Teoria Da Educacao

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TEORIA DA

EDUCAÇÃO

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Rita de Cássia Marques Costa

Marcos Adriano Barbosa de Novaes

Sonia Maria Henrique Pereira da Fonseca

TEORIA DA
EDUCAÇÃO

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Sumário
Apresentação do Professor
Sobre o autor
Trocando ideias com os autores
Problematizando

Unidade de Estudo I: A História e o pensamento pedagógico

Uma cronologia das ideais dos pensadores: Evolução da Educação versus


Evolução da Sociedade.

O Pensamento Pedagógico Oriental: Lao – Tsé e Talmude

O Pensamento Greco: Sócrates, Platão e Aristóteles

O Pensamento Romano

Principais Educadores Romanos

Pensamento Medieval

Pensamento Renascentista

Pensamento Moderno

Pensamento Iluminista

Pensamento Positivista

Pensamento Socialista

O Pensamento Escolanovista (A Escola Nova)

O Pensamento Antiautoritário

O Pensamento Crítico

Unidade de Estudo II: O Pensamento Pedagógico do terceiro mundo:


novas possibilidades na educação

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O Pensamento Pedagógico Brasileiro

A Educação Permanente

Unidade de Estudo III: A Pluralidade dos modos de conhecimento:


Democratizando a ciência

Unidade de Estudo IV: Uma análise sobre as Teorias da Educação

Conceituando as Teorias da Educação

Espaço formativo no contexto da Educação contemporânea

O surgimento da pedagogia

Pontos de destaque

Tendências Pedagógicas

Abordagem Tradicional

Abordagem Comportamentalista

Abordagem Humanista

Abordagem Cognitivista

Abordagem Sociocultural

Síntese: as concepções e Tendências da Educação

Unidade de Estudo V: A interface entre as Teorias Modernas,


Contemporâneas e Pós-Modernas

A Pedagogia e suas exigências em o mundo de mudanças.

Teorias Pedagógicas Modernas e Pós-Modernas

O contexto ―Pós- Moderno‖ e os impactos na Educação

Um esboço das teorias e correntes pedagógicas contemporâneas

A corrente racional-tecnológica

A corrente neocognitivista

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Teorias Sociocríticas

Correntes ―holísticas‖

Correntes ―Pós-Modernas‖

Explicando melhor com a pesquisa

Leitura Obrigatória

Pesquisando na Internet

Saiba mais

Vendo com os olhos de ver

Revisando

Autoavaliação

Bibliografia

Bibliografia Web

Vídeos

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Apresentação do Professor

Olá, sejam bem-vindos!

A Teoria da Educação abrange as concepções dos espaços formativos


que permeiam o cotidiano de nossas escolas. No cenário educacional vem se
fazendo confusão entre os termos ―ciências da educação‖ e ―Pedagogia‖. Mas
do ponto de vista epistemológicos são diferentes. Cabanas (2002) diz o que
chamamos de ―Teoria da Educação‖ é a ―Pedagogia‖ enquanto ciência.

Como a educação tem sido por algum tempo centrada no professor


denominada educação tradicionalista, houve a necessidade de uma pedagogia
nova, capaz de tornar a prática da educação mais dinâmica e eficaz, trazendo
a exigência de maior sistematização de conhecimento, esboçando uma nova
maneira de interpretar a educação.

Este material irá trazer variados pensamentos pedagógicos do primeiro e


terceiro mundo bem como suas teorias e as possibilidades na Educação, você
terá uma visão sobre a pluralidade educacional na atualidade, realizando uma
análise comparativa entre a modernidade e pós-modernidade no aspecto
democrático da ciência.

A disciplina propiciará a você um aprendizado prazeroso; nela serão


abordados temas relacionados ao conhecimento e às formulações das teorias
construídas em diversas épocas históricas.

Abordaremos as Teorias da Educação, analisando e conceituando os


diversos pensamentos de autores que participaram e contribuíram para o
formato da educação no país.

Você terá a oportunidade de estudar sobre as tendências pedagógicas e


seus pressupostos de aprendizagem. Para tanto, devemos revelar a
multidimensionalidade que envolve o fenômeno educativo, as diversas
abordagens e tendências pedagógicas.

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Este material lhe mostrará os estudos em Pedagogia na modernidade, e
você entenderá como os fatores socioculturais e institucionais se desenvolvem
nos processos de crescimento e de transformação dos indivíduos. E em que
condições esse sujeito aprende melhor nessa atualidade rica em contradições
socioeconômicas.

Os autores fundamentais para a realização desse estudo sobre docência


e conhecimento foram: Luckesi (1983), Saviani (1985); a partir dos diversos
estudos que avaliam e conferem as abordagens do processo de ensino e
aprendizagem, podemos enfatizar os trabalhos de Bordenave (1984), Libâneo
(1982), Saviani (1984) e Mizukami (1986).

Os autores!

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Sobre o autor

Rita de Cássia Marques Costa, mestre em Educação


Brasileira, na linha de Movimentos Sociais, Educação Popular
e Escola, no Eixo de Estudos Sócio-antropológicos e Políticos
da Educação, pela Universidade Federal do Ceará-UFC
(2009). Graduada em Pedagogia pela UVA/ Sobral - (2004).
Com experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Popular e
Extensão Rural, Extensão Social, Educação Ambiental, Desenvolvimento
Sustentável, Mobilização Social, Educação e Saúde. Atualmente, está como
Assessora Pedagógica da Pró-diretoria de Ensino e Graduação, Coordenadora
do SEAD-PRODEG e Presidente da CPA do Centro Universitário – UNINTA.

Marcos Adriano Barbosa de Novaes, mestre em Educação


e Ensino pelo Mestrado Acadêmico da Universidade Estadual
do Ceará (MAIE/FAFIDAM/FECLESC), possui graduação em
Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA)
(2013), especialista em Gestão de organizações Sociais. Tem
experiência na área de Educação, com ênfase em Política Educacional,
atuando principalmente nos seguintes temas: Reforma do Estado e da
Educação, Democratização, Educação Superior.

Sonia Maria Henrique Pereira da Fonseca, Mestre em Ciências


da Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologias-ULHT. Especialista em Ciências da Educação.
Especialista em Educação a Distância. Graduação em Pedagogia
pela Universidade Estadual do Ceará-UECE. Atualmente atua
como Coordenadora Pedagógica da Proedu do Centro Universitário – UNINTA.

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Ambientação à disciplina
Caro estudante,

Vamos conhecer a disciplina Teoria da Educação I, para que


você possa compreender melhor os caminhos que irão percorrer para
aprimoramento dessa disciplina. Apresentar através dos períodos
históricos e suas tendências considerando as condições sócio -políticas
de cada época nos países desenvolvidos.

O estudo sobre as Teorias da Educação exige em um primeiro


momento o entendimento sobre o que é a teoria da educação.

Como as teorias da educação se posicionam perante o fenômeno da


escolarização, em pleno século XXI, ainda, é fator determinante de exclusão
social?

O fato é que temos aquelas teorias que entendem ser a educação um


aparelho de alinhamento social, de superação dos problemas da sociedade.

Podemos iniciar o estudo compreendendo a sociedade e a educação


brasileira a partir do pensamento de Anísio Teixeira. Ele teceu sua
compreensão da sociedade e da educação no Brasil, no movimento que ficou
conhecido como Escola Nova que o colocou em contato com a cultura erudita.
E em um constante diálogo com alguns dos maiores intelectuais brasileiros da
época. Dedicou quase meio século de sua vida a pesquisa sobre a gestão de
ensino.

Naquela ocasião sua vida pública foi movida, por um sonho de


materializar um projeto de educação popular. Por este sonho Anísio Teixeira,
estudou, escreveu, viajou com o intuito de conhecer outras experiências
pedagógicas, debateu no Congresso e em associações diversas as suas
propostas de uma educação para todos os brasileiros.

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Não pretendia promover apenas uma campanha de ensinar a ler e a
escrever, mas compreendia que era urgente promover educação para toda
população para o trabalho em que o uso das artes escolares fosse
indispensável, bem como para uma forma de governo que exigisse participação
consciente, senso crítico, aptidão para julgar e para escolher.

A crítica de Anísio Teixeira, por volta do ano de 1958, sobre a


seletividade da escola no Brasil, torna-se motivo de reflexão sobre a realidade
da educação atual e a sociedade contemporânea. Ainda, existe esta situação
na sociedade atual? Para que possamos encontrar respostas é imprescindível
se ter esperteza para perceber quais as ideias que estão subjacentes às
Teorias da Educação na sociedade do século XXI.

A intenção de começamos a partir da reflexão foi resgatar o


pensamento de Anísio Teixeira que teve suas bases teóricas construídas a
partir do pensamento de John Dewey. O pensador defendia que a concepção
de democracia e de mudança social encontra-se situada na criança, mas
especificamente na primeira infância. O que culminou na criação do termo
pragmatismo.

No final da década de 1930, Dewey, lembra aos educadores que a


teoria social é um guia metodológico de investigação e de planejamento. Essa
prática é o entendimento de múltiplos e simultâneos movimentos de reforma.
Esse problema é essencialmente intelectual. Quando se trata de estruturas e
de situações específicas de interação que exigem averiguações peculiares e
que permita direcionar a nossa compreensão dos problemas, o resultado desse
esforço reforça a ligação que há entre a democracia e o pensamento racional.

Finalizando, as reflexões iniciais sobre o pensamento de Anísio


Teixeira percebemos que as ideias de Dewey forneceram uma leitura da
sociedade e da educação e que estas ideias estão ancoradas na própria
categoria de reconstrução, isto, permitiu que o educador Anísio Teixeira
constituísse sua síntese e entrasse no campo de crítica filosófica moderna. A
partir do pensamento de Dewey, Anísio fez uma viagem no mundo de suas
concepções para reintegrar o velho e o novo por meio de uma crítica capaz de
distinguir, selecionar os elementos fundamentais do momento histórico vivido.

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Por fim, queremos deixar um pensamento para servir de reflexão durante todos
os estudos.

A conjuntura da educação contemporânea não é um problema dos que


não têm o direito a educação, mas de todos, sobretudo dos próprios
profissionais de educação como afirma o autor: “A pedagogia atua apenas
sobre o humano. A ela interessa constituir aquele grupo humano com o qual
qualquer projeto futuro pode contar.” (GONZAGA TEIXEIRA, 2000, p. 106).

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Trocando ideias com os autores

Caro estudante, agora é o momento em que você vai trocar ideias com
os autores das obras indicadas.

Sugerimos que leiam a obra Saberes Docentes e Formação


Profissional, de Maurice Tardif. O livro apresenta os saberes
que fundamentam o trabalho do professor em sala de aula.

TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. 5ª edição.

Sugerimos que leia a obra Professores e Professauros:


reflexões sobre a sala de aula e as diversas práticas
pedagógicas de Celso Antunes. Nesse livro Antunes critica e
satiriza o conservadorismo que segundo ele impede uma
educação com grandeza. Nos oferecendo sugestões de
como os professores podem atuar em sala de aula visando
uma aprendizagem consciente.

ANTUNES, Celso. Professores e professauros: reflexões sobre a sala e


práticas pedagógicas diversas. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.

Guia de Estudo

Após a leitura das obras, esquematize uma comparação entre o pensamento


dos autores destacando as teses que eles defendem.

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Problematizando

A prática do professor em sala de aula é influenciada pela experiência de


vida deste e pelo discurso pedagógico que ele constrói e utiliza na relação
direta com o estudante para transmissão de saberes.

Na didática e na comunicação direta com o educando, os educadores,


perpassam também, as teorias do conhecimento, da história e da filosofia da
educação combinado com a psicologia da educação.

E você caro estudante, o que percebe em relação às Teorias da


Educação? O ensino de hoje prepara o educando para o mundo? Como
trabalhar os saberes no ambiente escolar? Será que existe possibilidade de
desenvolver diálogo nos espaços escolares? E os discursos pedagógicos?
Estamos usando esses discursos para provocar o processo de ensino e
aprendizagem?

Guia de Estudo

Com base nos questionamentos acima, reflita e discuta com os seus


colegas as questões apresentadas. Registre em um texto as opiniões expostas
na discussão.

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A História e o pensamento
pedagógico

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Uma cronologia das ideais dos pensadores: Evolução
da Educação versus Evolução da Sociedade.

Alguns autores aceitam que a reflexão filosófica auxilia na descoberta


de antropologias, ideologias de sistemas educacionais, às inovações, às
concepções e práticas pedagógicas.

Acredita-se que a educação tem um grande papel no processo de


humanização do homem e na transformação social. A teoria educacional visa à
formação do homem absoluto. Através dos estudos teóricos dos grandes
pensadores da educação podemos entender e enfrentar as possibilidades e os
limites educacionais. Segue agora, a explicação dos mais variados e ricos
pensamentos pedagógicos para estudo.

O Pensamento Pedagógico Oriental: Lao – Tsé e


Talmude

A prática pedagógica vem antes ao pensamento pedagógico. Este por


sua vez nasceu com a meditação sobre a prática educativa, no intuito de
sistematizá-la e organizá-la para seus fins educativos. O oriente garantiu os
valores da memória, não-violência, da reflexão. Ligou-se a religião na qual
enfatizamos: taoísmo, budismo, hinduísmo, judaísmo.

A educação primitiva era prática, assinalada por rituais de iniciação e


baseada pela visão animista, na qual as coisas tinham alma idêntica a do
homem. A educação era natural, não-intencional, aprimorada na oralidade e
restringida ao presente próximo. Outra visão é o totemismo religioso,
compreensão de mundo que toma qualquer ser, homem, animal, planta como
divino e criador do grupo. A este ajuntamento social chamamos de clã. O
princípio pedagógico mais antigo foi o taoísmo, que foi uma condição de
panteísmo, cujos princípios são abalizados em vida saudável, tranquila,
sossegada, quieta. ―Baseando-se no taoísmo, CONFUCIO (551-479 a.C) criou

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o aparelho moral que acirrava a tradição e o culto aos mortos‖ (GADOTTI,
2005,p.22).

A primeira filosofia de vida: A partir daí, o confucionismo modificou-


se em religião do Estado até a Revolução Cultural, originada na China por Mao
Tsé-Tung, no século XX. O domínio dos pais sobre os filhos era indefinido, o
pai representava o próprio imperador em sua casa. Criou-se um sistema de
ensino dogmatizado e memorizado, acabou por fossilizar a inteligência e a
criatividade. A educação chinesa tradicional visava à cópia de hierarquias,
sujeição e submissão ao poder dos mandarins.

Ainda, nos dias de hoje, existe uma intenção em resgatar a essência


do taoísmo, que é a procura da harmonia e do equilíbrio nesse tempo de
desordem e de desumanização.

A educação hinduísta também amparava a contemplação e a


imitação das castas - classes hereditárias, acirrando o espírito e repudiando o
corpo. Os párias e as mulheres não tinham direito a educação. Os egípcios
foram os primeiros a ter consciência da importância da arte de ensinar e foram
eles os autores do uso de bibliotecas. Criaram casa de instrução, leitura e
escrita, história dos cultos, astronomia, música e medicina.

Mas foram os hebreus que mais mantiveram as informações sobre a


história, por isso que herdaram ao mundo um conjunto de princípios e tradições
que ainda hoje são adotados. A educação hebraica era rigorosa, desde a
infância, pregava medo a Deus e submissão aos pais. O método era
aprimorado na repetição e revisão do catecismo. A cultura ocidental foi
influenciada pelos métodos dos hebreus.

Nesse contexto, a educação primitiva ocorreu com características


parecidas, conforme Gadotti, assinalada pela tradição de culto aos velhos,
―Esse tradicionalismo pedagógico, foi guiado por tendências religiosas
diferentes: o panteísmo do extremo oriente, o teocratismo hebreu, o misticismo
hindu, o magicismo babilônico‖ ( 2005, p. 22).

Essas doutrinas se estruturaram e desenvolveram em função da


sociedade de classes, e a escola como instituição formal, surgiu como resposta

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à divisão social do trabalho e ao nascimento do Estado, da família e da
propriedade privada. Com a divisão social do trabalho, onde muitos trabalham
e poucos se favoreceram do trabalho de muitos, brotam as particularidades:
funcionários, sacerdotes, médicos, magos... E a escola passa a não ser mais a
aldeia e a vida, funcionando como um lugar especializado onde uns aprendem
e outros ensinam.

A escola que temos hoje apareceu com a hierarquização e a


desigualdade econômica, e a história da educação constituiu-se desse
alongamento da história das desigualdades econômicas. Nesse sentido o
sistema educacional é resultado de um processo histórico, que tem em seu
cerne as relações sociais e de produção, que organizaram e organizam a
sociedade em grupos econômicos caracterizados e, ainda mais, estabelece
uma relação entre classes sociais antagônicas. Dessa maneira, o sistema
educacional concretizou-se a partir do momento em que a sociedade se
estruturou em classes sociais antagônicas, com o fim da chamada sociedade
primitiva.

Os interesses e as necessidades da classe social dominante passaram


a delimitar o campo da Educação na medida em que passou a servir para a
dominação social de poucos sobre muitos, ―Existe entre povos que submetem
e dominam outros povos, usando a educação como recurso a mais de sua
dominância [...]‖ (BRANDÃO, 2007, p.10). Analisando a origem da escola
enquanto instituição, notamos que, ela surge a partir do fato de que a
dominação militar e política não surtiam mais os efeitos desejados em uma
sociedade, que se tornava cada vez mais complexa e multifacetada. Nesse
contexto a escola serve como um aparato de dominação ideológica e
intelectual.

A educação primitiva tinha atitude solidária, era unitária e integral,


única e igual para todos. Com a divisão social do trabalho surge à
desigualdade das educações: uma para exploradores e outra para explorados,
reprimidos e explorados.

[...] A necessidade de se apropriar da atividade intelectual e das


técnicas refinadas de produção passou a compor o rol da divisão
social do trabalho e, neste sentido, a classe dominante passou a

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compreender a Educação como elemento fundamental para a
manutenção da desigualdade social, uma vez que os conhecimentos
científicos e tecnológicos passaram a ser compreendidos como, cada
vez mais necessários para o desenvolvimento do sistema produtivo
(SOARES, 2004; TONET, 2005 apud GUIZO; EUSÉBIOS FILHO
2005).

Então a educação sistemática segundo Guzzo; Euzebios Filho (2005)


acaba assumindo como função primordial a manutenção, alienação e promove
a alienação social do trabalho, uma vez que a escola serve como espaço
estratégico de convivência social, que tem em seu cerne a reprodução da
dinâmica da sociedade capitalista e conferindo um saber dogmatizado a partir
de um ser elevado e todo-poderoso, causando medo e terror.

A educação hebraica, o que prevalecia nessa educação era o


idealismo religioso, onde os estudos fundamentavam-se na Bíblia. Todas as
matérias estudadas se pautavam com textos bíblicos e das normas morais. O
principal manual era a Tora, também chamada de Pentateuco, porque
acumulava os cinco livros de Moisés. Este por sua vez, era um homem
religioso e líder do êxodo do Egito, que exerceu influência na mentalidade
judaica.

Quanto ao ensino, era oral e repetitivo por meio do estudo do


Talmude, outro livro sagrado de princípio judaico, dirigido no século II,
representando o código religioso e civil dos judeus, que não acolhiam Cristo.
Para o Talmude, a criança deve ser castigada com uma mão e acarinhada por
outra, já a Bíblia dizia que a vara, a recriminação e a punição dão sabedoria a
criança.

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O Pensamento Pedagógico Greco: Sócrates, Platão e
Aristóteles

A Grécia foi lugar de origem da cultura, da civilização e da educação


ocidental devido sua conjuntura geográfica que provocava o comércio, por ter
uma sociedade estratificada e amparada por colônias. Os gregos tinham visão
universal. Ser um homem livre para eles significava não ter inquietações
materiais ou com o comércio e a guerra. Atividades privadas às classes sociais
inferiores.

O caráter de classe de educação grega surgia na reclamação de que o


ensino excitasse a competição, para afirmar a elevação militar sobre as classes
domadas e as regiões tomadas. O homem bem educado careceria ser capaz
de comandar e ser correspondido (GADOTTI, 2005). Só entre os gregos livres
que existiam diálogo e liberdade de ensino.

A Paideia é um termo do grego antigo, empregado para sintetizar a


noção de educação na sociedade grega clássica. A palavra é derivada de
paidos (paidós) = criança, significa criação dos meninos, referindo-se à
educação familiar pautada nos bons modos e princípios morais.

A paideia é o modelo ideal de educação da Grécia clássica, com o


passar do tempo esse modelo passou designar o resultado do processo
educativo que acompanha o ser humano por toda vida, indo além dos muros
escolares. Nos dias atuais esse ideário é exercido praticamente todo o mundo,
como um perfeito entendimento de formação social do ser humano. O dia a dia
do educando baseado no modelo de educação da paideia era organizada de
forma que a rotina do aluno era respeitar os preceitos da paideia, como:

 Acordar logo ao amanhecer, e com a ajuda do pedagogo, o


jovem lavava-se e vestia-se;

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 Refeição matinal e logo após, ida à palestra, para as aulas de
música e ginástica;
 Banho e regresso à casa para o almoço;
 Retorno à palestra à tarde, para lições de leitura e escrita;
 Ida para casa, sempre na companhia do pedagogo; estudo das
lições, trabalhos de casa, jantar e enfim repouso.
 Não havia finais de semana ou férias, exceto pelos festivais
religiosos ou cívicos;

Nesse sentido a Paideia concebeu um ideal mais adiantado de


educação da antiguidade. Uma educação integral, que advinha na conexão
entre cultura e sociedade e a criação individual. Criaram uma pedagogia de
ação individual, de convívio social e político. Os gregos obtiveram a fusão entre
educação e cultura, dando valor a arte, literatura, ciências e filosofia.

A formação de homem integral acontecia na formação do corpo pela


ginástica, na mente pela filosofia e ciências, na moral e sentimentos pela
música e pelas artes. A cultura Grega foi responsável pelo surgimento da
cultura, da civilização e da educação Ocidental. A educação era reservada aos
homens livres, que exigia que o ensino os preparasse para competição,
estimulassem virtudes guerreiras que serviria para assegurar a superioridade
militar sobre as classes submetidas e as regiões conquistadas.

Nessa educação o homem era formado para ser capaz de mandar e


fazer-se obedecer. Vale ressaltar que nem todos tinham acesso a esse modelo
de educação, essa educação era destinada apenas aos gregos livre.

Buscava-se ofertar uma educação integral, capaz de integrar cultura e


sociedade, pautada numa pedagogia da eficiência individual, simultaneamente
da liberdade e de convivência social e política. A relação paralela entre
educação e a cultura, possibilitava a valorização da arte, da literatura, da
ciência e da filosofia, que consistia na formação do corpo pela ginástica, da
mente pela filosofia e pela ciência e na da moral e dos sentimentos pela música
e pelas artes.

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Houve desacordos entre a educação espartana e a ateniense; entre os
espartanos preponderava a ginástica e a educação moral domada ao poder do
Estado. Já os atenienses, mesmo dando valor ao esporte, ofereceram mais
atenção à elaboração teórica para o exercício da política. Platão chegou a
dispor um currículo para seus alunos se tornarem reis, ele mesmo queria ser
rei.

O mundo grego foi rico em intenções pedagógicas: Pitágoras estudou a


matemática e sua afinidade com o universo; Sócrates dedicou-se a retórica e
na linguagem; Xenofontes foi a primeira a refletir a educação para mulheres,
apesar de restrita a conhecimentos caseiros e de importância do esposo. Partia
da imaginação da decência humana, segundo ensinou Sócrates. Os três,
Sócrates, Platão e Aristóteles desempenharam grandes influências ao mundo
grego.

Os gregos eram educados através de textos de Homero, o modelo


homérico de educação era pautado na preparação de pessoas destinadas ao
heroísmo, para a defesa e honra da pátria da qual faziam parte, nesse modelo
ganhava importância a busca do belo, do honrado e da reputação que
ensinavam virtudes guerreiras, cavalheirismo, amor à glória, à honra, à força e
a valentia. Ensinavam a superioridade e por isso imitavam os heróis. Essa
educação totalitária sacrificava em Esparta, todos os interesses aos interesses
do Estado.

