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DIREITO PENAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ - TJPA


DIREITO PENAL

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ -TJPA
DIREITO PENAL

Diferenças básicas entre os regimes:

NOÇÕES DE DIREITO PENAL 1 - Regime Fechado - O cumprimento se dará em


penitenciárias, podendo, após diversos critérios, o preso
trabalhar externamente somente em serviços ou obras
públicas. OBS.: O preso poderá também trabalhar
internamente, de acordo com suas aptidões ou
PROGRAMA: habilidades que eram desenvolvidas antes da
condenação.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL:
1 Aplicação da Lei Penal. 2 Crime. 3 Imputabilidade penal. 2 - Regime semiaberto: O cumprimento se dará em
4 Concurso de pessoas. 5 Ação penal. 6 Extinção da colônias agrícolas, industriais ou estabelecimentos
punibilidade. semelhantes, podendo o preso trabalhar externamente,
assim como frequentar cursos de ensino superior,
médio, profissionalizantes e dentre outros.
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
3 - Regime aberto: O cumprimento se dará nas
conhecidas casas de albergados, podendo o preso
trabalhar externamente.
OBS.: Nos regimes fechados e semiabertos o preso terá
Anterioridade da lei
direito a remição, ou seja, a cada três dias de trabalho
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não diminuirá um na sua pena. Todavia no regime aberto não
há pena sem prévia cominação legal. tem previsão expressa para esta remição.
COMENTÁRIOS Princípio da Anterioridade - A lei incriminadora deve ser
anterior ao fato praticado, ou seja, não pode ser aplicada
No primeiro momento se faz necessário que saibamos a
aos fatos anteriores a sua entrada em vigor. Ex.: Joaquim
diferença entre crime/delito e contravenção penal.
praticou um ato no dia 15/01/2017. No dia 20/01/2017,
Características dos crime/delitos: 1 - Pena de reclusão entra em vigor uma lei que tipifica a conduta de Joaquim
(regime fechado, regime semi-aberto e aberto), como crime. Conclusão: Joaquim não poderá responder
detenção (regime semi-aberto e aberto, podendo haver pelo crime, pois o ato foi praticado antes da lei entrar em
a regressão de regime semi-aberto para fechado) rigor.
cumulada ou não com multa. 2 - Tentativa de crime é
Princípio da Reserva Legal - Somente lei federal,
punida. 3 - Admitem três espécies de ação penal: Ação
ordinária ou complementar, pode criar ou modificar
Penal Pública Incondicionada, Ação Penal Pública
infrações penais e sanções penais. OBS.: Não se pode
Condicionada e Ação Penal Privada. 4 - Existe
criar ou modificar infrações penais e sanções penais por:
extraterritorial idade da lei penal. 5 - Tempo máximo é
1 - Leis estaduais, municipais ou do distrito federal. 2 -
de prisão 30 anos. 6 - A competência para julgar os
Lei delegada. 3 - Emenda constitucional. 4 - Medida
crimes é da justiça federal e justiça estadual.
provisória (Art. 62 - “Em caso de relevância e urgência, o
Características das contravenções penais (DECRETO-LEI
Presidente da República poderá adotar medidas
Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941): 1 - Pena de prisão
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de
simples (regime semi-aberto e aberto, não podendo
imediato ao Congresso Nacional”, § 1º - “É vedada a
nunca regredir para o regime fechado) cumulado ou não
edição de medidas provisórias sobre matéria” - I -
com multa ou só multa. 2 - Não se pude tentativa de
“relativa a”, b - “direito penal, processual penal e
contravenção. 3 - Todas as contravenções penais são de
processual civil”, da Constituição Federal de 1988). 5 -
ação penal pública incondicionada. 4 - Não há
Costumes, princípios gerais de direito e analogias.
extraterritorialidade da lei penal brasileira. 5 - Pena
máxima de 5 anos. 6 - São sempre julgadas pela justiça É terminantemente proibida a analogia in malam
estadual. OBS.: A justiça federal não julga contravenções partem, ou seja, aquela que irá prejudicar o réu. Porém
penais, mesmo que atinja interesses da União. Porém é perfeitamente aceita a analogia in bonam partem, ou
existe uma exceção, quando o contraventor tiver foro seja, aquela que irá beneficiar o réu. Ex.: Manoel faz uma
especial na justiça federal. Ex.: Juiz federal, que comente ligação clandestina para pegar o sinal de Sky do seu
contravenção penal, é julgado pela justiça federal - TRF. vizinho. Seu vizinho vai a uma delegacia de polícia, após
ser realizado os procedimentos, o juiz recebe a denúncia
de um furto. Porém, verifica que o delegado equiparou o

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furto de sinal da Sky, com furto de energia, por analogia. (completamente proveniente da mesma espécie
Conclusão: Como a analogia é com animus de prejudicar normativa, como por exemplo, lei penal completada pelo
o réu, a mesma não poderá ser aplicada. Ex2.: Uma código civil ou pelo próprio código penal). OBS.: Ainda
parteira, em uma cidade longínqua, que pratica uma podemos dividir as Normas Penais em Branco impróprias
manobra abortiva em uma jovem que foi vítima de em: Homovitelina (completo está dentro do próprio
estupro. Conclusão: O Art. 128, I e II do C.P. (“Não se código penal. Ex.: O crime de peculato, suja elementar é
pune o aborto praticado por médico”: I - “se não há outro o funcionário público. Conclusão: Encontraremos o
meio de salvar a vida da gestante”; e II - “se a gravidez conceito de funcionário público no próprio código penal,
resulta de estupro e o aborto é precedido de mais precisamente no seu art. 327.) e Heterovitelina
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu (completo está dentro de outra lei, localizada no código
representante legal”) prevê somente a prática do aborto civil, por exemplo. Ex.: No delito de art. 236 - "Contrair
realizada por médico, mas, por analogia (in bonam casamento, induzindo em erro essencial o outro
partem), o legislador achou que poderia ser praticado contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja
por outras pessoas como a enfermeira e a parteira, por casamento anterior", encontraremos as hipóteses de
exemplo. impedimento da união civil, dentro do código civil.).
Segundo Mirabete, “o costume é uma regra de conduta Norma Penal em Branco Reversa, Revés ou Investida: É
praticada de modo geral, constante e uniforme, com a aquela cujo complemento normativo está relacionado à
consciência de sua obrigatoriedade”. Assim, apesar de sanção penal (pena) e não ao conteúdo da proibição. Ex.:
ser proibida a criação de normas penais por meio de Art. 304 do C.P. "Fazer uso de qualquer dos papéis
costumes, os mesmos podem auxiliar o intérprete a falsificados ou alterados, a que se refere os arts. 297 a
traduzir conceitos, tais como de repouso noturno, honra 302.
e etc., permitindo assim um enquadramento correto do
Pena - A cominada à falsificação ou à alteração."
fato ao tipo penal. Ex.: Raimundo adentrou uma
residência em uma cidade do interior do Pará, por volta
das 20h, para cometer um furto. Os moradores desta LEI PENAL NO TEMPO
cidade iniciam seu repouso noturno às 18h. Conclusão:
O juiz poderá utilizar os costumes locais e qualificar o
furto do Art. 155, § 1º (“Subtrair, para si ou para outrem,
coisa alheia móvel”; § 1º - “A pena aumenta-se de um
terço, se o crime é praticado durante o repouso Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei
noturno”) do C.P., por ter sido cometido durante o posterior deixa de considerar crime, cessando em
repouso noturno. virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
Princípio da Taxatividade - A lei incriminadora deve
descrever de forma clara e precisa a conduta criminosa. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo
Este princípio proíbe leis penais vagas, genéricas ou favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda
imprecisas (de conteúdo duvidoso). que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.
A lei tem que ser escrita, estrita (proíbe a utilização de
analogia incriminadora), certa (Princípio da Taxatividade)
e necessária (Princípio da Intervenção Mínima). COMENTÁRIOS
No Art. 1° do C.P. entendamos infração penal (crime e A Abolitio Criminis nada mais é que a abolição do crime,
contravenção penal), sanção penal (penas e medidas de ou seja, se um fato deixa de ser crime, então o sujeito
segurança). não poderá mais ser punido, e mesmo que já tenha
transitado em julgado a sentença condenatória, cessará
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE = RESERVA LEGAL +
todos os efeitos penais. Ex.: Pedro cometeu um crime, e
ANTERIORIDADE.
o processo já transitou em julgado e o mesmo está
Normas Penais em Branco: São aquelas que necessitam cumprindo sua pena. Porém, 2 meses após o
de um completo de outra norma. cumprimento de pena, surge uma lei abolindo o crime
praticado por Pedro. Conclusão: Pedro será colocado em
Classificação das Normas Penais em Branco: 1 - Normas
liberdade. OBS.: Somente serão cessados os efeitos
Penais em Branco próprias (complemento proveniente
penais, ou seja, os extrapenais continuarão sendo
de outras espécies normativas, como por exemplo,
aplicados. Ex.: Mario corta o rosto de João. Na esfera
portarias.) e Normas Penais em Branco impróprias

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penal foi condenado por lesão corporal e na esfera cível Ex.: Suponhamos que surge uma lei que proíbe lavar
foi condenado a pagar a reparação estética do rosto de carro no período de 01/02/2017 à 01/03/2017. João lava
João. Suponhamos que o delito de lesão corporal foi seu carro neste período. Conclusão: Mesmo que a lei
abolido do código penal. Conclusão: Mario não precisará tenha vencido seu prazo de validade, João irá responder
cumprir nenhum ato decidido por sentença penal, pelo delito praticado à época do fato. OBS.: Uma lei
todavia continuará obrigado a fazer a reparação estética perde sua vigência em algumas situações específicas,
no rosto de João. quais sejam: revogação por outra lei, desuso e decurso
de tempo. OBS2.: Revogação é o fenômeno pelo qual
uma lei perde a sua vigência, pois entra em vigor outra
Retroatividade - A lei penal não retroagirá, salvo para norma. OBS3.: Repristinação é um instituto jurídico, no
beneficiar o réu (Novatio legis in mellius) - Art. 5, XL C.F. qual, uma norma que foi revogada, volta a vigência
Ex.: José cometeu um delito que tem uma pena de 5 a 10 novamente, após ter sido revogada por uma terceira lei,
anos de reclusão. No decorrer do processo, o mesmo ou seja, seria a revogação da revogação.
delito passou a ter uma pena de 2 a 7 anos de reclusão.
Conclusão: José será beneficiado com a nova lei.
Ultratividade - A lei posterior mais rigorosa não poderá Tempo do crime
retroagir para agravar a situação do agente (Novatio legis Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da
in pejus). Sendo assim aplicada a lei revogada. Ex.: No dia ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
10/01/2017, João cometeu um crime que trazia uma resultado.
pena de 1 a 3 anos de reclusão. Antes da sentença
transitada em julgado, a lei foi revogada e o crime passou
a ter uma pena de 2 a 5 anos de reclusão. Conclusão: COMENTÁRIOS
Será aplicada a João a lei que foi revogada, tendo em
O Art. 4° do C.P. refere-se ao tempo no qual o crime
vista, que a lei nova é mais maléfica.
ocorreu.
EXTRATIVIDADE = RETROATIVIDADE + ULTRATIVIDADE
Teoria Atividade - Considera-se praticado o crime no
Lei excepcional ou temporária momento da conduta (ação ou omissão), ou seja, no
momento da atividade criminosa e não no momento do
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora
resultado. (ADOTADA PELO C.P.) Ex.: Pedro atira em
decorrido o período de sua duração ou cessadas as
Paulo no dia 10/01/2017. Porém, o mesmo vem a falecer
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
no dia 13/01/2017. Conclusão: Será considerado
praticado durante sua vigência.
praticado o delito no dia 10/01/2017.
Teoria do Resultado - Considera-se praticado o crime no
COMENTÁRIOS: momento do resultado e não da conduta. (NÃO
ADOTADO PELO C.P.) Ex.: Pedro atira em Paulo no dia
As leis, em regra, são feitas para vigorarem por prazo
10/01/2017, que vem a falecer no dia 20/01/2017.
indeterminado, até que sejam revogadas por outra lei.
Conclusão: Será considerada a pratica do delito no dia
Porém existem duas exceções: Lei excepcional e Lei
20/01/2017.
temporária (Possuem durações determinadas).
Teoria Mista ou Ubiquidade - Considera-se praticado o
Não se aplica nas leis excepcionais e temporárias a
crime, tanto no momento da conduta quanto do
abolitio criminis.
resultado. (NÃO ADOTADO PELO C.P.) Ex.: Pedro atira
Lei Excepcional - É a lei feita para vigorar durante em Paulo no dia 10/01/2017, que vem a falecer no dia
situações excepcionais, ou seja, de anormalidade. Ex.: 20/01/2017. Conclusão: Será considerado a pratica do
guerra, calamidades e etc. delito tanto no dia 10/01/2015 quanto no dia
Lei Temporária - É a lei feita para vigorar durante prazo 20/01/2017.
certo e exato, ou seja, em seu próprio texto consta o dia Se durante um crime permanente ou continuado (Art. 71
da sua revogação. Ex.: Uma lei que começou a vigorar no do C.P. - "Quando o agente, mediante mais de uma ação
dia 01/01/2017 e se findará no dia 01/02/2017. ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma
As leis excepcionais e temporárias continuam sendo espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
aplicadas após serem revogadas, ou seja, são ultrativas. execução e outras semelhantes, devem os subsequentes
Mas apenas aos fatos ocorridos durante a sua vigência. ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe
a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais

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grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um COMENTÁRIOS


sexto a dois terços") houver a alteração de lei, aplica-se
Em regra aplica-se a lei penal brasileira em todo
sempre a lei mais nova, mesmo que seja mais grave ao
território nacional, não importando a nacionalidade da
acusado (Súmula N° 711 do STF - "A lei penal mais grave
vítima ou agente ou do bem jurídico tutelado (Princípio
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente,
da Territorialidade Relativa).
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade
ou da permanência"). Ex.: Pablo pratica o crime de O Art. 5° do C.P. adotou a Territorialidade Temperada
sequestro no dia 05/01/2017. O mesmo se estende, e (aquela que permite a eficácia da norma de outros países
vem a findar no dia 25/08/2017. No dia do início do em certos casos, como, tratados, convenções e regras de
sequestro (dia 05/01/2017), suponhamos que o delito direito internacional.) pela intraterritorialidade (lei do
tinha uma pena de 4 a 10 anos de reclusão, porém no dia estrangeiro adentrando no Brasil).
10/07/2017 a lei é alterada, dando ao delito uma pena Território Nacional = Espaço físico (Geográfico) + Espaço
de 6 a 15 anos de reclusão. Conclusão: Pablo será julgado Jurídico (Equiparação - Art. 5º, §§ 1º e 2º C.P.).
com base na lei mais nova, mesmo sendo mais rigorosa.
No Art. 5°, §§ 1º e 2º do C.P. temos: 1 - Quando as
Crime Permanente - É aquele que se prolonga no tempo. embarcações ou aeronaves brasileiras forem públicas ou
Ex.: Sequestro, Redução a condição análoga à de escravo estiverem a serviço brasileiro, quer se encontre em
e etc. território nacional ou estrangeiro, são considerados
Crime Continuado - É uma sucessão de crimes da mesma partes do nosso território; 2 - Se privados, quando em
espécie, praticados nas mesmas circunstâncias de alto-mar ou espaço aéreo correspondente, seguem a lei
tempo, lugar e maneira de execução. Ex.: Três furtos (Art. da bandeira de ostentam (Princípio da Bandeira); 3 -
155 do C.P.) praticados em três casas vizinhas em três Quanto às embarcações ou aeronaves estrangeiras em
dias seguidos, nos mesmos horários, com os mesmo território brasileiro, desde que públicas, não são
modos operantes e etc. OBS.: Só é possível existir crime considerados parte de nosso território. Porém se
continuado, se estivermos diante de crimes da mesma privadas são considerados parte de nosso território.
espécie, ou seja, descrito no mesmo tipo penal (mesmo Embaixada não é extensão do território que
artigo de lei). Ex.: Art. 155 “caput” e 155, § 4º, ou seja, representam. Porém as embaixadas são invioláveis.
furto simples e furto qualificado, porém os dois são
furtos. Na dúvida de territorialidade, a doutrina resolve o
problema, aplicando a lei da nacionalidade do agente.
Ex.: Em alto-mar, duas embarcações privadas colidem,
Territorialidade uma brasileira e outra italiana. Um americano e um
japonês constroem uma jangada com os destroços das
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de duas embarcações, e sobre os destroços misturados das
convenções, tratados e regras de direito internacional, embarcações, o americano mata o japonês. Será
ao crime cometido no território nacional. aplicada a lei da nacionalidade do agente, pois a
territorialidade está mistura/confusa. Porém, se no
mesmo caso, fossem duas embarcações brasileiras
§1º - Para os efeitos penais, consideram-se como privadas em alto-mar, como os destroços são brasileiros,
extensão do território nacional as embarcações e então seria aplicada a lei da bandeira que ostentam, ou
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço seja, lei brasileira.
do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem
como as aeronaves e as embarcações brasileiras, Se a embarcação estrangeira for pública e estiver
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, atracada em porto brasileiro, e acontece um crime no
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou interior da embarcação, então será aplicada a lei
em alto-mar. estrangeira. Porém se o crime for cometido fora da
embarcação, ou seja, em território brasileiro, temos
§2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes duas hipóteses: Se o agente estiver a serviço do seu país
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações será aplicada a lei estrangeira, se não estiver será
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aplicada a lei brasileira.
aquelas em pouso no território nacional ou em voo no
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar A competência para julgar os crimes cometidos a bordo
territorial do Brasil. de embarcações e aeronaves é da justiça federal,
ressalvada quando a competência for da justiça militar.

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OBS.: A competência será da justiça estadual, quando se Teoria Mista ou Ubiquidade - Considera-se praticado o
tratar de delitos cometidos a bordo de iates, lanchas, crime, tanto no lugar da conduta quanto do resultado ou
botes e embarcações equiparadas, pois a CF/88 em seu onde deveria se produzir o mesmo (ADOTADO PELO
Art. 109 - “Aos juízes federais compete processar e C.P.). Ex.: João atira em Paulo no Estado do Acre. Porém,
julgar”, IX - “os crimes cometidos a bordo de navios ou o mesmo vem a falecer no Estado do Pará. Conclusão:
aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar”, Será considerado o lugar do delito tanto no Estado de
menciona o termo navios (embarcações de grande porte, Acre quanto no Estado do Pará.
autorizadas e adaptadas para viagens internacionais).
Crimes Plurilocais - São aqueles que a conduta ocorre
OBS2.: No que se refere ao termo aeronaves, a sua
em um lugar e o resultado em outro lugar, porém ambos
interpretação é extensiva, ou seja, aeronaves de modo
dentro do Brasil (percorre dois ou mais lugares do
geral.
mesmo país soberano). Ex.: Conduta no Rio de Janeiro e
O Brasil adota a chamada Passagem Inocente (Lei resultado no Pará. Ex2.: Conduta em São Paulo,
8.617/93 - Art. 3º - "É reconhecido aos navios de todas as passando pelo Rio de Janeiro, se consumando em Minas
nacionalidades o direito de passagem inocente no mar Gerais. Conclusão: Como gera um conflito interno de
territorial brasileiro"). Quando o navio privado passa competência, será em regra resolvido pelo Art. 70 do
pelo território nacional apenas como passagem C.P.P. (“A competência será, de regra, determinada pelo
necessária para chegar ao seu destino (no nosso lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de
território não atracará) não se aplica a lei brasileira, tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato
desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à de execução”) que adotou a teoria do resultado.
segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida.
Crimes à Distância ou Crime de Espaço Máximo - São
OBS.: Apesar de não existir previsão expressa,
aqueles que parte ocorre no Brasil e parte no estrangeiro
garantindo o direito de passagem inocente de aeronaves,
(percorre dois países soberanos), ou seja, a conduta
não tem sentido excluí-las, desde que respeitados os
ocorre no Brasil e o resultado ou possibilidade de
requisitos impostos às embarcações (doutrina
resultado no estrangeiro e vice-versa. Ex.: Conduta no
majoritária). Conclusão: A letra de lei traz somente
Brasil e resultado na Argentina ou vice-versa. Conclusão:
previsão para navios, excluindo as aeronaves. No
Como gera um conflito internacional de jurisdição, será
entanto, para muitos doutrinadores, não há motivos
resolvido pelo Art. 6º do C.P. que adotou a teoria da
para excluí-las.
ubiquidade.
Crime em Trânsito - Crime percorre mais de dois países
Lugar do crime soberanos. Ex.: Conduta no Brasil, passando pela
Argentina, e se consumando no Paraguai. Conclusão:
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que Como gera um conflito internacional de jurisdição, será
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem resolvido pelo Art. 6º do C.P. que adotou a teoria da
como onde se produziu ou deveria produzir-se o ubiquidade.
resultado.
OBS.: Será aplicada a teoria da ubiquidade somente nos
crimes à distância ou em trânsito. Já que nos plurilocais
COMENTÁRIOS a conduta e o resultado ocorrem dentro do Brasil.
Teoria Atividade - Considera-se praticado o crime no
lugar da conduta e não do resultado (NÃO ADOTADA Se, parte do crime (conduta, resultado ou possibilidade
PELO C.P.). Ex.: Pedro atira em Paulo no Estado do Pará. do resultado) ocorrer no Brasil, já é possível aplicar a lei
Porém, o mesmo vem a falecer no Estado de São Paulo. penal brasileira. Porém, poderá ser aplicada a lei do país
Conclusão: Será considerado o lugar do delito no Estado estrangeiro. Mas para evitar o BIS IN IDEM (dupla
do Pará. punição pelo mesmo fato) a pena cumprida no
Teoria do Resultado - Considera-se praticado o crime no estrangeiro será descontada ou atenuada na pena a
lugar do resultado e não da conduta (NÃO ADOTADO cumprir no Brasil (Art. 8° do C.P. - “A pena cumprida no
PELO C.P.). Ex.: João atira em Paulo no Estado do estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
Amazonas. Porém, o mesmo vem a falecer no Estado de crime, quando diversas, ou nela é computada, quando
Fortaleza. Conclusão: Será considerado o lugar do delito idênticas”).
no Estado de Fortaleza.

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Extraterritorialidade Princípio da Nacionalidade Ativa - Este princípio se


preocupa com a nacionalidade do agente (Art. 7°, II, “b”
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos - C.P.).
no estrangeiro:
Princípio da Representação - A lei penal nacional aplica-
I - os crimes: contra a vida ou a liberdade do Presidente se aos crimes praticados em aeronaves e embarcações
da República; contra o patrimônio ou a fé pública da privadas, quando no estrangeiro, e ai não sejam julgados
União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de (Art. 7°, II, “c” - C.P.).
Município, de empresa pública, sociedade de economia
mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Princípio da Defesa (Art. 7°, § 3° - C.P.).
Público; contra a administração pública, por quem está a A extraterritorialidade pode ser incondicionada, prevista
seu serviço; de genocídio, quando o agente for brasileiro no Art. 7º, I, "a", "b", "c" e "d" do C.P., hipótese em que
ou domiciliado no Brasil; o agente será processado de acordo com a lei brasileira,
II - os crimes: que, por tratado ou convenção, o Brasil se ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro,
obrigou a reprimir; praticados por brasileiro; praticados condição prevista no Art. 7º §1º do C.P. OBS.: São crimes
em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou contra a vida: Homicídio, Infanticídio, Aborto e
de propriedade privada, quando em território Instigação, induzimento e auxílio ao suicídio. OBS2.: São
estrangeiro e aí não sejam julgados. crimes contra a liberdade: Constrangimento ilegal,
Ameaça, Sequestro e cárcere privado e Redução a
§1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a condição análoga de escravo.
lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro. A extraterritorialidade será condicionada (Art. 7º, II, "a",
"b" e "c" do C.P.), pois dependerá de alguns requisitos
§2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira descritos no Art. 7º § 2º do C.P.
depende do concurso das seguintes condições:
Ainda temos a extraterritorialidade hipercondicionada
entrar o agente no território nacional; ser o fato punível que está expressa no § 3º do Art. 7º do C.P., que acumula
também no país em que foi praticado; estar o crime os requisitos do § 2º e § 3º do mesmo artigo. Ex.:
incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza Brasileiro em Orlando, nos EUA, é morto por um
a extradição; não ter sido o agente absolvido no americano. Aplica-se a lei brasileira? SIM, desde que
estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; não ter sido o presentes os requisitos do Art. 7º, § 2° do C.P.
agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, (Extraterritorialidade condicionada). OBS.: Os requisitos
não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais do Art. 7º, § 2° do C.P. são cumulativos. OBS2.: A
favorável. competência para julgar este americano em Regra é da
§3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido justiça estadual, salvo se presente alguma hipótese do
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, Art. 109 da C.F/88 ("Art. 109 - Aos juízes federais
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: compete processar e julgar: I - as causas em que a União,
entidade autárquica ou empresa pública federal forem
não foi pedida ou foi negada a extradição;
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou
houve requisição do Ministro da Justiça. oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho; II - as causas entre Estado estrangeiro ou
COMENTÁRIOS organismo internacional e Município ou pessoa
domiciliada ou residente no País; III - as causas fundadas
em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro
Princípio da Defesa - Este princípio está preocupado com ou organismo internacional; IV - os crimes políticos e as
a nacionalidade da vítima ou do bem jurídico (Art. 7°, I, infrações penais praticadas em detrimento de bens,
“a”, ”b” e ”c” - C.P.). serviços ou interesse da União ou de suas entidades
Princípio da Justiça Universal - Pois o Brasil se obrigou a autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
reprimir por meio de tratados, não importando onde, por contravenções e ressalvada a competência da Justiça
quem e contra quem é praticado (Art. 7°, I, “d” e Art. 7°, Militar e da Justiça Eleitoral; V - os crimes previstos em
II, “a” - C.P.). tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter
ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A as
causas relativas a direitos humanos a que se refere o §5º

