CLF - Aula 1

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Aula 1 – Você não precisa ser perfeito para estudar fora do Brasil.

Estudar fora do Brasil parece algo impressionante e distante,


né? Eu bem entendo disso. Sempre admirei outras culturas, talvez pelo
meu interesse em música e artes. Conhecer as terras geladas da
Escandinávia, os alpes da Suíça, a cultura americana e a beleza da
Inglaterra serviu de bússola para minhas vontades.
Eu sabia muito bem o que queria e daria o meu melhor para
conquistar meus objetivos. Clichê pra caramba, né? Sim, é mesmo,
mas tem algo diferente que quero te contar.
Eu não sou especial, genial ou alguém que sempre teve
sucesso na vida. Muito pelo contrário. Eu tive que lidar com
INÚMERAS rejeições durante minhas contínuas tentativas de ir para
fora do Brasil.
Recebi promessas mentirosas, conheci pessoas que me
diminuíam e, sinceramente, senti que nunca conseguiria conhecer
outro país depois de algumas dessas situações.
No entanto, algo começou a dar certo depois da minha 10ª
tentativa (ou algo perto disso). Tudo aquilo que eu tinha feito no
passado começou a parecer finalmente útil: estudar bastante para ter
um bom histórico escolar, estudar inglês e entender um pouco mais
sobre os processos de aplicação para estudar no exterior se tornaram
extremamente importantes para minha primeira ida para o exterior.
Informação extra: eu sabia bastante inglês quando fui pra fora
do país, mas, por mais que você não acredite, eu passei um leve
perrengue com o idioma quando me mudei pro Canadá.

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Por quê? Porque eu não conhecia termos básicos do dia a dia,
como utensílios culinários, ingredientes, operações bancárias,
coordenadas geográficas, etc.
Eu sabia inglês científico e conseguia conversar
tranquilamente com as pessoas sobre quaisquer
assuntos, mas eu não tinha de fato VIVIDO em outra
cultura. Portanto, meu vocabulário ainda não era
adaptado para viver em outro país.
Não foi tão difícil assim e eu, esperto que sou, declarei
imediatamente a minha dificuldade com alguns termos e SEMPRE
pedia feedback para meus amigos nativos de língua inglesa. Me
mostrei aberto para correções gramaticais também.
Ou seja: além de mergulhar na cultura, eu tinha pessoas me
corrigindo o tempo todo. E você aí com medo de não conseguir
conversar em inglês, né? Veja só como conseguimos adaptar nossas
dificuldades para crescer ainda mais! Essa talvez tenha sido uma das
coisas mais importantes que fiz quando me mudei para as terras
geladas do hemisfério norte.
Enfim, essa foi uma breve história sobre a minha experiência
pra te mostrar que qualquer pessoa consegue ir pra fora estudar.
Mesmo. Algumas pessoas vão ter mais facilidade que outras, mas isso
é natural e esperado.
No entanto, você PRECISA ir pro exterior. Essa é a tese desse
livreto.

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Eu preciso enfatizar isso bastante: você PRE-CI-SA estudar
fora do Brasil; você tem que conhecer outras culturas; você precisa
se abrir para o incontrolável e inesperado; você tem que sentir
medo do novo; você vai ter que enfrentar seus medos. Tudo isso
faz parte da vida de um estudante fora do Brasil.
Segundo: você conseguirá ir. Eu sou conhecido por ser
bastante realista (que bom, né?) e não vou mentir pra você aqui. É
trabalhoso conseguir sair do país pra estudar com tudo pago, mas você
CONSEGUIRÁ. Se você quiser me chamar de coach, mande-me um DM
no Instagram pra eu te refutar, tá? Rs.
Sério: é possível e você, depois de concluir esse curso rápido,
terá uma direção mais clara do que terá que fazer para conquistar sua
vaga no exterior.
Mas o que é tão incrível no exterior, Thiago? Bom, vamos
conversar sobre algumas das coisas que você poderá desenvolver
enquanto estiver pisando em terras não brasileiras.

