Curso 90617 Aula 00 09cf Completo
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Aula 00
Olá!
Sou o professor Décio Terror e é
com muita satisfação que convido você a
participar de nosso curso de Português
para a Prefeitura Municipal de Salvador
(Professor de Língua Portuguesa).
Atuo no ensino da Língua Portuguesa para concurso público há treze anos
e venho estudando as principais estratégias de abordagem de prova das diversas
bancas. Sou professor concursado na área federal, com especialização na didática, no ensino a
distância e na produção de texto.
Sou autor do livro Resoluções de Provas de Português, banca ESAF, e do livro Resoluções
de Provas de Português + breve teoria, banca FCC, ambos lançados pela editora Impetus.
Foi publicado o edital da Prefeitura Municipal de Salvador, com 150 vagas para o cargo de
Professor. A banca FGV é a organizadora do certame. Logo, no nosso curso, selecionamos questões
da banca FGV. Porém, para aprofundarmos no estudo e praticarmos bastante, podemos inserir
questões de outras bancas, a fim de ampliarmos ainda mais o aprendizado, naquilo que realmente
cai em prova.
As provas estão previstas para o dia 16/06/2019.
DISPONÍVEL CONTEÚDO
A linguagem falada é mais espontânea e tem como apoio o tom de voz, os gestos, as
expressões faciais etc. Já a linguagem escrita apresenta normalmente uma estrutura mais rígida e
um pouco limitada se compararmos com a anterior. Isso porque algumas vezes se vê impraticável
uma informação que depende dos gestos ou do tom de voz para transmitir mais clareza, por
exemplo.
Mas não se pode pensar que a linguagem falada seria uma linguagem que rompe a norma
culta, o falar errado; também não se pode afirmar que a linguagem escrita seguiria rigidamente os
preceitos gramaticais.
A linguagem falada transmite a liberdade de expressão, mas pode naturalmente ser
expressa no padrão culto, como nas palestras, nos sermões, situações em que o emissor da
mensagem quer transmitir credibilidade na sua informação.
Porém, numa linguagem familiar, corriqueira entre amigos, numa situação bem descontraída,
nota-se uma linguagem sem a necessidade de seguir o rigor gramatical.
O mesmo ocorre na escrita. Num bilhete a um amigo, ao vizinho; numa mensagem rápida
no WhatsApp, no Facebook, num e-mail, isto é, ao utilizarmos esses meios de comunicação numa
situação descontraída, podemos nos expressar de forma liberta, sem a preocupação com o rigor
gramatical.
Dessa forma, é o ambiente e a situação que vão fazer com que usemos determinada
variação da linguagem.
1. LINGUAGENS
Linguagem é o sistema através do qual o homem comunica suas ideias e sentimentos, seja
por meio da fala (linguagem glótica), da escrita (linguagem gráfica) ou de outros signos
convencionais. Linguística é o nome da ciência que se dedica ao estudo da linguagem.
No cotidiano, o homem faz uso da linguagem verbal e não-verbal para se comunicar. A
linguagem verbal integra a fala e a escrita (diálogo, informações no rádio, televisão ou imprensa,
etc.). Todos os outros recursos de comunicação como imagens, desenhos, símbolos, gestos, tom
de voz, etc. fazem parte da linguagem não-verbal.
A linguagem corporal é um tipo de linguagem não-verbal, pois determinados movimentos
corporais podem transmitir mensagens e intenções. Dentro dessa categoria, existe a linguagem
gestual/mímica, um sistema de gestos e movimentos cujo significado se fixa por convenção e é
usada na comunicação de pessoas com deficiências na fala e/ou audição.
Linguagem mista é o uso da linguagem verbal e não-verbal ao mesmo tempo. Por exemplo,
uma história em quadrinhos integra, simultaneamente, imagens, símbolos e diálogos.
As linguagens artificiais (construídas e definidas por um pequeno grupo de pessoas, em vez
de terem evoluído como parte da cultura de algum povo, por exemplo, o código binário dos
computadores, códigos secretos, de experimentos lógicos etc) também são designadas por
linguagens formais. A linguagem de programação de computadores é uma linguagem formal que
consiste na criação de códigos e regras específicas que processam instruções para computadores.
Para que tenhamos entendimento sobre as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e
o interlocutor, devemos identificar esses dois elementos da comunicação.
LOCUTOR INTERLOCUTOR
Assim, num diálogo, por exemplo, as marcas linguísticas de identificação desses dois
elementos são claramente observadas. Veja:
http://www.tribunadeindaia.com.br
http://blogdoaftm.web2419.uni5.net
Nesta outra charge, o pronome o verbo L o pronome de tratamento e
o imperativo remetem ao sujeito da oração, o qual é a quem se endereça a mensagem,
o interlocutor. Já os pronomes e identificam o locutor.
Assim, as marcas linguísticas que evidenciam o locutor são os pronomes
(e suas variações), verbos em primeira pessoa do singular ou do plural etc;
já os identificadores do interlocutor podem ser os pronomes
(e suas variações), verbos no imperativo etc.
Muitas vezes, o autor do texto emprega um ponto de vista no texto em primeira pessoa e
isso traz a ideia de que o locutor, o autor do texto, transmite considerações subjetivas, algumas
vezes marcadas por emoção:
O que percebo hoje no Brasil é um descalabro social que é resultado de uma política
Outras vezes o autor divide a situação em que se encontra com os demais cidadãos e com o
leitor:
Nós, brasileiros que somos, não podemos deixar o nosso país nas mãos de verdadeiros
ladrões dos direitos do
O autor pode se referir ao leitor (interlocutor) diretamente:
Ei, você, meu caro leitor! Para continuar lendo este texto, primeiro descarte seus
preconceitos e liberte-se de seus pensamentos neocapitalistas. Só assim você entenderá o que
estou querendo
E também pode empregar o pronome como indeterminante, não propriamente
querendo se referir ao leitor:
á é aquilo a que você se doa sem pensar em retribuição, mas esta vem numa enxurrada
de
Note que o pronome não se refere diretamente ao leitor, mas a qualquer pessoa que
se encontre nessa situação. Em casos como este, podemos trocar o pronome de tratamento
pelo indefinido alguém
á é aquilo a que alguém se doa sem pensar em retribuição, mas esta vem numa enxurrada
de
E concluíram: quanto mais horas uma pessoa passa no Facebook, maior a chance de achar que a
vida dos outros anda melhor. Isso acontecia ainda mais quando as pessoas não conheciam muito
bem os contatos do Facebook.
A explicação é fácil. Ninguém (ou quase ninguém) posta fotos tristes no Facebook. É só alegria -
mesmo se a viagem for um fracasso e o trabalho uma furada. Só que daí, do outro lado da tela,
tudo parece perfeito. Menos a sua vida, real e completa, com dias bons e ruins. Eu, hein.
(Disponível em: http://superabril.com.br. Acesso em 18/05/16)
Ao empregar o pronome no título do texto, o autor está se referindo:
a) aos sociólogos citados
b) aos usuários do Facebook
c) aos leitores em geral
d) apenas a si próprio
Comentário: Todo o texto fala do uso do Facebook e o título afirma que o F deixa você
Assim, o pronome faz referência ao usuário do Facebook e a alternativa (B) é
a correta.
Gabarito: B
Os níveis de linguagem têm relação direta com a intenção comunicativa, isto é, com o
objetivo do texto, com o contexto em que a comunicação é veiculada, com quem é o emissor e
para quem é dirigida a comunicação.
Para entendermos melhor isso, pensemos no seguinte exemplo: recorte a fala de um juiz
em um tribunal e a enderece a uma criança ou a um jovem. Certamente o juiz não seria entendido,
concorda?
Para que haja a devida comunicação, ele deve escolher palavras adequadas ao
entendimento daquele público-alvo: a criança ou o adolescente.
Assim, os níveis de linguagem levam em conta esses estratos (camadas sociais, econômicas,
culturais, etárias, situacionais), a cujo contexto a linguagem deve adaptar-se.
Nem todas as variações linguísticas usufruem do mesmo prestígio, sendo algumas consideradas
menos cultas. Contudo, todas as variações devem ser encaradas como fator de enriquecimento e
cultura e não como erros ou desvios.
Tipos de variação:
a) histórica (diacrônica): Ocorre quando comparamos a linguagem em épocas distintas e
percebemos suas diferenças, as quais serão maiores quanto maior for o prolongamento temporal.
Cada um dos estágios da língua, mais ou menos homogêneos circunscritos a certa época é chamado
variedade diacrônica. Por exemplo, em determinada época havia certas expressões que em seguida
caíram em desuso; também a grafia de algumas palavras mudou ao longo do tempo. E não é difícil
perceber isso. Basta se lembrar da nova reforma ortográfica de 2009, em que até 2015 as palavras
tinham acento. Hoje não mais.
b) social (diastrática): É a variação produzida de acordo com os hábitos e cultura de diferentes
grupos sociais, isto é, pelo ambiente em que se desenvolve o falante. Como exemplo, podemos
citar as gírias próprias de um grupo com interesse comum, como os skatistas, os jargões próprios
de um grupo profissional, como os policiais.
c) geográfica (regional ou diatópica): É variação que ocorre de acordo com o local onde vivem os
falantes, sofrendo sua influência. É chamada também de variação diatópica ou regional, pois tem
relação com a distância geográfica que separa esses falantes, o que gera diferentes palavras para
os mesmos conceitos; diferentes sotaques, dialetos e falares; reduções de palavras ou perdas de
fonemas. Assim, por exemplo, a mistura de cimento, água e areia, se chama betão em Portugal; no
Brasil, se chama concreto.
d) situacional ou estilística (de registro ou diafásica): É variação que ocorre de acordo com o
contexto ou situação em que decorre o processo comunicativo. Há momentos em que é utilizado
um registro formal e outros em que é utilizado um registro informal. Como exemplos, podemos
citar o emprego da linguagem formal, a qual é considerada mais prestigiada e culta, e usada quando
não há familiaridade entre os interlocutores da comunicação ou em situações que requerem uma
maior seriedade. Já a linguagem informal é considerada menos prestigiada e menos culta e é usada
quando há familiaridade entre os interlocutores da comunicação ou em situações descontraídas.
Para nosso estudo, devemos entender que temos uma norma que rege a língua escrita, que
é a gramática. No entanto, a fala não trata de uma convenção, mas do modo como cada um utiliza
esse acordo. Portanto, a língua falada é mais desprendida de regras, e, portanto, mais espontânea.
Por esse motivo, está suscetível a transformações, diariamente. A mudança na escrita começa
sempre a partir da língua falada, por isso, esta é tão importante quanto a língua escrita. Contudo,
não é toda alteração na fala que é reconhecida na escrita, mas somente aquelas que têm
significação relevante à sociedade.
O que determinará o nível de linguagem empregado é o meio social no qual o indivíduo se
encontra. Portanto, para cada ambiente sociocultural há uma medida de vocabulário, um modo de
se falar, uma entonação empregada, uma maneira de se fazer a combinação das palavras, e assim
por diante.
Com base nessas considerações, não se deve pensar a comunicabilidade pelas noções de
certo e errado, mas pelos conceitos de adequado e inadequado, segundo determinado contexto.
