Teorias Educação
Teorias Educação
Teorias Educação
DA EDUCAÇÃO
AUTORAS:
Cíntia Moralles Camillo
Liziany Müller Medeiros
EDUCAÇÃO DO CAMPO
TEORIAS DA EDUCAÇÃO
AUTORAS
Cíntia Moralles Camillo
Liziany Muller Medeiros
Santa Maria | RS
2018
©Núcleo de Tecnologia Educacional – NTE.
Este caderno foi elaborado pelo Núcleo de Tecnologia Educacional da
Universidade Federal de Santa Maria para os cursos da UAB.
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Mendonça Filho
PRESIDENTE DA CAPES
Abilio A. Baeta Neves
VICE-REITOR
Luciano Schuch
PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO
Frank Leonardo Casado
PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO
Martha Bohrer Adaime
COORDENADOR UAB
Reisoli Bender Filho
ELABORAÇÃO DO CONTEÚDO
Cíntia Moralles Camillo
Liziany Müller Medeiros
REVISÃO LINGUÍSTICA
Camila Marchesan Cargnelutti
Maurício Sena
APOIO PEDAGÓGICO
Carmen Eloísa Berlote Brenner
Caroline da Silva dos Santos
Keila de Oliveira Urrutia
EQUIPE DE DESIGN
Carlo Pozzobon de Moraes – Ilustrações
Juliana Facco Segalla – Diagramação
Matheus Tanuri Pascotini – Capa e Ilustrações
Raquel Bottino Pivetta – Diagramação
PROJETO GRÁFICO
Ana Letícia Oliveira do Amaral
CDU 37.01
Ministério da
Educação
APRESENTAÇÃO
O lá sejam todos bem-vindos à Disciplina de Teorias da Educação!
Fonte: Autoras.
Introdução ·12
1.1 O século XIX: o século da pedagogia ·13
1.2 O século XX até os anos 50. “Escolas Novas”
e ideologia da educação ·22
1.3 A segunda metade do século XX: ciências da educação e
empenho mundial da pedagogia ·28
1.4 As ideias pedagógicas no Brasil entre 1969 e 2001 ·32
1.5 A educação na ruptura política para a
continuidade socioeconômica ·39
Introdução ·45
2.1 Pedagogia tecnicista, concepção analítica
e visão crítico-reprodutivista (1969-1980) ·46
2.2 Ensaios contra-hegemônicos: as pedagogias críticas
buscando (re) orientar a prática educativa (1980-1991) ·57
2.3 O neoprodutivismo e suas variantes: neoescolanovismo,
neoconstrutivismo, neotecnicismo (1991-2001) ·62
Introdução ·66
3.1 O behaviorismo e a abordagem científica do ensino ·67
3.2 O cognitivismo e suas implicações pedagógicas ·75
3.3 Jean Piaget e o construtivismo na educação ·81
3.4 Lev Vygotsky e o socioconstrutivismo na educação ·91
Introdução ·103
4.1 Teorias contemporâneas da educação:
natureza e definição ·104
4.2 Da ciência moderna ao novo senso comum ·111
▷ CONSIDERAÇÕES FINAIS ·116
▷ REFERÊNCIAS ·120
C
aracterísticas da educação contemporânea; a época contemporânea e a
identidade social da pedagogia; educação e ideologia; novos sujeitos edu-
cativos; instrução e trabalho; a escola e as reformas; o saber pedagógico:
ciência, política e filosofia; todas essas passagens fazem parte do período da gênese,
historiografia das matrizes filosóficas e epistêmicas do pensamento pedagógico
brasileiro que iremos abordar nesta unidade de ensino.
No século XIX, o século da pedagogia foi marcado por conflitos ideológicos,
modelos formativos, saberes da educação. A burguesia e povo travaram fortes en-
traves entre ideologias pedagógicas e conflitos educativos. A pedagogia romântica
de Pestalozzi, Schiller e Fröbel, bem como as pedagogias de Hegel e de Herbart,
tiveram fortes influências no século XIX. Marcos importantes como a sociedade
industrial e educação: entre positivismo e socialismo, assim como o positivismo e
pedagogia na França, na Inglaterra e na Itália também marcam essa fase que sobre
outrem são imensos e estarão sempre interligados.
No século XX até os anos 50, as escolas novas, as ideologias da educação, as
transformações educativas, a renovação da escola e a pedagogia ativista, marca-
ram o século. O pragmatismo, o instrumentalismo e o crescimento científico da
pedagogia, bem como o surgimento da educação e a pedagogia nos países não
europeus, foram fatos marcantes neste período.
Na segunda metade do século XX, ciências da educação e empenho mundial da
pedagogia, assim como às ciências da educação como um problema em aberto, a
Guerra fria, a pedagogia cognitiva, primando pela instrução e tecnologias educativas
e a escola do pós-guerra até hoje; foram marcos desse tempo.
Outro marco muito importante, na educação no Brasil, foi a ruptura política para
a continuidade socioeconômica. O Estado, o regime político e o desenvolvimento
no Brasil pós-1930, a criação da Escola Superior de Guerra (ESG) e a doutrina da
interdependência, bem como o desfecho da contradição do modelo econômico
versus ideologia política, relacionado com o regime militar.
Ao findar da unidade espera-se que você tenha compreensão das teorias expostas
e possa relacioná-las, com aspectos vivenciados no seu dia a dia ou dos espaços
educacionais que estão presentes na sua rotina diária, e que você seja capaz de
refletir o processo de ensinar e aprender.
12 ·
1.1
O SÉCULO XIX: O SÉCULO
DA PEDAGOGIA
O século XIX, de acordo com Francisco Cambi, é o século da pedagogia, momento
emblemático da luta de classes (entre burguesia e proletariado), que envolveu so-
ciedade, cultura, economia e política, conforme Figura 2. Esta situação acarretou
uma radicalização das ideias pedagógicas e educativas, consolidando-as como
ferramentas de controle social e do “projeto político e da própria gestão do poder
(social e político)” (CAMBI, 1999, p. 407).
Luta de Classes
Burguesia Proletariado
Fonte: Autoras.
Quadro 1 – Ideologias sobre a pedagogia do século XIX, na visão de Pestalozzi, Fichte e Fröbel
PARADIGMAS
14 ·
Fonte: Adaptado de Cambi (1999).
16 ·
Fonte: Adaptado de Cambi (1999).
Fonte: Adaptada pelas autoras Domínio Público/Marcada como reutilização e disponível para modi-
ficação. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Guerra_Mundial#/media/File:Cou-
ntries_of_Europe-pt2.svg>. Acesso em: 09/07/2018.
Burguesia Proletariado
Dicotomia
Positivismo Socialismo
Fonte: Autoras
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Figura 5 – Abordagens educativas pedagógicas
Positivismo Socialismo
Ascensão
Social
Pesquisa
Pedagógica
Contexto socioeconômico
e histórico
Fonte: Autoras
PARADIGMAS CONCEITOS
Por fim, podemos por meio do estudo sobre o século XIX, discorrer que ele foi
norteado por uma série de tensões e crises. Conforme foi dito anteriormente,
as convulsões implicadas pelos atritos entre burguesia e proletariado atingem
seu clímax e colaboram para o surgimento das bipolarizações (esquerda, direita,
internacionalismo e colonialismo, e etc.). Também neste cenário se dá uma série
de renovações no âmbito da cultura, influenciando em um distanciamento das
correntes defendidas ao longo dos Oitocentos: Idealismo, positivismo, entre outros.