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DIREITO PENAL

deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, ECA. Do mesmo modo que não se admite
de 2004); VI - os crimes contra a organização do trabalho extraterritorialidade em se tratando de contravenção,
e, nos casos determinados por lei, contra o sistema também não se admite em caso de ato infracional,
financeiro e a ordem econômico-financeira; VII - os ambas hipóteses sem previsão legal.
"habeas-corpus", em matéria criminal de sua
competência ou quando o constrangimento provier de
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos Pena cumprida no estrangeiro
a outra jurisdição;
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas,
contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de ou nela é computada, quando idênticas.
competência dos tribunais federais; IX - os crimes
cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a
competência da Justiça Militar; X - os crimes de ingresso COMENTÁRIOS
ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de
É possível que suceda a hipótese de ser o agente
carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença
processado, julgado e condenado tanto pela norma
estrangeira, após a homologação, as causas referentes à
penal brasileira como pela estrangeira (somente nos
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à
casos de extraterritorialidade incondicionada - Art. 7º, I
naturalização; XI - a disputa sobre direitos indígenas", da
do C.P.).
CF/88) fazendo com que a competência seja da justiça
federal. O termo “atenua” está ligado a palavra “diversas”, ou
seja, se a pena no estrangeiro for diversa (diferente) da
No Art. 7° § 2° do C.P., “c” - Serão comparadas com os
pena no Brasil, então deverá ser atenuada (diminuída).
crimes que o Brasil autoriza a extradição, que serão os
Ex.: Suponhamos que na Inglaterra um determinado
mesmos delitos que o Brasil irá alcançar, mesmo que
crime tem uma pena de multa e no Brasil uma pena de
praticados no estrangeiro. Não significa dizer que o Brasil
detenção, e um brasileiro pratica este crime na
irá extraditar, e sim apenas verificar essa hipótese que
Inglaterra, e é punido com pena de multa, e no Brasil é
está elencada no Art. 7°, § 2° do C.P. OBS.: Estes casos de
punido com penal privativa de liberdade. Então o
extradição estão definidos no estatuto do estrangeiro.
magistrado irá atenuar a pena imposta no Brasil.
No Art. 7° § 2°, “e” do C.P. - Se o crime foi prescrito na lei Todavia, o magistrado não poderá diminuir a pena, de
estrangeira, mesmo que não esteja prescrito no Brasil, forma que a mesma fique menor que a mínima prevista
não pode o Brasil aplicar a pena e vice-versa. em lei por tal crime.
No Art. 7° § 3°, temos a hipótese de aplicação da lei penal O termo “computada” está ligado a palavra “idênticas”,
brasileira, quando um crime for praticado por ou seja, se a pena no estrangeiro for idêntica a pena
estrangeiro contra um brasileiro. Todavia, temos que aplicada no Brasil, então deverá ser computada
cumular as hipóteses estabelecidas no § 2°, mais duas (subtraída). Ex.: Um Brasileiro foi condenado por
que são: 1 - Não foi pedida (pelo país de origem do homicídio contra a presidente do Brasil, que se
infrator) ou foi negada a extradição (pelo Brasil) e 2 - encontrava na Alemanha, com uma pena de reclusão de
Houve requisição (no sentido de requerimento, ou seja, 10 anos, e no Brasil com uma pena de reclusão de 20
pedido) do Ministro da Justiça. anos. Então após cumprir 10 anos na Alemanha, irá
cumprir somente 10 anos no Brasil.
OBS.: O Art. 7º do C.P temos expressamente que a lei
penal brasileira será aplicado somente aos crimes, OBS.: Percebe-se que o Art. 8º do C.P. descreve de
excluindo assim as contravenções penais e demais leis maneira clara, uma exceção relacionada ao princípio do
especiais que não preveem extraterritorialidade, "non bis in idem", admitindo dois processos, dois
exemplo, ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). julgamentos e duas condenações. Com o fim de atenuar
Porém existem duas correntes nesse sentido: 1ª corrente a dupla punição pelo mesmo fato, o Art. 8º anuncia que
- Sendo o ato infracional um ato previsto como crime a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta
praticado por adolescente (Art. 103 do ECA - "Considera- no Brasil, quando diversas, ou nela é computada, quando
se ato infracional a conduta descrita como crime ou idênticas. OBS2.: Diferenças entre atenuante, agravante,
contravenção penal"), admite-se a extraterritorialidade aumento e diminuição de pena.
da nossa lei aplicada para menores de idade. 2ª corrente
Atenuante: É a diminuição de pena, todavia não poderá
- Somente será possível a extraterritorialidade da lei
esta, ultrapassar a pena mínima estipulada para o crime.
penal (Código Penal), todavia, não há igual previsão no

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Agravante: É o aumento de pena, porém não poderá (Procurado Geral da República) ou Ministro da justiça, a
esta, ultrapassar a pena máxima estipulada para o crime. depender da situação, vista anteriormente.
Diminuição de pena: É a diminuição da pena, que vem
estipulado em frações, por exemplo, um terço, um sexto
Contagem de prazo
e etc., podendo deixar a pena abaixo da estipulada para
o crime. Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Aumento de pena (majorante): É o aumento da pena, Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário
que vem estipulado em frações, por exemplo, um terço, comum.
um sexto e etc., podendo deixar a pena acima da
estipulada para o crime.
COMENTÁRIOS
Para contagem do prazo no direito penal, leva-se em
Eficácia de sentença estrangeira consideração o dia que ocorreu o fato delituoso, ou seja,
o dia do crime.
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da
lei brasileira produz na espécie as mesmas Esta forma de contagem aplica-se a todos os prazos
consequências, pode ser homologada no Brasil para: materiais, tais como os de duração das penas, livramento
condicional, prescrição e etc.
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a
restituições e a outros efeitos civis; O prazo é contado de acordo com calendário comum
(gregoriano), assim 1 mês de prazo vai de determinado
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
dia à véspera do mesmo dia do mês subsequente. Ex.: Se
Parágrafo único - A homologação depende: um crime de furto ocorre dia 10/01/2017 e o mesmo
prescreve em 8 anos (Pretensão Punitiva em Abstrato),
para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte
então no dia 09/01/2025 será o último dia para o
interessada;
recebimento da denúncia.
para os outros efeitos, da existência de tratado de
extradição com o país de cuja autoridade judiciária
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição Frações não computáveis na pena
do Ministro da Justiça.
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade
e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena
COMENTÁRIOS de multa, as frações de cruzeiro.

O Art. 9º, I do C.P. está ligado com alínea “a” (efeitos


civis), do mesmo artigo. Depende do pedido da parte COMENTÁRIOS
interessada. Ex.: O sujeito na França subtraiu um valor de
R$ 500.000,00 e depositou o dinheiro no Brasil. A vítima O Art. 11 do C.P. quer dizer que não poderá alguém ser
do crime requer através do STJ, que a sentença condenado, por exemplo, em 3 ano, 8 meses, 20 dias, 6
condenatória lá na Franca, tenha efeito no Brasil, ou seja, horas, 17 minutos e 45 segundo. Neste caso, o
para que o Brasil reconheça que a sentença condenatória magistrado irá desprezar as horas, minutos e segundos,
francesa teve repercussões civis (indenizatória) e assim sendo, o condenado irá cumprir 3 ano, 8 meses e
bloqueie o valor depositado no Brasil em benefício da 20 dias.
vítima estrangeira. O mesmo raciocínio será feito com as penas de multas,
O Art. 9º, II do C.P. está ligado com alínea “b” (medida de ou seja, alguém foi condenado a pagar (atualmente em
segurança). Se existir tratado de extradição com país no Real) R$ 3.780,37. Logo o juiz irá desprezar os centavos,
qual foi emanada a sentença (requisição do PGR - assim sendo o condenado irá pagar somente R$
Procurador Geral da República), ou, na falta de tratado, 3.780,00.
é feito por meio de requisição (no sentido de
requerimento, ou seja, pedido) do Ministro da Justiça.
Ex.: Um brasileiro comete um crime na Itália e lá e
sentenciado para cumprir medida de segurança.
Conclusão: A sentença estrangeira poderá ser
homologada no Brasil, desde que feita requisição do PGR

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Legislação especial plurinucleares). Assim sendo, o agente que pratica várias


ações do mesmo tipo penal, será responsabilizado por
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos um só delito. Ex.: Art. 299 - Omitir, em documento
fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser público ou particular, declaração que dele devia constar,
de modo diverso. ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou
diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
COMENTÁRIOS
juridicamente relevante. Conclusão: Por se tratar de um
Havendo um conflito de normas, deverá ser afastada a crime de múltipla ação, caso o agente venha praticar
normal geral e aplicada a norma especial, este princípio mais de uma conduta descrita no delito, o mesmo irá
é denominado Princípio da Especialidade (lês specialis responder somente por um crime, ou seja, falsidade
derogat legi generali). Ex.: Um crime praticado por um ideológica.
menor de idade ficará sujeito à pena estabelecida na
legislação especial - ECA.
DO CRIME
Em caso de conflitos de norma, temos os seguintes
princípios: 1 - Princípio da Especialidade - Determina que
se afaste a lei geral para se aplicar a especial, quando Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do
esta dispuser da mesma conduta delitiva. Ex.: Alexandre crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
agrediu sua esposa, causando-lhe lesões graves. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
Conclusão: O mesmo irá responder de acordo com a lei resultado não teria ocorrido.
Maria da Penha.
2 - Princípio da Subsidiaridade - Neste princípio, temos
o inverso do princípio da especialidade, pois a norma Superveniência de causa independente
principal prevalece sobre a norma subsidiária. A norma
§1º- A superveniência de causa relativamente
subsidiária é a norma que é aplicada na ausência ou
independente exclui a imputação quando, por si só,
impossibilidade de aplicação da norma principal mais
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto,
grave, então aplica-se a norma subsidiária menos grave.
imputam-se a quem os praticou.
Ex.: Art. 132. “Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
direto e iminente:
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, se o fato não Relevância da omissão
constituir crime mais grave".
§2º- A omissão é penalmente relevante quando o
Conclusão: Somente "se o fato não constituir crime mais omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O
grave" é que a pena relativa ao delito descrito no Art. 132 dever de agir incumbe a quem:
do C.P. será aplicada ao agente. Ex2.: Jorge efetua um
tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
disparo de arma de fogo para o alto. A munição, ao cair,
vigilância; de outra forma, assumiu a responsabilidade
atingir a cabeça de João, que vem a falecer. Conclusão:
de impedir o resultado; com seu comportamento
Neste caso, Jorge irá responder pelo delito de homicídio
anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
na modalidade culposa. OBS.: Caso, a munição, não
tivesse atingindo ninguém, então Jorge responderia pelo
delito menos grave, ou seja, disparo de arma de fogo.
COMENTÁRIOS
3 - Princípio da Consunção - Princípio segundo o qual o
Conceito Formal de Crime - É tudo aquilo que está
fato mais amplo e mais grave absorve outros menos
descrito em uma norma penal incriminadora, e que se
amplos e graves. Desta forma, não é a norma que
caso seja infringido, acarretará uma pena.
absorve a outra, e sim a infração prevista na primeira
norma constitui simples fase de realização da segunda Conceito Material de Crime - É um comportamento
infração, ou seja, o crime meio ficará absorvido pelo humano causador de relevante lesão ou perigo de lesão
crime fim. Ex.: Em um crime de homicídio, a lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal.
corporal será absorvida. Conceito Formal Material - Nada mais é que a soma dos
4 - Princípio da Alternatividade - É aquele que será conceitos de formal e material de crime.
aplicado quando o delito trouxer em sua redação Conceito Analítico de crime - É aquele que fragmenta os
diversos verbos (crimes de múltipla ação ou elementos que constituem o crime, ou seja, estuda uma

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DIREITO PENAL

estrutura dogmática do delito. Surgindo assim algumas ajustar ao tipo penal e que provoca lesão ou perigo de
divergências de teorias. As teorias que existem são: lesão ao jurídico tutelado, caracterizando ato
Bipartite (Fato típico + Antijurídico/Ilícito, sendo a antinormativo. Assim sendo, teremos, segundo
culpabilidade um pressuposto para a aplicação da pena), Zaffaroni, um fato atípico. OBS2.: A tipicidade
Tripartite (Adotada pela maioria da doutrina) e conglobante traz o estrito cumprimento do dever legal e
Quadripartite (Fato típico + Antijurídico/Ilícito + o exercício regular de direito incentivado, para compor a
Culpabilidade + punibilidade, esta teoria é defendida por tipicidade, servindo como causas de sua exclusão. Ex.:
Nucci). A Teoria Tripartite ou Finalista do crime ou João, oficial de justiça, cumpri um mandado de busca e
Tricotômica, segundo o criador Hans Welzel e a doutrina apreensão de bens. Conclusão: João praticou um fato
majoritária, diz que para a existência de um crime, deve- atípico, já que o estrito cumprimento do dever legal é
se ter um fato típico, antijurídico/ilícito e culpável. causa de exclusão de tipicidade. OBS3.: A doutrina
CRIME = FATO TÍPICO + ANTIJURÍDICO/ILÍCITO + moderna entende que Tipicidade Penal = Tipicidade
CULPÁVEL/CULPABILIDADE. formal + Tipicidade material (Relevância da lesão ou
perigo de lesão ao bem jurídico tutelado).
Fato Típico - Conduta humana indesejada, que se
enquadra formal e materialmente no tipo penal. Antijurídico/Ilícito - É tudo aquilo que é contrário ao
ordenamento jurídico.
O fato típico possui quatro elementos: 1 - Conduta: É um
comportamento humano voluntário (vontade), dirigido São causas excludentes de ilicitude ou antijuridicidade
psiquicamente a um fim. OBS.: A conduta pode ser (Art. 23, I, II e III do C.P. - "Não há crime quando o agente
dolosa (com intenção), culposa (agindo sem intenção, pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em
porém com imprudência, negligência ou imperícia), legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever
comissiva (ação) ou omissiva (omissão). OBS2.: Excluem legal ou no exercício regular de direito"): 1 - Estado de
a conduta: 1.1 - Caso fortuito (Fenômeno que acontece Necessidade (Art. 24 do C.P. - "Considera-se em estado
por acaso, ou seja, uma causa estranha que não pode ser de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo
imputada às partes. Ex.: Tomar um comprimido para dor atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de
de cabeça, sem saber que era alérgico a um dos outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
componentes do mesmo, vindo a causa um transtorno sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se");
metal que levará o agente a inconsciência total dos seus 2 - Legítima defesa (Art. 25 do C.P. - "Entende-se em
atos. 1.2 - Força maior (São eventos climáticos causados legítima defesa quem, usando moderadamente dos
pela natureza). Ex.: Um furação faz um pessoa ser atirada meios necessários, repele injusta agressão, atual ou
em cima de outra, vindo-lhe causar lesões corporais iminente, a direito seu ou de outrem"); 3 - Estrito
graves. 1.3 - Coação física irresistível. Ex.: João empurra cumprimento do dever legal (Art. 23, III do C.P.) e 4 -
Pedro, que cai por cima de uma criança que vem a sofre Exercício regular de direito (Art. 23, III do C.P.). OBS.:
uma lesão corporal. 1.4 - Atos de reflexo. Ex.: João dá um Existe ainda uma excludente supra legal que é o
susto em Mateus, que estava segurando em seu colo consentimento do ofendido. Porém este consentimento
uma criança, vindo deixar, em decorrência do susto, a deverá ser dado antes e o bem tem ser disponível.
mesma cair, causando assim a morte da criança. 1.5 - OBS2.: No Art. 20 § 1º do C.P. ("É isento de pena quem,
Atos inconscientes (Ex.: Sonâmbulos). Assim sendo, não por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,
há vontade no comportamento (fato atípico). 2 - supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação
Resultado - Pode ser naturalístico (morte; diminuição legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva
patrimonial e etc.) ou jurídico/normativo (bem jurídico de culpa e o fato é punível como crime culposo") temos
protegido por lei). OBS.: Todo crime tem resultado a figura das discriminantes putativas (imaginárias), que
jurídico/normativo, mas nem todo crime possuí se aplicam às excludentes de ilicitude/antijuridicidade.
resultado naturalístico. Ex.: Crime de Desobediência - Ex1.: Carlos é um desafeto de Kaio, e ameaça o mesmo
Art. 330 do C.P. - "Desobedecer a ordem legal de de morte. Certo dia, Kaio vem caminhando pela rua,
funcionário público". Conclusão: Por se tratar de um quando avista Carlos alguns metros a sua frente. Ao ver
crime de mera conduta, o mesmo, possui um resultado Kaio, Carlos mete a mão na cintura, e saca uma arma de
jurídico/normativo, mas não possui resultado fogo de brinquedo (simulacro), para amedrontar seu
naturalístico. 3 - Nexo de causalidade - É o elo entre a desafeto. Kaio ao acompanhar o movimento, saca uma
conduta do agente e o resultado. 4 - Tipicidade Penal - arma e atira, vindo a ceifar a vida de Nando. Conclusão:
Esta poderá ser formal (É a adequação de um fato Sendo impossível Caio saber que não se tratava de uma
cometido à descrição que dele se faz em lei) ou arma verdadeira, então o mesmo será isento de pena
conglobante (não adotada pelo código penal brasileiro). (Legitima defesa putativa). EX2.: exemplo de estado de
OBS.: Tipicidade conglobante é aquela que deve se necessidade putativo e etc...