1. Por que você precisa estudar fora do Brasil.


Já enfatizei bastante, mas preciso te trazer alguns dados.
Uma pesquisa realizada em países da Europa
(https://esn.org/erasmus-impact-study) mostrou que alunos
estrangeiros possuem inúmeras vantagens no mercado de trabalho
quando comparados com estudantes que não tiveram nenhuma
experiência fora de seus países. A pesquisa indicou que 70% dos
alunos com experiência no exterior tinham melhores habilidades
empregatícias. Além disso, 81% desses alunos observaram uma

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melhoria em suas competências transversais (proatividade,
capacidade de gestão, inteligência emocional, etc.).
É meio óbvio que isso tudo vai acontecer quando você estudar
fora. Inclusive, ouso dizer que só entendi o que era ser brasileiro
depois de morar no Canadá. Foi lá que compreendi a nossa cultura,
forma de interação social, culinária (fator importantíssimo pra mim)
e outras inúmeras coisas.
Além disso, viver no exterior vai te colocar em uma realidade
que não é unicamente consequência do país no qual você morará.
- Que isso, Thiago? Tá doido? Comeu uma comida muito salgada antes
de escrever esse texto?
Deixe-me explicar melhor: países como Canadá,
EUA, Alemanha, Inglaterra, França, Singapura, Austrália
e outros possuem massivas populações de estrangeiros.
Isso significa que você vai conhecer MUITAS OUTRAS
CULTURAS, e não só a do país que estiver morando.
No Canadá, por exemplo, eu aprendi MUITO sobre a cultura
árabe, indiana, russa, iraniana e canadense. Imagine o impacto que
isso não vai ter em sua vida. Nos EUA, interessantemente, aprendi
mais sobre a cultura americana, pois vivi com uma nativa do país. Com
ela, aprendi bastante coisa sobre o judaísmo; no Canadá, morei com
um indiano evangélico que passou a vida na Arábia Saudita, Bélgica,
Alemanha e, por fim, no Canadá. Legal, né?

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Enfim. Não é à toa que viver fora do Brasil quase sempre
será uma experiência intensa para alunos de graduação e pós-
graduação. Não temos esse tipo de convívio na nossa terra.
Existe, além disso, um outro ponto bastante interessante que
preciso contar pra você.
Viver no exterior vai te pôr à prova de suas emoções,
medos, angústias, dúvidas e inseguranças. Você poderá
pegar um avião e ir sozinha(o) para outro país e, lá, não
conhecer absolutamente ninguém.

Parece aterrorizante, né? Mas relaxe, não é.

Cada pessoa poderá reagir de uma forma, claro. Mas assim:


enfrentar essas coisas faz uma tremenda diferença em nossas
vidas. Enquanto escrevo esse livreto pra você, eu pensei algumas
vezes que poderia morar em qualquer canto do mundo, pois esses
sentimentos de insegurança sumiram depois da minha experiência em
dois países. Se eu disser que foi super fácil, vou estar mentindo. Não
foi fácil não. Em alguns momentos, foi bastante árduo lidar com a
pressão e com as incontáveis horas de trabalho. Mas isso tudo valeu
muito a pena. Valeu tanto, que agora consigo te ensinar a ter
experiências como as que eu tive!
Enfim, vamos aprender algo um pouco mais prático agora.
Nesse capítulo, eu trouxe algumas das objeções que você pode ter
ao pensar em estudar fora do Brasil. Medos, incertezas, dúvidas e

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coisas que nunca te contaram. Esses pontos são discutidos em maior
brevidade na aula teórica número 1 do desafio Ciência Lá Fora.
Coletei essas informações com mais de 24 mil seguidores que
tenho no Instagram – claro, nem todos responderam, mas vamos
generalizar algumas dessas objeções, pois elas podem ser úteis pra
você.

Antes de tudo, precisamos definir duas coisas básicas:


- Doutorado ou mestrado sanduíche: quando você faz parte
do seu doutorado ou mestrado fora do Brasil. O seu diploma virá da
instituição brasileira no qual você está matriculada(o). Existem alguns
outros tipos de mestrado sanduíche, mas a ideia mais relevante aqui
é a que você fará parte da sua pesquisa em outro país.
- Doutorado ou mestrado pleno: quando você cursa todos os
anos do seu doutorado ou mestrado e obtém o título de mestre ou
doutor da universidade internacional.