20 ·
O positivismo representa uma reação contra o apriorismo, o
formalismo, o idealismo, exigindo maior respeito para a
experiência e os dados positivos.
Ainda na visão de Cambi (1999), a difusão destas escolas se deu de forma predo-
minante na Europa ocidental e nos Estados Unidos, que se basearam, a priori, na
criança para reformar os métodos e técnicas utilizados pelos educadores nas escolas,
além disso, o estabelecimento de ideais, com os quais as crianças são instruídas
muito além da instituição e do ambiente familiar. Assim, propondo mudanças no
aprendizado, em que a criança deve ter contato com o meio social, práticas inte-
lectuais (conhecimento/teorias/fundamento), fazendo disso uma simbiose para
o melhor sistema de aprendizado.
Esta questão é discutida inicialmente na Inglaterra, segue para a França, Ale-
manha, Itália, Áustria, Espanha, entre outros. Nas pesquisas de Cambi (1999), as
escolas novas e as novas ideologias de educação se repercutiram de canto a canto
no mundo, percorrendo longos caminhos e não passando desapercebida por uma
variedade de autores, assim, ganharam grandes proporções até os dias atuais.
Consequentemente, constatamos que este vasto percurso da educação pro-
moveu diversificadas visões em relação ao campo educacional, assim são citados
diversos autores de extrema contribuição para esta propagação, que obtiveram em
comum o objeto de estudo, renovação pedagógica, propostas das escolas novas e
o estudo da criança. Porém, se utilizaram de metodologias independentes, que os
diferenciavam e os destacavam em maior ou menor proporção.
Consideramos assim, importante salientar Cecil Reddie, conforme Figura 6,
que fundamentava no ensino mudanças necessárias para que, o indivíduo se tor-
nasse adequado às regras da sociedade moderna. Para isso (Cambi, 1999, p. 515)
afirma que “a instituição formal, a escola, deve tornar-se um mundo real e prático,
associando a capacidade intelectual, energia, força física, agilidade e habilidade
manual. A fim de formar um cidadão capaz de cumprir com todas as exigências da
sociedade e os objetivos da vida”.
22 ·
Figura 6 – O filósofo e educador Cecil Reddie
Dr Cecil Reddie
(1858 - 1932)
Segundo Souza (2011), Cambi em seus estudos e pesquisas nos esclarece não só a
grande importância da função escolar para a formação do educando, no sentido
epistemológico e moral do mesmo, partindo da ideia de que se torna necessário
estarmos sempre em dialética assim como o universo, como é tanto quanto neces-
sário modificarmos por completo, ou pelo menos tentar modificar. É necessário
modificar e modernizar as instituições, as relações entre educador e educando,
assim como, de modo geral, indivíduo-sociedade.
Dessa forma Souza nos diz que:
Mas Souza (2011) também acredita que o papel do educador torna-se cada vez
mais desafiador, no sentido de tentar inovar suas aulas, suas metodologias e mais
além, buscando novas práticas, levando para o contexto escolar algo que provoque
e desperte o educando para os estudos.
Outro aspecto que acredita-se relevante é lembrado por Cambi (1999), quando
destaca as propostas de socialização e de ativa colaboração entre os próprios indi-
víduos, nas escolas fundadas por Edmond Demolins, conforme Figura 7.
Assim, estes processos de ações comunicativas devem sim ser amplamente
incentivados pelos indivíduos e pelas instituições escolares para a organização da
vida comum, com propósito de vida harmônica entre os meios, que até nos diver-
gem, e os indivíduos que acabam por se integrar no contexto social.
Edmond Demolins
(1852 - 1907)
Pedagogia
Filosofia Ciência
Pesquisa Experimental
Fonte: Autoras.
24 ·
O filósofo e educador John Dewey se tornou um grande nome devido às suas
propostas a cerca de uma teoria empírica, e sua pedagogia caracterizada por um
pragmatismo associado entre as teorias e as práticas.
Larroyo (1989), lembra-nos que mesmo com o surgimento das escolas novas do
século XIX/XX, estas não foram as primeiras instituições docentes criadas com este
propósito de renovar a educação. Ele cita diversas escolas em sua pesquisa que ha-
viam se manifestado para este fim, porém, se preocupou em estudar as instituições
mais atuais sobre este assunto.
As escolas novas que obtiveram êxito em seus ensaios, para tais modificações
Assim, foi criado o chamado boarding house (Veja a Figura 10), onde a educação de
grupos de alunos vivendo em casas separadas seria de extrema importância na ajuda
da construção de um ser voltado para a sociedade, que tivesse uma visão de mundo
abrangente, sem falar no processo de integração do indivíduo ao meio, devido a isto
tornava-se cada vez mais contundente a perspectiva de acabar com os internatos
da época. Desta forma, a citação abaixo bem justifica o que expomos acima. "As
mais importantes características das últimas escolas era a ideia de educação em
comunidade sobre a base de um regime autônomo pelo qual se governavam mestres
e alunos". (LARROYO, 1989, p.718)
Fonte: NTE/UFSM.
26 ·
Esta nova roupagem das escolas vem promovendo uma redefinição na pedago-
gia tornando os processos educativos mais articulados, as finalidades pedagógicas
destinadas a formar cidadãos críticos e conscientes, as instituições educativas es-
timuladoras do desenvolvimento e dos ideais formativos, sendo desta forma total-
mente contrária quele modelo de pedagogia tradicional, de educação conteudista,
conforme Quadro 4.
Fonte: Autoras.
Fonte: Autoras.
28 ·
• Com a afirmação de muitas disciplinas auxiliares construtivas do saber pe-
dagógico;
• Com o exercício de um controle reflexivo sobre a multiplicidade de saberes,
em geral, com a filosofia desenvolvendo um papel político, social e cultural.
Pedagogia
Fonte: Autoras.
Logo, após a pedagogia entrar em crise ela passou a ter saberes especializados, rees-
crevendo sua identidade, desaparecendo o saber que hora era filosófico e hora era
científico. Agregando de modo pragmático ou normativo as diversas contribuições
filosóficas e/ou científicas, coordenando-as de maneira coerente, fazendo valer
assim a educação que levava o nome de pedagogia.
Fonte: Autoras.
30 ·
na forma tradicional, ligado a um saber pragmático e normativo ao mesmo tempo.
Para o autor a pedagogia foi reescrita em termos empíricos, articulando sobre várias
ciências e que sobre tudo predispôs um saber tecnicamente mais eficaz, pensando
na experiência e pela experiência, vivendo uma estreita relação com a prática.
Fonte: Autoras.
Este período da pedagogia no Brasil entre 1969 e 2001, subdivide-se em três mo-
mentos, os quais veremos a seguir.
Primeiro Período
O primeiro período está relacionado entre 1969 e 1980. Onde é debatido inten-
samente a pedagogia tecnicista, explicado melhor na Figura 16. Eis que, começa-se
discutindo a questão a partir do movimento editorial, logo em seguida, aprofunda-
-se a análise ao examinar o papel desempenhado por Valnir Chagas nas reformas
educacionais empreendidas pela ditadura militar e ao caracterizar a concepção
pedagógica tecnicista (ALVEZ, 2008).
