Gabriel Albie Ri Quiroga Corr 19
Gabriel Albie Ri Quiroga Corr 19
Gabriel Albie Ri Quiroga Corr 19
São Paulo
2019
GABRIEL ALBIERI QUIROGA
São Paulo
2019
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
Catalogação-na-publicação
Quiroga, Gabriel
Impacto da geração distribuída sobre o sistema de proteção: considerações
para o planejamento de redes de distribuição / G. Quiroga -- versão corr. -- São
Paulo, 2019.
118 p.
Esta pesquisa apresenta metodologias para avaliar o impacto da geração distribuída sobre o
sistema de proteção de redes de distribuição para um planejamento de rede integrado. A
alternativa de geração distribuída é vista como uma mudança no paradigma da geração de
energia no mundo. A adoção de fontes renováveis de energia para produção residencial ou
comercial traz não apenas benefícios ambientais, mas também uma oportunidade para aliviar
as dificuldades de abastecimento encontradas em muitos países. Entretanto, apesar de resolver
alguns dos problemas de fornecimento de energia, esta mudança de paradigma causada pela
inserção da geração distribuída em redes de distribuição pode trazer alguns impactos técnicos
indesejados. Os impactos típicos avaliados no planejamento das redes de distribuição elétrica
envolvem a expansão da rede, como perdas, fator de potência, carregamento de ativos e
violação de limites de tensão. No entanto, uma inserção massiva da geração distribuída
também pode causar problemas significativos para a proteção da rede, assim envolvendo o
planejamento da proteção. Dessa forma, é necessário identificar potenciais problemas de
proteção e desenvolver metodologias para modelar, diagnosticar e mitigar tais problemas.
Este trabalho tem como objetivo descrever a importância da previsão dos impactos potenciais
da alta penetração de fontes renováveis no sistema de proteção das redes de distribuição
elétrica, a fim de alcançar um planejamento de rede integrado. Assim, no início deste trabalho
são discutidos os principais problemas do sistema de proteção que podem surgir a partir da
alta penetração da geração distribuída, como perda de coordenação da proteção, sobretensão,
perda da sensibilidade da proteção, bidirecionalidade e queima inesperada de fusíveis. A
pesquisa demonstra os possíveis modelos utilizados para avaliar esses impactos, como
modelagem de rede e modelagem de fontes renováveis, possíveis abordagens, como as
perspectivas probabilísticas e deterministas, em relação aos algoritmos de alocação da geração
distribuída e as possíveis metodologias de avaliação, como análise de cenários e análise de
sensibilidade. Os resultados apresentados representam a avaliação de tais impactos nas redes
de distribuição elétrica. Para concluir, o estudo ilustra a aplicação das metodologias
apresentadas com um estudo de caso usando uma rede de distribuição real.
This work presents methodologies to assess the impact of distribution generation on electric
distribution network protection systems for an integrated network planning. The distributed
generation alternative is seen as a shift in the paradigm of energy generation in the world. The
adoption of renewable sources of energy for residential or commercial production brings not
only environmental benefits, but also an opportunity to ease the supplying difficulties found
in many countries. Despite solving some of the energy suppling problems, this paradigm
change caused by the insertion of distributed generation in electric distribution networks can
bring some undesired technical impacts. The typical impacts assessed in the electric
distribution networks planning involve the expansion of the network, such as losses, power
factor, line loading, and voltage profiles, among others. However, a massive insertion of
distributed generation may also cause significant problems to the network protection, which
involves the protection planning. In this way, it is necessary to identify potential protection
issues and design means to model, diagnose and mitigate such issues. This work aims at
describing the importance of predicting the potential impacts of high penetration of renewable
sources on the protection system from electric distribution networks, in order to achieve an
integrated network planning. Thus, in the beginning of this work it is discussed the main
protection system issues that may arise from the high penetration of distributed generation,
such as loss of protection coordination, overvoltage, loss of protection sensitivity, directional
false tripping, unwanted fuse blowing, beside others. The work then demonstrates possible
models utilized to assess those impacts, such as network modeling and renewable sources
modeling, possible approaches such as the probabilistic and deterministic perspectives,
regarding distributed generation allocation algorithms and the possible methodologies for
assessment such as scenario analysis and sensitivity analysis. To conclude the work, there will
be more discussions regarding the results presented and the potential benefits of including this
analysis on the integrated distribution network planning. In the end, the partial results
illustrate the application of the presented methodologies with a case study using a real
distribution network.
