Amadurecimento e As 12 Camadas Da Personalidade
Amadurecimento e As 12 Camadas Da Personalidade
Amadurecimento e As 12 Camadas Da Personalidade
Introdução
E isso não significa que elas não sintam mais o chamado à perfeição
dentro delas, à vida plena e consistente; escutam mas já não têm forças
ou recursos interiores para dar resposta à altura.
O que acontece?
Pode ter vinte, trinta, quarenta anos e ainda não ser um adulto; não
estamos falando da questão biológica, mas de uma outra.
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Esse sentimentalismo demonstra imaturidade emocional e afetiva.
Se você passa por isso, pare e leia com atenção: você ainda não
está maduro. Está desencaixado, precisa de calibragem emocional.
Veja só, semana passada publiquei um texto no Instagram no
qual comentava sobre política, citava a opacidade e a feiúra
de Brasília. O tema do texto era político, não arquitetônico.
Uma moça deixou de me seguir e pediu reembolso do aulão.
Nem por um segundo fiquei bravo com ela; primeiro, porque não é do
meu feitio e, segundo: ganhei um belo exemplo para este preâmbulo.
Uma pessoa assim não quer mais saber da verdade, nem ouvir palavras
que lhe farão bem. E eu apenas afirmei algo que todos sabem: Brasília
é feia.
Outro exemplo.
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Imagine fazer algo similar no Brasil. O professor seria morto, se não
pelo aluno, pelos pais dele. Relembre, só para comparação: uma dona
deixou de me seguir pois falei que Brasília é feia.
Veja como funciona: uma pessoa que você não gosta — e da qual
geralmente discorda das opiniões — escreve algo sobre o Bolsonaro,
a epidemia etc. Como você reage? Deixa-se levar pela antipatia a tal
ponto de ignorar a possibilidade de algo verdadeiro estar presente no
texto?
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está dizendo, e não alguém por quem tenho apreço, por exemplo).
Veja que isso penetra o Brasil inteiro e está em tudo. Você vai procurar
emprego, quantos setores da nossa sociedade realmente avaliam
objetivamente um currículo? Você nunca ouviu falar do famoso Q.I no
Brasil? “Quem Indica”?
Esse é o Q.I.
Talvez eles pudessem ter uma personalidade, digamos, que não bateria
muito com a sua? Literalmente, o santo poderia não bater. Você acha
que isso é impossível?
Não há algo objetivo para buscar na missa ou no culto, independente
de quem esteja lá?
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Essa postura de adolescente está arraigada dentro de nós. E assim,
muitas são as situações e decisões aquelas das quais nos arrependemos,
quase todas movidas pelo sentimento de não querer ser o chato da
turma, ou não ser reprovado socialmente etc. E novamente: isso
atravessa toda a vida social, passando por todas as idades, trajetórias
e circunstâncias de uma vida individual.
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Continuando.
Não vou simplesmente repeti-lo, pois assim acho que não estarei
contribuindo de maneira alguma, fazendo chover no molhado. Darei a
explicação à minha maneira, acreditando que estarei homenageando-o
dessa forma, ao tornar pessoal, íntimo, algo que aprendi com ele.
Então, nas próximas páginas, você encontrará minha interpretação
da Teoria das 12 Camadas da Personalidade.
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da primeira.
Quando alcança certa idade — e isso pode variar, nada aqui é exato —
você percorreu um número “x” de camadas. Mas o interessante das
12 camadas vai além do pensá-la em degraus, que só sobem - como se
pudéssemos chegar à décima segunda e, pronto, acabou.
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tipo de pessoa específica. Apenas uma parcela muito pequena da
sociedade pode alcançá-las. São aqueles da vocação intelectual para
cima. Até tornar-se um personagem histórico, um santo etc.
Ele pode nunca ser um santo, um Padre Pio, São Francisco, mas
os temas da santidade fazem parte da vida dele. Uma preocupação
mínima com isso faz parte de qualquer vida.
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Primeira Camada
da Personalidade.
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Agora, vamos percorrer o caminho que vai da primeira à nona camada.
Observe o seguinte: toda vida humana passa para a existência ao
assumir uma forma material: o corpo. Ele é o primeiro sinal a partir
do qual percebemos uma vida, e já no primeiro ultrassom — e as
máquinas de hoje são tão potentes que enxergamos esta realidade
quando ela ainda mede milímetros.
Ele diz: o corpo absorve luz, a alma reflete. Podemos enxergar apenas
aquilo que absorve luz. O que reflete cega os olhos. Assim a alma não
é percebida, apenas o corpo. Esta é a primeira camada.
