Eliane Pelity Eloi

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

Educação Financeira: algumas revelações expressas


em documentos curriculares oficiais e livros didáticos.

Eliane Pelity Eloi

Orientadora: Profª Drª Cintia Aparecida Bento dos Santos

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Ensino de Ciências e
Matemática, da Universidade Cruzeiro do
Sul, como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Mestre em Ensino
de Ciências e Matemática.

SÃO PAULO
2020
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA


BIBLIOTECA CENTRAL DA UNICSUL

PELITY ELOI, Eliane


E43e
Título Educação Financeira: algumas revelações expressas em
documentos curriculares oficiais e livros didáticos / Eliane Pelity
Eloi. -- São Paulo; 2020.
número de paginas 73 f. : il.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Cintia Aparecida Bento dos Santos


Dissertação (Mestrado) - Ensino em Ciências e Matemática,
Universidade Cruzeiro do Sul

1. Educação Financeira 2. Documentos curriculares oficiais 3.


Análise de livros didáticos. I. SANTOS, Cintia Aparecida Bento
dos. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Mestrado em Ensino de
Ciências e Matemática. III. Título

CDU: 51(07)
DEDICATÓRIA

À minha família, especialmente


ao meu esposo Julio Cezar e aos
meus filhos Victor Hugo e Maria
Eduarda
AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.

À UNICSUL, por proporcionar a rica oportunidade de participar de um


prestigiado programa de pós-graduação, num ambiente que privilegia a inovação e
autonomia, abrindo novos horizontes para a minha carreira.

À minha orientadora, Profª Drª Cintia Aparecida Bento dos Santos, pelas
sempre oportunas correções e incentivos na confecção deste trabalho.

À todos aqueles que direta ou indiretamente fizeram parte de minha formação


e trajetória profissional, os meus mais sinceros agradecimentos.
“Nunca diga às pessoas como fazer as coisas. Diga-lhes o que deve ser feito e elas
surpreenderão você com sua engenhosidade“

George Patton
PELITY ELOI, Eliane. Educação Financeira: algumas revelações expressas em
documentos curriculares oficiais e livros didáticos. 2020. 73 f. Dissertação (Mestrado
em Ensino de Ciências e Matemática) Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo,
2020.

RESUMO

Apresenta-se uma pesquisa desenvolvida no âmbito de um Programa de Mestrado


Profissional em Ensino de Ciências e Matemática na cidade de São Paulo/ SP. O
objetivo foi de apresentar sinteticamente uma investigação sobre o que revelam os
documentos curriculares oficiais e livros didáticos selecionados sobre o ensino da
Educação Financeira no currículo escolar na Educação Básica. Para atingir este
objetivo foi realizada uma investigação qualitativa com o método de análise
documental, utilizando como base de pesquisa os Parâmetros Curriculares
Nacionais, a Base Nacional Comum Curricular, os currículos estadual e municipal de
São Paulo, além de coleções de livros didáticos, com a finalidade de conhecer as
referências à Educação Financeira no ambiente escolar.

Palavras-Chave: Educação Financeira - Documentos Curriculares Oficiais - Análise


de livros didáticos.
PELITY ELOI, Eliane. Financial Education: some revelations expressed in official
curricular documents and textbooks. 2020. 73 s. Dissertação (Mestrado em Ensino
de Ciências e Matemática) Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2020.

ABSTRACT

This work is a research carried out within the scope of a Master's Program in
Teaching Science and Mathematics in the city of São Paulo/ SP. The objective was
to present a synthetically an investigation on the official curricular documents and
selected textbooks on the teaching of Financial Education in the school curriculum of
Basic education. To achieve achieve this objective, a qualitative investigation was
carried out using the document analysis method, using the National Curricular
Parameters, and the National Curricular Common Base, the state and municipal
curricular of São Paulo as a research base, in addition to studies of textbooks, with
one needs to know the references to Financial Education in the school environment.

Keywords: Financial education - Official Curriculum Documents - Analysis of


textbooks.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABAC – Associação Brasileira de Administradores de Consórcio


AEF-Brasil – Associação de Educação Financeira do Brasil
ANBIMA – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de
Capitais
APIMEC – Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de
Capitais
BC, BCB e/ ou BACEN – Banco Central do Brasil
BM&FBOVESPA – Bolsa de Mercadorias e Futuros/ Bolsa de Valores de São Paulo,
atual B3
BNCC – Base Nacional Comum Curricular
B3 – Brasil, Bolsa, Balcão
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CDB – Certificado de Crédito Brancário
CDI – Certificado de Crédito Imobiliário
CEB – Câmara de Educação Básica
CNE – Conselho Nacional de Educação
CNSeg – Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência
Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização
CONEF – Comitê Nacional de Educação Financeira
CONSED – Conselho Nacional de Secretários de Educação
COREMEC – Comitê de regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiro, de
Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização
CVM – Comissão de valores Mobiliários
DCN – Diretriz Curricular Nacional/ Diretrizes Curriculares Nacionais
DCOCEB – Diretoria de Concepções e Orientações Curriculares para Educação
Básica
DEIDHUC – Diretoria de Educação integral, Direitos Humanos e Cidadania
EF – Educação Financeira
ENEF – Estratégia Nacional de Educação Financeira
FAPI - Faculdade de Pinhais
FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos
FUNENSEG – Escola Nacional de Seguros, atual ENS
GAP – Grupo de Apoio Pedagógico
IOF – Imposto sobre Operações Financeiras
IR – Imposto de Renda
LC - Letra de Câmbio
LCA – Letra de Crédito do Agronegócio
LCI – Letra de Crédito Imobiliário
LH – Letra Hipotecária
MEC – Ministério da Educação
MF – Ministério da Fazenda, atual Ministério da Economia
MJ – Ministério da Justiça
MPS – Ministério da Previdência Social
NBR - Norma Brasileira
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PCN – Parâmetro Curricular Nacional/ Parâmetros Curriculares Nacionais
PREVIC – Superintendência Nacional de Previdência Complementar
SCELISUL – Sociedade de Cultura e Educação do Litoral Sul
SAC – Sistema de Amortização Constante
SAM – Sistema de Amortização Misto
SEB – Secretaria de Educação Básica
SEE/ SP – Secretaria de Educação do Estado de São Paulo
SME/ SP – Secretaria Municipal de Educação de São Paulo
SUSEP – Superintendência de Seguros Privados
TIC – Tecnologias da Informação e Comunicação
UFABC – Universidade Federal do ABC
UNDIME – União nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
UNICSUL – Universidade Cruzeiro do Sul
UNIMES – Universidade Metropolitana de Santos
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Diagrama da Educação Financeira .......................................................... 28


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Endividamento da família brasileira ........................................................ 29


Gráfico 2 – Tipos de dívidas da família brasileira ...................................................... 30
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Proposta de orçamento mensal.................................................................31


Tabela 2 – Quadro de habilidades da BNCC – Ensino Fundamental (anos iniciais).44
Tabela 3 – Quadro de habilidades da BNCC – Ensino Fundamental (anos finais)....45
Tabela 4 – Quadro de habilidades da BNCC – Ensino Médio ....................................46
Tabela 5 – Habilidades propostas pela SME/ SP – Ensino Fundamental...................50
Tabela 6 - Tópicos de Educação Financeira no 6º ano................................................52
Tabela 7 - Tópicos de Educação Financeira no 7º ano................................................52
Tabela 8 - Tópicos de Educação Financeira no 8º ano................................................53
Tabela 9 - Tópicos de Educação Financeira no 9º ano................................................54
SUMÁRIO

CAPÍTULO I .............................................................................................................. 14
1. CENÁRIO DE PESQUISA E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................ 14
1.1 Introdução.. ..................................................................................................... 14
1.2 Trajetória Profissional/ Acadêmica ............................................................... 15
1.3 Objetivo da Pesquisa ..................................................................................... 17
1.4 Justificativa ..................................................................................................... 18
1.5 Metodologia .................................................................................................... 20

CAPÍTULO II ............................................................................................................. 24
2. EDUCAÇÃO FINANCEIRA NA MATEMÁTICA ..................................................... 24
2.1 Sinopse do Capítulo ....................................................................................... 24
2.2 Educação Financeira...................................................................................... 24
2.3 Matemática Financeira ................................................................................... 35

CAPÍTULO III ............................................................................................................ 40


3. ANÁLISE DOS DOCUMENTOS CURRICULARES .............................................. 40
3.1 Sinopse do Capítulo ....................................................................................... 40
3.2 Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática .................................... 40
3.3 Base Nacional Comum Curricular de Matemática ....................................... 43
3.4 Curriculo de Matemática da Secretaria de Estado da Educação de SP .... 48
3.5 Curriculo de Matemática da Secretaria Municipal da Educação de SP ..... 49

CAPÍTULO IV ............................................................................................................ 51
4. ANÁLISE DOS LIVROS DIDÁTICOS .................................................................... 51
4.1 Sinopse do Capítulo ....................................................................................... 51
4.2 Análise de livros didáticos do Ensino Fundamental ................................... 51
4.3 Análise de livros didáticos do Ensino Médio ............................................... 57

CAPÍTULO V ............................................................................................................. 61
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 61
5.1 Sinopse do Capítulo ....................................................................................... 61
5.2 Considerações Finais .................................................................................... 61

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 66
14

CAPÍTULO I

1. CENÁRIO DE PESQUISA E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

1.1 Introdução

Neste capítulo descreve-se a motivação da pesquisadora pela Educação


Financeira e suas intersecções com a Matemática Financeira e as Finanças
Pessoais, prosseguindo com um pequeno relato sobre a sua trajetória profissional e
acadêmica. Logo, neste capítulo apresenta-se a justificativa pela escolha do tema,
bem como serão delimitados os objetivos de pesquisa e a metodologia empregada.
A Educação Financeira, confluência da Matemática com as Finanças, é o
centro da discussão estipulada nesta investigação, apoiada nas suas referências
desenvolvimento na Educação Básica, com o suporte no que são revelados os
documentos curriculares oficiais e nas coleções de livros didáticos selecionados.
Relacionando conceitos próprios das Ciências Econômicas aplicadas às
Finanças, a Educação Financeira permite uma abordagem abrangente que integra a
realidade social com o saber matemático, uma vez que as ferramentas quantitativas
estão presentes na interpretação dos diversos eventos econômicos, como a inflação,
a taxa de juros, sobe e desce dos índices das bolsas de valores, rentabilidade de
investimentos, cálculo de financiamentos, etc.
Este trabalho pretende apresentar um panorama de como a Educação
Financeira é apresentada nos Parâmetros Curriculares Nacionais, na Base Nacional
Comum Curricular, bem como algumas coleções de livros didáticos. Dado o fato de
a pesquisa ocorrer na capital paulista, realizaremos também uma pequena análise
dos currículos estadual e municipal, atinente às menções ao tema. A título de
considerações finais, na conclusão desta pesquisa verificaremos se as referências
encontradas nesses documentos e nos livros didáticos são ou não suficientes para o
desenvolvimento da Educação Financeira no ramo da Educação Básica, a fim de
propor oportunidades de melhorias no trato da temática em sala de aula, conforme
apresentado no produto educacional.
15

1.2 Trajetória Profissional/ Acadêmica

Em razão do período histórico entre as décadas de 1980 e 1990, época da


redemocratização do país combinada com crise econômica, refletida na estagnação
e hiperinflação que afligiu os governos Sarney, Collor e Itamar, acompanhava desde
a infância e adolescência pelo noticiário o movimento da economia, com suas taxas
de juros, mudanças de moedas (Cruzado, Cruzeiro e Real), diversos planos
econômicos, os quais sempre envolviam os conceitos matemáticos de uma forma ou
outra nas explicações dos economistas.1
A escolha profissional advém do ingresso no Curso Técnico de Magistério, no
período de 1996 a 1998, na Escola Estadual Carmen Miranda, em Peruíbe/ SP,
período em que tinha as primeiras preocupações com as finanças pessoais, dado o
ingresso no mercado de trabalho e a gestão de recursos financeiros advindos dos
proventos recebidos, o custeio das despesas relacionadas à própria educação e
outros gastos cotidianos.
Quando do ingresso na Licenciatura em Matemática em 2000 (SCELISUL –
Sociedade de Cultura e Educação do Litoral Sul), em Registro/ SP, percebi a forte
correlação entre a Matemática e a Economia, verificando que juntas poderiam em
muito ajudar as pessoas a compreender a realidade e criar instrumentos para a
gestão de suas finanças.
Nessa época, entre o Magistério e a Licenciatura em Matemática, por
intermédio dos estágios e até mesmo das atribuições de aulas nas Diretorias
Regionais de Ensino, de Miracatu/ SP ou São Vicente/ SP, as rodas de conversas
entre os professores sempre abordavam a questão financeira na gestão do
orçamento familiar, financiamento de veículos ou imóveis, pagamento de
mensalidades escolares ou universitárias dos filhos, viagens, enfim, uma gama de
produtos e serviços que dependem de um certo planejamento orçamentário.

