Parasitoses

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P R O F .

C L A R I S S A C E R Q U E I R A

PA R AS I TO S E S
INFECTOLOGIA Prof. Clarissa Cerqueira | Parasitoses 2

APRESENTAÇÃO:

PROF. CLARISSA
CERQUEIRA
Olá, futuro Residente, tudo bem?
Meu nome é Clarissa, sou médica infectologista e, ao
contrário de muita gente, eu não tinha intenção de prestar
vestibular para Medicina. Não me sentia capaz de enfrentar a
concorrência. Escolhi prestar vestibular para Nutrição e fiquei
surpresa com minha conquista do segundo lugar entre os
aprovados. Ao iniciar meus estudos na faculdade de Nutrição, fui
apresentada ao programa de microbiologia e fiquei encantada
pelo assunto. Percebi naquele momento que queria aprender
mais sobre o tema. Após um ano e meio de curso, estava
suficientemente confiante e motivada a prestar novamente
vestibular, dessa vez para Medicina. Fui novamente surpreendida
pelo resultado, aprovada na primeira tentativa (após ser aluna de
Nutrição).
Durante a faculdade, estava um pouco perdida entre as

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especialidades. Não tenho familiares médicos que pudessem me complementação na Universidade de São Paulo em Infecção em
orientar na escolha da carreira. Entretanto, tive a sorte de ter um Imunodeprimidos e curso de pós-graduação do Hospital Albert
professor de neurocirurgia que me apresentou aos campos da Einstein de Controle de Infecção Hospitalar.
cirurgia e das ciências neurológicas e que me incentivou a buscar Reconheço que sou suspeita para falar, mas o universo
meus interesses e minhas paixões. Após seis anos, o sonho foi da infectologia é apaixonante. Atualmente, além de ser sua
realizado e o objetivo conquistado: me formei em Medicina! professora no Estratégia MED, trabalho em Salvador com atuação
É chegado o momento de prestar prova de Residência nas áreas de infecção hospitalar, interconsultas da especialidade
Médica. Minha primeira escolha de especialidade, após a e consultório.
faculdade, entretanto, não foi infectologia. Escolhi cirurgia geral. Neste livro, vamos discutir tudo que é cobrado em provas
E como a cirurgia geral se relaciona com a infectologia? Foi no sobre as parasitoses intestinais. Lembre-se sempre: temos
meu primeiro dia como Residente da cirurgia que reconheci meu um objetivo comum, que é a sua aprovação no concurso de
desejo e minha paixão de longos tempos, germinados nas aulas Residência Médica!
de microbiologia da faculdade de Nutrição: ser infectologista. A equipe da infectologia do Estratégia MED resolveu
Abandonei a cirurgia e segui minha vocação. um total de 3.812 questões de infectologia de provas do Brasil
Minha história de especialista iniciou com a Residência inteiro. Dessas, 192 foram sobre parasitoses, que corresponde a
Médica em infectologia no Instituto de Infectologia Emílio Ribas. 5% das questões de infectologia. Esse assunto é mais abordado
Um período de muito aprendizado e autoconhecimento, em que na área da pediatria e você vai perceber isso ao longo do livro
tive a oportunidade de aprender com grandes especialistas de com as questões que coloquei.
reconhecimento nacional e internacional. Durante a Residência, Cada questão foi analisada e subdividida de acordo com
busquei expandir meu aprendizado com estágios em Portugal seu assunto. Olhe aqui neste gráfico a prevalência das parasitoses
(Hospital Curry Cabral) e nos Estados Unidos (Cleveland intestinais:
Clinic). Minha formação continuou com um ano extra (R4) de

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1% 1%
1% 1%

4%
4% Síndrome de Loeffler Enterobíase Giardíase
20%
7% Estrongolodíase Tricuríase Ascaridíase

Amebíase Ancilostomíase Teníase


9%
12% Toxocaríase Esquistossomíase Cis�cercose

Didilobotríase Isosporíase
9%
12%
9%
10%

Perceba que a síndrome de Loeffler é o assunto mais cobrado e em seguida aparecem os helmintos e protozoários. Devo ressaltar
que não irei abordar aqui a esquistossomose nem a neurocisticercose.

@draclarissacerqueira @estrategiamed

Estratégia MED /estrategiamed

Estratégia
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@estrategiamed t.me/estrategiamed
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SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO 9
1 .1 HELMINTOS 10

1.1.1 FILO DOS NEMATELMINTOS 10

1.1.2 FILO DOS PLATELMINTOS 11

1 .2 PROTOZOÁRIOS 12

2.0 TESTES DIAGNÓSTICOS 13


2 .1 MÉTODOS DISPONÍVEIS 13

2.1.1 TESTES QUANTITATIVOS 13

2.1.2 TESTES QUALITATIVOS 13

2 .2 COLETA E ARMAZENAMENTO DAS FEZES 14

3.0 DROGAS UTILIZADAS PARA TRATAMENTO DAS PARASITOSES 15


3 .1 IVERMECTINA 16

3 .2 BENZIMIDAZÓIS 17

3.2.1 ALBENDAZOL 17
3.2.2 MEBENDAZOL 18

3.2.3 TIABENDAZOL 18

3 .3 PAMOATO DE PIRANTEL 18

3 .4 PAMOATO DE PIRVÍNIO 19

3 .5 LEVAMISOL 19

3 .6 PRAZIQUANTEL 19

3 .7 OXAMNIQUINE 19

3 .8 NICLOSAMIDA 20

3 .9 NITAZOXANIDA 20

3 .1 0 NITROIMIDAZÓIS 21

3.10.1 METRONIDAZOL 21

3.10.2 SECNIDAZOL 22

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3.10.3 TINIDAZOL 22

3 .1 1 AMEBICIDAS LUMINAIS 22

3.11.1 PAROMOMICINA 22

3.11.2 IODOQUINOL 22

4.0 NEMATELMINTOS 23
4 .1 ASCARIDÍASE 23

4.1.1 TRANSMISSÃO 23

4.1.2 CICLO DE VIDA 24

4.1.3 QUADRO CLÍNICO 25

4.1.4 DIAGNÓSTICO 28

4.1.5 TRATAMENTO 28

4 .2 ANCILOSTOMÍASE 30

4.2.1 TRANSMISSÃO 31

4.2.2 CICLO DE VIDA 32

4.2.3 QUADRO CLÍNICO 33

4.2.4 DIAGNÓSTICO 36

4.2.5 TRATAMENTO 36

4 .3 ESTRONGILOIDÍASE 37

4.3.1 TRANSMISSÃO 37

4.3.2 CICLO DE VIDA 38

4.3.3 QUADRO CLÍNICO 39

4.3.4 DIAGNÓSTICO 41

4.3.5 TRATAMENTO 41

4 .4 ENTEROBÍASE/OXIURÍASE 42

4.4.1 TRANSMISSÃO 42

4.4.2 CICLO DE VIDA 43

4.4.3 QUADRO CLÍNICO 43

4.4.4 DIAGNÓSTICO 46

4.4.5 TRATAMENTO 46

4 .5 TRICURÍASE 48

4.5.1 TRANSMISSÃO 48

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4.5.2 CICLO DE VIDA 48

4.5.3 QUADRO CLÍNICO 49

4.5.4 DIAGNÓSTICO 51

4.5.5 TRATAMENTO 51

4 .6 TOXOCARÍASE 53

4.6.1 TRANSMISSÃO 53

4.6.2 CICLO DE VIDA 53

4.6.3 QUADRO CLÍNICO 53

4.6.4 DIAGNÓSTICO 55

4.6.5 TRATAMENTO 56

4 .7 SÍNDROME DE LOEFFLER 56

4.7.1 QUADRO CLÍNICO 57

4.7.2 DIAGNÓSTICO 61

4.7.3 TRATAMENTO 61

5.0 PLATELMINTOS 62
5 .1 TENÍASE E CISTICERCOSE 62

5.1.1 TRANSMISSÃO 63

5.1.2 CICLO DE VIDA 64

5.1.3 QUADRO CLÍNICO 66

5.1.4 DIAGNÓSTICO 66

5.1.5 TRATAMENTO 66

5 .2 ESQUISTOSSOMOSE 67

6.0 PROTOZOÁRIOS 68
6 .1 GIARDÍASE 68

6.1.1 TRANSMISSÃO 68

6.1.2 CICLO DE VIDA 68

6.1.3 QUADRO CLÍNICO 69

6.1.4 DIAGNÓSTICO 71

6.1.5 TRATAMENTO 71

6 .2 AMEBÍASE 73

6.2.1 TRANSMISSÃO 74

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6.2.2 CICLO DE VIDA 75

6.2.3 QUADRO CLÍNICO 75

6.2.4 DIAGNÓSTICO 75

6.2.5 TRATAMENTO 76

6 .3 OUTROS 76

7.0 RESUMO 77
8.0 LISTA DE QUESTÕES 79
9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 80
10.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 80

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CAPÍTULO

1.0 INTRODUÇÃO

As parasitoses intestinais são uma das infecções mais Organização Mundial da Saúde (OMS), afinal são mais frequentes
comuns em todo o mundo. De forma geral, elas são transmitidas por em populações de baixa renda, os investimentos em pesquisas são
via fecal-oral ou por contato com solo contaminado com fezes, logo menores e não atraem a atenção da indústria farmacêutica para
ocorrem com muito mais frequência em países subdesenvolvidos investimento em medicações.
por conta das precárias condições de higiene, falta de acesso à água As crianças com idade entre 5 e 15 anos são as mais
e ao saneamento básico. acometidas, principalmente aquelas que vivem em zonas rurais e
Elas são consideradas doenças negligenciadas pela periferias de centros urbanos.

CAI NA PROVA
(HOSPITAL MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP 2020) As geo-helmintíases constituem um grupo de doenças
parasitárias intestinais relacionadas ao contato com o solo.
I- Estas infecções são classificadas como doenças negligenciadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
II- Acometem populações vulneráveis que residem, principalmente, em áreas com deficiência em relação ao
saneamento básico e abastecimento de água.
III- O grupo de risco mais importante para esta intervenção são as crianças em idade pré-escolar.

A) A Apenas as afirmativas I e II estão corretas.


B) B Apenas a afirmativa I está correta.
C) C Apenas a afirmativa II está correta.
D) D Apenas as afirmativas II e III estão corretas.

COMENTÁRIO:

Correta a alternativa A. De acordo com o Guia Prático para o Controle das Geo-helmintíases do Ministério da Saúde, de 2018, as geo-
helmintíases constituem um grupo de doenças parasitárias intestinais que são causadas por parasitas que completam seu ciclo no solo,
como Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Ancylostoma duodenale e Necator americanus.
Correta a afirmativa I. A OMS classifica as geo-helmintíases como doenças negligenciadas.
Correta a afirmativa II. Essas doenças acometem principalmente pessoas que moram em locais sem saneamento básico e com déficit no
abastecimento de água.
Incorreta a afirmativa III. As crianças em idade escolar (de 5 a 10 anos) que são o grupo de risco mais importante. Elas estão em frequente
contato com solo contaminado e não possuem hábitos de higiene adequados.
Afirmativa I e II corretas.

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Neste livro, irei explicar a você dois grandes tipos de agentes etiológicos das parasitoses intestinais: os helmintos e os protozoários.
Vamos ver aqui quem são eles e seus representantes:

1.1 HELMINTOS

Os helmintos são seres vivos mais conhecidos como “vermes”. Dividem-se principalmente em 2 grandes filos: Platyhelminthes
(platelmintos) e Nematoda (nematódeos ou nematelmintos). Vamos aprender mais sobre essa divisão:

1.1.1 FILO DOS NEMATELMINTOS

Os nematelmintos são os vermes de corpos cilíndricos e que são representados pelas espécies logo a seguir:

Figura 1. Ilustração de nematódeos — vermes de corpos cilíndricos. Fonte: Shutterstock.

