TCC Viabilidade Técnica Econômica Usina Solar

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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

LUCAS LUSTOSA SCHUINA

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE


IMPLEMENTAÇÃO DE UMA USINA SOLAR VOLTADA PARA A LOCAÇÃO
DE EQUIPAMENTOS COMO MODELO DE NEGÓCIO DE UMA FAZENDA
SOLAR

Vitória
2021
LUCAS LUSTOSA SCHUINA

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE


IMPLEMENTAÇÃO DE UMA USINA SOLAR VOLTADA PARA A LOCAÇÃO
DE EQUIPAMENTOS COMO MODELO DE NEGÓCIO DE UMA FAZENDA
SOLAR

Monografia apresentada à Coordenadoria do


Curso de Engenharia Elétrica do Instituto
Federal do Espírito Santo, Campus Vitória,
como requisito parcial para a obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Me. Paulo Henrique


Fernandes Zanandrea

Vitória
2021
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)

S385e Schuina, Lucas Lustosa.


Estudo de viabilidade técnica e econômica de implementação de
uma usina solar voltada para a locação de equipamentos como
modelo de negócio de uma fazenda solar / Lucas Lustosa Schuina. –
2020.
91 f. : il. ; 30 cm

Orientador: Paulo Henrique Fernandes Zanandrea.

Monografia (graduação) – Instituto Federal do Espírito Santo,


Coordenadoria de Engenharia Elétrica, Curso Superior de Engenharia
Elétrica, 2021.

1. Energia solar. 2. Energia – Fontes alternativas. 3. Geração de


energia fotovoltaica. 4. Geração de energia fotovoltaica. 5. Energia
solar na agricultura. 6. Engenharia Elétrica. I. Zanandrea, Paulo
Henrique Fernandes. II. Instituto Federal do Espírito Santo. III. Título.

CDD 21 – 621.473
Elaborada por Marcileia Seibert de Barcellos – CRB-6/ES - 656
LUCAS LUSTOSA SCHUINA

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE IMPLEMENTAÇÃO DE


UMA USINA SOLAR VOLTADA PARA A LOCAÇÃO DE EQUIPAMENTOS COMO
MODELO DE NEGÓCIO DE UMA FAZENDA SOLAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenadoria de


Engenharia Elétrica do Instituto Federal do Espírito Santo, como
requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Elétrica.

Aprovado em 21 de julho de 2021 .

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Me.: Paulo Henrique Fernandes Zanandrea


Instituto Federal do Espírito Santo – Ifes
Orientador

Prof. Dr.: Jacques Miranda Filho


Instituto Federal do Espírito Santo – Ifes
Membro interno

Prof. Me.: Mauro Silva Piazzarollo


Instituto Federal do Espírito Santo – Ifes
Membro interno

MBA Eng. Eletr. Felipe de Paula Trigo Ferraz


Fortlev Energia Solar Ltda.
Membro externo
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO E
FOLHA DE ASSINATURAS
CONTRATOS

Emitido em 29/07/2021

FOLHA DE APROVAÇÃO-TCC Nº 11/2021 - VIT-CCTE (11.02.35.01.09.02.19)

(Nº do Protocolo: NÃO PROTOCOLADO)

(Assinado digitalmente em 30/08/2021 15:32 ) (Assinado digitalmente em 30/08/2021 15:42 )


JACQUES MIRANDA FILHO MAURO SILVA PIAZZAROLLO
PROFESSOR DO ENSINO BASICO TECNICO E TECNOLOGICO PROFESSOR DO ENSINO BASICO TECNICO E TECNOLOGICO
VIT-CCTE (11.02.35.01.09.02.19) VIT-CCTE (11.02.35.01.09.02.19)
Matrícula: 2552111 Matrícula: 1191703

(Assinado digitalmente em 28/08/2021 22:03 )


(Assinado digitalmente em 30/08/2021 14:10 )
PAULO HENRIQUE FERNANDES ZANANDREA
FELIPE DE PAULA TRIGO FERRAZ
PROFESSOR DO ENSINO BASICO TECNICO E TECNOLOGICO
ASSINANTE EXTERNO
VIT-CCTE (11.02.35.01.09.02.19)
CPF: ***.197.067-**
Matrícula: 270533

(Assinado digitalmente em 30/08/2021 14:54 )


LUCAS LUSTÓSA SCHUÍNA
DISCENTE
Matrícula: 9999195497

Para verificar a autenticidade deste documento entre em https://sipac.ifes.edu.br/documentos/ informando seu


número: 11, ano: 2021, tipo: FOLHA DE APROVAÇÃO-TCC, data de emissão: 28/08/2021 e o código de
verificação: 4b27d5aa68
RESUMO

O grande potencial de desenvolvimento da energia solar fotovoltaica no Brasil,


associado às recentes regulamentações da geração distribuída possibilitaram
que os consumidores passassem não só a poder gerar sua própria energia, mas
também desenvolver modelos de negócio no ramo da energia solar. O presente
trabalho tem por objetivo fazer um estudo abordando os principais requisitos
técnicos e econômicos para construção de uma fazenda solar no estado do
Espírito Santo, visto que este tipo de empreendimento não se apresenta de
forma numerosa como em outros estados do país. Ao longo do trabalho foi feito
o dimensionamento e escolha dos principais componentes do sistema
fotovoltaico partindo desde a escolha do local de instalação da usina, módulos
fotovoltaicos, inversores e estruturas de fixação, comparando a partir de
simulações via Software as tecnologias mais recentes de equipamentos para a
melhor escolha de implementação. A viabilidade do projeto foi baseada a partir
das estimativas do custo total de implantação e operação da usina, no horizonte
de tempo de 25 anos, utilizando indicadores financeiros como Payback
Descontado, TIR, VPL e LCOE. A implementação da fazenda solar apresentou
bons resultados financeiros quando comparado com outras formas de
investimentos tradicionais, porém, quando analisado esse tipo de
empreendimento em outros estados o investimento se mostra muito mais atrativo
por razões climáticas e econômicas, o que explica o baixo investimento desse
tipo de empreendimento no estado do Espírito Santo.

Palavras-chave: Energia Fotovoltaica, Fazenda Solar, Estudo de Viabilidade.


ABSTRACT

The great potential for the development of solar energy in Brazil, associated with
recent regulations for distributed generation, enabled consumers to not only
generate their own energy, but also companies to develop business models in
the field of solar energy. This work aims to elaborate a study approaching the
main technical and economic requirements for the construction of a solar farm in
the state of Espírito Santo - Brazil, since this type of project doesn’t appear in a
numerous way as in other states of the country. Throughout the work, the sizing
and choice of the main components of the photovoltaic system was carried out,
starting from the choice of the location, photovoltaic modules, inverters and
mounting structures, comparing the latest equipment technologies for the best
implementation choice. The project's viability was based on the total cost of
implementation and operation of the plant, in a 25-year time horizon, using
financial indicators such as Payback Discounted, IRR, NPV and LCOE. The
implementation of the solar farm showed good financial results when compared
to other forms of traditional investments, however, when analyzing this type of
business model in other states, the investment is much more attractive for climatic
and economic/tax issues reasons, which explains the low investment of this type
development in the state of Espírito Santo.

Keywords: Photovoltaic Energy, Solar Farm, Feasibility Study.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Efeito fotovoltaico ............................................................................. 25


Figura 2 - Estrutura de: (a) Célula fotovoltaica convencional; (b) Célula com
tecnologia PERC .............................................................................................. 29
Figura 3 – Exemplo de inversores centrais Sungrow ....................................... 31
Figura 4 – Exemplo de inversor do tipo string .................................................. 32
Figura 5 – Exemplo de inversor com otimizador de potência ........................... 33
Figura 6 - Curva de irradiância global incidente em um painel fotovoltaico fixo e
com seguidor solar em condição de céu limpo................................................. 36
Figura 7 - Modelo de negócio de locação de lotes de uma usina..................... 43
Figura 8 - Exemplo de premissas do projeto .................................................... 50
Figura 9 - Participações de cada item no custo total do capex ........................ 60
Figura 10 - Topologia de usina centralizada..................................................... 64
Figura 11 - Inversor sungrow SG125HV .......................................................... 64
Figura 12 - Perdas por cabeamento em uma usina de topologia centralizada . 65
Figura 13 - Topologia de usina descentralizada ............................................... 66
Figura 14 - Inversor sungrow SG250HX .......................................................... 66
Figura 15 - Perdas por cabeamento em uma usina de topologia
descentralizada ................................................................................................ 67
Figura 16 - Painéis solares distribuídos em estrutura fixa ................................ 69
Figura 17 - Estrutura de fixação tracker Alion Energy ...................................... 70
Figura 18 - Produção diária com e sem sobrecarregamento do inversor ......... 72
Figura 19 - Relação entre quantidade de módulos, geração e Capex. ............ 75
Figura 20 - Relação entre carregamento do inversor e LCOE ......................... 75
Figura 21 - Performance mensal de geração do sistema ................................. 77
Figura 22 - Geração mensal do sistema .......................................................... 78
Figura 23 - Premissas utilizadas para o projeto ............................................... 79
Figura 24 – Representação do fluxo de caixa acumulado da fazenda solar .... 81
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Impacto da reflectância do solo ....................................................... 30


Tabela 2 - Painéis solares utilizados para estudo ............................................ 58
Tabela 3 - Desempenho dos painéis solares ................................................... 61
Tabela 4 - Comparativo dos resultados com isenção total de ICMS e Isenção
somente sobre a TUSD .................................................................................... 84
Tabela 5 - Comparativo da fazenda solar com operação em MG e no ES ...... 85
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Composição dos itens presentes no Capex ................................... 51


Quadro 2 - Composição dos itens presente no Opex ....................................... 52
Quadro 3 - Modelo de DRE utilizado para análise financeira ........................... 52
Quadro 4 - Composição do Preço de venda do KWh ....................................... 53
Quadro 5 - Comparativo dos inversores ........................................................... 68
Quadro 6 - Comparativo entre estrutura do tipo fixa e tracker.......................... 71
Quadro 7 - Resultados obtidos com diferentes sobrecarregamentos do inversor
......................................................................................................................... 74
Quadro 8 - Custos do Capex para construção da usina ................................... 79
Quadro 9 - Custos de operação e manutenção da usina ................................. 80
Quadro 10 - Fluxo de caixa simplificado da fazenda solar ............................... 80
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 21

1.1. OBJETIVOS ........................................................................................ 22

1.1.1 Objetivo geral .................................................................................... 22

1.1.2 Objetivos específicos ....................................................................... 23

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................. 24

2.1 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA .................................................. 24

2.1.1 Funcionamento da Energia Fotovoltaica ........................................ 24

2.1.2 Principais elementos que compõe uma usina solar ...................... 25

2.2 REGULAMENTAÇÃO ........................................................................ 37

2.3 ESTRUTURA TARIFÁRIA DE ENERGIA ........................................... 39

2.4 INCIDÊNCIA DE IMPOSTOS FEDERAIS E ESTADUAIS ................. 40

2.4.1 ICMS .................................................................................................. 40

2.4.2 PIS/COFINS ....................................................................................... 41

2.5 FAZENDAS SOLARES ...................................................................... 41

2.6 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS ........................................................ 44

2.6.1 Fluxo de Caixa .................................................................................. 44

2.6.2 Valor Presente Líquido (VPL) .......................................................... 45

2.6.3 Payback ............................................................................................. 45

2.6.4 Levelized Cost of Energy (LCOE).................................................... 46

3 METODOLOGIA ................................................................................ 48

3.1 MODELO ECONÔMICO DA FAZENDA SOLAR ................................ 49

3.1.1 Premissas do projeto ....................................................................... 49

3.1.2 CAPEX - Capital Expenditure .......................................................... 50

3.1.3 OPEX - Operational Expenditure ..................................................... 51

3.1.4 Fluxo de Caixa e DRE....................................................................... 52


3.1.5 Resultados do modelo econômico ................................................. 55

3.2 PV SYST ............................................................................................... 56

3.3 COMPOSIÇÃO DOS CENÁRIOS ......................................................... 57

3.3.1 Escolha do local da usina................................................................... 57

3.3.2 Escolha dos painéis solares .............................................................. 58

3.3.3 Escolha do inversor e topologia da usina......................................... 62

3.3.4 Escolha do tipo de estrutura de fixação dos módulos .................... 68

3.3.5 Potência da usina ........................................................................................... 71

4 RESULTADOS ...................................................................................... 77

4.2 RESULTADOS DE GERAÇÃO DA USINA ........................................... 77

4.2 RESULTADOS FINANCEIROS PARA O PROPIETÁRIO DA USINA ... 78

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 90

ANEXO A – Relatório de simulação no PVSyst .................................... 82

ANEXO B – Demonstrativo de resultados da fazenda solar ................ 89


11

1 INTRODUÇÃO

A energia elétrica é um dos elementos fundamentais para o desenvolvimento da


sociedade contemporânea. O crescimento econômico de um país está
diretamente associado à oferta de energia elétrica, da mesma maneira as
pessoas têm uma crescente demanda por energia elétrica visando melhor
qualidade de vida e bem-estar social (Villareal e Moreira, 2016). Sendo assim, a
política energética deve priorizar o desenvolvimento de tecnologias para garantir
e ampliar o fornecimento de energia elétrica através de uma matriz limpa e
sustentável.

Apesar de apresentar uma matriz com 75,5% de fontes renováveis, a matriz


elétrica brasileira está baseada na geração centralizada com usinas de grande
porte e impacto sócio ambiental. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética –
EPE, 64% da potência instalada no Brasil corresponde as usinas hidrelétricas
que apesar de serem usinas de energia renovável, representam um modelo
muito vulnerável a falhas e eventos climatológicos e meteorológicos. Em 2015
foi registrado pela EPE, o quarto ano consecutivo com redução de energia
hidráulica disponibilizada, devido às condições hidrológicas desfavoráveis (EPE,
2016). Este cenário desfavorável para a energia hídrica implicou em aumento
dos custos de geração de energia elétrica que foram repassados, em parte, aos
consumidores. (Scarabelot et al., 2018)

Com o preço da energia elétrica sofrendo reajustes anuais a níveis acima da


inflação, uma alternativa para contornar estas despesas é gerar sua própria
energia utilizando geradores solares. No Brasil o ponto de partida para que os
consumidores pudessem gerar sua própria energia foi a regulamentação da
micro e minigeração distribuída, que aconteceu com a publicação da Resolução
Normativa n° 482, de 17 de abril de 2012. Entretanto, algumas pessoas e
empreendimentos não possuem uma área disponível para instalação de um
sistema fotovoltaico e consequentemente geração da sua própria energia. Uma
alternativa para estes clientes surgiu a partir da atualização da resolução
Normativa nº 482 com a publicação da resolução Normativa nº 687/2015 que
12

abriu a possibilidade de participação de uma fazenda solar alugando um lote da


fazenda e assim economizando energia sem precisar fazer a instalação de um
sistema em sua edificação.

