Politicas de Saude
Politicas de Saude
Politicas de Saude
Unidade 1
Diretor Executivo
Gerente Editorial
ALESSANDRA FERREIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
4 POLÍTICA DE SAÚDE
Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que:
ÍCONES
Para o início do
Houver necessidade
desenvolvimento
de apresentar um
de uma nova
novo conceito.
OBJETIVO competência. DEFINIÇÃO
Quando necessárias
As observações
observações ou
escritas tiveram que
complementações
ser priorizadas para
para o seu
NOTA IMPORTANTE você.
conhecimento.
Curiosidades e
Algo precisa ser indagações lúdicas
Unidade 1
melhor explicado ou sobre o tema em
EXPLICANDO detalhado. estudo, se forem
MELHOR VOCÊ SABIA?
necessárias.
Se houver a
necessidade de Quando for preciso
chamar a atenção fazer um resumo
sobre algo a acumulativo das
REFLITA ser refletido ou RESUMINDO últimas abordagens.
discutido.
POLÍTICA DE SAÚDE 5
Compreender sobre os conceitos de saúde durante a história.... 11
SUMÁRIO
Iluminismo............................................................................................. 17
A Teoria Bacteriológica....................................................................... 18
Modelo Multicausal.............................................................................. 20
Saúde Coletiva..................................................................................................... 26
Era Vargas............................................................................................................ 46
Sistema de Saúde............................................................................................... 54
6 POLÍTICA DE SAÚDE
Modelo universalista........................................................................... 56
Unidade 1
POLÍTICA DE SAÚDE 7
Unidade 1
8 POLÍTICA DE SAÚDE
Olá aluno! Nesta produção vamos compreender os
conceitos de saúde e sua evolução com o momento histórico da
APRESENTAÇÃO
humanidade e das civilizações. Vamos ver que a saúde vai muito
além de acesso à prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças,
necessita de uma visão holística analisando os determinantes
sociais de saúde. Além disso, você vai entender que a evolução
do conceito de saúde coletiva e de proteção social, caminharam
de forma integrada, pois o foco em todos os casos é o cuidado do
indivíduo como pessoa e pertencente ao coletivo.
Unidade 1
Por fim, entendendo que Sistema de Saúde é definido pela
OMS como “o conjunto de atividades cujo propósito primeiro é
promover, restaurar e manter a saúde de uma população” vamos
compreender como surgiram e como funcionam os Sistemas de
Saúde em outros países.
POLÍTICA DE SAÚDE 9
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é
auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de
OBJETIVOS
conhecimento? Ao trabalho!
10 POLÍTICA DE SAÚDE
Compreender sobre os
conceitos de saúde durante a
história
Neste material, você irá compreender os conceitos
de saúde de acordo com o momento histórico
da humanidade e das civilizações, bem como a
OBJETIVO importância dos movimentos sanitaristas para
essa evolução de conceito. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá.
Avante!
Unidade 1
Nas primeiras civilizações a saúde era vista como natural,
não havendo necessidade de explicação, enquanto a doença
era entendida de duas formas: provocada por uma situação
claramente identificada como uma queda ataque de animal entre
outras ou possuía uma causa sobrenatural, não identificada.
POLÍTICA DE SAÚDE 11
Por serem ligadas à religião, as doenças eram tratadas pelos
sacerdotes que ajudavam os doentes a encontrar a cura, muitas
vezes pela fé através da “remissão dos pecados” e pelo isolamento
da sociedade. Mesmo com essa crença no sobrenatural, as
civilizações primitivas possuíam hábitos de proteção contra o
adoecimento como enterrar os dejetos, utilizar água limpa, se
abrigar do frio e do calor intenso, isso através da observação da
natureza e da influência dela sobre as pessoas. Vale ressaltar
que essa visão mágica foi suficiente para explicar as doenças por
muitos séculos, como base para as causas do adoecimento do
indivíduo em diversas civilizações, mas com variações de acordo
com a cultura e os costumes (SOLHA, 2014).