Enfim, vamos ver essas objeções!

1. Eu não sou inteligente o bastante.


Sinceramente, inteligência não é algo que pesquisadores
procuram. Inclusive, como é que se mede inteligência mesmo? Melhor:
onde é que você já viu um teste ou aplicação para vaga de mestrado
ou doutorado no qual houvesse um teste de inteligência? Nenhum,
certo?

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Como empresário (ui), eu procuro pessoas pra trabalhar
comigo o tempo todo. Nos últimos 2 anos, eu JAMAIS pensei em
contratar alguém pensando em sua inteligência. Eu quero que a
pessoa resolva problemas, e só. Também procuro pessoas que se
entregam para o que estão fazendo e vão além do óbvio.
- Thiago, você não é um docente de uma universidade e essas
coisas pouco importam!
Pode até fazer sentido pensar assim, mas, por mais que você
não queira acreditar, essas são as habilidades principais as quais
pesquisadores no exterior procuram em alunos de pós-graduação.
Inclusive, esperto que sou (rs), eu perguntei para dois dos
meus ex-orientadores (um inglês e outra canadense) sobre quais
características eles buscam em alunos que vão estudar no exterior.
São elas: ambição, habilidade para trabalhar em grupo, ter
iniciativa, ser observador, trabalhador, curioso, ter uma aparência
positiva, ser atraído por novas tecnologias, ser persistente e
determinado, organizado, íntegro, honesto, motivado,
entusiasmado, pontual e respeitoso.
Portanto, você não precisa se preocupar em ser (ou ter sido)
alguém brilhante em sua carreira. Não é isso que as pessoas procuram.
Convencida(o)?

2. Não sei falar inglês (ou outro idioma do país que vou
morar).
Essa objeção é clássica e faz bastante sentido mesmo. Vou
simplificar as coisas em três pontos aqui.

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Primeiro: você realmente precisa saber ALGUMA coisa do
idioma do país que vai morar. É óbvio isso. No entanto, essa
exigência muda bastante a depender do que você fará no exterior.
Alunos de graduação precisam de MUITO mais conhecimento
do idioma estrangeiro, pois terão aulas, vão interagir com pessoas o
tempo todo em classe, farão trabalhos em grupo, etc.
Alunos de pós-graduação quase nunca precisam cursar
disciplinas – embora eu sugiro que você tente cursar alguma, se
possível. Ah, sim: estamos pensando aqui em uma situação de
mestrado ou doutorado sanduíche. Alunos que farão o mestrado ou
doutorado completos no exterior vão ter que cursar disciplinas sim,
mas a frequência será inferior comparada com a de alunos de
graduação.
Além disso, a rotina de pesquisa de um aluno de pós-
graduação é mais direcionada à pesquisa (dã!). Mas é CLARO que
pesquisas que envolvem entrevistas e interações sociais vão exigir
um pouquinho mais da sua habilidade de entender o idioma do país.
No entanto, se você for conduzir sua pesquisa em um laboratório, as
chances de tudo correr bem sem você ser 100% fluente são muito
maiores.
Segundo: no exterior, você vai perceber que brasileiros falam
inglês muito bem; o que nos atrapalha é a insegurança. É claro que
existe uma diversidade imensa no nível de inglês da população
brasileira. Isso é um fato em nosso país. No entanto, saber o mínimo
pode ser suficiente pra você se comunicar no exterior, desde que você
tenha um planejamento bem feitinho antes de se mudar.

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Por planejamento, pense em estudar
inglês (por meio de cursos pagos ou gratuitos)
por um tempinho antes de se mudar. Minha
recomendação, você vai ver, é que o plano de
sair do país esteja definido uns 2 ou 3 anos
antes da sua viagem.
Com isso, você vai ter um bom tempo para praticar o inglês e
se sentir mais confiante. Não estou dizendo que você não vai ter
chances se não tiver planejado isso tudo 2 ou 3 anos atrás, tá?
Terceiro: por estudar e colaborar com pessoas de outros
países, você vai notar que TODO MUNDO ESTÁ NO MESMO BARCO. Sim.
Você e seus colegas poderão ter dúvidas em relação ao idioma do país
e tá tudo certo! Isso vai te encorajar cada vez mais a seguir em frente,
tenho certeza! Não se esqueça que essas pessoas também terão
sotaque – muitas vezes ainda mais carregados que o nosso.