Assim, não se obriga que um adolescente, reunido a outros em uma lanchonete, assim se expresse:
A linguagem popular ou coloquial: É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-
se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de linguagem (erros de
regência e concordância; erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleonasmo),
expressões vulgares, gírias. A linguagem popular está presente nas mais diversas situações:
conversas familiares ou entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV
(sobretudo os de auditório), novelas, expressão dos estados emocionais etc.
Oà à à à à à
Lhe digo?
Também não. O que você ia me dizer?
Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a cara. Lhe partir
a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz?
Partir-te a cara.
Pois é. Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.
É para o seu bem.
Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma
correção e eu...
O quê?
O mato.
Que mato?
Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?
Pois esqueça-o e para-te. Pronome no lugar certo é elitismo!
Se você prefere falar errado...
Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderem-me?
No caso... não sei.
Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
Esquece.
N àC à àV à à à àEà à à à à à à
Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.
Depende.
Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não sabes-o.
Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás. Mas não posso mais dizer-lo-te
o que dizer-te-ia.
Por quê?
Porque, com todo este papo, esqueci-lo.
Verissimo, Luis Fernando. Novas comédias da vida pública, a versão dos afogados. Porto Alegre: L&PM, 1997.
[Adaptado].
De acordo com o texto acima e com a norma padrão escrita, é correto afirmar que:
A) um dos falantes não frequentou a escola.
B) o diálogo entre amigos é uma oportunidade para aprender regras da norma padrão.
C) a forma de dizer é mais importante do que o conteúdo.
D) não é possível um diálogo entre pessoas que usam diferentes variantes linguísticas.
E) a preocupação excessiva com a forma gerou truncamento na comunicação.
Comentário: No início do texto, o primeiro falante diz M à à à à à
conversa com seu interlocutor. Entretanto, em vez de o interlocutor ouvir o resto da frase, ele
interrompe o falante para corrigi-lo. Dessa forma, todo o diálogo passa a ser pautado da correção
Os médicos da Saúde Pública quiseram verificar a cousa; mas a camarilha do doutor Castro, a
cuja frente se achava o Senhor Azevedo Sodré, se opôs violentamente que cumprissem o seu dever.
Chico Castro não podia morrer de peste bubônica...
São assim os nossos ferrabrases de higienistas à prussiana: dois pesos e duas medidas...
BARRETO, Lima. In: RESENDE, Beatriz; VALENÇA, Rachel (Org.). Toda Crônica. Rio de Janeiro: Agir, 2004. p. 237-238.
v.2.
No texto, em relação à linguagem, emprega-se predominantemente o(a):
A) à à à à à à à à à à à “ à
E à à à à à à à‘
B) n à à à à à à à à à à à à à
de facultar- à à à à à à à
C) à à à à à à à à à à -lhe os olhos
à
D) gíria, à à à à à à à à à à à
Comentário: Já no início do texto, notamos uma linguagem formal, quando, por exemplo, ao se
digerir a Carlos Chagas, à à àE à“ à àC àC àá disso,
à à à à à à - à à à à à à à à à
(compara, avalia), à à (que ou aquele que conta
bravatas, que alardeia coragem sem ser corajoso) à à(que ou o que é excessivamente
rigoroso ou drástico) etc.
Entretanto, como forma de fazer analogias, o autor utiliza expressões típicas da linguagem
à à - à à à à à à à à à
Dessa forma, emprega-se predominantemente o nível formal da linguagem, embora haja
à à à à à à - à à à à
Portanto, a alternativa (C) é a correta.
Gabarito: C
7.
Assinale a opção que indica as palavras da charge que mostram variação popular de pronúncia.
(A) Ai Sinhô.
(B) Sinhô ah.
(C) Sinhô tô.
(D) tô manda.
(E) manda ela.
8.
Assinale a opção em que o segmento verbal da charge não apresenta problemas de norma-padrão.
(A) Ai Jesus.
(B) Me ajuda.
(C) Ah Sinhô.
(D) há meses.
(E) manda logo ela.
Comentário: Na alternativa (A), Jesus é vocativo, portanto a vírgula é obrigatória: á àJ
N à àB à à à à à á - à à à à à à à à à à
pronome átono.
Na alternativa (C), deve-se usar a vírgula ou exclamação destacando a interjeição e o
à á à“
A alternativa (D) é a corre à à à à à à à à à à à
tal verbo apresenta valor de tempo decorrido e não se flexiona no plural.
N à àE à à à à à à à à à à à à à à
à à à à à M - à
Gabarito: D
investimento em ações preventivas para não sobrecarregar as ações repressivas como de fato
vem ocorrendo no nosso país.
Assim teremos uma força satisfeita, trabalhando todos como verdadeiros parceiros
contra o crime em busca do ideal comum de uma segurança pública mais adequada e
constante que a sofrida população brasileira bem merece.
Autor: Archimedes Marques (delegado de Polícia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica
de Segurança Pública pela UFS) adaptado da versão disponível em: Acesso em: 05 fev. 2018.
Assinale a alternativa em que todas as características apresentadas podem ser atribuídas ao texto
escrito pelo delegado Archimedes Jose Melo Marques.
A. ( ) Linguagem direta, informal, espontânea e dialogal.
B. ( ) Uso acentuado de linguagem figurada e de efeitos expressivos.
C. ( ) Tratamento de tema atual de forma crítica e resignada.
D. ( ) Objetivo e uso predominante de 3ª pessoa.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois, apesar de a linguagem do texto ser direta, ela não
é informal, tendo em vista que o recurso utilizado nos vocábulos transmite uma noção de que a
linguagem tenha sido formal e não espontânea. Além disso, observa-se que não houve diálogos
entre partes, o texto, então, não é dialogal.
A alternativa (B) está errada, pois não se encontra emprego acentuado de linguagem
figurada, haja vista ser um texto dissertativo, formal e objetivo. Dessa forma, a linguagem passa a
ser direta e literal, não havendo a intenção do autor de colocar efeitos expressivos, como se
estilística fosse.
A alternativa (C) está errada, tendo em vista que o tema, sim, é atual, porém não houve um
tratamento com resignação, ou seja, o autor não está conformado com essa situação, por isso
argumenta buscando a parceria entre a população e a polícia no combate à criminalidade com mais
eficiência.
A alternativa (D) é a correta, pois observamos no texto uma linguagem objetiva com a qual
o delegado pretende convencer a todos de que a sociedade e a polícia precisam criar parcerias
para que o trabalho desta se torne mais produtivo. Além disso, nos trechos em que o autor quer
convencer o leitor de sua opinião, ele lança mão do uso da 3ª pessoa do discurso para passar mais
confiança e credibilidade para o leitor. Observe que, quando o autor usa palavras na primeira
pessoa do plural, ele não torna o texto subjetivo, apenas se inclui em suas generalizações.
Gabarito: D
todos que assumir, sem exceção de ninguém, a responsabilidade geral pela crise e pelo
crime.
Há, por fim, a favor da pena de morte o argumento psicológico da intimidação. O
criminoso, diante do risco de perder a vida, pensa duas ou mais vezes na consequência fatal
do delito que o tenta, acabando por desistir de praticá-lo. Afirma-se aqui o princípio
psicanaliticamente ilusório de que o delinquente grave tem arraigado amor à própria vida.
Em verdade, acontece o oposto. A autoestima do ser humano se constrói a partir dos cuidados
do amor recebidos de fora, dos outros. Este amor, internalizado, vai constituir o
fundamento da possibilidade que cada um terá de amar-se a si mesmo, por ter sido amado.
Se sou capaz de amar a mim próprio, e à minha vida, sou também proporcionalmente capaz
de amar ao próximo, meu semelhante, meu irmão e meu espelho.
O criminoso grave, ao liquidar sua vítima, condena-se, por mediação dela, à morte, com
ódio e desprezo. Não o imitemos, através da pena de
A linguagem coloquial empregada no texto pode ser exemplificada pela frase:
A. ( ) T isto contadas as favas nos custa os olhos da cara, e da
B. ( ) H por fim, a favor da pena de morte o argumento psicológico da
C. ( ) E é um dever social irrevogável, ao qual corresponde um direito
D. ( ) C que, em matéria de desordem, poucas medidas seriam capazes de chegar tão
TESTEMUNHA 1 Dotô.Vê, ansim com os óio, eu num posso dizê que vi. Mas sei que ele é
ladrão mêmo. O que ele vê na frente dele, ele passa a mão na hora. Pode prendê ele dotô!
DELEGADO (para a segunda testemunha) E o senhor? Viu o Justino roubar o relógio do sêo
João?
TESTEMUNHA 2 Óia, dotô ...num vô falá que vi ele fazê isso, mas todo mundo no arraiá sabe
que ele róba mêmo, uai. Pode prender sem susto. Eu garanto que foi ele que robô esse
relógio.
DELEGADO (para a última testemunha) E o senhor? Pode me dizer se viu o Justino roubar o
relógio do sêo João?
TESTEMUNHA 3 Dotô, ponho a mão no fogo si num foi ele. Prende logo esse sem vergonha,
ladrão duma figa. Foi ele mêmo!
DELEGADO Mas o senhor não viu ele roubar? O senhor sabe que foi ele, mas não viu o fato
em si?
TESTEMUNHA 3 Num carece de vê, dotô! Todo mundo sabe que ele róba. Pode preguntá
pra cidade intêra. Foi ele. Prende logo esse peste!
DELEGADO (olhando firme para o Justino) Olha aqui, Justino. Eu também tenho certeza de
que foi você que roubou o relógio do sêo João. Mas, como não temos provas cabíveis,
palpáveis e congruentes.... você está, por mim, absolvido.
JUSTINO (espantado, arregalando os olhos para o delegado) O que, dotô ? O que que o sinhô
me diz? Eu tô absorvido????
DELEGADO Está absolvido.
JUSTINO Qué dizê intão que eu tenho que devorvê o relógio?
Disponível em: http://www.rolandoboldrin.com.br/causos. Acessado em 19 ago. de 2016.
12.
Marque a alternativa CORRETA. Quanto à diversidade linguística no texto apresentado, podemos
afirmar que o autor optou por:
A. ( ) utilizar uma variação diastrática.
B. ( ) utilizar uma variação diafásica.
C. ( ) utilizar uma variação histórica.
D. ( ) utilizar uma variação diatópica.
Comentário: Percebemos na fala das personagens que há uma variação linguística social
(diastrática), pois, ao compararmos as falas do delegado com as falas de Justino e das três
testemunhas, percebemos que o delegado é mais formal, denotando mais estudo e as outras
personagens são mais informais, com muitas marcas de oralidade e regionalismos. Observe:
DELEGADO (para a primeira testemunha) O senhor viu o Justino roubar o relógio do sêo João, aqui
presente?
TESTEMUNHA 1 Dotô. Vê, ansim com os óio, eu num posso dizê que vi. Mas sei que ele é ladrão
mêmo. O que ele vê na frente dele, ele passa a mão na hora. Pode prendê ele dotô!
Assim, a alternativa (A) é a correta.
A alternativa (B) está errada, pois, se fosse uma variação de registro, as personagens usariam
o registro formal na presença do delegado.
A alternativa (C) está errada, pois não há registro histórico.
A alternativa (D) está errada, pois as falas apresentam o registro de apenas uma variedade,
a do interior. Não há outros registros no texto.
Gabarito: A
13.
Leia as assertivas abaixo e, ao final, responda o que se pede.
