Mec. Rochas-Tensoes

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA EM GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

DISCIPLINA: GEOLOGIA ESTRUTURAL

Tiago Miranda
[email protected]
Aula de hoje (03.04.17)

Esforço (Stress)

Introdução

Esforço em uma Esforços na


Esforço superfície
Elipsoide de tensão Círculo de Mohr Critérios de ruptura
litosfera
Introdução

• As rochas deformadas e suas tramas e estruturas podem ser analisadas e


mapeadas. Para compreender as estruturas, é necessário entender os
fundamentos da tensão formadora da deformação, incluindo algumas definições
úteis e descrições matemáticas.
• Argumentos teóricos e a análise dinâmica realizada a partir de ensaios mecânicos
de rochas explicam a conveniência de se classificar as falhas em transcorrentes,
normais e inversas. A análise teórica necessita de uma definição mais formal de
esforço (também chamado tensão) para o melhor entendimento da ação desta
força na formação das estruturas geológicas.
Tensão (Esforço)
• Os termos pressão, esforço e tensão devem
ser usados com cuidado.
• Em geologia estrutural o termo pressão (P)
é usado em meios sem resistência ao
cisalhamento (Ex. Força gravitacional
agindo na água). O contrário acontece com
tensão ou esforço (), esforço em
superfície.
F = mg (m, massa, e g, acelaração da gravidade)
• Em geomecânica e em geologia estrutural o
esforço compressivo é considerado positivo
e, o esforço de extensão negativo.
Mecânica das rochas – Componentes de tensão
• Consideremos um cubo de material contínuo em um espaço de coordenadas
ortogonais paralelos às arestas do cubo, os esforços atuando em cada face podem
ser decompostos em um esforço normal e em dois esforços cisalhantes, obtendo-se
assim, nove componentes do esforço. Esses nove componentes do tensor são
suficientes para explicar o estado de tensões em uma matriz conhecida como tensor
de esforços ou matriz de esforços.
• No total, existem três vetores de esforço normal e seis de cisalhamento.
• Se o cubo está em repouso e estável, as forças que agem em direções opostas são
de igual magnitude e, por tanto, se cancelam. Neste caso, os únicos componentes
não nulos são os vetores de esforço normal:
• σ1, σ2 e σ3
xx xy xz
• 1  2  3
yx yy  yz
 zx zy zz
Esforço normal e esforço cisalhante
Esforço em uma superfície
• O esforço em uma superfície, por exemplo,
uma fratura, é um vetor (σ) que pode ser
definido como a razão entre a força (F) e a
área (A) na qual essa força age.
Δ𝐹
•σ= lim
Δ𝐴→0 Δ𝐴
• O esforço diferencial (σ) é dado mais
comumente em pascal (Pa), ou seja, 1N/m², ou
MPa.
Esforço normal e esforço cisalhante

• A decomposição de forças é relativamente simples em


relação a decomposição dos vetores dos esforços, pois o
esforço depende da área na qual age (as forças não).

• Um vetor de esforço orientado perpendicularmente em


relação a uma superfície é denominado esforço normal à
superfície. Um vetor de esforço que age paralelamente a
uma superfície é denominado esforço de cisalhamento.

• Fn = Fcosϴ; Fs = Fsenϴ;
• σn = σcos²ϴ; σs = (σsen2ϴ)/2
• ϴ = ângulo entre a normal à superfície de referência e o esforço.
Cálculo dos esforços n e s
• Conhecendo-se os esforços principais é sempre possível determinar os esforços normais (n) e
cisalhantes (s) que atuam sobre um plano cuja normal faz um ângulo  em relação a 1 ( é
também o ângulo entre 3 e o plano).
• Por trigonometria pode-se demonstrar que os esforços normais e cisalhantes são obtidos por:
• n = (1+3)/2 + (1-3)/2.cos2
• s = (1-3)/2.sen2
Mecânica das rochas – Tensão - MOHR
• O círculo de Mohr descreve graficamente o estado dos esforços
normal e de cisalhamento que agem sobre um plano.
A envoltória de Morh