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DIREITO PENAL

Culpável/Culpabilidade - É o juízo de reprovação pessoal Temos outra situação como exemplo do Art. 13, § 1° do
que se faz sobre a conduta ilícita do agente. C.P. (superveniência de causa relativamente
independente que não por si só): Ex.: Tiago com vontade
Os requisitos que excluem a culpabilidade são:
de matar (animus necandi), atingi com uma barra de
ferro a cabeça de Paulo. O mesmo é socorrido e ao
1 - Imputabilidade está subdivida em: Desenvolvimento passar por intervenção cirúrgica, vem a falecer em
mental incompleto ou retardado (Art. 26 do C.P. - "É decorrência de erro médico. Conclusão: Tiago
isento de pena o agente que, por doença mental ou responderá por homicídio, pois a causa morte era
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, previsível que acontecesse, e o médico responderá por
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz homicídio culposo.
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se Existem outras espécies de concausas, que são:
de acordo com esse entendimento"), Menor idade (Art. CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES: São
27 do C.P. - "Os menores de 18 (dezoito) anos são aquelas que não se originaram da conduta do agente, ou
penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas seja, não possui absolutamente nenhum vínculo com a
estabelecidas na legislação especial") e Embriaguez conduta do agente.
completa provocada por caso fortuito ou força maior
1 Preexistente: Quando a causa do resultado se deu
(Art. 28, § 1° do C.P. - "É isento de pena o agente que, por
antes do comportamento do agente. Ex.: João coloca
embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou
veneno no suco de José. Após 30 minutos, José é
força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão,
atingindo por um disparo feito por Marcos. José é
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
socorrido, mas vem a falecer no hospital em decorrência
ou de determinar-se de acordo com esse
do veneno ingerido. Conclusão: João irá responder por
entendimento"). 2 - Potencial consciência da ilicitude
homicídio consumado e Marcos por tentativa de
que é o erro inevitável sobre a ilicitude do fato ou Erro
homicídio.
de proibição (Art. 21 do C.P. - "O desconhecimento da lei
é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se 2 Concomitante: Quando a causa do resultado se deu
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la simultaneamente à do comportamento do agente. Ex.:
de um sexto a um terço") e 3 - Exigibilidade de Conduta Maria coloca veneno na sopa de João. No momento em
Diversa que se divide em: Coação moral irresistível e que João esta ingerindo a sopa, sofre um disparo
obediência hierárquica (Art. 22 do C.P. - "Se o fato é efetuado pelo seu desafeto Luiz e vem a falecer, em
cometido sob coação irresistível ou em estrita decorrência do disparo. Conclusão: Luiz responderá por
obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de homicídio consumado e Maria por tentativa de
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou homicídio.
da ordem").
3 Superveniente: Quando a causa do resultado se deu
Só podemos imputar um crime a alguém, se o mesmo lhe depois do comportamento do agente. Ex.: Pedro coloca
deu causa, ou seja, sem a sua ação ou omissão o veneno na comida de Tiago. Após, ter ingerido a comida
resultado não seria possível. Ex.: João com vontade de com veneno, senta-se para descansar e é atingindo por
matar (animus necandi), atira na cabeça do José, que um disparo feito por Manoel, que vem a ceifar sua vida.
vem a falecer. Conclusão: João será responsabilizado por Conclusão: Manoel responderá por homicídio
crime de Homicídio. consumado e Pedro por tentativa de homicídio.
Temos como exemplo do Art. 13, § 1° do C.P. CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES: São
(superveniência de causa relativamente independente aquelas que se originaram da conduta do agente, e
que por si só): Ex.: Pedro com vontade de matar (animus mesmo que indiretamente, dão causa ao resultado.
necandi), mete uma faca na barriga do Carlos. O mesmo
1 Preexistente: Quando a causa do resultado já existia
é socorrido e passa por intervenção cirúrgica, quando
antes do comportamento do agente. Ex.: Manoel, com
está para receber alta, o hospital pega fogo e ele vem a
intenção de matar, desfere uma facada em Carlos, que é
falecer em decorrência das queimaduras causadas pelo
portador de hemofilia e vem a falecer em decorrência
incêndio. Conclusão: Pedro responderá por tentativa de
disso. No entanto, a facada por si só não seria capaz de
homicídio, pois a causa morte não tem nada haver com a
consumar o homicídio.
facada.
Conclusão: Manoel irá responder por homicídio
consumado, pois, se não fosse os ferimentos da facada,
o Carlos não morreria.

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ - TJPA
DIREITO PENAL

2 Concomitante: Quando a causa do resultado acontece Pena de tentativa


simultaneamente ao comportamento do agente. Ex.:
João com intenção de matar Maria efetua um disparo Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se
contra ela. No entanto, erra o tiro. Porém, Maria se a tentativa com a pena correspondente ao crime
assusta com o barulho e tem um infarto, vindo a falecer. consumado, diminuída de um a dois terços.
Conclusão: João responderá por homicídio consumado,
pois se não fosse o barulho do disparo, Maria não teria
COMENTÁRIOS
falecido.
No Art. 14, I do C.P. temos o conceito de crime
No Art. 13, § 2° do C.P. temos o crime omissivo
consumado, ou seja, aquele o qual se reúnem todos os
impróprio, pois é cometido por pessoas que tem o dever
elementos de sua definição legal.
legal de agir (e pode agir - não exige ato de heroísmo) ou
assume a responsabilidade de impedir o resultado ou Iter criminis (caminho do crime) - COGITAÇÃO/ATOS
ainda que criou o risco. PREPARATÓRIOS/ATOS EXECUTÓRIOS/CONSUMAÇÃO.
No Art. 13, § 2°, “a” (tenha por lei obrigação de cuidado, A COGITAÇÃO e os ATOS PREPARATÓRIOS, em regra, não
proteção ou vigilância) - Ex.: Antônio é um policial e ver são puníveis em nosso ordenamento jurídico. OBS.:
Sílvio sendo roubado, e nada faz para impedir o Existem casos em que os atos preparatórios são puníveis.
resultado, por ser inimigo de Sílvio. Conclusão: Antônio Ex.: Quadrilha ou bando (Art. 288 C.P. - "Associarem-se
responderá pelo crime de roubo por omissão. 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de
cometer crimes"). OBS.: Foi retirado do código penal o
No Art. 13, § 2°, “b” (de outra forma, assumiu a
termo quadrilha ou bando, atualmente chamado de
responsabilidade de impedir o resultado) - Ex.: Edilson
Associação Criminosa.
está na praia pegando um sol. Izonete se aproxima e
pede para que ele repare seu filho, enquanto ela dá um Os ATOS EXECUTÓRIOS/ e a CONSUMAÇÃO são puníveis
mergulho. Edilson aceita tomar de conta da criança, mas em nosso ordenamento jurídico.
pega no sono e a criança vai atrás da mãe e se afoga,
Alguns doutrinadores ainda falam no EXAURIMENTO
vindo a falecer. Conclusão: Edilson responderá por
como componente do iter criminis. O Exaurimento vem
homicídio culposo.
sempre após a consumação do crime. Ex.: No crime de
No Art. 13, § 2° “c” (com seu comportamento anterior, Concussão (Art. 316 C.P. - "Exigir, para si ou para outrem,
criou o risco da ocorrência do resultado) - Ex.: Beto direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
convida João para dá um mergulho na praia, mas João diz antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
que não saber nadar. Beto, porém, diz que não irá deixá- indevida"), o crime se consuma no momento que o
lo se afogar, todavia, João se afoga e vem a falecer, Beto agente exigi, sendo o resultado do crime, ou seja, a
nada faz, pois ficou com medo de se afogar também. obtenção da vantagem, um mero exaurimento.
Conclusão: Beto responderá por homicídio culposo.
Quanto à consumação do crime temos três
OBS.: Nas alíneas “a”, “b” e “c” poderá o agente classificações: 1 - Crime Material, 2 - Crime Formal e 3 -
responder por dolo ou culpa, a depender da Crime de Mera Conduta.
voluntariedade presente na conduta.
1 - Crime Material - É aquele cujo resultado naturalístico
é indispensável para a consumação. Ex.: Homicídio, só irá
se consumar com o resultado naturalístico MORTE.
Art. 14 - Diz-se o crime:
2 - Crime Formal - É aquele que também possui resultado
Crime consumado
naturalístico, porém o mesmo não é necessário para que
I consumado, quando nele se reúnem todos os se consume o crime. Ex.: Corrupção Ativa - Art. 333 do
elementos de sua definição legal; C.P. - "Oferecer ou prometer vantagem indevida a
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir
ou retardar ato de ofício".
Tentativa Conclusão: Mesmo que o funcionário público recuse a
II tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma oferta ou promessa, o delito já estará consumado.
por circunstâncias alheias à vontade do agente.

14
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ -TJPA
DIREITO PENAL

3 - Crime de Mera conduta - É aquele que não possui exercício dos Poderes do Estado, a segurança interna do
resultado naturalístico, ou seja, a lei descreve apenas a País, a probidade da Administração, a lei orçamentária, o
conduta. Ex.: Antônio adentra a casa de Joaquim sem sua exercício dos direitos políticos, individuais e sociais e o
permissão (Violação de Domicílio - Art. 150 C.P. - “Entrar cumprimento das leis e das decisões judiciais.
ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou
No Art. 14, I do C.P. temos o conceito de crime tentado,
contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito,
ou seja, aquele que não se consuma por vontade alheia
em casa alheia ou em suas dependências”).
a do agente.
Existem outros tipos de crimes que são:
A doutrina classifica a tentativa em: 1 - Quanto ao iter
Crime Próprio - São aqueles que exigem determinadas criminis percorrido, 2 - Quanto ao resultado produzido
qualidades do agente. Ex.: Peculato (cometido por na vítima e 3 - Quanto à possibilidade de alcançar o
funcionário público). OBS.: É admitida a co-autoria e resultado.
participação.
Quanto ao iter criminis percorrido:
Crime de Mão Própria - São aqueles que só podem ser
1 Tentativa Imperfeita (ou inacabada) - O agente é
praticados pelo individuo pessoalmente, não exigindo
impedido de prosseguir na sua intenção, deixando de
nenhuma qualidade especial do agente (crime comum).
praticar todos os atos executórios. Ex.: Tício com
Ex.: Falso testemunho - Art. 342. do C.P - “Fazer
intenção de matar (animus necandi) Matias, pega uma
afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como
pistola que dispõe de 16 tiros, chega próximo a Matias e
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em
efetua 2 disparos, porém ouve a sirene da polícia se
processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou
aproximando e foge, deixando assim de praticar todos os
em juízo arbitral”. OBS.: Não é admitida a co-autoria,
atos executórios.
mas somente a participação.
2 - Tentativa perfeita (ou acabada ou crime falho) - O
Crimes Hediondos - São todos aqueles que estão
agente pratica todos os atos executórios, porém o crime
dispostos na Lei 8.072/90 (Lei de crimes hediondos).
não se consuma com circunstâncias alheias a sua
OBS.: Os crimes hediondos são inafiançáveis e
vontade. Ex.: Paulo com intenção de matar (animus
insuscetíveis de graça e anistia, respondendo por eles os
necandi) Tiago, pega um revólver que dispõe de 5 tiros,
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los,
chega próximo a Tiago e descarrega a arma no corpo do
se omitirem.
mesmo, porém Tiago é socorrido, vindo a sobreviver.
Crimes Militares - São aqueles que estão dispostos no
Quanto ao resultado produzido na vítima:
código penal militar (Decreto Lei 1.001/69).
1 Tentativa não cruenta ou incruenta (ou branca): O
Crimes Multitudinários - São aqueles cometidos
corpo da vítima não é atingido. Ex.: Elton dispara 5 tiros
geralmente em tumulto, ou seja, praticados por
contra o corpo de Moises e não acerta nenhum.
multidões. Ex.: Linchamento.
2 Tentativa cruenta (ou vermelha) - O corpo da vítima é
Crime de Bagatela - São aqueles que o juiz aplicará o
atingindo. Ex.: Bruno dispara um tiro contra o corpo de
princípio da insignificância, afastando ou excluindo a
Augusto e acerta o tiro, porém o mesmo é socorrido e
tipicidade penal, tornado o fato atípico.
sobrevive.
Crime a Prazo - São aqueles que dependem de um
Quanto à possibilidade de alcançar o resultado: 1 -
determinado tempo para se configurar, por exemplo, a
Tentativa Idônea - O resultado não ocorre por
lesão corporal grave, onde a vítima terá que ficar
circunstâncias alheias à vontade do agente, porém o
incapacitada de suas ocupações habituais por mais de 30
resultado era possível de ser alcançado (conceito puro
dias.
de tentativa). Ex.: Carlos atira em Júlio, o mesmo é
Crimes Ambientais - São todos aqueles que estão socorrido por um vizinho e sobrevive. Conclusão: O
dispostos na Lei 9.605/98 (Lei de crimes ambientais). crime não se consumou por vontade alheia a de Carlos.
Crimes de Responsabilidade - São aqueles que 2 - Tentativa Inidônea ou crime Impossível (Art. 17 do
correspondem às infrações político-administrativas C.P. - "Não se pune a tentativa quando, por ineficácia
cometidas no desempenho da função presidencial, absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do
desde que definidas por lei federal. Estabelece a objeto, é impossível consumar-se o crime") - O resultado
Constituição Federal como crimes de responsabilidade não é alcançado por ineficácia absoluta do meio
condutas que atentam contra a Constituição e, empregado ou absoluta impropriedade do objeto. Ex.:
especialmente, contra a existência da União, o livre Lobato está morto e Pedro atira para matá-lo.

