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ESTUDO DA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ATRAVÉS DOS

SISTEMAS FOTOVOLTAICOS OFF-GRID

Marcus Valério de Rezende Colares

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa


de Pós-Graduação em Engenharia de Processos –
Mestrado Profissional, PPGEP/ITEC, da
Universidade Federal do Pará, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de Mestre
em Engenharia de Processos.

Orientador: Jandecy Cabral Leite

Belém
Março de 2022
ESTUDO DA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ATRAVÉS DOS
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS OFF-GRID

Marcus Valério de Rezende Colares

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-


GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA PROCESSOS – MESTRADO PROFISSIONAL
(PPGEP/ITEC) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
ENGENHARIA DE PROCESSOS.

Examinada por:

_______________________________________________
Prof. Jandecy Cabral Leite, Dr.
(PPGEP/ITEC/UFPA-Orientador)

________________________________________________
Prof. XXXXX, Dr.
(PPGEP/ITEC/UFPA-Coorientador)

________________________________________________
Prof. XXXXXX, Dr.
(PPGEP/ITEC/UFPA-Membro)

BELÉM, PA - BRASIL
MARÇO DE 2022
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Sistema de Bibliotecas da UFPA

Colares, Marcus Valério de Rezende, 1963-


Estudo da geração de energia elétrica através dos
sistemas fotovoltaicos Off-Grid / Marcus Valério de Rezende
Colares – 2022.

Orientador: Jandecy Cabral Leite

Dissertação (Mestrado Profissional) – Universidade Federal


do Pará. Instituto de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação
em Engenharia de Processos, 2022.

1. Geração de energia elétrica 2. Sistemas fotovoltaicos


3. Off-Grid I. Título

CDD 670.42
Dedico este trabalho a todos aqueles que
contribuíram para sua realização, em
especial A Deus, minha família, esposa e
filhas.

iv
AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, o prof. Dr. Jandecy Cabral Leite, pelo acompanhamento


durante as pesquisas experimentais e pela assistência na elaboração desta dissertação.
Aos professores e colegas do PPGEP pelas aulas ministradas no Curso de
Mestrado.
Ao Instituto de Tecnologia e Educação Galileo da Amazônia (ITEGAM) pela
honrosa contribuição nesta parceria na formação e qualificação de todos os alunos para
o engrandecimento não do Amazonas, mas da Amazônia.

v
“Tente uma, duas, três vezes e se possível
tente a quarta, a quinta e quantas vezes for
necessário. Só não desista nas primeiras
tentativas, a persistência é amiga da
conquista. Se você quer chegar aonde a
maioria não chega, faça o que a maioria
não faz...”
(Bill Gates)

vi
Resumo da Dissertação apresentada ao PPGEP/UFPA como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Processos (M. Eng.)

ESTUDO DA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ATRAVÉS DOS


SISTEMAS FOTOVOLTAICOS OFF-GRID

Marcus Valério de Rezende Colares

Março/2022

Orientador: Jandecy Cabral Leite

Área de Concentração: Engenharia de Processos

O presente trabalho tem como objetivos o estudo da geração de energia elétrica por
meio da fonte de energia solar e apresenta um estudo sobre os sistemas fotovoltaicos
OFF-Grid, sistemas não conectados à rede elétrica, para tanto, este trabalho apresenta
uma análise sobre os sistemas fotovoltaicos OFF-Grid em pequenas residências
isoladas. Em termos de análises, cabe destacar que estas foram realizadas sob as
perspectivas técnica e socioambiental, de modo que, avalia-se os próprios sistemas
fotovoltaicos OFF-Grid. Na segunda, avalia-se a demanda de mercado, potencial
brasileiro de geração de energia solar fotovoltaica, o impacto socioambiental, a
sustentabilidade, bem como os principais incentivos no Brasil referentes aos sistemas
fotovoltaicos.
A relevância deste trabalho se dá, pois, pelo fato de haver instabilidade no preço das
tarifas de energia elétrica e em razão das altas emissões de dióxido de carbono, que
afetam o clima e os ecossistemas do planeta. Faz-se necessária, neste contexto, a
utilização de tecnologias para o benefício da sociedade, tal como a energia solar
fotovoltaica, com o propósito de desenvolver a economia por meio de uma energia
limpa e renovável, através da implementação de práticas de sustentabilidade ambiental.
Como análise, o estudo apresenta as vantagens e desvantagens do sistema supracitado.
Assim, as análises apresentadas neste estudo evidenciam que a implantação de sistemas
fotovoltaicos é uma ótima alternativa para reduzir os impactos ambientais e diversificar
a matriz energética.

vii
Abstract of Dissertation presented to PPGEP/UFPA as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master in Process Engineering (M. Eng.)

STUDY OF ELECTRIC ENERGY GENERATION THROUGH OFF-GRID


PHOTOVOLTAIC SYSTEMS

Marcus Valério de Rezende Colares

March/2022

Advisor: Jandecy Cabral Leite

Research Area: Process Engineering

The present work has as objectives the study of the generation of electric energy
through the source of solar energy and presents a study on the photovoltaic systems
OFF-Grid, systems not connected to the electric grid, respectively. Therefore, this work
presents an analysis of OFF-Grid photovoltaic systems. In terms of analyses, it is worth
noting that these were carried out from the technical and socio-environmental
perspectives, so that, in the first, the OFF-Grid photovoltaic systems themselves are
evaluated. In the second, the market demand, Brazilian potential for photovoltaic solar
energy generation, the socio-environmental impact, sustainability, as well as the main
incentives in Brazil regarding photovoltaic systems are evaluated.
The relevance of this work is therefore due to the fact that there is instability in the price
of electricity tariffs and due to the high emissions of carbon dioxide, which affect the
climate and ecosystems of the planet. In this context, it is necessary to use technologies
for the benefit of society, such as photovoltaic solar energy, with the purpose of
developing the economy through clean and renewable energy, through the
implementation of environmental sustainability practices. As an analysis, the study
presents the advantages and disadvantages of the aforementioned system. Thus, the
analyzes presented in this study show that the implementation of photovoltaic systems
is a great alternative to reduce environmental impacts and diversify the energy matrix.

viii
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO.......................................................................... 1
1.1 - MOTIVAÇÃO................................................................................................ 1
1.2 - OBJETIVOS................................................................................................... 5
1.2.1 - Objetivo geral............................................................................................. 5
1.2.2 - Objetivos específicos.................................................................................. 5
1.3 - CONTRIBUIÇÕES DA DISSERTAÇÃO..................................................... 5
1.3 - ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO.............................................................. 6
CAPÍTULO 2 - REVISÃO DA LITERATURA................................................ 7
2.1 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.................................................... 7
2.2 - PRODUÇÃO DE ENERGIA FOTOVOLTAICA NO MUNDO................... 10
2.2.1 - Mecanismos de incentivo à geração fotovoltaica no mundo................... 13
2.2.2 - Política e evolução dos incentivos............................................................. 15
2.3 - MERCADO DE ENERGIAS LIMPAS E FOTOVOLTAICO NO
MUNDO.......................................................................................................... 21
2.4 - TECNOLOGIA E SEUS CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO............................ 26
2.5 - PRODUÇÃO DE ENERGIA NO BRASIL.................................................... 28
2.6 - ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO BRASIL................................... 30
2.6.1 - Potencial brasileiro de geração de energia solar fotovoltaica................ 33
2.7 - A ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO NORTE DO BRASIL.......... 35
2.8 - COMUNIDADES ISOLADAS NO AMAZONAS........................................ 36
CAPÍTULO 3 - MATERIAIS E MÉTODOS..................................................... 40
3.1 - MATERIAIS................................................................................................... 40
3.1.1 - Descrição dos equipamentos...................................................................... 40
3.1.2 - Local de instalação..................................................................................... 44
3.2 - DETALHAMENTO DOS COMPONENTES DO EQUIPAMENTO DE
ILUMINAÇÃO................................................................................................... 45
3.2.1 - Painel solar.................................................................................................. 45
3.2.2 - Acumulador de energia (Bateria)............................................................. 46
3.2.3 - Controlador de carga................................................................................. 47
3.2.4 - Inversor de frequência............................................................................... 47
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................. 49

ix
4.1 - SISTEMA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA OFF-GRID................................. 49
4.1.1 - Dimensionamento do Sistema solar Off Grid.......................................... 49
4.2 - VANTAGENS E DESVANTAGENS............................................................ 54
4.2.1 - Vantagens do poste de iluminação solar fotovoltaica............................. 56
4.2.2 - Desvantagens do poste de iluminação solar fotovoltaico........................ 57
4.2.3 - Análises ambientais.................................................................................... 57
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES............................................. 59
5.1 - CONCLUSÕES........................................................................................... 59
5.2 - SUGESTÕES.................................................................................................. 60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 61

x
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Potencial solar fotovoltaico nos países Europeus........................ 11


Figura 2.2 Abastecimento de água município de Barreirinha, AM.............. 12
Figura 2.3 Capacidade instalada de energia solar global............................... 13
Figura 2.4 Estados americanos que possuem RPS........................................ 16
Figura 2.5 Evolução dos incentivos no setor FV no Japão............................ 18
Figura 2.6 Investimentos globais em energias limpas por região, 2004-
2017.......................................................................................... 23
Figura 2.7 Investimentos globais em energias limpas por região, 2013-
2016........................................................................................ 24
Figura 2.8 Investimentos japoneses em energias limpas por setor 2004-
2017......................................................................................... 25
Figura 2.9 Investimentos globais em energias limpas por setor 2004-
2017........................................................................................ 25
Figura 2.10 Investimentos públicos e privados em energias renováveis
2013-2016............................................................................... 26
Figura 2.11 Segmentação das instalações de energia solar mundialmente
2006-2016................................................................................ 27
Figura 2.12 Decomposição dos custos da energia solar USD/WATT 2010-
2017.......................................................................................... 27
Figura 2.13 Sistema energético nacional 2017................................................ 30
Figura 2.14 Produção de energia elétrica global e Brasil por tipo de fonte.... 32
Figura 2.15 Mapa de radiação solar do Brasil................................................. 33
Figura 2.16 Estrutura de uma célula fotovoltaica............................................ 34
Figura 2.17 Composição de um painel fotovoltaico........................................ 34
Figura 2.18 Radiação solar global em destaque o Amazonas......................... 36
Figura 2.19 Miniusinas fotovoltaicas no interior do estado do Amazonas..... 38
Figura 3.1 Diagrama de sistema fotovoltaico em função da carga utilizada. 40
Figura 3.2 Equipamentos do sistema............................................................. 41
Figura 3.3 Demonstrativo econômico........................................................... 43
Figura 3.4 Sistema OFF-Grid em números – Orçamento.............................. 43
Figura 3.5 Placa solar.................................................................................... 45

xi
Figura 3.6 Vista geral da mine rede de uma comunidade no Amazonas....... 45
Figura 3.7 Bateria (acumulador de energia).................................................. 46
Figura 3.8 Inversor de frequência.................................................................. 48
Figura 4.1 Esquema do dimensionamento energético: Componentes do
mesmo..................................................................................... 50
Figura 4.2 Média da produção diária para sistemas PV dimensionados
para suprir os consumos nos diferentes períodos......................... 53
Figura 4.3 Produção de eletricidade: Rede vs Sistema PV............................ 54

xii
NOMENCLATURA

BNEF BLOOMBERG NEW ENERGY FINANCE


FV FOTOVOLTAICA
GD GERAÇÃO DISTRIBUÍDA
LRET LARGE-SCALE RENEWABLE ENERGY TARGET
MRET MANDATORY RENEWABLE ENERGY TARGETS
OECD ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO
PIM POLO INDUSTRIAL DE MANAUS
RECs RENEWABLE ENERGY CERTIFICATES
SFVCR SISTEMAS FOTOVOLTAICOS CONECTADOS À REDE
SPV SPECIAL PURPOSE VEHICLE
SRES SMALLSCALE RENEWABLE ENERGY SCHEME
VRET VICTORIA, O RENEWABLE ENERGY TARGETS

xiii
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 - MOTIVAÇÃO

Considerando o compromisso de ampliar a participação de fontes renováveis na


matriz energética, principalmente a fonte solar, o presente estudo visa desenvolver uma
metodologia da viabilidade econômica para projetos de microgeração Of-grid de energia
fotovoltaica em comunidade isolada no Amazonas (SILVA, 2017).
No caso do efeito fotovoltaico, descoberto em 1839 por Edmond Becquerel, os
fótons contidos na luz solar são convertidos em energia elétrica por meio do uso de
células solares, o processo mais comum de geração de energia elétrica a partir da
energia solar. Entre os materiais mais adequados para a conversão da radiação solar em
energia elétrica, os quais são usualmente chamados de células solares ou fotovoltaicas,
destaca-se o silício (DA SILVA, 2019).
Segundo (SILVA, 2018), cerca de 80% das células fotovoltaicas são fabricadas a
partir do silício cristalino¹. A utilização da fonte solar para gerar energia elétrica
proporciona diversos benefícios, citados por (ABSOLAR, 2018).
Tanto do ponto de vista elétrico como ambiental e socioeconômico. Do ponto de
vista elétrico, contribui para diversificação da matriz, aumento da segurança no
fornecimento, redução de perdas e alívio de transformadores e alimentadores. Sob o
aspecto ambiental, há também a redução da emissão de gases do efeito estufa, da
emissão de materiais particulados e do uso de água para geração de energia elétrica.
Com relação a benefícios socioeconômicos, a geração de energia solar fotovoltaica
contribui com a geração de empregos locais, o aumento da arrecadação e o aumento de
investimentos (PROTOPAPADAKI, 2018).
De acordo com (PEREIRA et al., 2006), a média anual de irradiação global
apresenta uma boa uniformidade no Brasil, com médias relativamente altas em todo o
território. Os valores de irradiação solar global incidente em qualquer região do
território brasileiro (1500-2.500) são superiores aos da maioria dos países europeus,
como Alemanha (900-1250 Wh/m²), França (900-1650 Wh/m²) e Espanha (1200-1850
Wh/m²), locais onde projetos de aproveitamentos solares são amplamente disseminados.

