Almanaque 4 Estações - Ano 1 - n3

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Francisco Fernandes Júnior

Zootecnista
[email protected]

Como está o mercado? As pesquisas? Quais as tendências?

D entro das atividades agropecuárias, a ovinocultura tem se mostrado em


grande ascensão, estimulando pesquisas que objetivam preencher lacu-
nas existentes nas várias fases do sistema produtivo. Entre todos os produtos
possíveis de serem explorados na espécie, a produção de carne é a que tem ma-
ior interesse. Entretanto, interpõe-se a um grave problema, devendo ser minimiza-
do urgentemente: a qualidade do produto.
Na conjuntura atual, em que os segmentos do mercado para carne ovina
estão abertos e receptivos, as ações tomadas que aproveitem o momento podem
ser de fundamental importância no rumo da ovinocultura. Para alcançar uma
definição clara do tipo de produto e padronização da carcaça e carne ofere-
cida ao consumidor, é preciso um esforço conjunto dos produtores, das as-
sociações de criadores, da indústria transformadora, como, também, do
sistema de pesquisa para gerar um volume de informações consistentes co-
mo base desse processo.
A busca por alimentos mais saudáveis e a maior exigência em relação à
qualidade dos produtos cárneos por parte do mercado consumidor, traduzem a ne-
cessidade em oferecer produtos com características e qualidade desejáveis
(Monte et al., 2012).
Este capítulo, assim como os próximos, visam relatar aspectos relacionados
a qualidade da carne ovina, desde particularidades químicas e físicas, até as
avaliações mais atuais realizadas a nível de laboratório e frigorífico.
Qualidade química da carne

A água, do ponto de vista quantitativo, é o constituinte mais


importante da carne, sendo que aproximadamente 75% da carne
consistem de água e esse valor é apreciavelmente constante de um
músculo para outro no mesmo animal e, mesmo entre espécies, e-
xercendo influência na qualidade da carne, tanto na suculência da
mesma, como na textura, sabor e cor
As proteínas da carne são originárias principalmente do tecido muscular e
conjuntivo. No tecido muscular a quantidade de proteína bruta no músculo varia
de 18 a 22%
As gorduras influenciam na textura, na suculência e no sabor. De acordo
com sua localização, a gordura da carne pode ser descrita como intra, inter e ex-
tracelular. A intracelular se distribui sob a forma de gotículas no plasma celular,
ocorrendo em menor quantidade do que as outras localizações. A intramuscular e
o grau de gordura de cobertura na carcaça são fatores que contribuem para a
suculência e maciez da carne. De maneira geral, a carne proveniente de animais
jovens apresenta apenas traços de gordura; é macia, com aroma mais suave que
o da carne de animais velhos, tornando-se atrativa aos consumidores (Menezes et
al., 2009).
Nos pequenos ruminantes, a proporção de gordura é menor nos machos
inteiros, intermediária nos castrados e maior nas fêmeas, sendo que estas formam
depósitos mais precoces que os machos. A carne dos animais mais velhos é de
qualidade inferior e habitualmente se usa para elaboração de produtos cárneos.
As carnes de animais mais jovens possuem maior proporção de água e menor de
gordura, proteínas e minerais, que animais adultos. O acúmulo de gordura sub-
cutânea, intramuscular é menor em animais jovens (Lawrie, 2005).
O tipo de ácidos graxos presentes na carne é de interesse para o consumi-
dor, sendo as dietas fornecidas a estes animais, responsáveis diretos por sua
formação. Estudos têm demonstrado benefícios da gordura animal na prevenção
de doenças vasculares e cardíacas, se observados os ácidos graxos iso-
ladamente. É o caso do ácido linoléico conjugado (CLA) e dos ácidos graxos
da série ômega-3. Tanaka (2005) sugere diferentes mecanismos pelos quais os
CLA poderiam atuar como anticarcinogênicos, antioxidantes, preventivos do coles-
terol, promovendo melhora na resposta imune, do diabetes, do metabolismo ós-
seo, promotores do crescimento e redutores do acúmulo de gordura corporal.
A gordura de acabamento tem função importante na proteção da car-
caça contra o frio, evitando o cold shortening, que é responsável pelo res-
secamento da superfície e endurecimento das carnes (LAWRIE, 2005). Visan-
do à qualidade, vários autores pontuaram um mínimo de gordura de acabamento
entre 2 a 3 mm, atuando como isolante térmico, desta forma, a carcaça tem lenta
diminuição da temperatura, impedindo desta forma o cold shortening, reduzindo a
perda de água e a maciez da carne.

Avaliações em frigorifico.

Características sensoriais
Em ambiente competitivo, a cadeia da ovinocultura deve conhecer as
preferências dos consumidores para garantir o fornecimento de produtos de quali-
dade ao consumidor.
As características da carne que contribuem com a palatabilidade são aque-
las agradáveis ao paladar, dentre as quais sobressaem os aspectos organolépti-
cos de sabor e de suculência, em que a maciez representa o atributo de ma-
ior relevância, influenciada pelos teores de gordura na carne (BONAGURIO
et al., 2003).
Estas propriedades são geralmente avaliadas por consumidores ou
avaliadores treinados, sendo denominada análise sensorial, que é realizada por
meio dos sentidos: visual, gustativo e olfativo.
As características organolépticas da carne podem ser modificadas
pela alimentação que o animal recebe, devido à mudança no conteúdo e
composição da gordura. Os ácidos graxos podem alterar a firmeza do tecido
gorduroso (dureza), prazo de validade (oxidação lipídica e de pigmento) o sabor e
o aroma. Assim, o plano de alimentação e o peso ao abate geralmente são
variáveis consideradas pelos produtores e abatedouros como indicativos das con-
dições do produto final.