32 ·
Figura 16 – Pedagogia Tecnicista
Pedagogia Tecnista
É uma linha de ensino, adotada por volta de 1970,
que privilegiava excessivamente a tecnologia educa-
cional e transformava educadores e educandos em
meros executores e receptores de projetos elabora-
dos de forma autoritária e sem qualquer vínculo com
o contexto social a que se destinavam. Além de
apresentar características autoritárias, a pedagogia
tecnicista pode ser considerada não-dialógica, ou
seja, ao aluno cabe assimilar passivamente os conte-
údos transmitidos pelo educador. Essa pedagogia
difere da progressista que privilegia a formação de
cidadãos participativos e conscientes da sociedade
em que vivem.
Segundo Saviani:
Segundo Período
O segundo momento envolve o período que se desenrola entre 1980 e 1991,
devota-se ao estudo das experiências pedagógicas iniciadas pelas pedagogias críti-
cas, daí o subtítulo ensaios contra hegemônicos. No conjunto, descreve as formas
assumidas pelas mobilizações de educadores, pela organização política no campo
educacional, bem como pela circulação das ideias pedagógicas (ALVEZ, 2008).
ENTIDADE SIGLA
Em Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina, desde 1982,
tornou-se necessário reconhecer as intensas mobilizações dos educadores na dé-
cada de 1980, logo precisou-se reconhecer a importância das medidas de política
educacional tomadas por governos de oposição (ALVEZ, 2008). Mesmo que tenham
sido marcadas pela descontinuidade, essas medidas "devem ser contabilizadas
como ganhos da década perdida'" (SAVIANI, 2002, p. 405).
Contudo, são ressaltadas as pedagogias da educação popular, que em suas
análises substituíam a categoria "classe" pela categoria "povo" e concebiam "a
autonomia popular de uma forma um tanto metafísica", descolada de "condições
histórico-políticas determinadas" (SAVIANI, 2002, p. 413-414).
36 ·
sua incorporação como elementos integrantes da própria vida
dos educandos (catarse). (SAVIANI, 2002, p. 420)
Por fim, ele acentua que sua proposta, além de manter-se na condição de forma
de resistência à onda neoconservadora, vem recebendo contribuições de outros
estudiosos, entre os quais cita João Luiz Gasparin, Antonio Carlos Hidalgo Geral-
do, Suze Gomes Scalcon, César Sátiro dos Santos e Ana Carolina Galvão Marsiglia
(SAVIANI, 2002, p. 402).
Terceiro Período
O último período ocorreu entre 1991 e 2001, esta fase foi tida como decorrente
da transição do fordismo para o toyotismo. Assim, as ideias pedagógicas no Brasil
expressam-se no neoprodutivismo, nova versão da teoria do capital humano, o que
acaba lançando a pedagogia da exclusão (ALVEZ, 2008).
3 saiba mais: termo criado por Henry Ford, em 1914, refere-se aos
sistemas de produção em massa (linha de produção).
Com isso, segudo Alvez (2008), o Estado proporciona uma forma de organização
às escolas na tentativa de buscar e atingir o máximo de resultados com os recursos
destinados à educação.
Para tanto, segundo Araújo (1998), são mobilizados instrumentos como:
38 ·
1.5
A EDUCAÇÃO NA RUPTURA
POLÍTICA PARA A CONTINUIDADE
SOCIOECONÔMICA
O que traz a ideia da ruptura foi a Revolução de 1964, momento decisivo para a
história das ideias pedagógicas no Brasil em 1969 (SAVIANI, 2013). Podemos perante
o exposto perguntar:
O membro mais ilustre e mais influente da ESG foi o General Golbery do Couto e
Silva, conforme Figura 17, ele nasceu no Rio Grande do Sul, em 1911 e veio a falecer
em 1987 em São Paulo.
Fonte: NTE/UFSM.
Sim
Político
Fonte: Autoras.
40 ·
Não havendo ruptura, conforme Figura 19, mas continuidade do plano socioe-
conômico, entende-se segundo Saviani (2013) que tenha havido continuidade
também na educação. O que veio a refletir na legislação que instituiu as reformas
do ensino baixadas pela ditadura. Revogando assim, os primeiros títulos da Lei de
Diretrizes e Bases (LDB nº 4.024, 20 de dezembro de 1961). Onde foram alteradas
as bases organizacionais, ajustando a educação aos reclames postos pelo modelo
econômico do capitalismo de mercado associado dependente, articulado com a
doutrina da interdependência.
Ruptura Não
Educação LDB
Socieconômico
Fonte: Autoras.
Lei 5.540
Reforma Universitária
Parecer 252
Pedagogia
1971
Pedagogia
Tecnicista
Pedagogia
Oficial
Fonte: Autoras.
42 ·
2A PEDAGOGIA E AS
BASES EPISTÊMICAS
44 ·
INTRODUÇÃO
A
pedagogia tecnicista, concepção analítica e visão crítico-reprodutivista
(1969-1980), juntamente com as reformas do ensino, concepção pedagógica
tecnicista, concepção analítica e a visão crítico-reprodutivista, marcaram
o período de 1969 a 1980.
Logo após os ensaios contra-hegemônicos, as pedagogias críticas buscando
orientar a prática educativa (1980-1991), as organizações e mobilização do cam-
po educacional, circulação das ideias pedagógicas e as chamadas pedagogias da
“educação popular”, pedagogias da prática, pedagogia crítico-social dos conteúdos
e pedagogia histórico-crítica, com sua teoria dominante foram grandes marcos na
história da educação.
O neoprodutivismo e suas variantes como o neoescolanovismo, o neoconstru-
tivismo, o neotecnicismo entre 1991 e 2001, marcaram a reconversão produtiva,
neoprodutivismo e a “pedagogia da exclusão”. Assim, as bases didático-pedagógicas:
o “aprender a aprender” e sua dispersão pelos diferentes espaços sociais (neoes-
colanovismo) e as bases psicopedagógicas: a reorientação das atividades constru-
tivas da criança (neoconstrutivismo) e a “pedagogia das competências”, as bases
pedagógico-administrativas: a reorganização das escolas e redefinição do papel do
Estado (neotecnicismo) foram marcos importantes na pedagogia neste período.
Nesse sentido, o objetivo desta unidade é precisamente revisar as principais
contribuições para a educação de cada perspectiva teórica aqui apresentada. Espe-
ra-se que ao final desta unidade você consiga identificar nas práticas pedagógicas
dos educadores, e inclusive na sua, os traços das teorias aqui estudadas.
Fonte: Autoras.
46 ·
Ainda segundo Assis (2011) esta pedagogia deparava-se com o modelo capita-
lista, fazendo parte de sua engrenagem, objetivando dentro deste sistema construir
sujeitos competentes para o mercado de trabalho.
Segundo Saviani:
PRINCÍPIOS
Ainda nos dias atuais, segundo Saviani (2007), a pedagogia tecnicista é exercida em
muitas escolas e cursos diversos, onde nota-se uma utilização frequente de manuais
didáticos, vindo a permanecer o caráter instrumental e técnico.
48 ·
Figura 22 – Definindo concepção analítica
≠
1° Grau
linguagem
≠
realidade
realidade
Fonte: Autoras
Saviani (2013, p. 234) ainda discorre que a “concepção analítica refere-se à clareza e
consistência dos enunciados relativos aos fenômenos e não aos próprios fenômenos”.
FILOSOFIA PRINCÍPIOS
Além da lógica formal clássica, a filosofia analítica conta hoje também com a lógica
modal, que trata dos casos de modalidades, sendo as principais: possibilidade,
necessidade, probabilidade e impossibilidade, conforme D'AGOSTINI (2002, p.45).
