Apresentação Ochy Curiel

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Construindo metodologias

feministas a partir do feminismo


decolonial
Ochy Curiel (2014)
Ana Cláudia Coelho
Ailton Augusto
A autora Rosa Inés Curiel Pichardo. Antropóloga,
assistente social, ativista e artista
nascida em Santiago, República
Dominicana, em 1963. Desde 2006 vive
na Colômbia. É uma das fundadoras do
Grupo Latino-americano de Estudos,
Formação e Ação Feminista (GLEFAS).
Em seu currículo, destaca-se, entre
outros, sua dissertação, publicada em
livro, intitulada "La Nación heterosexual:
análisis del discurso jurídico y el régimen
heterosexual desde la antropología de la
dominación", publicada em 2013.
Ae Marité - Ochy Curiel
La tremenda revoltosa Batucada Feminista
Para saber mais
Las claves de Ochy Curiel. Feminismo decolonial
https://www.youtube.com/watch?v=7ZSHqvKLANQ

Conferência com Ochy Curiel: epistemologias de resistência na América Latina


https://www.youtube.com/watch?v=c8ISNM2nTgQ

LACERDA, Paula; PARREIRAS, Carolina. Ochy Curiel. Campo - um podcast de


antropologia. 03 de março de 2021. Podcast, Áudio, 33’. Disponível via:
https://open.spotify.com/episode/15klTj5gp6F9c3XRSDPTiG?si=gCj53HrRQ2yI7e
nE7FN62w. Acesso em 08 jan 2022
Ponto de partida

Esses feminismos críticos balançaram a teoria e a prática


feministas, mas ainda falta pensar mais profundamente o que
devemos fazer em relação a práticas políticas, metodologias e
pedagogias, para não limitarmos a proposta decolonial à análise
epistemológica. (p. 121, grifo nosso)
Sobre o pós-colonial
O pós-colonial, como categoria, conceito e perspectiva - em sua
concepção epistemológica -, surge das “teorias pós-coloniais”, nos anos
1980 na Inglarerra e nos Estados Unidos. (...) O conceito de pós-colonial
tem diversos posicionamentos, usos históricos, inclusive muitas
ambiguidades teóricas e políticas. (p. 122-123)
Assim como aconteceu com a proposta pós-colonial como um todo,
muitas vezes as análises feministas pós-coloniais permanecem em um
giro linguístico pós-estruturalista, que, ainda que abra portas para
“outras” interpretações, reproduz a colonialidade discursiva do saber. (p.
125)
Sobre o feminismo decolonial
O que chamamos de feminismo decolonial, conceito proposto pela
feminista argentina María Lugones, tem duas fontes importantes.
De um lado, as críticas feministas feitas pelo Black Feminism,
mulheres de cor, chicanas, mulheres pobres, o feminismo
autônomo latino-americano, feministas indígenas e o feminismo
materialista francês ao feminismo hegemônico em sua
universalização do conceito mulheres e seu viés racista, classista
e heterocêntrico; de outro lado, as propostas da chamada Teoria
Decolonial, o projeto decolonial desenvolvido por diferentes
pensadorxs latino-americanxs e caribenhxs. (p. 125)
Sobre o feminismo decolonial
O feminismo decolonial recupera várias questões importantes do projeto decolonial.
(p. 126)
María Lugones, apesar de acolher a proposta de Quijano sobre colonialidade, diz que
a raça não determina sozinha a configuração da colonialidade do poder; ela é
acompanhada pelo gênero e, com ele, pela heterossexualidade. (p. 127)
As colonialidades do poder, do ser e do saber, portanto, constituem o lado obscuro da
modernidade, dessa modernidade ocidental onde também surge o feminismo como
proposta emancipadora de “todas” as mulheres. (p. 128)
Essas são interpretações chave para o feminismo decolonial, mas uma de suas fontes
principais são os pensamentos que surgem das práticas políticas coletivas, nas quais
muitas de nós participam e que se relacionam com feminismos críticos e
contra-hegemônicos. (p.128)
Uma metodologia feminista? o ponto de vista e a
interseccionalidade
(...) a reflexividade da visão decolonial não é apenas sobre nos
autodefinir na produção de conhecimento, mas também sobre produzir
um conhecimento que leve em conta a geopolítica, a “raça”, a classe,
a sexualidade, o capital social e outros posicionamentos. Precisamos,
também, pensar em perguntas-chave como: conhecimentos para quê?
Como produzimos conhecimento? Essa produção é feita de acordo
com que projeto político? (p. 131)
Uma metodologia feminista? o ponto de vista e a
interseccionalidade

(...) não é necessário dizer que somos negras, pobres, mulheres,


trata-se de entendermos por que somos racializadas,
empobrecidas e sexualizada. É isso que nos interessa, enquanto
feministas decoloniais, porque assim conseguimos mostrar que
essas condições foram produzidas pela colonialidade. (p.132)
Uma metodologia feminista? o ponto de vista e a
interseccionalidade
O conceito de interseccionalidade tem tido maior êxito nas investigações
e propostas feministas que buscam entender as opressões. E não por
acaso, afinal ele é uma proposta liberal e moderna, ainda que tenha sido
elaborado por uma afro-americana.
A interseccionalidade refere-se ao reconhecimento da diferença entre
categorias cruzadas, onde raça e gênero, por exemplo, apresentam-se
como eixo de subordinação que em algum momento se separam, com
algum nível de autonomia, mas que estão interseccionados. A metáfora
das estradas que se cruzam, usada pela autora [Kimberlé Crenshaw], é
um indicador do problema político e teórico dessa proposta. (p. 132)
a relação sujeito-objeto
Nas metodologias feministas, quem são os sujeitos e quem são os
objetos de nossas pesquisas?
Uma das características da colonialidade do saber (...) é assumir que
quem foi definido como outrx, aqueles que representam a diferença
colonial, são geralmente os objetos das pesquisas: mulheres, negras,
empobrecidas, pobres, indígenas, migrantes do Terceiro Mundo (...)
Por que feministas brancas do Norte estudam as mulheres do Terceiro
Mundo? Por que feministas acadêmicas do Sul estudam as “outras” de
seus próprios países? Sobre que tipo de relações esses exercícios
investigativos são realizados? (p.133).
o desengajamento epistemológico
Voltando ao desengajamento, de Stuart Hall, a proposta decolonial
propõe um abandono da colonialidade do poder, do saber e do ser
(…) Esse abandono/desengajamento traz várias questões para os
conhecimentos que produzimos, como são produzidos e para que o
são. (p. 134)
o desengajamento epistemológico
A) O reconhecimento e a legitimação de “outros” saberes
subalternizados
Trata-se de identificar conceitos, categorias, teorias, que
emergem das experiências subalternizadas, que geralmente
são produzidos coletivamente, que têm a possibilidade de
generalizar sem universalizar, de explicar realidades diferentes
contribuindo com o rompimento da ideia de que esses
conhecimentos locais, individuais e incomunicáveis. (p.134)
o desengajamento epistemológico

B) Problematizar as condições de produção de conhecimentos


É preciso fazermos pesquisas, propostas metodológicas e
pedagógicas a partir de processos coletivos, de organizações e
comunidades, para fortalecermos nossos próprios quadros
analíticos, permitindo-nos, assim, buscar as melhores vias para
transformação social. (p.136)

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