Nematelmintos

Ascaris Ancylostoma Necator Strongyloides


lumbricoides duodenale americanus stercoralis

Trichuris Enterobius Toxocara Wuchereria


trichiura vermicularis canis bancrofti

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1.1.2 FILO DOS PLATELMINTOS

Irei abordar aqui com você as doenças causadas por todos esses parasitas exceto a
Wuchereria bancrofti, agente etiológico da filariose linfática (elefantíase).
Esse filo é representado por vermes de corpos achatados dorsoventralmente (Platy =
chato). Dentro dele, tem duas classes que você tem que saber:
• Classe trematoda, representada pelo Schistosoma mansoni e Fasciola hepatica; e
• Classe cestoda, representada pelas Taenia solium, Taenia saginata e Hymenolepis
nana.

Figura 2. Ilustração de um platelminto. Perceba


que seu corpo é achatado. Fonte: Shutterstock.

Platelmintos

Trematoda Cestoda

Schistosoma Fasciola Taenia Hymenolepis


mansoni hepatica solium nana

CAI NA PROVA
(SCMV – SP 2017) Não é helmintíase:

A) Esquistossomose.
B) Ancilostomose.
C) Filariose.
D) Amebíase.

COMENTÁRIO:

Correta a alternativa D. Olhe só como ficou fácil! A amebíase é uma doença causada pela Entamoeba histolytica, um protozoário.
Por esse motivo que o gabarito dessa questão é a letra D. Todas as outras alternativas são helmintíases. A esquistossomose é causada
pelo Schistosoma mansoni, a ancilostomíase pelo Necator americanus ou Ancylostoma duodenale e a filariose é causada pela Wuchereria
bancrofti.

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1 .2 PROTOZOÁRIOS

Os protozoários são seres vivos constituídos de somente uma célula eucariota que
realiza tudo que for necessário para sua sobrevivência, como alimentação, locomoção,
reprodução, respiração e excreção.
Como exemplo de alguns protozoários, posso citar o Trypanosoma cruzi, os do gênero
Leishmania, a Giardia lamblia, Trichomonas vaginalis, Entamoeba histolytica, Cyclospora
cayetanensis e outros que geralmente causam um quadro de diarreia em pacientes
imunocomprometidos, como a Cystoisospora belli e Cryptosporidium parvum.

Figura SEQ Figura \* ARABIC 3. Ilustração de uma


Giardia lamblia. Fonte: Shutterstock.

CAI NA PROVA
(HEJSN – ES 2020) Dentre os abaixo, não é protozoário:
A) Strongyloides stercoralis.
B) Cyclospora cayetanensis.
C) Isospora belli.
D) Entamoeba histolytica.
E) Giardia lamblia.

COMENTÁRIO:

Está vendo só como isso cai em prova? Vamos ver as alternativas:

Correta a alternativa A: pois Strongyloides stercoralis é um helminto, e não protozoário.

Incorreta a alternativa B: pois descreve o protozoário causador da ciclosporíase.

Incorreta a alternativa C: pois Isospora belli é um protozoário gastrointestinal que causa doença clínica significativa principalmente em
pacientes com AIDS.

Incorreta a alternativa D: pois Entamoeba histolytica é um protozoário e o principal agente causador de amebíase.

Incorreta a alternativa E: pois Giardia lamblia é o protozoário que causa giardíase.

Apesar dessa ampla gama de parasitas, vamos aqui abordar somente aqueles que são cobrados em provas.

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CAPÍTULO

2.0 TESTES DIAGNÓSTICOS

Antes de chegarmos nas parasitoses em si, você precisa completa com história epidemiológica. Muitas vezes, a própria
aprender sobre como proceder e quais os testes diagnósticos ocupação do paciente ou história de viagens com contato com
disponíveis para as parasitoses. certos animais já é de grande valia para fornecer uma primeira
É fundamental você entender que, antes de simplesmente hipótese diagnóstica.
solicitar um exame de fezes, você deve realizar uma anamnese

2.1 MÉTODOS DISPONÍVEIS

O exame parasitológico de fezes consiste em um exame macroscópico, que permite avaliar a presença de vermes adultos, o odor, a
presença de muco ou sangue e sua consistência, e o exame microscópico, que permite a visualização de ovos e larvas de helmintos e cistos
ou trofozoítos dos protozoários.
Os exames microscópicos podem ser quantitativos ou qualitativos.

2.1.1 TESTES QUANTITATIVOS

Nesse caso, a gente consegue fazer a contagem de ovos nas fezes e com isso saber a intensidade do parasitismo. Um exemplo de um
teste que usa esse método é o Kato-Katz, bastante usado para diagnóstico de esquistossomose. Ele também pode ser usado para diversas
outras helmintíases.

2.1.2 TESTES QUALITATIVOS

Nos exames qualitativos, que são os mais comuns, eles larvas e cistos de vários parasitas.
simplesmente demonstram a presença ou ausência da forma • Método de Faust: é uma técnica de centrífugo-flutuação
parasitária encontrada, sem avaliar a quantidade. Como algumas usada para pesquisa de cisto e oocisto de protozoários e ovos
leves (como dos ancilostomídeos).
vezes pode haver poucas formas parasitárias na amostra, é comum
• Técnica de Baermann-Moraes: é um método de
o emprego de técnicas para concentrá-las, como essas a seguir:
concentração de larvas de helmintos por migração ativa. Ele é
• Técnica de Hoffman, Pons e Janer ou sedimentação
indicado para pesquisa de larvas de Strongyloides stercoralis.
espontânea ou método de Lutz: como o nome já diz, é um
Existem diversos outros métodos para diagnósticos
método de sedimentação espontânea que permite detectar ovos,

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específicos de alguns parasitas. Como eles não são cobrados em disponíveis para realização de exames de fezes que detectam
provas, não vou me aprofundar mais no assunto. parasitas diferentes. Por esse motivo, não existe um único método
Outro exame qualitativo, porém que não utiliza nenhuma que consiga diagnosticar ao mesmo tempo todas as formas
técnica de concentração, é o teste da fita gomada, usado para parasitárias. Quando você faz um pedido de exame de fezes e não
diagnóstico da enterobíase. Esse método consiste na colocação de anota sua suspeita clínica, geralmente o laboratório faz uma técnica
uma fita adesiva transparente na região perianal. Em seguida ela mais geral, como a de Hoffman, Pons e Janer, que muitas vezes não
deve ser colocada sobre uma lâmina de vidro e visualizada por meio tem uma sensibilidade suficiente para identificar alguns parasitas.
da microscopia óptica. Essa técnica deve ser feita preferencialmente Portanto, sempre que for solicitar um exame de fezes, anote sua
ao amanhecer, antes do banho, e por alguns dias consecutivos. suspeita clínica, pois, além dos métodos gerais, os específicos
Como você pôde perceber, existem diversas técnicas também serão realizados.

2.2 COLETA E ARMAZENAMENTO DAS FEZES

Para uma coleta adequada, é importante você lembrar que esses parasitas não são
“robôs” que produzem uma quantidade fixa e constante de formas parasitárias. A produção de
ovos, larvas ou cistos varia ao longo do dia e do ciclo do parasita. Por esse motivo, você deve
orientar seu paciente sempre a coletar pelo menos três amostras de fezes em dias alternados.
Essa coleta pode ser feita em frascos com conservador, enviados ao laboratório ao final da
coleta.

Fonte: Shutterstock.

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CAPÍTULO

3.0 DROGAS UTILIZADAS PARA TRATAMENTO DAS


PARASITOSES

Já lhe ensinei sobre os exames de fezes e as técnicas mais Muitas vezes, os pacientes são poliparasitados e precisamos usar
importantes para diagnóstico de algumas parasitoses. Agora, essas drogas de amplo espectro ao mesmo tempo que devemos
vou ensinar sobre as drogas disponíveis para tratamento dessas dar a preferência para tratar primeiramente os helmintos que têm a
parasitoses. capacidade de migração. Afinal, podem causar complicações, como
É importante você saber que existem diversas drogas, umas você verá mais adiante ao abordarmos cada parasitose em si.
mais específicas e outras com um espectro de ação mais amplo.

CAI NA PROVA

(UFSM – RS 2015) São princípios a serem observados no tratamento das parasitoses:


I . Em pacientes poliparasitados, tratar primeiramente os parasitas com potencial de migração;
II . Utilizar preferencialmente drogas de amplo espectro;
III . Eliminar parasitas potenciais migradores antes de cirurgia sob anestesia geral e quimioterapia;
IV . Preferir drogas de menor custo e maior eficácia.
Estão CORRETAS:

A) Apenas I.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) Apenas II e IV.
E) I, II, III e IV.

COMENTÁRIO:

Correta a alternativa E. Vamos analisar cada alternativa:


Correta a afirmativa I. Os parasitas que podem migrar, como o Ascaris lumbricoides, devem ser tratados primeiramente. As complicações
pela migração podem ser, por exemplo: apendicite, pancreatite, colangite etc.
Correta a afirmativa II. A preferência deve ser dada para a escolha de drogas de amplo espectro que tratem vários parasitas.
Correta a afirmativa III. Os parasitas que podem migrar devem ser eliminados antes de cirurgia e quimioterapia. Caso isso não ocorra, eles
podem se deslocar e causar complicações.
Correta a afirmativa IV. Sempre devemos preferir drogas de menor custo e maior eficácia.

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Vou começar abordando as drogas usadas para tratamento das helmintíases e, em seguida, as drogas usadas para tratamentos das
infecções por protozoários.

3.1 IVERMECTINA

A ivermectina é a medicação de escolha para tratamento de efetiva para tratamento de ascaridíase, tricuríase e enterobíase. Ela
infecções por Strongyloides stercoralis. Ela deve ser administrada não tem ação contra os ancilostomídeos.
por via oral durante 2 dias consecutivos. Em pacientes Também pode ser usada para tratamento de ectoparasitas,
imunocomprometidos, pelo risco maior de autoinfecção, devemos como o piolho e a escabiose.
repetir esse ciclo de dois dias de medicação após duas semanas. Ela atua impedindo a transmissão nervosa nos parasitas, que
Além de tratar a estrongiloidíase, a ivermectina também resultam em sua paralisia com posterior eliminação.
tem amplo espectro de ação contra nematódeos intestinais, sendo

CAI NA PROVA

(AMRIGS - RS 2022) Sobre a ivermectina, analise as assertivas a seguir.


I. Estrongiloidíase, oncocercose, filariose, ascaridíase e pediculose são algumas das doenças que podem ser
combatidas com seu uso.
II. Elevação dos níveis de creatinina e ureia podem acontecer em pacientes que utilizam a medicação devido a sua
excreção renal.
III. Seu uso em doses elevadas pode levar à crise de psicose, confusão mental e crises epilépticas.

Quais estão corretas?


A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.

COMENTÁRIO:
Questão sobre a ivermectina! Vamos lá responder juntos.
I. Estrongiloidíase, oncocercose, filariose, ascaridíase e pediculose são algumas das doenças que podem ser combatidas com seu uso.
Correta a afirmativa I. A ivermectina é indicada no tratamento de várias parasitoses, como estrongiloidíase, oncocercose, filariose,
ascaridíase, escabiose e pediculose.
II. Elevação dos níveis de creatinina e ureia podem acontecer em pacientes que utilizam a medicação devido a sua excreção renal.
Incorreta a afirmativa II. A ivermectina tem metabolização hepática e excreção quase exclusiva pelas fezes, sendo apenas 1% pela urina.
III. Seu uso em doses elevadas pode levar à crise de psicose, confusão mental e crises epilépticas.
Correta a afirmativa III. Doses elevadas de ivermectina podem levar à potencialização da transmissão sináptica GABAérgica, além de
suscitar crises de psicose, confusão mental e crises epilépticas nos pacientes.
Estão corretas: I e III, somente.