O Humanismo ateniense pautava-se na superioridade de outros


valores, as contestações eram intelectuais, nas quais procuravam o
conhecimento da verdade, do belo e do bem. Platão imaginava com uma
República democrática, e pra ele a educação apresentava papel principal.
Amparava uma educação municipal para evitar as pretensões totalitárias, e
então o ensino seria controlado mais próximo da comunidade. Para ele, todo
ensino deveria ser público. O ideal da cultura aristocrática grega não abarcava
a formação para o trabalho, o espírito deveria continuar livre para criar.

Platão defendia que conhecer é lembrar, e que o homem, ao encontrar


o objeto do saber, tem condições de reconhecê-lo, uma vez que ele já está
impresso em sua alma. Platão preconizava uma formação básica consistente, a

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qual gradualmente vai atingindo estágios mais elevados, até resultar em
pesquisas filosóficas, a esta etapa só chegariam os seres particularmente
talentosos.

Platão denomina esta fase de educação preparatória, onde os


educandos possuem condições de aperfeiçoar de maneira harmoniosa o
espírito e o corpo. Para ele o ensino deveria ser função do Estado e não de
instituições privadas. Os educadores teriam que ser escolhidos por Atenas e
supervisionados por cidadãos que possuíssem poderes judiciais, nomeados
para atuar na campo educacional. Ele ainda projetava um modelo pedagógico
igual para homens e mulheres até que eles completassem seis anos de idade.
Daí em diante estes aprendizes seriam divididos em classes e professores
distintos.

A educação do cidadão, para o filósofo, teria uma duração de 50 anos,


organizados em cinco períodos:

 Dos 3 aos 6 anos: Prática do pentatlo (Nome coletivo de cinco


exercícios que constituíam os jogos da Grécia, em que entravam os
atletas: salto, carreira, luta, pugilato e disco. Dança e música para
ambos os sexos);

 Dos 7 aos 13 anos: Introdução paulatina da cultura intelectual e


acentuação dos exercícios físicos. A partir dos 10 anos, aprendizagem
da leitura e escrita e cálculo por processos práticos. Afasta-se assim dos
costumes atenienses que começavam a educação intelectual antes dos
10 anos;

 Dos 13 aos 16 anos: Período da educação musical. O programa é


dividido em duas secções: uma literária, compreendendo gramática e
aritmética; outra musical, compreendendo poesia e música. Ensina-se a
tocar a cítara e prefere-se a música dórica, enérgica e viril;

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 Dos 17 aos 20 anos: Período da educação militar. Os jovens deverão
adquirir resistência e uma saúde a toda a prova. Será preciso
harmonizar a música à ginástica, faziam-se os homens ferozes.
Somente com a música, produzir-se-iam os afeminados;

 Dos 21 anos em diante: Apenas os jovens mais capazes devem


continuar a educação já com carácter superior e baseada na Matemática
e Filosofia. Entre eles, selecionam-se os futuros governantes,
prosseguindo sua educação até os 50 anos.

Essa educação pode ser distribuída da seguinte forma:

 Dos 21 aos 30 anos: estuda-se com profundidade: Aritmética,


Geometria e Astronomia;
 Dos 31 aos 35 anos: predomínio da formação filosófica e dialética,
sem prejuízo dos estudos matemáticos;
 Dos 35 aos 50 anos: O magistrado será incumbido de uma função
pública e empregará os seus talentos para a prosperidade do Estado.
Ninguém será admitido ao governo, antes dos 50 anos de idade.

Dessa maneira os educandos prosseguiam, passando em um estágio


adiantado, por diversas disciplinas como Ciências Matemática, Astronomia,
entre outras disciplinas, até completar os cinquenta anos, o ápice dessa
formação era alcançado com o resgate do conceito eterno e puro do bem,
quando estaria preparado para exercer a gestão do estado, fazendo parte do
restrito círculo dos governantes, formado tão somente por filósofos.

Sócrates, filósofo grego nascido em Atenas, foi considerado o mais


espantoso fenômeno pedagógico da história ocidental. Acreditava que o
autoconhecimento é o inicio da abertura do verdadeiro saber. Defensor de um
diálogo vivo e amigo com seus discípulos.

Sócrates realizou uma reviravolta na história humana. A filosofia se


preocupava em explicar o mundo com base na observação das forças da
natureza. Com Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo. Ele se

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preocupou em levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e
à prática do bem.

Para Sócrates o homem é concebido como um composto de dois princípios,


alma (ou espírito) e corpo. De seu pensamento surgiram duas vertentes da
filosofia que, em linhas gerais, podem ser consideradas como as grandes
tendências do pensamento ocidental. Uma é a idealista,
que partiu de Platão (427-347 a.C.), seguidor de
Sócrates. Ao distinguir o mundo concreto do mundo das
ideias, deu a estes status de realidade; e a outra é a
realista, partindo de Aristóteles (384-322 a.C.), que
submeteu as ideias, às quais se chega pelo espírito, ao
mundo real.

Sócrates buscava o ensino pelo diálogo, defendia o diálogo como


método de educação, considerava muito importante o contato direto com os
interlocutores. Para Sócrates, ninguém adquire a capacidade de conduzir-se, e
muito menos de conduzir os demais, se não possuir a capacidade de
autodomínio. Para Sócrates o papel do educador é ajudar o discípulo a
caminhar nesse sentido, despertando sua cooperação para que ele consiga por
si próprio "iluminar" sua inteligência e sua consciência.

Assim, o verdadeiro mestre não é um provedor de conhecimentos, mas


alguém que desperta os espíritos. Ele deve, segundo Sócrates, admitir a
reciprocidade ao exercer sua função iluminadora, permitindo que os alunos
contestem seus argumentos da mesma forma que contesta os argumentos dos
alunos. Para o filósofo, só a troca de ideais dá liberdade ao pensamento e a
sua expressão - condições imprescindíveis para o aperfeiçoamento do ser
humano.

Aristóteles, discípulo de Platão, fixou de maneira realista que as ideias


estão nas coisas, como sua própria essência. Foi realista em sua intuição
educacional, e defendeu três fatores principais que originaram o

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desenvolvimento espiritual do homem; disposição inata, hábito e ensino. Logo,
mostrou-se adepto a medidas educacionais condicionantes.
.
Aristóteles acreditava que a educação era o caminho para uma vida
pública, cabendo a ela a formação do caráter do aluno. Via virtude como modo
de educar para viver bem prazerosamente. Tinha o Estado como o único
responsável pelo ensino. Defendia a ideia de que a criança aprende com o ato
de imitar os bons hábitos do adulto. Para ele o ser humano só será feliz se der
sua melhor contribuição ao mundo, se desfrutar suas condições necessárias
para desenvolver os talentos.

A virtude, para Aristóteles, é uma prática e não um dado da natureza


de cada um, tampouco o mero conhecimento do que é virtuoso, como para
Platão. Para ser praticada constantemente, a virtude precisa se tornar um
hábito. Embora não se conheça nenhum estudo de Aristóteles sobre o assunto,
é possível concluir que o hábito da virtude deve ser adquirido na escola.

Abaixo acompanhe um quadro resumo sobre os principais educadores


gregos:

EDUCADOR PRESSUPOSTO MÉTODO


SÓCRATES Autoconhecimento do Diálogo crítico, dividido
educando. em duas etapas: ironia e
maiêutica.
PLATÃO Elevação do ―espírito‖ Dialético a partir de
do educando. etapas precisas para o
processo educacional.
ARISTÓTELES Hábitos virtuosos e Lógico, partindo da
orientação racional para percepção do objeto,
os alunos. memorização do
percebido e inter-relação
entre os mesmos.

31
O Pensamento Pedagógico Romano

A sociedade romana era misturada de grandes proprietários, os


patrícios que abarcavam o poder e de plebeus, pequenos proprietários, que
mesmo sendo livres eram eliminados do poder. Já os escravos não tinham
ensino e eram tratados como objetos. Na ocasião de ouro do império, existiu
um sistema de educação com três graus clássicos de ensino: as escolas de
ludi-magister que forneciam a educação principal; as escolas do gramático, que
hoje são as mesmas do ensino secundário; e os estabelecimentos da
educação superior, que estreavam com a retórica e seguida do Direito e
Filosofia, se fundavam em uma condição de Universidade.

Aos poucos a classe aristocrática foi abdicando lugar para


comerciantes e pequenos artesãos e para uma pequena classe de burocratas,
e daí careceu de escolas que preparassem administradores.

Pela primeira vez na história, o estado assumiu diretamente a


educação e formou seu quadro, treinando os supervisores-professores. Assim
a educação romana abrange a ideia de se tornar utilitária e militarista
constituída pela justiça e disciplina. Uma educação para a pátria, onde
apreendia a paz só com vitórias e escravidão para os vencidos e aos rebeldes
a pena capital.

Os romanos não valorizavam o trabalho manual, seus estudos eram


essencialmente humanistas. O que viria a ser humanistas? Roma desenvolveu
a concepção de império formado de vários povos, sem discriminar os vencidos
e ainda lhe dando o direito a cidadania romana, em troca do pagamento de
impostos.

Humanitas: é pensar uma cultura universalizada. Equivale à Paideia


grega, distingue-se dela por se tratar de uma cultura predominantemente
humanística e, sobretudo cosmopolita e universal, buscando aquilo que
caracteriza o homem, em todos os tempos e lugares. É uma concepção que
não se restringe ao ideal de homem sábio, mas se estende à formação do
homem virtuoso, como ser moral, político e literário.

32
As humanistas, dada na escola romana, seguia as seguintes fases:
Ditado de um fragmento do texto, a título de exercício ortográfico; memorização
do fragmento; tradução do verso em prosa e vice-versa; expressão de uma
mesma ideia em diversas construções; análise das palavras nas frases;
composição literária.

Assim era instruída a elite romana. Enquanto os gregos e sua


pedagogia enfatizavam a visão filosófica ou o predomínio da retórica, Roma,
por sua vez, adotava uma postura mais gramática, voltada para o cotidiano,
para a ação política. É o domínio da retórica sobre a filosofia. A agricultura, a
guerra, a política constituía o programa que um romano nobre deveria realizar.
Os escravos aprendiam as artes e os ofícios nas casas onde serviam.

No apogeu do Império Romano, ou seja, no auge de suas conquistas,


os enormes tentáculos do império necessitavam de escolas que viessem a
preparar os futuros administradores. Quando os romanos impuseram o latim a
numerosas províncias, o sistema educacional romano dividia-se em três graus:

 Ludi-magister: educação elementar;


 Gramático: que corresponde ao que hoje chamamos de ensino
secundário;
 A educação superior romana seria a retórica, o ensino do direito e da
filosofia.

Direitos e deveres, eis o que ensinavam os romanos:

 Direito do pai sobre o filho (pater potestas). No lar o pai infligia sobre
os filhos, e nas escolas os castigos podiam ser severos, incluindo
açoites;
 Direito do marido sobre a esposa (manus);
 Direito do senhor sobre os escravos (patestas dominica);
 Direito do homem livre sobre um outro que a lei lhe dava por contrato
ou por condenação judiciária (manus capare);

33
 Direito sobre a propriedade (dominiun).

Todas as cidades e regiões conquistadas, apesar de se serem


consideradas aliadas de Roma, eram submetidas aos mesmos hábitos e
costumes, à mesma administração. Dessa forma os romanos conseguiram
atingir um fenômeno, que é chamando por muitos autores, de ―romanização‖,
obra que foi terminada pelo cristianismo.

Roma teve vários teóricos da educação dentre os quais podemos


destacar: Catão, ―o antigo‖ (234-149 a.C.): preconizava a formação do caráter,
defendendo o retorno às raízes romanas, a tradição contra a influência
helênica.

Principais Educadores Romanos

Marco Terêncio Varrão (116 - 27 a.C.): partidário de uma cultura


romano-helênica, com base na ―virtus‖ romana: pietas, honestitas, austeritas.
Escreveu uma enciclopédia didática, onde discutia o ensino da gramática.
Compôs sátiras, que viriam a orientar os jovens na ―virtus‖, com máximas
edificantes.

Marco Túlio Cícero (106 - 43 a.C.): ampliou o vocabulário latino,


apoiado na experiência com o mundo grego e na erudição. Valorizou a
fundamentação filosófica do discurso, tornando-se um dos mais claros
representantes da humanitas romana. Compreendia que a educação integral
do orador requer: cultura geral, formação jurídica, aprendizagem da
argumentação filosófica, bem como o desenvolvimento de habilidades literárias
e até teatrais, igualmente importante para o exercício da persuasão. Cícero
será inclusive um dos principais modelos dos pedagogos para os
renascentistas. Orador e político romano, nascido numa região próxima a
Roma. Estudou literatura grega, literatura latina e retórica com os melhores
mestres da época, aprofundou-se no estudo das leis e nas doutrinas filosóficas.
34
Valorizava a fundamentação teórica e filosófica do discurso,
apaixonado defensor da educação integral, afirmava que o orador deveria ter
erudição, conhecer a cultura geral, aprofundar-se na formação jurídica, na
argumentação filosófica e, conhecer e desenvolver habilidades literárias e
teatrais. Seus textos não se ocupam apenas da filosofia, mas também de
temas sociais.

Não só pela extensão, mas pela originalidade e variedade de sua obra,


Cícero é considerado o maior dos escritores romanos e o que mais influenciou
os oradores modernos, foi também, o mestre das letras mais completo de toda
a Antiguidade Ocidental.

Sêneca (por volta de 4 a.C. – 65): insiste na educação para a vida e


para a individualidade. Concebe a filosofia como um instrumento capaz de
orientar o homem para o bem viver. A filosofia teria a função de ensinar a
verdadeira vida humana, que não se confunde com o gozo dos prazeres,
voltada que está para o domínio das paixões, já que a felicidade consiste na
tranquilidade da alma. Enfatizado a educação moral, dando menos importância
à retórica, Sêneca parte da premissa que a educação deveria ser prática e
vivificada pelo exemplo.

Plutarco (por volta de 46 – depois de 119): dava ênfase em uma


educação que procurasse mostrar a biografia dos grandes homens, para que
assim servissem de exemplos vivos de virtude e de caráter. Reconhece a
importância da música e da beleza na educação.

Marco Fábio Quintiliano (por volta de 35 – depois de 96): Foi um dos


mais respeitado pedagogo romano. Defendia que o estudo devia dar-se num
espaço de alegria (schola), onde o ensino da leitura e da escrita devia ser
oferecido pelo mestre do brinquedo (ludi-magister), Marco Fábio peconizava:

35
 Distancia-se da filosofia, preferindo os aspectos técnicos da educação,
sobretudo da formação do orador;
 Valoriza a psicologia como instrumento para conhecer a individualidade
do aluno;
 Sugere para iniciação às letras, o ensino simultâneo da leitura e da
escrita, criticando as formas vigentes por dificultar a aprendizagem;
 Recomenda alternar trabalho e recreação para que a atividade escolar
seja menos árdua e mais proveitosa;
 Considera importante que a criança aprenda em grupo, por favorecer a
competição, de natureza altamente saudável e estimulante;
 Recomenda a prática dos exercícios físicos, realizada sem exageros;
 Valoriza a busca da clareza, a correção, a elegância e os clássicos
como Homero e Virgílio no estudo de gramática, reconhecendo os
aspectos estético, espiritual e ético.

Marco Fábio Quintiliano nasceu na Espanha. Estudou retórica com os


maiores mestres de seu tempo e lecionou em Roma durante vinte anos. É
considerado um dos pedagogos mais brilhantes do mundo antigo. Sua mais
significativa obra foi ―De institutione‖ oratória (escrita no ano de 95), publicada
em 12 volumes, nessa obra, o autor apresentou diretrizes para a formação
cultural dos romanos, desde a infância até a maturidade.

Defendia muito a necessidade de dominar os aspectos técnicos da


educação, sobretudo a formação do orador. Dizia que o ideal educacional da
eloquência (falar com o público de maneira convincente) associada à sabedoria
seria a fórmula perfeita para educar uma pessoa.

Valorizava também a psicologia como instrumento para se conhecer a


individualidade do aluno. Pelo que pudemos ver até então, Quintiliano, não se
prendia apenas às discussões teóricas, pelo contrário, defendia o uso de
técnicas de diversas ciências para a melhoria da educação. Por falar em
melhoria educacional, um aspecto que não se pode esquecer é que ele
também defendia o lúdico no processo ensino-aprendizagem, dizendo que

36
intercalando recreação com as atividades didáticas, o ensino seria mais
prazeroso.

Achava o estudo em grupo fundamental para o favorecimento da


emulação (busca pelos melhores postos na escola e na sociedade) e no
estímulo intelectual dos alunos. Incluiu na sua pedagogia exercícios físicos
moderados. Por outro lado não se esqueceu da formação intelectual vigorosa,
pois para ele, o estudo da gramática devia estimular nos alunos uma escrita
clara e elegante.

O trabalho de Quintiliano atravessou as barreiras do tempo e das


fronteiras, fazendo com que sua obra retornasse com vigor na época do
Renascimento em diversos países de língua latina.

O Pensamento Pedagógico Medieval

Com o declínio do império romano e as invenções dos chamados


bárbaros, foi abrigado o limite da influência da cultura Greco-romana. E a
igreja cristã brota como uma nova força espiritual.

Do ponto de vista pedagógico, Cristo havia sido um grande educador


popular e bem sucedido. A sua pedagogia era para a vida, e sua linguagem
erudita sabia tocar o povo mais humilde.

A patrística é o nome dado à filosofia cristã dos primeiros sete séculos,


elaborada pelos Padres da Igreja, que são os primeiros estudiosos da Escritura
e os mais antigos testemunhos da fé da Igreja e da vida cristã. A ponte que une
a Tradição Apostólica às gerações cristãs posteriores ocorreu no século I ao VII
depois de Cristo, acordou a fé cristã com doutrinas greco-romanas e
disseminou escolas catequéticas para todo império. E em seguida, surgiu a
concentração do ensino por parte do Estado cristão.

A partir de Constantino (século IV), o império seguiu o cristianismo


como religião oficial e pela primeira vez, a escola tornou-se um aparelho

37
ideológico do Estado. Na educação elementar, o intento da escola estava em
instruir as massas camponesas, mantendo-as doces e resignadas, através das
escolas paroquiais por sacerdotes. Na educação secundária, eram fornecidas
nas escolas monásticas, ou seja, conventos; e na educação superior,
munidas nas escolas imperiais onde eram organizados os funcionários do
império.

Nos séculos VI e VII, forma-se o império árabe. Maomé funda a nova


religião, o Islamismo (islã=salvação), seus seguidores ganham a designação
de mulçumanos ou maometanos. A doutrina de Maomé esta dominada no
Alcorão ( livro sagrado dos mulçumanos).

Ao contrário dos cristãos, os árabes não almejavam truncar a cultura


grega, e então se inicia um novo tipo de vida intelectual, chamada escolástica
que busca harmonizar a razão histórica com a fé cristã. Quem mais se
destacou foi São Tomas de Aquino. Defendeu que a educação habitua o
educando a brotar todas as suas potencialidades. Mas ele foi incriminado de
abusar do princípio da autoridade. Reformador de programas de ensino, criador
de escolas superiores, mas acima de tudo professor. Defendeu que
deveríamos impedir a aversão pelo tédio e acordar a disposição de admirar e
perguntar, como inicio do autêntico ensino.

Ao lado do clero, a nobreza realizava sua própria educação. Defendia


uma formação do perfeito cavaleiro com formação musical e guerreira, focando
apenas na guerra. As classes trabalhadoras só legavam a cultura da luta pela
sobrevivência.

Na Idade Média, já no século XVIII, com o desenvolvimento das


escolas monásticas, houve a disposição gremial da sociedade e o vigor da
ciência apresentada pelos árabes, constituindo a primeira organização liberal
da Idade Media. As Universidades desenvolveram três métodos que se
arrolavam entre si: as lições, repetições e as disputas. Conceberam até hoje
uma grande força nas mãos de classes dirigentes.

Para muitos historiadores, a Idade Média não foi uma idade das trevas
e da ignorância, como os ideólogos do Renascimento fixaram. Ao contrário, foi

38
fecunda em lutas pela autonomia, com greves e debates livres. Discutiam
sobre a gratuidade do ensino e pagamento dos professores. As escolas
medievais não possuíam o formato das escolas que conhecemos hoje, as
aulas podiam ser ministradas ao ar livre e a maioria esmagadora delas era
ligada á Igreja Católica (escolas monacais e catedralícias). E o que se ensinava
nessas escolas?

O conteúdo do ensino era o estudo clássico, isto é, as ―artes do homem


livre‖, bem diferente das ―artes mecânicas do homem servil‖. Essas artes eram
baseadas em algumas disciplinas, que vinham desde os tempos dos sofistas
gregos. Na Idade Média elas constituíram o trivium e o quadrivium.

O trivium (gramática, retórica e dialética), corresponderia atualmente


ao ensino médio era mais comum e de caráter mais popular, encontrava-se
abaixo do quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e música) que seria
uma categoria superior de ensino.

Assim o conteúdo de ensino passou a ser chamado de ―as sete arte


liberais e dividiam-se em o trivium e o quadrivium, que estão brevemente
resumidos na tabela abaixo:

TRIVIUM QUADRIVIUM
Estudo de gramática, retórica e Estudo de geometria, aritmética,
dialética corresponderia atualmente astronomia e música, eram
ao ensino médio era mais comum e consideradas como uma categoria
de caráter mais popular, menos superior de ensino. Geralmente só a
complexo que o quadrivium. elite econômica tinha acesso ao
mesmo.

Apesar de fortemente ligadas ao catolicismo, as escolas monacais e


catedralícias, de início, educavam os burgueses, mas em seguida estes
procuraram uma educação que atendesse aos objetivos da vida prática.
Alterações importantes no sistema educacional só vão ocorrer por volta do
39
século XI, com o fortalecimento do comércio, isso resulta em algumas coisas
importantes para a educação. Uma delas foi o surgimento das escolas
seculares. Com efeito, o desenvolvimento do comércio faz brotar novamente a
necessidade de se aprender a ler, escrever e calcular. Nessas escolas
burguesas, acontece uma forte contestação à Igreja, pois as mesmas se
opunham ao ensino puramente religioso. Na verdade essas escolas queriam
uma proposta ativa, que atendesse aos interesses da classe burguesa.

A educação medieval vai sofrer mudança novamente por volta do


século XII, pois a sociedade vai ficando cada vez mais complexa. Assim houve
ampliação dos estudos (Filosofia, Teologia, Leis e Medicina); surgimento de
mestres especializados; exigência de provas para a aquisição dos títulos de
bacharel, licenciado e doutor e por fim o surgimento das universidades.

Por outro lado, na época medieval a maior parte das mulheres não
tinha acesso à educação formal. Apesar de trabalharem arduamente ao lado do
marido, continuariam analfabetas. As meninas nobres aprendiam alguma coisa
em seu próprio castelo, ocasião em que recebiam aulas de artes domésticas.
Quando surgiram as escolas seculares, as meninas burguesas começaram a
ter acesso à educação. Porém nos mosteiros (alunas internas) e nos
educandários (alunas externas) as meninas aprendem a ler, escrever, fazer
artes da miniatura, executar cópia de manuscritos (raramente). Já que somos
educadores ou futuros educadores, é bom nos perguntar quem eram esses
mestres medievais? Os pedagogos – no sentido exato da palavra – não
aparecem na época medieval.

As questões pedagógicas eram objeto de reflexão de qualquer pessoa


que se dedicasse à interpretação dos textos sagrados, na preservação dos
princípios religiosos, no combate à heresia e na conversão dos infiéis. A
principal função da educação era a salvação da alma e a vida eterna. Por
conseguinte, no final do período medieval, com a ampliação do comércio e por
influência da burguesia, começam a haver transformações que irá determinar
os novos rumos da ciência, da literatura, da educação.