1
Governo Sarney (de 15 de março de 1985 a 15 de março de 1990); governo Collor (de 15 de março
de 1990 a 29 de dezembro de 1992); e governo Itamar Franco (de 29 de dezembro de 1992 a 1º de
janeiro de 1995)
16

São nesses períodos de formação profissional que ocorrem os contatos com


as diversas facetas da sociedade presente nas regiões da Baixada Santista e Vale
do Ribeira, percebendo in loco as dificuldades na gestão dos recursos financeiros,
dada a grande dificuldade de noções de Educação Financeira nas populações
dessas regiões, algo que aparenta ser geral em outras regiões no Brasil, que afeta a
maioria dos brasileiros.2
No prosseguimento da trajetória profissional, graduei-me nas licenciaturas em
Pedagogia no ano de 2010 (FAPI - Faculdade de Pinhais), e Física em 2018
(UNIMES – Universidade Metropolitana de Santos), além da especialização em
Ciência e Tecnologia em 2015 (UFABC – Universidade Federal do ABC).
Ao longo de duas décadas, de 1999 ao período desta pesquisa, tenho
trabalhado em diversas unidades escolares da rede estadual de ensino, no Estado
de São Paulo, tanto no Vale do Ribeira (Itariri/ SP), como na Baixada Santista
(Peruíbe/ SP) e São Paulo/ SP, ministrando a disciplina de Matemática (Ensinos
Fundamental e Médio), e nos últimos anos a disciplina de Física.
Some-se que ainda o casamento com um economista, o que tornou a
discussão sobre as Finanças uma rotina diária, cuja influência permitiu formar uma
pequena biblioteca que integra livros de Matemática e Economia, tendo como foco a
promoção da Educação Financeira.
A partir de então, com o suporte da Matemática Financeira para o
monitoramento de juros de investimentos e financiamentos, temos adquirido melhor
qualidade de vida proporcionada por escolhas financeiras mais adequadas.
Sendo assim, a escolha da Educação Financeira como tema da pesquisa visa
apresentar a investigação sobre o que revelam os documentos curriculares oficiais
sobre a Educação Financeira, acompanhada de análise de livros didáticos, trazendo,
a título de conclusões parciais, por meio de uma sequência de atividades que podem
ser desenvolvida na Educação Básica e, indiretamente atuar como um reforço na
busca de aperfeiçoar a relação das pessoas com o dinheiro, utilizando a Matemática
Financeira como instrumento fundamental na tomada de decisão para melhores
escolhas financeiras.

2
Educação Financeira: problema para a maioria dos brasileiros. Disponível em: <
https://cointimes.com.br/educacao-financeira-para-brasileiros/ > . Acesso em 1º abr. 2019.
17

1.3 Objetivo da Pesquisa

O objetivo geral deste trabalho é verificar como a temática “Educação


Financeira” é abordada nos documentos curriculares oficiais e coleções de livros
didáticos utilizados na Educação Básica (Ensinos Fundamental e Médio).
Para atingir esse objetivo, utilizaremos uma pesquisa qualitativa com o uso do
método de análise documental, a partir da qual estudaremos os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) dos Ensinos Fundamental e Médio, a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), assim como o currículo vigente em São Paulo/ SP,
culminando com a investigação das obras abaixo:
a) Ensino Fundamental (6º, 7º, 8º e 9º anos): Projeto Araribá, Editora
Moderna, de Mara Regina Garcia Gay;
b) Ensino Fundamental (6º, 7º, 8º e 9º anos): Projeto Teláris, Editora Ática,
de Luiz Roberto Dante;
c) Ensino Médio (1º, 2º e 3º anos): Matemática – Contexto & Aplicações,
Editora Ática, de Luiz Roberto Dante; e
d) Ensino Médio (1º, 2º e 3º anos): Quadrante, Editora SM, de Eduardo
Chavante/ Diego Prestes.

No aprofundamento desta pesquisa, foram estabelecidos os seguintes


objetivos específicos, que serão abordados cumulativamente, a contar da análise
dos PCNs e a BNCC:

a) Abordagem da Educação Financeira nos PCNs;


b) Abordagem da Educação Financeira na BNCC;
c) Abordagem da Educação Financeira no currículo vigente em São Paulo/
SP; e
d) Abordagem da Educação Financeira em livros didáticos.

Aproveitando o interesse pelo tema e o exercício profissional na rede pública


de ensino, combinado com os objetivos propostos delimitamos a seguinte questão
de pesquisa: como os documentos curriculares oficiais e coleções de livros
didáticos revelam a institucionalização das noções da Educação Financeira na
Educação Básica?
18

1.4 Justificativa

O interesse pela Educação Financeira decorre da utilização da Matemática


Financeira para solucionar problemas do cotidiano que envolvam o dinheiro, taxas
de juros, taxa retorno de investimentos, planejamento financeiro, orçamento familiar,
e outras múltiplas situações que estamos sujeitos no decorrer da nossa vida.
Segundo Traldi (2018), educar financeiramente é fazer entender sobre os
problemas e as dificuldades adquiridas, alertando sobre a necessidade de aprender
a poupar, salientando que, embora o ato de consumo seja um ponto importante
tanto para um país, quanto para o indivíduo, este deve saber organizar-se
financeiramente, de forma que o dinheiro que recebe deve serví-lo e não o contrário.
No início deste trabalho citamos que a Educação Financeira ainda é um problema
para os brasileiros, de forma que o tema não se encontra sedimentado com seus
conceitos entre os brasileiros.
No caso dos jovens, estes em idade escolar têm a oportunidade de diminuir
essa dificuldade ou até mesmo eliminá-la tendo o devido interesse em se aprofundar
nos conceitos, uma vez que com o contato com o mercado de trabalho terão a
oportunidade de poder gerir as suas finanças, em que pese o déficit de
conhecimento financeiro.3
O próprio governo federal, ciente da importância deste tema, aprovou o
Decreto nº 7.397, de 22 de dezembro de 2010, no qual instituiu a Estratégia
Nacional de Educação Financeira (ENEF), cuja finalidade é promover a Educação
Financeira e Previdenciária e contribuir para o fortalecimento da cidadania, a
eficiência e solidez do Sistema Financeiro Nacional e a tomada de decisões
conscientes por parte dos consumidores.4
Complementando esta justificativa, por intermédio da análise dos documentos
oficiais que tratam do ensino, a saber, os Parâmetros Curriculares Nacionais e a
Base Nacional Comum Curricular, poderemos desenvolver maiores impressões a
3
Falta de Educação Financeira prejudica a relação dos jovens com o dinheiro. Disponível em: <
https://www.infomoney.com.br/minhas-financas/planeje-suas-financas/noticia/3503926/falta-
educacao-financeira-prejudica-relacao-jovens-com-dinheiro > . Acesso em 1º abr. 2019.
4
Decreto nº 7.397, de 22 de dezembro de 2010. Institui a Estratégia Nacional de Educação
Financeira - ENEF, dispõe sobre a sua gestão e dá outras providências. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7397.htm > . Acesso em 1º abr.
2019.
19

respeito da discussão, podendo emitir pareceres acerca do que está em


conformidade com a melhor preparação dos estudantes para os desafios que a vida
globalizada impõe num ambiente de incerteza, em que as mudanças tecnológicas a
cada momento nos traz alterações no tempo e no espaço, bem como ter um
panorama sobre o que se tem institucionalizado sobre esta temática.
As mudanças econômicas no mundo exigem que tenhamos cidadãos
melhores preparados e a preparação significa que poderão planejar e para planejar
significa que deverão saber comparar e trabalhar melhor as suas finanças, ou seja,
precisam que a Matemática aprendida na escola sirva como uma ferramenta para o
entendimento do contexto que estão inseridos.
Dessa forma, com a análise dos documentos oficiais e livros didáticos
selecionados, teremos a oportunidade de verificar o proposto sobre a Educação
Financeira no Currículo Oficial.
Verificar se o tema se relaciona com estes documentos é fundamental para
que o docente que pretenda propor projetos de Educação Financeira nas escolas
venha interpretar as políticas públicas de combate ao endividamento, de
disseminação das boas práticas de gestão de recursos financeiros, enfim, de
melhorar a relação do cidadão com o próprio dinheiro, evoluindo uma relação mais
consciente do ponto de vista financeiro.
Em tempos de acalorados debates acerca da reforma da previdência, é
prudente repensar planejamentos em relação ao futuro, dado o fato de que as
contas públicas estão no limite para o pagamento dos benefícios.
Repensar o futuro é estudar o ambiente em que se vive e traçar estratégias
visando viver de forma saudável financeiramente, buscando criar reserva de
emergência, renegociar dívidas, aperfeiçoar hábitos cotidianos e criar mentalidade
poupadora para investimentos de diversos prazos de maturação, visando evitar
depender do sistema público cuja proteção social encontra-se em profunda
reestruturação, com ampliação de idades-limite para concessão de benefícios
previdenciários, somado ao aumento de tempo de contribuição.
Por diversas questões que gravitam em torno da necessidade de se ensinar a
Educação Financeira nas escolas, com efeito tais métodos devem ser discutidos, de
forma que estamos convencidos da relevância do assunto, contudo devemos refletir
sobre a abordagem com estratégias motivadoras, que retenham a atenção dos
alunos.
20

1.5 Metodologia

A pesquisa aqui relatada utilizou da abordagem qualitativa, por intermédio do


método de análise documental, em que serão verificados os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) do Ensino Fundamental e Ensino Médio, a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), o currículo vigente em São Paulo/ SP, assim
como a análise das 04 coleções de livros didáticos citadas no objetivo desta
pesquisa. Adotamos este método haja vista que o trabalho se insere na área da
educação, portanto alinhado às ciências humanas e sociais, de forma que a
pesquisa documental, em razão das fontes discriminadas, os documentos
curriculares e os materiais didáticos, permitirá a coleta de informações para atingir
os objetivos estipulados e a consequente emissão de parecer a título de
considerações finais.
O método da pesquisa qualitativa possibilita a não preocupação com a
representatividade numérica, mas com o aprofundamento da compreensão dos
dados obtidos. Esse tipo de pesquisa parte de questões amplas que vão sendo
respondidas no decorrer da investigação. O estudo qualitativo pode, no entanto, ser
conduzido através de diferentes caminhos. Considerando que a abordagem
qualitativa, enquanto exercício de pesquisa não se apresenta como uma proposta
rigidamente estruturada permite que a imaginação e a criatividade levem os
investigadores a proporem trabalhos que explorem novos enfoques.
De acordo com Oliveira (2007) o exame de materiais de naturezas diversas,
que ainda não receberam um tratamento analítico, ou que podem ser examinados,
buscando-se interpretações novas ou complementares, constitui o que vamos
denominar pesquisa ou técnica documental.
Antes de mostrarmos como foram feitas as análises, vamos descrever
brevemente o que é documento, pesquisa documental e sua relevância para este
trabalho.
Segundo a Norma Brasileira (NBR) 6023 (2002), documento é:

Qualquer suporte que contenha informação registrada, formando uma


unidade, que possa servir para consulta, estudo ou prova. Inclui impressos,
manuscritos, registros audiovisuais e sonoros, imagens, sem modificações,
independentemente do período decorrido desde a primeira publicação.
(NBR, 2002, p. 2)
21

Pardinas (1993) permite compreender que os documentos são todas as


realizações produzidas pelo homem, revelando indícios de suas ações e apontando
suas ideias e opiniões de vida.
De acordo com Bravo (1991), a pesquisa documental permite a investigação
de determinada problemática, não em sua interação imediata, mas de forma indireta,
por meio do estudo dos documentos que são produzidos pelo homem, e, por isso,
revelam o seu modo de ser, viver e compreender um fato social. Estudar
documentos implica fazê-lo a partir do ponto de vista de quem os produziu; isso
requer cuidado e perícia por parte do pesquisador para não comprometer a validade
do seu estudo.
Segundo Calado e Ferreira (2004), os documentos são fontes de dados
brutos para o investigador, e a sua análise implica um conjunto de transformações,
operações e verificações realizadas a partir dos próprios documentos com a
finalidade de ser-lhes atribuído um significado relevante em relação a um problema
de investigação.
A utilização de documentos em pesquisa é uma prática muito recorrente e
apreciada, por fornecer subsídios e suporte à investigação. A variedade de dados e
informações que são extraídas é a justificativa para a sua adoção do seu emprego
nas várias áreas do conhecimento, em especial nas Ciências Humanas e Sociais,
por permitir um maior entendimento da contextualização histórica e sociocultural.
Como por exemplo, na transcrição a seguir:

[..] o documento escrito constitui uma fonte extremamente preciosa para


todo pesquisador nas ciências sociais. Ele é, evidentemente, insubstituível
em qualquer reconstituição referente a um passado relativamente distante,
pois não é raro que ele represente a quase totalidade dos vestígios da
atividade humana em determinadas épocas. Além disso, muito
frequentemente, ele permanece como o único testemunho de atividades
particulares ocorridas num passado recente. (CELLARD, 2008, p. 295)