Correta a alternativa B.

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3.2 BENZIMIDAZÓIS

Os benzimidazóis são uma classe de medicações anti-helmínticas que inclui principalmente 3 representantes: o albendazol, o
mebendazol e o tiabendazol.
É importante você saber que essa classe de medicação não pode ser usada em gestantes pelos efeitos teratogênicos observados em
animais.
Vamos aprender mais sobre cada uma dessas drogas a seguir:

3.2.1 ALBENDAZOL

O albendazol é um anti-helmíntico de amplo espectro de para adultos e crianças acima de 2 anos, porém essa posologia
ação. Está indicado para tratamento da ascaridíase, ancilostomíase pode mudar conforme o parasita encontrado. Por exemplo, para
e tricuríase. Além disso, também pode ser usado para tratamento giardíase, ele deve ser feito diariamente por 5 dias, e não somente
de larva migrans cutânea e visceral, neurocisticercose e giardíase. por dose única e, caso seja usado para tratar estrongiloidíase, deve
É encontrado em forma de comprimidos de 200mg e 400mg ser feito por 3 a 7 dias a cada 12 horas.
e solução oral. Ele é geralmente feito em dose única de 400mg

Para tratamento da giardíase e estrongiloidíase, devemos prolongar o uso do albendazol por mais alguns
dias, ao contrário das outras parasitoses que podemos usar em dose única.

Para o tratamento de infecções sistêmicas, ele deve ser tomado com refeições gordurosas para melhorar sua absorção. No caso do
tratamento de infecções intraluminais, deve ser tomado de estômago vazio, para evitar sua absorção.

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(SUS - RR 2019) As indicações e limitações das drogas antiparasitárias devem ser bem conhecida pelos médicos. O
uso de Albendazol, na dose de 400 mg (miligramas), em dose única, está indicado para o tratamento de:
A) Ascaridíase, Enterobíase, Estrongiloidíase, Giardíase.
B) Ascaridíase, Giardíase, Teníase.
C) Ascaridíase, Enterobíase, Ancilostomíase.
D) Ascaridíase, Estrongiloidíase, Ancilostomíase, Giardíase.

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COMENTÁRIO:

Essa questão cobrou o conhecimento da dose do albendazol. Vamos ver as alternativas:

Incorreta a alternativa A: Como disse, ele precisa ser feito por vários dias para tratamento da giardíase. Além disso, para o tratamento de
estrongiloidíase, quando realizado com albendazol, que não é droga de primeira linha, deve ser administrado por 3 a 7 dias e de 12/12
horas.

Incorreta a alternativa B: Olhe a giárdia aqui de novo! Por isso que essa alternativa está errada. A teníase também é uma parasitose para
a qual não indicamos o uso do albendazol.

Correta a alternativa C: O albendazol pode ser utilizado em dose única de 400mg para ascaridíase, enterobíase e ancilostomíase.

Incorreta a alternativa D: Já vimos que para giardíase e estrongiloidíase ele deve ser feito por alguns dias, e não por dose única.

3.2.2 MEBENDAZOL

O mebendazol é um outro benzimidazol que tem amplo espectro de ação. Está indicado no tratamento de ascaridíase, ancilostomíase,
enterobíase, tricuríase e toxocaríase.
É encontrado na forma de comprimidos de 100mg e 500mg e na formulação de suspensão oral. A dose mais frequentemente prescrita
é de 500mg via oral dose única. Assim como o albendazol, a depender do parasita identificado, essa dose pode mudar.

3.2.3 TIABENDAZOL

O tiabendazol é uma medicação antiga e com diversos efeitos colaterais graves. Por esse motivo, ele é muito pouco usado atualmente.
Está disponível para administração por via oral e por via tópica. Seu uso está basicamente restrito ao tratamento tópico da larva migrans
cutânea e para estrongiloidíase, somente como droga alternativa.

3.3 PAMOATO DE PIRANTEL

O pamoato de pirantel é uma medicação bem tolerada que pode ser usada para tratamento de infecções pelos nematódeos, como a
ascaridíase, enterobíase e ancilostomíase, se feito em altas doses. Ele não tem ação contra o Trichuris trichiura. É mais utilizado em gestantes,
já que elas não podem usar os benzimidazóis.

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3.4 PAMOATO DE PIRVÍNIO

O pamoato de pirvínio é um anti-helmíntico usado somente para tratamento de enterobíase. Não tem nenhuma outra indicação de
uso.

Não confunda o pamoato de pirantel com o pamoato de pirvínio. Esse último SOMENTE tem indicação
para a enterobíase (já caiu em prova!).
Dica: associe o pamoato de pirantel a pamoato de pirantall (all = todos). Ele é o que tem ação contra
vários helmintos, incluindo o E. vermicularis.

3.5 LEVAMISOL

O levamisol é uma medicação usada para tratamento da ascaridíase. Assim como alguns outros anti-helmínticos, ele também atua
causando paralisia muscular com consequente eliminação do verme. Deve ser administrado em dose única via oral e calculada por peso.

3.6 PRAZIQUANTEL

O praziquantel é um anti-helmíntico usado para tratamento das infecções causadas pelos platelmintos, como a esquistossomose,
teníase e neurocisticercose. Para a teníase e esquistossomose, ele é feito geralmente em dose única, com dose calculada pelo peso. Não deve
ser feito em gestantes.

3.7 OXAMNIQUINE

A oxamniquine é uma medicação que só tem indicação em casos de esquistossomose. Está cada vez mais em desuso na prática médica,
porém pode aparecer mencionada em questões de provas.

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CAI NA PROVA
(SES - GO 2020) No tratamento das parasitoses intestinais, a droga de escolha e a sua respectiva indicação são:

A) Tiabendazol para giardíase.


B) Albendazol para amebíase.
C) Metronidazol para teníase.
D) Oxamniquina para esquistossomose.

COMENTÁRIO:

Está vendo só como esse anti-helmíntico cai na prova? Vamos ver as alternativas:

Incorreta a alternativa A: O tiabendazol é usado como anti-helmíntico tópico para tratamento de larva migrans cutânea. A giardíase é
tratada com tinidazol, metronidazol ou albendazol.

Incorreta a alternativa B: O albendazol pode ser usado para tratamento de diversas infecções, como a neurocisticercose, ascaridíase,
ancilostomíase e tricuríase. A amebíase é tratada com metronidazol com paromomicina.
Incorreta a alternativa C: O metronidazol pode ser usado para tratar amebíase ou giardíase. A teníase é tratada com praziquantel.

Correta a alternativa D: A esquistossomose pode ser tratada com praziquantel ou oxamniquine.

3.8 NICLOSAMIDA

A niclosamida é uma medicação feita em dose única que pode ser usada para tratamento da teníase. Ela atua no sistema nervoso do
parasita, levando à paralisia e dessa forma, a tênia é eliminada pelas fezes.

3.9 NITAZOXANIDA

A nitazoxanida é uma das medicações mais usadas atualmente. Isso é decorrente do seu amplo espectro de ação contra diversos parasitas,
incluindo os nematódeos, platelmintos e protozoários. Pode ser usada para tratamento da ascaridíase, estrongiloidíase, ancilostomíase,
enterobíase, tricuríase, teníase, amebíase, giardíase, criptosporidiose.
Seu mecanismo de ação é desconhecido.

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(UFRN - RN 2020) Criança, 6 anos, comparece à consulta na unidade de saúde com queixa de desconforto
abdominal, anorexia, astenia e alteração do hábito intestinal. Traz hemograma que, dentre os resultados, evidencia
anemia moderada e eosinofilia. Diante da suspeita das principais parasitoses intestinais causadoras de anemia em
criança, como a ancilostomíase, tricuríase e amebíase, o antiparasitário de escolha é o
A) Albendazol dose única.
B) Metronidazol por 5 dias.
C) Nitazoxanida por 3 dias.
D) Ivermectina dose única.

COMENTÁRIO:

Qual é o antiparasitário que tem ação contra helmintos e protozoários? Vamos analisar aqui as alternativas:

Incorreta a alternativa A: porque o albendazol não trata a amebíase. Ele tem ação contra a ancilostomíase e tricuríase.

Incorreta a alternativa B: porque o metronidazol só trata a amebíase desses parasitas descritos no enunciado. Ele é eficaz para tratar
protozoários anaeróbios, como Trichomonas vaginalis, Entamoeba histolytica e Giardia lamblia.

Correta a alternativa C: A nitazoxanida é um antiparasitário que tem ação contra diversos helmintos e protozoários, portanto, das

opções, é a única que trata ancilostomíase, tricuríase e amebíase.

Incorreta a alternativa D: A ivermectina não tem ação contra os ancilostomídeos.

3 .1 0 NITROIMIDAZÓIS

Os nitroimidazóis são medicações que podem ter ação contra bactérias anaeróbias e protozoários. O metronidazol é seu representante
mais usado. Geralmente, são medicações bem toleradas, mas que podem levar a efeitos adversos, como dor abdominal, cefaleia, náuseas,
reação tipo dissulfiram e gosto metálico na boca. Vamos ver seus representantes:

3.10.1 METRONIDAZOL

O metronidazol é um antibiótico que também tem ação contra protozoários. É a droga de escolha para tratamento de giardíase,
amebíase e tricomoníase. No livro de antibioticoterapia que escrevi, você vai encontrar mais detalhes dessa medicação.
No caso da amebíase, ele só tem ação contra os trofozoítas tissulares, logo não trata as formas intraluminais.

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3.10.2 SECNIDAZOL

O secnidazol é uma alternativa ao uso do metronidazol para tratamento da giardíase. Na prática, essa medicação é mais utilizada para
tratamento de vaginose bacteriana.

3.10.3 TINIDAZOL

O tinidazol é uma alternativa ao uso do metronidazol no tratamento de giardíase e amebíase. É feito em dose única diária, com
tratamento que varia de 1 a 5 dias de uso.

3 .1 1 AMEBICIDAS LUMINAIS

Os amebicidas luminais são agentes que se concentram no lúmen intestinal e atuam sobre os trofozoítas aderidos à mucosa e os cistos
amebianos. Vamos ver quem são eles:

3.11.1 PAROMOMICINA

A paromomicina é um antibiótico da classe dos aminoglicosídeos e é usado para tratamento das formas luminais da amebíase. É uma
medicação nefrotóxica e ototóxica, assim como os outros antibióticos de sua classe.

3.11.2 IODOQUINOL

O iodoquinol é uma medicação também usada para tratamento das formas luminais da amebíase. Seu mecanismo de ação é
desconhecido e é uma droga pouco absorvida. Como possui iodo, deve ser usado com cautela em pacientes com doenças da tireoide.

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CAPÍTULO

4.0 NEMATELMINTOS

Agora que você estudou as medicações disponíveis que são usadas para tratamento das parasitoses, hora de aprender sobre os
principais pontos de cada uma delas.

4.1 ASCARIDÍASE

A ascaridíase é uma doença causada pelo Ascaris lumbricoides, também conhecido como “lombriga”.

É uma das infecções por helmintos mais


comuns do mundo e ocorre principalmente em
crianças de 2 a 10 anos de idade. Além disso, é o
maior geo-helminto de tamanho corporal, podendo
chegar a até 30cm.

Figura 4. Ascaris lumbricoides. Fonte: Shutterstock.

4.1.1 TRANSMISSÃO

A transmissão da ascaridíase ocorre por meio da ingestão de ovos embrionados que ficam em alimentos crus mal-lavados ou pela
ingestão de água contaminada.