40
O Pensamento Pedagógico Renascentista

Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados


para identificar o período da História da Europa aproximadamente entre fins do
século XIV e inicio do século XVII. O Renascimento foi um importante
movimento de ordem artística, cultural e científica que se deflagrou na
passagem da Idade Média para a Moderna. Em um quadro de sensíveis
transformações que não mais correspondiam ao conjunto de valores
apregoados pelo pensamento medieval, o renascimento apresentou um novo
conjunto de temas e interesses aos meios científicos e culturais de sua época.
Ao contrário do que possa parecer, o renascimento não pode ser visto como
uma radical ruptura com o mundo medieval.

Caracterizou-se por uma revalorização da cultura greco-romana,


influenciando a educação tornando-a mais prática, compreendendo a cultura do
corpo e procurando suprir processos mecânicos por métodos mais afáveis.

O renascimento pedagógico estava unido a alguns fatores do próprio


progresso histórico. As grandes navegações do século XIV que produziram
origem ao capitalismo comercial, a invenção da imprensa alcançada pelo
alemão Gutenberg que disseminou o saber e a revolta, o achado da bússola
que permitiu as grandes navegações. Todos esses achados beneficiaram um
crédito ao individualismo, pioneirismo e aventura. Beneficiou a arte da guerra
com o achado da pólvora.

A educação renascentista organizou a formação do homem burguês e


a educação não atingiu as massas populares. Caracterizava-se pelo elitismo,
aristocratismo, individualismo liberal. Abrangia principalmente, o clero, a
nobreza e a burguesia. Os principais educadores renascentistas foram:

Vittorino da Feltre (1378-1446); Erasmo Desidério (1467-1536); Juan


Luís Vives (1492-1540); Fraçois Rabelais (por volta de 1483-1553); e Michel de
Montaigne (1533-1592).

41
Michel Montaigne (1533-1592), que abandonou a cultura obscura e a
disciplina escolástica, defendeu que os professores deveriam ter a cabeça
antes melhor que fornecida de ciência.

Engels apreciou a Reforma Protestante como a primeira grande


revolução burguesa. Foi iniciada por Martinho Lutero (1483-1546), como
consagração do livre-arbítrio. A principal decorrência da Reforma foi a
mudança da escola para o controle do Estado, nos países protestantes. Incidia
em uma escola pública religiosa. Mas não consistia ainda em uma escola
pública, leiga, obrigatória, universal e gratuita, como é entendida atualmente.
Era uma escola pública religiosa.

A igreja católica reagiu a Reforma Protestante por meio do Concílio de


Trento que inventou o índice dos livros proibidos e da Companhia de Jesus.
Organizou a inquisição para combater o protestantismo. Dentre os
reformadores cristãos, destaca-se João Calvino (1509-1564) que deu ao
protestantismo suíço e ao francês sua doutrina e organização.

Os jesuítas tinham como objetivo converter os hereges e alimentar os


cristãos vacilantes. A educação jesuíta encaminhou-se para a formação do
homem burguês. Seu fundador foi Inácio de Loyola (1491-1556). Nesta
educação tudo estava previsto, incluindo a posição das mãos e o modo de
levantar os olhos. Tinha como lema a obediência ao papa até a morte. Os
jesuítas desprezaram a educação popular, para o povo sobrou apenas o ensino
dos princípios da religião cristã.

A educação jesuítica conduziu a educação do homem burguês, e


desapoiou a formação das classes populares. Por força das ocasiões, tinham
de agir no mundo colonial em duas frentes: a formação da burguesia dos
dirigentes e a formação catequética das populações indígenas. A ciência do
governo para uns e a catequese e a servidão para outros.

42
O Pensamento Pedagógico Moderno

Nos séculos XVI e XVII começou a concepção de uma nova classe em


oposição a produção feudal. Com os novos meios de produção estreou o
sistema de cooperação antecessor do trabalho em série do século XX. A
produção passa para de um esforço isolado para um esforço coletivo. Aparece
o método indutivo de investigação, opondo-o ao método aristotélico de
dedução. Bacon foi avaliado o fundador do método cientifico moderno. René
Descartes escreveu sobre os passos para o estudo e a pesquisa, recriminou o
ensino humanista e propôs a matemática como modelo de ciência perfeita.

Descarte, pai do racionalismo e da filosofia moderna, acordou em


posição dualista a questão ontológica da filosofia, a relação entre o
pensamento e o ser. Estudou sobre a razão humana e inventou um novo
método científico de conhecimento do mundo, substituindo a fé pela razão.
Compôs a religião e a ciência, sofrendo grande influência da ideologia
burguesa do século XVIII, influenciado pelas tendências progressistas da
classe em ascensão na França.

Descartes escreveu sobre o Discurso do Método, e ofereceu os


seguintes princípios em seus estudos: nunca acolher alguma coisa como
verdade que não conhecesse evidentemente como tal, poupando o ímpeto;
dividir cada uma das dificuldades que examinasse em tantas parcelas quantas
possíveis e quantas imperativas fossem para melhor resolve-las; dirigir ordem
nos pensamentos do mais simples ao mais composto; fazer em toda parte
enumerações tão completas e revisões tão gerais que apresentasse a certeza
de nada omitir.

Ele escreveu sua principal obra a língua popular, possibilitando acesso


ao maior número de pessoas. O século XVI assistiu a uma grande revolução
linguística, na qual se exigia dos educadores o bilinguismo, o latim como língua
culta e o vernáculo como língua popular. A igreja alcançou a importância desse
tumulto e logo forneceu através do Concílio de Trento (1562), que as
pregações acontecessem em vernáculo.
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Após vinte anos, depois da publicação do Discurso do método, João
Amos Comênio (1592-1670), escreveu a Didática Magna (1657), considerada
como método pedagógico para ensinar com rapidez, economia de tempo e sem
fadiga. Ele amparava que a escola era para ensinar o conhecimento das
coisas. Assim o pensamento pedagógico moderno caracterizou-se pelo
realismo.

John Locke (1632-1704) começou a investigar de que valia o estudo do


latim para os homens trabalhadores nas fábricas. Achava melhor que
ensinassem à mecânica e o cálculo. Mesmo assim, permanecia o ensino
bilíngue e a educação ainda era para a nobreza e o clero. Locke combateu a
origem dos sentidos.

A pedagogia realista aparece contra o formalismo humanista,


aderente a superioridade do domínio do mundo exterior sobre o domínio do
mundo interior, a superioridade das coisas sobre as palavras. Desencadeou a
paixão pela razão (Descartes) e o estudo da natureza (Bacon). De humanista
a educação torna-se cientifica. O conhecimento só tinha valor se
preparasse para a vida e para ação.

Bacon divide as ciências em: ciência da memória ou ciência histórica;


ciência da imaginação, ou poética; ciência da razão ou filosófica. Já Locke
defende que a criança ao nascer, é uma tabula rasa, um papel em branco
sobre o qual o professor podia tudo escrever.

João Amos Comênio foi respeitado como grande educador e pedagogo


moderno e um dos maiores reformadores sociais de sua época. Foi o primeiro
a sugerir o sistema articulado de ensino e defendeu que a educação deveria
ser permanente, acontecer durante toda a vida do homem. Além disso,
defendeu que o sistema educacional deveria abarcar 24 anos com quatro tipos
de escolas: a escola materna de 0 a 6 anos; a escola elementar ou vernácula,
dos 6 a 12 anos; a escola latina ou o ginásio, de 12 aos 18 anos e a academia
ou universidade, dos 18 aos 24 anos.

Defendeu que em cada família, deveria existir a escola materna, em


cada município ou aldeia uma escola primária, em cada cidade um ginásio e

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em cada capital uma universidade. O ensino deveria ser unificado com todas
as escolas articuladas.

Mas apesar dos progressos, a educação das classes populares e a


democratização do ensino ainda não se depositavam como questão central.
Aceitavam facilmente, a divisão entre o trabalho intelectual e o trabalho
manual, resultado da divisão social.

No século XVII, aparece a luta das camadas populares pelo acesso a


escola, estimulada pelos novos intelectuais iluministas e novas ordens
religiosas, a classe trabalhadora em formação, podia e devia ter um papel na
mudança social. Criava-se uma cultura de resistência.

Ao contrário da ordem dos jesuítas, apareceram várias ordens


religiosas católicas que se consagravam à educação popular, que
apresentavam ensino gratuito em forma de internato, como uma educação
filantrópica e assistencialista.

O Pensamento Pedagógico Iluminista

O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século


XVIII na Europa, que defendia o uso da razão (luz) contra o antigo regime
(trevas) e pregava maior liberdade econômica e política. Este movimento
promoveu mudanças políticas, econômicas e sociais, baseadas nos ideais de
liberdade, igualdade e fraternidade.

O Iluminismo tinha o apoio da burguesia, pois os pensadores e os


burgueses tinham interesses comuns. As críticas do movimento ao Antigo
Regime eram em vários aspectos como: mercantilismo; absolutismo
monárquico e o poder da igreja e as verdades reveladas pela fé.
Com base nos três pontos acima, podemos afirmar que o Iluminismo
defendia: a liberdade econômica, ou seja, sem a intervenção do Estado na
economia; o antropocentrismo, ou seja, o avanço da ciência e da razão e o
predomínio da burguesia e seus ideais.

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As ideias liberais do Iluminismo se disseminaram rapidamente pela
população. Alguns reis absolutistas, com medo de perder o governo ou mesmo
a cabeça, passaram a aceitar algumas ideias desse movimento.

Estes reis eram denominados Déspotas Esclarecidos, pois tentavam


conciliar o jeito de governar absolutista com as ideias de progresso iluministas.
Alguns representantes do despotismo esclarecido foram: Frederico II, da
Prússia; Catarina II, da Rússia; e Marquês de Pombal, de Portugal.

O clero e a nobreza reuniram poder no período da Idade Moderna,


através do regime absolutista. A revolução Francesa produziu o fim dessa
situação, que através dos iluministas, influenciados pelas ideias liberais
condenaram a prepotência do governo e o obscurantismo da igreja.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) se destacou, implantando uma


nova era da história da educação. Desempenhou a relação entre educação e
política e destaca, pela primeira vez, o tema da infância na educação. O século
XVIII torna-se político pedagógico por excelência. Rousseau resgata a relação
entre a educação e a política. A partir dele, a criança não seria mais
considerada um adulto em miniatura, mas sim como um ser que vive em seu
mundo próprio; a criança nasce boa, o adulto, com sua falsa concepção da
vida, é que perverte a criança.

O iluminismo tentou emancipar o pensamento da repressão dos


monarcas terrenos e do despotismo do clero. Aguçou a movimento pela
liberdade individual. A ideia de volta ao estado natural do homem é
comprovada no espaço de Rousseau, através dos estudos sobre a sociedade
dos homens primitivos. A educação não deveria apenas ensinar, mas permitir
que a natureza germinasse na criança. Não deveria dominar e modelar, só os
instintos e os interesses naturais deveria direcionar, acabava sendo uma
educação racionalista restringindo a experiência.

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Rousseau dividiu a educação em três momentos: da infância, da
adolescência e da maturidade. Nessa situação, houve a passagem do controle
da educação da igreja para o Estado.

A Revolução Francesa baseou-se nas reclamações populares de um


sistema educacional. A Assembleia Constituinte de 1789 organizou vários
projetos de reforma escolar e de educação nacional. O mais importante foi o
projeto de Condorcet (1743-1794), que sugeriu o ensino universal como meio
de acabar com a desigualdade.

A partir da Revolução Francesa, tentou-se plasmar o educando de um


acordo de classe, centro do conteúdo programático. A burguesia queria da
educação, trabalhadores com formação de participes de uma nova sociedade
liberal e democrática. Os pedagogos revolucionários foram os primeiros
políticos da educação.

Froebel (1782-1852) foi o idealizador dos jardins da infância,


defendendo que o desenvolvimento da criança dependia de uma atividade
espontânea e construtiva (jogos, trabalhos manuais), estudo da natureza,
expressão corporal, desenhos, linguagem, etc.

Além de Rousseau, outro grande teórico que se destacou foi o alemão


Kant (1724-1804). Descartes sustentava que todo conhecimento era inato e
Locke que todo saber era alcançado pela experiência. Kant suplantou essa
contradição, defendendo que o homem é o que a educação faz dele através da
disciplina, da didática, da formação moral e da cultura (aculturação,
socialização e personalização). Espaço, tempo, causalidade e outras relações.

Sendo assim, Rousseau foi o antecessor da escola nova, que inicia no


século XIX e ganhou êxito na primeira metade do século XX, sendo ainda hoje
valorizada. Influenciaram educadores como Pestalozzi, Herbart e Froebel.

Pestalozzi (1746-1827) queria a reforma da sociedade através da


educação das classes populares. Amparava que a educação geral deveria
anteceder a profissional.

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Herbart (1776-1841) foi professor universitário, mais teórico do que
prático, respeitado como um dos pioneiros da psicologia cientifica, defendendo
que o processo de ensino deveria seguir quatro passos formais: clareza na
apresentação do conteúdo-demonstração do objeto; associação do conteúdo
com outro assimilado anteriormente pelo aluno–etapa da comparação;
ordenação e sistematização dos conteúdo–etapa da generalização e aplicação
a situações concretas dos conhecimentos adquiridos –etapa de aplicação.

A burguesia ascendeu sob os ideais de liberdade, liberalismo, no


período de passagem do feudalismo para o capitalismo. Estimulada pela
Reforma Protestante que estimula o livre pensamento no setor religioso, juntou-
se ao movimento racionalista, que embutia a liberdade de normas de conduta
dos indivíduos.

Mas para a burguesia nascente a liberdade servia para ouro fim, a


acumulação de riquezas. A igualdade social seria nociva, pois atentaria a
padronização e uniformização entre os indivíduos sendo considerado um
desrespeito a individualidade. O principio principal da educação burguesa
ministrou uma educação distinta para cada classe: classe dirigente e classe
trabalhadora, numa concepção dualista de educação, que no século XIX foi
sistematizada pelo pensamento positivista.

O Pensamento Pedagógico Positivista

O positivismo foi uma corrente filosófica iniciada por Auguste Comte,


onde as ideias de percepção humanas são baseadas na observação, exatidão,
deixando de lado teorias e especulações da Teologia e Metafísica. Segundo
Comte, as ciências que são positivistas são a Matemática, Física, Astronomia,
Química, Biologia e a recém-criada Sociologia, que se baseia em dados
estatísticos.

Os positivistas acreditam que a ciência é cumulativa, transcultural (não


interessa em qual cultura surgiu, serve para toda a humanidade). Novas ideias
podem surgir sem ser continuação de conceitos velhos, como ―entidades de um

48
tipo podem ser redutíveis a entidades de outro‖, por exemplo, o que se passa
na cabeça de uma pessoa pode ser explicado pelas reações químicas no
cérebro.

Existiam duas forças adversas, uma era o movimento popular e


socialista e outra o movimento elitista burguês. Essas duas correntes opostas
são representadas pelo marxismo e pelo positivismo. Imaginadas por dois
expoentes: Augusto Comte (1798-1857) e Karl Marx (1818-1883).

Comte seguiu direção para os estudos das ciências sociais e as ideias


de que os fenômenos sociais como os físicos podem ser diminuídos a leis e
que todo conhecimento cientifico e filosófico deve ter por finalidade o
aperfeiçoamento moral e político da humanidade. Uma verdadeira ciência para
Comte deveria avaliar os fatos sociais, carecia ser uma ciência positiva
afastando dos preceitos ideológicos e apontando uma ciência neutra. O
positivismo concretiza uma ordem pública através da paciência ao seu status
quo. Nada de doutrinas criticas revolucionária, como as do iluminismo ou do
socialismo.

Já Marx buscava a liberdade e a igualdade, mas não poderia ser


realizado enquanto não mudasse o sistema econômico que instaurava a
desigualdade na base da sociedade.

Da Lei dos três estados concluiu o sistema educacional: o estado


teológico em que o homem explicava a natureza por agentes sobrenaturais; o
estado metafísico, no qual se explicava através de noções abstratas como
essência, causalidade e o estado positivo, onde se procuram as leis
cientificas.

A tendência cientificista ganhou força na educação como


desenvolvimento da sociologia em geral, e da sociologia da educação. Um dos
principais teóricos da sociologia da educação foi Emile Durkheim (1858-1917).

Considerado pai do realismo sociológico, explica o social pelo social,


como realidade autônoma. Tratou em especial dos problemas morais. Finalizou
que a moral começa ao mesmo tempo em que a vinculação com um grupo.
Entendia a educação como esforço contínuo para preparar as crianças para

49
vida em comum. Por isso, era forçoso impor as mesmas maneiras adequadas
de ver, sentir, agir. Para ele, a sociologia produz os fins da educação. A
pedagogia e a educação representam mais do que um anexo ou apêndice da
sociedade e da sociologia, deveriam existir sem autonomia. Levantar na
criança através da educação certo número de estados físicos, intelectuais e
morais, estabelecidos na sociedade política.

Considerava a educação como imagem e reflexo da sociedade,


compreendendo a pedagogia como uma teoria da prática social. Foi o
verdadeiro mestre da sociologia positivista moderna. Considerou os fatos
sociais em coisas. A intenção positivista concebeu um caráter conservador e
reacionário das ideias pedagógicas. Tornou-se uma ideologia de ordem, de
paciência e estagnação social. Nasceu como filosofia, mas ao dar uma
resposta ao social, afirmou-se como ideologia.

OBSERVAÇÃO: A Educação para Durkheim é um fato fundamentalmente


social, imagem e reflexo da sociedade. Portanto, o ato educacional é uma ação
exercida pelas gerações adultas em relação às mais jovens, que deveriam ser
tutoradas em seu ingresso na vida social.

No Brasil, o positivismo infundiu a Velha República e o Golpe Militar de


1964. Segundo essa ideologia, o país não seria mais governado pelas paixões
políticas, mas pela racionalidade dos cientistas, os tecnocratas, preocupados
apenas com os fatos sociais. Essa doutrina serviu muito a elite brasileira
quando sentiram seus privilégios advertidos pela organização crescente da
classe trabalhadora.

A teoria educacional de Durkheim opõe-se diretamente a de Rousseau.


Enquanto este, afirmava que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe,
Durkheim declarava que o homem nasce egoísta e só a sociedade através da
educação pode torná-lo solidário. O pensamento positivista na pedagogia
andou para o pragmatismo, que considerava a formação empregada para a
vida imediata.

50
No Brasil, o valor o positivismo influenciou o primeiro projeto de
formação do educador. O valor dado à ciência no processo pedagógico
relevaria maior atenção ao pensamento positivista. Não podemos negar sua
ajuda no estudo cientifico da educação.

O Pensamento Pedagógico Socialista

Formou-se no seio do movimento popular, pela democratização do


ensino, empenhados com a transformação social. Sugere uma educação igual
para todos.

Platão já havia provado manifestações do comunismo imaginário, pois


ligava educação à política. Mas foi Thomas Morus (1478-1535) que fez critica a
sociedade individualista e propôs a diminuição da jornada de trabalho para seis
horas diárias, a educação laica e a coeducação.

Os princípios da educação pública socialista foram proclamados por Marx


(1818-1883) e Engels (1820-1924) e desenvolvidos por Lênin (1870-1924). Os
dois escreveram o Manifesto do Partido Comunista em 1947 e 1948, onde
protegem a educação pública e gratuita para todas as crianças a partir dos
princípios:

 Eliminação do trabalho delas nas


fábricas;
 Da associação entre educação e
produção material;
 Da educação politécnica que leva a
formação do homem unilateral, abrangendo
os aspectos, mental, físico e técnico;
 Da inseparabilidade da política e da educação, portanto, da totalidade
social (estudo, trabalho e lazer).

51
Já Lênin, atribuiu a importância da educação no processo de
transformação social, como primeiro revolucionário a admitir o controle do
governo, pode na sua prática disseminar as ideias socialistas na educação.
Defendeu que a educação pública deveria ser de modo eminente, política.

Outro histórico defensor da escola socialista, foi Antônio Gramsci


(1891-1937), chamava a escola única de escola unitária, evocando a ideia de
unidade e centralização democrática. Seguindo a concepção Leninista,
também colocou o trabalho como começo antropológico e educativo básico a
formação.

Criticou a escola tradicional que dividia o ensino em clássico e


profissional. E propôs a superação dessa divisão de classes, defendendo uma
escola critica e criativa deve ser ao mesmo tempo clássica, intelectual e
profissional. Uma escola unitária significa uma relação entre trabalho intelectual
e trabalho industrial em toda vida social e não apenas na escola, ou seja, em
todos os organismos da cultura. O novo intelectual orgânico, para ele,
representava uma organização do conhecimento do mundo moderno a partir da
educação técnica ligada ao trabalho industrial. O trabalho como modalidade da
prática.

Já para Makarenko (1888-1939), o verdadeiro processo educativo se


faz pelo próprio coletivo e não pelo individuo que se chama educador. Foi
respeitado como um dos maiores pedagogos soviéticos da historia da
educação socialista. Defendeu a ideia do trabalho coletivo como principio
pedagógico.

O Pensamento Pedagógico Escolanovista (A Escola


Nova)

Movimento que valorizou a autoformação e a atividade espontânea da


criança. Uma educação que fosse instigadora da mudança social. Tanto a

52
psicologia educacional como a sociologia educacional contribuíram para a
formação da escola nova.

John Dewey (1859-1952) foi o primeiro norte-americano a formular o


novo ideal pedagógico, afirmando que o ensino deveria ser pela ação e não
pela instrução, por uma experiência ativa, concreta e produtiva. A educação era
essencialmente pragmática e instrumentalista, buscando a convivência
democrática sem por em questão a sociedade de classes.

Para ele só o aluno poderia ser autor das suas experiências, aluno
como centro (paidocentrismo) da Escola Nova. Desenvolveu-se o método de
projetos centrado na atividade prática do aluno.

Jean Piaget (1896-1980) pesquisou a natureza do desenvolvimento da


inteligência na criança. Estudou como a criança organiza o real. Criticou a
escola tradicional que ensina a copiar e decorar e a não pensar. E para obter
bons resultados no aprendizado da criança, o professor deveria respeitar as
fases de desenvolvimento da criança. Compreendia que aprendizagem é um
conceito psicológico. A epistemologia genética também não é uma ciência
entre outras, mas uma matéria interdisciplinar que se ocupa com todas as
ciências. A gênese do conhecimento foi o maior interesse de estudo de Piaget,
onde analisou as relações entre conhecimento e vida orgânica. Buscou
conhecer como o ser humano consegue organizar, estruturar e explicar o
mundo em que vive. Sua teoria foi importante para explicar a evolução do
comportamento cognitivo. Sua teoria epistemológica influenciou outros
estudiosos como Emília Ferreiro.

O desenvolvimento das tecnologias do ensino deve muito à


preocupação escolanovista com os meios e técnicas educacionais. No Brasil
existiram as escolas vocacionais, escolas ativas, escolas experimentais,
escolas piloto, escolas livres, escolas comunitárias, escolas não-diretivas que
adotaram essa filosofia educacional.

Os métodos se apuraram e levaram para sala de aula o rádio, o


cinema, o vídeo, o computador e as máquinas de ensinar. Inovações que
chegam aos educadores e que o fizeram se perderem no meio de tantas

53
propostas inovadoras. Por isso que hoje, os educadores têm a necessidade de
analisar mais sobre as sua prática a partir da realidade escolar, sabendo que
nada adianta diante de novas técnicas e planos, por mais modernos que sejam.

Na segunda metade do século, uma visão critica a respeito da


educação escolanovista vem abalar o otimismo dos educadores. Paulo Freire
(1921), herdeiro de muitas conquistas da Escola Nova, denunciou o caráter
conservador dessa visão pedagógica e observou que a escola podia servir
tanto para educação como prática da dominação quanto como pratica para a
liberdade. Para ele, a Educação Nova não foi um mal em si, mas representou
na história das ideias e práticas pedagógicas, um apreciável avanço.

