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INFLUÊNCIA DOS ASPECTOS HIDROGEOLÓGICOS DE AQUÍFEROS CÁRSTICOS


NA EVOLUÇÃO DO RELEVO: PORÇÃO CENTRAL DA CHAPADA DIAMANTINA,
BAHIA, BRASIL INFLUENCE O....

Article · January 2018


DOI: 10.20502/rbg.v19i1.1214

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6 authors, including:

Lucas De Queiroz Salles Fernando Laureano


Universidade Federal da Bahia Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
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Thiago Dos Santos Gonçalves Ricardo Fraga Pereira


Universidade Federal da Bahia Universidade Federal da Bahia
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Revista Brasileira de Geomorfologia
v. 19, nº 1 (2018)

www.ugb.org.br http://dx.doi.org/10.20502/rbg.v19i1.1214
ISSN 2236-5664

INFLUÊNCIA DOS ASPECTOS HIDROGEOLÓGICOS DE AQUÍFEROS


CÁRSTICOS NA EVOLUÇÃO DO RELEVO: PORÇÃO CENTRAL DA
CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA, BRASIL

INFLUENCE OF HYDROGEOLOGICAL ASPECTS OF KARST AQUIFERS


ON EVOLUTION OF LANDSCAPE: IN THE CHAPADA
DIAMANTINA, BAHIA, BRAZIL

Lucas de Queiroz Salles


Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia
Campus Universitário de Ondina, Salvador, Bahia. CEP: 40170-115. Brasil
Email: [email protected]

Luiz Rogério Bastos Leal


Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia
Rua Barão de Geremoabo, S/N, Salvador, Bahia. CEP: 40050-090. Brasil
Email: [email protected]

Ricardo Galeno Fraga de Araujo Pereira


Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia
Campus Universitário de Ondina, Salvador, Bahia. CEP: 40170-115. Brasil
Email: [email protected]

Fernando Verassani Laureano


Instituto de Ciências Biológicas e Saúde, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Rua do Rosario 1081, Betim, Minas Gerais. CEP: 32630-000. Brasil
Email: [email protected]

Thiago dos Santos Gonçalves


Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia
Campus Universitário de Ondina, Salvador, Bahia. CEP: 40170-115. Brasil
Email: [email protected]

Informações sobre o Artigo Resumo:


O presente trabalho discute como o funcionamento hidrogeológico do aquífero
Recebido (Received): cárstico condiciona e interage com a evolução morfológica do relevo. O sistema
29/01/2017
Aceito (Accepted):
cárstico situado na porção central da Chapada Diamantina, Bahia, Brasil abriga
03/08/2017 um conjunto de sítios espeleológicos de relevância no país. A região é palco de
importantes descobertas científicas, particularmente relacionados à espeleologia e
Palavras-chave: evolução dos terrenos cársticos. Entretanto, a compreensão das relações existentes
Geomorfologia Cárstica; entre a morfologia e a hidráulica subterrânea ainda estão pouco exploradas. Com
Aquífero Cárstico; Grupo Una. esse intuito, foram realizados estudos comparativos entre as feições morfológicas
Salles L. Q. et al.

Keywords: do terreno e dados de capacidade específica de poços tubulares, apoiados por dados
Karst Geomorphology; Karst hidrogeoquímicos e de isótopos estáveis (δ13C). As feições superficiais do terreno
Aquifer; Group Una. mostraram correlação com os dados de capacidade específica, principalmente
levando em consideração a distribuição de dolinas. Já quando comparados com a
profundidade, os dados de capacidade específica apresentaram dois intervalos de maior produtividade: o primeiro
para poços com menos de 60 metros de profundidade, e o segundo para poços com profundidade variando entre 91
e 120, sugerindo uma maior conexão hidráulica nesses intervalos de classe. A evolução morfológica da área estudo
é, provavelmente, intrínseca a coalescência de dois processos de carstificação distintos: a carstificação hipogênica
e a epigênica, que conotam ao sistema características distintas.

Abstract:
The present work discusses how the hydrogeological functioning of the karst aquifer conditions and interacts
with the morphological evolution of the ladscape located in the central portion of the Chapada Diamantina,
Bahia, Brazil. This karst system houses a relevant speleological sites in the country. The region is the scene of
important scientific discoveries, particularly related to speleology and evolution of karstic ladscape. However, the
understanding of the relationships between morphology and groundwater hydraulics is still little explored. For
this purpose, comparative studies were performed between the morphological features of the terrain and specific
capacity data of tubular wells, supported by hydrogeochemical and stable isotope data (δ13C). The surface features
of the terrain showed a correlation with the specific capacity data, mainly considering the distribution of dolines.
When compared with depth, the specific capacity data presented two intervals of higher productivity: the first for
wells with less than 60 meters depth, and the second for wells with depth ranging between 91 and 120, suggesting
a greater hydraulic connection in these class intervals. The morphological evolution of the study area is probably
intrinsic to the coalescence of two distinct karsification processes: hypogenic karsification and epigenetic, which
connote different characteristics of the system.