50 ·
Segundo D'Agostini (2002, p. 280) apud Maciel (2016, s/p.) entre as áreas mais
exploradas por filósofos analíticos estão:
• Filosofia da mente e ciência cognitiva;
• ética, incluindo a de meta-ética;
• ética normativa e ética aplicada;
• religião;
• filosofia política, particularmente questões acerca do libertarianismo;
• liberalismo e comunitarismo;
• filosofia da ciência, com subáreas para todas as ciências naturais existentes
atualmente, bem como para a história da ciência;
• metafísica, que embora rejeitada no início do século XX, foi retomada por
filósofos como David Armstrong e David Lewis, que desenvolveram teorias
sofisticadas em diversos tópicos da metafísica, como universais, causalidade,
objetos abstratos, necessidade e possibilidade;
• filosofia da linguagem;
• epistemologia; e estética.
Pierre Bourdieu (Figura 24) e Jean-Claude Passeron (Figura 25), autores franceses
escreveram duas obras importantes: Os Herdeiros (1964) e A Reprodução (1970).
Nestes escritos, encontramos severas críticas à instituição escolar ao analisar esta
cultura a partir dos condicionantes sociais, concluindo pela total dependência da
escola em relação à sociedade.
52 ·
Figura 24 – Pierre Bourdieu
Pierre Bourdieu
Jean-Claude Passeron
Para Louis Althusser filósofo francês, conforme Figura 26, a escola não deve ser
isolada da sociedade e sim fazer parte dela, com isso ele desenvolve a noção de
aparelho ideológico do Estado, em que a escola tem que reproduzir uma ideologia
dominante, e ao mesmo tempo ensinar o saber prático.
54 ·
Figura 26 – Louis Althusser
Louis Althusser
(1918 - 1990)
Assim para Althusser (s/a) apud Nikel (2014) a crença na qual o Estado trabalha
para o bem comum, não é uma verdade. Um exemplo bem claro disso é a justiça
em nossa sociedade. Nem todos são punidos da mesma forma, já que, quem legisla
e aplica a lei é a classe dominante.
Fonte: NTE/UFSM.
Ainda segundo Nikel (2014) desde o começo dos tempos, os filhos dos proletaria-
dos são destinados a não atingir níveis de ensino superior, sendo encaminhados
para atividades manuais. Logo, segundo ele, a escola, tem a função de reproduzir
as divisões sociais já existentes.
Assim, observa-se que a escola reafirma a divisão entre trabalho intelectual e
trabalho manual, já que nessa dicotomia repousa a possibilidade material da ma-
nutenção da estrutura capitalista.
Distinto de Bourdieu e Passeron, para Establet e Baudelot o proletariado possui
convicções próprias, que se ocasiona fora da escola, nas mais variadas organizações
de operários (ARANHA, 2006 apud NIKEL, 2014).
56 ·
2.2
ENSAIOS CONTRA-HEGEMÔNICOS:
AS PEDAGOGIAS CRÍTICAS
BUSCANDO (RE) ORIENTAR A
PRÁTICA EDUCATIVA (1980-1991)
Importante salientarmos que as teorias crítico-reprodutivas, como já estudamos,
operam uma crítica forte à hegemonia instalada na sociedade capitalista, neste
sentido elas participam do movimento contra-hegemônico (SAVIANI, 2013).
Teorias crítico-reprodutivas “elas são teorias sobre educação e não teorias da edu-
cação” conforme (SAVIANI, 2013, p.63).
Partidos de Oposição
Ascensão prefeituras
Abertura
Democrática
Conferências
dos Educadores
Fonte: Autoras.
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que atende às necessidades do povo. Usaremos a concepção de
Paulo Freire, entendendo “popular” como sinônimo de oprimido,
aquele que vive sem as condições elementares para o exercício de
sua cidadania e que está fora da posse e uso dos bens materiais
produzidos socialmente. Assim, podemos definir a Educação
Popular como uma teoria de conhecimento referenciada na
realidade, com metodologias incentivadoras à participação e
ao empoderamento das pessoas permeado por uma base po-
lítica estimuladora de transformações sociais e orientado por
anseios humanos de liberdade, justiça, igualdade e felicidade.
(KAUTSCHER, 2010, s/p.)
Para Paulo Freire a educação popular pode ser aplicada em qualquer lugar e em
qualquer momento, onde o educador busca criar, incentivar, mediar a construção do
conhecimento, na Figura 29 a seguir, Paulo Freire se refere a ensinar e aprender como:
Fonte: NTE/UFSM.
60 ·
Percebe-se na fundamentação desta pedagogia uma preocupação com a transformação
social, partindo da compreensão da realidade, das vivências sociais do sujeito, onde
busca-se entender não como algo que acontece naturalmente, mas sim construído
de forma cultural.
Para Saviani (2013) não é fácil caracterizar uma nova fase de ideias pedagógicas,
marcadas por descentramento e desconstrução de ideias anteriores. Para ele é di-
fícil definir positivamente as ideias que passam a circular já nos anos de 1980 e que
se tornam hegemônicas na década de 1990. Por isso as referências encontram-se
nos movimentos que as precedem, onde sua denominação antepõem prefixos do
tipo “pós” ou “neo”.
Reconversão produtiva, neoprodutivismo é a pedagogia da exclusão
Diante da crise econômica, intelectuais da burguesia reformavam o discurso
ideológico na educação escolar como instrumento para redução do desemprego.
Segundo Silva (2015) a teoria do capital humano assumia outro sentido agora,
onde cada indivíduo deverá exercer sua capacidade de escolha visando a adquirir
os meios que lhe permitiam ser competitivo no mercado de trabalho. Privatizava-se
o fracasso e o sucesso de cada um, em uma sociedade marcada pelas desigualdades
de classes. Neste período a ordem econômica denominada pós-fordista e pós-ke-
ynesiano, pressupõe que não há lugar para todos.
No neoescolanovismo o lema aprender a aprender remete ao núcleo das ideias
pedagógicas escolanovistas, onde é deslocado o eixo do processo educativo do
aspecto lógico para o psicológico dos conteúdos e para os métodos (SILVA, 2015),
Assim, configurou-se uma estrutura pedagógica, onde o mais importante não
62 ·
é ensinar e nem mesmo aprender, e sim, assimilar determinados conhecimentos.
Contudo, o importante é aprender a aprender, isto é, aprender a estudar, a buscar
conhecimentos, a lidar com a situação nova; e o papel do educador deixa de ser o
aquele que ensinava para ser o de auxiliar o educando em seu próprio processo de
aprendizagem (SILVA, 2015).
A retórica neoconstrutivista defende a proposição de formação de um educador
reflexivo, que valoriza os seres do cotidiano, centradas na experiência do dia a dia.
As bases da pedagogia tecnicista são os princípios da racionalidade técnica, efi-
ciência e produtividade, das quais de corolário relativo a obtenção do máximo de
resultados com o mínimo de gastos.
N
esta unidade de ensino estaremos abordando sobre o nascimento das
ciências da educação.
Em conformidade com Gadotti:
66 ·
3.1
O BEHAVIORISMO E A ABORDAGEM
CIENTÍFICA DO ENSINO
Primeiramente se faz necessário definir o que é behaviorismo:
Psicologia
Psic logia
Alma Estudo
(atividade mental)
Fonte: Autoras.
