Engenharia Econômica

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3. ENGENHARIA ECONÔMICA

3.1. CONCEITOS, PRINCÍPIOS E CONSIDERAÇÕES

Até o momento, por intermédio da Matemática Financeira, foi tratado de


providenciar as informações necessárias acerca da importância de se considerar o valor
do dinheiro no tempo. A partir da absorção dos conceitos da Matemática Financeira é
possível fazer uso da Engenharia Econômica.
A Engenharia Econômica, conforme definição apresentada por E. L. Grant e
W. Ireson, no livro “Principles of Engineering Economy”, compreende “os princípios e
técnicas necessárias para se tomar decisões relativas à aquisição e à disposição de bens
de capital, na indústria e nos órgãos governamentais”.
Pode-se, de maneira geral, definir Engenharia Econômica como o conjunto
de conhecimentos necessários à tomada de decisão sobre investimentos.
Ainda que os conceitos básicos tenham se originado na indústria, a partir de
problemas de natureza técnica, os métodos de investimentos, que serão apresentados a
seguir, são gerais e suas aplicações não se restringem apenas ao campo da engenharia.
Problemas de financiamento, questões de aplicação de capital, entre outros, são
igualmente passíveis de análise pelos métodos da Engenharia Econômica. Justifica-se o
nome, “Engenharia Econômica”, porque grande parte dos problemas de investimento
dependem de informações e justificativas técnicas e porque na maioria das organizações
tais decisões são tomadas ou por engenheiros, ou por administradores agindo com base
nas recomendações dos engenheiros.
Em resumo, um estudo de Engenharia Econômica envolve:
a) Definição do problema;
b) Determinação das alternativas tecnicamente viáveis;
c) Determinação e avaliação quantitativa das diferenças futuras – obtenção
do diagrama de fluxo de caixa de cada alternativa;
d) Manipulação dos diagramas e aplicação de critérios de decisão para a
obtenção da alternativa mais econômica a avaliação qualitativa das alternativas,
inclusão dos fatores imponderáveis e modificação da decisão anterior se for o caso.
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Enfim, torna-se necessário estabelecer métodos de comparação e critérios de


decisão que permitam representar cada alternativa por um número e que indiquem a
solução mais econômica.
Segundo Hummel e Taschner, alguns aspectos não devem ser esquecidos
jamais ao se montar um modelo para a tomada de decisão em Engenharia Econômica.
Esses aspectos são:
1) Não existe decisão a ser tomada, considerando-se alternativa única:
para tomar qualquer decisão, devem ser analisadas todas as alternativas viáveis, onde as
alternativas devem ser, no mínimo, duas, ao contrário, a decisão já estará tomada.
2) Só podem ser comparadas alternativas homogêneas: por exemplo, não
será possível a comparação entre a compra de um apartamento em um bairro nobre ou a
compra de um apartamento em um bairro pobre. Para fazer a comparação dessas
alternativas deve-se conseguir a homogeneidade dos dados.
3) Apenas as diferenças de alternativas são relevantes: se todas as
alternativas que estão sendo analisadas possuírem séries de custos ou receitas iguais,
elas não serão importantes para decidir qual das alternativas é melhor, pois suas
diferenças irão se anular.
4) Os critérios para decisão de alternativa econômica devem reconhecer
o valor do dinheiro no tempo: para fazer a comparação entre alternativas de
investimento deve-se igualar o tempo de vida ou de utilização das mesmas.
5) Não devem ser esquecidos os problemas relativos ao racionamento de
capital: sempre que uma alternativa de ação for proposta, admite-se, a princípio, que
existe capacidade de investimento.
6) Decisões separáveis devem ser tomadas separadamente: todos os
problemas e alternativas econômicas de investimento devem ser cuidadosamente
avaliados para determinar qual o número, tipo e seqüência das decisões necessárias.
7) Deve-se sempre atribuir um certo peso para os graus relativos de
incerteza associada às previsões efetuadas: isso serve para assegurar que a qualidade
da solução seja conhecida e reconhecida pelos responsáveis pelo processo de tomada de
decisão.
8) As decisões devem levar também em consideração os eventos
qualitativos não quantificáveis monetariamente: as diferenças de alternativas devem
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assumir uma unidade quantificável comum, geralmente unidade monetária, para


fornecer uma base para a escolha dos investimentos. Entretanto, os eventos não
quantificáveis devem ser especificados, para que os responsáveis pela tomada de
decisão tenham todos os dados necessários para tomar a sua decisão.
9) Realimentação de informações: por exemplo, precisa-se saber se a taxa
de juros esperada para um determinado investimento em 5 anos está sendo atingida.
Para isso, deve-se acompanhá-la mês a mês, ou ano a ano, para ter certeza de que o
investimento atingirá o retorno esperado.
10) Dados econômicos / gerenciais: no estudo das alternativas de
investimento, os valores e os dados que nos interessam devem ser sempre econômicos e
gerenciais. Os dados contábeis só serão importantes na avaliação após o Imposto de
Renda.

Limitações de Estudo

- Impossível transpor para o papel todas as considerações e variáveis


encontradas na vida;
- Taxas de retorno e taxas de juros, na realidade, não são as mesmas;
- O modelo pressupõe que as taxas de juros não variam durante a vida;
- O modelo pressupõe que o fluxo de caixa real final é sempre viável, de
acordo com as condições econômicas e financeiras da empresa em pauta;
- A complexidade do modelo a ser montado deve ser compatível com a
confiabilidade dos dados assumidos.

Mais dois pré-requisitos para a análise de investimentos:

− Só serão analisadas alternativas de ação tecnicamente viáveis;


− Só serão analisadas alternativas de ação para as quais tem-se capacidade
financeira.
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3.2. MÉTODOS CLÁSSICOS DE ANÁLISE DE


INVESTIMENTOS

Depois de considerar todos esses aspectos, princípios, pré-requisitos e


limitações de estudo para fazer a análise de um investimento, deve-se, ainda, ordenar o
processo de raciocínio para buscar uma solução lógica para a questão proposta. Isso
pode ser feito através dos Métodos Clássicos de Análise de Investimentos.
Basicamente, os métodos são três, que se forem aplicados de maneira
correta, levarão sempre à mesma alternativa de ação como sendo a melhor, ou seja, eles
são equivalentes entre si. Os três métodos são os seguintes:
- Método do Custo Anual Uniforme – CAU;
- Método do Valor Atual – VA;
- Método da Taxa de Retorno – TIR.

Taxa Mínima de Atratividade

Os métodos da Engenharia Econômica, para avaliar as melhores alternativas


de investimento, exigem a adoção de uma taxa de juros básica, que é denominada Taxa
Mínima de Atratividade (TMA). Essa taxa representa a mínima rentabilidade
pretendida em um investimento. A questão de definir qual taxa deverá ser empregada,
pode ser respondida por meio do seguinte exemplo:
“Supõe-se que uma pessoa tem uma oportunidade de fazer um investimento,
mas para isso será necessário tomar o dinheiro emprestado de algum banco. É evidente
que os juros pagos representarão um ônus, que deve ser entendido como o custo da
utilização deste capital. Portanto, a pessoa somente irá fazer o investimento se a
expectativa de ganhos, já deduzido o valor do investimento, for superior ao custo do
capital. Por exemplo, se o montante de juros pagos corresponder a uma taxa de 40%
a.a., obrigatoriamente que o custo do capital será expresso por este valor, e o
investimento só será interessante se a taxa de rendimentos produzidos for superior a
este”.
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Tal fato identifica o custo do capital como sendo a rentabilidade mínima


aceitável para qualquer aplicação, caracterizando, então, uma base para aceitação ou
rejeição de uma proposta de investimento. Esta taxa de juros é a usualmente
denominada TMA.

3.2.1. MÉTODO DO CUSTO ANUAL UNIFORME – CAU

Consiste em distribuir ao longo da vida útil todos os valores existentes no


fluxo de caixa, transformando-os em uma única série uniforme (R) de pagamentos e/ou
recebimentos.
Para distribuir todos os valores uniformemente ao longo da vida útil, faz-se
uso da TMA e como resultado pode-se obter um CAU+ (positivo), um CAU– (negativo)
ou um CAU nulo. Em termos de escolha entre as alternativas de ação, serão
consideradas interessantes as alternativas cujos CAUs sejam positivos ou nulos, onde o
mais interessante seria o maior CAU positivo, ou seja, as receitas serão suficientes ou
mais que suficientes, para cobrir as despesas quando sujeitas àquela taxa de juros,
quando estes estão sujeitos àquela TMA.
Nos casos em que os investimentos se tornam obrigatórios, por exemplo, na
substituição de um equipamento estarão envolvidos na análise apenas custos ou
despesas, portanto, o resultado do CAU a ser obtido será sempre negativo e a escolha
deverá recair sobre o CAU mais próximo de zero, ou seja, aquele que possuir o menor
custo possível.