Análise sensorial com avaliadores treinados.


As carnes de
caprinos e ovinos podem, eventualmente, apresentar caracte-rísticas sensoriais
indesejáveis, como sabor e aroma mais intensos que
aquele característico da espécie. Esse fato tem sido associado a diversos fatores
como alimentação, condição fisiológica, castração e estresse dos animais antes
do abate. A maciez da carne é um importante parâmetro de qualidade, portanto,
carnes mais macias apresentam um maior valor comercial (Pinheiro et al., 2009).
A suculência da carne pode apresentar-se em duas formas de sen-
sação: inicialmente de umidade ao começar a mastigação, pela rápida libe-
ração de suco e a causada pela liberação do soro e pelo efeito estimulante da gor-
dura sobre o fluxo salivar. Esta última é responsável pela sensação final de secura
nas carnes de animais jovens sem ou com pouca gordura. A carne de boa
qualidade é mais suculenta devida, em parte, ao conteúdo de gordura intra-
muscular. A quantidade de gordura intramuscular (de infiltração ou mar-
moreio) da carne é dos fatores determinantes da suculência. Assim, um cor-
deiro jovem pode apresentar carne menos suculenta por ainda não ter feito a
deposição de gordura intramuscular (Osório et al.,
2009).
A avaliação sensorial da carne depende de fatores como tipo de julgador,
método de cozimento, forma de preparação das amostras e tipo de músculo uti-
lizado. A idade e o tipo de alimentação também influencia na qualidade sensorial
da carne.
Na próxima edição, apresentaremos alguns aspectos físicos e análises que
avaliam a real qualidade da carne produzida. Não percam!
REFERÊNCIAS

BONAGURIO, S. PÉREZ, J. R.O.; FURUSHO GARCIA, I.F. et al. Qualidade da


carne de cordeiros Santa Inês puros e mestiços com Texel abatidos com
diferentes pesos. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 32, n.6, p. 1981-1991, 2003.

LAWRIE, R. A. Ciência da carne. 6. ed. São Paulo: Artmed. 2005. 384 p.

MENEZES, J. J. L; GONÇALVES, H. C; RIBEIRO, M.S; ET AL. Efeitos do sexo,


do grupo racial e da idade ao abate nas características de carcaça e maciez da
carne de caprinos. Revista Brasileira de Zootecnia, São Paulo,v.38, n.9, p.1769-
1778, 2009.

MONTE, A.L.S.; GONSALVES, H.R.O.; VILLARROEL, A.B.S. et al. Qualidade da


carne de caprinos e ovinos: uma revisão. Agropecuária Científica no Semi-Árido,
v.8, n.3, p11-17, 2012.

OSÓRIO, J. C, S; OSÓRIO, M. T. M; SANUDO, C. Características sensoriais da


carne ovina. Revista Brasileira de Zootecnia, São Paulo, v.38, supl. esp,p.292-
300, 2009.

PINHEIRO, R. S. B; JORGE, A. M; MOURÃO, R. C;POLIZEL NETO, A; AN-


DRADE, E. N; GOMES, H. F. B. Qualidade da carne de cordeiros confinados
recebendo diferentes relações de volumoso:concentrado na dieta. Ciência e
Tecnologia de Alimentos. Campinas, v.29,n.2, p.407-411, 2009.

TANAKA, K. Occurrence of conjugated linoleic acid in ruminant products and its


physiological function. Animal Science Journal, v.76, n.4, p.291-303, 2005.
Filipe Alexandre Boscaro de Castro
Zootecnista

T
[email protected]

erminação é o nome que se dá para a última etapa da criação de


animais de abate. É nesta fase que o animal deve atingir o peso
ideal para o abate. Além disso deve ocorrer o acabamento, ou seja, a deposição de
gordura (sem excessos) para melhor conservar a carcaça após o abate e propiciar
carne de melhor qualidade. Desta forma, a escolha das ferramentas a serem uti-
lizadas (genética, manejo nutricional, espécie forrageira, instalações, sistema de
produção, etc.) deve ser orientada na busca por carne saborosa e saudável.

Infelizmente não é tão simples chegar a uma resposta para esta pergunta.
Em termos práticos, não existe uma resposta de qual sistema produtivo seja o mais
indicado para todas as situações.
Portanto, é fundamental o conhecimento de vantagens e desvantagens (ou
limitações) de cada sistema antes de se tomar qualquer decisão.
A terminação em confinamento pode ser realizada em aprisco suspenso com
piso ripado ou em baias de chão batido.

Aprisco suspenso
Fonte: arquivo pessoal
Confinamento de cordeiros em aprisco com piso ripado.
Fonte: arquivo pessoal

Confinamento de cordeiros em piso de chão batido


Fonte: www.caprilvirtual.com.br

O confinamento possibilita a terminação na entressafra ou em época desfa-


vorável para a produção de pastagem. Esse sistema também possibilita diminuir a
idade de abate e obter carcaças com melhor acabamento e com carne mais macia.
Por outro lado, no confinamento temos custos de produção mais elevados,
maior necessidade de investimento em instalações e estruturas, e mais gastos
com insumos, alimentação e mão de obra.
A viabilidade econômica da terminação em confinamento está na dependên-
cia do valor de venda dos animais ou das carcaças e do custo e disponibilidade de
grãos e coprodutos agroindustriais.
A terminação em pastagens pode ser realizada em pastos nativos ou cultiva-
dos. A quantidade e a qualidade de forragem disponível são determinantes no re-
sultado da terminação em pasto.
As espécies forrageiras têm diferentes aptidões. Não existe uma forrageira
perfeita, ideal para todas as condições. Na escolha da forragem para ser usada em
pastejo não podemos levar em consideração apenas seu valor nutritivo. Deve-se
considerar também o tipo de solo, o relevo, se há possibilidade de alagamentos
temporários, a ocorrência de pragas, o clima e a distribuição das chuvas ao longo
do ano.

