Tecnologia Do DNA Recombinante PDF
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o
Pares de
base
6
dois diferentes organismos (por exemplo, bactria e homem) podem ser ligados por
renaturao das regies de fita simples. Alm disto, se a ligao for "selada" com a enzima
DNA ligase, depois do pareamento de bases, os fragmentos sero ligados permanentemente.
A tcnica de DNA recombinante tem um interesse especial se uma das fontes de
DNA clivado for um plasmdeo.
Figura 3. Construo de uma molcula de DNA hbrida a partir de fragmentos de diferentes
organismos obtidos com o uso de enzima de restrio.
A figura 3 mostra uma molcula de DNA de plasmdeo que tem somente um stio de
clivagem para uma determinada enzima de restrio. A mesma enzima usada para clivar
DNA humano. Se os fragmentos de DNA humano so misturados com o DNA plasmidial
linearizado, permitindo a ligao entre eles, uma molcula de DNA plasmidial contendo
DNA humano pode ser gerada. Este plasmdeo hbrido pode ser inserido numa bactria
atravs de transformao e ento o inserto ser replicado como parte do plasmdeo.
Geralmente, antibiticos so acrescentados ao meio da cultura para selecionar somente as
linhagens que portam os plasmdeos (o plasmdeo usado para esta finalidade porta resistncia a pelo
menos um antibitico).
Plasmdeo
de
E.coli
DNA humano
DNA ligase
Plasmdeo hbrido
Enzima Enzima
GCA T
T ACG
TGCA TGCA
ACGT ACGT
T
GCA
A
CGT
T
G
C
A
T
G
C
A
A
C
G
T
A
C
G
T
7
5. DNA LIGASE
Conforme mencionado anteriormente, esta enzima promove a ligao dos fragmentos de
DNA em vetores previamente clivados por endonucleases de restrio. A DNA ligase requer um
grupo OH livre na extremidade 3' de uma das cadeias de DNA e um grupo fosfato na
extremidade 5' da outra cadeia (Figura 4). A E.coli e o fago T4 codificam uma DNA ligase
capaz de selar fragmentos de DNA com dupla fita. DNA ligase isolada de E.coli e de outras
bactrias requer NAD
+
, enquanto que a isolada do bacterifago T
4
requer ATP como
cofator.
Figura 4. DNA ligase cataliza a juno de duas fitas de DNA que so partes da molcula da dupla-
hlice.
5.1. Tipos de fragmentos de DNA que so ligados pela DNA ligase
a) Fragmentos com extremidades coesivas
As extremidades coesivas produzidas por vrias enzimas de restrio permitem que
dois fragmentos de DNA sejam mais facilmente ligados. Isto porque ocorre inicialmente o
pareamento das fitas simples das extremidades coesivas das duas diferentes molculas,
atravs da formao de pontes de hidrognio pela complementariedade das bases.
Finalmente, a ligao covalente (fosfodister) dos fragmentos realizada pela DNA ligase
(ver figura 4).
b) Fragmentos com extremidade no coesivas
DNAs portando extremidades no coesivas so ligados com muito menos eficincia
que aqueles que tem extremidades coesivas. Uma concentrao muito maior de DNA ligase
DNA DNA 3 OH
-
O O 5 P
O
-
O
DNA DNA 3 O O 5
O
P
-
O
+
DNA-Ligase
ATP ou NAD
8
e mesmo dos DNAs envolvidos necessria para que as molculas com extremidades no
coesivas sofram reao de ligao.
No entanto, a ligao deste tipo de fragmento facilitada pela transformao prvia
das extremidades no coesivas em coesivas. Este procedimento pode ser feito atravs de
dois processos:
a) Adio de polidesoxiadenina na extremidade 3' de um fragmento de DNA e
polidesoxitimina na extremidade 3' de um outro fragmento de DNA, atravs da enzima
desoxinucleotidil-transferase-terminal ou simplesmente transferase. Esta enzima, uma DNA
polimerase incomum, adiciona nucleotdeos extremidade 3-OH de fragmentos fita
simples proeminentes de uma cadeia de DNA. Para gerar este tipo de extremidade
proeminente a molcula tratada previamente com uma exonuclease 5-especfica para
remover alguns nucleotdeos terminais. Aps a mistura dos dois tipos de fragmentos
complementares e anelamento dos mesmos, as molculas so unidas preenchendo-se os
espaos existentes com o auxlio da DNA pol I e selando-os com DNA ligase (Figura 5)
b) Adio de adaptadores s extremidades no coesivas. Os adaptadores so
oligonucleotdeos sintticos que contm stios de clivagem para uma ou mais enzimas de
restrio. Eles so unidos ao DNA com o auxlio da DNA ligase (Figura 6).
Alternativamente, no lugar de modificar a extremidade no coesiva, pode-se optar pela
utilizao de T4 ligase em grande concentrao, o que permitir a ligao entre molculas
de DNA sem proeminncias.
6. TRANSFORMAO BACTERIANA
6.1.Conceito de transformao induzida
O processo de transformao constitui um evento de alta importncia na tcnica de
manipulao gnica. A transformao natural descrita por Griffith, em 1928, e por Avery e
colaboradores, em 1944, um evento raro. No entanto, em 1970, Mandel e Higa
encontraram que a E.coli tornou-se marcadamente competente para transformao com
DNA exgeno, quando a bactria foi suspensa em cloreto de clcio gelado e submetida a
um curto choque trmico 42
o
C. Estes mesmos autores tambm verificaram que as
bactrias crescidas at a fase log eram mais competentes do que aquelas isoladas de outros
estgios do crescimento.
9
Figura 5. Fragmentos de DNA com extremidades no coesivas podem ser transformadas em coesivas pela adio de poli
(A) e poli (T).
Figura 6. Fragmentos de DNA com extremidades no coesivas podem ser transformados em coesivas pela adio de
adaptadores e posterior tratamento com a enzima de restrio que reconhece o adaptador.
5 5
5 5 3
3
AAAA TTTT
3
3
3
AAAA TTTT
3
3
3
5 - Exonuclease especfica
Deoxinucleotdio transferase terminal
Espaos preenchidos com DNA Pol I. DNA ligase
para completar a ligao
+dATP +dTTP
DNA a ser inserido
+
GAATTC
CTTAAG
Adaptador
Sinttico
T4 DNA ligase
GAATTC
CTTAAG
GAATTC
CTTAAG
EcoRI
AATTC
G
G
CTTAA
GAATTC
CTTAAG
Vetor
EcoRI
G AATTC
CTTAA G
10
O procedimento do cloreto de clcio que usado at hoje produz uma eficincia de
transformao da ordem de 10
5
a 10
7
transformantes por micrograma de DNA (a eficincia
de transformao geralmente expressa como o nmero de clulas transformadas, obtido a
partir de um micrograma de DNA plasmidial intacto).
O tamanho e a conformao da molcula do DNA, afetam o processo de
transformao. Plasmdeos pequenos so mais facilmente incorporados pela clula
bacteriana competente; DNA linear pobremente incorporado, talvez pelo fato de sofrer
degradao pelas enxonucleases presentes no espao periplasmtico.
6.2. Mecanismos de captao do DNA
O mecanismo de captao da molcula do DNA pela bactria competente ainda
desconhecido. Uma hiptese que as molculas do DNA passam atravs de canais situados
nas chamadas zonas de adeso, que so locais onde a membrana interna e externa da clula
bacteriana unem-se formando poros. Estes poros s esto presentes durante o crescimento
bacteriano (fase de crescimento exponencial).
Em condies naturais, a captao do DNA torna-se difcil devido a repulso
eletrosttica existente entre as cargas negativas da camada de fosfolipdeos da membrana
bacteriana e dos grupo fosfato da molcula do DNA.
O papel do clcio explicado pela hiptese de que a 0
o
C a fluidez da membrana
celular cristalizada, estabilizando a distribuio dos fosfatos carregados. Os ons Ca
+2
formam um complexo com este grupamento, cobrindo as cargas negativas e assim
facilitando a atrao eletrosttica com as molculas do DNA na zona de adeso. O choque
trmico, complementa este processo de captao, provavelmente criando um desbalano
trmico entre o interior e o exterior da clula bacteriana, auxiliando o bombeamento do
DNA atravs da zona de adeso. A figura 7 ilustra este processo.
11
Figura 7. Mecanismo molecular proposto para explicar a transformao de E. coli com uma
molcula de DNA exgeno.
II. VETORES DE CLONAGEM MOLECULAR
Aps o isolamento de uma informao gentica, por exemplo um fragmento de DNA
obtido pela clivagem com enzimas de restrio, este fragmento dever ser inserido numa
outra molcula de DNA diferente, capaz de amplificar aquela informao gentica em
centenas de cpias. Este processo de amplificao obtido atravs do uso de molculas de
DNA que so os chamados vetores de clonagem molecular.
Atualmente, os tipos bsicos de vetores usados na metodologia do DNA
recombinante apresentam caractersticas especiais que os tornam excelentes veculos de
clonagem em diferentes situaes.
A seguir, vamos apresentar os principais tipos de vetores atualmente em uso na
biologia molecular.
- -
-
-
-
-
-
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-
-
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-
-
-
-
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-
-
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-
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-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
- -
-
- -
-
Zona de adeso
Plasmdeo
Bicamada lipdica
(interna)
Bicamada lipdica
(externa)
Fosfolipdeos
on de clcio
Camada peptido
glucan
DNA genmico Clula
Bacteriana
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1. PLASMDEO
Plasmdeos so pequenas molculas de DNA dupla fita, contendo os elementos
necessrios para a sua replicao e pelo menos um gene que confere resistncia a
antibitico. Estes elementos genticos extra cromossomais variam de 5 a 400 kilobases e
comumente esto presentes em duas ou mais cpias por clula. Os plasmdeos presentes
num grande nmero de cpias so usados como veculos de clonagem desde que capacitem
a amplificao do segmento do DNA neles clonado.
Um plasmdeo para ser um bom vetor de clonagem deve conter as seguintes
propriedades:
a) possuir uma origem de replicao (O), ou seja, uma seqncia de DNA que permita que
o vetor seja replicado na clula hospedeira;
b) apresentar dois ou mais stios nicos de clivagem para endonucleases de restrio. O
conjunto destes stios, denominado de Mltiplos Stios de Clonagem (MSC), o local
onde o inserto incorporado ao vetor de clonagem;
c) possuir um gene que codifica um produto que distingue a clula transformada da clula
no transformada. Por exemplo, muitos vetores de clonagem carregam o gene que confere
resistncia ampicilina (Amp
R
). As clulas transformadas com tais vetores so capazes de
crescer num meio contendo o antibitico, enquanto que as clulas no tranformadas acabam
morrendo.
A figura a seguir ilustra as principais caractersticas estruturais de um plasmdeo.
Figura 8. Estrutura molecular de um plasmdeo tpico usado em clonagem molecular. Esto
representados o gene de resistncia (Amp
R
), a regio de mltiplos stios de clonagem (MSC) e a
origem de replicao (O).
AmpR
O
MSC
13
Um dos passos fundamentais no processo de clonagem molecular o uso de enzima
de restrio que produz extremidades compatveis durante a clivagem do DNA a ser
clonado (inserto) e a do DNA receptor (vetor).
Uma vez que o DNA foi ligado ao vetor, esta molcula hbrida dever ser
introduzida numa clula hospedeira geralmente bactrias, por um processo chamado de
transformao, para que o vetor possa sofrer replicaes e consequentemente amplificar o
nmero de cpias do inserto. A bactria transformada ser facilmente reconhecida pela
aquisio de um novo fentipo dado pelo plasmdeo, ou seja, capacidade de crescer em
meios contendo antibitico.
2. FAGOS
Um dos vetores mais utilizados nos processos de clonagem molecular o
denominado bacterifago , o qual comporta-se como um vrus da E.coli. Antes de
analisarmos o uso deste elemento como veculo de clonagem molecular, vamos mostrar
resumidamente as suas propriedades biolgicas e estruturais.
2.1 Biologia do fago
O fago um parasita obrigatrio da E.coli, o qual necessariamente deve injetar o
seu DNA na bactria hospedeira para a sua multiplicao. Aps a infeco da E.coli o
genoma do fago pode seguir duas vias:
a) No primeiro caso denominado estado ltico, o DNA do fago permanece na bactria como
uma molcula independente, havendo a ativao de alguns genes do fago e a concomitante
inativao de outros, dentro de um programa estritamente definido. Como resultado o
cromossomo do fago replicado ativamente, ocorre a sntese das protenas da capa e da
cauda e formam-se novas partculas virais. Em aproximadamente 45 minutos aps a
infeco a clula hospedeira lisada havendo a liberao de cerca de 100 novos fagos.
b) A outra via que o cromossomo do fago pode seguir o denominado estado lisognico.
Neste caso, o DNA do fago integrado no cromossomo da bactria passando a ser chamado
profago. No estado lisognico, todos os genes do profago esto inativos com excesso do
gene que produz a protena repressora. A bactria hospedeira carregando o profago
multiplica-se e este replicado passivamente e distribudo para as bactrias descendentes.
14
Em condies naturais a opo entre seguir o estado ltico ou lisognico depende das
condies do meio. Assim, via de regra, em meio rico em nutrientes o estado ltico
preferencial, por exemplo o fago na bactria E.coli intestinal. Por outro lado, em meio
pobre de nutrientes como o caso da E.coli no solo, o fago prefere o estado lisognico. Em
condies experimentais, o estado a ser seguido depende de um balano entre os fatores do
meio intra e extra celular e de fatores genticos da bactria hospedeira e do bacterifago.
2.2 Genoma do fago
O bacterifago uma partcula viral constituda de aproximadamente 50% de
protenas e 50% de DNA. O DNA do fago , na forma como ele isolado da partcula viral,
uma molcula linear com dupla fita de aproximadamente 48.500 pares de bases. As
extremidades da molcula contm uma frao de DNA fita simples com cerca de 12
nucleotdeos, os quais so complementares na sequncia de bases e atravs delas que o
DNA assume a forma circular quando ele injetado na clula hospedeira. Estas
extremidades so denominadas de stios cos. O genoma do fago codifica para
aproximadamente 50 protenas, cujos genes tem um cronograma de expresso bem definido,
o que determina a instalao do estado ltico ou lisognico.
As figuras 9 e 10 ilustram o ciclo biolgico do fago em uma clula hospedeira e
o genoma do fago com alguns dos seus principais genes, respectivamente.
2.3 Controle de expresso dos genes do fago
Seja qual for a via a ser seguida pelo fago , ou seja via ltica ou lisognica, a
expresso dos genes envolvidos nestes circuitos comea pelos produtos dos genes N e Cro,
regulados pelos promotores pL e pR respectivamente situados esquerda (pL) e direita
(pR) do gene cI.
Durante o transcurso da via ltica, o produto do gene cro est diretamente
relacionado com a replicao do genoma do fago , atravs da induo da expresso dos
genes OP. Por outro lado, o produto do gene N est diretamente relacionado com a
expresso dos genes da regio de empacotamento, ou seja genes A e J, responsveis pela
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sntese das protenas da cabea e da cauda do fago , como tambm da expresso dos genes
S e R, diretamente envolvidos com a lise da clula hospedeira.
Figura 9. Replicao do fago no interior da clula hospedeira. Aps adsoro (1) e injeo (2) do
genoma do fago na bactria, a via ltica indicada pelos nmeros 3, 4 e 5 leva a formao de novas
partculas virais. Alternativamente, a via lisognica (6) pode ser ativada levando integrao do
material gentico viral ao genoma da bactria hospedeira.
Figura 10. Representao esquemtica do genoma do fago .
Durante a via lisognica, a transcrio tambm inicia-se pelos promotores pL e pR
coordenando a expresso dos genes cII e cIII. O produto destes dois genes coordena a
expresso do gene cI que produz uma protena repressora inibindo a expresso dos genes
responsveis pelo empacotamento e a lise. Por outro lado, um outro gene importante o int,
1
2
6
3
4
5
Empacotamento Recombinao Regulao Replicao Lise
cos A J
N Cro
pL pr
.cIII cI cII O P S R
int
16
cujo produto relaciona-se com a integrao do fago no genoma bacteriano estabelecendo o
estado lisognico.
2.4 O uso do fago como vetor de clonagem molecular
Durante o ciclo ltico, os genes envolvidos no processo de lisognia so
dispensveis e consequentemente a regio de integrao do genoma do fago pode ser
totalmente substituda por um outro fragmento de DNA, sem que haja qualquer alterao
nos processos envolvidos na via ltica.
Uma das maiores vantagens de usar o fago como vetor de clonagem que o DNA
inserido no fago empacotado in vitro. Embora a eficincia de empacotamento seja cerca
de 10%, uma vez que os fagos so empacotados teremos 100% de eficincia na infeco da
E.coli hospedeira. Este processo altamente eficiente quando comparado com o da
transformao bacteriana com plasmdeos. Neste caso, os melhores resultados situam-se ao
redor de 10
8
transformantes por g de DNA o que significa que menos de 1 em 1000
plasmdeos so incorporados na E.coli hospedeira.