Atualmente a literatura aborda com grande frequência o assunto de viabilidade


de implementação de sistemas solares para suprir o consumo da instalação onde
o próprio sistema será instalado, porém, um segmento do ramo de energia solar
que vem ganhando cada vez mais espaço é a implementação de fazendas
solares, este por sua vez não possui uma abordagem expressiva e com maiores
detalhes sobre o projeto, execução e viabilidade na literatura.

Apesar de uma boa alternativa para economia com os gastos de energia elétrica,
os empreendimentos de fazendas solares ainda são pouco abordados tanto no
âmbito de visão de quem vai investir na construção de uma fazenda solar quanto
no âmbito de quem vai contratar um sistema dentro da fazenda solar para
economia na conta de energia. Este trabalho visa então fornecer um estudo mais
aprofundado sobre a implementação de uma fazenda solar e fazer também uma
análise técnica e econômica para a implementação de uma fazenda solar no
estado do Espírito Santo levando em consideração os fatores naturais do local
como clima, irradiância e temperatura, bem como algumas particularidades no
âmbito econômico, por exemplo o sistema tarifário da concessionária local e o
sistema de impostos vigentes na região.

1.1. OBJETIVOS

Serão listados neste tópico o objetivo geral e os objetivos específicos do


presente trabalho.

1.1.1 Objetivo geral

Projetar uma usina solar fotovoltaica que se enquadre dentro do modelo de


minigeração distribuída para ser utilizada como um modelo de negócio de
13

fazenda solar com operação no estado do Espírito Santo e realizar estudo de


viabilidade econômica no âmbito do investidor da usina.
1.1.2 Objetivos específicos

a) Estudar os aspectos técnicos pertinente à implementação de uma usina solar


levando em consideração as diferentes topologias de usinas, novas
tecnologias presentes no mercado e regulamentação.
b) Levantar a partir de simulações via software a viabilidade técnica da usina
utilizando diferentes tecnologias e topologias que podem ser implementadas
a fim de encontrar o melhor cenário em relação ao custo/benefício.
c) Realizar uma análise financeira com os valores projetados de Capex, Opex,
fluxo de caixa, payback, VPL, TIR, bem como a viabilidade financeira da
usina.
d) Indicar se a implementação da fazenda solar se mostra como um modelo de
negócio atrativo para empresas e investidores do ramo.
14

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo serão apresentados alguns conceitos importantes para o


entendimento do trabalho, bem como referências a outros trabalhos já
desenvolvidos sobre o assunto e que foram empregados como base teórica para
a confecção deste projeto.

2.1 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

2.1.1 Funcionamento da Energia Fotovoltaica

A energia solar fotovoltaica é a energia obtida através da conversão direta da luz


em eletricidade e tem como base o efeito fotovoltaico. O efeito fotovoltaico,
relatado por Edmond Becquerel em 1839, é o aparecimento de uma diferença
de potencial nos extremos de uma estrutura de material semicondutor, produzida
pela absorção da luz. Semicondutores são materiais caracterizados pela
presença de bandas de energia onde é permitida a presença de elétrons (bandas
de valência e bandas de condução) e de outra totalmente vazia (banda proibida
ou gap). (Machado, 2015)

O semicondutor mais utilizado é o silício, material abundante na crosta terrestre.


Seus átomos se caracterizam por possuírem quatro elétrons que se ligam aos
vizinhos, formando uma rede cristalina. Ao se adicionar átomos pentavalente, ou
seja, com cinco elétrons na última camada, no cristal de silício, como o fósforo,
por exemplo, haverá um elétron em excesso que não poderá ser emparelhado e
ficará "sobrando", fracamente ligado a seu átomo de origem. Isto permite que,
com pouca energia, este elétron seja liberado, indo para a banda de condução.
Diz-se assim, que o fósforo é um “dopante” doador de elétrons e denomina-se
dopante n ou impureza n.

Se, por outro lado, são introduzidos átomos com apenas três elétrons de ligação
(trivalente), como é o caso do boro, no cristal de silício, “faltará” um elétron para
satisfazer as ligações com os átomos de silício da rede. Esta falta é denominada
“buraco” ou “lacuna”. Da mesma forma, é demandada pouca energia para que
15

um elétron de uma molécula vizinha possa ocupar esta posição, fazendo com
que o “buraco” se desloque. Diz-se, assim, que o boro é um “aceitador de
elétrons” ou um dopante tipo p. (TOLMASQUIN, 2016)

A junção de uma fina camada de Silício do tipo N e uma mais espessa do tipo P
forma o que é conhecido como junção PN. Deste modo, se uma junção PN for
exposta a fótons com energia maior que o gap, ocorrerá a geração de pares
elétron-lacuna, se isto acontecer na região onde o campo elétrico é diferente de
zero, as cargas serão aceleradas, gerando, assim, uma corrente através da
junção. Este deslocamento de cargas dá origem a uma diferença de potencial a
qual é chamada de efeito fotovoltaico. Se as duas extremidades do "pedaço" de
silício forem conectadas por um condutor, haverá circulação de elétrons. Essa é
a base do funcionamento das células fotovoltaicas (TOLMASQUIN, 2016). A
Figura 1 ilustra este processo.

Figura 1 - Efeito Fotovoltaico

Fonte: ASDN (2021).

2.1.2 Principais elementos que compõe uma usina solar

Nesta seção serão mostrados os principais itens que compõe um sistema


fotovoltaico conectado à rede elétrica. Estes itens vão desde a captação da luz
solar, conversão da energia produzida, até a entrega da energia para o consumo
final nos aparelhos elétricos.
16

Dentro da seção de cada equipamento serão discutidas as diferentes tecnologias


existentes e as possibilidades de utilização para implementação de uma usina
solar, esta abordagem será de grande importância pois posteriormente será feita
a escolha de cada tipo de equipamento de acordo com o projeto da usina a ser
implementada.

2.1.2.1 Módulo Solar Fotovoltaico

Segundo a NBR 10899 (ABNT, 2013) o módulo fotovoltaico é a unidade básica


de um sistema fotovoltaico, sendo formado por um conjunto de células
fotovoltaicas, interligadas eletricamente e encapsuladas, com o objetivo de gerar
energia elétrica. As células que compõem os módulos fotovoltaicos são
formadas por materiais semicondutores que produzem energia a partir do efeito
fotovoltaico como explicado na seção 2.1.1.

Quando os fótons provenientes da luz solar atingem a célula fotovoltaica, eles


são absorvidos pelo silício. A energia do fóton excita o elétron livre presente no
silício, que então viaja para o eletrodo positivo e cria um fluxo elétrico. Quanto
mais energia a célula é exposta, mais elétrons saltarão pelas camadas,
resultando em um maior fluxo de corrente.

Esse conjunto de células são interligadas em série e tem a finalidade de


aumentar o valor da tensão e manter o valor da corrente, sendo que a tensão
nominal do módulo fotovoltaico será igual ao produto do número de células que
o compõem pela tensão de cada célula.

Atualmente existem dois tipos principais de módulos fotovoltaicos consolidados


no mercado que são fabricados a partir de células de silício e são amplamente
utilizados tanto para projetos fotovoltaicos grandes, como usinas de grande
porte, quanto para projetos pequenos, caso das usinas residenciais, são eles os
módulos de Silício monocristalino (m-Si) e os módulos de Silício policristalino (p-
Si).
17

2.1.2.1.1 Módulos de Silício monocristalino (m-Si)

O silício monocristalino é a tecnologia fotovoltaica mais antiga. Basicamente é o


silício obtido a partir do crescimento de um único cristal com alto grau de pureza
(as impurezas representam apenas algumas partes por milhão). (D. D. B.
Mesquita, 2019) A maioria das células de silício monocristalino são fabricadas
através do processo Czochralski, que foi criado em 1916 pelo químico Jan
Czochralski (J. Friedrich, 2015).

O custo de fabricação de um módulo de m-Si é mais elevado em comparação


com boa parte das tecnologias fotovoltaicas existentes. Isso ocorre devido ao
processo de fabricação das células de silício monocristalino ser mais complexo,
sofisticado e caro. Excluindo células compostas por mais de uma camada, que
tem a propriedade de aproveitar uma faixa ampla do espectro solar, o silício
monocristalino apresenta a maior eficiência de conversão para módulos
comerciais. Em aplicações comerciais (fora de laboratório) os módulos
fotovoltaicos feitos com silício monocristalino atingem uma eficiência entre 15%
e 22%, a eficiência varia de acordo com o processo de fabricação. (NREL, 2017)

2.1.2.1.2 Módulos de Silício Policristalino (p-Si)

Os módulos de silício policristalino tiveram seus primeiros registros de eficiência


em 1984. Na época, os testes de laboratório registravam valores de eficiência
abaixo de 15%, contudo, com o avanço dos estudos hoje é possível atingir
eficiência de 22,3% em ambiente de laboratório e entre 14% e 20% em
aplicações comerciais. (NREL, 2017)

Devido ao processo de produção, o custo do p-Si é consideravelmente menor


que o m-Si. As células policristalinas são obtidas a partir da solidificação do
silício, formando um cubo que pode então ser cortado em células quadradas. A
desvantagem deste método é que o maior contato do silício policristalino com os
recipientes do processo de fabricação permite uma maior transferência de
impurezas destes recipientes para o bloco de silício policristalino. Assim, as
18

células policristalinas obtêm valores de eficiência mais baixos em comparação


com as células monocristalinas. (D. D. B. Mesquita, 19)

Atualmente, o p-Si é a tecnologia com a maior representatividade no mercado


mundial. Isto se deve a vários fatores, mas principalmente ao baixo custo de
produção e eficiência comparável ao m-Si.

2.1.2.1.3 Módulos Half Cell

Os módulos convencionais de silício cristalino possuem 60 ou 72 células. Os


módulos com tecnologia Half-Cell têm 120 e 144 meias-células, o que melhora
o desempenho e a longevidade do módulo. A área da célula influencia
diretamente a corrente da célula. Portanto, quando a célula é cortada ao meio,
esta meia célula será capaz de gerar uma corrente equivalente à metade do valor
de uma célula completa. Devido à redução da corrente, as perdas resistivas
tornam-se menores, permitindo que as duas meias células produzam um pouco
mais de energia do que uma célula completa. Os fabricantes estimam que os
módulos Half-Cell têm um ganho de eficiência de 3% (T. Tang, 2017). Outra
característica dos módulos Half-Cell é a menor probabilidade de trincas
causadas por tensões mecânicas devido à menor área em comparação a uma
célula de tamanho normal.

2.1.2.1.4 Módulos com tecnologia PERC

Uma célula de silício cristalino convencional não absorve parte da radiação que
chega à superfície da célula. Isso ocorre porque a camada de silício não absorve
todos os comprimentos de onda. Como resultado, alguns comprimentos de onda
ultrapassam todas as camadas do silício até atingirem a parte posterior
metalizada, desperdiçando energia. Para contornar este problema, a célula
PERC - Passivated Emitter and Rear Cell é revestida entre o silício e o verso de
alumínio por uma camada dielétrica que evita o desperdício de energia ao refletir
a radiação. Este processo permite que as camadas de silício absorvam alguns
19

comprimentos de onda que, de outra forma, seriam desperdiçados, conforme é


mostrado na Figura 2. (D. D. B. Mesquita, 2019)

Figura 2 - Estrutura de: (a) Célula fotovoltaica convencional; (b) Célula com
tecnologia PERC

Fonte: D. D. B. Mesquita (2019)

Devido à maior absorção e aproveitamento dos fótons, os módulos com células


PERC atingem maiores valores de corrente e potência. Além disso, eles têm
melhor desempenho em ocasiões de baixa irradiância e coeficientes de
temperatura mais baixos. Atualmente as células PERC atingem valores de
eficiência acima de 22,5% se forem monocristalinas e 21% se forem
policristalinas. (D. D. B. Mesquita, 2019)

2.1.2.1.5 Módulos Bifaciais

Enquanto os módulos convencionais têm uma parte traseira opaca, absorvendo


radiação solar direta e difusa apenas na frente, os módulos bifaciais são capazes
de converter a radiação em energia elétrica tanto na frente quanto atrás.

A potência extra de saída obtida na parte traseira do módulo permite um ganho


de 5 a 30% quando comparado a um módulo equivalente convencional,
dependendo de como e onde o módulo é instalado (Langels, 2018). De acordo
com (D. D. B. Mesquita, 2019), a expectativa de ganho de eficiência varia
dependendo da superfície onde os módulos foram instalados conforme mostrado
na Tabela 1. Quando a superfície possui uma alta reflectância (alto albedo), uma
20

maior quantidade da luz que atinge o solo é refletida e retorna para a parte de
trás do módulo, consequentemente, há um maior desempenho da parte traseira
do módulo.

Tabela 1 - Impacto da reflectância do solo

Ganho percentual
Superfície Albedo
esperado
Água 5-8% 4-6%
Solo nu 10-20% 6-8%
Pastagem verde 15-25% 7-9%
Chão de concreto 25-35% 8-10%
Areia de duna 35-45% 10-15%
revestimento
80-90% 23-25%
reflexivo do telhado
Neve 80-95% 25-30%

Fonte: D. D. B. Mesquita (2019)

2.1.2.2 Inversor Solar CC-CA On-Grid

Como foi citado na seção anterior o módulo fotovoltaico é o principal componente


de um sistema de geração solar, responsável pela conversão da luz do sol em
energia elétrica, porém, a energia gerada pelos módulos se apresenta na forma
contínua, diferente da energia que é amplamente utilizada pelos equipamentos
de nossas residências e indústrias. Estes por sua vez são alimentados por
circuitos de corrente alternada, sendo assim, para fazer a conexão entre os
sistemas fotovoltaicos e a rede de energia elétrica da concessionária é
necessária a utilização do inversor solar.

Os Inversores de tensão CC-CA são equipamentos constituídos de dispositivos


de chaveamento que fazem a conversão de corrente contínua, gerada nos
módulos, para corrente alternada, utilizada nas redes de distribuição, estando
sincronizado na mesma frequência, fase e nível de tensão. Para o sincronismo
correto, utiliza-se de um sistema eletrônico de controle capaz de copiar as
características da rede elétrica através de um sensor de tensão. (MELO, 2020)
21

As topologias dos inversores fotovoltaicos vêm evoluindo ano após ano de forma
a atender alguns requisitos, são eles: segurança, conversão da energia com o
máximo de eficiência possível e confiabilidade.

2.1.2.2.1 Inversores centrais

A evolução das topologias dos inversores se originou pelo uso de grandes


inversores centrais em grandes usinas solares, os quais são trifásicos e
alimentados por diversas strings de módulos, um exemplo deste inversor central
é mostrado na figura 3.

Figura 3 – Exemplo de inversores centrais Sungrow

Fonte: Sungrow (2021)

Uma das principais características dos inversores centrais é o fato de ter apenas
uma MPPT - (do inglês Maximum Power Point Tracking, ou Rastreamento do
Ponto de Máxima Potência em português). De maneira geral, inversores com
uma única MPPT tratam o conjunto de string de módulos como um único bloco.
Todas as strings têm o seu ponto de máxima potência rastreado
simultaneamente pelo único sistema de MPPT disponível, mesmo que o inversor
possua várias entradas para a conexão de diversas strings, dentro do inversor
todas as strings são controladas como um bloco único.
22

2.1.2.2.2 Inversores string

Os inversores string são projetados para operar em projetos menores, porém


atualmente é o tipo de inversor mais comercializado e sua aplicação vai desde
usinas residenciais pequenas, comerciais, industriais até grandes usinas.

