TCC Viabilidade Técnica Econômica Usina Solar
TCC Viabilidade Técnica Econômica Usina Solar
TCC Viabilidade Técnica Econômica Usina Solar
Vitória
2021
LUCAS LUSTOSA SCHUINA
Vitória
2021
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)
CDD 21 – 621.473
Elaborada por Marcileia Seibert de Barcellos – CRB-6/ES - 656
LUCAS LUSTOSA SCHUINA
COMISSÃO EXAMINADORA
Emitido em 29/07/2021
The great potential for the development of solar energy in Brazil, associated with
recent regulations for distributed generation, enabled consumers to not only
generate their own energy, but also companies to develop business models in
the field of solar energy. This work aims to elaborate a study approaching the
main technical and economic requirements for the construction of a solar farm in
the state of Espírito Santo - Brazil, since this type of project doesn’t appear in a
numerous way as in other states of the country. Throughout the work, the sizing
and choice of the main components of the photovoltaic system was carried out,
starting from the choice of the location, photovoltaic modules, inverters and
mounting structures, comparing the latest equipment technologies for the best
implementation choice. The project's viability was based on the total cost of
implementation and operation of the plant, in a 25-year time horizon, using
financial indicators such as Payback Discounted, IRR, NPV and LCOE. The
implementation of the solar farm showed good financial results when compared
to other forms of traditional investments, however, when analyzing this type of
business model in other states, the investment is much more attractive for climatic
and economic/tax issues reasons, which explains the low investment of this type
development in the state of Espírito Santo.
3 METODOLOGIA ................................................................................ 48
4 RESULTADOS ...................................................................................... 77
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 90
1 INTRODUÇÃO
Apesar de uma boa alternativa para economia com os gastos de energia elétrica,
os empreendimentos de fazendas solares ainda são pouco abordados tanto no
âmbito de visão de quem vai investir na construção de uma fazenda solar quanto
no âmbito de quem vai contratar um sistema dentro da fazenda solar para
economia na conta de energia. Este trabalho visa então fornecer um estudo mais
aprofundado sobre a implementação de uma fazenda solar e fazer também uma
análise técnica e econômica para a implementação de uma fazenda solar no
estado do Espírito Santo levando em consideração os fatores naturais do local
como clima, irradiância e temperatura, bem como algumas particularidades no
âmbito econômico, por exemplo o sistema tarifário da concessionária local e o
sistema de impostos vigentes na região.
1.1. OBJETIVOS
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Se, por outro lado, são introduzidos átomos com apenas três elétrons de ligação
(trivalente), como é o caso do boro, no cristal de silício, “faltará” um elétron para
satisfazer as ligações com os átomos de silício da rede. Esta falta é denominada
“buraco” ou “lacuna”. Da mesma forma, é demandada pouca energia para que
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um elétron de uma molécula vizinha possa ocupar esta posição, fazendo com
que o “buraco” se desloque. Diz-se, assim, que o boro é um “aceitador de
elétrons” ou um dopante tipo p. (TOLMASQUIN, 2016)
A junção de uma fina camada de Silício do tipo N e uma mais espessa do tipo P
forma o que é conhecido como junção PN. Deste modo, se uma junção PN for
exposta a fótons com energia maior que o gap, ocorrerá a geração de pares
elétron-lacuna, se isto acontecer na região onde o campo elétrico é diferente de
zero, as cargas serão aceleradas, gerando, assim, uma corrente através da
junção. Este deslocamento de cargas dá origem a uma diferença de potencial a
qual é chamada de efeito fotovoltaico. Se as duas extremidades do "pedaço" de
silício forem conectadas por um condutor, haverá circulação de elétrons. Essa é
a base do funcionamento das células fotovoltaicas (TOLMASQUIN, 2016). A
Figura 1 ilustra este processo.