I. A variação linguística é um interessante aspecto da língua portuguesa e pode ser compreendida
por meio das influências históricas e regionais sobre os falares.
II. A língua é um sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística, sob pena de
empobrecimento do léxico.
III. O tipo de linguagem do texto compromete o seu entendimento ao leitor.
Marque a alternativa CORRETA.
A. ( ) Apenas a assertiva II, está correta.
B. ( ) Apenas a assertiva I, está correta.
C. ( ) Apenas a assertiva III, está correta.
D. ( ) Todas as assertivas estão corretas
Comentário: A assertiva I está correta, pois a variação linguística ocorre devido aos seguintes
fatores: histórico, social, geográfico/regional e de registro.
A assertiva II está errada, pois a variação linguística, pelo contrario, enriquece o léxico,
trazendo palavras novas a todo o momento.
A assertiva III está errada, pois a linguagem do texto está clara e objetiva, assim como a
linguagem jornalística deve ser para que todos compreendam o conteúdo do texto.
Com isso, a alternativa correta é a (B), em que apenas a assertiva I é a correta.
Gabarito: B
a) histórica, que se refere à dinamicidade da língua, que muda permanentemente com os seus
falantes.
b) social, que depende do contexto de comunicação, de quem são os interlocutores e seus
objetivos.
c) relativa à faixa etária: crianças, jovens, adultos e velhos podem ter um vocabulário diverso.
d) geográfica, pois se refere ao uso da mesma língua em diferentes países.
e) de registro, relacionada ao maior grau de informalidade entre os interlocutores.
Comentário: Basta observarmos que José Saramago é um escritor Português. Assim, ele emprega
a Língua Portuguesa de Portugal, que essencialmente emprega o adjunto adverbial de tempo com
a preposição Assim, há uma variedade geográfica, pois, no Português do Brasil,
empregamos normalmente o adjunto adverbial de tempo com a preposição em 18 Esse é
o motivo de a alternativa (D) ser a correta.
Por exclusão, entendemos que as demais alternativas não apresentam justificativa correta.
Gabarito: D
Murilo Mendes solta os pianos na planície deserta, tudo é dito distante dos ruídos do dia.
Tudo é possível nessa escuridão criativa, existe o verso, existe a canção.
Mais tarde, finda a noite, quando abrimos a boca, a língua amanhece, e de novo a
levamos pelos corredores e pelas repartições, pelas galerias e escritórios, valendo-nos dela
para o recado simples, a ordem necessária, o atendimento útil. Enquanto não chega a tarde,
enquanto não anoitece.
(Adaptado de André Laurentino, Lições de gramática para quem gosta de literatura)
Assim, resta a alternativa (B) como a correta, haja vista que o emprego da segunda pessoa
do singular na região Sul, como em é uma característica regional. Note a fonte do
quadrinho G P o que nos norteia quanto à região em que essa conversa é veiculada.
Gabarito: B
A alternativa (E) está errada, pois a palavra também foi empregada numa
comparação típica de linguagem livre, sem adequação ao rito formal. Tal palavra seria empregada
formalmente numa comparação entre órgãos/partes do corpo humano, cujo campo semântico
levaria ao nível mais adequado. Além disso, a expressão referindo-se ao grupo a que
pertence o autor do texto, é típica de linguagem coloquial/informal.
Gabarito: A
A fala da funcionária OK Senhor. Vou estar anotando o seu problema para estar agendando a
visita de um técnico" mostra uma marca típica desse modo de falar, que é:
a) a presença marcante de estrangeirismos;
b) o emprego de uma linguagem demasiadamente erudita;
c) o mau uso do gerúndio;
d) a completa falta de objetividade na mensagem;
e) a ausência de tratamento individualizado.
Comentário: Apesar de haver a expressão estrangeira ela não é marcante na frase. Para tal,
basta ver a extensão da frase em relação ao vocábulo. O que chama a atenção é o emprego dos
gerundismos V estar e que são modismos, um registro coloquial.
Com isso também sabemos que não houve linguagem erudita.
Assim, eliminamos as alternativas (A) e (B), observando que a alternativa (C) é a correta.
A alternativa (D) está errada, porque não há falta de objetividade.
A alternativa (E) está errada, pois há tratamento individualizado nesta mensagem, pois a
atendente se refere a uma pessoa e disse que anotará e agendará a visita de um técnico.
Gabarito: C
que as casas daquela região eram construídas com areia de aluvião, onde não raro se encontravam
pequenos diamantes.
A expressão trocava dedos de prosa
A) Pertence ao linguajar culto. D) É um erro que deveria ter sido evitado.
B) Tem valor pejorativo. E) Tem sentido ambíguo.
C) É coloquial.
Comentário: A expressão trocava dedos de prosa é típica da linguagem coloquial, falada, e não
tem o formalismo da norma culta.
Gabarito: C
1. INTERTEXTUALIDADE
É o diálogo entre um texto e outro. É o cuidado que se tem num texto de absorver os
conhecimentos, conceitos, observações elencados em outros textos renomados, conhecidos.
Normalmente isso é feito para levantar mais crédito ao argumento defendido pelo autor. Além
disso, pode se apresentar como paráfrase (reescrita de trecho de mesmo sentido que o original),
paródia.
2. PARÓDIA
G àD à C à à à O à àá à C à à à à
3. INTERDISCURSIVIDADE
Texto 2
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
(Mendes, Murilo. Canção do exílio.)
Texto 3
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
(Dias, Gonçalves. Canção do exílio.)
Os três textos são semelhantes. Como o de Gonçalves Dias é anterior aos dois primeiros, o
que ocorre é que estes fazem alusão àquele. Os dois primeiros citam o texto de Gonçalves Dias.
Houve aqui não só a citação de um texto pelos outros, mas também a relação de sentido (temática),
o que caracteriza a interdiscursividade.
O primeiro texto, de Casimiro de Abreu, foi escrito no século XIX; o segundo texto, de Oswald
de Andrade, foi escrito no século XX. As semelhanças entre os textos são evidentes, pois o assunto
deles é o mesmo e há versos inteiros que se repetem. Portanto, o segundo texto cita o primeiro,
estabelecendo com ele uma relação intertextual.
Observa-se, porém, que o segundo texto tem uma visão diferente da apresentada pelo
primeiro. Nesse, tudo na infância parece ser perfeito, rodead à à à à à àJ à
à à à à à à à à à à à à à à à
à à à à àá à à à à à à à àO à à
Andrade ironiza Casimiro de Abreu, como que dizendo: na minha infância também havia
à à à à à à à à àC à à à à
Observe que Oswald de Andrade, com seu poema, não apenas cita o poema de Casimiro de
Abreu. Ele também critica esse poema, pois considera irreal a visão que Casimiro tem da infância.
Na opinião de Oswald de Andrade, infância de verdade, no Brasil, se faz com crianças
brincando em quintal de terra, embaixo de bananeiras, e não com crianças sonhando embaixo de
laranjais. Esse tipo de intertextualidade e de interdiscursividade é chamada também de paródia, a
qual já foi vista anteriormente.
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Texto 2
Amor é fogo que arde sem se ver
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
Texto 3
Monte Castelo
primeiro texto pelo de Luís de Camões (texto 2), já no século XVI. Neste contexto, o tema amor é
paradoxal: sofre-se ao mesmo tempo em que se deleita. Este é um amor mais carnal, a paixão, a
relação conjugal. O texto 3, de Renato Russo (século XX) também faz uma alusão aos dois
anteriores, havendo uma interação nessas duas visões do amor.
Assim, essa relação do amor é a temática dos três textos, e a estrutura textual, a adequação
vocabular e o cuidado no paralelismo reforçam a caracterização da interdisciplinaridade e da
interdiscursividade.
Polifonia: Como o próprio nome sugere, a polifonia é a junção de sons, de vozes. Ela está
enraizada na música, em que as várias vozes se juntam harmonicamente num todo melódico. No
texto, ocorre algo semelhante, pois ela aparece para designar a multiplicidade de vozes dentro de
uma mesma obra.
N à à à à à à à à à à àM àB à
Basicamente se entende que, numa obra, cada um dos personagens pode expressar a sua forma
de entender a realidade, o que permite ao leitor perceber diversas visões distintas sobre um
mesmo assunto, uma mesma realidade.
4. EPÍGRAFE
Epígrafe: é um texto inicial que tem como objetivo a abertura de uma narrativa, de uma
discussão. Trata-se de um registro escrito introdutório que possui a capacidade de sintetizar a
filosofia do escritor ou a ideia principal do tema.
Você já notou que, ao lermos uma entrevista, há sempre um trecho inicial resumindo a ideia
debatida no texto? Isso é a epígrafe. Veja um exemplo:
Visitar a biblioteca do apartamento do economista Eduardo Giannetti, em São Paulo, oferece mais do que
a oportunidade de tomar contato com o estilo de vida despojado do mineiro de 61 anos que virou best-seller
e palestrante-celebridade. Estar ali é como penetrar no seu pensamento nítido e racional. Muito alto, ele se
move pelo recinto como a não ferir o equilíbrio do mobiliário e a ordem das estantes repletas de obras dos
autores que o formaram: Adam Smith, Hume, Machado de Assis e Gilberto Freyre. A harmonia do ambiente
contrasta com a desordem que assola a vida brasileira, tema que o preocupa. “Tento oferecer uma
interpretação do Brasil”, diz, sobre seu 12º livro, “O Elogio do Vira-Lata e Outros Ensaios” (Companhia
das Letras). Nesta entrevista, ele justifica a autodescrição de “profeta analítico” e se mostra otimista com
o País, cujos problemas, crê, podem ser resolvidos se os brasileiros se reconhecerem naquilo que os une: a
paixão, o improviso e a generosidade de um povo mestiço. (Leia também: “A originalidade do brasileiro
é ser vira-lata”)
Em seu novo livro, você diz que falta juízo ao Brasil. Por quê?
Porque construímos uma floresta de palácios no meio do cerrado em um país que não tem saneamento
básico, não resolveu o problema do ensino fundamental. Fizemos uma Copa do Mundo dispendiosa,
construímos elefantes brancos de estádio em um país que não tem o mais elementar da saúde pública. Isso
provocou de certa maneira os protestos de junho de 2013, que pedia “padrão Fifa” para o transporte
coletivo, pelo menos…
O suposto o “padrão Fifa”…
Sim, o que parecia o “padrão Fifa”. O Brasil assinou o acordo nuclear com a Alemanha, custando bilhões
de dólares, com uma população carente de saneamento, de transporte público, de dignidade elementar na
vida material. Isso é uma falta de juízo completa. Nós somos o país da Zona Franca de Manaus. Imagine o
delírio de planejamento que é pegar a indústria eletroeletrônica de um país e transportá-la para o meio da
floresta amazônica. E ela está aí até hoje. O subsídio custa mais de R$ 20 bilhões por ano. É uma sandice
econômica. Eu brincava que se um inimigo declarado da indústria brasileira quisesse destruí-la, dificilmente
ele inventaria um ardil tão perverso quando esse: vamos jogar toda a indústria eletroeletrônica no meio da
selva, protegida por uma estufa de proteção de subsídios, e transportar tudo por caminhão. Isso é falta de
juízo.
https://istoe.com.br/categoria/entrevista/
Também em projeto de lei a epígrafe aparece. Neste caso, ela qualifica o projeto (de lei,
ordinária ou complementar, de decreto legislativo ou de resolução) e o situa no tempo pela
numeração e ano de apresentação.