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 14
1.1. Evolução do paradigma do setor elétrico .................................................................. 14
1.2. Geração distribuída e sua definição ........................................................................... 17
1.3. O Brasil e a geração distribuída ................................................................................ 18
1.4. Consequências da geração distribuída ....................................................................... 20
1.5. Motivação e Objetivo ................................................................................................ 26
1.6. Organização do trabalho ............................................................................................ 27
4. METODOLOGIA ..................................................................................................... 71
4.1. Dados da rede de distribuição elétrica real ................................................................ 71
4.2. Metodologia do estudo de caso de perda de sensibilidade ........................................ 72
4.2.1. Circuito utilizado para a análise de perda de sensibilidade ....................................... 73
4.2.2. Localização da GD para avaliação da perda de sensibilidade ................................... 75
4.2.2.1. Localização da GD para avaliação da perda de sensibilidade na abordagem
determinística ............................................................................................................ 75
4.2.2.2. Localização da GD para avaliação da perda de sensibilidade na abordagem
probabilística ............................................................................................................. 76
4.2.3. Modelo elétrico da GD para avaliação da perda de sensibilidade ............................. 78
4.2.3.1. Modelo elétrico da GD para avaliação da perda de sensibilidade na abordagem
determinística ............................................................................................................ 78
4.2.3.2. Modelo elétrico da GD para avaliação da perda de sensibilidade na abordagem
probabilística ............................................................................................................. 79
4.2.4. Método de avaliação da perda de sensibilidade ........................................................ 80
4.3. Metodologia do estudo de caso de bidirecionalidade ................................................ 81
4.3.1. Circuito utilizado para a análise de bidirecionalidade ............................................... 81
4.3.2. Localização da GD para avaliação da bidirecionalidade ........................................... 81
4.3.2.1. Localização da GD para avaliação da bidirecionalidade na abordagem determinística
................................................................................................................................... 81
4.3.2.2. Localização da GD para avaliação da bidirecionalidade na abordagem probabilística
................................................................................................................................... 82
4.3.3. Modelo elétrico da GD para avaliação da bidirecionalidade..................................... 82
4.3.3.1. Modelo elétrico da GD para avaliação da bidirecionalidade na abordagem
determinística ............................................................................................................ 82
4.3.3.2. Modelo elétrico da GD para avaliação da bidirecionalidade na abordagem
probabilística ............................................................................................................. 83
4.3.4. Método de avaliação da perda bidirecionalidade na abordagem determinística ....... 83
4.4. Metodologia do estudo de caso de queima inesperada de fusíveis segundo a
abordagem determinística .......................................................................................... 84
4.4.1. Circuito utilizado para a análise de queima inesperada de fusíveis .......................... 84
4.4.2. Localização da GD para avaliação da queima inesperada de fusíveis ...................... 85
4.4.2.1. Localização da GD para avaliação da queima inesperada de fusíveis na abordagem
determinística ............................................................................................................ 85
4.4.2.2. Localização da GD para avaliação da queima inesperada de fusíveis na abordagem
probabilística ............................................................................................................. 86
4.4.3. Modelo elétrico da GD para avaliação da queima inesperada de fusíveis ................ 86
4.4.3.1. Modelo elétrico da GD para avaliação da queima inesperada de fusíveis na
abordagem determinística .......................................................................................... 86
4.4.3.2. Modelo elétrico da GD para avaliação da queima inesperada de fusíveis na
abordagem probabilística .......................................................................................... 87
4.4.4. Método de avaliação da queima inesperada de fusíveis ............................................ 87
5. RESULTADOS ......................................................................................................... 89
5.1. Resultado da avaliação da perda de sensibilidade ..................................................... 89
5.1.1. Perda de sensibilidade - inversores na abordagem determinística ............................ 89
5.1.2. Perda de sensibilidade - máquinas rotativas na abordagem determinística ............... 90
5.1.3. Perda de sensibilidade - comparação entre as tecnologias avaliadas na abordagem
determinística ............................................................................................................ 91
5.1.4. Perda de sensibilidade - inversores na abordagem probabilística ............................. 92
5.1.5. Perda de sensibilidade - máquinas rotativas na abordagem probabilística................ 93
5.1.6. Perda de sensibilidade - comparação entre as tecnologias avaliadas na abordagem
probabilística ............................................................................................................. 94
5.1.7. Perda de sensibilidade - comparação entre as abordagens ........................................ 95
5.2. Resultado da avaliação da bidirecionalidade ............................................................. 96
5.2.1. Bidirecionalidade - inversores na abordagem determinística.................................... 96
5.2.2. Bidirecionalidade - máquinas rotativas na abordagem determinística ...................... 97
5.2.3. Bidirecionalidade - comparação entre as tecnologias avaliadas na abordagem
determinística ............................................................................................................ 98
5.2.4. Bidirecionalidade - inversores na abordagem probabilística .................................... 99
5.2.5. Bidirecionalidade - máquinas rotativas na abordagem probabilística ..................... 100
5.2.6. Bidirecionalidade - comparação entre as tecnologias avaliadas na abordagem
probabilística ........................................................................................................... 101
5.2.7. Bidirecionalidade - comparação entre as abordagens ............................................. 102
5.3. Resultado da avaliação da queima inesperada de fusíveis ...................................... 103
5.3.1. Queima inesperada de fusíveis - inversores na abordagem determinística ............. 103
5.3.2. Queima inesperada de fusíveis - máquinas rotativas na abordagem determinística 104
5.3.3. Queima inesperada de fusíveis - comparação entre as tecnologias avaliadas na
abordagem determinística ........................................................................................ 105
5.3.4. Queima inesperada de fusíveis - inversores na abordagem probabilística .............. 106
5.3.5. Queima inesperada de fusíveis - máquinas rotativas na abordagem probabilística 107
5.3.6. Queima inesperada de fusíveis - comparação entre as tecnologias avaliadas na
abordagem probabilística ........................................................................................ 108
5.3.7. Queima inesperada de fusíveis - comparação entre as abordagens ......................... 109
1 INTRODUÇÃO
Estima-se que a população mundial contará com 9,6 bilhões de habitantes no ano de
2050, representando um aumento de mais de 2 bilhões em relação a atual população (LIMA,
2015). Esse crescimento, aliado ao crescimento dos países caracterizados como em
desenvolvimento, acarreta, em termos energéticos, a necessidade de um aumento de
eficiência, de um significativo crescimento de demanda por novas fontes de suprimento e de
busca por fontes energéticas que substituam as fontes baseadas em combustíveis fósseis.