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DIREITO PENAL

Conclusão: Não tem como matar quem já está morto muro de uma residência com objetivo de furtar um
(absoluta impropriedade do objeto). Ex2.: Edson tentar objeto, pega o mesmo, mas o morador aciona o alarme,
matar Jean com uma arma que não tem munição e o Tião foge, deixando o objeto para trás. Conclusão:
(ineficácia absoluta do meio aplicado). OBS.: Tentativa Tião irá responder por tentativa de furto e não
inidônea nada mais é que o “apelido” dado para o crime desistência voluntária.
impossível. No arrependimento eficaz o agente já terá praticados
Alguns crimes não admitem tentativa: crimes culposos, todos os atos de execução, e logo após impede que o
crimes preterdolosos, crimes omissivos próprios, resultado aconteça. O arrependimento eficaz deve ser
contravenções penais, crimes unissubsistentes e etc. realmente eficaz, pois se não for, o agente responderá
pelo crime normalmente. Ex.: Valdo descarrega a arma
O Art. 14, parágrafo único do C.P., traz a punição da no corpo de Pedro. Porém vem a se arrepender do seu
tentativa, que seria a aplicação da pena correspondente ato, levando Pedro ao hospital. O mesmo, após passar
ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Ex.:
por intervenções cirúrgicas, sobrevive. Conclusão: Valdo
Joaquim tenta matar Adolfo, o juiz aplica a pena de irá responder só pelos atos já praticados. Porém se Pedro
homicídio, diminuída de um a dois terço. Logo, se vier a falecer, Valdo responderá por homicídio
Joaquim foi condenado a 15 anos, o juiz poderá dar a consumado.
pena de 5 anos, se foi aplicou a redução de um terço, por
exemplo. Não cabe tentativa na desistência voluntária e
arrependimento eficaz, pois na tentativa tem que ser
circunstâncias alheias à vontade do agente, ou seja, o
Desistência voluntária e arrependimento eficaz agente não responderá por tentativa e sim pelos atos já
praticados, desde que esses atos configurem algum
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de crime.
prosseguir na execução ou impede que o resultado se
Nos crimes formais ou de mera conduta são
produza, só responde pelos atos já praticados.
incompatíveis a desistência voluntária e arrependimento
eficaz, pois nesses o crime se consuma na simples
conduta.
COMENTÁRIOS
No Art. 15 do C.P. temos a chamada Tentativa
Qualificada ou Abandonada, que se divide em duas Arrependimento posterior
espécies: desistência voluntária e arrependimento Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave
eficaz. Porém, neste artigo, temos que identificar os dois ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa,
conceitos. Quando o legislador usa o termo “desiste de até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
prosseguir”, o mesmo está se referindo a desistência voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois
voluntaria. E na expressão “impede que o resultado se terços.
produza”, diz respeito ao arrependimento eficaz. OBS.:
Tentativa qualificada ou abandonada nada mais é que o
“apelido” dado para a desistência voluntária e COMENTÁRIOS
arrependimento eficaz. O arrependimento posterior se dá na fase de
Na desistência voluntaria o agente ainda não praticou consumação, porém este só cabe para os crimes
todos os atos de execução, ou seja, ele desiste de ir até o cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa.
final, quando ainda dispunha de meios de execução para O réu será beneficiado com a diminuição de pena, de um
consumação do crime. Nessa situação é exigida a a dois terços, se houver a reparação integral do dano.
voluntariedade e não a espontaneidade. Ex.: André, após OBS.: Se a reparação do dano for parcial e a vítima assim
efetuar dois disparos contra João, desiste de prosseguir aceitar, então por entendimento jurisprudencial admite-
na execução do crime, tendo em vista que sua arma se a aplicação do benefício (STF). Ex.: Fábio furta (animus
ainda possui munições a serem disparadas. Conclusão: rem sibi habendi - intenção de ficar com a coisa) a
André será punido pelos atos já praticado, ou seja, se bicicleta do Bruno, porém no outro dia se arrepende e
causou lesão, responderá por lesão corporal leve, grave devolve a bicicleta nas mesmas condições. Conclusão:
ou gravíssima. OBS.: Se o motivo da desistência foi uma Fábio irá responder por furto, com diminuição de pena.
circunstância exterior, que fez o agente parar a Esse arrependimento tem que ser voluntário ainda que
execução, com receio de ser surpreendido, haverá
não espontâneo.
tentativa e não desistência voluntária. Ex.: Tião pula o

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DIREITO PENAL

Esta reparação tem que ser feita antes do recebimento momento do tiro, em decorrência de uma parada
da denuncia (ato do MP (Ministério Público)) ou da cardíaca. Conclusão: José não será punido, pois é
queixa (ato da vítima ou representante legal). Quando a impossível matar quem está morto. Ex2.: Pedro coloca
reparação do dano é feita após o recebimento da um pó branco no suco de João, pensando ser veneno, no
denuncia ou queixa, porém antes do transito em julgado, entanto era açúcar. Conclusão: Pedro não será punido,
existe a cogitação de ser aplicada a circunstância pois ninguém morre com açúcar.
atenuante prevista no Art. 65, III, “b” do C.P. - (Art. 65
Crime Putativo: É aquele no qual o agente realiza a
“São circunstância que sempre atenuam a pena” - Inciso
conduta com dolo, pensando está cometendo um crime,
III, “b” - “procurado, por sua espontânea vontade e com
porém este só existe em sua imaginação (fantasia),
eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as
sendo assim considerado um fato atípico. Ex.: Maria
consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o
toma um medicamento para abortar, porém a mesma
dano”).
não se encontra grávida. Conclusão: Sua conduta é
Para a doutrina majoritária, em caso de concurso de atípica, ou seja, não está descrita em nosso
pessoas, esse benefício será aplicado a todos, ou seja, se ordenamento jurídico como sendo crime. Já que o
comunica aos demais participantes. aborto é a interrupção da gravidez, logo se faz necessário
que a agente esteja gestante. OBS.: Existem três espécies
de crime putativo:
Crime impossível
1 - Delito putativo por Erro de tipo: É o crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia pela impropriedade absoluta do objeto, como no
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do exemplo da mulher grávida, mencionado anteriormente;
objeto, é impossível consumar-se o crime. 2 - Delito putativo por Erro de proibição: É quando o
agente pensa estar cometendo algo injusto, mas, na
verdade está praticando uma conduta perfeitamente
COMENTÁRIOS normal. Ex.: Um lutador de MMA, que ao aplicar um
golpe em seu adversário, vem a causar uma lesão grave.
O crime impossível possui várias denominações como:
Conclusão: O lutador pode achar ter praticado algo
crime oco, quase crime, tentativa inidônea, tentativa
injusto, porém o mesmo está acobertado por uma
impossível ou tentativa inadequada.
excludente de ilicitude ou antijuridicidade denominada
Existem várias teorias que discutem os efeitos do crime exercício regular de direito; 3 - Delito putativo por obra
impossível, são elas: 1 - Teoria Sintomática - Diz que do agente provocador, conhecido também como delito
mesmo o crime sendo impossível de ser consumado, o de ensaio, delito de experiência ou delito de flagrante
agente age com dolo, ou seja, mostra na sua conduta que preparado, no qual não existe crime por parte do agente
é perigoso, logo deveria ser punido. 2 - Teoria Subjetiva induzido, ante a ausência de espontaneidade. Ex.: Um
- diz que se a conduta for perfeita, ou seja, o agente agiu policial se disfarça e passa por usuário de drogas, para
consciente do que estava fazendo, deveria ele sofre as comprar a droga, e no momento que o traficante entrega
penas impostas à tentativa, mesmo que seja impossível a droga para ele, o mesmo efetua a prisão em flagrante
de consumar o delito. 3 - Teoria Objetiva - Diz que o do infrator.
crime é composto por conduta e resultado, logo o
Art. 18 - Diz-se o crime:
execução deverá ser idônea, ou seja, o evento tem que
trazer potencialidade, pois se a execução for inidônea,
estaremos diante de crime impossível. Dentro da Teoria
Crime doloso
Objetiva, ainda temos duas divisões: 1 - Teoria Objetiva
Pura - Diz que não há tentativa em crime impossível, I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu
mesmo que a inidoneidade seja relativa. 2 - O Código o risco de produzi-lo;
Penal adota a Teoria Objetiva Temperada, que diz que,
crime é conduta e resultado, e que a execução deverá ser
idônea, se for inidônea fica configurado o crime Crime culposo
impossível. Porém para ser atípico o fato, a eficácia do
meio e a impropriedade do objeto tem que ser absoluta, II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
se for relativa, o agente irá responder pela tentativa. Ex.: imprudência, negligência ou imperícia.
José atira em Tião que estava deitado dormindo. Porém
o laudo pericial consta que Tião estava morto no

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DIREITO PENAL

Parágrafo único- Salvo os casos expressos em lei, joga o corpo dentro de um rio, vindo o mesmo a falecer
ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, em decorrência do afogamento.
senão quando o pratica dolosamente. 8 - Dolo de Dano - Quando agente quer causar um
efetivo dano ao bem jurídico protegido. Ex.: Manoel atira
COMENTÁRIOS e mata Carlos. Conclusão: Causou dano a um bem
jurídico protegido, a vida.
Crime doloso nada mais é do que aquele que o agente
quis o resultado (dolo direto - teoria da vontade), ou 9 - Dolo de Perigo - O agente quer apenas expor a perigo
assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual - teoria do o bem jurídico protegido. Ex.: Ivar efetua um disparo de
assentimento). Ex.: Augusto, querendo matar arma de fogo para cima. Conclusão: Como a munição
Alessandro, atira na cabeça do mesmo (Dolo Direto). poderá atingir alguém, ele está colocando em perigo um
Ex2.: Alberto, de madrugada, resolver ultrapassar um bem tutelado, a vida.
sinal em alta velocidade (roleta paulista), porém não 10 - Dolo de Propósito - É o dolo pensando/refletido, ou
quer colidir com outro carro, mas assumi o risco de seja, o agente já sabe que irá cometer o crime. Ex.: João
provocar um acidente (Dolo Eventual - Foda-se!!!). planeja matar Maria daqui a uma semana. OBS.: O dolo
Existem várias espécies de dolo, os principais são: 1 - de propósito, em regra, aumenta a pena.
Dolo (direto) de primeiro graus - O agente prevê um 11 - Dolo de Ímpeto - É o dolo repentino, ou seja, não
resultado e seleciona meio para executá-lo. Não pensado. Ex.: Em uma briga durante um jogo de futebol
existindo efeitos colaterais. Ex.: João quer matar José, um indivíduo mata o outro. OBS.: O dolo de Ímpeto, em
para tanto, dá um tiro contra sua cabeça. regra, atenua à pena.
2 - Dolo (direto) de segundo graus - O agente prevê um 12 - Dolo Natural - É o dolo comum, que integra o fato
resultado e seleciona meio para executá-lo. Porém típico e é composto de dois elementos: consciência e
provocará efeitos colaterais. Ex.: Antônio querendo vontade.
matar Raimundo, que vai embarcar para o Rio de Janeiro 13 - Dolo Normativo - Integra a culpabilidade e é
de avião, coloca uma bomba no avião. O mesmo explodi composto por três elementos: vontade, consciência e
matando Raimundo e o resto dos passageiros. consciência atual da ilicitude (elemento normativo).
3 - Dolo Indireto Alternativo - O agente prevê dois ou Crime Culposo - É aquele que o agente comete por
mais resultados possíveis, querendo qualquer um deles, imprudência (agir), negligência (omitir) ou imperícia
com igual intensidade de vontade. Este ainda pode ser (relacionado à falta de aptidão técnica na profissão).
dividido em: Objetivo - Quando está se referindo à ação
pretendida. Ex.: João atira para matar ou ferir Maria. Imprudência - Ex.: João, dirigi seu carro na Av. Nazaré, a
uma velocidade de 200 km/h.
Subjetivo - Quando está se referindo à vítima que será
atingida. Ex.: Pedro atira com ânimo de matar João ou Negligência. Ex.: Luiz deixa sua pistola em local de fácil
José que estão próximos um do outro. acesso, tendo em casa um filho de 6 anos.
4 - Dolo Indireto Eventual (Foda-se) - O agente prevê Imperícia. Ex.: Marcus é médico ginecologista, mas
vários resultados, porém sua intenção se dirige a apenas resolve operar o coração de um paciente.
um resultado, no entanto, aceita o fato de acontecer o Existem algumas espécies de culpa:
outro resultado, também previsto. Ex.: Carlos atira em
1 - Culpa Consciente (ou com previsão) / Fudeu-se !!! -
Pedro querendo feri-lo, porém aceitando a possibilidade
O agente prevê o resultado, mas acha que não irá
de matar.
acontecer devido suas habilidades ou sorte. Ex.: Celso é
5 - Dolo Genérico ou Dolo sem fim específico - O agente um artista circense, e faz o espetáculo do arremesso de
quer realizar a conduta sem um fim específico. Ex.: Paulo facas. Coloca então uma maçã na cabeça de Leandro, e
quer estuprar Maria. ao atirar uma faca, acerta a cabeça do mesmo.
6 - Dolo Específico ou Dolo com fim específico ou Dolo 2 - Culpa Inconsciente (ou sem previsão) - O agente não
com elemento subjetivo do tipo - O agente quer realizar prevê o resultado, que lhe era previsível. Ex.: Taynan
a conduta com um fim específico. Ex.: Rui mata Marcos, trabalha como pedreiro, está no 10° andar de um prédio,
pois o mesmo lhe viu furtando a casa do Pedro. olha pela sacada e não avista ninguém abaixo. Então
7 - Dolo Geral (erro sucessivo) - O agente pensando que pega um bloco de concreto e arremessa. No entanto, na
atingiu o resultado, pratica nova ação que de fato vem a hora do arremesso, aparece outro pedreiro, que tem sua
provocar o resultado desejado. Ex.: Alex enfia uma faca cabeça esmagada pelo concreto.
no peito de Beto, pensando que o mesmo já está morto,