Exemplo:
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº ..., DE ...4
(Do Tribunal de Contas do Distrito Federal)
Dispõe sobre a Lei Orgânica do
epígrafe Tribunal de Contas do Distrito
Federal e dá outras providências.
A CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL decreta:
TÍTULO I
DA NATUREZA, COMPETÊNCIA E JURISDIÇÃO
Capítulo I
Da Natureza e Competência
Art. 1º Ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, órgão de controle externo, nos termos da Constituição
Federal, da Lei Orgânica do Distrito Federal e na forma estabelecida nesta Lei, compete:
I — apreciar as contas anuais do Governador, fazer sobre elas relatório analítico e emitir parecer prévio,
nos termos do art. 37 desta Lei;
II — julgar as contas:
Assim, a epígrafe tem um largo uso, como em projetos, pesquisas científicas, TCCs etc, e
aqui demos apenas dois exemplos.
5. ALUSÃO
Alusão significa fazer referência, fazer menção a algo ou alguém, de forma a exemplificar
ou embasar determinada linha de raciocínio.
Veja exemplos:
P fez alusão ao artigo
C F
O
Assim, a menção a algo ou alguém que exemplifique, baseie ou fundamente é uma alusão.
Normalmente, ela serve como um mecanismo de retórica que ajuda a exemplificar determinada
ideia, colocando-a em comparação com algo que lhe seja similar.
A alusão ainda consiste num dos tipos de intertextualidade presentes na língua portuguesa,
representada pelo uso de referências a outras obras, seja de modo explícito ou implícito, para que
haja uma base de comparação no texto.
Neste caso, a alusão só atinge o seu objetivo no texto se o leitor tiver conhecimento prévio sobre
o conteúdo que está sendo utilizado como objeto de menção.
áà à à à à à à à à àá
Nesse exemplo, o interlocutor terá uma melhor compreensão da frase caso saiba quais são as cores
da bandeira da Alemanha.
Agora, vamos a mais algumas questões:
vem o corporativismo e retroalimenta a chaga arcaica. De onde vem essa canhestra forma de
à àP à à à à à à L àF àG àJusBrasil)
Nesse segmento há uma referência aos textos anteriores desta prova, que constitui uma das
marcas de caracterização dos textos em geral; essa marca é denominada:
(A) polissemia;
(B) ambiguidade;
(C) intertextualidade;
(D) coesão;
(E) coerência.
Comentário àáà à à à à à à à à à àC inuamos (em
à àXXI à à à à à à àV à à à à à à à à à
D M à à à à à
Assim, havendo menção a outro texto, ocorre a intertextualidade.
Gabarito: C
U à à à à à à à à à à à à à à à
textos; a passagem abaixo em que se alude a outro texto é:
(A) Enorme percentual de fumantes disposto a continuar fumando, apesar de ameaças de
à à à à à
(B) á à à à à à à à à à à à à
(C) P à à à à à à à à à à à à à
(D) M à à à à à à à à à à à à à à à
(E) Oà à à à à à
Comentário: Muito cuidado na resolução desta questão. Não podemos confundir citação direta
(cópia literal de outro texto), o que não deixa de ser uma intertextualidade, com uma alusão
(referência implícita a outro texto), que também é uma forma de intertextualidade.
Vimos que a intertextualidade é a presença de outros textos. Assim, todo o trecho entre
aspas é a fala de Millôr Fernandes.
P à à à à à à à à à à à àalude à à à à à
é, fazer alusão a algo não é explicitá-lo, não é copiá-lo literalmente no outro texto; é sugeri-lo,
referenciá-lo.
As alternativas (A), (B), (D) e (E) apresentam apenas a citação direta da fala de Millôr
Fernandes. Isso é intertextualidade, mas não por meio de alusão, conforme o pedido da questão.
A alternativa (C) é a correta, pois não se citou literalmente o outro texto, houve uma
sugestão, uma alusão àP à à à à à à à à à à à à à à à à à
à à à à à à à à à Nem só de pão viverá o homem à
Gabarito: C
(A) á à àO à Wilde e Mark Twain diziam apenas por humorismo (nunca se fazer
amanhã aquilo que se pode fazer depois de amanhã), não é no Brasil uma deliberada norma de
(B) á à à à à à à à à àB à à à à à idática
de viagens, encontrei no fim do volume algumas informações essenciais sobre nós e sobre a nossa
(C) Oà à à à à
(D) Q à à à à à à à à à à à‘ à àC à
do Exílio, Gonçalves Dias roga a Deus não permitir que morra sem que volte para lá, isto é, para
(E) J àã à àá à à à à à à à à à
à “ à à à
Comentário: Na alternativa (A), há intertextualidade, por haver referência a Oscar Wilde e Mark
T à à à à à à à à à à à à à à à à à
Na alternativa (B) não há intertextualidade, pois não se identificou o livro francês sobre o
Brasil. Tendo em vista a referência de forma indefinida, generalizada, não houve intertextualidade.
Na alternativa (C), há intertextualidade, haja vista uma menção aos dizeres
do filósofo e matemático francês D à P à à à áà à à à à
nome de paródia.
Nas alternativas (D) e (E), há intertextualidade, por haver referência a dois poemas típicos
do Romantismo: na Canção do Exílio, Gonçalves Dias roga a Deus não permitir que morra sem que
volte para lá, isto é, para cá; já Álvares de Azevedo tem aquele famoso poema cujo refrão é
à à “ à à à
Gabarito: B
32.
Quanto à intencionalidade, depreende-se que o objetivo principal do texto é:
(A) informar. (B) divertir. (C) impressionar. (D) criticar.
Comentário: Esta charge se baseia numa intertextualidade, pois faz uma crítica ao excesso de lixo
descartado irregularmente na natureza e que acaba sendo levado aos mares, com base no
conhecimento do leitor de uma passagem bíblica, de outro texto.
Observe que a crítica é construída usando a passagem do Primeiro Testamento, em que
Moisés abre o mar para atravessá-lo com seu povo. No caso da imagem, Moisés abre o mar para
que os garis possam limpá-lo.
Assim, a alternativa (D) é a correta.
Gabarito: D
33.
Quanto à construção de sentido do texto, o principal recurso empregado foi a
(A) ambiguidade. (B) intertextualidade. (C) inferência. (D) pressuposição.
Comentário: Como vimos na explicação da questão anterior, há uma referência ao texto do
Primeiro Testamento em que Moisés abre o Mar Vermelho para fugir do exército egípcio que o
perseguia e a seu povo também.
Dessa forma, a imagem de um homem, semelhante a Moisés, abrindo o mar, foi utilizada
para criticar o descarte irregular de lixo.
Assim, como há uma referência de um texto em outro, dizemos que foi empregado o recurso
da intertextualidade.
Portanto, a alternativa (B) é a correta.
Gabarito: B
34.
Considerados como sequência temporal dos Textos 1 e 2, os Textos 3 e 4 são a
(A) concepção do humano como um rebanho atualizado pelo conceito de teledirigíveis midiáticos.
(B) decomposição da humanidade do ser humano em favor da prioridade de sua animalidade.
(C) reconfiguração da essência da animalidade do ser, resultando em um novo ser humano.
(D) destituição da capacidade humana de autogestão, demonstrada na definição de ciência.
Comentário: A questão faz referência à sequência temporal dos textos. Portanto, vamos entendê-
la, interpretando também cada um.
O Texto 1 é de Platão, filósofo grego, sendo, portanto, o texto mais antigo. Nele percebemos
que Platão discute como o ser humano dominou os rebanhos de animais e como isso o levou a
dominar, dirigir a própria sociedade por meio do que Platão denominou política e real.
O Texto 2 é uma música do cantor e compositor Zé Ramalho, escrita em 1979, que compara
a sociedade, que é dominada pela política, como disse Platão, a um rebanho de gado, que, como o
gado, não reclama das péssimas condições de vida na esperança de dias melhores.
O Texto 3 é uma crítica a essa mesma sociedade, esse mesmo rebanho de Platão e Zé
Ramalho, em que há apenas um homem de cor diferente, o qual não foi dominado como os demais,
mas perceba que ele é minoria e que não há um mundo novo, como escrito no título, mas o mesmo
mundo de rebanho descrito por Platão.
O Texto 4 é uma crítica à mesma sociedade dominada como um rebanho, em que todos
pensam e agem da mesma forma. Isso fica claro ao vermos que a sociedade para qual o presidente
dos Estados Unidos acena é composta pelo mesmo personagem, Homer Simpson, o qual é um
típico homem que se deixa dominar, que não pensa por si e age de forma tola. Há, portanto, uma
crítica à mídia que manipula e domina a sociedade.
á à à à à à à à à à à à à à à
é um rebanho, uma massa dominada pela mídia.
Portanto, a alternativa (A) é a correta.
Gabarito: A
35.
Os Textos 3 e 4 intertextualizam com os Textos 1 e 2, por sintetizarem as noções de
áà à à à à à à à à à à
Bà à à à à à à à à à
Cà à à à à à raça de animais sem chifres.
Dà à à à à à à à à à à
Comentário: OàT à à à à à à à à à à à à à à à
os homens, com exceção de um, são da mesma cor, mostrando o domínio da massa, do rebanho,
em que todos são iguais, e apenas um se sobressai, por pensar e agir diferente dos outros que são
dominados.
O Texto 4 traz uma imagem de uma sociedade dominada pela mídia. Isso é mostrado por
meio da representação da sociedade pelo mesmo personagem televisivo, cuja característica
principal é ser uma pessoa totalmente influenciável. Dessa forma, ao mostrar todos iguais, há a
à à à à à à à à à à à
Assim, a alternativa (D) é a correta.
Gabarito: D
36.
As ações sociais e políticas do homem, sugeridas nos Textos 1 e 2 e evidenciadas nos Textos 3 e 4,
na contemporaneidade, resumem-se
(A) aos relacionamentos amorosos e afetivos entre duas pessoas.
(B) à atuação nos meios educacionais e na vivência sociocultural.
(C) ao comportamento de consumidor e à participação eleitoral.
(D) à intervenção nas decisões e à atuação nas redes sociais.
Comentário: Como vimos nas análises das questões anteriores, há um conceito de domínio da
sociedade, tratando-a como massa, rebanho em que todos obedecem e se conformam com as
situações.
Assim, as ações sociais e políticas do homem podem se resumir ao comportamento de
consumidor, o qual é influenciado pela mídia a comprar produtos específicos, dando a impressão
de liberdade e felicidade. Contudo, na verdade, todos estão vivendo e pensando de forma igual, o
que reflete na participação eleitoral, em que a sociedade também é tratada como rebanho,
influenciada pela mídia.
Assim, a alternativa (C) é a correta.
Gabarito: C
37.
O Texto 3 representa a imagem da sociedade, ao passo que o Texto 4 representa a imagem de uma
parcela da sociedade, o eleitorado. Há uma distinção substancial entre as duas imagens. Essa
distinção é dada
(A) pelo enquadramento disforme da imagem da sociedade em relação ao enquadramento
uniforme do eleitorado.
(B) pela monovalência da imagem da sociedade em comparação com a ambivalência da imagem
do eleitorado.
(C) pelo caráter humorístico da imagem da sociedade e pelo caráter disfórico da imagem do
eleitorado.