3. Meu histórico escolar não é dos melhores.


Você não precisa ser perfeito para estudar no exterior.
Você pode ter reprovações, desde que elas sejam justificáveis. É claro
que ter 10 reprovações e uma média muito baixa vão afetar
negativamente sua aplicação; não posso mentir e dizer que não.
Porém, muitas instituições estão interessadas em entender por que

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você é a pessoa mais adequada para a vaga. Para isso, você vai ter
que contar um pouco da sua história.
Se você teve dificuldades durante a graduação, você poderá
contar isso em sua carta de motivação ou personal statement.

4. Tenho medo de não dar conta.

Eu já te disse. Viver no exterior não vai


ser só festa, alegria e momentos maravilhosos.
Você VAI sentir saudades e VAI ter momentos
ruins. Mas, sinceramente, você já tem isso
normalmente na vida, né? Por mais clichê que
pareça, sofrer e ter momentos ruins são partes
fundamentais de nossas vidas.
Vou até contar uma coisa bem pessoal pra você: quando eu
estava nos EUA, eu entrei num vórtex de que não seria capaz de ver
meu país novamente. Naquele dia, às 2 da manhã, eu comecei a ler o
poema Canção do Exílio do Gonçalves Dias e chorei até me acabar.
Quanta saudade eu sentia do Brasil. Como eu queria ver o verde das
plantas e ouvir o som dos pássaros. Normal, gente. No outro dia, eu
nem lembrei mais dessa crise, hahaha. Faz parte. Momentos ruins
FAZEM parte e vão dar SUBSTÂNCIA para sua vida e experiência.

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5. Tenho receio do processo de aplicação.
É bom que você tenha mesmo, rs. O processo de aplicação
pode ser monstruoso. É algo difícil, trabalhoso, demorado, caro e
irritante. Vai ser difícil. Ponto final. Mas, como diria Victor
Frankenstein para a tripulação de um navio com rumo ao Polo Norte,
uma jornada de sucesso vai ser dolorida e difícil. Não pense que os
frutos serão colhidos sem nenhum esforço. Esse é o básico que você
precisa saber.
Só um exemplo: eu fui pro exterior pela bolsa BEPE da FAPESP
e, quando fui pós-doutorando, meu salário era pago pelo hospital
Johns Hopkins. Portanto, o meu processo de aplicação foi
relativamente menos complexo que a aplicação para financiamento
direto no exterior.
Isso não significa que foi tranquilo pra mim! Eu precisei
trabalhar MUITO nessas coisas. Documentos, comprovações, viagens
para tirar vistos, exames, etc. Tudo isso foi difícil e pode ser mais
difícil em outros cenários. Só que é aquela coisa: depois que esse
turbilhão passa, você nem vai mais se lembrar da bagunça que foi
aplicar e conseguir sua aprovação. Eu, pelo menos, tinha me
esquecido disso e só me lembrei depois de pesquisar meus documentos
para preparar essas aulas.

6. Quero ir, mas acho que não vou ter dinheiro pra me
bancar.
Esse ponto é crítico. Realmente, você vai precisar de
financiamento para viver no exterior. O Real brasileiro não vale muita

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coisa nos EUA, Canadá e Europa, infelizmente. Portanto, a não ser
que você tenha MUITO dinheiro, vai ser praticamente impossível ir
para o exterior sem verba.
Existem INÚMERAS formas de se conquistar verbas no exterior.
Falaremos delas em uma aula diferente, pois o assunto se torna um
pouco mais denso aqui.

Enfim. O que quero que você entenda daqui é que:


1) O processo de aplicação não é fácil.
2) Você precisará ser persistente e saber lidar com as
rejeições e dificuldades.
3) Você não precisa ser perfeita(o) para estudar no exterior.
Muitas falhas e dificuldades passadas são justificáveis.
4) Você vai pro exterior para ajudar pessoas e para
APRENDER. Portanto, não espere que você não vai
aprender nada de novo em outro país – aprender deve ser
seu OBJETIVO!

Tudo certo? Vamos para nosso próximo livreto!

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