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3 - Culpa Própria - É a culpa propriamente dita, aquela móvel") - Só pode ser praticado na modalidade dolosa.
que o agente não quer o resultado e nem assumi o risco Não podendo o agente ser punido por furto culposo.
de produzi-lo. Agindo, o agente, com imprudência, Ex2.: Homicídio culposo (Art. 121, §3° do C.P. - "Se o
negligência ou imperícia. homicídio é culposo"). Neste caso o agente poderá ser
4 - Culpa Imprópria (culpa por extensão, por assimilação punido, pois existe previsão legal do crime na
ou por equiparação) - É aquela na qual recai o agente modalidade culposa.
que, por erro, fantasia situação de fato, supondo estar
acobertado por causa excludente de ilicitude (caso de
Agravação pelo resultado
descriminante putativa) e, em razão, disso, provoca
intencionalmente o resultado ilícito e evitável. O agente Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a
apesar de ter agido com dolo, será punido por crime pena, só responde o agente que o houver causado ao
culposo se o erro for evitável. Ex.: Márcio ao encontra menos culposamente.
com seu desafeto Celso, pela manhã, mete a mão no
bolso para pegar o celular de cor amarela, Celso achando COMENTÁRIOS
que Márcio irá puxar uma arma, pega uma pedra e joga
na cabeça de Márcio, pensando está em legítima defesa. O Art. 19 do C.P. traz o chamado crime preterdoloso, ou
seja, aquele que é praticado com dolo no antecedente e
Existem graus de culpa, que são: Leve, Grave e culpa no consequente. Ex.: Kiko com intenção de ferir
gravíssima. OBS.: O grau de culpa não altera a espécie de
(animus laedendi), aplica uma paulada na barriga de
crime, ou seja, o crime continuará sendo culposo, porém
Chaves, vindo o mesmo a falecer em fase da gravidade
será levado em conta na dosagem da pena. das lesões. Conclusão: Kiko irá responder pelo crime de
Concorrência de culpa é quando a vítima atua com lesão corporal, seguida de morte (Art. 129, §3° do C.P. -
parcela de culpa no resultado, além do infrator, ou seja, "Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o
o resultado ocorre em parte por culpa do agente e em agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de
parte por culpa da vítima ou terceira pessoa. Ex.: Celso produzi-lo").
atravessa a rua fora da faixa de pedestre, e é atropelado
O crime preterdoloso na verdade é uma espécie de crime
por um veículo que estava em excesso de velocidade. qualificado, que é o gênero.
Conclusão: Agiu com culpa a vítima e o condutor, porém
a parcela de culpa da vítima não exclui a Somente será punido o crime preterdoloso se tiver
responsabilidade penal do infrator, pois não existe em previsão expressa em lei.
direito penal a compensação de culpas. No entanto, a Não se aplica a qualificadora, quando o resultado mais
parcela de culpa da vítima será levada em consideração, grave advém de caso fortuito ou força maior, mesmo que
pelo juiz, na dosagem da pena do infrator, fazendo com exista nexo causal. Ex.: Márcio dá um soco em Celso que
que sua pena fique menor (Art. 59 do C.P. - “O juiz, cai e desmaia. Uma senhora para tentar reanimá-lo,
atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta coloca álcool em um pano e põe sobre o nariz de Celso.
social, à personalidade do agente, aos motivos, às Porém, Celso é alérgico a álcool, vindo a falecer por
circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao asfixia, devido à alergia ter fechado sua garganta,
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja evitando a respiração (Caso Fortuito). Conclusão: Não
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do será aplicada a qualificadora. Ex2.: Márcio dá um soco
crime”, inciso II - “a quantidade de pena aplicável, dentro em Celso, que cai e desmaia na beira da praia. Logo após,
dos limites previstos”). OBS.: A responsabilidade do uma ventania muito forte empurra o corpo de Celso para
infrator só será excluída, quando ocorrer culpa exclusiva dentro da praia, vindo o mesmo a falecer afogado (Força
da vítima ou do terceiro, ou seja, não houve culpa Maior). Conclusão: Não será aplicada a qualificadora.
nenhuma do agente. Ex.: Um homem se joga de cima de
um viaduto, vindo a cair em cima de um veículo que
trafegava dentro das legalidades de trânsito. Conclusão: Erro sobre elementos do tipo
Culpa exclusiva da vítima.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal
O Art. 18, parágrafo único do C.P. diz que o agente deve de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime
cometer o crime dolosamente para que seja punido, culposo, se previsto em lei.
salvo previsões legais para crimes culposos, ou seja, se
não estiver expresso em lei o crime na modalidade
culposa, o agente não poderá ser punido. Ex.: Furto (Art.
155 C.P. - "Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia

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DIREITO PENAL

Descriminantes putativas ERRO ACIDENTAL


Erro sobre o objeto: O agente pensa que está atingindo
§1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
um objeto, porém atinge outro. Isso, no entanto, é
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato
irrelevante, pois o mesmo irá responder pelo delito
que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção
praticado, da mesma forma. Ex.: Diogo furta um relógio
de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível
pensando ser um rolex de R$ 30.000,00, porém é um
como crime culposo.
relógio falsificado de R$ 50,00. Conclusão: De acordo
Erro determinado por terceiro com entendimento da maioria, Diogo irá responder pelo
crime de furto. E por falta de previsão legal, o juiz, na
§2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o
dúvida, considerará o objeto mais favorável ao réu, ou
erro.
seja, poderá ser considerado o objeto desejado ou
Erro sobre a pessoa atacado, analisando qual o mais benéfico.
Erro sobre a pessoa (Art. 20 § 3º): O agente se confunde
§3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
e atinge outra pessoa. Ex.: Fábio querendo matar seu pai
praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste
que está vestido com a camisa do paysandu, vai até seu
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
quarto pega a arma, e quando volta, atira nas costas de
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
seu vizinho, que também usava a camisa do paysandu.
Conclusão: Fábio responderá por homicídio, tendo sua
COMENTÁRIOS pena agravada, pois será levado em consideração as
condições e qualidades da vítima que Fábio gostaria de
O erro de tipo se apresenta de duas formas: ERRO atingir (seu pai), e não da vítima que foi atingida.
ESSENCIAL E ERRO ACIDENTAL.
Erro na execução: O agente por inabilidade ou outro
motivo qualquer, atinge pessoa diferente da pretendida.
O erro na execução está dividido em duas espécies: Erro
ERRO ESSENCIAL
por acidente ou Erro no uso dos instrumentos de
O erro de tipo essencial recai sobre os elementos ou execução. Ex.: Mário querendo matar seu irmão André
circunstâncias. envenenado, coloca no seu suco o veneno e deixa na sua
Elementos - Dados essenciais do tipo penal, faltando o mesa. Porém, Mário vai trabalhar e Antônio, seu amigo,
elemento o crime desaparece ou caracteriza outro crime. toma o suco (Erro por acidente). Conclusão: Mário
Ex.: Furto (Art. 155 C.P. - “Subtrair *coisa alheia móvel...” responderá por homicídio doloso, levando em
- *elementar). consideração as condições e qualidade da vítima (André
- seu irmão). Ex2.: Adriano querendo matar seu pai
Circunstâncias - Dados que influenciam na fixação da Augusto, atira e erra, acertando a cabeça de Tiago, seu
pena. Ex.: Art. 155, §4°, I, C.P. - “mediante *rompimento vizinho (Erro no uso dos instrumentos de execução).
de obstáculo” - *circunstância, pois altera a pena. Conclusão: Adriano responderá por homicídio doloso,
Se o erro de tipo essencial, sobre a elementar, for levando em consideração as condições e qualidade da
escusável (inevitável/invencível), ou seja, qualquer um vítima (Augusto - seu pai).
cometeria o erro, então exclui o dolo e a culpa. Ex.:
Marcus foi caçar com Luiz durante a noite, então para dar Resultado diverso do pretendido: O agente quer atingir
um susto em Luiz, Marcus se fantasia de anta e se um bem jurídico, mas, por erro, atinge outro de natureza
esconde atrás de um arbusto, Luiz achando ser um diversa. Ex.: José joga uma pedra para quebrar o vidro do
animal atira e mata Marcus. Conclusão: Luiz não carro de Marcelo, porém erra e acerta a cabeça de João
responderá pelo delito de homicídio. que vem a falecer. Conclusão: José responderá por
Se o erro de tipo essencial, sobre a elementar, for homicídio culposo.
inescusável (evitável/vencível), então exclui o dolo e o Erro sobre o nexo causal: Esta espécie está dividida em
agente poderá responder por crime culposo, se previsto duas categorias: Erro sobre o nexo causal em sentido
em lei. Ex.: Marcus foi caçar com Luiz durante o dia, estrito (O agente com uma só conduta provoca o ato
então para dar um susto em Luiz, Marcus se esconde desejado, porém com nexo diverso do pretendido. Ex.:
atrás de um arbusto, Luiz achando ser um animal atira e Pedro quer matar Paulo afogado, joga-o de cima de uma
mata Marcus. Conclusão: Luiz responderá por homicídio ponte. Paulo, porém bate a cabeça em uma pedra e vem
culposo. Tendo em vista que era dia e que se tivesse mais a falecer em decorrência de um traumatismo craniano) e
cautela perceberia que não se tratava de um animal. Dolo Geral (visto anteriormente).