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4.1.2 CICLO DE VIDA

Vamos aprender como é o ciclo de vida do A. lumbricoides? intestinal e migram por via hematogênica para o pulmão. Lá, essas
Seus ovos passam pelas fezes e caem no solo, onde permanecem larvas amadurecem após uns 10 a 14 dias e ascendem pela árvore
por 2 a 4 semanas e se tornam embrionados, ou seja, prontos brônquica até a traquéia, quando são deglutidas.
para infectar. Após a ingestão oral desses ovos, eles eclodem Uma vez de volta ao intestino, as larvas amadurecem para
no intestino delgado e liberam larvas que penetram na parede vermes adultos que se alojam principalmente no intestino delgado.

Figura 5. Ciclo de vida do Ascaris lumbricoides. Perceba que a forma infectante é o ovo e que ele eclode no intestino, liberando uma larva que faz um ciclo pulmonar.

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CAI NA PROVA

(UFAM - AM 2015) Os vermes adultos de Ascaris lumbricoides habitam no:

A) Intestino grosso.
B) Intestino delgado.
C) Ceco e cólon ascendente.
D) Ceco e cólon descendente.

COMENTÁRIO:

Correta a alternativa B. Questão superdireta! Como você acabou de aprender, os vermes adultos do A. lumbricoides habitam no

intestino delgado.

4.1.3 QUADRO CLÍNICO

A maioria dos infectados não apresenta sintomas. Mesmo é conhecido como síndrome de Loeffler (mais adiante, fiz um
assim, já adianto que eles precisam ser tratados, pois perpetuam a tópico sobre esse assunto). Pode haver o aparecimento de tosse,
cadeia de transmissão, liberando ovos no ambiente. dispneia, febre e estertores na ausculta pulmonar. No hemograma,
é comum o encontro de eosinofilia e na radiografia de tórax,
Quando há o aparecimento de sintomas, eles podem ocorrer
opacidades arredondadas e migratórias. Ou seja, você pede uma
em dois momentos do ciclo deste parasita:
radiografia de tórax e observa um infiltrado e, depois de alguns
• Fase pulmonar. Algumas pessoas podem apresentar
dias, quando você repete o exame, já tem uma opacidade em
sintomas quando as larvas do A. lumbricoides passam pelo
outro local.
pulmão. Clinicamente, o paciente manifesta um quadro de
uma pneumonite eosinofílica. Esse envolvimento pulmonar

Figura 6. Observe nessa ilustração a presença de consolidações migratórias na radiografia de tórax de um paciente com síndrome de Loeffler.

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• Fase intestinal. Nessa fase, quando os vermes adultos estão podem migrar para o intestino grosso e causar uma suboclusão
de volta no intestino, o paciente pode apresentar sintomas bem ou obstrução intestinal na valva ileocecal. Essa é a principal
inespecíficos, como desconforto abdominal, anorexia, náuseas, complicação da doença. Algumas vezes, o paciente pode precisar
vômitos e diarreia. Os vermes adultos podem passar pelas fezes de cirurgia para retirar esse bolo de áscaris que obstruiu o
e muitas vezes o paciente, ou sua mãe, faz esse relato a você. intestino. Eles também podem obstruir o apêndice e causar um
Além disso, quando há uma infecção com muitos vermes, eles quadro de apendicite aguda.

Figura 7. Ilustração demonstrando a presença de A. lumbricoides no intestino que foi retirado de um paciente com obstrução.

DECORE!
O que mais é cobrado em provas a respeito da ascaridíase é que ela pode causar a síndrome de
Loeffler e obstrução intestinal.

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(SIS/SUS - TO 2015) Assinale a alternativa que se refere a helmintíase de maior prevalência na infância, com
transmissão decorrente da ingestão de ovos presentes no solo, alimentos e objetos e cujas larvas são responsáveis
pela Síndrome de Loeffler.
A) Giardiase.
B) Strongiloidiase.
C) Ancylostomiase.
D) Oxiuríase.
E) Ascaridíase.

COMENTÁRIO:

Vamos analisar as alternativas?

Incorreta a alternativa A: Giardíase é transmitida por meio da ingestão de cistos, e não de ovos. Além disso, não é parasita que causa
síndrome de Loeffler, pois não tem passagem pulmonar em seu ciclo de vida.

Incorreta a alternativa B: a transmissão da estrongiloidíase, ao contrário do enunciado, ocorre quando larvas infectantes presentes no
meio externo penetram por meio da pele. Ela não é transmitida pela ingestão de ovos. Lembre-se de que essa é uma doença que também
pode causar síndrome de Loeffler.

Incorreta a alternativa C: a ancilostomíase é transmitida por larvas que penetram na pele, e não por meio da ingestão de ovos. Essa é uma
parasitose que também pode causar síndrome de Loeffler.

Incorreta a alternativa D: A transmissão de oxiuríase entre indivíduos ocorre pela ingesta de ovos presentes na poeira ou em alimentos.
No entanto, não é capaz de causar síndrome de Loeffler.

Correta a alternativa E: Ascaridíase é uma das parasitoses intestinais mais prevalente no mundo (estima-se que mais de um bilhão
de pessoas sejam portadoras de Ascaris lumbricoides). Sua transmissão ocorre por ingestão de ovos infectantes do parasita, procedentes
do solo, da água ou de alimentos contaminados. É uma parasitose que pode causar síndrome de Loeffler (pneumonite eosinofílica), pois
Ascaris lumbricoides tem ciclo de vida com passagem pulmonar.

(SEMAD - RJ 2015) A principal complicação na ascaridíase é:


A) Peritonite.
B) Colecistite.
C) Oclusão Intestinal.
D) Urticária.
E) Pneumonia.

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COMENTÁRIO:

Correta a alternativa C. Complicações, como obstrução intestinal, principalmente na valva ileocecal, podem acontecer pelos
vermes adultos e algumas vezes o paciente pode precisar de cirurgia de emergência. Peritonite, colecistite e urticária não são complicações
da ascaridíase. A alternativa que contém pneumonia poderia confundir, porém a ascaridíase não complica com uma pneumonia. Ela pode
levar a um quadro de pneumonite eosinofílica (síndrome de Loeffler).

4.1.4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é feito com o exame macroscópico de fezes, para procurar e identificar os vermes adultos, e com o exame microscópico,
para investigar a presença de ovos do A. lumbricoides. É importante saber que os ovos só podem ser encontrados após cerca de 40 dias da
infecção, ou seja, caso a infecção seja recente, muitas vezes o teste pode vir com um resultado falso-negativo.

Figura 8. Ovos do A. lumbricoides. Perceba que eles possuem uma membrana externa mamelonada. Lembre-se disso, pois já caiu questão de
prova com imagem desse ovo! Fonte: Shutterstock.

4.1.5 TRATAMENTO

As drogas de escolha para tratamento da ascaridíase são:


• Albendazol 400mg dose única;
• Mebendazol 500mg dose única ou 100mg 12/12h por 3 dias; e
• Drogas alternativas incluem o levamisol, a ivermectina e a nitazoxanida.
Como as gestantes não podem usar benzimidazóis, elas devem ser tratadas com o pamoato de pirantel.
No caso de suspeita de oclusão ou semioclusão intestinal, o tratamento indicado é inicialmente conservador, com uso de sondagem
nasogástrica, óleo mineral (para facilitar a eliminação dos vermes), antiespasmódicos e hidratação. Somente após a resolução da oclusão que

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é indicado o tratamento com mebendazol ou albendazol, ou seja, não faça nenhum anti-helmíntico no manejo inicial. Caso você use uma
dessas medicações, o parasita pode morrer e agravar o quadro, já que ele deixa de se movimentar para ser eliminado. Indicações de cirurgia
incluem um quadro de oclusão total sem melhora com tratamento conservador, apendicite aguda, intussuscepção ou perfuração.
Amarre esses conceitos do tratamento com essa tabela a seguir:

Quadro clínico Tratamento

Ascaridíase sem suboclusão/oclusão intestinal - Albendazol 400mg dose única

- Internação
- Sonda nasogástrica
- Óleo mineral
Ascaridíase com suboclusão/oclusão intestinal
- Antiespasmódicos (para manejo dos sintomas)
- Hidratação
- Não usar anti-helmínticos

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(SES-PE 2023) Escolar de 8 anos, sexo feminino, diagnosticada com suboclusão por “novelo” de Ascaris lumbricoides,
deverá receber inicialmente que tratamento, em ambiente hospitalar, de acordo com as recomendações atuais?
A) Albendazol por 3 dias seguidos.
B) Jejum, sonda nasogástrica e óleo mineral.
C) Mebendazol dose única.
D) Tiabendazol por 5 dias consecutivos.
E) Piperazina e óleo mineral.

COMENTÁRIO:
Criança com suboclusão por Ascaris, qual é a conduta?
Incorretas as alternativas A, C e D, porque não devemos fazer anti-helmínticos na fase aguda da oclusão.

Correta a alternativa B. Como vimos, devemos fazer o tratamento conservador.


Incorreta a alternativa E. A piperazina não é mais recomendada atualmente por conta de sua toxicidade.

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(SCMBH - RJ 2019) Criança de 1 ano, sexo feminino, é levada a um pronto atendimento por apresentar quadro de tosse seca, coriza hialina e
chieira no peito há 7 dias, sem melhora com o uso de salbutamol, prescrito em consulta no início do quadro. Nas últimas 48 horas, a criança
passou a apresentar episódios de vômitos, sendo dois episódios com Ascaris lumbricoides, distensão abdominal e parada de eliminação de
fezes. Em exame físico, constata-se criança com estado geral regular, desidratada, distensão abdominal e, durante o exame, eliminação de
Ascaris. Considerando o caso descrito, assinale a conduta INCORRETA:
A) Internação hospitalar.
B) Uso de mebendazol solução oral.
C) Passagem de sonda nasogástrica.
D) Uso de óleo mineral.

COMENTÁRIO:

Olhe só como esse tipo de assunto cai em prova. Vamos analisar as alternativas:

Correta a alternativa A: pois é indicada a internação hospitalar para o tratamento da oclusão intestinal por Ascaris lumbricoides.

Incorreta a alternativa B: pois, nesse momento de manejo inicial, não está indicado o mebendazol, pelo risco de agravar o quadro.

Correta a alternativa C: pois a passagem de sonda nasogástrica faz parte do tratamento da oclusão intestinal por ascaridíase.

Correta a alternativa D: pois o uso de óleo mineral é indicado em casos de oclusão intestinal por ascaridíase, com o objetivo de facilitar a
eliminação dos vermes.

PONTOS PRINCIPAIS DA ASCARIDÍASE

1. A transmissão da ascaridíase ocorre por meio da ingestão de ovos;


2. Principal manifestação clínica: síndrome de Loeffler;
3. Principal complicação: oclusão/suboclusão intestinal;
4. Tratamento de escolha: albendazol dose única; e
5. Não usar anti-helmínticos no tratamento da oclusão/suboclusão intestinal.

4.2 ANCILOSTOMÍASE

Hora de seguir adiante e aprender sobre outros dois e habitam o duodeno. É importante você saber sobre a cavidade
helmintos: o Necator americanus (mais comum no Brasil) e bucal desses vermes: o N. americanus possui lâminas na boca e
o Ancylostoma duodenale, que são os agentes etiológicos da o A. duodenale possui dentes. Isso permite a aderência deles à
ancilostomíase. parede do intestino para se alimentar de sangue. Por isso, uma das
São parasitas pequenos, com cerca de 1 cm de comprimento, manifestações mais comuns da ancilostomíase é a anemia.

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Figura 9. Na primeira ilustração (à esquerda), você consegue ver o aparelho bucal do N. americanus, que possui 2 lâminas. Na segunda ilustração (à direita), você já
consegue perceber a boca do A. duodenale, com 4 dentes pontiagudos.