12 POLÍTICA DE SAÚDE
Figura 1 - Hipócrates
Unidade 1
Fonte: Wikimedia
POLÍTICA DE SAÚDE 13
paralelo à Europa, mas não muito diferente. Na Pérsia (atual Irã),
por exemplo, existiam hospitais que separavam os pacientes
de acordo com os sintomas e o cuidado com a alimentação e
a higiene eram considerados de extrema importância, sendo
realizados por pessoas treinadas para a função. Da mesma
forma que na Grécia, as medidas preventivas como uso de água
potável, escoamento de esgoto (separação dos dejetos) eram
comuns nas grandes cidades.
14 POLÍTICA DE SAÚDE
Lembre-se que, nessa época, a doença ainda
era considerada castigo divino resultante da
desobediência às regras da Igreja ou da impureza
IMPORTANTE da alma, e a cura só era possível se fosse da vontade
de Deus. Um exemplo típico são as doenças
mentais que eram consideradas como possessão
demoníaca e essas pessoas eram queimadas em
praça pública para a “purificação” de suas almas
(SOLHA, 2014; MOREIRA, ARCARI, & COUTINHO,
2018).
Unidade 1
“maus ares”, ou seja, as doenças eram transmitidas por gases
e pelo ar, levando os pesquisadores a buscar alternativas para
eliminar a disseminação das doenças (SOLHA, 2014; MOREIRA,
ARCARI, & COUTINHO, 2018).
POLÍTICA DE SAÚDE 15
Figura 2 - Vestimenta dos médicos na Idade Média
Fonte: Freepik
Unidade 1
O Renascimento e a evolução do
conhecimento
Esses paradigmas da Igreja foram rompidos a partir do
século XV com a separação da religião e do poder político, levando
a grandes e importantes mudanças para a sociedade ocidental
incluindo a evolução dos conhecimentos científicos.
16 POLÍTICA DE SAÚDE
Nessa época se comparava o funcionamento do
corpo humano a algumas máquinas o que fez
surgir a ideia de que a doença é um “defeito” da
IMPORTANTE máquina humana, inicialmente sem relação com o
meio externo.
Unidade 1
ampla a realidade sobre a saúde e a doença. Perceba que a
Teoria dos Miasmas permanecia forte da mesma forma que os
conceitos de saúde de Hipócrates tomavam forma nesse novo
conceito de civilização.
Iluminismo
Na segunda metade do século XVIII, mais precisamente a
partir da Revolução Industrial na Inglaterra, nasceu uma nova
forma de produção de bens de consumo, baseada na produção
em larga escala, uso de tecnologia e emprego de uma grande
quantidade de trabalhadores, deslocando a força de trabalho do
meio rural para as cidades de modo desorganizado. Essa época
é caracterizada por grandes lucros para os empregadores e
péssimas condições de vida para o empregado.
POLÍTICA DE SAÚDE 17
Nesse contexto começou a se relacionar o
adoecimento com as condições de vida do
indivíduo, indo além da medicina, cujo foco era
IMPORTANTE a cura, tendo como intervenções a moradia e
melhor alimentação dos trabalhadores. Nesse
cenário que se desenvolve a Medicina Social, a
qual relacionava o processo de adoecimento com
as condições de vida dos indivíduos e passou a
propor formas de atuação para o controle das
doenças e da mortalidade extrapolando a prática
médica e inserindo intervenções sobre a moradia,
alimentação e medidas sanitárias.
A Teoria Bacteriológica
Apesar de já se conhecer sobre os “germes” antes do
século XIX pouco se podia provar, por isso, muitos pesquisados
estudaram buscando relacioná-los a algumas doenças.
18 POLÍTICA DE SAÚDE
• Ignaz Semmelweis: associou a febre puerperal ao fato
de os estudantes de medicina saírem das salas de
anatomia para a sala de parto sem lavarem as mãos ou
trocarem de roupa, e recomendou esse procedimento
como estratégia para evitar a infecção.