Uma célula de silício cristalino convencional não absorve parte da radiação que
chega à superfície da célula. Isso ocorre porque a camada de silício não absorve
todos os comprimentos de onda. Como resultado, alguns comprimentos de onda
ultrapassam todas as camadas do silício até atingirem a parte posterior
metalizada, desperdiçando energia. Para contornar este problema, a célula
PERC - Passivated Emitter and Rear Cell é revestida entre o silício e o verso de
alumínio por uma camada dielétrica que evita o desperdício de energia ao refletir
a radiação. Este processo permite que as camadas de silício absorvam alguns
19
Figura 2 - Estrutura de: (a) Célula fotovoltaica convencional; (b) Célula com
tecnologia PERC
maior quantidade da luz que atinge o solo é refletida e retorna para a parte de
trás do módulo, consequentemente, há um maior desempenho da parte traseira
do módulo.
Ganho percentual
Superfície Albedo
esperado
Água 5-8% 4-6%
Solo nu 10-20% 6-8%
Pastagem verde 15-25% 7-9%
Chão de concreto 25-35% 8-10%
Areia de duna 35-45% 10-15%
revestimento
80-90% 23-25%
reflexivo do telhado
Neve 80-95% 25-30%
As topologias dos inversores fotovoltaicos vêm evoluindo ano após ano de forma
a atender alguns requisitos, são eles: segurança, conversão da energia com o
máximo de eficiência possível e confiabilidade.
Uma das principais características dos inversores centrais é o fato de ter apenas
uma MPPT - (do inglês Maximum Power Point Tracking, ou Rastreamento do
Ponto de Máxima Potência em português). De maneira geral, inversores com
uma única MPPT tratam o conjunto de string de módulos como um único bloco.
Todas as strings têm o seu ponto de máxima potência rastreado
simultaneamente pelo único sistema de MPPT disponível, mesmo que o inversor
possua várias entradas para a conexão de diversas strings, dentro do inversor
todas as strings são controladas como um bloco único.
22
2.1.2.3.4 Skid
dissipar o calor que normalmente é produzido devido à ação dos raios solares.
Isto é importante porque a eficiência das células diminui com a elevação da
temperatura.
O sistema de fixação deve ser concebido para adaptar-se ao terreno local, e com
isso, fornecer uma estrutura rígida com formato adequado para dar suporte a
orientação e inclinação dos painéis fotovoltaicos a serem instalados. Tudo isso,
a fim de garantir a máxima captação da luz solar e garantir uma resistência
mecânica contra os ventos fortes. Uma inconveniência atribuída a geração
fotovoltaica, apesar de suas vantagens, é a baixa eficiência de conversão
energética. Essa problemática pode ser reduzida com a implementação de
estruturas tracker, que visam aumentar a eficiência de geração mantendo os
painéis perpendiculares à irradiância direta na maior parte do tempo, captando,
portanto, uma maior quantidade de irradiância (Vieira et al., 2016).
2.2 REGULAMENTAÇÃO
Após alguns anos de vigor da REN 482/2012, a ANEEL fez uma atualização da
resolução publicando a REN 687/2015. As melhorias introduzidas pela
28
2.4.1. ICMS
2.4.2 PIS/COFINS
Até outubro de 2015 não existia uma legislação ou orientação da Receita Federal
esclarecendo como deveria ser realizada a cobrança de PIS (Programa de
Integração Social) e COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social) para os casos de micro e minigeração distribuída.
Com a publicação da Lei no 13.169/2015, a incidência de PIS e COFINS passou
a ocorrer apenas sobre a diferença positiva entre a energia consumida e injetada
na rede elétrica pela unidade consumidora com micro ou minigeração distribuída.
É importante ressaltar que, como PIS e COFINS são tributos federais, a regra
estabelecida pela lei vale igualmente para todos os Estados do país. (GOMES,
2017)
Assim, ela abre espaço para novos modelos de negócios no mercado de energia.
(de Souza, 2020)
2.6.3 Payback
Essa taxa de juros a ser utilizada para o desconto deve ser definida e calculada
pela empresa, portanto, trata-se de uma questão subjetiva, mas que deve
basear-se em previsões seguras. Neste contexto, o analista do projeto de
investimento pode se utilizar de uma taxa baseada no custo de oportunidade: a
Taxa de Mínima Atratividade (TMA), ou Taxa de Rentabilidade Mínima
Requerida.
