Livro Avaliação Funcional
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AVALIAÇÃO NA
EDUCAÇÃO FÍSICA
Introdução
Para compreender a importância de se trabalhar a flexibilidade e o equi-
líbrio, é preciso conhecer os principais testes de avaliação existentes.
Especificamente, é importante entender as formas de se avaliar a flexibi-
lidade em indivíduos e a importância da aplicação de instrumentos que
avaliem o equilíbrio em populações especiais, como crianças e idosos.
Na infância, eleva-se a importância da avaliação motora, porque essa fase
se caracteriza por um progresso no desenvolvimento motor, sendo, por
isso, essencial a detecção de possíveis alterações no desenvolvimento
que poderão repercutir por toda a vida. Já na terceira idade, em função
da perda da capacidade funcional, faz-se necessário o trabalho físico/
motor para a garantia de melhorias na qualidade de vida dessa população.
Neste capítulo, você compreenderá como o exercício físico exerce
papel fundamental no processo de desenvolvimento humano e por
que aqueles programas de exercícios que antigamente davam maior
atenção aos exercícios aeróbicos, hoje, tem considerado a flexibilidade
e o equilíbrio como fatores preponderantes na melhoria da capacidade
funcional dos indivíduos, principalmente em idosos.
seja, várias doenças crônicas que levam à morte poderiam ser evitadas se as
pessoas praticassem atividades físicas regulares.
Um dos objetivos da Organização Mundial de Saúde (2018) é aumentar
em 15%, até 2030, a proporção de adultos que se engajem diariamente (pre-
ferencialmente) em 30 minutos de atividade física moderada à intensa. Em
crianças e adolescentes essa recomendação é o dobro: 60 minutos diários de
atividade física moderada à intensa.
Dentre as evidências científicas sobre os benefícios da atividade física
para a melhora da saúde e da qualidade de vida, encontram-se também
as recomendações para além da realização de exercícios aeróbios, o que
inclui, para adultos e idosos, a realização de atividade de fortalecimento
muscular, flexibilidade e de equilíbrio. De acordo com o Colégio Americano
de Medicina do Esporte (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE,
1995), exercícios de equilíbrio e flexibilidade não apresentam recomenda-
ções específicas para adultos, mas devem fazer parte da rotina de idosos
com mais de 65 anos. Nessa população, recomenda-se realizar exercícios
de flexibilidade dois ou mais dias na semana, de preferência diariamente,
estabelecendo 10 minutos de duração, no mínimo, executando-se 3–4
repetições, e mantendo o alongamento por 10–30 segundos, incluindo
exercícios de equilíbrio para idosos com risco de quedas. Exercícios físicos
como tai chi, yoga e Pilates melhoram tanto o equilíbrio quanto a flexibi-
lidade (HEYWARD, 2011). As recomendações para idosos justificam-se
porque, nessa etapa do processo de desenvolvimento humano, as perdas
funcionais são mais acentuadas, o que acaba por comprometer a qualidade
de vida dessa população.
Nesse contexto, o exercício físico exerce papel fundamental, contribuindo
para atenuar as perdas funcionais decorrentes desse processo, e a prática de
exercícios físicos, quando iniciada na infância e na adolescência, tem a função
de retardar os efeitos do envelhecimento e melhorar a capacidade funcional
dos indivíduos.
A capacidade funcional pode ser entendida como a capacidade de realizar
atividades de vida diária com segurança e independência, sem fadiga. Ela
requer resistência aeróbia, agilidade, força muscular, flexibilidade e equilíbrio
(HEYWARD, 2011).
A flexibilidade corporal é um dos componentes não aeróbicos da aptidão
física relacionada à saúde e ao desempenho esportivo; por isso, alguns testes
de flexibilidade estão inseridos nas principais baterias de avaliação do con-
dicionamento físico, associada à performance, saúde ou reabilitação (REIS
et al., 2016). A flexibilidade é fundamental para a realização das atividades
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Flexibilidade
A flexibilidade é a capacidade de movimentar articulações com fluidez na
amplitude de movimento completa (HEYWARD, 2011). Pode ser definida como
a capacidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de
amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto de articulações,
dentro dos limites morfológicos, sem risco de provocar lesões (DANTAS,
2005). De acordo com o mesmo autor, a flexibilidade pode ser influenciada
por fatores como idade, sexo, individualidade biológica, hora do dia em que
a atividade é realizada, temperatura do ambiente e fadiga.