Outra justificativa para o uso de documentos em pesquisa é que eles


permitem acrescentar a dimensão do tempo à compreensão do social. A análise
documental favorece a observação do processo de maturação ou de evolução de
22

indivíduos, grupos, conceitos, conhecimentos, comportamentos, mentalidades,


práticas, entre outros.
A análise documental no contexto da metodologia qualitativa para Corsetti
(2005) é muito mais que localizar, identificar, organizar e avaliar textos, sons e
imagem. Funciona como expediente eficaz para contextualizar fatos, situações,
momentos. Consegue, dessa maneira, introduzir novas perspectivas em outros
ambientes, sem deixar de respeitar a substância original dos documentos.
Finalmente, de acordo com Gil (2002), a pesquisa documental apresenta
algumas vantagens por ser fonte rica e estável de dados; não implica altos custos,
não exige contato com os sujeitos da pesquisa e possibilita uma leitura aprofundada
das fontes. Esse tipo de pesquisa é semelhante à pesquisa bibliográfica e o que as
diferencia é a natureza das fontes, sendo material que ainda não recebeu tratamento
analítico ou que ainda pode ser reelaborado de acordo com os objetivos da
pesquisa.
Trabalhar com uma pesquisa documental é trabalhar com uma técnica de
pesquisa muito utilizada em temas mais comumente relacionados às Ciências
Humanas e Sociais, cujo objetivo é interpretar um determinado fenômeno ou
realidade com o apoio de documentos. Tais documentos revelam ou não, as
respostas dos questionamentos do pesquisador, cujas hipóteses advém de
perguntas que ainda não obtiveram conclusões significativas para os problemas
abordados.
Combinada à pesquisa de cunho eminentemente documental, para atingir os
objetivos atrelados à Educação Financeira nas escolas, acrescentaremos extratos
referenciados na pesquisa bibliográfica que serão citações de artigos, monografias,
dissertações e/ ou teses, cujos tratamentos legaram algumas respostas, que
portanto tratadas serão como fontes secundárias ao prolongamento desta
investigação e mais especificamente no segundo capítulo deste trabalho,
oportunidade em que discorreremos sobre a Educação Financeira.
Dessa forma vislumbramos que por meio deste método de pesquisa dentro de
uma metodologia qualitativa que teremos condições de responder nossa questão de
investigação e verificar o que revelam estes documentos sobre a institucionalização
das noções de Educação Financeira na fase de escolaridade da Educação Básica,
resultados que ilustrarão as considerações finais deste trabalho no último capítulo,
oportunidade de avaliar os avanços, limitações e oportunidades de melhoria.
23

Mediante o exposto neste capítulo e considerando nossa anunciada questão


de pesquisa articulada à análise documental proposta, optamos por organizar o
nosso relatório de pesquisa conforme o descrito na sequência discriminada a seguir:
a) O 1º capítulo apresenta o cenário da pesquisa, ocasião em que
esclarecemos ao leitor a nossa temática e foco de investigação, bem como
o lócus de pesquisa. É nesta divisão que apresentamos os procedimentos
metodológicos que conduzirão a investigação;
b) O capítulo 2 nos leva a uma reflexão sobre a Educação Financeira, além
do papel do ferramental da Matemática Financeira, combinando as suas
relações que são encontradas na resolução de problemas cotidianos,
reforçando a importância do assunto para a vida;
c) O 3º capítulo trata da análise dos Documentos Curriculares já explicitados,
buscando traçar um paralelo do que está previsto e o que poderá ser
aprimorado em relação à Educação Financeira;
d) No capítulo 4 apresentamos a investigação da temática de Educação
Financeira com base na coleção dos livros didáticos em uso na Educação
Básica, verificando as diferentes abordagens pelos autores e propostas de
melhoria, caso sejam necessárias;
e) A pesquisa finaliza com as considerações finais que compõem o 5º
capítulo, contendo as limitações que puderam ser encontradas na
pesquisa e possíveis recomendações para prosseguimentos de estudos
futuros pertinentes a esta temática.

Com efeito, após introduzirmos o panorama que norteará a pesquisa,


relacionando o percurso profissional e acadêmico com os objetivos, justificativa e
metodologia deste trabalho, prosseguiremos nossa jornada no próximo capítulo,
setor em que apresentaremos as zonas de contato entre a Educação Financeira e a
Matemática Financeira.
24

CAPÍTULO II

2. EDUCAÇÃO FINANCEIRA NA MATEMÁTICA

2.1 Sinopse do Capítulo

Este capítulo aborda as relações entre a Educação Financeira e o


instrumental da Matemática Financeira. Para composição deste capítulo coletamos e
discutimos algumas pesquisas, como Ferreira (2017), Negri (2010), Martins (2013),
Peretti (2008) e Traldi (2018), todos relacionados à Educação Financeira.

2.2 Educação Financeira

Partindo do conceito estipulado por Martins (2013), entendemos que a


Educação Financeira é um processo de aprendizagem com foco nas finanças
pessoais, cujo suporte teórico auxilia no controle do dinheiro, na administração dos
seus bens e rendimentos, tomadas de decisão, consumo consciente e na prevenção
de situações irregulares. Esta educação ganha importância com o progressivo
aumento da complexidade dos mercados financeiros e produtos financeiros, e de
mudanças demográficas, econômicas e políticas.
Em nosso raciocínio podemos compreender que a Educação Financeira é
benéfica para a vida do indivíduo e também pode auxiliar no desenvolvimento do
país, pois saber poupar e identificar como e quando gastar de forma consciente é
importante para se estabelecer economicamente. Segundo Traldi (2018) podemos
encontrar várias “armadilhas” com as propagandas oferecendo um desconto que às
vezes está mapeado por um aumento, exemplo, oferta de um produto que custa R$
25,00 com desconto de aproximadamente 20% e saí por R$ 20,00, mas o preço
antes do aumento era de R$ 20,00, esse desconto mostra que primeiro ocorreu um
aumento para depois ofertar o desconto. Peretti (2008) descreve o papel da
Educação Financeira:
25

“É proporcionar uma mentalidade inteligente e saudável sobre dinheiro. É


criar consciência dos limites. É saber ganhar, gastar, poupar, investir e doar
dinheiro. É a capacidade de administrar o seu rico dinheiro. É fazer tudo o
que se deseja com responsabilidade, ética e maturidade. Educação
Financeira é despertar para a inteligência financeira, ou seja, dinheiro
trabalhando para você. Ser inteligente é ser capaz de responder o que a
vida nos propõe. É saber plantar depois colher. É criar o hábito de poupar
para aprender a investir. É criar a independência financeira.” (PERETTI,
2008, p.17)

Prosseguindo neste raciocínio concordamos com Negri (2010), o qual afirma


que educar financeiramente é:

[...] é um processo educativo que por aplicação de métodos próprios, pelos


quais as pessoas de diversas idades, níveis sociais, raça ou cor, permite
que as pessoas desenvolvam atividades que auxiliam na manipulação do
seu dinheiro ou títulos que as representem, são informações e formações
importantes para que as pessoas exerçam uma atividade, um trabalho, uma
profissão e lazer, tendo acesso ao bem-estar, que faz com que os seres
humanos tenham vontade para vencer as dificuldades do dia a dia.”
(NEGRI, 2010, p.19)

Por intermédio da Educação Financeira entendemos que uma vida equilibrada


exige adotarmos uma postura de consumo responsável, no qual o planejamento é
fundamental para evitarmos desperdícios de recursos financeiros, de forma a gerar
excedentes que permitirão alcançar objetivos de longo prazo.
É vital que o estudante aprenda no Ensino Básico a administrar
financeiramente seus ganhos e perdas, devendo entender o funcionamento das
trocas intemporais (distinguir a grande diferença entre receber juros de aplicações
financeiras versus pagar juros de financiamentos), as quais se alinharão a uma
prática de consumo consciente, que permita gerenciar riscos, através de projeções
de cenários que o levem a refletir sobre possíveis danos a serem evitados a partir da
sua realidade atual (TRALDI, 2018).
26

Assim sendo, deve-se atentar a questionamentos sobre qual seria o melhor


investimento sem correr riscos desnecessários ou ainda; se os parcelamentos no
cartão de crédito servem como melhores alternativas em ocasiões em que não
dispõe de quantias para quitar o bem à vista.
Atualmente, com a globalização e o auxílio das novas tecnologias, a
Educação Financeira tornou-se acessível para a compreensão e auxílio na vida
pessoal, ajudando para o crescimento da sociedade. Conforme o Banco Central do
Brasil, a ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira) foi instituída por
decreto presidencial, em 22 de dezembro de 2010, tendo como objetivo, promover a
Educação Financeira, aumentar a capacidade do cidadão para realizar escolhas
conscientes e contribuir para a eficiência e a solidez do mercado financeiro. A ENEF
pretende chegar aos alunos do Ensino Básico, sob orientação do Ministério da
Educação (MEC), com isso a realidade da Educação Financeira estará cada vez
mais presente nas escolas, foi elaborado um Comitê Nacional de Educação
Financeira (CONEF) que é responsável pela direção, supervisão e promoção da
ENEF (TRALDI, 2018).
O objetivo da Educação Financeira no ensino básico está em formar alunos
conscientes para administrar o seu dinheiro, para que possam ser consumidores
responsáveis e assim planejar sua vida econômica. A Educação Financeira pode
contribuir para o desenvolvimento do pensamento, o educando pode resolver
problemas, criar hábito de investigação e análise e saber enfrentar situações novas
e ter uma visão crítica da realidade.
Em 2005 a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) apresentou um documento com uma série de recomendações aos governos
dos países membros ou não-membros, com o título “Recomendações sobre os
princípios e boas práticas para a Educação Financeira e consciência”, algumas
recomendações são de oferecer para as universidades e colégios cursos de
5
Educação Financeira e se possível incluir no currículo como elemento obrigatório.

_______________________________

5
Recommendation on Principles and Good Practices for Financial Education and Awareness.
Disponível em http://www.oecd.org/finance/financial-education/35108560.pdf . Acesso em 01 abr.
2019.
27

Nesse mesmo documento, a OCDE também buscou definir a Educação


Financeira como:

[...] o processo pelo qual os consumidores financeiros/ investidores


melhoram a sua compreensão sobre os conceitos e produtos financeiros e,
através da informação, instrução e/ou aconselhamento objetivos,
desenvolvam as habilidades e a confiança para tomar consciência de riscos
e oportunidades financeiras, para fazer escolhas informadas, saber onde
buscar ajuda e tomar outras medidas eficazes para melhorar a sua proteção
e o seu bem-estar financeiro.(OCDE, 2005, p. 4)

Trabalhos acadêmicos, como os de Cordeiro, Costa e Da Silva (2018), e Dos


Santos e Dos Santos Pessoa (2018), discutem o papel da Educação Financeira na
Educação Básica e apontam diferentes metodologias de ensino para seu
desenvolvimento em sala, bem como chamam atenção para a importância desta
temática e seu papel na formação dos alunos no ambiente escolar.
A pesquisa de Traldi (2018) nos revela de forma clara este cenário, que ao
realizar um mapeamento no Banco de dissertações teses da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) no período de 2009 a 2017
levantou e analisou 20 pesquisas que versam sobre a Educação Financeira. Diante
deste cenário Traldi (2018) verificou que diante das problemáticas e entendimentos
citados nas pesquisas entre 2009 e 2017 em relação à Educação Financeira,
aponta-se para a necessidade de uma reformulação curricular; revisão de material
didático existente; treinamento do corpo docente; utilização de temas transversais
abordando a Educação Financeira desde as situações mais simples até as mais
complexas de acordo com o avanço dos anos escolares, não se esquecendo da
necessidade do conhecimento histórico da moeda e a utilização da mesma dentro
de um contexto de vida da clientela atendida.
Confirmada a relevância da Educação Financeira e as recomendações para a
sua adoção nos currículos, que permitam o reforço de seus conceitos para reflexão
e adoção das melhores práticas financeiras, esta pesquisadora sintetizou essas
relações no diagrama a seguir:
28

Figura 1: diagrama da educação financeira.

DIAGNÓSTICO TÉCNICAS: PROGRAMAR-


DA SITUAÇÃO CONTROLAR SE PARA O
FINANCEIRA: GASTOS E FUTURO:
CONHECER O ADMINISTRAR GERAR
PRÓPRIO RECEITAS EXCEDENTES
ORÇAMENTO E INVESTIR

Fonte: A autora.

Explicado por Dornela, Teixeira, Costa, Santos Junior e Mendes Souza


(2014), que apesar do dinheiro estar no cotidiano das pessoas, notório é que uma
pequena parcela domina o funcionamento dessa ferramenta. Ambos esses
pesquisadores propuseram um projeto de extensão a respeito do assunto para
educar financeiramente alunos dos Ensinos Fundamental e Médio, como preparação
para a vida adulta. 6

Tal fato pode ser verificado no gráfico contido na página seguinte, no qual
vemos o elevado percentual de famílias endividadas:

_______________________________

6
EDUCAÇÃO FINANCEIRA: APRENDENDO A LIDAR COM DINHEIRO. Disponível em:
http://www.seer.unirio.br/index.php/raizeserumos/article/view/3900 . Acesso em 08 ago 2019.
29

Gráfico 1: endividamento das famílias brasileiras em 2019

Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/07/09/percentual-de-familias-com-dividas-sobe-
pelo-6o-mes-seguido-e-chega-a-64percent-diz-cnc.ghtml . Acesso em 08 ago 2019.

Prolongando o raciocínio, de que não há conhecimento financeiro por parte


das pessoas em geral, retornamos ao diagnóstico da situação, que é fundamental
para propor melhorias nesses processos, ou seja, identificar o panorama em que se
situa é o primeiro passo para propor sanear as dívidas e monitorar a relação entre
receitas e despesas, a fim de futuramente programar aplicações financeiras, que
compõem o último módulo do diagrama estipulado na página anterior.

Discriminando a composição da dívida das famílias brasileiras, evidencia-se o


desconhecimento das taxas de juros que lhes são cobradas, escolhendo contrair
obrigações que resultarão em custos maiores, que são os casos relacionados ao
cheque especial, como podemos visualizar na próxima página:
30

Gráfico 2: tipos de dívidas das famílias brasileiras em 2019.

Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/07/09/percentual-de-familias-com-dividas-sobe-
pelo-6o-mes-seguido-e-chega-a-64percent-diz-cnc.ghtml . Acesso em 08 ago 2019.

A espiral de descontrole no acompanhamento das despesas demonstra um


componente comportamental muitas vezes originado no ímpeto consumista que
pode afetar o financiamento de itens mais prioritários. Ser influenciado em demasia
7
por campanhas publicitárias pode gerar transtornos de longo prazo.