Unidade 1
Fonte: Wikimedia
POLÍTICA DE SAÚDE 19
por gráficos e trouxe os estudos estatísticos para a saúde,
utilizando o que chamamos hoje de gráficos de pizza. Florence é
um exemplo da força, da inteligência e da coragem de todas as
mulheres!
Modelo Multicausal
Outras teorias começam a surgir quando se percebeu
que a Teoria Bacteriológica não era suficiente para explicar a
complexidade do adoecimento, por isso, em meados do século
XX, outras teorias começaram a surgir, muitas baseadas na
multicausalidade do processo de adoecimentos.
20 POLÍTICA DE SAÚDE
adoecimento. Com esse novo conceito os estudos passaram
buscar compreender de que forma os outros fatores podem
influenciar no adoecimento, chegando até os determinantes e
condicionantes sociais de saúde.
Unidade 1
saúde estão:
POLÍTICA DE SAÚDE 21
Figura 4 – Qualidade de vida em família – uma das formas de cuidar dos determinantes
sociais
Fonte: Pixabay
22 POLÍTICA DE SAÚDE
auxilia os pesquisadores a melhorar a vida da população e,
consequentemente, sua condição de saúde.
Unidade 1
oportunidades oferecidas ao indivíduo.
• Bem-estar mental: o ser humano precisa estar
bem ajustado às condições de vida dentro do seu
ambiente, com entendimento, equilíbrio, tolerância
e compreensão dos indivíduos, ou seja, a saúde
mental são as respostas psíquicas ajustadas com boa
adaptação.
POLÍTICA DE SAÚDE 23
Lembra quando falamos no começo sobre os
cuidados de saúde na antiguidade? Os sacerdotes
eram detentores do conhecimento de cura, com
REFLITA sua base Divina e de fé, eram os únicos capazes de
cuidar dos pacientes, certo? Agora eu te faço uma
pergunta para você pensar: qual a real diferença
entre esse modelo que coloca o sacerdote como
responsável pela cura e o modelo biomédico que
centra essa responsabilidade no médico?
24 POLÍTICA DE SAÚDE
E então? Conseguiu compreender sobre os
conceitos de saúde e sua evolução? Neste tópico
conhecemos a evolução do conceito de saúde,
RESUMINDO além de compreendermos que esses conceitos
estão vinculados ao momento da humanidade de
das civilizações. Pudemos observar, também, que
a saúde vai muito além de acesso à prevenção,
diagnóstico e tratamento de doenças, necessita de
uma visão holística analisando os determinantes
sociais de saúde o que permite realizar intervenções
no sentido de ampliar políticas públicas que
possam reduzir as iniquidades e avançar para
políticas de saúde com mais equidade.
Unidade 1
POLÍTICA DE SAÚDE 25
Conhecer história da
Previdência Social e da saúde
coletiva
Historicamente a evolução do conceito de saúde
coletiva e de proteção social caminharam de
forma integrada, pois o foco em todos os casos é o
OBJETIVO cuidado do indivíduo como pessoa e pertencente
ao coletivo. Por isso, neste tópico vamos conhecer
sobre a história da saúde coletiva e evolução da
previdência social que tem início com a proteção
social. Pronto para começar? Bons estudos!
Saúde Coletiva
Unidade 1
26 POLÍTICA DE SAÚDE
O surgimento da saúde coletiva teve início a partir do
momento em que a população passa a ser cuidada pelo poder
público o qual contabiliza a população, coleta dados sobre
suas condições de vida e acompanha as taxas de natalidade e
mortalidade, bem como, utiliza as políticas públicas desenvolvidas
pelo Estado para assegurar direito e cidadania a partir de planos,
programas, ações e atividades (BARROS, 1996).
Unidade 1
(MOREIRA, ARCARI, & COUTINHO, 2018).