1. Introdução formação de ácido sulfídrico (H2S) por hidrolise de


sulfetos dispersos no maciço rochoso. Esse processo
A evolução morfológica do sistema cárstico está
pode ainda ocorrer devido a oxidação de sulfetos,
vinculada à um conjunto de processos e fenômenos
possibilitando a formação de ácido sulfúrico (H2SO4),
físicos e químicos, associados à interação água-rocha.
altamente corrosivo (SALVATI e SASOWKY, 2002;
Essa interação é responsável pelo desenvolvimento
AUDRA et al., 2007; PALMER, 2011; KOLEINI et
da porosidade terciária que condiciona a hidráulica
al., 2013; ENNES – SILVA et al., 2015).
subterrânea nos aquíferos cársticos. Para essas regiões
a caracterização geomorfológica consiste em um dos O isótopo estável do carbono (C13) consiste em
principais recursos para a compreensão hidrogeológica uma importante ferramenta no estudo de interação
(FORD e WILLIAMS, 2007). entre o sistema água-rocha, principalmente, para
rochas carbonáticas. Á medida que a água subterrânea
A dissolução química é o principal processo que
dissolve a rocha, seu valor isotópico (δC13) tende a
associa a evolução do aquífero ao relevo cárstico. Esse
valores mais positivos (MOOK E VERRES, 2001).
ocorre pela combinação da água com o dióxido de
Segundo Klimchouk et al. (2016) os carbonatos
carbono (CO2), proveniente da atmosfera e enriquecido
do Grupo Una, na região de Campo Formoso,
no solo. O resultado é uma solução de ácido carbônico
possuem um valor isotópico, para δC13, variando de
(H2CO3), ou água ácida, responsável pela carstificação
aproximadamente -7 a 2.
epigênica. Este processo pode ser ampliado ainda pela
entrada no sistema de águas alogênicas, que podem A capacidade específica, também conhecida
contribuir com a agressividade da água à rocha. Outro como vazão específica de um poço é uma relação entre
modelo importante para a evolução do aquífero é vazão (Q) e a variação na carga hidráulica (s) para um
a carstificação hipogênica, comumente associada a determinado tempo (t). Este parâmetro, em geral, é

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Influência dos Aspectos Hidrogeológicos de Aquíferos Cársticos na Evolução do Relevo

utilizado para expressar a produtividade de um poço sobre os metassedimentos de baixo grau metamórfico
(TAM et al., 2004; MCCOY et al., 2008; YIDANA et do Grupo Chapada Diamantina e é formada da base
al., 2008; FARRAH et al., 2013). para o topo pelas Formações Bebedouro e Salitre. A
O sistema cárstico aqui estudado situa-se na Formação Bebedouro é composta, predominantemente,
porção central da Chapada Diamantina, Bahia, por metassiltitos, metargilitos e metadiamictitos. Já
Brasil (Figura 1a) e possui como limite norte o a Formação Salitre, alvo do estudo, é constituída
alto topográfico de Souto Soares, proposto por essencialmente por calcissiltitos, dolomitos e lamitos
Negrão (1986). Estudos realizados nos carbonatos criptoalgal, ligeiramente ondulados em sua seção basal,
na região culminaram com o cadastramento de mais gradando para calcilutitos, calcarenitos, dolarenitos e
de uma centena de cavidades, de modo que a área dololutitos oolíticos no topo (Figura 1 c), e na região
representa o local de maior densidade de condutos de Iraquara compõem as unidades litoestratigráficas
subterrâneas por unidade de área do país (AULER e Jussara Superior, Nova América Superior e Nova
FERRANT,1996). América Inferior (SOUZA et al. 1993).
Para além destes fatos, a região estudada é Associadas às rochas carbonáticas do Grupo
também alvo de importantes investigações cientificas, Una são reconhecidas duas fases de deformação
principalmente aquelas relacionadas a mudanças compressivas, sobrepostas durante o neoproterozoico.
paleoambientais (BARRETO, 2010; BICHUETTE et Como consequência, ocorrem falahas abertascom
al., 2015; LAUREANO et al., 2016), e a participação eixo, preferencialmente, N-S e lineamentos estruturais
de ácido sulfúrico na evolução dos condutos cársticos associados à falhas de empurrão com direção N-S.
(VALLE, 2004). Entretanto, o estudo da relação do (GUERRA 1986; PEDREIRA et al., 1987; BASTOS
relevo com os aspectos hidrogeológicos ainda não LEAL et al. 2004; RAMOS et al. 2007). A recarga
foram explorados. no sistema aquífero ocorre de duas formas distintas.
A recarga autogênica é derivada unicamente da
Esse trabalho tem por objetivo compreender
precipitação direta sobre os a área superficial do
como a evolução hidrogeológica, na porção meridional
aquífero. Na outra mão, ocorre a recarga alogênica,
da Bacia de Irecê interage e determina sua evolução
decorrente de águas que percolam sobre as rochas do
morfológica, e discutir como as características
Grupo Chapada Diamantina e fluem em direção ao
hidrogeológicas atuais ajudam na composição da
aquífero (Figura 1 d).
história do relevo cárstico.