_______________________________

7
Consumismo: faz sentido comprar tanta coisa e ficar sem grana para prioridades? Disponível em:

https://dinheirama.com/consumismo-faz-sentido-comprar-tanta-coisa-ficar-sem-grana-prioridades/ .
Acesso em 08 ago 2019.
31

É assim que a proposta de identificar o ponto em que se encontra


financeiramente investe se de passo inicial para assentar as bases do controle. No
site da bolsa de valores de São Paulo, antiga BM&F-BOVESPA, atual B3,
encontramos um modelo de planilha de orçamento, a qual permite documentar a
previsão de receitas e estimar o destino das despesas:

Tabela 1 – proposta de orçamento pessoal (mensal):

CATEGORIA DISCRIMINAÇÃO R$

Anotar-se-ão todas as rendas prováveis de ocorrer no


RECEITAS período, como o recebimento de aluguéis, salários,
pensões, e correlatos.

Registrar em 02 (dois) subcampos: fixas e variáveis.


Como o nome indica, as despesas fixas serão aquelas
cujo o valor praticamente se repetirá ao longo do ano,
como exemplo, pagamento de aluguel e condomínio,
DESPESAS
despesas de energia elétrica, água e esgoto, plano de
internet, e afins. Em relação às despesas variáveis,
podemos registrar o lazer, manutenção veicular,
refeições fora do lar, etc.

Em caso de superávit confirmado nas contas, o próximo


INVESTIMENTO passo é criar ativos que possam ser multiplicados com o
passar do tempo

Fonte: Planilha de Orçamento (adaptado de B3 – Brasil Bolsa Balcão). Disponível em:


http://www.b3.com.br/pt_br/b3/b3-educacao/educacao-financeira/planilha-de-orcamento/ . Acesso em
08 ago 2019.
32

Com o objetivo de facilitar a aquisição dos conteúdos e relacionar o saber


matemático com a vida das pessoas, a Matemática tornou-se cada vez mais
atrelada ao contexto histórico e social das comunidades.
Relacionar esse saber com as demais disciplinas escolares é ao mesmo
tempo um desafio e uma grande oportunidade de enriquecer as práticas de ensino.
Um ensino mais robusto da Matemática interessa incorporar a
interdisciplinariedade na solução dos diversos problemas que ocorrem na vida
moderna.
A rapidez com que estamos envolvidos com o desenrolar dos acontecimentos
na era da globalização, com os fluxos informacionais cada vez mais ágeis, o uso
intensivo das tecnologias de comunicação, como a internet, facilitam o consumo ao
mesmo instante em que somos bombardeados com o noticiário econômico que no
ambiente de incerteza pode trazer euforia, apreensão ou desespero.
A relação proposta na execução dos projetos de Educação Financeira nas
escolas parte do pressuposto que o aluno é ator significativo em seu círculo próximo,
interferindo nas relações humanas, permitindo refletir sobre as questões que são
discutidas em sua família, escola, ambiente de trabalho e outros ambientes sociais.
A didática a ser utilizada inclui esse aluno em questões baseadas em seu
cotidiano, desenvolvendo competências cognitivas e socioemocionais ao apoiar o
estudante na realização dos seus sonhos e o ensinando a como chegar até lá.
Essas diferentes culturas que estão permeando a escola, advindas de
distintas experiências a que os alunos estão sujeitos, permite a Educação
Matemática reconhecer a relevância dessas relações interculturais, conforme explica
D’Ambrosio (2005).
O caráter político da Educação Matemática possibilita ao estudante o poder
de explicar a realidade por intermédio dos conceitos matemáticos, os quais não
podemos vislumbrar o desenvolvimento da tecnologia e da ciência sem o
instrumental matemático.
A discussão dos problemas contemporâneos exige uma abordagem ampla
que interliga as diferentes áreas do conhecimento, incluindo a Matemática e suas
ferramentas em novas descobertas e soluções para os desafios da pós-
modernidade.
33

Uma nova abordagem exige inovar, reinventar estratégias de ensino, a qual


transita pela maior aproximação do aluno ao ambiente escolar, envolvendo-o como
agente crucial para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem.
D’Ambrosio (1998) reforça a necessidade de superar o modelo tradicional,
rompendo essa barreira desgastada, permitindo um ensino da Matemática
contextualizada, com o compartilhamento de saberes.
Na década de 1970, com as diversas propostas de reformulação no ensino da
Matemática, surgiu o conceito de ETNOMATEMÁTICA, que combina os termos
“etno” (realidade sociocultural), “mátema” (explicar) e “techné” (técnicas). O
professor Ubiratan D’Ambrósio, teórico da Educação Matemática, foi o responsável
pela disseminação do termo no Brasil desde então.
A integração das múltiplas experiências dos alunos valorizados nas práticas
escolares favorece a criatividade na compreensão da realidade, transformando a
prática escolar numa relação de maior efetividade.
Expandindo o universo essas relações, podemos citar como práticas
matemáticas cotidianas a matemática das donas de casa administrando os afazeres
do lar e a gestão das suas finanças, o controle das vendas de um mascate (caixeiro
viajante), a comercialização de frutas, verduras e legumes por um feirante livre, o
preenchimento das declarações de imposto de renda das pessoas físicas ou
jurídicas por um determinado escritório de contabilidade, o controle do recrutamento
de conscritos por uma certa comissão de seleção das forças armadas, o
monitoramento de um pregão da bolsa de valores por corretoras e bancos de
investimentos, enfim, são inúmeras situações que utilizam a Matemática, cada qual
com a sua importância prática, que sem o conhecimento da Matemática, por mais
elementar que possa parecer, dificultará o atingimento dos objetivos.
O reconhecimento de diversos usos e saberes atinentes à Matemática
justifica entender o campo do saber quantitativo como uma linguagem que não
deverá ser elitista ou restritiva, e sim como um elemento essencial para a
compreensão da realidade e transformação da sociedade, de caráter fundamental
para o desenvolvimento científico.
Diante destas leituras de pesquisas que realizamos, elas corroboram com a
nossa ideia de que a Educação Financeira por ter um papel importante na formação
dos estudantes merece o nosso olhar em relação aos documentos que
institucionalizam esta noção Matemática na Educação Básica.
34

No ambiente escolar, local em que as crianças e jovens passam considerável


tempo de suas vidas antes de ingressar no mercado de trabalho, tratar da Educação
Financeira, é tratar não apenas das operações matemáticas que apóiam o uso do
dinheiro ao longo do tempo, é também realizar uma releitura da realidade, é pensar
na sustentabilidade, não somente financeira, mas contudo ambiental, saber que os
recursos são escassos, e saber trabalhá-los é poder viver melhor.
E viver de forma equilibrada se expressa em melhor qualidade de vida. Esse
termo subjetivo, conceituado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), é citado
por Ferreira (2017):

“a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no


contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele
vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações.” (FERREIRA, 2017, p. 3) 8

Por fim, podemos inferir que a Educação Financeira permite uma melhor
gestão dos recursos, apoiando-se no diagnóstico de situação, caminhando para o
monitoramento do orçamento pessoal, evoluindo para um perfil de cidadão que
possa investir os seus excedentes, vivendo com qualidade de vida.
Na seção seguinte trataremos dos instrumentos que a Matemática Financeira
nos fornece para administrarmos com mais eficiência os recursos disponíveis no
ramo das finanças pessoais.

_______________________________

8
A IMPORTANCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA PESSOAL PARA A QUALIDADE DE VIDA.
Disponível em: https://revistas.pucsp.br/caadm/article/view/33268 . Acesso em 08 ago 2019.
35

2.3 Matemática Financeira

A proposta de trabalhar a Matemática Financeira como suporte para a


Educação Financeira deve ocorrer de forma generosa e prazerosa, de acordo com o
que escreve Rossetti e Schimiguel (2011).
Os supracitados autores ressaltam a necessidade do trabalho com olhar
crítico, levando em conta as possibilidades que a Matemática permite ao indivíduo
interpretar as relações cotidianas.
O ferramental matemático na solução dos problemas propostos num projeto
de Educação Financeira nas escolas e na vida cotidiana requer o uso dos conceitos
e técnicas próprias da Matemática Financeira, os quais concordamos em praticá-los
com os exemplos do dia a dia, a fim de situar os alunos nos seus respectivos
ambientes.
No âmbito do Ensino Fundamental, o importante é trazer aos alunos a
discussão a respeito da proporcionalidade das grandezas e aos poucos introduzir
referências do valor do dinheiro ao longo do tempo, aproveitando experiências
desses adolescentes no contexto das famílias, como por exemplo, discutir a inflação
e deflação, que diretamente interfere nos preços das cestas de bens, citando até
mesmo épocas em que o nosso país era afligido pela combinação de estagnação
econômica e galopantes índices de descontrole generalizado nas mercadorias e
serviços.
Desenvolvida a ideia de proporcionalidade combinada com a evolução de
preços ao longo do tempo, facilita-se compreender o conceito de inflação, e em
casos mais raros, a queda nos níveis de preços, que corresponde à desinflação, de
forma que os estudantes constituirão uma base para aquisição de termos mais
rebuscados, que diariamente são trabalhados pelos profissionais de economia e
finanças, bancos, corretoras, seguradoras, escritórios de contabilidade, empresas de
consultoria financeira, bolsa de valores e outras entidades que labutam no mercado
financeiro e congêneres.
A Matemática Financeira estuda conceitos como os discriminados a seguir,
em grande parte demonstrados no prestigiado manual de Iezzi, Hazzan, &
Degenszajn (2004), constante da coleção “Fundamentos da Matemática Elementar”,
os quais devem ser discutidos com os alunos em forma crescente de dificuldade:
36

a) Porcentagem;
b) Taxa de inflação;
c) Capital;
d) Taxa de juros;
e) Montante;
f) Regimes de capitalização;
g) Juros simples;
h) Descontos simples;
i) Juros compostos;
j) Fluxo de caixa;
k) Valor presente;
l) Valor futuro;
m) Sistemas de amortização; e
n) Depreciação.

A estratégia de ensinar a Matemática Financeira tornando os alunos mais


capacitados em tomar decisões de cunho financeiro é destacado na Base Nacional
Comum Curricular. É nesse processo que considera-se as experiências dos alunos,
valorizando seus contextos, que serão a plataforma para a introdução dos conceitos
da Matemática Financeira, acrescida de exemplos que envolvem a Matemática
comercial, aperfeiçoada com a demonstração de casos práticos das situações de
orçamento doméstico e posterior evolução para ocorrências de aplicações
financeiras e renegociações de dívidas, tendo como parâmetro o aspecto temporal
(valor do dinheiro no tempo). 9
Campos, Teixeira, e Coutinho (2015) advertem os conteúdos de Matemática
Financeira constantes do programa de Ensino de Matemática não são suficientes
para proporcionar a Educação Financeira se não estiverem alinhados com o
contexto dos educandos.

_______________________________

9
Novos temas e reorganização das áreas são as principais novidades em matemática. Disponível
em: https://novaescola.org.br/bncc/conteudo/32/novos-temas-e-reorganizacao-das-areas-sao-as-
principais-novidades-em-matematica . Acesso em 08 ago 2019.
37

A intersecção com outras disciplinas pode e deve ser estimulada, com a


finalidade de sedimentar a consciência da realidade e estimular a crítica, buscando
explicar os fenômenos sociais também por uma ótica quantitativa.
Acrescente-se ao contexto dos indivíduos que o processo acumulativo do
saber deverá reconhecer os conhecimentos prévios, facilitando a aquisição de novas
informações, aspecto estudado na teoria de David Ausubel, conforme explicado por
Moreira (1999).
Por fim e não menos importante, ressaltamos o caráter revigorador das
abordagens que permitam integrar a pedagogia e a psicologia, por exemplo, com a
linguagem matemática na solução dos desafios da complexidade moderna.
Relacionar diferentes campos do saber enriquece a construção do conhecimento.
Nos termos de Edgar Morin, Basarab Nicolescu e Lima de Freitas (1994), na Carta
da Transdisciplinaridade, é preciso transpor as barreiras artificiais das disciplinas. 10
O relacionamento da Matemática Financeira com a informática básica e a
estatística permite compartilhar os conceitos matemáticos transpondo-os em gráficos
e tabelas, inserindo aspectos quantitativos como a moda, média, mediana, desvio-
padrão, variância, etc.
Para melhor controlar as finanças pessoais e utilizar as ferramentas da
Matemática Financeira sobre outra ótica, inclusive facilitando a inserção no mercado
de trabalho e Ensino Superior, recomenda-se a utilização da sala de informática da
escola para resolução de exercícios com o auxílio de planilhas de cálculo tanto no
ambiente Windows, com o Microsoft Excel, como pelo software livre em máquinas
11
que operam pelo Linux, utilizando o Libreoffice Calc.
A Matemática envolvida com outras áreas do conhecimento e o estudo em
ambientes mais dinâmicos, como é o exemplo da sala de informática, estimula a
criatividade e o trabalho em equipe dos alunos, assim como retira a monotonia na
relação de ensino e aprendizagem, que é um dos inúmeros questionamentos que
ocasionam evasões atinentes às ciências exatas.
_______________________________

10
http://cetrans.com.br/assets/docs/CARTA-DA-TRANSDISCIPLINARIDADE1.pdf . Acesso em 1º
abr. 2019
11
O Calc é um programa gratuito integrante do LibreOffice, cujo objetivo é permitir criar, editar e
apresentar planilhas eletrônicas.
38