Nesse contexto, o paradigma do atual setor elétrico, caracterizado por grandes centrais
de geração elétrica, está se desenvolvendo na direção de um modelo de geração mista, tanto
centralizada quanto descentralizada, visando à adoção de fontes de geração renováveis
capazes de solucionar o problema da necessidade de suprimento, o atendimento ao apelo
crescente da liberação dos mercados de energia elétrica e a resposta às preocupações com
questões ambientais.
2016). Isso representa uma elevação de 3121% e 1,76% da capacidade eólica instalada no
mundo. A evolução da potência instalada das fontes eólicas no Brasil e representada na Figura
4.
0,863
1,200
0,935
0,800
0,911
0,400
0,000
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
15,0
14,4 Gigawatts
2,1
12,3
12,0
10,1 2,2
9,0 2,5
7,6
6,0 4,9 2,7
2,2 2,7
3,0
1,4 1,9
0,6 0,9 0,5 0,3
0,4 0,3 0,5
0,0 0,0 0,2
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
distribuída. Assim, de forma a melhor embasar o presente estudo, a seção 1.2 apresentará as
definições da GD.
O CIGRÉ define a GD como geração caracterizada por não ser centralmente planejada
e não ser despachada de forma centralizada. Além disso, o CIGRÉ também caracteriza a GD
por ser usualmente conectada em sistemas de distribuição e possuir potência nominal inferior
a 50 ou 100 MW (RUJULA; AMADA; BERNAL-AGUSTIN; LOYO; NAVARRO, 2005).
Segundo a IEA, GD refere-se a uma planta que supre um consumidor localmente, ou
que auxilia uma rede de distribuição. As tecnologias de GD compreendem motores, pequenas
turbinas, células combustíveis e fotovoltaicas. Não necessariamente inclui-se a tecnologia
eólica, pois a maioria da energia eólica é produzida por parques eólicos (RUJULA; AMADA;
BERNAL-AGUSTIN; LOYO; NAVARRO, 2005).
De acordo com o United States Department of Energy (USDOE), toda GD é composta
por geradores de pequeno porte, modulares e próximos ao consumidor, os quais auxiliam na
redução de investimentos das redes de distribuição e transmissão e que proveem ao cliente
energia de qualidade superior, mais confiável e limpa (RUJULA; AMADA; BERNAL-
AGUSTIN; LOYO; NAVARRO, 2005).
A empresa de consultoria ADL, descreve GD como a utilização integrada ou
autônoma de recursos de geração elétrica modular e de pequeno porte, por distribuidoras,
consumidores conectados a distribuidora ou terceiros, em aplicações que beneficiam o sistema
elétrico e/ou o consumidor final. Ela inclui cogeração e consiste em uma instalação de
unidade de geração que esteja localizada no consumidor final ou próximo ao mesmo, dentro
de uma região industrial, edifício comercial ou comunidade (RUJULA; AMADA; BERNAL-
AGUSTIN; LOYO; NAVARRO, 2005).
A ANEEL define que GD é caracterizada por centrais geradoras1 de energia elétrica,
de qualquer potência, com instalações conectadas diretamente no sistema elétrico de
distribuição ou através de instalações de consumidores, podendo operar em paralelo ou de
forma isolada e despachadas ou não pelo ONS (ANEEL, 2015a).
1
Agente que explora a atividade de geração de energia elétrica e que pode deter instalações de interesse restrito.
Incluem-se, neste conceito, autoprodutores, cogeradores e produtores independentes (ANEEL, 2015a).
18
Nesse âmbito, projeta-se que até o ano de 2030 sejam reduzidas em 43% as emissões
de gases do efeito estufa (MME, 2015), e que a matriz elétrica brasileira será composta por
23% de energias renováveis, além da energia hídrica. Para a última, espera-se alcançar 66%
da matriz elétrica, contra os 65,2% observados em 2014 no Balanço Energético Nacional
(EPE, 2015). Ademais, espera-se que o investimento na GD proporcione ganhos de eficiência
de até 10% ao setor elétrico, no horizonte de planejamento 2015 até 2030. No mesmo
horizonte, estima-se uma participação de 45% de energias renováveis na composição da
matriz energética, contra 39,4%, observados em 2014 no Balanço Energético Nacional (EPE,
2015). E que desse percentual, de 28% a 33% seja devido a fontes renováveis, excetuando-se
a energia hídrica. Além dessas, acredita-se que seja possível atingir a meta de 16% de etanol
carburante e demais biomassas derivadas da cana-de-açúcar no total da matriz energética, bem
como a participação de bioenergia na matriz energética de aproximadamente 18%.