Atualmente, existem vrios derivados do fago nos quais um ou mais stios de
restrio flanqueiam a regio de recombinao, facilitando a sua substituio por um outro
DNA. Estes so os chamados vetores de substituio. Um exemplo tpico destes vetores
o EMBL3, no qual a regio de recombinao flanqueada pelas enzimas de restrio
EcoRI, BamHI e SalI. Esse vetor quando quando clivado pode receber fragmentos de DNA
variando de 10,4 a 20 kb, como mostra a figura abaixo.
Outros derivados do fago so os chamados vetores de insero. Neste tipo de
vetor, os fragmentos de DNA que podem ser inseridos devem ter no mximo at 7kb de
tamanho para no alterar os processos de empacotamento do genoma do fago.
Os vetores de insero derivados do fago mais bem utilizados especialmente na
clonagem de cDNA, so os vetores gt10 e o gt11. Vamos a seguir fazer algumas
consideraes sobre estes dois tipos de vetores.
No fago gt10, o inserto geralmente cDNA, inserido no stio da EcoRI situado no
gene repressor cI. O fago recombinante ter agora o gene cI obstrudo e consequentemente
durante a cultura provocar a lise das colnias de bactrias transformadas. Essas colnias
lisadas so visualizadas como crculos com o centro claro (placas de lise), bastante distintos
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das colnias no recombinantes, que por possurem o gene cI ntegro no so lisadas e
permanecem como colnias turvas.
Figura 11. Representao esquemtica da clonagem de um fragmento de DNA genmico no fago
. As regies indicadas por a contm todas as informaes necessrias para replicao em E. coli e
empacotamento in vitro. Os diferentes fragmentos obtidos da digesto do DNA de interesse com
enzima apropriada esto indicados pelas letras b e c, onde somente c possui tamanho adequado para
o empacotamento.
Por outro lado, o fago gt11 contm um stio de restrio EcoRI localizado num
gene chamado LacZ, a 53 nucleotdeos do cdon de trmino da enzima codificada por esse
gene (-galactosidase). Essa enzima, cuja expresso pode ser induzida por IPTG (isopropil-
EcoRI
EcoRI
ligase
empacotamento
in vitro
a
a
b
b
b
b
c
DNA bacterifago
DNA camundongo
bacterifago
contendo
genes do
camundongo
informaes
desnecessrias
replicao
c
18
-D-galactosdeo), degrada o substrato X-gal produzindo um precipitado de cor azul.
Portanto, colnias de bactrias carregando o DNA do fago com o gene LacZ intacto (sem
inserto), na presena do indutor IPTG e do substrato X-gal, ficaro azuis. Enquanto que,
aquelas portanto o DNA o fago que incorporou o inserto no stio de EcoRI, no expressam a
-galactosidade e permanecem de cor branca, o que facilita a identificao dos clones
recombinantes.
3. COSMDEO
A clonagem de fragmentos de DNA no fago apresenta uma limitao, pois o
fragmento a ser clonado no pode ser maior do que cerca de 15kb (Figura 12). Na maioria
das vezes, esta dimenso suficiente para conter um gene completo, incluindo as
sequncias flanqueadoras. Entretanto, muitos genes apresentam dimenses da ordem de 35
a 40 kb e nestes casos, a tcnica usada para a clonagem deste tipo de fragmento a chamada
clonagem em cosmdeos.
Os cosmdeos, so plasmdeos que contm um fragmento de DNA do fago que
inclui o stio cos. Estes cosmdeos podem ser usados como veculos de clonagem molecular
empregando o sistema de empacotamento in vitro que reconstitui a estrutura do fago
(cabea e cauda) e assim usado para infectar a clula hospedeira.
As enzimas do sistema de empacotamento do fago reconhecem os dois stios cos
situados de 35 a 49 kb de distncia e neste caso, somente fragmentos desta ordem de
tamanho sero convenientemente empacotados.
O DNA genmico de interesse clivado com uma enzima de restrio que produz
grandes fragmentos de DNA, os quais sero ligados ao cosmdeo, tambm clivado com a
mesma enzima.
A situao ideal que cada fragmento do DNA genmico apresente um stio cos
nas suas extremidades. Durante o empacotamento, as enzimas do sistema reconhecem os
stios cos situados a uma distncia dentro de 49Kb, clivam estes stios e empacotam estas
molculas.
O DNA do cosmdeo injetado no interior da clula hospedeira, circulariza igual ao
DNA do fago e replica como um plasmdeo normal, sem expresso de qualquer funo do
19
fago. As clulas infectadas sero selecionadas com base na resistncia adquirida a um
determinado antibitico. A figura 12 ilustra um tpico processo de clonagem em cosmdeo.
Figura 12. Esquema de clonagem em cosmdeo.
4. VRUS
A biologia molecular dos vrus de DNA e RNA foi extensivamente estudada antes do
advento da metodologia do DNA recombinante. O vrus SV40, isolado de clulas tumorais
de macacos, foi um dos primeiros sistemas virais utilizados para introduzir genes em clulas
de mamferos. O DNA do SV40 apresenta 5.200 pares de bases e pode ser dividido em duas
regies quanto a expresso gnica viral. Estas regies so chamadas de regio precoce e
regio tardia.
fragmentos de restrio
de 35 a 40 kb
Amp
R Stio alvo de restrio
cos
DNA circulariza
aps infeco
seleo de
clones resistentes
a ampicilina
20
A regio precoce expressa atravs do ciclo ltico, enquanto que a expresso dos
genes da regio tardia ocorre somente aps o incio da replicao do DNA viral. Entre estas
duas regies situa-se a origem de replicao do DNA do vrus.
Um produto de expresso da regio precoce o antgeno T, o qual responsvel
pela transformao maligna de clulas no permissveis (clulas nas quais o vrus no
completa a sua replicao), como tambm pelo incio da replicao viral em clulas
permissveis. Os produtos de expresso codificados pela regio tardia correspondem s
protenas que formam o capsdeo da partcula viral. A figura 13 ilustra o genoma do virus
SV40.
Figura 13. O DNA do virus SV40
4.1. Clonagem no vrus SV40
A produo de DNA recombinante no vrus SV40, pode ser realizada atravs da
substituio do segmento de expresso precoce ou do segmento de expresso tardia.
No primeiro caso, o vrus recombinante no produz o antgeno T, ao passo que na
segunda opo no haver produo das protenas do capsdeo. Entretanto, estas funes
deletadas podem ser suprimidas como veremos a seguir.
4.1.1. Clonagem no SV40 pela substituio da regio tardia
Quando a regio tardia do SV40 substituda com outro DNA, perde-se a
expresso das protenas do capsdeo (funes tardias). Para que o sistema de clonagem
o
Expresso
precoce
Expresso
tardia
SV40
Genoma do SV40
21
funcione adequadamente pode-se realizar a infeco simultnea com um outro vrus SV40
que tem uma deleo nos genes da regio precoce, mas a regio tardia intacta. Nas clulas
co-infectadas as protenas da regio precoce sero produzidas pelo vrus recombinante e as
protenas do capsdeo pelo vrus deletado. Como resultado, teremos a produo de uma
populao de partculas virais mistas, ou seja, vrus deletado e vrus recombinante. A figura
14 ilustra este procedimento.
Figura 14. Clonagem no SV40 pela substituio da regio tardia
SV40
gene
cotransfeco
partculas Virais
SV40
Regio funcional
tardia
Regio
funcional
precoce
O
da
globina
SV40-globina
empacotamento e lise
22
4.1.2. Clonagem no SV40 pela substituio da regio precoce
Quando a clonagem no SV40 feita na regio precoce, a produo de partculas
virais depende do suprimento, por uma outra fonte, das protenas codificadas pela regio
precoce (antgeno T). Para evitar uma infeco mista com um vrus SV40 deletado, usa-se
uma linhagem celular, as clulas COS as quais, apresentam uma poro do genoma do
SV40 integrado ao seu prprio cromossomo. Esta linhagem celular produz a protena viral
denominada antgeno T, a qual liga-se na origem de replicao do vrus e induz a sua
replicao. A figura 15 ilustra este tipo de clonagem.
Apesar deste sistema viral ter sido usado como vetor de expresso em muitas
estratgias de clonagem, existem algumas desvantagens de seu uso. Uma delas que o gene
a ser clonado no pode ser grande, a outra que as clulas hospedeira s podem ser clulas
de macacos e finalmente, o genoma da clula hospedeira pode sofrer rearranjados ou
delees.
Atualmente, dois outros sistemas virais mais versteis esto em uso, so eles o
vrus da vacina e o Baculovrus, os quais podem aceitar genes bem maiores do que
aqueles aceitos pelo SV40. Um inconveniente para estes dois sistemas virais que ambos
apresentam um grande genoma e o gene a ser clonado s pode ser inserido por processos de
recombinao dentro das clulas, o qual bastante lento em relao aos processos
tradicionais em uso na metodologia do DNA recombinante.
Finalmente, um sistema viral bastante promissor so os retrovrus que so vrus
cujo material gentico o RNA e apresentam um ciclo bastante diferente dos mencionados
anteriormente que so ciclos lticos. Os retrovrus infectam uma grande variedade de clulas
de mamferos e o seu RNA transcrito reversamente para DNA o qual incorporado ao
genoma da clula hospedeira. Neste estado ele produz continuamente novas partculas
virais, juntamente com o produto do gene nele clonado. Devido a sua versatilidade, os
retrovrus so atualmente os vetores eleitos para uso em terapia gnica.
5. BACTERIFAGO M13
O bacterifago M13 um fago filamentoso da E. coli e contm uma nica fita de
DNA envolvida por protenas virais. Durante o seu ciclo, a clula hospedeira infectada
23
pela fita (+) a qual servir como molde para a sntese da outra fita (-). A dupla fita
denominada de forma replicativa, permanece no interior da clula hospedeira e
amplificada at 200 cpias por clula, quando ento a fita negativa no mais se replica e a
fita positiva continua a ser sintetizada, adquire as protenas da cpsula viral e sai da clula
hospedeira atravs de processo no ltico (Figura 16).
Figura 15. Esquema de clonagem no SV40 pela substituio da regio precoce.
SV40
gene
Partcula Viral
O
da
Regio funcional
tardia
Regio
funcional
precoce
SV40-Ha
hemaglutinina (Ha)
co-transfeco
SV40
mutante
empacotamento
e lise
SV40 mutante
integrado ao
genoma da clula COS
antgeno T replicao
24
Figura 16. Replicao do bacteriofago M13.
5.1. Clonagem no bacterifago M13
A grande utilidade deste sistema de clonagem a sua facilidade na produo de
DNA fita simples, facilmente recupervel do sobrenadante de uma cultura lquida da E.coli
infectada com este vetor. Como veremos futuramente, este DNA fita simples bastante til
no processo de sequenciamento do DNA pelo mtodo desenvolvido por Sanger e
colaboradores (1977).
Para facilitar o seu uso especialmente em estratgias de seqenciamento, foram
desenvolvidos vetores da srie M13mp, os quais contm o MSC inserido no gene que
expressa a -galactosidase.
Mutaes foram realizadas de tal modo que a enzima s ativa quando o vetor est
na clula hospedeira, convenientemente preparada. Este processo denomina-se de
alfacomplementao. A incluso do mltiplo stio de clonagem no gene da galactosidade
visa a identificao dos possveis recombinantes quando na presena de um substrato
cromognico o X-gal ou Bluogal (5-bromo-4-cloro-indolil--D-galactosdeo) e o indutor
IPTG. Quando o vetor est intacto (no recombinante), a enzima funcional e frente ao
substrato cromognico este clivado produzindo placas de cor azul. Por outro lado, quando
um fragmento de DNA inserido no mltiplo sitio de clonagem, a expresso da enzima
suprimida, portanto as clulas so incapazes de metabolizar o substrato cromognico
formando placas incolores.
+ + +
+
+
-
M13
E.coli
25
5.2. Estratgia de clonagem em vetores da srie M13mp
A utilizao de vetores com diferentes orientaes do mltiplo stio de clonagem,
tais como M13mp8 e o M13mp9, facilita a insero de um fragmento de DNA em ambas as
orientaes. Como veremos adiante, esta estratgia apresenta grande aplicao no programa
de sequenciamento de um DNA pelo mtodo de Sanger.
A figura 17 ilustra a insero de um fragmento de DNA clivado com as enzimas Pst1
(P) e EcoRI (E) nos vetores M13mp8 e M13mp9, ambos clivados com as mesmas enzimas.
Esta clonagem orientada permite a insero do fragmento de DNA na orientao 5'3' no
vetor M13mp8 e na orientao 3'5' no vetor M13mp9.
Figura 17. Clonagem de um fragmento de DNA nos vetores M13mp8 e M13mp9 clivados
com as enzimas EcoRI (E) e PstI (P).
6. FAGOMDEOS
Apesar do bacterifago M13 apresentar grande aplicabilidade especialmente nos
processos de seqenciamento de DNA, foram desenvolvidas outras geraes de fagos, os
quais reunem as vantagens do fago M13 e a do plasmdeo. Os primeiros foram os vetores da
srie pEMBL e mais tarde os plasmdeos pTZ, pBluescript e pGEM (+/-). Estes vetores so
chamados de fasmdeos ou fagomdeos e apresentam as seguintes caractersticas principais:
P
5 3
P E
E
P
E
E P
P
E
M13 mp9 M13 mp8
26
fagomdeo apresenta um verstil MSC, permitindo a clonagem de grandes
insertos sem maiores dificuldades, alm de que, as enzimas situadas neste stio
foram ordenadas de tal modo a permitir uma alternativa interessante durante o
processo de sequenciamento.
utilizando uma combinao estratgica de duas enzimas de restrio, possvel
criar terminaes 5' e 3' proeminentes, tornando agora uma extremidade (a do
inserto) susceptvel ao da Exonuclease III. Esta estratgia, permite a
obteno progressiva e controlada de vrios fragmentos deletados do inserto, os
quais aps a recircularizao tornam-se apropriados para o sequenciamento.
Este procedimento, facilita o seqenciamento de um grande inserto de DNA,
sem a necessidade de mltiplas subclonagens como usual no sistema M13 ou a
sntese de vrios oligonucleotdeos internos, usados como iniciadores no
processo de seqenciamento.
6.1. Clonagem no fagomdeo
Vamos utilizar como exemplo, o fagemdeo ZAP que particularmente til para
clonagem de cDNA. Este vetor, incorpora a biologia do fago M13 de tal modo que um
cDNA clonado neste vetor pode ser automaticamente excisado do fago para um fagomdeo
denominado pBluescript.
Basicamente, qualquer DNA clonado no MSC inativa o gene LacZ, produzindo
uma protena de fuso quando na orientao correta, podendo assim tambm ser rastreada
com anticorpos.
Quando uma cepa da E.coli (F') infectada com o fago recombinante e
superinfectada com o fago auxiliar, esse produz as protenas do sistema M13. Essas
protenas reconhecem os sinais de iniciao e trmino da sntese de DNA do fago auxilar
(f1) que esto flanqueando o pBluescript, que por sua vez est incorporado no fago ZAP e
carrega o inserto. Com a clivagem destas duas seqncias, o DNA automaticamente
circularizado na bactria para originar a forma recombinante do plasmdeo Bluescript
SK(M13).
O inserto clonado no Bluescript flanqueado por promotores para as RNA
polimerases dos fagos T3 e T7. Neste sentido, aps o vetor ser convenientemente
27
linearizado, cpias do RNA relativo ao inserto, podem ser obtidas em ambas as direes
atravs do uso das RNA polimerases T3 e T7.
7. VETORES PARA TRANSFORMAO DE LEVEDURAS
O grande interesse existente no estudo das leveduras Saccharomyces cerevisiae e
Schizosacharomyces pombe deve-se ao fato de que tratam-se de organismos eucariotos
inferiores e como tais possuem organizao celular similar de eucariotos superiores. Alm
disso, muitas protenas de leveduras so similares estrutural e funcionalmente s suas
homlogas em mamferos. A utilizao de leveduras como um modelo de estudo traz as
seguintes vantagens:
tempo de crescimento reduzido que permite a obteno de grandes quantidades
de leveduras em pouco tempo.
genoma de pequeno tamanho, cerca de 200 vezes menor que o genoma de
mamferos, o que simplifica anlises moleculares e genticas.
possibilidade de manter as leveduras como clulas haplides ou diplides, o que
permite a obteno de mutaes recessivas em clulas haplides, bem como a
realizao de experimentos de complementao gentica. As clulas de
mamferos so diplides o que torna impossvel a deteco de mutaes
recessivas.
Existem diferentes marcadores de seleo que so utilizados em leveduras. A maior
parte dos genes marcadores utilizados em leveduras so genes envolvidos na biossntese de
aminocidos e nucleotdeos. Um dos marcadores frequentemente utilizados o gene de
levedura LEU2 que codifica para uma das enzimas da via de sntese da leucina, a enzima -
isopropilmalato dehidrogenase. A linhagem mutante de levedura, leu2, no cresce em meio
de cultura que no contm leucina. Assim quando o gene LEU2 utilizado na
transformao da linhagem leu 2, as clulas desta linhagem que adquiriram o gene LEU2
sero capazes de crescer em meio de cultura deficiente no aminocido leucina. Esta
estratgia semelhante a resistncia ampicilina adquirida por bactrias que foram
transformadas com plasmdeos que contm o gene que promove a resistncia ampicilina.