3. Materiais e Métodos
2. Área de Estudo
O substrato geológico da área estudada é Para realização deste trabalho foram utilizados
composto de um arranjo litoestratigráfico de idade cinco conjuntos de dados. Estes incluem dados
mesoproterozoica, predominantemente de natureza geológicos (levantamentos bibliográficos e mapeamento
detrítica, rica em sílica, representadas, pelas formações de campo), mapa de fenômenos cársticos, análise
Tombador, Caboclo e Morro do Chapéu (da base para o laboratoriais, imagens ASTER (Advanced Spaceborne
topo) correspondendo ao Grupo Chapada Diamantina, Termal Emission and Reflection Radiometer) GDEM
e uma espessa sequência carbonática, de idade (NASA / METI) com resolução de 30 metros e
neoproterozoica referente ao Grupo Una (Supergrupo observações do relevo em campo. A partir desses dados
São Francisco). Recobrindo esses materiais, ocorrem foram elaborados mapas litológico (CPRM, 2003), de
de forma descontínua coberturas detríticas Cenozóicas densidade de lineamentos (Figura 6a) e densidade de
(Figura 1 b) (MISI, 1979; BONFIM et al., 1985; feições cársticas (Figura 3) no software ArcMap 10.1,
SOUZA et al. 1993, SOUZA et al. 2002, PEDREIRA, além de mapas de hipsometria (Figura 2) e declividade
2004). para a caracterização do relevo. Esses métodos serão
descritos sequencialmente.
O Grupo Una repousa de forma discordante

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Salles L. Q. et al.

Figura 1 - (a) Mapa de localização da área de estudo, (b) Mapa geológico simplificado (IBGE/SEI, 2013); (c) Coluna estratigráfica
simplificada de Pedreira, 2004; e (d) Bloco diagrama esquemático para a área de estudo.

3.1 Dados hidrogeológicos e Análises Laboratoriais foram medidos em campo os parâmetros: temperatura e
sólidos totais dissolvidos (STD), além do posicionamento
Para o cálculo de capacidade específica foram
geográfico dos poços, este último utilizando-se um GPS
utilizados dados hidrogeológicos de 75 poços tubulares,
de navegação. As amostras de água coletadas para análise
todos eles perfurados pela Companhia de Engenha-
de cátions e ânions, foram filtradas em conjunto Millipore,
ria Hídrica e de Saneamento da Bahia (CERB). Na
utilizando filtros de 0,45μm e os frascos fechados foram
caracterização hidroquímica foram coletas 18 amostras
conservados sob refrigeração, para posterior análise
de água no mês de julho de 2015. Durante essa coleta,

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Influência dos Aspectos Hidrogeológicos de Aquíferos Cársticos na Evolução do Relevo