O uso de calculadoras, em especial as de cunho financeiro, que é o exemplo


clássico do modelo HP 12 C, produzido pela multinacional estadunidense Hewlett-
Packard, permite aplicar a lógica matemática com a notação polonesa reversa, ou
notação pós-fixada, um raciocínio incomum aprendido na educação básica, contudo
de muita utilidade na seara comercial, ciências contábeis, administração de
empresas, mercado financeiro, etc.
A nosso ver sem o conhecimento da Matemática Financeira, não há como
enveredar pela trilha do mercado financeiro, de tal forma que não saberá interpretar
sequer a rentabilidade na renda fixa, como ocorre na poupança, em títulos públicos
do tesouro nacional, títulos privados como debêntures, certificados de depósito
bancário (CDB), certificados de depósito interbancário (CDI), letras de câmbio (LC),
letras hipotecárias (LH), letras de crédito do agronegócio (LCA), letras de crédito
imobiliário (LCI), e outros termos e índices próprios desse ramo.
À medida que a partir da renda fixa são solidificados os entendimentos
desses conceitos, seguramente os mecanismos da Matemática Financeira devem
ser utilizados exemplificando operações mais elaboradas, que são as diversas
situações que envolvem a renda variável, cujo risco permite uma probabilidade
infinita de ganhos e perdas nas ordens de compra e venda, em razão da volatilidade,
que envolvem os mercados acionário e de derivativos.
Desenvolvendo o uso da Matemática Financeira na simulação de operações
em renda fixa e variável, os cálculos das taxas, alíquotas de imposto sobre
operações financeiras (IOF) e imposto de renda (IR), contabilização de ativos e
passivos, servem de oportunidade de introduzir o conhecimento contábil e tributário,
enriquecendo a dinâmica da Educação Financeira em sala de aula.
Com o intuito de mesclar o uso da Matemática Financeira no controle do
orçamento familiar, como por exemplo, é natural que pairem sobre as pessoas
questionamentos a respeito da aquisição de bens de maior valor agregado, os quais
em significativa parte dos casos, não podem ser quitados em pagamentos à vista.
São nesses exemplos, que podem ser explorados fartamente, que com exercícios
suplementares, com inúmeras situações relatadas em jornais, internet e mídia
especializada, pode se simular a aquisição de imóveis por intermédio dos mais
distintos sistemas de amortização, a saber: o PRICE (sistema francês), o sistema de
amortização misto (SAM), o sistema alemão, o sistema de amortização constante ou
hamburguês (SAC), o sistema americano, etc.
39

Enfim, com o domínio das muitas variadas técnicas da Matemática


Financeira, os alunos terão melhores condições de realizar a gestão financeira dos
seus recursos, explorando fórmulas que são a base de análise para a tomada de
decisão em planejamento, gerência de projetos, investimentos, cálculos de
depreciação de bens, amortização de dívidas, etc.
Após havermos discutido as relações entre a Matemática, a Educação
Financeira e a Matemática Financeira, o próximo capítulo terá a tarefa de verificar os
documentos curriculares, de forma a investigar o que revelam sobre a Educação
Financeira na Educação Básica.
40

CAPÍTULO III

3. ANÁLISE DOS DOCUMENTOS CURRICULARES

3.1 Sinopse do Capítulo

Este capítulo visa analisar os documentos que compõem o currículo da


Educação Básica a nível Nacional, que são os Parâmetros Curriculares Nacionais e
a Base Nacional Comum Curricular, com as suas implicações relacionadas à
Educação Financeira, nos Ensinos Fundamental e Médio. Pelo fato da pesquisadora
ser docente da rede Estadual de Educação de São Paulo, a última seção foi
reservada para estudar o currículo de Matemática relacionado ao tema da
investigação nos documentos curriculares vigentes na cidade de São Paulo.

3.2 Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, mais comumente chamados de PCNs,


foram elaborados em dois documentos pelo Governo Federal, por força das
Resoluções nº 02 e 03/ 98, da Câmara de Educação Básica (CEB) do Conselho
Nacional de Educação (CNE), norteando os conteúdos de cada disciplina a nível
nacional, de abrangência na rede pública.
Os PCNs são documentos de referência para a escola brasileira, orientando a
prática docente na missão de rever conteúdos, objetivos, métodos de avaliação,
processos de aprendizagem, enfim, formas de aperfeiçoar o planejamento do ensino
em uma determinada disciplina.
O que se torna obrigatório nos PCNs é o que está disposto na Lei nº 9.394, de
20 de dezembro de 1996, que estabeleceu as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, bem como consta na Resolução nº 03/ 98, que são os conhecimentos que
estas disciplinas precisam ter e as competências e habilidades necessárias a estes
conhecimentos referidos e mencionados nos PCNs.
41

Nos PCNs não encontramos menções explícitas à Educação Financeira, nem


na fase do Ensino Fundamental e tampouco no Ensino Médio. O que constatamos
são citações à Matemática Financeira, enfatizando a ideia de proporcionalidade,
como pode se visualizar na transcrição abaixo, constante dos PCNs do Ensino
Fundamental (1ª a 4ª séries):

“A proporcionalidade, por exemplo, está presente na resolução de


problemas multiplicativos, nos estudos de porcentagem, de semelhança de
figuras, na matemática financeira, na análise de tabelas, gráficos e funções.
O fato de que vários aspectos do cotidiano funcionam de acordo com leis de
proporcionalidade evidencia que o raciocínio proporcional é útil na
interpretação de fenômenos do mundo real. Ele está ligado à inferência e à
predição e envolve métodos de pensamento qualitativos e quantitativos.
Para raciocionar com proporções é preciso abordar os problemas de vários
pontos de vista e também identificar situações em que o que está em jogo é
12
a não-proporcionalidade.” (BRASIL, 1997, p. 38)

No tocante à porcentagem, os PCNs de Matemática de 1ª a 4ª séries do


Ensino Fundamental reforçam o seu uso no contexto diário, nas operações com
números naturais e racionais (cálculos simples).
Avançando para os 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental, da 5ª à 8ª séries,
analisamos que a noção de proporcionalidade continua sendo valorizada, a fim de
possibilitar a solução de problemas que envolvam a multiplicação, análise de
tabelas, gráficos e funções. Em situações rotineiras, a noção de proporcionalidade
permitirá decidir a respeito de uma compra, se à vista ou financiada, por exemplo.
Nos cálculos dos juros simples e compostos, descontos e impostos, tais associações
poderão ser vinculadas aos temas transversais de “Trabalho, Consumo e Ética”. 13
No âmbito do Ensino Médio, os PCNs de Matemática incorporam os estudos
de funções e equações aplicáveis à Matemática Financeira. A integração com outras
disciplinas é estimulada, por intermédio de projetos interdisciplinares, cuja forma
abrangente relaciona a Economia, a História e a Geografia. 14
_______________________________

12
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (1ª a 4ª séries) - Volume 3 - Matemática. Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro03.pdf . Acesso em 08 ago 2019.
13
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (5ª a 8ª séries) - Matemática. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/matematica.pdf . Acesso em 08 ago 2019.
14
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (Ensino Médio) - Matemática. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasNatureza.pdf. Acesso em 08 ago 2019.
42

Percebe-se que nesses três arquivos dos PCNs de Matemática, não há


qualquer registro direto da Educação Financeira, restringindo-se as citações aos
conteúdos da Matemática Financeira e Matemática Comercial.
Em todos esses cadernos dos PCNs os temas transversais em Matemática
são questões recorrentes e o seu emprego em sala de aula possibilita que os
assuntos econômico-financeiros possam ser abordados por diferentes disciplinas em
um ambiente colaborativo.
Partindo do pressuposto que as crises econômicas afetam a disponibilidade
de recursos financeiros em posse da sociedade, questão cotidianamente noticiada
pelos jornais e, portanto, replicada em livros didáticos das ciências humanas e
sociais, dão subsídios para os docentes de Matemática ambientarem seus alunos no
tocante aos juros simples, no Ensino Fundamental, que por sua vez, evoluirão para
os juros compostos, agora no Ensino Médio.
Trabalhando a Matemática de forma mais alinhada ao contexto dos
educandos, incorporando a realidade e inovando com atividades lúdicas, como por
exemplo, bingos, jogos educativos e até mesmo o uso da calculadora.
A pluralidade de abordagens por intermédio de disciplinas distintas enriquece
o aprendizado, fortalecendo vínculos da teoria da sala de aula com a prática no
cotidiano desses alunos.
O exemplo citado com conceitos próprios da economia, também é adaptável
para muitas outras questões sociais como a preservação do meio ambiente, a
promoção da saúde, etc.
Os PCNs estão presentes na Educação Básica desde 1997 e têm atuado
como documento balizador, trazendo recomendações ao professorado, estimulando
o uso dos temas transversais na discussão de assuntos relevantes para a sociedade
brasileira, integrando campos do saber que anteriormente estavam isolados.
Contudo, não traz muitas inovações à introdução da Educação Financeira no
currículo da Matemática, sendo até mesmo bem restrito ás poucas menções à
Matemática Financeira, como pode ser verificado na análise dos 03 cadernos dos
PCNs estudados.
Na seção seguinte trataremos da Base Nacional Comum Curricular, que
diferentemente dos PCNs, é um documento de caráter normativo.
43

3.3 Base Nacional Comum Curricular de Matemática

A BNCC, sigla para a Base Nacional Comum Curricular, é um documento de


caráter normativo, homologado pelo Ministério da Educação, que define o conjunto
de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das
etapas e modalidades da Educação Básica, portanto Ensinos Fundamental e Médio,
de referência obrigatória para as redes pública e privada, “orientado pelos princípios
éticos, políticos e estéticos que visam à formação humana integral e à construção de
uma sociedade justa, democrática e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN)”. (BRASIL, 2017, p. 7) 15
Esse documento, sistematizado em 2017, a respeito do Ensino Fundamental,
propõe cinco unidades temáticas, dentre elas: Números, Álgebra, Geometria,
Grandezas e Medidas e Probabilidade e Estatística. Dentre essas unidades,
certamente podemos mais destacar as unidades Números e Grandezas e Medidas,
que são as que mais possuem aderência com a Educação Financeira.
A unidade temática Números estuda conceitos básicos de economia e
finanças, oportunidade em que através da discussão de conceitos como taxas de
juros, inflação, aplicações financeiras e impostos, introduz-se a Educação
Financeira.
Os assuntos que abordam as taxas de juros, aplicações financeiras e
impostos são estudados com enfoque interdisciplinar, ou seja, há uma ligação com
outras disciplinas e até mesmo a experiência de vida desses alunos, como facilitador
de aprendizagem.
Questões culturais, sociais, políticas e psicológicas permitem relacionar a
Educação Financeira com a História, Geografia, Sociologia e Filosofia, por exemplo,
uma vez que as relações humanas no decorrer do tempo e do espaço geográfico
permitem trazer explicações sobre a economia real, produção industrial, taxa de
desemprego, inflação, que fatalmente interferem em um pregão da Bolsa de Valores,
como podemos verificar diariamente no noticiário televisivo, internet, jornais,
revistas, e outras mídias.
______________________
15
Base Nacional Comum Curricular. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf . Acesso
em 1º abr. 2019
44

Nas séries iniciais do Ensino Fundamental, do 1º ao 5º ano, há a expectativa


de que os educandos possam medir e comparar grandezas, expressando-as por um
número, tendo base para prosseguir os estudos com a resolução de problemas do
cotidiano.
Do documento por ora em análise, extraem-se as habilidades expostas a
seguir:

Tabela 2 – Habilidades propostas pela BNCC – Ensino Fundamental (anos iniciais)

Período Habilidades

Reconhecer e relacionar valores de moedas e cédulas do sistema


1º monetário brasileiro para resolver situações simples do cotidiano do
estudante. (Habilidade EF01MA19)

Estabelecer a equivalência de valores entre moedas e cédulas do


2º sistema monetário brasileiro para resolver situações cotidianas.
(Habilidade EF02MA20)

Resolver e elaborar problemas que envolvam a comparação e a


3º equivalência de valores monetários do sistema brasileiro em situações de
compra, venda e troca. ( Habilidade EF03MA24)

Reconhecer que as regras do sistema de numeração decimal podem ser


estendidas para a representação decimal de um número racional e
relacionar décimos e centésimos com a representação do sistema
monetário brasileiro. (Habilidade EF04MA10)

Resolver e elaborar problemas que envolvam situações de compra e
venda e formas de pagamento, utilizando termos como troco e desconto,
enfatizando o consumo ético, consciente e responsável. (Habilidade
EF04MA25)

Associar as representações 10%, 25%, 50%, 75% e 100%


respectivamente à décima parte, quarta parte, metade, três quartos e um
5º inteiro, para calcular porcentagens, utilizando estratégias pessoais,
cálculo mental e calculadora, em contextos de educação financeira, entre
outros. (Habilidade EF05MA06)

Fonte: Brasil, 2017, p. 281, 285, 289, 291, 293 e 295.


45

Em nossa análise prévia pudemos observar como são tratados os objetos de


conhecimento com ênfase em cada ano escolar na BNCC, que apresenta a
progressão para o trabalho com a porcentagem a partir do 5º ano do Ensino
Fundamental. Verificamos que este mesmo conteúdo aparece em outros anos,
todavia a expectativa de aprendizagem aumenta a cada nova etapa de
escolarização.
Tais habilidades propostas pela BNCC relacionadas aos correspondentes
períodos do Ensino Fundamental nos anos finais se encontram transcritas na tabela
2:

Tabela 3 – Habilidades propostas pela BNCC – Ensino Fundamental (anos finais)

Período Habilidades
Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, com base
na ideia de proporcionalidade, sem fazer uso da “regra de três”,

utilizando estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, em
contextos de Educação Financeira, entre outros. (Habilidade EF06MA13)

Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, como os


que lidam com acréscimos e decréscimos simples, utilizando estratégias

pessoais, cálculo mental e calculadora, no contexto de Educação
Financeira, entre outros. (Habilidade EF07MA02)

Resolver e elaborar problemas, envolvendo cálculo de porcentagens,



incluindo o uso de tecnologias digitais. (Habilidade EF08MA04)

Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, com a ideia


de aplicação de percentuais sucessivos e a determinação das taxas

percentuais, preferencialmente com o uso de tecnologias digitais, no
contexto da Educação Financeira. (Habilidade EF09MA05)

Fonte: Brasil, 2017, p. 301, 307, 313 e 317.