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DIREITO PENAL

ERRO DE TIPO PERMISSIVO § 1° termo "isenção de pena", que nos leva a crer que
tratasse de uma excludente de culpabilidade, o mesmo
No Art. 20, § 1° do C.P. temos a conhecida descriminante
exclui dolo e pode ser punido por culpa, caso haja
putativa (imaginária) que nada mais é que um erro
previsão legal.
causado pelo agente, por achar que sua ação é legítima.
Se o erro cometido sobre uma descriminante putativa for
escusável (inevitável/invencível), ou seja, qualquer um Erro sobre a ilicitude do fato
cometeria o erro, então o agente é isento de pena. Ex.:
Nando é um desafeto de Caio, e ameaça o mesmo de Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro
morte. Certo dia, Caio vem caminhando pela rua, por sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
volta de 22h, quando avista Nando alguns metros a sua evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
frente. Ao ver Caio, Nando mete a mão na cintura, como Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o
se fosse pegar uma arma, porém, o mesmo pega o celular agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude
de cor preta. Caio ao acompanhar o movimento, saca do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter
uma arma e atira, vindo a ceifar a vida de Nando. ou atingir essa consciência.
Conclusão: Sendo impossível Caio saber que não se
tratava de uma arma, então o mesmo será isento de
pena. COMENTÁRIOS
Se o erro cometido sobre uma descriminante putativa for Quando uma lei é publicada no Diário Oficial da União,
inescusável (evitável/vencível), o agente não será isento subentende-se que todos terão conhecimento desta.
de pena, respondendo pelo crime na modalidade
O erro de proibição recai sobre a potencial consciência
culposa, se está estiver estipulada em lei. Ex.: Nando é
sobre ilicitude do fato, ou seja, o agente sabe que está
um desafeto de Caio, e ameaça o mesmo de morte. Certo
praticando um fato, porém não sabe que este fato é
dia, Caio vem caminhando pela rua, por volta de 9h,
proibido. Ex.: João e Maria são casados. Em uma bela
quando avista Nando alguns metros a sua frente. Ao ver
noite, João quer ter relações sexuais com sua esposa,
Caio, Nando mete a mão na cintura, como se fosse pegar
que se nega a fazer. João, usando de violência, mantém
uma arma, porém o mesmo pegar o celular de cor
relações, pois acha que está no exercício regular de
amarelo. Caio ao acompanhar o movimento, saca uma
direito conjugal. Conclusão: João não poderá alegar o
arma e atira, vindo a matar Nando. Conclusão: Se Caio
desconhecimento da lei, porém tendo vista que João é
tivesse um pouco mais de cautela, iria perceber que não
do interior do estado e analfabeto, e nunca teve contato
se tratava de uma arma, logo Caio não será isento de
com ninguém da cidade, será o mesmo isento de pena,
pena, respondendo por homicídio culposo, já que o
pois o erro de proibição era inevitável. Conclusão2: João
mesmo está descrito em nosso código penal.
na sua atual situação de professor, não poderá negar o
O Art. 20, § 2° do C.P. dispõe sobre o erro determinado desconhecimento da lei e poderia ter evitado o fato, se
por terceiro, onde será punido o terceiro que procurasse saber mais sobre a lei. Neste caso, João
determinou a ação criminosa. Ex.: Um médico, com poderá ter sua pena diminuída de um sexto a um terço
intenção de matar, pede para uma auxiliar de (Art. 21 parágrafo único do C.P.).
enfermagem, aplicar uma injeção com determinada
Erro de proibição direto: O agente não conhece ou não
substância em um paciente, sabendo que o paciente é
compreende o conteúdo proibitivo da norma penal. Ex.:
alérgico a tal medicamento, vindo a causar a morte do
Acha que a eutanásia não está alcançada pelo tipo penal
paciente. Conclusão: Somente o médico irá responder
do Art. 121 do C.P. ("Matar alguém").
pelo homicídio, na modalidade dolosa. OBS.: Se o médico
não almejava a morte do paciente, no entanto foi
negligente, imprudente ou imperito, então responderá Erro de proibição indireto ou erro permissivo: O agente
por homicídio culposo. A auxiliar de enfermagem por sua apesar de conhecer a lei, acha que está acobertado por
vez também poderá responder pelo homicídio doloso, uma excludente (legitima defesa, exercício regular de
caso seja coautora ou por homicídio culposo, caso tenha direito, estado de necessidade ou estrito cumprimento
agido com culpa (negligência, imprudência ou imperícia). do dever legal), ou seja, uma proposição permissiva. Ex.:
OBS.: A teoria adotada pelo código penal com relação às Carlos subtrai a televisão do seu devedor Camargo, que
descriminantes putativas é a Teoria limitada da está lhe devendo 5 meses de aluguel. Achando que está
culpabilidade, que considera que tais descriminantes acobertado pelo exercício regular de direito.
estão dentro do fato típico. Assim sendo, apesar do

21
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ - TJPA
DIREITO PENAL

Coação irresistível e obediência hierárquica Excesso punível


Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses
em estrita obediência a ordem, não manifestamente deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
coação ou da ordem.
COMENTÁRIOS
COMENTÁRIOS O Art. 23 do C.P. está tratando das excludentes de
ilicitude ou antijuridicidade.
O Art. 22 do C.P. trata de duas excludentes de
culpabilidade, norteada pela exigibilidade de conduta Ilicitude ou antijuridicidade - É a relação contrária entre
diversa. o fato típico e o ordenamento jurídico, ou seja, é aquilo
A coação moral irresistível não abrange a coação física, que está em desacordo com nossa norma penal.
pois essa é uma excludente de conduta, ou seja, Presume-se que toda conduta típica seja antijurídica até
elemento que compõe o fato típico, tornando assim o que se prove o contrário.
fato atípico.
Estrito cumprimento do dever legal - É quando um
A coação tem que ser irresistível, pois se for resistível, a agente público em suas atribuições é obrigado por lei a
pena será apenas atenuada (Art. 65, III, “c” - Art. 65 - violar um bem jurídico. Ex.: Um policial que para deter
“São circunstância que sempre atenuam a pena” - Inciso um meliante, o derruba, causando uma lesão.
III, “c” - “cometido o crime sob coação a que podia
Exercício regular de direito - Refere-se à conduta do
resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
cidadão comum, autorizada pela existência de direito
superior, ou sob influência de violenta emoção,
definido em lei. Ex.: A prisão em flagrante efetuada por
provocada por ato injusto a vítima”) e não excluída.
qualquer do povo. Ex2.: Um lutador de MMA que vem a
O mal prometido pelo coator pode ser dirigido a causar lesão no seu adversário.
membros da família do coato. Ex.: João é gerente de um
banco no interior. O mesmo é pego pelo meliante Daniel, A doutrina ainda acrescenta mais uma excludente de
que exige que ele abra o cofre do banco, caso contrário ilicitude, que é considerada supralegal (não prevista em
irá matar seu filho, que está sob a mira do revolver de lei) que é o Consentimento do Ofendido. OBS.: O
Mario, seu parceiro. Conclusão: Somente o Daniel será consentimento deverá ser dado antes e o bem deve ser
punido, pois o mesmo é autor da coação. Além disso, disponível.
Daniel (coator) irá responder pelo crime de tortura (Art. O Art. 23, parágrafo único do C.P., está punindo agente
1°, I, “b”, da Lei 9.455/97 - Lei de Tortura - “Constranger que excede dolosa ou culposamente responderá pelo
alguém com emprego de violência ou grave ameaça, crime.
causando-lhe sofrimento físico ou menta” - alínea “b” -
Estado de necessidade
“para provocar ação ou omissão de natureza criminosa”).
No caso da obediência hierárquica temos que verificar a Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem
presença de dois elementos: Tem que ser ordem não pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
manifestamente (completamente) ilegal e ordem vinda provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
de um superior hierárquico (vinculada à função pública). evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Não configura para efeitos do Art. 22 do C.P., ordem
dada por qualquer outro tipo de subordinação. Ex.: Pai e § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha
filho; Chefe e empregado de empresa privada e etc. o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do
direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a
Exclusão de ilicitude dois terços.
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade; COMENTÁRIOS
II - em legítima defesa; No estado de necessidade, o perigo deve ser atual (está
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no acontecendo). Porém parte da doutrina entende que
exercício regular de direito. esse perigo pode ser iminente (próximo de acontecer),
por analogia “In bonan partem”.

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DIREITO PENAL

Teoria Diferenciadora é aquela que admite duas A doutrina majoritária entende que a expressão “dever
espécies diferentes de estado de necessidade que são: legal” é no sentido amplo, ou seja, abrangendo também
1 - Estado de Necessidade Justificante - Exclui a ilicitude, o agente que assumiu a responsabilidade de impedir o
quando o bem preservado for maior ou igual ao bem resultado, bem como o que, com sua conduta, criou o
sacrificado. Ex.: João destrói a porta da casa de Maria, risco. Ex.: Um segurança particular se dispõe a proteger
que está incendiando, para salvá-la. um empresário. Um matador de aluguel se aproxima do
carro do empresário para matá-lo e o segurança nada
Conclusão: Foi sacrificado o patrimônio para preservar a faz. Conclusão: O segurança não poderá alegar estado de
vida. 2 - Estado de Necessidade Exculpante - Exclui a necessidade.
culpabilidade, quando o bem preservado, for inferior ao
bem sacrificado. Ex.: Paulo, sabendo que um granada vai O comportamento lesivo ao bem jurídico deve ser
explodir dentro de uma sala, o que lhe causará lesão inevitável, pois se evitável, não há o que se falar em
corporal, empurra Pedro, fazendo-o cair sobre a granada, estado de necessidade.
vindo este a falecer. Conclusão: Foi sacrificada a vida É possível estado de necessidade contra estado de
para preservar a integridade física. necessidade.
O estado de necessidade putativo se dá quando o
Teoria Unitária é a teoria adotada pelo código penal, que agente, imaginando está em estado de necessidade,
diz que, todo estado de necessidade é justificante, ou lesiona o bem jurídico de outro. Porém se era escusável,
seja, o bem jurídico sacrificado tem que ser de igual ou o agente é isento de pena, se inescusável o agente irá
menor valor jurídico. Ex.: Quebrar um carro para salvar a responder por crime culposo. OBS.: O estado de
vida de um bebê que está dentro dele (sacrifica necessidade putativo não exclui a ilicitude. Ex.: João e
patrimônio em detrimento da vida). Ex2.: João e Marcelo Maria estão em uma caverna, quando a sua entrada e
estão em um navio, este afunda e só lhe sobra uma fechada por pedras que caíram do alto da caverna. Após
tábua. João mata Marcelo afogado para ficar com a tábua 3 dias dentro da caverna, João mata Maria para se
(sacrifica vida em detrimento de outra vida). alimentar. Porém 30 minutos após matar Lobão, os
bombeiros abrem a entrada da caverna. Conclusão: Se
O pratica do ato deverá buscar salvar direito próprio ou era impossível de João saber que estavam abrindo a
alheio, de perigo. caverna, então o mesmo ficará isento de pena. Todavia,
A situação de perigo não pode ter sido causada se o mesmo se precipitou, achando que não iriam
dolosamente. Ex.: Pedro põe fogo na sala dos conseguir abrir a caverna, apesar de ouvir a mesma
professores, e para fugir do fogo, empurra Heitor, que sendo quebrada, então responderá por homicídio
bate a cabeça na parede e vem a falecer de traumatismo culposo.
craniano. Conclusão: Pedro não poderá alegar estado de
No Art. 24, § 2º temos uma causa de redução de pena,
necessidade.
no caso do direito ameaçado valer menos que o bem
A doutrina majoritária entende que cabe o estado de sacrificado. Ex.: Carlos, percebendo que um botijão de
necessidade contra fato que o agente causou gás irá explodir, o que destruirá sua casa, joga José em
culposamente. Ex.: Sem tomar os devidos cuidados, João cima do gás, que ao explodir, destrói completamente seu
acende uma vela próxima a cortina da sala dos corpo, vindo lhe causar a morte (sacrifica vida em
professores, que começa a pegar fogo. João, para fugir detrimento do patrimônio).
das chamas, causa lesão corporal em Eduardo.
Conclusão: De acordo com entendimento doutrinário
majoritário, João poderá alegar o estado de necessidade. Legítima defesa
No Art. 24 § 1º, o legislador diz que não pode alegar
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
estado de necessidade quem tem o dever (entende-se
moderadamente dos meios necessários, repele injusta
dever/poder, não exigindo ato de heroísmo, ou seja, ele
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
tem que enfrentar o perigo enquanto o perigo comportar
enfrentamento) legal de enfrentar o perigo. Ex.: Arthur é
um policial militar, ao entrar em uma agência bancária COMENTÁRIOS
para pagar uma conta, presencia um assalto. Entram no
banco 10 homens fortemente armados com fuzis. Arthur, Os requisitos da legítima defesa são: agressão injusta
tem o dever legal de agir, porém se assim fizer terá sua (humana ou de animal ordenado), atual ou iminente
vida ceifada sem nenhuma dúvida, devido a (não é aceito agressão passada (vingança) ou futura
desproporcionalidade de recursos. (mera suposição), uso moderado dos meios necessários

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DIREITO PENAL

(menos lesivo dentre os capazes de repelir a injusta DA IMPUTABILIDADE PENAL


agressão), proteção do direito próprio ou de outrem e
conhecimento da situação de fato justificante (requisito
subjetivo). Na ausência de qualquer dos requisitos exclui Inimputáveis
a legítima defesa. Ex.: João pega uma faca e começa a
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença
atacar Ana, para matá-la. A mesma tendo em mãos uma
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
arma atira na perna de João (Legítima defesa em situação
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
de perigo atual). Ex2.: Marcelo está dirigindo seu carro,
inteiramente incapaz de entender o caráter Ilícito do fato
quando olha pelo retrovisor e um motoqueiro se
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
aproximando com uma arma em punho. Ao apontar a
arma em direção a Marcelo, o mesmo atira e mata o
motoqueiro. (Legítima defesa em situação de perigo
Redução de pena
iminente).
A agressão deve ser injusta, independente da consciência Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois
da injustiça por parte do agressor. Assim, quem se terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde
defende de agressão praticada por inimputável, age em mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
legítima defesa, não importando a consciência do retardado não era inteiramente capaz de entender o
agressor. caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
Na legítima defesa, a agressão pode ser tanto ativa
quanto passiva. Desde que seja injusta. OBS.: É possível
legítima defesa de omissão injusta. Ex.: Um preso passa COMENTÁRIOS
a agredir o agente penitenciário (passivo) que se recusa
a cumprir alvará de soltura. Conclusão: O preso age em Nos Arts. 26, 27 e 28 estão descritos os elementos da
legítima defesa. culpabilidade, que estão divididos da seguinte maneira:
Imputabilidade (anomalia psíquica - Art. 26 caput;
A Legítima Defesa Putativa (imaginária) - É aquela em
menoridade - Art. 27 e embriaguez acidental - Art. 28, §
que o agente imagina está em legitima defesa. Todavia,
1º), Potencial Consciência da Ilicitude (erro de proibição
a mesma só está em sua cabeça. Ex.: Fábio é inimigo
- Art. 21 do C.P.) e Exigibilidade de Conduta Diversa
mortal de Silvio. Ao se deparar na rua com o mesmo, ver
(coação moral irresistível e obediência hierárquica - Art.
Silvio meter a mão na cintura para pegar algo,
22 do C.P.).
imaginando ser uma arma, Fábio atira e mata Silvio.
Admiti-se legítima defesa real de legítima defesa O critério para analisar o doente mental e considerá-lo
putativa. inimputável é o Critério Biopsicológico.
Admiti-se legítima defesa putativa de legítima defesa O doente mental pode ser considerado imputável, se no
putativa. Ex.: Dois neuróticos se encontram, e um momento do fato, tiver entendimento e
pensando que o outro vai atirar, começa a se atirarem. autodeterminação.
A legítima defesa subjetiva é o excesso exculpável Ao inimputável aplica-se medida de segurança.
(reconhecer ausência de culpa de alguém) na legítima
defesa, pois qualquer pessoa na mesma circunstância se No caso do parágrafo único, teremos a redução de pena
excederia (hipótese de inexigibilidade de conduta de uma a dois terço se o agente, no momento do fato,
diversa - excludente supra legal de culpabilidade) - exclui não era inteiramente incapaz de entende o caráter ilícito
a culpabilidade. Ex.: Uma vítima ao ser abordada por um ou de determina-se de acordo com esse entendimento.
meliante, que utiliza uma arma de fogo, reage, Para este agente chamamos de semi-imputável.
efetuando vários disparos sobre o agressor, por estar Com a reforma do código penal em 1984, adotou-se o
apavorada. Conclusão: Será considerado o excesso Sistema Vicariante que autoriza o magistrado aplicar ao
exculpável se for provado que qualquer pessoa, naquela semi-imputável, pena ou somente medida de segurança.
condição, agiria igualmente. Não podendo ser aplicada as duas sanções.
A Legítima defesa sucessiva ocorre na repulsa contra o
excesso abusivo do agente (não são simultâneas e sim
sucessivas - temos aqui duas legítimas defesas). Ex.:
Francisco, agindo em legítima defesa contra Joaquim,
começa a se exceder. Joaquim achando injusta a
agressão poderá agir em legítima defesa também.