1
A crescente preocupação com a preservação do meio ambiente e a busca pela
diversificação da matriz elétrica, associado com o aumento na demanda por energia e
desenvolvimento da indústria, impulsionou a geração de energia elétrica no mundo a
partir de fontes renováveis, como a fonte solar. As fontes renováveis, embora
inicialmente mais caras, tornam-se mais competitivas na medida em que se expandem,
sendo a competitividade resultante da redução dos custos devido ao ganho de escala e
dos avanços tecnológicos (SILVA, 2018).
O Brasil possui expressivo potencial para geração de energia elétrica a partir de
fonte solar, contando com níveis de irradiação solar superiores aos de países onde
projetos para aproveitamento de energia solar são amplamente disseminados, como
Alemanha, França e Espanha. Apesar dos altos níveis de irradiação solar no território
brasileiro, o uso da fonte para geração de energia elétrica não apresenta a mesma
relevância que possui em outros países, nem o mesmo desenvolvimento de outras fontes
renováveis, como eólica e biomassa, que já representam, respectivamente, 6,7% e 9,4%
da capacidade de geração instalada no Brasil, contra apenas 0,05% da fonte solar.
A preocupação com a geração de energia por fontes renováveis tornou-se ainda
maior com a celebração do Acordo de Paris, na COP 21, no ano de 2015. O Brasil
assumiu compromisso de redução de emissões de gases de efeito estufa, em 2025 e
2030, respectivamente em 37% e 43% em relação aos níveis de 2005 (COSTODIO,
2018).
O trabalho se justifica pela preocupação com a demanda crescente de energia e a
falta de investimento em outras fontes renováveis de energia. Com isso, é visto nas
áreas onde existe temperatura climática muito intensa pode-se utilizar a energia solar
como a fonte principal a ser trabalhada, pois, tem uma grande facilidade de montagem
do sistema, é montado no próprio local de consumo, e também, já está na hora do
Amazonas ingressar na era das fontes alternativas de energia, devido a vários fatores,
como por exemplo, dificuldades para construção de novas centrais hidroelétricas e
termelétricas, o carvão mineral e outras fontes de energia suja, ligadas ao petróleo,
causam degradação ambiental e não são renováveis (GALBIATTI-SILVEIRA, 2018).
Segundo (OLIVEIRA, 2016), O Brasil é privilegiado no seu potencial energético
solar, que é em torno de 2.500MW, cinco vezes maior que dos estados Unidos e,
acentuadamente, maior que a maioria dos países do primeiro mundo. Assim, são amplas
as possibilidades de aproveitamento energético do Sol, destacando-se o térmico e o
fotovoltaico.

2
O Brasil possui uma matriz energética ampla de geração de energia elétrica,
através de fontes de usinas termelétricas, termonucleares, eólicas, fotovoltaicas (que
representa menos de 1% do total) e a hidráulica que ainda é a maior participação na
geração de energia, conforme informações da Agência Nacional de Energia Elétrica –
ANEEL (2018).
Para (SOARES, 2018) o termo energia renovável é utilizado quando a energia
elétrica é produzida através de recursos naturais, tais como, chuva, sol, mares, vento e
energia geotérmica, sendo estes recursos reabastecidos naturalmente, sem causar
impactos ao meio ambiente.
Independentemente do setor, seja ele público ou privado, a análise econômica de
projetos é essencial para se medir o retorno econômico dos investimentos, comparando
custos e benefícios, ao mesmo tempo em que permite avaliar os impactos sociais
(MENDES, 2019).
Já o aumento do consumo de energia está diretamente ligado ao crescimento do
Produto Interno Bruto (PIB). Atualmente no Brasil há dois recursos naturais renováveis
que vem sendo utilizados para a produção de energia elétrica, sendo eles, o vento e o sol
(SILVA, 2019).
A energia solar é gerada a partir da radiação eletromagnética do Sol. Quando
essa radiação passa pela atmosfera terrestre é possível captá-la e transformá-la em
outras formas de energia que podem ser reaproveitadas pelo homem (MARTINIANO
JUNIOR, 2017).
A integração da energia solar fotovoltaica à edificação é uma grande alternativa
para reduzir o consumo de energia elétrica, e o Brasil tem as condições necessárias para
aproveitar tais tecnologias (DE OLIVEIRA REIS, 2018).
No Brasil, a geração da energia fotovoltaica integrada a edificações possui um
alto potencial devido aos elevados índices de irradiação solar ao longo de todo o
território nacional (4,25 kWh/m² a 6,30 kWh/m²) (MOTTA, 2021).
O presente trabalho visa, pois, fazer um estudo da energia renovável como forma
de geração de energia elétrica de maneira sustentável, isto é, sem poluir ou prejudicar o
ecossistema. Diante disso, a crescente busca por tecnologias e fontes que contribuam
positivamente com o meio ambiente torna-se uma medida eficiente como forma de
diminuir os impactos socioambientais e a poluição no mundo.
Este tipo de tecnologia precisa ser mais empregado no Brasil e na Amazônia,
fazendo com que, novas empresas do ramo se instalem na Zona Franca de Manaus, o

3
Polo Industrial de Manaus (PIM), gerando novas oportunidades de empregos e pesquisa
científica para melhorar o processo da transformação e captação solar na região
(MENDES, 2018).
Para tanto, vale ressaltar que é necessário o desenvolvimento de políticas,
programas governamentais, estudos econômicos e sociais, de maneira que se tenha um
maior aproveitamento consciente das fontes renováveis. Além disso, segundo INPE
(2017), é de suma importância inovar e desenvolver tecnologias, de maneira que se
utilize e converta-se os recursos energéticos naturais disponíveis, a fim de que haja
desenvolvimento e, consequentemente, redução em impactos socioambientais.
Nestes contextos, o tema escolhido será desenvolvido com base nos sistemas
fotovoltaicos, os quais podem ser instalados de forma autônoma (OFF-Grid). A
evolução desses tipos de sistemas se torna um dos fatores que justificam a necessidade
de se realizar pesquisas mais abrangentes que se relacionem com o processo de geração
de energia através de uma fonte limpa e renovável.
Assim sendo, são necessários estudos relacionados aos benefícios, ou não,
gerados pela aplicação dos dois sistemas fotovoltaicos, que utilizam a conversão direta
da energia solar em energia elétrica. Tal conversão é resultado dos efeitos de radiação
sobre alguns materiais semicondutores, em que se destaca o efeito fotovoltaico.
Além disso, os sistemas fotovoltaicos representam uma maneira eficiente, tanto
para consumidor utilizá-los conectados à rede de distribuição de energia elétrica (ON-
Grid), como também enquanto uma solução para atender pequenas demandas de
energia, em locais de difícil acesso (OFF-Grid).
Em países de alta renda, o propósito inicial dos sistemas fotovoltaicos era
fornecer energia elétrica de forma isolada da rede da concessionária de energia elétrica.
Posteriormente, e, de maneira gradativa, estes sistemas também se interconectaram à
rede elétrica.
Nesse mesmo ano, a Energia Solar Fotovoltaica perfez um total de 1.2% da
eletricidade gerada no Brasil, tendo este um papel fundamental na produção
descentralizada de eletricidade. Os programas de micro e minigeração preveem a
instalação de 250 MW de potência até 2023. Para além disso, os projetos de
autoconsumo de energia PV irão aumentar a percentagem de penetração desta no mix
energético brasileiro.

4
1.2 - OBJETIVOS

1.2.1 - Objetivo geral

Um estudo de viabilidade econômica de um sistema fotovoltaico OFF-Grid, para


atender pequenas residências em comunidades isoladas do estado do Amazonas, com a
conversão direta de energia solar em energia elétrica, criando uma sistemática de
implantação em uma residência ribeirinha isolada padrão.

1.2.2 - Objetivos específicos

- Desenvolver análises sobre o sistema fotovoltaico OFF-Grid, tanto do ponto de


vista técnico e econômico;
- Desenvolver uma sistemática de análise e implantação para residências isoladas
do sistema interligado à distribuidora de energia, com energia fotovoltaica OFF-
Grid para que desta forma possa ser replicada em todas as residências isoladas
de todo estado do Amazonas.

1.3 - CONTRIBUIÇÕES DA DISSERTAÇÃO

Os sistemas de energia renováveis em comunidades isoladas no Amazonas,


fotovoltaicos não conectados à rede elétrica brasileira, bem como a microgeração
fotovoltaica of grid, requer determinar metodologia de controle destes micros geradores
de energia of grid com qualidade que permita segurança técnica e econômica para os
empreendimentos futuros.
Com as crises do petróleo, a humanidade percebeu que poderia haver limites nos
estoques, que se tratava de uma fonte esgotável e que essa dependência comprometeria
o futuro energético do planeta. Muitos esforços foram dispensados em busca de
soluções que economizassem energia substituindo-a por formas alternativas. Isso pode
ser conseguido através de normas técnicas que garantem a qualidade da instalação e da
conexão à rede, o que, em nível mundial, é uma realidade: além das normas
internacionais da IEC, vários países possuem suas próprias normas.
A busca por novas fontes alternativas de energia está cada vez mais presente nos
dias atuais, uma vez que as tecnologias convencionais de energia que utilizam os

5
combustíveis fósseis causam negativos impactos socioambientais ao liberarem GEE na
Terra e, por consequência, contribuem para o aquecimento global e para as mudanças
climáticas.
Já a segurança econômica também está relacionada ao retorno do investimento
com o rendimento desejado, o que, por sua vez, está intimamente ligado à produção de
energia fotovoltaica.
A presente pesquisa buscará pelas oportunidades energéticas disponíveis para a
Amazônia, mais especificamente para estado do Amazonas, mostrando-se de excelente
oportunidade para o campo de aproveitamento de energia solar, energia fotovoltaica,
particularmente em áreas isoladas, sem acesso a rede nacional de energia elétrica.
Diante disso, a relevância deste trabalho, visa elaborar um processo de
normatização através do desenvolvimento de procedimentos para comissionamento e
caracterização da capacidade de produção de energia de um sistema fotovoltaico não
conectado à rede, ajudando na propagação da tecnologia no país.

1.4 - ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O trabalho é dividido em seis Capítulos com a introdução e conclusão, como é


descrito abaixo:
No Capítulo 1, é composto por Introdução, onde é apresentado o contexto da
pesquisa, as justificativas do estudo, os seus objetivos e a organização do trabalho e a
metodologia aplicada na dissertação.
No Capítulo 2 é feita uma rápida introdução aos sistemas fotovoltaicos
conectados à rede, com as principais definições, energia fotovoltaica no mundo, energia
fotovoltaica no Brasil, energia fotovoltaica no Amazonas.
No Capítulo 3 é apresentada a metodologia para calcular a energia produzida
por sistemas fotovoltaicos não conectados à rede, são abordados os principais
parâmetros de desempenho relacionados a sistemas fotovoltaicos on grid e of grid, com
ênfase na produtividade final e no desempenho global do sistema OFF-Grid para as
comunidades ribeirinhas isoladas no estado do Amazonas.
No Capítulo 4 é apresentado uma Tabela modelo de especificações para a
instalação elétrica de sistemas fotovoltaicos OFF-Grid, desconectados à rede em uma
residência ribeirinha isolada padrão.
No Capítulo 5 é apresentado as conclusões e sugestões.

6
CAPÍTULO 2

REVISÃO DA LITERATURA

2.1 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Os termos sustentáveis, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, embora


muito utilizados na literatura científica, no setor privado e nas políticas públicas, ainda
não possuem um consenso em termos de conceito. Na literatura, existe uma vasta
diversidade de conceitos, relacionada, de forma predominante, com o desenvolvimento
sustentável (PINTO et al., 2021).
Porém, os significados destes termos variam na literatura em virtude do número
de perspectivas e vinculações ao contexto e ao campo de atuação (PINTO et al.,2021).
Essa diversidade de conceitos é explicada pela falta de clareza dos termos, o que
também ocasiona um ponto de convergência das várias áreas epistemológicas
(MORAES, 2018).
Esses autores complementam que a definição é difícil e, mais ainda, a aplicação
de sua práxis, o que tem gerado discussões consistentes na literatura (FEIL, 2017).
LAZARETTI (2019) salienta que a inviabilidade de traduzir o discurso de
sustentabilidade e desenvolvimento sustentável se dá em razão da polissemia do termo,
o que tem prejudicado a sua credibilidade. Assim, os estudos sobre esses termos devem
reconhecer a existência de várias formas de sua utilização, sendo esta dependente da
orientação cognitiva (DOS ANJOS FURTADO, 2020).
O termo desenvolvimento sustentável foi popularizado e amplamente utilizado
nas décadas de 1980 e 1990 (LARA, 2017). Sua inauguração mundial ocorreu em 1987,
por meio do relatório da Comissão de Brundtland (CARVALHO, 2019), que incitou, no
início da década de 1990, uma enorme expansão da qualidade e do volume de
legislações ambientais, bem como de acordos internacionais que, além de mapearem o
perfil das alterações ambientais, também impulsionaram a mudança da política global
(COSTA, 2021).
ZANELLA et al. (2019), destaca que a Rio 92 estabelece uma série de
iniciativas para promover a aceitação da ideia de desenvolvimento sustentável. Na
percepção de (REIGOTA, 2017), na Rio 92 houve um esforço para reconhecer e
compartilhar as responsabilidades, com o intuito de alterar as tendências dos impactos

7
negativos sobre os recursos naturais. As conferências realizadas em 2002 (Rio +10) e
2012 (Rio +20) centraram-se em reforçar as discussões e os compromissos assumidos
frente à questão da sustentabilidade pelos setores privado e público; e o direcionamento
voltava-se à pobreza, à justiça social e ao crescimento e desenvolvimento econômico.
O entendimento do termo sustentável é propenso a diversos significados em
razão das diferentes perspectivas, motivações e aspirações dos pesquisadores ou grupos
sociais sobre o tema (ZANELLA, 2019), defendem que o termo é sobrecarregado de
ideias potencialmente conflitantes, tentando, assim, explicar os diversos significados.
CÂMARA et al. (2020), destacam que a sustentabilidade não é apenas uma
“moda ou tendência” valorizada por condições circunstanciais, mas sua importância
vincula-se à ética que orienta a conduta humana; nesse sentido, reflete os valores de
coragem, prudência e esperança.
DE BENEDICTO et al. (2020), sobre esse assunto, defendem que os valores, as
políticas e a compreensão do planeta e do sistema natural humano evoluem, e as noções
do que é sustentável não serão estáticas. A ideia de sustentável caracteriza-se como um
princípio aplicável a sistemas, envolvendo uma interação de sistemas dinâmicos que
mudam constantemente (PINTO JUNIOR et al., 2018).
Segundo SOUZA (2019), sustentável origina-se da viabilidade e da capacidade
adaptativa dos sistemas e envolve limites na capacidade dos recursos naturais de
absorverem o impacto causado pelo ser humano, e no contexto de abrangência de
desenvolvimento.
SOUTO (2019) destaca que é improvável que as gerações futuras venham a ser
iguais às gerações presentes em aspectos como necessidades, culturas, comportamentos,
entre outros.
REITER (2020), afirma que a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável
ocorrem por meio da sucessão de diversos estados, em oposição à preservação do status
quo. Nesse sentido, as necessidades das gerações atuais não são um problema, porém
estimar as necessidades das gerações futuras seria quase impossível (MORRIS, 2012).
O termo sustentável originou-se da expressão em idioma alemão “Nachhaltend”
ou “Nachhaltig” (longevidade) do livro Lyra, de CARLOWITZ, em 1713, em francês
“durabilité” (durável) e em holandês duurzaamheid e Duurzaam (sustentável) (HOFER,
2009).
Nesse contexto, o termo reflete uma solução à escassez de recursos naturais
desde a antiguidade, consolidando-se ao longo do tempo na cultura humana, em busca