Freire foi o maior defensor da tendência progressiva. Destaca


contrastes entre formas de educação que tratam pessoas como objetos em
lugar de assuntos e procura entender a educação como ação cultural.

O Pensamento Pedagógico Antiautoritário

Essa teoria crítica partiu dos liberais e marxistas que afirmavam a


liberdade como principio e objetivo da educação. Teve em Freud um de seus
sublimes que muito influenciou a educação, embora não fosse pedagogo.
Freud acreditava que muitos desajustamentos dos adultos tivessem suas
origens nos conflitos e nas frustrações infantis.

O educador espanhol, Francisco Ferrer Guardia (1859-1909), foi o


fundador da escola moderna, racionalista e libertária, mais destacado critico da
escola tradicional, apoiando-se no pensamento iluminista. Acreditava que a
educação para contribuir coma revolução, deveria formar homens livres que
saberiam como agir na sociedade e para isso, a escola deveria abolir todo
instrumento de repressão e coerção.

Outra experiência da escola livre foi representada pelos estudos de


Alexander S. Neill (1983-1973), na Inglaterra, numa perspectiva liberal, não
progressista, mas baseada no principio da afirmação da liberdade sobre a

54
autoridade. O objetivo da educação seria de que a criança viva a sua vida e
não a do adulto. Seu principio básico seria liberdade interior e individual.

Já o educador Carl R. Rogers (1902-1987), foi o pai da não-diretividade,


defendendo que o clima de liberdade favorecia o pleno desenvolvimento do
individuo. Apreciava a empatia e autenticidade. Todo processo educativo
deveria ser centrado na criança e não no professor. O professor seria o
facilitador dessa aprendizagem. O papel do educador era de cooperação para
com os alunos, aperfeiçoando a vida comunitária de sua escola.

Ao lado de Freinet, outro pensador marca o pensamento antiautoritário,


Henry Wallon (1879-1962), afirmando que o meio fundamental da criança era
o meio físico e meio social. Considerava a criança como ser social e com a
personalidade em desenvolvimento. Defendeu que o desenvolvimento
intelectual envolve não só o cérebro, mas também a emoção. Por meio das
emoções que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em sua teoria,
Wallon, propunha uma educação integral, intelectual, afetiva e social, indo
desde a pré-escola até a universidade. Sua teoria é centrada na psicogênese
da pessoa completa.

O Pensamento Pedagógico Crítico

Entre os maiores críticos encontramos o filosofo francês, Louis


Althusser -1969 (os aparelhos ideológicos do Estado), e os sociólogos Pierre
Bourdieu e Jean Claude Passeron -1970, influenciando o pensamento
pedagógico brasileiro da década de 70. Foram chamados de críticos
reprodutivistas, por demonstrarem que a educação reflete a sociedade.

Formularam as seguintes teorias: Althusser, a teoria da escola


enquanto aparelho ideológico do Estado, Bourdieu e Passeron, a teoria da
escola enquanto violência simbólica, Baudelot e Establet, a teoria da escola
dualista.

55
A violência simbólica para Bourdieu e Passeron, era a obrigação por
um poder arbitrário, a cultura dominante, baseada na divisão da sociedade de
classes.

A ação pedagógica tende a reprodução cultural e social


respectivamente. Esse poder arbitrário necessita ser escondido de duas
formas; a autoridade pedagógica e a autonomia relativa da escola. A
autoridade pedagógica disfarça o poder arbitrário, como ação psicológica.
Implica o trabalho pedagógico como processo de inculcação, criando nas
crianças da classe dominada sistema de princípios interiorizados e duráveis. A
ação pedagógica da escola seria antecedida pela ação pedagógica primária no
aparelho ideológico que é a família. A partir do capital cultural, a criança da
classe dominada, a escola e a aprendizagem se torna uma verdadeira
conquista, já para classe dominante, a criança tem a aprendizagem como uma
continuação.

Em fim, para Bourdieu e Passeron, a origem social marca a maneira


infalível a carreira escolar e depois a profissional dos indivíduos. Essa origem
social produz primeiro, o fenômeno de seleção. Para aos dois, a cultura das
classes superiores estaria tão junta da cultura da escola que a criança
originária de um meio social inferior, não poderia adquirir senão a formação
cultural que é dada aos filhos da classe culta. Assim sendo, para uns, a
aprendizagem da cultura escolar é uma conquista arduamente obtida; para
outros, é um legado normal, que inclui a reprodução das normas.

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Avance com foco no seu aprendizado

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um recurso tecnológico, com a intenção de contribuir com sua
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para ampliar seu estudo e ou dirimir as dúvidas sobre o tema.

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O Pensamento Pedagógico do
terceiro mundo: novas
possibilidades na Educação.

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O Pensamento Pedagógico do terceiro mundo: novas
possibilidades na Educação.

A teoria pedagógica erguida nos países de terceiro mundo foi originada


pelo processo de lutas e pela busca de emancipação. Hoje, esse pensamento
tem influência não apenas nos países de origem, mas também no mundo dos
educadores do chamado primeiro mundo, como mostra a divulgação das obras
de Paulo Freire, Emília Ferreiro e outros.

Os países da América Latina tiveram seu desenvolvimento restrito.


Primeiro, pelas políticas das metrópoles e depois da independência. Os
colonizadores condenaram a educação e a cultura nativa, impondo seus
hábitos, costumes e religião.

Pode-se dizer que no período de 1930 a 1960, predominou na América


Latina a teoria da Modernização desenvolvimentista. E a partir da década de
60, com as lutas de libertação, aparece a teoria da dependência que negava a
teoria anterior. Uma educação de censura radical a escola, do aparato
ideológico e das desigualdades sociais.

Essa teoria foi dominante na primeira metade da década de 70, com


forte presença do autoritarismo do Estado e dos militares. Já na década de 80,
não apresentou teorias e modelos pedagógicos dominantes. Houve um
crescente desenvolvimento de pós-graduação em educação e aumento de
organizações não-governamentais. Representou um limite do esgotamento do
modelo teórico critico em função do distanciamento da prática.

A prática de enfrentamento da crise parece juntar duas fortes


correntes: de um lado os defensores da escola pública e de outro, os
educadores ligados aos movimentos sociais, pela chamada educação popular.
Uma educação empenhada com o fortalecimento da organização popular e
pela luta da libertação dos povos.

61
A pedagogia originária do terceiro mundo é política e não especulativa,
mais prática, visando à ação entre homens. É o que Paulo Freire chama de
pedagogia do oprimido.

O Pensamento Pedagógico Brasileiro

A criação da Associação Brasileira de Educação (ABE), em 1924, foi


fruto do projeto liberal de educação, representando o otimismo pedagógico, na
esperança de restaurar a sociedade através da educação.

O ensino libertário fornecido pelas escolas modernas foi marcado por


tensões em 1919, entre anarquistas e autoridades. O Manifesto dos Pioneiros
da Educação Nova seria o primeiro legado político e doutrinário de 10 anos de
luta da ABE em favor do Plano Nacional de Educação.

Outro acontecimento da década de 30 para a teoria educacional foi a


fundação do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos – INEP, em 1937.
Depois da ditadura de Getúlio Vargas (1937-1945), abre-se o período de
redemocratização no país interrompido com o golpe militar. O movimento
educacional adquiriu um novo impulso dando origem a dois movimentos: por
uma educação pública e por uma educação popular. A contribuição maior de
Paulo Freire foi através da alfabetização de jovens e adultos e em outros
campos como a pesquisa participante e os métodos de ensinar.

O pensamento pedagógico contemporâneo situa-se entre os


pedagogos humanistas e críticos que contribuíram para a concepção dialética
da educação. Os educadores e teóricos da educação liberal defendem a
liberdade de ensino. De pensamento e de pesquisa, os métodos novos
baseados na natureza da criança. Segundo eles, o Estado deve intervir o
mínimo possível na vida de cada cidadão.

Existiram defensores da escola pública e defensores da escola privada,


mas tem em comum uma filosofia do consenso, restringem o papel da escola
ao estritamente pedagógico. Os defensores e teóricos da educação
progressista defenderam a implicação da escola na formação de um cidadão

62
critico e participante da mudança social. O pensamento pedagógico brasileiro é
muito rico e está em movimento.

Aspectos atuais: hoje estamos vivenciando crises de concepções e


paradigmas em todos os campos da ciência, cultura e sociedade. A educação
nos tempos atuais tornou-se permanente e social. Existe tendência universal, a
ideia de que a educação se estende pela vida e que não é neutra.
Caminhamos para a mudança da função social da escola. A educação popular
é a nova educação, de caráter popular, socialista e democrática. Tanto a
educação socialista democrática quanto a educação permanente, se tornaram
uma tendência nesse século. Correspondem a novas exigências da sociedade
de massas e da classe trabalhadora organizada. Parece que o melhor caminho
de superação da crise educacional é evidenciar suas contradições. Como a
crise da educação e da sociedade são inseparáveis, o desenvolvimento das
contradições escolares e a sua transformação também são inseparáveis do
desenvolvimento e da superação das contradições sociais.

A Educação Permanente

A ideia de uma educação internacionalizada já existia desde 1899. No


inicio do século XX (1917), foi criada a disciplina nova, pedagogia comparada,
caracterizada pelo estudo comparado das teorias, práticas e sistemas
educacionais. No Brasil essa prática foi iniciada pela educação nova. Vista de
forma acrítica, a educação comparada se prestou ao transplante cultural.

Em 1968, a UNESCO analisou a crise da educação, e propôs uma


nova orientação chamada educação permanente, seguindo o princípio que o
homem se forma e se educa durante a vida inteira.

Na segunda metade do século XX, na América Latina, fez-se um


grande esforço para expandir a educação. Mas o atraso educacional era
verificável pelos altos índices de analfabetos associados à pobreza
generalizada.

63
Observando o desenvolvimento educacional do século XX, podemos
afirmar que os países socialistas alcançaram um alto grau de desenvolvimento
educacional e os países capitalistas estão em crise na educação.

As alternativas educacionais populares serão o resultado de uma luta


pela organização do poder popular. A informatização da educação, educação a
distância, parece despertar esperança de desenvolvimento da educação nos
países latino-americanos.

A educação no pós-modernismo é marcada pelo avanço da tecnologia


eletrônica, da automação e da informação, que causam a perda de identidade
nos indivíduos ou até a desintegração. Caracteriza-se pela crise de paradigmas
e de referenciais. Portanto, a educação pós-moderna seria aquela que leva em
conta a diversidade cultural, portanto, a educação multicultural. Essa
representa um movimento histórico-social com ambiguidades. Uma educação
que respeita as minorias étnicas, a pluralidade de princípios, os direitos
humanos, ampliando conhecimentos e visões de mundo.

Ligada à cultura, mostra-se cultural e permanente, priorizando o


processo do conhecimento e sua finalidade. O pós-modernismo da educação
trabalha mais com o significado do que com o conteúdo, mais com a
intersubjetividade e a pluralidade do que com a igualdade e a unidade.
Trabalha com os conteúdos e com o seu significado. Valoriza o afetivo,
envolvimento, solidariedade, autogestão.

A educação moderna trabalha com conceito chave da igualdade,


buscando eliminar as diferenças. E a educação pós- moderna, trabalha o
conceito chave da equidade, buscando a igualdade sem eliminar as diferenças.
O pressuposto básico da educação moderna é a hegemonia, universalização
de uma visão de mundo. O da pós-moderna é a autonomia, capacidade de
autogoverno de cada cidadão.

Logo, tenta manter o equilíbrio entre a cultura local e regional. A


autonomia passou a ser tema fundamental dessa educação. Escola autônoma
significa ousadia, curiosidade e diálogo com todas as culturas (pluralismo).

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A Educação proibida

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A Pluralidade dos modos de
conhecimento: Democratizando
a Ciência

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68
A Pluralidade dos modos de conhecimento:
Democratizando a Ciência

A nova frente critica no ponto de vista multicultural, tem aparecido para


o prestígio de sistemas de saberes plurais, alternativos a ciência moderna
articulando com novas conformações de conhecimentos. A abertura a uma
pluralidade de modos de conhecimentos e novas formas de relacionamento
entre estes e a ciência tem sido conduzida, com resultados saudáveis e
proveitosos, especialmente nas áreas periféricas, onde o encontro dos
saberes hegemônicos e não hegemônicos é mais desigual e violento.

Nesse sentido, Boaventura de Sousa Santos (2005), indaga porque os


conhecimentos não-científicos são considerados locais, tradicionais,
alternativos ou periféricos? Explica que as mudanças na hierarquia entre
científico e não-cientifico tem sido variadas, incluindo a dicotomia
monocultural-multicultural, moderno-tradicional; global-local; desenvolvido-
subdesenvolvido; avançado-atrasado. Cada uma delas tem confessado uma
extensão de dominação.

A dicotomia entre saber moderno e saber tradicional, contrata a ideia


de que o conhecimento tradicional é prático, coletivo, disseminado no local,
expressando experiências exóticas.

A atual organização global da economia capitalista garante entre outras


coisas, a produção continua de uma diferença epistemológica, que não
reconhece a existência, em pé de igualdade, de outros saberes, e por isso, se
constitui em hierarquia epistemológica, geradora da marginalidade,
silenciamentos, exclusões de outros conhecimentos.

Essas diferenças epistemológicas incluem outras diferenças: a


diferença capitalista, a colonial, a sexista, mesmo não se esgotando nelas.

Sendo assim, estamos perante de uma luta cultural, entre a cultura


cosmopolita e a pós-colonial, apostando na reinvenção de outras culturas,
para além da homogeneização imposta pela globalização hegemônica.

69
O multiculturalismo emancipatório parte do reconhecimento da
pluralidade de conhecimentos e de concepções distintas sobre a dignidade
humana e sobre o mundo. Ao longo dos séculos, as constelações de saberes
foram desenvolvendo formas de articulações entre si, construindo um modo
dialógico de engajamento permanente, entre os saberes modernos,
científicos, ocidental às formações nativas, locais, tradicionais de
conhecimento.

O grande desafio é lutarmos contra uma monocultura do saber, não só


na teoria, mas em sua prática constante, através de estudo e da pesquisa-
ação. Permear o futuro na ligação das relações dos saberes e das
tecnologias. Os conhecimentos são contextuais e por isso a heterogeneidade
epistêmica do mundo é infinita, não existindo nem conhecimentos puros, nem
conhecimentos completos.

Boaventura (2005) assinala que nós estamos vivenciando um aumento


da participação dos cidadãos nos debates científicos e isso tem aproximado
as fronteiras entre o técnico e o não técnico. Essa diferença deixa de existir à
medida que os cidadãos emergem como atores dos debates sobre os
impactos sociais das decisões técnicas. Quando as soluções técnicas se
chocam com o conhecimento prático e a experiência sociocultural dos
cidadãos e este choque é politizado via mobilização organizada desses
cidadãos.

Estamos falando da relativização do técnico, a ideia de que para


problemas complexos, existe mais do que uma solução técnica, e que a
opção entre elas, é mais do que técnica, e também, política, social,
econômica e cultural. Esta é a democratização da ciência que propõe cada
vez mais o diálogo entre cientistas e cidadãos, não eliminando as diferenças
existentes entre o técnico e o não técnico, mas compreendendo que a
fronteira entre o técnico e o social, é móvel e deve ser redefinida em função
da situação e do problema, através das decisões de todos envolvidos com as
consequências das decisões que forem tomadas.

Uma participação cidadã no campo da ciência requer uma


institucionalização de mecanismos que possibilitem aos cidadãos um

70
conhecimento mais profundo das questões técnico- cientificas e aos cientistas
e técnicos um conhecimento mais atento das aspirações dos cidadãos, da
história e das condições sociais e culturais em seus contextos, atuando em
uma abertura de pluralidade em suas soluções técnicas e não-técnicos para a
ciência moderna, chamadas de tecnologias populares.

Hoje como em nosso passado, adotam uma aplicação simplista do


conhecimento local e isso faz perpetuar a polarização para opor a
racionalidade da ciência à irracionalidade do conhecimento local. A ciência se
constituiu objetivamente através dos diferentes sistemas de reprodução e
difusão do saber, com vetor central de exclusão social, da diferenciação e da
incivilização.

É necessário compreendermos a ciência como uma atividade que é


parte da cultura e que tem uma história que deve ser considerada para dar
sentido às ações desenvolvidas pelos pesquisadores.

A passagem do conhecimento à intervenção transformadora do mundo


se faz nessas condições: reduzindo tudo que é relevante ao que pode ser
conhecido através do modelo científico. O resultado é o que designamos em
geral, como colonialismo, a concepção de um mundo que permanece caótico
e desordenado sem uma intervenção criadora e disciplinadora de ordem do
conhecimento científico. e o que não cabe nessa ordem é descartado e
eliminado, subordinado tanto pela violência física ( através de meios militares
e repressivos) ou simbólica (através de instituições culturais e cientificas, da
educação, da aculturação).

Como reação a essas tendências imperialmente hegemônicas, vários


investigadores têm interrogado sobre os limites da ciência e as possibilidades
de outros conhecimentos. Quando se fala de limites da ciência, não significa a
rejeição incondicional da ciência moderna, mas implica uma concepção
alargada de pôr a ciência em cultura (SANTOS 2005). Significa restaurar as
ciências a sua profundidade cultural e histórica, readquirir a sua história e
interrogar suas implicações na sociedade e no mundo.

71
Avance com foco no seu aprendizado

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Moléculas da aprendizagem

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Uma análise sobre as
Teorias da Educação

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Conceituando Teorias da Educação
O enfoque desse tema são as Teorias da Educação.

Qual o significado de Teoria?

Para Moreira (2011), muitas vezes o vocábulo ―teoria‖ é usado sem


muita exatidão; no entendimento genérico, teoria é uma forma de sistematizar
um campo da ciência, um modo particular de ver as coisas, de elucidar, de
antever as observações e resolver problemas.

Quando se discute a teoria da aprendizagem, se diz que se trata de


uma construção humana para explicar metodicamente a área de conhecimento
chamada de aprendizagem, uma maneira particular de ver as coisas, de
esclarecer o ponto de vista de um autor ou de um pesquisador sobre como
interpretar um tema de aprendizagem, sobre quais são as variáveis
independentes, dependentes e intervenientes e explicar o que é aprendizagem
e como funciona.

A Teoria da Educação é a ciência que pesquisa o valor e os limites da


educação como processo de edificação e de libertação do ser humano, deseja
explicar o verdadeiro sentido e sua dimensão, conceitual e fidedigno do
processo educativo do indivíduo. Assim pode-se dizer que as Teorias da
Educação são constituídas por ―concepções pedagógicas‖, as quais são
correspondentes de ―ideias pedagógicas‖.

As Teorias da Educação são entendidas, não em si mesmas, mas na


forma como se entrelaçam no movimento real da educação orientando e
constituindo a própria substância da prática educativa.

Segundo Cabanas (2002), as Teorias da Educação, são constituídas


por concepções educacionais, de um modo geral, envolvem três níveis:

• nível da filosofia: educação que, sobre a base de uma reflexão radical,


rigorosa e de conjunto sobre a problemática educativa, busca explicitar as

77
finalidades, os valores que expressam, uma visão geral de Homem, de
mundo e de sociedade, com vistas a orientar a compreensão do
fenômeno educativo;

• nível sociológico: procura sistematizar os conhecimentos disponíveis


sobre os vários aspectos envolvidos na questão educacional que
permitam compreender o lugar e o papel da educação na sociedade.
Busca identificação com a pedagogia, e passa a compreender o lugar e o
papel da educação na sociedade;

• nível pedagógico: é o modo como é organizado e realizado o ato


educativo. Portanto, em termos concisos, podemos entender a expressão
―concepções pedagógicas‖ como as diferentes maneiras pelas quais a
educação é compreendida, teorizada e praticada.

Quando o debate é teoria da educação, qual será a diferença?

A teoria da educação é um fenômeno epistêmico que emana da


experiência humana. Pode-se dizer que o olhar do pesquisador vai se
entrelaçando com as teorias historicamente construídas e assim, vão
embasando a construção das práticas pedagógicas que constitui a educação
escolar, e talvez a constituição de novas teorias.

Esse processo de construção é histórico e social, ao mesmo tempo,


que é constitutivo de identidades. O professor enquanto pessoa se constitui na
interação que tem com o seu meio e, das mediações por ele propiciadas.
Essas mediações vão imprimindo crenças e desejos que refletem em atitudes
pedagógicas.

Nesse sentido, as teorias da educação são constitutivas das pessoas e


de sua forma de ser e estar no mundo. Portanto, é de grande responsabilidade
dos educadores realizarem escolhas em relação às teorias que embasam suas
práticas.

78
Para isto, é necessário acreditar, que a educação escolar possa ―se
voltar para o Homem‖ (STOBÃUSE E MOSQUERA, 199, 47), numa concepção
de educação humanizadora, capaz de extinguir a escola do silencioso, onde há
uma aglomeração de pessoas inativas, que se adaptam como receptores do
conhecimento dos mestres. E assim, construir uma escola do diálogo, onde
todos são reconhecidos, em sua unicidade. Uma escola que promova a escuta,
o pensar, o participar. Como afirma Fazenda ―[...] além do que os livros já
falam, além das possibilidades que lhe são oferecidas, além dos problemas
mais conhecidos‖ (FAZENDA, 1989, p.19).

Como instituir esse espaço formativo no contexto da


Educação contemporânea

Na perspectiva da educação contemporânea, buscamos em


Vygotsky(1982), algumas contribuições. A cultura foi o tema foco de suas
observações. Para Vygotsky (1982), a cultura amoldava as ideias de um grupo,
ele, mostra-se adepto da linha materialista. Constatamos em seus conceitos,
enunciados e em suas obras, que as condições materiais influenciavam nas
relações sociais como o motor da história.

Vygotsky (1982), surge afirmando que o meio social é determinante do


desenvolvimento humano e que isso, acontece basicamente pela
aprendizagem da linguagem, ocorrendo por imitação. Assim, concebe o
Homem como um ser histórico e produto de um conjunto de relações sociais.
Sendo, base de seus estudos as crianças e os jovens abandonados, órfãos ou
pessoas que se perderam da família. Em sua concepção o desenvolvimento e
a aprendizagem andavam juntos, uma ocorria através da outra, por isso, ele
defendia uma aprendizagem que não existe contextos pré-definidos.

Aprendizagem pode ser adquirida na escola, fora da escola e pela


vivência, nesse sentido todas as aprendizagens se interligam.

79
Nesse sentido destaca-se a ideia de interdisciplinaridade, valorizar os
tipos de conhecimento e à importância de se articular a educação escolar com
a extraescolar. Também, contribuiu com a ideia do professor ser um mediador,
isto, reforça que o educador é mediador entre o conhecimento e o educando,
promovendo situações que incentivem a aprendizagem.

Sobre a mediação, Vygotsky, assegura que a linguagem é um ícone


mediador por excelência, é também um veículo de comunicação dos
pensamentos, e, que a linguagem é um modo de anunciar as ideias. Essa
concepção foi crucial para os educadores no sentido de avaliar melhor as
posturas de linguagens e adapta-las aos contextos exigidos.

Elencamos como sua contribuição, a teoria sobre a zona de


desenvolvimento proximal, que define por ser a distância entre o conhecimento
adquirido de modo autônomo e o conhecimento obtido com o auxílio de outros
meios de seu grupo social, neste caso a escola seria a intermediadora desses
conhecimentos. Essa teoria destaca a obrigação do professor em conciliar os
conceitos do cotidiano com o científico, mais uma vez a questão do
desenvolvimento atrelado à aprendizagem. Conforme Vygotsky, podemos
concluir que:

Na educação [...] não existe nada de passivo, de inativo.


Até as coisas mortas, quando se incorporam ao círculo
da educação, quando se lhes atribui papel educativo,
adquirem caráter ativo e se tornam participantes ativos
desse processo. (VYGOTSKY, 2001, p. 70).