Ao observar a evolução da potência instalada da micro e mini GD no Brasil, não se
observa até 2015 nenhuma evolução significativa. Por outro lado, entre os anos de 2015 e
2018, é observada evolução exponencial da capacidade instalada de mini e micro GD, que
pode ser correlacionadas às ações apresentadas anteriormente. Entre 2011 e 2012, houve um
aumento de 805 vezes a potência instalada das GD, passando de 0,5 kW para 403 kW. Já
entre 2015 e 2018, o salto foi de 5173% %, passando de 12,5 MW para 669,6 MW de
potência instalada (EPE, 2019). Esta evolução da potência instalada das GD no Brasil é
detalhada na Figura 5. Apesar deste crescimento, a potência instalada das GD representa ainda
0,41% da potência instalada brasileira (EPE, 2019).
A presença de GD pode ser agente causador de anomalias como as VTCD. Isso ocorre,
devido à entrada ou saída dos geradores da rede. Para mitigar esse problema, pode-se reduzir
a tensão de entrada em geradores de indução e em geradores síncronos pode-se utilizar uma
sincronização mais precisa. No caso da geração fotovoltaica e eólica, observa-se uma
flutuação na energia gerada, devido principalmente aos insumos de geração (nível de
irradiação, velocidade dos ventos, entre outros). Nesses casos, a variação causada fica mais
suave, não ocasionando diretamente VTCD. Entretanto, ela pode influenciar reguladores a
gerarem tais VTCD (VAZIRI; AFZAL; ZARGHAMI; YAZDANI; VADHVA; TAVATLI,
2013).
d) Sobretensão
e) Ilhamento
O ilhamento ocorre quando uma GD, ou um conjunto delas, continua a energizar uma
porção do circuito de distribuição, a qual foi separada da fonte principal do sistema. Essa
separação pode ser originada pela operação de dispositivos de proteção como relés, fusíveis
ou seccionalizadores. Isso ocorre quando o gerador ou conjunto de geradores é suficiente para
manter a sustentação da carga referente à seção ilhada. O ilhamento é considerado indesejado
principalmente em circuitos com utilização de religamento, pois pode causar problemas de
sincronização durante este processo, tornando o processo passível de rejeição de carga, ou até
de danos aos ativos da concessionária e dos clientes (BAKER; MELLO, 2000). Ademais, esse
processo pode causar impactos na manutenção das redes de distribuição, visto que requer um
24
f) Níveis de curto-circuito
2 ESTADO DA ARTE
Já (CHEN; WU; ZHANG; SINGH, 2015) defende que apesar dos desafios da inserção
da GD nas redes de distribuição, a mesma pode ser utilizada no contexto do ilhamento
intencional de forma a melhorar os indicadores de continuidade. Para tanto, ele apresenta um
modelo analítico para avaliação dos índices de confiabilidade das redes de distribuição,
utilizando dados históricos de ocorrências.
Em (PEDRINO; YAMADA; LUNARDI; VIEIRA, 2019) é argumentado que apesar
dos benefícios oriundos da GD, a conexão dessas em sistemas de distribuição deve ser
avaliada com cuidado, para minimizar impactos negativos a qualidade, proteção e operação
das redes. Em seu trabalho apresenta técnicas de detecção de ilhamento através de um
classificador inteligente baseado em programação genética. Ainda neste campo, (GOMES;
VIEIRA; COURY; DELBEM, 2018) apresenta método de detecção de ilhamento de
geradores síncronos através de técnica inovadora de mineração de dados (DAMICORE),
capaz de identificar padrões e similaridades em bancos de dados. Também no mesmo campo,
Em (MERLIN; SANTOS; GRILO; AHDA; VIEIRA; COURY; OLESKOVICZ, 2016) é
descrita nova metodologia para detecção de ilhamento através de redes neurais. Estes três
últimos trabalhos mostram como o campo dos estudos que tratam o chamado BIG DATA
(grande acervo de dados para análise) vem se inserindo no paradigma dos estudos de proteção
considerando a GD.
Para os autores, a maioria das distribuidoras possuem regulações quanto ao
desligamento imediato das GD em situação de contingência. Caso estes requisitos regulatórios
sejam respeitados, pode ser descartada parte considerável dos impactos causados pelas GD.
Há trabalhos que indicam que mesmo respeitando estes requisitos pode haver problemas de
afundamento de tensão (TRINDADE; NASCIMENTO; VIEIRA, 2013). Contudo, somente a
regulação não pode garantir a prática correta da proteção anti-ilhamento. Além disto, mesmo
havendo desconexão, não se pode garantir que a desconexão ocorrerá em tempo hábil para
que não haja queima indesejável de fusíveis ou falsos trips de elementos de proteção.
c) Microgeração distribuída
Central geradora2 com potência instalada menor ou igual a 75 kW, que utiliza como
fonte a energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada.
d) Minigeração distribuída
2
Agentes que exploram a atividade de geração de energia elétrica. Incluem autoprodutores, cogeradores e
produtores independentes (ANEEL, 2015a).