Diferente dos inversores centrais, normalmente os inversores String possuem


múltiplos MPPTs. Os inversores com múltiplas entradas de MPPT permitem a
ligação de strings e arranjos com características distintas. Cada arranjo pode ter
uma característica que depende da sua localização, do ângulo de instalação, do
sombreamento, do número de módulos ligados em série, entre outras coisas. O
inversor com mais de uma entrada de MPPT é capaz de operar simultaneamente
dois ou mais arranjos com características diferentes em seus pontos de máxima
potência.

Estes inversores com múltiplos MPPTs também são vantajosos em arranjos


uniformes, ou seja, quando todos os módulos estão instalados do mesmo modo
e as strings são idênticas, possuindo o mesmo número de módulos, pois terá um
rastreamento de máxima potência para cada conjunto, além de possibilitar o
monitoramento individual dos conjuntos ligados a cada uma das entradas de
MPPT. Com esse monitoramento individual das strings é mais fácil encontrar
onde há um problema na usina caso um módulo venha a ser danificado.

Figura 4 – Exemplo de inversor do tipo String

Fonte: Fronius (2021)


23

2.1.2.2.3 Otimizadores de Potência

A Figura 5 ilustra a recente tecnologia de conversão cc-ca em que são utilizados


otimizadores de potência. O otimizador de potência para sistemas fotovoltaicos
é um dispositivo cuja principal função é reduzir perdas em um sistema
fotovoltaico, elevando a eficiência do sistema. A ideia central do sistema com
otimizador é que os painéis solares não sejam ligados diretamente ao inversor
CC-CA. Em vez disso, os painéis são ligados a conversores CC-CC que fazem
um pré-processamento da energia antes de entregá-la ao inversor. No geral, os
otimizadores de potência realizam a otimização através da localização do ponto
de máxima potência para cada módulo fotovoltaico. (S.S. LUCAS, 2018)

Dessa forma, diferentemente do inversor string ou central, que busca o ponto de


máxima potência considerando a saída do conjunto de módulos fotovoltaicos, o
otimizador opera individualmente sobre cada módulo fotovoltaico, aumentando
a precisão na localização do ponto de operação do módulo que dê a máxima
potência de saída.

Atualmente a aplicação dessa tecnologia se restringe a pequenos e médios


projetos, pois a relação entre o custo e o ganho em produção do sistema
utilizando otimizadores o tornam inviáveis para aplicações em grande escala
como no caso de grandes usinas de solo. Sua aplicação é mais expressiva em
projetos pequenos onde deve-se distribuir os módulos em várias orientações
diferentes.

Figura 5 – Exemplo de Inversor com otimizador de potência

Fonte: Canal Solar (2021)


24

2.1.2.3 CABINE PRIMÁRIA DE MÉDIA TENSÃO

A cabine primária de média tensão é a parte do projeto que integrará a instalação


da geração com o sistema de distribuição da concessionária. O
dimensionamento da cabine de média tensão ou, cabine primária, deve
considerar a capacidade de geração e de carga do empreendimento e observar
as características do sistema de distribuição ao qual estará ligado. Uma cabine
é composta por três setores: medição de faturamento, proteção e transformação.

2.1.2.3.1 Setor de Medição

O setor de medição é a área em que a concessionária instalará seus


equipamentos de medição. Neste setor, o projeto de cabine deve permitir a
instalação dos transformadores de corrente e de potencial, que servirão para
medição de faturamento, além do relé de proteção e de medição. O projeto deve
atender aos aspectos dimensionais, de segurança e de acesso requisitados pela
concessionária.

2.1.2.3.2 Setor de Proteção

Este setor é o responsável pela proteção da usina, principalmente na zona de


proteção entre o ponto de conexão com a distribuidora até os bornes primários
dos transformadores de acoplamento.

Os componentes principais deste setor são: disjuntor de média tensão, relé de


proteção e transformadores de corrente e de potencial. O cubículo deve ser
dimensionado para receber estes equipamentos e estar em acordo com os
requisitos de cada concessionária.

2.1.2.3.3 Setor de transformação

O transformador tem a função de viabilizar a conexão do sistema de distribuição


da concessionária com a geração da usina, por isto é conhecido como
25

transformador de acoplamento. Na sua especificação deve ser considerada a


tensão nominal do sistema de distribuição da concessionária, bem como a
tensão nominal de operação dos inversores que estarão ligados a ele.

Um fator importante a ser avaliado na especificação do transformador é a


presença de componentes harmônicas causadas pelos inversores, ou seja, o
cálculo do fator K. Este fator indica as perdas que determinado transformador
terá em função das harmônicas geradas por cargas não lineares. Fator K unitário
é o transformador convencional e fator K maior que 1, indica que o transformador
deverá ter um projeto que suporte as perdas decorrentes das harmônicas
presentes. Assim, é importante que, na aquisição do transformador, seja
apresentado ao fabricante o relatório de componentes harmônicas causadas
pelos inversores.

2.1.2.3.4 Skid

O Skid é um equipamento que possibilita montar sobre uma estrutura compacta


a cabine de média tensão, o transformador elevador, painel de comando, quadro
geral de baixa tensão e os inversores de frequência. Um forte atributo deste
equipamento é o alto nível de segurança, pois geralmente os fabricantes destes
equipamentos os submetem a testes de conformidade conforme as normas e
exigências internacionais.

A principal característica do Skid é o ganho no tempo de tempo na montagem,


pois os equipamentos saem de fábrica pré-montados, sendo necessária a
conexão dos cabos AC nos inversores e a passagem dos cabos AC dos
inversores até os elementos de proteção parcial. Toda a parte AC fica no Skid,
ou seja, inversor, painel de baixa tensão e transformador.

2.1.2.4 Estrutura de Fixação

O suporte do módulo fotovoltaico tem como função posicioná-lo de maneira


estável. Além disso, ele deve assegurar a ventilação adequada, permitindo
26

dissipar o calor que normalmente é produzido devido à ação dos raios solares.
Isto é importante porque a eficiência das células diminui com a elevação da
temperatura.

O sistema de fixação deve ser concebido para adaptar-se ao terreno local, e com
isso, fornecer uma estrutura rígida com formato adequado para dar suporte a
orientação e inclinação dos painéis fotovoltaicos a serem instalados. Tudo isso,
a fim de garantir a máxima captação da luz solar e garantir uma resistência
mecânica contra os ventos fortes. Uma inconveniência atribuída a geração
fotovoltaica, apesar de suas vantagens, é a baixa eficiência de conversão
energética. Essa problemática pode ser reduzida com a implementação de
estruturas tracker, que visam aumentar a eficiência de geração mantendo os
painéis perpendiculares à irradiância direta na maior parte do tempo, captando,
portanto, uma maior quantidade de irradiância (Vieira et al., 2016).

A figura 6 mostra as curvas de irradiância global incidente em um painel


fotovoltaico fixo e com seguidor solar em condição de céu limpo, ou seja, sem
nuvens. A partir da figura 6 é possível observar que o seguidor solar permite
captar maior irradiância nas primeiras e últimas horas do dia, nas quais o ângulo
de incidência de um sistema com seguidor solar é menor do que o de um sistema
fixo. (de Melo, 2020)

Figura 6 - Curva de irradiância global incidente em um painel fotovoltaico fixo e


com seguidor solar em condição de céu limpo.

Fonte: (de Melo, 2020)


27

Um aumento de 25% de energia produzida pode ser alcançado com a utilização


de seguidores de um eixo, e até 35% com seguidores de dois eixos, dependendo
das condições geográficas do local da instalação e da configuração do sistema
(Singh et al., 2018). No entanto, os custos dos equipamentos e de manutenção
do sistema também aumentam significativamente (Simon e Mosey, 2013).

2.2 REGULAMENTAÇÃO

A Resolução Normativa 482/2012 da ANEEL autorizou os brasileiros a gerar sua


própria energia elétrica utilizando fontes renováveis (hídrica, biomassa, eólica,
solar), no modelo de geração distribuída. Além disso, essa resolução
estabeleceu os conceitos de micro (potência instalada de até 100 kW),
minigeração distribuída (potência de 100 kW até 1MW) e instituiu o sistema de
compensação de energia introduziu elétrica, que permite que a energia elétrica
gerada em excesso seja injetada na rede da distribuidora gerando "créditos de
energia" (em KWh) para compensar consumos posteriores.

Graças ao sistema de compensação de energia elétrica, a geração própria


permite uma redução substancial no valor da conta de energia. Ao produzir sua
própria energia, o consumidor passa a ter consumo e geração. O consumo é
suprido primeiro pela energia elétrica fotovoltaica gerada localmente, e se a
geração local pelo sistema fotovoltaico não for suficiente, haverá consumo
também da energia elétrica cedida pela distribuidora, que obviamente será
cobrada. Da energia que é gerada localmente, parte é consumida imediatamente
pelas cargas locais, e se houver excedente, este poderá ser injetado na rede da
distribuidora, gerando os créditos de energia que vão abater futuros consumos.

A REN 482/2012 obrigou as concessionárias de energia a adequar suas normas


técnicas e sistemas para poder aceitar os pedidos de conexão (isto é, conexão
do sistema fotovoltaico local na rede da distribuidora), desde que os projetos
atendam a certos requisitos técnicos.

Após alguns anos de vigor da REN 482/2012, a ANEEL fez uma atualização da
resolução publicando a REN 687/2015. As melhorias introduzidas pela
28

Resolução Normativa 687/2015 aumentaram ainda mais as possibilidades de


negócio na geração distribuída de energia solar fotovoltaica, e a partir de 2015 o
mercado começou a crescer rapidamente. Além de diversas outras melhorias, a
REN 687/2015 reclassificou a microgeração ao limite de potência instalada, igual
a 75 kW, e a minigeração ampliou-se para 5 MW, que é a potência máxima de
conexão, introduziu novas modalidades de geração distribuída, incluindo-se
também a possibilidade de geração em local diferente ao do consumo (geração
remota), a compensação em empreendimentos de múltiplas unidades
consumidoras (condomínios) e a geração compartilhada entre diferentes
consumidores, atendidos dentro da mesma área de concessão da distribuidora.
Abaixo é mostrado como a REN 687 caracteriza as novas modalidades de
consumo:

● Empreendimento com múltiplas unidades consumidoras: caracterizado


pela utilização da energia elétrica de forma independente, no qual cada
fração com uso individualizado constitua uma unidade consumidora e as
instalações para atendimento das áreas de uso comum constituam uma
unidade consumidora distinta, de responsabilidade do condomínio, da
administração ou do proprietário do empreendimento, com microgeração
ou minigeração distribuída, e desde que as unidades consumidoras
estejam localizadas em uma mesma propriedade ou em propriedades
contíguas, sendo vedada a utilização de vias públicas, de passagem
aérea ou subterrânea e de propriedades de terceiros não integrantes do
empreendimento;

● Autoconsumo remoto: caracterizado por unidades consumidoras de


titularidade de uma mesma Pessoa Jurídica, incluídas matriz e filial, ou
Pessoa Física que possua unidade consumidora com microgeração ou
minigeração distribuída em local diferente das unidades consumidoras,
dentro da mesma área de concessão ou permissão, nas quais a energia
excedente será compensada;

● Geração compartilhada: caracterizada pela reunião de consumidores,


dentro da mesma área de concessão ou permissão, por meio de consórcio
29

ou cooperativa, composta por pessoa física ou jurídica, que possua


unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em
local diferente das unidades consumidoras nas quais a energia excedente
será compensada.

Graças a criação dessa última modalidade (Geração Compartilhada) citada


tornou-se possível a criação de fazendas solares, onde há a união de diversos
consumidores com o objetivo de compartilhar uma mesma área para geração de
energia elétrica a partir de uma usina fotovoltaica. Nas próximas seções deste
trabalho será abordado com mais detalhes como funciona uma fazenda solar.

2.3 ESTRUTURA TARIFÁRIA DE ENERGIA

O sistema de compensação de energia possibilita que o excedente de energia


produzido pelo consumidor seja injetado na rede distribuidora, gerando um
crédito para abater o consumo, posteriormente. Contudo, é importante ressaltar
que esse crédito é remunerado pelo valor da tarifa de energia elétrica da
distribuidora local, ou seja, ao injetar o excedente na rede, essa energia é
valorada ao preço de varejo praticado no mercado cativo de energia. Logo, essa
remuneração do excedente também deve ser levada em consideração, ao se
determinar viabilidade do empreendimento, juntamente com custo de aquisição
do sistema e o consumo economizado. (de Souza, 2020)

A estrutura tarifária engloba todos os custos de energia comprada pelas


distribuidoras para revenda aos clientes, transporte, distribuição, perdas e
encargos do setor.

De acordo com a Aneel (2017a), definidas as funções de custo, a tarifa de


fornecimento de energia elétrica no Brasil é agregada em duas categorias:

(i) Tarifa de Energia (TE);


(ii) Tarifa do Uso do Sistema de Distribuição (TUSD).
30

A TE reflete os custos da compra da energia pela distribuidora por meio de leilões


regulados, realizados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE), aos custos de transporte da energia de Itaipu e sua rede básica, às
perdas técnicas e aos encargos setoriais. A TUSD destina-se à remuneração
dos investimentos e serviços das concessionárias de distribuição, do transporte
da energia pela rede de transmissão e distribuição, dos encargos e das perdas
técnicas inerentes ao setor. Os encargos são utilizados para financiar o
desenvolvimento do setor elétrico brasileiro e as políticas energéticas do governo
federal.

A tarifa de fornecimento das distribuidoras para o seu mercado cativo de energia


inclui também o adicional das bandeiras tarifárias, que reflete o custo sazonal da
geração de energia e a Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação
Pública (COSIP).

2.4 INCIDÊNCIA DE IMPOSTOS FEDERAIS E ESTADUAIS

2.4.1. ICMS

O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é um tributo


estadual aplicável à energia elétrica. Com respeito à micro e minigeração
distribuída, o CONFAZ (Conselho Nacional de Política Fazendária) havia
aprovado o Convênio ICMS 6, de 5 abril de 2013, estabelecendo que o ICMS
apurado teria como base de cálculo toda energia que chega à unidade
consumidora proveniente da distribuidora, sem considerar qualquer
compensação de energia produzida pelo microgerador. Com isso, a alíquota
aplicável do ICMS incidiria sobre toda a energia consumida no mês, prejudicando
intensamente o investimento em geração distribuída (RAUSCHMAYER, 2014).
Contudo, o CONFAZ publicou, em 22 de abril de 2015, o Convênio ICMS 16, que
autorizou as unidades federadas a conceder isenção nas operações internas
relativas à circulação de energia elétrica, sujeitas a faturamento sob o sistema
de compensação de energia. (GOMES, 2017)
31

A Assembleia Legislativa do Espírito Santo aprovou no dia 24 de março de 2021


o Projeto de Lei (PL) 587/2020, concedendo isenção do ICMS de maneira mais
ampla do que o estabelecido pelo Convênio ICMS 16/2015. A legislação editada
pelo Espírito Santo prevê a adesão à legislação de Minas Gerais, que isenta de
ICMS a minigeração distribuída de energia elétrica de fonte solar fotovoltaica de
até 5MW (megawatts), inclusive nas modalidades compartilhadas. A partir deste
projeto de lei os consumidores passam a ter também isenção do ICMS não só
sobre a tarifa de energia TE mas também sobre a TUSD, esse é um ponto
primordial para a viabilidade de fazendas solares.