As análises químicas foram efetuadas no Laboratório O aspecto em três dimensões é atribuído a sobreposição
de Estudos Ambientais do Instituto de Geociências da de imagens de relevo sombreado, com iluminação em 0°
Universidade Federal da Bahia, segundo os métodos e 90° e transparência de 50%. Ainda de posse da imagem
preconizados por Standard Methods for the Examination ASTER, o mapa de declividade foi gerado a partir da
of Water and Wastewater (CLESCERI, 1998). A ferramenta Slope do software ArcScene 10.1.
determinação dos cátions (Ca2+, Mg2+) e ânions (SO4-)
foi realizada através de cromatografia iônica, enquanto
4. Resultados e Discussões
a alcalinidade (HCO3- e CO32-) foi obtida por titulação.
Para cálculos dos índices de saturação dos minerais foi A porção meridional da Bacia de Irecê é constituída
utilizado o software PHREEQC (PARKHUSRST, 1999). por rampas suavemente inclinadas e onduladas, com
As análises de isótopos de δC13 foram realizadas no declividades variando entre 0 e 12%. Os vales e as dolinas
Laboratório de Física Nuclear Aplicada da Universidade de colapso são responsáveis pela quebra na monotonia
Federal da Bahia (LFNA-CPGG/IF-UFBA). Para isso, do relevo e suas escarpas correspondem aos locais de
foi utilizado um sistema contendo um espectrômetro de maior declividade. Topograficamente, essa área apresenta
massas de razão isotópica-MS Finnigan MAT Delta Plus e altitudes variando entre 880 a 640 metros (Figura 2), onde
um reator automático H-Device Thermo Quest Finnigan. se observa diminuição na altitude da porção Norte para
Sul. As menores cotas associam-se ao vale do rio Santo
Antônio, que apresenta vertentes escarpadas e possui
3.2 Confecção de mapas base como principal exutório a nascente da Pratinha.
O mapa de densidade de lineamentos (Figura As formas de relevo cárstico encontradas são
6a), foi gerado a partir da ferramenta LineDensity basicamente depressões cársticas na forma de dolinas e
do programa ArcMAp 10.1. Os lineamentos foram uvalas. Estas geoformas se concentram em faixas com
traçados por meio de cristas alinhadas, fundos de vale orientação preferencial NW – SE e, subordinadamente,
e drenagens, de acordo com a interpretação de imagens N – S, ocupando 3,64% da área total, com 1,03 dolina
de relevo sombreado geradas com base em azimutes 0º, por km2 (Figura 3). Segundo Cruz Junior (1998), as
90°, 180º e 270°. depressões cársticas na região, podem ser classificadas
Com o intuito de construir um inventário em dois grupos: (i) dolinas de colapso, correspondem à
cartográfico, foi elaborado um mapa de fenômenos depressões fechadas, com perfil escarpado; e (ii) dolinas
cársticos (Figura 3). Esse consiste na extração de dolinas de sufusão, representadas por depressões com perfis
e vales cársticos, a partir da análise de fotografias áreas suaves, associadas a subsidência lenta causada pela
na escala 1:60.000. Posteriormente, as fotografias áreas remoção e infiltração de material detrítico.
foram escaneadas e vetorizadas no software ArcMap 10.1. Amaral et al. (1997) e posteriormente Harman
O mapa de densidade de dolinas (Figura 6b) consiste na et al. (1998), com base em técnicas de traço de fissão
interpolação de pontos centrais (unidade de dolina) na em apatita, estimaram uma taxa de desnudação para
ferramenta Density do software ArcMAp 10.1. o Cráton do São Francisco na ordem de 18-40 m/Ma.
Os mapas de isoconcentraçoes (δC13 e SO4-) Todavia, incertezas associadas ao gradiente térmico na
foram elaborados a partir da técnica IPD (Inverso da área (estimado entre 15-30 °C/Km) impediu um valor
Ponderado da Distância). Essa técnica se baseia na numérico mais preciso (Auler, 1999). Considerando-se
dependência espacial, estimando um valor para um dado o valor médio, na ordem de 29m/Ma, seriam necessários
local não amostrado, como uma média dos valores dos aproximadamente 6,89 Ma para a formação do desnível
dados dentro de sua vizinhança. referente a variação topográfica da região, tento como
nível de base o rio Santo Antônio. Sendo assim o início
3.3 Confecção dos mapas temáticos de hipsometria,
da carstificação na região se daria do Mioceno Superior /
Pleistoceno, cronocorrelato a Superfície Sulamericana 1
declividade
(Valadão, 1998) e o início da carstificação na região dos
A partir da imagem ASTER GDEM (NASA / METI), currais de pedras, Jequitaí – Minas Gerais (Gonçalves
adquirida gratuitamente a partir da galeria online da NASA et al. 2017). Vale salientar que esse trabalho não levou
(National Aeronautics and Space Administration), foi em consideração a taxa de erosão fluvial, o que pode
elaborado o modelo digital de terreno (MDT) (Figura 2). acarretar em um importante erro analítico.

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Salles L. Q. et al.

Figura 2 - Modelo digital de elevação, elaborado a parir de imagem Figura 3 - Mapa de fenômenos cársticos, elaborado a partir de
ASTER GDEM com resolução de 30 metros. fotointerpretação na escala 1:60.000.