37
e) Autoconsumo remoto
g) Geração compartilhada
Sistema no qual energia ativa é injetada na rede por unidades de mini e microgeração,
através de empréstimos gratuitos à distribuidora local, sendo posteriormente, o consumidor-
gerador, compensado com o consumo de energia elétrica ativa da própria unidade geradora ou
de outra unidade consumidora com a mesma titularidade (mesmo CPF ou CNPJ, junto ao
Ministério da Fazenda).
a) Modelos de adesão
b) Faturamento
d) Limites de acesso
deseje instalar unidade de geração com potência instalada superior a sua potência
disponibilizada, o mesmo deve solicitar aumento de sua potência disponibilizada.
10 a 75 kW Baixa Tensão
3
Conforme o artigo segundo, referente à Resolução normativa 506 (ANEEL, 2012b), acessada é a distribuidora
detentora das instalações às quais o acessante conecta suas instalações próprias.
40
Para o caso de sistemas que se conectam à rede através de inversores, eles devem estar
instalados em locais de fácil acesso, e as proteções necessárias podem estar inseridas no
dispositivo, sem necessidade de redundância de proteções para os microgeradores. Ademais,
para o caso de utilização de inversores, o acessante4 deve apresentar certificados nacionais ou
internacionais, ou declaração do fabricante, que os equipamentos foram ensaiados conforme
as normas técnicas brasileiras ou internacionais, ou o número de registro da concessão do
Inmetro para o modelo e a tensão nominal de conexão constantes na solicitação de acesso, de
forma a atender aos requisitos de segurança e qualidade.
O elemento de interrupção deve ser automático e acionado por proteção, para
microgeradores e por comando e/ou proteção para minigeradores. O transformador de
acoplamento, necessário para unidades com potência instalada entre 75 kW e 5 MW, deve ser
um transformador de interface entre a unidade consumidora e a rede de distribuição. Nos
casos de conexões acima de 300 kW, caso o transformador de acoplamento não possua
aterramento do lado da acessada, deve-se usar uma proteção de sub e de sobretensão nos
secundários de um conjunto de transformador de potência em delta aberto.
As proteções de sub e sobretensão e sub e sobrefrequência para centrais geradoras até
500 kW de potência instalada não necessitam de relé de proteção específicos, contudo, devem
existir sistemas eletromecânicos que detectem tais anomalias e produzam saída capaz de
operar na lógica de atuação do elemento de interrupção. A proteção de sincronismo,
necessários a todas as unidades, assim como as proteções supracitadas, não necessita de relé
específico, mas sim de sistemas eletromecânicos que detectem tais anomalias e produzam
saída capaz de operar na lógica de atuação do elemento de interrupção, e de maneira que
somente ocorra a conexão após o sincronismo ser atingido.
No caso de operação em ilhamento, a proteção de anti-ilhamento deve garantir a
desconexão das instalações elétricas internas à unidade, incluindo a carga e a geração, sendo
vedada a conexão ao sistema da distribuidora durante a interrupção do fornecimento. No caso
dos medidores bidirecionais, eles devem no mínimo diferenciar a energia elétrica ativa
consumida da energia elétrica ativa injetada na rede pelo microgerador.
4
Conforme o mesmo artigo segundo, acessante é a unidade consumidora relativa a consumidor livre ou especial,
central geradora, importador, exportador ou distribuidora que conecta suas instalações próprias a instalações de
propriedade de distribuidora.
41
Por fim, a acessada pode propor proteções adicionais, desde que justificadas
tecnicamente em função de características específicas do sistema de distribuição acessado,
sem custos para microgeração distribuída.
POTÊNCIA INSTALADA
EQUIPAMENTO
500 kW> P > 75 5MW > P > 500
P <= 75 kW
kW kW
Transformador de
Não Sim Sim
acoplamento
Proteção de sub e
Sim Sim Sim
sobrefrequência
manutenção e operação das redes, para que possam suportar estas tecnologias, sobrando ao
consumidor, o papel de comprar e instalar equipamentos que sigam as normas de estipuladas.
2.3. Inovação
Isso ajudará a facilitar a integração segura das unidades de GD nas redes existentes,
através do melhor entendimento dos requisitos e melhorias necessárias para atingir esse
objetivo. O resultado direto desse desenvolvimento é a expectativa de economia financeira
para as distribuidoras ao capturar os principais aspectos da integração da GD em redes
existentes.
As metodologias típicas utilizadas para analisar o impacto da GD que serão
apresentadas inicialmente neste trabalho servem para orientar a avaliação dos possíveis
impactos no sistema de proteção. Comumente, essas metodologias são baseadas em uma
análise determinística, avaliando o impacto de algumas grandes unidades geradoras,
geralmente com potência nominal de mais de 1 MW como observado em (DOYLE, 2002),
(BRAHMA; GIRGIS, 2004), (KUMPULAINEN; KAUHANIEMI, 2004), (CHAITUSANEY;
YOKOYAMA, 2005b), (OCHOA; PADILHA-FELTRIN; HARRISON, 2006). Desta forma, a
inovação apresentada neste trabalho baseia-se no uso de uma metodologia probabilística para
avaliação de cenários de inserção de pequenas unidades de GD em redes de média e baixa
tensão e a análise de possíveis impactos nos sistemas de proteção de redes de média tensão.