Cordeiros para terminação em pasto.


Fonte: Embrapa caprinos e ovinos
A termi- nação exclusivamente
em pastagens tropicais, mesmo no período das águas, ocorre de forma mais lenta,
o que aumenta a idade de abate dos cordeiros. O teor de energia dessas forragens
é menor em comparação às rações utilizadas em confinamento. Energia é um im-
portante nutriente para o acabamento das carcaças.
Carne produzida em pasto tem menor percentual de gordura, característica
apreciada por alguns consumidores. O custo de produção de carne em pasto tam-
bém é mais baixo. Custo de produção baixo não significa necessariamente alta
rentabilidade. A utilização de ração no cocho para animais em pastejo encarece a
produção, mas se bem utilizada, pode ser uma aliada na viabilização da termi-
nação em pastagens.

Cordeiros em pasto com suplementação.


Fonte: arquivo pessoal
Para situações em que não há estacionalidade reprodutiva, pode-se fazer
ajustes quanto à época da estação de monta para possibilitar a utilização dos
pasto para a terminação.
Em regiões onde o inverno é caracterizado por temperaturas amenas e cer-
ta quantidade de chuva, uma alternativa para a terminação de ovinos em pasta-
gens é o cultivo de forrageiras temperadas, como a aveia preta e o azevém.

Cordeiros Suffolk em pastagem de azevém


Fonte: www.farmpoint.com.br
Em alguns sistemas de produção, as ovelhas paridas são mantidas em
pastagens de inverno, permanecendo com seus cordeiros até o abate. Neste
caso não há desmame, os cordeiros saem do pé da mãe direto para o abate. Em
outros sistemas pode ocorrer o desmame, onde os cordeiros permanecem na
pastagem e as ovelhas são retiradas.
A terminação em pastagens também pode acontecer em aréas consorcia-
das com árvores (sistema silvipastoril), o que pode favorecer o conforto dos ani-
mais, além de trazer outros benefícios para todo o sistema. O bem estar animal
em cada sistema de produção deve ser considerado.

Pastagem consorciada com árvores


Fonte: www.caprilvirtual.com.br
Em qualquer atividade é impossível obter um produto de qualidade a partir
de matéria-prima ruim. Na ovinocultura não é diferente. No nosso caso, inde-
pendente do sistema de terminação utilizado, só é possível a
produção eficiente de carne de qualidade, com cordeiros
saudáveis e com maior velocidade de crescimento. A terminação
é a etapa que representa a reunião de todos os esforços realiza-
dos nas fases anteriores da produção. Por isso podemos afirmar
que nenhuma fase do processo de produção de carne
(reprodução, gestação, lactação, terminação) é mais importante
do que a outra.
Alguns mercados consumidores podem, por diferentes motivos, ter preferên-
cia por carne produzida a pasto. Da mesma forma, existem consumidores que
buscam carne com características mais associadas ao confinamento. Por isso é
importante conhecer o desejo do consumidor. Desta forma pedemos agregar valor
ao produto, independente do sistema utilizado para terminar os cordeiros.

Considerações finais

Para se ter sucesso com a terminação de cordeiros, seja em pastagem ou


em confinamento, é essencial um planejamento de toda a atividade. A escrituração
zootécnica do rebanho e a avaliação da disponibilidade de alimentos volumosos e
concentrados durante todo o ano devem ser criteriosos.
A singularidade de cada unidade de produção, assim como o objetivo de ca-
da criação devem ser respeitados no processo de decisão. Antes de se definir pelo
sistema de terminação é fundamental analisar outros fatores, que estão fora da
porteira, e que também interferem no processo produtivo. É necessário conhecer a
disponibilidade de capital, o mercado de insumos, a mão de obra, os recursos
tecnológicos, a logística regional, a legislação, o meio ambiente e o clima. Al-
terações em qualquer destes elementos podem provocar a necessidade de im-
portantes ajustes dentro da porteira.
REFERÊNCIAS

BARROS, C.S.; MONTEIRO, A.L.G.; POLI, C.H.E.C. et al. Rentabilidade da


produção de ovinos de corte em pastagem e em confinamento. Revista Brasileira
de Zootecnia, v.38, n.11, p.2270-2279, 2009.

EL-MEMARI NETO, A.C. Lucrando com a agropecuária. In: PARIS, W. et al.


(Ed.). Simpósio de Produção Animal a Pasto, 3., 2015, Dois Vizinhos. Anais...
Maringá: Sthampa, 2015. p.11-26.

GALLO, S.B.; SIQUEIRA, E.R.; DELGADO, E.F. et al. Influence of feeding re-
gime and finishing system on lamb muscle fiber and meat quality. Revista Bra-
sileira de Zootecnia, v.38, n.11, p.2204-2210, 2009.

RIBEIRO, T.M.D.; MONTEIRO, A.L.G.; PRADO, O.R. et al. Desempenho animal


e características das carcaças de cordeiros em quatro sistemas de produção.
Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.10, n.2, p.366-378, 2009.