EXEMPLO 1: Determinada empresa deseja substituir a frota de veículos a serem


utilizados para o trabalho de seus vendedores. Para essa situação ficou definido que o
veículo mais apropriado seria um carro popular e que para o serviço que se prestaria
poderia ser utilizado tanto um veículo zero quilômetro como um com até cinco anos de
vida. Estudos preliminares determinaram que os custos das manutenções anuais, de
acordo com o tempo de vida do veículo, a serem realizadas ao longo do ano e alocadas
ao seu final, seriam os expressos no quadro a seguir, bem como a cotação dos veículos,
desde que em perfeito estado de conservação. A TMA da empresa é de 10% a.a.
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Final do Cotação Custo manutenção


0 km $15.000,00 0
1 ano $12.500,00 $2.500,00 / ano
2 anos $10.200,00 $2.800,00 / ano
3 anos $8.500,00 $3.500,00 / ano
4 anos $7.000,00 $3.000,00 / ano
5 anos $6.200,00 $3.700,00 / ano

Solução:
OPÇÃO A – Comprar um carro zero e trocá-lo a cada dois anos.

OPÇÃO B – Comprar um carro com 1 ano de vida e trocá-lo a cada três anos.

Nesse exemplo, o que torna as alternativas de ação heterogêneas é o fato de


que com a opção A, os vendedores poderão trabalhar com o carro pelo período de dois
anos, enquanto na opção B, poderão trabalhar pelo período de 3 anos. Essa diferença
fica solucionada de maneira implícita, pois será encontrado o custo necessário para se
utilizar as opções A e B por ano e assumir que eles se repetirão de maneira idêntica nos
anos seguintes. Assim, poderão ser comparados.
A estrutura dos cálculos para a obtenção do CAU ficará da seguinte forma:
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CAU (OpçãoA) = −$2.500, 00 − $15.000, 00 × ( P → R)10%


2
+ $9.900, 00 × ( S → R)10%
2

CAU (OpçãoA) = −$2.500, 00 − $8.642,86 + $4.714, 29

CAU (OpçãoA) = −$6.428,57

Na montagem do fluxo algébrico da opção A considera-se que -$2.500,00 já


se caracterizam como um CAU, pois se repete nominalmente desde o período de ordem
1 até o de ordem n (data 2). Depois, distribui-se os -$15.000,00 referentes a compra do
carro “zero” a partir da data zero dentre os dois períodos da vida útil e, por fim,
distribui-se os +$9.900,00 (obtidos pela diferença entre os +$10.200,00, referentes a
venda do automóvel com dois anos de uso e os -$300,00 referentes a diferença entre os -
$2.800,00 dos custos anuais e os -$2.500,00 que foram assumidos que já configuram
como um CAU).
Por analogia, mostrar-se-á a opção B, assumindo que os -$2.800,00 já se
configuram como um CAU. Assim, tem-se:

CAU ( OpçãoB ) = −2.800, 00 − ⎡700, 00 × ( S → P )10% + 12.500, 00⎤ × ( P → R )10% + 6.800, 00 × ( S → R )10%
2 3 3
⎣ ⎦
CAU ( OpçãoB ) = −2.800, 00 − [578,51 + 12.500, 00] × ( P → R )10% + 2.054,38
3

CAU ( OpçãoB ) = −2.800, 00 − 5.259, 06 + 2.054,38

CAU ( OpçãoB ) = −$6.004, 68

No caso A, os resultados demonstram que se tiver o equivalente a -6.428,57


por ano (o sinal negativo identifica um custo), tem-se dinheiro suficiente para manter a
estrutura de comprar um carro “zero”, pagar seus custos de manutenção no final do
primeiro ano de uso, pagar seus custos de manutenção no final do segundo de uso e
vendê-lo ao preço de mercado naquela oportunidade, para então comprar novamente um
carro “zero”, pagar seus custos de manutenção por dois anos, vendê-lo pelos mesmos
valores do fluxo inicial... E assim, sucessivamente, por quanto tempo for necessário.
No caso B, com equivalente a -$6.004,68 tem-se dinheiro suficiente para
manter a estrutura de comprar um carro com um ano de uso, pagar seus custos de
manutenção no final do primeiro, segundo e terceiro ano de uso e vendê-lo ao preço de
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mercado naquela oportunidade, para então comprar novamente um carro com 1 ano de
uso e pagar seus custos de manutenção no final do primeiro, segundo e terceiro ano de
uso, vendê-lo pelos mesmos valores do fluxo inicial... E assim, sucessivamente, por
quanto tempo for necessário.
Como em ambas as alternativas existem possibilidade de atender as
necessidades de transporte do corpo de vendas e se, com a opção A, tem-se um custo de
-$6.428,57 por ano, contra um custo de -$6.004,68 por ano com a opção B, é evidente
que a solução deverá recair sobre a opção B.

EXEMPLO 2: Uma empresa de transformação mineral tem enfrentado sérios


problemas de produtividade e estudos desenvolvidos pelos engenheiros da empresa
evidenciaram duas alternativas tecnicamente viáveis para solucionar o problema.

Discriminação Opção A Opção B


Investimento Necessário $50.000,00 $30.000,00
Custo Operacional Anual $13.000,00 $18.800,00
Custo Anual Manutenção $2.000,00 $1.200,00
Valor Residual do Projeto $25.000,00 $15.000,00
Vida Estimada 10 anos 10 anos

Sendo a TMA para a empresa igual a 20% ao ano, deseja-se saber qual a
alternativa mais conveniente.

Solução:
O diagrama de fluxo de caixa para a alternativa A e seu respectivo CAU são:
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CAU OpçãoA = −15.000, 00 − 50.000, 00 × ( P → R )20% + 25.000, 00 × ( S → R )20%


10 10

CAU OpçãoA = −15.000, 00 − 50.000, 00 × ( 0, 2385 ) + 25.000, 00 × ( 0, 0385 )

CAU OpçãoA = −25.962, 00

Para a alternativa B, tem-se:

CAU OpçãoB = −20.000, 00 − 30.000, 00 × ( P → R )20% + 15.000, 00 × ( S → R )20%


10 10

CAU OpçãoB = −20.000, 00 − 30.000, 00 × ( 0, 2385 ) + 15.000, 00 × ( 0, 0385 )

CAU OpçãoB = −26.577, 00

A alternativa A representa menor CAU, portanto, resulta na opção mais


conveniente para a empresa.

Se no processo de decisão existissem receitas incluídas nas opções a serem


estudadas, deve-se optar por aquela que levasse ao maior CAU positivo(se houvesse),
caso contrário, se todas as alternativas levassem a CAUs negativos, deve-se descartá-las
e sair em busca de outras alternativas.
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3.2.2 MÉTODO DO VALOR ATUAL (VA) OU VALOR PRESENTE


LÍQUIDO (VPL)

O método do VA, ou método do VPL, caracteriza-se, essencialmente, pela


transferência de todas as variações de caixa esperadas para o instante presente,
descontadas à TMA, isto é, seria o transporte para a data zero de um diagrama de fluxo
de caixa de todos os recebimentos e desembolsos esperados, descontados à taxa de juros
considerada. Assim, como já foi demonstrado no método CAU, também pelo método do
VA, pode-se obter como resultado da somatória desses fluxos um VA+ (positivo), um
VA- (negativo) ou um VA nulo, evidentemente que, desde que se têm envolvidas no
negócio receitas e despesas, entradas e saídas de caixa.
Em termos de análise, serão consideradas interessantes as alternativas de
ação cujos VAs sejam positivos ou nulos, sendo mais interessantes os de maior VA+.
Isso porque esse valor positivo representará a quantidade de dinheiro que foi ganho, em
dinheiro de hoje, além da expectativa. Um VA- para um fluxo de caixa que tenha
receitas e despesas envolvidas, significará que aquele negócio possui uma remuneração
aquém da expectativa, ou ainda, que aquele negócio paga aquela quantidade de
dinheiro, em dinheiro de hoje, a menos do que se gostaria. Um VA nulo demonstrará
que aquele investimento paga exatamente a TMA, portanto, também poderá ser
considerado interessante.
Se utilizarmos esse método para analisar projetos que envolvam apenas
custos, as alternativas de ação que nos interessarão serão aquelas que nos levarão mais
próximo de um custo zero.