No trabalho, a abordagem se difere das demais ao mostrar que as mesmas técnicas de
análise podem ser utilizadas para avaliar os impactos da penetração maciça de pequenas
unidades de geração distribuídas espalhadas pela rede. Assim, a inovação baseia-se na
abordagem probabilística dada ao problema, já que no planejamento das redes de distribuição
torna-se interessante ter uma metodologia capaz de simular diferentes cenários de penetração
de pequenas unidades de GD, geralmente com potência nominal entre 1 kW e 1 MW.
44
Um fusível possui duas características que definem seu comportamento, que são o TM
e TT. O TM determina o tempo desde o início de uma sobrecorrente até o arco instantâneo se
inicie dentro de um fusível. O TT é o tempo de abertura total de um fusível, desde a
ocorrência de uma sobrecorrente até o fusível extinga o fluxo de corrente. Isto é, a soma do
tempo de fusão e de arco. Para ilustrar esse comportamento, a Figura 8 traz um exemplo de
circuito onde há a coordenação de dois fusíveis.
Para que os fusíveis estejam coordenados para qualquer falta a jusante do fusível 2, ele
deve atuar antes do fusível 1. Isso seria alcançado se curva TT do fusível 2 estiver abaixo da
curva TM do fusível 1 por uma margem segura para qualquer falha.
O impacto do GD na proteção deriva da mudança nos valores das correntes de curto-
circuito que fluem no sistema para qualquer falha. Esta mudança pode ocasionar até mesmo
um fluxo reverso durante a falta, resultando em outros possíveis problemas, como
bidirecionalidade e a queima inesperada de fusíveis, que serão abordados nas seções a seguir.
Voltando ao problema da coordenação, os valores de corrente de falta mínima e
máxima podem ser elevados, devido à presença da GD a montante do fusível 2. Neste caso, a
proteção de retaguarda acaba abrindo, em vez da proteção principal. Para ilustrar esse
comportamento, é mostrado na Figura 9, como a coordenação entre fusíveis pode ser afetada,
em um sistema de distribuição radial com a presença de GD (GIRGIS; BRAHMA, 2001).
Para que os fusíveis estejam coordenados, para qualquer falha a jusante do fusível 2, o
fusível 2 deve funcionar antes do fusível 1. Assim, dependendo da configuração do sistema,
pode-se ocorrer perda de coordenação entre qualquer par de dispositivos de proteção, seja
entre fusíveis, entre religadores, entre fusível e religador, assim por diante. Em cada caso, a
corrente mínima de curto-circuito que causa a perda de coordenação ajuda a identificar o nível
máximo de penetração permitido para a instalação das GD.
3.1.2. Bidirecionalidade
Neste exemplo a corrente que passa no relé do disjuntor D2 não será invertida e seu
relé não atuará em resposta a um curto-circuito no alimentador A1.
Alternativamente, caso uma GD seja instalada no alimentador "saudável" A2, a
contribuição de A2 para a corrente de curto-circuito, para uma falta no alimentador A1 não
será nula. Isso é ilustrado na Queima inesperada de fusíveis
.
Figura 12. Corrente de curto-circuito através de alimentador adjacente com GD, considerando
efeitos sobre os religadores.
Sem a GD, uma falta a montante do fusível 2 é suprida apenas pela fonte da rede e não
é necessária uma coordenação entre o religador R1 e o fusível F2, uma vez que não há
corrente que passa pelo fusível F2. Na segunda situação, a contribuição do curto-circuito vem
tanto da fonte como da GD. Isso pode causar uma perda de coordenação entre o religador R1
e o fusível F2 e fazer com que F2 funda sem necessidade.
pela subestação do utilitário. Neste caso, o relé de proteção de rede deve ser configurado para
responder ao valor de corrente de curto-circuito mais baixo.
É mostrado na Figura 16 o mesmo circuito com uma GD instalada. Para uma falha a
jusante da GD, a corrente de curto-circuito é fornecida tanto pela subestação como pela GD.
A contribuição de cada fonte dependerá das impedâncias entre a fonte e o ponto de falha.
Figura 16. Falta suprida tanto pela fonte principal, quanto pela GD localizada a montante da
falta.
Para uma falha localizada entre a subestação e a GD, como mostrado na Figura 17, a
contribuição da subestação para a corrente de curto-circuito é independente da GD. O efeito
extremo da GD é diminuir a sensibilidade da rede para um limite onde não "detecta" a falha.
53
Figura 17. Falta suprida tanto pela fonte principal, quanto pela GD localizada a jusante da
falta.
3.1.5. Sobretensão
Delta Delta
Estrela Delta
Y Z0 Z1 Z2
G
Z0 Z1 Z2
Y G
Z0 Z1 Z2
G
Tabela 5. Modelo conectado por inversores utilizado para a avaliação do impacto da GD.
Z0 Z1 Z2
G
Z0 Z1 Z2
Z0 Z1 Z2
Z0 Z1 Z2
Z0 Z1 Z2
+Def -Def
Z0 Z1 Z2
+Def -Def
Z0 Z1 Z2
necessário repetir este passo para cada tecnologia, como por exemplo, gerador
síncrono, gerador por indução e inversores.