SOARES, A.B.; AIOLFI, R.B.; BORTOLLI, M.A. et al. Produção animal e vegetal
em sistemas integrados de produção agropecuária. In: PARIS, W. et al. (Ed.).
Simpósio de Produção Animal a Pasto, 3., 2015, Dois Vizinhos. Anais... Maringá:
Sthampa, 2015. p.139-175.
Carla Bompiani d’Ancora Dias
Médica Veterinária
[email protected]

E stamos nos preparando para a próxima estação reprodutiva e alguns


cuidados devem ser tomados no intuito de aproveitar ao máximo este momento e
melhorar as taxas de nascimento.
A rentabilidade de um rebanho, qualquer que seja seu objetivo, carne, leite, lã,
etc., depende de uma elevada taxa de nascimentos, portanto a fertilidade é fator
indispensável a ser considerado. Quando falamos em fertilidade, a primeira coisa
que vem à cabeça são as fêmeas do rebanho, porém o macho tem importância
tão grande quanto das fêmeas neste quesito.
Supondo um rebanho de duzentas fêmeas, onde são colocados quatro
machos para a estação de cobertura e dois destes estão com baixa fertilidade ou
até infertilidade, teremos cerca de 50% das ovelhas vazias no final da estação, o
que é um prejuízo enorme, pois além das fêmeas não produzirem no período, con-
tinuarão sendo alimentadas, ou seja, o custo para mantê-las na propriedade con-
tinua. E o que pode ainda ser mais grave, o produtor pode estar descartando estas
ovelhas, baseado no fato de elas não estarem produzindo cordeiros, quando a cul-
pa disto não é delas e sim de dois reprodutores que não estão em condições de
fertilizá-las!
Um cuidado muito importante e muitas vezes ignorado pelos produtores é a
avaliação do sêmen dos carneiros antes de iniciar a reprodução, o chamado exa-
me andrológico. Este exame serve para identificar a presença de algum problema
no reprodutor que possa impedir ou diminuir os índices de fertilização nas fêmeas.
Um reprodutor pode ter tido muitos filhos mas não estar em condições de fertilizar
uma ovelha no momento, devido a problemas que possam ter ocorrido com ele e
que muitas vezes passam desapercebidos pelo produtor. Estes problemas podem
ser passageiros ou definitivos, impossibilitando o reprodutor de ter mais filhos.
Para identificar este problema é importante chamar um profissional que faça
o exame andrológico dos reprodutores, garantindo que só os que estão em con-
dições serão usados na estação, além de descartar os que estão inférteis e orien-
tar no tratamento dos que tenham problemas reversíveis, enquanto ainda são.
O custo deste exame é muito baixo, principalmente quando
comparado ao prejuízo que a infertilidade de um macho pode
causar em um rebanho durante uma estação.
O reprodutor produz espermatozóides diariamente e estes
são armazenados no epidídimo. O tempo que leva todo o pro-
cesso para produzir um espermatozóide, no ovino, é de cerca de
40 dias, e a passagem pelo epidídimo leva cerca de 14 dias, ou
seja, os espermatozóides que começam a ser produzidos hoje,
estarão prontos somente daqui a cerca de 60 dias. Baseado nisto que a validade
do exame é de 60 dias. Se um animal tiver um problema de saúde hoje, que inter-
fira na qualidade do sêmen, os efeitos disso surgirão apenas após estes 60 dias.
Os espermatozóides que ficam muito tempo armazenados no epidídimo vão
perdendo a qualidade e estes são reabsorvidos e excretados na urina.
O exame inicia com a avaliação física do animal, onde são avaliados desde
aprumos, prepúcio até forma e consistência do testículos e epidídimos. Nos
testículos é observada a mobilidade dentro da bolsa escrotal, simetria e forma dos
mesmos, posição (devem estar na mesma altura e não deve haver rotação), con-
sistência e presença de fibroses que são indicativos de hipoplasia, degeneração
testicular e calcificações, problemas estes que refletirão na baixa qualidade do
sêmen. No epidídimo verifica-se presença de grânulos, sensibilidade, simetria das
caudas do epidídimo, textura e sinais de epididimite.

Testículo normal e testículo com epididimite.


Fonte: Ribeiro, L.A.B.
Alguns defeitos são congênitos, ou sejam, o animal nasce com eles e não
tem tratamento, dentre estes estão a hipoplasia testicular (subdesenvolvimento
dos testículos), o monorquidismo, que é a ausência de um testículo na bolsa es-
crotal, ou seja, um dos testículos permanece dentro do abdômen do animal e o
criptorquidismo, que é a ausência dos dois testículos na bolsa escrotal, os dois
permanecem no abdômen. Outros defeitos são adquiridos durante a vida do ani-
mal, como por exemplo a orquite, que é uma inflamação dos testículos, que pode
ocorrer por trauma ou infecções, e este é um problema que pode ter reversão ou
não, dependendo da origem do problema, rapidez ao iniciar o tratamento e o grau
de comprometimento.

Alterações testiculares em carneiros.


Fonte: Ribeiro, L.A.B.
A libido do animal também deve
ser avaliada, pois alguns animais podem apresentar ausência da mesma não se
interessando pelas fêmeas.
A coleta de sêmen para avaliação normalmente é feita de duas maneiras,
ou utilizando a chamada vagina artificial, onde o reprodutor monta em um
manequim, ou em uma ovelha contida e realiza-se a coleta antes da cópula; ou
pode ser usado um equipamento chamado eletroejaculador, que trata-se de um
equipamento inserido no ânus do animal, este emite pequenas ondas elétricas,
que estimulam a liberação do sêmen.

Coleta de sêmen com vagina artificial e com eletroejaculador.


Fonte: Arquivo pessoal
O volume obtido em cada ejaculação de um ovino varia de 0,5 a 2,5 ml de
sêmen quando coletado na vagina artificial. No eletroejaculador espera-se um vo-
lume um pouco maior devido a maior presença de líquidos seminais.

Material usado para análise de sêmen


Fonte: Arquivo pessoal.