4.2.1 TRANSMISSÃO

A transmissão da ancilostomíase ocorre por meio da


penetração ativa de larvas, por meio da pele do hospedeiro. Não
é necessária a presença de ferimentos na pele para a penetração
da larva, pois ela consegue penetrar em pele íntegra. Geralmente,
ocorre após o contato direto com o solo contaminado por fezes
humanas. Por isso que essa parasitose é mais frequente em locais
sem saneamento básico.

Fonte: Shutterstock.

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(PMSO - SP 2018) Sobre a ancilostomíase, assinale a alternativa incorreta:


A) O quadro agudo pode apresentar dor abdominal, náuseas, vômitos, astenia e alterações pulmonares.
B) É causado por Ancylostoma duodenale e pelo Necator americanus.
C) O homem adquire a doença por meio da deglutição de ovos embrionados, presentes em alimentos e objetos
contaminados.
D) Nos casos de infestação contínua e progressiva, o quadro poderá evoluir para anemia e insuficiência cardíaca.

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COMENTÁRIO:

Vamos analisar cada alternativa:

Correta a alternativa A: A ancilostomíase é uma parasitose que pode se apresentar com um quadro pulmonar, levando à síndrome de
Loeffler e/ou com um quadro intestinal de náuseas, vômitos, diarreia e dor epigástrica.

Correta a alternativa B: A ancilostomíase pode ser causada pelo Ancylostoma duodenale ou Necator americanos.

Incorreta a alternativa C: O homem adquire a doença por meio da penetração da larva na pele, geralmente ao caminhar descalço.
Não há transmissão por meio da deglutição de ovos.

Correta a alternativa D: Nos casos crônicos, o paciente geralmente apresenta anemia, pois o parasita alimenta-se de sangue, que pode
levar à desnutrição.  

4.2.2 CICLO DE VIDA

O ciclo de vida dos ancilostomídeos ocorre


da seguinte maneira: seus ovos passam pelas
fezes e caem no solo, onde eclodem e liberam
uma larva. Ela é chamada de larva rabditoide
(larva não infectante) que amadurece para larva
filariforme, forma infectante do parasita. Quando
alguém caminha no solo descalço, essa larva entra
em contato com a pele e penetra no hospedeiro.
Ela migra pelos vasos sanguíneos até chegar no
pulmão. Lá, essas larvas amadurecem e, após
cerca de 8 a 21 dias da infecção, elas penetram
no alvéolo e ascendem pela árvore brônquica até
a traqueia, quando são deglutidas.
Uma vez no intestino, essas larvas
amadurecem para vermes adultos que se
alojam principalmente no intestino delgado.
Eles prendem-se na parede intestinal, levando
a uma laceração da mucosa e com consequente Figura 10. Ciclo dos ancilostomídeos. Perceba que a infecção é adquirida por penetração da larva
sangramento. Isso justifica a anemia que essa por meio da pele íntegra. Essa larva penetra nos vasos sanguíneos e, ao chegarem no pulmão,
amadurecem e penetram nos alvéolos. Ascendem pela árvore brônquica e são deglutidas até
doença pode causar. chegarem no intestino delgado.

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4.2.3 QUADRO CLÍNICO

As possíveis apresentações clínicas da ancilostomíase são ascaridíase, mas não se preocupe, que mais adiante lhe explicarei
consequências do seu ciclo de vida. Podem ocorrer as seguintes com mais detalhes.
manifestações: • Manifestações gastrointestinais. Ao migrarem para o
• Manifestação cutânea pela penetração da larva. Alguns intestino, as larvas podem ocasionar um quadro de epigastralgia,
pacientes podem referir um rash maculopapular pruriginoso no náuseas, vômitos, diarreia e flatulência.
local de penetração da larva. • Manifestações nutricionais. Eis aqui a principal apresentação
• Manifestação pulmonar. Nesse caso, o paciente pode clínica da ancilostomíase! Esses vermes laceram a mucosa
apresentar a síndrome de Loeffler, assim como o A. lumbricoides. intestinal, levando à perda de sangue, ferro e albumina. Quanto
Já falei um pouco sobre essa síndrome quando falamos da mais vermes o paciente tiver, maior é essa perda nutricional.

O que mais é cobrado em prova a respeito da ancilostomíase é que ela pode causar a síndrome de
Loeffler e desnutrição (anemia e hipoproteinemia).
Para ajudar na memorização, sugiro: Ancilostomíase = Anemia.

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(CERMAM - AM 2020) Um profissional de saúde está trabalhando numa unidade básica de saúde, como médico pediatra do Programa Saúde
da Família. O agente comunitário de saúde solicita que ele faça uma palestra sobre parasitose intestinal numa escola da comunidade, onde
há vários casos de Ancilostomíase. Pede que fale sobre suas complicações para sensibilizar a adesão ao tratamento da parasitose. Durante a
palestra deve-se ressaltar que uma complicação importante deste parasita é:
A) Abcesso hepático
B) Pancreatite aguda
C) Colecistite crônica
D) Anemia e desnutrição

COMENTÁRIO:
Vamos aproveitar e revisar o que você acabou de aprender? A ancilostomíase é uma parasitose que pode se apresentar como um quadro
pulmonar, fazendo a síndrome de Loeffler e/ou com um quadro intestinal de náuseas, vômitos, diarreia e dor epigástrica. Nos casos
crônicos, o paciente geralmente apresenta anemia, pois o parasita alimenta-se de sangue.
Incorreta a alternativa A: A infecção pelo ancilostomídeo não complica com abscesso hepático. Quem pode fazer um quadro desses é a
amebíase.
Incorreta a alternativa B: A infecção pelo ancilostomídeo não complica com pancreatite aguda. Ocasionalmente, isso pode acontecer
como complicação da teníase, quando um segmento do parasita entra no ducto pancreático, causando obstrução.
Incorreta a alternativa C: A infecção pelo ancilostomídeo não complica com colecistite crônica.

Correta a alternativa D: A anemia é uma complicação comum nos casos crônicos de ancilostomíase, causada pelo hemofagismo
dos vermes adultos.

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(SMS - SP 2019) Mãe traz seu filho, um pré-escolar de 2 anos, para atendimento de rotina em unidade básica de saúde. A criança está
apresentando quadros frequentes de tosse há cerca de dois meses e refere episódios recorrentes de dor abdominal. Ela fez recentemente
um hemograma, que mostra hemoglobina de 9,2, hematócrito de 28% e presença de 8% de eosinófilos. Com base no quadro clínico, qual é
o diagnóstico mais provável?

A) Teníase
B) Giardíase
C) Tricuríase
D) Ancilostomíase
E) Amebíase

COMENTÁRIO:

Vamos de outra questão sobre esse tema. Ela conta um caso de uma criança com um quadro pulmonar e abdominal, que apresenta
também anemia e eosinofilia no hemograma. Isso nos faz pensar em uma parasitose que possa acometer tanto o trato respiratório
quanto o trato gastrointestinal, o que pode acontecer na síndrome de Loeffler, uma doença decorrente da passagem de alguns vermes
pelo pulmão. Os parasitas que fazem esse ciclo pulmonar e podem causar a síndrome de Loeffler são o Ancylostoma duodenale, o Necator
americanus, o Strongyloides stercoralis e o Ascaris lumbricoides. Desses, os que fazem ciclo pulmonar e podem causar anemia são os
ancilostomídeos. Vamos para as alternativas:

Incorreta a alternativa A: A teníase não justifica o quadro pulmonar do paciente.

Incorreta a alternativa B: A giardíase causa uma síndrome disabsortiva e não justifica o quadro pulmonar do paciente.

Incorreta a alternativa C: A tricuríase não faz síndrome de Loeffler e não justifica o quadro respiratório do paciente.

Correta a alternativa D: A ancilostomíase é uma parasitose que faz a síndrome de Loeffler e pode ser responsável por todo o

quadro clínico do paciente.

Incorreta a alternativa E: A ameba é um protozoário que não se apresenta com quadro pulmonar.

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Você pode perguntar agora: certo, mas e a larva migrans cutânea? Ela não é uma manifestação da
ancilostomíase? Respondendo a essa pergunta, a larva migrans é uma doença que ocorre quando as larvas de
outros ancilostomídeos penetram na pele. As espécies mais comuns são o Ancylostoma braziliense e A. caninum,
que são os parasitas de cães e gatos. Essas larvas penetram na pele do homem, porém não possuem uma colagenase
necessária para atravessar a membrana basal. Por isso, elas ficam “presas” na pele do hospedeiro e formam um
rastro pruriginoso durante sua migração. O tratamento é simples e pode ser feito com uso tópico de uma pomada
de tiabendazol 4 vezes ao dia por 7 dias ou com uso oral de albendazol por 3 dias ou ivermectina por 1 a 2 dias.

Figura 11. Larva migrans cutânea. Perceba que a larva forma "túneis"
na pele, deixando um rastro por onde passa. Por isso, também são
conhecidas como bicho geográfico. Fonte: Shutterstock.

CAI NA PROVA

(UNB - DF 2018) A respeito das doenças infecciosas e parasitárias, julgue o item subsequente. Ao penetrar na pele,
o Ancylostoma duodenale provoca prurido e uma dermatite característica: a larva migrans.
A) Certo.
B) Errado.

COMENTÁRIO:

Correta a alternativa E. O A. duodenale, ao penetrar na pele, pode causar uma dermatite no local, mas não causa larva migrans
cutânea. Quem pode causar essa doença são o Ancylostoma braziliense e A. caninum.

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4.2.4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da ancilostomíase é feito com o exame parasitológico de fezes com o método qualitativo de sedimentação espontânea
para identificar a presença de ovos.
No hemograma, podemos evidenciar uma eosinofilia, principalmente no início da doença, mas que, com o passar dos anos, pode
diminuir.

4.2.5 TRATAMENTO

A droga de escolha para tratamento da ancilostomíase é:


• Albendazol 400mg dose única; e
• Outras opções alternativas incluem o mebendazol 100mg 12/12h por 3 dias (é mais eficaz do que a dose única) e o pamoato de
pirantel por 3 dias.
A ivermectina não tem ação contra os ancilostomídeos.

CAI NA PROVA

(SISE/SUS - TO 2019) Morador do campo, 30 anos, comparece a consulta, alegando astenia, palidez e diarreia.
Seu médico de família explica que esses sintomas são devidos a uma doença tropical comum no campo, a
ancilostomíase. A 1ª escolha para o tratamento dessa verminose é:
A) Ivermectina 6 mg
B) Albendazol 400 mg
C) Furazolidona 200 mg
D) Nitazoxanida 1000 mg

COMENTÁRIO:

Correta a alternativa B. Como você ACABOU de aprender, o tratamento da ancilostomíase de 1ª escolha consiste no uso do

albendazol 400mg por via oral, dose única, que é um antiparasitário de amplo espectro e de baixo custo, com poucos efeitos colaterais e
baixa toxicidade, porém não deve ser utilizado durante a gestação. Outras opções terapêuticas são: mebendazol e pamoato de pirantel.

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PONTOS PRINCIPAIS DA ANCILOSTOMÍASE

1. A transmissão da ancilostomíase ocorre por meio da penetração de larvas na pele íntegra;


2. Manifestações clínicas mais cobradas: síndrome de Loeffler e desnutrição (anemia e hipoalbuminemia);
3. O A. duodenale e o N. americanus não causam a larva migrans cutânea. Seus agentes etiológicos são o
Ancylostoma braziliense e A. caninum, que são os parasitas de cães e gatos;
4. Tratamento de escolha: albendazol dose única; e
5. A ivermectina não tem ação contra os ancilostomídeos.