A tabela a seguir lista alguns dos marcadores de seleo comumente utilizados em
levedura.
28
GENE ENZIMA SELEO
HIS3
Imidazol glicerolfosfato desidratase Histidina
LEU2
-Isopropilmalato desidrogenase Leucina
LYS2
-Aminoadipato redutase Lisina
TRP1
N-(5'-fosforibosil)- antranilato isomerase Triptofano
URA3
Orotidina-5'fosfato decarboxilase Uracil
Tabela 2. Genes marcadores de seleo em levedura. Os meios de cultura utilizados em geral
contm todos os aminocidos necessrios manuteno da levedura com exceo de um. Assim,
por exemplo, clulas transformadas com o gene HIS 3 so selecionadas em meio de cultura
deficiente em histidina.
Os vetores utilizados na transformao de leveduras so capazes de se propagar
tanto em E. coli quanto em levedura. A manipulao destes vetores (clonagem, mutagnese,
seqenciamento, etc) realizada em bactria como para qualquer plasmdeo convencional e
ento o mesmo transferido para levedura, organismo onde os ensaios de interesse so
realizados. Tais vetores so denominados vetores do tipo ponte (shuttle vectors) e contm
entre outros elementos origens de replicao de bactria e levedura bem como genes
marcadores que funcionam para a seleo nos dois organismos.
Diferentes tipos de vetores so utilizados na transformao de leveduras:
Vetores de integrao: tais vetores contm origem de replicao de bactrias e genes
marcadores para seleo em bactria e levedura. Neste caso o plasmdeo no capaz de
replicar de modo autnomo na levedura. O modo pelo qual este tipo de vetor propagado e
capaz de expressar o marcador de seleo atravs da integrao em um dos
cromossomos de levedura.
Vetores que replicam em levedura: tais vetores tambm contm origem de replicao de
bactria e genes marcadores para seleo em bactria e levedura. Dois tipos de origens de
replicao de levedura so empregadas nestes plasmdeos. O primeiro tipo consiste na
origem de replicao do plasmdeo de 2 m, que de ocorrncia natural em levedura. O
segundo consiste de origens de replicao isoladas de DNA cromossomal denominadas
ARS (Autonomously Replicating Sequence, sequncias de replicao autnoma).
Plasmdeos contendo a origem de replicao do plasmdeo de 2m ou sequncias tipo ARS
replicam em mltiplas cpias em levedura (Figura 18). Uma variante deste tipo de vetor
inclui, alm da sequncia ARS, uma sequncia tipo centromrica, denominada CEN, que
garante que a replicao destes plasmdeos seja estvel, ocorrendo uma nica vez por ciclo
29
celular e que eles sejam segregados de modo preciso durante a mitose e meiose. Vetores
contendo sequncias tipo CEN so mantidos em cpia nica na levedura (Figura 18).
YACs: (Yeast Artificial Chromosome, cromossomo artificial de levedura) so uma variao
de um vetor de cpia nica, que contm sequncias centromricas (CEN) e sequncias
telomricas, que so sequncias das extremidades dos cromossomos. A presena de
sequncias telomricas nestes vetores permite que sejam replicados como molculas
lineares, com comportamento semelhante ao do DNA cromossomal. YACs no so
utilizados de rotina em experimentos de clonagem, entretanto, tm se mostrado uma
ferramenta valiosa na caracterizao de grandes segmentos genmicos na medida em que
possvel clonar em um YAC fragmentos que vo de 100 a 2000 kb (Figura 19).
Figura 18. Vetores de levedura. Contm sequncias de plasmdeo (aqui de pUC118) que
permitem a propagao e do resistncia a ampicilina em E.coli, o gene de seleo em levedura
(neste caso LEU 2) e stios nicos de restrio. Vetores multicpias: Estes plasmdeos existem na
forma circular na levedura. Alguns destes vetores empregam a origem de replicao do plasmdeo
de 2 m, outros utilizam origens de replicao isoladas de cromossomos que so denominadas
ARS. 2m e ARS permitem a replicao do plasmdio em mltiplas cpias. Vetores cpia nica:
Vetores que contm origens de replicao tipo ARS podem ser mantidos estavelmente atravs da
adio de sequncias centromricas, CEN. A existncia de sequncias tipo CEN assegura que o
plasmdeo seja mantido em 1 ou 2 cpias na levedura e segregado de modo preciso durante a
diviso celular.
GLOSSRIO
- ARS: (autonomous replication sequence, sequncia de replicao autnoma). Sequncia
que funciona como uma origem de replicao em cromossomos de levedura.
- BAC: (bacterial artificial chromosome, cromossomo artificial de bactria). Vetor
utilizado na clonagem de DNA genmico, baseado no fator F de plasmdeo que assegura
que o plasmdeo seja mantido em pequeno nmero de cpias na bactria.
- Centrmero: regio do cromossomo que apresenta uma constrico e qual liga-se o
fuso mittico durante a meiose ou mitose. necessria para a manutno da
estabilidade e segregao correta dos cromossomos durante a diviso celular.
LEU2
LEU2
ARS
ARS
Puc118
Puc118
DNA Levedura
DNA Levedura
Cpia nica
CEN
Multicpias
30
- Origem de replicao: regio onde iniciada a sntese de DNA em um dado fragmento
de DNA.
- Telmero: extremidade do cromossomo que contm sequncias repetitivas de DNA
sintetizadas pela enzima telomerase e importantes na manuteno da integridade
cromossomal.
- YAC: (yeast artificial chromosome, cromossomo artificial de levedura). Sistema de
clonagem em levedura que consiste de um vetor linear que tem capacidade de replicao
autnoma e que contm um centromro de levedura e duas sequncias telomricas em
suas extremidades.
Figura 19. YACs: Contm um centrmero, dois telmeros, gene(s) marcadores para seleo em
levedura e uma seqncia tipo ARS. Devido presena destas seqncias os YACs so replicados
como pequenos cromossomos lineares na levedura.
III. CONSTRUO E USO DE BIBLIOTECAS DE DNA RECOMBINANTE
A obteno de uma molcula de DNA recombinante, atravs da ligao de um
fragmento de DNA de interesse com o DNA de um vetor, um processo direto e
relativamente simples. Entretanto, problemas especiais surgem quando o fragmento de
interesse constitui uma frao pequena do DNA total. Este o caso encontrado comumente
quando o objetivo o isolamento de genes presentes em uma nica cpia num genoma
complexo, ou quando o objetivo o isolamento de clones portadores do DNA
complementar RNA mensageiro raro. Deste modo, claro que quando queremos clonar
um determinado gene ou o DNA complementar da mensagem ou mensagens por ele
codificado(s) necessrio obteno de colees de clones recombinantes, portadores de
Amp
R
TRP1
ARS1
CEN4
EcoRI
URA3
+EL +EL
HI Bam
YAC
31
molculas representantes de todo o genoma, ou de colees de clones de cDNAs derivados
de toda a populao de mensageiros da clula ou tecido de interesse. Essas colees de
clones de DNA recombinante so chamadas de bibliotecas: Biblioteca Genmica, no caso
dos clones terem sido obtidos a partir do DNA genmico ou Biblioteca de cDNA, no caso
dos clones terem sido construdos a partir de DNA complementar.
O DNA de organismos superiores bastante complexo: por exemplo, o genoma
haplide de mamfero composto de aproximadamente 3x10
9
pares de bases (pb).
Portanto, se o fragmento de interesse tiver 3000 pb, ele compreender somente 1 parte em
10
6
de uma preparao do DNA total. De modo similar, uma espcie de RNAm
particularmente rara pode compreender somente 1 parte em 10
5
ou 10
6
da frao de RNA
mensageiros de uma clula. Deste modo, para que seja garantida a presena na biblioteca de
pelo menos uma verso de todas as seqncias da populao alvo, um dos pontos principais
na construo de bibliotecas teis a obteno de grandes quantidades de clones. Embora a
soluo deste problema envolva estratgias especficas no preparo do DNA alvo e na
escolha do vetor de clonagem, em linhas gerais a construo de bibliotecas genmicas e de
cDNAs segue um procedimento bsico bastante semelhante. Nos dois casos, o DNA
genmico ou os cDNAs so preparados para a insero no vetor escolhido. O vetor e o
DNA alvo so ligados e introduzidos em E. coli atravs de infeco ou em alguns casos, por
transformao direta (Figura 20).
1. BIBLIOTECA DE cDNA
A descoberta da enzima transcriptase reversa, uma DNA polimerase dependente de
RNA encontrada predominantemente em vrus de RNA de tumor, tornou possvel a sntese
in vitro de DNA usando-se como molde RNAm. O DNA produto dessa reao o DNA
complementar ou cpia da mensagem, abreviadamente chamado de cDNA. A sntese e
possvel clonagem de cDNAs contriburam para grandes avanos na anlise da estrutura e
expresso de genes de eucariotos e propiciaram uma revoluo tecnolgica nas indstrias
farmacutica e de alimentos. Esses clones so comumente isolados de bibliotecas de cDNA,
construdas a partir da populao de RNAm isolada da clula ou do tecido de interesse.
Portanto, em comparao com bibliotecas do genoma total essas bibliotecas so
enriquecidas com seqncias gnicas. Uma vez que o cDNA cpia da mensagem, ele no
contm introns e apresenta significativamente poucas seqncias que no codificam para
32
protenas (Figura 21). A ausncia de introns permite que cDNAs relativos a clulas de
eucariotos superiores sejam diretamente transcritos e traduzidos em bactrias e em outros
microorganismos, permitindo assim a produo em grande escala de polipeptdios
importantes tanto na rea de pesquisa como na rea aplicada. A ausncia de introns tambm
facilita a determinao direta da seqncia da mensagem e subseqente deduo da
seqncia de aminocidos da protena por ela codificada. Isso tem resultado na identificao
da seqncia de uma enorme quantidade de protenas, algumas vezes mesmo antes de terem
sido identificadas gentica ou bioquimicamente.
Figura 20. Passos envolvidos na construo de Bibliotecas de cDNA e Bibliotecas genmicas.
Escolha do
Vetor
mRNA
Tecido
DNA
cDNA
Digerir o DNA,
Fracionar por tamanho
DNA clonvel
Titulao e caracterizao
da Biblioteca
Ligar DNA a um vetor
Introduzir o produto
da ligao em E.coli
Parcial ou completamente
33
Figura 21. Diagrama representando de forma simplificada as diferenas entre um fragmento de
DNA genmico e do cDNA relativo a ele.
De modo resumido, o procedimento para a sntese, clonagem e isolamento de cDNAs
especficos envolve 4 etapas:
1) Sntese in vitro de cDNAs de fita dupla a partir de RNAs mensageiros isolados do tecido
de interesse.
2) Preparo dos cDNAs para a ligao com o vetor escolhido.
3) Introduo dos cDNA recombinantes nas clulas hospedeiras, onde sero replicados.
Isto resultar na amplificao dos recombinantes e dependendo do vetor utilizado, na
expresso das protenas codificadas pelas mensagens que deram origem aos cDNAs.
4) Identificao dos clones de interesse atravs de um processo de triagem dos clones
recombinantes.
1.1. Sntese de cDNAs de fita dupla
A construo de uma biblioteca de cDNA inicia-se com o isolamento do RNA total
do tecido e subseqente seleo da frao de RNA poli(A)+, que compreende a maioria das
mensagens presentes na clula. O isolamento de RNA poli(A)+ de boa qualidade
34
essencial, uma vez que qualquer degradao do RNAm afetar a representatividade das
seqncias na biblioteca.
Uma vez obtida a frao de RNA poli(A)+, procede-se sntese dos cDNAs atravs
de uma srie de reaes enzimticas (Figura 22). Nos ltimos dez anos foram descritos
vrios mtodos para sntese de cDNA, cada um apresentando vantagens e desvantagens
particulares. Como exemplo, apresentamos a seguir um procedimento amplamente usado
para esse fim:
a) Sntese da fita de DNA complementar ao RNAm (cDNA) atravs da enzima transcriptase
reversa. Essa enzima capaz de catalisar in vitro a polimerizao de DNA a partir RNA e
requer um "primer" com a extremidade 3'OH livre para iniciar a sntese. Na maioria das
vezes, a molcula utilizada como "primer" um oligo (dT), que se anela na cauda poli (A)+
do RNA.
b) Aps a sntese dessa fita de cDNA, o RNAm parcialmente removido, pelo uso da
RNase A para cortar pedaos do RNA da molcula hbrida RNA-DNA.
c) Utilizando como "primer" os fragmentos de RNA no digeridos pela RNaseA, a DNA
polimerase de E. coli substitui eficientemente o RNA por DNA, resultando em uma
molcula de cDNA de fita dupla.
d) O cDNA fita dupla tratado com T4 polimerase. Atravs da atividade 3'-5' exonuclesica
dessa enzima remove-se possveis nucleotdeos extras nas extremidades 3'.
e) O produto final desse conjunto de reaes uma molcula de DNA de fita dupla, cpia
exata da mensagem.
1.2. Preparo dos cDNAs para a ligao com o vetor
Uma vez obtido o cDNA, o prximo passo prepar-lo para a insero em um vetor
de clonagem (Figura. 22). Para isso tambm existem vrios mtodos disponveis, que
diferem entre si dependendo do tipo de vetor escolhido: plasmdio ou fago. O fago tem
sido o vetor de escolha para a construo de bibliotecas de cDNA. A razo bsica desta
preferncia a eficincia. Em comparao com plasmdios, o fago requer cerca de 16
vezes menos cDNA por g do vetor para produzir nmero equivalente de clones
recombinantes. Alm disso, bibliotecas em fago so mais fceis de serem manipuladas do
35
que bibliotecas em plasmdios. Entretanto, uma desvantagem dos vetores que no so
favorveis para procedimentos de seqenciamento do DNA e de mutagnese dirigida. Mais
recentemente, outro tipo de vetor foi idealizado para suprir essas deficincias. Essa classe
de vetores compreende os fagemdios que, como o prprio nome sugere, so plasmdios
contendo pores do genoma de fago e que renem vantagens desses dois vetores.
Figura 22. Sntese de cDNA fita dupla.
Para dar uma noo dos passos implicados na clonagem do cDNA relatamos a seguir
um procedimento adotado para a clonagem de cDNA em fago .
metilao dos stios de EcoRI atravs do tratamento do cDNA com EcoRI, na presena de
S-adenosil metionina. Esse passo essencial para proteger os stios EcoRI que possam
existir no cDNA contra a ao da EcoRI em digesto a ser realizada subseqentemente
no processo de clonagem.
adio de adaptadores, com o stio EcoRI, nas duas extremidades do cDNA. Essa reao
resulta em molculas de cDNA com adaptadores mltiplos ligados nas duas pontas (ver
figura 23).
36
um nico stio de EcoRI produzido em cada ponta do cDNA pela digesto com EcoRI,
liberando o excesso de adaptadores ligados na molcula. A metilao prvia do cDNA
garante que no haja digesto interna do cDNA.
antes de ser inserido no vetor, o cDNA separado do excesso de molculas de
adaptadores. Isso feito atravs de filtrao em colunas de Sephadex.
as molculas de cDNA so ligadas ao vetor, atravs de reao com T4 ligase.
o produto da ligao empacotado com as protenas formadora do capsdeo do fago.
os fagos obtidos so utilizados para infectar bactria de linhagem que favorece o
crescimento dos recombinantes.
aps a infeco da bactria com os cDNA recombinantes temos como produto uma
biblioteca de cDNA, que deve conter cpias de toda as seqncias de RNAm da
populao original. Essa biblioteca pode ser estocada na geladeira, ou submetida a uma
triagem em busca do clone de interesse.
2. BIBLIOTECA GENMICA
Para se obter informaes sobre a estrutura molecular de um gene de eucariotos
necessrio o isolamento da poro do DNA genmico que contenha toda a unidade de
transcrio, mais as regies flanqueadoras onde se localizam os elementos controladores da
expresso desse gene. O modo mais eficiente para se conseguir isolar essa poro do DNA
atravs do uso de uma biblioteca genmica, que deve conter clones portando fragmentos
de DNA representantes de todo o genoma do organismo em questo. Deste modo, o
aspecto principal considerado na construo de uma biblioteca genmica est na obteno
de um nmero grande de clones portando fragmentos do genoma, obtidos aleatoriamente. O
tamanho necessrio de uma biblioteca genmica, para que um dado fragmento de interesse
esteja entre os fragmentos clonados, determinado pelo tamanho do fragmento clonado e
pelo tamanho do genoma. Deste modo, a estratgia bsica na construo de bibliotecas
genmicas busca minimizar o nmero de clones necessrios atravs da clonagem de
fragmentos de DNA de maior tamanho possvel, e maximizar a eficincia da clonagem,
37
atravs da utilizao de vetores baseados no fago . Basicamente, a construo da
biblioteca genmica envolve os seguintes passos:
a) isolamento de DNA de alto peso molecular, que posteriormente quebrado de
modo a produzir fragmentos de tamanho compatvel com o vetor de clonagem.
b) ligao desses fragmentos no vetor e introduo dos recombinantes obtidos nas
clulas hospedeiras.