A cor normal é o branco marmóreo, tom de pérola, quanto mais esbran-


quiçado, maior a quantidade de espermatozóides presentes no sêmen. Cores con-
sideradas anormais incluem o marrom avermelhado que pode indicar presença de
sangue e o esverdeado que pode indicar presença de pús.
O turbilhonamento é verificado no microscópio, através de uma gota, onde
observa-se o movimento e formação de ondas. Classificado de 1 a 5, onde 1 indica
baixa movimentação, sem formação de ondas e 5 indica alta movimentação, com
formação de ondas muito rápidas, ou seja, alta motilidade.

Verificação de turbilhonamento
Fonte: Arquivo pessoal.
A motilidade é a porcentagem de esperma-
tozóides em movimento retilíneo progressivo, quanto mais alta, melhor a qualidade.
O vigor é a força com que estes espermatozóides se movimentam, varia de 1
a 5, sendo 5 a melhor classificação
Através da análise da morfologia do espermatozóide, pode-se avaliar a quali-
dade e viabilidade do mesmo. Alguns defeitos são indicativos de problemas nos
órgãos reprodutivos. Os defeitos são classificados como maiores e menores, sen-
do que os maiores são os mais graves, que muitas vezes são irreversíveis, nor-
malmente ocorrem por problemas nos testículos e epidídimo e estão associados
com problemas genéticos, degeneração testicular, hipoplasia. A possibilidade de
reversão depende da causa e gravidade da mesma. Os menores normalmente são
defeitos ligados ao manejo nutricional, pequenas inflamações e manejo em geral e
normalmente são reversíveis.

Análise da morfologia dos espermatozóides


Fonte: Arquivo pessoal.

Animais obesos e que ficam muito tempo deitados, podem ter dificuldade em
fazer a termorregulação dos testículos, que nada mais é do que manter a tempera-
tura adequada para que não haja danos aos testículos e à produção de esperma-
tozóides, por isso deve-se cuidar de não deixar os reprodutores ficarem muito gor-
dos.
Deve-se dar atenção especial à alimentação dos reprodutores, pois erros
na nutrição do animal podem levar à problemas reprodutivos. Deficiências de nu-
trientes, dentre eles o zinco e o iodo, podem levar a atrofia dos testículos. Algumas
plantas contém substâncias bociogênicas, que reduzem a absorção de iodo e que
podem levar ao mesmo problema, outros alimentos como o caroço de algodão
causam problemas na formação dos espermatozóides, dimi-nuindo a fertilidade
dos machos.
Como já foi dito, alguns problemas já podem ser vistos ao nascimento e ou-
tros podem surgir durante a vida do reprodutor, alguns tem reversão e outros não,
alguns só são percebidos após a avaliação do sêmen, por isso é importante fazer
este exame sempre antes de iniciar uma estação de monta, ou ao menos uma
vez ao ano, para avaliar os reprodutores que temos em casa. Na relação de um
carneiro para 50 ovelhas, este carneiro se infértil, pode deixar de produzir cerca
de 50 cordeiros no ano, o que pode passar de R$ 10.000,00 de prejuízo, quando
calculado apenas pelo preço de abate. Portanto, não perca tempo, nem dinheiro,
o diferencial está no profissionalismo, só assim podemos alcançar o sucesso!

REFERÊNCIAS

ARRUDA, R.P.; CELEGHINI, E.C.C.; GARCIA, A.R.; SANTOS, G.C.; LEITE,


T.C.; OLIVEIRA, L.Z.; LANÇONI, R.; RODRIGUES, M.P. Morfologia espermática
de touros: interpretação e impacto na fertilidade. Rev. Bras. Reprod. Anim.
Belo Horizonte, v. 39, n.1, p. 47-60, jan/mar. 2015. Disponível em
www.cbra.org.br

FONSECA, V.O.; VALE FILHO, V.R.; MIES FILHO, A.; ABREU, J.J. Procedimen-
tos para exame andrológico e avaliação de sêmen animal. Belo Horizonte:
CBRA, 1992. 79p.

PUGH, D.G. Clínica de ovinos e caprinos. São Paulo. Roca, 2004. 513p.

RIBEIRO, L.A.O. Medicina de ovinos. Porto Alegre. Pacartes, 2011. 195p.

SILVA, A.E.D.F.; DODE, M.A.M.; UNANIAN, M.M. Capacidade reprodutiva do


touro de corte: funções, anormalidades e outros fatores que a influenciam.
Campo Grande. Embrapa, 1993. 128p.
Luiz Fernando Cunha Filho
Médico Veterinário
[email protected]

O El Ninõ continua castigando nosso estado, e nesse


VERÃO com tanta chuva aumentam o número de
moscas e para se protegerem os ovinos tendem a se aglomerar em
abrigos naturais ou artificiais, isto predispõe a Ceratoconjuntivite nos
rebanhos. Também conhecida como mal do olho, doença do olho
branco, queratite ou Querato-conjuntivite, essa enfermidade conta-
giosa pode afetar os ovinos de todas as idades.

Fonte: Arquivo pessoal


Fatores Epidemiológicos:

 Ressecamento da superfície corneal (ventos, transporte ou chu-


vas) e vetores mecânicos, além de aglomeração dentre outros
fatores.
 Os principais agente etiológicos são os bacterianos como Micoplasma con-
juntivae, Moraxella spp, Listéria spp, Clamydia psittacci ovis ,mas vírus da
família Herpesvírus e fungos – Aspergillus podem infectar nosso animais.
As ovelhas podem apresentar lacrimejamento, olhos irritados e vermelhos,
secreção ocular (remela), febre moderada e perda da produção pois as fêmeas
não entram em cio por não perceberem o fotoperíodo devido a cegueira, podendo
acometer um ou os dois olhos.
O diagnóstico é realizado pelos sinais clínicos e testes laboratoriais como
swab ocular e teste com colírio da fluoresceína que detecta úlcera na córnea
(pigmento verde).