O LCOE é definido como a divisão dos custos totais do projeto, incluindo não
somente o capital investido (Capex) mas também os custos operacionais (Opex),
pela energia gerada ao longo de toda a operação da usina. Sendo assim, O
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LCOE tem como objetivo representar o custo por kWh gerado por determinado
investimento. A metodologia básica de cálculo do LCOE é descrita como segue:
𝐶𝐴𝑃𝐸𝑋 + 𝑂𝑃𝐸𝑋
𝐿𝐶𝑂𝐸 =
𝐺𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑎𝑜 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑑𝑎 𝑣𝑖𝑑𝑎 ú𝑡𝑖𝑙
3 METODOLOGIA
Item
1 - Kit Fotovoltaico
1.1 - Módulos Fotovoltaicos
1.2 - Inversor
1.3 - Proteção Inversor
1.4 - Conectores
1.5 - Cabos CC
1.6 Estrutura de Fixação
1.7 - Base estrutursa de Fixação
2 - Outros Equipamentos
2.1 - Material CA
2.2 - Cabine MT
2.3 - Skid
2.4 - Transformador 2,5 MVA
3 - Engenharia de desenvolvimento
3.1 - Serviços de EPC
3.2 - Engenharia do Proprietário
3.3 - Regularização fundiária e Ambiental
4 - Outros
4.1 - Cercamento
4.2 - Sistema de Vigilância e Monitoramento
4.3 - Seguro de Instalação
Fonte: Elaborado pelo autor (2021)
Para uma avaliação detalhada das receitas e despesas da fazenda solar durante
os 25 anos de operação foi elaborada uma planilha com o fluxo de caixa do
negócio utilizando um modelo de DRE - Demonstração do Resultado do
Exercício. A DRE é um relatório contábil que evidencia se as operações de uma
empresa estão gerando lucro ou prejuízo, considerando um determinado período
de tempo. Esse demonstrativo confronta os dados das receitas e das despesas
do negócio mostrando o resultado líquido do seu desempenho e detalhando a
real situação operacional de um negócio. (Pinho Filho, 2019) Um modelo
simplificado de DRE para essa análise financeira tem as linhas presentes no
quadro 3.
Energia gerada
Preço de venda
3.1.4.5 EBITDA
Ebitda é a sigla em inglês para Earnings before interest, taxes, depreciation and
amortization. Em português, lucros antes de juros, impostos, depreciação e
amortização. Com o Ebitda é possível descobrir quanto a empresa está gerando
com suas atividades operacionais, não incluindo investimentos financeiros,
empréstimos e imposto de renda de pessoa jurídica.
𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴 = 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 − 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑒 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠
45
Os impostos que incidem sobre lucro líquido são o IRPJ – Imposto de renda de
pessoa jurídica e o CSLL - Contribuição Social sobre Lucro Líquido. Como a
usina fotovoltaica será enquadrada no regime tributário de Lucro presumido,
primeiramente devemos calcular a base de cálculo de IRPJ e CSLL, essa base
corresponde a 32% da receita bruta. Em cima desta base são calculados os
valores a serem cobrados dos impostos, sendo uma alíquota de 25% para IRPJ,
e 9% para CSLL.
3.2 PV SYST
A combinação dos fatores citados acima não é uma tarefa trivial devido à
dificuldade de encontrar as informações necessárias, como por exemplo, a
concessionária de energia EDP ES não disponibiliza as informações de suas
redes de distribuição e subestações para o público, sendo assim, para considerar
este fator na escolha do local da usina foi necessária fazer uma pesquisa manual
no mapa a respeito das redes e subestações.
Pelo critério de radiação solar, duas regiões se mostram com um potencial solar
atrativo: a primeira é na região extremo sul do estado, nas cidades de Presidente
Kennedy, Marataízes, Atílio Vivácqua, Cachoeiro de Itapemirim, e a segunda
48
Nesta seção será feita uma análise de alguns painéis solares disponíveis no
mercado nacional para que seja escolhido o painel que apresenta a melhor
relação custo/benefício levando em consideração sua operação durante os 25
anos de funcionamento da usina.