John B. Watson
(1878 - 1958)
3
saiba mais: Ivan Petrovich Pavlov foi um fisiologista
russo conhecido principalmente pelo seu trabalho no
condicionamento clássico. Foi premiado com o Nobel de
Fisiologia ou Medicina de 1904, por suas descobertas sobre
os processos digestivos de animais.
Ainda segundo Remor (2016, s/p.), Watson procurando ajustar métodos e aperfeiçoar
a natureza científica à necessidade “insistiu que era preciso limitar-se ao estudo
objetivo do comportamento com métodos de investigação rígidos”. Logo, ele então
incluiu a observação pelos métodos, conforme Quadro 09.
Porque apesar da repulsa pela introspecção, ele não pode ignorar os trabalhos
realizados pelos psicofísicos com o uso da introspecção. Para tanto, sugeriu que as
reações orais, por serem observáveis, seriam consideráveis para o behaviorismo,
assim como qualquer tipo de retorno motriz.
Para Watson (1930, p.6) "Falar é fazer – ou seja, comportar-se. Falar aberta-
mente ou para nós mesmos (pensar) é um comportamento tão objetivo quanto
jogar beisebol (WATSON, 1930, p. 6.)”.
Segundo Remor (2016) a adoção do método do relato verbal no behaviorismo foi
muito questionada pelos adversários de Watson naquela época, ele foi acusado de
fazer um jogo de palavras, de estar oferecendo apenas uma mudança semântica.
70 ·
Logo, para o autor, ele se defendia rebatendo e concordando com que os relatos
verbais talvez não fossem precisos e, portanto, não seriam os substitutos adequados
da observação objetiva.
Contudo, ainda conforme Remor (2016), restringia o seu uso para as ocorrências em
que pudessem ser verificadas, assim como os relatos verbais não-verificáveis, como o
pensamento sem imagens e os relatos dos estados de sentimento, seriam descartados.
Watson chamou muito a atenção do mundo da psicologia ao afirmar que distúr-
bios emocionais em adultos são provocações das respostas de condicionamentos
estabelecias ainda na infância (REMOR, 2016). Ou seja, para ele, um programa de
condicionamento adequado na infância caberia por evitar adultos desequilibrados.
“Para tal, o Caso Albert foi essencial, apesar da rápida disseminação das ideias.
Watson levou algum tempo para que as mesmas se consolidassem de fato na psicologia,
constituindo assim a primeira fase do behaviorismo comportamental” (REMOR, 2016).
PSICÓLOGOS BIOGRAFIA
Edward C. Tolman
(1886 - 1959)
72 ·
e por radicalmente aceitar (i.e., aceitar integralmente) todos os
fenômenos comportamentais. (MATOS, 1995, p. 31)
74 ·
3.2
O COGNITIVISMO E SUAS
IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS
A Figura 32 é representada por meio de um esquema definindo a palavra cognição.
Cognitione Cognição
Aquisição de um
conhecimento por
meio da percepção
Fonte: Autoras.
Segundo Teixeira (2015, s/p.) “cognição é o conjunto dos processos mentais usados
no pensamento, na percepção e na classificação, reconhecimento e compreensão,
para o julgamento por meio do raciocínio, para o aprendizado de determinados
sistemas e soluções de problemas”. De uma maneira mais simples podemos dizer
que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda
informação captada, por intermédio dos cinco sentidos que estão relacionados com
a percepção do meio interno e externo, são o olfato, paladar, visão, audição e tato.
O modo que o questionamento e a abordagem cognitivista da aprendizagem
divergem do ponto de vista do comportamentalista, se dá pelo fato de destacar a
complexidade inerente a este processo e de se centrar nos processos mentais que
ocorrem para que a aprendizagem tenha lugar (MIZUKAMI, 1986).
Contudo para os cognitivistas a aprendizagem é estruturada e idealizada como
um processo de aquisição de esquemas de resposta e de adaptações sucessivas ao
meio, conforme Figura 33.
Cognitivistas Aprendizagem
Esquemas de respostas
Fonte: Autoras.
PRINCIPAIS TEÓRICOS
David Ausubel
(1918 - 2008)
Robert Gagné
(1916 - 2002)
Robert Gagné
(1916 - 2002)
DAVID AUSUBEL
A teoria de Ausubel baseou-se na visão cognitivista, que é aprendizagem, organiza-
ção e integração de material na estrutura cognitiva do indivíduo. Segundo Moreira
(1997) para Ausubel a aprendizagem significativa no processo de ensino necessita
fazer algum sentido para o educando e, nesse processo, a informação deverá inte-
ragir e ancorar-se nos conceitos relevantes já existentes na estrutura do educando.
A teoria da aprendizagem significativa, elaborada por Ausubel conforme Moreira
et al. (1997), foi definida como o processo que gera uma nova informação relacio-
nando-se com o aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo. A
Estrutura cognitiva é uma estrutura hierárquica de conceitos que são abstrações
da experiência do indivíduo (MOREIRA et al., 1997).
Para Moreira (2008) novas ideias e informações são aprendidas e retidas na
medida em que existem pontos de ancoragem. Logo, para o autor, a aprendizagem
significativa ocorre quando uma nova informação aporta-se em conceitos relevantes
preexistentes na estrutura cognitiva de quem aprende, na Figura 34 é apresentado
a estrutura cognitiva.
Ideias amplas
e inclusivas
Estrutura Reconciliação
Integrativa
Cognitiva
Informações
específicas
Fonte: Autoras.
ROBERT GAGNÉ
Gagné considera a aprendizagem como uma mudança interior e tenta integrar
os conceitos básicos das teorias cognitivas e comportamentais (NASCIMENTO, 2011).
Segundo ele, esta teoria convenciona que existem diferentes tipos ou níveis de
aprendizado. A importância destas classificações é que cada tipo requer diferentes
tipos de instrução.
informação verbal
habilidades intelectuais
habilidades intelectuais
habilidades motoras
Atitudes
Fonte: Autoras.
78 ·
Sabe-se que condições internas e externas diferenciadas são essenciais para cada
tipo de aprendizado. Gagné (1987) exemplifica, para que as estratégias cognitivas
sejam aprendidas é preciso que exista uma chance para se praticar o desenvol-
vimento de novas soluções para os problemas. Para aprender atitudes, a pessoa
precisa ser exposta a um modelo verossímil de papel, ou a argumentos persuasivos.
Segundo Fernandes (2015) Gagné sugere que tarefas de aprendizado para habilidades
intelectuais podem ser organizadas em hierarquia, de acordo com a complexidade,
conforme Figura 36.
reconhecimento de estímulo
geração de resposta
seguir procedimentos
uso da terminologia
discriminações
formação de conceito
aplicação e regras
resolução e problemas
EVENTOS INSTRUÇÕES
Aprendizagem
do significado Aprendizagem Processo interno
Fonte: Autoras.
80 ·
3.3
JEAN PIAGET E O CONSTRUTIVISMO
NA EDUCAÇÃO
A Figura 40 apresenta Jean Piaget (1896-1980), suíço, formado em Biologia e que se
dedicou a estudos na Psicologia voltados à Educação, trouxe enormes contribui-
ções para as Ciências Humanas, pela elaboração da teoria cognitiva da aprendiza-
gem, a partir de suas pesquisas sobre o desenvolvimento biológico do indivíduo ao
longo das fases iniciais da sua vida – criança e adolescência (FERNANDES, 2018).