46

A fim de dirimir qualquer dúvida concernente aos códigos das habilidades,


esclarecemos que a sigla “EF06MA13” representa a habilidade nº 13 da disciplina de
Matemática do 6º ano do Ensino Fundamental.
Na 3ª e última tabela, transcrevemos as habilidades previstas no Ensino
Médio, que podem ser relacionadas à Educação Financeira:

Tabela 4 – Habilidades propostas pela BNCC – Ensino Médio

Habilidades

Aplicar conceitos matemáticos no planejamento, na execução e na análise de


ações envolvendo a utilização de aplicativos e a criação de planilhas (para o
controle de orçamento familiar, simuladores de cálculos de juros simples e
compostos, entre outros), para tomar decisões. (Habilidade EM13MAT203)

Interpretar e comparar situações que envolvam juros simples com as que


envolvem juros compostos, por meio de representações gráficas ou análise de
planilhas, destacando o crescimento linear ou exponencial de cada caso.
(Habilidade EM13MAT303)

Resolver e elaborar problemas com funções exponenciais nos quais é necessário


compreender e interpretar a variação das grandezas envolvidas, em contextos
como o da Matemática Financeira e o do crescimento de seres vivos microscópicos,
entre outros.(Habilidade EM13MAT304)

Resolver e elaborar problemas com funções logarítmicas nos quais é necessário


compreender e interpretar a variação das grandezas envolvidas, em contextos
como os de abalos sísmicos, pH, radioatividade, Matemática Financeira, entre
outros.(Habilidade EM13MAT305)

Investigar pontos de máximo ou de mínimo de funções quadráticas em contextos


da Matemática Financeira ou da Cinemática, entre outros. (Habilidade
EM13MAT503)

Fonte: Brasil, 2017, p. 526, 528 e 533.


47

Como pode-se perceber nas siglas das habilidades associadas à Educação


Financeira no Ensino Médio, os referidos códigos não relacionam a série ou período
dessa fase da Educação Básica, ou seja, tratam de conceitos que podem ser
estudados tanto no 1º, 2º ou 3º ano.
De acordo com Regonha (2019), a BNCC, como podemos analisar, permite
uma gama extensa de atividades que podem ser utilizadas com o suporte das
habilidades discriminadas nos Ensinos Fundamental e Médio. A referida autora cita
as possibilidades de intervenção por intermédio de “distintos meios, tais como
atividades em Modelagem Matemática, utilização das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) por meio de softwares, calculadoras, sites, entre outras opções”
(REGONHA, 2019, p. 92).
Como podemos perceber, o tema da Educação Financeira recebeu um novo
destaque, sendo enfocada de forma distinta do que era anteriormente recomendado
nos PCNs. Ao invés da simples Matemática Financeira, o assunto foi remodelado
com a necessidade de transformar os alunos em cidadãos mais críticos, com melhor
consciência no trato com as finanças pessoais, facilitando seus planejamentos,
investimentos, enfim, a própria gestão de recursos, sejam financeiros ou não. 16
Além do contexto social em que se insere o aluno, utilizando a Matemática
Financeira como ferramenta, relacionando a Matemática com outras disciplinas, é
possível mostrar que a Educação Financeira não é um assunto isolado, e sim que o
instrumental matemático é importante suporte para a tomada de decisão, cuja
aprendizagem deve ser realizada de forma próxima da realidade dos alunos,
aproximando-os dos conteúdos com habilidade que os contagie, ensinando-os que a
Matemática, apesar de ser uma ciência exata, tem forte relação com as demais
ciências, questões socioeconômicas e tecnológicas, permitindo estipular modelos
para a interpretação da realidade, contribuindo para a construção de argumentos
consistentes para os desafios do mundo contemporâneo.

______________________
16
Revista Nova Escola. Novos temas e reorganização das áreas são as principais novidades em
Matemática. Disponível em: https://novaescola.org.br/bncc/conteudo/32/novos-temas-e-
reorganizacao-das-areas-sao-as-principais-novidades-em-matematica . Acesso em 15 set. 2019
48

3.4 Currículo de Matemática da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo

Uma vez apresentadas as contribuições dos documentos curriculares oficiais,


esta pesquisadora, integrante do quadro docente da rede pública estadual paulista
resolveu investigar se há alguma menção relacionada ao objeto da pesquisa, com
amparo nos documentos expedidos pela secretaria de educação.
Em consulta às propostas curriculares estabelecidas pela Secretaria de
Estado da Educação de São Paulo (SEE/ SP), não há qualquer registro que
especifique explicitamente conteúdos da Educação Financeira e/ ou Matemática
Financeira. Tais documentos tratam das séries finais do Ensino Fundamental e da
totalidade do Ensino Médio. 17
No currículo do Estado de São Paulo, propõe-se que a Matemática não seja
somente abordada como um conhecimento específico, mas que seja integrado às
atividades e abordagens transdisciplinares, corroborando com a prática proposta por
esta pesquisadora, de poder tratar de temas comuns às diversas áreas do
conhecimento, enriquecendo a aquisição dos saberes por exemplos do cotidiano,
que envolvam técnicas distintas, tanto das ciências exatas e suas tecnologias, como
das ciências humanas e sociais.
Tal proposta prevê essa aproximação de conteúdos, culturas e
contextualizações como o ponto de partida para a reconfiguração da prática
pedagógica.
Embora o currículo em tela não tenha especificado condutas ou ações
relacionadas à Educação Financeira e até mesmo a Matemática Financeira, em
suas páginas podemos consultar as ideias muito aplicáveis às Finanças Pessoais,
que são a proporcionalidade, equivalência, ordem e a aproximação.
A problematização é outro aspecto digno de interesse que é enfocado nesse
documento, que mesmo não citando o objeto de pesquisa desta investigação,
permite fortalecer a trilha pedagógica no ramo das relações interdisciplinares.

______________________
17
Currículo do Estado de São Paulo. Matemática e suas tecnologias. 1ª edição atualizada (2012).
Disponível em: https://www.educacao.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/783.pdf . Acesso em
15 set. 2019
49

3.5 Currículo de Matemática da Secretaria Municipal da Educação de São Paulo

Na consulta à documentação equivalente ao Município de São Paulo, a


Secretaria Municipal de Educação da capital paulistana, a SME/ SP, proporcionou
mais referências ao assunto estudado, alinhando-se à BNCC.
O documento municipal inclui o objeto de pesquisa como “tema inspirador”, de
forma que “direitos humanos, meio ambiente, desigualdades sociais e regionais,
intolerâncias culturais e religiosas, abusos de poder, populações excluídas, avanços
tecnológicos e seus impactos, política, economia, educação financeira, consumo e
sustentabilidade, entre outros, precisam ser debatidos e enfrentados, a fim de que
façam a humanidade avançar”. (SÃO PAULO, 2019, p. 35) 18
É evidente a influência que a BNCC possui sobre esse documento, uma vez
que ao incluir a Educação Financeira e outras pautas como assuntos
contemporâneos, mais uma vez leva as discussões de temas importantes da
atualidade para o contexto escolar.
Em comparação ao documento editado pela SEE/ SP, de 2012, a proposta do
município paulistano é bem mais recente, estabelecida em 2019, que denota
atualização do currículo da Matemática, incrementando o seu ensino com assuntos
mais atuais, em resposta aos desafios da sociedade moderna, atendendo as
recomendações formuladas na BNCC.
A diversidade de estratégias no ensino da Matemática é uma preocupação
constante no documento, que privilegia a resolução de problemas através das
tarefas investigativas que testam as hipóteses para conseqüente avaliação dos
resultados.
Essas demonstrações permitem que os alunos desenvolvam o raciocínio
sobre o qual estipularão os caminhos para a dedução das respostas aos
questionamentos propostos.
Do conjunto de técnicas próprias da Matemática, estes alunos tem a
possibilidade de estreitar o diálogo com as outras disciplinas, prática valorizada pelo
currículo organizado pela SME/ SP.
______________________
18
Currículo da Cidade. Ensino Fundamental. Componente Curricular: Matemática (2019). Disponível
em: http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/50629.pdf . Acesso em 15 set. 2019
50

No prosseguimento deste relacionamento entre as diferentes disciplinas que


compõem a matriz curricular da Educação Básica, a Educação Financeira aproveita
narrativas das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, incorporando instrumentos da
Matemática Financeira para solução de inúmeras situações advindas das Finanças
Pessoais, como o controle financeiro, planejamento, renegociação de dívidas,
investimentos, e demais assuntos correlatos.
No rol de objetivos de aprendizagem e desenvolvimento constantes do
currículo paulistano, foi possível encontrar as habilidades expostas a seguir:

Tabela 5 – Habilidades propostas pela SME/ SP – Ensino Fundamental

Período Habilidades
Analisar, interpretar, formular e solucionar problemas em contextos da
educação financeira que envolvam as ideias de porcentagem, acréscimo
7º ano
simples e de decréscimo simples e validar a adequação dos resultados
por meio de estimativas ou tecnologias digitais. (EF07M07)
Analisar, interpretar, formular e solucionar problemas que abranjam juros
8º ano simples e porcentagens no contexto da educação financeira, entre
outros. (EF08M01)
Analisar, interpretar, formular e resolver problemas que envolvam
9º ano porcentagens com a ideia de percentuais sucessivos e a determinação
das taxas percentuais e de juros simples. (EF09M07)

Fonte: São Paulo, 2019, p. 111, 115 e 119.

Como é possível verificar, a proposta curricular adotada na rede pública da


capital paulista é dotada de práticas mais favoráveis à disseminação da Educação
Financeira, que é denominado um tema inspirador no currículo, aproveitando-se do
contexto que envolve a interdisciplinariedade, prestigiando novas práticas de ensino
que permitam motivar os educandos na sociedade moderna, incorporando a
tecnologia e demais temas que possam ser debatidos de forma inovadora,
envolvendo a agenda composta pelos 5 Ps: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e
Parceria.
51

CAPÍTULO IV

4. ANÁLISE DOS LIVROS DIDÁTICOS

4.1 Sinopse do capítulo

Neste capítulo realizaremos a análise da coleção de livros didáticos dos


Ensinos Fundamental e Médio, proposta na seção de objetivo da pesquisa,
constante do 1º capítulo desta dissertação.

4.2 Análise de livros didáticos do Ensino Fundamental

Após discorrermos a respeito da importância da Educação Financeira e suas


relações com a Matemática Financeira, assim como tais assuntos são abordados
pelos documentos curriculares, é chegado o momento de analisarmos os livros
didáticos referenciados no objetivo desta pesquisa.
Atendendo a ordem prevista na composição da Educação Básica, iniciaremos
a investigação com o foco nas obras a seguir:

a) Ensino Fundamental: Projeto Araribá, Ed. Moderna, de Mara Regina


Garcia Gay, 4ª Edição (2014); e
b) Ensino Fundamental: Projeto Teláris, Ed. Ática, de Luiz Roberto Dante, 2ª
Edição (2015).

Tendo apresentado os livros acima, podemos introduzir o relato atinente à


coleção de autoria da Prof Mª Regina G. Gay, cujos livros, de uso 6º ao 9º anos,
possuem seções específicas sobre a Educação Financeira, conforme poderemos
visualizar nos próximos parágrafos.
Nesta coleção de livros didáticos para o Ensino Fundamental, a autora,
sintetiza ao longo dos volumes, a sua intenção em relação à abordagem da
Educação Financeira, de acordo com o que consta no livro do 6º ano: “o foco dessas
discussões não são conceitos como juros e porcentagens, mas a postura de um
52

consumidor, ou seja, abordam se questões como consumo consciente, controle da


impulsividade diante de tantas opções e alguns direitos e deveres do consumidor”
(GAY, 2014, p. 378).

No exemplar utilizado no 6º ano do Ensino Fundamental, a autora promoveu


seções específicas sobre a Educação Financeira, de acordo com o resumo disposto
a seguir:

Tabela 6 - Tópicos de Educação Financeira no 6º ano:

Parte Unidade Páginas


1 4 - Sequências 82-83
3 10 – Operações com frações 172-173
5 15 – Circunferência e círculo 262-263

Nas páginas 82 e 83, o livro propõe aos educandos uma discussão a respeito
do consumo consciente, se conseguem administrar e poupar o excedente. A partir
desses questionamentos, os grupos prosseguem para as respostas das atividades.
Na unidade 10, referente a operações com frações o objetivo é demonstrar as
possibilidades de economizar recursos por intermédio das pesquisas de preço,
utilizando a internet, por exemplo.
Há uma atividade envolvendo o álbum de figurinhas, que encontramos nas
págs 262 e 263, ocasião em que as escolhas são abordadas no tocante à Educação
Financeira, uma vez que relembra-se que evitar os desperdícios de recursos é uma
forma eficaz de atingir os objetivos.