Como pode ser visto a partir da discussão apresentada na seção 3.1.5, não aterrar o
transformador de acoplamento da GD expõe a rede e os consumidores conectados a ele a
níveis perigosos de sobretensão temporária. Por outro lado, o aterramento sólido pode limitar
a sensibilidade da proteção a níveis inaceitáveis durante falhas à terra. O aumento da
impedância de aterramento deve atender esses dois aspectos simultaneamente. Ou seja,
aumentar a impedância de aterramento pode ser feito de tal forma que o valor dimensionado
permita que os níveis de sobretensão sejam aceitáveis com uma pequena redução de
sensibilidade (cerca de 5%) para a menor corrente de falta.
Um procedimento genérico para orientar a determinação dos limites de inserção da
GD do ponto de vista das sobretensões temporárias pode ser resumido conforme segue.
1. Defina os pontos candidatos onde a GD pode ser instalada, incluindo os detalhes
para o transformador de interconexão e para aterramento.
2. Para os transformadores de acoplamento não aterrados, o segundo passo é definir o
esquema de proteção da GD, que deve garantir que a GD seja desconectada do
sistema antes da abertura do disjuntor, para cada ponto candidato.
3. Para conexões aterradas, o segundo passo é simular o curto-circuito fase-terra e
calcular a variação percentual na sensibilidade à falta a terra. Se a mudança de
sensibilidade for superior a 5%, deve-se inserir um reator de aterramento na
ligação à terra do transformador de acoplamento.
4. Para conexões aterradas, o terceiro passo é calcular a sobretensão devido à
inserção do reator de aterramento e verificar se está dentro da faixa aceitável (por
exemplo, 25% maior do que a tensão nominal). Em seguida, repita o segundo
passo até que o nível de sensibilidade e sobretensão seja aceitável, para cada ponto
candidato.
64
𝑉
𝐼𝐷𝐽 = 2 2
−𝑍 𝑍𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 ∗ 𝐿 − 𝑍𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 ∗ 𝑍𝑠𝑢𝑝 𝑍𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 ∗ 𝐿 ∗ 𝑍𝑠𝑢𝑝 (1)
𝑎2 ∗ ( 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 ) + 𝑎 ∗ ( )+( + 𝑍𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 ∗ 𝐿 + 𝑍𝑠𝑢𝑝 )
𝑍𝐺𝐷 𝑍𝐺𝐷 𝑍𝐺𝐷
𝑍𝑠𝑢𝑝
𝐿−
′ 𝑍𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 (2)
𝑀𝑖𝑛𝑖𝑚𝑢𝑚 (𝐼𝐷𝐽 ) = 𝐼𝐷𝐽 = 0 → 𝑎 =
2
Figura 22. Exemplo da função de atratividade probabilística usada para avaliar os limites de
inserção da GD.
Fonte: Quiroga & Kagan & Amasifen & Almeida & Vicentini, 2015.
69
Figura 23. Exemplo da utilização do método Monte Carlo em uma análise de sensibilidade.
4. METODOLOGIA
Os dados utilizados para construir as redes de média e baixa tensão foram obtidos do
sistema GIS de uma concessionária brasileira. O ambiente de simulação do estudo de caso foi
um alimentador real, que possui 26.589 barras, 9.481 clientes, a demanda máxima de 10,5
MW e 154 km de extensão. A rede de distribuição elétrica é mostrada na Figura 24. As linhas
72
azuis mostram as redes de média tensão, enquanto as linhas vermelhas detalham as redes de
baixa tensão.
Sua zona de proteção se estende até a chave religadora 050RA041086. Ela é composta
por 309 barras, 297 trechos de rede correspondentes a 10,2545 km, 11 chaves e 1 banco de
capacitores. A zona de proteção referente ao disjuntor 060DJVGR018 pode ser vista na
Figura 26.
74
Potência aparente
Determinação da potência nominal das
𝑆𝑚𝑎𝑥 máxima observada no 13,137 MVA
GD na abordagem determinística
circuito
Determinação da localização da GD na
L Comprimento do circuito 10,2545 km
abordagem determinística
Determinação da localização da GD na
Zlinha Impedância da linha [0,000182; 0,000283j] Ohms/km
abordagem determinística
Assim sendo, a GD deve ser alocada a barra mais próxima da distância de 3,27 km da
chave 060DJVGR018. A barra mais próxima a esta distância é a barra B_959, apresentada na
Figura 27.
1 0% 0,000
2 1% 0,131
3 3% 0,394
4 5% 0,657
5 10% 1,314
6 20% 2,627
7 30% 3,941
8 40% 5,255
9 50% 6,569
1 0% 0,000
2 1% 0,131
3 3% 0,394
4 5% 0,657
5 10% 1,314
6 20% 2,627
7 30% 3,941
8 40% 5,255
9 50% 6,569
Assim como no estudo de caso de perda de sensibilidade, o estudo de caso feito para
demonstrar o impacto da bidirecionalidade também utiliza do disjuntor da rede de distribuição
elétrica 060DJVGR018 e de toda sua zona de proteção.
Sua zona de proteção se estende até o final dos ramais que compõe seu circuito. Ela é
composta por 41 barras, 38 trechos de rede correspondentes a 1,261 km, 1 chaves de proteção
e potência aparente no horário de pico de 1,021 MVA.