Figura 23. Clonagem de cDNA em fago .
Dentre esses passos, o modo de preparo dos fragmentos a serem clonados (insertos)
merece ser discutido criticamente dada sua importncia na representatividade da biblioteca.
1
5 6
2 3
4
7 8 9
Me
Me
Metilao do cDNA para proteger
os stios internos de RI Eco
Ligao dos adaptadores RI
com o cDNA
Eco
Digesto com RI para
gerar stios coesivos RI
Eco
Eco
Separao do cDNA do excesso de
adaptadores
cDNA purificado
Ligao do cDNA dos braos
do fago lambda
Empacotamento dos recombinantes
com as protenas formadoras da
partcula viral
Infeco da bactria hospedeira
o fago recombinante
Plaqueamento dos recombinantes
38
2.1. Preparo do DNA do inserto
A representatividade de uma biblioteca genmica depende grandemente da
aleatoriedade com que os fragmentos a serem clonados so gerados, para que no haja
excluso sistemtica de nenhuma seqncia. O fracionamento mecnico do DNA o meio
de se obter completa aleatoriedade na fragmentao do DNA. Entretanto, esse mtodo no
comumente adotado devido trabalhosa manipulao necessria para que os fragmentos
assim obtidos possam ser inseridos no vetor. Com bom senso e cuidado possvel conseguir
fragmentao suficientemente aleatria atravs de digestes parciais do DNA com enzimas
de restrio. Uma vantagem em se utilizar a digesto parcial do DNA a produo de
fragmentos com pontas coesivas e que, portanto, podem ser diretamente ligados ao vetor.
Para garantir que a digesto atinja todo o genoma so utilizadas enzimas de restrio que
cortam freqentemente o DNA e que no apresentam desvios de distribuio de stios. A
enzima Sau3A I, que reconhece o stio de 4 bases GATC, e que gera fragmentos
compatveis com stios de clonagem de vrios fagos e cosmdios, tem provado ser bastante
til na produo de bibliotecas de DNA genmico digerido parcialmente. Aps a digesto
parcial, os fragmentos gerados precisam ser fracionados antes de serem ligados ao vetor.
Sem esse fracionamento, fragmentos pequenos podero ligar-se entre si produzindo falsos
recombinantes. Fragmentos muito grandes que no permitem o crescimento do fago
podero ligar-se aos braos do fago, alterando a relao entre as quantidades de DNA de
inserto e vetor.
Um mtodo de fracionamento freqentemente adotado o de centrifugao em
gradiente de sacarose. Aps a digesto parcial, a soluo de DNA aquecida para que
possveis fragmentos agregados se dissociem, e ento, aplicada sobre um gradiente de
sacarose de alta salinidade. Aps a centrifugao, so coletadas fraes desse gradiente.
Essas fraes so analisadas por eletroforese em um gel de agarose. As fraes contendo os
fragmentos de DNA de tamanho apropriado so utilizadas para a ligao com o vetor. A
figura abaixo ilustra esse procedimento.
39
Figura 24. Mtodo para fracionamento do DNA por centrifugao em gradiente de sacarose. O
gradiente aspirado, de baixo para cima, com ajuda de uma bomba peristltica. A poro mais
densa do gradiente contendo o DNA de maior peso molecular, aspirada primeiro.
Uma vez garantida a aleatoriedade dos fragmentos clonados, bastante razovel se
pensar que a probabilidade de uma dada seqncia de interesse estar presente em uma
biblioteca genmica possa ser estimada estatisticamente, com base na distribuio de
Poisson. Especificamente, o nmero de clone independentes (N) que precisam ser triados
para uma probabilidade (P) de se isolar uma seqncia especfica dada por:
N = ln(1-P)/ ln[1-(I/G)]
onde I o tamanho mdio dos fragmentos clonados, em pares de base, e G o tamanho do
genoma, em pares de base.
Deste modo, precisamos triar cerca de 690.000 clones de uma biblioteca que usa
como vetor um fago , para termos 99% de chance de isolar qualquer dada seqncia
presente em uma nica cpia em um genoma tpico de mamfero.
N = ln(1-0,99)/ln[1- (2x10
4
/3x10
9
)]= 690.000
2.2. Vetores utilizados na construo biblioteca genmica
Fagos e cosmdeos so comumente usados na construo de bibliotecas genmicas.
Nos dois casos, fragmentos grandes de DNA gerados por fragmentao aleatria so ligados
com o DNA do vetor para formar concatmeros que podem ento ser empacotados em
partculas de fago . As bibliotecas construdas em vetores so armazenadas e propagadas
1
Tubo de plstico
Tubo capilar
Tubos de coleta
Bomba
Gradiente de
sacarose
2 3 4 5
40
na forma de fagos recombinantes. No caso de clonagem em cosmdios, entretanto, essas
partculas virais servem meramente como veculos para introduzir o DNA recombinante
dentro da bactria. Uma vez dentro da bactria o cosmdio se comporta como um plasmdio
grande.
Os cosmdios podem aceitar insertos de aproximadamente 45kb, quase duas vezes o
tamanho dos insertos clonveis em fago . Deste modo, usando-se o cosmdio como vetor,
necessrio gerar somente 350.000 recombinantes para atingir 99% de probabilidade de uma
seqncia de cpia nica estar representada em uma biblioteca genmica de mamfero.
Entretanto, bibliotecas em cosmdios so mais difceis de se construir e manter do que as
bibliotecas de fagos. Cosmdios so ento usados quando o gene de interesse muito
grande ou quando uma regio extensa do DNA cromossomal desejada. No caso de
isolamento rotineiro de segmentos de genes ou em circunstncias onde a biblioteca ser
usada muitas vezes, o uso de vetores mais recomendado.
Na figura abaixo apresentamos um diagrama da estrutura de um vetor tipo ,
bastante utilizado na construo de bibliotecas genmicas.
Figura 25. Estrutura do vetor EMBL3. BE=brao esquerdo; BD=brao direito; stuffer=
fragmento central; S=SalI; B=BamHI; E=EcoRI.
Conforme indicado no diagrama este vetor apresenta um fragmento central
flanqueado por dois fragmentos essenciais (direito e esquerdo). O fragmento esquerda,
chamado de brao esquerdo, codifica para as protenas do capsdeo e o fragmento direita,
chamado de brao direito, contm a origem de replicao do fago e promotores de outros
genes essenciais. Entre o fragmento central e os dois braos encontram-se os stios de
restrio utilizados na clonagem - SalI, BamHI, EcoRI - em orientao inversa.
5'
5' 3'
3'
BE
BE=brao esquerdo BD=brao direito
B B
S E E S
BD
Fragmento central cos
cos
41
Como todo fago , a extremidade de cada brao apresenta um segmento de fita
simples (cos). Esses segmentos so complementares entre si e permitem a recircularizao
da molcula, e a conseqente replicao do DNA do fago dentro da clula hospedeira.
Esse tipo de vetor chamado de vetor de substituio por que no processo de
clonagem a parte central do DNA do fago substituda pelo fragmento de DNA a ser
clonado, originando a molcula recombinante.
Mais recentemente outros vetores com capacidade para grandes insertos foram
desenvolvidos. Os cromossomos artificiais de levedura (YACs) so molculas lineares de
DNA cuja arquitetura mimetiza a estrutura de um cromossomo autntico (Figura 26). Os
YACs recombinantes so criados pela ligao de fragmentos grandes de DNA genmico
exgeno (at 2000 kb) com os dois "braos" do vetor YAC e o produto da ligao
introduzido na levedura por transformao. Nos YACs recombinantes, o segmento de DNA
genmico exgeno flanqueado de um lado por um centrmero, uma origem de replicao
e uma marca de seleo e pelo outro lado, por uma segunda marca de seleo. As leveduras
transformantes com cromossomo artificial so selecionadas como colnias em meio com as
drogas de seleo.
Os cromossomos artificiais de bactrias (BAC) so molculas de DNA circulares
que carregam uma marca de seleo a antibitico. Os segmentos de DNA genmico
exgeno so clonados no vetor BAC in vitro e o produto da reao de ligao introduzido
por eletroporao em cepas de E. coli, onde mantido como um plasmdio de cpia nica.
Os vetores BACs carregam marcadores que permitem a discriminao dos clones vazios e
cheios. A mdia de tamanho dos clones de BACs 120 kb, mas alguns clones podem
chegar 300kb.
Os vetores de bacterifago P1 acomodam fragmentos genmicos de 70 a 100Kb.
Neste sistema, as molculas lineares recombinantes geradas a partir de seqncias do vetor
e do genoma so empacotadas in vitro em bacterifago P1. Aps a injeo em E. coli, as
molculas se tornam circulares pela atividade de uma recombinase, que promove a
recombinao de seqncias especficas presentes no vetor. Estes vetores carregam marca
de seleo para antibitico, marca de seleo positiva para seleo dos clones com inserto
de DNA genmico exgeno e uma origem de replicao plasmdial P1, que mantm uma ou
duas cpias dos plasmdios recombinantes na clula. Uma segunda origem de replicao
pode ser ativada para amplificao dos plasmdios antes do isolamento do DNA.
42
Figura 26. Construindo um cromossomo artificial de levedura (YAC). O vetor YAC carrega uma
origem de replicao (ORI), um centrmero (CEN), dois telmeros e marcas de seleo (X e Y).
Lehninger, Principles of Biochemistry. Figura 29-16, p. 1139.
Os cromossomos artificiais P1 combinam as caractersticas dos bacterifagos P1 e
dos BACs, incluindo a marca de seleo positiva e as origens de replicao do bacterifago
P1. Os clones circulares recombinantes de PACs gerados durante a reao de ligao in
vitro so introduzidos em E.coli por eletroporao e mantidos como um plasmdio de cpia
nica na clula. Os insertos da biblioteca de DNA do genoma humano em PACs variam de
60kb a 150kb.
43
IV. DETECO E ANLISE DO CLONE RECOMBINANTE
Um passo crucial na Tecnologia do DNA recombinante encontrar o clone correto
na mistura de clones que foi criada durante os procedimentos da confeco da biblioteca
genmica ou de cDNA. Embora seja relativamente fcil selecionar as colnias que abrigam
os vetores de clonagem usando os marcadores de resistncia a antibiticos que esto
presentes nos vetores (Figura 27A), muito mais difcil selecionar o clone que contenha o
gene de interesse. Note que no caso do vetor ser um plasmdio devero ser examinadas
milhares de colnias de bactrias crescidas em placas de petri contendo agar, para a
deteco daquela(s) colnia(s) que produza(m) pequenas quantidades da protena expressa
pelo gene de interesse ou ento que possua(m) o gene de interesse sem qualquer expresso
protica que o caracterize (Figura 27B). Ser discutida inicialmente a situao na qual a
protena expressa no hospedeiro. Em seguida ser discutida a situao mais comum onde a
protena no expressa e a anlise ser feita atravs da prpria presena do DNA de
interesse no fago ou na bactria.
1. QUANDO O GENE DE INTERESSE EXPRESSO NO HOSPEDEIRO
Se o gene de interesse capaz de se expressar na clula hospedeira pode-se
identificar o clone que carrega este gene pela presena desta protena entre as colnias
recombinantes. Para isto, o hospedeiro no deve produzir esta protena, a menos que ele
carregue o clone que a produza. Se esta protena for produzida normalmente pela clula
hospedeira, ser ento necessrio o uso de uma clula hospedeira defectiva ou mutante para
o gene de interesse. Quando este gene for incorporado ele pode ser detectado por
complementao daquela funo. Se a protena a ser detectada for especfica de mamfero,
por exemplo, a clula hospedeira j ser naturalmente defectiva. Se a protena for uma
enzima que catalisa uma reao mensurvel pode ser possvel triar as colnias por sua
atividade enzimtica.
Se a protena de interesse no for uma enzima com funo detectvel, uma outra
estratgia ser necessria para a identificao do clone correto, como por exemplo, o uso de
um anticorpo especfico para a protena de interesse. Anticorpo uma protena do soro
produzida pelos mamferos que se combina com alta especificidade com outra protena, o
antgeno. Neste caso, a protena de interesse o antgeno. Como o anticorpo se combina
especificamente com o antgeno, se o antgeno estiver presente em uma ou mais colnias de
44
uma placa de petri, a identificao destas colnias poder ser feita observando-se a reao
antgeno-anticorpo.
Figura 27. Em A, estrutura do plasmdio pBR322, um tpico vetor de clonagem. Em B, mtodo da
inativao insercional para isolar plasmdios contendo DNA exgeno. A insero do DNA exgeno
no plasmdio pBR322 causa inativao da resistncia tetraciclina, permitindo o isolamento de
transformantes contendo o fragmento de DNA clonado (B). Lehninger, Principles of Biochemistry.
Figura 29-6, p. 1126.
Para que o antgeno seja produzido na clula hospedeira a biblioteca de cDNA ter
de ser construda num vetor de expresso. Neste caso os cDNAs so inseridos nestes
vetores em regies que promovam sua expresso em E.coli, normalmente em promotores
que possam ser regulados. Esta protena antignica ser expressa como uma protena de
fuso, ou seja, ser sintetizada subseqente a alguns aminocidos pertencentes protena do
vetor bacteriano. Estas protenas de fuso so geralmente mais estveis que a
45
correspondente protena de eucarioto produzida em bactria e, portanto podem ser obtidas
em grande quantidade. Para visualizar a produo destas protenas, uma parte dos fagos de
cada placa de lise (ou bactrias) recombinantes desenvolvidos numa placa de Petri so
transferidos (como um carimbo) para uma membrana de nitrocelulose, tratados para expor
suas protenas e ento submetidos a uma soluo contendo um anticorpo especfico para a
protena desejada. Depois que os anticorpos livres so removidos, um segundo anticorpo
adicionado para localizar a posio do primeiro. O segundo anticorpo normalmente
radioativo e pode ser identificado por autoradiografia utilizando-se um filme de raio X. Se
uma colnia radioativa estiver presente, uma mancha no filme de raios-X ser observada
depois que o filme for revelado (Figura 28). A localizao desta mancha no filme
corresponde localizao da colnia que produziu aquela protena, na placa de petri
original. Esta colnia ser ento recuperada da placa original e cultivada.
Uma limitao deste procedimento que o anticorpo utilizado nesta triagem precisa
ser especfico para a protena de interesse. A produo de anticorpos pode ser obtida pela
injeo da protena (antgeno) em um animal. No entanto, esta protena injetada deve ser
pura, caso contrrio mais que um anticorpo ser formado.
2 O USO DE SONDAS MOLECULARES DE CIDOS NUCLICOS PARA
IDENTIFICAR O GENE DE INTERESSE
Como pode ser detectado um gene de interesse entre as colnias da biblioteca
genmica ou de cDNA, se este gene no expresso?
Quando o DNA em soluo aquosa aquecido 100C, ou exposto pH alto, as
bases complementares que normalmente seguram as duplas hlices juntas so dissociadas
em duas fitas simples. Este processo chamado de desnaturao. Estas mesmas fitas
simples podero se reassociar se forem conservadas 65C, por longos perodos, num
processo chamado de renaturao (ou hibridao, quando a associao ocorre entre cidos
nuclicos de diferentes origens). Reaes de hibridao ocorrem entre quaisquer duas
cadeias de cidos nuclicos de fita simples (DNA:DNA, RNA:DNA ou RNA:RNA) desde
que tenham seqncias de nucleotdeos complementares.
46
Figura 28. Triagem de bibliotecas de expresso com anticorpos. Se o inserto estiver na orientao correta e na apropriada
seqncia aberta de leitura traduzido em protena de fuso (antgeno). Os anticorpos identificam as placas de lise especficas
destes antgenos.
Promotor
EcoRI lac
-Galactosidase
gfll
EcoRI
EcoRI
EcoRI
EcoRI
linker
cDNA
Proteina de Fuso
Empacotamento dos fagos
e plaqueamento em
camada bacteriana
in vitro
Membrana de
nitrocelulose
Placas de lise
Nitrocelulose
sobre as placas
de lise
Remoo da
membrana
Protenas se ligam
a nitrocelulose
Incuba membrana com
anticorpo primrio
Lava membrana
Incuba membrana com
anticorpo secundrio
anticorpo secundrio
anti corpo primrio
Filme de raio-X
"
"
47
Este princpio da hibridao molecular fundamental para caracterizar DNAs
recombinantes quando o gene de interesse no expresso. Sondas de cidos nuclicos
(fragmentos de cido nuclico marcados radioativamente, geralmente com
32
P) so
utilizadas para localizar clones, numa biblioteca genmica ou de cDNA, que carreguem
uma seqncia de DNA de interesse. Aps a confeco da biblioteca genmica (ou de
cDNA) os fagos carregando DNA recombinante so espalhados juntamente com uma
suspenso de bactrias numa placa de petri contendo meio de cultura slido. Uma vez
visualizada as placas de lise (ou as colnias, no caso do vetor ser um plasmdio) preparada
uma rplica de cada placa de petri com uma membrana de nilon ou de nitrocelulose. Este
processo permite a transferncia de uma poro de fagos de cada placa de lise (ou de
bactrias de cada colnia) para a membrana, de tal maneira que o padro das placas de lise
da placa de petri original seja mantido na membrana. Para identificar qual das placas de lise
porta o gene de interesse esta membrana tratada para expor e desnaturar o DNA das
colnias ali presentes e incubados com uma soluo de DNA ou RNA fita simples, marcada
radioativamente e complementar ao gene de interesse para permitir a hibridao. Dois
polinucleotdios simples fitas somente iro se hibridar se forem complementares. A
localizao da placa de lise que se hibridou sonda determinada aps a exposio da
membrana a um filme de Raios-X (autoradiografia) e a comparao deste filme com a
disposio das colnias na placa de petri original (Figura 29).