A metodologia adotada para escolha dos painéis foi a partir de simulações para
verificação do desempenho de cada painel em relação à produção de energia e
posteriormente o cálculo do LCOE levando em conta todos os custos de Capex
e Opex da usina durante o período de 25 anos. Para fazer as simulações desta
parte do trabalho primeiramente foram fixadas algumas características da usina
e então foram feitas as simulações das usinas alterando somente os fatores
relacionados aos módulos.
Foi determinado que seria uma usina com potência de aproximadamente 5MWp
de módulos, a depender de cada módulo, e 40 inversores de 125KW da Sungrow
totalizando também 5MW de potência de inversor, a estrutura é do tipo fixa com
inclinação de 18º para obter o melhor desempenho do sistema. Com a simulação
é obtido o desempenho do sistema mostrando qual a produção normalizada de
energia. Esse resultado é mostrado na tabela 3. Após a simulação é feito o
levantamento dos custos de construção da usina, o Capex, na figura 9 é
mostrado a proporção média destes custos em relação ao Capex total.
50
Capex
Material CA Cabos CC Outros
5% 4% 1%
Skid
6% Módulos
Engenharia e Mão de Obra
Estruturas Inversor
11%
Módulos Estruturas
47%
Skid
Material CA
Inversor Cabos CC
11%
Outros
Engenharia e Mão de
Obra
15%
devido à temperatura, o valor dessas perdas para o módulo Jinko 340 foi o maior
dentre todas as simulações feitas, 6,88% de perdas devido à temperatura. Outro
fator que o módulo influencia indiretamente no preço do Capex é em relação à
estrutura de fixação, quando é escolhido um módulo de menor potência, é
necessário mais módulos para atingir o valor de potência total desejado, como
temos mais módulos, consequentemente necessitamos de mais estruturas de
fixação e mais mão de obra para realizar a instalação - além de mais espaço
físico, ou seja, o preço do módulo é mais barato, porém temos que gastar mais
com outros itens que tem seu custo proporcional ao número de módulos. Em
relação aos demais itens inclusos no Capex que são mostrados na figura 13,
estes não sofrem grandes variações quando mudamos o módulo que está sendo
utilizado, portanto não entraremos em maiores detalhes nesta parte do trabalho.
Produção
Fabricante Modelo R$/Wp Capex Opex Anual LCOE
Normalizada
JINKO JKM340PP-72H-V R$ 1,593 R$ 17.108.320,99 R$ 2.852.273,56 1581 kWh/kWp/ano 0,40578
JINKO JKM400M-72H-V R$ 1,912 R$ 18.204.463,61 R$ 2.793.293,49 1581 kWh/kWp/ano 0,40561
CANADIAN CS3W-450MS R$ 1,976 R$ 18.215.098,35 R$ 2.756.810,70 1587 kWh/kWp/ano 0,40027
RISEN RSM150-8-500M R$ 1,990 R$ 18.021.577,47 R$ 2.725.576,04 1575 kWh/kWp/ano 0,39926
LONGI LR5-72HBD-530M R$ 2,112 R$ 18.516.264,46 R$ 2.718.374,18 1657 kWh/kWp/ano 0,38111
Após calculado o preço do Capex, foi calculado o preço do Opex, onde envolve
todos os custos de operação da usina ao longo de sua vida útil. O valor do Opex
também está relacionado ao módulo que iremos utilizar, pois como citado
anteriormente, alguns dos custos que o constitui é dependente da quantidade de
módulos da usina. Abaixo são listados os itens que são considerados no preço
do Opex.
● Seguro Operacional
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● Monitoramento
● Manutenção corretiva
● Manutenção preventiva
● Segurança
● Equipe Técnica
● Demanda Contratada
● Arrendamento da Terra
● Gerenciamento da usina
Por fim, foi calculado o valor do LCOE para cada módulo selecionado
inicialmente, este foi o indicador utilizado para decisão da escolha do módulo
pois leva em conta todos os custos de Capex e Opex citados anteriormente,
sendo assim, o módulo escolhido foi o Longi 530Wp bifacial, apesar de ser o
módulo mais caro em relação ao custo do Wp, este módulo se mostra o mais
vantajoso quando analisado o seu desempenho durante os 25 anos de operação
da usina, o ganho de produção que ele terá comparado com os outros módulos
faz com que o maior investimento inicial traga um maior retorno no decorrer dos
anos.