(D) pela presença de um arquétipo destoante na sociedade e pela total ausência de marca
destoante entre o eleitorado.
Comentário: Ao observarmos a imagem do texto 3 e a do texto 4, notamos que realmente há pelo
enquadramento disforme da imagem da sociedade em relação ao enquadramento uniforme do
eleitorado. Isso é fato e patente! Assim, a alternativa (A) é a correta.
A alternativa (B) está errada, pois à - à à à à à à à à à
quando na verdade a imagem está disforme. No texto 4, observamos a semelhança dos indivíduos,
à à à à
A alternativa (C) está errada, pois não há caráter humorístico da imagem da sociedade no
texto 3, muito menos um caráter disfórico da imagem do eleitorado no texto 4.
A alternativa (D) está errada, pois não há presença de apenas um arquétipo destoante na
sociedade no texto 3. Um está destacado, mas não se pode afirmar categoricamente que os demais
indivíduos são iguais entre si.
Gabarito: A
38.
A síntese dos quatro textos, com base na última divisão da ciência, na classificação de Platão, pode
ser assim expressa:
(A) a política é uma forma de modificar a realidade.
(B) a política é o único modo de promover a justiça social.
(C) a política é a arena onde o homem é o lobo do próprio homem.
(D) a política é a arte de governar, e governar significa dirigir os homens.
Comentário: C à à àP à Por fim, a última subdivisão restante, nos rebanhos bípedes,
será a arte de dirigir os homens. É precisamente o que procuramos; a arte que se honra por dois
nomes: política e real à à à à à à à à à à à à à à à à à
representada pelo governo.
Portanto, a política é a arte de governar, e governar significa dirigir os homens.
39.
O Texto 2 dialoga com o Texto 1 no que diz respeito à percepção sobre sabedoria. Nesses textos, a
sabedoria é uma
40.
Diferentemente do Texto 1, na tira (Texto 2) é adotado um estilo linguístico
(A) informal e espontâneo, para reproduzir a oralidade.
(B) poético, mas despojado, para encantar o leitor.
(C) culto, mas descontraído, para imitar jovens.
(D) coloquial e elegante, para atrair atenções.
Comentário: N à à à à à àH à à à à Oà à à ? à à
à à à à à à à à à à à à à à à
especialmente na oralidade.
Assim, a alternativa (A) é a correta.
Gabarito: A
41.
A situação comunicativa dos Textos 1 e 2 proporciona a evidência da mesma tonalidade discursiva
nos dois textos, com a mesma finalidade. Infere-se desses textos uma função sociodiscursiva de
(A) testagem do entendimento dos interlocutores.
(B) esclarecimento dos sentidos das palavras.
A transtextualização ou intertextualidade à à à à à à à à à
texto (texto meta) mediante a incorporação ou transformação da totalidade ou de parte de outro
à à à á)E‘EDO àJ àC àG àH à àL àP à à
São vários os tipos de transtextualização elencados na referida obra, dentre eles a
incorporação, a citação, a alusão, a reelaboração, a paráfrase, a tradução e a paródia.
Especificamente, a alusão consiste em evocar um texto ou discurso anterior (de outro gênero, de
outra época, de outra cultura), para produzir, no presente, um efeito de sentido autorizado ou
legitimado pelo texto/discurso evocado. Diferentemente da citação, cuja incorporação o
interlocutor identifica graças às marcas, a alusão só é percebida se o texto que ela evoca faz parte
da cultura do interlocutor (IBIDEM, p. 98).
Atente para as seguintes assertivas apresentadas na comparação dos textos 2 e 3.
I. Há uma relação explícita entre o primeiro verso do poema de Drummond e o último verso do
Canto I de Os Lusíadas, de Camões, apresentados nesta prova.
II àOà à à T à à à à à à à à à à
descrição drummondiana do tédio do homem face a suas conquistas que não o levam à resolução
de problemas mais imediatos como a fome, a desigualdade e as injustiças, também evocadas por
Camões nos versos iniciais da estrofe 106 de Os Lusíadas.
III àOà à à à à à à à à à à à à à à
recorrendo, inclusive, à mesma parceria rítmica (parte/arte).
IV. Enquanto em Camões a humanização reivindicada refere-se a uma europeização do espaço
terrestre, no poema de Drummond, diferentemente, a humanização é interplanetária, o que se
verifica inclusive pelo uso da maiúscula na palavra Terra no primeiro verso de seu poema.
São marcas de alusão
A) apenas o que se afirma em I e II.
B) apenas o que se afirma em I, II e III.
C) apenas o que se afirma em II e III.
D) apenas o que se afirma em III e IV.
E) o que se afirma em I, II, III e IV.
Comentário: A questão insere alguns conceitos e características da intertextualidade e em seguida
mostra a diferença entre citação e alusão. Conforme a orientação da questão, a alusão só é
percebida se o texto que ela evoca faz parte da cultura do interlocutor. Já a citação apresenta
marcas que deixam literais as informações de outro texto. Assim, a alusão é sugestiva e depende
do conhecimento da cultura do texto referenciado; já a citação é direta, com marcas que
evidenciam isso.
A afirmativa I apresenta uma alusão, pois, sem qualquer elemento linguístico que indicasse
que a frase ou palavras-chave são de Camões, Drummond afirma que o homem é bicho da Terra
tão pequeno. Q à à à à à àC à Contra um bicho da terra tão pequeno? )
não entenderia que o verso de Drummond transmite uma intertextualidade. Assim, o primeiro
verso de Drummond alude ao último verso do Canto I de Os Lusíadas, de Camões. Confirme:
O homem, bicho da Terra tão pequeno Drummond
Contra um bicho da terra tão pequeno? Camões
A afirmativa II apresenta uma alusão, à à à àC à T à à
à à à à à à à à à à à àD à à à à
mostrar que, independentemente do local onde o homem colonize, seus problemas irão com ele,
uma vez que os problemas não estão num local, mas sim no próprio ser humano que deve enfrentar
à à à à à à à à à à à à ver consigo e tentar resolver
os problemas do mundo, o que seria mais difíci à à à à à à à à à à
colonizando outros locais, a tentar resolvê-los.
Dessa forma, Camões também se refere aos problemas que o homem não consegue
resolver, mesmo estando em lugares diferentes: no mar, há muitas tempestades que podem
afundar os navios e levar à morte; na terra, há guerras que também levam à morte. Assim, o eu-
lírico do poema se questiona: onde o homem pode se acolher e ficar seguro longe de todos os
problemas? Logo, ao ler Drummond, vemos que não há locais seguros e livres de fome,
desigualdade e injustiças, o homem é quem deve buscar soluções e transformar o próprio espaço.
P à à à à à à à à à à à à à à à -lírico de
ambos os poemas deixa clara a fragilidade do homem diante dos problemas da vida e sua
dificuldade de resolvê-los.
Assim, pode-se concluir dessa afirmativa II que realmente há um ponto de partida nos versos
àC à T à à à à à à à à à à à
face a suas conquistas. Como não há elementos linguísticos que deixam claro esse diálogo entre os
dois, entendemos que há uma alusão.
A afirmativa III apresenta uma alusão, pois há uma clara alusão do poema brasileiro ao
poema português, utilizando, inclusive as mesmas rimas (parte/arte). Releia os trechos de ambos
abaixo:
humaniza Marte com engenho e arte. Cantando espalharei por toda parte,
Marte humanizado, que lugar quadrado. a tanto me ajudar o engenho e arte. - Camões
Vamos a outra parte? Drummond
Como não há citação, isto é, indicação de que as expressões são de Camões, ocorre alusão,
pois a indicação é sugestiva e necessita do conhecimento do texto de Camões.
A afirmativa IV não apresenta alusão, nem citação, pois afirma que há uma diferença na
abordagem e notamos isso justamente pela abordagem de uma humanização mais interplanetária
de Drummond e a de Camões mais europeizada.
Como somente as afirmações I, II e III apresentam alusão, a alternativa (B) é a correta.
Gabarito: B
Língua Fala
Benveniste entende que é por meio da enunciação, a qual é a apropriação da língua por um
ato individual. Para que ocorra a enunciação, entendendo como ato de dizer, é preciso também
que haja um enunciado (aquilo que é dito), pensando nesse processo de enunciação como
apropriação da língua por um ato individual.
Nesse sentido, pensa-se em como uma pessoa fala em Libras, como uma pessoa fala em
inglês, em alemão, em francês, em outra língua. Para tanto, é necessário que ela tenha um
conhecimento internalizado dessa língua para que seja possível então enunciar.
Somente isso não seria suficiente para que Benveniste desenvolvesse uma teoria da enunciação.
Em primeiro lugar, ele afirmou que enunciação é a instância da mediação entre língua e fala. Mas,
ao colocar essa definição, podemos nos perguntar: o que é instância?
É o conjunto de categorias que cria um determinado domínio.
Então temos outra pergunta internalizada? O que é categoria?
É uma noção que vai servir para agrupar uma classe de elementos da realidade.
Quando pensamos em elementos da realidade, pensamos em classes e estas representam
características comuns.
As categorias linguísticas são os substantivos, pronomes, numerais, dentre outros.
Pensando nesse conjunto de categorias linguísticas, que vão significar a enunciação, que
ocorre entre a língua e a fala, temos:
O conjunto de categorias linguísticas
Língua Fala
N à à à à à à à à à à à à -se o
momento (o agora) e o espaço (o aqui).
N à à à à à à à à à à à à à avra
(quem fala).
Entendemos, então, que, no processo de enunciação, existe um conteúdo linguístico que
sempre é composto por pessoa, tempo e espaço.
E N
Enunciar a enunciação
Dizer dentro do enunciado
Acima, constatamos uma nítida crítica por parte do autor ao criar o personagem,
representado por uma criança que encontra uma bala perdida e mal sabe do que se trata,
considerando-a como se fosse um objeto qualquer. Por isso, ele é alertado pela mãe acerca das
reais evidências do objeto. Nesse caso, a autoria aborda com toda propriedade a violência que
acomete a sociedade atualmente.
Dessa forma, cabe afirmar que, nós, como interlocutores, temos de estar aptos para
desvendar tudo isso que se encontra por trás das entrelinhas, fato que somente se torna possível
se dispusermos do chamado conhecimento de mundo, ou seja, conhecimento de toda a situação
que se encontra à nossa volta. Por exemplo, em uma charge, demarcada geralmente por uma
crítica a um fato social específico, se não entendermos sobre o mundo que nos rodeia, será
impossível entender a mensagem, ou seja, o discurso que ora se nos apresenta.
Diante disso, o discurso revela um posicionamento por parte de quem escreve um
determinado texto, por isso podemos dizer que o texto e o discurso se completam.
Abraço.
Terror
Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a cara. Lhe partir
a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz?
Partir-te a cara.
Pois é. Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.
É para o seu bem.
Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma
correção e eu...
O quê?
O mato.
Que mato?
Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?
Pois esqueça-o e para-te. Pronome no lugar certo é elitismo!
Se você prefere falar errado...
Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderem-me?
No caso... não sei.
Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
Esquece.
N àC à àV à à à àEà à à à à à à
Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.
Depende.
Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não sabes-o.
Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás. Mas não posso mais dizer-lo-te
o que dizer-te-ia.
Por quê?
Porque, com todo este papo, esqueci-lo.