Esta sonda molecular radioativa pode ser parte de um gene j clonado para o qual se
procura o gene total, pode ser o DNA de um gene vizinho ao gene de interesse, pode ser o
RNA de genes que so expressos em tecidos especficos ou em estgios especficos do ciclo
celular, ou mesmo o gene de uma outra espcie que codifica para a mesma protena. Neste
ltimo caso, a reao de hibridao pode ser realizada em baixa temperatura (42
0
C ao invs
de 65
0
C) e em baixa concentrao de sal (baixa estringncia) para permitir a hibridao
mesmo entre DNAs que tenham algumas bases no complementares.
48
Figura 29. Triagem de uma biblioteca genmica ou de cDNA, construdas no fago , com uma
sonda molecular para encontrar um clone de interesse. Esta triagem feita espalhando-se os fagos
previamente incubados numa cultura de bactrias, em vrias placas de agar. Depois que as placas de
lise tornam-se visveis, so feitas as rplicas em membrana de nitrocelulose, seu DNA exposto e
hibridizado com a sonda molecular. A posio do clone recombinante de interesse identificada
atravs de autoradiografia. O DNA isolado dos fagos presentes na placa de lise positiva,
identificada na placa de petri original e submetida a anlises posteriores.
Membrana de
nitrocelulose
Placas de lise
Fagos absorvem a
nitrocelulose
Placa mestra
Membrana rplica
Sonda de cido
nucleico marcada
com 32p
Sonda Hibridiza
DNA ligado ao filtro
Lavagem das sondas
no incorporadas
Sonda hibridiza ao DNA do fago
que contem a sequncia complementar
Filme de raio-X
Placa mestra
DNA lambda
isolado da placa de
lise
DNA clonado
Clone lambda purificado
49
Genes que respondem a um mesmo mecanismo de regulao podem ser identificados
numa biblioteca de cDNA por hibridao diferencial. Isto , genes expressos em tecidos
especficos, em estgios especficos do desenvolvimento ou do ciclo celular e genes
regulados por fatores de crescimento so adequados para serem analisados por este tipo de
abordagem. Para esta identificao necessrio produzir duas populaes celulares (ou
extrair mRNA de dois diferentes tecidos) uma na qual eles no se expressam e outra na qual
eles se expressam. Suponha por exemplo, que uma biblioteca de cDNA seja preparada
usando o mRNA isolado de clulas tratadas com fatores de crescimento. Esta biblioteca
plaqueada e transferida para dois conjuntos de membranas de nitrocelulose. Um conjunto
ensaiado com DNA marcado radioativamente preparado por transcrio reversa do RNA
das clulas tratadas com os fatores de crescimento. O outro conjunto de filtros hibridado
com cDNA preparado de clulas no tratadas. Clones positivos identificados por hibridizar
mais fortemente com a primeira sonda codificam mRNAs induzveis pelos fatores de
crescimento (Figura 30).
Quando o DNA a ser clonado expressa uma protena cuja seqncia conhecida
pode-se inferir a seqncia de um trecho de DNA que lhe deu origem e sintetizar
oligonucleotdeos que lhe sejam complementares para serem utilizados como sondas
moleculares. Estes nucleotdeos devem ter pelo menos 17 a 20 nucleotdeos de
comprimento para ser especfico para a seqncia procurada. Um problema enfrentado para
sintetizar estes oligonucleotdeos a degenerecncia do cdigo gentico. Alguns
aminocidos so codificados por quatro ou mesmo seis diferentes cdons e, portanto mesmo
um pequeno polipeptdio pode ter sido codificado por vrias seqncias de DNA. Para
contornar este problema as sondas oligonucleotdicas so algumas vezes sintetizadas como
uma mistura de todas as possveis combinaes dos cdons que so traduzidas naquela
seqncia protica (Figura 31). Uma destas seqncias correta e ir hibridar com o clone
de interesse, mas a possvel hibridao dos outros oligonucleotdeos com seqncias sem
interesse pode levar a obteno de clones falsos positivos.
Uma variao deste mtodo utilizar o menor nmero possvel de oligonucleotdeos
como sonda, escolhendo a regio da protena que contm o menor nmero possvel de
cdons degenerados (por exemplo, metionina somente codificada pelo cdon AUG).
Deve-se levar em conta tambm qual o cdon de uso mais freqente para cada
aminocido, na espcie que est sendo analisada.
50
Figura 30. Clonagem de genes regulados por fatores de crescimento atravs de hibridao
diferencial. Esta estratgia utilizada para clonar uma famlia de genes que so induzidas quando
clulas quiescentes so estimuladas a crescer pela adio dos fatores de crescimento.
AAAAA AAAAA
AAAAA AAAAA
AAAAA
AAAAA AAAAA
AAAAA AAAAA
Clulas com fatores
de crescimento
Clulas Quiescentes
Cresce em 3 hs
Isola o mRNA poli(A)
Isola o mRNA
poli(A)
mRNA induzido pelos
fatores de crescimento
Oligo(dt)
Transcritase
Reversa
32p-dNTPA
hibridao
Oligo(dt)
Transcritase
Reversa
32p-dNTPA
hibridao
Prepara bibliotca
de cDNA com fago
lambda e infecta Ecoli
Placa mestra
Rplica em membrana de nitrocelulose
Autoradiogrfia
Autoradiogrfia
Filme
de raio-X
Filme
de raio-X
cDNA
comum
Clone de cDNA
indusvel por
fatores de
crescimento Isola o clone
do fago
Placa mestra
Hibridao
negligenciavel
51
Figura 31. Desenho de sondas oligonucleotdicas baseadas na seqncia protica. Como a maioria
dos aminocidos especificada por dois ou mais cdons estes oligonucleotdeos so sintetizados
usando-se uma mistura dos nucleotdeos das posies ambguas. A seqncia correta estar
representada entre os oligos. Uma outra possibilidade usar uma sonda tentativa cuja escolha
baseada na freqncia de uso do cdon na espcie em estudo. Neste caso pareamentos incompletos
podem ocorrer.
3 ANLISE DO DNA E RNA POR ELETROFORESE EM GEL E BLOTTING
Vrias tcnicas foram desenvolvidas baseadas nas propriedades de hibridao dos
cidos nuclicos visando a triagem e isolamento de seqncias especficas destas molculas.
A maioria destas tcnicas, conforme j mencionado, trabalha com uma rplica do DNA de
interesse imobilizado num suporte slido tal como uma membrana de nilon ou de
TG -ATG-GA -GA -ATG-AA -AG -AA -ATT
T
C
C
T
A
G
A
G
A
G
C
T
A
C
CG
A
C
G
T
TGTATGGATGAAATGAA
TGTATGGACGAAATGAA
TGCATGGACGAAATGAA
TGCATGGATGAAATGAA
TGTATGGATGAGATGAA
TGTATGGATGAGATGAA
TGCATGGACGAGATGAA
TGCATGGATGAGATGAA
TGCATGGACGAGATGAAGCGCAACATC
TGCATGGACGAAATGAA
TGCATGGACGA ATGAAGCGCAA ATC
---ACGTACCTGCTTTACTTCGCGTTATAG---
---ACGTACCTGCT TACTTCGCGTT TAG---
5'
5'
5'
3'
3'
3'
G C
T
A
Cys-Met-Asp-Glu-Met-Lys-Arg-Asn-Ile
Sequncia Parcial
de Aminocidos
Sequncias Possveis
do DNA
Parte da sequncia com
pouca ambigidade
Sondas contendo
todas as possveis combinaes
de condons de parte
da sequncia
Sonda tentativa
Hibridao com cDna
52
nitrocelulose. Um destes mtodos, desenvolvido na dcada de 70 por E. M. Southern,
tornou-se conhecido por "Southern blotting". Nesta tcnica o DNA digerido com uma ou
mais enzimas de restrio e os fragmentos resultantes separados por eletroforese num gel de
agarose. Os fragmentos de DNA dupla fita so visualizados por colorao com brometo de
etdio, desnaturados 'in situ' com hidrxido de sdio e transferidos para uma membrana por
capilaridade, com o auxlio de uma soluo de alta concentrao salina. Tais condies
permitem que o DNA seja retido na membrana no ponto de contacto entre o gel e a
membrana, criando uma rplica do gel. O DNA covalentemente ligado membrana
usando-se calor ou luz ultravioleta. Sondas de cidos nuclicos (DNA ou RNA marcados
radioativamente) podem ser utilizadas para hibridar com o DNA fixado na membrana e a
posio na qual a ligao especfica ocorrer pode ser detectada por autoradiografia da
membrana (Figura 32). O padro de hibridao pode ser comparado diretamente com a
regio no gel original que contm a seqncia de DNA de interesse. Southern blotting
uma tcnica to poderosa que permite que as informaes obtidas sejam utilizadas para a
construo de um mapa de restrio de uma determinada parte do DNA clonado, por
exemplo, para identificar a regio que contm o gene de interesse. Esta tcnica possibilita
tambm que as sondas de cidos nuclicos sejam utilizadas para diagnsticos de distrbios
genticos, ensaiando-se o DNA genmico dos indivduos afetados e de seus familiares. De
modo anlogo, molculas de RNA tambm podem ser identificadas aps serem separadas
por eletroforese, transferidas para nitrocelulose, sofrerem hibridao com sondas de DNA
ou RNA. Esta tcnica de analisar RNA, por analogia ao Southern blotting, recebeu o nome
de Northern blotting. Esta tcnica til como auxiliar na anlise de clones de cDNA
porque, o tamanho do mRNA especfico pode ser comparado com o tamanho dos cDNAs
clonados, revelando a integridade dos clones. Alm disto, esta tcnica permite indicar em
qual tecido ou tipo celular um determinado gene expresso ou quais so os fatores que
regulam a sua expresso.
53
Figura 32. Southern blotting. Um fragmento de DNA especfico pode ser identificado separando-se
a mistura de fragmentos por eletroforese, transferindo-se para nitrocelulose e hibridizando-se com
uma sonda molecular complementar seqncia e marcada com
32
P.
4 COMO OS GENES CLONADOS SO UTILIZADOS?
O clone de interesse pode ser explorado sob vrios aspectos. Ele pode ser
seqenciado e comparado com outras seqncias j descritas, ser utilizado no estudo da
expresso gnica do(s) gene(s) contido(s) no clone, ser alterado especificamente por
mutagnese stio dirigida ou ser usado para gerar um produto de interesse comercial. Para
isto quase sempre ser necessrio transferir o clone, ou parte deste para um vetor mais
apropriado para atingir os objetivos desejados. A transferncia de parte do DNA clonado
para um novo vetor conhecida como sub clonagem. Algumas destas aplicaes sero
abordadas nos captulos seguintes.
5. MAPA DE RESTRIO
O mapa de restrio do DNA clonado ou de pequenas molculas de DNAs de fagos,
plasmdios ou mitocndrias pode ser bastante til na caracterizao da molcula. Esta
tcnica envolve a separao por eletroforese dos fragmentos de DNA obtidos aps digesto
do DNA total com determinada enzima de restrio. A ordem dos fragmentos na molcula
pode ser descoberta com o uso de outras enzimas de restrio, em duplas digestes e/ou por
digestes seqenciais usando 2 enzimas. Assim cada fragmento obtido aps digesto com a
transferncia
do DNA por
"blotting".
Sonda de DNA
marcada com
P
3 2
autoradiografia
papel
de
nitrocelulose
autoradiograma
eletroforese
gel de
agarose
54
enzima x removido do gel e submetido digesto com a enzima y e vice-versa (Figura
33).
Informaes sobre o mapa de restrio de um fragmento de DNA so utilizadas, por
exemplo, para subclonar partes deste fragmento para o seqenciamento. O mapa de
restrio do DNA mitocondrial vem sendo til na caracterizao de linhagens e/ou espcies
de vrios organismos, auxiliando em estudos taxonmicos e evolutivos.
Figura 33. Mapa de restrio do DNA do fago para vrias endonucleases. As barras verticais
indicam os locais de clivagem de cada enzima e os nmeros no alto indicam o tamanho da molcula
em unidades de 5000 pares de bases. Esta molcula possui no total 48502 pares de bases.
V. REAO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR)
A reao em cadeia da polimerase possibilita a amplificao de uma seqncia rara
de DNA a partir de uma mistura complexa, sem a necessidade de clonagem molecular. Esta
tcnica amplamente utilizada em pesquisa bsica, em medicina forense e no diagnstico
de doenas genticas e infecciosas.
Inicialmente, necessria a construo por sntese qumica de dois
oligonucleotdeos de DNA (iniciadores) complementares as extremidades de cada fita de
DNA, flanqueando a regio de interesse. Estes oligonucleotdeos servem como iniciadores
da sntese de DNA in vitro, que catalisada pela DNA polimerase.
Um ciclo de PCR comea com a desnaturao por calor (95C), que promove a
separao da fita dupla de DNA. A reao resfriada na presena de um excesso dos dois
oligonucleotdeos, possibilitando a hibridizao dos dois iniciadores com a seqncia
complementar presente no DNA alvo. Em seguida, a reao incubada para atividade da
DNA polimerase, produzindo novas fitas de DNAs a partir dos iniciadores e utilizando o
quatro desoxirribonucleotdios (dATP, dCTP, dGTP e dTTP) (Figura 34).
55
Figura 34. As 3 etapas do ciclo de PCR (http://allserv.rug.ac.be/~avierstr/index.html).
A cada novo ciclo da reao inicia-se com o aquecimento para desnaturao da
dupla fita de DNA, seguido de resfriamento para hibridao dos iniciadores e sntese de
uma nova fita pela DNA polimerase a partir dos iniciadores, sendo que as fitas de DNA
recm sintetizadas servem de molde no ciclo seguinte. Portanto, em cada ciclo sintetizado
o dobro do DNA produzido no ciclo anterior (Figura 35). Usualmente, so realizados de 20
a 30 ciclos para amplificao de um segmento de DNA especfico dentro de um genoma.
Nas primeiras iniciativas para amplificar fragmentos de DNA utilizava-se a enzima
DNA polimerase da Escherichi coli, que possui atividade mxima a 37C. Esta enzima
deveria ser adicionada a cada ciclo pois o passo de desnaturao inativa a enzima. Um
importante avano ocorreu com a descoberta da enzima Taq DNA polimerase (Saiki et al,
1988) oriunda da bactria Thermus aquaticus. A Taq DNA polimerase possui atividade
tima a 72C e permanece razoavelmente estvel mesmo a 95C e com isto, a enzima
adicionada somente no inicio do processo .
56
Figura 35. Os primeiros 4 ciclos de um PCR em detalhes.No terceiro ciclo, duas duplas fitas que
apresentam o tamanho correto so copiadas (as duas fitas com o mesmo tamanho). No quarto ciclo,
8 duplas fitas que apresentam o tamanho so copiadas (http:// allserv.rug.ac.be/
~avierstr/index.html).
Alm de ser utilizada para a amplificao de um segmento especfico de DNA dentro
de um genoma, a metodologia de PCR pode ser utilizada para amplificar um segmento ou
toda a seqncia de um produto gnico. Isso pode ser feito a partir da populao de RNA de
uma determinada clula ou tecido. Entretanto, como a Polimerase utilizada na metodologia
de PCR uma DNA Polimerase depedente de DNA, ela no pode usar RNA diretamente
como molde para a amplificao. Assim, inicialmente realizada uma reao de transcrio
reversa, onde pela ao da transcriptase reversa o RNA utilizado como molde para
gerao de cDNA, que ento utilizado como molde em uma PCR subsequente. Essa
abordagem denominada de RT-PCR (Reverse Transcription and Polimerase Chain
Reaction) muito til para se analisar de maneira rpida a expresso de genes de interesse,
pois uma vez que a PCR realizada a partir de cDNA, o fragmento correspondente ao gene
de interesse s ser amplificado naquelas clulas ou tecidos onde o gene expresso. Esta
tcnica pode ser utilizada para clonagem de um cDNA de interesse, desde que j se tenha
alguma informao de sua seqncia, sem a necessidade de se construir uma biblioteca de
cDNA para isol-lo.
57
VI. SEQENCIAMENTO DE DNA
A partir do final da dcada de 70 tornou-se possvel a determinar a seqncia
nucleotdica de fragmentos de DNA. O desenvolvimento da metodologia descrita por
Sanger e cols associado a avanos tecnolgicos, permite que hoje genomas inteiros sejam
seqenciados.
