Teatro SEMANA DE ARTE MODERNA

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ESCOLA ESTADUAL FREI ROGATO – DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA

LITERATURA – SEMANA DE ARTE MODERNA


ROTEIRO – PEÇA TEATRAL
(fundo musical)

APRESENTADOR (animado e empolgado):


• Boa tarde, pessoal. Sejam todos bem-vindos ao programa “ENCONTRO COM O TERCEIRÃO”. E
na edição de hoje, falaremos sobre a SEMANA DE ARTE MODERNA, que foi uma manifestação
artístico-cultural que ocorreu no Theatro Municipal de São Paulo entre os dias 13 a 17 de fevereiro
de 1922.
O evento reuniu diversas apresentações de dança, música, recital de poesias, exposição de obras -
pintura e escultura - e palestras. Os artistas envolvidos propunham uma nova visão de arte, a partir de
uma estética inovadora inspirada nas vanguardas europeias.

• E para relembrar esse momento inovador, polêmico, convido aqui no palco, alguns modernistas
afrontosos que estiveram a frente desse evento: Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Anita
Malfatti e Tarsila do Amaral (uma salva de palmas para eles, por favor!)
(Enquanto isso, os convidados sentam e sorriam para a plateia, felizes)

APRESENTADOR: É uma honra recebê-los! Tarsila, me fale um pouco sobre você...

TARSILA - Eu cresci numa fazenda de café entre rochas e cactos ... era muito livre, corria muito,
brincava, subia em muros, em árvores e fazia bonecas de mato. Fora isso, tudo respirava França.
Nossos sabonetes, nossas leituras, até os vestidos e os laços de fita eram franceses.

APRESENTADOR – A senhora disse uma vez que gostaria de ter sido pianista.

TARSILA – Foi a timidez que me empurrou para a pintura, mas eu morria de medo de me
apresentar em público. Mas às vezes eu tocava com o Mário de Andrade, na época em que
éramos do Grupo dos Cinco.

APRESENTADOR – Quem fazia parte desse grupo?

TARSILA – Oswaldo e o Mário de Andrade, o Menotti Del Picchia, Anita Malfatti e eu... A gente
se reunia na minha casa e depois saíamos na Cadillac do Oswaldo de Andrade... Fizemos
passeios memoráveis pela Paulicéia Desvairada... E eu me sentia muito honrada de fazer parte
do grupo que tinha feito a Semana... É uma pena que todos não puderam estar presentes aqui
hoje.

APRESENTDAOR: E agora, vamos relembrar trecho do discurso de Graça Aranha na abertura da Semana de Arte Moderna
(entra os alunos declamando).

APRESENTADOR – E dando continuidade do nosso bate papo... Mas a senhora não participou
da Semana diretamente, né?

TARSILA – Não, eu só cheguei meses depois.

MÁRIO – Mas como tive coragem para dizer versos diante de uma vaia tão barulhenta...

TARSILA – Que coragem, Mário.

MÁRIO – A minha coragem vinha do entusiasmo dos outros! Sozinho eu não teria suportado
aquela tempestade de achincalhes. Era o entusiasmo do Oswaldo que me embebedava, que
dava coragem.

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APRESENTADOR: E falando em vaias, vamos relembrar o poema SAPOS, de Manuel Bandeira, que foi declamado por Ronald
de Carvalho. Manuel Bandeira também fez uso de recursos como ironia, sarcasmo e paródia ao Parnasianismo. (alunos entram
para declamar) e (pequeno grupo vaiam a declamação do poema e gritam: que horror, isso é inovação? Uhhh!!!)

ANITA – Era o que eu tinha vontade de falar, mas estava absolutamente paralisada.

OSWALD – Você está paralisada desde aquela exposição de 1917! (cara de espanto)

ANITA – Se você tivesse sido desancado como eu fui pelo Monteiro Lobato, também teria ficado
sem ação!

OSWALD- Se você quer saber, era o Lobato que devia ter sido o chefe do nosso momento, e não
a besta do Graça Aranha.

APRESENTADOR: Agora, vou convidar aqui no palco, Monteiro Lobato, para relembrar a sua crítica sobre a obra de Anita
Malfatti. (o aluno entrará em cena e declamará a crítica “PARANOIA OU MISTIFICAÇÃO?”
APRESENTADOR: Dando continuidade ao nosso bate papo. Anita, o que foi isso?

ANITA (incrédula) – O homem que acusou minha arte de anormal e mentirosa, chefe do
movimento modernista?! Vocês estão malucos.

MÁRIO – Ah, o Lobato estava em um momento desinspirado, foi isso. Não fique chateada.

ANITA – Como não ficar chateada, Mário? Ele disse que minha arte era pura mistificação,
anormal ou mentirosa.

MÁRIO – Anita, você nos deu o Expressionismo. O impacto daquela exposição foi uma
verdadeira revelação.

ANITA – Eu estou pagando até agora o preço dessa revelação (bebe um pouco de água para
acalmar).

MÁRIO (olhando para Tarsila) – Tarsila, pena que você não estava aqui em fevereiro! Tenho
certeza que tinha ido conosco pras trincheiras.

TARSILA – Acho que não. Eu não faço arte moderna.

OSWALD (chocado) – O QUÊ???

TARSILA – Para ser franca, não tenho grande afinidade com as novas escolas literárias. Eu sou
uma caipira de Capivari onde quer que esteja!

TARSILA (ela levanta e pega o quadro) - E aproveitando esse reencontro, Oswald, meu amor,
quero te presentear com esse quadro da minha autoria para você. É simples, mas é de coração.
(abraça e beija o marido). Feliz aniversário!

OSWALD – (emocionado e chorando) – Nossa, que lindo, amor. Que arte maravilhosa (mostra
para a plateia o quadro “O Abaporu”).

APRESENTADOR: E neste clima fofo e maravilhoso, estamos encerrando o nosso programa


“Encontro com o Terceirão”, com música de qualidade, de Villa Lobos (entra a banda dublando
a música).

(Após a encenação da música, fim!)

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