Fonte: NTE/UFSM.
No Brasil, a partir da metade do século XX, começaram a surgir novas teorias nas
áreas da psicologia educacional. Piaget e Vygotsky (veremos a seguir) ambos pais
da psicologia cognitiva vigente, propõem que o conhecimento é edificado em
contextos naturais de interação social, estruturados culturalmente (ARGENTO, s/a).
Para Argento (s/a) cada educando constrói seu próprio aprendizado numa or-
dem de dentro para fora baseado em experiências de fundo psicológico. Para ela
os teóricos desta abordagem procuram explicar o comportamento do ser humano
na esperança que o sujeito e o objeto interajam em um processo que resulta na
construção e reconstrução de estruturas cognitivas.
Para Piaget (1996) apud Tafner (2008) o comportamento dos seres humanos não
é instintivo ou natural, nem resultado de condicionamentos. Para ele o compor-
tamento é construído numa interação entre o meio em que se vive e o indivíduo.
A teoria epistemológica (epistemo = conhecimento; e logia = estudo) é caracterizada
como uma visão interacionista do desenvolvimento. Para Piaget (1975) apud Fossile
(2010) a inteligência do indivíduo, como adaptação a situações novas, portanto, está
relacionada com a complexidade desta interação do indivíduo com o meio. Em outras
palavras, quanto mais complexa for esta interação, mais “inteligente” será o indivíduo.
82 ·
Segundo Fossile (2010) Piaget na sua concepção, considera quatro fatores como
essenciais para o desenvolvimento cognitivo da criança, conforme Figura 39:
De experiências Interações
Biológico e de exercícios sociais Equilibração
Assimilação Acomodação
Equilibração
Fonte: Autoras.
AÇÕES CONCEITOS
Fonte: Autoras.
Para Piaget apud Miranda e Senra (2012, p. 92), “a linguagem não é suficiente para
explicar o pensamento, uma vez que este tem raízes na ação e nos mecanismos
sensório-motores”. Ainda segundo os autores a origem do pensamento é anterior à
linguagem (e independente dela), logo, ela é uma construção da inteligência e tem
origem no estágio sensório-motor, quando se inicia a função simbólica. Na figura
41 é feito uma nuvem de palavras com as principais “palavras” que representam o
pensamento e a linguagem visto neste subcapítulo.
84 ·
Figura 41 – Nuvem de palavras (Pensamento e Linguagem)
Fonte: Autoras.
Piaget apud Miranda e Senra (2012, p.98) afirmam que as “estruturas de linguagem
não são concedidas pelo meio ambiente, mas sim pelo nascimento e desenvolvidas
no dia a dia”. Magalhães afirma que o desenvolvimento da linguagem é um processo
de equilibração progressiva: “uma permanente passagem de um estágio de menor
equilíbrio para outro” (MAGALHÃES, 2007, s/p).
Denominando a fala privada de “fala egocêntrica”, Piaget considera que a função
simbólica não está desenvolvida por completo (MIRANDA; SENRA, 2012).
Fonte: NTE/UFSM.
86 ·
3.3.4 O Educador
Ao optarmos por trabalhar com o Construtivismo, Figura 43, devemos antes de
mais nada conhecer as concepções que uma criança tem da língua escrita. Coe-
rentemente, sabe-se que a compreensão da criança é diferente da compreensão
dos adultos, ficando a cargo do educador entender esse processo. Cabe também
ao educador resgatar na criança as conquistas já realizadas por elas, objetivando
estimular seu conhecimento e assimilação.
Fonte: NTE/UFSM.
O seguimento rigoroso do currículo preestabe- Busca pelas questões levantadas pelos alunos
lecido é altamente valorizado. é altamente valorizada.
Os estudantes são vistos como “tábulas rasas” Os estudantes são vistos como pensadores
sobre as quais a informação é impressa. com teorias emergentes sobre o mundo.
O professor busca as respostas corretas para O professor busca os pontos de vista dos
validar a aprendizagem. estudantes para entender seus conceitos
presentes para uso nas lições subsequentes.
Fonte: Autoras.
88 ·
3.3.7 Os estágios de desenvolvimento
“O ideal da educação não é aprender ao máximo, maximizar os resultados, mas
é antes de tudo aprender a aprender, é aprender a se desenvolver e aprender a
continuar a se desenvolver depois da escola”.
(Jean Piaget)
Sensório-motor (0 – 2 anos);
Pré-operatório (2 – 7 anos);
Operatório-concreto (7 – 12 anos);
Operatório Lógico-Formal (12 – 16 anos).
ESTÁGIOS DESCRIÇÃO
90 ·
3.4
LEV VYGOTSKY E O
SOCIOCONSTRUTIVISMO
NA EDUCAÇÃO
Lev Vygotsky nasceu em 1896 na Bielo-Rússia, de família judia, a Figura 46 refere-se
a imagem de Vygotsky. No ano de 1918 formou-se em Direito pela Universidade de
Moscou, casando-se aos 28 anos, vindo a falecer em 1934. Enquanto Lev cursava
Direito também estudava e cursava os cursos de História e Filosofia.
Alicerçado a partir de suas experiências através da formação de educadores,
dedicou-se ao estudo dos distúrbios de aprendizagem e de linguagem, das diversas
formas de deficiências congênitas e adquiridas, vindo a graduar-se em Medicina,
fundando o laboratório de psicologia da Escola de Professores de Gomel, ministrando
várias palestras que posteriormente foram publicadas no livro Psicologia Pedagógica
no ano de 1926 (OLIVEIRA, 1993).
Fonte: NTE/UFSM.
Lev Vygotsky empenhou-se com teses dentro de seus estudos e pesquisas nas quais
são possíveis descrever a relação indivíduo/sociedade, afirmando que as caracterís-
ticas humanas não estão presentes desde que o indivíduo nasce, nem são também
resultados das influências do meio externo, representado no Quadro 16. Estas teses
são consequências das relações homem e sociedade, quando o homem converte o
meio na busca de atender suas necessidades básicas, ele transforma-se a si mesmo.
92 ·
Quadro 16 – Teses que descrevem a relação indivíduo/sociedade de Lev Vygotsky
TESE CARACTERÍSTICAS
Fonte: Autoras.
É importante dar voz às crianças, deixando que elas exercitem seus pensamentos,
suas vontades. Nós, educadores, não devemos cerceá-las, devemos ouvi-las e agir
como mediadores, auxiliando também em sua construção intelectual (ROMERO, 2015).
Vygotsky (1987) afirma que a linguagem possui duas funções básicas: intercâm-
bio social e pensamento generalizante.
A função de intercâmbio social é bem visível nos bebês, uma vez que con-
seguem, por meio de gestos, expressões e sons, demonstrar seus sentimentos,
desejos e necessidades.
A função de pensamento generalizante pode ser exemplificada quando falamos,
por exemplo, a palavra boi. Independentemente de ter visto de perto algum boi ou
de comer ou não sua carne, nosso pensamento classifica tal palavra na categoria
94 ·
animais e nos remete à sua imagem.
Dentre as manifestações da linguagem encontramos também a fala privada – é
a fala consigo mesmo. Vygotsky (1987) a considera uma ligação entre linguagem
e pensamento, já que, conforme a fala privada se desenvolve, a criança torna-se
capaz de orientar e dominar ações (MIRANDA; SENRA, 2012).
