Acordao-2024 24937

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RMMKZ
Nº 70085777506 (Nº CNJ: 0004850-87.2023.8.21.7000)
2023/CÍVEL

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APELAÇÃO


CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE
RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO
ESTÁVEL C/C ALIMENTOS COM PEDIDO DE
ALIMENTOS PROVISIONAIS. VERBA ALIMENTAR
DEVIDA À EX-COMPANHEIRA. TERMO FINAL.
AUSÊNCIA DAS HIPÓTESES PREVISTAS NO ART.
1.022 DO CPC. A IRRESIGNAÇÃO RECURSAL NÃO
OBJETIVA SUPRIR SUPOSTA OMISSÃO OU
OBSCURIDADE NO ACÓRDÃO EMBARGADO –
PORQUANTO INEXISTENTES QUAISQUER DOS
VÍCIOS ELENCADOS NO ART. 1.022 DO CPC –, MAS,
SIM, CLARAMENTE REDISCUTIR OS
FUNDAMENTOS DA DECISÃO, O QUE NÃO SE
MOSTRA POSSÍVEL POR MEIO DE EMBARGOS
DECLARATÓRIOS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
DESACOLHIDOS.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OITAVA CÂMARA CÍVEL - REGIME DE


EXCEÇÃO
Nº 70085777506 (Nº CNJ: 0004850- COMARCA DE PELOTAS
87.2023.8.21.7000)

L.B.S. EMBARGANTE
..
A.M.O. EMBARGADO
..

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.


Acordam os Magistrados integrantes da Oitava Câmara Cível - Regime de
Exceção do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em desacolher os embargos de
declaração.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes Senhores
DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS (PRESIDENTE), DES. JOSÉ ANTÔNIO
DALTOÉ CEZAR, DES. JOÃO RICARDO DOS SANTOS COSTA E DES.
ROBERTO ARRIADA LOREA.

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RMMKZ
Nº 70085777506 (Nº CNJ: 0004850-87.2023.8.21.7000)
2023/CÍVEL

Porto Alegre, 18 de abril de 2024.

DR.ª RADA MARIA METZGER KÉPES ZAMAN,


Relatora.

RELATÓRIO
DR.ª RADA MARIA METZGER KÉPES ZAMAN (RELATORA)
Trata-se de embargos de declaração opostos por L. B. S. sustentando a
existência de omissão constante do acórdão proferido por esta Câmara Cível que, à
unanimidade, deu parcial provimento ao apelo do réu, embargante, e negou provimento ao
recurso da autora, embargada, em aresto de seguinte ementa:
APELAÇÕES CÍVEIS. FAMÍLIA. AÇÃO DECLARATÓRIA
DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO
ESTÁVEL C/C ALIMENTOS COM PEDIDO DE
ALIMENTOS PROVISIONAIS. APELAÇÃO DO
DEMANDADO. UNIÃO ESTÁVEL. RECONHECIMENTO.
REQUISITOS DO ART. 1.723 DO CC PREENCHIDOS.
PEDIDO DE AFASTAMENTO DA VERBA ALIMENTAR
DEVIDA À EX-COMPANHEIRA. DESCABIMENTO.
TERMO FINAL. DEMARCAÇÃO. PLEITO SUBSIDIÁRIO
ACOLHIDO. APELO DA AUTORA. MAJORAÇÃO DA
VERBA ALIMENTAR DEVIDA PELO EX-COMPANHEIRO
EM SEU FAVOR, ESTABELECIDA EM 7,5% DOS
RENDIMENTOS BRUTOS DO DEMANDADO.
MANUTENÇÃO DO MONTANTE. AUSÊNCIA DE PROVA
DO INCREMENTO DA NECESSIDADE E DE
CAPACIDADE FINANCEIRA SUPERIOR ÀQUELA
CAPAZ DE TORNAR NECESSÁRIA A MAJORAÇÃO DA
PENSÃO. SENTENÇA REFORMADA, EM PARTE. APELO
DO DEMANDADO. RECONHECIMENTO E
DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL. Para o
reconhecimento da união estável, é de restar configurada
convivência pública, contínua e duradoura, estabelecida
com o objetivo de constituir família, nos termos do art.
1.723 do Código Civil. Hipótese concreta que não deixa
dúvidas de que, malgrado as razões voltadas a debilitar a
união estável reconhecida pelo Juízo a quo, as provas não
autorizam desfecho outro senão declarar que o
relacionamento havido entre as partes se revestiu do
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propósito estatuído no supra referido artigo. Assim,


presentes os requisitos exigidos por lei, nada a reformar na
sentença, que reconheceu e dissolveu a união estável
mantida pelas partes no período de 2011 a maio/2016.
VERBA ALIMENTAR DEVIDA À EX-COMPANHEIRA.
MANUTENÇÃO. Inegável a dependência financeira da
autora em relação ao réu, das provas colacionadas,
restando evidente a presença do dever de assistência pelo
demandado, não havendo de ser afastado o pensionamento
estabelecido. PLEITO SUBSIDIÁRIO. DELIMITAÇÃO DE
TERMO FINAL. ACOLHIMENTO. Todavia, possível
estabelecer como termo final o prazo de um ano (12 meses),
a contar da data deste julgamento, como forma de
impulsionar a alimentanda a reinserir-se no mercado de
trabalho, além de não onerar o alimentante em demasia,
ponto em que vai provido apelo. APELO DA AUTORA.
MAJORAÇÃO DA VERBA ALIMENTAR.
DESCABIMENTO. Não restando provadas necessidades
extraordinárias a tornar possível a majoração dos alimentos
estabelecidos em 7,5% dos rendimentos brutos do
alimentante (considerando perceber ele remuneração de,
aproximadamente, R$ 30.000,00), não merece reforma a
sentença para redimensionar o pensionamento. APELO DO
RÉU PARCIALMENTE PROVIDO. APELO DA AUTORA
DESPROVIDO.