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“meu corpo é o meu mundo”.
Bem, agora, vejo-me obrigado a dizer o seguinte — sem isto não seria
o Tiago dando aula: quantos de nós não passam boa parte do tempo
com preocupações de primeira camada?
Já faz bastante tempo que você deixou de ser bebê, porém, no orgasmo,
naqueles instantes que duram pouquíssimos segundos, você confunde
a sensação corporal com toda a experiência. O que se passa no corpo
toma você por inteiro. Não conheci — espero também não conhecer
— pessoas que durante o orgasmo lembrassem dos boletos atrasados.
Vamos à próxima.
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SEGUNDA CAMADA DA PERSONALIDADE
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Na segunda camada começa o extravasamento do mundo corporal.
A criança passa a perceber que a experiência vai para além do corpo,
começa a ter sinais e consequências no mundo. Passa a dirigir o que ela
sente. No mercado, já pode apontar para a prateleira, fazendo os pais
entenderem que algo ali é do interesse dela. Ela ganhou a habilidade
de referir-se a objetos e expressar certos desejos que extrapolam o seu
pequeno corpo.
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TERCEIRA CAMADA DA PERSONALIDADE
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Seguindo o desenvolvimento da nossa criança hipotética, nesse ponto
ela foi para a escola.
Nesse ponto, a criança percebe: “opa, essa moça não é igual à minha
mãe”.
Começa pelo fato de precisar levantar a mão para fazer uma solicitação,
pois há outra pessoas querendo falar. Veja, se quiséssemos resumir a
camada três em poucas palavras, seria assim: é a camada da linguagem.
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linguagem, dos códigos e da compreensão das regras do jogo. E não
haverá regra compreendida sem que antes ela domine um pouco da
linguagem.
Quem não sofre para dizer a outrem o que está sentindo ou desejando?
Isso é camada 3… E você realmente pode, com toda certeza, afirmar
ter superado completamente a camada três? Não.
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Entende a gravidade? E sem os recursos mínimos para expressar sua
própria experiência, ela fica no escuro, os dias não são inteligíveis; a
vida não pode ser traduzida em palavras, nem essa pessoa pode dizer-
se autora da própria vida (nessas condições, é quase impossível).
Parece exagero?
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não consegue fazê-lo entender o que está lhe deixando brava, falta
o quê? Consciência da realidade, meios de expressar essa realidade.
Provavelmente, problema de camada três.
Esse dogmas, essas palavras, você enxerga o peso por trás delas?
Algumas levaram milhares de anos para serem escritas. É preciso
cuidado, no mínimo.
Ninguém se entende.
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mesmo e se encontrem no meio. E para não se perderem no caminho,
devem seguir as mesmas regras; as regras da linguagem. Se um fala a
palavra “indolência”, é preciso que o outro saiba seu significado, caso
contrário, eles não se encontrarão.
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QUARTA CAMADA DA PERSONALIDADE
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— Isso é coisa de camada 4.
Se for para ser bem criterioso, como fomos até agora, todas as camadas
são fontes de xingamentos. Posso passar a vida xingando alguém por
causa da camada 3. E, olha, são ofensas que não acabam mais. “Você
não sabe se expressar. É impossível compreender o que sai dessa
boca de camada 3, sua burra”. O mesmo vale para a camada 2, e assim
sucessivamente.
Como um negócio desse pode ser ruim? Não tem como. É uma
maravilha.
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em vida humana sem levar em conta os sentimentos? Bateram demais
na vida sentimental das pessoas com esse negócios de “camada 4”
pejorativa. Eu acho um horror esse tipo de coisa. A vida sentimental
é uma das maravilhas e, inclusive, nos distingue dos animais (dada a
qualidade emocional que podemos ter sobre o mundo).
Oi?
Como é que é?
Como não importa o que a pessoa está sentindo? Vamos virar o quê?
Os sentimentos são importantes e você sabe o porquê? Eles são a
baliza da vida, são sintomas. Preste atenção aos sentimentos, dê valor
a eles, o que não quer dizer deixar-se pautar por eles. Ser determinado
pelos sentimentos, isto sim é ruim. Um sentimento faz vibrar a alma.
Veja como o sentimento é importante, quando olha para algo feio,
repugnante, o que você faz? Sente-se mal em relação ao objeto. Você se
afasta, não volta mais ao lugar, ou foge da pessoa. Não prestar atenção
neles pode ser sintoma de uma alma adoecida, empedernida.