Os pilares básicos do pensamento de Vygotsky apud Stadler et al. (2004):
1. “As funções psicológicas têm um suporte biológico, pois são produtos da
atividade cerebral”. O cérebro é um sistema aberto, pois é mutável. Suas estruturas
são moldadas ao longo da história do homem e de seu desenvolvimento individual;
2. O funcionamento psicológico tem como base as relações sociais, dentro de
um contexto histórico;
3. A cultura é parte essencial do processo de construção da natureza humana;
4. A relação homem-mundo é uma relação mediada por sistemas simbólicos.
Entre o homem e o mundo existem elementos mediadores – ferramentas auxiliares
da atividade humana.
Para Vygotsky as funções psicológicas superiores (ações e pensamentos inteli-
gentes que só encontramos no homem, como pensar, refletir, organizar, categorizar,
generalizar, entre outros) são construídas ao longo da história social do homem”
(STADLER et al., 2004)
Para Vygotsky as pessoas não tem um contato direto com objetos e sim uma me-
diação, por meio de um conhecimento ou por uma experiência, logo, ele defende
a sua teoria como sócio construtivista, em que a interação é mediada por várias
relações, vindo a se diferenciar do construtivismo, em que o indivíduo age sem
desvios indo direto ao objetivo (MAGALHÃES, 2007).
“A mediação, conceito central de sua obra, é a intervenção de um elemento
intermediário em uma relação, logo, para Vygotsky, existem dois elementos me-
diadores: os instrumentos e os signos. Ambos oferecem suporte para a ação do
homem no mundo” (STADLER et al., 2004, s/p.). Esta relação está representada na
Figura 46, a seguir.
Stadler et al. (2004, s/p.) esclarece que “instrumento é todo objeto (externo)
criado pelo homem com a intenção de facilitar seu trabalho e sua sobrevivência,
enquanto os signos são instrumentos psicológicos (internos), que auxiliam o ho-
mem diretamente nos processos internos”.
Elementos mediadores
Instrumentos Signos
Ação do homem
Fonte: Autoras.
Quando o indivíduo cria uma lista para ir ao mercado, conforme Figura 47, está
criando signos, ou seja, instrumentos psicológicos que o auxiliarão, mais tarde, na
realização da ação (compras no mercado).
96 ·
3.4.4 Zonas de desenvolvimento
Vygotsky, em sua teoria sócio construtivista, afirma que sempre que há um tipo de
troca (relação) existe aprendizagem, para ele o homem não é um ser passivo, visto
que é um ser que, ao criar cultura, cria a si mesmo (STADLER et al., 2004).
Como afirmar, então, que uma criança só adquire conhecimento quando passa a
frequentar a escola?
Para Vygotsky é fora do contexto escolar que a criança desenvolve seu potencial,
sim, com todas as trocas estabelecidas, também quanto ao desenvolvimento da
língua escrita, ele não diminui a importância do ambiente escolar, pois acredita
que quando a criança se familiariza com o mundo escolar ocorre algo fundamen-
talmente novo em seu desenvolvimento: a criança sai da sua zona de desenvolvi-
mento real e passa, com auxílio do educador ou outro mediador, para a zona de
desenvolvimento potencial – caracterizando a zona de desenvolvimento proximal,
conforme Figura 48 (MAGALHÃES, 2007).
Fonte: NTE/UFSM.
Para Vygotsky apud Resende (2009) a forma como as escolas realizam o processo da
escrita, é completamente errado, criticando o ato mecânico, onde o educador exigi
que as crianças desenhem as letras e construam palavras sem ensinar a linguagem
escrita (RESENDE, 2009). Sendo assim, para ele, é ignorado os aspectos psíquicos
da criança, ainda segundo o autor Vygotsky defende que, para escrever, as crianças
devem entender a linguagem falada; sua incursão na escrita ocorrerá quando elas
perceberem que podem também desenhar o que se fala, Figura 50.
“A primeira tarefa de uma investigação científica é revelar essa pré-história da
98 ·
linguagem escrita; mostrar o que leva as crianças a escrever; mostrar os pontos
importantes pelos quais passa esse desenvolvimento pré-histórico e qual a sua
relação com o aprendizado escolar” (VYGOTSKY, 1998, p. 141).
Figura 50 – Crianças desenhando o que se fala segundo a teoria de Vygostsky
Fonte: NTE/UFSM
100 ·
4
TEORIAS DA EDUCAÇÃO
CONTEMPORÂNEA
102 ·
INTRODUÇÃO
V
ive-se num período em que, de toda a parte, surgem interrogações acerca das
orientações a dar à educação. Surgindo também aquele ponto de interroga-
ção acerca da natureza das mudanças educativas. Que teoria de educação
devemos escolher para seguir? Qual devemos aplicar e acreditar para nossas vidas
e para nossas práticas educativas na escola?
Libâneo, Santos e Saviani em seus estudos pensam ser certo dizer que:
104 ·
iluminista acentua o papel da formação geral, o poder da razão
no processo formativo, a capacidade do ser humano de gerir seu
próprio destino, de ter autodomínio, de comprometer-se com
o destino da história em função de ideais. (LIBÂNEO; SANTOS;
SAVIANI, 2005, p. 04-05).
tendências correntes
Teorias da
Educação
paradigmas
Fonte: Autoras.
Segundo Libâneo, Santos e Saviani (2005, p. 21) as teorias apresentam como ca-
racterísticas em comum:
Ainda, outra questão que gera muitos problemas e embates, segundo Libâneo,
Santos e Saviani (2005), refere-se às consequências da grande acumulação de
conhecimentos científicos e técnicos produzidos pelos tempos modernos, entre
elas, as disciplinas isoladas e fragmentadas, com isso, provocando a dissociação
da cultura, da economia, da política, do sistema de valores e da personalidade.
Para Libâneo, Santos e Saviani (2005) algumas correntes modernas da educação
buscam separar seus discursos face às transformações que marcam os dias atuais,
o momento histórico presente tem recebido várias denominações, como:
• sociedade pós-moderna;
• pós-industrial;
• pós-mercantil;
• sociedade do conhecimento.
106 ·
processo produtivo;
• Novas tecnologias da comunicação e informação, ampliação e difusão da
informação, novas formas de produção, circulação e consumo da cultura,
colapso da divisão entre realidade e imagem, arte e vida;
• Mudanças nas formas de fazer política: descrédito nas formas mais convencio-
nais e emergência de novos movimentos e sujeitos sociais, novas identidades
sociais e culturais;
• Mudanças nos paradigmas do conhecimento, sustentando a não separação
entre sujeito e objeto, a construção social do conhecimento, o caráter não-
-absolutizado da ciência, a acentuação da linguagem;
• Rejeição dos grandes sistemas teóricos de referência e de ideias-força formu-
ladas na tradição filosófica ocidental tais como a natureza humana essencial,
a ideia de um destino humano coletivo e de que podemos ter ideais que
justificam nossa ação, a ideia de totalidade social. Em troca, o que há são
ações específicas de sujeitos individuais ou grupos particulares, existências
particulares e locais.