As análises físico-químicas e os parâmetros presentes na rocha.


geoquímicos calculados estão demostrados na Tabela 1. O principal processo de dissolução da rocha, na
Águas tendem a precipitar calcita (CaCO3) e dolomita área de estudo, é um tema ainda bastante controverso.
(CaMg(CO3)2) quando saturadas nesses componentes, e Segundo Palmer (2011), quando o ácido carbônico
dissolvê-los quando insaturadas. O índice de saturação é o principal responsável pela dissolução da rocha,
(IS) é o parâmetro mais utilizado para quantificar a o índice de saturação mineral (IS), apresentará uma
saturação de fases minerais na água subterrânea. O dependência em função da pressão parcial de CO2 (PCO2),
resultado no cálculo dos IS demonstrou que as águas da temperatura e dos sólidos totais dissolvidos (STD).
em estudo se apresentam saturadas, ou parcialmente Fato semelhante foi verificado por Florea (2015) em um
saturadas em calcita e dolomita (Figura 4). O índice estudo equivalente no aquífero carstico localizado na
de saturação para a calcita variou de -0,01 a 1,24. Já bacia do rio Cumberland, sudeste do estado de Kentucky
o índice de saturação em dolomita variou ente -0,48 – EUA. A Tabela 2 representa uma matriz de correlação
e 2,44, sugerindo que essas águas apresentam pouca de Spearman, para dados não paramétricos, entre o IS
agressividade para dissolver essas fases minerais em calcita, IS em dolomita, temperatura, Pco2 e STD.

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A não dependência entre os elementos, evidenciada carbônico não é dominante no sistema. Sendo assim,
pelos baixos coeficientes de correlação entre eles, outro processo seria necessário para explicar a evolução
sugeriu que o processo de dissolução da rocha por ácido morfológica do relevo.

Tabela 1: Dados hidroquímicos, físico-químicos e parâmetros calculados para área de estudo, coletados em julho de 2015.
T STD HCO3- SO4- Ca2+ Mg2+
Amostra Descrição ISCal ISDol ISGip PCO2 (Pa)
(°C) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L)
Afloramento do
L1- 01 20,21 142 83,5 1,9 2,9 12,3 -0,01 -0,48 -3,84 0,49
Nível Estático
L1- 02 Poço Tubular 24,17 592 214 17,6 34,1 14,4 0,22 0,12 -2,57 0,28
L1- 03 Poço Tubular 26,23 287 193 4,6 14 9,2 1,2 2,44 -3,58 1,60
L1- 04 Nascente 24 747 127 4,6 38,7 5,3 0,26 -0,19 -3,09 0,20
Afloramento do
L1- 05 21,6 910 121 28,7 48,4 10,3 0,29 0,05 -2,23 0,15
Nível Estático
L1- 06 Poço Tubular 24,49 752 104 9 33,2 8,6 0,22 0,04 -2,85 0,34
L1- 07 Poço Tubular 24,31 428 222 22,1 31,6 10,9 1,1 1,82 -2,52 0,39
L1- 08 Poço Tubular 26,66 1590 237 41,8 59,9 38,4 0,25 0,38 -2,12 0,20
Afloramento do
L1- 09 23,29 473 153 17,9 22,6 12,4 1,1 2,1 -2,74 0,61
Nível Estático
L1- 10 Poço Tubular 24,81 535 149 5,2 24,6 8,8 0,15 -0,02 -3,14 0,19
L1- 11 Nascente 25,78 394 167 5 19,6 11,1 0,09 0,04 -3,30 0,19
L1- 12 Poço Tubular 25,44 427 166 3,9 20,2 9,2 1,01 1,84 -3,43 0,54
L1- 13 Poço Tubular 25,15 1810 82,8 202 131,8 38,4 0,79 1,3 -1,19 0,35
L1- 14 Poço Tubular 24,45 829 198 19,6 49,9 21,6 1,24 2,25 -2,42 0,28
L1- 15 Poço Tubular 25,33 699 180 13,7 45,4 13,7 0,29 0,17 -2,57 0,11
L1- 16 Poço Tubular 24,71 1160 233 19,9 67,2 35,9 0,3 0,42 -2,35 0,23
L1- 17 Poço Tubular 23,54 309 132 2 16,9 10,8 0,05 0,03 -3,74 0,22
Afloramento do
L1- 18 25,29 455 167 10,3 26,4 11,4 0,17 0,09 -2,87 0,16
Nível Estático

Figura 4 - Índice de saturação (Is) em calcita e dolomita versos o bicarbonato para as amostras analisadas. Ressalta-se a baixa capacidade
em dissolver calcita e dolomita da água.