É necessário, que se analise o pensamento vygotskiano, na


perspectiva que suas ideias envolvem diversas outras ações que interferem
excessivamente no desenvolvimento das funções psicológicas superiores que
são características dos seres humanos em procedimento de socialização e que
a educação, quando abalizada em fundamentos teóricos consistentes. O pode
ser o momento adequado para o ser humano entrar em contato com as
ferramentas sociais que permitam seu pleno desenvolvimento.

80
O surgimento da pedagogia

O reconhecimento da Pedagogia como Ciência ocorreu por volta dos


séculos XVIII e XIX, alicerçada em pesquisas focadas nos aspectos atualizados
da educação. No Brasil o conceito da Pedagogia como ciência surgiu em 1939.
Nos estudos sobre as ideais de diversos autores verificou-se que a educação
era situada no professor, mas com as mutações da Pedagogia, o estudante
torna-se o núcleo do ensino e da aprendizagem. Surgindo, assim, outra versão
para o trabalho do pedagogo, que é valer-se de valores humanistas para
impregnar estes valores na educação, promovendo sempre uma educação

para voltada para a ética, cujo grande compromisso era a formação de

pessoas preenchidas de dignidade humana.

Para você entender melhor!

Vamos olhar um pouco para o passado.

A concepção sobre o surgimento da Pedagogia demanda um olhar ao


passado, onde estão os elementos para se entender a origem da Pedagogia
como ciência da educação.

Alguns pesquisadores abordam a pedagogia como a ciência que se


trata de uma única ciência no âmbito de outras ciências. Não seria correto se
usássemos a pluralização do termo, pois isso dificultaria o entendimento da
Pedagogia. A generalização pela qual tem passado o termo nos últimos anos e
os usos frequentes têm feito com que o termo perca um pouco do seu
significado essencial. Passando a ser entendida como algo genérico, sem
especificidade na área do conhecimento, isto é, no campo da investigação a
pedagogia não é tratada como uma ciência.

Segundo Genovesi (apud SAVIANI, 2007, p.102) é uma ciência que


caminha com suas próprias pernas nas palavras do teórico:

81
A Pedagogia é ciência autônoma porque tem uma linguagem
própria, tendo consciência de usá-la segundo um método
próprio e segundo os próprios fins e por meio dela, gera um
corpo de conhecimentos, uma série de experimentações e de
técnicas sem o que lhe seria impossível qualquer construção
de modelos educativos (GENOVESI, 1999, p. 79-80 apud
SAVIANI, 2007, p. 102).

As contestações sobre ―as ciências‖, e, ―a ciência‖, nos parece


estranho, mas estas afirmações devem ser levadas a sério porque o efeito
subliminar, à medida que se invade o imaginário das pessoas, faz confusão
entre a Pedagogia e as áreas que se conectam entre si como: a Didática, a
Metodologia. Nomeadamente em relação à Didática, que se considera como
sinônimo da Pedagogia. Dessa forma, as consequências dessa confusão
semântica interferem na prática dos profissionais de educação.

A Pedagogia tem a educação como objeto central, esse acontecimento


humano, social, político, cultural, epistemológico, antropológico, filosófico,
psicológico, que, para ser estudado, exige esforços conjugados de ciências
diferentes associadas as Ciências Humanas.

No âmbito da Pedagogia; os subsídios teórico-metodológicos indicados


para os estudos incluem outras ciências, porém solicitadas a partir do ponto de
vista da Pedagogia. É essa a concepção a ser resgatada. Pois, conforme
Marques (1990, p. 24), a Pedagogia ―[...] não pode se limitar ao entendimento
de como se dão as inserções educativas como episódio e à afirmação de
diretrizes gerais para a educação nos horizontes ampliados da emancipação
humana e da maioridade dos sujeitos‖. Marques ressalta que a esta ciência,
cabe

[...] presidir a organização e condução da instituição


educativa, no sentido de como se vão dar as relações
internas do poder, mediadas pela infraestrutura de
recursos e controles e de como vão se relacionar a
gestão institucional, a dinâmica das relações
interpessoais e a produção e circulação dos
conhecimentos. (MARQUES, 1990, p. 24).

82
O espaço da Pedagogia no âmbito de ciência está presente em todo
contexto social, não unicamente na escola. Mas, se percebe a Pedagogia
mediada pelas tecnologias, gerando ações pedagógicas em muitos outros
espaços sociais ampliados.

A Pedagogia é elemento cultural, além de contribuir para sua


socialização. Podemos entender que ―[...] o educativo (e o escolar) fazem parte
de uma complexa engrenagem cultural e social‖ (SOLÀ, 1995, págs. 215-216).
Em um contexto social os meios de comunicação, de modo geral, disseminam
a ideia que está ocorrendo uma crise da educação e da escola apontando
todos os elementos referentes à escola, ao conhecimento, ao currículo, às
políticas públicas educacionais, à gestão da educação e, sobretudo, à
Pedagogia.

Em presença dessas afirmações, Franco (2008, p. 361) contra


argumenta, se a Pedagogia é entendida como apenas tecnologia, ela só pode
produzir conhecimentos referentes à técnica; mas se a Pedagogia é avaliada
em sua obliquidade metodológica, ela germinará conhecimentos sobre
métodos; se, a Pedagogia é concebida como ciência da ação com reflexão,
com retorno, ou seja, a práxis educativa, ela poderá produzir conhecimentos
que fundamentam a prática, delineados a partir dos saberes pedagógicos,
construídos pelos docentes.

É nessa terceira perspectiva que se afirma a necessária


dissociabilidade entre Didática e Pedagogia. Assim, a Legislação atual em
conformidade com as Diretrizes Curriculares para o Curso de Pedagogia,
subsidiada pela Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006, enfatiza a
criação da identidade profissional do pedagogo. O documento foi baseado na
atuação da docência de acordo com os autores como: Libâneo, Franco,
Pimenta sem predominar uma discussão de anos que destaca a Pedagogia
como a ciência da educação.

A base de um curso de Pedagogia não pode ser a docência. A base de


um curso de Pedagogia é o estudo do fenômeno educativo, em sua
complexidade, em sua amplitude. Parafraseando Libâneo, 2006, podemos

83
dizer que: todo trabalho docente é trabalho pedagógico, mas nem todo trabalho
pedagógico é trabalho docente.

Pontos que merecem destaque

1. Pedagogia, assumi a concepção de Ciência, libertando-se dos


pressupostos positivistas e a sua sujeição a epistemologia das ciências
acessórias.

2. Ratificar o verdadeiro papel da Pedagogia nos textos da Legislação


(Diretrizes Curriculares), que a mesma contemple toda a complexidade
e amplitude. Ressaltando que a Legislação atual ―não fundamentou
nem definiu o campo conceitual da Pedagogia, fragmentou sua
articulação disciplinar e desprezou os saberes historicamente
construídos‖ (FRANCO, LIBÂNEO, PIMENTA, 2007, p.70).

3. Os profissionais de educação assumam a Pedagogia como ciência e


abandone a fila daqueles que somente teoriza sobre os fenômenos
educativos, mas transforme em ações estruturais e produzam novas
condições de exercer o ato pedagógico, sempre com o intuito da
emancipação da sociedade e da pessoa.

E ainda se deve reforçar o pensamento de Franco (2008, p. 77),


quando insiste que a Pedagogia seja a Ciência da Educação, a partir de
decisões eficazes:

 Demarcação do objeto de estudo da Pedagogia;

 Alargamento do significado de ciência, acolhendo os pressupostos


epistêmicos, compatíveis com o elemento educativo delimitado como
objeto.

84
Coordenar e organizar as hipóteses metodológicas que comportem a
apreciação lógica do autêntico, solicitando o acesso aos significados que os
sujeitos construíram e estão construindo em seu fazer social, adaptando
condições de reinterpretação desse real, reconfigurando e ampliando a rede de
significados com vistas a uma ação cada vez mais emancipatória.

Estas considerações são imperativas para que a pedagogia se torne uma


ciência alicerçada no campo cientifico, dedicada ao estudo da Educação. A
estrutura teórica existente deve ―olhar com olhos de ver‖ e fazer outra leitura
sobre a formação de professores e, nomeadamente, ao curso de Pedagogia,
que é designado para formar os professores para a Educação Básica.

É necessário olhar o cenário problematizado em que vivemos um


momento de transitoriedade do conhecimento em todos cenários: econômico,
político, social e cultural, isto é um sinal de um mundo de múltiplas faces, um
momento que as noções de espaço e de tempo admitem diversas implicações
para o nosso entorno.

A Pedagogia tem que ampliar as discussões para um campo que envolva


as fronteiras e desobedeça à ordem constituída, e se preciso for pedir ajuda a
outros campos do saber, tomar de empréstimo de outros campos disciplinares,
pois como afirma Costa:

Estou convencida de que da efetividade de nossa


participação dependerá, em alguma proporção, quem
terá o direito de falar no próximo milênio. Se não
contarmos nossas histórias a partir do lugar em que nos
encontramos, elas serão narradas desde outros lugares,
aprisionando-nos em posições, territórios e significados
que poderão comprometer amplamente nossas
possibilidades de desconstruir os saberes que justificam
o controle, da regulação e o governo das pessoas que
não habitam espaços hegemônicos. (COSTA, 2007, p.
91).

85
Tendências Pedagógicas

Abordaremos diferentes linhas pedagógicas ou tendências no ensino


brasileiro, denominadas de abordagens ou diretrizes a ação docente. A partir
dos diversos estudos que analisam e comparam as abordagens do processo
de ensino e aprendizagem, podemos destacar os trabalhos de Bordenave
(1984), Libâneo (1982), Saviani(1984) e Mizukami (1986), nos quais classificam
as correntes teóricas em critérios diferenciados.

Bordenave (1984), pesquisou sobre as diferentes ações pedagógicas


segundo os fatores educativos que elas mais valorizam. Libâneo (1982),
defende que as teorias adotam uma relação às finalidades sociais da escola.
Saviani (1984), por sua vez, toma como critério de classificação a criticidade da
teoria em relação ao meio social e de seus determinantes sociais.

Importante lembrar:

Bordenave (1984), com o estudo da pedagogia da transmissão, da


moldagem e da problematização;

Libaneo (1982), com estudos sobre as teorias da pedagogia liberal


com suas versões conservadora, renovada progressista e renovada não-
diretiva. Pedagogia progressista em suas versões libertadora, libertária e
de conteúdo;

Saviani (1984), com as teorias não – criticas (pedagogia tradicional,


pedagogia nova e pedagogia tecnicista). Teorias crítico-reprodutivistas;
sistema de ensino enquanto violência simbólica. Escola enquanto
aparelho ideológico do Estado e escola dualista;

Mizukami (1986), abordagem tradicional, comportamentalista,


humanista e cognitivista.

86
Como existe diversidade de critérios e diferenças relativas aos
principais componentes que explicam o processo educativo, no decorrer deste
estudo, resolvemos adotar os conceitos expostos por Mizukami (1986), com
algumas adaptações para efeito comparativo.

O enfoque desta unidade concentra-se nas situações concretas de


ensino e aprendizagem, por meio da instituição formal de ensino, no caso a
escola, envolvendo professores e estudantes diante dos conteúdos de ensino.

É importante ressaltar que um dos pontos a serem analisados, consiste


na identificação das correntes teóricas sobre o comportamento do professor em
situações de ensino e aprendizagem, principalmente em sala de aula.

Abordagem Tradicional

Fonte: http://casanaviagem.com/tag/inkiri/

Compreende-se por abordagem tradicional a prática caracterizada pela


transferência dos conhecimentos acumulados pela humanidade ao longo dos
tempos. Essa missão do professor, segundo Mizukami (1986, p. 17) é
considerada ―[...] catequética e unificadora da escola; [...] envolve [...]
programas minuciosos, rígidos e coercitivos. Exames seletivos, investidos de
caráter sacramental‖.

O ensino tradicional tem como características: Homem como receptor


passivo, o mundo externo ao indivíduo, o conhecimento através do ensino
dedutivo, a educação vista como produto, a escola compreendida como lugar

87
de cerimônia, o ensino e aprendizagem constituídos de forma mecânica, na
relação professor – estudante com poder decisório e individual do professor, a
metodologia reprodutivista e avaliação realizada de forma quantitativa, onde,
apenas o professor é capaz de avaliar o desenvolvimento cognitivo, através
provas individuais, rigorosas, com exames escritos e orais.

A concepção de educação, nessa abordagem, deve corrigir a natureza


corrompida do Homem, exigindo, por meio de uma vigilância constante, esforço
e disciplina rigorosa.

Referências ao ensino tradicional, também, são feitas por Bordenave


(1984, p. 41), que a denomina ―pedagogia da transmissão‖. Assim, dentro do
ensino tradicional a opção pedagógica valoriza, sobretudo, os conteúdos
educativos, isto é, os conhecimentos e valores a serem transmitidos. Estes vão
caracterizar um tipo de educação tradicional que chamaremos Pedagogia da
Transmissão.

A análise das consequências sociais decorrentes desta pedagogia,


―forma alunos passivos, produz cidadãos obedientes e prepara o campo para o
Ditador Paternalista. A sociedade é marcada pelo individualismo, e não pela
solidariedade‖ (BORDENAVE, 1984, p. 41).

Vamos analisar!

Características do Processo Características da Aprendizagem


Didático do Ensino Tradicional Colaborativa

 O professor é o único
 O estudante é responsável pela
responsável pela
aprendizagem
aprendizagem.
 O ensino e a aprendizagem
 O ensino é um processo de
são um processo de
instrução.
construção do saber.
 Os estudantes são passivos.  Os estudantes são ativos.
 O professor instrui e dá aulas  O professor facilita e
expositivas. aconselha.

88
 O estudante tem possibilidade
de ter acesso a um número
 O estudante trabalha com
material apenas escrito, grande de informações por
gravado ou televisionado. meio das novas tecnologias
educacionais.
 O estudante é uma pessoa
 O estudante recebe a
criativa que resolve problemas
informação.
e usa a informação.
 Projetos e conquistas são
 Trabalho é colaborativo.
individuais.

Por outro lado, Libâneo (1982), aproxima essa abordagem como


pedagogia liberal em sua versão conservadora, destacando o papel da escola
de formação intelectual e moral dos estudantes, para que estes possam
assumir o seu papel na sociedade.

Na versão conservadora, a pedagogia liberal se


caracteriza por acentuar o ensino humanístico, de cultura
geral, no qual o aluno é educado para atingir, pelo próprio
esforço, sua plena realização como pessoa. Os
conteúdos, os procedimentos didáticos, a relação
professor-aluno não tem relação alguma com o cotidiano
do aluno e muito menos com as realidades sociais.
(LIBÂNEO, 1982, págs. 12-13)

Abordagem Comportamentalista

A abordagem comportamentalista, também, se caracteriza pela ênfase


no objeto. O Homem é considerado como produto do meio; consequentemente,
pode-se manipulá-lo e controlá-lo por meio da transmissão dos conhecimentos
decididos pela sociedade ou por seus dirigentes. Assim, o professor utiliza-se
de toda uma ―engenharia comportamental e social‖ (Santos, 2005, p.19), para
moldar o comportamento do estudante através da moldagem do meio.

89
Bordenave (1984), denomina essa abordagem de pedagogia da
moldagem do comportamento, descrevendo:

se o fator é o efeito ou resultado obtido pela educação –


quer dizer, as mudanças de conduta conseguidas no
indivíduo, isto, definiria o tipo de educação denominado
Pedagogia da Moldagem do Comportamento ou
Pedagogia Condutista‖ (BORDENAVE,1984, p.41).

Libâneo (1982) identifica essa abordagem como parte da pedagogia


liberal, em sua versão renovada progressista, dando atenção ao movimento da
―tecnologia educacional‖. (LIBÂNEO 1982, págs. 12-14).

A tecnologia educacional foi-se introduzindo nos sistemas públicos de


ensino a partir da tradição progressista que privilegia o ensino sob o ângulo dos
aspectos metodológicos, em contraposição à ênfase no conteúdo das matérias.
Assim, os recursos fornecidos pela tecnologia da educação (instrução
programada, planejamento sistêmico, operacionalização de objetivos
comportamentais, análise comportamental e sequência instrucional) foram
incorporados à prática escolar.

Segundo Saviani (1984), essa abordagem é identificada como


pedagogia tecnicista, onde a escola é a modeladora do comportamento
humano através das técnicas específicas e a atividade baseada no
desempenho.

Para realização dessa moldagem do comportamento, o ensino deve


utilizar-se de reforços e recompensas para, por meio do treinamento, atingir
objetivos preestabelecidos. Portanto, o ensino necessita de tecnologias
derivadas da aplicação de pesquisas científicas, tais como ―máquinas de
ensinar‖, isto é, instruções programadas; computadores; manuais; tutoriais de
treinamento.

Nessa postura, os conhecimentos decorrem da ciência objetiva


excluindo a subjetividade, pois se ensina apenas o que é redutível ao
conhecimento observável e mensurável. Em relação ao professor e ao

90
estudante, valoriza-se a hierarquia, a ordem, a impessoalidade, as normas
fixas e precisas, a uniformidade e obediência. O professor é um especialista,
um transmissor do saber, e o estudante, o receptor das informações.

O principal representante da análise funcional do comportamento foi


Skinner (1972). Ele não se preocupou em justificar porque o estudante
aprende, mas sim em fornecer uma tecnologia que seja capaz de explicar
como fazer o estudante, estudar com eficiência na produção de mudanças
comportamentais.

A motivação da aprendizagem só pode ser extrínseca: as recompensas


ou esforços são essenciais à aprendizagem e definem ou modificam novos
comportamentos. Segundo Pavlov a aprendizagem depende de estímulos, de
condições, externas ao organismo. As crianças recebem recompensas quando
tem respostas desejáveis, resultando em condicionamento de reações.

Em relação a resposta condicionada ao condicionamento de respostas


produz efeitos de longo alcance. Uma criança condicionada pode desenvolver
medos, bloqueios, causando restrições à ação e a construção do pensamento
ao longo de sua vida. Toda aprendizagem dessa natureza é explicada pelos
resultados dos condicionamentos ocasionados pelos estímulos repetitivos.

Abordagem Humanista

Na abordagem humanista, existem tendências encontradas no sujeito


relacionado com o desenvolvimento humano e com o conhecimento. Carl
Rogers (1972), enfatiza as relações interpessoais e o crescimento que delas
resultam, dando ênfase a personalidade e a conduta no processo de
construção nos indivíduos. Nesse sentido o professor deve ser um facilitador
da aprendizagem. Por outro lado, verifica-se na obra de Rogers (1972) e na
abordagem humanista a carência de uma teoria de instrução que forneça
bases e diretrizes sólidas para a prática educativa.

91
O Homem é a pessoa situada no mundo em processo continuo de
descoberta de seu próprio ser. Não nasce com um fim determinado, mas goza
de liberdade plena e se apresenta como um projeto pronto e inacabado. O
Homem é o arquiteto de si mesmo, sabe que um ser tem transformação, e que
este é um agente transformador da realidade.

A educação, então, assume significado amplo, tratando a educação do


indivíduo e não apenas a pessoa em fase escolar, já que essa abordagem é
caracterizada pelo primado do sujeito, onde, o ensino e a aprendizagem
compreendidos podem dirigir a pessoa à sua própria experiência, para
estruturar-se e agir em um método não diretivo, e sim aprendizagem
significativa, pois envolve toda a pessoa.

No trabalho de Bordenave (1984, págs. 42-43), não se identifica de


forma explícita à abordagem humanista, com base nos pressupostos de
Rogers (1972). No entanto, é feita uma aproximação, somente em alguns
aspectos, por meio daquilo que este denomina ―pedagogia da
problematização‖. Ele faz a seguinte afirmação:

o docente facilita a identificação de ‗problemas‘ pelo


grupo, sua análise e teorização, bem como a busca de
soluções alternativas[...] incentivam a aprendizagem[...] a
solidariedade com o grupo com o qual se trabalha [...] sua
percepção do professor não é autoritária, pois o papel do
professor não é de autoridade superior, mas de facilitador
de uma aprendizagem em que ele também é aprendiz.‖
(BORDENAVE, 1984, págs. 42-43)

Libâneo (1982, p. 12), identifica essa abordagem à pedagogia liberal,


em sua versão renovada não-diretiva. Sobre isso, diz: ―em termos
pedagógicos, a escola renovada propõe a autoeducação — o aluno como
sujeito do conhecimento —, de onde se extrai a ideia do processo educativo
como desenvolvimento da natureza infantil: a ênfase na aquisição de
processos de conhecimentos em oposição aos conteúdos‖. (LIBÂNEO, 1982, p.
12)

92
Por outro lado, Saviani (1984) não explicita o trabalho de Rogers
(1972), mas, em função das características observadas de não-diretividade do
ensino e o primado do sujeito, podemos enquadrar a abordagem humanista
dentro do que Saviani (1984), chama de a Pedagogia Nova, que é considerada
o marco inicial para o surgimento das tendências não-diretivas e
antiautoritárias.

Merriam e Caffarella (1991) descrevem as orientações de


aprendizagem:

ORIENTAÇÕES DE APRENDIZAGEM

Diferentes Aprendizagem
Behaviorista Cognitivista Humanista
Aspectos Social
Teóricos de
Lewin Maslow Bandura
aprendizagem Thorndik Skinner.
Piaget. Rogers. Rotter.
.
Processo
mental
interno
(incluindo Um ato Interação e
Visão do
Mudanças no insight, pessoal para observação dos
processo de
comportamento. processamen realizar outros em um
aprendizagem.
to de potencial. contexto social.
informações,
memória e
percepção).
Interação de
Estrutura Necessidade
Locus da Estímulo no pessoa,
cognitiva s cognitivas e
aprendizagem. ambiente externo comportamento e
interna. afetivas.
ambiente.

93
Desenvolver
capacidade e
Tornar-se Modelar novos
habilidade
Produzir auto papéis e
para
mudança de atualizado e comportamento
aprender
comportamento autônomo.  Socialização
Propósito da melhor:
em direção  Andragogia  Papéis sociais
educação.  Inteligência
desejada aprendizage  Aprendiza  Relação com
m e memória
 Objetivo gem mentor
como função
behavisoristas da idade; autodireciona  Locus de
 Aprendendo
da. controle.
como
aprender.

Manifestação
Desenvolvimento
na
e treinamento de
aprendizagem
habilidades.
de alunos.

Abordagem Cognitivista

Na abordagem cognitivista a utilização do termo ―cognitivista‖ visa


identificar os psicólogos que pesquisaram pelos chamados ―processos centrais‖
do indivíduo, tais como organização do conhecimento, processamento de
informações, estilos de pensamento, estilos de comportamento.

Os principais pesquisadores nessa área são: Jean Piaget, biólogo e


filósofo (suíço) e Jerome Bruner (americano). Essa abordagem é também
conhecida como piagetiana, devido à sua grande difusão e influência na
pedagogia em geral.

Nesse enfoque, encontramos o caráter interacionista entre sujeito e


objeto, acontecendo o aprendizado decorrente da assimilação do
conhecimento pelo sujeito e também da modificação de estruturas mentais já
existentes.

94
Pela assimilação o indivíduo descobre o ambiente, transformando-o e
incorporando-o a si. Dessa forma, o pensamento é a base da aprendizagem,
que se constitui de um conjunto de mecanismos que o indivíduo movimenta
para se adaptar ao meio ambiente.

Nesse ponto o conhecimento é obtido por intermédio de uma


construção dinâmica e contínua, onde o ensino deve visar o desenvolvimento
da inteligência por meio do ―construtivismo interacionista‖, que em essência,
parte do princípio no qual é assimilada uma estrutura mental anterior, criando
uma nova estrutura em seguida. Nesse sentido, a concepção piagetiana
implica a interdependência do indivíduo em relação ao meio em que vive na
sociedade, sua cultura, seus valores e seus objetos.