O princpio do mtodo de terminao da cadeia para seqenciamento de DNA
baseia-se na sntese de DNA in vitro realizada na presena didesoxirribonucleotdeos. Um
DNA purificado pode ser sintetizado in vitro em uma mistura que contm molculas de fita
nica de DNA, enzima DNA polimerase, um DNA iniciador que possibilita a polimerase
iniciar a sntese de DNA utilizando os desoxirribonucleotdios. Alternativamente, na
presena de didesoxirribonucleotdeos (ddATP, ddCTP, ddGTP e ddTTP) na reao, o
elongamento da cadeia de DNA bloqueado pela incorporao do nucleotdeo sem um
grupo OH na posio 3'.
No mtodo originalmente desenvolvido por Sanger para seqenciamento de DNA,
uma fita complementar sintetizada utilizando um mistura de desoxirribonucleotdeos, um
deles marcado com P
32
ou S
35
. So realizadas 4 reaes independentes, contendo uma
pequena quantidade de um tipo de didesoxirribonucleotdio em cada uma das reaes. Cada
reao produz um conjunto de cpias do DNA inicial que terminam em diferentes pontos da
sua seqncia. Os produtos destas quatro reaes so separados por eletroforese, utilizando
quatro raias paralelas em um gel de poliacrilamida e os fragmentos so detectados atravs
da marcao radioativa. Em cada um das raias, as bandas representam fragmentos que
foram terminados em dado nucleotdeo em diferentes posies do fragmento inicial de
DNA. Pela anlise da ordem das bandas, comeando pelo final do gel atravs das quatro
raias, pode-se determinar a seqncia do DNA recm sintetizado (Figura 36).
Este mtodo ainda amplamente utilizado, sendo que vrios avanos tornaram o
seqenciamento de DNA uma tcnica simples e rpida. Os principais avanos foram a
adaptao da PCR ao mtodo de terminao da cadeia e a utilizao de
didesoxirribonucleotdeos marcados com diferentes corantes fluorescentes (fluorocromos).
A utilizao de fluorocromos permite que todas as quatro reaes sejam realizadas em um
nico tubo e o produto da reao de seqenciamento seja separado em uma nica raia do
gel.
58
Figura 36. Seqenciamento de nucleotdeos pelo mtodo do trmino do crescimento da cadeia.
Lehninger, Principles of Biochemistry. Figura 10-36, p. 352.
Atualmente, todo o processo de seqenciamento de DNA pode ser realizado em
seqenciadores automticos. Nestes equipamentos o produto da reao de seqenciamento
separado por eletroforese em gel ou em capilar, os fluorocromos so excitados por um feixe
laser, os sinais fluorescentes so amplificadas e detectados por tubos fotomultiplicadores ou
nos modelos mais modernos por cmaras CCD. Anlises computacionais identificam cada
nucleotdeo pelo comprimento de onda de emisso especfico de cada fluorocromo. As
bases so identificadas de acordo com a forma do pico fluorescente e a distncia entre picos
sucessivos (Figura 37).
59
Figura 37. O produto da reao de seqenciamento submetido eletroforese em uma raia de gel.
medida que os fragmentos passam pelo feixe de laser, os fluorocromos so excitados e a luz
emitida detectada por um fotomultiplicador. Esta informao traduzida na forma de seqncia
atravs de um computador.
VII. EXPRESSO DE PROTENAS HETERLOGAS
1. INTRODUO
A descoberta de promotores e repressores especficos do genoma de E. coli, de uma
variedade de vrus de E. coli e de clulas eucariticas permitiu a manipulao da expresso
de protenas e a clonagem de genes sob o controle de um dado promotor, cuja expresso
pode ser indutvel ou contnua. O primeiro, e mais comumente usado, sistema de expresso
de protenas heterlogas em E. coli baseado no operon lac (Figura 38). Neste sistema, o
DNA de interesse clonado em fago (no caso de biblioteca de cDNA de expresso) ou
plasmdeo contendo o lacI (repressor), lacP (promotor) e lacZ (gene estrutural transcrito
para mRNA da -galactosidase). A induo da transcrio obtida pela adio de um
anlogo de lactose sinttico e no degradvel (isopropiltio--D-galactosdeo, IPTG), o qual
se associa ao repressor e inibe-o, deixando o promotor livre para a interao com a RNA
polimerase e consequente transcrio do gene.
60
Figura 38. Esquema ilustrando o funcionamento do operon lac. (a) Na ausncia de indutor. (b)
Na presena de indutor.
O sistema mais comumente utilizado para expresso de protenas heterlogas o que
utiliza E. coli como clula hospedeira. Este sistema amplamente difundido devido
facilidade e baixo custo de se cultivar E. coli, e pela reprodutibilidade e abundncia de
protena que produz. Alm disso, modificaes nos vetores e linhagens de E. coli so
frequentemente feitas no sentido de aumentar a eficincia e versatilidade do sistema
original. Com isto, e com o advento de novos sistemas de expresso em clulas de
eucariotos (levedura, insetos, mamfero), a expresso de protenas clonadas tornou-se uma
abordagem poderosssima que vem revolucionando os estudos de estrutura, funo,
purificao e identificao de novas protenas. Nestes outros sistemas, o recombinante a ser
introduzido no hospedeiro alvo pode ser facilmente construdo e amplificado em E. coli. Por
isso os plasmdeos de levedura, mamfero, etc. so construdos por fuso de uma poro de
um plasmdeo de E. coli (origem de replicao e resistncia a um antibitico) com
seqncias especficas para se obter expresso em clula eucaritica, conforme veremos
adiante.
Gene estrutural
Gene estrutural
transcrio
61
2. EXPRESSO DE PROTENAS HETERLOGAS EM E.COLI
O uso de E. coli para a obteno de protena em quantidade suficiente para o estudo
da estrutura e funo da mesma ou para aplicaes clnicas ou industriais hoje
disseminado e constitui-se em um marco na histria do nosso conhecimento de estrutura de
protenas. Este tpico pretende sobretudo descrever os passos bsicos envolvidos na
construo de recombinantes e expresso, em bactria, de uma protena clonada.
2.1 Subclonagem em plasmdeos de expresso
O procedimento de clonagem de um fragmento de DNA para expresso exatamente
igual a qualquer clonagem, no entanto, deve se ter em mente que o propsito ser obter a
protena correta. Para tanto, necessrio respeitar o sinal de traduo de genes
procariticos (sinal de Shine-Dalgarno), em outras palavras, o DNA deve ser clonado de
maneira que sua fase de leitura
correta fique em fase com o ATG iniciador (Figura 39).
Alm disso, um vetor para expresso em E. coli deve apresentar as seguintes caractersticas:
- origem de replicao
- marcador para seleo: gene que confere resistncia a antibiticos como ampicilina,
tetraciclina, cloranfenicol, neomicina. Ex. o gene da -lactamase que confere resistncia
a ampicilina.
- um promotor para transcrio: como os vetores de expresso so normalmente
projetados no sentido de produzir protena em abundncia, o DNA codificante para uma
dada protena deve ser colocado sob o comando de um promotor forte (exemplos: lacZ,
tac (trp+lacZ), -p
R
, -p
L
, p
10
do bacterifago T7) e regulvel, isto , contendo um
repressor para manter os nves basais de expresso do gene insignificantes at a
induo, o que se faz geralmente por adio de IPTG, no caso por ex. do repressor lacI,
ou choque trmico, no caso do repressor cIts857.
- sinal de terminao da transcrio
- sequncias para controle da traduo, como por ex., um stio de ligao ao ribossomo
para a iniciao da traduo (Shine-Dalgarno) e um ATG iniciador. Um sinal de
terminao da traduo (cdon de terminao) tambm deve estar presente no vetor ou
no inserto a ser clonado, ou deve ser adicionado.
62
- um MSC para facilitar a insero do gene de interesse na orientao correta.
Figura 39. Procedimentos para clonagem de um fragmento de DNA em fase de leitura correta em
um plasmdeo de expresso.
Uma vez construdo, o vetor de expresso contendo a sequncia codificadora da
protena de interesse introduzido em E.coli por transformao.
Ao planejar uma subclonagem para a expresso de protena, alm de se respeitar a
fase de leitura correta, deve-se tambm tentar na medida do possvel fazer a clonagem
unidirecional do inserto. Na clonagem unidirecional utilizam-se duas enzimas de restrio
para digerir o vetor e o DNA inserto. Na bidirecional utiliza-se uma nica enzima, de modo
que as pontas so iguais, permitindo a insero do fragmento em ambas as orientaes.
63
Assim, em uma clonagem bidirecional h 50% de probabilidade de se obter os
recombinantes na orientao correta (senso) e 50% na orientao invertida (anti-senso).
2.2 Anlise dos plasmdeos e seleo dos subclones corretos
A anlise de DNA plasmidial para a seleo dos subclones corretos feita por
digesto com enzimas de restrio e confirmada por sequenciamento se julgar necessrio. A
anlise de restrio um procedimento bastante simples; entretanto deve ser feito com
cautela e ateno. Seu objetivo selecionar o clone recombinante correto quanto ao
tamanho do inserto e sua orientao.
Como regra a primeira digesto
deve ser feita com a(s) enzima(s) utilizada(s) para a
clonagem; isto produzir dois fragmentos: plasmdeo linear + inserto, e permitir avaliar se
os stios de clonagem foram recuperados intactos. Se a ligao for realizada entre
extremidades cegas, preenchidas pela ao da Klenow polimerase, verifica-se em um
catlogo de enzimas de restrio se haver a formao de um novo stio, o qual poder ser
clivado para anlise. Outra alternativa consiste em clivar em stios prximos ao da
clonagem em ambas as extremidades.
A segunda digesto, no caso da clonagem bidirecional, deve ser planejada para
determinar a orientao do inserto. Deve-se escolher um stio nico e no centralizado
no
inserto e um stio no MSC que seja ausente no inserto, produzindo de preferncia dois
fragmentos de tamanhos facilmente distingveis no gel. Calcular previamente o tamanho
dos fragmentos esperados para ambas as orientaes. A digesto completa fundamental
para a correta interpretao dos resultados. A Figura 40 esquematiza um projeto de
subclonagem de um gene e a anlise de restrio dos subclones obtidos com o objetivo de:
a) selecionar os recombinantes, b) selecionar o recombinante correto.
3. PRODUO DE PROTENAS HETERLOGAS EM E. COLI
3.1. Produo de protenas hbridas
De maneira ideal, quando se pensa em expresso heterloga, espera-se que a protena
de interesse seja estvel, no txica para a bactria, solvel, produzida em grande
quantidade e possa ser facilmente purificada. Um procedimento muito utilizado o de
expressar a protena de interesse em fuso com um tag especfico que permita a fcil
64
purificao da mesma atravs de cromatografia por afinidade em resinas s quais se
encontram acopladas ligantes, aos quais o tag possa se ligar especificamente. Uma outra
vantagem bvia de se produzir uma protena hbrida, ou de fuso, no caso da expresso de
polipeptdeos pequenos ou mesmo peptdeos, os quais, sem fuso, seriam instveis e
rapidamente degradados na clula.
Figura 40. Subclonagem de um fragmento de DNA em plasmdeo de expresso e anlise de
restrio de dois recombinantes obtidos.
Nota : Os clones 1 e 2 foram digeridos com BamHI e Hind III, separadamente.
Responda: Qual dos dois clones tem o inserto na orientao correta (senso) para a
expresso da protena?
MSC
BamHI BamHI
BamHI BamHI
P
1kb
3kb
HindIII
HindIII
HindIII
Recombinante
Esperado
(senso)
Recombinante
Invertido
(anti-senso)
Inserto senso
HindIII
P
65
Em geral projeta-se ainda um stio sensvel a uma determinada protease (ex: fator
Xa, trombina), inserido imediatamente acima do stio de clonagem, de maneira que a
protena hbrida possa ser clivada liberando a protena clonada que pode ento ser
facilmente purificada utilizando-se a mesma coluna de afinidade. A coluna reter a protena
de fuso e eliminar no "void" a protena de interesse. Um exemplo de protena hbrida
obtida por clonagem no vetor pMAL dado na Figura 41.
O procedimento de protelise relativamente trabalhoso e nem sempre eficiente, por
isso quando a protena de fuso no interfere se utiliza a prpria protena hbrida, por
exemplo, para experimentos funcionais, produo de anticorpos, etc. Note que neste caso
pode ser estratgico ter o mesmo DNA clonado em dois sistemas de fuso diferentes. Isto
permitir que anticorpos produzidos contra uma protena hbrida sejam purificados por
afinidade contra a outra, purificando-se assim apenas anticorpos cujos epitopos localizam-se
na protena clonada.
Dentre os vetores utilizados com sucesso para a produo de protenas hbridas
podemos citar:
- pGEX: apresenta a glutationa-S-transferase de Schistosoma japonicum (26 kDa) como
protena de fuso, permitindo a purificao da protena de fuso em coluna de agarose-
glutationa
- pMAL: apresenta a protena ligante de maltose (PLM) de bactria (42 kDa) como fuso,
permitindo a purificao da protena de fuso em coluna com amilose acoplada
- pQE: apresenta um tag de 6 resduos de histidina como fuso e permite a purificao
das protenas de fuso em colunas quelantes de Ni
2+
- pUR: cuja fuso um fragmento da -galactosidase
A produo de protenas hbridas geralmente muito simples, eficiente e de baixo
custo financeiro, podendo suprir de imediato necessidades da pesquisa bsica, tais como,
produo de anticorpos e purificao destes por afinidade, sondas em experimentos
variados e para estudos funcionais/estruturais da protena expressa. Permite, tambm, a
expresso em grande escala, para fins industriais ou clnicos de enzimas, hormnios,
anticorpos, etc., quando a atividade da protena preservada. Alm disto, possvel se
obter, por mutagnese, protena com a atividade de interesse potenciada e livre de efeitos
adversos ou atividades indesejadas.
(b)
66
Eliminada
Retida
Separao
CLIVAGEM
(protelise)
Lavagem Eluo
EXPRESSO
(INDUO)
PLM
CLONAGEM
(a)
pMALc
Proteina de
interesse
PURIFICAO
POR
AFINIDADE
Fator Xa
Figura 41. a) Esquema ilustrando os passos
para a expresso, purificao e clivagem de
uma protena de fuso. b) Gel de
poliacrilamida-SDS de fraes da
purificao da protena de fuso PLM-
paramiosina. Em A so mostrados os
extratos de clulas no induzidas (1) e de
clulas induzidas (2). Em B, protena de
fuso PLM-paramiosina aps eluio da
coluna de amilose por adio de maltose
(1), aps clivagem por fator Xa (2) e frao
coletada no "void"aps passagem na coluna
para a reteno da PLM (3).
importante estar alerta de que a situao ideal exposta acima nem sempre
atingida. Na realidade, na grande maioria das vezes, protenas de eucarioto produzidas em
bactria no so solveis; s vezes podem ser txicas para a clula; algumas so expressas
em baixos nveis; algumas interferem com a sua fuso inibindo-a de se ligar resina de
afinidade e tornando a purificao menos eficiente; outras formam agregados extremamente
insolveis mesmo na presena de SDS/-mercaptoetanol; algumas tm a sua atividade
biolgica plenamente recuperada, porm outras so inativas.
Assim, dentre os problemas mais comuns que ocorrem com a produo de protenas
heterlogas em E. coli, podemos citar:
- Protenas txicas:
algumas protenas so txicas para a clula hospedeira. Neste caso,
pode-se proceder a secreo. Uma alternativa produo de protena citoplasmtica, a
67
produo de protenas que so secretadas. Para tanto basta clonar o DNA codificante em
fuso com uma seqncia codificante para um peptdeo sinal de procarioto. Este
peptdeo clivado pela peptidase sinal quando a protena secretada para o periplasma.
Embora este mtodo freqentemente traga problemas com o rendimento ou a clivagem
do peptdeo sinal, h vantagens em alguns casos: no caso de protenas txicas para a
bactria; algumas protenas degradadas por protease no citoplasma so estveis no
periplasma; algumas que so inativas quando produzidas intracelularmente so ativas
quando secretadas; a protena produzida j tem a sua metionina N-terminal processada.
Um exemplo de sucesso a expresso do hormnio fator de crescimento epidermal
humano (hEGF) sob o comando do promotor da fosfatase alcalina (phoA) e com a
seqncia sinal desta. A induo obtida sob privao de fosfato do meio.
- Protenas instveis: isto pode ser resolvido reduzindo-se a temperatura de crescimento
ou mudando-se para uma linhagem de bactria deficiente em uma ou mais proteases.
Mesmo assim comum se obter algum nvel de fragmentao da protena expressa (ver
Fig. 39 b, raia 1).
- Baixos nveis de expresso: pode ocorrer pelas razes acima dentre outras, como, por
exemplo, instabilidade do mRNA, trmino prematuro da mensagem, traduo
ineficiente.
- Protenas insolveis: protenas de eucariotos produzidas em bactria so geralmente
precipitadas na forma de corpos de incluso e requerem procedimentos adicionais de
desnaturao para solubiliz-las e de renaturao para mant-las solveis e funcionais.