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Sem dar a devida atenção a eles você não capta o tamanho do problema.
Se durante a leitura da biografia de algum Santo da igreja, você não
sente aquela alegria cristã, há algo de errado. Atenção, pois sua vida
sentimental pode estar desordenada e você insensível às coisas belas
e importantes. Só prestando atenção aos sentimentos você poderá
perceber isso.
Bem, em primeiro lugar, não tem como ser nem bom, nem ruim, eles
são movimentos evanescentes da sua alma. Segundo, são matéria de
autoconhecimento. É conteúdo anímico. Como não prestar atenção
nisso? Como não sentar um pouco para fazer a história disso, por
exemplo, por que você gosta de Fábio Jr? Entende?
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tudo isso. Então, pelo que falei, você deve ter entendido que durante a
vida passamos milhares de horas em temas de camada quatro, certo?
Próxima!
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QUINTA CAMADA DA PERSONALIDADE
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Nosso personagem fictício entrou na faculdade.
Vendo pela perspectiva dos degraus, ele ainda está na camada quatro,
ok?
Então ele percebe o seguinte: “olha, acho que para eu poder vir à
faculdade todo dia, comprar um lanche e ir às festas, vou precisar
arrumar algum tipo de emprego. Mas, será que vou conseguir? Sou
capaz de ficar a semana inteira dentro de um escritório? Eu nunca
trabalhei fora...”
E perceba como ela deve ser longa. Está lá o sujeito, por exemplo, com
27 anos. E ele gosta de escrever, mas nunca mostrou seus escritos a
alguém, tem dúvidas se realmente é capacitado para as letras, se tem
vocação etc. Dilema de camada cinco.
Se a sua vida hoje pode ser resumida em questões como essa, você está
na quinta camada. Não tendo certeza das suas potências interiores,
acaba não sabendo no fundo do que você é feito. Fica sem critério
para perceber se é capaz de enfrentar o mundo. A pessoa de camada
cinco já percebeu que o mundo é um jogo, e para vencer precisará de
certas armas. Já não é mais possível ficar trancado no quarto ouvindo
música, sentindo as coisas, é preciso partir para o jogo, superar os
sentimentos e enfrentar a vida.
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um grande desafio. Por que? Porque não há certeza do que pode ou
não fazer. É a fase da experimentação, das tentativas e mudanças
de trabalho. É nas idas e vindas que o sujeito começa a observar sua
primeiras derrotas e vitórias. Ao longo da vida, sempre revisitamos
esses dramas.
Por exemplo: dou um livrão de mil páginas para aluna ler. Ela pensa:
“vixi, será que dou conta? Parece complicado de ler.” Então, é um tema
revisitado com bastante frequência, mas não quer dizer que você está
na camada 5. Pode ser aos cinquenta anos, a pessoa já sabe do que é
capaz, já se provou útil ao mundo e compra um novo livro, propõe a si
mesma uma nova atividade. “Será que dou conta? Nunca fiz isso”. Ela
está revisitando os dilemas que orientam toda a vida da pessoa que se
encontra na quinta camada da personalidade.
Camada 6!
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SEXTA CAMADA DA PERSONALIDADE
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A sexta camada é bastante objetiva. Pode ser descrita como a “camada
contábil”, como diria o professor Olavo de Carvalho. Já não importa
mais sentir, mostrar-se capaz. Ao final de contas, o que é importa é ver
o saldo positivo.
O camada seis não pode ser um peso, esta é a dor da camada. Ele
imaginar-se um inútil, isto pesa para ele. O nosso personagem está
nos seus 28 anos, ainda mora com os pais, entendeu? Ele está beirando
a próxima camada, mas ainda não fez-se útil à sociedade, anda com
as muletas fornecidas pelos pais. Não quer dizer que se resuma à
questão financeira, mas é nela em que o drama costuma acontecer
hoje. Entende? É o drama da organização pessoal.
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— Mas hoje não, eu não posso me manter.
Isso é a vida.
Próxima!
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SÉTIMA CAMADA DA PERSONALIDADE
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Bem, agora já temos terra à vista, a maturidade começa a se aproximar.
Estamos no barco, a camada sete se aproxima. Se a maioria das pessoas
chegassem até aqui… seria maravilhoso, o negócio ficaria muito mais
interessante.
É diferente da seis, em que a coisa era mais ou menos assim: “filho, faça
alguma coisa, qualquer coisa, mas faça”. Na camada 7, perceberão a
sua presença. Aí surge aquela tensão entre as expectativas sociais e as
que você tem de si mesmo; muitas vezes elas não convergem.