4.3 ESTRONGILOIDÍASE

Essa doença é cobrada com frequência em


provas! Continue prestando atenção!
A estrongiloidíase é uma doença causada
pelo Strongyloides stercoralis. Esse verme consegue
completar todo seu ciclo de vida no homem, por
isso sua infecção pode perpetuar-se por vários anos.

O maior problema a respeito dessa parasitose


é que ela pode levar a quadros graves e sistêmicos
em pacientes imunocomprometidos. Vamos agora

Figura 12. Imagem do S. stercoralis na microscopia óptica. Fonte: Shutterstock. aprender mais sobre ela:

4.3.1 TRANSMISSÃO

A transmissão da estrongiloidíase ocorre da mesma forma que a ancilostomíase: por meio da penetração ativa de larvas pela pele
íntegra do hospedeiro. Geralmente, ocorre após o contato direto com o solo contaminado por fezes humanas.
Outras formas de transmissão menos comuns incluem a transmissão fecal-oral, de pessoa a pessoa, por fômites contaminados com
fezes e durante o transplante de órgãos.

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4.3.2 CICLO DE VIDA

O ciclo de vida do S. stercoralis começa quando as larvas transmissão.


filariformes (forma infectante do parasita que pode ser encontrada Até aqui tudo bem, certo? Até parece com o ciclo da
no solo ou outros materiais contaminados com fezes) entram ancilostomíase. O problema acontece quando essa larva rabditoide
em contato com a pele do hospedeiro. Elas migram pelos vasos se transforma em filariforme no próprio intestino do hospedeiro
sanguíneos e linfáticos até chegarem no pulmão, quando penetram e dá seguimento ao seu ciclo de vida com a penetração nos vasos
nos alvéolos e ascendem pela árvore brônquica até a traqueia, sanguíneos e linfáticos. Chamamos isso de autoinfecção. Essa
quando são deglutidas. transformação de larva rabditoide em filariforme no intestino do
Ao chegarem no intestino delgado, essas larvas amadurecem hospedeiro pode ser ocasionada por constipação, uso de corticoides
para vermes adultos que podem viver por até 5 anos. As fêmeas e outros imunossupressores.
produzem ovos que eclodem em larvas rabditoides, que não são Os pacientes imunocomprometidos são os de maior risco
infectantes e podem passar pelas fezes, chegando no ambiente. para desenvolverem um quadro disseminado ou de hiperinfecção
Elas transformam-se em larvas filariformes e perpetuam o ciclo de da estrongiloidíase.

Figura 13. Ciclo do Strongyloides stercoralis. As setas em vermelho indicam o ciclo de vida livre. Como ele não é cobrado em provas, não me aprofundei no assunto. O
que nos interessa mais é o ciclo com setas em lilás. Perceba que o homem se infecta por meio da penetração das larvas filarioides/filariformes na pele íntegra e que
esse verme pode levar a uma autoinfecção.

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4.3.3 QUADRO CLÍNICO

Pacientes com estrongiloidíase podem apresentar: • Manifestação cutânea, que é uma dermatite larvária
• Manifestação pulmonar. Como esse parasita faz ciclo mais conhecida como larva currens. Nos casos de autoinfecção,
pulmonar, ele pode causar a síndrome de Loeffler. quando a larva filariforme penetra na mucosa intestinal ou pele
• Manifestações gastrointestinais. Ao migrarem pro intestino, perianal, ela pode migrar para o tecido subcutâneo e formar um
as larvas podem ocasionar um quadro de diarreia ou constipação, rastro pruriginoso. Como o nome já diz, essa larva “corre” e pode
dor abdominal e anorexia. percorrer cerca de 1 cm em 5 minutos.

Não confunda a larva migrans cutânea, causada pelo A. braziliensis ou A. caninum, com a larva
currens, causada pelo S. stercoralis.

• Manifestações sistêmicas graves. Essas manifestações ocorrem principalmente em imunocomprometidos que podem desenvolver
uma infecção disseminada. Essa infecção disseminada é consequência da hiperinfecção (que nada mais é do que uma autoinfecção
acelerada), e consiste na presença de larvas em diversos órgãos do corpo, levando a manifestações intestinais, respiratórias, dermatológicas
etc. Como muitas larvas migram do intestino, alguns pacientes podem desenvolver um quadro de sepse por translocação intestinal de
bactérias Gram-negativas.

O que mais é cobrado em prova a respeito da estrongiloidíase é que ela pode causar a síndrome de
Loeffler, uma dermatite larvária (larva currens) e infecção disseminada com sepse bacteriana secundária
por bactérias Gram-negativas em pacientes imunocomprometidos.

CAI NA PROVA

(HAS - RJ 2019) Paciente 66 anos, transplantado hepático de longa data, em uso de tacrolimus e
micofenolato, refere quadro de astenia intensa durante suas caminhadas matinais. O quadro se
intensificou ao longo de uma semana, apresentando febre de 38,8 graus, que fez o paciente comparecer
ao serviço de emergência. Ao exame: acordado, orientado, hipocorado(3+/4+), anictérico, taquipneico.
PA = 90 x 60 mmHg, FC = 112 bpm, SpO2 = 90%. Ausculta respiratória com discretos estertores. Ritmo
cardíaco regular, com sopro pancardíaco. Realizada TC de tórax que identificou infiltrado alveolar difuso.
Iniciado antibiótico, hidratação venosa. Durante procedimento de intubação orotraqueal houve saída de quantidade maciça de sangue. Evoluiu
com surgimento de grande quantidade de púrpuras principalmente em tronco e abdome. Nas hemoculturas coletadas, surgimento de bacilos
gram-negativos. A técnica do laboratório solicita a presença do plantonista, pois identifica um achado incomum no lavado broncoalveolar
coletado (figura ao lado). Diante do quadro, assinale a principal hipótese diagnóstica:

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A) Toxoplasmose aguda.
B) Hiperinfecção por estrongiloide.
C) Leishmaniose visceral.
D) Aspergilose broncopulmonar.
E) Histoplasmose.

COMENTÁRIO:

Temos aqui um paciente imunocomprometido que apresentou um quadro de sepse de foco pulmonar. Foi iniciada antibioticoterapia e as
hemoculturas evidenciaram crescimento de bactérias Gram-negativas. Ele fez um lavado broncoalveolar e identificaram esse verme aí da
figura. Resumindo, temos aqui uma infecção por um parasita que pode passar pelo pulmão e levar a um quadro de sepse por bactérias
Gram-negativas. Isso é muito característico da estrongiloidíase disseminada, compatível com a imunossupressão do paciente.

Incorreta a alternativa A: Essa imagem não corresponde ao toxoplasma, que é um protozoário.

Correta a alternativa B: Como já vimos, esse quadro é compatível com estrongiloidíase.

Incorreta a alternativa D: Essa imagem também não representa o Aspergilus, que é um fungo.

Incorreta a alternativa E: A histoplasmose é também uma doença fúngica e não tem relação com o parasita identificado na imagem.

(UFRJ - RJ 2018) Pré-escolar, quatro anos, apresenta dor abdominal, diarreia, esteatorreia, vômitos e perda de peso no último mês. Apresentou,
antes do aparecimento destes sintomas, lesões nas nádegas que pareciam "linhas entortadas", pruriginosas, além de tosse e chiado no peito.
Nega sintomas respiratórios semelhantes anteriores. O agente suspeito desse quadro é:
A) Strongyloides stercoralis.
B) Leishmania chagasi.
C) Wuchereria bancrofti.
D) Ascaris lumbricoides.

COMENTÁRIO:

Vamos lá: temos aqui um quadro de acometimento do trato gastrointestinal + lesões nas nádegas (provavelmente a larva currens) +
quadro respiratório (sugerindo um parasita que faz ciclo pulmonar). Ao analisarmos as alternativas, só temos opções de parasitoses e, de
todas, quem justifica todo esse quadro é o S. stercoralis.

Correta a alternativa A: Como já lhe expliquei, a estrongiloidíase justifica todo esse quadro clínico.

Incorreta a alternativa B: porque a Leishmania chagasi causa leishmaniose visceral, que cursa com febre com evolução subaguda a
crônica, esplenomegalia e citopenias. Não é um diagnóstico diferencial para esse caso.

Incorreta a alternativa C: porque Wuchereria bancrofti causa filariose (doença que está próxima da erradicação no Brasil), que cronicamente
cursa com linfedema. Não é um diagnóstico diferencial para esse caso.

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Incorreta a alternativa D: porque grande parte dos infectados é assintomática e a transmissão de Ascaris lumbricoides é via ingestão de
água e alimentos contaminados, então não se espera no quadro inicial essa dermatite descrita no enunciado. Os sintomas pulmonares são
menos frequentes do que na estrongiloidíase, mas esse também é um helminto com ciclo pulmonar. Após 8 semanas da infecção, podem
aparecer sintomas inespecíficos, como diarreia, dor abdominal e vômitos.

4.3.4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico pode ser feito por meio de exames sorológicos e pesquisa de larvas nas fezes pela técnica de Baermann-Moraes (já caiu
em prova o nome dessa técnica).
Outras amostras, como o escarro, podem ser utilizadas para investigar um quadro disseminado da doença.

4.3.5 TRATAMENTO

A droga de escolha para tratamento da estrongiloidíase é a Como a estrongiloidíase pode se agravar em pacientes
ivermectina. Em pacientes imunocompetentes, ela deve ser feita na imunocomprometidos e o Brasil é um país endêmico dessa
dose de 200mcg/kg por dia, por 2 dias consecutivos. Em pacientes parasitose, sempre antes de uma terapia imunossupressora
imunocomprometidos, devemos repetir esse ciclo de 2 dias de devemos iniciar a ivermectina por dois dias e repetir esse esquema
ivermectina após duas semanas. em duas semanas.
No caso de uma doença disseminada com hiperinfecção, a Outras drogas, como o tiabendazol via oral e albendazol,
ivermectina deve ser feita diariamente por cerca de 14 dias e além podem ser usadas como alternativas, afinal quem tem a maior taxa
disso, devemos iniciar empiricamente antibióticos para cobertura de cura é a ivermectina e ela é a medicação de primeira escolha.
de bactérias Gram-negativas.

CAI NA PROVA
(CERMAM - AM 2020) Menino de 4 anos, proveniente de uma comunidade rural, há 7 dias iniciou quadro de febre,
que durou 4 dias, tosse com expectoração hialina e diarreia, com fezes líquidas de cor amarelo-esverdeada, odor
fétido, 5 vezes ao dia, sem muco ou sangue. Apresenta-se com adinamia e recusa alimentar. Ao exame: regular
estado geral, acianótico, anictérico, afebril, hidratado, hipocorado (1+/4+), ausculta cardíaca sem alterações, ausculta
pulmonar com roncos e sibilos difusos. Abdome normotenso, globoso, hipertimpânico, indolor, fígado palpável a
3 cm do RCD, parenquimatoso. Exames laboratoriais: hemograma com Hb: 8,5 g/dl; Leucócitos: 12.000 (25% de
eosinófilo), RX tórax com infiltrado peri-hilar e hilar difuso. Qual o provável agente responsável pela associação
deste quadro intestinal com manifestação pulmonar e a opção terapêutica?
A) Strongyloides stercoralis, tiabendazol.
B) Enterobius vermicularis, pamoato de pirantel.
C) Trichuris trichiura, albendazol.
D) Entamoeba hystolitica, metronidazol.