POLÍTICA DE SAÚDE 27
Figura 5 – Saúde Coletiva, cuidado do todo!
Unidade 1
Fonte: Pixabay
28 POLÍTICA DE SAÚDE
Os desafios da saúde pública dentro da saúde coletiva são
imensos como resolver questões mais complexas relacionadas
a saúde como a fome, o meio ambiente, a violência como um
modo social de viver (contra mulher, criança, homossexual, entre
outros), desemprego, instabilidade, competição individual pelo
direito de trabalho como gerador de sofrimentos e de doenças
individuais e coletivas.
Unidade 1
sobre as doenças e as formas de prevenção e tratamento.
POLÍTICA DE SAÚDE 29
Figura 6 - Proteção familiar
Unidade 1
Fonte: Pixabay
30 POLÍTICA DE SAÚDE
Percebam que, com o passar do tempo, a proteção
social e assistencial deixa de ser apenas uma
questão de princípio do ser humano e passa a ser
IMPORTANTE institucionalizada.
Unidade 1
trabalhadores, mas esses cuidados eram voltados a manter esses
indivíduos em condições mínimas para conseguir subordiná-los
ao sistema de trabalho existente.
Figura 7 – Cidade durante Revolução Industrial
Fonte: Wikimédia
POLÍTICA DE SAÚDE 31
Por isso o Estado passou a ter a responsabilidade pela
gestão e organização da proteção social, a partir da iniciativa
de trabalhadores independentes que não aceitavam essa
supremacia das indústrias sobre sua existência.
32 POLÍTICA DE SAÚDE
geral o custeio dessa proteção era tripartite, ou seja, dividida
entre as três partes envolvidas: empregado, empregador e
governo.
Figura 8 – II Guerra Mundial
Unidade 1
Fonte: Pixabay
POLÍTICA DE SAÚDE 33
Com essa visão de seres inferiores, os senhores e donos de
escravos não gastavam tempo nem dinheiro com o tratamento
de doenças, uma vez que era mais rentável deixá-los morrer e
comprar outro para substituí-lo do que investir em tratamento
para esses indivíduos.
34 POLÍTICA DE SAÚDE
mestres e professores a possibilidade de se aposentar, desde
que completassem 30 (trinta) anos de serviço.
Unidade 1
realizar as ações que previam invadir as residências e queimar
roupas e colchões sem qualquer explicação, bem como a
vacinação da população. Essas medidas levaram à população
para as ruas o que ficou conhecida como a Revolta da Vacina.
Figura 9 – Revolta da Vacina
Fonte: Wikimedia
POLÍTICA DE SAÚDE 35
Mesmo com toda a controvérsia sobre a forma como foi
feito, em poucos anos ele foi conhecido como figura importante
para a saúde brasileira. Osvaldo Cruz foi responsável pela criação
do Departamento Nacional de Saúde, embrião do Ministério da
Saúde e do Instituto Manguinhos, cujas pesquisas eram voltadas
para a saúde pública, mas esse é um tema para o próximo tópico
(SOLHAb, 2014).
36 POLÍTICA DE SAÚDE
Nessa situação os IAPs já estavam vinculados a autarquias
públicas de âmbito nacional e com a Constituição Federal de
1934, o custeio passou a ser tripartite, inserindo a participação
do Estado além do empregado e do empregador.
Unidade 1
na proteção social relacionada a emprego e suas garantias, pois
foi o que iniciou o movimento de proteção social, não apenas no
Brasil, mas no mundo.
POLÍTICA DE SAÚDE 37
O fim da ditadura militar é um importante marco para a
história do Brasil, tanto na questão política da liberdade de
expressão quando nos avanços de conceitos e conhecimentos
em diversas áreas como saúde e educação.
38 POLÍTICA DE SAÚDE
emprego era amparada pelas casas de caridade. Foi apenas com
a Constituição Federal de 1988 e a Lei Orgânica da Saúde que
essa situação começou a mudar. Mas, essas mudanças veremos
mais adiante!
