Vetores Biologia Molecular
Vetores Biologia Molecular
Vetores Biologia Molecular
Vetores
● Uma marca de seleção que permita selecionar as células recombinan- tes, ou seja, as
células hospedeiras que incorporarem o vetor.
● Uma região de múltiplos sítios de reconhecimento de enzimas de res- trição, onde será
inserida a sequência a ser clonada, denominada sítio blommúltiplo de clonagem (multiple
cloning site, MCS).
De acordo com a característica, os vetores são divididos segundo sua função em vetores de
clonagem, vetores de expressão e vetores integrativos.
O vetor pBR32213 (Figura 1.9a) foi dos primeiros vetores construídos, o mais utilizado para
clonagem molecular até a década de 1980 e deu origem a grande parte dos vetores plasmidiais
utilizados atualmente. Esse plasmídeo possui a origem de replicação do plasmídeo ColE1 de E. coli e
genes de resistência à ampicilina (ampR) e à tetraciclina (tetR) como marcas de seleção. Apresenta
uma interessante forma de seleção por inativação de um dos genes de resistência a antibióticos, pois
contém sítios únicos de restrição dentro de cada gene.
Assim, de acordo com a enzima de restrição utilizada para a clonagem, o inserto irá inativar
um dos dois genes e, ao transformar uma célula hospedeira sensível aos dois antibióticos, a que
receber o plasmídeo recombinante passará a ser resistente apenas àquele cujo gene de resistência
permaneceu intacto. Além de esse vetor oferecer uma forma fácil que de seleção, apresenta o
processo de replicação denominado "relaxado", permite que ele se duplique inúmeras vezes na
célula hospedeira. O número de cópias do PBR322 pode ainda ser amplificado com a adição de
cloranfenicol no meio de cultura.
Uma vez inserido o fragmento de DNA no vetor, o gene (lacZ) é inativado, tornando a célula
incapaz de produzir a enzima ativa. Dessa forma, ao adicionar o indutor IPTG e o substrato
cromogênico da enzima (X-gal) ao meio de cultura sólido, a célula que recebeu o plasmídeo
recombinante, por não produzir a enzima, não converterá o X-gal em azul índigo, ficando a colônia da
cor bege-claro, típica da E. coli.
Os plasmídeos vêm sendo ao longo dos anos os vetores mais utilizados em engenharia
genética, e a busca de inovações que tornassem o processo de clonagem molecular mais
simplificado e eficiente levou ao desenvolvimento dos vetores para clonagem do tipo TA15, para
clonagem direta de insertos de DNA obtidos a partir da amplificação por PCR. A partir do
conhecimento de que a Taq DNA polimerase também possui a atividade de terminal transferase não
dependente de molde e, dessa forma, adiciona uma desoxiadenosina monofosfato à extremidade 3'
do produto de PCR, foi desenvolvido um tipo de vetor já na forma linearizada, contendo em sua
extremidade 3' uma desoxitimidina monofosfato, os assim denominados T-vectors.
Dessa forma, ao misturar o produto de PCR com o vetor na presença da DNA ligase,
obtém-se o plasmídeo circular covalentemente ligado, pronto para ser utilizado na transformação
genética. molens ob o Mais recentemente, foi desenvolvido um tipo de T-vector já acoplado com a
topoisomerase I do vírus Vaccinia, e foi desenvolvida toda uma família de vetores denominados
TOPO®. Esse vetor também é comercializado na forma linearizada e representou uma grande
inovação, pois possibilitou a ligação direta de produtos de PCR dispensando o uso da DNA ligase,
devido à adição em suas extremidades de topoisomerases ativadas que catalisam a ligação do
inserto ao vetor (Figura 1.10). Desde então, essa tecnologia vem sendo amplamente utilizada, e já
existem também vetores com topoisomerases capazes de fazer a ligação de insertos com
extremidades abruptas (blunt ends).
Caso haja a recircularização do plasmídeo sem o inserto, a proteína letal é expressa e causa
a morte da E. coli hospedeira, permitindo apenas o crescimento de clones recombinantes. Ao longo
dos anos, as limitações, como número de cópias e tamanho da sequência de DNA a ser clonada,
nortearam a evolução dos vetores de clonagem no sentido de superá-las.
1.1.1. Bacteriófados Λ
Para a introdução desse DNA recombinante na E. coli hospedeira, o DNA era empacotado
com um extrato de proteínas do capsídeo viral e, em seguida, colocado em contato com a hospedeira
para que a infecção ocorresse. Para ocorrer o empacotamento adequadamente, além de ter tamanho
da ordem de 50 Kb +/- 5 Kb, o DNA deve conter uma sequência de cerca de dezessete nucleotídeos
que fica na região das extremidades coesivas (stick ends), denominada de COS (cohesive ends)17.
Dessa forma, já no final da década de 1970 era possível introduzir DNA na célula hospedeira
com eficiência de 108 clones/ug de DNA, o que zou a construção das primeiras bibliotecas
genômicas humanas completas, das quais foram isolados os primeiros genes humanos completos.
1.1.2. Bacteriófagos M13
Os bacteriófagos tipo M13 são vírus de DNA fita simples com cerca de 6 Kb. Quando
empacotado, seu genoma se apresenta em forma de fita simples, porém, durante sua fase de
replicação no interior da E. coli seu genoma se mantém em forma duplex (dupla fita). Essa
característica despertou o interesse dos pesquisadores, pois facilmente seria possível isolar o DNA
do fago em forma de fita simples a partir dos fagos obtidos no exterior da hospedeira (no meio de
cultura) e em forma duplex no interior da E. coli.