No trabalho de Bordenave (1984), não se encontra referências


explícitas à abordagem cognitivista, mas podemos identificá-la em parte na
pedagogia da problematização, na qual este nos ensina que:

a opção valoriza o próprio processo de transformação do


aluno enquanto agente transformador da sua
realidade[...] o aluno sente-se protagonista de um
processo de transformação da realidade e desenvolve um
sentido de responsabilidade social e uma atitude de
entusiasmo construtivo. (BORDENAVE, 1984, págs. 41-
42).

Libâneo (1982) faz menção à abordagem piagetiana e a de outros


pensadores e seguidores da ―Escola Nova‖, classificando-os na pedagogia
liberal, em sua versão renovada progressista, e dizendo que ―[...] a ideia de
‗aprender fazendo‘ está sempre presente. Estimulam tentativas experimentais,
a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, e o método de
solução de problemas‖ (LIBÂNEO, 1982, págs. 12-14).

O trabalho de Saviani (1984), faz referência à abordagem cognitivista.


Essas referências podem ser encontradas indiretamente no que ele identifica
como a ―Pedagogia Nova‖. Entende-se:

95
que essa maneira de entender a educação, por
referência a pedagogia tradicional tenha deslocado o eixo
da questão pedagógica do intelecto para o sentimento: do
aspecto lógico para o psicológico; ... de uma pedagogia
de inspiração filosófica centrada na ciência da lógica para
uma pedagogia de inspiração experimental baseada
principalmente nas contribuições da biologia e da
psicologia. Trata-se de uma teoria pedagógica que
considera que o importante não é aprender, mas
aprender a aprender. (SAVIANI, 1984, págs. 11-15).

O Homem e o mundo

Dentro desta perspectiva o Homem e o mundo são analisados


conjuntamente, pois o conhecimento se dá pela interação entre eles (sujeito e
objeto).

Em Piaget, encontra-se a noção de desenvolvimento do ser humano


por fases que se inter-relacionam e se sucedem até que atingem o estágio
formal que lhe dá maior mobilidade e estabilidade.

As características dessas fases, segundo Furth (1974) são:

 Cada estágio envolve um período de formação (gênese) e um


período de realização, caracterizada pela progressiva
organização composta de operações mentais.

 Cada estrutura constitui ao mesmo tempo a realização de um


estágio e o começo do seguinte, início de um novo processo de
evolução.
 A ordem do decurso dos estágios é constante. Os tempos ou
periodos de realização podem variar dentro de certos limites, em
função de fatores tais como: motivos, exercício, meio cultural e
outros.
 A transição de um estágio anterior ao seguinte segue a lei da
integração. As estruturas anteriores tornam-se parte das
posteriores.

96
O ser humano progride de estágios mais primitivos (período sensório –
motor), em direção ao hipotético – dedutivo, onde adquire instrumentos de
adaptação que irão possibilitar qualquer perturbação do meio, podendo usar a
sua descoberta e invenção como instrumentos de adaptação às suas
necessidades.

À medida que a criança vai construindo seu conhecimento e, portanto,


―reinventando o mundo‖, desenvolve sua inteligência. Um fenômeno básico do
desenvolvimento infantil é caracterizado pela possibilidade de associar o
mundo simbólico ao mundo real (período simbólico – intuitivo), o que lhe
possibilita colocar o pensamento a serviço da ação.

Toda ação da criança sugere na agregação entre inteligência e


afetividade. O desenvolvimento da inteligência provoca o desenvolvimento
afetivo. A afetividade e a inteligência são interdependentes não havendo
autonomia de uma sobre a outra.

Sociedade e Cultura

O desenvolvimento social deve caminhar no sentido da democracia e


compete a escola e ao professor propiciar a socialização que implica na
decisão em comum acordo na corresponsabilidade pelas regras que as
crianças seguirão.

Entre os fatos sociais compartilhados na escola estão: regras, valores,


normas que variam de grupo para grupo, de comunidade para comunidade, de
acordo com a realidade local onde vivem e convivem.

Segundo Piaget (1980) o ser humano passa pelas seguintes fases


durante o seu desenvolvimento em qualquer cultura:

 Anomia: etapa própria do egocentrismo onde a criança tem a ilusão que


tudo é feito pelo adulto a quem ela tem grande admiração. Por exemplo:
―a árvore foi feita pelo meu pai.‖
 Heteronomia: etapa onde a criança aceita normas; copia as condutas
do adulto que mais admira.

97
 Autonomia: o ser humano atinge quando chega ao período das
abstrações tendo participação ativa na elaboração de regras comuns
para o grupo.

Conhecimento

O conhecimento no ser humano é essencialmente ativo. Conhecer um


objeto é agir sobre ele e transformá-lo é assimilar o real às estruturas de
transformações e elas são elaboradas pela inteligência enquanto
prolongamento da ação. (Piaget,1970.p.30)

Quanto à aquisição do conhecimento, Piaget admite duas fases:

 Fase exógena: fase da cópia, da repetição.


 Fase endógena: etapa da apreensão das relações, das
combinações.

Educação

Para Piaget (1970), a educação é um todo indissociável, considerando-


se dois elementos fundamentais: o intelectual e o moral. A educação é
condição formadora necessária ao desenvolvimento natural do ser humano. O
conjunto de inclusões em sintonia e cooperação moral e racional, raramente é
garantido pela autoridade do professor ou pelas lições, mas pela vida social
entre as próprias crianças.

O respeito mútuo irá aos poucos substituindo a heteronomia


característica de um respeito unilateral, por uma autonomia, considerando-se
como dos pontos de vista e ações entre os membros do grupo.

Uma educação assim concebida é a que procurará levar as crianças


buscar novos recursos, criar situações que determinem o máximo de
exploração por parte deles e estimulem as novas táticas de compreensão da
realidade. (Piaget,1970).

98
Escola

A escola deve dar oportunidade a criança de construir seu


conhecimento, de investigação individual, de ação motora, verbal e intelectual
que possa, posteriormente, intervir no processo sócio-cultural possibilitando-lhe
todas as tentativas oferecendo-lhe liberdade de ação em estágio operatório em
um processo de equilíbrio – desequilíbrio.(Piaget,1970)

Ensino e Aprendizagem

A concepção piagetiana de aprendizagem tem caráter de inúmeras


possibilidades de novas indagações. Aprender insinua assimilar o objeto a
esquemas mentais. Esse conceito inclui num processo mais aberto de
estruturas mentais, construindo a sua Teoria denominada Epistemologia
Genética.

A aprendizagem verdadeira se dá quando a criança elabora seu


conhecimento relacionado com as informações no decorrer do seu
desenvolvimento. A inteligência é ferramenta de aprendizagem indispensável.
O ensino, portanto, consiste na organização dos dados da experiência, de
forma a gerar um nível almejado de aprendizagem.

Quanto à relação aluno e professor cabe ao professor criar situações


que estabeleçam reciprocidade intelectual e cooperação ao mesmo tempo
moral e racional para os estudantes. Evitando a rotina, fixação de respostas
prontas, o professor colaborará para que as crianças levantem hipóteses diante
de situações novas sem ensinar-lhes soluções. Nesta proposta ele (professor)
provoca desequilíbrios, desafios, orienta a criança e lhe concede ampla
margem de autocontrole e possibilidade de chegar à autonomia.

A criança deve assumir o papel de investigadora, pesquisadora e o


professor o papel de coordenador, orientador, levando-a a ―trabalhar‖, o mais
independente possível.

99
Abordagem Sociocultural

Origina-se do trabalho de Paulo Freire e no movimento de cultura


popular, com ênfase principalmente na alfabetização de adultos. Podemos
caracterizá-la como abordagem interacionista entre o sujeito e o objeto de
conhecimento, embora com foco no sujeito como elaborador e criador do
conhecimento.

Nessa abordagem, o fenômeno educativo não se restringe à educação


formal, pela escola, mas a um processo amplo de ensino e aprendizagem,
inserido na sociedade. A educação é vista como um ato político, que deve criar
condições para que se desenvolva uma atitude de reflexão crítica,
comprometida com a sociedade e sua cultura. Desse modo, deve levar o
indivíduo a uma consciência crítica de sua realidade, transformando-a e
melhorando-a. Assim, o aspecto formal da educação faz parte de um processo
sociocultural, que não pode ser visto isoladamente, nem tampouco priorizado.

Identificam-se no texto de Bordenave (1984), referências a essa


abordagem, denominada ―pedagogia da problematização‖ ou ―educação
libertadora‖. O teórico assim pronuncia-se:

[...]a situação preferida é quando o aluno enfrenta, em


situação de grupo, problemas concretos de sua própria
realidade. A aprendizagem realimenta-se constantemente pelo
confronto direto do grupo de alunos com a realidade objetiva ou
com a realidade mediatizada[...]. O aluno desenvolve sua
consciência crítica e seu sentido de responsabilidade
democrática baseada na participação. (BORDENAVE, 1984,
págs. 41-44)

Libâneo (1982) classifica essa abordagem como pedagogia


progressista. Em sua versão libertadora expressa que:

100
A pedagogia progressista tem-se manifestado em três
versões: libertadora, mais conhecida como pedagogia de
Paulo Freire; a libertária, que reúne os defensores da
autogestão pedagógica; a crítico-social dos conteúdos
que, diferentemente das anteriores, acentua a primazia
dos conteúdos no seu confronto com as realidades
sociais‖. (LIBÂNEO, 1982, págs. 12-5).

Na obra de Saviani (1984), não existem referências diretas ou indiretas


detalhadas a essa abordagem. Apenas podemos inferir que, como este estava
preocupado com a relação entre educação e o problema da marginalidade,
esse enfoque teórico poderia ter algumas similaridades com as teorias crítico-
reprodutivistas, que percebem a educação como instrumento de discriminação
social. O teórico afirma que:

As teorias são críticas, uma vez que exigem não ser


possível compreender a educação senão a partir dos
seus condicionantes sociais. Há, pois, nessas teorias
uma cabal percepção da dependência da educação em
relação à sociedade. Contudo, chegam à conclusão de
que a função da educação consiste na reprodução da
sociedade em que ela se insere, com a denominação de
‗teorias crítico-reprodutivistas. (SAVIANI, 1984, ps. 19-
20).

Como se pode observar pela análise comparativa dos trabalhos de


Bordenave (1984), Libâneo (1982), Saviani (1984) e Mizukami (1986), as
diversas teorias que procuram explicar o processo de ensino e aprendizagem
podem ser agrupadas e sistematizadas por inúmeras formas, dependendo do
foco do seu teórico.

Vale relembrar que Bordenave (1984), classifica e distingue as opções


pedagógicas, segundo o fator educativo que elas mais valorizam. Libâneo
(1982), utiliza como critério a relação das teorias aos fins sociais da escola.

Saviani (1984) toma como critério de classificação a criticidade da


teoria em relação à sociedade e o grau de percepção da teoria dos

101
determinantes sociais. Finalmente, Mizukami (1986), procura explicar o
fenômeno educativo em sua multidimensionalidade.

Foram discutidas algumas considerações relevantes das diferentes


abordagens teóricas do processo de ensino e aprendizagem. Naturalmente,
não se esgotou o assunto, devido à complexidade do tema e à necessidade de
uma maior profundidade em pesquisas teóricas e investigações empíricas
sobre as controvérsias existentes.

102
Síntese - As Concepções e Tendências da Educação

Nome da Papel da Conteúdos Métodos Professor Aprendizage Manifestaçõe


Tendência Escola x m s
Pedagógica aluno

Pedagogia Preparação São conhecimento Exposição e Autoridade do A aprendizagem é Nas escolas que
Liberal intelectual e e valores sociais demonstração professor que receptiva e adotam
Tradicional moral dos acumulados verbal da exige atitude mecânica, sem se filosofias
alunos para através dos matéria ou por receptiva do considerar as humanistas
assumir seu tempos e meios de aluno características clássicas ou
papel na repassados aos modelos próprias de cada científicas
sociedade alunos como idade
verdades
absolutas

Tendência A escola deve Os conteúdos são Por meio de O professor é É baseada na Maria
Liberal adequar as estabelecidos a experiências, auxiliador no motivação e na Montessori,
Renovadora necessidades partir das pesquisas e desenvolvimento estimulação de Ovide Decroly,
Progressiva individuais ao experiências método de livre da criança problemas John Dewey,
meio social vividas pelos solução de Jean Piaget e
alunos frente às problemas Lauro de Oliveira
situações Lima
problemas

Tendência Formação de Baseia-se na Método Educação Aprender é Carl Rogers e


Liberal atitudes. busca dos baseado na centralizada no modificar as Alexander
Renovadora conhecimentos facilitação da aluno e o percepções da Sutherland Neill
não-diretiva pelos próprios aprendizagem professor é realidade.
(Escola Nova) alunos. . quem garantirá
um
relacionamento
de respeito.

Tendência É modeladora São informações Procedimento Relação objetiva Aprendizagem Lei: 5.540/68
Liberal do ordenadas numa s e técnicas onde o professor baseada no
Tecnicista. comportament sequência lógica e para a transmite desempenho. Lei: 5.692/71
o humano psicológica. transmissão e informações e o
através de recepção de aluno vai fixá-
técnicas informações. las.
específicas.

Tendência Não atua em Temas geradores. Grupos de A relação é de Resolução da Paulo Freire
Progressista escolas, porém discussão. igual para igual, situação
Libertadora visa levar horizontalmente problema.
professores e
alunos a atingir

103
um nível de
consciência da
realidade em
que vivem na
busca da
transformação
social.

Tendência Transformação As matérias são Vivência É não diretiva, o Aprendizagem Celestin Freinet
Progressista da colocadas, mas grupal na professor é informal, via e
Libertária. personalidade não exigidas. forma de orientador e os grupo. Miguel Gonzales
em um sentido auto-gestão. alunos livres. Arroyo
libertário e
autogestionário
.

Anton
Tendência Difusão dos Conteúdos O método Papel do aluno Baseadas nas
Makarenko,
Progressista conteúdos. culturais parte de uma como estruturas
Bernard Charlot,
"crítico social universais que relação direta participador e do cognitivas já
Bogman
dos conteúdos são incorporados da professor como estruturadas nos
Suchodoski,
ou "histórico- pela humanidade experiência mediador entre o alunos.
crítica" frente à realidade do aluno saber e o aluno.
Mario Alighiero
social. confrontada
Manacorda,
com o saber
Georges
sistematizado
Snyders e
.
Demerval
Saviani

Fonte: http://wikiescolarizando.blogspot.com.br/2013/03/as-tendencias-pedagogicas.html

104
105
106
A interface entre as Teorias
Modernas, Contemporâneas e
Pós-Modernas

107
108
A Pedagogia e suas exigências em o mundo de
mudanças.

Esse texto trará aos estudantes algumas reflexões a partir das


produções de Libâneo sobre o pensamento moderno e pós-moderno
relacionando-os às teorias pedagógicas.

Os estudos em Pedagogia na modernidade tentam entender como os


fatores socioculturais e institucionais se desenvolvem nos processos de
crescimento e transformação dos indivíduos e em que condições esse sujeito
aprende na atualidade rica em contradições socioeconômicas.

A escola e a sala de aula têm contribuído pouco para a superação


dessas contradições e sua falha não se apresenta no alcance de sua maior
missão, que é promover o desenvolvimento cognitivo dos estudantes e
contribuir para o aumento da inclusão social. Conforme Libâneo (1995), essa
situação pode ser demonstrada por algumas circunstâncias atuais como: a
eliminação da organização curricular em séries, a elevação espontânea, a
conexão de estudantes portadores de necessidades especiais, a flexibilização
da avaliação escolar, a modificação da escola em mero espaço de existência
de experiências socioculturais.

Percebe-se que nenhum educador prático poderá evadir-se da


pedagogia, pois quando educamos pessoas estamos efetivando práticas
pedagógicas que irão constituir sujeitos e identidades.

Por sua vez, sujeitos e identidades se compõem enquanto


mensageiros das extensões física, cognitiva, afetiva, social, ética, estética,
colocados em contextos socioculturais, históricos e institucionais (LIBÂNEO,
1995).

Para atuarmos em um posicionamento pedagógico favorável a


construção do conhecimento e desenvolvimento humano precisamos investigar
as condições escolares atuais considerando a subjetividade e identidade dos
109
estudantes e a realidade onde estão inseridos. Conforme Libâneo (1995, p.17),
não ocorrerá mudanças reais enquanto, a elite intelectual do campo científico
da educação e os profissionais da educação não se derem conta de algo muito
simples: escola existe para formar sujeitos organizados para sobreviverem
nesta sociedade e, para isso, precisa da ciência, da cultura, saber resolver
conflitos, ter autonomia e responsabilidade, saber dos seus direitos e deveres,
edificar sua dignidade humana, ter uma autoimagem positiva, ampliar
capacidades cognitivas para se ajustar criticamente aos benefícios da ciência e
da tecnologia em favor do seu trabalho, da sua vida cotidiana, do seu
crescimento pessoal. Mesmo sabendo-se que essas aprendizagens implicam
em saberes originados nas relações cotidianas e experiências socioculturais,
isto é, a cultura da vida cotidiana.

O referido autor explica que, práticas pedagógicas sugerem


basicamente disposições e ações que abrangem o destino humano das
pessoas, e solicita projetos educativos que forneçam direção de sentido da
ação educativa e formas evidentes do agir pedagógico. A pedagogia lida com
valores, com objetivos políticos, morais, ideológicos.

Outro ponto que o autor destaca em relação ao agir pedagógico para a


modernidade é que será necessário agregar os meios educativos, os
instrumentos de mediação que são os dispositivos e métodos de educação e
ensino, ou seja, a didática e o fazer pedagógico tem a natureza da dialética e,
portanto deve ser pautada a partir da subjetivação, da socialização, da
diferenciação e, portanto, como atividade complexa já que é determinada por
múltiplas relações.

A pedagogia há que se abrir para toda contribuição que ajude a


explicitar as peculiaridades do fenômeno educativo e do ato de educar num
mundo em mudanças. Fundamenta-se como campo de verificação exclusivo,
cuja fonte é a própria prática educativa e os portes teóricos providos pelas
demais ciências da educação e cuja tarefa é o entendimento global e
intencionalmente dirigido dos problemas educativos. [...] (Libâneo, 2002)

Percebe-se que o ato educativo é multifacetado, complexo e relacional,


e isso nos leva a compreensão de que educamos para a subjetivação,

110
socialização, para a autonomia, integração social, para as necessidades
sociais, necessidades individuais, para a reprodução, apropriação ativa de
saberes, para a inserção nas normas sociais e culturais crítica e produção de
estratégias inovadoras.

Isso exige análises e uma integração dos conceitos vindos de várias


fontes; culturais, psicológicas, econômicas, antropológicas, simbólicas, de
contradições e, contudo pautada na humanização de práticas educativas.

Conforme Charlot (2000), a educação é, assim, ―um triplo processo de


humanização, de socialização e de singularização. Esse triplo processo é
possível apenas mediante a apropriação de um patrimônio humano‖
(CHARLOT, 2000 Apud LIBÂNEO, 2005, p. 23. Compreende a educação como
cultura, em três sentidos que não podem ser dissociados. Conforme Libâneo
(2005), existem três tarefas mais visíveis do agir pedagógico como condição de
inclusão ou exclusão social, e podem ser sintetizadas nestes objetivos:

 Solicitação de interferências culturais para a ampliação da razão crítica,


ou seja, conhecimento teórico-científico, aptidões cognitivas e modos de
atuação;

 Desenvolvimento da subjetividade, da identidade pessoal e acolhimento


a diversidade social e cultural dos estudantes;

 Formação para a cidadania em direção à preparação para atuação na


realidade.

Teorias Pedagógicas Modernas e Pós-Modernas

Sem desejar retomar as abordagens teóricas que derivam nas


disposições de teorias pedagógicas, são modernas a pedagogia tradicional, a
pedagogia renovada, o tecnicismo educacional, e todas as pedagogias críticas
movidas na tradição moderna, como a pedagogia libertária, a pedagogia
libertadora, a pedagogia crítico-social.

111
Conforme Libâneo (2009), estudos sobre as práticas pedagógicas
correntes nas escolas no Brasil mostra que tais tendências continuam ativas e
estáveis, mantendo seu núcleo teórico forte, ainda que as pesquisas dos
últimos anos venham mostrando outras formas de aplicabilidade pedagógica.
Isso não significa que não se apontem novas tendências, algumas já
experimentadas em nível operacional, outras ainda restritas ao mundo
acadêmico. Esquematicamente, essas teorias apresentam como características
em comum:

 Elevação da força da razão, isto é, da agilidade lógica, científica,


tecnológica, enquanto objeto de conhecimento que leva as
pessoas a pensarem com autonomia e objetividade contra todas
as formas de ignorância e arbitrariedade.

 Conhecimentos e atitudes de atuação, deduzidos de uma tradição


universal objetiva, precisam ser comunicados às novas gerações
e recriados em desempenho da sequência dessa cultura.

 Os seres humanos possuem uma natureza humana básica,


postulando-se a partir dos direitos básicos universais.

 Os educadores são representantes legítimos dessa cultura e


cabe-lhes ajudar os estudantes a internalizarem valores
universais, tais como racionalidade, autoconsciência, autonomia,
liberdade, seja pela intervenção pedagógica direta seja pelo
esclarecimento de valores em âmbito pessoal.

A partir dessas ideais, as pedagogias modernas, adquirem suas


características, formulando diferentes entendimentos sobre as formas de
conhecimento, função da ciência, conceito de liberdade etc., sem abandonar à
ideia de criar uma sociedade racional. Um legado dessas teorias, vista pelos
críticos como negativa, é que em nome da razão e da ciência se perdem o

112
sentimento, a imaginação, a subjetividade e, até, a liberdade, à medida que a
razão institui-se como instrumento de dominação sobre os seres humanos.

Nesse sentido, a questão problemática na racionalidade instrumental é


a separação entre razão e sujeito, entre o mundo científico e tecnológico e o
mundo da subjetividade. Outra questão problemática refere-se às
consequências da grande acumulação de conhecimentos científicos e técnicos
produzidos pela modernidade. Entre elas, a mais peculiar foi a constituição de
campos disciplinares isolados, fragmentados, ignorando o conjunto de que faz
parte e a perda de significação. Com isso, a própria sociedade reproduz essa
fragmentação, dissociando a cultura, a economia, a política, o sistema de
valores, a personalidade.

O começo do século XX é caracterizado por claros embates


ideológicos em consequência da luta de classes do proletariado e do
aparecimento de correntes socialistas no seu interior. A expansão da
industrialização e do trabalho livre em troca de um salário visou a necessidade
da expansão da escolarização que já vinha ocorrendo desde o século anterior
nos países capitalistas centrais. E esse novo problema do capitalismo irá se
refletir no plano ideológico com o aparecimento de pedagogias que buscam
responder à necessidade de instruir os filhos dos trabalhadores formando
novas gerações de operários, porém dentro dos limites de acordo com os
interesses das elites econômicas. O movimento Escola Nova surge nesse
contexto e responde a ele na perspectiva do liberalismo.

O principal expoente do movimento escolanovista é o filósofo


estadunidense John Dewey que sistematizou em sua produção intelectual a
filosofia da educação nova com um forte destaque para o pragmatismo, ou
seja, para os resultados práticos da educação escolar. A formação do cidadão
centrado no exercício, dos deveres em prol da harmonia social era dito por
Dewey há cem anos, hoje uma fórmula liberal em moda.

As pedagogias renovadoras assinalam exatamente a abertura em cena


da psicologia em prejuízo da filosofia. Jean Piaget é apontado por alguns
historiadores da educação como um escolanovista justamente por pautar sua
teoria do conhecimento e da formação da inteligência pela determinação do

113
elemento psicológico sobre o social. Os métodos ativos, tão exaltados pelos
escolanovistas, em Piaget estão fundamentados na ciência da psicologia
genética.

A teoria do conhecimento de Jean Piaget defende que o conhecimento


é um produto da atividade particular, ou seja, cada pessoa constrói o seu
próprio conhecimento, isso constitui a principal base para a pedagogia. Na
última década do século XX, o construtivismo foi reelaborado e incorporado
pela pedagogia das competências que tem em Phillip Perrenoud sua principal
expressão pública. Nessa nova versão a pedagogia construtivista nos aparece
mais pragmática, pois coloca claramente a preocupação com a adaptação do
estudante à nova realidade do capitalismo globalizado.

