Texto Arte Bizantina

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Arte Bizantina

Como já foi dito, o Império Bizantino foi primeiramente Império Romano do


Oriente, após a divisão do império romano entre ocidente e oriente. Entretanto, o
Império Romano do Oriente sobreviveu à queda do Império Romano do Ocidente
e de Roma, conquistada por tribos germânicas em 476 d.C. – data que marca o
início do período medieval - e continuou a florescer até 1453 d.C., quando foi
tomada pelos turcos, dando fim à Idade Média. Essa origem romana do Império
Bizantino – com sua capital em Constantinopla, também chamada de Bizâncio,
atual Istambul, na Turquia – influenciou sua produção artística, por exemplo,
quanto às plantas retangulares de suas primeiras igrejas, inspiradas nas basílicas
romanas, ao uso de cúpulas, arcos e mosaicos. As influências do oriente também
se farão notar nos fundos lisos de algumas pinturas e mosaicos, além dos
ornamentos de joias e têxteis, por exemplo.

Hagia Sophia ou Santa Sofia, Istambul, Turquia (século IV d.C.)


Mosaico do Imperador Justiniano, Basílica São Vital, Ravenna (século VI d.C.)

Brincos com pavões (final do século VI d.C. - início do século VII d.C.)
Seda bizantina (c. 999-1100 d.C.)

Bizâncio criou os mais diversos tipos de obras: arquitetura, escultura, pintura,


mosaico, iluminura – pintura em manuscritos -, ourivesaria, objetos de marfim e
têxteis. Grande parte da produção bizantina era ligada à religião cristã, e mesmo
objetos laicos frequentemente terão motivos e representações religiosas. O
estado era teocrático e o poder do imperador, inclusive, repousava na ideia de
que ele seria o representante de Deus na terra, assim, vemos muitas imagens
dos imperadores dentro de igreja e junto à Virgem e ao Cristo, sendo coroados
pelas divindades, como forma afirmação de seu poder, ou oferecendo-lhes
presentes, prova de sua fé e devoção.
Anel matrimonial octogonal (século VII d.C.)

Cristo coroando o Imperador Romano II e Eudóxia (c. 945-949 d.C.)


Mosaico da Virgem e o menino com o imperador João II Comneno e a imperatriz
Irene da Hungria, Basílica de Santa Sofia (por volta de 1122 d.C.)

A maior parte das representações figurativas bizantinas eram estilizadas, com


pouco movimento e pouca profundidade, muitas vezes ostentando um fundo
dourado, atemporal e sem espaço definido, representando a dimensão do
sagrado.
Virgem com o menino, Monastério de Hosios Loukas, Grécia (século XI d.C.)

Entretanto, em alguns momentos, por exemplo, na época do Renascimento


Macedônico (século XI, principalmente), no qual a arte, a literatura e a arquitetura
floresceram, veremos maior naturalismo na representação dos espaços e dos
personagens, pois se buscava voltar à arte da Antiguidade. Em seguida, no
século XII, haverá algumas obras mostrando bastante emoção, e, em alguns
casos, teremos afrescos com fundo azul. Durante o Renascimento Paleólogo
(séculos XIII a XV), também haverá imagens com mais movimento, emoção, mais
detalhes na representação do espaço no qual ocorre a cena e maior esforço em
tentar mostrar a tridimensionalidade desses espaços, além de um gosto pela
narração. Entretanto, essa forma de representar será criticada por ser muito
humanista, e, portanto, muito próxima do paganismo. Ademais, na criação de
iluminuras possuía-se uma maior liberdade em relação aos modelos
iconográficos e à rigidez de representação em pinturas murais e ícones.
Mosteiro Novo ou Nea Moni, Quios, Grécia (século XI d.C.)

Lamentação, Igreja de São Pantaleão, Gorno Nerezi, Macedônia (século XII d.C.)
Anastásis (Descida ao limbo), Igreja de São Salvador em Chora, Istambul, Turquia
(c. 1305 d.C.)

Ainda é importante saber que entre 726 e 863 ocorreu a chamada Crise
Iconoclasta, fenômeno político-religioso que condenava e destruía imagens
religiosas cristãs. Aqueles que defendiam a destruição das imagens, chamados
de iconoclastas, diziam que ao representá-las e venerá-las se aproximaria da
adoração dos pagãos aos seus ídolos. Os defensores da imagem, os iconódulos,
entretanto, defendiam que não se adorava a imagem em si, mas sim o
representado, por exemplo, a Virgem, o Cristo e santos. Além disso, os
iconódulos lembravam que a Virgem permitiu-se representar por São Lucas em
uma pintura, e que o Cristo havia deixado a marca de seu rosto em seu sudário,
mostrando assim a permissão divina para a criação de imagens. Seus defensores
acabaram vencendo, e graças à imperatriz Teodora, regente durante a
minoridade de seu filho, Miguel III, o culto às imagens foi reestabelecido.
Destruição das imagens, Saltério de Chludov (século XI)

Santo Sudário ou Sudário de Turim


Virgem de Vladimir, pintura sobre madeira (c. 1125 d.C.)

Por fim, é importante notar que a arte bizantina não se estendia somente aos
territórios do império, sendo também adotada em áreas influenciadas por sua
cultura, por exemplo, a Sicília e Veneza, ambas na Itália, e a Rússia.
Basílica de São Marcos, Veneza, Itália

Virgem orando, Catedral de Santa Sofia, Kiev, Ucrânia (c. 1030 d.C.)

Texto por Aline Pascholati

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