8
da utilização desses recursos de forma contínua e perpétua. Essa reflexão corrobora a
afirmação de (BEGA, 2021), sobre a ideia de sustentabilidade não como um movimento
ambientalista moderno, mas como forma de pensar e de agir enraizada nas culturas das
sociedades, que vem amadurecendo durante três séculos. As forças motrizes do
surgimento da ideia de sustentabilidade, segundo SCHLÖR et al. (2012), foram
essencialmente às crises do sistema energético desde a antiguidade.
BOLIS et al. (2014) complementam que tal surgimento vincula- -se à melhoria
dos aspectos ambientais com impactos negativos, apresentando reflexos positivos na
economia e na sociedade.
O entendimento de sustentabilidade, por BELL e MORSE (2008), MOLDAN et
al. (2012) e SARTORI et al. (2014), consiste na capacidade de o sistema global,
contendo a integração do ambiental humano como um sistema indissociável, manter sua
qualidade e/ou propriedade em um nível próximo, igual ou superior à sua média
histórica, considerando-se as alterações dinâmicas provocadas pelas variáveis ao longo
do tempo.
DEMANBORO (2021) destacam que a sustentabilidade é a reunião de três tipos
de interesses simultâneos e em equilíbrio, compreendendo o aspecto ambiental,
econômico e social.
ALVES e DA SILVA (2021) defendem que a sustentabilidade compreende um
equilíbrio e as interações mútuas entre o objeto e seu ambiente de apoio, sem efeitos
prejudiciais a ambos.
A expressão sustentabilidade foi utilizada no contexto de desenvolvimento, pela
primeira vez, em 1974, em uma série de conferências sobre questões florestais. (KIDD,
1992). Porém, BARBOSA et al. (2014), salientam que a origem e o conceito de
sustentabilidade nesse contexto são desconhecidos. Apontam, no entanto, que uma das
primeiras definições surgiu na Primeira Guerra Mundial, conforme descrições de Lester
Brown em meados de 1980.
STRASBURG et al. (2021), salientam que o desenvolvimento sustentável como
definição possui suas raízes na publicação de Silent Spring, de CARSON (1962).
Portanto, a ideia de desenvolvimento sustentável foi entendida inicialmente da seguinte
forma: “[...] uma sociedade sustentável é aquela que pode satisfazer as suas
necessidades sem comprometer as chances de sobrevivência das gerações futuras”
(OSTROVSKI e PASSOS, 2012).

9
A definição de desenvolvimento sustentável não se refere a salvar a natureza,
mas à internalização de estratégias, agregando, assim, novos recursos para permitir o
crescimento econômico e a prosperidade compartilhada por todos. Esse termo,
desenvolvimento sustentável, refere-se a uma série de processos e práticas, envolvendo
ação, e tem como foco melhorar a qualidade da vida humana. (FEIL, 2017), fornecendo
uma visão de longo prazo “[...] para erradicar a pobreza, reduzir a desigualdade e tornar
o crescimento inclusivo, e produção e consumo mais sustentável” (DA SILVA, 2018).

2.2 - PRODUÇÃO DE ENERGIA FOTOVOLTAICA NO MUNDO

Atualmente, a capacidade do planeta de suportar os impactos ambientais


associados às atividades produtivas é que passa a ser percebida como um grande entrave
ao desenvolvimento sustentável.
BOYLE (2012), apud (CABRAL et al., 2015), em seu texto sobre energias
renováveis, onde foi indicado que mantidas as atuais tendências a população mundial
deverá ter um aumento em torno de 50%, o que por si só já levanta um grito de alerta,
mas que pelo menos já é consenso pelo mundo que as fontes de energia devem gerar
impactos nas mudanças climáticas irrisórios.
Em uma série denominada “Sustentabilidade”, manifesta-se de várias formas
que a demanda energética mundial ainda continua sendo o petróleo, mesmo com todas
as inversas opiniões sobre sua utilização e a solar ocupando o singelo 9º lugar
participando com 11% dessa demanda e afirmar categoricamente que o governo é
omisso em um assunto de tamanha importância.
“Abaixo na Figura 2.1”, demonstra o potencial da Europa, para utilização de
energia renovável, energia fotovoltaica onde é mostrado o potencial da energia solar nos
países europeus.

10
Figura 2.1 - Potencial solar fotovoltaico nos países Europeus.
Fonte: INSTITUTO OF ENERGY AND TRANSPORT – EUROPEAN COMMISSION
(2018).

Dentre as energias renováveis que vem apresentando um efetivo crescimento


mundial nas últimas décadas, está a energia solar fotovoltaica, por possibilitar a geração
de energia elétrica de forma distribuída, não necessitando, portanto, de extensas linhas
de transmissão e distribuição, por ser uma fonte silenciosa, que possibilita a instalação
de sistemas de diferentes potências e ainda por integrar-se à edificações no meio urbano,
sem necessitar de áreas extras para sua instalação (DOS SANTOS, 2020).
O uso desta fonte tem sido incentivado principalmente em países pertencentes à
União Europeia, através da adoção de programas governamentais, lançados com o
propósito de estimular o aumento no número de instalações, criando assim ganhos de
escala, que consequentemente reduzem os custos e contribuem para o aumento da
competitividade da indústria fotovoltaica em relação às fontes de energia convencionais.
Nestes países, o crescimento da capacidade instalada se dá principalmente em sistemas
conectados à rede elétrica.
As tendências atuais continuarem, a população mundial deverá aumentar a
demanda de energia primária mundial poderá aumentar em torno de 50%, o que
representa para os envolvidos com a questão energética. Pelo menos, agora existe um
amplo consenso de que o mundo deve mudar para fontes de energia de baixa emissão,
ou zero carbono, para que os impactos das mudanças climáticas sejam mitigados
(LAYRARGUES, 2017).

11
Figura 2.2 - Abastecimento de água município de Barreirinha, AM.
Fonte - ANEEL (2021).

Os incentivos por diferentes economias mundiais têm sido expressivos na busca


por energia vinda de fontes renováveis, com o firme propósito de reduzir o uso do
carvão, petróleo e outras fontes finitas e poluentes. Os países com economias mais
desenvolvidas estão à frente nesta questão, como será apresentado ao longo do trabalho
(OLAH et al., 2018).
Mesmo durante as grandes crises econômicas, o mercado fotovoltaico (FV)
cresceu notavelmente ao longo da última década e está no caminho para se tornar uma
importante fonte de geração de energia do mundo. Entre os anos 2006 e 2016
apresentou uma Taxa Composta Anual de Crescimento de 48%. Depois de ter atingido
um recorde de crescimento de 30 GW em 2011, comparativamente ao ano de 2010; em
2016, “como mostra a Figura 2.3”, o total global de instalações fotovoltaicas atingiu o
marco de 303 GW, sendo adicionado 75GW em capacidade quando comparado a 2015.
Estima-se que atualmente se tenha mais de 400 GW instalados no mundo inteiro
(SOLARIN et al., 2018).

12
Figura 2.3 - Capacidade instalada de energia solar global.
Fonte: RENDI (2018).

Na próxima seção os mecanismos de incentivo no mundo, a partir dos países em


que a energia solar teve e está tendo uma rápida evolução, em especial a China, EUA,
Alemanha, Japão e Austrália, verificando as condições que propiciaram esta rápida
expansão (KALUZINAS e ARTURAS, 2018).

2.1.1 - Mecanismos de incentivo à geração fotovoltaica no mundo

A Feed-in Tariffé um mecanismo utilizado por políticas públicas, destinadas a


acelerar o investimento em fontes renováveis por meio da criação de uma legislação que
obrigue as concessionárias regionais e nacionais a comprarem a eletricidade gerada em
valores acima do mercado, estabelecidos pelo governo. Isto se dá por meio da oferta de
contratos de longo prazo aos produtores de energias renováveis, normalmente com base
no custo de geração de cada tecnologia (SCHMIDT e SEWERIN, 2018).
O Renewable Portfolio Standards (RPS) é um regulamento que exige o aumento
da produção de energia a partir de fontes de energia renováveis, como energia eólica,
solar, biomassa e geotérmica.
O mecanismo RPS obriga as empresas de fornecimento de eletricidade a
produzir uma fração especificada de sua eletricidade a partir de fontes de energia
renováveis. Os produtores de energia renovável obtêm certificados para cada unidade de
eletricidade que produzem e podem vendê-los juntamente com a sua eletricidade para

13
suprir às empresas. As empresas, por sua vez, passam os certificados a um órgão
regulador para demonstrar sua conformidade com suas obrigações regulatórias, NCSL
(CARLEY, 2018).
A implementação de RPS no mercado resulta em concorrência, eficiência e
inovação fornecendo energia renovável ao menor custo possível, permitindo que as 5
energias renováveis compitam com fontes de energia de combustíveis fósseis mais
baratas (AWEA, 2018).
Os mecanismos de RPS foram adotados em vários países, incluindo o Reino
Unido, Itália, Polônia, Suécia, Bélgica e Chile, bem como em 29 dos 50 estados dos
EUA e o Distrito de Columbia. Já os Renewable Energy Certificates (RECs), também
conhecidos como certificados de energia verde ou certificados renováveis negociáveis, é
um instrumento baseado no mercado que representa os direitos de propriedade sobre os
atributos ambientais, sociais e outros não-poderes da geração de eletricidade renovável.
As RECs são emitidas quando 1 MW/h de eletricidade é gerado e entregue à rede
elétrica a partir de um recurso de energia renovável (CARLEY, 2018).
Também é possível receber um desconto em dinheiro do estado, município,
empresa de serviços públicos ou outra organização que queira promover a energia solar.
Os reembolsos geralmente estão disponíveis por um tempo limitado e terminam uma
vez que uma certa quantidade de energia solar tenha sido instalada. Os descontos,
rebates, podem ajudar a reduzir ainda mais os custos do sistema de10 a 20%
(ENERGYSAGE, 2018).
Outro mecanismo que merece destaque é o leilão incentivado, em inglês
tendering, este mecanismo busca promover o desenvolvimento efetivo das energias
renováveis ao fornecer um esquema de alocação não discriminatório e transparente que
diminui o suporte público. Como resultado, as propostas que participam dos leilões
buscam reduzir o custo da sociedade limitando os subsídios do governo às plantas com
melhor desempenho. Para atingir essas promessas, o design apropriado das propostas,
desde os critérios de pré-qualificação e execução até a regulação final é fundamental
(SOLARPOWER EUROPE, 2017), apud (MAIA, 2018).
Embora os RECs tenham sido fundamentais na implantação de renováveis em
certos países, como alguns europeus e Austrália, eles permanecem o instrumento menos
adotado globalmente. A fim de aumentar o uso de renováveis nas matrizes energéticas,
além de reduzir as barreiras para consumidores e aumentar a lucratividade, novas
formas de incentivos e modelos de negócios estão ganhando apoio dos formuladores de

14
políticas, por exemplo: esquemas de licitação, a medição líquida ou as políticas de
cobrança líquida, os bancos verdes e as obrigações verdes (ANDREWS e SPEED,
2019).

2.1.2 - Política e evolução dos incentivos

A China, país que atualmente lidera os investimentos em energias renováveis,


investiu aproximadamente USD 785 bilhões no setor fotovoltaico num período
compreendido entre 2004 e 2017, 73% a mais que os EUA que até então era o maior
investidor neste setor (BLOOMBERG, 2018).
Devido as favoráveis mudanças no ambiente político e econômico que
fomentam as fontes de energias renováveis no país, o setor FV vem crescendo cada vez
mais e, por esse rápido crescimento, a China vem enfrentando problemas de
congestionamento da rede elétrica e atrasos de interconexão. Para enfrentar estes
desafios o governo chinês priorizou e aumentou a transmissão de energias renováveis,
fato que atraiu mais indústrias voltadas ao setor energético para aumentar o consumo
local, além de incentivar a incorporação de grandes usinas (BLANCO et al., 2018).
Na China, o setor residencial é o setor que paga as tarifas mais baixas, em
comparação ao comercial e industrial, além disso, o proprietário do projeto recebe da
empresa de transmissão e distribuição de energia incentivo financeiro direto de cerca de
0,07 USD/kWh pelo excedente de geração de energia de seu projeto no mês de
referência, sendo o subsídio das FiTs (LI et al., 2018). Com esses incentivos houve uma
remodelação da indústria local e as circunstâncias de mercado interno auxiliaram os
produtores nacionais da cadeia de energia fotovoltaica a ganhar vantagens quando
comparadas a seus competidores internacionais. Atualmente dentre os 10 maiores
produtores de painéis fotovoltaicos no mundo em 2017 sete são empresas chinesas,
responsáveis pela produção de 72% dos módulos instalados no mundo em 2017
(BLOOMBERG, 2018).
Atualmente os EUA se destacam não somente por ser um dos países líderes em
geração de energia FV, mas sim por ter um mercado de energia solar que tem trazido
contribuições relevantes à expansão desta fonte em todo mundo. Isto é possível,
principalmente, por cada estado representar um mercado de energia separado, abrindo
espaço para diferentes modelos regulatórios, políticas públicas regionais e
consequentemente novos modelos de negócio.

15
Os incentivos financeiros e regulatórios têm diferentes tipos e níveis de alcance,
variando entre os diversos estados norte-americanos devido a uma série de fatores:
metas locais de redução de emissões, competitividade da energia FV distribuída com a
tarifa local, disponibilidade de diferentes fontes de geração. Não existe uma RPS
promulgada no país, mas 29 estados possuem uma RPS específica e variam de acordo
com as estruturas de mercado e modelos regulatórios vigente em cada estado, essa
variação se deve principalmente ao potencial de geração em cada estado (MAGUIRE e
MUNASIB, 2018).
A Califórnia é um exemplo de estado que possui grande irradiação solar e
diferentes incentivos. As companhias provaram a viabilidade da tecnologia solar,
mostrando que é possível geração de energia de baixo custo em larga escala como a
energia fotovoltaica. Hoje a energia solar desempenha um papel importante na
economia dos Estados Unidos, sendo responsável diretamente pela geração de mais de
130 mil empregos (BOLINGER et al., 2018).
Só no terceiro trimestre do ano de 2015, os Estados Unidos instalaram1 361 MW
de energia solar fotovoltaica, sendo o marco do oitavo trimestre consecutivo em que o
EUA instalou mais que um GW de capacidade FV. Em 2018, o presidente americano
Donald Trump se posicionou sobre o assunto, impondo o tipo de cada um (BOLINGER
et al., 2018). A Figura 2.4. Estados americanos que possuem RPS. Enquanto a energia
solar foi por muito tempo vista como uma escolha ambientalmente responsável, agora é
também vista pelas empresas como uma escolha fiscal inteligente.

Figura 2.4 - Estados americanos que possuem RPS.


Fonte: MAIA (2018).