Nesse sentido, a preocupação não é a assimilação do conhecimento


em si, mas a forma como o indivíduo irá utilizar esses conhecimentos na vida
prática. Diante disso, torna-se explicável a valorização da metodologia em
perda dos fundamentos históricos, filosóficos, sociológicos e econômicos nos
cursos de formação de professores.

Portanto, cabe à educação apreciar as diferenças como a um


patrimônio cultural a ser conservado, diferenças que usualmente são
oferecidas como culturais, mas, como sabemos são determinadas pelo
processo histórico que, por sua vez, é determinado pela luta de classes
resultantes das diferenças de acesso aos meios de produção e ao produto
social.

O contexto “Pós- Moderno” e os impactos na Educação

Determinadas correntes modernas da educação procuram rearticular


seus discursos face às modificações que apontam a contemporaneidade. O
período histórico presente tem recebido vários nomes: sociedade pós-moderna,
pós-industrial ou pós-mercantil, sociedade do conhecimento. Para os objetivos
deste texto, Libâneo utilizou-se da expressão ―pensamento pós-moderno‖.
Apesar de nosso tempo seja marcado por uma ruptura com a modernidade, o

114
autor crê que existe um conjunto de espécies sociais, culturais, econômicas
típicas que dissimulam todas as instâncias da vida social, de modo a ser
admissível afirmar que vivemos numa condição pós-moderna.

Vamos pontuar alguns traços gerais que caracterizam a condição pós-


moderna, resumindo sugestões de vários autores (Giroux, McLaren, Giddens,
Silva, Rouanet).

 Transformações no processo de produção industrial, atreladas aos


avanços científicos e tecnológicos, mudanças no aspecto no entusiasmo
de trabalho, intelectualização do processo produtivo;

 Novas tecnologias da comunicação e informação, aumento e propagação


da informação, novas formas de produção, circulação e consumo da
cultura, colapso da divisão entre realidade e imagem, arte e vida;

 Modificações nas formas de fazer política: descrédito nas formas mais


convencionais e emergência de novos movimentos e sujeitos sociais,
novas identidades sociais e culturais;

 Mudanças nos paradigmas do conhecimento, sustentando a união entre


sujeito e objeto, a construção social do conhecimento, o caráter não-
absolutizado da ciência, a acentuação da linguagem;

 Rejeição dos grandes sistemas teóricos de alusão e de ideias formuladas


na tradição filosófica ocidental tais como a natureza humana essencial, a
ideia de um destino humano coletivo e de que podemos ter ideais que
justificam nossa ação, a ideia de conjunto social. Em troca, o que há são
ações específicas de sujeitos individuais ou grupos particulares. Embora
apresentados sumariamente, esses traços dão uma ideia de como afetam
o pensamento e as práticas educacionais.

115
Menciono alguns aspectos que o pensamento e a condição pós-
moderna trazem para a educação escolar, em contraposição aos que foram
mencionados como traços da pedagogia moderna:

 Relativização do conhecimento sistematizado, sobretudo do poder da


ciência, destacando o caráter instável de todo conhecimento, aguçando
a ideia dos sujeitos como elaboradores de conhecimento dentro de sua
cultura, capazes de anseio e ideia, de assumir seu papel de ator
principal na construção da sociedade e do conhecimento;

 Os sujeitos são edificados socialmente e vão constituindo sua


identidade, de modo a recobrar sua condição de construtores de sua
vida pessoal e de seu papel transformador, isto é, sujeito pessoal e
sujeito social.

 Os educadores precisam auxiliar os estudantes a elevarem seus


próprios quadros valorativos a partir do conjunto de suas próprias
culturas, não havendo valores com sentido universal. Os valores a
serem aperfeiçoados dentro de grupos particulares são a diversidade, a
tolerância, a liberdade, a criatividade, as emoções, a intuição.

Essas qualidades confrontam-se abertamente com vários princípios


das teorias pedagógicas modernas, mas ao mesmo tempo, aprovam uma
reavaliação crítica desses princípios. Giroux (1993), sugere que a crítica pós-
moderna precisa ser examinada pelos educadores e que ela pode dar uma
importante contribuição à pedagogia crítica. McLaren (1993) indica três
contribuições do pensamento pós-moderno para uma Pedagogia Crítica:

 Uma sistemática, uma arrumação, das explicações de fatos novos


que surgem na sociedade: o espetáculo, o efêmero, o modismo, a
cultura do consumo, a manifestação de novos sujeitos sociais;

116
 Um mapeamento das transformações que vão ocorrendo no mundo
contemporâneo, que caracterizam a chamada ―condição pós-
moderna‖ para aguçar a consciência dos que se propõem a se
manter com criticidade;

 Uma reavaliação dos paradigmas teóricos de referência que até os


dias de hoje tem orientado a produção do conhecimento,
especialmente ao que foi herdado da tradição iluminista.

Um esboço das teorias e correntes pedagógicas


contemporâneas

Existem tendências contemporâneas no ensino influenciadas pelo


pensamento pós-moderno?

A resposta é sim. Sim, elas existem e aos poucos vão ocupando


espaços na prática de professores com fortes traços de reducionismo ou
modismo. Determinadas correntes são esforços teóricos de releitura das
teorias modernas, outras afiliam-se explicitamente ao pensamento pós-
moderno enfocadas na escola e no trabalho dos professores, enquanto outras
utilizam-se do discurso pós-moderno sem se importar em chegar a propostas
reais para a sala de aula e para o trabalho de professor, ao contrário, propõem-
se a derrubar as propostas existentes.

Há evidentes oposições à tentativa de classificação das teorias


pedagógicas. Múltiplos intelectuais que se colocam no âmbito do pensamento
pós-moderno podem afirmar, dentro de seus quadros de referência, que as
classificações seguem o figurino da modernidade, da classificação de

117
conhecimentos, do fechamento em campos disciplinares. Nesse caso, as
classificações seriam, portanto, reducionismos, simplificações, fragmentações.

Em outra direção, pronuncia-se que os campos científicos em geral,


apoiam-se muito por conta de legitimação das compreensões por meio de
contestação de poder. Há ainda posições que deliberadamente defendem o
hibridismo cultural.

Apesar das críticas que lhes são feitas, as classificações sempre


existiram, elas pertencem a certa tradição da racionalidade científica. Mas, com
base no argumento de que os campos se definem por relações de poder, seria
injusto e desigual que o professor desconhecesse a existência desses campos,
de suas disputas e de seus conflitos. Mesmo porque, seriam presas fáceis de
persuasão de um ou outro grupo ou seriam manipulados pelo mercado editorial
que também disputa espaços de poder com comércio.

Outro fator a favor das classificações, os formadores de professores,


os pesquisadores, os estudiosos das teorias educacionais e das metodologias
de pesquisa, os especialistas de várias áreas necessitam conhecer as teorias
educacionais, as clássicas e as contemporâneas, para poderem se situar
enquanto sujeitos envolvidos em marco sociais, culturais, institucionais.

Outra razão forte em favor das classificações decorre de um


posicionamento teórico segundo o qual as teorias, os conteúdos, os métodos
constituem-se em mediações culturais já constituídas na prática e na teoria e
que fazem parte da atividade sócio-histórica do campo pedagógico. Tais
interferências são instrumentos simbólicos e culturais que participam na
formação intelectual e profissional.

As categorizações de teorias são, pois, instrumentos de mediação que


aprovam a formação de esquemas mentais. Uma breve caracterização de cada
uma das correntes:

 Racional-tecnológica: Ensino tecnológico;

 Neocognivistas: Construtivismo pós-piagetiano, ciências cognitivas,


evidência na inteligência;

118
 Sociocríticas: Sociologia crítica do currículo; Teoria histórico-cultural;
Teoria sociocultural; Teoria sociocognitiva; Teoria da ação comunicativa;

 “Holísticas”: Holismo Teoria da Complexidade; Teoria naturalista do


conhecimento; Ecopedagogia; Conhecimento em rede;

 “Pós-modernas”: Pós-estruturalismo; Neo-pragmatismo.

A corrente racional-tecnológica

Essa corrente obedece à compreensão que tem sido assinalada de


neotecnicismo e está integrada a uma pedagogia a serviço da formação para o
sistema produtivo. Implica a formulação de objetivos e conteúdos, padrões de
desempenho, competências e habilidades com base em critérios científicos e
técnicos. Diferente da pedagogia tradicional, a corrente racional-tecnológica
procura seu embasamento na racionalidade técnica e instrumental,
ambicionando desenvolver habilidades e treinamentos para formar o técnico.
Metodologicamente, diferenciam-se pela entrada de técnicas mais apuradas de
comunicação de conhecimentos, contendo os computadores, as mídias. Uma
origem dessa concepção é o currículo por competências, na expectativa
economicista, em que a organização curricular brota de objetivos acertados em
habilidades e treinamentos a serem dominados pelos estudantes no percurso
de formação. Mostra-se sob duas modalidades:

 Ensino de excelência, para formar para o sistema produtivo a elite


intelectual e técnica;

 Ensino para formação de mão-de-obra intermediária, centrada na


educação formadora para o mercado.

119
Outras linhas dessa corrente: centralização no conhecimento em
função da sociedade tecnológica, transformação da educação em ciência
(racionalidade científica), produção do estudante como um ser tecnológico
(versão tecnicista do ―aprender a aprender‖), utilização mais ativa dos meios de
comunicação e informação e do aparato tecnológico.

A corrente neocognitivista

Nesta qualificação estão compreendidas correntes que adentram


novas contribuições ao estudo da aprendizagem, do desenvolvimento, da
cognição e da inteligência.

Construtivismo pós-piagetianismo: o construtivismo, no campo da


educação, refere-se a uma teoria em que a aprendizagem é consequência de
uma edificação mental realizada pelos sujeitos com base na sua ação sobre o
mundo e no intercâmbio com outros. O indivíduo tem um potencial para
aprender a pensar que pode ser desenvolvida porque a faculdade de pensar
não é inata e nem é fornecida de fora. O construtivismo pós-piagetiano aciona
reforços de outras fontes tais como, o lugar do desejo e do outro na
aprendizagem, o predomínio da linguagem em relação à razão, o papel do
intercâmbio social na construção do conhecimento, a singularidade e a
pluralidade dos sujeitos (Grossi; Bordin,1993).

Nessa mesma expectativa, o socioconstrutivismo alimenta o papel da


ação e da experiência do sujeito no desenvolvimento cognitivo, mas adentra
com mais força o componente social na aprendizagem, tornando claro o papel
decisivo das definições sociais e das interações sociais na construção de
conhecimentos.

Instrumentos cognitivos empregados pelas crianças são, também,


reestruturações de representações sociais melhoradas nas interações sociais.
Uma das noções-chave desse paradigma é o conflito sociocognitivo, que surge
em situações de interação, nas quais estão também invadidas experiências
sociais e culturais que intervêm nas aprendizagens (Garnier; Bednarz;
Ulanovskaya, 1996).
120
Ciências cognitivas: a abordagem cognitiva acena aos estudos
pautados ao desenvolvimento da ciência cognitiva agregada à utilização de
computadores. Seu objetivo é buscar novos modelos e referências para
avançar na investigação sobre os processos psicológicos e a cognição. A partir
da psicolinguística, da teoria da comunicação e da cibernética (ciência dos
computadores), surgem duas variantes: a psicologia cognitiva, que estuda o
comportamento inteligente de sujeitos humanos, isto é, o ser humano como
processador de informações, e a ciência cognitiva, que aprofunda as relações
entre mente e computador, visando à construção de modelos computacionais
para entender a cognição humana. Seu empenho é a construção de programas
de inteligência artificial que realizam tarefas que implicam um comportamento
inteligente (Eysenk; Keane, 1994). Há estudos da abordagem do
processamento da informação ao construtivismo piagetiano.

Teorias Sociocríticas

A denominação ―sociocrática‖ está sendo usada para ampliar o sentido


de ―crítica‖ e envolver teorias e correntes que se desenvolvem a partir de
referenciais marxistas ou neomarxistas e mesmo de inspiração marxista e que
são, a cada passo, divergentes entre si, especialmente quanto as premissas
epistemológicas. As abordagens sociocríticas divergem na concepção de
educação como compreensão da realidade para transformá-la, visando à
construção de novas relações sociais para superação de desigualdades sociais
e econômicas.

Em razão disso, considera especialmente os efeitos do currículo oculto


e do contexto da ação educativa nos métodos de ensino e aprendizagem,
inclusive para dominar os conteúdos a uma análise ideológica e política.
Algumas dão mais destaque às questões políticas do processo de formação,
outras colocam a relação pedagógica como intervenção da formação social e
política. Nesse segundo caso, a educação tem a função de difusão cultural,
mas também é responsável em ajudar o estudante no desenvolvimento de

121
suas próprias competências de aprender e na sua admissão crítica e
participativa na sociedade em função da formação da cidadania.

Diferenças na determinação dos objetivos da educação e do ensino


induzem a distintas opções metodológicas que vão desde a visão do ensino
como transmissão cultural, até a uma ideia de escola mais informal centrada na
valorização de experiências, da convivência social, minimizando ou até
recusando um currículo formal.

A teoria curricular crítica: com características neomarxistas, acentua


os fatores sociais e culturais na construção do conhecimento, lidando com
temas como cultura, ideologia, currículo oculto, linguagem, poder e
multiculturalismo (Moreira; Silva, 1994).

Tem origem na Sociologia Crítica inglesa e norte-americana. A teoria


curricular crítica, questiona como são construídos os saberes escolares,
recomenda analisar o saber particular de cada agrupamento de estudantes,
porque esse saber expressa certas maneiras de agir, de sentir, de falar e de
ver o mundo.

Na visão da Sociologia Crítica não há uma cultura unitária, homogênea;


a cultura é um terreno contraditório onde se afrontam diferentes concepções de
vida social e onde surgem a diversidade cultural e a diferença. O currículo,
nesse sentido, não tem uma relação com a seleção e organização de
conteúdos, mas com as experiências socioculturais que fazem da escola um
ambiente de disputa para se criar e produzir cultura. Quando se pensa um
currículo, é preciso começar apreendendo as ―significações‖ que os sujeitos
fazem de si mesmos e dos outros através das experiências compartilhadas de
vivências, abrindo espaço para o currículo multicultural, currículo em rede etc.

No domínio dos sistemas de ensino, leva as políticas de integração de


minorias sociais, étnicas e culturais ao processo de escolarização, opondo-se à
definição de currículos nacionais.

122
Teoria histórico-cultural: os alicerces teóricos da teoria histórico-
social apoiam-se em Vygotsky e seguidores. Nessa direção, a aprendizagem
resulta da interação sujeito-objeto, em que a ação do sujeito sobre o meio é
socialmente mediada, conferindo peso significativo à cultura e às relações
sociais. A atividade do sujeito supõe a ação entre sujeitos, no sentido de uma
relação do sujeito com o outro. As funções mentais superiores (linguagem,
atenção voluntária, memória, abstração, percepção, capacidade de comparar,
diferenciar etc.) são ações interiorizadas de algo socialmente mediado, a partir
da cultura constituída. Essa abordagem está focalizada na estrutura do
funcionamento cognitivo em suas interações com as mediações culturais
(Daniels, 2003). Nos últimos anos, dentro dessa mesma orientação, tem se
destacado a teoria histórico-cultural da atividade.

Teoria sociocultural: nesta teoria também se remete a Vygotsky, mas


coloca destaque na explicação da atividade humana enquanto processo e
resultado das vivências em atividades socioculturais compartilhadas, mais do
que nas questões do conhecimento e da apropriação da cultura social. Abrange
as práticas de aprendizagem como atividade sem situar diretamente em um
contexto de cultura, de relações, de conhecimento (DANIELS, 2003).

Teoria sociocognitiva: são assentadas em importância as condições


culturais e sociais da aprendizagem, visando ao desenvolvimento da
sociabilidade por meio de processos socioculturais. A questão importante da
escola não é o funcionamento psíquico ou os conteúdos de ensino, mas um
ambiente educativo organizado, solidário com relações comunicativas, com
base nas experiências cotidianas, nas revelações da cultura popular. Um
projeto de escola nessa perspectiva incidiria em criar situações pedagógicas
interativas para propiciar uma formação democrática e inclusiva,
(comportamentos solidários, de justiça, de vida comunitária etc.), com
características mais informais em que se apreciam mais experiências
socioculturais do que o currículo formal (BERTRAND, 1991).

123
Teoria da ação comunicativa: a teoria da ação comunicativa,
formulada por Habermas está agregada à teoria crítica da educação gerada
dos trabalhos da Escola de Frankfurt. No agir pedagógico realça a ação
comunicativa, onde há interação entre sujeitos por meio do diálogo para se
chegar a um entendimento e cooperação entre as pessoas. Estabelece, assim,
numa teoria da educação propícia ao diálogo e na participação, visando à
emancipação dos sujeitos. Encontra pontos de ligação com o pensamento de
Paulo Freire que exerceu forte influência em autores da Sociologia crítica do
currículo de procedência norte-americana, como Giroux e Apple.

Correntes “holísticas”

Tem como denominador comum uma visão ―holística‖ da realidade, isto


é, a realidade como uma totalidade de integração entre o todo e as partes, mas
abrangendo diversamente a dinâmica e os processos dessa integração.

O holismo propriamente dito, do ponto de vista filosófico, compreende a


realidade como totalidade, em que as partes associam o todo. As partes são
como unidades que formam o todo, numa unidade orgânica. A visão holística
significa ter o sentido de total, de conjunto, de inteiro (holos, do grego), em que
o universo é considerado como uma totalidade formada por dimensões
interpenetrantes: as pessoas, as comunidades, unidas no meio biofísico. Há
indistinção entre sujeito observador e o objeto. Para Bertrand e Valois (1994), a
pessoa une-se a todas as outras pessoas, a todas as consciências, para
constituir um ―nós‖, no sentido de simbiose.

Disso resulta uma ação em comum, em que as forças criativas de


cada um e de todos tendem na ação. A consciência de uma totalidade cósmica
leva os holistas a buscarem um equilíbrio dinâmico entre o Homem e o seu
meio biofísico, a convivência entre as pessoas, a preservação ambiental e a
denúncia de todas as formas de destruição da natureza, a união das pessoas e
da natureza no todo. O projeto educativo visa conscientizar de que as pessoas
pertencem ao universo e que o desenvolvimento da espécie humana depende
de um projeto mundial de preservação da vida. A educação holística não rejeita

124
o conhecimento racional e outras formas de conhecimento, mas insiste em
considerar a vida como uma totalidade em que o todo se encontra na parte,
cada parte é um todo, porque o todo está nela. Daí que a consciência da
pessoa só pode ser comunitária, ecológica e cósmica (BERTRAND; VALOIS,
1994).

O pensamento complexo (teoria da complexidade): é uma


abordagem metodológica dos fatos em que se apreende a complexidade das
situações educativas, em aversão ao pensamento simplificador. A
inteligibilidade complexa, ou o pensar mediante a complexidade, significa
apreender a totalidade complexa, abrindo um diálogo entre diferentes modelos
de análise, diversas visões das coisas. Isso leva à cooperação interdisciplinar,
ao intercâmbio de alteridades, mas a procura de inter-relações não significa
classificar a realidade. Denota buscar a desordem, a incongruência e incerteza.
Coloca dúvidas sobre o que é a verdade, o que é a realidade empírica, de
maneira a considerar os vários lados da situação.

Segundo Morin (2005), nos informa que a teoria científica não é o


espelho do real, é uma edificação do espírito que se encoraja para apreender o
real. As teorias científicas são fabricações do espírito, são percepções do real,
são sociais, surgem de uma cultura. Elas carregam a incerteza, o imprevisto.
Essas ideias nos põem frente a uma prática pedagógica nada prescritiva, nada
disciplinar. Já que não existe nada que seja definitivamente científico, seguro,
precisamos dialogar com a dúvida, com o imprevisto. Pensar por complexidade
é usar nossa racionalidade para juntar coisas separadas, para aumentar nossa
liberdade de fazer o bem e evitar o mal. Aplicado à pedagogia, o pensamento
complexo implica a integração no ato pedagógico de múltiplas dimensões, o
que requer o diálogo com várias orientações de pensamento, reconhecendo
que nenhuma teoria pedagógica é capaz, isoladamente, de atender as
necessidades educativas sociais e individuais.

A teoria naturalista do conhecimento: essa teoria, desenvolvida por


autores como Varela e Maturana, e por brasileiros como Hugo Assmann,
entende que o conhecimento humano está ligado ao plano biológico,
bioindividual e biossocial. Essa teoria se contrapõe a uma visão mentalista do

125
sujeito e da consciência, assegurando a mediação corporal dos processos de
conhecimento. Nossa consciência não é dominadora, não somos donos do
nosso destino, pois há ―mediações auto organizativas da corporeidade
individual e das mediações sócio organizativas‖ que fogem de nossas
intenções conscientes.

Por isso, segundo Assmann (1996), a pedagogia dos saberes pré-


fixados deve ser suprida por uma pedagogia da pergunta, do melhoramento
das perguntas e do acesso de informações, por uma pedagogia da
complexidade, que saiba trabalhar assuntos transversais, acessíveis para o
inesperado. A teoria da corporeidade, desenvolvida por esse autor, propõe uma
visão nova do conhecimento em que a partida é a intensa identidade entre
processos vitais e processos de conhecimento.

Ecopedagogia: é uma pedagogia que promove a aprendizagem a


partir da vida cotidiana; é no diário que se constrói a cultura da
sustentabilidade, a cultura que valoriza a vida, que promove a estabilização
dinâmica entre seres viventes e não viventes (Gutiérrez, 1999). Os princípios
da ecopedagogia acentuam a unidade de tudo o que existe, a inter-relação e
auto-organização dos diferentes ecossistemas, a importância do global e do
local, na perspectiva de uma cidadania planetária, a centralidade do ser
humano no processo educativo e a intersubjetividade, a educação voltada para
a vida cotidiana.

O conhecimento em rede: a ideia fundamental da corrente do


conhecimento em rede é de que os conhecimentos disciplinares, assentados
na visão moderna de razão, devem abdicar lugar aos conhecimentos tecidos
em redes relacionadas à ação diária. O conhecimento se constrói socialmente,
não no sentido de absorção da cultura anteriormente acumulada, mas no
sentido de que ele insurge nas ações cotidianas, rompendo-se com a
separação entre conhecimento científico e conhecimento cotidiano. Há um
atrelamento do conhecimento com a prática social, que se diferencia pela
multiplicidade e complexidade de relações em meio das quais se criam e se
trocam conhecimentos numa constante interação. O conhecimento surge,
então, das redes de relações em que as pessoas dividem significados. Com

126
isso, são extintas as fronteiras entre ciência e senso comum, entre
conhecimento válido e conhecimento cotidiano. A escola é um espaço e tempo
de semelhanças múltiplas entre múltiplos sujeitos com saberes múltiplos, que
aprendem e ensinam o tempo todo, múltiplos conteúdos de múltiplas maneiras
(Alves, 2001).

Correntes “Pós-Modernas”

As correntes ―pós-modernas‖ não se sentem confortáveis em se


autodenominar como pedagogias, assim, como recusam as classificações.
Contudo, figuram aqui porque boa parte das publicações de autores brasileiros
tem sido brotadas a partir do campo da educação e devido ao fato de serem
acolhidas pelo campo científico da educação. Por essa razão, as correntes
pós-críticas podem ser abrangidas como uma ―pedagogia‖ já que influenciam
as práticas docentes, mesmo pela sua negação. Elas se formam a partir das
críticas às concepções globalizantes do destino humano e da sociedade, isto é,
assentadas na razão, na ciência, no progresso, na autonomia individual.