Unidade 1
próximo tópico.
POLÍTICA DE SAÚDE 39
Compreender história das
políticas públicas de saúde no
Brasil
Até aqui vimos a evolução de conceitos e marcos
históricos importantes relacionados à proteção
social. Mas ainda não acabou, precisamos
OBJETIVO compreender os acontecimentos que levaram
a elaboração das Políticas de Saúde. Esses
acontecimentos aconteceram junto com os fatos
relacionados à previdência social, por isso, vamos
voltar à época da colônia no Brasil.
40 POLÍTICA DE SAÚDE
Figura 10 – Pau-brasil
Unidade 1
Fonte: Pixabay
POLÍTICA DE SAÚDE 41
A primeira Santa Casa foi inaugurada no Brasil
em 1543 na cidade de Santos, São Paulo, com o
decorrer dos anos outras foram abertas em outras
VOCÊ SABIA? cidades e eram administradas pela Irmandade de
Misericórdia.
42 POLÍTICA DE SAÚDE
República, recém instaurada, foi denominada “Café com Leite”,
devido o apoio dos políticos aos grandes fazendeiros.
Unidade 1
as epidemias presentes no Brasil. Entre as medidas tomadas
estavam:
POLÍTICA DE SAÚDE 43
Figura 11 – Favela
Unidade 1
Fonte: Pixabay
44 POLÍTICA DE SAÚDE
Sabe por que essas intervenções foram chamadas
de Campanhistas? Até a década de 1930, a saúde
pública era baseada em campanhas com o
VOCÊ SABIA? apoio da polícia sanitária por isso foi conhecida
como Campanhista, as quais eram voltadas para
problemas de saúde que afetavam a população,
porém motivadas pelos interesses econômicos.
Unidade 1
moradia e à saúde. Essa organização dos trabalhadores resultou
em diversas greves entre 1915 e 1920 reivindicando trabalho
com carga horária pré-determinada, salário justo, assistência à
saúde e condições de trabalho salubres.
POLÍTICA DE SAÚDE 45
exportação de café, base da economia da época, o que culminou
na Revolução de 1930 no Brasil com o poder provisório nas mãos
de Getúlio Vargas.
Era Vargas
Entre 1930 e 1945, Getúlio Vargas governou o Brasil de
modo centralizador, ele fechou o Congresso Nacional, perseguir
inimigos políticos e fez alianças com países estrangeiros para
Unidade 1
Fonte: Wikimedia
46 POLÍTICA DE SAÚDE
Mesmo assim ficou conhecido como “Pai dos Pobres”
pois sua política populista promulgou a Consolidação das
Leis do Trabalho, desenvolvida pela equipe do governo sem a
participação da sociedade, mas com medidas sociais, mesmo
assim os historiadores descrevem que essas ações eram uma
forma de mascarar e justificar o sistema autoritário que estava
instalado no país.
Unidade 1
públicas além de empréstimos para grupos privados de saúde,
com a justificativa de estar sendo utilizado para a saúde.
POLÍTICA DE SAÚDE 47
Nessa época, em plena Segunda Guerra Mundial,
a Indonésia era a principal fornecedora de látex
para os EUA, porém se encontrava em uma
REFLITA região constantemente atacada pelos países que
formavam o Eixo (Alemanha, Itália e Japão) os quais
lutavam contra os EUA e seus Aliados (Inglaterra
URSS e França). A segunda maior produtora de
látex do mundo era a Amazônia, esse material
era essencial para a indústria e para o esforço de
guerra. Agora eu te pergunto: você acredita que
esse convênio do Brasil com os EUA liberando
acesso à Amazônia para esse país teve apenas seu
fundamento no cuidado e na Saúde Pública?
48 POLÍTICA DE SAÚDE
• Epidemiológica: preocupada em controlar as doenças
em escala coletiva.