Figura 33. Localização da GD para avaliação da queima inesperada de fusíveis sob a ótica
determinística.
Tabela 11. Potência nominal das GD para a análise de queima inesperada de fusíveis.
1 0% 0,000
2 1% 0,010
3 3% 0,031
4 5% 0,051
5 10% 0,102
6 20% 0,204
7 30% 0,306
8 40% 0,408
9 50% 0,511
Figura 34. Curto-circuito para avaliação da queima inesperada de fusíveis sob a ótica
determinística.
5. RESULTADOS
(a) Curto-circuito mínimo versus corrente de pick-up (b) Curto-circuito mínimo versus corrente de pick-up
na tecnologia acoplada a inversores na tecnologia de máquinas rotativas
pelas GD. A comparação entre os impactos das tecnologias acopladas a inversores e máquinas
rotativas segundo a abordagem determinística é observada na Figura 47.
(a) Curto-circuito máximo versus corrente de pick-up (b) Curto-circuito máximo versus corrente de pick-up
na tecnologia de máquinas rotativas na tecnologia acoplada a inversores
proteção tende a minimizar os impactos das anteriores. Apesar deste comportamento, assim
como nas simulações probabilísticas anteriores, pode-se notar um nível máximo de impacto,
que nesta análise é de aproximadamente 0,14 kA.
O gráfico com o resultado das correntes de curto-circuito máximas simuladas para
diversos níveis de penetração, comparada a corrente de pick-up do dispositivo de proteção é
observada na Figura 52.
(a) Curto-circuito máximo versus corrente de pick-up (b) Curto-circuito máximo versus corrente de pick-up
na tecnologia de máquinas rotativas na tecnologia acoplada a inversores
6. CONCLUSÃO
Acredita-se que este trabalho não traz em si todas as respostas necessárias a avaliação
de impactos causados pela GD a proteção de redes de distribuição. Isto, pois ainda resta
aprofundar o entendimento das fontes causadoras do comportamento do impacto quando
utilizada a abordagem probabilística de simulação. Para aprofundar o estudo, seria
interessante entender o porquê do comportamento assintótico das curvas, ou até porque o
impacto observado na abordagem probabilística é tão superior aos resultados obtidos sob à
ótica determinística.
Ademais, entende-se que seja de interesse a avaliação da precisão incorrida na
abordagem probabilística. Isto, pois sendo uma avaliação probabilística, é importante avaliar
o grau de precisão dos resultados, bem como a distribuição dos resultados e se há a
possibilidade de alcançar os mesmos resultados com menor número de simulações.
Mesmo da conclusão do trabalho, não foram aprofundados outros impactos abordados
neste estudo, como a perda de coordenação, a sobretensões oriunda de contingências, a
geração de harmônicas e a proteção anti-ilhamento. Assim, a evolução deste estudo neste
sentido deixaria o tema completo.
113
Por fim, outro ponto de interesse para evolução deste estudo seria a utilização das
curvas de proteção comparadas as correntes de curto-circuito, de forma seria possível
compreender como se daria a coordenação das proteções das redes e as proteções das GD,
bem como gerar uma maior precisão dos reais impactos causados pela penetração da GD em
redes de distribuição reais.
Após todo o exposto, acredita-se que os objetivos deste trabalho foram alcançados,
pois foram apresentados meios possíveis para auxiliar na avaliação do impacto da GD nos
sistemas de proteção de redes de distribuição, de forma auxiliar na avaliação de possíveis
impactos na proteção de redes de distribuição devido à penetração da GD no novo paradigma
do setor elétrico brasileiro.
Ainda, as metodologias típicas utilizadas para analisar o impacto da GD servem para
orientar a avaliação dos possíveis impactos no sistema de proteção. Comumente, essas
metodologias são baseadas em uma análise determinística, avaliando o impacto de algumas
grandes unidades geradoras, geralmente com potência nominal superior a 1 MW. Assim, este
trabalho tem relevância, pois é inovador ao apresentar uma metodologia probabilística para
avaliação de cenários de inserção de pequenas unidades de GD em redes reais de média e
baixa tensão e a análise de possíveis impactos nos sistemas de proteção dessas redes.
A metodologia de alocação probabilística e seus impactos foram publicados em dois
artigos de dois congressos:
Evaluation of distributed generation impacts on distribution networks under
different penetration scenarios (QUIROGA; KAGAN; AMASIFEN;
ALMEIDA; VICENTINI, 2015);
Study of the Distributed Generation Impact on Distributed Networks, Focused
on Quality of Power (QUIROGA; KAGAN; AMASIFEN; ALMEIDA;
VICENTINI, 2016);
O capítulo 3 desta dissertação foi publicado como capítulo do livro Electric
Distribution Network Management and Control da editora Springer:
Protection System Considerations in Networks with Distributed Generation
(QUIROGA; ALMEIDA; KAGAN; KAGAN, 2018);
114
7. REFERÊNCIAS
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Relatório Síntese. Rio de Janeiro: EPE, 2015.
EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional 2015 – Ano base 2015:
Relatório Síntese. Rio de Janeiro: EPE, 2016.
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