16
Enquanto a energia solar foi por muito tempo vista como uma escolha
ambientalmente responsável, agora é também vista pelas empresas como uma escolha
fiscal inteligente. As companhias provaram a viabilidade da tecnologia solar, mostrando
que é possível geração de energia de baixo custo em larga escala como a energia
fotovoltaica. Hoje a energia solar desempenha um papel importante na economia dos
Estados Unidos, sendo responsável diretamente pela geração de mais de 130 mil
empregos. Só no terceiro trimestre do ano de 2015, os Estados Unidos instalaram 1.361
MW de energia solar fotovoltaica, sendo o marco do oitavo trimestre consecutivo em
que o EUA instalou mais que um GW de capacidade FV (GREEN e MARTIN, 2018).
Como resultado de todos os incentivos oferecidos, em 2015 a capacidade
instalada do setor FV no Japão cresceu em 11GW, levando a sua capacidade instalada
total para 34,4 GW. A energia solar fotovoltaica foi responsável por mais de 10% da
demanda de eletricidade nos dias com maior incidência de raios solares e representou
3% do total de geração de eletricidade no país (AHMAD, 2019).
Para incentivar ainda mais o uso de energias renováveis, o governo japonês
lançou o seu próprio programa de FiT em 2012, determinando que os serviços públicos
sejam obrigados a comprar 100% da energia gerada a partir de instalações solares de
mais de 10 KW por um período de 20 anos. Além disso, o Ministério da Economia,
Comércio e Indústria do Japão planeja conceder empréstimos a juros incentivados, para
que as empresas passem a alugar os painéis FV para telhados residenciais para
instalação de sistemas de pequeno porte. Neste modelo de negócio os proprietários
receberão um aluguel pelo uso de seus telhados, enquanto as empresas de energia solar
irão vender a produção dos sistemas à rede nacional de energia elétrica (BHATT e
NEGI, 2018).
A Figura 2.5 ilustra, em resumo, os incentivos e medidas oferecidos pelo
governo ao longo dos anos no setor fotovoltaico.

17
Figura 2.5 - Evolução dos incentivos no setor FV no Japão.
Fonte: MAIA (2018).

Até o final de 2015, pelo menos 22 países alcançaram a marca de 1 GW ou mais


de capacidade instalada. Os líderes de energia FV por habitante foram: Alemanha,
Itália, Bélgica e Grécia. Um dos principais incentivos a adoção de energia solar foi o
acordo da União Europeia, Europa 2020 assinado em 2010 que tem como objetivo a
redução de emissões dos gases de efeito de estufa em 20% relativamente aos níveis
de1990, ou em 30%, se as condições o permitirem; incremento em 20% da quota de
utilização de energias renováveis no consumo final energético; e incremento de 20% em
eficiência energética. Além do acordo, a expansão do setor FV foi resultado da redução
dos custos de implantação e de novas tecnologias, do interesse dos investidores e do
apoio político, aliado ao fato de que mais de 70% das novas instalações foram
financiadas por pequenas e médias empresas. A demanda por instalações solares atingiu
seu pico no continente em 2011 e depois, por 3 anos consecutivos, declinou.
De acordo com a estimativa da SUNPOWER EUROPE (2016), entre 2005 e
2015, a capacidade de geração de energia solar fotovoltaica na UE aumentou de 1,9
GW/h para 95,4 GW/h. Esse crescimento foi liderado principalmente pela Alemanha e
Itália, onde estavam localizadas 80% das instalações fotovoltaicas Europeias, no
período de 2004 a 2010.
A súbita expansão da energia fotovoltaica foi possível através de políticas
governamentais favoráveis, conjugada com a acentuada e continuada queda no preço
dos equipamentos instalados, em resultado da concorrência Chinesa. Em 2012 a Europa
era responsável por 75% da produção mundial de energia fotovoltaica.

18
Como consequência, as empresas insolventes no setor atingiram o auge na
Europa entre 2011 e 2012. Não caso da França o número de insolvências quase triplicou
(COFACE, 2015).
O expressivo aproveitamento da fonte solar na Alemanha foi resultado da
decisão estratégica de inserção de energia renovável em sua matriz energética,
reduzindo a participação da energia nuclear. Como foi falado anteriormente, a
Alemanha era líder mundial de capacidade de geração fotovoltaica instalada, sendo
oficialmente ultrapassada pela China em 2015. A primeira política de incentivo de
energia renovável implantada pela Alemanha ocorreu em 1990, quando foi adotada a
Eletricity Feed-in Law, que iniciou o sistema de preços para remuneração de geração
distribuída a partir de fontes renováveis (THE GERMAN ENERGIEWENDE, 2014).
Através do programa “Iniciativa 1.000 Telhados Solares” que a fonte solar se
tornou significante. A energia solar fotovoltaica teve seu marco na Alemanha a partir do
ano 2000, ao substituir a lei de 1990 pela Renewable Energy Sources Acrt, que
introduziu novas tarifas fixadas, tornando a implantação de painéis solares atrativas.
Com essa nova política, a pessoa física que instalasse o painel fotovoltaico em sua
residência tinha a garantia de vender a energia gerada ao sistema por um valor mais alto
que a média do mercado. Os incentivos ao setor eram pagos pelos consumidores finais
na forma de sobretaxa, um aumento chegando a 380%, destinada a subsidiar o
desenvolvimento da energia renovável como um todo.
Na União Europeia, as condições de mercado quase triplicaram (COFACE,
2015). Na União Europeia, as condições de mercado para FV variam substancialmente
de país para país. Os motivos para isso são as diferentes políticas energéticas e
programas de apoio público para energias renováveis, especialmente FV, bem como os
diferentes graus de liberalização dos mercados domésticos de eletricidade, além da
diferença de intensidade de irradiação em cada região do continente.
Como resultado do rápido aumento da geração incentivada, o governo reduziu os
incentivos e modificou esse modelo: estabeleceu-se um limite anual para compra de
eletricidade por esse sistema. A energia alemã estava sendo comercializada por valores
próximos ao dobro do que era praticado nos EUA, por exemplo. Desde maio de 2012, o
FiT é ajustado mensalmente dependendo da instalação real do trimestre anterior. A
revisão da Lei das Fontes de Energia Renováveis alemã em 2014 alterou o tamanho do
sistema para novos sistemas elegíveis para uma feed-in tariffe níveis introduzidos de
imposições sobre o autoconsumo, demonstrado por (ARANTEGUI, 2017).

19
A Austrália está situada numa região com alto índice de irradiação solar MME
(2017), e por meio de tratados políticos nos últimos anos tem se consolidado como uma
referência em geração de energias limpas, chegando a compor 17,2% de sua matriz
energética em 2017.
Ainda em 2001, o governo vigente, junto com os países da Common wealth
assinou o Mandatory renewable energy targets (MRET). O objetivo é expandir a
participação das renováveis em 20% da matriz energética até 2020. Para garantir isso o
Governo Federal ajustou a meta de 9,500 GW/h para33, 000 GW/h até o ano de 2020
(ALKEAID, 2018).
Em 2016 o país anunciou a geração de 17,500 GW/h, se aproximando da meta.
A política nacional RET é um incentivo para a indústria, voltada para acelerar novos
projetos na Austrália. Mesmo com a recente queda dos custos da energia eólica e solar
nos últimos anos, esse tipo de energia ainda concorre com fontes como carvão e gás,
desenvolvidas durante anos por diferentes administrações públicas. A função do RET é
a redução dessa desigualdade e para isso usa a estratégia de Large-scale Renewable
Energy Target (LRET) e Smallscale Renewable Energy Scheme (SRES) (ALKEAID,
2018).
O primeiro é voltado para a instalação em residências, que foge do escopo do
trabalho, e o segundo tem como meta a geração de 33,000 GW/h por usinas solares até
2020. Inicialmente era esperado que a meta do Large-scale Renewable Energy Target
(LRET) fosse atingida com energia eólica, porém a energia solar em grande escala teve
rapidamente os seus custos reduzidos durante os últimos anos. Outra vantagem para
essa modalidade é a capacidade de ser financiado e instalado rapidamente, podendo
entrar em operação antes do vencimento da meta em 2020. O RET funciona emitindo
certificados para cada MW/h produzido (HARTMANN et al., 2016).
Os certificados são então adquiridos pelas distribuidoras de energia e submetidos
para a agência responsável pela regulamentação de energias renováveis (Clean Energy
Regulator) para avaliar o compromisso da distribuidora perante o RET. Essa forma de
comercialização cria um mercado que incentiva ambas as partes interessadas. O efeito
das políticas de incentivo do país é o aumento da atratividade financeira. Atualmente a
energia solar já consegue competir com a energia eólica, e é mais competitiva do que
gás e carvão (NEWTON, 2016).
A adoção de energias renováveis no país não é homogênea. Em algumas regiões
onde a presença de energias renováveis é mais incipiente, o seu desenvolvimento está

20
sendo incentivado por meio de leilões, especialmente nos estados de Victoria e
Queensland. Segundo o corpo especialista em renováveis do governo australiano os
leilões têm como missão o desenvolvimento da região e economia como um todo, e não
somente redução de preços.
O primeiro é o preço definindo o valor por MW/h dos projetos de energia eólica
e solar: USD 44,11 / MW/h para eólica; USD41, 42 / MW/h para PV solar e USD 44,40
/ MW/h para PV solar com rastreamento. O segundo é o mecanismo conhecido como
contrato de diferença. Se o preço praticado pelas distribuidoras for maior do que esses
valores (e foi quase o dobro do que em Victoria durante a maior parte deste ano), o
proprietário do parque eólico retorna a diferença para o governo. É um mecanismo
interessante para incentivar o mercado, impondo limites para a rentabilidade das
Integradoras e criando um mercado mais sustentável.
A parte interessante virá enquanto os integradores de usinas eólicas e solares
precisam para torná-los viáveis. A tendência é isso ser decidido por uma proposta
competitiva do componente de preço fixo (valor base) do negócio, um custo por ano por
MW instalado. A região de Queensland também realizou leilões para a contratação de
400MW de energia renováveis, onde foram recebidas 115 propostas de 79 diferentes
companhias participantes.
Das propostas, 2.2 GW são de eólica e 6,4 GW de solar. O leilão faz parte de um
pacote para incentivos, que inclui a meta do estado de Queens land de atingir 50% de
sua matriz em renováveis até 2030. O cenário da Austrália é de uma série de incentivos
pontuais iniciados em 2012, e busca se beneficiar da alta irradiação do continente e
atratividade econômica da renováveis, além da redução de emissão de carbono no país,
seguindo a tendência mundial. o próximo capítulo apresentará um panorama do
mercado global e quantificará os investimentos em energia fotovoltaica nos países
desenvolvidos, em várias partes do mundo.

2.3 - MERCADO DE ENERGIAS LIMPAS E FOTOVOLTAICO NO MUNDO

Muitas empresas incluindo desenvolvedores e integradores, companhias de


investimento e grandes bancos, entraram no mercado de financiamento de energia solar.
A maioria das estruturas para desenvolvimento dos projetos envolvem dois
componentes chaves:

21
- Capital próprio de um ou mais investidores aplicado diretamente ou para o
desenvolvedor do projeto Special Purpose Vehicle (SPV), também conhecido
como “companhia de projeto”.
- Empréstimo limitado para um ou mais credores, assegurados contra os ativos
possuídos pelo SPV, conforme publicação (IRENA, (2015).
O mercado fotovoltaico (FV) tem se mostrado um modelo de geração de energia
versátil e conservador. Isso fica claro com a crescente adoção mundial do novo modelo,
mesmo em cenários de crise global. Segundo as informações da Bloomberg New
Energy Finance -BNEF, o investimento mundial em energias limpas totalizou USD
333,5 bilhões em 2017, um aumento de 3% em relação ao ano anterior, que foi de USD
324,6 bilhões. O ano de 2017 foi importante para a energia solar, pois consolidou a
queda do valor da energia contratada. Sistemas típicos de médio e grande porte em 2017
ofereceram a mesma quantidade de MW com redução de seus valores em 25% quando
comparados aos dois últimos anos (BNEF, 2017).
Mesmo com redução significativa de seus custos, a energia solar representou a
maior parte dos investimentos em renováveis, totalizando USD 161bilhões, um aumento
de 18% em relação a 2016. Um pouco mais da metade desses investimentos, USD 86,5
bilhões, foram investidos na China, investimento esse, duas vezes maior que 2016,
integrante do grupo econômico que compreende Ásia – Pacífico e Austrália (APAC)
(BNEF, 2017).
A China superou a previsão de capacidade instalada em 20 GW, principalmente
por dois motivos:
- Os responsáveis pela regulamentação do mercado cederam à pressão da
indústria, oferecendo subsídios para além do orçado, que se concretizarão nos
próximos anos dos empreendimentos;
- Com os ganhos de escala da indústria a tecnologia se tornou popular no país,
com a instalação de projetos descentralizados e centralizados, atendendo
consumidores residenciais e industriais.
O país se destacou pelo investimento de USD 132,6 bilhões em energias limpas,
valor que representa 40% do investimento global na área (BNEF, 2017).
Esse aumento expressivo da China tira a atenção para mudanças também
interessantes, como o aumento em 150% dos investimentos em energias renováveis na
Austrália,

22
Movimentando USD 9 bilhões em 2017.Na Europa, o mercado mais
desenvolvido, investiu USD 57,4 bilhões com uma queda de 26% quando comparado ao
ano de 2016. A Figura 2.6, apresenta a variação dos investimentos, que após serem
concentrados na Europa estão tendo destaque na Ásia (BNEF, 2017).

Figura 2.6 - Investimentos globais em energias limpas por região, 2004-2017.


Fonte: BLOOBERG NEW ENERGY FINANCE (2018).

Além da Ascenção dos países asiáticos, nota-se o crescimento do mercado das


Américas. Após a China, o segundo país com mais investimentos são os EUA,
responsável por USD 56,9 bilhões de investimentos, representando 1% de aumento em
relação ao ano anterior, mesmo que a administração vigente do país não valorizar os
investimentos em renováveis (BLOOMBERG, 2018).
Já o grupo econômico que compreende a Europa, África e os Emirados Árabes
Unidos (EMEA) se manteve relativamente estável, quando se leva em consideração a
redução do mercado Europeu. Isso é justificado pelo desenvolvimento do mercado de
países do Oriente Médio, que diferente de outros mercados, concentra sua capacidade
instalada em projetos de grande escala.
Os dois maiores projetos a serem comercializados no ano de 2017 estão no país:
- A usina solar Marubeni Jinko Solare Adwea Sweihancom 1,2 GW tendo um
investimento de USD 899milhões e,
- A usina solar Sheikh Mohammed Bin Rashid Al Maktoum III, uma instalação
com 800 MW com investimentos de aproximadamente USD 968 milhões.,
segundo os dados de (BLOOMBERG, 2018).
Neste mesmo contexto, a Figura 2.7 apresenta a proporção dos investimentos em
energia fotovoltaica por região.

23
Figura 2.7 - Investimentos globais em energias limpas por região, 2013-2016.
Fonte: BLOOBERG NEW ENERGY FINANCE (2018).