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Tabela 2: Mariz de correlação de Spearman entre o índice de saturação em calcita, dolomita, STG, temperatura e
PCO2, exemplificados na tabela 1.
Is - Calcita Is - Dolimita
Matriz de Corelação STD (g/L) Temp. (°C) PCO2 (Pa)
(CaCo3) (CaMg(Co3)2)
Is - Calcita (CaCO3) 1,0
Is - Dolimita (CaMg(CO3)2 0,9 1,0
STD (g/L) 0,2 0,1 1,0
Temperatura (°C) 0,0 0,3 0,0 1,0
PCO2 (Pa) 0,5 0,5 -0,4 -0,1 1,0

O bicarbonato (HCO3) é o principal ânion formado como principais cátions, Ca2+ e Mg2+ na água. Uma
pelo processo de dissolução por águas epigênicas. Por correlação entre a Ca2+ e Mg2+ e bicarbonato, demostrou
outro lado, terrenos cársticos formados por processos um coeficiente de determinação (r2) na ordem de 0,772
hipogênicos tendem a liberar tanto o HCO3- quanto (Figura 5a). Em contrapartida, uma correlação entre
o sulfato (SO 42-) (AULLER e SMART, 2003). A a Ca2+ e Mg2+ em função do SO42, demonstrou r2 na
evolução do processo de dissolução da rocha libera, grandeza 0,894 (Figura 5b).

Figura 5 - Correlação entre Dureza (Ca + Mg) em função do bicarbonato (a) e do sulfato livre (b). Para a confecção dos gráficos foram
utilizados resultados de análise de amostras coletadas nessa pesquisa e análises de amostras cedidas pela Companhia de Engenharia
Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia – CERB.

Sendo a dissolução da rocha carbonática Aqui, atribui-se a dissolução hipogênica ao ácido


exclusivamente controlada pela adição de ácido sulfídrico, formado a partir da hidrólise de sulfetos
carbônico no sistema, a correlação 3a deveria apresentar disseminados na rocha. O principal subproduto do
um coeficiente de determinação (r2) maior, quando processo de dissolução hipogênico (Equação 1) é a
comparado a 3b, entretanto, foi observado um elevado Gipsita (CaSO4.2H2O). Esse mineral apresentou índices
coeficiente de correlação em 3b. Isso indica que o de saturação variando entre -1,19 a -4,03, valores
processo de dissolução hipogênico tem papel importante consideráveis quando comparados com o IScal e o ISdol
na evolução do sistema cárstico, assim como observado (Tabela 1). Segundo Salles (2017) as rochas da unidade
por Auler e Smart (2003) no Carste de Campo Formoso, Novo América, que embasa a Formação Salitre, são
Valle (2004) nas bacias de Irecê e Una-Utinga e Santos classificadas como lamitos criptoalgais constituído
(2008) na bacia do rio Salitre. predominantemente por micrita, por vezes dolomitizada,

Rev. Bras. Geomorfol. (Online), São Paulo, v.19, n.1, (Jan-Mar) p.93-106, 2018
Influência dos Aspectos Hidrogeológicos de Aquíferos Cársticos na Evolução do Relevo

com pirita dispersa na matriz. A carstificação hipogênica maior conectividade em zonas de distintas, sugere, que a
ocorre na área de estudo, possivelmente, associada a carstificação ocorreu pela coalescência de processos de
hidrólise desse sulfeto disperso no maciço rochoso. dissolução. A carstificação hipogênica é dominante no
sistema e, possivelmente, foi responsável pelos elevados
H2SO4 + CaCO3 + 2H2O  CaSO4.2H2O + H+ + HCO3 valores de Sc na zona mais profunda (entre 91 e 120).
Entretanto o processo de dissolução epigênica também
(1)
exerce importante papel na carstificação e formação
do modelado, sendo, o responsável pela elevada
A Figura 6 ilustra a distribuição de intervalos de conectividade na zona mais rasa do aquífero. Segundo
classes da profundidade dos poços tubulares na região, Laureano et al. (2016) os sistemas de cavernas foram
em função da capacidade específica (Sc) (m3/h/m), palco de pelo menos dois milhões de anos de injeção de
utilizando a mediana para classificação quanto a Sc. A sedimentos detríticos, característicos de uma evolução
Sc atinge os maiores valores nos intervalos entre 91 e epigênica, que podem ter mascarado possíveis feições
120 metros e menor que 60 metros, sugerindo uma maior morfológicas hipogênicas pré-existentes.
conexão hidráulica nesses intervalos de classe. Uma

Figura 6 - Distribuição de intervalos de classes em relação a profundidade, em função da capacidade específica (m3/h/m) de poços tubulares,
na região. Seção hidrogeológica referente ao bloco diagrama esquemático da área de estudo (Figura 1d).