Unidade 1
Em contrapartida, o governo abriu mais espaço para os
grupos estrangeiros, incluindo na área da saúde o que levou
a entrada de grupos de medicina privada na administração de
diversos hospitais que foram construídos e equipados com o
dinheiro do Estado.
POLÍTICA DE SAÚDE 49
em saúde altamente especializada, medicalizada, curativa,
individualizada e, portanto, elitizada.
50 POLÍTICA DE SAÚDE
a Declaração de Alma-ata foi formulada por
ocasião da Conferência Internacional sobre
Cuidados Primários de saúde, entre os dias 6 e
ACESSE 12 de setembro de 1978, afirmando o conceito:
“Saúde é um direito humano fundamental” e
sua garantia deveria ser meta mundial. O que é
reforçado em 1986 com a Primeira Conferência
Internacional sobre Promoção de Saúde, em
Ottawa no Canadá com a Carta de Intenções que
buscou atingir a “Saúde para todos no ano de 2000”.
Quer compreender melhor essas e outras cartas
e conferências importantes que influenciaram a
saúde pública no Brasil? O Ministério da Saúde
publicou o livro “As Cartas da Promoção da Saúde”
que você pode encontrar no link:
Unidade 1
Vale a leitura desse material!
POLÍTICA DE SAÚDE 51
eleição presidencial de Tancredo Neves, em 1984, o que levou o
setor da saúde sofreu grandes alterações e restruturações com a
reforma sanitária e a criação do Sistema Único Descentralizado de
Saúde (SUDS). Os serviços médicos privados, antes beneficiados
pelo militarismo, passaram a receber recursos públicos e foram
financiados por grandes valores neste período.
Figura 13 – Movimentos sociais pela liberdade
Unidade 1
Fonte: Pixabay
52 POLÍTICA DE SAÚDE
público-privado e atenção primária como porta de entrada no
sistema de saúde. Mas foi apenas em 1986, na VIII Conferência
Nacional de Saúde, que essa proposta foi aceita, inserindo o
tema “Saúde como direito de todos” convocando a sociedade, os
pensadores e os profissionais para a discussão.
Unidade 1
POLÍTICA DE SAÚDE 53
Conhecer a história dos
sistemas de saúde de outros
países
Até aqui vimos vários acontecimentos que levam a
constrição das políticas de saúde, mas vamos dar
uma pausa nela para compreender como surgiram
OBJETIVO e como funcionam os Sistemas de Saúde em outros
países. Pronto para essa jornada?
Sistema de Saúde
Como já ficou claro, a evolução do conceito de saúde
coletiva, de saúde pública e de proteção social caminharam de
Unidade 1
54 POLÍTICA DE SAÚDE
apenas a doença e o foco na promoção da saúde. A partir desse
movimento a luta por sistemas de serviços de saúde levou os
governos a desenvolverem sistemas de saúde para atender a sua
população.
Unidade 1
os cidadãos;
POLÍTICA DE SAÚDE 55
assistenciais e na prestação dos serviços de saúde. Vamos
conhecer melhor cada modelo e quais países utilizam.
Modelo universalista
Esse modelo tem caráter universal sendo financiado por
impostos e é baseado no princípio da cidadania, o qual garante
acesso a todos os indivíduos incluindo os que não têm renda.
Não há contribuição de empregadores e empregados de forma
separada, apenas impostos pagos por empresas e população.
56 POLÍTICA DE SAÚDE
Quando se fala em assistência à saúde apenas
para pessoas empregadas, o que passa pela sua
cabeça? Parece desigual? Esse perfil de Sistema
REFLITA de Saúde é comum em países desenvolvidos
como a Alemanha, nos quais praticamente toda
a população está empregada, ou seja, a grande
maioria da população está coberta pelo sistema. E
agora, continua parecendo desigual?
Unidade 1
integralidade, mas não tem atendimento dental, oftalmológico e
alguns medicamentos (GUIMARÃES, 2013; FILIPPON, 2016).