A região da Ásia se destaca, com aumento de 75% nos investimentos, passando


de USD 28 bilhões em 2013 para USD 49 bilhões em 2016. Os maiores investimentos
vieram da China, dado principalmente pelas incorporadoras que aceleraram seus
projetos no país, para que estes não fossem atingidos pela redução das Feed-in tariffs
(IRENA, 2018).
Para projetos anunciados em 2017, os integradores serão beneficiados com as
antigas feed-in tariffs somente se completarem a usina até 20 de junho de 2018,
justificando os grandes investimentos na área no curto período (IRENA, 2018).
Nas Américas o crescimento de USD 16 bilhões em 2013 para USD 32 bilhões é
justificado pelo crescimento constante nos EUA, aumentando de USD 13 bilhões para
USD 31 bilhões em 2016, um crescimento anual composto de 30% (IRENA,2018).
Nos países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OECD) da Ásia os investimentos foram estáveis de 2013 a 2015, com
média de USD 33 bilhões anuais até 2016, quando reduziram para USD 13 bilhões. Isso
ocorreu principalmente pelo Japão, onde os investimentos passaram de em média USD
31 bilhões entre 2013 a 2015 antes de cair para 12 bilhões em 2016, quando as tarifas
Feed-in foram reduzidas (IRENA, 2018).
A Figura 2.8, busca ilustrar as políticas japonesas apresentadas anteriormente.

24
Figura 2.8 - Investimentos japoneses em energias limpas por setor 2004-2017.
Fonte: BLOOBERG NEW ENERGY FINANCE (2018).

Diferente do Mercado europeu, o Japão demandou mais tempo para atingir a sua
quantidade máxima de investimentos, devido principalmente aos acontecimentos que
levaram a energia solar a ser pauta no país, como foi mencionado no capítulo anterior.
As quedas na região da Europa Ocidental também são justificadas pela redução das
feed-in tariffs, principalmente no Reino Unido onde houve uma redução de mais de
50% entre 2015 e 2016, IRENA (2018). Na região da Ásia também existe uma parcela
do crescimento da Índia, onde em 2016 chegou a ser investido USD 8 bilhões em
energia solar.
A Figura 2.9, ilustra o crescimento dos investimentos em energia solar,
comparando-os com os investimentos em outras energias limpas.

Figura 2.9 - Investimentos globais em energias limpas por setor 2004-2017.


Fonte: BLOOBERG NEW ENERGY FINANCE (2018).

25
Nota-se que os maiores investimentos em 2006 eram em energia eólica,
bioenergia, estando a energia solar em terceiro lugar. A partir de 2010 os maiores
investimentos globais em energia limpa se concentram na energia solar, sendo 50,4%
maiores em 2017 que a energia eólica (BLOOMBERG, 2018).
Entre 2013 e 2016 investimentos privados corresponderam a 87% dos
investimentos em energias renováveis, chegando a USD 300 bilhões em 2015. Já a
participação de investimentos públicos varia de 12% a 16% entre 2013 e 2015, com
uma média de USD 40 bilhões, antes de reduzir para USD 21 bilhões em 2016 (IRENA,
2016).
Mesmo parecendo pouco, os investimentos públicos são essenciais para
incentivar a adoção de novos modelos de negócios, incluindo instrumentos regulatórios
e incentivos fiscais. No total 147 países tinham em vigor algum tipo de incentivo a
energias renováveis no ano de 2016 como apresentado no capítulo anterior (REN21,
2017).
A Figura 2.10, apresenta o aumento dos investimentos privados, que ilustra o
amadurecimento do mercado em comparação aos investimentos públicos.

Figura 2.10 - Investimentos públicos e privados em energias renováveis 2013-2016.


Fonte: IRENA (2018).

2.4 - TECNOLOGIA E SEUS CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO

A energia solar possui diferentes modalidades, sendo dividida em três classes:


- Geração centralizada ligada à distribuidora: São conhecidas como Usinas ou
Utility Scale. Recebem essa classificação os projetos a partir de 1 MW,
descentralizados, ou seja, não conectados diretamente ao lugar de consumo da
energia.

26
- Geração descentralizada ligada à distribuidora: É conhecido como Geração
Distribuída no Brasil e engloba os sistemas residenciais e menores que 1 MW.
- Geração Off-Grid: Geração em sistemas remotos, onde a energia sobressalente é
armazenada em baterias. Devido a atratividade econômica e a grande proporção
dos projetos, que será apresentada a seguir, a geração solar centralizada está
claramente em tendência de crescimento.
A Figura 2.11 ilustra a grande proporção das usinas solares frente geração Off-
Grid e distribuída no mundo.

Figura 2.11 - Segmentação das instalações de energia solar mundialmente 2006-2016.


Fonte: IEA PVPS (2018).

Além da tendência de crescimento dos projetos de Usinas, temos também a


redução nos seus custos, como mostra a Figura 2.12.

Figura 2.12 - Decomposição dos custos da energia solar USD/WATT 2010-2017.


Fonte: NREL (2017).

27
Mudanças em grande escala do sistema energético global definiram os novos
cenários futuros, a rápida implantação e a queda dos custos das tecnologias de energia
limpa foram variáveis importantes; desde 2010, os custos da nova energia solar
fotovoltaica caíram 70%, a energia eólica em 25% e, os custos de baterias em 40%. Em
2016, os gastos dos consumidores mundiais com eletricidade aproximaram-se dos
valores dos gastos com produtos de petróleo, segundo a (WORLD ENERGY
OUTLOOK, 2017).

2.5 - PRODUÇÃO DE ENERGIA NO BRASIL

A radiação solar que incide na Terra em um ano é 10.000 vezes maior que a
demanda energética neste mesmo período, podendo ser considerada uma fonte
inesgotável. No Brasil, o processo de urbanização está tendo consequências desastrosas
e descontroladas, uma vez que a demanda de serviços, equipamentos públicos,
transportes, comércio, tecnologia, tem causado uma série de transtornos na dinâmica das
cidades. A energia é um ponto chave na sociedade moderna, onde se faz necessário o
aporte adequado de energia para o seu desenvolvimento pleno, pujante, se faz
necessário para o desenvolvimento, sempre alinhado com a responsabilidade ambiental,
dando preferência a energia limpa, renovável.
O governo brasileiro reconheceu a eletricidade como sendo um direito do
cidadão, fomentando o acesso a quase 15 milhões de pessoas desde o ano de 2003, no
âmbito do programa "Luz para Todos". No entanto, partes consideráveis do país,
incluindo parte da região amazónica, ainda não têm acesso aos serviços de energia
elétrica, notadamente devido às longas distâncias e aspectos geográficos desafiadores.
De acordo com o relatório anual e de sustentabilidade do setor elétrico brasileiro
referente ao ano de 2020 (ELETROBRAS, 2020), e com base nos dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2018 o Brasil possuía uma população total de
203.610 milhões de habitantes. O consumo total de eletricidade no referido ano atingiu
475.432 GWh, o número de consumidores foi de 77.171 mil, dos quais 69.007 mil eram
clientes residenciais que consumiam, em média, 167kWh por mês (IBGE, 2018).
No Brasil, utiliza-se a energia termelétrica de forma estratégica, pois esta pode
ser produzida em uma quantidade constante durante o ano inteiro, apesar da grande
emissão de carbono na atmosfera, diferentemente das hidrelétricas, as quais possuem a
produção dependente do nível de rios.

28
A geração de energia por Motor Gerador é estratégica, porém, com um elevado
custo de implantação e manutenção. O Brasil dispõe de uma matriz elétrica de origem
predominantemente renovável, com destaque para a geração hidráulica que responde
por 65,2% da oferta interna. As fontes renováveis representam 74,5% da oferta interna
de eletricidade no Brasil, que é a resultante da soma dos montantes referentes à
produção nacional mais as importações, que são essencialmente de origem renovável, as
demais fontes somadas representam 25,5%. Atualmente, há uma autoprodução de
energia elétrica injetada à rede pública, cuja nomenclatura on grid ou grid tie,
denominação oriunda do próprio inversor utilizado (ELETROBRAS, 2018).
A ANEEL a partir de abril de 2012 protocolou uma resolução normativa de
número 482, na qual estabelece condições gerais para acesso de microgeração e de
minigeração de energia elétrica e cria maneiras para compensar essa produção. Hoje,
qualquer pessoa ou empresa pode gerar sua própria energia para consumo.
O sistema adotado no Brasil é conhecido internacionalmente como net-meeting.
Assim, o consumidor-produtor de energia paga em sua conta de energia apenas a
diferença entre o seu consumo e a sua produção.
O excedente de produção (se houver) é convertido em créditos que serão
abatidos da sua conta dentro do próprio mês ou em até 36 meses, garantido à adequação
as sazonalidades de produção e consumo. Os créditos excedentes podem ser utilizados
em outras unidades consumidoras desde que atendidas pela mesma distribuidora de
energia e sob mesmo nome do titular que recebeu o crédito. Essa pesquisa ficara
pautada na microgeração de energia elétrica a partir de células fotovoltaicas of grid,
desligada do sistema nacional de energia elétrica. Sistema Energético Nacional,
demonstrado na Figura 2.12 (ANEEL, 2017).
O potencial de aproveitamento da energia solar no Brasil é muito grande, pois a
maior parte do território nacional está localizada na região intertropical, o que resulta
em altos índices de radiação. No entanto, a utilização desta energia na matriz elétrica
brasileira ainda é incipiente, sendo poucos os sistemas conectados à rede, voltados
principalmente à projetos de pesquisa desenvolvidos por instituições acadêmicas. As
principais aplicações da tecnologia fotovoltaica no país são relativas a sistemas
autônomos, ou seja, não conectados à rede e dependentes de um acumulador de energia
(baterias), voltados principalmente à telecomunicação, à eletrificação rural e ao
bombeamento de água em regiões isoladas.

29
A energia eólica é, dentre as fontes renováveis de energia elétrica, a que vem
recebendo maior incentivo do governo brasileiro através do PROINFA – Programa de
Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, 2001 coordenado pelo Ministério
de Minas e Energia. Segundo o ATLAS DO POTENCIAL EÓLICO BRASILEIRO
apud (PEREIRA et al., 2006), o potencial eólico nacional é de 143,5 GW, indicando
que esta forma de geração poderá, em médio prazo, ser uma importante fonte
descentralizada e complementar de energia acoplada a rede elétrica, segundo abordado
por (PEREIRA et al., 2006).

Figura 2.13 - Sistema energético nacional 2017.


Fonte: ANEEL, HORIZONTE (2017).

2.6 - ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO BRASIL

Apesar do Brasil possuir 90% das reservas mundiais economicamente


aproveitáveis de silício nosso País, sendo que a indústria de geração FV utiliza Si de
grau solar (grau de pureza de 99,9999%). No ano de 1997 foram usadas 690 toneladas
(t) de Si para a fabricação fotovoltaica e 7600 t para eletrônicos (Si com grau de pureza
de 99,999999%). O uso do silício para fabricação de módulos FV cresce mais a
purificação e produção do silício não é feita no nosso país, do que para uso eletrônico.
Módulos solares FV, baseados na tecnologia tradicional do silício cristalino (forma
mono cristalina, denominados genericamente por silício cristalino), sofreram uma
redução de custos apreciável, desde suas primeiras aplicações no fornecimento de
energia elétrica para satélites conforme (MONTENEGRO, 2000).

30
O Brasil, conforme MME (2017), possuía, ao final de 2016, 81 MW de energia
solar fotovoltaica instalados, o que representa cerca de 0,05% da capacidade instalada
total no país. Do total de 81 MW existentes em 2016, 24 MW correspondiam à geração
centralizada e 57 MW à geração distribuída. A baixa utilização da energia solar no
Brasil chama mais atenção quando verificamos as condições favoráveis ao
desenvolvimento da fonte no país. O Brasil, de acordo com EPE (2012), possui altos
níveis de insolação e grandes reservas de quartzo de qualidade, que podem gerar
importante vantagem competitiva para a produção de silício com alto grau de pureza,
células e módulos solares, produtos esses de alto valor agregado.
De acordo com o Operador Nacional de Sistemas (ONS) em 26/10/2017, os
níveis dos reservatórios são os mais baixos já registrados, menores ainda que os de 2001
que levaram a um racionamento de energia elétrica no Brasil. O nível na Região Sudeste
/ Centro-Oeste, a maior responsável pela geração de energia elétrica no país, está em
17,96% de sua capacidade, na Região Sul 44,79%, na Região Nordeste 6,61% (sendo
Sobradinho apenas 3,14%) e na Região Norte com 22,49% ONS (2017).
Sem ter outra alternativa, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),
realizou audiência pública e publicou nota onde altera os valores cobrados pelas
bandeiras tarifárias: a bandeira Amarela passa de R$ 2,00 para R$ 1,00 a cada 100kWh
consumidos, a Bandeira Vermelha Patamar 1 continua R$ 3,00 a cada 100kWh
consumidos e a Bandeira Vermelha Patamar 2 passa de R$3,50 para R$5,00 a cada
100kWh consumidos, aumento neste último de 42,86% (todos os valores sem
impostos), o que dá uma indicação da gravidade em que se encontra o sistema elétrico e
a sua atual dependência das fontes hidrotérmicas (ANEEL, 2017).
Entretanto, o repasse destes valores para o consumidor final não resolve o
problema da geração, apenas indica a forma como ela tem ocorrido e repassa os custos
extras ocorridos pela geração termoelétrica às tarifas de energia elétrica. Estes fatores
contribuem para a mudança do modelo hidrotérmico adotado pelo governo federal, onde
se evidencia ainda mais a necessidade quanto a utilização de outras fontes de geração de
energia elétrica como a eólica e a solar.
Sob o aspecto de planejamento energético de longo prazo, estima-se que o Brasil
necessitará em 2050 algo em torno de 1.605 TW/h/ano, um acréscimo de
aproximadamente 1.000 TW/h/ano entre 2015 e 2050 MME (2016b). Diante desta visão
e das barreiras e limitações de cada fonte, torna-se ainda mais necessária a

31
diversificação da matriz elétrica brasileira em todas as regiões do Brasil de forma a
atender as demandas futuras (ANEEL, 2017).
Este cenário tem também favorecido a geração distribuída (GD), que fornece
energia elétrica próxima ao ponto de consumo, contribuindo também na diminuição das
perdas de energia, que em 2016 foram de aproximadamente 16%, o equivalente a toda
energia elétrica gerada por Itaipu ao longo de um ano (TIEPOLO et al., 2012), MME
(2017). A participação das fontes energéticas na produção de energia elétrica na matriz
elétrica brasileira e global é mostrada na Figura 2.14.

Figura 2.14 - Produção de energia elétrica global e Brasil por tipo de fonte.
Fonte: Adaptado REN21(2010-2017) e MME (2012-2017).