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COMENTÁRIO:

Essa questão é frequente nas provas de Residência. Temos aqui um paciente com um quadro respiratório e intestinal. Nesses casos, a
primeira coisa a pensar deve ser síndrome de Loeffler. Os parasitas que fazem esse ciclo pulmonar e podem causar a síndrome de Loeffler
são o Ancylostoma duodenale e o Necator americanus, o Strongyloides stercoralis e o Ascaris lumbricoides. Já lhe falei dessa síndrome,
mas logo mais adiante vou explicar mais profundamente e dar dicas de memorização. Voltando pro caso, o que a gente tem que fazer
agora é analisar as alternativas e marcar aquela que tenha um parasita que faça esse ciclo pulmonar.

Correta a alternativa A: O S. stercoralis é um nematódeo que faz ciclo pulmonar. O tiabendazol é uma opção terapêutica, mas a
droga de escolha para esses casos é a ivermectina.

Incorreta a alternativa B: porque o E. vermicularis não faz ciclo pulmonar.

Incorreta a alternativa C: porque o T. trichiura não faz ciclo pulmonar.

Incorreta a alternativa D: porque a ameba é um protozoário e não faz ciclo pulmonar.

PONTOS PRINCIPAIS DA ESTRONGILOIDÍASE

1. A transmissão da estrongiloidíase ocorre por meio da penetração de larvas na pele íntegra;


2. Pode levar a um quadro de síndrome de Loeffler, dermatite larvária (larva currens) e infecção disseminada
com sepse bacteriana por bactérias Gram-negativas em pacientes imunocomprometidos;
3. O diagnóstico é feito por meio da pesquisa de larvas pela técnica de Baermann-Moraes; e
4. O tratamento é feito com ivermectina.

4.4 ENTEROBÍASE/OXIURÍASE

A enterobíase ou oxiuríase é uma parasitose causada pelo Enterobius vermicularis. Ele cai com uma frequência razoável nas provas de
Residência por conta de seu quadro clínico bem característico. É uma infecção que atinge principalmente crianças de 5 a 10 anos e geralmente
tende a acometer toda a família que mora no mesmo local.
Vamos agora aprender mais um pouco sobre essa parasitose:

4.4.1 TRANSMISSÃO

A transmissão da enterobíase ocorre por meio da ingestão de ovos, seja por uma autoinfecção, após coçar a região perianal e levar a
mão à boca, ou por meio de alimentos ou fômites. Além disso, os ovos podem ficar em suspensão no ambiente e serem inalados.

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4.4.2 CICLO DE VIDA

O ciclo de vida do E. vermicularis é bem simples. As fêmeas depositam os ovos na região perianal e em seguida, com o ato de coçar a
região, o hospedeiro pode autoinfectar-se ou transferir esses ovos a alimentos e fômites. Ao ingerir os ovos, as larvas eclodem no intestino
delgado e os vermes adultos alojam-se no trato gastrointestinal, principalmente no ceco e no apêndice. As fêmeas grávidas migram pelo reto
até a região perianal, principalmente à noite, para depositar seus ovos.

Figura 14. Ciclo do Enterobius vermiculares.

4.4.3 QUADRO CLÍNICO

O quadro clínico é reflexo do ciclo de vida desse parasita.


Grande parte das pessoas é assintomática. Naquelas que
apresentam sintomas, o prurido anal, principalmente à noite, é a
queixa mais comum. Esse prurido ocorre por conta de uma reação
inflamatória decorrente da presença dos vermes adultos e ovos
nessa região. Isso leva a uma perpetuação do ciclo de transmissão
da doença, porque o ato de coçar a região perianal que dissemina
os ovos.
Figura SEQ Figura \* ARABIC 15. Criança com prurido anal por E. vermiculares.

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Além disso, esses vermes podem também migrar para locais fora do intestino, como a vagina, e levar a um quadro de vulvovaginite
com prurido vaginal.
De exames laboratoriais, ao contrário de outras parasitoses, a eosinofilia não é comum.

O que mais é cobrado em prova a respeito da enterobíase é que ela pode causar prurido perianal e
vaginal, principalmente à noite. Quando a questão falar de uma criança com “coceira” nesses locais, você
imediatamente deve lembrar da enterobíase.
Além disso, lembre-se: a eosinofilia pode estar ausente!

CAI NA PROVA
(CERMAM - AM 2023) Mãe de uma criança de 5 anos telefona para seu pediatra, pois foi trocar a fralda da filha e
encontrou pequenos vermes brancos, lembrando linhas grossas, em grande quantidade no ânus e alguns na vulva da
menina. A transmissão e o ciclo deste parasita se fazem por meio do seguinte mecanismo:
A) larva – pele – corrente sanguínea – intestino delgado.
B) cisticerco – pele – eclosão – desenvolvimento – intestino grosso.
C) ovo – deglutição – eclosão desenvolvimento – intestino grosso.
D) ovo – deglutição – eclosão – ciclo pulmonar – intestino delgado.

COMENTÁRIO:

Temos, aqui, uma criança com vermes no ânus e vulva. Quem pode ficar nessa localização? O Enterobius vermicularis. Vamos responder
juntos.
Incorreta a alternativa A. A larva do verme não penetra na pele.
Incorreta a alternativa B. Não há cisticerco no ciclo de vida do Enterobius.

Correta a alternativa C. Essa é a descrição mais correta com base no que já estudamos.
Incorreta a alternativa D. Não há ciclo pulmonar no ciclo do Enterobius.

(FMJ - SP 2020) A mãe de uma menina de 4 anos traz a criança ao ambulatório de pediatria com queixa de que ela apresenta, há 3 semanas,
corrimento vaginal, que mancha a calcinha. Refere que a criança apresenta prurido anal noturno, disúria e que não percebeu odor na secreção.
Sem outras queixas. Ao exame físico, nota-se eritema vulvar. Entre os citados a seguir, o mais provável agente etiológico desse quadro é:
A) papilomavírus humano (HPV).
B) corpo estranho.
C) molusco contagioso.
D) Shigella sonnei.
E) Enterobius.

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COMENTÁRIO:
Como você já viu, a parasitose que classicamente causa prurido anal e vaginal é a enterobíase/oxiuríase.
Incorreta a alternativa A: o HPV manifesta-se com o aparecimento de verrugas, diferentemente do quadro apresentado.
Incorreta a alternativa B: porque, nesse caso, a hipótese diagnóstica de enterobíase é mais compatível.
Incorreta a alternativa C: o molusco contagioso manifesta-se com o aparecimento de pápulas umbilicadas, diferentemente do quadro
apresentado.
Incorreta a alternativa D: a S. sonnei causa um quadro de disenteria, queixa que a paciente não apresenta.

Correta a alternativa E: como vimos, esse quadro é bem característico da enterobíase.

(UFRGS - RS 2018) Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do parágrafo abaixo.
Menina de 2 anos foi trazida à consulta por histórico de sono conturbado e agitação. Ao exame físico, o médico identificou, ao retirar as fraldas,
pequenos vermes brancos, com aspecto de fio de linha mais grosso, próximo do ânus e da região vulvar. A transmissão dessa parasitose se dá
pelo (a) ...... por intermédio da ......O parasita adulto se estabelece no (a)......
A) Ovo – deglutição – intestino delgado.
B) Ovo – deglutição – intestino grosso.
C) Larva – pele – intestino delgado.
D) Larva – pele – intestino grosso.
E) Cisticerco – deglutição – corrente sanguínea.

COMENTÁRIO:
Outra questão parecida com a anterior! O quadro clínico descrito é sugestivo de infecção por Enterobius vermicularis. Vamos revisar
alguns conceitos. Esses vermes são transmitidos por ovos que, após serem ingeridos, eclodem no intestino delgado. As larvas situam-
se principalmente no cólon e as fêmeas fecundadas migram no período noturno para a região perianal para depositar os ovos. Esse
comportamento de migração é responsável pelo quadro clínico característico, que envolve prurido anal ou agitação e irritabilidade
noturna. As larvas eventualmente podem ser visualizadas a olho nu na região perianal.

Incorreta a alternativa A: pois o parasita adulto não se estabelece no intestino delgado, mas sim no intestino grosso.

Correta a alternativa B: porque a transmissão dessa parasitose se dá pelo ovo, por intermédio da deglutição. O parasita adulto
estabelece-se no intestino grosso.

Incorreta a alternativa C: porque a transmissão dessa parasitose se dá pelo ovo, por intermédio da deglutição, não pela larva por meio da
pele. Além disso, o parasita adulto estabelece-se no intestino grosso.
Incorreta a alternativa D: porque a transmissão dessa parasitose se dá pelo ovo, por intermédio da deglutição, não pela larva por meio
da pele.

Incorreta a alternativa E: porque a transmissão dessa parasitose se dá pelo ovo, não por cisticerco. Ademais, o parasita adulto habita o
intestino grosso, não a corrente sanguínea.

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4.4.4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico deve ser feito por meio da técnica de fita gomada, como explicado anteriormente no tópico de testes diagnósticos.
O exame parasitológico de fezes geralmente é negativo, pois esses ovos não passam pelas fezes.

4.4.5 TRATAMENTO

As drogas de escolha para tratamento da enterobíase são: dose em 2 semanas.


• Albendazol 400mg dose única, com repetição da dose em 2 Lembre-se de que as gestantes não podem usar
semanas; benzimidazóis, logo elas devem ser tratadas com o pamoato de
• Mebendazol 100mg dose única, que também deve ser
pirantel.
repetido em 2 semanas;
Recomenda-se tratar todas as pessoas do mesmo domicílio
• Pamoato de pirvínio, com dose ajustada pelo peso e idade;
com o objetivo de eliminar aqueles que estão assintomáticos, mas
e
• Pamoato de pirantel 11mg/kg, dose única, com repetição da que podem transmitir a parasitose e levar a quadros de reinfecção.

Lembre-se do que falei no tópico de anti-helmínticos: a única indicação de uso do pamoato de pirvínio
é para tratamento da enterobíase!

CAI NA PROVA

(SES - RJ 2020) Criança de 1 ano e 10 meses apresenta desconforto abdominal e prurido anal há cerca de duas
semanas, além de dois episódios de diarreia sem muco ou sangue nesse período. Seu exame físico não apresentou
quaisquer alterações. Considerando a principal hipótese diagnóstica, é correto afirmar que:
A) o pamoato de pirvínio é um tratamento específico para esse parasita e deve ser usado em dose única, com
repetição em 14 dias
B) o tratamento dessa paciente pode ser feito com albendazol em dose única, sem necessidade de repetição
C) a presença de exame parasitológico de fezes negativo exclui a possibilidade de infecção por este parasita
D) prolapso retal é uma complicação frequente nas infecções por esse parasita

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COMENTÁRIO:

A parasitose que classicamente causa prurido anal é a enterobíase/oxiuríase. Vamos agora analisar as alternativas:

Correta a alternativa A: Não confunda pamoato de pirvínio com pamoato de pirantel: o pamoato de pirantel é um anti-helmíntico
que atua paralisando o parasita e pode ser usado para tratar diversas infecções, como a ascaridíase, enterobíase e ancilostomíase (lembre-
se: pirantel). Já o pamoato de pirvínio é somente usado para tratamento da enterobíase (oxiuríase).

Incorreta a alternativa B: O albendazol deve ser repetido em 2 semanas, já que ele não tem ação contra os ovos dos parasitas.

Incorreta a alternativa C: Geralmente, o parasitológico de fezes é negativo nos casos de enterobíase. O exame de escolha é o da fita
adesiva ou fita gomada.

Incorreta a alternativa D: O prolapso retal é uma complicação da tricuríase.

(SES - GO 2020) O pamoato de pirantel é uma droga utilizada no tratamento de nematoides, enquanto o pamoato de pirvínio é específico
para tratamento de:

A) ascaridíase.
B) ancilostomose.
C) oxiuríase.
D) pediculose.

COMENTÁRIO:

Correta a alternativa C. Diga se não ficou mais fácil? Como já lhe falei algumas vezes, o pamoato de pirvínio é específico para

tratamento da oxiuríase/enterobíase.