2.4.2 PIS/COFINS

Até outubro de 2015 não existia uma legislação ou orientação da Receita Federal
esclarecendo como deveria ser realizada a cobrança de PIS (Programa de
Integração Social) e COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social) para os casos de micro e minigeração distribuída.
Com a publicação da Lei no 13.169/2015, a incidência de PIS e COFINS passou
a ocorrer apenas sobre a diferença positiva entre a energia consumida e injetada
na rede elétrica pela unidade consumidora com micro ou minigeração distribuída.
É importante ressaltar que, como PIS e COFINS são tributos federais, a regra
estabelecida pela lei vale igualmente para todos os Estados do país. (GOMES,
2017)

2.5 FAZENDAS SOLARES

O avanço de novas tecnologias de geração de energia elétrica, associado à


redução de seus custos e a mudanças na regulação, permite a viabilização de
novas relações comerciais no setor de eletricidade. A geração distribuída
fotovoltaica, bem como outras fontes de recursos energéticos distribuídos,
possibilita ao cliente uma nova visão sobre a geração e o consumo de energia,
oferecendo-lhe soluções de acordo com a sua necessidade, desde as
econômicas, com a redução do valor pago pela energia fornecida pela
distribuidora, como por motivos ambientais, sociais ou de segurança energética.
32

Assim, ela abre espaço para novos modelos de negócios no mercado de energia.
(de Souza, 2020)

A fazenda solar é um termo comumente utilizado para descrever uma usina


fotovoltaica instalada geralmente em área rural ou em locais mais afastados dos
centros urbanos. O termo surgiu quando alguns fazendeiros começaram a
“cultivar” energia solar em suas terras para revender às distribuidoras.
Atualmente, no Brasil não é possível vender a energia gerada em uma usina
solar diretamente para a concessionária de energia, isto só é possível a partir de
concessões via leilão, porém, para que seja possível a implementação de um
modelo de negócio que funcione de forma similar à venda de energia para os
consumidores finais, os proprietários das fazendas solares utilizam as regras
dispostas na regulamentação da geração distribuída, especificamente as regras
vigente para a modalidade geração compartilhada.

O modelo de fazenda solar corresponde a uma solução inovadora para diminuir


os custos de aquisição de um sistema fotovoltaico e para usuários que não
possuem local adequado para gerar a sua própria energia. Nesse modelo, um
grupo de consumidores se unem para compartilhar a geração de uma planta de
maior escala, localizada em um único local específico. Os interessados nesse
modelo são locatários de imóveis, empresas comerciais que alugam edifícios,
residências ou empresas com sombreamento ou sem condições estruturais para
instalar um sistema fotovoltaico. (de Souza, 2020)

Na Fazenda Solar, uma empresa em parceria com investidores constrói uma


planta de maior escala (limitada a 5MW pela REN 482) e alugam frações dessa
usina (lotes) para os clientes. A energia gerada é totalmente injetada na rede e
compensada proporcionalmente aos consumidores que adquirirem os lotes,
conforme figura 7.
33

Figura 7 - Modelo de Negócio de locação de lotes de uma usina.

Fonte: (de Souza, 2020)

A proposta de valor deste modelo de negócio está na possibilidade de geração


de energia solar sem necessidade de investimento do cliente, pagando um valor
de aluguel inferior ao custo de energia tradicional da concessionária. O valor do
aluguel é determinado a partir da economia gerada para a locatária e do plano
de assinatura (tempo de contratação), que pode ser mensal, semestral ou anual,
proporcionando flexibilidade ao cliente, quanto maior o tempo de contratação,
maior é o desconto oferecido ao cliente. Como as plantas são maiores, há
otimização do CAPEX e de rendimento do sistema fotovoltaico, pois podem ser
instaladas em regiões de boas condições solarimétricas. (de Souza, 2020)

O modelo de Fazenda Solar propõe-se a eliminar a barreira de alto investimento


e as dificuldades burocráticas de instalação de um sistema. Entretanto, exige
uma infraestrutura que engloba a parceria com bancos, investidores e equipe
jurídica para elaboração e acompanhamento dos contratos, dada a longa relação
necessária entre a empresa e o cliente e, principalmente, porque há a
transferência de posse, mas não de propriedade do SFV para o cliente, cabendo
a devolução do sistema ao final do contrato.
34

2.6 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Os investimentos são as ações realizadas com a finalidade de obter lucro ou


benefício. Assim, por exemplo, um investimento envolve um desembolso de
dinheiro equivalente a um valor em troca de uma quantia de maior valor. Os
investimentos são uma prática comum em uma economia de mercado que
permite mobilizar recursos com relativa facilidade e eficiência.

Investimentos são, por natureza, aplicações que envolvem os mais diversos


riscos que, por muitas vezes, não são ou podem ser premeditados. Não
obstante, a análise racional do modo que o investimento será retomado ao longo
do tempo pode garantir sucesso. Para tal análise, diferentes metodologias
podem ser adotadas, dentre elas o Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna
de Retorno (TIR), Payback Descontado e LCOE (Levelized cost of Energy).

O mercado tem por objetivo obter a máxima lucratividade com os menores


custos. Entretanto, quando não é possível alcançar retornos financeiros
almejados, espera-se que os prejuízos sejam minimizados ou, pelo menos, que
se tenha a liquidez do investimento realizado, reduzindo o ônus ao investidor

2.6.1 Fluxo de Caixa

Dentro dos itens necessários à análise quantitativa da viabilidade de um


investimento, o fluxo de caixa é visto como o aspecto mais relevante na decisão.
Sua relevância é definida com base na confiabilidade e na exatidão dos fluxos
de caixa estimados (KASSAI et al., 2000). Fluxo de Caixa é o movimento de
entradas e saídas de dinheiro do caixa da empresa, ou seja, o que se recebe e
o que se paga em um negócio. Para um bom controle de fluxo de caixa, é
necessário garantir registros detalhados de ganhos e gastos, com disciplina e
sem erros. Em uma visão diária, semanal ou mensal, ele já oferece instrumentos
de verificação e análise para os negócios.
35

2.6.2 Valor Presente Líquido (VPL)

O método VPL, também conhecido como valor presente líquido, é um dos


critérios mais recomendados por especialistas em finanças para decisão de
investimento. Esta recomendação está fundamentada no fato que o VPL
considera o valor temporal do dinheiro (um recurso disponível hoje vale mais do
que amanhã, porque pode ser investido e gerar juros). (Fonseca & Bruni, 2010).

O valor presente líquido, é a fórmula econômico-financeira capaz de determinar


o valor presente de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros
apropriada, menos o custo do investimento inicial.

Dessa forma, o valor presente líquido (VPL) de um projeto de investimento pode


ser definido como a soma algébrica dos valores descontados do fluxo de caixa
a ele associado. Em outras palavras, é a diferença do valor presente das receitas
menos o valor presente dos custos. É uma das possíveis técnicas para realizar
o orçamento de capital para uma empresa. Matematicamente, é descrito por:
𝑁
𝐹𝐶𝑡
𝑉𝑃𝐿 = ∑
(1 + 𝑖)𝑡
𝑡=0

Onde FCt representa os fluxos de caixa; i é a taxa de atratividade; e t é um


intervalo de tempo finito. Para efeito de cálculo do VPL na aplicação de uma
usina solar, é considerado que os equipamentos possuem uma depreciação
linear de forma que no final dos 25 anos o valor dos equipamentos é zero.

2.6.3 Payback

O Payback trata-se de um indicador usado nas empresas para calcular o período


de retorno de investimento em um projeto. Em palavras mais técnicas, payback
é o tempo de retorno desde o investimento inicial até aquele momento em que
os rendimentos acumulados se tornam iguais ao valor desse investimento.
O payback apresenta-se de duas maneiras distintas: simples e descontado. No
payback simples não é levado em consideração o valor do dinheiro no tempo, e,
36

portanto, os fluxos de caixa futuros não sofrem influência do custo de


oportunidade. Nesta variação do payback, os fluxos de caixa gerados pelo
projeto são somados até que seja alcançado o valor investido. Neste exato
momento em que o capital é recuperado é que se tem o período de payback
simples. (C. Neto, 2009)

Já em relação ao período de payback descontado, para Frezatti (2008), mostra-


se como um aprimoramento do payback simples, pois o cálculo do período de
retorno só será realizado após todos os valores de benefícios futuros do projeto
serem descontados (daí o nome da técnica ser payback descontado) a uma
determinada taxa, até o período zero, que é o momento em que ocorre o
desembolso do investimento inicial do projeto. Portanto, no período de payback
descontado, não serão utilizados os valores nominais dos fluxos, tal qual no
simples, e sim os valores descontados para o presente, através de uma taxa de
juros. (C. Neto, 2009)

Essa taxa de juros a ser utilizada para o desconto deve ser definida e calculada
pela empresa, portanto, trata-se de uma questão subjetiva, mas que deve
basear-se em previsões seguras. Neste contexto, o analista do projeto de
investimento pode se utilizar de uma taxa baseada no custo de oportunidade: a
Taxa de Mínima Atratividade (TMA), ou Taxa de Rentabilidade Mínima
Requerida.

2.6.4 Levelized Cost of Energy (LCOE)

O LCOE foi criado e idealizado para comparar o custo relativo da energia


produzida por diferentes fontes de geração de energia. O intuito de sua criação
era entender qual fonte energética seria mais competitiva em um determinado
projeto de geração: hídrica, térmica, eólica ou solar, por exemplo.

O LCOE é definido como a divisão dos custos totais do projeto, incluindo não
somente o capital investido (Capex) mas também os custos operacionais (Opex),
pela energia gerada ao longo de toda a operação da usina. Sendo assim, O
37

LCOE tem como objetivo representar o custo por kWh gerado por determinado
investimento. A metodologia básica de cálculo do LCOE é descrita como segue:

𝐶𝐴𝑃𝐸𝑋 + 𝑂𝑃𝐸𝑋
𝐿𝐶𝑂𝐸 =
𝐺𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑎𝑜 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑑𝑎 𝑣𝑖𝑑𝑎 ú𝑡𝑖𝑙

Alguns fatores que impactam o LCOE de um sistema fotovoltaico:

● Condições climáticas (temperatura, radiação solar, incidência de vento,


etc);
● Condições do local (custo da propriedade, irregularidades do terreno,
proximidade de subestações, infraestrutura, exposição a deposição de
sujeira, licenças ambientais);
● Módulos fotovoltaicos (monocristalinos ou policristalinos, bifaciais ou
monofaciais, PERC - Passivated Emitter and Rear Cell);
● Inversores (inversor string ou central, com múltiplos MPPTs ou não, com
ventilação forçada ou natural, inversores convencionais ou otimizadores,
overload);
● Estruturas (fixa ou móvel – rastreadores solares, mono-poste ou bi-poste,
material construtivo, tipo de tratamento superficial);
● Questões operacionais (periodicidade de manutenção, mão de obra
necessária, acesso à planta etc.);
● Custos diversos (monitoramento do parque, seguros etc).

A utilização do LCOE ajuda a identificar as melhores oportunidades para uma


determinada aplicação, permitindo avaliar especificamente se uma determinada
mudança de arquitetura, conceito ou componente tem uma implicação de custo
benéfica ou não.
38

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada busca, por meio de simulações e análises, identificar os


principais aspectos técnicos e econômicos da implementação de uma usina
solar. Para isso, foram estabelecidos diferentes cenários, levando em
consideração diversas topologias de usina e buscando dentre as tecnologias
recentes de equipamentos que compõem uma usina solar a que irá apresentar
um melhor custo/benefício para o proprietário da usina.

Para atingir os objetivos citados, a metodologia aplicada aborda ao longo do


texto os seguintes passos:

● Elaboração de um modelo econômico sob a ótica do investidor financeiro,


proprietário da usina. Neste modelo será levado em consideração os
resultados obtidos nas simulações de geração de energia da usina e
estará presente todos os aspectos técnicos e econômicos do
empreendimento, tais como, produção anual de energia, valores
relacionados à construção da usina e os valores referentes a operação e
manutenção durante toda sua vida útil. Como resultado, o modelo
econômico nos apresentará métricas para analisar o desempenho
econômico e a viabilidade do negócio;

● Elaboração dos diferentes cenários a serem estudados para


implementação da usina. Nesta parte é levantado por exemplo quais os
possíveis locais para construção da usina, quais módulos serão
estudados, tipos de estruturas, overload ideal do inversor, dentre outras
características;

● Simulação no software PVsyst dos diferentes cenários pré-definidos no


item anterior para obtenção dos resultados de geração de energia e
desempenho do sistema.
39

A seguir será mostrado como foi elaborado o modelo econômico para o


empreendimento da fazenda solar, logo após é explicado brevemente a respeito
do PVsyst, software que será utilizado para realizar as simulações da usina, em
seguida é feito o levantamento dos cenários em conjunto com os resultados das
simulações e dados obtidos do resultado do modelo econômico.

3.1 MODELO ECONÔMICO DA FAZENDA SOLAR

O primeiro passo para o desenvolvimento dos resultados foi a elaboração do


modelo econômico sob a ótica do investidor financeiro, proprietário da usina.
Este modelo foi separado em cinco partes que são abordadas em mais detalhes
nas seções abaixo.