EXEMPLO 3: Uma empresa está pensando em abrir uma loja para venda direta de seus
produtos aos consumidores, e para esse fim existem duas oportunidades: abrir uma loja
na rua ou uma loja no shopping. Para isso, levantou as variáveis envolvidas com cada
uma das opções que podem ser expressas conforme o quadro abaixo. Sendo a TMA da
empresa de 5% ao mês qual a melhor alternativa.
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Discriminação Loja de Rua Loja de Shopping


Investimentos iniciais $230.000,000 $270.000,00
Tempo de utilização 5 anos 5 anos
Valor residual e de mercado $50.000,00 $130.000,00
Receitas mensais $35.000,00 $50.000,00
Custos mensais $24.000,00 $36.000,00

Solução:
Os diagramas de fluxo de caixa para as duas alternativas são:

Opção A – Abrir Loja de Rua

Opção B – Abrir Loja de Shopping


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Agora serão deslocados todos os valores envolvidos no fluxo de caixa para a


data zero, fazendo uso da TMA, isso significa, na prática, extrair dos valores que não se
encontram na data zero os juros neles embutidos. Assim sendo, o VA das duas opções
será:

VAA = −230.000, 00 + 11.000, 00 × ( R → P )5% + 50.000, 00 × ( S → P )5%


60 60

VAA = −230.000, 00 + 208.222,18 + 2.676, 78

VAA = −$19.101, 04

VAB = −270.000, 00 + 14.000, 00 × ( R → P )5% + 130.000, 00 × ( S → P )5%


60 60

VAB = −270.000, 00 + 265.010, 05 + 6.959, 61

VAB = +$1.969, 67

Os resultados dos VAs obtidos de -$19.101,04 para a Loja de Rua e


+$1.969,67 para a Loja de Shopping representam, na prática, que, embora se tenha lucro
com a loja de Rua, ela não oferece aos investidores a remuneração mínima aceitável.
Ela oferece um ganho de (-)$19.101,04 em dinheiro de hoje, aquém da expectativa (o
sinal negativo significa que os custos suplantaram as receitas em $19.101,04), não
sendo um investimento interessante. Já a loja de Shopping, oferece uma remuneração
em dinheiro de hoje, de (+)$1.969,67 além da expectativa (o sinal positivo significa que
as receitas suplantaram os custos em $1.969,67), sendo um investimento interessante.

Para o método do VA, a questão da homogeneidade das vidas úteis das


diversas alternativas de ação deve ser tratada antes de iniciar a análise, ou seja, deve-se
fazer presente de maneira explícita. Para isso, será utilizada a Técnica do MMC
(Mínimo Múltiplo Comum) e da Capitalização Infinita.
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A Técnica do Mínimo Múltiplo Comum (MMC)

Para executar essa técnica, deve-se encontrar o MMC entre os tempos de


vida das alternativas em questão e considerar a repetição do investimento de maneira
idêntica.

EXEMPLO 4: Observando a situação do Exemplo 1 do Método CAU. Se fosse


utilizado o método do VA, qual seria a melhor opção dentre as duas alternativas?

Solução:
Uma das opções era a de se trabalhar com um carro por dois anos, enquanto
a outra era a de comprar um carro com um ano de vida e trabalhar com ele por mais três
anos antes de vendê-lo. Isso torna ambas as alternativas heterogêneas e, portanto, não
comparáveis.
A maneira de resolver o problema é através da técnica do MMC. Portanto,
as opções deverão cobrir um tempo de vida comum de seis (06) anos (MMC de 2 e 3,
ou seja, a opção A deverá se repetir de maneira idêntica por três vezes consecutivas,
enquanto a opção B deverá se repetir de maneira idêntica por duas vezes consecutivas.
Assim, tem-se:

VAA = −15.000, 00 − 2.500, 00 × ( S → P )10% − 7.600, 00 × ( S → P )10% − 2.500, 00 × ( S → P )10% +


1 2 3

−7.600, 00 × ( S → P )10% − 2.500, 00 × ( S → P )10% + 7.400, 00 × ( S → P )10%


4 5 6

VAA = −15.000,00 − 2.272, 73 − 6.280,99 − 1.878, 28 − 5.190,90 − 1.552,30 + 4.177,10

VAA = −$27.998, 09
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VAB = −12.000, 00 − 2.800, 00 × ( S → P )10% + 3.500, 00 × ( S → P )10% − 8.500, 00 × ( S → P )10% +


1 2 3

−2.800, 00 × ( S → P )10% − 3.500, 00 × ( S → P )10% + 4.000, 00 × ( S → P )10%


4 5 6

VAB = −$26.151,95

Assim, deve-se optar pela alternativa B que proporciona um menor VA de


custo.

A Técnica da Capitalização Infinita

A técnica da Capitalização Infinita parte dos mesmos princípios da técnica


do MMC. Porém, em vez de limitar o tempo de repetição das vidas úteis ao MMC,
admite-se que ela se repetirá infinitas vezes. Para sua execução, deve-se:

- Encontrar o CAU de cada alternativa ao longo da vida útil;


- Considerar que o CAU encontrado será um R que se repetirá infinitamente
de maneira idêntica;

- Trazer o R encontrado para o presente a partir do fator ( R → P )i .



36

Quando o fator ( P → R ) tende ao infinito, tende a ser igual a própria taxa

i. Portanto, quando o fator ( R → P ) tende ao infinito, tende a ser igual a 1 sobre a taxa

i, ou seja, 1/i.
1
( P → R )i = i ⇔ ( R → P )i =
∞ ∞

EXEMPLO 5: Será utilizado o EXEMPLO 1, para resolver através da técnica da


Capitalização Infinita.
Determinada empresa deseja substituir a frota de veículos a serem utilizados
para o trabalho de seus vendedores. Para essa situação ficou definido que o veículo mais
apropriado seria um carro popular e que para o serviço que se prestaria poderia ser
utilizado tanto um veículo zero quilômetro como um com até cinco anos de vida.
Estudos preliminares determinaram que os custos das manutenções anuais, de acordo
com o tempo de vida do veículo, a serem realizadas ao longo do ano e alocadas ao seu
final, seriam os expressos no quadro a seguir, bem como a cotação dos veículos, desde
que em perfeito estado de conservação. A TMA da empresa é de 10% a.a.

Final do Cotação Custo manutenção


0 km $15.000,00 0
1 ano $12.500,00 $2.500,00 / ano
2 anos $10.200,00 $2.800,00 / ano
3 anos $8.500,00 $3.500,00 / ano
4 anos $7.000,00 $3.000,00 / ano
5 anos $6.200,00 $3.700,00 / ano

Solução:
Opção A – Comprar um carro zero e trocá-lo a cada 2 anos
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⎡ ⎤
VAA = −15.000, 00 × ( P → R )10% − 2.500, 00 + 9.900, 00 × ( S → R )10% ⎥ ⋅ ( R → P )10%

⎢ 2 2

⎢ ⎥
⎣ CAU ⎦

⎛ 1 ⎞
VAA = ( −8.642,86 − 2.500, 00 + 4.714, 29 ) × ⎜ ⎟
⎝ 0,10 ⎠
−6.428,57
VAA =
0,10
VAA = −$64.285, 70

Opção B – Comprar um carro com 1 ano e trocá-lo a cada 3 anos

VAB = {[ −12.500, 00 − 2.800, 00 × ( S → P )10% − 3.500, 00 × ( S → P )10% +


1 2

4.000, 00 × ( S → P )10% ] × ( P → R )10% } × ( R → P )10%


3 3 ∞

⎛ 1 ⎞
VAB = {[−12.500, 00 − 2.545, 45 − 2.892,56 + 3.005, 26] × ( P → R )10% }× ⎜
3

⎝ 0,1 ⎠

⎛ 1 ⎞
VAB = [−14.932, 76 × ( P → R )10% ] × ⎜
3

⎝ 0,1 ⎠

−6.004, 68
VAB =
0,1

VAB = −$60.046,80

Foi encontrado um VA de -$64.285,70 para a opção A, contra um VA de -


$60.046,80 para a opção B. Considerando-se que resultados negativos para o método do
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VA identificam os custos associados a cada alternativa, deve-se escolher a opção B, que


proporciona um menor VA.

3.2.3 MÉTODO DA TAXA DE RETORNO (TIR)

O método da Taxa Interna de Retorno (TIR) é aquele que nos permite


encontrar a remuneração do investimento em termos percentuais. Encontrar a TIR de
um investimento é o mesmo que encontrar o percentual exato de remuneração que o
investimento oferece. Em termos práticos, é encontrar a taxa de juros que permite
igualar receitas e despesas na data zero, transformando o valor atual do investimento em
zero. Portanto, quando for calculada a TIR de determinado investimento e/ou
financiamento, está sendo extraído dele o percentual ganho que ele oferece ao
investidor.
Para efeito de análise, deve-se comparar a TIR encontrada com a TMA. Se a
TIR for maior ou igual a TMA, o investimento deve ser aceito, se for menor, deve ser
recusado.
No método TIR trata-se, implicitamente, da questão da homogeneidade das
alternativas, no que diz respeito às suas vidas úteis, visto que a TIR encontrada no 1°
período de vida será sempre a mesma para os demais.

EXEMPLO 6: Uma empresa está estudando a possibilidade de substituir parte de seu


processo produtivo atual por um mais moderno, que permitirá sua operação por um
único empregado, proporcionando uma economia anual de mão-de-obra da ordem de
$15.000,00. Para colocar o novo processo em funcionamento deverá ser feita a
aquisição de uma nova máquina no valor de $60.000,00, bem como de equipamentos
complementares no valor de $25.000,00. Ambos os desembolsos serão feitos à vista, na
data 0. Sendo a TMA da empresa de 15% ao ano, considerando-se que o processo
poderá operar por 15 anos e que após esse período a máquina poderá ser vendida por
$25.000,00, o investimento deverá ser feito? Decidir pelo método da TIR.

