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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2022.0001051391

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº


2215022-17.2022.8.26.0000, da Comarca de Capivari, em que é agravante T. B., são
agravados J. V. C. B., L. V. B. e E. F. C. B.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 9ª Câmara de Direito Privado do


Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso.
V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores CÉSAR PEIXOTO


(Presidente) E EDSON LUIZ DE QUEIROZ.

São Paulo, 19 de dezembro de 2022.

WILSON LISBOA RIBEIRO


Relator(a)
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 2215022-17.2022.8.26.0000


AGRAVANTE: T. B.
AGRAVADO: J. V. C. B. e outros
COMARCA: Capivari
JUIZ(A) PROLATOR(A) ANDRÉ LUIZ MARCONDES PONTES
VOTO N. 2793

ALIMENTOS. Decisão que estabeleceu alimentos provisórios no


importe de 2 (dois) salários-mínimos, na hipótese de trabalho
autônomo ou atividade empresária e, na existência de vínculo
empregatício, no valor correspondente a 1/3 (um terço) de seus
rendimentos. Insurgência recursal pleiteando a redução. Ausência de
comprovação de eventual incapacidade de arcar com os alimentos
fixados. Necessidades dos alimentandos presumidas. Precedentes.
Despesas alegadas pelo agravado que demandam maior dilação
probatória quanto ao trinômio necessidade / possibilidade /
proporcionalidade. Decisão mantida. RECURSO IMPROVIDO.

VISTOS.

Trata-se de agravo de instrumento interposto por T. B. em face da


decisão de fls. 79 que, em ação de alimentos, manteve decisão que arbitrou alimentos
provisórios em favor dos agravados.

O agravante insurge-se contra o decisum alegando não poder arcar


com a quantia de 2 salários-mínimos, fixada a título de alimentos provisórios, haja vista suas
despesas mensais.

Contrarrazões devidamente juntadas.

Efeito suspensivo indeferido às fls. 78/9.

Parecer da Procuradoria de Justiça às fls. 113/21, pelo improvimento.


Agravo de Instrumento nº 2215022-17.2022.8.26.0000 -Voto nº 2793 - CLNFS 2
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Recurso adequadamente processado.

É O RELATÓRIO DO NECESSÁRIO.

Para fins de concessão de tutela de urgência, pautada pelo juízo da


aparência, necessário, além da probabilidade do direito e do risco de dano de difícil reparação,
prudência e comedimento, para que não se infrinjam os princípios do devido processo legal,
contraditório e da ampla defesa, nos termos do que disciplina o art. 300, do CPC.

Nesse aspecto, relevantes as considerações tecidas por Cássio


Scarpinella Bueno: “A concessão da tutela de urgência pressupõe: (a) probabilidade do direito
e (b) perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo (art. 300, caput). São expressões
redacionais do que é amplamente consagradas as expressões latinas fumus bonis iuris e
periculum in mora, respectivamente.” (Novo Código de Processo Civil Anotado, Editora
Saraiva, 2015, p. 219).

Na mesma linha, “(...) Também é preciso que a parte comprove a


existência da plausibilidade do direito por ela afirmado (fumus boni iuris). Assim, a tutela de
urgência visa assegurar a eficácia do processo de conhecimento ou do processo de execução
(...)” (Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, Código de Processo Civil
Comentado, 16ª ed., Editora Revista dos Tribunais, p. 931).

No que tange à fixação de alimentos, a decisão deve ainda se balizar,


de um lado, pela possibilidade financeira do alimentante e, do outro, pela necessidade do filho
menor, com a preservação de sua subsistência digna e dentro dos padrões usufruídos por seus
genitores, em conformidade do quanto previsto nos artigos 1694 e 1703 do CC.

No caso dos autos, a decisão questionada manteve a fixação, a título


de alimentos provisórios, no importe de 2 (dois) salários-mínimos, na hipótese de trabalho
autônomo ou atividade empresária do alimentante, e, na existência de vínculo empregatício,
no valor correspondente a 1/3 (um terço) de seus rendimentos, insurgindo-se o réu em face do
arbitramento, por ora, sem razão.

Agravo de Instrumento nº 2215022-17.2022.8.26.0000 -Voto nº 2793 - CLNFS 3


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Com efeito, a jurisprudência deste E. TJSP converge no sentido da


manutenção dos alimentos provisórios quando não comprovada a insuficiência de recursos em
cognição sumária.

Nesse sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – ALIMENTOS – Fixação dos provisórios


em montante razoável – Insurgência do alimentante – Pretendida redução
que não merece acolhida – Liminar denegada nesta sede – Necessária
dilação probatória – Dívidas – A mera existência de dívidas não implica,
necessariamente, na incapacidade de arcar com obrigação – Decisão
reformada pontualmente, tão somente para retirar da base de cálculo
eventuais verbas rescisórias, as quais possuem caráter indenizatório –
Recurso provido em parte. (TJSP; Agravo de Instrumento
2275924-04.2020.8.26.0000; Relator (a): José Carlos Ferreira Alves; Órgão
Julgador: 2ª Câmara de Direito Privado; Foro de Américo Brasiliense - 1ª
Vara; Data do Julgamento: 23/02/2021; Data de Registro: 23/02/2021)

Agravo de Instrumento. Ação de alimentos. Insurgência contra decisão que


fixou alimentos provisórios em montante correspondente a um terço do
salário mínimo. Pedido de desobrigação do pagamento. Ausência de
comprovação da impossibilidade de adimplemento da obrigação.
Necessidade da completa instrução processual. Recurso desprovido. (TJSP,
AI 2097295-13.2017.8.26.0000, 6ª Câmara de Direito Privado, Rel. Rodolfo
Pellizari, julgado em 04/10/2017).

Agravo de instrumento. Fixação de alimentos provisórios. Inconformismo


por parte do réu agravante que pede redução quantum fixado. Insuficiência
de elementos a autorizar a tutela pretendida. Recuso desprovido (TJSP, AI
2034848-86.2017.8.26.0000, 9ª Câmara de Direito Privado, Rel. Piva
Rodrigues, julgado em 04/08/2017).

Assim, não demonstrada a impossibilidade de arcar com os alimentos


provisoriamente fixados, cumpre ao alimentante aguardar a regular instrução probatória a ser
realizada nos autos.

Agravo de Instrumento nº 2215022-17.2022.8.26.0000 -Voto nº 2793 - CLNFS 4


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Com efeito, a mera alegação de que sua atividade como autônomo


possui despesas não é suficiente para a redução da verba, mormente em razão de serem dois
os alimentandos, o que requer arbitramento suficiente para assegurar o mínimo existencial à
prole.

DISPOSITIVO.

Pelo meu voto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

Por fim, considero prequestionadas as normas jurídicas reportadas no


curso do presente feito.

WILSON LISBOA RIBEIRO


Relator

Agravo de Instrumento nº 2215022-17.2022.8.26.0000 -Voto nº 2793 - CLNFS 5

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