Verissimo, Luis Fernando. Novas comédias da vida pública, a versão dos afogados. Porto Alegre: L&PM, 1997.
[Adaptado].
De acordo com o texto acima e com a norma padrão escrita, é correto afirmar que:
A) um dos falantes não frequentou a escola.
B) o diálogo entre amigos é uma oportunidade para aprender regras da norma padrão.
C) a forma de dizer é mais importante do que o conteúdo.
D) não é possível um diálogo entre pessoas que usam diferentes variantes linguísticas.
E) a preocupação excessiva com a forma gerou truncamento na comunicação.
5. (CEPUERJ / UERJ Técnico em Enfermagem 2019)
OS TAIS HIGIENISTAS
Careta, 4 dez. 1920
Queria escrever uma longa carta ao Excelentíssimo Senhor doutor Carlos Chagas sobre a sua
Saúde Pública e o draconiano regulamento que Sua Excelência acaba de extorquir dos poderes da
República.
Há muitas presunções profissionais. Há a presunção literária, que é ridícula; há a militar, que é
odiosa; há a médica, que é de uma lamentável estreiteza; e muitas outras, porque cada profissão
tem a sua presunção e se julga como dominadora de todas as outras, sem perceber que todos os
ofícios se entrelaçam e a nossa sociedade é uma rede de artes e mesteres, todos eles necessários
a ela.
O Senhor Chagas é o mais alto representante da presunção médica.
Ele julga que, se há tuberculose, é porque não se decreta tal e qual lei e não se põe a sua
execução nas mãos dele e de seus colegas; se há opilação é porque não se açoita o sujeito que anda
à à à à à à à à à à à à à à à à à à
que o valha; e, assim, por diante.
Todos os males da humanidade estariam curados se ela fosse governada por ditadores
médicos, auxiliares acadêmicos, mata-mosquitos, etc., etc.
O equilíbrio de outras condições da vida atual com as necessidades da higiene, ele não vê.
Não vê que é preciso dinheiro para se ter boa alimentação, vestuário e domicílio, condições
primordiais da mais elementar higiene; entretanto, por isto ou por aquilo, a maioria da população
do Brasil se debate na maior miséria, luta com as maiores necessidades, não podendo obter
aqueles elementos de vida senão precariamente, mesmo assim custando-lhe os olhos da cara.
Sua Excelência antes de expedir regulamentos minuciosos sobre tantos atos da nossa vida
doméstica, devia ter o cuidado de facultar-nos os meios de realizar as suas exigências.
O que há em Sua Excelência, é o que há em todos de sua categoria: Sua Excelência nunca
conheceu necessidades e afere a vida dos outros pela sua, feliz e rica.
Por falar nisto, lembro aqui um caso.
Quando morreu o professor Francisco de Castro, suspeitou-se que houvesse sido de peste, que
reinava entre nós naquele tempo.
Os médicos da Saúde Pública quiseram verificar a cousa; mas a camarilha do doutor Castro, a
cuja frente se achava o Senhor Azevedo Sodré, se opôs violentamente que cumprissem o seu dever.
Chico Castro não podia morrer de peste bubônica...
São assim os nossos ferrabrases de higienistas à prussiana: dois pesos e duas medidas...
BARRETO, Lima. In: RESENDE, Beatriz; VALENÇA, Rachel (Org.). Toda Crônica. Rio de Janeiro: Agir, 2004. p. 237-238.
v.2.
No texto, em relação à linguagem, emprega-se predominantemente o(a):
A) à à à à à à à à à à à “ à
E à à à à à à à‘
B) n à à à à à à à à à à à à à
de facultar- à à à à à à à
C) à à à à à à à à à à -lhe os olhos
à
D) gíria, à à à à à à à à à à à
6. (IF-MS / IF-MS Técnico em Tecnologia da Informação 2019)
Leia a crônica “ à àL àF àV
Dois homens tramando um assalto.
- Valeu, mermão? Tu traz o berro que nóis vamo rendê o caixa bonitinho. Engrossou, enche o
cara de chumbo.
Pra arejá.
- Podes crê. Servicinho manero. É só entrá e pegá.
- Tá com o berro aí?
- Tá na mão.
Aparece um guarda.
- Ih, sujou. Disfarça, disfarça...
O guarda passa por eles.
- Discordo terminantemente. O imperativo categórico de Hegel chega a Marx diluído pela
fenomenologia de Feurbach.
- Pelo amor de Deus! Isso é o mesmo que dizer que Kierkegaard não passa de um Kant com
algumas sílabas a mais. Ou que os iluministas do século 18...
O guarda se afasta.
- O berro, tá recheado?
- Tá.
- Então, vamlá!
Disponível em: https://brainly.com.br/tarefa/1731104. Acesso em: 08.11.18
Com relação à noção de variações linguísticas, considere as afirmações abaixo a partir do fato
narrado na crônica:
I. Os dois assaltantes usam a gíria típica de malandros e mudam o nível de linguagem para
disfarçar quando o guarda se aproxima.
II. Quando o guarda se aproxima, os dois malandros passam a falar sobre filosofia numa
linguagem culta para impressiona-lo, dando a impressão de serem intelectuais.
III. A crônica mostra que há um preconceito com relação ao nível de linguagem que usamos, e,
por isso, ela é um fenômeno de exclusão social.
IV. Por ser um estilo coloquial, a gíria só é usada por pessoas de baixa escolaridade, como, por
exemplo, assaltantes.
V. A crônica mostra que devemos ter uma consciência linguística para as diferentes situações de
uso da linguagem.
7.
Assinale a opção que indica as palavras da charge que mostram variação popular de pronúncia.
(A) Ai Sinhô.
(B) Sinhô ah.
(C) Sinhô tô.
(D) tô manda.
(E) manda ela.
8.
Assinale a opção em que o segmento verbal da charge não apresenta problemas de norma-padrão.
(A) Ai Jesus.
(B) Me ajuda.
(C) Ah Sinhô.
(D) há meses.
(E) manda logo ela.
9. (CRS PMMG / CFS/CSTSP 2018)
A necessidade da Interatividade entre a Polícia e a População
Por Archimedes Jose Melo Marques
Em um país em que a sociedade clama por uma segurança pública mais eficaz e mais
presente, nota-se que o organismo estatal sente-se impotente e incapaz para debelar sozinho
a crescente onda de violência que assola todos os lugares.
A Polícia como figura principal encarregada de manter a ordem pública para a
consequente prestação da paz social precisa da conscientização e cooperação de toda a
sociedade para alcançar os seus objetivos, entretanto, é fato presente que o povo, na sua
maioria, ainda tem a polícia como se fosse então esta instituição a única responsável pelo
assolamento da violência no país, a principal responsável pelo recrudescimento da
criminalidade, como se fossem então os policiais seres Onipotentes e Onipresentes para
estarem em todos os lugares, a todo o momento, a fim de evitar ou descobrir crimes como
num passe de mágica.
A violência e o aumento da criminalidade que atingem o povo, atingem também a Polícia,
o Governo. Atingem a toda a sociedade. Todos nós estamos na mesma aflição.
A paz é a aspiração e o desejo fundamental de todo ser humano, entretanto, só poderá
ser atingida com a ordenação da potencialidade da sociedade e do poder público em torno
do ideal comum de uma segurança justa, cooperativa e interativa.
A Lei entrega à Polícia o poder do uso da força. Essa exclusividade da violência legal visa
tão somente ajudar a regular as interações sociais. Através desse poder legitimado e da
função específica de manter a ordem pública, a sociedade espera da sua Polícia toda a
proteção possível e até impossível, entretanto, pouco ou nada faz para ajudá-la.
O estudo das relações humanas constitui uma verdadeira ciência complementada por
uma arte, a de se obter e conservar a cooperação e a confiança das partes envolvidas, por
isso o presente apelo que visa uma verdadeira interatividade entre a Polícia e a sociedade
para melhor se combater a violência e a criminalidade reinante no país.
Durante muito tempo, a sociedade pouco se incomodou com a questão da violência, da
criminalidade e tinha a Polícia apenas como um mal necessário quando na verdade é esta
valorosa instituição de defesa do cidadão, um bem essencial, um real instrumento da
cidadania e da ordem pública. A Polícia é, antes de tudo, a guardiã das Leis Penais e o alicerce
da Justiça. Sem a Polícia haveria o caos social absoluto.
O preceito constitucional de que a segurança pública é direito e responsabilidade de
todos deve sempre crescer até ganhar apoio da maioria populacional e não apenas de uma
parcela da sociedade. Os conselhos de segurança dos Estados, das cidades, dos bairros, dos
povoados e as organizações não governamentais devem se fortalecer cada vez mais com a
conscientização e a união ampla e irrestrita para ajudar a Polícia na sua árdua missão de
combater o crime e resgatar a ordem ferida.
A sociedade brasileira precisa confiar mais na sua Polícia, no seu Ministério Público, na
sua Justiça. Precisamos resgatar a confiança do povo nas suas instituições de combate ao
crime, perdida através dos tempos.
Na mesma velocidade em que a criminalidade e a violência avançam no nosso país por
motivos diversos, o crime organizado ganha forças principalmente com o tráfico de drogas
que termina sendo a raiz de todos os outros crimes subsequentes, tais como: sequestros,
homicídios, latrocínios, roubos, torturas, corrupções, extorsões, lesões corporais...
Precisamos, além de leis mais rígidas e menos burocráticas, da união de todos os
segmentos da sociedade e em especial do poder público para formar uma Polícia
verdadeiramente forte trabalhando sempre em interatividade com a população para enfim
combatermos a marginalidade com mais presença, combate este que deve ter um maior
investimento em ações preventivas para não sobrecarregar as ações repressivas como de fato
vem ocorrendo no nosso país.
Assim teremos uma força satisfeita, trabalhando todos como verdadeiros parceiros
contra o crime em busca do ideal comum de uma segurança pública mais adequada e
constante que a sofrida população brasileira bem merece.
Autor: Archimedes Marques (delegado de Polícia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica
de Segurança Pública pela UFS) adaptado da versão disponível em: Acesso em: 05 fev. 2018.
Assinale a alternativa em que todas as características apresentadas podem ser atribuídas ao texto
escrito pelo delegado Archimedes Jose Melo Marques.
A. ( ) Linguagem direta, informal, espontânea e dialogal.
B. ( ) Uso acentuado de linguagem figurada e de efeitos expressivos.
C. ( ) Tratamento de tema atual de forma crítica e resignada.
D. ( ) Objetivo e uso predominante de 3ª pessoa.
10. (CRS PMMG / CFS/CSTSP QPPM 2015)
PENA DE MORTE
PELLEGRINO, Hélio. A inocência do demônio. Rio de Janeiro, Rocco, 1988. (Com adaptações)
A pena de morte, não obstante os esgares e contorcionismos ideológicos que a
queiram legitimar, é um crime contra a justiça e contra o esforço civilizatório da raça
humana. Humanizar-se ou hominizar-se é poder suprimir ou sublimar os impulsos
primitivos que nos levam a combater o crime com o crime. A pena de morte tem como
fundamento não o desejo de reparação ou de justiça, mas a sede bruta de vingança. Na
medida de sua adoção, ficamos filosófica e moralmente comprometidos e emparelhados pela
lógica zoológica do velho axioma iníquo: olho por olho, dente por dente. Se o mal com o
mal se paga, numa estrita e sinistra odonto-oftálmica, não há porque não condecorar, com
as mais altas insígnias republicanas, os beneméritos esquadrões da morte que exornam nossa
paisagem cívica, jurídica e policial. A pena de morte, incluída na letra do Código Penal,
consagra e institucionaliza o procedimento desses bandos criminosos transformando-o
em norma de justiça. Convenhamos que, em matéria de desordem, poucas medidas seriam
capazes de chegar tão longe.