Solução:
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VA = −85.000, 00 + 15.000, 00 × ( R → P )i % + 25.000, 00 × ( S → P )i %


15 15

Se submeter o fluxo a TMA pretendida pela empresa, de 15%, já será


conhecido que o investimento vale a pena, pois o VA obtido será positivo, ou seja:

VA = −85.000, 00 + 15.000, 00 × ( R → P )15% + 25.000, 00 × ( S → P )15%


15 15

Para i = 15%

⇒ VA = −85.000, 00 + 87.710,55 + 3.072,36 ⇒ VA = +$5.782,91

Para saber a TIR, deve-se encontrar uma taxa de juros que, deslocando os
valores do fluxo para a data 0, resulte em um VA = 0.
Por exemplo, sabe-se que o investimento paga mais de 15% ao ano será que
sua remuneração é maior que 20%? Para confirmar, deve-se deslocar os valores para
essa taxa:

VA = −85.000, 00 + 15.000, 00 × ( R → P )20% + 25.000, 00 × ( S → P )20%


15 15

Para i = 20%
⇒ VA = −85.000, 00 + 70.132, 09 + 1.622, 63 ⇒ VA = −$13.245, 28
40

Assim, sabe-se que o investimento paga mais de 15% ao ano e menos de


20% ao ano, portanto, paga uma taxa entre 15% a 20% ao ano. Para encontrar a TIR
deve-se continuar testando taxas até encontrar uma que iguale as receitas e despesas, ou
utilizar a técnica de interpolação linear para encontrar uma taxa de juros aproximada. O
processo de interpolação linear nada mais é que uma regra de três composta, onde:

( 0,15 − 0, 20 ) ↔ 5.782,91 − ( −13.245, 28)


( 0,15 − TIR ) ↔ 5.782,91 − ( 0 )
⎛ 289,14 + 2.854, 23 ⎞
( −0, 05) × ( 5.782,91) = ( 0,15 − TIR ) × (19.028,19 ) ⇒ TIR = ⎜ ⎟
⎝ 19.028,19 ⎠
TIR = 0,1652 ⇒ TIR = 16,52%

Como a TIR ≥ TMA o investimento deve ser aceito.

3.2.3.1. MÉTODO DA TAXA DE RETORNO INCREMENTAL (TRI)

O método da Taxa de Retorno Incremental (TRI) é uma variante da TIR e


deve ser usado sempre que forem comparadas alternativas de ação que possuam
investimentos iniciais diferentes, onde estas alternativas serão consideradas
heterogêneas. A TRI é a TIR referente ao acréscimo da receita de um investimento em
relação ao outro, considerando-se para isso o investimento incremental para obtê-la.
Para trabalhar com a TRI deve-se:
1°) Ordenar de maneira crescente, em função dos investimentos iniciais,
todas as alternativas de ação existentes;
2°) Se a TIR encontrada for maior ou igual a TMA, aceitar o investimento e
analisar a possibilidade de se fazer a mudança desse investimento para o seguinte na
ordem crescente, analisando-se a mudança em função do incremento de investimento
necessário à sua implantação e do incremento de receita que possibilitará a mudança, ou
seja, calcular a TRI.
3°) Calcular a TRI e comparar com a TMA. Se a TRI < TMA, rejeitar a
mudança e analisar a possibilidade da mudança desta opção para a alternativa seguinte.
41

Se a TRI ≥ TMA, aceitar a mudança e analisar a possibilidade de ação seguinte. E assim


sucessivamente, até que se esgotem as alternativas de ação.

EXEMPLO 7: Certa empresa está estudando a possibilidade de adquirir um dentre os


três processos a seguir, que lhe foram oferecidos. Por meio do Método da Taxa de
Retorno, considerando-se: uma TMA de 6% ao ano e um horizonte de tempo para
análise perpétuo encontre a melhor alternativa.

Itens Processo “A” Processo “B” Processo “C”


Investimento
$130.000,00 $200.000,00 $100.000,00
inicial
Receitas líquidas $13.800,00 $18.000,00 $11.200,00
Vida útil Infinita Infinita Infinita

Solução:
Como os investimentos iniciais são diferentes, para compará-los deve-se,
obrigatoriamente, utilizar a TRI.
Por ordem crescente de investimento inicial: “C”, “A” e “B”, tem-se:

Processo “C”

VA = −100.000, 00 + 11.200, 00 × ( R → P )i

11.200, 00
TIRC =
100.000, 00
TIRC = 0,112
TIRC = 11, 2%
42

Considerando-se que foi definida pela empresa uma TMA de 6% ao ano e


que o investimento “C” paga 11,2% ao ano, o investimento deve ser aceito, passando-se
a analisar as demais alternativas pela TRI.
Assim, tem-se:

“C” → “A”

A mudança do investimento C para o investimento A pressupõe que se deve


investir um incremento de $30.000,00 ($130.000,00 – $100.000,00) para que seja
possível receber $2.600,00 a mais por ano durante infinitos períodos. Portanto, a TRI de
C → A será a TIR dos incrementos:

“C” → “A”
43

VA = −30.000, 00 + 2.600, 00 × ( R → P )i

2.600, 00
TIRC → A =
30.000, 00

TRI C → A = 0, 08667
TRI C → A = 8, 667%

Como foi obtido uma TRI de C → A de 8,667% a.a., contra uma TMA de
6% a.a., o investimento interessa.
Agora, a análise da possibilidade de mudança de A → B.
A mudança de investimento de A → B pressupõe que deve-se investir um
incremento de $70.000,00 ($200.000,00 - $130.000,00) para que se possa receber a mais
$4.200,00 por ano durante infinitos períodos. Portanto, a TRI de A → B será a TIR dos
incrementos:

“A” → “B”

VA = −70.000, 00 + 4.200, 00 × ( R → P )i

4.200, 00
TIRA → B =
70.000, 00
TRI A → B = 0, 06
TRI A → B = 6%
44

Como a TRI encontrada é de 6% a.a., exatamente igual a TMA, a mudança


deve ser feita, pois, pelos cálculos, ficou demonstrada que a melhor alternativa é a B.
Depois de apresentados os conceitos teóricos, de acordo com o ambiente
“perfeito” que foi proposto, será trabalhado, agora, em um ambiente de análise mais
elaborado e mais condizente com o “cenário administrativo” encontrado nas empresas.
Será iniciado com a influência do Imposto de Renda (IR) na análise de investimentos e
logo adiante estudar o efeito da inflação.

3.3. O EFEITO DO IMPOSTO DE RENDA (IR)

Se uma empresa estiver sujeita a determinada alíquota de IR, será admitido


que os impostos devidos ao Estado deverão estar incluídos no próprio negócio
analisado, ou seja, seria como se fosse assumido que a TMA se refere a uma expectativa
de ganho mínimo após o IR, já que foi definida que numa TMA devem estar todas as
pequenas diferenças que cercam um determinado “cenário administrativo” que deu
origem a ela.
É importante ressaltar que se na análise investimentos não for levado em
consideração o efeito do IR, é possível que ocorra a aprovação de investimentos ruins,
ou até, rejeição dos que seriam bons.
Para a análise de investimentos que sofram a influência do IR será utilizada
uma metodologia. Ela consiste na montagem de um fluxo de caixa, separado do
original, e que será identificada como “fluxo contábil”. Nesse fluxo será registrada a
influência do IR sobre o investimento analisado.
Na metodologia que será utilizada ao fluxo contábil, que estarão registrados
os “encaixes” (entradas) e “desencaixes” (saídas) de impostos, será adicionado o fluxo
original, que será denominado de “fluxo econômico”. Este fluxo apresenta os valores de
entrada e saídas de caixa provenientes do projeto a ser analisado. A soma de ambos os
fluxos irá gerar um novo fluxo que será denominado de “fluxo completo”. Neste fluxo é
que será feita a análise. Assim, para fazer-se a análise após o IR, deve-se:
1) Montar o fluxo econômico;
2) Montar o fluxo contábil;
45

3) Montar o fluxo completo.

Será utilizado o EXEMPLO 6, para demonstrar a influência do IR na


análise de investimentos.

EXEMPLO 8: Uma empresa está estudando a possibilidade de substituir parte de seu


processo produtivo atual por um mais moderno, que permitirá sua operação por um
único empregado, proporcionando uma economia anual de mão-de-obra da ordem de
$15.000,00. Pra colocar o novo processo em funcionamento deverá ser feita a aquisição
de uma nova máquina no valor de $60.000,00, bem como de equipamentos
complementares no valor de $25.000,00. Ambos os desembolsos serão feitos à vista, na
data 0. Sendo a TMA da empresa de 15% ao ano, considerando-se que o processo
poderá operar por 15 anos e que após esse período a máquina poderá ser vendida por
$25.000,00, o investimento deverá ser feito? Decidir pelo método da TIR.