3.1.1 Premissas do projeto

Primeiramente definiu-se as premissas que serão levadas em consideração no


desenvolvimento do projeto. Essas premissas foram separadas em 4 subgrupos
que podem ser observadas na figura 8, por exemplo, temos como premissas
técnicas, a potência da usina, localidade, geração anual obtida a partir da
simulação, dentre outras características. Temos também algumas premissas
econômicas, tais como, valor da tarifa de energia que é praticada pela
concessionária de energia, percentual de desconto que será aplicado na tarifa
para venda ao consumidor final, custo de oportunidade desse investimento,
inflação energética, tempo de operação da usina, dentre outros. Todos esses
parâmetros influenciam no retorno que será obtido no investimento de
construção da fazenda solar.
40

Figura 8 - Exemplo de premissas do projeto

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

3.1.2 CAPEX - Capital Expenditure

Na segunda etapa do modelo econômico foi definido o Capex da usina. A sigla


CAPEX vem do inglês CAPital EXpenditure e significa Despesas de Capitais ou
Investimentos em Bens de Capitais. O CAPEX envolve todos os custos
relacionados à aquisição de equipamentos e instalações de um projeto (Treasy,
2016). Falando especificamente da construção de uma usina solar, este custo
está relacionado à compra de todos os equipamentos necessários para a
operação da usina, tais como: painéis solares, inversor, estrutura de fixação e
cabos. Há também os gastos com a concessionária de energia para realização
do reforço de rede e parecer de acesso, e ainda os valores relacionados ao
projeto elétrico e civil, mão de obra e engenharia para construção da usina. O
quadro 1 mostra os itens que são considerados na elaboração do CAPEX.
41

Quadro 1 - Composição dos itens presentes no Capex

Item
1 - Kit Fotovoltaico
1.1 - Módulos Fotovoltaicos
1.2 - Inversor
1.3 - Proteção Inversor
1.4 - Conectores
1.5 - Cabos CC
1.6 Estrutura de Fixação
1.7 - Base estrutursa de Fixação
2 - Outros Equipamentos
2.1 - Material CA
2.2 - Cabine MT
2.3 - Skid
2.4 - Transformador 2,5 MVA
3 - Engenharia de desenvolvimento
3.1 - Serviços de EPC
3.2 - Engenharia do Proprietário
3.3 - Regularização fundiária e Ambiental
4 - Outros
4.1 - Cercamento
4.2 - Sistema de Vigilância e Monitoramento
4.3 - Seguro de Instalação
Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

3.1.3 OPEX - Operational Expenditure

O OPEX está relacionado às despesas operacionais e de obra e manutenção da


usina. Detalhando melhor, o OPEX envolve os gastos cotidianos, como por
exemplo despesas com funcionários, combustível, equipe comercial, tributos,
manutenção de equipamentos e serviços terceirizados. No quadro 2 são
mostrados os custos de operação da usina que foram levados em consideração.
Os valores do Opex são definidos em sua maior parte em função da quantidade
de módulos utilizados na usina, ou seja, é fixado um valor por módulo e
multiplicado pelo total de módulos. Este valor fixado pode variar de acordo com
o equipamento e tecnologia utilizada na usina, por exemplo, uma usina que
utiliza estrutura de fixação fixa possui um custo de manutenção preventiva menor
do que uma usina com estrutura de fixação do tipo Tracker.
42

Quadro 2 - Composição dos itens presente no Opex

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

3.1.4 Fluxo de Caixa e DRE

Para uma avaliação detalhada das receitas e despesas da fazenda solar durante
os 25 anos de operação foi elaborada uma planilha com o fluxo de caixa do
negócio utilizando um modelo de DRE - Demonstração do Resultado do
Exercício. A DRE é um relatório contábil que evidencia se as operações de uma
empresa estão gerando lucro ou prejuízo, considerando um determinado período
de tempo. Esse demonstrativo confronta os dados das receitas e das despesas
do negócio mostrando o resultado líquido do seu desempenho e detalhando a
real situação operacional de um negócio. (Pinho Filho, 2019) Um modelo
simplificado de DRE para essa análise financeira tem as linhas presentes no
quadro 3.

Quadro 3 - Modelo de DRE utilizado para análise financeira

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)


43

3.1.4.1 Receita bruta

Receita Bruta é a quantidade de produtos vendidos ou serviços prestados


multiplicado pelo preço unitário do produto vendido ou do serviço prestado. Logo,
para projetar a Receita Bruta deve-se projetar a quantidade de energia que será
gerada nos próximos anos e multiplicá-la pelo preço que será comercializada.

𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑎 = 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝐺𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 (𝐾𝑊ℎ) ∗ 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎 (𝑅$/𝐾𝑊ℎ)

Energia gerada

Os valores projetados para geração bruta são obtidos através do resultado da


simulação feita no PVsyst, de acordo com cada cenário de usina e levando em
conta um fator de degradação anual dos módulos fotovoltaicos.

Preço de venda

No caso desta usina o comercio da energia é voltado para consumidores do


grupo B3 comercial, visto que estes são consumidores que frequentemente
possuem um grande consumo de energia e por vezes não possuem espaço ou
recursos para implementação de uma usina solar própria, portanto a tarifa desse
grupo tarifário será a base para o preço de venda. O preço de venda é definido
nas premissas do projeto como sendo o valor com impostos, do KWh que a
concessionária de energia pratica, aplicando-se um desconto pré-definido, no
nosso caso 15%, no quadro 4 é mostrado a definição do preço de venda. É
importante notar também que o preço de venda é reajustado anualmente de
acordo com a inflação energética estabelecida nas premissas do projeto.

Quadro 4 - Composição do Preço de Venda do KWh

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)


44

3.1.4.2 – Impostos sobre vendas

Os impostos sobre vendas são aqueles cobrados sobre o produto ou serviço


comercializado, podendo ter incidência federal, estadual ou municipal. No caso
da venda de energia dentro de um modelo de geração compartilhada os
impostos que incidem sobre a venda são o PIS e Cofins com alíquotas de 0,65%
e 3,00% respectivamente.

3.1.4.3 Receita Líquida

Projetada a Receita Bruta e conhecidos os Impostos sobre Vendas, a Receita


Líquida é dada pela Receita Bruta deduzida dos Impostos sobre Vendas.

𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 = 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑎 − 𝐼𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑆𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠

3.1.4.4 Despesas Operacionais

As despesas operacionais envolvem os custos que foram citados no OPEX.


Estes custos compreendem os valores relacionados à operação e manutenção
da usina, gerenciamento do negócio, arrendamento de terra, demanda
contratada e serviços terceirizados. No modelo de negócio as despesas
operacionais são reajustadas anualmente com base no Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, definido nas premissas do projeto.

3.1.4.5 EBITDA

Ebitda é a sigla em inglês para Earnings before interest, taxes, depreciation and
amortization. Em português, lucros antes de juros, impostos, depreciação e
amortização. Com o Ebitda é possível descobrir quanto a empresa está gerando
com suas atividades operacionais, não incluindo investimentos financeiros,
empréstimos e imposto de renda de pessoa jurídica.
𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴 = 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 − 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑒 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠
45

3.1.4.6 Impostos sobre Lucro Líquido

Os impostos que incidem sobre lucro líquido são o IRPJ – Imposto de renda de
pessoa jurídica e o CSLL - Contribuição Social sobre Lucro Líquido. Como a
usina fotovoltaica será enquadrada no regime tributário de Lucro presumido,
primeiramente devemos calcular a base de cálculo de IRPJ e CSLL, essa base
corresponde a 32% da receita bruta. Em cima desta base são calculados os
valores a serem cobrados dos impostos, sendo uma alíquota de 25% para IRPJ,
e 9% para CSLL.

3.1.4.7 Resultado Líquido

O resultado líquido ou total (lucro ou prejuízo) é o último valor da demonstração


de resultados de uma empresa. Esse valor corresponde à receita bruta, menos
os custos operacionais e impostos pagos pela empresa. Na nossa DRE o
resultado líquido é dado por:

𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 = 𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴 − 𝐼𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑆𝑜𝑏𝑟𝑒 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

3.1.5 – Resultados do modelo econômico

Após feito o levantamento de todos os custos de construção da usina e de


operação e manutenção, pode-se obter então os resultados esperados no
período de 25 anos de funcionamento da usina. Os resultados que serão
calculados neste trabalho e que servirão como base para fazer a análise de cada
cenário de usina e a análise de viabilidade final da usina são: Payback
Descontado, TIR, LCOE e VPL. Estes resultados servirão como métricas, por
exemplo para escolher qual o melhor tipo de módulo a ser utilizado na usina, de
acordo com a sua produção de energia e custo de aquisição. Servirá também
para dizer se o empreendimento da fazenda solar será viável ou não.
46

3.2 PV SYST

O PVSyst é um software utilizado para auxiliar no dimensionamento e


desenvolvimento de projetos de geração solar fotovoltaica. Ele foi projetado para
ser usado por arquitetos, engenheiros e pesquisadores do ramo de energia solar.
O PVSyst é amplamente utilizado por empresas do setor fotovoltaico de todo
mundo pois emprega modelos para simulação que nos dão resultados bem
próximos da realidade. Para simulação do sistema é possível definir várias das
propriedades que interferem no desempenho do sistema, algumas delas são:

● Características meteorológicas do local onde será construída a usina


como temperatura, velocidade do vento, umidade;
● Propriedades elétricas do módulo e inversor que são fornecidas pelos
próprios fabricantes e nos permitem fazer uma modelagem bem apurada
de como será o desempenho do sistema de acordo com as características
do local citadas no item anterior;
● As diversas perdas que atuam sobre o sistema, tais como, perdas no
cabeamento CC e CA da usina, perdas no transformador, perdas por
mismatch dos módulos (diferença de potência entre módulos fotovoltaicos
de um mesmo modelo ou lote devido ao processo de fabricação), perdas
por sujidade, dentre outras;
● Definição da distribuição dos módulos e estrutura de fixação dos mesmos,
bem como a projeção de sombras que irão incidir nos diferentes
momentos do dia e nas diferentes épocas do ano.

Os resultados da simulação são resumidos em um relatório que contém uma


tabela detalhada de todos os parâmetros usados durante a simulação, bem como
os resultados de geração mensal e um detalhado diagrama de perdas. Um
relatório obtido do PVsyst é apresentado no anexo A.
47

3.3 COMPOSIÇÃO DOS CENÁRIOS

3.3.1 Escolha do local da usina solar

Para a escolha do local de implementação da usina foram considerados três


critérios principais, sendo eles, o nível de radiação solar do local, a proximidade
de redes de distribuição e subestações da concessionária, e considerações
topográficas do terreno, dando preferência para localidades onde o terreno é
plano e sem muita vegetação.

A combinação dos fatores citados acima não é uma tarefa trivial devido à
dificuldade de encontrar as informações necessárias, como por exemplo, a
concessionária de energia EDP ES não disponibiliza as informações de suas
redes de distribuição e subestações para o público, sendo assim, para considerar
este fator na escolha do local da usina foi necessária fazer uma pesquisa manual
no mapa a respeito das redes e subestações.

Dadas as condições citadas acima, para a escolha do local de instalação da


usina o primeiro passo feito foi localizar as regiões do espírito santo onde há um
alto índice de irradiância. Para isso foi utilizado o Atlas Brasileiro de Energia
Solar, que é uma ferramenta contendo informações de potencial solar,
desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O Atlas
Brasileiro de Energia Solar foi publicado em agosto de 2017 pelo Laboratório de
Modelagem e Estudos de Recursos Renováveis de Energia (LABREN),
vinculado ao Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do INPE. A base
de dados está disponível em diferentes abrangências: para todo o Brasil, para
cada estado separadamente, para as sedes de municípios e como consulta a
locais específicos. A base é composta de 72272 registros contendo as médias
anuais e mensais do total diário da irradiância Global Horizontal, Difusa, Direta
Normal e no Plano Inclinado em Wh/m2.dia.

Pelo critério de radiação solar, duas regiões se mostram com um potencial solar
atrativo: a primeira é na região extremo sul do estado, nas cidades de Presidente
Kennedy, Marataízes, Atílio Vivácqua, Cachoeiro de Itapemirim, e a segunda
48

região com grande potencial solar é ao Norte do Espírito Santo, nas


proximidades das cidades de Linhares indo para São Mateus e Conceição da
Barra. Levando em consideração então essas duas regiões citadas e tomando
como base os outros critérios de rede de distribuição e terreno, o local escolhido
para implantação da usina foi nas proximidades das cidades de São Mateus e
Conceição da Barra, mais especificamente nas coordenadas -18.664978, (sul)
-39.845391 (oeste).

3.3.2 Escolha dos painéis solares

Nesta seção será feita uma análise de alguns painéis solares disponíveis no
mercado nacional para que seja escolhido o painel que apresenta a melhor
relação custo/benefício levando em consideração sua operação durante os 25
anos de funcionamento da usina.

Primeiramente foi feito um levantamento das principais distribuidoras de


equipamentos de energia solar e analisado quais os painéis disponíveis no
mercado. Os painéis selecionados são apresentados na tabela 2 e foram
escolhidos de acordo com o preço, representatividade da fabricante no mercado
internacional, tecnologias utilizadas para fabricação e qualidade dos módulos.

Tabela 2 - Painéis Solares utilizados para Estudo


Fabricante Modelo Tipo de Módulo Potência (Wp) Eficiência

JINKO JKM340PP-72H-V Policristalino 340 17,25%


JINKO JKM400M-72H-V Monocristalino PERC 400 19,88%
CANADIAN CS3W-450MS Monocristalino PERC 450 20,37%
RISEN RSM150-8-500M Monocristalino PERC 500 20,40%
LONGI LR5-72HBD-530M Mono PERC Bifacial 530 20,70%

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

Na escolha dos módulos tentou-se obter uma variedade de módulos tanto em


questão de potência quanto de tecnologia, por exemplo, tem-se o primeiro
módulo da Jinko, de potência baixa e tecnologia mais antiga para o estudo de
viabilidade de módulos com um custo mais baixo quando comparado com os
49

módulos mais recentes. Os demais módulos já possuem tecnologias mais


recentes e consequentemente uma eficiência maior, estes por sua vez
apresentam um preço mais elevado. Foi escolhido também um módulo Bifacial,
tecnologia que vem ganhando destaque nas instalações de usina solo, neste
caso foi selecionado somente um módulo bifacial devido à dificuldade de
encontrar este tipo de módulo no mercado.

A metodologia adotada para escolha dos painéis foi a partir de simulações para
verificação do desempenho de cada painel em relação à produção de energia e
posteriormente o cálculo do LCOE levando em conta todos os custos de Capex
e Opex da usina durante o período de 25 anos. Para fazer as simulações desta
parte do trabalho primeiramente foram fixadas algumas características da usina
e então foram feitas as simulações das usinas alterando somente os fatores
relacionados aos módulos.

Foi determinado que seria uma usina com potência de aproximadamente 5MWp
de módulos, a depender de cada módulo, e 40 inversores de 125KW da Sungrow
totalizando também 5MW de potência de inversor, a estrutura é do tipo fixa com
inclinação de 18º para obter o melhor desempenho do sistema. Com a simulação
é obtido o desempenho do sistema mostrando qual a produção normalizada de
energia. Esse resultado é mostrado na tabela 3. Após a simulação é feito o
levantamento dos custos de construção da usina, o Capex, na figura 9 é
mostrado a proporção média destes custos em relação ao Capex total.
50

Figura 9 - Participações de cada item no custo Total do Capex

Capex
Material CA Cabos CC Outros
5% 4% 1%

Skid
6% Módulos
Engenharia e Mão de Obra
Estruturas Inversor
11%
Módulos Estruturas
47%
Skid
Material CA
Inversor Cabos CC
11%
Outros

Engenharia e Mão de
Obra
15%

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

Fazendo uma análise mais detalhada de como é formado o preço do Capex


observa-se que os módulos fotovoltaicos são os itens de maior custo, estes por
sua vez possuem preços bem variados de acordo com sua marca, modelo,
potência, eficiência e tecnologia.