Fonte: Arquivo pessoal


 O tratamento é realizado com
colírios, pomadas ou spray com antibióticos. O controle da enfermidade com-
preende :Isolamento dos enfermos (é muito contagiosa); tratar sempre os 2
olhos, tratar todo o rebanho como prevenção, diminuir número de moscas cir-
culantes , quarentena de animais comprados ou que participaram de ex-
posições, evitar superlotações , alimentação verde (Vit A) e aumentar a
granulometria da ração.
 Outra medida de controle é a vacinação do rebanho com a vacina contra a
ceratoconjuntivite - usualmente 2 mL para ovinos e caprinos em animais com
mais de 60 dias, realizar reforço após 30 dias da primeira vacina e revacinar
anualmente.

É bom lembrar que a Ceratoconjuntivite é uma zoonose, ou


seja transmissível ao homem, por isso sempre use luvas no manuseio das
ovelhas doentes e jamais coce seus olhos.

REFERÊNCIAS

PUGH, D.G. Clínica de ovinos e caprinos. Roca: São Paulo, 2004, p.353-378.
Jaciani Cristina Beal Klank
Zootecnista

F
[email protected]

atores que levam ao uso do creep


Assim como os bovinos, os ovinos são ruminantes, porém sua exigência
na qualidade da forragem ingerida é maior, por isso necessitam de alimentos que
tenham uma passagem rápida pelo trato digestivo, além de sua anatomia e seu
comportamento que também colaboram na maior parte pelo aumento de sua exi-
gência. O focinho mais afunilado e a utilização dos lábios para apreensão da
forragem, torna os ovinos uma das mais seletivas das espécies ruminantes e co-
mo isso sua capacidade de selecionar as espécies forrageiras também é maior.
Por isso em áreas de pastagem de menor disponibilidade de forragem sua
adaptação é maior, o que se torna um grande entrave, dando uma idéia errada de
que os ovinos podem ser criados em áreas de campos ruins ou degradados. Os
índices produtivos obtidos em pastagens mais pobres estarão abaixo do potencial
quando comparados com sistemas de produção onde a condição nutricional seja
atendida.
A exigência nutricional dos ovinos muda conforme sua fase fisiológica, para
os cordeiros além da sua característica anatômica e funcional do aparelho digesti-
vo, o que pode alterar sua dieta é a condição corporal da ovelha, já que o leite é a
principal fonte de alimento até as primeiras quatro a seis semanas de vida e sua
capacidade de aproveitar a pastagem é entorno de 20 a 25%. Muitas vezes a
ovelha não tem capacidade de produzir leite suficiente para amamentar seus cor-
deiros, principalmente em partos gemelares, neste caso os cordeiros tem que
compensar a falta de leite aumentando o consumo de forragem ou concentrado.
A concorrência entre as ovelhas e os cordeiros pelo pasto pode ser res`-
ponsável por uma diminuição no ritmo de crescimento dos cordeiros. Segundo
MARCIO NUNES CORRÊA (2009) quanto menor a disponibilidade de forragem e/
ou maior lotação da área, maior a concorrência, diminuindo a produção de leite da
ovelha e a ingestão de pasto pelo cordeiro,
consequentemente diminuindo seu cresci-
mento. Este problema pode ser solucionado,
ou minimizado, com a utilização de sistemas
de pastoreio privativo, mais conhecidos com
“creep grazing” ou com o sistema de alimen-
tação em cochos privativos “ creep feding”.

FONTE – Jaciani Klank– arquivo pessoal

FONTE – SENAR, 2004.

Q uando começar e como?

Segundo o NRC (1995) os cordeiros iniciam sua alimentação sólida em


“creep feeding” a partir de 10 a 14 dia de idade, e a quantidade de alimentos con-
sumida costuma ser inversamente proporcional à de leite consumida em amamen-
tação. O consumo insuficiente de energia nessa fase contribui com os ganhos de
peso limitados nos cordeiros. A resposta à dieta nesta fase costuma ser muito
melhor se suplementarmos os cordeiros do que se suplementarmos as ovelhas
para que produzam mais leite, inclusive com dietas a base de grãos.
A quantidade de alimento consumido por cordeiros entre 2 e 6 semanas de
idade é afetada pela palatabilidade da ração (composição e forma física, ou seja
se a ração é farelada ou peletizada), além da localização e do ambiente físico da
área de “creep”, o ideal é sempre deixar próximo das ovelhas.
As rações típicas de “creep feeding” para ganhos de peso
rápidos devem ser palatáveis e com alto nível de energia e
devem conter níveis de proteína entre 18 a 20 % PB, uma vez
que o cordeiro ainda está ingerindo leite. Os níveis de minerais
são muito importantes principalmente no que se refere ao
cálcio, considerando que as dietas a base de grãos são pobres em cálcio. De
acordo com SUSIN (2011), cordeiros jovens devem receber dietas com alta diges-
tibilidade que não leve ao acúmulo de material fibroso indigestível no rúmem. O
farelo de soja e o milho são ingredientes importantes para uma dieta inicial; o
primeiro por apresentar alta concentração de proteína e alta palatabilidade e o
milho moído apresenta rápida fermentação ruminal. Segundo Gates (1993) citado
por SUSIN (2011), as exigências por proteína são maiores nessas primeiras sete
semanas de vida comparadas às demais; o autor recomenda dietas com 20% de
PB para até 40 dias de idade; depois até os 70 dias podem ser utilizadas dietas
com 16 a 18% PB e depois de 70 dias as dietas podem ser trabalhadas com 12 a
14% PB.
Experimentos (Garcia et al. ,2003) apresentaram ganhos satisfatórios para
cordeiros de raças carniceiras com o uso do “creep feeding”, variando entre 350 a
400 g/dia, com dietas de 2,8 a 3,0 Mcal EM/kg MS (correspondem a 77 a 81 %
NDT) e 18 a 20% PB, proporcionando sistemas de criação diferenciados, nos
quais os animais são abatidos sem desmamar entre os 60 a 70 dias, com carca-
ças de boa qualidade em função da idade jovem. Estes sistemas eliminam a ne-
cessidade de confinamento dos cordeiros e são indicados para os produtores que
não tem a possibilidade ou interesse de construir um galpão de confinamento, tra-
balhando com os cordeiros juntamente com as ovelhas no pasto.