Em suas razões recursais, afirmou que o acórdão ao negar o afastamento da


verba alimentar e estipular prazo de 12 (doze) meses de vigência, não esclareceu quanto ao
decurso de tempo desde a interposição do apelo. Esclareceu que, em seu entender, o longo
tempo de tramitação processual se mostrou suficiente para alcançar o que decidido no
acórdão. Sugeriu fosse estabelecida a pensão até o final do ano de 2023. Ao final, requereu o
acolhimento dos aclaratórios, sanando-se a omissão e contradição apontadas, com a
atribuição de efeitos infringentes (fls. 684 e verso).
Intimada, a parte embargada não apresentou contrarrazões (fl. 679).
Os autos retornaram conclusos.
É o relatório.

VOTOS
DR.ª RADA MARIA METZGER KÉPES ZAMAN (RELATORA)

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RMMKZ
Nº 70085777506 (Nº CNJ: 0004850-87.2023.8.21.7000)
2023/CÍVEL

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.


Para fins de acolhimento dos embargos de declaração deve existir, na
decisão judicial, um dos vícios previstos no artigo 1.022 do Código de Processo Civil, quais
sejam, omissão, obscuridade, contradição, ou erro material:
Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão
judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia
se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento
de casos repetitivos ou em incidente de assunção de
competência aplicável ao caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489,
§ 1º.

Em análise à fundamentação do decisum, confrontada sob a ótica das razões


recursais, não se encontram os vícios que dariam ensejo ao acolhimento dos aclaratórios.
Explicitamente, na fundamentação do decisum, restou delimitado que o
prazo final da pensão (de 12 meses) se iniciaria a contar da prolação do aresto.
Em verdade, promove transversamente o embargante efetivo debate e
rediscussão das teses por ele defendidas, decididas de forma clara no voto; contudo, ao
encontro do que pretendia, concluindo que este Colegiado fundamentou de forma
obscura/omissa, e, por isso, deu motivo ao vício apontado; isso porque a linha silogística do
julgamento não seguiu o caminho por ele indicado.
A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos EDcl
no MS 21.315/DF, Rel. Ministra Diva Malerbi (Desembargadora convocada TRF 3ª Região),
assentou, em 08 de junho de 2016, que O julgador não está obrigado a responder a todas as
questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir
a decisão. A prescrição trazida pelo art. 489 do CPC/2015 veio confirmar a jurisprudência já
sedimentada pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, sendo dever do julgador apenas
enfrentar as questões capazes de infirmar a conclusão adotada na decisão recorrida, em
acórdão assim ementado:
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PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


EM MANDADO DE SEGURANÇA ORIGINÁRIO.
INDEFERIMENTO DA INICIAL. OMISSÃO,
CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE, ERRO MATERIAL.
AUSÊNCIA. 1. Os embargos de declaração, conforme
dispõe o art. 1.022 do CPC, destinam-se a suprir omissão,
afastar obscuridade, eliminar contradição ou corrigir erro
material existente no julgado, o que não ocorre na hipótese
em apreço. 2. O julgador não está obrigado a responder a
todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha
encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. A
prescrição trazida pelo art. 489 do CPC/2015 veio
confirmar a jurisprudência já sedimentada pelo Colendo
Superior Tribunal de Justiça, sendo dever do julgador
apenas enfrentar as questões capazes de infirmar a
conclusão adotada na decisão recorrida. 3. No caso,
entendeu-se pela ocorrência de litispendência entre o
presente mandamus e a ação ordinária n. 0027812-
80.2013.4.01.3400, com base em jurisprudência desta Corte
Superior acerca da possibilidade de litispendência entre
Mandado de Segurança e Ação Ordinária, na ocasião em
que as ações intentadas objetivam, ao final, o mesmo
resultado, ainda que o polo passivo seja constituído de
pessoas distintas. 4. Percebe-se, pois, que o embargante
maneja os presentes aclaratórios em virtude, tão somente,
de seu inconformismo com a decisão ora atacada, não se
divisando, na hipótese, quaisquer dos vícios previstos no art.
1.022 do Código de Processo Civil, a inquinar tal decisum.
5. Embargos de declaração rejeitados. (EDcl no MS
21.315/DF, Rel. Ministra DIVA MALERBI
(DESEMBARGADORA CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO),
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/06/2016, DJe
15/06/2016).

Assim, inexistindo obscuridade/omissão a ser sanada no julgado, senão


evidente intenção de rediscussão de mérito, o que é defeso pela via adotada, devem ser
desacolhidos os aclaratórios.
Ante o exposto, voto por desacolher os embargos de declaração, nos termos
da fundamentação supra.

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DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS (PRESIDENTE) - De acordo com o(a)


Relator(a).
DES. JOSÉ ANTÔNIO DALTOÉ CEZAR - De acordo com o(a) Relator(a).
DES. JOÃO RICARDO DOS SANTOS COSTA - De acordo com o(a) Relator(a).
DES. ROBERTO ARRIADA LOREA - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS - Presidente - Embargos de Declaração nº


70085777506, Comarca de Pelotas: "À UNANIMIDADE, DESACOLHERAM OS
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO."

Julgador(a) de 1º Grau: MARIA DA GLORIA FRESTEIRO BARBOSA

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