A permeabilidade terciária (WHITE, 1999; pouco interfere nos dados de capacidade específica de
WHITE, 2002) em rochas carbonáticas está relacionada poços tubulares na região. Entretanto, a densidade de
ao desenvolvimento do relevo cárstico. Daí, faz-se dolinas exerceu uma moderada influência sobre os dados
necessário compreender a interação entre o arranjo de Sc. Fato similar foi observado por Tam et al. (2004) em
geométrico superficial e o carste subterrâneo – endocarste. um aquífero cárstico similar no norte do Vietnam. Nessa
A Figura 6 demostra uma relação entre a densidade de região a relação ficou evidente em pequenos vales com
lineamentos (Figura 7a), a quantidade de dolinas por encostas íngremes, todavia, é menos visível em áreas de
área ou índice de dolineamento (Figura 7b), em função com pouco variação topográfica.
da capacidade específica (m3/h/m) de poços tubulares. Percebeu-se ainda uma relação entre a altitude e
Com isso, observou-se que a coalescência de lineamentos dados de capacidade específica. Apesar, de não existir

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Salles L. Q. et al.

uma correção linear direta entre esses dados, de maneira riachos Água de Rega, das Almas e São José. Devido
geral, poços instalados em altitudes menores apresentam a isso, ocorreu uma grande inserção de águas com
maiores valores de capacidade específica (Figura 8). elevada agressividade no sistema, culminando num
A porção topograficamente mais rebaixada coincide aumento da porosidade terciária, e conseguinte maior
com as principais áreas de descarga autogênica dos permeabilidade da rocha.

Figura 7 - Capacidade Específica (m3/h/m) em função: da densidade de lineamentos (a); e índice de dolineamento ou unidade de dolina (b).

Figura 8 - Correlação entre altitude (m) e a capacidade específica de poços tubulares (m3/h/m) para os poços na região. Em cinza poços
instalados em altitude variando entre 751 e 900 metros; em preto poços instalados em altitude variando de 653 a 750 metros.

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Influência dos Aspectos Hidrogeológicos de Aquíferos Cársticos na Evolução do Relevo

As linhas de isoteores de δC13 em escala regional 9b) demonstrou um aumento na isoconcentração desse
(Figura 9a) exibiu o rio Santo Antônio como principal elemento de Oeste para Leste. Evidenciando, de maneira
área de descarga para o sistema aquífero em estudo. As geral, poços com maior capacidade específica sobre o
águas nessa zona possuem valores menos depletados de domínio de elevada concentração de SO4-, corroborando
δC13, devido ao maior tempo de residência e consequente com a importância da dissolução hipogênica no
dissolução da rocha. Todavia, o fluxo subterrâneo pode modelado. As áreas de elevada concentração de sulfato
ter pouca, ou nenhuma, continuidade lateral, sendo coincidem ainda com o sistema, aqui defendido, como
limitado preferencialmente em três zonas: (i) Sistema riacho São José – Gruta José Antônio – Pratinha,
riacho das Almas – Cão - Talhão; (ii) Sistema riacho principal exutório do sistema hídrico subterrâneo, com
Água de Rega – Lapa Doce; e (iii) Sistema riacho São vazão média, avaliada no período entre julho/02 e
José – Gruta José Antônio - Pratinha. Essa interpretação setembro/03 (VALLE, 2004), na ordem de 0,821 m3/s.
baseou-se no padrão de dispersão e evolução dos Esta zona corrobora com domínios de elvados valores
isoteores do isótopo estável do carbono, que apresentou de transmissividades, maiores que 1.500 (m²/dia),
valores mais depletados em zonas de recarga distintas, colocando-as como o domínio de maior conectividade/
evoluindo de forma desigual, para teores mais positivos transmissividade para os aquíferos cársticos inseridos
em zonas de descarga distintas. no contexto da Chapada Diamantina (GONÇALVES,
A distribuição espacial do sulfato (SO4-) (Figura 2017).

Figura 9 - (a) Linhas de isoteores de δ13C-DIC para a água subterrânea da porção Sul da Bacia de Irecê, coletadas em julho de 2015. As isolinhas
demostram como principal exutório subterrâneo o rio Sto. Antônio, localizado na região SE da área de estudo; em (b) isoteores de sulfato (mg/L),
apresentando aumento na concentração de W para E. Os mapas topográficos de cavernas correspondem aos mapas da Lapa Doce, Gruta da Torrinha,
Lapa do Diva, Sistema Cão-Talhão, Gruta da Pratinha, Gruta José Antônio e Gruta Pau dalho, cedidos pelo Grupo Bambuí de Espeleologia.

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Salles L. Q. et al.