A maior participação da fonte hidráulica na matriz elétrica brasileira leva a uma


tarifa de energia elétrica não tão elevada por esta possuir um custo de produção mais
baixo quando comparada as demais fontes utilizadas. Mas quando associada às
precipitações abaixo das médias históricas que têm ocorrido em grande parte do
território, notadamente a partir de 2012, e consequentemente ao maior despacho das
termoelétricas utilizadas para suportar o déficit de geração, gera como consequência um
maior custo médio da energia e indica a necessidade de se repensar no modelo de
geração de energia elétrica adotado no país. Conforme abordado por TIEPOLO et al.
2012; e o relatório do (MME,2017).
Apesar deste grande potencial hídrico, a expansão de hidroelétricas na matriz
elétrica brasileira e paranaense encontra-se em declínio devido à dificuldade de explorar
o potencial ainda não utilizado, e devido às pressões da sociedade e entidades públicas e
ambientais, necessitando o estado de pesquisas através de outras fontes de energia
complementares, principalmente através de sistemas fotovoltaicos conectados à rede –
SFVCR (TIEPOLO, 2016).

32
Fatores restritivos à implantação de SFVCR, como os custos dos componentes,
possuem cada vez menos influência quanto à decisão de se instalar estes sistemas, visto
que os valores têm continuamente diminuído no mercado internacional, aliado ao
aumento do custo da energia elétrica no Brasil, com uma forte tendência de reajustes
acima da inflação nos próximos anos (TIEPOLO, 2016).

2.6.1 - Potencial brasileiro de geração de energia solar fotovoltaica

De acordo com (PEREIRA et al., 2006), a média anual de irradiação global


apresenta uma boa uniformidade no Brasil, com médias relativamente altas em todo o
território. Os valores de irradiação solar global incidente em qualquer região do
território brasileiro (1500-2.500) são superiores aos da maioria dos países europeus,
como Alemanha (900-1250 Wh/m²), França (900-1650 Wh/m²) e Espanha (1200-1850
Wh/m²), locais onde projetos de aproveitamentos solares são amplamente disseminados,
conforme mostrado nas Figuras 2.1 e 2.16.
Segundo (PIETZCKER et al., 2014) a energia fotovoltaica (FV) apresentou um
crescimento substancial nos últimos anos ao mesmo tempo em que obteve reduções
consideráveis de custos, aumentando-se assim o desafio em se estabelecerem modelos
de matrizes energéticas integradas combinando diferentes fontes energéticas e,
vislumbrando o fato da energia solar ser um modelo dominante a longo prazo.

Figura 2.15 - Mapa de radiação solar do Brasil.


Fonte: ELETROBRAS:ATLAS BRASILEIRO DE ENERGIA SOLAR 2017.

A energia do sol pode ser utilizada para produzir eletricidade através do efeito
fotovoltaico, que consiste no surgimento de uma tensão elétrica em um material
semicondutor exposto a uma luz visível. Desta forma, é possível converter radiação

33
solar em corrente elétrica através de uma célula fotovoltaica, composta por duas
camadas de material semicondutor dos tipos P e N, uma grade superior de coletores
metálicos e uma base metálica interior, que são os terminais elétricos que no fim fazem
a coleta da corrente elétrica produzida pela ação dos fótons, que energizam os elétrons
das duas camadas, uma inicialmente com excesso e a outra com falta de elétrons.
A Figura 2.16, ilustra esta estrutura da célula com o efeito fotovoltaico e uma
placa comercial (BLUE SOL, 2011).
A energia fotovoltaica, ou energia solar, é considerada a mais limpa, ecológica e
abundante, podendo ser produzida mesmo em dias nublados e chuvosos. Quanto maior
a radiação solar maior será a quantidade de eletricidade produzida. Para a produção
desse tipo de energia são utilizados os módulos fotovoltaicos, mostrados na Figura 2.16
e 2.17, que são compostos por células fotovoltaicas normalmente feitas de silício ou
outros materiais semicondutores, quando a radiação solar atinge o painel há a circulação
de elétrons devido ao material semicondutor constituinte, e então se gera uma corrente
elétrica.

Figura 2.16 - Estrutura de uma célula fotovoltaica.


Fonte: BLUE SOL (2019).

Figura 2.17 - Composição de um painel fotovoltaico.


Fonte: BLUE SOL (2019).

34
A partir da geração da corrente elétrica ocorrida nas células fotovoltaicas, são
utilizados inversores de frequência, que tem a função de converter a corrente contínua
produzida pelos módulos em corrente alternada, sincronizando a frequência e
adequando os níveis de tensão com a rede da concessionária local, possibilitando a
injeção na mesma. Através da alteração do medidor convencional unidirecional pelo
medidor bidirecional é possível mensurar e faturar o saldo energético, controlando
assim o consumo e geração de energia independente, isso quando conectado a rede de
distribuição elétrica, que serve como exemplo, e não faz parte do esquema a ser
discutido nessa dissertação (BLUE SOL, 2011).

2.7 - A ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO NORTE DO BRASIL

Ambientalmente falando o Amazonas está na vanguarda de uma economia que


comumente chamada de verde, ou seja, sustentável, e ainda tem como contribuir para
garantir que as mudanças climáticas globais sejam minimizadas e garantam assim,
manutenção da qualidade de vida no planeta. Os temas discutidos na Rio+20 giraram
em torno de dois eixos. Um sendo o do desenvolvimento sustentável e a erradicação da
pobreza, E o segundo em governança ambiental (GUTEMBERG, 2014), torna explicito
o que já era oficiosamente conhecido, o governo brasileiro ainda não apoia de forma
clara a mudança da matriz energética para fontes mais limpas, por estar equivocado em
ver somente o primeiro dos eixos mencionados da Rio+20 e segundo, o ambiental que
este sim irá refletir indubitavelmente quando desenvolvido na erradicação da pobreza.
Na Figura 2.18, demonstra o potencial da Região Norte, em especial o estado do
Amazonas, objeto do nosso estudo, com um grande potencial para a utilização em larga
escala da energia fotovoltaica, conforme a figura citada.

35
Figura 2.18 - Radiação solar global em destaque o Amazonas.
Fonte: ATLAS BRASILEIRO DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL (2017).

2.8 - COMUNIDADES ISOLADAS NO AMAZONAS

Sendo o estado do amazonas a maior região do Brasil possui uma proporção de


comunidades isoladas, sem acessibilidade à energia elétrica.
No Estado do Amazonas, de aproximadamente 4.600 comunidades
contabilizadas, apenas (0,7%) são supridas com energia elétrica da concessionária local,
a Amazonas Energia, este é um dos Estados brasileiros com o maior índice de
propriedades rurais não eletrificadas, 73%, ou cerca de 75 mil domicílios, com base em
dados do MME (Ministério das Minas e Energia).
A distribuição da região norte é feita de forma separada, onde se acompanham a
calha de rios que permitem a locomoção e o suprir dos habitantes. Assim, a dispersão e
a baixa demanda por energia fazem com que o atendimento por extensão de rede se
torne muito pouco atrativo, para as concessionárias de energia, e em muitos casos acaba
por inviabilizar o atendimento, devido ao elevado custo da linha de transmissão para
transportar a energia (ANEEL, 2017).
Para atender algumas comunidades isoladas, a Amazonas Energia,
concessionária do Estado do Amazonas, utiliza a energia térmica que tem como
principal combustível o óleo combustível. Entretanto, para o transporte de combustível
até essas comunidades, por via fluvial que é feito através de embarcações, leva-se em
média 45 dias, muitas vezes interrompendo o fornecimento da energia elétrica antes que
as térmicas sejam abastecidas (ANEEL, 2017).
Dessa forma, optou-se pelo atendimento via geração descentralizada,
preferencialmente através de fontes de energia renováveis.

36
Foi a partir da criação do PROINFA, em 2002 (Lei n 10.438/2002, alterada pela
Lei nº 10.762/2003) que o Estado passou a ser responsável pela eletrificação das
comunidades excluídas do sistema de energia elétrica. O artigo 15 da lei 10.438/2002
introduz a possibilidade de universalização ser realizada mediante o uso de fontes
alternativas de energia, como a eólica, a solar, a biomassa e pequenas centrais
hidrelétricas: “Art. 15 - Visando a universalização do serviço público de energia
elétrica, a ANEEL poderá promover licitações para outorga de permissões de serviço
público de energia elétrica, em áreas já concedidas cujos contratos não contenham
cláusula de exclusividade.
A Amazonas Energia fez solicitações formais ao agente financiador do
Programa “Luz para Todos”, ELETROBRÁS, e encaminhou os documentos
necessários, obtendo em novembro de 2009 a aprovação de financiamento. Naquele
mesmo período a ELETROBRÁS obteve na ANEEL através da Resolução Autorizativa
nº 2.150/2009, autorização para implantação em caráter piloto de atendimento as 13
comunidades isoladas com a adoção de faturamento tipo pré-pagamento de mini redes
solares de energia elétrica.
22 “Art. 1º Autorizar a Amazonas Energia a implantar projeto piloto, conforme
os prazos e condições estabelecidas nesta Resolução. Parágrafo único. A autorização de
que trata esta Resolução aplica-se somente ao atendimento das comunidades de:
São Sebastião do Rio Preto, no Município de Autazes; Democracia, no
Município de Barcelos; Terra Nova, no Município de Barcelos; Nossa Senhora do
Carmo, no Município de Beruri; Mourão, no Município de Eirunepé; Santo Antônio, no
Município de Eirunepé; Nossa Senhora de Nazaré, no Município de Maués; Santa
Luzia, no Município de Maués; Santa Maria, no Município de Maués; São José, no
Município de Maués; Aracari, no Município de Novo Airão; Bom Jesus do Puduarí, no
Município de Novo Airão; Sobrado, no Município de Novo Airão.
Das doze minis usinas fotovoltaicas que fazem parte do projeto, dez já estão em
operação, mas ainda falta serem atendidas as Comunidades de Mourão e Santo Antônio
no município de Eirunepé (ELETROBRAS, 2010).
Na Figura 2.19, mostra uma Minis-usinas Fotovoltaicas no interior do Estado do
Amazonas.

37
Figura 2.19 - Miniusinas fotovoltaicas no interior do estado do Amazonas.
Fonte: AMAZONAS ENERGIA (2020).

A expectativa é que o novo sistema represente uma melhoria importante na


qualidade de vida das populações beneficiadas, na medida em que oferecerá
aperfeiçoamento nas condições dos serviços de utilidade pública, como o
funcionamento das escolas no período noturno e a melhoria no atendimento em postos
de saúde, entre outros benefícios (WALLIS, 2019). Com a instalação das minis redes de
energia solar, houve significativa melhora no IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano) local. As famílias beneficiadas pelo projeto são agora mais um grupo de
pessoas incluídas socialmente. O projeto trouxe diversos benefícios, tanto para as
comunidades quanto para o comércio local, pois possibilitou que seus moradores
pudessem adquirir equipamentos eletrônicos e consequentemente aumentar a atividade
econômica dos municípios onde estão situadas (MANDELLI et al., 2016).
O fornecimento de energia trouxe muitos outros benefícios às comunidades
isoladas. Recentemente, a comunidade São João do Ipecaçu, na Reserva Amanã –
Amazonas inaugurou o “Energia Solar para Inclusão Digital”, um projeto que tem como
objetivo oferecer conhecimentos em informática, energias renováveis e de preparação
de jovens para o mercado de trabalho. A partir do projeto realizado com as placas
solares, os jovens puderam ter acesso a diversas disciplinas, entre elas informática,
manutenção de computadores e assuntos específicos sobre placas fotovoltaicas
(ANAEEL, 2017).
Os sistemas solares fotovoltaicos isolados (off-grid), foram a melhor opção para
atendimento das comunidades isoladas na região do Amazonas, porque além de
ecologicamente corretos, custaram menos que os sistemas convencionais, sendo, desta
forma economicamente viáveis (JÚNIOR, 2019).

38
Logo, os projetos diminuem a necessidade de o governo investir na construção
de usinas e cabos de distribuição, uma vez que a energia é produzida mais perto do
consumidor. Além das vantagens ecológicas, pois grandes obras como linhas de
transmissão que cruzam a Amazônia, podem ser reduzidas ou evitadas. Um grande
auxílio ao desenvolvimento de muitas comunidades locais e à preservação de nossas
florestas.

39
CAPÍTULO 3

MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 - MATERIAIS

3.1.1 - Descrição dos equipamentos

Os sistemas OFF-Grid são conhecidos como sistemas isolados ou, também,


conhecidos como sistemas não conectados à rede elétrica. Estes sistemas trabalham de
forma autônoma, isto é, não trabalham em paralelo com a rede elétrica convencional.
A Figura 3.1 apresenta cargas do tipo CC e do tipo CA conectadas ao sistema
fotovoltaico isolado. Os sistemas isolados, conforme o próprio nome sugere, não estão
conectados à rede elétrica de distribuição convencional. Estes sistemas podem atender
cargas CC sem armazenamento, cargas CC com armazenamento, cargas CA sem
armazenamento e cargas CA com armazenamento.

Figura 3.1 - Diagrama de sistema fotovoltaico em função da carga utilizada.


Fonte: FPME, (2019).

Nestes contextos, os sistemas OFF-Grid são sistemas desconectados ou isolados.


Portanto, não dependem da rede da concessionária para gerar energia elétrica em
períodos como a noite, em que os sistemas não produzem energia. Para isso, eles
possuem um sistema de armazenamento de energia, por meio da utilização de baterias.

40
As Figuras 3.1 e 3.2, representam um modelo de sistema OFF-Grid e o seu
diagrama em função da carga utilizada, respectivamente.

Figura 3.2 - Equipamentos do sistema.


Fonte: CRESESB, 2006.

Descrição dos equipamentos:

1. PAINEL FOTOVOLTAICO
A célula solar é um dispositivo eletrônico semicondutor, que utiliza o efeito
fotovoltaico para produzir a eletricidade a partir da energia solar. O silício é o material
mais utilizado ultimamente na fabricação das células.

2. CONTROLADORES DE CARGA
Os controladores protegem a bateria ou o banco de bateria contra sobrecarga ou
descarga profunda. O controlador de carga é usado em sistemas pequenos, em que os
aparelhos utilizados são de baixa tensão e corrente contínua (CC). Em sistemas
isolados, esses controladores de carga não devem falhar, pois pode haver dados
irreversíveis. Além disso, eles devem ser projetados de acordo com as características
dos variados tipos de bateria. Quando a bateria atinge plena carga, os controladores
devem desconectar o gerador fotovoltaico e interromper o fornecimento de energia se o
estado de carga da bateria atingir um nível mínimo de segurança. Assim, há o aumento
de vida útil das baterias. O ajuste dos parâmetros, bem como a escolha do método de
controle devem ser adequados aos diferentes tipos de baterias.