Solução:
Inicialmente, montar-se-á o fluxo econômico, que será exatamente o mesmo
montado para a solução de exemplo 6. Assim, tem-se:

FLUXO ECONÔMICO
46

FLUXO CONTÁBIL

O processo para obter o fluxo contábil foi o seguinte:


1) Pagamento de IR proveniente da economia de mão-de-obra: se assumir
que o novo processo irá gerar economia de mão-de-obra e considerar-se que as receitas
não irão se alterar em função do novo processo, a diferença entre os custos anteriores e
os novos custos reduzidos em $15.000,00 gerará um aumento no lucro na mesma
proporção, portanto, deve-se recolher o IR correspondente ao novo lucro, ou seja,
$15.000,00 x (0,35) = $5.250,00/ano.
2) Economia de IR proveniente da depreciação do novo processo: se
assumir que o novo processo é formado por equipamentos que montam a $85.000,00 e
serão depreciados ao longo da vida útil de 15 anos, e considerando-se que após esse
prazo eles poderão ser vendidos por $25.000,00, poder-se-ia assumir pelo menos duas
opções:
- 1ª Opção: a que se utilizou na montagem do exemplo, considerou que se
resguardaria uma parte da depreciação do bem ($25.000,00) a título de valor residual
para o momento da venda e, conseqüentemente, se depreciaria a diferença entre o valor
do bem e o valor residual ao longo da vida útil gerando, no caso, uma depreciação de
$4.000,00 por ano, ou seja, $85.000,00 - $25.000,00 = $60.000,00/15 = $4.000,00 por
ano.
- 2ª Opção: em vez de optar-se por depreciar apenas o valor de $60.000,00,
conforme feito na 1ª opção, ter-se depreciado integralmente o valor do bem no total de
$85.000,00. Isso proporcionaria uma depreciação linear de $5.666,67 por ano
($85.000,00/15) e um encaixe de IR de $5.666,67 x (0,35) = $1.983,33 para um valor
47

residual nulo. Neste caso, ao vender-se o equipamento por $25.000,00 e assumir-se um


valor residual nulo, ter-se-ia um desencaixe de IR referente ao lucro na venda de ativo,
calculando em função da alíquota a que a empresa estiver sujeita, ou seja:
(Valor Residual = 0) – (Valor de Mercado de $25.000,00) = $25.000,00 de
lucro na Venda de Ativo ⇒ Desencaixe de IR = $25.000,00 x (035) = $8.750,00.
Portando, no fluxo contábil tem-se anualmente em “encaixe” de IR de
$5.666,67, referente à depreciação, e um desencaixe de IR de $8.750,00 ao final da vida
útil.
Somando-se os dois fluxos tem-se o fluxo completo:

FLUXO ECONÔMICO

FLUXO CONTÁBIL
48

FLUXO COMPLETO

Cálculo dos $11.150,00 = 15.000,00 (fluxo econômico) + 1.400,00 (fluxo


contábil) – 5.250,00 (fluxo contábil).

Calculando-se a TIR para a 1ª opção, tem-se:

VA = −85.000, 00 + 11.150, 00 × ( R → P )i + 25.000, 00 × ( S → P )i


15 15

TIR = 11, 0789%

Portanto, para a 1ª opção, a TIR é de 11,0789% a.a.


Para a análise da 2ª opção o que modificará é o relacionamento da empresa
com o Fisco, gerando com isso diferentes encaixes e desencaixes de IR e,
conseqüentemente, uma nova expectativa de ganho, uma nova TIR para o projeto. Ou
seja:

FLUXO ECONÔMICO
49

FLUXO CONTÁBIL

FLUXO COMPLETO

Calculando-se a TIR para a 2ª opção, tem-se:

VA = −85.000, 00 + 11.733,33 × ( R → P )i + 16.250, 00 × ( S → P )i


15 15

TIR = 11,5553%

A TIR do investimento passou de 11,0789% a.a. (TIR da 1ª opção) para


11,5553% a.a. (TIR da 2ª opção). Assumindo-se uma ou outra posição, o que se deve
fazer para aceitar ou não o investimento é comparar a TIR com a TMA da empresa.
Pode-se concluir que, como a TIR é menor que a TMA, o investimento proposto não
50

atinge o ganho mínimo necessário, portanto, não interessa para a empresa e deverá ser
descartado.

Existem várias situações específicas em que deve ser utilizada a análise após
o IR. As mais comuns são classificadas como decisões de:
- Investimentos de substituição;
- Investimentos de expansão;
- Investimentos de modernização ou inovação;

3.3.1. INVESTIMENTOS DE SUBSTITUIÇÃO

Os investimentos de substituição são os mais freqüentes, levam em


consideração a substituição de um equipamento novo por um envelhecido.
Um caso típico de substituição foi o analisado no Exemplo 8, em que foi
proposta a substituição do equipamento atual em busca de um novo que trouxesse uma
diminuição dos custos de mão-de-obra.

EXEMPLO 9: Uma empresa adquiriu dois anos atrás um equipamento por


$1.000.000,00. O objetivo era utilizá-lo por um período de 10 anos. Mas o resultado não
estava sendo o esperado. Sendo assim, deverá ser feita a substituição desse por um mais
moderno que poderá se adaptar melhor ao processo ou manter o equipamento atual em
uso, apesar de não estar sendo alcançado o resultado esperado. A TMA da empresa é de
10% a.a. e está sujeita à uma alíquota de 35% do IR sobre o lucro.
Para manter o equipamento atual deverá ser feita uma revisão geral no seu
5° ano de vida. Isso acarretará, além dos custos anuais normais do processo, um custo
extra de $60.000,00. Esta prevista uma depreciação linear em 10 anos com valor
residual 0. A empresa poderá, ao final desse período, obter no mercado um valor de
revenda de $150.000,00 para a máquina atual. O custo de peças trocadas no
equipamento é de $30.000,00 por ano, além dos custos operacionais e de manutenção
(cerca de $2.500,00 por mês). Outros custos perfazem hoje cerca de $2.500,00 mensais.
51

Se a empresa adquirir o novo equipamento, no total de $1.100.000,00,


poderá colocar no negócio o equipamento atual como parte do pagamento, recebendo
por ele, na troca, $400.000,00, permanecendo como saldo uma diferença a ser paga no
ato. Este novo processo também deverá ser depreciado linearmente ao longo de 10 anos,
possuindo um valor residual e de mercado ao final da vida útil de $100.000,00.
Os custos anuais de manutenção e operação deverão cair com a nova
máquina para $2.000,00 por mês. Quanto aos outros custos indiretos, também terão uma
redução de $500,00 mensais, perfazendo um total de $2.000,00 por mês.
Para o novo equipamento, poderá ser feito um seguro de garantia integral
estendida que custará $20.000,00 por ano. Entretanto, se ao longo dos 10 anos for
necessária qualquer revisão geral, esta correrá por conta do fornecedor.
Depois da análise dos dados a empresa deverá continuar com a permanência
do equipamento atual, comprado há dois anos por $1.000.000,00 e em funcionamento,
ou ele deve ser substituído pelo novo equipamento proposto?

Solução:
Deve-se solucionar primeiro a questão da periodicidade:
1
Taxa anual de 10% ⇒ imensal = (1,10 )12 − 1 ⇒ imensal = 0, 7974% ao mês.

Equipamento Atual
Custos Mensais = $5.000,00 ⇒ Anuais =

5.000, 00 × ( R → S )0,7974 = $62.702, 63


12

Observações: para efeito de IR, tem-se: $5.000,00 x (12) = $60.000,00/ano.

Equipamento Novo
Custos Mensais = $4.000,00 ⇒ Anuais =

4.000, 00 × ( R → S )0,7974 = $50.162,11


12

Observações: para efeito de IR, tem-se: $4.000,00 x (12) = $48.000,00/ano.

Tem-se:
- os demais custos são anuais;
52

- o horizonte de planejamento a ser considerado será de 10 anos;


- a primeira opção a ser analisada será manter o equipamento atual;
- a segunda opção será substituir o equipamento atual por um novo.

Manter o equipamento atual

Fluxo Econômico

Fluxo Contábil

(1) Economia de IR proveniente da depreciação do equipamento pelos


próximos oito anos: 1.000.000,00/10 = 100.000,00/ano x (0,35) = $35.000,00.
(2) Economia de IR proveniente de custos diversos: 90.000,00 x (0,35) =
$31.000,00.
53

(3) Economia de IR proveniente da revisão geral do processo no 5° ano de


vida. O processo atual está com dois anos de uso ⇒ 60.000,00 x (0,35) = $21.000,00.
(4) Pagamento de IR proveniente da venda de ativo com lucro, visto que no
10° ano de uso ele já estará totalmente depreciado, portanto, ao final do 10° ano, a partir
de hoje, já estará com 12 anos de uso, logo, com Valor Residual = 0. Valor de mercado:
150.000,00 ⇒ Lucro = 150.000,00 x (0,35) = $52.500,00.

Fluxo Completo

VAUsado = −26.202, 63 × ( R → P )10% − 39.000, 00 × ( S → P )10% − 61.202, 63 × ( S → P )10% +


8 3 9

+36.297,37 × ( S → P )10%
10

VAUsado = −139, 789,10 − 29.301, 28 − 25.955,89 + 13.994, 21


VAUsado = −$181.052, 06

Substituir o equipamento atual pelo novo

Fluxo Econômico
54

Fluxo Contábil

(1) Economia de IR proveniente da Venda de Ativo com prejuízo, visto que


hoje, em seu 2° ano de uso, o equipamento atual foi depreciado e $100.000,00/ano,
possuindo um Valor Residual de 1.000.000,00 - 200.000,00 = $800.000,00 e um Valor
de mercado de $400.000,00 ⇒ Prejuízo = 400.000,00 x (0,35) = $140.000,00.
(2) Economia de IR proveniente da depreciação do equipamento ao longo da
vida útil para um valor residual de $100.000,00 ao final da vida útil, onde:
(1.100.000,00 – 100.000,00) / 10 = 100.000,00/ano x (0,35) = $35.000,00.
(3) Economia de IR proveniente de custos diversos, onde 60.000,00 x (0,35)
= $21.000,00.