A flexibilidade tende a diminuir com a idade, sendo que uma baixa
flexibilidade está relacionada à menor qualidade de vida e a um risco de
queda mais alto em idosos (CHAVES; BALASSIANO; ARAÚJO, 2016).
Isso porque o treinamento de flexibilidade melhora o domínio e a destreza
necessária para a execução das atividades de vida diária, como descer e
subir escadas, alcançar objetos, flexionar o tronco para amarrar o cadarço,
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Equilíbrio
O equilíbrio é a habilidade de um individuo manter a postura de seu corpo
inalterada, mesmo quando é colocado em várias posições (GALLAHUE;
OZMUN, 2013). Desse modo, o indivíduo que não apresenta um bom con-
trole do equilíbrio terá dificuldade na locomoção e manutenção de posturas,
interferindo nas atividades diárias e podendo sofrer quedas, principalmente
no caso dos idosos.
O equilíbrio pode ser estático ou dinâmico. O equilíbrio é estático quando
envolve manter o próprio equilíbrio enquanto o centro de gravidade permanece
estacionário, como, por exemplo, permanecer equilibrado na ponta dos pés; já
o equilíbrio dinâmico envolve manter o próprio equilíbrio conforme o centro
de gravidade se desloca, como, por exemplo, andar de bicicleta (ROSA NETO,
2015). Para o mesmo autor, “[...] diferentes sensações de origem visual, vestibu-
lar e de sensibilidade proprioceptiva permitem a detecção dos deslocamentos
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Avaliação da flexibilidade
O profissional de educação física, ao estruturar e executar um programa de ati-
vidade física à população, deve levar em consideração a avaliação. No entanto,
muitos desses profissionais não têm um entendimento claro com relação às
questões básicas, como o que avaliar ou por que avaliar, principalmente quando
se trata da população idosa (MAZO, 2009). Para a mesma autora, a avaliação
deve ser um instrumento auxiliar no planejamento e no processo de ensino-
-aprendizagem e a avaliação não pode estar desvinculada do planejamento
(e vice-versa). Além disso, avaliação pode ser compreendida como produto e
como processo. Como produto, a avaliação só visa o resultado e é um controle,
em que são considerados somente os momentos avaliativos, representados por
um teste físico, por exemplo. Já como processo, os resultados são avaliados
no seu decorrer, em uma interação entre avaliador e avaliador (MAZO, 2009).
A flexibilidade deve fazer parte dos programas de treinamento, indepen-
dentemente dos objetivos a serem alcançados. Sua importância é fundamental
para a performance esportiva, como na ginástica rítmica, por exemplo, ou
na prática habitual do cotidiano, para alívios de desconfortos gerados pelo
excesso de horas em frente à tela, por exemplo. O trabalho de flexibilidade
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Figura 2. Goniômetro.
Fonte: Fisio Fernandes (2019b, documento on-line).
Descrição da
Nível Efeito Especificação
sensação
Araújo (2008) acredita que, pela natureza da escala e pela forma como
foram desenhados (propositalmente) os mapas de avaliação, verifica-se uma
distribuição gaussiana para os dados, de forma que a tendência central é o
valor 2; os valores 1 e 3 são menos frequentes, e os valores extremos, isto é,
0 e 4 bastante raros, conforme ilustrado na Figura 3.
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Leituras recomendadas
ACE GESTÃO DE SAÚDE. Manual de goniometria medição dos ângulos articulares. Rio de
Janeiro: ACE, 2016. Disponível em: http://acegs.com.br/wp-content/uploads/2016/06/
MANUAL-DE-GONIOMETRIA-FINAL.pdf. Acesso em: 28 jul. 2019.
DANTAS, E. H. M. Alongamento e flexionamento. 6. ed. São Paulo: Manole, 2017.