41
3. BATERIAS
Nos sistemas isolados há a utilização de alguma forma de armazenamento de
energia, em que se pode realizar por meio de baterias, a fim de que o consumidor possa
utilizar aparelhos elétricos ou, ainda, na forma de energia gravitacional, ao se bombear
água para tanques em sistemas de abastecimento. Alguns sistemas isolados não
necessitam de armazenamento, o que é o caso da irrigação, onde toda a água bombeada
é diretamente consumida ou estocada em reservatórios.
Atualmente, são vários os tipos de baterias existentes no mercado, porém, por
motivos econômicos, as baterias chumbo ácidas ainda são as mais empregadas para fins
fotovoltaicos, ainda que outros tipos apresentem maior eficiência e vida útil, a exemplo
do Níquel-Cádmio, do íon de Lítio etc.

4. INVERSOR

Para alimentação de equipamentos de corrente alternada é necessário um


inversor. Este dispositivo geralmente incorpora um seguidor de ponto de máxima
potência, necessário para otimização da potência final produzida. Este sistema é usado
quando se deseja mais conforto na utilização de eletrodomésticos convencionais.
Os sistemas isolados, conforme o próprio nome sugere, não estão conectados a
rede elétrica de distribuição convencional. Estes sistemas podem atender cargas CC sem
armazenamento, cargas CC com armazenamento, cargas CA sem armazenamento e
cargas CA com armazenamento.
Tal pesquisa teve como propósito analisar o tempo de retorno do investimento
em energia solar de uma unidade consumidora, que deixa de comprar energia elétrica da
concessionária, a fim de tornar-se independente da distribuidora de energia elétrica para
gerar sua própria energia. Tal UC é composta por quatro consumidores de energia
elétrica, com um consumo médio mensal de R$ 250,00, quando ainda era conectada à
rede da concessionária de energia.
Pode-se perceber por meio da figura 3.3, que o valor à vista deste sistema na
referida empresa é de R$ 12.501,25. A economia mensal para os consumidores dessa
unidade consumidora é de R$ 137,74 e o payback é em seis anos. Neste caso, o sistema
solar fotovoltaico é composto por cinco módulos fotovoltaicos, com uma potência de
pico de 1.825 kWp e com uma produção de energia mensal estimada de 232 kWh,
conforme mostra a Figura 3.3.

42
Figura 3.3 - Demonstrativo econômico.
Fonte: SOFTWARE BLUE INTELBRAS, (2020).

Figura 3.4 - Sistema OFF-Grid em números – Orçamento.


Fonte: SOFTWARE BLUE INTELBRAS, (2020).

Os sistemas FV (fotovoltaicos) podem contribuir para a capacidade máxima de


uma rede quando o pico de demanda ocorre no período diurno. A maioria das capitais
brasileiras tem esse comportamento e, quanto maior é a demanda no verão, em
comparação com o período de inverno, maior é a possibilidade de a carga coincidir com
a disponibilidade do recurso solar.
Algumas importantes contribuições da geração fotovoltaica, no caso da geração
distribuída, são:

43
- Fácil instalação, já que é necessário um curto tempo para a execução dos
projetos;
- Redução da demanda de transmissão de energia elétrica por longas distâncias,
uma vez que há uma proximidade com os centros de carga;
- Redução das perdas elétricas, impactos socioambientais negativos e
minimização dos custos.
Já os sistemas OFF-Grid atendem a um propósito específico e local,
diferentemente dos sistemas ON-Grid. O propósito principal dos sistemas isolados é
atender localidades em áreas remotas. Por isso, o fornecimento de energia pela rede
elétrica convencional torna-se inviável, devido às dificuldades de acesso e aos altos
custos para construção de subestações e de longos circuitos de transmissão e
distribuição, para atender a uma pequena demanda pontual ou algumas poucas unidades
consumidoras.
Algumas vantagens dos sistemas fotovoltaicos isolados estão apresentadas
abaixo:
- Aumento da taxa de autoconsumo;
- Resiliência às flutuações da rede elétrica;
- Autonomia diante da interrupção do fornecimento de energia elétrica.
O uso de sistemas fotovoltaicos em comunidades isoladas são uma boa
alternativa o ponto de vista econômico, social e ambiental, tendo em vista que,
geralmente, estas comunidades são constituídas por moradores de baixa renda ou baixo
nível de educação, os quais nem sempre tem acesso à informação e a serviços de
saneamento básico e outros que aumentam e muito a vulnerabilidade desta população.

3.1.2 - Local de instalação

Os critérios de seleção para instalação de energia fotovoltaica em pequenas


comunidades isoladas:
- Carência de fornecimento de energia elétrica;
- Realidade socioeconômica da população local;
- Aprovação da prefeitura;
- Aceitação da comunidade local;
- Incidência de radiação solar.

44
3.2 - DETALHAMENTO DOS COMPONENTES DO EQUIPAMENTO DE
ILUMINAÇÃO

3.2.1 - Painel solar

Os painéis solares fotovoltaicos são os responsáveis por transformar a energia do


sol em energia elétrica. São constituídos por células fotovoltaicas (células foto
eletroquímicas) ou simplesmente "células solares". Os painéis PV são construídos para
fornecer potência elétrica através de corrente contínua (CC). Os módulos podem ser
conectados em série ou em paralelo, conforme ilustra a Figura 3.5 e Figura 3.6:

Figura 3.5 - Placa solar.


Fonte: ABSOLAR (2019).

Figura 3.6 - Vista geral da mini rede em uma comunidade no Amazonas.


Fonte: AMAZONAS ENERGIA (2020)

45
3.2.2 - Acumulador de energia (Bateria)

As Baterias são acumuladores energia elétrica, destinada a fornecer energia em


caso de picos de consumo ou em caso de falha no sistema de retificação e/ou na falta de
energia primária, que trabalham em local fixo. A Figura 3.7 ilustra uma bateria tipo
estacionaria.

Figura 3.7 - Bateria (acumulador de energia).


Fonte: GROWATT (2022).

A bateria utilizada leva em consideração a potência da luminária, estimando o


tempo de uso em 10 h. A tensão da luminária é de 12V e o consumo total do
equipamento é de 300Wh, sendo assim, a capacidade da bateria é de 125Ah.
As baterias de ciclo profundo são projetadas para suportar um número maior de
ciclo de carga e descarga, além de poderem descarregar-se mais do que as
convencionais. As baterias de chumbo ácido estacionarias são consideradas de ciclo
profundo, enquanto as baterias automotivas não podem sofrer mais do que 20% de
descarga, as estacionárias de ciclo profundo podem descarregar-se até 50% ou 80% sem
perder sua capacidade de recarga. O termo estacionária e de ciclo profundo
normalmente se confundem quando nos referimos as baterias de chumbo ácido que
possuem essas características. Embora essas denominações tenham significados
diferentes, uma bateria estacionária de chumbo ácido quase sempre é também uma
bateria que aceita descargas profundas, recebendo classificação de bateria de ciclo
profundo.
A vida útil de uma bateria também é permanentemente reduzida pelo seu
envelhecimento, que está diretamente relacionada com a temperatura de operação ou de
armazenamento.

46
A vida útil de uma bateria estacionária de chumbo ácido com eletrólitos líquido
também está relacionada a profundidade de descarga da seguinte forma:
- 2500 ciclos: descarga de 10%;
- 1500 ciclos: descarga de 20%;
- 500 ciclos: descarga de 50%.
O procedimento que contribui para o aumento da vida útil da bateria é a
manutenção do estado de carga em baterias de chumbo ácido através do procedimento
da flutuação (manutenção da carga quando não está em uso), a operação em ambientes
de temperatura controlada e o uso de controlador de carga para evitar sobrecargas e
descargas muito profundas (FOSTER et al., 2009).

3.2.3 - Controlador de carga

O controlador de carga é um dos principais componentes de um sistema


fotovoltaico, tem a função de proteger as baterias contra descargas profundas e excesso
de carga. Dessa forma, aumenta sua vida útil e assim garante que toda energia produzida
pelos painéis solares seja armazenada com maior eficiência nas baterias. A Figura 3.4,
ilustra um controlador de carga. O controlador de carga é responsável por monitorar o
valor da tensão nos terminais da bateria e impedir que continue sendo carregada quando
a tensão de carga é atingida. Para evitar a sobrecarga, o controlador de carga desconecta
o painel solar do sistema quando a bateria atinge seu nível máximo. A proteção de
descarga excessiva, também chamada de função de desconexão com baixa tensão, é o
recurso do controlador de carga que faz com que o consumo de energia do sistema
fotovoltaico seja interrompido quando a bateria atinge um nível crítico de carga. Esse
nível tipicamente ocorre quando a tensão da bateria está próxima de 10,5V na bateria de
chumbo ácido estacionária.

3.2.4 - Inversor de frequência

O inversor de frequência tem a função de transformar energia de corrente


contínua (CC) para corrente alternada (AC). O inversor deve dissipar o mínimo de
potência, de modo a evitar perdas e produzir uma tensão com baixo teor de harmônicos.
Inversores isolados comumente operam com tensões de entrada de 12, 24, 48 ou 120

47
Volts (CC) que geralmente são convertidos em 120 ou 240 Volts (CA), na frequência de
60 ou 50 Hertz. A Figura3.8 ilustra este tipo de inversor.

Figura 3.8 - Inversor de frequência.


Fonte: GROWATT (2022).

- Consumo Residencial Previsto


O sistema suporta o uso de 3 lâmpadas fluorescentes de 9W por 4 horas cada,
recomendado das 19h as 22h; um refrigerador com capacidade máxima de 200 lts, com
potência de 64 W e consumo máximo de 24 kWh/mês de uso continuo, 1 TV de no
máximo 21 polegadas, 1 rádio, 1 antena parabólica, durante 6 horas por dia em horários
diversos.
Neste sistema não é possível utilizar: forno de micro-ondas, ferro de passar
roupas, secador e alisador de cabelos, ferramentas elétricas em geral, lâmpadas
incandescentes, freezers, micro system, chuveiro elétrico, sanduicheira, máquina de
lavar roupas.

- Distribuição da Energia Elétrica


A energia elétrica gerada é distribuída para as unidades consumidoras através de
rede de distribuição na tensão de 127 V, monofásica, com cabos de alumínio nu,
sustentados por postes em madeira.

48
CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 - SISTEMA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA OFF-GRID

O projeto de viabilidade da implantação do sistema de iluminação pública


utilizando o sistema OFF-GRID, se obteve como resultado o dimensionamento do
sistema de iluminação pública de acordo com as normas da NBR5101.
Inicialmente, foi definido o provável local do sistema de iluminação OFF-GRID,
e em seguida, foi elaborado o projeto de dimensionamento para suprir a necessidade de
iluminação do respectivo local. Por fim, foi feito o cálculo do tempo para que todo o
sistema seja pago, ou melhor, o cálculo de paybeck do projeto.

4.1.1 - Dimensionamento do Sistema solar Off Grid

Segundo o INPE (2017), o Brasil possui um grande potencial no que diz respeito
à geração fotovoltaica de energia elétrica, conforme será mostrado no mapa da Figura
16. A título de exemplo, no local menos ensolarado do Brasil, é possível gerar mais
eletricidade solar do que no local mais ensolarado da Alemanha.
Dimensionamento Técnico:
De modo a dimensionar corretamente o sistema a instalar, torna-se necessário
que o aproveitamento da energia solar seja ajustado à procura energética. Uma vez que
a energia produzida não corresponde, na maior parte das vezes, à procura pontual de
energia de um consumidor concreto, torna-se necessário considerar um sistema de
armazenamento.
Conhecendo a carga diária consumida pela casa é possível calcular,
essencialmente, os seguintes pontos, para cada um dos intervalos estudados, no caso de
um sistema autossuficiente:
1. Determinar qual o consumo a alimentar;
2. Quanta energia deverá produzir o sistema PV por dia, de forma a colmatar o
consumo;
3. Potência de pico a instalar;
4. Dimensionamento energético do banco de baterias.

49
Os passos 2. e 3. são feitos de forma diferente para os intervalos considerados
de inverno e os de verão (note-se que no seguinte capítulo será feita uma explicação
mais detalhada desta disparidade). A justificação para a diferença anterior reside no
facto de, no inverno, o objetivo principal do sistema instalado ser a acumulação de
energia ao longo de 4 dia seguidos (de segunda-feira a quinta-feira). Deste modo,
procura-se garantir que exista produção de energia suficiente para ser armazenada e
utilizada no fim de semana (de sexta-feira a domingo), no caso de não existir radiação
solar suficiente para que o sistema instalado supra as necessidades energéticas.

Figura 4.1 - Esquema do dimensionamento energético: Componentes do mesmo.

A energia produzida pelos módulos PV é encaminhada para um regulador de


carga, de forma a garantir que não existam sobrecargas ou descargas no sistema. Esta
energia é, então, retida em baterias. A corrente gerada pelos módulos é contínua (DC) e
tanto o regulador como as baterias funcionam com este tipo de corrente. A colocação de
um inversor adequado permite o consumo da energia produzida pelo sistema PV, uma
vez que este faz a conversão de corrente DC para corrente alterna (AC).

- Cálculo da potência a instalar


O sistema proposto a instalar terá que satisfazer a Carga a considerar (seja esta
diária, semanal ou mesmo mensal). Para, além disso, a potência necessária de painéis
solares a instalar depende da eficiência total do sistema a considerar.

𝜂𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 [%] = 𝜂𝑐𝑎𝑏𝑜𝑠×𝜂𝑟𝑒𝑔×𝜂𝑏𝑎𝑡×𝜂𝑖𝑛𝑣


(4.1)

Assim, pode-se calcular a potência dos painéis solares:

𝑃𝑃𝑉[𝑘𝑊ℎ] = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎/ 𝜂𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎


(4.2)

50
Em seguida, é feito o cálculo da potência de pico Pp, importante para o
dimensionamento da matriz fotovoltaica. Este é o valor mínimo a instalar de painéis
fotovoltaicos.

𝑃𝑝[𝑘𝑊] = 𝑃𝑃𝑉/ 𝑃𝑆𝐻


(4.3)

A designação PSH refere-se a “Peak Solar Hours” (horas solares de pico) e


corresponde ao número de horas existentes em que a radiação solar é constante e com o
valor 1 kW m-2 num determinado local.

- Módulos fotovoltaicos a utilizar:


Nesta parte, é necessário a escolha da tensão em corrente contínua (VDC) para a
qual o sistema vai operar. De forma geral, é recomendado que a tensão de
funcionamento do sistema aumente com o aumento de carga diária consumida. Para
cargas pequenas (até 1kWh diários) pode utilizar-se 12V como valor de VDC. Já para
cargas intermédias (3 a 4 kWh por dia), recomenda-se os 24V. Para cargas diárias
maiores (acima de 4 kWh diários), deverá adotar-se VDC de 48V. Esta escolha leva a
uma diminuição de perdas pelo sistema (Sustainable Energy Industry Association of the
PACIFIC ISLANDS, 2012).
É possível calcular o número de módulos por string7 (𝑁𝑝) e o número de strings
(𝑁𝑠), assumindo que a configuração será de um número de painéis em série
(correspondente a uma fileira – string), em paralelo com outra fileira de painéis.