Fluxo Completo
55

VANovo = −560.000, 00 − 14.162,11× ( R → P )10% + 100.000, 00 × ( S → P )10%


10 10

VANovo = −560.000, 00 − 87.020, 04 + 38.554,33


VANovo = −$608.465, 71

Considerando-se os cálculos acima, com um VAUsado de -$181.052,06 contra

um VANovo de -$608.465,71, pode-se concluir que manter o equipamento atual em uso é


para a empresa, neste momento, mais vantajoso e deve ser a alternativa escolhida.

3.3.2. INVESTIMENTOS DE EXPANSÃO

Aqui estarão os investimentos que permitirão aos administradores fazer


frente ao desenvolvimento do segmento de mercado em que atuam, seja em função de
um consumo crescente de seus produtos, seja em função da necessidade da adição de
novos produtos ou serviços já existentes. Nestes casos, é a atividade em si que está em
discussão. Trata-se de saber se é rentável desenvolvê-la ou não.
Estarão presentes situações associadas com a expansão das instalações
atuais, a criação de novas instalações, a terceirização de atividades, a criação de novos
turnos de trabalho, ou até mesmo, a decisão entre manter ou tirar um determinado
produto ou serviço de linha.
Os problemas em que não ocorrerá substituição de equipamentos são
exemplos típicos associados a investimentos de expansão. O que está em discussão é
saber quando é mais econômico tirar um produto ou serviço de linha.

EXEMPLO 10: Certa empresa possui um produto já tradicional no mercado com 16


anos de vida e, para sua elaboração, adquiriu há 6 anos um novo equipamento por
$2.000.000,00 que tem dado o retorno esperado em termos de desempenho técnico.
Entretanto, a empresa percebeu que nos últimos anos o mercado não tem respondido
como antigamente em termos de demanda pelo produto. A empresa deve decidir se
56

mantém ou não o produto no mercado e até quando. Para dar embasamento à decisão,
foi feito um levantamento dos dados históricos, chegando-se a uma estimativa de
retorno, custos operacionais e valor de mercado para o equipamento em atividade que
possui 6 anos de uso e cuja vida restante prevista é de mais 4 anos. Sendo a TMA da
empresa de 10% ao ano, a alíquota do IR de 35% e a depreciação linear para 10 anos
com valor residual 0 ao final do período, deve-se manter a linha em funcionamento até o
final da vida útil? Ou, ainda, até quando se deve mantê-la?

Custos operacionais Valor de mercado do


Ano Retorno esperado
esperados equipamento no fim do ano
6 0 0 750.000,00
7 2.500.000,00 1.200.000,00 600.000,00
8 2.000.000,00 1.250.000,00 500.000,00
9 1.500.000,00 1.300.000,00 300.000,00
10 1.000.000,00 1.350.000,00 100.000,00

Solução:
Será usado o método do VA para verificar qual das alternativas é a melhor,
sendo que, pode-se utilizar qualquer dos métodos clássicos que sempre conduzirão à
mesma opção economicamente mais interessante.

A) Vender agora (com 6 anos de uso):

Valor de mercado = 750.000,00


Valor residual = 1.000.000,00 → (2.000.000,00 – 1.000.000,00)
Prejuízo na venda de ativo = 250.000,00
Encaixe de IR = 250.000,00 x (0,35) = 87.500,00

VAA = 750.000, 00 + 87.500, 00


VAA = +$837.500, 00
57

B) Vender com 7 anos de uso:

Fluxo Econômico

Fluxo Contábil

Os valores obtidos no fluxo contábil refletem os encaixes e desencaixes


provenientes desta nova decisão:
2.500.000,00 x (0,35) = 875.000,00
1.200.000,00 x (0,35) = 420.000,00
Valor Residual 1.200.000,00 – Valor de mercado 600.000,00 = Prejuízo na
venda de ativo 200.000,00 x (0,35) = 70.000,00.
58

Fluxo Completo

VAB = 1.515.000, 00 × ( S → P )10%


1

VAB = +$1.377.272, 70

C) Vender com 8 anos de uso:

Fluxo Econômico

Fluxo Contábil
59

Fluxo Completo

VAC = 845.000, 00 × ( S → P )10% + 1.022.500, 00 × ( S → P )10%


1 2

VAC = +$1.613.223,14

D) Vender com 9 anos de uso:

Fluxo Econômico

Fluxo Contábil
60

Fluxo Completo

VAD = 845.000, 00 × ( S → P )10% + 487.500, 00 × ( S → P )10% + 465.000, 00 × ( S → P )10%


1 2 3

VAD = +$1.520.435, 76

E) Vender com 10 anos de uso:

Fluxo Econômico

Fluxo Contábil

Fluxo Completo
61

VAE = 845.000, 00 × ( S → P )10% 487.500, 00 × ( S → P )10% + 130.000, 00 × ( S → P )10% +


1 2 3

−92.500, 00 × ( S → P )10%
4

VAE = +$1.205.566,56

Considerando-se os cálculos acima, tem-se que a melhor alternativa é a C,


vender com 8 anos de uso, pois possui o maior VA, VAC = +$1.613.223,14 .

3.3.3. INVESTIMENTOS DE MODERNIZAÇÃO

Esses investimentos assemelham-se muito aos investimentos de


substituição, porque enquanto os de substituição se preocupam com a troca de um
equipamento velho por um novo, os de modernização ou inovação estão associados a
tentativas de baixar custos, de melhorar o desempenho dos produtos existentes nos seus
mais diversos aspectos, ou de investimentos associados a elaboração e lançamento de
novos produtos.
EXEMPLO 11: Um equipamento adquirido há sete anos tem o seguinte histórico de
custos:
Ano Operação Perdas devidas a interrupções
1 $20.000,00 $3.000,00
2 $20.000,00 $3.000,00
3 $20.000,00 $3.000,00
4 $30.000,00 $5.000,00
5 $40.000,00 $7.000,00
6 $50.000,00 $9.000,00
7 $60.000,00 $11.000,00

Se o equipamento continuar em funcionamento, estima-se, que durante o


seu 8° ano de uso os custos operacionais serão de $70.000,00 e as perdas por
interrupções no processo atingirão $13.000,00. As estimativas apontam que para o 9°
ano de atividade podem-se esperar custos operacionais de $80.000,00 contra perdas de
$15.000,00 e, permanecendo o equipamento em uso por mais 3 anos, os custos atingirão
$90.000,00 e $17.000,00, respectivamente, para operações e perdas.
62

O valor de mercado atual do equipamento é de $100.000,00 que se reduzirá


para $70.000,00 dentro de 1 ano, para $20.000,00 em 2 anos e deverá ser “sucateado”
ao final do 10° ano, pagando-se $2.000,00 para sua remoção.
Existe a possibilidade de substituir essa máquina por uma nova, automática
e com controles eletrônicos, cujo custo é de $600.000,00. A nova máquina deverá
eliminar completamente as interrupções e seus respectivos custos e, ainda, reduzirá os
custos de operações pra $40.000,00 por ano, não devendo alterar-se nos próximos 5
anos, que será seu tempo de vida útil. Nesse período, ela será depreciada linearmente
para um valor residual de $100.000,00 quando então, poderá ser vendida a esse preço.
Supondo que o novo equipamento (opção B) será renovado indefinidamente
com o mesmo fluxo de caixa ao final de cada ciclo de vida útil (capitalização infinita) e
que equipamento atual (opção A), adquirido por $200.000,00, tem como expectativa a
depreciação linear em 10 anos sem valor residual, qual a melhor alternativa: trocar o
equipamento atual já, ou mantê-lo em uso por um, dois ou três anos? A TMA da
empresa é de 15% ao ano e está sujeita à uma alíquota de IR de 30%.

Solução:
Como o fluxo de caixa da opção B se repetirá de maneira idêntica infinitas
vezes, basta calcular o seu CAU ao longo da primeira vida útil (5 anos).

CAU – Opção B

Fluxo Econômico
63

Fluxo Contábil

Fluxo Completo

CAU = −600.000, 00 × ( P → R )15% + 2.000, 00 + 100.000, 00 × ( S → R )15%


5 5

CAU = −$162.157, 77

Agora, será analisada a substituição de equipamento atual. O problema será


resolvido considerando apenas o que ocorre no período de 3 anos (3 anos de vida
restantes do equipamento velho). Será utilizado o valor do CAU da opção B para
equiparar as vidas úteis.

