Teatro SEMANA DE ARTE MODERNA
Teatro SEMANA DE ARTE MODERNA
Teatro SEMANA DE ARTE MODERNA
• E para relembrar esse momento inovador, polêmico, convido aqui no palco, alguns modernistas
afrontosos que estiveram a frente desse evento: Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Anita
Malfatti e Tarsila do Amaral (uma salva de palmas para eles, por favor!)
(Enquanto isso, os convidados sentam e sorriam para a plateia, felizes)
TARSILA - Eu cresci numa fazenda de café entre rochas e cactos ... era muito livre, corria muito,
brincava, subia em muros, em árvores e fazia bonecas de mato. Fora isso, tudo respirava França.
Nossos sabonetes, nossas leituras, até os vestidos e os laços de fita eram franceses.
APRESENTADOR – A senhora disse uma vez que gostaria de ter sido pianista.
TARSILA – Foi a timidez que me empurrou para a pintura, mas eu morria de medo de me
apresentar em público. Mas às vezes eu tocava com o Mário de Andrade, na época em que
éramos do Grupo dos Cinco.
TARSILA – Oswaldo e o Mário de Andrade, o Menotti Del Picchia, Anita Malfatti e eu... A gente
se reunia na minha casa e depois saíamos na Cadillac do Oswaldo de Andrade... Fizemos
passeios memoráveis pela Paulicéia Desvairada... E eu me sentia muito honrada de fazer parte
do grupo que tinha feito a Semana... É uma pena que todos não puderam estar presentes aqui
hoje.
APRESENTDAOR: E agora, vamos relembrar trecho do discurso de Graça Aranha na abertura da Semana de Arte Moderna
(entra os alunos declamando).
APRESENTADOR – E dando continuidade do nosso bate papo... Mas a senhora não participou
da Semana diretamente, né?
MÁRIO – Mas como tive coragem para dizer versos diante de uma vaia tão barulhenta...
MÁRIO – A minha coragem vinha do entusiasmo dos outros! Sozinho eu não teria suportado
aquela tempestade de achincalhes. Era o entusiasmo do Oswaldo que me embebedava, que
dava coragem.
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APRESENTADOR: E falando em vaias, vamos relembrar o poema SAPOS, de Manuel Bandeira, que foi declamado por Ronald
de Carvalho. Manuel Bandeira também fez uso de recursos como ironia, sarcasmo e paródia ao Parnasianismo. (alunos entram
para declamar) e (pequeno grupo vaiam a declamação do poema e gritam: que horror, isso é inovação? Uhhh!!!)
ANITA – Era o que eu tinha vontade de falar, mas estava absolutamente paralisada.
OSWALD – Você está paralisada desde aquela exposição de 1917! (cara de espanto)
ANITA – Se você tivesse sido desancado como eu fui pelo Monteiro Lobato, também teria ficado
sem ação!
OSWALD- Se você quer saber, era o Lobato que devia ter sido o chefe do nosso momento, e não
a besta do Graça Aranha.
APRESENTADOR: Agora, vou convidar aqui no palco, Monteiro Lobato, para relembrar a sua crítica sobre a obra de Anita
Malfatti. (o aluno entrará em cena e declamará a crítica “PARANOIA OU MISTIFICAÇÃO?”
APRESENTADOR: Dando continuidade ao nosso bate papo. Anita, o que foi isso?
ANITA (incrédula) – O homem que acusou minha arte de anormal e mentirosa, chefe do
movimento modernista?! Vocês estão malucos.
MÁRIO – Ah, o Lobato estava em um momento desinspirado, foi isso. Não fique chateada.
ANITA – Como não ficar chateada, Mário? Ele disse que minha arte era pura mistificação,
anormal ou mentirosa.
MÁRIO – Anita, você nos deu o Expressionismo. O impacto daquela exposição foi uma
verdadeira revelação.
ANITA – Eu estou pagando até agora o preço dessa revelação (bebe um pouco de água para
acalmar).
MÁRIO (olhando para Tarsila) – Tarsila, pena que você não estava aqui em fevereiro! Tenho
certeza que tinha ido conosco pras trincheiras.
TARSILA – Para ser franca, não tenho grande afinidade com as novas escolas literárias. Eu sou
uma caipira de Capivari onde quer que esteja!
TARSILA (ela levanta e pega o quadro) - E aproveitando esse reencontro, Oswald, meu amor,
quero te presentear com esse quadro da minha autoria para você. É simples, mas é de coração.
(abraça e beija o marido). Feliz aniversário!
OSWALD – (emocionado e chorando) – Nossa, que lindo, amor. Que arte maravilhosa (mostra
para a plateia o quadro “O Abaporu”).