A forma duplex pode servir para a digestão com enzimas de restrição e clonagem de DNA
heterólogo em seu interior como se fosse um plasmídeo, e a forma de fita simples foi usada por um
bom tempo para o sequenciamento pelo método dideoxi de Sanger e, até hoje, para realizar
mutagênese sítio dirigida 18. Fagos M13 têm sido usados também para a construção de bibliotecas
de peptídeos randômicos ligados às proteínas do fago, em um processo denominado de phage
display. Há limitação de tamanho do inserto a ser clonado no interior do genoma viral, pois são fagos
tipo bastonetes e, caso se clone um inserto muito grande (maior que 5-6 Kb), a estrutura do fago
pode não suportar e quebrar.
1.1.3. Cosmídeos
Caso o vetor tivesse cerca de 5 Kb, como era o caso do pBR322, era possível clonar no
interior de um de seus genes de resistência a antibióticos fragmentos de até 45 Kb, empacotar com
proteínas do capsídeo do fago A e, então, introduzi-los nas células da hospedeira bacteriana com
altíssima eficiência. No interior da célula, a molécula se comportava como um plasmídeo. Esse tipo
de vetor tem sido de grande relevância na produção de bibliotecas genômicas para fins de seleção
de genes específicos e para a determinação da sequência genômica completa.
1.1.4. BAC
São vetores derivados do plasmídeo conjugativo F de bactérias, que são muito grandes, (de
100 a 200 Kb. Separa-se do plasmídeo F sua origem de replicação, que é de baixo número de
cópias, pois atua de forma sincronizada com a hospedeira, e os genes necessários para sua
estabilização e partição, juntando-se a genes marcadores de seleção, como de resistência a
antibióticos e/ou da ẞ-galactosidase.
Dessa forma o vetor plasmidial fica pequeno, da ordem de 10 Kb, e dessa forma pode
receber insertos enormes (de 100 a 200 Kb e permanecer estável no interior da E. coli após sua
introdução, que ocorre geralmente por eletroporação. Dessa forma, pode-se fazer com relativa
facilidade bibliotecas genômicas de grandes fragmentos de DNA.
1.1.5. YACs
1.2. Expressão
De maneira geral, o principal objetivo do uso de vetores de expressão é obter altos níveis de
RNAs mensageiros estáveis, que são traduzidos resultando em grandes quantidades da proteína ou
peptídeo de interesse. Para atingir esse objetivo, um elemento importante é que o vetor deve possuir
um promotor forte. Os promotores mais utilizados para a expressão em E. coli são, geralmente,
baseados no promotor do operon lac, no promotor PL do fago A, ou no promotor do fago T720, que
está presente na família de vetores pET, um dos mais utilizados atualmente.
Estes promotores podem também ser híbridos de diferentes promotores, por exemplo, o
promotor tac, que é um híbrido dos promotores trp e lac¹¹. Os promotores utilizados nos vetores de
expressão são normalmente indutíveis, ou seja, a síntese de proteínas é induzida apenas quando
necessária. O sistema de expressão contém elementos de controle de um operon bacteriano
(promotor/operador e gene regulador que codifica a proteína repressora). A expressão do gene
heterólogo ocorre então ao adicionar ao meio de cultivo um indutor, tais como a arabinose e o
isopropil-B-D-tiogalactopiranosídeo (IPTG).
No que se refere ao sítio de ligação do ribossomo (região Shine Dal- garno), o que tem sido
mais usado, por ser muito eficiente, é do gene da proteína 10 do fago T7. Em relação a terminadores
de transcrição, um bom vetor de expressão combina um promotor forte com um terminador de
transcrição também bastante eficiente.
Para E. Coli, terminadores Rho independentes, como o do operon TRP, têm sido utilizados.
Um tipo especial de vetor de expressão o que, além de programar a expressão da proteína
heteróloga, promove também sua secreção. Para tanto, o vetor ou sequência codificadora da
proteína deve conter a região que codifica o peptídeo-sinal, que é uma região situada logo na região
aminoterminal de proteína, que a direciona em células eucarióticas para o retículo endoplasmático,
de onde as proteínas a serem secretadas seguem então o caminho do complexo de Golgi e, por
meio de vesículas de secreção, são lançadas ao meio extracelular.
Essa sequência ligada à proteína de interesse será utilizada para a purificação da proteína
recombinante por cromatografia de afinidade e depois será removida pela ação de uma protease
específica. Por exemplo, pode-se adicionar à proteína recombinante seis histidinas (HIS6) e, com
isso, purificá-la por cromatografia de afinidade com resinas que tenham átomos de níquel
imobilizados. A Tabela 1.2 a seguir mostra diferentes tags utilizadas para facilitar a purificação e as
resinas utilizadas nos processos cromatográficos de afinidade.
1.3. Integrativos
São vetores bifuncionais que possuem marcadores genéticos para dois tipos de hospedeiras
diferentes, porém com uma única origem de replicação funcional em apenas uma das hospedeiras.
Isso faz com que transforme e replique em uma das hospedeiras, mas na outra para que ocorra
transformação genética há necessidade do vetor se integrar ao seu genoma.