Na avaliação do problema da pena de morte, há que levar em conta o fato de que ela,
uma vez aplicada, cria uma situação absoluta e irreparável. A morte é a impossibilidade de
qualquer possibilidade, seja lá do que for. [...]
Além dos aspectos filosóficos e religiosos que a condenam, a pena de morte é
perfeitamente indefensável a partir de argumentos sociais e políticos. Cada sociedade tem os
criminosos que merece, isto é, a prática do bem e do mal, ou a maneira pela qual os seres
humanos se relacionam, tem tudo a ver com a vida comunitária e com o grau de justiça ou
de injustiça que lhe define a estrutura. A fome, a opressão espoliadora, o abandono da
infância, o desemprego em massa, as greves e clamores desníveis entre as classes não
constituem, obviamente, boa fonte de inspiração para um correto exercício da cidadania. O
processo civilizatório, pelo qual cada um de nós dá o salto da natureza para a cultura, de
modo a tornar-se sócio da sociedade humana, exige renúncias cruciais e sacrifícios
cruciantes. Na infância, através das vicissitudes do complexo de Édipo, temos que abrir mão
de nossas primeiras e decisivas paixões. Depois, o corpo social nos impõe a lenta e
dolorosa aquisição de uma competência, que nos qualifique para o trabalho e para o pão de
cada dia.
Tudo isto contadas às favas nos custa os olhos da cara, e da alma. É preciso, de
maneira absoluta, que cada trabalhador, seja ele qual for, receba da comunidade um retorno
salarial e existencial condigno, expressão do respeito coletivo pelo seu esforço. Este é um
dever social irrevogável, ao qual corresponde um direito sagrado. A ruptura desta articulação
constitui uma violência inaudita, capaz de tornar-se a matriz de todas as violências e de
todos os crimes. Uma sociedade como a nossa, visceralmente comprometida com a injustiça
e, portanto, geradora de revolta e delinquência, cometeria uma impostura devastadora e
destruidora -, se adotasse a pena de morte. Ao invés de fabricarmos bodes expiatórios, temos
todos que assumir, sem exceção de ninguém, a responsabilidade geral pela crise e pelo
crime.
Há, por fim, a favor da pena de morte o argumento psicológico da intimidação. O
criminoso, diante do risco de perder a vida, pensa duas ou mais vezes na consequência fatal
do delito que o tenta, acabando por desistir de praticá-lo. Afirma-se aqui o princípio
psicanaliticamente ilusório de que o delinquente grave tem arraigado amor à própria vida.
Em verdade, acontece o oposto. A autoestima do ser humano se constrói a partir dos cuidados
do amor recebidos de fora, dos outros. Este amor, internalizado, vai constituir o
fundamento da possibilidade que cada um terá de amar-se a si mesmo, por ter sido amado.
Se sou capaz de amar a mim próprio, e à minha vida, sou também proporcionalmente capaz
de amar ao próximo, meu semelhante, meu irmão e meu espelho.
O criminoso grave, ao liquidar sua vítima, condena-se, por mediação dela, à morte, com
ódio e desprezo. Não o imitemos, através da pena de
A linguagem coloquial empregada no texto pode ser exemplificada pela frase:
A. ( ) T isto contadas as favas nos custa os olhos da cara, e da
B. ( ) H por fim, a favor da pena de morte o argumento psicológico da
C. ( ) E é um dever social irrevogável, ao qual corresponde um direito
D. ( ) C que, em matéria de desordem, poucas medidas seriam capazes de chegar tão
cortesia, tentar subornar o policial ou guarda de trânsito, burlar normas de trânsito (sinais e
por exemplo), desrespeitar normas trabalhistas, andar pelo acostamento ou em
pistas reservadas a ônibus), burlar licitações e obter vantagens indevidas, pagar multas e
continuar desobedecendo a lei, jogar lixo pela janela ou nas ruas, receber auxílios sem
necessidade (moradia, deslocamento, verbas de gabinete, despesas extras) etc.
Muitos acreditam que pequenos delitos como esses não se comparam a grandes
corrupções milionárias, mas se esquecem que ambos são delitos, são atitudes desonestas que
desonram nosso caráter.
Somos todos humanos e imperfeitos, mas isso não impede que num determinado
momento de nossas vidas possamos dar um basta a atitudes como essas, que são de fato
desonestas. Não há mentiras grandes e pequenas, na bruta concepção da palavra. Uma água
límpida deixa de ser potável com uma mísera bactéria num cisco e também com uma colher
cheia de dejetos. Óbvio que as consequências são diferentes para cada tipo de ação.
Uma relevante campanha da Controladoria-Geral da União, intitulada P
Corrupções Diga N merece um destaque ainda maior. Mudamos um país investindo na
educação e cultura de cada indivíduo. O comportamento que é socialmente adequado hoje
pode não ser amanhã.
Quando todos decidirem mudar o caráter de cada indivíduo, a ética cívica coletiva será
mudada. A corrupção que está tão arraigada em determinado partido não é responsabilidade
exclusiva da classe política, é fruto dessa aceitação generalizada de obter vantagens, desse
jeitinho torpe de ser e de se achar mais merecedor do que os demais. Adote essa ideia!
Disponível em: https://www.dm.com.br/opiniao/2015/05/pequenas-corrupcoes.html. Acesso em 10 de
junho de 2016.
E foi numa dessas que sumiu o relógio do cumpadi João, um cidadão por demais
conhecido por aquelas bandas do Pau Fincado. Foi a conta de sumir o relógio dele para o dito
cujo correr pra delegacia mais próxima e dar parte do fato.
O delegado pediu que o sêo João arranjasse três testemunhas para lavrar o ocorrido e
então prender o tal ladrãozinho popular. Arranjar três testemunhas de que o tal Justino havia
surrupiado qualquer coisa era fácil, dado a popularidade do dito cujo pra esses afazeres fora
da lei.
A cena que conto agora transcorreu assim, sem tirar nem pôr. Intimado o Justino, eis ali,
ladrão, vítima e três testemunhas:
DELEGADO (para a primeira testemunha) O senhor viu o Justino roubar o relógio do sêo
João, aqui presente?
TESTEMUNHA 1 Dotô.Vê, ansim com os óio, eu num posso dizê que vi. Mas sei que ele é
ladrão mêmo. O que ele vê na frente dele, ele passa a mão na hora. Pode prendê ele dotô!
DELEGADO (para a segunda testemunha) E o senhor? Viu o Justino roubar o relógio do sêo
João?
TESTEMUNHA 2 Óia, dotô ...num vô falá que vi ele fazê isso, mas todo mundo no arraiá sabe
que ele róba mêmo, uai. Pode prender sem susto. Eu garanto que foi ele que robô esse
relógio.
DELEGADO (para a última testemunha) E o senhor? Pode me dizer se viu o Justino roubar o
relógio do sêo João?
TESTEMUNHA 3 Dotô, ponho a mão no fogo si num foi ele. Prende logo esse sem vergonha,
ladrão duma figa. Foi ele mêmo!
DELEGADO Mas o senhor não viu ele roubar? O senhor sabe que foi ele, mas não viu o fato
em si?
TESTEMUNHA 3 Num carece de vê, dotô! Todo mundo sabe que ele róba. Pode preguntá
pra cidade intêra. Foi ele. Prende logo esse peste!
DELEGADO (olhando firme para o Justino) Olha aqui, Justino. Eu também tenho certeza de
que foi você que roubou o relógio do sêo João. Mas, como não temos provas cabíveis,
palpáveis e congruentes.... você está, por mim, absolvido.
JUSTINO (espantado, arregalando os olhos para o delegado) O que, dotô ? O que que o sinhô
me diz? Eu tô absorvido????
DELEGADO Está absolvido.
JUSTINO Qué dizê intão que eu tenho que devorvê o relógio?
Disponível em: http://www.rolandoboldrin.com.br/causos. Acessado em 19 ago. de 2016.
12.
Marque a alternativa CORRETA. Quanto à diversidade linguística no texto apresentado, podemos
afirmar que o autor optou por:
A. ( ) utilizar uma variação diastrática.
B. ( ) utilizar uma variação diafásica.
C. ( ) utilizar uma variação histórica.
D. ( ) utilizar uma variação diatópica.
13.
Leia as assertivas abaixo e, ao final, responda o que se pede.
I. A variação linguística é um interessante aspecto da língua portuguesa e pode ser compreendida
por meio das influências históricas e regionais sobre os falares.
II. A língua é um sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística, sob pena de
empobrecimento do léxico.
III. O tipo de linguagem do texto compromete o seu entendimento ao leitor.
Marque a alternativa CORRETA.
A. ( ) Apenas a assertiva II, está correta.
B. ( ) Apenas a assertiva I, está correta.
C. ( ) Apenas a assertiva III, está correta.
D. ( ) Todas as assertivas estão corretas
14. (Marinha / EAM Marinheiro 2016)
Assinale a opção que apresenta marca de linguagem coloquial.
a) "[...] as redes sociais são utilizadas, também, pelas empresas na promoção de seus bens e
serviços [...] ."
b) "[...] pessoas que não conseguiam se desligar de seus computadores pra entrar nas redes
sociais [...]."
c) "O próprio conceito de redes sociais é antigo e indica a integração de pessoas que têm um
objetivo comum [...]."
d) "Além dos problemas psicológicos de vício e isolamento social que estão sendo estudados
[...]."
e) "Com o advento dos aparelhos móveis e a ampliação dos recursos dos celulares [...]."
15. (Aeronáutica / ITA Aluno 2015)
Assinale a opção que apresenta características de coloquialidade.
a) Vou confessar um pecado: às vezes, faço maldades.
a) histórica, que se refere à dinamicidade da língua, que muda permanentemente com os seus
falantes.
b) social, que depende do contexto de comunicação, de quem são os interlocutores e seus
objetivos.
c) relativa à faixa etária: crianças, jovens, adultos e velhos podem ter um vocabulário diverso.
d) geográfica, pois se refere ao uso da mesma língua em diferentes países.
e) de registro, relacionada ao maior grau de informalidade entre os interlocutores.
17. (FCC / Caixa Engenheiro 2013)
A lua da língua
Existe uma língua para ser usada de dia, debaixo da luz forte do sentido. Língua suada,
ensopada de precisão. Que nós fabricamos especialmente para levar ao escritório, e usar na
feira ou ao telefone, e jogar fora no bar, sabendo o estoque longe de se acabar. Língua clara
e chã, ocupada com as obrigações do expediente, onde trabalha sob a pressão exata e
dicionária, cumprimentando pessoas, conferindo o troco, desfazendo enganos, sendo
atenciosamente sem mais para o momento. É a língua que Cristina usou para explicar quem
quebrou o cabo da escova, ou a língua das aeromoças em seus avisos mecanicamente
fundamentais.