FONTE – Jaciani Klank– arquivo pessoal


Outra possibilidade da suplementação dos cordeiros nesta fase é o uso do
“creep grazing” que tem o mesmo conceito do “creep feding”, porém com o uso
de áreas de pastagens inacessíveis às ovelhas. Desta forma, separam-se dentro
das áreas de pastejo das ovelhas com cordeiros ao pé, pequenos cercados de es-
pécies forrageiras de melhor qualidade nutricional comparada à que a mães estão
consumindo, e através de aberturas nas telas ou cercas onde apenas o cordeiro
consiga acesso para ingerir esta forragem de melhor qualidade. Esta modalidade é
menos conhecida no Brasil, mas pode ser uma alternativa interessante, principal-
mente em regiões subtropicais onde a estação de nascimento
principal dos cordeiros coincide no período de inverno onde te-
mos opção de forragens de alto valor nutricional como aveia,
azevém e trevos por exemplo.
A suplementação do cordeiro em uma pastagem de boa
qualidade, à qual não tenham acesso as mães (creep grazing), é outra alternativa
que tem mostrado res-postas boas no final do período de lactação. O consumo de
concentrado pelo cordeiro inicia entre o 7º e 14º dias do começo do oferecimento.
O consumo é de aproximadamente 10 gr/dia. (CNPTIA. EMBRAPA)

P
FONTE – SENAR, 2004.

or que fazer?
Em tempos onde a carne do cordeiro teve um aumento na procura e no
seu preço, cada vez mais temos que encontrar alternativas que nos ajudem a
produzir cordeiros de alta qualidade com peso o mais rápido possível, tendo em
vista que o uso do creep também otimiza a ovelha, já que seu desgaste fisiológi-
co será menor pois o leite não será a única fonte de alimentação dos cordeiros,
podendo a mesma estar apta para a próxima cobertura num curto espaço de tem-
po, aumentando o número de parto/ano e assim viabilizando a produção de cor-
deiros o ano todo.
O ovinocultor precisa sair da criação empírica para usar todas as tecnologias
aplicáveis ao seu sistema de produção. Só assim a ovinocultura no Paraná irá
tomar seu lugar de destaque no cenário nacional, tendo em vista que todos estão
investindo em genética de ponta, não podemos admitir que o manejo nutricional e
sanitário fiquem ainda como eram a 50 anos atrás, pois cerca de 50% do potencial
genético entra pela boca, ou seja não adianta nada ter a melhor genética se a nu-
trição fica falha.

REFERÊNCIAS

MARCIO NUNES CORRÊA, et al. . Produção Animal – Ovinocultura. Pelotas:


PREC/UFPEL, 2009. 178p. il. ( Série NUPECC)

NRC Nutrient Requerimentes of Sheep, 6. Ed.1985. 99p.

POLI, C.H.E.C.; CARVALHO, P.C.F.C.; MORAES, C.O.C.; GONZAGA, S.S. Siste-


ma de criação de ovinos nos ambientes ecológicos do sul do Rio Grande do
Sul. Disponível em: https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/
FontesHTML/Ovinos/CriacaoOvinosAmbientesEcologicosSulRioGrandeSul/
alimentacao.htm. Acesso em 12 dez. 2015.

SUSIN , I. Confinamento de cordeiros. In: Mattos, W.R.S et al (eds). A produção


animal na visão dos brasileiros . Piracicaba . FEALQ, 2001. P 454-459.

SUSIN , I . Exigências nutricionais de ovinos e estratégias dealimentação. In: Silva


Sobrinho A. G et al (eds). Nutrição de ovinos . Jaboticabal: FUNEP, 1996. 258p.
Susana Gilaverte
Zootecnista
[email protected]

A ntes de responder esta pergunta, faz-se necessário perguntar: É reali-


zada a pesagem dos animais em sua propriedade? Se esse manejo é
realizado, porque o realizamos?
Além disso, quando o produtor decide qual a raça a ser criada e produzida é
importante conhecer os pesos ideais desta raça nas diferentes fases de cresci-
mento. Desta forma, utiliza-se estes dados como parâmetro de comparação com
os pesos da sua propriedade.
Espero que ao final deste texto, estes
questionamentos sejam respondidos.
É sabido que na ovinocultura de corte
nosso produto é a carne de cordeiro, mas
precisamente kg de carne de cordeiro ou
também kg de peso vivo de cordeiro. Sen-
do assim, já podemos responder as duas
perguntas acima.

Fonte: Arquivo pessoal

Entretanto, a pesagem dos animais auxilia não apenas na comercialização


dos animais, mas sim em outras áreas da produção de ovinos, como por exemplo,
na contabilidade, na reprodução, na sanidade e no melhoramento genético animal.
Para que isso ocorra são necessárias algumas rotinas de pesagem do rebanho.
Peso ao nascer

Acredito que esta pesagem é a mais realizada entre os ovinocultores. Será


que sabemos utilizar este dado a nosso favor?
O peso ao nascer é reflexo não apenas dos aspectos genéticos. Ao realizar este
manejo, podemos “diagnosticar” como foi o manejo alimentar das nossas matrizes
prenhes. Se os cordeiros nascerem muito pequenos e leves, algo está errado,
deve-se verificar se as ovelhas estavam em res-
trição alimentar ou, se pariram com escore cor-
poral muito elevado (acima de 4). Ovelhas muito
gordas, por exemplo, comem menos que ovelhas
magras (Cottle, 1991), desta forma, ocorre um dé-
ficit de nutrientes para o(s) cordeiro(s). Além dis-
so, a exigência da mãe com excesso
de peso é maior, consumindo parte dos
nutrientes que seria para o(s) feto (s).