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expectativas. Eu tinha um papel social, falava sobre a vida humana,
ensinava sobre amor; e consequentemente as pessoas esperavam que
minha vida corresse de certa maneira, mas não correu. Se tivesse ficado
deprimido por não ter atendido expectativas, eu estaria na camada
sete. Sofrer por causa da falta desse equilíbrio corresponde ao drama
da sétima camada: quando expectativas podem não ser atendidas.
Por sorte, já havia feito a transição para a camada que acredito estar,
a 8.
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OITAVA CAMADA DA PERSONALIDADE
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Tudo bem até aqui?
Aquele que é todo esburacado por dentro, que toma para si a forma
das multidões, das imitações e cópias biográficas, ainda não atingiu a
oitava camada. René Girard definiu o conceito do “mimetismo” como
a falsificação dos desejos. Pessoas que querem algo não pela coisa ou
vontade pessoal, mas sim porque um terceiro deseja o mesmo.
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criações genéricas, Deus cria coisas únicas. Aquilo que aprendemos
na catequese. O meu catequista falava assim: “Deus fez uma forma
para lhe criar, criou e jogou a forma fora”. Então, não vai ter outro.
Não vai. Esquece, não tem outro. Que você olhe para o mundo de hoje
e veja pessoas tão semelhantes, tão parecidas, é uma das desgraças do
nosso tempo. Essa é a desgraça sintomática da falta de personalidade.
Da falta de manifestação radical de um eu que é irrepetível na história.
Só uma pessoa com personalidade é capaz de falar em nome próprio,
é capaz ser autora da própria vida. É capaz de não confundir-se com os
outros, de ver todos os colegas, os amigos etc. afirmando algo e se ela
não enxerga aquilo, não afirma. Isto é ter personalidade.
E nessa hora, uma voz vai sair de você e será a prova material da sua
personalidade. Como saber se uma pessoa é madura? Não se trata de
pagar as contas, sustentar os filhos, entender de política etc., não é isso.
Uma pessoa pode realizar todas essas atividades e ainda ser imatura.
Pode fazê-las por automatismo; não é madura, pois está repetindo
padrões esperados. Pode simplesmente estar respondendo de forma
homogênea a um chamado de vida que tanto outros respondem
igualmente.
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da forma como Deus pretendeu você, da sua forma na mente divina
(e a sua presença no mundo passa a ser um testemunho perfeito da
vida.)
Eu sou alguém.
A pessoa madura chegará nessa etapa da vida, olhará para sua história
e poderá dizer: “estão aqui os vestígios deixados ao longo do tempo, de
alguém, uma substância. Eu sou alguém. Não sou a projeção da minha
sociedade, tampouco as expectativas que ela tem de mim. Não sou a
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continuação dos meus pais”. Entende?
Mesmo que você seja mãe de família, a coisa mais antiga da face da terra,
mesmo que você seja professor, engenheiro, padre; não interessa. O
sujeito de camada oito é a resolução dessas forças, dessas tensões que
compõem cada um de nós e que ficam mais claras ao longo das sete
camadas anteriores.
Então, mais ou menos aos quarenta anos, ela volta-se para a trajetória
trilhada; percebe e revisita camada por camada. Deixa de ser
personagem para tornar-se autora.
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Absorve a circunstância.
Não existe vida verdadeiramente adulta para quem está fora da camada
oito, diz o professor Olavo. Toda espécie humana, verdadeiramente
falando, é chamada à oitavada camada.
Não é muito fácil isso. E de cada 10, no máximo 1 nasceu pra ser
intelectual. Para os outros 9, a pretensão é a camada oito. A nove já é
um negócio muito especializado. O intelectual carrega nas costas os
dilemas universais.
Você já parou para pensar que um homem, uma vida, definiu o rumo
de uma nação? Como vai contar a história da França e da Europa sem
falar de Napoleão? É a pessoa de camada 10 que altera o rumo dos
acontecimentos. Como é que pode alguém ouvir sobre a 10 e pensar:
“ah, eu acho que estou na camada 10”.
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Lembre-se do esforço para chegar na oitava.
Você responde por si, assume seu dever, torna-se alguém. Entende
como é que o jogo funciona, e encontra uma maneira pessoal de jogar.
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Conclusão
Bem, imagino que você tenha percebido como é grande essa trajetória.
Não apenas subindo degrau por degrau, mas revisitando os temas
que orientam a vida do sujeito em cada camada. Agora você pode me
perguntar: “como saber em que camada estou?”
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