Acordao-2018 1826732
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
MAS
Nº 70078312535 (Nº CNJ: 0196465-45.2018.8.21.7000)
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ACÓRDÃO
RELATÓRIO
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O IPERGS, por outro lado, sustenta a reforma da sentença. Refere ser necessária a
comprovação da dependência econômica. Assevera que o autor possuía vida econômica ativa e
autônoma, sem qualquer relação de dependência com relação ao falecido servidor. Sustenta estar
submetida ao princípio da legalidade e que a legislação estadual reconhece a união estável e
estabelece requisitos para a comprovação da dependência da companheira para fins previdenciários,
o que não restou demonstrado no caso. Aduz, acaso seja mantida a sentença, que a pensão não deve
corresponder à totalidade, uma vez que o servidor faleceu em data posterior a entrada em vigor da
EC 41/03. Colaciona precedentes. Requer, ao final, provimento do recurso (fls. 549/556).
É o relatório.
VOTOS
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De efeito.
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7.672/1982, porquanto tal exigência acabou superada pela legislação superveniente àquele
diploma estadual que instituiu o benefício de pensão por morte (aliás, conforme se infere da
intelecção conferida atualmente pela jurisprudência ao art. 226, § 3º, CF; ao texto da Lei nº
9.278/1996 e ao enunciado normativo do art. 1.723 do atual Código Civil, cuja entrada em
vigor é muito posterior à edição da precitada lei previdenciária estadual).
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união estável (seja ela heterossexual, seja homoafetiva), pois idêntica prova não se exige da
esposa e/ou ex-esposa divorciada. Tal entendimento dimana da intelecção da norma
constitucional que equipara a união estável ao casamento e igualmente da aplicação do
princípio constitucional vetor da isonomia.
Portanto, no caso concreto sub examine, impõe-se reconhecer o direito do
autor à percepção do benefício previdenciário de pensão por morte, conforme preconiza,
aliás, o judicioso parecer de lavra do ilustre Procurador de Justiça Julio Cesar da Silva Rocha
Lopes, do qual reproduzo este excerto, “in litteris”:
“O artigo 226 da Constituição Federal assim estabelece:
Seguindo a mesma linha, o art. 1.723 do novo Código Civil reconhece como
entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública,
contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
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Além dos documentos juntados, que dão conta da coabitação, bem como da
proximidade com o de cujus, há escritura pública de declaração de união estável (fl. 39).
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No caso dos autos, como visto, o óbito do instituidor da pensão ocorreu em data
posterior à EC nº 41/2003, atingindo a parte autora as novas disposições. Assim, na hipótese do valor
do benefício ultrapassar o teto dos proventos do RGPS, incidirá o percentual redutor de 30% sobre a
soma excedente.”
1
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário,
mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 41, 19.12.2003)
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo estabelecido para os
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da
parcela excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº
41, 19.12.2003) (grifos meus).
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Honorários de sucumbência
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Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:
(...)
§ 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras.
§ 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo
indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações.
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Pois bem.
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento Recurso Extraordinário nº
870.947 – Tema 810, reconheceu a repercussão geral da matéria relativa à validade jurídico-
constitucional da correção monetária e dos juros moratórios incidentes em as condenações
judiciais impostas à Fazenda Pública, segundo os índices oficiais de remuneração básica da
caderneta de poupança (Taxa Referencial - TR), conforme prevê o art. 1º-F da Lei nº
9.494/1997, com redação dada pela Lei nº 11.960/2009.
A proclamação do resultado desse julgamento levado a cabo pelo Plenário
do Excelso Pretório deixou assente o seguinte, “verbis”:
“O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, Ministro Luiz Fux,
apreciando o tema 810 da repercussão geral, deu parcial provimento ao recurso para, confirmando,
em parte, o acórdão lavrado pela Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, (i)
assentar a natureza assistencial da relação jurídica em exame (caráter não-tributário) e (ii) manter a
concessão de benefício de prestação continuada (Lei nº 8.742/93, art. 20) ao ora recorrido (iii)
atualizado monetariamente segundo o IPCA-E desde a data fixada na sentença e (iv) fixados os juros
moratórios segundo a remuneração da caderneta de poupança, na forma do art. 1º-F da Lei nº
9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/09. Vencidos, integralmente o Ministro Marco
Aurélio, e parcialmente os Ministros Teori Zavascki, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes.
Ao final, por maioria, vencido o Ministro Marco Aurélio, fixou as seguintes teses, nos termos do voto
do Relator: 1) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, na parte
em que disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública , é
inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária, aos quais devem ser
aplicados os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário,
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em respeito ao princípio constitucional da isonomia (CRFB, art. 5º, caput); quanto às condenações
oriundas de relação jurídica não-tributária, a fixação dos juros moratórios segundo o índice de
remuneração da caderneta de poupança é constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão, o
disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/09 ; e 2) O art. 1º-F
da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que disciplina a
atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração
oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao
direito de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a
capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina.
Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 20.9.2017.”
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do modo pelo qual tais preceitos legais foram violados. Por tal
razão, mostra-se deficiente, no ponto, a fundamentação recursal.
Aplica-se, por analogia, o disposto na Súmula 284/STF: "É
inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na
sua fundamentação não permitir a exata compreensão da
controvérsia".
6. Quanto aos demais pontos, cumpre registrar que o presente
caso refere-se a condenação judicial de natureza previdenciária.
Em relação aos juros de mora, no período anterior à vigência da
Lei 11.960/2009, o Tribunal de origem determinou a aplicação do
art. 3º do Decreto-Lei 2.322/87 (1%); após a vigência da lei
referida, impôs a aplicação do art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com
redação dada pela Lei 11.960/2009). Quanto à correção
monetária, determinou a aplicação do INPC. Assim, o acórdão
recorrido está em conformidade com a orientação acima
delineada, não havendo justificativa para reforma.
7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não
provido. Acórdão sujeito ao regime previsto no art. 1.036 e
seguintes do CPC/2015, c/c o art. 256-N e seguintes do RISTJ.
(REsp 1492221/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/02/2018, DJe
20/03/2018)
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(...)
Ressalte-se que a Lei 11.430/2006 incluiu o art. 41-A na Lei 8.213/91, cujo
caput possui a seguinte redação:
(...)
A tabela a seguir resume os índices aplicáveis:
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Justiça Federal.
(...)”
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monetária pelos índices previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal até a data da
entrada em vigor da Lei nº 11.430/2006. Depois disso, impõe-se aplicar o INPC.
No que tange aos juros moratórios, incide a espécie a taxa de juros de
remuneração oficial da caderneta de poupança.
Dispositivo:
Do exposto, voto por dar parcial provimento a ambos os apelos e,
outrossim, modificar em parte a sentença em reexame necessário, aos efeitos de:
a) determinar a aplicação dos ditames do art. 40, § 7º, da Constituição
Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 41/2003, quanto à forma de
cálculo da pensão por morte concedida ao autor;
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