5. Considerações finais baixas altitudes tendem a ser mais produtivos que poços
perfurados em locais mais elevados.
A dissolução da rocha carbonática, na porção
meridional da Bacia de Irecê, é provavelmente A evolução de um sistema cárstico é intrínseco a
proveniente da coalescência de dois processos de combinação de diversos fatores, como: clima, tectônica,
carstificação. O primeiro refere-se à carstificação litologia, abrasão e processo de dissolução. O estudo
epigênica, que tende a acentuar-se até a profundidade geométrico superficial é um dos principais recursos para
de 60 m, levando em consideração os dados de o entendimento do sistema hidrogeológico.
capacidade específica em poços tubulares. Esse
processo, possivelmente, é responsável por uma maior Agradecimentos
conectividade hidráulica no intervalo de classe de poços
tubulares até a profundidade supracitada. Entretanto, os Os autores agradecem ao programa de Pós-
dados aqui analisados indicam valores mais elevados Graduação em Geologia da Universidade Federal da
de capacidade específica no intervalo de classes de Bahia. Ao Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas
profundidades entre 91 e 120 m, sugerindo a formação pelos mapas de cavernas cedidos para a realização dessa
de cavidades na zona saturada do aquífero. Essa maior pesquisa. À Companhia de Engenharia Ambiental e
conectividade hidráulica nesse intervalo de classe pode Recursos Hídricos da Bahia. Ao Núcleo de Estudos
estar associada a uma carstificação hipogênica, causada Hidrogeológicos e do Meio Ambiente – NEHMA e
pela hidrólise de sulfetos disseminados na rocha. seus participantes. Por fim, ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e tecnológico – CNPq –
Quando correlacionado as feições superficiais do
pelo suporte no desenvolvimento das pesquisas.
terreno, os dados de capacidade específica em poços
tubulares, apresentaram respostas distintas em relação `a
densidade de lineamentos e de dolinas. Observa-se uma Referências Bibliográficas
baixa correlação dos dados de capacidade específica
AUDRA F.; HOBLEA, F., BIGOT, J; e NOBECOURT, J. The
em função do mapa de densidade de lineamentos. Por
role of condenstion-corrosion in thermal speleogeneis study of
outro lado, a densidade de dolinas apresenta moderada
a hipogenic suffidic cave in aux – lee – baians, France. Acta
influência nos valores de capacidade específica. Assim,
carsologica, n 36/2, p. 185–194. 2007.
é possível constatar que o arranjo geométrico superficial
interfere de forma significativa na capacidade especifica AULER, A. S.; FARRANT, A.R. A brief introduction to karst
de poços tubulares, quando levado em consideração a and caves in Brazil. Univer. Britl Speloca. Soc. n 20, p. 187-
dispersão de dolinas. 200. 1996.

De maneira geral, a superfície piezométrica AULER, A. S.; SMART, P. L. The influence of bedrock-
acompanha a topografia do terreno, no sentido do rio derived acidity in the development of surface and undergroud
Santo Antônio – principal sistema exutório subterrâneo. karst: evidence from the Precambrian carbonates of semi-arid
Entretanto, o fluxo subterrâneo pode ter pouca northeastern Brasil. Erath Surface Processes and Landforms.
continuidade lateral, sendo limitado preferencialmente n 28, p. 157-168. 2003.
em três sistemas cársticos distintos, a saber: (i) Sistema
ASTER GDEM. ASTER global DEM. METI & NASA, 2009.
riacho das Almas – Cão - Talhão; (ii) Sistema riacho
Água de Rega – Lapa Doce; e (iii) Sistema riacho São BARRETO E. A. S. Reconstituição da pluviosidade da Chapada
José – Gruta José Antônio - Pratinha. Diamantina (BA) durante o quaternário tardio através de registros
isotópicos (O e C) em estalagmites. Dissertação de mestrado.
A compreensão dos fatores morfológicos que
Programa de Pós-Graduação em Geoquímica e Geotectônica
condicionam a evolução hidrogeológica é uma
– USP. 2010.
importante ferramenta para a gestão dos recursos hídricos
subterrâneo em modelados carsticos. Nesse trabalho são BASTOS-LEAL L.R., LIMA O.A.L., LUZ J. A.G., RIBEIRO
reconhecidas duas zonas de maior produtividade no S.H.S.; SILVA A.B. Caracterização hidrogeológica da bacia do
aquífero: (i) até 60 metros de profundidade; e (ii) em rio Salitre, região centro-norte do estado da Bahia. In: Encontro
profundidade variando entre 91 – 120 metros. Outro Brasileiro de Estudo do Carste, Belo Horizonte, Anais, v.1,
fator importante a destacar é que poços perfurados em p. 60-60. 2004.

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