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DIREITO PENAL

Menores de dezoito anos paixão não é causa de diminuição de pena, pois entende-
se que a mesma é duradoura, dando assim tempo de
Art. 27- Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente
pensar antes de cometer o crime.
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas
na legislação especial. Existem vários tipos de embriagues: não acidental,
acidental (fortuita ou involuntária), patológica e
preordenada.
COMENTÁRIOS
A embriaguez não acidental não isenta de pena, mesmo
Os menores de 18 anos ficam sujeitos a legislação quando completa. A teoria adotada foi Actio Libera In
especial (ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente). Causa, ou seja, analisa-se o agente antes de começar a
O critério para analisar o menor de idade, adotado pelo ingerir a substância. Ex.: Artur começa a ingerir bebida
código penal foi o Critério Biológico, levando-se em alcoólica voluntariamente com seus amigos em uma
consideração apenas o desenvolvimento mental do festa. Ao final da festa, Artur resolve furta o carro de
agente (idade). Maria. Conclusão: Artur responderá pelo crime de furto,
A emancipação civil não retira a inimputabilidade do mesmo que a sua embriaguez seja completa, pois será
agente. considerado para a análise do fato, o momento em que
Em caso de crime permanente, se iniciado quando o Artur começou a ingerir a bebida alcoólica.
agente possuía 17 anos e se prolongar até o mesmo A embriaguez acidental/fortuita/involuntária por
completar 18 anos, então o considera imputável. decorrer de caso fortuito ou força maior, se completa
exclui a imputabilidade e se incompleta responderá pelo
crime com diminuição de pena de um a dois terços. Ex.:
Emoção e paixão Manoel não sabendo que era alérgico a tal
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: medicamento, ingeri o mesmo com um copo de cerveja,
I - a emoção ou a paixão; vindo a ficar completamente embriagado e cometer um
homicídio. Conclusão: Manoel será isento de pena, pois
sua embriaguez era completa, e foi causada por caso
Embriaguez fortuito. OBS.: Se a embriaguez não fosse completa,
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou Manoel teria apenas sua pena diminuída de um a dois
substância de efeitos análogos. terços.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez Ex2.: Fabrício coloca uma arma na cabeça de José, e força
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, o mesmo ingerir uma grande quantidade de bebidas
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente alcoólicas. José completamente embriagado comete um
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de homicídio. Conclusão: José será isento de pena, pois sua
determinar-se de acordo com esse entendimento. embriaguez era completa e foi causada por motivo de
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o força maior. OBS.: Se a embriaguez não fosse completa,
agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou José teria apenas sua pena diminuída de um a dois
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da terços.
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito A embriaguez patológica (doentia), dependendo do caso,
do fato ou de determinar-se de acordo com esse pode receber o mesmo tratamento dos inimputáveis em
entendimento. razão da anomalia psíquica (Art. 26 caput).
Na embriaguez preordenada, o agente bebe para
COMENTÁRIOS cometer o crime. Então será analisado pela teoria Actio
Libera In Causa. O agente terá agravada a sua pena (Art.
Se a emoção e a paixão forem de caráter patológico 61, II, “l” - “São circunstâncias que sempre agravam a
(doentio), então as mesmas excluem a imputabilidade. pena, quando não constituem ou qualificam o crime:” -
Apesar da paixão e da emoção não excluírem a “l” - “em estado de embriaguez preordenada”). Ex.: Hélio
imputabilidade. A emoção é causa de diminuição de começa a ingerir bebidas alcoólicas com objetivo de criar
pena, segundo o Art. 65, III, “c” do C.P. - (Art. 65 - “São coragem para matar Daniel. Ao ficar embriagado pratica
circunstâncias que sempre atenuam a pena:” - “III” - ter o crime de homicídio. Conclusão: Hélio irá responder
o agente: - “c” - “cometido o crime sob coação a que pelo delito de homicídio e ainda terá sua pena agravada,
podia resistir, ou em cumprimento de ordem de independentemente da embriaguez ser completa ou
autoridade superior, ou sob a influência de violenta incompleta.
emoção, provocada por ato injusto da vítima;”). OBS.: A

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DIREITO PENAL

O CONCURSO DE PESSOAS Não existe crime só com participe. Pois a conduta do


participe por si só é atípica.
Regras comuns às penas privativas de liberdade O código penal adotou com relação ao autor e coautor,
a Teoria Restritiva, onde faz diferença entre
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime
autor/coautor e partícipe. Ex.: Pedrinho empresta uma
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
arma de fogo para Tico e Teco cometerem um roubo.
culpabilidade.
Conclusão: Tico e Teco são coautores e Pedrinho é
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena partícipe.
pode ser diminuída de um sexto a um terço.
O STF vem tomando decisões de acordo com a Teoria do
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime
Domínio do Fato, ou seja, esta teoria diz que o autor não
menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena
necessariamente realiza o verbo nuclear, mas possui o
será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
domínio do fato criminoso. Ex.: Joaquim manda
previsível o resultado mais grave.
Benedito matar Lobão. Conclusão: Para esta teoria
COMENTÁRIOS Joaquim também é considerado autor.
Crime Monossubjetivo ou Unissubjetivo (crime de
Autoria mediata (indireta) - O autor mediato é aquele
concurso eventual): É o crime que pode ser cometido por
que realiza o crime sem executar a conduta típica, ou
uma única pessoa, e eventualmente por duas ou mais.
seja, realiza o crime utilizando-se de uma pessoa que age
Ex.: Homicídio, Furto, Roubo e etc.
sem dolo, sem culpa ou sem culpabilidade. Ex.: 1 - Erro
Crime Plurissubjetivo (crime de concurso necessário): É determinado por terceiro (Art. 20 § 2º C.P.). 2 - Coação
o crime que só pode ser cometido por duas ou mais moral irresistível (Art. 22, primeira parte, do C.P. - “Se o
pessoas. Obrigatoriamente exige concurso de pessoas. fato é cometido sob coação irresistível ...”). 3 -
Ex.: Quadrilha ou bando (Art. 288 - "Associarem-se 3 Obediência hierárquica (Art. 22, segunda parte, do C.P. -
(três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer “...em estrita obediência a ordem, não manifestamente
crimes" - OBS.: Foi retirado do código penal o termo ilegal, de superior hierárquico...”) e 4 - Instrumentos
quadrilha ou bando, atualmente chamamos de impuníveis (inimputável).
Associação Criminosa.), Rixa (Art. 137 do C.P. -
"Participar de rixa, salvo para separar os contendores") e Autoria Imediata (direta) - O autor mediato é aquele que
etc. realiza o crime executando a conduta típica, ou seja,
realizando o núcleo do tipo penal.
As regras do concurso de pessoas do Art. 29 ao 31 do
C.P., somente se aplica ao crimes Monossubjetivo ou O código penal adotou a Teoria Monista onde todos os
Unissubjetivo. envolvidos no crime responderão pelo mesmo crime.
Autor - Quem pratica a conduta típica ou verbo do tipo Porém, o juiz pode aplicar penas diferentes, de acordo
penal. Ex.: Diego efetua dois disparos e mata Lucas. com participação de cada um. Ex.: João empresta uma
Conclusão: Diego é o auto do delito de homicídio. arma para Carlos matar Joana. Conclusão: João e Carlos
responderão por homicídio, porém o juiz pode dar uma
Coautor - Dois ou mais autores praticando o mesmo
pena de 10 anos para Carlos e 7 anos para João. OBS.: No
crime. Ex.: Felipe segura Carla e Pedro mantém relação
Brasil poderá ser aplicada a Teoria Pluralista (por esta
sexual com a mesma. Conclusão: Felipe e Pedro serão
teoria os agente respondem por crimes diferentes) como
coautores do crime de estupro.
exceção. Ex.: O traficante Lobato vende drogas com
Participe - Quem, apesar de não executar a conduta dinheiro financiado pelo empresário Rodolfo.
típica e nem executar o verbo do tipo penal, induz (cria a Conclusão: Lobato responderá por tráfico de drogas (Art.
ideia do crime), instiga (reforça a ideia, já existente, do 33 "caput", Lei de drogas) e Rodolfo responderá por
crime) ou auxilia (fornece meios de execução para o financiamento para o tráfico (Art. 36 da Lei 11.343/06 -
autor). A teoria adotada pelo código penal, com relação Lei de Drogas).
ao participe, foi a Teoria da acessoriedade média ou
limitada, que diz que o partícipe será punido se a No Art. 29, § 2º do C.P. temos a situação, em que o
conduta do autor for típica e ilícita, ainda que não agente quis participar de crime menos grave, logo
culpável. Ex.: Caio induz Rafael (doente mental) a responderá por este, todavia se era previsível o
praticar um furto na casa de Joana. Conclusão: A conduta resultado mais grave, então, sua pena será aumentada
do autor (Rafael) foi típica e ilícita, porém Rafael é até metade. Ex.: Mario combina com José de furtar a
inimputável. Mesmo assim, Caio irá responder pelo casa de Silvia. Mário irá entrar na casa, enquanto José
crime de furto. ficará vigiando o local. Porém ao entrar na casa, Mário se
depara com Maria, empregada de Silvia. Mário então

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ -TJPA
DIREITO PENAL

estupra e mata Maria para roubar uma televisão. é inimputável. Conclusão: Saulo terá o benefício por ser
Conclusão: Mário responderá pelos crimes de estupro e réu primário e Alex ficará isento de pena, ou seja, suas
latrocínio (roubo seguido de morte - Art. 157, § 3º do condições pessoais não irão se comunicar, pois não são
C.P.). Enquanto José responderá apenas por furto. Ex2.: elementares do delito de furto.
Valdir pega uma arma de fogo, coloca na cintura e
combina com Manoel de roubar uma farmácia. Ao entrar
na farmácia e se deparar com um segurança armado, Casos de impunibilidade
atira e mata o mesmo. Conclusão: Valdir irá responder
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o
por latrocínio e Manoel responderá por roubo, com pena
auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são
aumenta até a metade, pois era previsível que Valdir
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
poderia vim a matar alguém.
tentado.
Autoria Colateral - Quando duas ou mais pessoas
executam a infração simultaneamente, sem que uma
saiba da conduta da outra, ou seja, não existe liame COMENTÁRIOS
subjetivo (acordo de vontades). Ex.: Lobão e Carlos
Existem crimes que o legislador adianta sua consumação,
desejando matar Silvio Caminha, sem que nenhum saiba
ou seja, o ajuste já consuma o crime. Por isso, este artigo
da vontade do outro, fica cada um de um lado da rua.
usa o termo “salvo disposição expressa em contrário”.
Quando Silvio passa os dois atiram ao mesmo tempo. A
Ex.: Associação Criminosa. Ex2.: Mateus e Leo combinam
perícia identificou que o tiro que matou Silvio saiu da
de matar Augusto envenenado. Na noite em que os
arma de Carlos. Conclusão: Carlos responderá por
mesmos iriam cometer o crime, um liga para o outro e
homicídio e Lobão por tentativa de homicídio.
desiste. Conclusão: Se o crime não chega nem a ser
Autoria Incerta - Ocorre quando na autoria colateral não tentado, não terá punição.
foi possível saber qual dos agentes consumou o crime.
Ex.: Lobão e Carlos desejando matar Silvio Caminha, sem
que nenhum saiba da vontade do outro, fica cada um de
um lado da rua. Quando Silvio passa os dois atiram ao
mesmo tempo. Na perícia não foi possível identificar de
que arma saiu o tiro que matou Silvio. Conclusão: Lobão
e Carlos responderão por tentativa de homicídio (In
Dubio Pro Reo).
Autoria Ignorada ou Desconhecida - O infrator não foi
identificado. Ex.: Alguém atira em Joselito. A polícia não
consegue descobrir o autor de delito.

Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as
condições de caráter pessoal, salvo quando elementares
do crime.

COMENTÁRIOS
Elementares: São dados essenciais do tipo penal.
Circunstâncias: São dados agregados ao tipo penal, que
influenciam na pena. Ex.: Margareth, servidora pública,
com ajuda de Marcos, um particular, apropria-se de uma
impressora do órgão no qual Margareth trabalha.
Conclusão: Margareth e Marcos responderão pelo crime
de peculato, desde que Marcos soubesse das condições
de servidora pública de Margareth. Ex2.: Saulo e Alex
comentem o crime de furto. Saulo é réu primário e Alex www.lojadoconcurseiro.com.br
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