Atualmente não existem aquelas crenças na transformação social,


baseados na formação da consciência política, na ideia de que a história tem
uma finalidade, que caminhamos para uma sociedade mais justa etc., tudo isso
não tem mais muito embasamento, porque foi dessas ideias que nasceram os
problemas mais excessivos da nossa época como a perda do poder do sujeito,
a docilidade às estruturas, a exploração do trabalho, a deterioração ambiental
etc. Não há direitos universais abstratos, mas direitos e vozes de cada grupo
cultural, de cada comunidade. Hoje, existe muitas linguagens reservadas que
são as que interessam: a cultura local, o feminismo, o pacifismo, a ecologia, o
negro, o homossexual. Ou seja, não há mais uma consciência unitária, não há
uma referência moral, teórica, na qual se repouse o desenvolvimento da
consciência.

O pós-estruturalismo: a influência do pós-estruturalismo na educação


nasce principalmente pela exposição do pensamento de Michel Foucault sobre
as relações entre o saber e o poder nas instituições educativas. O sistema

127
educativo enquanto força cria um saber que exerce um controle sobre as
pessoas, já que sua ação é formar o sujeito da modernidade, isto é, o sujeito
dependente, disciplinado, contido ao poder do outro. O saber está afetado com
o poder, sendo que essas relações de poder estão onipresentes, cumpridas
nas mais variadas instâncias como a família, a escola, a sala de aula. Sendo
assim, a pedagogia será desconstrutiva dos discursos e não construtiva.

O papel do professor muda, ele não pode mais ser aquele que forma a
consciência crítica, que manuseia as subjetividades dos estudantes. A partir de
temas centrais como o poder, a linguagem e a cultura, o pós-estruturalismo
debate questões como a identidade/diferença, a subjetividade, os significados e
as práticas discursivas, as relações gênero-raça-etnia-sexualidade, o
multiculturalismo, os estudos culturais e os estudos feministas (Silva, 2004). É
com base em averiguações e análises ligadas a esses temas que as correntes
pós-críticas aparecem nas estratégias pedagógico-didáticas nas escolas.

O neopragmatismo: está associada à virada linguística: pragmática


iniciada por filósofos ligados à Filosofia Analítica, seu principal representante é
Rorty. Em oposição à tradição positivista do conhecimento, valoriza no
processo educativo as experiências pessoais do indivíduo, a interação
dialógica em uma conversa aberta, contínua, duradoura. Doll Jr. (1997) escreve
com base em Rorty que, ao contrário de uma busca de fundamentos, devemos
avaliar os aspectos particulares das situações, nas quais não há nenhum início
e nenhum fim constituído. Não se trata de buscar a verdade estabelecida, mas
de criar significados nas interações dialógicas pessoais com os outros, com as
histórias e textos.

O diálogo com outros é nossa única fonte de orientação, ele é o


contexto básico para compreender o conhecimento. É, através da experiência,
pela conversação, que os participantes fazem escolhas lógicas, que são
pessoais, históricas, ligadas a uma situação concreta. O mesmo Doll Jr.
denomina essa atitude de epistemologia experiencial, em que o currículo é
entendido como processo, em que os sujeitos criam e recriam a si próprios e a
sua cultura, em contextos de conversação, de troca de narrativas, de forma a

128
compreender como os outros constroem seus significados a partir de sua
vivência em contextos culturais, linguísticos, interpretativos.

Um agir pedagógico apontado nessa corrente abandona imposições,


apreciando as atitudes dos professores em suas ações e interações baseadas
no diálogo; o currículo como processo que propicia a transformação pessoal,
com base na experiência que o estudante vivencia ao aprender, ao transformar
e ao ser transformado; indica a discussão de problemas humanos ―edificantes‖,
envolvendo a solidariedade, a diferença, visando experiências transformativas
nas pessoas.

Em síntese, o neopragmatismo apresenta uma visão de conhecimento


e de construção humana em que se supera uma visão individualista, estática,
substituída por outra de caráter dialógico, comunicativo, de compartilhamento
com os outros, alcançada no mundo prático onde o conhecimento é produzido.

129
130
Explicando melhor com a pesquisa

Caro estudante, convidamos você a obter mais conhecimento


realizando a leitura dos artigos abaixo:

O presente artigo “Althusser: A Escola como aparelho ideológico


de Estado‖ desenvolve uma reflexão sobre a escola como o aparelho
ideológico de Estado capitalista, que influência nas formações sociais
modernas.

O artigo ―O Pensamento Pedagógico Moderno: algumas reflexões


sobre a educação, a ciência do Homem laico e universal‖, tem o objetivo de
demonstrar as relações históricas sociais do pensamento pedagógico moderno,
pois a história das ideias pedagógicas associa-se a ideia de progresso pela
educação como fator de desenvolvimento social dando ênfase a inclusão dos
indivíduos.

O presente artigo ―O Iluminismo Pedagógico de Rousseau” aborda


alguns traços do pensamento de Rousseau no contexto iluminista e também
aborda como ele se insere no movimento iluminista de sua época e que tipo de
iluminista sustenta.

Também sugerimos que faça a leitura da CARTA DA


TRANSDISCIPLINARIDADE, que foi elaborada no Primeiro Congresso
Mundial da Transdisciplinaridade em Portugal, e reflita a partir da desta, a sua
compreensão sobre educação e a possibilidade de realizá-la nessa
perspectiva.

131
Leitura Obrigatória

Sugerimos que você leia a obra de Tardif e Lessard cujo tema é “O


trabalho docente: elementos de uma teoria da docência
como profissionais de interações humanas”. Para os
autores dessa obra o processo educacional depende
essencialmente da interação entre os envolvidos, seus
trabalhos e seus respectivos papéis neste contexto que
constituem a perspectiva de eficiência de ensino.

TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. O trabalho docente: elementos de


uma teoria da docência como profissionais de interações humanas. 5.Ed.
Petrópolis: Vozes, 2009. 317 p.

132
Pesquisando na Internet

Prezado estudante, você é convidado a buscar na Internet uma


investigação referente o assunto estudado nesta disciplina para ampliar
seu conhecimento. Faça uma pesquisa norteada pela seguinte
pergunta: O que vem a ser multiculturalismo progressista?

Guia de Estudo:

Após a sua pesquisa faça uma síntese do assunto e discuta com seus
colegas.

Caríssimo estudante, pesquise sobre a Didática na relação professor e


estudante, destacando as tendências e atitudes, traçando um paralelo entre as
tendências educacionais.

A teoria do conhecimento de Jean Piaget sustenta-se na tese de que o


conhecimento é um produto da atividade e, só pode ser concebido como
conhecimento de uma pessoa, ou seja, cada pessoa constrói o seu próprio
conhecimento, isso constitui a principal base para a pedagogia denominada
construtivismo. Faça uma pesquisa baseada no Construtivismo, pós-
modernidade e decadência ideológica.

Guia de Estudo:

Após a pesquisa, reflita como você percebe a questão metodológica do


professor a partir da abordagem construtivista. E como o professor pode
provocar no estudante a capacidade de autonomia e construção do
conhecimento? Após a pesquisa disponibilize no Ambiente Virtual de
Aprendizagem – AVA.

133
Saiba mais

Vamos Refletir na Prática. São trechos da entrevista que a educadora


portuguesa Isabel Alarcão concedeu a Nova Escola, em São Paulo, onde a
educadora confirma que o questionamento deve ser à base do trabalho de
todos os professores.

O tema chama a atenção de Isabel Alarcão desde o início da década de


1990, quando conheceu os estudos do americano Donald Schön. Ele defende
que os profissionais façam o questionamento sobre situações práticas como
base de sua formação. "Só assim, nos tornamos capazes de enfrentar
situações novas e de tomar decisões apropriadas." Vale a pena conferir!

134
Vendo com os olhos de ver

Sugerimos que assista ao vídeo Portal Cameraweb CCUEC Aula 7


Escola como Aparelho Ideológico do Estado Luuis Althusser.

Assista também ao vídeo História da Educação Romana, você irá


entender a divisão da Educação Romana em três períodos, o primeiro período
desde a Fundação de Roma à conquista da Grécia, o segundo período que vai
desde à conquista da Grécia ao reinado de Adriano e o terceiro período greco-
romano que vai do reinado de Adriano ao ano 200 d.c.

Propomos que assista ao vídeo “O Positivismo”, no qual Comte em


sua teoria denominado Positivismo pretendeu realizar por meio da ciência uma
reforma social afirmando que a sociologia é a única ciência capaz de reformar
a sociedade.

Propomos também que assista ao vídeo “Escola Nova”, neste você


observará a partir das ideias de Dewey que a Escola Nova renovou o
pensamento sobre a educação e sua prática, estabelecendo as bases
filosóficas e que reformulou uma ideia do que é educação.

Para fixar as ideias presentes nas unidades de estudo,


indicamos os filmes abaixo, pois refletem o testemunho do
tempo ao qual se reporta, como documento de grande
importância na análise histórica.

Escritores da Liberdade, nas páginas de diários de


estudantes que vivem em meio ao caos urbano, por causa
da discriminação racial e preconceitos, uma professora idealista, Erin Gruwell

135
(Hilary Swank), tenta mudar o ambiente na sala-de-aula, não ensinando
somente o conteúdo de uma matéria específica, mas também tenta lecionar
lições de vida a seus estudantes, que aprendem ser cidadão. Para concretizar
seus planos, Erin Gruwell, terá que revolucionar o ambiente escolar, e para
isso, passará por cima da burocrática e conservadora diretora da escola,
Margaret Campbell (Imelda Staunton) e abrirá mão de sua vida pessoal para
com seu marido Scott Casey (Patrick Dempsey). O filme é baseado na história
real dos estudantes e da Professora Erin Gruwell, relatados no aclamado best-
seller, “O Diário dos Escritores da Liberdade”.

Escritores da Liberdade. Direção e Roteiro: Richard LaGravenese. Alemanha


e Estados Unidos. Duração: 122 min. Gênero: Drama. Dublado, 2007.

Sociedade dos Poetas Mortos, em 1959, na Welton


Academy, uma tradicional escola preparatória, um ex-
aluno (Robin Williams), se torna o novo professor de
literatura, mas logo seus métodos de incentivar os
estudantes a pensarem por si mesmos, cria um choque
com a ortodoxa direção do colégio, principalmente
quando ele fala aos seus estudantes sobre a
"Sociedade dos Poetas Mortos".

Sociedade dos Poetas Mortos. Direção: Peter Weir. Roteiro: Tom Schulman.
Estados Unidos. Duração: 2h 9min. Gênero: Drama. Dublado, 1989.

Estudo Guiado

Elabore um quadro resumo com os processos pedagógicos abordados nos


filmes “Escritores da Liberdade” e “Sociedade dos poetas mortos”,
comparando aos processos pedagógicos da pedagogia tradicional. Justifique o
êxito de tais processos relatados nos filmes.

136
Revisando
Vimos no decorrer de nossa primeira unidade de estudo os
pensamentos pedagógicos: Greco, Romano, Medieval, Renascentista,
Moderno, Iluminista, Positivista, Socialista, Escolanovista Antiautoritário e
Crítico.

O mundo grego foi rico em intenções pedagógicas, Pitágoras estudou a


matemática e sua afinidade com o universo; Sócrates dedicou-se a retórica e
na linguagem; Xenofontes foi a primeira a refletir a educação para mulheres,
apesar de restrita a conhecimentos caseiros e de importância do esposo.

Platão defendia que conhecer é lembrar, e que o homem, ao encontrar


o objeto do saber, tem condições de reconhecê-lo, uma vez que ele já está
impresso em sua alma.
Sócrates acreditava que o autoconhecimento é o inicio da abertura do
verdadeiro saber. Defensor de um diálogo vivo e amigo com seus discípulos.
Ele realizou uma reviravolta na história humana. A filosofia se preocupava em
explicar o mundo com base na observação das forças da natureza. Com
Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo. Ele se preocupou em levar
as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem.

Sócrates defendia o diálogo como método de educação, considerava


muito importante o contato direto com os interlocutores. Para ele o papel do
educador é ajudar o discípulo a caminhar nesse sentido, despertando sua
cooperação para que ele consiga por si próprio "iluminar" sua inteligência e sua
consciência.
Aristóteles acreditava que a educação era o caminho para uma vida
pública, cabendo a ela a formação do caráter do aluno. Via virtude como modo
de educar para viver bem prazerosamente. Tinha o Estado como o único
responsável pelo ensino. Defendia a ideia de que a criança aprende com o ato
de imitar os bons hábitos do adulto. Para ele o ser humano só será feliz se der
sua melhor contribuição ao mundo, se desfrutar suas condições necessárias
para desenvolver os talentos.
Em relação ao pensamento pedagógico romano o trabalho manual era
desvalorizado enquanto o trabalho intelectual era valorizado. Os educadores
137
procuravam formar o cidadão capaz de pensar corretamente e se expressar
com convicção. O homem era formado para servir a Pátria e as mulheres aos
afazeres do lar.

No pensamento pedagógico Medieval vimos que ao contrário dos


cristãos, os árabes não almejavam truncar a cultura grega, e então se inicia
um novo tipo de vida intelectual, chamada escolástica que busca harmonizar a
razão histórica com a fé cristã.

No pensamento pedagógico Renascentista a educação organizou a


formação do homem burguês e a educação não atingiu as massas populares.
Caracterizava-se pelo elitismo, aristocratismo, individualismo liberal. Abrangia
principalmente, o clero, a nobreza e a burguesia.

Quanto ao pensamento pedagógico Moderno René Descartes


escreveu sobre os passos para o estudo e a pesquisa e recriminou o ensino.
Comênio foi respeitado como grande educador moderno e um dos maiores
reformadores sociais da época. Foi o primeiro a sugerir o sistema articulado de
ensino e defendeu que a educação deveria ser permanente, acontecer durante
toda a vida do homem.

O pensamento pedagógico Iluminista Jean Jacques Rousseau


desempenhou a relação entre educação e política com o tema na infância na
educação. Sempre defendendo o desenvolvimento da criança e sendo o
criador do jardim da infância.

No pensamento pedagógico Positivista Augusto Comte e Karl Marx


foram dois expoentes, a tendência cientificista ganhou força na educação como
desenvolvimento da sociologia em geral, e da sociologia da educação. Um dos
principais teóricos da sociologia da educação foi Emile Durkheim.

No pensamento pedagógico Socialista os princípios da educação


pública socialista foram proclamadas por Marx e Engels e desenvolvidos por
Lênin.

No pensamento pedagógico Escolanovista John Dewey foi o primeiro


norte-americano a formular o novo ideal pedagógico, afirmando que o ensino

138
deveria ser pela ação e não pela instrução, por uma experiência ativa, concreta
e produtiva.

No pensamento pedagógico Antiautoritário o educador espanhol Ferrer


Guardia foi fundador da escola moderna, racionalista e libertária, crítico da
escola tradicional e apoiador do pensamento iluminista.

No pensamento pedagógico crítico destacarão o teórico Louis


Althusser e os sociólogos Pierre Bourdieu e Jean Claude Passeron
influenciadores do pensamento pedagógico brasileiro na década de 70. Foram
chamados de críticos reprodutivistas, por demonstrarem que a educação reflete
a sociedade. Formularam as seguintes teorias: Althusser, a teoria da escola
enquanto aparelho ideológico do Estado; Bourdieu e Passeron, a teoria da
escola enquanto violência simbólica.

Na segunda unidade de estudo vimos que o pensamento pedagógico


brasileiro foi perpassado por movimentos de lutas políticas em busca da
educação pública de qualidade, de novo métodos, da luta pela
redemocratização da educação, pela busca da valorização da educação
popular.

O pensamento pedagógico contemporâneo foi representado por


pedagogos humanistas e críticos que defendiam uma concepção dialética da
educação. Já os defensores da educação progressista defenderam a formação
de um cidadão crítico e participante da mudança social.

Na atualidade, estamos vivenciando crises de paradigmas em todos os


campos da ciência, cultura e sociedade, tornando a educação permanente. A
educação pós-modernismo é marcada pelo avanço da tecnologia eletrônica, da
automação e da informação, que causam a perda de identidade nos indivíduos
ou até a desintegração.

Na terceira unidade de estudo vimos que atualmente, vivemos em


intenso desafio à lógica disciplinar e sistematização dos conteúdos. Faz-se
necessário o diálogo para construção de saberes docentes e discentes. A
sociedade é complexa e a escola mostra-se como locais onde vários

139
fenômenos sociais e diversas maneiras e concepções de mundo são
vivenciados e trabalhados.

A nova tendência em educação é transformar o sistema educacional


monocultural em multicultural. Nesse sentido a interdisciplinaridade poderá
contribuir para a interligação dos saberes.

A escola deve trabalhar no sentido de buscar a formação de


identidades abertas à pluralidade cultural, na perspectiva de uma educação
para cidadania, respeitando as relações interpessoais, as diferenças.

No entanto, deve considerar os diversos saberes científicos e não-


científicos e criar diálogos entre eles, para que possamos construir novos
saberes que possam ser mais bem compreendidos e praticados.

Para darmos respostas a formação do novo cidadão desse século, a


escola deve estar comprometida em propiciar diversas linguagens e
manifestações culturais.

Segundo Boa Ventura, a dicotomia entre o saber moderno e o saber


tradicional, explica as mudanças na hierarquia entre saber científico e não-
científico, onde cada uma delas tem expressado uma extensão de dominação,
uma diferença epistemológica que não reconhece em pé de igualdade e
favorece a marginalidade e situações de exclusões sociais.

Na quarta unidade de estudo aprendemos que a Teoria da Educação é


uma ciência que busca os valores e os limites da educação, como processo de
edificação e de libertação do ser humano. Nesse contexto, as teorias da
educação são formadas por concepções pedagógicas, que segundo Cabanas
(2002), envolvem três níveis: filosófico, sociológico e pedagógico.

Nos estudos sobre a pedagogia, verificou-se que a educação era situada


no professor, porém, com as transformações ocorridas, o estudante torna-se o
núcleo do ensino e da aprendizagem.

Contudo, o espaço da Pedagogia no âmbito de ciência está presente em


todo contexto social, não unicamente na escola.

140
Nesse cenário de mudanças e evolução na educação deu-se origem a
didática, como disciplina dos cursos de formação de professores a nível
superior.

O enfoque da Didática teve importante contribuição, pois, foi a partir dos


pressupostos da pedagogia crítica, que se trabalhou para ir além, dos métodos
e técnicas, procurando associar escola e sociedade, teoria e prática, conteúdo
e forma, técnico e político, ensino e pesquisa, professor e estudantes.

Durante o estudo das unidades, percebemos que a prática pedagógica


do professor está vinculada ao modo do mesmo perceber e atuar em sala de
aula e de sua compreensão de mundo.

Alguns autores citados acreditam que o conhecimento pode e vem da


prática, mas não tem como situá-lo unicamente nisto. Dizer que o professor
deve ser reflexivo não é mais novidade. Devemos elevar a discussão ao campo
da práxis, onde teoria e prática constituem processos indissociáveis na qual a
reflexão é de fundamental importância para o aprimoramento da ação
pedagógica do professor. Ser reflexivo é ir para além, da descrição do que se
fez em sala de aula. É ter a capacidade de questionamento sobre a sua própria
ação em sala.

Outro ponto importante discutido nas unidades foi sobre a análise das
tendências a partir da formação dos professores no tempo histórico, entre os
anos 1930 a 1980. Daí, percebemos o quanto as relações econômicas e
políticas determinaram os caminhos pedagógicos na história da educação.

Assim, a compreensão das concepções e abordagens de aprendizagem


se constitui em importante ferramenta para intervenções que ajudam os
estudantes a aprender significativamente. Essas concepções de aprendizagem
podem ser definidas como os significados que os fenômenos da aprendizagem
possuem para os estudantes.

As abordagens de aprendizagem são compostas por concepções de


motivações e de estratégias utilizadas por educandos para realização do
estudo. Podem ser definidas como uma forma de se relacionar com os
processos e produtos de uma aprendizagem.

141
Não poderíamos deixar de considerar o quanto os efeitos de sentidos
produzidos pela formação técnico-científica têm contribuído na redefinição de
processos de identificação no processo de ensino-aprendizagem. A nova forma
de ensino, não presencial, nos dá certa indefinição como novos processos de
identificação presentes nessa modalidade funcionarão com seus significados
nos processos formativos do estudante. Dessa forma, foram discutidas
algumas considerações relevantes das diferentes abordagens teóricas do
processo de ensino e aprendizagem.

142
Autoavaliação

1. Ler o artigo no link abaixo para discussão das questões a seguir e responda
as questões abaixo:

Introdução: Para ampliar o cânone da ciência: a diversidade epistemológica do


mundo. <http://www.ces.uc.pt/publicacoes/res/pdfs/IntrodBioPort.pdf>.

a) O que é epistemicídio?
b) Explique a crise epistemológica da ciência moderna.
c) O que vem a ser multiculturalismo progressista?
d) Explique de que forma os europeus (ciência moderna) construíram a
natureza como algo exterior à sociedade.
e) A partir do texto de Boaventura, você concorda que a ciência não seja
neutra? ―A formulação das hipóteses, a seleção das abordagens, as
linguagens e imagens utilizadas para a realização e interpretação dos
resultados da investigação são inseparáveis das influências culturais
que os cientistas incorporam e que as instituições e políticas científicas
contribuem para reproduzir ou transformar‖.
f) A partir do texto de Boaventura, você consegue relacionar Direito,
ciência moderna, poder e dominação?

2. Aristóteles acreditava que educar para a virtude era também um modo de


educar para viver bem – e isso queria dizer, entre outras coisas, viver uma
vida prazerosa. No mundo atual, nem sempre se vê compatibilidade entre a
virtude e o prazer. Ainda assim, você acredita que seja possível
desenvolver em seus alunos uma consciência ética e, ao mesmo tempo, a
capacidade de apreciar as coisas boas da vida?

3. Ao eleger o diálogo como método de investigação, Sócrates foi o primeiro


filósofo a se preocupar não só com a verdade mas com o modo como se pode
chegar a ela. Eis por que ele é considerado por muitos o modelo clássico de

143
professor. Quando você prepara suas aulas, costuma levar em conta a
necessidade de ajudar seus alunos a desenvolver procedimentos para que
possam pensar por si mesmos?

4. Platão acreditava que, por meio do conhecimento, seria possível controlar os


instintos, a ganância e a violência. O acesso aos valores da civilização,
portanto, funcionaria como antídoto para todo o mal cometido pelos seres
humanos contra seus semelhantes. Hoje poucos concordam com isso; a causa
principal foram as atrocidades cometidas pelos regimes totalitários do século
20, que prosperaram até em países cultos e desenvolvidos, como a Alemanha.
Por outro lado, não há educação consistente sem valores éticos. Você já
refletiu sobre essas questões? Até que ponto considera a educação um
instrumento para a formação de homens sábios e virtuosos?

5. Qual a sua concepção de educação permanente nesta atualidade? Porque ela


surgiu?

6. Você consegue relacionar teorias pedagógicas com a didática do professor?


Explique.

7. De que forma a cultura influência na prática pedagógica do professor e na


aprendizagem do aluno em sala de aula?

8. Qual a importância da interdisciplinaridade para o aprendizado do aluno?

9. Analise a ação pedagógica da professora no filme “Escritores da Liberdade”,


a partir dos estudos teóricos dessas unidades de estudo.

10. Desenvolva criativamente uma apresentação lúdica, expondo a profissão do


professor em sua didática e envolvendo as características fundamentais em
sua prática docente, como possibilidade de construção de saberes
significativos.

144
11. Qual a importância do diálogo e da reflexão na prática docente? Faça uma
análise do filme “Sociedade dos Poetas Mortos”.

12. Descreva os tipos de abordagens pedagógicas que você conheceu no estudo


desta unidade, cite os autores que aprofundaram o assunto e relate o tipo que
você mais identifica na realidade do ensino em nosso país.

13. Construa, de forma criativa, uma situação entre professor e educando.


Respeitando os pilares da educação e utilizando um tipo de abordagem
educacional discutida no decorrer deste livro.

14. Construir um mapa conceitual de cada Unidade de Estudo.

145
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