Mas no entardecer da linguagem, por volta das quatro e meia em nossa alma, começa a
surgir um veio leve de angústia. As coisas puxam uma longa sombra na memória, e a própria
palavra tarde fica mais triste e morna, contrastando com o azul fresco e branco da palavra
manhã. À tarde, a luz da língua migalha. E, por ser já meio escuro, o mundo perde a nitidez.
Calar, a tarde não se cala, mas diz menos do que veio a dizer. É a que frequenta os cartões de
namoro, as confissões, as brigas e os gritos, ou a atenção desajeitada das palavras num
velório, ou nos sussurros namorados ao pé dos muros dos subúrbios.
E tem a língua que em si mesma anoitece, quando o escuro espatifa o sentido. O sol,
esfacelado, vira pó. E a linguagem se perde dos trilhos de por onde ir. Tateia, titubeia, tropeça,
esbarra em regras, arrasta a mobília das normas. À noite, sonha a nossa língua. No céu da
boca as palavras guardam um resíduo de pensamento, e têm a densidade vazia das ideias
vagas, condensando-se como nuvens de um céu sem luz. No calor tempestuoso dessas noites
de Manuel Bandeira, é possível a bailarina ser feita de borracha e pássaro. Enquanto o poeta
Murilo Mendes solta os pianos na planície deserta, tudo é dito distante dos ruídos do dia.
Tudo é possível nessa escuridão criativa, existe o verso, existe a canção.
Mais tarde, finda a noite, quando abrimos a boca, a língua amanhece, e de novo a
levamos pelos corredores e pelas repartições, pelas galerias e escritórios, valendo-nos dela
para o recado simples, a ordem necessária, o atendimento útil. Enquanto não chega a tarde,
enquanto não anoitece.
(Adaptado de André Laurentino, Lições de gramática para quem gosta de literatura)
A fala da funcionária OK Senhor. Vou estar anotando o seu problema para estar agendando a
visita de um técnico" mostra uma marca típica desse modo de falar, que é:
a) a presença marcante de estrangeirismos;
b) o emprego de uma linguagem demasiadamente erudita;
c) o mau uso do gerúndio;
d) a completa falta de objetividade na mensagem;
e) a ausência de tratamento individualizado.
22. (NC-UFPR / COPEL Contador 2016)
Considere a seguinte frase:
Os dispositivos implantados em pacientes emitiriam sinais, em tempo real, que informariam aos
sistemas de vigilância dos hospitais se tudo está bem ou não, _______________ significativamente
as situações de emergência.
Considere as seguintes possibilidades de preenchimento da lacuna acima:
1. atenuando
2. vindo a atenuar
3. onde atenuaria
4. o que atenuaria
São abonadas pela norma padrão da língua portuguesa no Brasil as formas:
a) 2 e 4 apenas.
b) 3 e 4 apenas.
c) 1, 2 e 3 apenas.
d) 1, 2 e 4 apenas.
e) 1, 2, 3 e 4.
23. (CEPERJ / ALERJ Digitador 2011)
Empregou-se expressão própria da língua falada no trecho:
A) Até o fim de setembro tem muito dia em vermelho no calendário econômico mundial
(O Globo, Panorama Econômico, Miriam Leitão, setembro de 2011)
B) A avaliação feita no Brasil é que talvez o Fed procure outro caminho, como o de comprar
mais títulos de longo prazo para forçar
(O Globo, Panorama Econômico, Miriam Leitão, setembro de 2011)
C) Na Europa, ontem, os dois maiores líderes, Ângela Merkel e Nicolas Sarkozy, elevaram o
tom das declarações
(O Globo, Panorama Econômico, Miriam Leitão, setembro de 2011)
D) O governo tem instrumentos na mão para usar em caso de algum pânico que ocorra no
mercado por algum agravamento repentino
(O Globo, Panorama Econômico, Miriam Leitão, setembro de 2011)
E) Até o fim do mês a agenda do mundo está lotada vivendo de notícia em notícia
(O Globo, Panorama Econômico, Miriam Leitão, setembro de 2011)
24. (CESPE / TRT-RJ Analista Judiciário 2008)
O texto, em que foi empregada uma linguagem simples, de fácil compreensão, apresenta um termo
típico da linguagem coloquial no trecho
(A) E primeiro trimestre, como dizem meus filhos,
(B) “ o ministro, a demanda interna permanece
(C) P haver uma diminuição na escalada de compra de bens
(D) decisão do COPOM (...) pode impactar um pouco a criação de empregos
(E) decisão sobre juros tende a trazer mais recursos para o B
25. (Consulplan / DMAE-RS Administrador 2011)
“ ações individuais, como dirigir um carro, somadas a outros pequenos atos pessoais,
acabam se tornando uma grande de incontrolável e extremamente No
excerto anterior, há um exemplo de
A) registro coloquial quanto ao nível de formalismo.
B) linguagem padrão e pejorativa.
C) inadequação na flexão do tempo verbal composto.
D) termos ambíguos que causam dificuldade de entendimento.
E) variação linguística de cunho regional.
26. (Consulplan / Prefeitura Riachuelo-SE Farmacêutico 2010)
Fragmento do texto: Chame a polícia. Quero pagar, vocês não querem receber. Chame.
Foi um bafafá. Um jovem veio correndo da cozinha. Pensei que ia me soterrar com um prato
de sopa de tubarão, tal a fúria. Repeti o pedido, gentil: queria a polícia. Aceitaram o cheque, com
suspiros de nervosismo.
A expressão F um :
A) É um exemplo da linguagem culta. D) É coloquial.
B) É pejorativa. E) Denota um erro gramatical.
C) Tem sentido ambíguo.
(B) á à à à à à à à à àB à à à à à à
de viagens, encontrei no fim do volume algumas informações essenciais sobre nós e sobre a nossa
(C) Oà à à à à
(D) Q à à à à à à à à à à à‘ à àC à
do Exílio, Gonçalves Dias roga a Deus não permitir que morra sem que volte para lá, isto é, para
(E) J àã à àá à à à à à à à à à
à “ à à à
(CS-UFG / Saneago Assistente de Informática 2018)
32.
Quanto à intencionalidade, depreende-se que o objetivo principal do texto é:
(A) informar. (B) divertir. (C) impressionar. (D) criticar.
33.
Quanto à construção de sentido do texto, o principal recurso empregado foi a
(A) ambiguidade. (B) intertextualidade. (C) inferência. (D) pressuposição.
Texto 2
Admirável gado novo
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer
34.
Considerados como sequência temporal dos Textos 1 e 2, os Textos 3 e 4 são a
(A) concepção do humano como um rebanho atualizado pelo conceito de teledirigíveis midiáticos.
(B) decomposição da humanidade do ser humano em favor da prioridade de sua animalidade.
(C) reconfiguração da essência da animalidade do ser, resultando em um novo ser humano.
(D) destituição da capacidade humana de autogestão, demonstrada na definição de ciência.
35.
Os Textos 3 e 4 intertextualizam com os Textos 1 e 2, por sintetizarem as noções de
áà à à à à à deração ao conceito de povo.
Bà à à à à à à à à à
Cà à à à à à à à à à à ààà
Dà à à à à à à à à à à
36.
As ações sociais e políticas do homem, sugeridas nos Textos 1 e 2 e evidenciadas nos Textos 3 e 4,
na contemporaneidade, resumem-se
(A) aos relacionamentos amorosos e afetivos entre duas pessoas.
(B) à atuação nos meios educacionais e na vivência sociocultural.
(C) ao comportamento de consumidor e à participação eleitoral.
(D) à intervenção nas decisões e à atuação nas redes sociais.
37.
O Texto 3 representa a imagem da sociedade, ao passo que o Texto 4 representa a imagem de uma
parcela da sociedade, o eleitorado. Há uma distinção substancial entre as duas imagens. Essa
distinção é dada
ESTÉS, Clarissa Pinkola. Trad. Waldéa Barcellos. A ciranda das mulheres sábias ser jovem enquanto velha,
velha enquanto jovem. Rio de Janeiro: Rocco, 2007. p. 9-10.
39.
O Texto 2 dialoga com o Texto 1 no que diz respeito à percepção sobre sabedoria. Nesses textos, a
sabedoria é uma
(A) realização pessoal incomensurável.
(B) aquisição individual e intransferível.
(C) construção social e depende da ação humana.
(D) produção natural aos seres humanos adultos.
40.
Diferentemente do Texto 1, na tira (Texto 2) é adotado um estilo linguístico
(A) informal e espontâneo, para reproduzir a oralidade.
(B) poético, mas despojado, para encantar o leitor.
(C) culto, mas descontraído, para imitar jovens.
(D) coloquial e elegante, para atrair atenções.
41.
A situação comunicativa dos Textos 1 e 2 proporciona a evidência da mesma tonalidade discursiva
nos dois textos, com a mesma finalidade. Infere-se desses textos uma função sociodiscursiva de
(A) testagem do entendimento dos interlocutores.
(B) esclarecimento dos sentidos das palavras.
(C) evocação de significados externos.
(D) aconselhamento ao interlocutor.
A transtextualização ou intertextualidade à à à à à à à à à
texto (texto meta) mediante a incorporação ou transformação da totalidade ou de parte de outro
à à à á)E‘EDO àJ àC àG àH à àL àP esa, p. 96).
São vários os tipos de transtextualização elencados na referida obra, dentre eles a
incorporação, a citação, a alusão, a reelaboração, a paráfrase, a tradução e a paródia.
Especificamente, a alusão consiste em evocar um texto ou discurso anterior (de outro gênero, de
outra época, de outra cultura), para produzir, no presente, um efeito de sentido autorizado ou
legitimado pelo texto/discurso evocado. Diferentemente da citação, cuja incorporação o
interlocutor identifica graças às marcas, a alusão só é percebida se o texto que ela evoca faz parte
da cultura do interlocutor (IBIDEM, p. 98).
Atente para as seguintes assertivas apresentadas na comparação dos textos 2 e 3.
I. Há uma relação explícita entre o primeiro verso do poema de Drummond e o último verso do
Canto I de Os Lusíadas, de Camões, apresentados nesta prova.
II àOà à à T à à à à à à à à à à
descrição drummondiana do tédio do homem face a suas conquistas que não o levam à resolução
de problemas mais imediatos como a fome, a desigualdade e as injustiças, também evocadas por
Camões nos versos iniciais da estrofe 106 de Os Lusíadas.
III àOà à à à à à à à à à à à à à à
recorrendo, inclusive, à mesma parceria rítmica (parte/arte).
IV. Enquanto em Camões a humanização reivindicada refere-se a uma europeização do espaço
terrestre, no poema de Drummond, diferentemente, a humanização é interplanetária, o que se
verifica inclusive pelo uso da maiúscula na palavra Terra no primeiro verso de seu poema.
São marcas de alusão
A) apenas o que se afirma em I e II.
B) apenas o que se afirma em I, II e III.
C) apenas o que se afirma em II e III.
D) apenas o que se afirma em III e IV.
E) o que se afirma em I, II, III e IV.
5 GABARITO
1. A 15. C 29. E
2. B 16. D 30. C
3. B 17. D 31. B
4. E 18. B 32. D
5. C 19. A 33. B
6. C 20. C 34. A
7. C 21. C 35. D
8. D 22. D 36. C
9. D 23. A 37. A
10. A 24. A 38. D
11. C 25. A 39. C
12. A 26. D 40. A
13. B 27. C 41. D
14. B 28. C 42. B