𝑁𝑠 = 𝑉𝐷𝐶 / 𝑉𝑚𝑚𝑝
(4.4)

𝑁𝑝= 𝑃𝑝 / 𝑃𝑚×𝑁𝑠
(4.5)

Para as duas equações anteriores, considere-se que:


- 𝑃𝑚 corresponde à potência nominal do painel escolhido;
- 𝑉𝑚𝑚𝑝 corresponde à tensão no ponto de potência máxima do painel a
considerar, informação que se encontra disponível na ficha técnica dele.
Desta forma, o número total de módulos (𝑁) é dado por:

𝑁 = 𝑁𝑠×𝑁𝑝
(4.6)

51
- Banco de baterias e respetiva capacidade:
O banco de baterias deverá ter uma determinada capacidade de armazenamento
CM, em Amperes-hora (Ah), que depende no número de dias de autonomia pretendido,
n. Para, além disso, há que considerar a energia que é perdida através dos cabos e a
profundidade de descarga (𝐷𝑜𝐷) das baterias.

( )
𝜂 ( )
𝐶 [ ]
𝐷𝑜𝐷 (4.7)

O passo seguinte consiste no cálculo do número de baterias. Para tal, no caso de


a capacidade do sistema ser maior que a capacidade da bateria fornecida pelo fabricante,
é feita a determinação de qual o número de baterias a colocar em paralelo através da
expressão seguinte.

𝐶
𝑁
𝐶
(4.8)

Na Eq. (4.8), 𝐶𝑏 diz respeito à capacidade unitária de cada bateria escolhida para
o banco de armazenamento (feito posteriormente). Se a tensão do sistema for maior que
a tensão da bateria selecionada, então o número de baterias a colocar em série vai ser
igual ao valor resultante da expressão seguinte:

𝑉
𝑁
𝑉
(4.9)

Por fim, pode calcular-se o número total de baterias.

𝑁 𝑁 𝑁
(4.10)

- Consumo energético
De modo a que se consiga fazer um correto dimensionamento do sistema a
implementar, torna-se necessário conhecer o perfil de consumo da habitação. Para tal, é
importante determinar quais os equipamentos que consomem energia, quais as suas
potências e quando são ligados, com o objetivo final de traçar o perfil do consumidor.
Para tal, foram disponibilizados dois tipos de dados pelo cliente:

52
1. Faturas de eletricidade – de abril a outubro;
2. Leituras retiradas pessoalmente pelo próprio no período compreendido entre 7
de setembro e 13 de novembro. De acordo com o proprietário, foram todas
retiradas à mesma hora do dia, entre as 19h e as 20h.

Figura 4.2 - Média da produção diária para sistemas PV dimensionados para suprir os
consumos nos diferentes períodos.

De forma a que o sistema PV consiga alimentar por completo a carga diária da


habitação, a produção diária de eletricidade deverá variar entre os seguintes
valores/alturas do ano, assinalados nas linhas a tracejado na figura anterior:
a) 37.1 kWh/dia para o mês de setembro;
b) 12.3 kWh/dia para o mês de dezembro.
É possível observar que, em dezembro, existem dois dimensionamentos nos
quais a 𝑃𝑃 proposta para instalação conseguem atingir a produção diária necessária
(períodos 2 e 4). No entanto, apenas uma destas propostas de sistema PV consegue, em
setembro, produzir o valor referenciado em a), proposta esse referente ao período 2.
Assim sendo, podem finalmente explicitar-se quais os casos limitantes para a presente
concepção de sistema energético, tendo em conta os dados disponibilizados pelo cliente
e os requisitos dele:
- Verão: por ser a altura de maior utilização da habitação, como já referido, é a
altura de maior procura energética e, consequentemente, é nestes períodos que se
impõe calcula a potência a instalar de módulos fotovoltaicos;
- Inverno: impõe o número de baterias a instalar.

53
Figura 4.3 - Produção de eletricidade: Rede vs Sistema PV.

Posto isto, a fração da fonte de energia renovável para esta proposta é de 0.75,
ou seja, a penetração de energia solar é 75%. Desta forma, verifica-se que a rede elétrica
é apenas usada para suprir aproximadamente 25% do consumo energético.

4.2 - VANTAGENS E DESVANTAGENS E ANILISE ECONOMICA

Ao falar de energia fotovoltaica, deve-se analisar a viabilidade tanto do


investimento quanto o retorno esperado. Quando analisado pelo aspecto econômico, há
grandes vantagens, porém ao ser avaliado financeiramente, deve-se realizar diversos
cálculos a fim de saber o custo do investimento inicial e em quanto tempo poderá ter o
retorno desse investimento.
Para o cálculo do consumo elétrico usado no sistema, realizou-se uma coleta de
dados mensais de energia consumida pelas casas do conjunto, totalizando uma média
diária de 4,366 kWh por cada casa do projeto, é necessário ter a média de consumo em
horas de cada dia. Por meio de entrevistas com moradores do assentamento foi coletado
informações de uso de aparelhos domésticos, para que assim ser realizada a curva de
carga.

54
Figura 4.4 - Curva de carga referente às 10 casas do projeto.

O modelo proposto para o projeto é uma comunidade localizada no


assentamento, composta por 10 casas sendo obtido no total, uma carga média diária de
87,32 kWh, com um pico de carga de 8,4 kW.

- Pesquisa de mercado e especificações técnicas

Para o cálculo de preços dos equipamentos utilizados no sistema, foi realizado


uma pesquisa de mercado entre os fornecedores nacionais dos componentes. Para os
painéis fotovoltaicos obteve-se uma média de preço por cada 550W de painéis, também,
foi realizado uma média de preço para o inversor.
Os resultados mostram que para sistemas off-grid o sistema híbrido apresenta-se
como a solução viável diante dos sistemas propostos. O resultado é visto por meio dos
custos do NPC, COE e pelos custos dos equipamentos. A maior redução em
comparação aos outros sistemas foi referente a quantidade de baterias, de 24,7% em
relação ao sistema somente solar e 69,27% em relação ao sistema eólico, além de que o
acoplamento do aerogerador resultou em uma redução de 11% em custos de placas
fotovoltaicas, mostrando que a complementariedade dos sistemas fotovoltaicos e eólicos
na região estudada reduz o uso de baterias e aumenta a eficiência da produção elétrica
produzindo mais energia com menos equipamentos.

55
Ainda assim, em comparação à sistemas conectados à rede elétrica, o sistema
híbrido proposto se torna menos atrativo devido ao seu alto custo. Sistemas conectados
à rede elétrica não necessitam do uso de baterias para armazenar o excedente elétrico,
visto que ele é enviado a rede elétrica da concessionária e é retornado ao cliente quando
o sistema híbrido não é capaz de suprir a demanda elétrica, os custos totais das baterias
representam 45,21% do custo total do projeto. Este valor significativo é resultado vida
útil de 4 anos das baterias estacionárias de chumbo-ácido. Entretanto, os sistemas off-
grid podem ser viáveis em locais isolados, onde o custo para levar energia elétrica por
meio de concessionárias se tornam altos e inviáveis à companhia elétrica.
Espera-se que em um futuro próximo, sistemas híbridos off-grid possa ser mais
viáveis economicamente, pois, conforme o avanço da tecnologia é esperada a redução
dos custos de produção dos equipamentos utilizados além do aumento da eficiência dos
mesmos e também o desenvolvimento e utilização de outros sistemas de
armazenamentos mais eficientes.

4.2.1 - Vantagens do poste de iluminação solar fotovoltaica

- Viabilidade – Por ser uma estrutura estática, é muito utilizada em locais isolados
e requer pouca manutenção;
- Fácil Portabilidade – Como os módulos são muito adaptáveis, isto permite que
as montagens sejam muito simples e adaptáveis as mais diversas necessidades de
geração de energia. Os sistemas podem ser dimensionados para utilizações onde
são necessários desde alguns mili-watts até alguns kW;
- Custo Operacional Reduzido – Nota-se que pelo fato de não precisar
praticamente de manutenção e por ser uma estrutura estática sem a necessidade
de qualquer intervenção humana, além do fato de não utilizar qualquer
combustível, estas características fazem dos Painéis Fotovoltaicos uma fonte de
energia barata sob o ponto de vista operacional;
- Energia Limpa e Renovável – Uma das mais reconhecidas qualidades da
tecnologia fotovoltaica está relacionada à ecologia. Essa é uma energia cujo
produto é livre de poluição e obviamente não afeta o meio ambiente.

56
4.2.2 - Desvantagens do poste de iluminação solar fotovoltaica

- A alta tecnologia necessária para a fabricação das células fotovoltaicas requer


investimentos elevados;
- Baixo rendimento operacional, pois a conversão da energia solar em energia
elétrica fica em no máximo de 28% de eficiência conseguidos em condições
ideais de laboratório. Porém, sabe-se que na prática, o que é visto são painéis
fotovoltaicos com conversão inferior correspondendo a 10% de eficiência;
- A energia gerada por painéis solares é muito menos competitiva em termos de
custos que a energia gerada por geradores à gasóleo (diesel). Porém, como já foi
dito anteriormente, por ser uma energia limpa muitas vezes é a única opção
válida devido ao fato de o gasóleo ser muito poluente;
- Quando é preciso montar um sistema de armazenamento de energia sob a forma
de baterias, o custo deste sistema pode se tornar ainda mais elevado.

4.2.3 - Análises ambientais

O sistema fotovoltaico não emite poluentes durante sua operação, é muito


promissor como uma alternativa energética sustentável. Entretanto gera impactos
ambientais a serem considerados. O impacto ambiental mais significante do sistema
fotovoltaico para geração de energia solar é gerado durante a fabricação de seus
materiais e construção. Fato esse relacionado a questões de área de implantação.
Segundo TOLMASQUIM (2004), de forma geral o sistema fotovoltaico
apresenta os seguintes impactos ambientais negativos. Emissões e outros impactos
associados à produção de energia necessária para os seguintes processos de fabricação:
transporte, instalação, operação, manutenção e descomissionamento do sistema.
Emissões de produtos tóxicos durante o processo da matéria-prima para a
produção dos módulos e componentes periféricos, tais como: ácidos e produtos
cancerígenos, além de CO2, SO2, NO2 e particulados.
Ocupação de área para implementação do projeto e possível perda de habitat
(crítico apenas em áreas especiais) – no entanto, sistemas fotovoltaicos podem utilizar
áreas e estruturas já existentes como: telhados, fachadas entre outros.

57
Impactos visuais que podem ser minimizados em função da escolha de áreas
não-sensíveis; Riscos associados aos materiais tóxicos utilizados nos módulos
fotovoltaicos (arsênico, gálio e cádmio) e outros componentes: ácido sulfúrico das
baterias (incêndio, derramamento de ácido, contato com partes sensíveis do corpo).
Necessidade de se dispor e reciclar corretamente as baterias (geralmente do tipo
chumbo-ácido, e com vida média de quatro a cinco anos) e outros materiais tóxicos
contidos nos módulos fotovoltaicos e demais componentes elétricos e eletrônicos. A
vida útil dos componentes corresponde em média 20 e 30 anos.
A quantificação dos impactos ambientais em função da obtenção de Energia
Solar podem estar relacionadas à: Gases poluentes não emitidos na atmosfera,
comparando-se a emissão de poluentes por energia gerada com o recurso solar e a
gerada pela queima de derivados de petróleo – massa de poluente emitido x (kWh);
Área ocupada x produção de energia (GWh/ha) – aplicável às térmicas solares
concentradas e estações centrais fotovoltaicas, riscos de acidentes em manutenções por
(kWh); Riscos de incêndio x produção de energia; Ciclo de vida dos componentes dos
sistemas.
Emissão de poluentes no processo de fabricação dos componentes dos sistemas;
Emissão de poluentes x riscos de acidentes e outros.

58
CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1 - CONCLUSÕES

Os sistemas OFF-Grid não são conectados à rede elétrica e são mais utilizados
em regiões remotas, longe dos grandes centros urbanos, uma vez que não dependem da
energia elétrica da distribuidora de energia para funcionarem.
A geração solar fotovoltaica tem vários benefícios econômicos, sociais e
ambientais. Dentre os quais, os principais são: maior liberdade de escolha aos
consumidores, que passam a gerar e controlar melhor os próprios gastos com energia
elétrica; a geração de muitos empregos locais e de qualidade; o baixo impacto ambiental
e a contribuição para o desenvolvimento sustentável.
Porém, o crescente aumento da fabricação de componentes utilizados em
sistemas fotovoltaicos gera maior preocupação com relação ao correto descarte destes
componentes. Neste sentido, devem ser desenvolvidos produtos com menores impactos
ambientais. Ainda, faz-se necessária a utilização de coletas, tratamento e reciclagem
adequados, a fim de que materiais nocivos não sejam liberados no meio ambiente.
A iluminação de vias públicas pode ser uma ferramenta de grande relevância
para devolver à uma determinada população a segurança e liberdade para transitar e
ocupar o ambiente urbano que é dela por direito.
A aplicação de tecnologias sustentável como os postes alimentados por energia
solar pretende ser uma opção viável. os sistemas OFF-Grid não são conectados à rede
elétrica e são mais utilizados em regiões remotas, longe dos grandes centros urbanos,
uma vez que não dependem da energia elétrica da distribuidora de energia para
funcionarem. A ideia base do projeto é de que ele seja replicável, portanto, mesmo
depois de ser finalizada a primeira edição, ele poderá ser expandido para outras
localidades, além de o trabalho ser contínuo, impactando positivamente cada vez mais
pessoas das mais variadas formas.

59
5.2 - SUGESTÕES

Como recomendações para empreendimentos e pesquisas a serem executadas as


quais terão linha de raciocínio relacionadas com este trabalho, relacionamos algumas
sugestões:
- Aplicação dessa mesma metodologia para outros tipos de processos. No caso
desse projeto ser reproduzido em outras unidades de processos que enfrentem os
desafios geográficos e de isolamento da Região Norte;
- Mais benefícios fiscais para equipamentos fotovoltaicos utilizados na geração de
energia para clientes da região amazônica;
- Busca por equipamentos com tecnologia mais avança dos que usamos no
período da pesquisa, com preços mais rentáveis baixando assim o custo-
benefício do equipamento;
- Buscar maior abrangência territorial.

60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Curve Determination of Photovoltaic Arrays from Real-time Measurements. 2019.

ALKEAID, M. M. G. Study of NEOM city renewable energy mix and balance


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ALVES, M. F.; DA SILVA, M. E. Elementos de Sustentabilidade na Cadeia de


Suprimento: Um Estudo no Setor de Energia Solar. Revista Ciências Administrativas,
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ANDREWS-SPEED, Philip. China as a Global Clean Energy Champion. Springer,


2019.

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA ELÉTRICA E ELETRÔNICA.


Propostas para Inserção da Energia Solar Fotovoltaica na Matriz Elétrica
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61
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA. Mercado


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