POLÍTICA DE SAÚDE 57
Figura 14 – Hospital da Santa Cruz (“St. Cross Hospital”), Winchester, Inglaterra
Unidade 1
Fonte: Wikicommons
58 POLÍTICA DE SAÚDE
Apesar de existir um subsistema privado, o setor público
cobre quase 90% da população que reside no país, não só dentro
do sistema de financiamento de saúde, mas também na política
sanitária alemã.
Unidade 1
Figura 15 – Knappschaftskrankenhaus, hospital em Dortmund-Brackel, Alemanha
Fonte: Wikimedia
POLÍTICA DE SAÚDE 59
financiado e administrado exclusivamente pelo Estado. Com
princípios humanistas e de solidariedade, busca a acessibilidade
e serviços gratuitos baseado na prevenção e promoção da saúde
(ROLLO & WEBER, 2018).
Fonte: Pixabay
60 POLÍTICA DE SAÚDE
Sistema de Saúde nos Estados
Unidos da América
Costa, 2013 p.158, descreve que em 2010 os custos desse
país com saúde formam mais baixos que de países como Portugal
e França, quando se faz a avaliação per capita.
Unidade 1
país. Consegue imaginar por que? Perceba que nos Estados
Unidos são utilizadas tecnologia avançada para o cuidado
da saúde, porém, a ineficiência, não universalidade e gastos
excessivos e muitas vezes inútil por parte do Estado. Esses
extremos levam muitos estudiosos de Saúde e Políticas Públicas
terem uma posição contra o sistema, mas compreendendo que
há o uso de inovações na assistência à saúde o que estimula o
estudo e a utilização de tecnologias em saúde em todo o mundo.
POLÍTICA DE SAÚDE 61
Não pense que a população ignora completamente a
necessidade do sistema de saúde universal, muito pelo contrário!
Já na grande depressão (1929) existe a luta pela mudança desse
sistema, muitos presidentes já tentaram realizar essa mudança,
porém, sem muito êxito.
62 POLÍTICA DE SAÚDE
Uma cultura baseada na democracia e na merito-
cracia, que preza pela liberdade e individualidade,
como inserir um sistema de saúde que faça o in-
REFLITA divíduo dar parte do seu (dinheiro) para cuidar do
outro? Com certeza essa não é uma mudança fácil,
mas, com certeza, essa pequena mudança é um
grande passo para a população do país.
• Extensão da cobertura.
Unidade 1
da doença.
• Melhoria da eficiência.
POLÍTICA DE SAÚDE 63
para os programas públicos, portabilidade do seguro e impedir a
rejeição de pessoas com risco de saúde pré-existentes.
Fonte: Wikimedia
64 POLÍTICA DE SAÚDE
medicamentos extra-hospitalar e outros profissionais da saúde
como psicólogos, fisioterapeutas, entre outros, de acordo com a
província (estado) (BRANDÃO, 2019).
Unidade 1
Vale ressaltar que a luta por incluir medicamentos de
maneira mais universal no sistema é antiga e, segundo Brandão
2019 p.3, está se aproximando da realidade.
POLÍTICA DE SAÚDE 65
Figura 18 – Royal Jubilee Hospital, Victoria, Canadá
REFERÊNCIAS
Unidade 1
Fonte: Wikimedia
66 POLÍTICA DE SAÚDE
BARROS, E (1996). Política de saúde no Brasil: a universalização
tardia como possibilidade de construção do novo. Ciência & Saúde
REFERÊNCIAS
Coletiva, 1(1), pp. 5-17. Disponível em: http://bit.ly/3bqaoLf. Acesso
em: 10 fev. 2020.
Unidade 1
ly/2P3jkNp. Acesso em 11 de fev. de 2020.
POLÍTICA DE SAÚDE 67
MARQUES, R., PIOLA, S., & ROA, A (2016). Sistema de saúde no Brasil:
organização e financiamento. Brasília: Ministério da Saúde; OPAS/
OMS.
68 POLÍTICA DE SAÚDE