Para escolha do inversor, de forma similar aos módulos, foram feitas simulações
considerando algumas premissas para a usina, neste caso a estrutura é do tipo
fixa e o módulo foi o escolhido na análise da seção anterior, no caso o módulo
Longi de 530Wp, e então alterou-se somente o inversor e o tipo de layout da
usina.
53
Tendo passado por uma visão geral das principais características relacionadas
aos dois tipos de inversores, foi feito um levantamento dos custos e produção
obtida por cada topologia.
produzindo cerca de 50MWh a mais por ano, essa produção maior vem
principalmente do fato desta topologia possuir perdas totais menores.
Nesta parte do trabalho serão comparados dois tipos de estrutura de fixação dos
módulos, a primeira é uma estrutura fixa e a segunda é uma estrutura Tracker.
Neste tipo de estrutura os módulos são dispostos em uma mesa com inclinação
fixa. Essa inclinação deve ser determinada com base na localização geográfica
do painel. De forma geral, para instalações aqui no Brasil o painel fotovoltaico
59
Durante os dias de sol com céu claro, a radiação direta dos raios de sol
representa a principal contribuição para a radiação total. A radiação solar
disponível que atinge a superfície dos módulos fotovoltaicos é mais alta quando
os módulos fotovoltaicos estão alinhados com a direção perpendicular dos raios
solares, o que pode ser alcançado pelo uso e controle adequado do sistema de
rastreamento solar. Como a direção dos raios solares varia durante o dia, o
rastreador solar é considerado uma das principais abordagens para aumentar a
eficiência de geração de energia.
Neste trabalho, para efeito de simulações foi utilizado a estrutura tracker da Alion
Energy, mostrada na figura 17. A orientação do eixo do tracker é na direção
Norte-Sul e possui rastreamento em 1 eixo, Leste-Oeste. O ângulo de rotação
possui variação de ± 60°. Usar um eixo de rastreamento pode fornecer um ganho
significativo de energia para o sistema, porém, o mecanismo de rastreamento é
mais caro pois requer alto custo para instalação e manutenção do sistema de
60
geração, por isso deve ser feito esse estudo para verificar a viabilidade de
utilização de um sistema tracker. Normalmente em usinas de pequeno porte
como geradores residenciais ou comerciais o preço desse tipo de estrutura
inviabiliza sua utilização, isso porque o preço da estrutura se torna muito alto em
relação ao total do projeto, porém, para usinas de maior porte, o comparativo de
preços e o ganho obtido pelo tracker torna sua utilização viável. A estrutura
tracker da Alion Energy utiliza uma base de concreto onde são fixadas as mesas
dos módulos. Nessa base de concreto é possível fazer uma pintura para
correção e aumento do Albedo. Segundo o fabricante, fazendo essa correção o
albedo do solo pode chegar a um valor de 0.5, o que nos dá um aumento
expressivo de reflexão da radiação que chega ao solo.
Para encontrar o Overload ideal dos inversores foram feitas simulações com as
características já definidas anteriormente (módulo, inversor e estrutura) e variou-
se apenas o Overload dos inversores, com a simulação obtém-se então o
resultado de geração do sistema, que foi utilizado para cálculo do LCOE. Um
resumo dos resultados é mostrado no quadro 7.
64
Quantidade de módulos
18.000 MWh/ano R$ 40.000.000
16.000 MWh/ano
R$ 35.000.000
Geração Anual
14.000 MWh/ano
Capex
R$ 30.000.000
12.000 MWh/ano
R$ 25.000.000
10.000 MWh/ano
Overload X LCOE
0,39000
0,38000
0,37000
LCOE
0,36000
0,35000
0,34000
0,33000
Overload
Para efeito comparativo, foi feito também uma análise da faixa ideal de
sobrecarregamento levando em consideração a TIR, nesse caso o melhor valor
de TIR encontrado foi com um sobrecarregamento de 40% com o valor de
19,03% ao ano, contra 18,65% ao ano encontrado para o valor de 60% de
Overload, porém, como essa diferença não é muito grande e o indicador adotado
por pesquisas e artigos anteriores a respeito desse mesmo estudo foi o LCOE,
nesse trabalho foi adotado o LCOE como indicador fundamental para escolha do
sobrecarregamento ideal do inversor.