Fonte: Arquivo pessoal

Por outro lado, cordeiros muito grandes podem prejudicar no momento


do parto, podendo causar a morte do(s) cordeiro(s) e/ou da ovelha. Em
alguns casos, há a necessidade da realização de cesária.
O peso ao nascer é significativamente influenciado pelo tamanho da ninhada,
de forma que pesos mais altos são registrados para cordeiros únicos, enquanto
cordeiros gêmeos, trigêmeos e quadrigêmeos apresentam pesos ao nascimento
16, 26 e 47% inferiores, em média, respectivamente.
O sexo dos cordeiros influenciam no peso ao nascer, normalmente as fêmeas
são mais leves, resultando em uma diferença percentual na performance de cresci-
mento antes da desmama de até 25%, podendo dobrar no período pós-desmama.
Em partos múltiplos, o peso ao nascer pode também nos auxiliar em detectar
se o manejo alimentar das ovelhas no final da gestação foi adequado, pois muitas
vezes, quando ocorre este erro, verifica-se diferença entre peso ao nascer dos cor-
deiros, sendo um deles bem mais leve.
Esses fatores influenciam o crescimento pós-natal e podem ser responsáveis
por 55 e 40% da variação, respectivamente, no crescimento inicial e peso a
desmama, por meio do ganho médio diário.
GMD = [(Peso Atual do Animal) – (Peso nascer)] / (Dias entre as duas pe-
sagens)
Normalmente, o peso considerado é realizado no desmame ou até o abate.
O desenvolvimento dos cordeiros até o desmame permite que possamos
avaliar a habilidade materna e produção de leite das ovelhas, além de verificar a
qualidade da dieta fornecida aos cordeiros por meio do creep feeding.
Programas de melhoramento só podem ser bem elaborados quando há
conhecimento dos parâmetros genéticos da espécie a ser trabalhada. Para ani-
mais de produção de carne utilizam-se os valores das pesagens durante o desen-
volvimento do animal, visto que apresentam herdabilidade (0,30) com valores sufi-
cientemente altos e podem assegurar bons resultados de seleção. Além disso, são
mensurações de fácil manejo e o-btenção. McManus & Miranda
(1998) verificaram que o peso ao nascer mostrou-se apresentar
elevadas correlações genéticas e os pesos até os 12 meses,
mostrando a necessidade de atenção aos valores de peso ao
nascer, nos programas de melhoramento genético.

Peso ao desmame
Esta pesagem é outro manejo muito utilizado, reflete juntamen-
te com o peso ao nascer, o efeito materno ou habilidade genética. Este é consider-
ado como efeitos ambientais que influenciam a prole e são determinados por
fatores genéticos e ambientais. A seleção para habilidade genética exige que se
conheça influência da ovelha na expressão de características pré-desmama de
seus cordeiros, pois estas serão utilizadas como critérios de seleção. Deve-se en-
tender que a habilidade materna não está relacionada, simplesmente com a
produção de leite da ovelha, mas também com todo ambiente que permite a ex-
pressão do potencial genético, como por ex-
emplo, a relação comportamental entre “mãe
e filhote”.

Fonte: Arquivo pessoal


Como vimos o peso ao desmame ter alta correlação com a habilidade mater-
na, desta forma este parâmetro possui a menor herdabilidade entre os pesos.
Contudo, do ponto de vista do melhoramento genético, o peso à desmama é im-
portante pela sua alta correlação aos pesos ulteriores.

REFERÊNCIAS

COTTLE, D. J. 1991. Australian Sheep and Wool Handbook. Inkata Press Mel-
bourne. Australian. pp. 357-362.

McMANUS, C.; MIRANDA, R.M de. Estimativas de Parâmetros Genéticos em Ovi-


nos Bergamácia. R. Bras. Zootec., v.27, p.916-921, 1998.

SOUZA, D.de A. A importância do peso ao nascer na produção de cordeiros. Milk-


point. Disponível: http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/ovinos-e-caprinos/a-
importancia-do-peso-ao-nascer-na-producao-de-cordeiros-34108n.aspx
Pernil de cordeiro
desossado e assado

Ingredientes:
 1 pernil de cordeiro desos-
sado Preparo:
 1 maço de hortelã Bata todos os temperos no liqui-
 1 maço de manjericão dificador. Coloque o pernil dentro do
 1/4 de uma cebola grande saco plástico e acrescente o tempero
batido, espalhando bem sobre a car-
 3 colheres (sopa) de shoyo
ne. Feche o saco e deixe na geladeira
 3 colheres (sopa) de azeite por 1 hora, para marinar.
 1 colher (sopa) de mel Aqueça o forno a forno a 230ºC,
 Suco de 1/2 limão retire o pernil do saco plástico e colo-
que ele diretamente sobre a grelha do
 Sal e pimenta a gosto
forno. Não esqueça de colocar uma
 1 saco plástico assadeira com um pouco de água
abaixo da grelha, para receber o suco
que irá pingar.
Vire o pernil a cada 20 minutos e
regue ele com o caldo que cai sobre a
assadeira. Asse por uma hora.
Pronto! Retire do forno, corte em
fatias e bom apetite!
Feliz Natal!

São oa votos da família


OVINOPAR a todos os criadores
e simpatizantes de ovelhas!

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