• Aumentando-se o valor do esforço diferencial 1-3 vai haver um ponto onde a rocha
sofre fraturamento. Fazendo-se experimentos a diferentes pressões confinantes (valores
iguais de 3), plotando-se a orientação dos planos nos diferentes círculos de Mohr e
unindo-se estes pontos, obtém-se uma curva chamada envoltória de Mohr.
• Uma fratura de cisalhamento é formada se o envelope for tocado enquanto σ3 é
positivo. Se σ3 é negativo, uma fratura tensional se forma.
• Cada tipo de rocha tem sua própria envoltória de ruptura, determinada por meio de
fraturamento experimental de amostras sob diferentes condições de pressão confinante
e de esforço diferencial.
Elipsoide de tensões

• O estado de tensões em um ponto é


representado em três dimensões (3D) por um
elipsoide cujos eixos são os esforços principais.
• O elipsoide de tensões (esforços) e sua
orientação espacial contêm todas as
informações sobre o estado de esforços de uma
dado ponto em uma rocha, ou de um volume de
rocha onde os esforços sejam homogêneos.
• O elipsoide de tensões possui três eixos, que são
representados por σ1, σ2 e σ3. O eixo mais longo
(σ1) é a direção máxima de esforço, onde 1 
2  3.
Estado de esforço

• O esforço em um ponto na rocha pode ser classificado de acordo com a forma


do elipsoide de tensões nesse ponto. Esses são alguns termos usados:
1. Esforço triaxial é o estado no qual os três esforços principais são diferentes de zero;
2. Esforço biaxial é o estado onde dois dos esforços principais são diferentes de zero; e
3. Esforço uniaxial é o estado no qual apenas um esforço principal não é igual a zero.
• Outros termos são baseados nos valores relativos de cada esforço principal:
1. Esforço poliaxial (geral) onde 1 ≠ 2 ≠ 3;
2. Esforço axial: a) compressão axial, 1 > 2 = 3, elipsoides prolatos; e b) extensão
axial, 1 = 2 > 3, elipsoides oblatos.
3. Esforço hidrostático: possui 1 = 2 = 3, nestas condições os elipsoides possuem
formato de esfera. No caso de rochas em profundidade, o esforço hidrostático é
chamado de esforço litostático ou pressão e é dado pela relação P = r.g.h, onde r é a
densidade média das rochas presentes até a profundidade h e g é a aceleração da
gravidade. Um aumento ou diminuição de pressão causa mudança de volume, mas
não de forma (strain).
Estado de esforço
Critérios de ruptura