Trocar o atual pelo novo já:


64

(1) Valor residual ou contábil $200.000,00 / 10 = $20.000,00 de depreciação


por ano – restam ser depreciados 4 anos (7° ao 10°), portanto: 100.000,00 – 20.000,00 x
(4) = 20.000,00 de lucro na venda de ativo, com IR a pagar de 20.000,00 x (0,30) =
$6.000,00.

VA = 94.000, 00 + 162.157, 77 × ( R → P )15%


3

VA = −$276.242, 69

Trocar o atual dentro de 1 ano pelo novo:

(2) Valor residual ou contábil 200.000,00 / 10 = 20.000,00 de depreciação


por ano – restam ser depreciados 3 anos (8° ao 10°), portanto: 70.000,00 – 20.000,00 x
(3) = $10.000,00 de lucro na venda de ativo, com IR a pagar de 10.000,00 x (0,30) =
$3.000,00.
(3) 70.000,00 (custos) + 13.000,00 (interrupções) = 83.000,00 x (0,70) =
$58.100,00.

VA = 8.900, 00 × ( S → P )15% + 162.157, 77 × ( R → P )15%


1 2

VA = −$271.360, 45

Trocar o atual dentro de 2 anos pelo novo:


65

(4) Valor residual ou contábil 20.000,00 x (2) = $40.000,00 - $20.000,00


(Valor de Mercado) = $20.000,00 de prejuízo na venda de ativo, com economia de IR
de 20.000,00 x (0,30) = 6.000,00 (economia de IR) + 20.000,00 (Valor venda) =
$26.000,00.
(5) 80.000,00 (custos) + 15.000,00 (interrupções) = 95.000,00 x (0,70) =
$66.500,00.

VA = −58.100, 00 × ( S → P )15% − 40.500, 00 × ( S → P )15% − 162.157, 77 × ( S → P )15%


1 2 2

VA = −$187.766,92

Trocar o atual dentro de 3 anos pelo novo:

(6) Valor residual ou contábil 20.000,00 (depreciação do 10° ano) – 0,00


(valor de mercado) = $20.000,00 de prejuízo na venda de ativo, com economia de IR de
20.000,00 x (0,30) = $6.000,00. Portanto: 90.000,00 (custos operacionais) + 17.000,00
(interrupções) + 2.000,00 (remoção) = 109.000,00 x (0,70) = 76.300,00 – 6.000,00
(economia de IR por prejuízo na venda de ativo) = $70.300,00.

VA = −58.100, 00 × ( S → P )15% − 52.500, 00 × ( S → P )15% − 162.157, 77 × ( S → P )15%


1 2 2

VA = −$147, 028, 68

Dos cálculos acima, tem-se:


- CAU do equipamento novo = -$162.157,77;
- trocar o atual pelo novo já = -$276.242,69;
- trocar o atual dentro de 1 ano = -$271.360,45;
66

- trocar o atual dentro de 2 anos = -$187.766,92;


- trocar o atual dentro de 3 anos = -$147.028,68.
Assim sendo, a melhor opção é a de trocar o equipamento atual dentro de 3
anos, pois possui o menor VA negativo.

3.4. LEASING

A prática do leasing, como é conhecida nos dias de hoje, teve sua origem na
antiguidade. Segundo Motta e Calôba (2002, pg 224), “leasing é uma operação realizada
mediante contrato, na qual o dono do bem (arrendador) concede a outro (arrendatário)
sua utilização por prazo determinado”.
No leasing o arrendador entrega o bem ao arrendatário e passa a receber
uma série de pagamentos periódicos, conforme estipulado no contrato de leasing. Ao
término do contrato, o arrendatário poderá exercer uma opção de compra, adquirindo o
bem por um valor residual fixado em contrato ou devolvê-lo ao arrendador.
Existem hoje no mercado dois tipos principais de contrato de leasing:

- Leasing operacional;
- Leasing financeiro.

Tanto a operação de leasing operacional quanto a de leasing financeiro são


regulamentadas pelo Banco Central do Brasil.

Leasing operacional

É a operação realizada diretamente entre o fabricante de um bem e seus


usuários (arrendatários). O leasing operacional, na maioria das situações, é feito para
arrendar equipamentos de alta tecnologia.
Os contratos são de dois a cinco anos, podendo ser rescindíveis a qualquer
momento, tendo o arrendatário a opção de compra ao final do contrato.
67

A responsabilidade pela manutenção do equipamento ou bem é do


arrendatário.

Leasing financeiro

Três elementos compõem uma operação de leasing financeiro:

- Fornecedor: que tem como objetivo vender seu produto;


- Arrendador: que lucra com taxas de juros das parcelas;
- Arrendatário: que evita desembolsar grandes quantias para comprar o bem.

Financeiramente, essa operação aproxima-se de um empréstimo que possui


como garantia o ativo contratado, o qual é amortizado por meio de parcelas ao longo de
um período que corresponde a vida útil do ativo. Durante o contrato, o bem pertence ao
financiador ou ao arrendador e não ao arrendatário.
Como no leasing operacional, as despesas ficam por conta do arrendatário,
porém não é possível rescindir o contrato.
Ao término do contrato, o arrendatário pode comprar o bem pelo valor
residual previamente contratado, renovar o contrato ou devolver o bem ao arrendador.

Vantagens e desvantagens do leasing

Vantagens do leasing:

1) Para o arrendador (a):


- segurança: no caso de inadimplência do arrendatário, o arrendador pode
recuperar o bem legalmente com muito mais facilidade;
- até o fim do prazo contratual, o arrendatário fica contratualmente obrigado
a continuar pagando pelos bens arrendados, mesmo que não necessite mais deles.
2) Benefícios fiscais para o arrendatário (a):
68

- total dedutibilidade fiscal das contraprestações: podem ser deduzidas do


valor tributável. Essa vantagem só ocorre se as empresas forem lucrativas; em caso de
prejuízo, não há IR, e assim, não se obtém vantagem alguma;
- depreciação acelerada: mediante contrato, o beneficio relativo a
depreciação do bem pode ser transferido ao arrendatário, que lhe confere vantagens
fiscais;
- índices de endividamento/liquidez: não são afetados pelo leasing, em caso
de este não ser incluído no balanço patrimonial.
3) benefícios operacionais para o arrendatário:
- inclusão de despesas no contrato de leasing, tais como instalações,
impostos, custos com fretes, etc;
- há a possibilidade de que, no decorrer do contrato, os equipamentos sejam
substituídos por outros mais modernos;
- o leasing é mais transparente que o aluguel;
- a ausência de mobilização: as despesas de administração do bem como
ativo imobilizado não existem.
4) vantagens de ordem financeira/econômica para o arrendatário:
- financiamento total do bem;
- liberação do capital de giro: o arrendatário geralmente executa pagamentos
mensais, ocorrendo desembolsos correspondentes a apenas uma fração do preço do
equipamento, o que é interessante para manter o nível do caixa da empresa, ou seja, há
maior capital de giro;
- prazos mais longos;
- taxa juros mais atraentes.

Desvantagens do leasing:

Em alguns casos, o leasing não alcança os objetivos da empresa


arrendatária. Por exemplo:
- perda de garantias: o bem não pode ser utilizado pelo arrendatário como
garantia de obtenção de outros empréstimos ou financiamentos, pois o bem não o
pertence;
69

- impossibilidade de melhorias: a empresa arrendatária fica impedida de


realizar melhorias no bem sem ter a aprovação do arrendador;
- dedutibilidade fiscal das contraprestações;
- risco de ociosidade: mesmo que haja ociosidade do equipamento arrendado
e o arrendatário não possua mais interesse nele, o bem não poderá ser devolvido ao
arrendador.

EXEMPLO 12: Determinada empresa está estudando as alternativas entre a compra e o


leasing de uma frota de 10 carros. O valor de cada carro é de $20.000,00 à vista, num
total de $200.000,00. O banco se propõe a fazer um leasing desse equipamento em 36
meses, com valor residual simbólico, a um coeficiente de 4,35. O valor de mercado para
venda desse tipo de carro após 36 meses será de $5.000,00 cada um, perfazendo
$50.000,00. Sendo a TMA da empresa de 10% ao ano e que esta está sujeita a uma
alíquota de IR de 35%, qual será a melhor alternativa: a compra ou e leasing dos
automóveis?

Solução:
Para a solução será usado um horizonte de 3 anos (36 meses) e as despesas
operacionais serão idênticas em ambas as alternativas, portanto, não serão relevantes.

Alternativa de Compra

Fluxo Econômico
70

Fluxo Contábil

(a) Economia de IR por depreciação em 5 anos: (200.000,00 / 5) x (0,35) =


$14.000,00.
(b) Economia de IR por venda de ativo com prejuízo: Valor residual =
80.000,00; Valor de Mercado = 50.000,00 ⇒ 30.000,00 x (0,35) = $10.500,00.

Fluxo Completo

Será utilizado o cálculo do CAU mensal para se comparar com a parcela de


1
leasing. Para isso, a taxa de juros mensal será: (1,10 )12 − 1 = 0, 7974% .