Na tabela 3 é mostrado o preço por Wp de cada módulo, nota-se que o módulo


da Jinko de 340Wp possui o menor preço em relação ao Wp, porém, este não é
o único fator a ser analisado para determinação do módulo, o módulo possui o
custo mais baixo mas também a menor eficiência dentre todos analisados. Essa
baixa eficiência pode ser explicada devido à natureza das células que são
policristalinas, como dito no referencial teórico estas células possuem um custo
mais baixo, este módulo também não possui a tecnologia PERC que está
presente em grande parte dos módulos fabricados atualmente. Outra
característica do módulo Jinko 340 é que ele apresenta o pior coeficiente de
correção de temperatura, isso significa que quando o módulo está operando a
elevadas temperaturas, o que é muito comum durante os momentos de
produção, o módulo possui maiores perdas devido à elevação da temperatura,
no relatório gerado pelo PVSyst pode-se observar este resultado nas perdas
51

devido à temperatura, o valor dessas perdas para o módulo Jinko 340 foi o maior
dentre todas as simulações feitas, 6,88% de perdas devido à temperatura. Outro
fator que o módulo influencia indiretamente no preço do Capex é em relação à
estrutura de fixação, quando é escolhido um módulo de menor potência, é
necessário mais módulos para atingir o valor de potência total desejado, como
temos mais módulos, consequentemente necessitamos de mais estruturas de
fixação e mais mão de obra para realizar a instalação - além de mais espaço
físico, ou seja, o preço do módulo é mais barato, porém temos que gastar mais
com outros itens que tem seu custo proporcional ao número de módulos. Em
relação aos demais itens inclusos no Capex que são mostrados na figura 13,
estes não sofrem grandes variações quando mudamos o módulo que está sendo
utilizado, portanto não entraremos em maiores detalhes nesta parte do trabalho.

Vale lembrar que os valores utilizados podem não representar a realidade em


um dado momento devido a dinâmica de preços do mercado, que varia de acordo
com disponibilidade, situação cambial, políticas econômicas, frete marítimo,
entre outros fatores.

Tabela 3 - Desempenho dos painéis solares

Produção
Fabricante Modelo R$/Wp Capex Opex Anual LCOE
Normalizada
JINKO JKM340PP-72H-V R$ 1,593 R$ 17.108.320,99 R$ 2.852.273,56 1581 kWh/kWp/ano 0,40578
JINKO JKM400M-72H-V R$ 1,912 R$ 18.204.463,61 R$ 2.793.293,49 1581 kWh/kWp/ano 0,40561
CANADIAN CS3W-450MS R$ 1,976 R$ 18.215.098,35 R$ 2.756.810,70 1587 kWh/kWp/ano 0,40027
RISEN RSM150-8-500M R$ 1,990 R$ 18.021.577,47 R$ 2.725.576,04 1575 kWh/kWp/ano 0,39926
LONGI LR5-72HBD-530M R$ 2,112 R$ 18.516.264,46 R$ 2.718.374,18 1657 kWh/kWp/ano 0,38111

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

Após calculado o preço do Capex, foi calculado o preço do Opex, onde envolve
todos os custos de operação da usina ao longo de sua vida útil. O valor do Opex
também está relacionado ao módulo que iremos utilizar, pois como citado
anteriormente, alguns dos custos que o constitui é dependente da quantidade de
módulos da usina. Abaixo são listados os itens que são considerados no preço
do Opex.

● Seguro Operacional
52

● Monitoramento
● Manutenção corretiva
● Manutenção preventiva
● Segurança
● Equipe Técnica
● Demanda Contratada
● Arrendamento da Terra
● Gerenciamento da usina

Tomando como exemplo o arrendamento do terreno, onde é pago todo mês ao


proprietário da terra um valor equivalente ao aluguel da área, vemos que a
quantidade de módulos tem grande influência neste custo e, portanto, quando
escolhemos o módulo de maior potência temos uma redução significativa neste
custo, apesar do preço de aquisição do módulo ser mais alto.

Por fim, foi calculado o valor do LCOE para cada módulo selecionado
inicialmente, este foi o indicador utilizado para decisão da escolha do módulo
pois leva em conta todos os custos de Capex e Opex citados anteriormente,
sendo assim, o módulo escolhido foi o Longi 530Wp bifacial, apesar de ser o
módulo mais caro em relação ao custo do Wp, este módulo se mostra o mais
vantajoso quando analisado o seu desempenho durante os 25 anos de operação
da usina, o ganho de produção que ele terá comparado com os outros módulos
faz com que o maior investimento inicial traga um maior retorno no decorrer dos
anos.

3.3.3 Escolha do inversor e topologia da usina

Para escolha do inversor, de forma similar aos módulos, foram feitas simulações
considerando algumas premissas para a usina, neste caso a estrutura é do tipo
fixa e o módulo foi o escolhido na análise da seção anterior, no caso o módulo
Longi de 530Wp, e então alterou-se somente o inversor e o tipo de layout da
usina.
53

Para a escolha do inversor primeiramente foi feita uma análise a nível de


mercado global a respeito das maiores fabricantes de inversores. Segundo a
Wood Mackenzie, grupo global de pesquisa e consultoria em energia, que
trabalha fornecendo dados, análises escritas e consultoria, as fabricantes que
lideram a participação no mercado mundial são a Huawey, Sungrow, SMA,
Power Electronics e ABB. Dentre essas marcas não foi possível a obtenção de
preços atuais de todas as fabricantes, analisando então dentre essas marcas,
as que possuem uma boa representação no mercado nacional e preços atrativos,
optou-se a escolha dos inversores da fabricante Sungrow. A Sungrow é uma das
maiores fabricantes de inversores a nível mundial, com 24 anos de existência,
presente em mais de 150 países e mais de 154GW de potência instalada ao
redor do mundo. Esses tipos de informações devem ser levadas em
consideração na escolha dos equipamentos pois como estamos lidando com um
projeto que visa o resultado em longo prazo, é importante que daqui alguns anos
os fabricantes dos equipamentos ainda estejam no mercado para prestar
qualquer assistência que seja necessária.

A Sungrow apresenta em seu portifólio tanto inversores do tipo centrais, que


variam a potência desde 1250KW até 6850KW, quanto inversores do tipo string.
No caso deste estudo foi utilizado inversores do tipo string pois não temos
disponível comercialmente no Brasil inversores centrais. Este tipo de inversor
normalmente é vendido sob demanda de grandes projetos o que dificulta a
aquisição de informações comerciais a respeito dos mesmos, porém, o próprio
fabricante apresenta algumas soluções para usinas voltadas à minigeração de
energia, que é a aplicação deste trabalho. Duas soluções principais são
apresentadas pelo fabricante: a primeira delas é utilizando inversores de 125KW
de potência onde a usina apresenta uma topologia centralizada, neste caso
todos os inversores ficam agrupados em um mesmo ponto da usina, a segunda
solução é utilizando inversores de 250KW de potência e a usina apresenta uma
topologia do tipo distribuída, onde os inversores ficam distribuídos na usina perto
dos módulos fotovoltaicos. A seguir é detalhado um pouco mais sobre cada uma
dessas duas opções.
54

3.3.3.1 Inversores de 125KW – Topologia Centralizada

Figura 10 - Topologia de Usina Centralizada

Fonte: Sungrow (2021)

Neste tipo de solução foram utilizados 40 inversores de 125KW, totalizando os


5MW que é o limite de potência para operar dentro das normas da minigeração
distribuída. Os inversores normalmente ficam todos localizados em um ponto
central da usina ao lado dos transformadores. Desta forma temos a distribuição
no campo em corrente contínua. Neste tipo de topologia primeiramente os cabos
CC das strings são levados até uma Combiner Box, que possui os dispositivos
de proteção, monitoramento e faz o paralelo das strings que irão entrar em um
inversor. Na saída da combiner box os cabos são levados ainda em CC até o
inversor onde é feita a conversão de CC para CA. Abaixo são mostradas
algumas características importantes do inversor de 125KW da Sungrow.

Figura 11 - Inversor Sungrow SG125HV

Fonte: Sungrow (2021)


55

Uma característica importante desta topologia é que temos a distribuição da


usina em CC, esta por sua vez possui uma tensão mais elevada (maior que
1000V) do que se fizéssemos a distribuição em CA (600V), desta forma temos a
possibilidade de reduzir as perdas vindas do cabeamento em campo, diminuir o
diâmetro dos cabos e também diminuir os custos com cabeamento, pois para a
distribuição CC bastam dois cabos, positivo e negativo. Já a distribuição em CA
são necessários três cabos, equivalente às três fases de saída do inversor.

Falando ainda das perdas em CC que são evitadas utilizando-se a topologia de


usina centralizada, é interessante mostrar também que devido ao Overload
utilizado na usina simulada (cerca de 30%) parte da energia que chega dos
módulos já seria desperdiçada pelos inversores pelo fato deste já estar
trabalhando em sua potência limite, por exemplo, em boa parte do dia, as strings
entregam uma energia superior ao que os inversores são capazes de fazer a
conversão. Essa energia superior à capacidade do inversor que está sendo
desperdiçada é chamada de perdas por Clipping, ou perdas por limitação de
potência de saída do inversor, sendo assim, quando trabalhamos com o inversor
subdimensionado e uma usina de topologia centralizada nós consideramos que
as perdas de energia vindas do cabeamento CC seriam uma perda que, se
tivéssemos utilizando outra topologia de usina, seria uma perda de energia por
clipping. Desta forma o que nós fazemos é alocar a perda que seria por clipping
para as perdas por cabeamento CC. A figura 12 mostra as perdas por clipping e
perdas por cabeamento CA, desta forma temos uma visão melhor de como a
topologia centralizada ajuda na diminuição das perdas totais.

Figura 12 - Perdas por Cabeamento em uma Usina de Topologia Centralizada

Fonte: Sungrow (2021)


56

Vantagens desta solução:


● Instalação dos inversores próximos ao transformador;
● Reduz as perdas CA
● Fácil acesso e manutenção
● Distribuição da usina em CC (2 cabos)

3.3.3.2 Inversores de 250KW – Topologia descentralizada

Figura 13 - Topologia de Usina Descentralizada

Fonte: Sungrow (2021)

Neste tipo de solução foram utilizados 20 inversores de 250KW, totalizando os


5MW. No layout desta usina o inversor fica próximo das strings fotovoltaicas e a
distribuição dos cabos pela usina até os transformadores são feitas em corrente
alternada. Neste caso temos a vantagem de não precisarmos utilizar a Combiner
box, que é um item a mais que deve ser considerado no preço do Capex e
também mais um aparelho que está sujeito a falhas. Também temos a vantagem
deste inversor ter múltiplas MPPTs, sendo assim ele pode ser instalado em áreas
onde o terreno não é plano, por exemplo, áreas montanhosas.

Figura 14 - Inversor Sungrow SG250HX

Fonte: Sungrow (2021)


57

A principal desvantagem desta topologia de usina está no fato de termos uma


perda maior no cabeamento CA e não poder compensar essa perda em outro
lugar, como era feito anteriormente na usina centralizada onde as perdas CC
eram compensadas nas perdas por clipping. Consequentemente observa-se que
esta topologia de usina apresenta uma performance menor e então uma
produção de energia um pouco menor.

Figura 15 - Perdas por Cabeamento em uma Usina de Topologia


Descentralizada

Fonte: Sungrow (2021)

3.3.3.3 Comparativo entre as topologias de inversores

Tendo passado por uma visão geral das principais características relacionadas
aos dois tipos de inversores, foi feito um levantamento dos custos e produção
obtida por cada topologia.

Quando é analisado o custo total dos inversores, observa-se que a usina


utilizando inversores 125KW possui um custo de aquisição dos inversores cerca
de 50% mais caro em comparação com os inversores de 250KW. Em relação
aos cabos CC e CA, a solução com inversores 125KW gasta muito mais cabos
CC, devido à distribuição destes cabos em campo, porém, há uma redução
significativa com os cabos CA. No caso da usina com inversores 250KW temos
a redução de cabos CC e a utilização de cerca de cinco vezes mais cabos em
CA. Quanto à produção de energia, temos a solução com inversores 125KW
58

produzindo cerca de 50MWh a mais por ano, essa produção maior vem
principalmente do fato desta topologia possuir perdas totais menores.

Quadro 5 - Comparativo dos inversores utilizados

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

De forma geral, a solução utilizando inversores 250KW é mais barata, porém,


apresenta uma produção de energia ligeiramente menor. Levando em
consideração a produção de energia como um todo, o custo inicial de aquisição
mais elevado dos inversores de 125KW se paga dentro dos primeiros anos de
operação da usina devido à sua maior produção. Sendo assim, foi escolhido para
implementação da usina em estudo a topologia centralizada utilizando inversores
de 125KW.

3.3.4 Escolha do tipo de estrutura de fixação dos módulos

Nesta parte do trabalho serão comparados dois tipos de estrutura de fixação dos
módulos, a primeira é uma estrutura fixa e a segunda é uma estrutura Tracker.

O tipo de estrutura de fixação a ser utilizado no projeto irá impactar diretamente


nos resultados obtidos ao longo dos anos de operação da usina, como citado no
referencial teórico, pode-se obter um ganho de produção de aproximadamente
25% utilizando a tecnologia tracker, onde os módulos acompanham o trajeto do
sol feito ao longo do dia.

3.3.4.1 Estrutura Fixa

Neste tipo de estrutura os módulos são dispostos em uma mesa com inclinação
fixa. Essa inclinação deve ser determinada com base na localização geográfica
do painel. De forma geral, para instalações aqui no Brasil o painel fotovoltaico
59

deve ser posicionado em um ângulo de inclinação igual à latitude do local e


voltado para o norte. Na figura 16 vemos um exemplo de usina solar utilizando
estrutura fixa.

Figura 16 - Painéis Solares Distribuídos em Estrutura Fixa

Fonte: Inove Energias Renováveis (2021)

3.3.4.2 Estrutura Tracker – Seguidor Solar

Durante os dias de sol com céu claro, a radiação direta dos raios de sol
representa a principal contribuição para a radiação total. A radiação solar
disponível que atinge a superfície dos módulos fotovoltaicos é mais alta quando
os módulos fotovoltaicos estão alinhados com a direção perpendicular dos raios
solares, o que pode ser alcançado pelo uso e controle adequado do sistema de
rastreamento solar. Como a direção dos raios solares varia durante o dia, o
rastreador solar é considerado uma das principais abordagens para aumentar a
eficiência de geração de energia.

Neste trabalho, para efeito de simulações foi utilizado a estrutura tracker da Alion
Energy, mostrada na figura 17. A orientação do eixo do tracker é na direção
Norte-Sul e possui rastreamento em 1 eixo, Leste-Oeste. O ângulo de rotação
possui variação de ± 60°. Usar um eixo de rastreamento pode fornecer um ganho
significativo de energia para o sistema, porém, o mecanismo de rastreamento é
mais caro pois requer alto custo para instalação e manutenção do sistema de
60

geração, por isso deve ser feito esse estudo para verificar a viabilidade de
utilização de um sistema tracker. Normalmente em usinas de pequeno porte
como geradores residenciais ou comerciais o preço desse tipo de estrutura
inviabiliza sua utilização, isso porque o preço da estrutura se torna muito alto em
relação ao total do projeto, porém, para usinas de maior porte, o comparativo de
preços e o ganho obtido pelo tracker torna sua utilização viável. A estrutura
tracker da Alion Energy utiliza uma base de concreto onde são fixadas as mesas
dos módulos. Nessa base de concreto é possível fazer uma pintura para
correção e aumento do Albedo. Segundo o fabricante, fazendo essa correção o
albedo do solo pode chegar a um valor de 0.5, o que nos dá um aumento
expressivo de reflexão da radiação que chega ao solo.

