esse motivo, a agência reguladora responderá de forma objetiva, pois, de
acordo com a teoria do risco administrativo, o estado responde de forma objetiva, indepen-
dente de dolo ou culpa. De acordo com a CF/1988, art. 37, § 6º, as pessoas jurídicas de direito
público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra
o responsável nos casos de dolo ou culpa.
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Letra a.
O Estado possui responsabilidade civil pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causem
a terceiros, respondendo de forma objetiva. Trata-se de previsão expressa do art. 37, § 6º, da
CF/1988: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
civil do Estado pela morte de um detento em uma delegacia, um presídio ou uma cadeia públi-
d) A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima
nos casos em que o Poder Público ostente o dever legal e a efetiva possibilidade de agir para
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Letra d.
a) Errada. A CF de 1988, no art. 37, § 6º, estabelece que:
Na forma do referido artigo, é necessário que se trate de pessoa jurídica de direito público ou
de direito privado prestadora de serviços públicos.
b) Errada. Nesse caso a responsabilidade do Estado é objetiva, devendo apenas demonstrar a
conduta, o dano e o nexo causal.
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sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. 7.
A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o Poder Público
comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de
causalidade da sua omissão com o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucio-
nal que assenta a tese de que: em caso de inobservância do seu dever específico de pro-
teção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável
pela morte do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação
do suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua
omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão impositiva de responsabili-
dade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO. (RE 841526, Relator(a): Min.
LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUS-
SÃO GERAL – MÉRITO DJe-159 DIVULG 29/07/2016 PUBLIC 01/08/2016).
c) Errada. A teoria do risco integral só é utilizada em algumas poucas hipóteses, como danos
nucleares e danos ambientais.
d) Certa. Entende-se que, quando o Estado é omisso em seu dever legal de agir, deverá reparar
o prejuízo causado. Porém, a responsabilidade será na forma subjetiva, uma vez que deverá ser
demonstrada a omissão estatal (culpa).
e) Errada. A responsabilidade civil do Estado é em regra, objetiva, enquanto a responsabilidade
de seus agentes é subjetiva em sede de ação regressiva.
Letra c.
A omissão voluntária do agente não é causa de exclusão da responsabilidade civil.
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Letra c.
Entende-se que, quando o Estado é omisso em seu dever legal de agir, deverá reparar o prejuízo
causado. Porém, a responsabilidade será na forma subjetiva, uma vez que deverá ser demons-
trada a omissão estatal (culpa). Portanto, “Fulano” deverá provar a culpa estatal na falta de
segurança na rua para poder fazer jus à indenização.
De acordo com o exposto, de que forma a pessoa jurídica poderá acionar judicialmente o agen-
te causador do dano?
a) A Lei assegura ação de regresso contra o agente causador do dano a terceiro.
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Letra b.
A CF de 1988, no art. 37, § 6º, estabelece que:
Assim, havendo dolo ou culpa do agente causador do dano, poderá a pessoa jurídica ajuizar
ação regressiva contra esse agente.
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Letra b.
A responsabilidade civil do Estado é objetiva e a teoria adotada (regra) é a do risco adminis-
trativo. De acordo com o art. 37, § 6º, da CF/1988: “As pessoas jurídicas de direito público e as
de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa. “ Assim, quando se fala que a responsabilidade do Estado é objeti-
va, isso significa que a pessoa que sofreu um dano causado por um agente público terá de pro-
var apenas três elementos: conduta praticada por um agente público, nessa qualidade; dano e
nexo de causalidade (demonstração de que o dano foi causado pela conduta). O policial militar
responde de forma subjetiva (demonstrando dolo ou culpa) perante o Estado, caso haja ação
de regresso do Estado contra ele.
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Atualmente é procurador da Fazenda Nacional. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito
Administrativo e Processo Administrativo. Ex-assessor de ministro do STJ. Aprovado em vários concursos
públicos, dentre eles, analista judiciário do STJ, exercendo essa função durante cinco anos, e procurador
do Estado do Espírito Santo.
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