CAU Compra = −200.000, 00 × ( P → R )0,7974% + 14.000, 00 × ( S → R )0,7974% +


36 12

+60.500, 00 × ( S → R )0,7974%
36

CAU Compra = −6.413, 02 + 1.116,38 + 1.457,52


CAU Compra = −$3.839,13
71

Alternativa de leasing

Fluxo Econômico

Fluxo Contábil

(a) Economia de IR por pagamento de parcelas de leasing: 8.700,00 x (12) x


(0,35) = $36.540,00.
(b)Pagamento de IR por venda de ativo com lucro: Valor residual simbólico
– Valor de Mercado (50.000,00) = 50.000,00 x (0,35) = $17.500,00.

Fluxo Completo
72

CAU Lea sin g = −8.700, 00 + 36.540, 00 × ( S → R )0,7974% + 32.500, 00 × ( S → R )0,7974%


12 36

CAU Lea sin g = −8.700, 00 + 2.913, 75 + 782,96


CAU Lea sin g = −$4.999, 29

Portanto, pelos cálculos acima, a melhor alternativa é comprar à vista, pois


possui o menor CAU negativo (-$3.839,13).

3.5 A INFLUÊNCIA DA INFLAÇÃO

Existem economias, como a do Brasil, em que o efeito da inflação pode


descaracterizar totalmente a análise de investimentos.

Alguns conceitos importantes

- Inflação: ocorre quando se observa um aumento contínuo dos preços;


- Deflação: ocorre se constata uma queda contínua dos preços;
- Desinflação: ocorre quando se observa que os preços estão subindo, mas
num ritmo cada vez mais lento;

Uma empresa diante da inflação pode ter, pelo menos, três situações de
comportamento:
- a empresa consegue acompanhar, com o aumento dos preços de venda, a
desvalorização do dinheiro;
- a empresa não consegue aumentar seus preços na mesma proporção em
que são aumentados seus custos;
- a empresa consegue aumentar seus preços mais que proporcionalmente à
inflação de seus custos.
É importante que se conheça a inflação interna da empresa, o que se pode
ser feito mediante a mensuração de sua “cesta de insumos”, de um período em relação
ao período anterior, utilizando-se da seguinte fórmula:
73

d=
( I 2 − I1 )
I1
Onde:
d = índice de inflação interna da empresa do período 2 em relação ao
período 1;
I2 = índice de preços da empresa no momento 2;
I1 = índice de preços da empresa no momento 1.

Para se encontrar o índice de desvalorização do poder aquisitivo da empresa


utiliza-se seguinte cálculo:

D=
( I 2 − I1 )
I2

Onde:
D = índice de desvalorização interna da empresa do período 2 em relação ao
período 1;
I2 = índice de preços da empresa no momento 2;
I1 = índice de preços da empresa no momento 1.

EXEMPLO 13: Sendo d o índice de inflação do período, deseja-se saber qual a medida
da inflação interna e da desvalorização interna de uma cesta de insumos que custava
$1.500,00 no período 2, contra $1.100,00 no período 1?

Solução:

d=
(1.500, 00 − 1.100, 00 )
1.100, 00
d = 0,36
d = 36%
74

D=
(1.500, 00 − 1.100, 00 )
1.500, 00
D = 0, 26
D = 26%

Portanto, a inflação interna da empresa (d) no período foi de 36% enquanto


o índice de desvalorização do poder aquisitivo da empresa foi de 26%.
Uma das tarefas fundamentais para se comparar investimentos em
ambientes inflacionários é a definição de modelos de inflação coerentes com as
necessidades daquela situação específica. Para isto, basta que:
- identifique-se ou crie-se um índice de inflação condizente com as
necessidades da empresa analisada;
- faça-se a devida “limpeza” do efeito da inflação sobre o fluxo a ser
analisado pelo índice criado no item acima, transformando os valores ali expressos em
moeda corrente de uma única base monetária.
- uma vez que o fluxo se encontre livre do efeito da inflação, procede-se à
análise normalmente, por meio de qualquer um dos métodos clássicos vistos até aqui.
Quando se afirma que, para um índice de inflação média de 10% ao ano,
precisa-se de pouco mais de sete anos para que 100% do capital inicialmente investido
fosse consumido pela inflação, utiliza-se para demonstrar o seguinte cálculo:

Inflação de 7 anos = (1,10 ) − 1 = 0,9487 ⇒ 94,87% .


7

Para esse cálculo, foi utilizada, essencialmente, a fórmula fundamental para


transformação da taxa de juros compostos, ou seja:

I = ⎡(1 + i ) ⎤ − 1
n
⎣ ⎦

Onde:
i = taxa de juros do período menor;
I = taxa de juros do período maior;
n = número de vezes que o período menor cabe dentro do período maior.
75

Assim, substituindo-se a taxa de juros pela taxa de inflação, obtém-se a


inflação acumulada:

d acumulada = ⎡(1 + d ) ⎤ − 1
n
⎣ ⎦

Leva-se a concluir, então, que a taxa de inflação média se comporta


essencialmente como a fórmula de juros compostos.

EXEMPLO 14: Se um produto custar hoje $150,00 e se a empresa que o comercializa


estiver sujeita a uma taxa de inflação de 20% ao ano, por quanto tempo ele deverá ser
vendido, após 1 ano, para que a empresa acompanhe a perda total pela inflação? E após
2 anos? E após 3 anos?

Solução:
Considerando-se “C” como sendo o valor de “P” corrigido

monetariamente, tem-se que: C = P × (1 + d ) , logo:


n

- após 1 ano o preço equivalerá a = 150, 00 × (1, 2 ) = 180, 00 ;


1

- após 2 anos o preço equivalerá a =150, 00 × (1, 2 ) = 216, 00 ;


2

- após 3 anos o preço equivalerá a =150, 00 × (1, 2 ) = 259, 20 .


3

Ao se introduzir o conceito de inflação na análise de investimentos, é


fundamental que se saiba responder a duas perguntas básicas:
1) Em que momento cada entrada ou saída de dinheiro foi efetivada?
2) Qual é o índice monetário que essa entrada/saída de dinheiro tem como
referência?
Como a taxa de inflação acumulada pode ser calculada através dos mesmos
conceitos de juros compostos, por uma questão didática, denomina-se M o montante
inflacionado (que correspondia a S), de C o principal (que correspondia a P) e de d a
taxa de inflação (que correspondia a i). Assim sendo, partindo da fórmula dos juros
compostos, tem-se:
76

M = C × (1 + d )
n

EXEMPLO 15: Um veículo zero quilômetro foi adquirido, em dinheiro de hoje, por
$20.000,00 e depois foi utilizado por 5 anos e vendido por $50.000,00 em dinheiro da
época. Admitindo-se uma taxa de juros

Solução:
O fluxo econômico original é:

Como os dois valores existentes no fluxo se referem a bases monetárias


diferentes, para se resolver o problema, deve-se mudar ambos os valores para uma
mesma base monetária. Como se procura saber o valor atual, o valor da data 0 do fluxo,
será utilizada esta base monetária, assim, tem-se:

Mudança da base monetária para a base 0

M ⎡ 50.000, 00 ⎤
M = C × (1 + d ) ⇒ C = ⇒ 50.000, 00 ( I 5 ) = ⎢ ⎥ ( I0 )
n

(1 + d ) ⎢⎣ (1,5 ) ⎥⎦
n 5

$50.000, 00 ( I 5 ) = $6.584,36 ( I 0 )
77

O novo fluxo será:

Os valores não foram deslocados no tempo, o que houve foi apenas uma
mudança da base monetária. O deslocamento do dinheiro no tempo dar-se-á pela TMA
de 15% e o resultado será um valor atual dos custos, livre de inflação:

VA = −20.000, 00 + 6.584,36 × ( S → P )15%


5

VA = −$16.726, 41

Se tiver que se elaborar cálculos em que os valores entrem e saiam dos


fluxos de caixa nas mesmas datas de suas bases monetárias, pode-se concomitantemente
deslocar o dinheiro no tempo e “limpar” o fluxo de efeito inflacionário, bastando para
isso, utilizar na fórmula fundamental de juros compostos a taxa de juros aparente e,
que corresponde a taxa que o senso comum denomina, nas economias inflacionárias, de
taxa de juros nominais. Essa taxa aparente é uma composição entre a taxa de juros e a
taxa de inflação e pode ser obtida através da fórmula:

e = i + d + (i × d )

Onde:
e = taxa de juros aparente;
i = taxa de juros;
d = taxa de inflação.
78

EXEMPLO 16: Determinado equipamento foi adquirido por $100.000,00 em dinheiro


de hoje, podendo ser vendido dentro de 10 anos por $550.000,00 em dinheiro da época.
Os custos de manutenção anual são de $20.000,00 em dinheiro de hoje. Considerando-
se uma taxa de inflação de 30% ao ano e uma taxa de juros de 10% ao ano, qual o VA
do fluxo?

Solução:
O fluxo original é:

Mudança da base monetária para a base 0:

⎡ 550.000, 00 ⎤
550.000, 00 ( I 0 ) = ⎢ ⎥ ( I0 )
⎢⎣ (1,3)
10
⎥⎦
$550.000, 00 ( I 0 ) = $39.895,98 ( I 0 )

O novo fluxo será:

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