Figura 17 - Estrutura de Fixação Tracker Alion Energy

Fonte: Alion Energy (2021)

3.3.4.3 Comparativo entre a estrutura fixa e tracker

No software de simulação PVSyst que foi utilizado, é possível especificar qual o


tipo de estrutura utilizada na simulação e quais os parâmetros e características
da estrutura, por exemplo, se for uma estrutura fixa, qual a inclinação dos
módulos, quantas linhas de módulos em uma mesma mesa, a altura da estrutura,
a distância entre as mesas, dentre outras características. Similarmente à
estrutura fixa o software nos permite também determinar alguns parâmetros da
61

estrutura Tracker como limite dos ângulos de inclinação, utilização de sistema


Backtraking, albedo do solo, dentre outros.

No quadro 6 é possível ver um resumo dos resultados obtidos a partir da


simulação da usina com estrutura fixa e com Tracker. Observa-se que os custos
para instalação do sistema Tracker é consideravelmente mais caro, cerca de
15% a mais, também vemos que os custos de manutenção da usina aumentam
significativamente, isso porque o sistema possui mais equipamentos para dar
manutenção e é necessária uma mão de obra mais especializada. Todos esses
fatores fazem com que o custo de produção de energia LCOE, utilizando sistema
Tracker fique mais caro, porém o ganho de produção que é obtido, cerca de 23%,
compensa o maior investimento inicial e o maior custo de manutenção. Vemos
que o tempo de retorno do investimento é menor utilizando a estrutura Tracker e
o retorno financeiro ao longo dos 25 anos, o VPL, é mais que o dobro em
comparação com o sistema de estrutura fixa. Portanto, foi definido a utilização
da estrutura do tipo Tracker na fazenda solar.

Quadro 6 - Comparativo entre estrutura do tipo fixa e Tracker

Estrutura de Fixação - Fixa vs Tracker


Geração Payback VPL
Estrutura Modulo Potência Capex Opex Geração Anual LCOE
Normalizada (anos) (x1000)
Fixa LR5-72HBD-530M 6500 R$ 23.185.199,93 R$ 2.837.465,92 10.595.000 kWh/ano 1630 kWh/kWp/ano 0,32652 9,78 R$ 26.372,64
Tracker LR5-72HBD-530M 6500 R$ 26.692.056,49 R$ 3.262.899,32 13.043.000 kWh/ano 2.007 kWh/kWp/ano 0,34342 7,69 R$ 57.835,64

Elaborado pelo autor (2021)

3.3.5 Potência da Usina

A usina estudada e implementada neste trabalho visa o funcionamento como


fazenda solar e consequentemente o comércio de lotes da usina, sendo assim,
foi implementado uma usina com o maior potencial de produção de energia
possível dentro dos limites estabelecidos pela norma de micro e minigeração
distribuída. Portanto, a REN 482 estabelece o limite de minigeração distribuída
em uma potência de conexão com a rede da concessionária de 5MW. Este é o
limite que os inversores da usina podem entregar em suas saídas para o sistema
de distribuição, contudo, comumente a potência de uma usina solar é dada em
62

função da potência instalada de placas em kWp, para fazer o cálculo da potência


de placas a ser instalada é necessário definir qual placa e qual inversor será
utilizado no sistema, pois o limite de placas deve respeitar as características de
tensão e corrente máxima de entrada do inversor, por isso este tópico que é uma
das principais características da usina foi deixado para o final, primeiro foi
necessário definir a placa, o inversor e a estrutura.

Anteriormente definiu-se que a usina possui uma potência de inversor total de


5MW, porém, normalmente a potência dos arranjos fotovoltaicos (KWp) a ser
instalada é maior do que a potência de inversor, isso porque a potência do
módulo que é indicada no Datasheet é medida em condições pré-estabelecidas
dentro do laboratório, por exemplo, o módulo é submetido a uma irradiância de
1000W/m², temperatura de 25ºC, massa de ar de 1,5 (AM1,5), conforme definido
no IEC 60904-3. Na prática as condições que o módulo trabalha costumam ser
piores e portanto a potência que é entregue aos inversores é menor que a
especificada no datasheet dos módulos. Outro motivo que leva a um
sobredimensionamento das placas solares é o fato de querermos estar
entregando a máxima potência de saída do inversor, durante o maior período do
dia possível. Na figura 18 tem-se a curva de potência de saída dos inversores de
dois sistemas solares onde um está com uma potência de placas maior (curva
azul) que o segundo sistema (curva laranja). Na curva azul onde tem-se a
potência de placa maior o inversor passa uma boa parte do dia entregando a sua
máxima potência de saída.

Figura 18 - Produção diária com e sem sobrecarregamento do inversor

Fonte: R. Mounetou (2014)


63

Damos o nome de Fator de dimensionamento do Inversor (FDI), a relação entre


a potência de pico dos módulos fotovoltaicos e a potência de saída do inversor.

𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟


𝐹𝐷𝐼 =
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑓𝑜𝑡𝑜𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎𝑖𝑐𝑜𝑠

A correta definição do FDI (ou da quantidade de oversizing) é um dos aspectos


mais importantes a serem definidos no dimensionamento do projeto,
considerando todas as características do local e respeitando todas as limitações
técnicas dos componentes elétricos para otimizar o balanço entre custos e
receitas. Desde que a energia adicional obtida através do
sobredimensionamento (área do gráfico azul com a linha cheia na figura 18) seja
maior que a energia perdida como consequência do clipping (área do gráfico sob
a linha azul tracejada na figura 18), tem-se uma relação FDI favorável.

Realizar o sobredimensionamento ou Oversizing dos módulos fotovoltaicos faz


sentido economicamente em termos de equilíbrio de economia de componentes
do sistema. Usar uma potência de módulos maior do que a potência do inversor
ajuda a melhorar os custos por kWh gerado associados a inversores, cabines,
infraestruturas internas e equipamentos especializados. Isto permite projetar
uma planta otimizada, a fim de alcançar a melhor TIR e o melhor LCOE,
maximizando os resultados financeiros do projeto.

Para encontrar o Overload ideal dos inversores foram feitas simulações com as
características já definidas anteriormente (módulo, inversor e estrutura) e variou-
se apenas o Overload dos inversores, com a simulação obtém-se então o
resultado de geração do sistema, que foi utilizado para cálculo do LCOE. Um
resumo dos resultados é mostrado no quadro 7.
64

Quadro 7 - Resultados obtidos com diferentes sobrecarregamentos do inversor

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

É possível observar que a associação dos inversores e módulos escolhidos


permite uma possibilidade de colocar quase o dobro de potência de placa em
relação ao inversor, ou seja, FDI de quase 2. Nota-se também que à medida que
se acrescenta mais módulos a geração aumenta, contudo, não é somente a
geração que é levada em conta para a decisão do FDI ideal, deve-se observar
se o custo de aquisição e manutenção dos equipamentos irá compensar para
obtenção dessa máxima geração.

Na figura 19 é apresentado a relação entre a quantidade de módulos da usina,


a geração da usina e o Capex, é possível notar que à medida que aumentamos
a quantidade de módulos o Capex também aumenta de forma linear, porém, a
geração não aumenta da mesma forma. À medida que aumentamos muito a
potência de módulos a geração obtida começa a não aumentar
significativamente pois o inversor já está trabalhando em sua potência máxima
a maior parte do tempo.
65

Figura 19 - Relação entre quantidade de módulos, geração e Capex.

Quantidade de módulos
18.000 MWh/ano R$ 40.000.000

16.000 MWh/ano
R$ 35.000.000
Geração Anual

14.000 MWh/ano

Capex
R$ 30.000.000
12.000 MWh/ano
R$ 25.000.000
10.000 MWh/ano

8.000 MWh/ano R$ 20.000.000


9438 10375 11325 12264 13208 14150 15093 16038 16983 17920 18560
Quantidade de módulos

Geração Anual Capex

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

Para levar em consideração todos os custos envolvidos na usina bem como a


sua geração, foi utilizado o LCOE como parâmetro para escolha do melhor valor
de FDI. Na figura 20 vemos o gráfico que relaciona a sobrecarga utilizada no
inversor e o LCOE, vemos que uma sobrecarga de 60% é a faixa ideal para
aplicarmos no sistema proposto de forma a otimizar os custos e retornos obtidos
pela usina, a partir desse valor o ganho de geração começa a não ficar atrativo
diante dos gastos a mais necessários para aumento do sistema.

Figura 20 - Relação entre Carregamento do Inversor e LCOE

Overload X LCOE
0,39000

0,38000

0,37000
LCOE

0,36000

0,35000

0,34000

0,33000

Overload

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)


66

Vemos que essa taxa de sobrecarregamento do inversor em relação à potência


de módulos é um pouco elevada se compararmos com o padrão adotado na
maioria das instalações. Em instalações residenciais e comerciais a faixa de
sobrecarregamento comumente vista nos sistemas é entre 15% e 40% de
Overload, algumas razões para esse maior sobrecarregamento são: nos
sistemas residenciais e comerciais geralmente não é feito um estudo para
análise da potência ideal de módulos a ser instaladas; nos inversores de menor
potência (residenciais e comerciais) geralmente a maior taxa de
sobrecarregamento que é possível alcançar é de 50%; o estado do Espírito
Santo não apresenta valores de irradiância tão alto quanto em outros estados do
país, sendo assim, fica viável o acréscimo de mais potência de placa para obter
um maior retorno, se esse mesmo sistema fosse instalado em um lugar com
valores de irradiância mais altos é provável que a faixa de sobrecarregamento
ideal encontrada seria menor do que 60%.

Para efeito comparativo, foi feito também uma análise da faixa ideal de
sobrecarregamento levando em consideração a TIR, nesse caso o melhor valor
de TIR encontrado foi com um sobrecarregamento de 40% com o valor de
19,03% ao ano, contra 18,65% ao ano encontrado para o valor de 60% de
Overload, porém, como essa diferença não é muito grande e o indicador adotado
por pesquisas e artigos anteriores a respeito desse mesmo estudo foi o LCOE,
nesse trabalho foi adotado o LCOE como indicador fundamental para escolha do
sobrecarregamento ideal do inversor.

Sendo assim, foi decidido que a potência dos arranjos fotovoltaicos da usina em
questão será de 7999,29KWp, o que resulta em um FDI de 1.6 e, portanto, um
sobrecarregamento de 60% em relação aos inversores.
67

4 RESULTADOS

Tendo definido todos os parâmetros técnicos da usina solar, pode-se então


analisar o desempenho do sistema começando pela simulação da usina no
PVSyst e posteriormente fazendo uma análise econômica no ponto de vista do
proprietário da usina

4.1 PARÂMETROS DA USINA

● Potência de 7999,29KWp, onde serão distribuídos 559 Strings com 27


módulos em série.
● Módulos do Fabricante Longi, modelo LR5-72HBD-530M, Bifacial.
● 40 inversores de 125KW utilizando uma topologia de usina centralizada.
● Estrutura de fixação Tracker da Alion Energy, com segmento solar em um
eixo e rotação de -/+ 60º e tecnologia Backtracking.

4.2 RESULTADOS DE GERAÇÃO DA USINA

Após a simulação realizada no PVsyst, obtiveram-se os relatórios que se


encontram no anexo A deste documento. Para efeito de análise dos principais
resultados de geração do sistema é mostrado nas figuras 21 e 22 a energia
gerada e a performance do sistema.

Figura 21 - Performance mensal de geração do sistema

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)


68

A geração média anual da usina é de 14565MWh, essa geração é superior nos


meses de Dezembro a Março pelo fato dos dias serem mais longos e a radiação
solar mais intensa, porém, observa-se também que a performance do sistema
diminui nesses meses, isso porque nesse período as temperaturas são mais
altas, sendo assim, há mais perdas por temperatura, o que corresponde a boa
parte das perdas do sistema, tem-se também uma perda maior por limitação de
potência de saída do inversor, esses são os dois principais fatores que fazem o
sistema perder performance.

Figura 22 - Geração mensal do sistema

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

4.2 RESULTADOS FINANCEIROS PARA O PROPRIETÁRIO DA USINA

Com o resultado de geração do sistema pode-se agora fazer o estudo econômico


do empreendimento, para isso, foram estabelecidas algumas premissas
econômicas que são mostradas na figura 23.
69

Figura 23 - Premissas utilizadas para o projeto


USINA SOLAR FOTOVOLTAICA CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA
Potência Usina (MWp) 8,00 MWp Concessionária EDP - ES
Potência no Parecer de Acesso (MW) 5,00 ICMS 25%
Localidade SÃO MATEUS/ES Valor do reforço de rede R$ 600.250,00
Índice Solarimétrico 5,12 Custo parecer/mhw R$ 290.000,00
Área Útil Ocupada pela Usina (ha) 12,83 Tarifa Demanda R$ 38,50
Geração Simulada pelo PVSyst 14.565.000 kWh/ano
Valor Arrendamento (R$/ha) R$ 855,00

DADOS MODELO DE NEGÓCIO DADOS ECONÔMICOS


Modelo de negócio Geração Compartilhada Custo de Oportunidade 6,00%
Tarifa c/ impostos R$ 0,7802/kWh Tempo de Operação (anos) 25
Desconto 15% Inflação Energética por ano 6%
Tarifa com desconto R$ 0,66/kWh IPCA (% por ano) 4%

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

Tendo estabelecido as premissas do modelo de negócio foi feito o levantamento


do Capex total para construção da usina, no quadro 8 é apresentado de forma
detalhada os custos envolvidos na construção da usina, se somarmos estes
custos com as despesas necessárias junto à concessionária de energia é obtido
então o Capex total de R$33.607.613,64 para colocar a usina em funcionamento.

Quadro 8 - Custos do Capex para construção da usina

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)


70

Após definido o Capex foi feito o levantamento dos custos anuais de operação e
manutenção da usina para mantê-la funcionando. No quadro 9 é apresentado os
valores relacionados ao Opex, nota-se que o principal custo para manter a usina
está relacionado ao pagamento da demanda para a concessionária de energia,
isso porque o valor de demanda paga no Espírito Santo é relativamente cara
quando comparada com outros estados.

Quadro 9 - Custos de Operação e Manutenção da Usina

OPEX ANUAL
Período de operação (anos) 25 %
Seguro Operacional R$ 22.639,50 1%
Monitoramento R$ 75.465,00 2%
Manutenção corretiva R$ 120.744,00 3%
Manutenção preventiva R$ 158.476,50 5%
Segurança R$ 120.744,00 3%
Equipe Técnica R$ 241.488,00 7%
Demanda Contratada R$ 2.310.000,00 67%
Arrendamento da Terra R$ 131.629,13 4%
Gerenciamento R$ 273.596,51 8%
Total R$ 3.454.782,64 100%

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

Tendo em mãos as premissas e os custos relacionados à usina, podemos agora


fazer uma análise do fluxo de caixa ao longo do tempo e assim obter os retornos
da usina. No anexo B é possível ver o fluxo de caixa completo da usina para o
período de 25 anos, aqui vamos utilizar apenas um demonstrativo dos primeiros
anos de funcionamento da usina.