• Para uma rocha sob temperatura constante e pressão confinante positiva e constante, o
fraturamento depende do esforço diferencial (1-3), ou seja, o início do fraturamento requer a
existência de um esforço diferencial que exceda a resistência da rocha.
• Um critério de fraturamento descreve a condição crítica na qual uma rocha se fratura.
• O aumento da pressão confinante exige um aumento do esforço diferencial para que ocorra o
fraturamento de uma rocha.
A envoltória de Morh
Efeitos sobre a resistência ao fraturamento
• Os critérios de ruptura de Coulomb, Morh-Coulomb e
Griffitt foram desenvolvidos considerando-se meios
originalmente isotrópicos, o que raramente acontece na
natureza. Alguns efeitos como a trama, temperatura e o
tamanho das amostras podem afetar a resistência ao
fraturamento da rocha.
Trama
• Se zonas de fraqueza preexistentes estão presentes elas
podem ser reativadas, ao invés de se formarem novas
falhas inclinadas de 30° com respeito à σ1.
• A possibilidade de uma rocha se romper ao longo de uma
trama ou fratura preexistente depende da orientação da
fratura em relação ao campo de esforços.
Temperatura
• A temperatura tem pouca influência no regime rúptil na
maioria dos minerais comuns.
Tamanho da amostra
• Em um experimento, é provável que uma amostra maior de
rocha se rompa antes de uma amostra pequena
Efeitos sobre a resistência ao fraturamento
• A presença de fluidos pode reduzir bastante o valor do coeficiente de coesão
interna. O que pode explicar a formação de falhas normais e reversas com
mergulhos menores que 60° e maiores que 30°, respectivamente. Outro efeito é
a diminuição na pressão efetiva, o que pode levar ao fraturamento.
Esforços na litosfera
• Após abordarmos a natureza dos esforços, veremos como obter informações sobre os
esforços na crosta e como interpretá-los.
• O conhecimento dos campos de esforços locais e regionais possui diversas aplicações
práticas, incluindo levantamentos para a construção de túneis, sondagens e perfurações para
água e petróleo. Além disso, fornece informações sobre processos tectônicos recentes e
antigos.
Esforços na litosfera
Medições de esforços
• Breakouts (ruptura) é baseada na análise de zonas de fraturas nas paredes de poços. É
considerado que a ruptura da parede do poço ocorra preferencialmente de modo paralelo
ao esforço horizontal mínimo (σh) e ortogonal a σH. Essas informações são obtidas através de
perfil de imagem ou dipmeter.
Medições de esforços
• Sobrefuração (overcoring) é um método onde a amostra (testemunho) é extraída e deixada
em superfície livre de esforços para que possa expandir livremente. Em geral a expansão
máxima ocorre na direção de σH. Este método depende fortemente das propriedades
elásticas da rocha (módulo de Young e razão de Poisson).
Medições de esforços
• Fraturamento hidraulico representa o aumento da pressão de flúido até a formação de
fraturas.
Medições de esforços
• Neotectônica, dados de análise de deslocamento de falhas e alinhamento de chaminés
vulcânicas.
Estados de esforços de referência
• Os estados de esforços de referência idealizados na crosta, como se ela estivesse
em um planeta estático, sem processos tectônicos.
• Hidrostático/Litostático
• É o modelo geral mais simples de esforços no interior da Terra, onde a rocha não apresenta
resistência ao cisalhamento. Corresponde a um estado isotrópico de esforços, em que os
esforços verticais e horizontais são iguais. (σ1 = σ2 = σ3 = ρgz)
• Podemos prever um gradiente de esforço vertical de 27 MPa/Km, que pode ser chamado
também de pressão litostática.
• Deformação Uniaxial
• O estado de deformação uniaxial prevê que que o esforço vertical será consideravelmente
maior que os esforços horizontais (σv > σH > σh).
• Esforço horizontal constante
• Equilíbrio isostático
Variações nos esforços durante o soterramento e o
soerguimento
• As fraturas de extensão (juntas) tem maior probabilidade de se desenvolver em camadas de
rochas com os mais altos módulos de Young e as mais baixas razões de Poisson, ou seja,
camadas mais competentes (arenitos e calcários) concentram mais esforços diferenciais do que
camadas adjacentes.
Classificação de Anderson de esforço tectônico

• O estado de referência de esforços, discutido anteriormente, está relacionado a


fatores naturais como densidade das rochas, condições de contorno, efeitos
térmicos e propriedades físicas das rochas.
• Em larga escala, os esforços tectônicos estão relacionados aos movimentos de
placas e à tectônica de placas.
• Anderson (1951) considerou que não há esforço cisalhante na superfície da Terra
e que um dos esforços principais é vertical e os outros dois devem ser horizontais.
Anderson definiu três regimes em função dos esforços principais:
• σv = σ1; regime de falha normal;
• σv = σ2; regime de falha transcorrente;
• σv = σ3; regime de falha de empurrão.
• A classificação de Anderson é estritamente válida em regimes deformacionais
coaxias em rocha isotrópica.
Classificação de Anderson de esforço tectônico
Padrão global de esforços
• Projeto Mundial de Esforços (The World Stress Map Project)
• Mecanismos focais de terremotos;
• Rupturas de furos de sondagem;
• Medidas de esforços in situ;
• Dados de neotectônica
• Os dados de mecanismos focais são predominantes.
• Algumas regiões de ambiente contracional, limite convergente de placas, apresentam
regime de falha normal devido ao colapso gravitacional de áreas topograficamente
elevadas.
Padrão global de esforços
Padrão global de esforços
Padrão global de esforços
Strain

Introdução

Strain 1D Strain 2D Strain 3D


Introdução

• Strain é a quatificação da
deformação e pode ser
definido em geral como a
mudança na forma da
rocha.
• A deformação pode ser
calculada em 1D, 2D e
3D.
Strain 1D
• Marcadores lineares
Strain 2D
Strain 3D
Elipsoide de deformação
Exercício

1. Ler e comentar o artigo Stress and Strain, Marrett et. 2000.

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