108 ·
Quadro 17 – Correntes pedagógicas contemporâneas
CORRENTES MODALIDADES
Ensino de excelência
Racional-tecnológica
Ensino Tecnológico
Holismo
Teoria da Complexidade
Holísticas Teoria naturalista do conhecimento Ecopedagogia
Conhecimento em rede
Pós-estruturalismo
Pós-modernas Neo-pragmatismo
110 ·
4.2
DA CIÊNCIA MODERNA AO NOVO
SENSO COMUM
2 interatividade: XXII SNEF – UMA NOVA CIÊNCIA PARA UM
NOVO SENSO COMUM – PROF. MARCELO GERMANO: https://
www.youtube.com/watch?v=-dbqudJECrE
Tardif (2010, p. 364) destaca que a ciência aparece como a grande solucionadora dos
problemas humanos “um remédio universal contra todos os males, a começar pela
ignorância, passando pela crítica das crenças tradicionais, superando as opiniões
do senso comum para atingir um conhecimento rigoroso, sistemático, universal,
concreto e correto”. Isto significa que todas as dimensões do homem passam a ser
estudadas sob o enfoque das ciências que pretendem mensurá-lo, particularmente,
as ciências humanas. Este fato é resultado de uma longa história, com elementos
despontados entre os três últimos séculos: “o projeto moderno de fundar uma ciência
da educação germina lentamente no século XVIII, sob a influência de Rousseau, do
racionalismo das Luzes, do empirismo inglês e do progresso da ciência e depois,
em meados do século XIX, das ciências da vida” (TARDIF, 2010, p. 360).
De acordo com Nogueira:
Para Gauthier (s/ano) uma das funções da ciência será a crítica da tradição em geral,
pois em nome da ciência se ergue verdades sobre todos os tipos de tradição sejam
eles religiosos, morais ou jurídicos. O que não for fundamentado, racionalmente,
tende a tornar-se sinônimo de duvidoso e obsoleto.
112 ·
3 saiba mais: para Gauthier, a pedagogia nova expõe a
criança no cerne de seus interesses, em vista disso, ela deve
“transmitir” a cultura tendo como pressuposto as forças vitais
da criança, permitindo assim, o seu pleno desenvolvimento.
Isto significa que a prática educativa será pautada em valores
subjetivos e não mais em valores objetivos quais sejam o
verdadeiro, o belo e o bem. Então, educar não é mais um
movimento do exterior para o interior como na pedagogia
tradicional, mas do interior para o exterior. Isto implica que
o desenvolvimento das forças imanentes da criança: seus
desejos, sentimentos, sua criatividade passa a ser permitidos.
Além de ser possuidora de uma energia vital e criadora, a
criança tem necessidades e interesses. Nesse caso, para a
pedagogia nova é fundamental que tanto o ensino como a
aprendizagem girem em torno dessas “realidades”. Isto implica
que todo o programa pedagógico seja determinado por essas
“categorias” em nível de estrutura e conteúdo.
114 ·
Essas experimentações serão realizadas por meio de testes psicológicos de apren-
dizagem e seus instrumentos. Nas palavras de Plaisance e Vergnaud:
N
o transcorrer desta disciplina pode-se fazer um breve apanhado geral
sobre a teoria da educação, bem como na primeira unidade discorrer
sobre a Gênese, historiografia das matrizes filosóficas e epistêmicas do
pensamento pedagógico brasileiro, transcorrendo pelo século XIX: o século da
pedagogia; o século XX até os anos 50: “Escolas Novas” e ideologia da educação; a
segunda metade do século XX: ciências da educação e empenho mundial da pe-
dagogia; as ideias pedagógicas no Brasil entre 1969 e 2001; a educação na ruptura
política para a continuidade socioeconômica. Na segunda unidade vimos sobre
a pedagogia tecnicista, concepção analítica e visão crítico-reprodutivista; ensaios
contra-hegemônicos: as pedagogias críticas buscando (re)orientar a prática educa-
tiva; o neoprodutivismo e suas variantes neoescolanovismo, neoconstrutivismo e
neotecnicismo. Já na terceira unidade abordou-se o behaviorismo e a abordagem
científica do ensino; o cognitivismo e suas implicações pedagógicas; Jean Piaget e
o construtivismo na educação; Lev Vygotsky. Na quarta e última unidade fizemos
um apanhado da teoria do socioconstrutivismo na educação; teorias contemporâ-
neas da educação: natureza e definição e ciência moderna ao novo senso comum.
Logo, com o estudo sobre as teorias da educação podemos refletir sobre as ma-
trizes filosóficas e epistêmicas do pensamento pedagógico brasileiro, analisando
a noção de educação moderna e o nascimento das ciências da educação. Por fim,
espera-se que você tenha subsídios de entender os diferentes aspectos ligados as
teorias da educação e possa fazer uso em sua prática escolar, a fim de tornar-se
um processo de ensino e aprendizagem agradável e aprazível.
116 ·
ATIVIDADES DE REFLEXÃO
OU FIXAÇÃO
1. O saber pedagógico-educativo esteve representado principalmente na Inglaterra,
França, Alemanha e Itália. Essa predominância se deve, também, ao destaque e
participação que tais países obtiveram dentro da conjuntura internacional durante
o século XIX. Devidamente posta à prova pela aplicação de suas ideias e procedi-
mentos, a pedagogia e a educação foram modelando-se de forma a estabelecer a
importância da instrução, como decorreu esse processo?
12. Para Skinner (1972) o grande foco dos estudiosos da aprendizagem não
devem ser as ações que os indivíduos emitem em si, mas sim as contingências do
qual o comportamento é função. Tentando elucidar sua ideia, ele expõe que três
são as variáveis que compõem as chamadas contingências de reforço, sob as quais
há aprendizagem:
118 ·
18. Para Piaget, o estágio sensório-motor se caracteriza por ocorrer:
a) do nascimento aos 2 anos, havendo progressão de simples ações reflexas para
o processamento simbólico;
b) a partir dos 2 anos, havendo aprendizado através da habituação, do condi-
cionamento operante e da imitação;
c) entre 2 e 6 anos, com uso de palavras e números para representação do mundo
em uma perspectiva subjetiva;
d) entre 7 e 11 anos, com entendimento e aplicação das operações lógicas às
experiências do aqui e agora;
e) a partir da adolescência, com uso do pensamento abstrato, especulação hi-
potética e raciocínio dedutivo.
ALVEZ, G. L. História das idéias pedagógicas no Brasil. Rev. Bras. Educ. v. 13, n.
37, Rio de Janeiro Jan./Apr. 2008.
ARANHA, M. L. de A. História da Educação. 2. Ed. Ver. e atual. São Paulo: Moderna, 1996.
120 ·
nº 98, fev. p. 128-132.
122 ·
Paulo: Ícone, 1988.
MONROE, P. História da educação. Nova tradução e notas de Idel Becker. 14. Ed. São
Paulo: Editora Nacional, 1979.
REMOR, E. A new era for the journal Psicologia: Reflexão e Crítica. Psicologia: Re-
flexão e Crítica, v. 29, n. 1. 2016.
SAVIANI, D. Escola e democracia. 35. ed. rev. Campinas: Autores Associados, 2002.
124 ·
ciados, 2007.
SKINNER, B. F. Tecnologia do ensino. Trad. Rodolpho Azzi. São Paulo: Herder, Ed.
da USP, 1972.
SNYDERS, G. La Pedagogia en Francia en los Siglos XVIIY XVIII. In DEBESSE, M.; MIA-
JARET, G. Tratado de Ciencias Pedagogicas – História de La Pedagogia. Barcelona,
Espanha: Ed. OikosTau S.A., 1974.
126 ·
APRESENTAÇÃO DAS
PROFESSORAS RESPONSÁVEIS
PELA ORGANIZAÇÃO
DO MATERIAL DIDÁTICO