Quadro 10 - Fluxo de Caixa Simplificado da Fazenda Solar


ANO 0 1 2 3 4 5
Total de Entradas 0 9.465 9.988 10.540 11.122 11.736
Total de Saídas -33.608 -4.806 -5.071 -5.350 -5.645 -5.956

Resultado Líquido 4.659 4.918 5.190 5.477 5.780


Saldo acumulado -28.949 -24.031 -18.841 -13.364 -7.584

Resultado Líquido VPL 4.396 4.377 4.358 4.338 4.319


Saldo Acumulado VPL -29.212 -24.836 -20.478 -16.140 -11.821
71

6 7 8 9 10 11 12 13
12.384 13.068 13.790 14.552 15.355 16.204 17.098 18.043
-6.285 -6.632 -6.998 -7.385 -7.794 -8.225 -8.681 -9.162

6.100 6.437 6.792 7.167 7.562 7.978 8.418 8.881


-1.484 4.952 11.744 18.911 26.473 34.451 42.869 51.749

4.300 4.281 4.261 4.242 4.222 4.203 4.183 4.164


-7.521 -3.240 1.022 5.264 9.486 13.689 17.872 22.036

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

No quadro 10 é apresentado um resumo do fluxo de caixa dos 13 primeiros anos,


para uma análise mais precisa do resultado foi colocado os valores do fluxo de
caixa em termos de Valor Presente Líquido, que nos dá uma maior segurança e
precisão para a análise econômica. Observa-se que o retorno do investimento
se dá entre os anos 7 e 8, mais especificamente em 7 anos e 10 meses. A taxa
interna de retorno – TIR obtida pelo investimento é de 18,65% ao ano, e o VPL
do fluxo de caixa no final de 25 anos de operação da usina é de
R$70.445.548,00. Na figura 24 é possível ver a representação do fluxo de caixa
descontado anual para os 25 anos de funcionamento da usina.

Figura 24 – Representação do Fluxo de Caixa Acumulado da Fazenda Solar

R$ 65.000,00

R$ 45.000,00

R$ 25.000,00

R$ 5.000,00

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
-R$ 15.000,00

-R$ 35.000,00
Ano

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)


72

Tendo os resultados econômicos da usina, é possível compará-los a outros tipos


de investimento presente no mercado financeiro a fim de verificar se esse é um
investimento que vale a pena de ser aplicado na construção da usina ou se
outras opções de investimento de mesmo risco dariam um retorno mais atrativo.
Primeiramente deve-se classificar a usina solar quanto ao risco de se investir em
tal empreendimento. A princípio esse não é um investimento de alto risco visto
que o valor investido não está vinculado a grandes variações de rentabilidade
dependentes de fatores econômicos externos, assim como acontece por
exemplo com investimentos em renda variável, porém, é necessário levar em
consideração os riscos por se tratar de um produto tecnológico e de mercado
regulado pela REN 482. Mudanças regulatórias e tributárias podem impactar o
desempenho financeiro de projetos de geração distribuída e, portanto, a sua
atratividade. O incentivo para instalação de usinas como a deste estudo está
atrelado à forma de compensação de energia. Alterações na regulação, como na
forma de remuneração da energia compensada, podem diminuir a atratividade
do investimento, principalmente para negócios que dependem da compensação
de energia para creditar a energia a seus clientes.

Tomando como base de comparação primeiramente os investimentos em renda


fixa, que são considerados um dos investimentos financeiros mais seguros,
observa-se que a rentabilidade deste tipo de investimento geralmente está
atrelada a alguns indicadores de referência, os principais são a taxa Selic e o
CDI, esses dois indicadores geralmente caminham muito próximos um do outro.
Atualmente a taxa Selic está em 4,25% ao ano (com previsão de subir para 6,5%
até o final de 2021), um valor consideravelmente baixo apesar de estarmos
analisando um investimento de baixo risco. Se compararmos então o
investimento na fazenda solar, que apresentou uma taxa de retorno de cerca de
18% ao ano, com investimento em renda fixa, o investimento na fazenda solar
se mostra mais atrativo visto o seu risco e rentabilidade.

Tomando como base agora investimentos em renda variável, um tipo de


investimento que apresenta um maior risco, porém, possui também um maior
potencial de ganho. Uma das principais características deste tipo de
investimento é a volatilidade, o que aumenta o seu risco, e o fato do investidor
73

só saber o quanto renderá seus investimentos no momento do resgate da


aplicação. Uma forma muito comum de investimento em renda variável é a
compra de ações de empresas listadas na bolsa de valores, o rendimento desse
investimento é dado em razão da valorização das cotas das ações. Para ter uma
base do rendimento de uma aplicação em renda variável, vamos então basear-
se na taxa de crescimento do Ibovespa que é o principal indicador de
desempenho das ações negociadas na bolsa de valores B3, ele reúne as
empresas mais importantes do mercado de capitais brasileiro. Tendo como base
então o crescimento médio anual do Ibovespa nos últimos 10 anos, temos uma
média de rendimento de 9,97% ao ano. (Ibovespa, 2021) Sendo assim, observa-
se que esse tipo de investimento tem um retorno maior quando comparado à
renda fixa, porém, ainda fica abaixo do rendimento que a fazenda solar
apresentou, além do fato de podermos considerar a fazenda solar um
investimento mais previsível e com menor risco quando comparado com renda
variável. Sendo assim, o investimento em uma fazenda solar se mostra mais
vantajoso quando comparado com outras formas de investimento tradicionais do
mercado financeiro.

Foi visto que o investimento em usinas solares para operação como fazenda
solar no estado do Espírito Santo se mostra um investimento atraente e rentável,
porém, analisando o cenário na prática observa-se que há poucas usinas
operando nesse modelo de negócio. Analisando o porquê dessa baixa
quantidade de fazendas solares pode-se listar alguns motivos, o primeiro e
principal deles é a respeito dos impostos cobrados sobre os créditos que são
gerados pela energia injetada. Até 2020 o estado possuía isenção de ICMS da
energia injetada na rede apenas sobre a cobrança da TUSD, portanto, era
cobrado ICMS com alíquota de 25% sobre a TE. Essa cobrança, somada ao
custo de demanda que deve ser pago à concessionária, fazia com que as usinas
de minigeração operando em geração remota se tornassem inviáveis. Para se
ter uma ideia do resultado, na tabela 4 é mostrado o resultado da usina
considerando isenção total de ICMS e considerando isenção de ICMS somente
sobre a TUSD.
74

Tabela 4 - Comparativo dos resultados com isenção total de ICMS e Isenção


somente sobre a TUSD

Resultados da Fazenda Solar

Variáveis de resultado Isenção de ICMS sobre a TUSD Isenção Total de ICMS

Payback Descontado (anos) 15,92 7,76


TIR 10,72% 18,65%
LCOE R$ 0,4554 R$ 0,3273
VPL (x1000) R$ 27.136,725 R$ 70.445,548
Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

O segundo motivo para a baixa presença de fazendas solares é o custo de


demanda e o preço do KWh que é cobrado pela concessionária de energia EDP-
ES. No Espírito Santo temos um cenário onde o custo da demanda é bem alto
quando comparado com o custo de demanda cobrado por outras
concessionárias de energia, por exemplo, se analisarmos a Cemig,
concessionária de energia de Minas Gerais e que também possui isenção total
de ICMS sobre os créditos de energia. Vemos que a Cemig cobra o custo de
R$21.32/KW para a demanda contratada, contra R$38.59/KW praticado pela
EDP-ES. Vale lembrar que o gasto com demanda contratada correspondeu a
quase 70% do custo de OPEX anual, por isso a importância de analisar o preço
praticado por outras concessionárias. Além disso, temos também o custo de
venda de energia, neste trabalho o preço de venda de energia foi calculado com
base no preço do KWh que a concessionária de energia vende para o cliente
final, para fins de comparação, se tomarmos como exemplo novamente o caso
da concessionária de energia Cemig, o preço do KWh com imposto é de R$0.89
contra R$0.78 da EDP-ES, ou seja, cerca de 14% mais caro, com o preço de
venda da energia elétrica mais caro, a receita bruta do empreendimento também
aumenta e, consequentemente, os resultados finais são melhores.
75

Por fim, outra razão para o baixo número de fazendas solares no Espírito Santo
é o índice de radiação solar no estado. Apesar de conseguir encontrar uma
região propícia para a implantação da usina, com bons índices solarimétricos, o
estado não apresenta índices tão elevados quando comparado com estados
vizinhos. Tomando como exemplo a cidade de Januária em MG, o índice de
irradiância média anual na cidade é de 5.69kWh/m²/dia, já a irradiância média de
São Mateus onde foi escolhido para a construção da usina, o valor é de
5.09kWh/m²/dia. Este é um exemplo de outra cidade que possui um índice de
radiação solar melhor do que o apresentado no Espírito Santo, e esse pode ser
um fator decisivo na hora da escolha do local de instalação da usina solar.

Para efeito de análise dos dois últimos pontos citados como possíveis razões
para o baixo número de fazendas solares no Espírito Santo, simulou-se os
resultados obtidos pelo empreendimento considerando as mesmas
características técnicas da usina, mudando somente sua localização para a
cidade de Januária em MG onde a irradiância é maior e a concessionária de
energia é a Cemig. Portando a tarifa de demanda paga será menor e o preço de
venda do kWh mais caro, como citado anteriormente. Na tabela 5 vemos um
resumo dos resultados das fazendas solares nas duas cidades.

Tabela 5 - Comparativo da fazenda solar com operação em MG e no ES

Resultados da Fazenda Solar

Variáveis de resultado Januária - MG São Mateus - ES

Payback Descontado (anos) 4,85 7,76


TIR 27,39% 18,65%
LCOE R$ 0,2408 R$ 0,3273
VPL (x1000) R$ 132.811,277 R$ 70.445,548

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

É possível observar uma diferença significativa entre os resultados das duas


usinas, o VPL da usina em Januária é quase o dobro que o da usina em São
76

Mateus, o TIR e o LCOE também se mostram bem vantajosos. Essa melhora


nos resultados foi obtida principalmente pela redução dos custos de Opex da
usina, o valor de Opex anual da usina em São Mateus é de R$3.454.782,00
enquanto o Opex da usina em Januária é de R$2.477.880,68, redução de quase
30% que traz grandes benefícios quando visto no longo prazo.
77

CONCLUSÃO

No Brasil, a principal fonte de geração de energia elétrica ainda são usinas


hidrelétricas, porém, esse recurso é instável e vem sofrendo com grandes secas
e variações bruscas no clima do país. Para contornar essa instabilidade,
atualmente utiliza-se principalmente usinas termelétricas, gerando aumentos
significantes no valor final na conta de energia. Desta forma, o investimento em
fontes alternativas mostra-se muito atrativo, cativando desde pequenos até
grandes investidores e fomentando não somente a economia, mas, também, a
mão de obra e o engajamento ambiental.

Aliando o grande potencial climático do país, junto com o avanço da regulação


da geração distribuída, por meio da REN 687 que instituiu as modalidades de
geração compartilhada e empreendimento de múltiplas unidades consumidoras,
propiciou-se o desenvolvimento de novos modelos de negócios no ramo da
energia solar, sendo um deles o modelo de fazenda solar, onde o consumidor
final não detém a propriedade da usina, que pertence a um investidor ou
empresa, assim, o consumidor final tem acesso a um sistema de geração sem
necessidade de investimento, pagando um valor fixo pela locação, em geral,
inferior ao valor da fatura de energia da distribuidora.

Para o estudo de implementação da fazenda solar no estado do Espírito Santo,


inicialmente foi analisado os possíveis locais para implementação de uma usina
de grande porte, dentre os locais com grande potencial solar e que apresenta
uma estrutura de rede da concessionária de energia que suporte a ligação de
uma unidade geradora como a desse estudo. Foi escolhido um local próximo à
cidade de São Mateus para a implementação da usina.

Prosseguindo com os aspectos técnicos da usina, a primeira etapa do projeto foi


a definição dos módulos a serem utilizados. Dentre as alternativas de módulos
apresentadas, foi escolhido um módulo Bifacial de 530Wp do fabricante Longi,
este módulo apesar de ser o mais caro dentre os selecionados, foi o que
apresentou o melhor desempenho de geração ao longo dos 25 anos de operação
da usina e trouxe o melhor retorno financeiro considerando sua geração de
78

energia, área ocupada e custo de manutenção. Posteriormente foi analisado o


inversor e topologia de usina utilizada, o inversor escolhido foi o Sungrow de
125KW contando com 40 inversores para operação da usina, este inversor foi
aplicado na usina em uma topologia centralizada onde todos os inversores ficam
localizados em uma Skid no centro da usina e a distribuição dos cabos pela usina
são feitos em CC para que diminuísse as perdas no cabeamento e redução dos
custos de aquisição dos cabos. Na escolha da estrutura de fixação dos módulos
foi comparado dois tipos de estruturas, sendo uma fixa, onde os módulos ficam
sempre em uma única orientação, e uma estrutura Tracker, onde os módulos
seguem o percurso do sol ao longo do dia. A opção de estrutura que apresentou
o melhor retorno ao longo dos anos foi do tipo Tracker que apesar de ser uma
estrutura mais cara e com custo de manutenção maior, apresentou um ganho de
23% na produção de energia anual e o resultado financeiro esperado no final dos
25 anos é quase o dobro em comparação com a estrutura fixa. Por fim, tendo
definido os módulos, inversores e estrutura de fixação, foi definida a potência
total de módulos da usina, para isso foi utilizado o indicador LCOE que tem como
base o custo de produção de energia da usina, sendo assim, a potência definida
para implementação na usina foi de cerca de 8MWp, resultando em um
oversizing de 60% sobre a potência de inversor utilizada (5MWp).

Tendo definido os parâmetros técnicos da usina, pode-se obter os resultados de


geração de energia e financeiros da usina. A partir da simulação no PVsyst,
obteve-se uma geração anual de 14565MWh/ano e os retornos financeiros foram
bem atrativos, sendo o payback em 7 anos e 10 meses, a TIR obtida foi de
18,65% ao ano e o VPL do fluxo de caixa no final de 25 anos de operação da
usina foi de R$70.445.548,00. Portanto, o investimento se mostra atrativo
quando comparado com outras formas de investimento tradicionais presentes no
mercado financeiro.

Por fim, observou-se que apesar do investimento apresentar taxas de retornos


atrativas o número de empreendimentos desse tipo no estado do Espírito Santo
ainda é pequeno, algumas das razões para esse baixo número são: recente
mudança na regras de cobrança de impostos sobre os créditos injetados na rede,
tarifas de demanda e do kWh praticadas pela concessionária de energia EDP-
79

ES não favoráveis e fatores climáticos do estado, sendo o principal o índice de


radiação solar. Para trabalhos futuros seria interessante fazer uma análise dos
fatores citados acima elaborando um comparativo entre os estados do país para
observação dos melhores locais para se implementar uma fazenda solar similar
à deste estudo.
80

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ANEXO A - Relatório de simulação no PVSyst


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Anexo B - Demonstrativo de resultados da fazenda solar


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