Isto nem sempre um problema, pois a formao de corpos de incluso pode proteger a
protena contra a degradao por proteases bacterianas e tambm facilitar a purificao,
uma vez que so corpos densos, precipitados baixa velocidade de centrifugao,
enquanto a maior parte das protenas bacterianas permanecem no sobrenadante. Mas
algumas vezes no se consegue renaturao adequada da protena purificada. Neste
caso deve-se tentar atenuar a formao de corpos de incluso alterando as condies de
expresso, por exemplo, crescendo-se a cultura a temperatura mais baixa aps a induo
ou utilizando um promotor mais fraco.
68
3.2. Produo de protenas intactas
A vantagem de se produzir protena intacta sem fuso que ela poder ser utilizada
sem a preocupao de que o segmento de fuso esteja interferindo em sua estrutura e
atividade. A principal desvantagem que nem sempre se encontra um mtodo eficaz para a
purificao da mesma. Contudo h exemplos demonstrando que para estudos funcionais e
de estrutura prefervel investir na produo de protena intacta.
Vrios vetores encontram-se disponveis no mercado para a expresso de protenas
sem fuso em E.coli. Os mais referidos so da srie pET (plasmid for expression by T7
RNA polimerase), cuja expresso est sob o controle do promotor de transcrio 10 e dos
sinais de iniciao de traduo s10 da protena do gene 10 (a principal protena do capsdeo)
do bacterifago T7. A grande vantagem deste vetor que ele transcrito pela T7 RNA
polimerase, a qual muito seletiva e ativa, sendo capaz de elongar cadeias de RNA
aproximadamente 5 vezes mais rpido que a RNA polimerase de E. coli. Alguns vetores da
srie pET apresentam o promotor T7-lac, colocando a expresso da protena sob o controle
lac e reduzindo portanto o background de expresso da protena alvo na ausncia de IPTG.
4. EXPRESSO DE PROTENAS HETERLOGAS EM ORGANISMOS
EUCARIOTOS
Ao se escolher um sistema de expresso, deve-se sempre considerar a aplicao final
da protena a ser expressa. Embora o sistema de expresso de protenas heterlogas em E.
coli seja bastante difundido, no caso de protenas eucariticas complexas torna-se, as vezes,
necessrio lanar-se mo de sistemas de expresso em clulas eucariticas para se produzir
protenas na sua forma nativa, pois estes sistemas permitem modificaes ps-traducionais
essenciais para a funo de determinadas protenas, como, por exemplo, glicosilao.
Consideraremos alguns destes sistemas a seguir.
4.1. Expresso em clulas de mamferos
Os vetores para expresso em mamferos contm sequncias para facilitar a
propagao em bactria (origem de replicao e um marcador para seleo), bem como
seqncias especficas para se obter expresso em clulas eucariticas.
69
Assim, um vetor para expresso em clulas de mamferos deve apresentar as
seguintes caractersticas:
- origem de replicao para clulas eucariticas: por exemplo a do vrus SV40
- promotor: como, por exemplo, do SV40 ou do citomegalovrus (CMV). Existem
tambm vetores com promotores induzveis como, por exemplo, o da tetraciclina e o
responsivo ecdisona.
- sinais para o trmino da transcrio e para a poliadenilao do transcrito
- marcador para seleo: como por exemplo o gene que codifica a aminoglicosdeo
fosfotransferase, conferindo resistncia geneticina (um anlogo de neomicina).
- sequncia para ligao ao ribossomo (sequncia de Kozak)
Os sistemas de expresso em clulas de mamferos podem ser divididos em dois
tipos: a) aqueles envolvendo expresso transitria da protena em questo (1-4 dias aps a
introduo do DNA); b) aqueles envolvendo a expresso estvel e que requerem, portanto, a
integrao do gene no DNA cromossmico.
4.2 Expresso em fungos
Fungos so eucariotos unicelulares potencialmente capazes de realizar todas as
modificaes ps-traducionais observadas em clulas de mamferos. A facilidade de cultivo
em larga escala e o fato de S. cerevisiae ser um microrganismo seguro, legalmente usado na
indstria de alimentos e farmacutica, so caractersticas adicionais que tornam a expresso
heterloga de protenas neste sistema particularmente atrativa e com perpectivas para uso,
por exemplo, no desenvolvimento de vacinas orais atravs da imobilizao de antgenos na
superfcie deste microrganismo. Exemplos da expresso de protenas heterlogas em
fungos encontram-se descritos nos tens 7.1.2 e 7.2.
5. SISTEMA DE EXPRESSO EM CLULAS DE INSETO UTILIZANDO
BACULOVRUS COMO VETOR
um dos sistemas de expresso em clulas eucariticas mais poderosos e versteis.
O genoma do Baculovrus muito grande para permitir a insero direta de genes
heterlogos; por isso, estes so clonados em vetores de transferncia, os quais contm
sequncias flanqueadoras que so homlogas (5 e 3 ao inserto desejado) ao genoma do
Baculovrus. Procede-se, ento, co-transfeco do vetor de transferncia contendo o gene
70
de interesse clonado e do DNA linearizado do vrus Autographa californica (AcNPV) em
clulas do inseto Spodoptera frugiperda (Sf). Nestas clulas ocorre recombinao
homloga, com transferncia do gene heterlogo do vetor para o DNA do AcNPV. A
infeco das clulas Sf com o DNA do vrus resulta na parada total da expresso das
protenas do hospedeiro, permitindo alta produo do mRNA e da protena recombinantes.
Uma variedade de vetores de transferncia foram construdos para utilizao neste
sistema. Cada vetor contem :
- uma origem de replicao de E.coli
- um marcador de resistncia ampicilina
- o promotor da polihedrina ou da p10 (protenas do baculovrus): promotores fortes.
- um MSC para permitir insero do gene de interesse
- sequncias flanqueadoras pertencentes ao genoma do vrus para facilitar a recombinao
homloga
Vantagens deste sistema de expresso:
- Modificaes ps-traducionais
- Obteno de protenas solveis e funcionalmente ativas
- Altssimos nveis de expresso
- Capacidade para grandes insertos
- Expresso simultnea de vrios genes:
vrios plasmdeos com promotores mltiplos
encontram-se disponveis comercialmente, permitindo a expresso de duas ou mais
protenas numa nica clula infectada.
- Facilidade de purificao:
vetores apresentando tags de 6xHis e GST permitem a
purificao por afinidade das protenas recombinantes.
- Facilidade de monitoramento da expresso: vetores Biocolors permitem a obteno da
protena de interesse em fuso com GFP (green), BFP (blue) ou YFP (yellow),
permitindo o monitoramento da expresso sem a necessidade da utilizao de
anticorpos.
6. EXPRESSO EM CLULAS DE Drosophila
Combina algumas das melhores caractersticas dos sistemas de expresso em clulas
de mamfero com aqueles em clulas de insetos utilizando baculovrus. um sistema mais
barato e eficiente que expresso em clulas de mamferos e mais rpido que expresso
71
utilizando baculovrus. Este sistema utiliza vetores plasmidiais para expresso transitria ou
estvel da protena de interesse. Encontram-se disponveis comercialmente vetores para
expresso: a) constitutiva (promotor da actina), b)induzvel (promotor da metalotionena,
expresso induzida pela adio de cobre ou cdmio) e c) indzivel e com secreo da
protena para o meio. Todos os vetores apresentam tags de 6xHis no C-terminal,
facilitando a purificao por afinidade da protena de interesse.
7. EXPRESSO DE PROTENAS HETERLOGAS: APLICAES E
PERSPECTIVAS
7.1- Bibliotecas de expresso e identificao de novas protenas atravs de anticorpos
ou outros ligantes especficos
7.1.1- Sistema convencional - expresso de biblioteca de cDNA em E. coli
Vocs j viram em captulos anteriores que uma biblioteca de cDNA pode ser
construda em vetor de expresso (fago ou plasmdeo). Para essa finalidade, um dos vetores
mais utilizados atualmente, pela sua versatilidade, o ZAP e o hospedeiro mais usado E.
coli. Quando se clona um dado fragmento de DNA pode-se planejar previamente se deseja-
se uma clonagem uni ou bidirecional. Quando se sintetiza uma biblioteca de expresso
usual que se opte pela clonagem unidirecional. Para isso basta digerir o vetor com duas
enzimas que geram pontas incompatveis e preparar o inserto com adaptadores que geram
pontas compatveis com as do vetor, de tal maneira que a orientao seja a correta (fita
sense, sentido 5'3', a partir do promotor) para a expresso de protena. A biblioteca
amplificada como qualquer outra e a expresso de protena induzida pela adio de IPTG;
uma rplica da placa de gar contendo as placas de lise obtida em um filtro de
nitrocelulose colocado sobre a mesma por um certo tempo para que as protenas sejam
aderidas. Este filtro em seguida tratado como em um Western blot para a deteco de
protena, com anticorpo ou um outro ligante especfico para a protena de interesse. O
sistema ZAP interessante porque aps o isolamento do clone o fagomdeo pode ser
facilmente obtido por exciso in vivo por co-infeco com fago filamentoso auxiliar (Figura
42).
72
Figura 42. Esquema do fago ZAP, isolamento do clone e exciso do fagemdeo pBluescript por
coinfeco com fago filamentoso auxiliar.
A protena clonada pode ento ser expressa e suas propriedades estudadas, inclusive
pode ser prontamente purificada para a injeo em coelhos a fim de gerar anticorpos. Estes
podem ser usados como contra-prova da clonagem e como sondas importantssimas para
diagnstico, imunocitoqumica, etc. H tambm a possibilidade de se construir a biblioteca
em um ZAP modificado que contm o promotor de citomegalovrus (CMV) e outros
elementos necessrios para a expresso do gene clonado em clulas eucariticas.
7.1.2. Novos sistemas para a deteco de receptores ou protenas ligantes
A identificao de molculas que interagem com uma dada protena, isto
peptdeos ligantes, protenas ligantes ou receptores, fundamental para o mapeamento da
via de ao de uma dada protena na clula. O sistema convencional de "screening"
(seleo) descrito acima pode ser utilizado. Mas, novos sistemas comeam a aparecer com o
73
objetivo de selecionar ligantes ou anticorpos. Um destes a clonagem do DNA (biblioteca
de cDNA comum ou bibliotecas combinatoriais de peptdeos sintticos) em fuso com uma
protena que forma a capa do fago lambda (Felici et al., 1991). Isto tem permitido isolar
ligantes de uma biblioteca complexa por passagem das partculas de fago sobre determinado
ligante especfico imobilizado em uma matriz. Uma evoluo deste sistema que parece ser
promissora a clonagem da biblioteca de cDNA de interesse em fuso com uma protena da
parede bacteriana, de tal maneira que as protenas expressas ficaro expostas recobrindo a
superfcie da bactria, a qual poder ento ser incubada com um ligante marcado por
fluorescncia que marcar aquela clula que expressar o receptor ou ligante especfico. A
clula marcada poder, ento, ser selecionada (isolada) por um aparelho de seleo de
clulas, "Fluorescent Assisted Cell Sorters", comumente referido como FACS. Para a
anlise de milhes de bactrias, entretanto, ser necessrio o desenvonvimento de FACS
mais sofisticados. A Figura 43 exemplifica esquematicamente uma protena (anticorpo,
neste caso) expressa na superfcie de uma bactria (Little et al., 1993). Este sistema tem sido
considerado promissor para a produo de vacinas orais e kits para diagnstico.
Figura 43. Esquema ilustrando a apresentao na superfcie bacteriana de uma protena heterloga
expressa em fuso com uma protena da parede bacteriana. Este caso demonstra a expresso dos
domnios variveis de um anticorpo unidos por um peptdeo "conector" em fuso com a
lipoprotena associada a peptdeoglicano (PAL). Foi projetado para preservar a conformao
nativa da regio varivel do anticorpo de maneira a manter suas propriedades ligantes intactas.
Alm dos exemplos citados acima, o "sistema de dois hbridos" (Fields & Song,
1989), para expresso em levedura, tem sido bastante utilizado para a deteco e
conector
cadeia
pesada
cadeia
leve
Poro
varivel
do
anticorpo
membrana
externa
PAREDE
CELULAR
membrana
externa
citoplasma
gene que
codifica para
o anticorpo
PAL
74
identificao de protenas capazes de interagir com uma determinada protena (Figura 44).
Neste sistema dois plasmdeos so construdos para posterior co-transfeco e expresso
dos hbridos. O primeiro hbrido (isca) a protena conhecida
(x) em fuso com o domnio
ligante de DNA do fator de transcrio GAL4; o segundo so genes desconhecidos
de uma
biblioteca de um determinado tecido ou espcie (protena y) em fuso com o domnio da
GAL4 ativador da transcrio. um processo engenhoso, cuja lgica baseia-se no fato de
que a GAL4, como a maioria dos fatores de transcrio, uma protena com dois domnios
bem definidos (um ligante de DNA e o outro ativador da maquinaria de transcrio), ambos
indispensveis para o efeito final de ativao da transcrio de genes situados sob seu
controle (controle do promotor GAL). Quando se expressa estes domnios separadamente, a
protena ser inativa, exceto se os dois polipeptdeos se associarem
de tal maneira que
encontrar-se-o juntos na regio promotora para exercerem seu papel de ativao da
transcrio. Quando se expressam estes hbridos em uma linhagem de levedura, cujo
determinado gene marcador de seleco est sob o comando de GAL4 e, cultivam-se as
clulas na ausncia de um nutriente essencial sintetizado pelo gene marcador, a ativao
deste gene torna-se essencial para a sobrevivncia das clulas. Um gene comumente
utilizado como marcador de seleo neste sistema o HIS3, cujo produto uma enzima da
via de biossntese de histidina; neste caso, as clulas so capazes de crescer em meio com
histidina, mas so incapazes na sua ausncia, a menos que a transcrio do gene HIS3 seja
ativada pelo fator GAL4 reconstitudo (ativo). Isto significa que no interior das clulas
que sobreviveram encontram-se dois hbridos que formam um complexo; isto , a protena
conhecida x interage com uma protena desconhecida y, a qual pode ser ento identificada
por sequenciamento de seu cDNA e caracterizada. Merece destaque o fato de que a
interao entre as protenas x e y, por este processo, ocorre no interior de uma clula
eucaritica viva, sendo, por isso, provavelmente mais confivel que outros mtodos
utilizados para o estudo de interaes entre protenas.
75
Figura 44. Estratgia para detectar protenas ligantes utilizando o sistema de dois hbridos.
7.2. A utilizao da tecnologia do DNA recombinante no conhecimento de receptores
de membrana
Para informaes especficas em clonagem de receptores de superfcie celular,
incluindo abordagens que visam descobrir ou projetar novas drogas efetivas direcionadas a
esses receptores, consulte a reviso de Luyten & Leysen (1993). Estes autores enfatizam
que a expresso heterloga de receptores clonados proporciona uma fonte rica, reprodutvel,
inexaurvel e barata de subtipos de receptores humanos. Esses receptores expressos podem
ser utilizados no screening de drogas e tambm para o design de novas drogas atravs
de um melhor entendimento da relao estrutura-funo, visto que a clonagem molecular
desses receptores revelou uma abundncia de subtipos, bem como modelos estruturais dos
mesmos (Figura 45). Agora, uma nova era pode ter lugar, em que as drogas comeam a ser
projetadas e construdas com base na estrutura de seu alvo no organismo (Bugg et al.,
1994).
X
X
Y
Y
(a)
GAL4 nativa
(b)
Hbrido com domnio ligante de DNA da GAL4
(c)
Hbrido com domnio da GAL4 ativador da transcrio
(d) Interao entre hbridos reconstituindo a atividade da GAL4
Gene HIS3
Gene HIS3
Gene HIS3
Gene HIS3
transcrio
Transcrio
76
Exemplos da utilizao da tecnologia do DNA recombinante neste caso incluem a
expresso heterloga de receptores acoplados a protena G nos fungos Saccharomyces
cerevisae, Schizosaccharomyces pombe e Pichia pastoris, visando estudos estruturais e
funcionais. Clulas de S. cerevisiae expressando o receptor de somatostatina de rato foram
usadas com sucesso no screening de anlogos de somatostatina e bibliotecas
combinatoriais para identificar agonistas e antagonistas seletivos para subtipos com
potentes efeitos in vivo (M. H. Pausch, 1997).
Figura 45. Modelos estruturais de famlias de receptores de superfcie celular. Os domnios trans-
membrana e alguns domnios funcionais so representados. O enrolamento da cadeia proteica
hipottico, pois o nico que teve sua estrutura determinada por cristalografia at o momento foi o
domnio extracelular do receptor de hormnio de crescimento.
77
7.3. Expresso de protenas para interveno teraputica
Podemos dizer que h duas maneiras gerais de se fazer teraputica por expresso de
protenas:
a) a expresso heterloga de uma protena humana em bactria ou clula eucaritica
para a produo em grande escala, purificao e utilizao desta para injeo em pacientes:
o exemplo mais conhecido provavelmente o da insulina (Bristow, 1993), a qual foi o
primeiro produto comercial obtido pela tecnologia do DNA recombinante e aprovado para
uso em humanos em 1982 pela U.S.FDA (Food and Drug Administration). A Figura 46
mostra as estratgias empregadas para a produo de insulina para fins teraputicos; a
bovina e a suna sem modificaes qumicas so menos eficientes. A insulina produzida
pela tecnologia do DNA recombinante apresenta a vantagem de eliminar a possibilidade de
contaminantes ou agentes infecciosos que podem estar presentes nas protenas purificadas
de animais. Uma das maiores expectativas neste campo a possibilidade de se obter
mutantes com atividade muito superior ao da protena nativa e sem certos efeitos adversos.