Sendo assim, foi decidido que a potência dos arranjos fotovoltaicos da usina em
questão será de 7999,29KWp, o que resulta em um FDI de 1.6 e, portanto, um
sobrecarregamento de 60% em relação aos inversores.
67
4 RESULTADOS
Após definido o Capex foi feito o levantamento dos custos anuais de operação e
manutenção da usina para mantê-la funcionando. No quadro 9 é apresentado os
valores relacionados ao Opex, nota-se que o principal custo para manter a usina
está relacionado ao pagamento da demanda para a concessionária de energia,
isso porque o valor de demanda paga no Espírito Santo é relativamente cara
quando comparada com outros estados.
OPEX ANUAL
Período de operação (anos) 25 %
Seguro Operacional R$ 22.639,50 1%
Monitoramento R$ 75.465,00 2%
Manutenção corretiva R$ 120.744,00 3%
Manutenção preventiva R$ 158.476,50 5%
Segurança R$ 120.744,00 3%
Equipe Técnica R$ 241.488,00 7%
Demanda Contratada R$ 2.310.000,00 67%
Arrendamento da Terra R$ 131.629,13 4%
Gerenciamento R$ 273.596,51 8%
Total R$ 3.454.782,64 100%
6 7 8 9 10 11 12 13
12.384 13.068 13.790 14.552 15.355 16.204 17.098 18.043
-6.285 -6.632 -6.998 -7.385 -7.794 -8.225 -8.681 -9.162
R$ 65.000,00
R$ 45.000,00
R$ 25.000,00
R$ 5.000,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
-R$ 15.000,00
-R$ 35.000,00
Ano
Foi visto que o investimento em usinas solares para operação como fazenda
solar no estado do Espírito Santo se mostra um investimento atraente e rentável,
porém, analisando o cenário na prática observa-se que há poucas usinas
operando nesse modelo de negócio. Analisando o porquê dessa baixa
quantidade de fazendas solares pode-se listar alguns motivos, o primeiro e
principal deles é a respeito dos impostos cobrados sobre os créditos que são
gerados pela energia injetada. Até 2020 o estado possuía isenção de ICMS da
energia injetada na rede apenas sobre a cobrança da TUSD, portanto, era
cobrado ICMS com alíquota de 25% sobre a TE. Essa cobrança, somada ao
custo de demanda que deve ser pago à concessionária, fazia com que as usinas
de minigeração operando em geração remota se tornassem inviáveis. Para se
ter uma ideia do resultado, na tabela 4 é mostrado o resultado da usina
considerando isenção total de ICMS e considerando isenção de ICMS somente
sobre a TUSD.
74
Por fim, outra razão para o baixo número de fazendas solares no Espírito Santo
é o índice de radiação solar no estado. Apesar de conseguir encontrar uma
região propícia para a implantação da usina, com bons índices solarimétricos, o
estado não apresenta índices tão elevados quando comparado com estados
vizinhos. Tomando como exemplo a cidade de Januária em MG, o índice de
irradiância média anual na cidade é de 5.69kWh/m²/dia, já a irradiância média de
São Mateus onde foi escolhido para a construção da usina, o valor é de
5.09kWh/m²/dia. Este é um exemplo de outra cidade que possui um índice de
radiação solar melhor do que o apresentado no Espírito Santo, e esse pode ser
um fator decisivo na hora da escolha do local de instalação da usina solar.
Para efeito de análise dos dois últimos pontos citados como possíveis razões
para o baixo número de fazendas solares no Espírito Santo, simulou-se os
resultados obtidos pelo empreendimento considerando as mesmas
características técnicas da usina, mudando somente sua localização para a
cidade de Januária em MG onde a irradiância é maior e a concessionária de
energia é a Cemig. Portando a tarifa de demanda paga será menor e o preço de
venda do kWh mais caro, como citado anteriormente. Na tabela 5 vemos um
resumo dos resultados das fazendas solares nas duas cidades.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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10.1016/j.rser.2017.10.018.