Prosseguimos a análise abordando o volume previsto para o 7º ano:

Tabela 7 - Tópicos de Educação Financeira no 7º ano:


Parte Unidade Páginas
1 3 – Números inteiros 54-55
3 8 – Números racionais 120-121
5 13 – Porcentagem e juro simples 204-205
53

Nas páginas 54 e 55, o objetivo principal restringe-se aos direitos do


consumidor, fortalecendo a parte mais frágil nessas situações mercadológicas.
Apoiado em relatos referenciados nas relações de consumo, discutem-se como as
empresas podem ser sancionadas quando não cumprem suas obrigações para com
os seus clientes.
Em 120 e 121, são tratadas as formas de pagamentos, com exemplos de
consumo no cotidiano das famílias, envolvendo taxas, datas de vencimento no
cartão de crédito, juros no cartão de crédito, etc.
Nas páginas 204 e 205, encontramos as situações que envolvem as compras
acompanhadas dos pais ou sozinhas, oportunidade em que são discutidas as
compras por impulso.

No próximo quadro encontramos a tabela que resume o conteúdo de


Educação Financeira para o 8º ano:

Tabela 8 - Tópicos de Educação Financeira no 8º ano:

Parte Unidade Páginas


1 2 – Potenciação e radiciação 44-45
3 7 – Fatoração 156-157
5 12 – Sistemas de quações do 1º grau com duas incógnitas 230-231

Nas páginas 44 e 45, a autora fornece um breve comparativo entre o


consumo consciente e o desperdício, bem como as suas conseqüências.
As novas tecnologias, com as suas novas formas de comunicação, envolvem
os jovens em fortes campanhas publicitárias, que evidentemente se refletem no
consumismo desenfreado. Esses condicionamentos são abordadas nas páginas 156
e 157.
Tendo por assuntos abordados nas páginas 230 e 231, temos a discussão da
utilização do conhecimento matemático, quando e como, usam as ferramentas
dessa ciência na tomada de decisão no dia a dia, na compra e venda de produtos e
serviços, por exemplo.
54

Finalizando esses volumes, encontramos o volume do 9º ano, o qual se


sintetiza no quadro a seguir:

Tabela 9 - Tópicos de Educação Financeira no 9º ano:

Parte Unidade Páginas


1 2 – Radiciação 44-45
3 7 – Relações trigonométricas no triângulo retângulo 128-129
5 12 - Polígonos regulares 202-203

Iniciando a análise deste último volume, nas páginas 44 e 45 encontramos a


tomada de decisão no que diz respeito ao investimento em educação, refletindo na
escolha profissional de um jovem. Relevante se torna que a escolha se reflita em
uma decisão inteligente, não somente tomando em conta os fatores pecuniários,
mas que seja oriundo da maturidade adquirida ao longo dos anos na escola.
Na unidade 7, exposta nas páginas 128 e 129, encontramos situações do
cotidiano, que podem enganar as pessoas, que quando pensam estarem
economizando, na realidade estão contraindo prejuízos. Interessantes são os
exemplos relativos à qualidade dos produtos adquiridos, oportunidade em que
vemos indivíduos comprando gato por lebre.
Na derradeira unidade do último volume, nas páginas 202 e 203 estão
contidas as explicações de como as questões financeiras de uma família podem e
devem contar com o conhecimento dos jovens. Em geral, na redução dos gastos
familiares, os pais não costumam envolver os jovens, a fim de não criar
preocupações. Como futuros adultos, é interessante que os jovens conheçam o
orçamento familiar, para que entendam como funciona a economia doméstica.
Conforme visualiza-se nos quadros anteriormente expostos, na coleção da
Profª Mara Regina, há diversos tópicos de Educação Financeira distribuídos ao
longo dos anos finais do Ensino Fundamental.
Prosseguiremos a análise dos livros do Ensino Fundamental (anos finais),
com os livros de Luiz Roberto Dante, denominada Projeto Teláris.
No volume do 6º ano do Ensino Fundamental, na unidade 2 encontramos no
capítulo 6, cujo assunto estudado são as frações e porcentagens, de forma que a
porcentagem é um excelente mecanismo para descrevermos o aumento ou
55

decréscimo de um determinado patrimônio ou monitorar o comportamento de uma


dívida, dado a ideia de proporcionalidade que integra esse conceito.
A ideia de proporcionalidade, expresa em partes relacionadas à base de 100,
diariamente se encontra reportada em notícias sobre a inflação, a taxa SELIC, o
índice de desemprego, a produção industrial, exportações e importações, etc.
O conceito de proporcionalidade e porcentagem é amplo, o qual
evidentemente não somente se aplica às finanças, mas também a uma infinidade de
aplicações na vida.
Neste mesmo capítulo, o professor Dante nos apresenta uma seção chamada
de Tratamento da Informação, que auxilia a interpretação de gráfico de setor ou de
pizza, ampliando a forma de que os alunos possam entender a representação de
atividades cotidianas expressas em partes selecionadas, facilitando a identificação
de diferentes parâmetros de comparação.
Na sequência há o exemplo de como o conhecimento da porcentagem nos
facilita o entendimento das diferentes alíquotas no pagamento de impostos, no caso,
o IPVA, Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores, que a cada data de
vencimento possui taxas distintas.
O volume relacionado ao 7º ano, o autor traz conteúdos de interesse da
Educação Financeira na unidade 4, cujo capítulo 7, desenvolve o conceito de
proporcionalidade novamente aliado à porcentagem, que extensivamente explicado
neste trabalho, possui correlação muito forte ao campo das finanças.
Propriedades das proporções, bem como a razão, a regra de três e outros
mecanismos são aprofundados no capítulo 7, fixando melhor a relação entre
proporcionalidade e porcentagem.
No capítulo 8 desse mesmo volume, o assunto abordado extensivamente,
aperfeiçoando o conceito de proporcionalidade, com o auxílio das ferramentas dos
juros simples e compostos, que multiplicam ou reduzem partes a partir da base 100.
Exemplos como a regra da sociedade, que tratam da divisão em relações
direta ou inversamente proporcionais, com reflexo em lucros ou prejuízos, são
tratados como tópicos especiais nesse capítulo.
Financiamentos e índices de preços ao consumidor também são
exemplificados, como forma de melhorar a fixação dos conteúdos aos educandos,
além das diversas baterias de exercícios que se baseiam nos conceitos de juros
simples e compostos.
56

Nos volumes destinados aos últimos dois anos do Ensino Fundamental, os 8º


e 9º anos, não houve qualquer citação relacionada ao nosso tema de pesquisa.
Dessa forma, à luz dos volumes analisados, encontramos maior afinidade de
conteúdo relacionado à Educação Financeira na coleção a cargo da Profª Mara
Regina Garcia Gay, o Projeto Araribá, o qual, do 6º ao 9º ano do Ensino
Fundamental, sempre conteve em suas folhas tópicos de interesse ao objeto de
pesquisa desta investigação, ao passo que o Projeto Teláris, do Prof Luiz Roberto
Dante, não apresentou referências oportunas nos livros dos 8º e 9º anos.
No âmbito do Ensino Fundamental, pudemos analisar duas coleções de livros
didáticos, as quais, fruto da liberdade que possuem seus autores, puderam nos
revelar o que é aplicável á Educação Financeira.
A título de sugestão, a fim de complementar a prática docente, sugere-se
acompanhar as entidades que apóiam a Educação Financeira a nível Brasil, o que
permitirá incorporar e adaptar bons exemplos das nossas múltiplas culturas.
Na página Vida & Dinheiro, promovida pela Estratégia Nacional de Educação
Financeira (ENEF), encontramos cursos, artigos, programas transversais e diversos
livros para download, sejam do Ensino Fundamental ou Médio, tanto de uso para
alunos ou professores, de forma a complementar as atividades de introdução ao
estudo das Finanças Pessoais, facilitando a divulgação da Educação Financeira e a
19
aplicação dos mecanismos da Matemática Financeira.
Tais livros disponibilizados no citado website ótimos exemplares de material
didático apto que abrangem desde as séries iniciais do Ensino Fundamental até a
conclusão do Ensino Médio, de leitura fácil e conteúdo abrangente, uma ferramenta
de utilidade ímpar na promoção da Educação Financeira em todo o território
nacional.
______________________
19
Vida & Dinheiro. Disponível em: http://www.vidaedinheiro.gov.br . Acesso em 30 out. 2019;
Cursos EaD. Disponíveis em: http://www.vidaedinheiro.gov.br/ead-novos-alunos/ e
http://www.vidaedinheiro.gov.br/moodle/ . Acesso em 30 out. 2019;
Artigos, teses e dissertações. Disponível em: http://www.vidaedinheiro.gov.br/artigos/ . Acesso em
30 out. 2019;
Programas transversais. Disponível em: http://www.vidaedinheiro.gov.br/programas-transversais/ .
Acesso em 30 out. 2019;
Livros do Ensino Fundamental. Disponível em: http://www.vidaedinheiro.gov.br/livros-ensino-
fundamental/ . Acesso em 30 out. 2019;
Livros do Ensino Médio. Disponível em: http://www.vidaedinheiro.gov.br/livros-ensino-medio/ .
Acesso em 30 out. 2019.
57

4.3 Análise de livros didáticos do Ensino Médio

Na 2ª fase da Educação Básica, aproveitaremos para investigar o que uma


pequena amostra de livros selecionados nos poderá revelar no tocante ao assunto
discutido ao longo desta dissertação.
Para tal, os livros a seguir foram escolhidos para serem estudados se
possuem ou não seções, tópicos, ou outros componentes que tenham sido
separados para tratar da Educação Financeira, concernente aos adolescentes em
faixa etária para o Ensino Médio.
Iniciaremos a nossa análise tendo por fonte a coleção de livros didáticos sob
a responsabilidade de Luiz Roberto Dante, Matemática – Contexto & Aplicações, 3ª
Edição (2017), cujos exemplares dos 1º, 2º e 3º anos serão verificados a respeito
das suas relações com à Educação Financeira.
Nos livros dos 1º e 2º anos do Ensino Médio, não encontramos qualquer
referência à Educação Financeira, de sorte que no exemplar do 3º ano foi possível
visualizar logo no 1º capítulo da 1ª unidade o material destinado à Matemática
Financeira, com tópicos específicos enfocando a relação do dinheiro com a
Matemática, porcentagem, fator de atualização (aumentos e descontos), juros
simples, juros compostos, conexão entre juros e funções, equivalência de taxas, etc.
É bem verdade que tal material poderia explorar mais a Matemática
Financeira e propor situações-problema relacionando a Educação Financeira, como
forma de expandir a conscientização a respeito do tema, todavia como tomamos
conhecimento pela BNCC, o enfoque é recente, dado que o assunto não era tão
abordado quando dos PCNs e até mesmo antes de outros documentos curriculares.
Prosseguimos a nossa pesquisa tendo por fonte a obra de Eduardo Chavante
e Diego Prestes, 1ª Edição (2016), mantendo o Ensino Médio como período
analisado.
No volume do 1º ano, não encontramos qualquer menção ao termo
“Educação Financeira”, tampouco à “Matemática Financeira”.
É no exemplar destinado ao 2º ano que registramos menções ao nosso objeto
de pesquisa, a saber, na unidade 4 do capítulo 7, nas páginas 176 a 193, ou seja,
um capítulo integralmente destinando à Educação Financeira.
Nesse capítulo, temos como objetivos discriminados pelos autores:
1) Compreender o conceito de porcentagem;
58

2) Calcular porcentagem;
3) Compreender o conceito de acréscimos sucessivos e de descontos
sucessivos;
4) Utilizar a porcentagem para calcular acréscimos sucessivos e descontos
sucessivos;
5) Perceber como a ideia de juros simples relaciona-se com a de função afim;
6) Perceber como a ideia de juros compostos relaciona-se com a função do
tipo exponencial;
7) Compreender como amortizar uma dívida utilizando o sistema de
amortização constante e o sistema PRICE; e
8) Utilizar os conceitos de Matemática Financeira em situações do cotidiano.

No volume do 3º ano do EM, não encontramos menção ao objeto de pesquisa


desta dissertação.
Conforme foi possível perceber em consulta às duas coleções de livros
didáticos por ora analisados, no Ensino Médio, que é o período de maior maturidade
do educando e portanto, mais próximo do ingresso na vida profissional,
prosseguimento de estudos em nível superior, constituição de família e novas
responsabilidades, o emprego da Educação Financeira e Matemática Financeira
foram menos trabalhados ao longo desses três anos que antecedem o ingresso no
Ensino Superior, oportunidade em que tais adolescentes e jovens necessitam formar
massa crítica a respeito do uso do dinheiro na vida moderna.
Já tratamos em capítulos anteriores da importância da Educação Financeira e
suas diversas referências em trabalhos e documentos curriculares e normativos, de
forma que recomenda-se adotar boas práticas de Educação Financeira no decorrer
dos três anos do Ensino Médio, como forma de dinamizar o ensino e aproximar o
educando da realidade, assim como trazer reflexão e preparar para a vida adulta.
Os volumes analisados neste capítulo são de edições próximas à
sistematização da BNCC (2017), de forma que as próximas atualizações terão a
oportunidade de incorporar o tema e ao longo do processo aperfeiçoar as práticas
relacionadas ao uso do dinheiro.
De acordo com o já citado na consulta da análise das coleções de livros
utilizados no Ensino Fundamental, a Estratégia Nacional de Educação Financeira
59

disponibiliza vasto material de apoio à disseminação do assunto por intermédio da


internet e remessa de material impresso para as unidades escolares interessadas.
Em relação ao Ensino Médio, há 03 volumes destinados às respectivas séries
dessa etapa escolar, formulados com suporte do Comitê Nacional de Educação
Financeira (CONEF), a saber:
a) Banco Central do Brasil (BCB);
b) Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
c) Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC);
d) Superintendência de Seguros Privados (SUSEP);
e) Ministério da Fazenda (MF), atual Ministério da Economia;
f) Ministério da Educação (MEC);
g) Ministério da Previdência Social (MPS); e
h) Ministério da Justiça (MJ).