Outros exemplos de produtos obtidos pela tecnologia do DNA recombinante e utilizados
com finalidade teraputica so o anticoagulante TPA (ativador de plasminognio tipo
tecidual), o fator VIII de coagulao e a eritropoietina (hormnio que estimula a produo
de eritrcitos).
A determinao e caracterizao refinada da estrutura de protenas comea a ganhar
maior impacto pela possibilidade de expresso/purificao de protena em larga escala e
mutagenisadas. Alm de nos proporcionar a satisfao de se conhecer uma nova estrutura,
esse conhecimento nos permite projetar drogas e pensar em outras estratgias teraputicas,
tais como, expressar apenas um domnio ativo da protena.
Por exemplo, os domnios variveis de anticorpos podem ser expressos como uma
nica cadeia polipeptdica ativa. Pode-se pensar tambm na expresso de receptores
solveis (ou domnios ativos destes) para um dado vrus, no sentido de inibir a sua interao
com o receptor da clula; um exemplo seria a expresso do receptor CD4 para o vrus da
AIDS. Uma idia espetacular que comea a emergir a partir do nosso conhecimento da
estrutura atmica e funo de fatores de transcrio, a possibilidade da sntese de drogas
que inibiriam ou ativariam especificamente um dado fator de transcrio (Figura 47).
78
Figura 46. Representao esquemtica de estratgias usadas para produzir insulina para fins
teraputicos.
Um outro exemplo da potencial aplicao da expresso de protenas heterlogas em
interveno teraputica seria a produo de grandes quantidades de anticorpos em plantas,
visando seu uso em imunoterapia. As plantas so capazes de sintetizar e montar
virtualmente qualquer tipo de molcula de anticorpo, desde fragmentos at cadeias
completas e mesmo anticorpos multimricos. Ma & Ben (1995) descreveram a expresso e
montagem em plantas da molcula de IgA, que a forma predominante de imunoglobulina
em secrees de superfcies mucosas como o trato grastrointestinal. At ento a produo
de IgA em sistemas heterlogos tinha sido frustante devido a complexidade desta molcula.
Anticorpos produzidos em plantas podem vir a ser particularmente teis para imunoterapia
tpica. No caso, por exemplo, de cries, Ma et al. (1990) mostraram que a aplicao tpica
de anticorpos monoclonais contra uma protena da superfcie (de adeso) do Streptococcus
mutans em dentes humanos conferiu proteo a longo prazo contra esse microrganismo em
adultos.
B
A
Ala
s s
s s
s s
B
A
s s
s s
s s
B
A
s s
s s
s s
B
A
Thr
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B
A
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B
A
s s
s s
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B
A
s s
s s
s s
B
A
E.coli E.coli E.coli
levedura
cadeia A cadeia B Pr-insulina
Humana
Precurssor
de insulina
Insulina humana
(crb)
Insulina humana
(emp)
Insulina suna
Insulina suina
pncreas
suno
Insulina bovina
pncreas
bovino
Insulina humana
(prb)
Insulina humana
(pry)
B
A
s s
s s
s s
B
A
s s
s s
s s
79
Figura 47. Modelos hipotticos da ao de drogas que poderiam ser efetivas em teraputica
atuando sobre um fator de transcrio.
b) a terapia gnica por transfeco de clulas retiradas do prprio paciente com
retrovrus, ou outros tipos de vrus, com o intuito de repor um gene mutante ou para o
tratamento de doenas multi-fatoriais como cncer e doenas cardacas. A primeira terapia
gnica realizada para substituir um gene mutante nico, iniciada em 1990, foi a terapia para
a deficincia da adenosina desaminase (ADA), a qual consiste em implantar linfcitos T
transfectados com retrovrus expressando a protena ausente nos portadores desta doena.
Esta tem sido considerada o prottipo das terapias gnicas e tem sido bem sucedida (ver o
artigo de F. Watson, 1993).
Domnio de ativao
Domnio
de
dimerizao
Domnio de
ligao ao
DNA
DNA
Droga inibe
domnio de
ativao
Droga inibe
domnio de
dimerizao
Droga inibe
domnio de
ligao ao
DNA
80
VIII. ANLISE DE EXPRESSO ATRAVS DE MICROARRANJOS DE DNA
Como vimos at agora, a tecnologia do DNA recombinante vem permitindo grandes
avanos na identificao e caracterizao de genes especficos. Com relao aos estudos de
expresso gnica, abordagens amplamente utilizadas, como Northern blot e RT-PCR, so
bastante sensveis e precisas, porm permitem o estudo de um ou poucos genes de cada vez.
Os Projetos Genoma, alm de terem gerado informao sobre as sequncias dos genomas de
diversos organismos, impulsionaram um grande desenvolvimento tecnolgico que resultou
no aparecimento de novas metodologias de anlises genticas. Uma dessas novas
metodologias, os microarranjos de cDNA, permite no s a anlise de expresso de genes
especficos mas de padres de expresso caractersticos de certos tipos celulares, estgios de
desenvolvimento, condies patolgicas e muito mais. Com a utilizao dessa nova
metodologia portanto possvel analisar a expresso de milhares de genes simultaneamente,
determinando-se quais deles so expressos em tipos celulares especficos, em momentos e
condies particulares, sempre atravs da comparao de duas situaes diferentes.
Como no caso do Northern blot, a metodologia de microarranjos baseia-se na
propriedade de hibridao dos cidos nuclicos. Mas ao contrrio do Northern, onde o RNA
total de determinadas clulas ou tecidos est imobilizado em uma membrana de nylon e o
fragmento correspondente ao gene de interesse marcado para a hibridao; no
microarranjo, os milhares de fragmentos de DNA que representam genes especficos esto
imobilizados num suporte slido, que pode ser uma membrana de nylon, ou uma lmina de
vidro e o RNA total que marcado antes de hibridar com os fragmentos gnicos
imobilizados.
81
A metodologia que usa a lmina de vidro como suporte a que permite a anlise de maior
nmero de genes. Na figura 48 podemos ver um esquema representando os principais
passos de um experimento com microarranjos de DNA.
Figura 48. Esquema da preparao e anlise de microarranjos de DNA.
Primeiramente, os fragmentos representando genes especficos (derivados, por
exemplo, de uma biblioteca de clones de cDNA) so amplificados por PCR e aplicados
sobre a lmina por um rob que automaticamente fixa lamina os fragmentos de DNA em
minsculos crculos com dimetro da ordem de 0,1 mm ou menos, formando os spots. Cada
spot na lmina contm milhares de cpias do fragmento de DNA que representa um
determinado gene e sua posio exata fica registrada. Ento, o RNA total de clulas em
duas diferentes condies isolado e marcado com dois fluorocromos (corante
fluorescente) distintos. A marcao do RNA geralmente ocorre atravs da sntese de cDNA
utilizando a transcriptase reversa, onde um dos nucleotdeos fornecidos est conjugado com
o corante fluorescente. Para o RNA extrado de clulas na condio 1, a sntese de cDNA
feita fornecendo-se um dos nucleotdeos marcado com um fluorocromo vermelho e para o
82
RNA extrado de clulas na condio 2, a transcrio reversa feita na presena de um
nucleotdeo marcado com um fluorocromo verde. Os dois cDNAs marcados so misturados
e incubados sobre a lmina contendo o microarranjo, para que possa ocorrer a hibridao
entre o cDNA marcado e os fragmentos de genes na lmina. Os spots correspondentes
aqueles genes que forem expressos na condio 1, ficaro marcados de vermelho, pois havia
RNA corresponde a ele na amostra da condio 1 que foi convertido em cDNA marcado
com o fluorocromo vermelho. Aqueles que forem expressos na condio 2 ficaro marcados
de verde. Os genes que forem expressos em quantidades equivalentes nas duas condies
ficaro amarelos, dada a sobreposio de marcao com os cDNAs de ambas as situaes.
Estes resultados so obtidos atravs da utilizao de programas de computador que
analisam a imagem do microarranjo hibridizado e quantificam a intensidade do sinal de
cada spot.
Este tipo de abordagem est sendo amplamente utilizado para o monitoramento de padres
de expresso gnica caractersticos de diferentes situaes, como por exemplo, leveduras
crescendo na presena de glicose versus leveduras crescendo na presena de lcool ou
clulas de diferentes tipos de cncer em relao a clulas normais. Isto possvel devido a
disponibilizao da seqncia genmica dos organismos, no caso da levedura por exemplo,
foram analisados microarranjos de DNA contendo cerca de 6000 clones o que representa
praticamente todos os genes desse organismo. Nesses experimentos observou-se que
quando as leveduras passam de uma condio de fermentao de glico se para crescimento
em meio com etanol, seu padro de atividade gnica se altera visivelmente, sendo que cerca
de 900 genes so transcritos mais ativamente e outros 1200 tm sua atividade diminuda.
Os resultados de experimentos com microarranjos de DNA normalmente revelam um
grande nmero de genes que tem sua expresso alterada quando se muda de uma condio
para outra. Muitos deles so normalmente genes de funo desconhecida e a anlise do
microarranjo pode revelar um grupo de genes com os quais eles se relacionam atravs do
padro de expresso, o que pode ajudar bastante na predio da possvel funo desses
genes. Esta anlise feita usando-se uma tcnica chamada de clustering, atravs da qual
grupos de genes que tm expresso regulada de maneira coordenada podem ser
identificados. Os resultados dessa anlise so organizados e mostrados em imagens criadas
83
por programas de anlise que permitem a fcil visualizao desses grupos e fornecem
tambm a informao sobre o nvel de expresso dos mesmos em cada uma das situaes.
Genes que so ativados ou reprimidos simultaneamente numa dada circunstncia podem
compartilhar funes, fazendo parte de uma mesma maquinaria multi-protica ou atuando
em processos celulares comuns. Esta , portanto, uma abordagem de grande utilidade para o
atual momento da cincia, a fase ps-genmica ou do genoma funcional.
84
IX. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
Bristow, A.F. Recombinant-DNA-derived insulin analogues as potentially useful therapeutic
agents. Trends in Biotechnology 11: 301-305, 1993.
Bugg, C.E., Carson, W.M., and Montgomery, J.A. Drugs by Design. Scientific American 269:
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Felici, F., Castagnoli, L., Musacchio, A., Jappelli, R. and Cesareni, G. J. Mol. Biol. 222: 301-
310, 1991.
Fields, S., and Song, O. Novel genetic system to detect protein-protein interactions. Nature 340:
245-246, 1989.
Little, M., Fuchs, P., Breitling, F., and Dbel, S. Bacterial surface presentation of proteins and
peptides: an alternative to phage technology? Trends in Biotechnology 11: 3-5, 1993.
Luyten, W.H.M.L., and Leysen, J.E. Receptor cloning and heterologous expression--towards a
new tool for drug discovery. Trends in Biotechnology, 11:247-254, 1993.
Ma, J. K-C., and Hein, M. B. Immunotherapeutic potential of antibodies produced in plants.
Trends in Biotechnology 13: 522-527, 1995.
Ma, J. K-C., Hunjan, M., Smith, R., Kelly, C., and Lehner, T. An investigation into the
mechanism of protection by local passive immunization with monoclonal antibodies against
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Monaco, A.P. AND Larin, Z. YACS, BACs, PACs and MACs: artificial chromosomes as
research tools. Trends in Biotechnology 12: 280-86, 1994
Pausch, M. H. G-protein-coupled receptors in S. cerevisae: high-throughput screening assays for
drug discovery. Trends in Biotechnology 15: 487-494, 1997.
Sambrook, J.; E.F.Fritsh and T. Maniatis - Molecular cloning. A laboratory manual, 2
nd
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Cold Spring Harbor Laboratory Press, 1989.
Watson, F. Human gene therapy-progress on all fronts. Trends in Biotechnology 11: 114-117,
1993.
85
NDICE
I. CONCEITOS BSICOS..............................................................................................................................1
1. INTRODUO.....................................................................................................................................................1
2. CONCEITO DE CLONAGEM MOLECULAR.................................................................................................1
3. ENZIMAS DE RESTRIO..............................................................................................................................2
4. CONSTRUO DO DNA RECOMBINANTE .............................................................................................5
5. DNA LIGASE.....................................................................................................................................................7
5.1. Tipos de fragmentos de DNA que so ligados pela DNA ligase........................................7
a) Fragmentos com extremidades coesivas.......................................................................................7
b) Fragmentos com extremidade no coesivas................................................................................7
6. TRANSFORMAO BACTERIANA...............................................................................................................8
6.1.Conceito de transformao induzida...............................................................................................8
6.2. Mecanismos de captao do DNA.................................................................................................10
II. VETORES DE CLONAGEM MOLECULAR.............................................................................11
1. PLASMDEO..................................................................................................................................................12
2. FAGOS..............................................................................................................................................................13
2.1 Biologia do fago .................................................................................................................................13
2.2 Genoma do fago .................................................................................................................................14
2.3 Controle de expresso dos genes do fago ...............................................................................14
2.4 O uso do fago como vetor de clonagem molecular.............................................................16
3. COSMDEO....................................................................................................................................................18
4. VRUS...............................................................................................................................................................19
4.1. Clonagem no vrus SV40...................................................................................................................20
4.1.1. Clonagem no SV40 pela substituio da regio tardia .............................................................................20
4.1.2. Clonagem no SV40 pela substituio da regio precoce ..........................................................................22
5. BACTERIFAGO M13............................................................................................................................22
5.1. Clonagem no bacterifago M13.....................................................................................................24
5.2. Estratgia de clonagem em vetores da srie M13mp............................................................25
6. FAGOMDEOS .............................................................................................................................................25
6.1. Clonagem no fagomdeo....................................................................................................................26
7. VETORES PARA TRANSFORMAO DE LEVEDURAS.................................................27
III. CONSTRUO E USO DE BIBLIOTECAS DE DNA RECOMBINANTE............30
1. BIBLIOTECA DE CDNA...............................................................................................................................31
1.1. Sntese de cDNAs de fita dupla.......................................................................................................33
1.2. Preparo dos cDNAs para a ligao com o vetor....................................................................34
2. BIBLIOTECA GENMICA..............................................................................................................................36
2.1. Preparo do DNA do inserto .............................................................................................................38
2.2. Vetores utilizados na construo biblioteca genmica........................................................39
IV. DETECO E ANLISE DO CLONE RECOMBINANTE............................................43
1. QUANDO O GENE DE INTERESSE EXPRESSO NO HOSPEDEIRO..................................................43
2 O USO DE SONDAS MOLECULARES DE CIDOS NUCLICOS PARA IDENTIFICAR O GENE DE
INTERESSE..............................................................................................................................................................45
3 ANLISE DO DNA E RNA POR ELETROFORESE EM GEL E BLOTTING..................................51
4 COMO OS GENES CLONADOS SO UTILIZADOS?.................................................................................53
86
5. MAPA DE RESTRIO...................................................................................................................................53
V. REAO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR) ................................................................54
VI. SEQENCIAMENTO DE DNA........................................................................................................57
VII. EXPRESSO DE PROTENAS HETERLOGAS .............................................................59
1. INTRODUO...................................................................................................................................................59
2. EXPRESSO DE PROTENAS HETERLOGAS EM E.COLI..................................................................61
2.1 Subclonagem em plasmdeos de expresso ................................................................................61
2.2 Anlise dos plasmdeos e seleo dos subclones corretos...................................................63
3. PRODUO DE PROTENAS HETERLOGAS EM E. COLI..................................................................63
3.1. Produo de protenas hbridas.....................................................................................................63
3.2. Produo de protenas intactas......................................................................................................68
4. EXPRESSO DE PROTENAS HETERLOGAS EM ORGANISMOS EUCARIOTOS.........................68
4.1. Expresso em clulas de mamferos.............................................................................................68
4.2 Expresso em fungos ............................................................................................................................69
5. SISTEMA DE EXPRESSO EM CLULAS DE INSETO UTILIZANDO BACULOVRUS COMO
VETOR......................................................................................................................................................................69
6. EXPRESSO EM CLULAS DE DROSOPHILA.........................................................................................70
7. EXPRESSO DE PROTENAS HETERLOGAS: APLICAES E
PERSPECTIVAS...............................................................................................................................................71
7.1- Bibliotecas de expresso e identificao de novas protenas atravs de anticorpos
ou outros ligantes especficos...................................................................................................................71
7.1.1- Sistema convencional - expresso de biblioteca de cDNA em E. coli .....................................................71
7.1.2. Novos sistemas para a deteco de receptores ou protenas ligantes........................................................72
7.2. A utilizao da tecnologia do DNA recombinante no conhecimento de receptores
de membrana ...................................................................................................................................................75
7.3. Expresso de protenas para interveno teraputica.........................................................77
VIII. ANLISE DE EXPRESSO ATRAVS DE MICROARRANJOS DE DNA.....80
IX. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................... 84