Essa campanha nacional também é apoiada por entidades da iniciativa


privada, como podemos visualizar abaixo:
a) Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de
Capitais (ANBIMA);
b) Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBOVESPA), atual B3;
c) Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência
Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg); e
d) Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN).

E tendo ainda a importante contribuição do Grupo de Apoio Pedagógico


(GAP), composto por:
a) Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiro, de
Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização (COREMEC);
b) Diretoria de Concepções e Orientações Curriculares para Educação
Básica (DCOCEB/ SEB/ MEC);
c) Diretoria de Educação Integral, Direitos Humanos e Cidadania (DEIDHUC/
SECAD/ MEC);
d) ANBIMA;
e) Associação Brasileira de Administradores de Consórcio (ABAC);
f) Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de
Capitais (APIMEC);
60

g) B3;
h) CNSeg;
i) Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED);
j) Escola Nacional de Seguros (FUNENSEG);
k) FEBRABAN;
l) Instituto UNIBANCO; e
m) União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME).

Esse grande conjunto de entidades, sejam públicas ou privadas, permitem


que a Educação Financeira possa ser estudada não somente nos bancos escolares,
mas também no seio das famílias, envolvendo a sociedade brasileira na promoção
das boas práticas relacionadas às Finanças Pessoais.
Tais livros de apoio fornecidos pela ENEF abarcam assuntos relativos à vida
cotidiana, vida social, bens pessoais, trabalho empreeendedorismo, projetos, bens
públicos, economia brasileira e mundial, o que demonstra que o conhecimento
humano não é algo disperso, e sim que as mais variadas áreas do conhecimento
podem contribuir para a solução de problemas comuns, enriquecendo a prática
educativa.
Na análise que pudemos realizar consultando os livros didáticos nas esferas
da Educação Básica, oportunidade em que acompanhamos os volumes destinados
aos Ensinos Fundamental e Médio, com o complemento das obras de apoio
disponibilizadas pela ENEF, foi possível observar que o assunto em pequena ou
grande medida é abordado, todavia a introdução dos conceitos pode e deve ser
aprimorada, em razão da evidente relevância do tema, que possui impacto direto na
alfabetização financeira da população em geral, de forma que a Estratégia Nacional
de Educação Financeira, Decreto nº 7.397, de 22 de dezembro de 2010, é o marco
inicial legal das ações educacionais em todo o país.
A BNCC, datada 2017, é o documento mais recente que trata da Educação
Financeira no Brasil, que reforça a importância da Educação Financeira, estipulando
habilidades ao longo dos períodos escolares.
Cumprida a etapa da análise dos livros didáticos nesta seção, a pesquisa
segue para as considerações a cargo do próximo e último capítulo desta
dissertação.
61

CAPÍTULO V

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 Sinopse do Capítulo

Neste último capítulo, a título de conclusões, sintetizaremos nossas


considerações finais a respeito da pesquisa realizada, suas limitações e
possibilidades de estudos futuros.

5.2 Considerações Finais

Este trabalho foi desenvolvido durante o período cursado no Programa de


Mestrado Profissional de Ensino de Ciências e Matemática, a cargo da Universidade
Cruzeiro do Sul, no município de São Paulo/ SP, nos anos de 2018, 2019 e 2020.
Em razão desta pesquisadora ser docente na rede pública do Estado de São
Paulo e ter ao longo da sua carreira profissional e acadêmica haver adquirido o
interesse no tema da Educação Financeira, tal assunto tornou-se o centro das
questões discutidas ao longo dos capítulos.
Aproveitando a experiência docente de duas décadas na rede pública e as
vantagens proporcionadas pela pesquisa documental, optou-se por essa
metodologia neste trabalho, como forma de aproveitar as facilidades em manusear
os documentos institucionais de uso corrente, os quais foram de grande valia na
análise adotada: os Parâmetros Curriculares Nacionais, a Base Nacional Comum
Curricular, os currículos vigentes em São Paulo e algumas coleções de livros
didáticos utilizados na Educação Básica.
Como a pesquisa foi desenvolvida num programa stricto sensu da área de
educação, escolheu-se a abordagem qualitativa, uma vez que no decorrer deste
trabalho foi necessário se enveredar pelo caminho das demonstrações matemáticas.
A bem da verdade, a pesquisa documental torna-se muito semelhante á
pesquisa bibliográfica, o que nesta dissertação, em diversos momentos, analisamos
não somente os documentos curriculares, leis e decretos, mas também artigos e
dissertações, a fim de formar referências que pavimentassem o caminho deste
trabalho.
62

Aproveitando para responder a questão que me motivou a fazer essa


pesquisa: como os documentos curriculares oficiais e coleções de livros
didáticos revelam a institucionalização das noções da Educação Financeira na
Educação Basica?
Com base nestas verificações, pudemos tomar nota das principais
considerações relacionadas à Educação Financeira, encontramos referências ao
assunto, em maior e em menor medida, nos documentos curriculares oficiais, a
saber, os Parâmetros Curriculares Nacionais, a Base nacional Comum Curricular, os
currículos das secretarias estaduais e municipal da educação de São Paulo, assim
como nos livros didáticos selecionados.
Nos PCNs, presentes na educacção básica desde 1997, a pequena
abordagem ocorre através dos temas transversais, cuja utilização em sala de aula
possibilita que os tópicos possam ser estudados pela ótica de diferentes disciplinas
em um ambiente colaborativo.
Posterior aos PCNs e anterior à Base Nacional Comum Curricular, houve a
entrada em vigor de um importante documento que versa sobre o assunto desta
dissertação: a Estratégia Nacional de Educação Financeira, tornada em vigor por
ocasião do Decreto nº 7.397, de 22 de dezembro de 2010.
A Base Nacional Comum Curricular, instituída por força da Resolução CNE/
CP nº 02, de 22 de dezembro de 2017, incrementa o destaque à Educação
Financeira ao estimular as soluções de problemas do dia a dia, envolvendo tanto a
realidade social como o componente temporal, que são os reflexos de ações no
presente em relação ao futuro, permitindo uma abordagem mais abrangente ao
tema.
Nas séries iniciais do Ensino Fundamental, a BNCC estipula habilidades nas
quais os alunos possam comparar e medir grandezas, reconhecer e relacionar
valores de moedas, resolver problemas de compra e venda, associar
representações em porcentagens com cálculo mental e calculadora, em contextos
da Educação Financeira.
Nos anos finais do Ensino Fundamental, os problemas a serem resolvidos por
intermédio da porcentagem é aperfeiçoado, incluindo o apoio das tecnologias
digitais.
Em relação ao Ensino Médio, a BNCC estipulou habilidades que utilizem o
conhecimento matemático para o planejamento, execução e análise de ações que
63

envolvam o uso de aplicativos e ou planilhas para o controle do orçamento familiar,


com a finalidade de apoiar a tomada de decisões, bem como interpretar e comparar
situações que envolvam juros simples e juros compostos.
Na última parte da análise dos documentos curriculares, optou-se por verificar
os casos da SEE/SP e SME/SP.
Como já informado no início da análise destes resultados, o exemplo da
SEE/SP (2012) deve incorporar importantes modificações para incorporar a
Educação Financeira em sua pauta, ao passo que o currículo municipal foi
atualizado em 2019, tendo recebido a influência da BNCC, além de incluir o assunto
desta investigação e outros assuntos contemporâneos, de forma que épossível
concluir que o currículo municipal possui mais referências à Educação Financeira do
que o componente curricular estadual.
Conforme previsão constante da metodologia desta pesquisa, tratamos da
análise de algumas coleções de livros didáticos em uso na Educação Básica, em
que se optou pelas obras que são utilizadas na rede estadual paulista.
Os livros concebidos por Mara Regina Garcia Gay para o Ensino
Fundamental possuem seções específicas para a Educação Financeira, do 6º ao 9º
ano, indo além das instrumentações da Matemática Financeira, adotando
discussões que abordam o consumo consciente, consumismo e até direitos do
consumidor.
Ainda no Ensino Fundamental, analisamos os volumes a cargo do Prof Luiz
Roberto Dante, os quais contém menos referências à Educação Financeira, com
citações restritas aos livros do 6º e 7º anos.
Na área do Ensino Médio, tanto os livros de Luiz Roberto Dante e dos
professores Eduardo Chavante e Diego Prestes continham raras menções ao nosso
objeto de pesquisa, ou melhor, nos livros do Prof Dante a citação à Educação
Financeira é encontrada apenas no livro do 3º ano, enquanto que nas obras dos
professores Chavante e Prestes o registro é encontrado tão somente no exemplar
do 2º ano.
A Educação Financeira ainda não é uma realidade fortemente sedimentada
nos livros didáticos analisados, uma vez que são volumes editados em datas
anteriores à entrada em vigor da Base Nacional Comum Curricular, de forma que os
autores possam adaptar suas obras para os novos currículos, inclusive utilizando o
64

vasto material proporcionado pelos volumes disponibilizados pela Estratégia


Nacional de Educação Financeira.
Há espaço para abordagem da Educação Financeira no contexto da
educação escolar, como é um tema de discussão recente, como forma de fortalecer
o interesse pala Matemática e relacionar o conhecimento de Economia e Finanças
com as disciplinas de Geografia e História numa abordagem multidisciplinar,
envolvendo o contexto social dos alunos com os conteúdos em sala de aula.
Como o assunto “Educação Financeira” é de abordagem recente,
institucionalizado a partir de 2010 pela ENEF, esta pesquisadora entende que há
muito trabalho a se realizar com a finalidade de fortalecer esse tema no ambiente
escolar de forma mais presente no cotidiano valorizando os conhecimentos
preexistentes e o contexto dos alunos
Em formato de sugestão, esta pesquisadora tomou a iniciativa de acrescentar
opções de cursos, artigos, programas transversais e livros para download, apoiadas
pela ENEF, a fim de facilitar as ações de docentes porventura interessados em
trabalhar o assunto em sala de aula.
Ao longo desta pesquisa pudemos conhecer variados trabalhos acadêmicos a
analisar documentos curriculares e livros didáticos, materiais que foram a matéria-
prima de uma pesquisa qualitativa com viés documental e em alguns momentos até
bibliográfico, favorecendo a reflexão do tema com a sua aplicação no cotidiano das
pessoas.
Em nenhum momento esta pesquisa teve a intenção de esgotar o assunto,
até porque o tema é de abordagem recente na Educação Brasileira, e como tal,
necessita de certo tempo para maturação e desenvolvimento de teorias próprias no
âmbito da Matemática.
Com efeito, é imperioso ressaltar mais uma vez as iniciativas propostas pela
Estratégia Nacional de Educação Financeira, cuja contribuição de entidades como o
BC, CVM, PREVIC, SUSEP, MEC, ANBIMA, B3, CNSeg, COREMEC, ABAC,
APIMEC, CONSED, etc, de sobremaneira contribuem para o esforço em
democratizar a Educação Financeira a nível Brasil.
No decorrer das verificações que compõem este trabalho, foi possível atingir o
objetivo geral de analisar os documentos curriculares e as coleções de livros
didáticos relacionados à Educação Básica, mais propriamente a partir do 6º ano do
Ensino Fundamental até a 3ª série do Ensino Médio.
65

Os objetivos específicos que foram estudar as abordagens que os PCNs, a


BNCC e os currículos municipal e estadual de São Paulo se relacionam com a
Educação Financeira foram alcançados na mesma medida, de forma que os
currículos e livros a partir da promulgação da Base Nacional deverão ser
atualizados, a fim de poder efetivamente promover a Educação Financeira em sala
de aula.
Como limitações do trabalho, poder-se citar a possibilidade de poder realizar
uma análise comparativa com as Estratégias de Educação Financeira adotadas por
outros países, a fim de sabermos o estágio o Brasil se encontra no assunto.
No entanto, por buscar sintetizar verificações no âmbito da Educação Básica,
com análise de documentos curriculares e livros didáticos, a comparação com a
implementação das estratégias em outras economias fica como sugestão para
estudos futuros.
Salvo melhor juízo, o parecer desta pesquisadora é de que a Educação
Financeira pode e deve ser abordada paulatinamente, adaptando a Matemática
Financeira com as situações-problemas, incorporando rotinas dos próprios
educandos, não somente na Educação Básica, podendo ser incorporada em
projetos de extensão universitária, minicursos de difusão cultural, cursos de
aperfeiçoamento e especialização, enfim, uma infinidade de propostas que visam
melhorar a relação do brasileiro com o dinheiro, facilitando conhecer o seu
comportamento ao longo do tempo, permitindo uma preparação para a formação dos
filhos para a gestão de recursos, orçamento doméstico, financiamento de bens de
maior valor agregado, que são imóveis e veículos, além de outros temas
relacionados, como a educação fiscal, a preparação para a aposentadoria, as
aplicações financeiras em bolsas de valores, títulos públicos, etc.
Em mais de 20 anos de experiência profissional na Educação Básica na rede
pública de Ensino no Estado de São Paulo, lecionando as disciplinas de Matemática
e Física, essa vivência em sala de aula ensinou que os alunos, em sua múltipla
diversidade de níveis sociais distintos, possuem mais aderência ao tema da
Educação Financeira quando são expostos a casos que retratam as suas realidades.
Sendo assim, os conceitos matemáticos são aprendidos mais facilmente, eliminando
ou mitigando gargalos que impedem a resolução dos exercícios, permitindo maior
envolvimento nas atividades, trazendo uma relação de cumplicidade mais
duradoura.
66

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