PONTOS PRINCIPAIS DA ENTEROBÍASE

1. É transmitida por meio da ingestão de ovos;


2. Manifesta-se clinicamente por meio de prurido anal, vaginal e vulvovaginite;
3. O diagnóstico é feito por meio do teste da fita gomada;
4. É a única parasitose que pode ser tratada com pamoato de pirvínio; e
5. Todos os membros do mesmo domicílio devem ser tratados caso alguém esteja parasitado.

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4 .5 TRICURÍASE

Vamos aprender agora sobre o Trichuris trichiura, outro


nematódeo que pode parasitar o ser humano. Ele recebe esse nome
por possuir uma extremidade fina em forma de cabelo (por conta
do esôfago delgado e longo), daí o motivo do seu nome Trichuris.
Só pra esclarecer, a “cabeça” desse verme é na parte mais fina. Ele
já chegou a ser chamado de Trichocephalus. Digo isso porque esse
outro nome já caiu em questão de prova.
Essa parasitose pode ocorrer em todas as faixas etárias, mas
é mais comum em crianças.
Figura 16. Imagem de microscopia óptica de um T. trichiura. Perceba que ele
tem uma extremidade fina, semelhante a um fio de cabelo ou chicote. Fonte:
Shutterstock.

4.5.1 TRANSMISSÃO

A transmissão da tricuríase está associada a más condições de higiene e ocorre por meio da ingestão de alimentos ou das mãos
contaminadas com solo que possuem seus ovos.

4.5.2 CICLO DE VIDA

O ciclo de vida do Trichuris trichiura ocorre da seguinte forma: após a ingestão dos ovos, por meio de alimentos ou das mãos
contaminadas com solo, eles eclodem no intestino delgado e liberam o verme adulto. Eles alojam-se no apêndice, ceco e cólon ascendente
após uns 2 a 3 meses da infecção. Nesse mesmo período, as fêmeas começam a produzir ovos que são eliminados nas fezes.

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Figura 17. Ciclo do Trichuris trichiura, como lhe expliquei no tópico anterior.

4.5.3 QUADRO CLÍNICO

A maioria das pessoas infectadas pelo T. trichiura é assintomática. Aqueles que apresentam sintomas podem se queixar de diarreia
com muco e/ou sangue. A depender da quantidade de parasitas presentes, se for em grande número, o paciente pode apresentar tenesmo
e prolapso retal.

O que mais é cobrado em provas sobre a tricuríase é que ela pode levar a um quadro de tenesmo e
prolapso retal!

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Figura 18. Ilustração de uma criança com prolapso retal por T. trichiura.

CAI NA PROVA

(SUS - RO 2019) As parasitoses intestinais são comumente encontradas na infância e devem ter o manejo adequado
devido a sua alta prevalência. Assinale a afirmativa correta:
A) Diarreia crônica com tenesmo e prolapso retal pode estar presente em infestações de tricuríase.
B) Giardíase é uma causa de diarreia na criança, a primeira escolha de tratamento é mebendazol por 03 dias.
C) Estrongiloidíase, ascaridíase, enterobíase e ancilostomíase fazem Síndrome de Löeffler e podem ocasionar além
de sintomas gastrointestinais, tosse crônica e outros sintomas respiratórios além de infiltrado migratório na
radiografia de tórax.
D) A ascaridíase é a principal causa de diarreia crônica e emagrecimento em crianças, devido a esteatorreia causada
pelo “atapetamento” das vilosidades intestinais.

COMENTÁRIO:

Vamos ver se você se lembra do que lhe expliquei agora:

Correta a alternativa A: Tricuríase é doença causada por Trichuris trichiura, helminto que habita o intestino grosso (em especial

ceco e cólon ascendente). O quadro típico dessa parasitose se caracteriza pela presença de diarreia com muco e sangue e, em casos graves,
pode ocorrer prolapso retal.

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Incorreta a alternativa B: pois o tratamento da giardíase em crianças deve ser realizado com metronidazol por cinco dias ou secnidazol por
um dia. Logo mais, você vai aprender isso.

Incorreta a alternativa C: Apenas estrongiloidíase, ascaridíase e ancilostomíase podem causar síndrome de Loeffler (Enterobius
vermicularis não tem passagem pulmonar em seu ciclo de vida). Também vou ensinar sobre isso logo mais.

Incorreta a alternativa D: É a giardíase, e não ascaridíase, que causa “atapetamento” das vilosidades intestinais, que resulta em diarreia
crônica com padrão de esteatorreia.

4.5.4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é feito por meio da pesquisa de ovos nas fezes.


Pode-se utilizar a técnica qualitativa de sedimentação espontânea
ou a técnica quantitativa de Kato Katz, que pode ser usada para
quantificar o número de ovos.

Figura 19. Microscopia óptica mostrando ovo do T. trichiura. Perceba que


ele tem uma forma de barril, bem característica desse parasita. Fonte:
Shutterstock.

4.5.5 TRATAMENTO

As drogas para tratamento da tricuríase são:


• Droga de escolha: mebendazol 100mg, duas vezes ao dia por 3 dias; e
• Albendazol 400mg dose única.
Caso você esteja diante de uma gestante, devemos avaliar o risco/benefício do tratamento e tentar postergar o uso dos benzimidazóis.

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CAI NA PROVA

(UNICAMP - SP 2019) A precária condição do saneamento básico em algumas localidades do Brasil, faz com que o
país tenha diversos casos de doenças intestinais provocadas por bactérias, protozoários e vermes. CONSIDERANDO
QUE CADA UM DOS AGENTES TEM SUAS PRÓPRIAS CARACTERÍSTICAS, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) O Ascaris lumbricoides é o helminto mais frequentemente encontrado e localiza-se preferencialmente no canal
pancreático, vias biliares e apêndice.
B) O Trichuris trichiura localiza-se preferencialmente no ceco e cólon ascendente e pode ser tratado com
mebendazol.
C) Gestantes com presença de ovos de Schistosoma mansoni nas fezes, devem ser tratadas durante a gestação.
D) Crianças com protoparasitológicos com presença de Entamoeba coli ou Endolimax nana ou Iodamoeba butschlii
devem ser tratadas com metronidazol.

COMENTÁRIO:

Vamos analisar agora cada uma das alternativas:

Incorreta a alternativa A: pois larvas de Ascaris lumbricoides localizam-se preferencialmente no jejuno, embora possam ser encontradas
em outras áreas do trato digestivo.

Correta a alternativa B: já que o Trichuris trichiura se localiza preferencialmente no ceco e cólon ascendente e pode ser tratado com

mebendazol ou albendazol.

Incorreta a alternativa C: segundo o Ministério da Saúde, é contraindicado o uso de praziquantel (antiparasitário utilizado para tratamento
da esquistossomose) em gestantes. Já lhe adianto que a esquistossomose vai ser abordada em outro livro.

Incorreta a alternativa D: pois Entamoeba coli, Endolimax nana e Iodamoeba butschlii são protozoários não patogênicos, e não é indicado
tratamento. Calma, que logo vou lhe explicar isso também.

PONTOS PRINCIPAIS DA TRICURÍASE

1. A tricuríase está associada a tenesmo e prolapso retal; e


2. O tratamento de escolha é feito com mebendazol.

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4.6 TOXOCARÍASE

A toxocaríase, também conhecida como larva migrans visceral, é uma doença causada por Toxocara canis ou Toxocara cati. Como o
nome já diz, eles são vermes, semelhantes ao Ascaris, só que de cães e gatos, respectivamente.

4.6.1 TRANSMISSÃO

A transmissão da toxocaríase ocorre quando o homem, que é um hospedeiro acidental, ingere água ou alimentos contaminados com
ovos embrionados ou por meio da ingestão de carne malpassada de outros hospedeiros intermediários, como o coelho e o porco.

Só para lembrar, o hospedeiro acidental é aquele no qual as larvas são incapazes de crescer e
reproduzir para completar seu ciclo de vida.

4.6.2 CICLO DE VIDA

Não cabe aqui eu falar do ciclo deste parasita nos animais. intestinal. Em seguida, elas atingem a circulação e distribuem-se
Vou comentar somente o que importa sobre a infecção dos seres por vários órgãos. Fígado, rins, pulmões, coração, medula óssea e
humanos. olhos são alguns exemplos de locais nos quais essas larvas podem
O homem contamina-se ingerindo os ovos do parasita. chegar. Grande parte delas morre e um granuloma cercado de
Eles eclodem no intestino delgado e sua larva penetra na parede eosinófilos se forma ao seu redor.

4.6.3 QUADRO CLÍNICO

O quadro clínico da larva migrans visceral depende do órgão invadido. Geralmente, o fígado é acometido e pode ocasionar um quadro
de hepatomegalia ou lesões nodulares. O pulmão também pode ser atingido e levar a um quadro de dispneia, tosse, estertores na ausculta
pulmonar e infiltrado na radiografia de tórax. Quero chamar sua atenção que esse quadro pulmonar é decorrente da presença das larvas
no pulmão. Como elas não completam seu ciclo de vida nem fazem o ciclo pulmonar como os outros nematódeos, afinal, o homem é um
hospedeiro acidental, não podemos dizer que esse verme faz a síndrome de Loeffler. O mais correto seria dizer que ele faz um quadro de
pneumonite eosinofílica.
A infecção é autolimitante, porém pode durar de 6 a 18 meses, tempo muito mais prolongado do que a síndrome de Loeffler, que
geralmente melhora a partir do quinto ao décimo dia.

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Se a larva do Toxocara atingir os olhos, o paciente pode desenvolver um quadro de larva migrans ocular. Esse tópico foi descrito no livro
“Oftalmologia de doenças do polo posterior”. Não deixe de ler!
Sobre exames laboratoriais, os pacientes com larva migrans visceral tendem a apresentar no hemograma uma leucocitose com
eosinofilia MUITO importante. Esse achado está presente em todas as questões dessa parasitose nas provas! Não se esqueça disso!

Vou fazer uma pausa aqui só para amarrar uns conhecimentos e você não se confundir.

Doença Agente etiológico

Larva migrans cultânea Ancylostoma braziliense ou


Ancylostoma canium

Larva migrans visceral Toxocara canis ou


Toxocara cati

Larva currens Strongyloides stercoralis

CAI NA PROVA

(PUC SOROCABA - SP 2020) Frederico, quatro anos, apresenta febre e tosse há quase um mês. Já foi medicado
com antibiótico macrolídeo e inalação com broncodilatador, sem melhora. Exame físico: regular estado geral;
FR: 40 irpm, ausculta pulmonar MV bilateral com sibilos difusos; abdome: fígado a 3 cm do rebordo costal
direito e baço não palpável. Hemograma: 50.000 leucócitos com 65% de eosinófilos. Hematimetria normal.
Radiografia de tórax: infiltrado intersticial bilateral.
O diagnóstico mais provável é
A) Giardíase.
B) Ancilostomíase.
C) Toxocaríase.
D) Ascaridíase.

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COMENTÁRIO:

Temos aqui uma criança com sinais e sintomas sugestivos de pneumonia crônica (quase um mês de tosse, febre e sibilos), com imagem
radiológica que também sugere esse acometimento pulmonar (infiltrado intersticial bilateral). Ao analisar o hemograma, chama a atenção
uma leucocitose importante com eosinofilia. Por que fazer essa análise é importante? Porque temos que procurar nas alternativas aquela
que nos traga um agente que pode fazer acometimento pulmonar e que seja um parasita que esteja associado a eosinofilia. Vamos agora
analisar as alternativas:

Incorreta a alternativa A: A Giardia lamblia, que causa a giardíase, é um protozoário e não tem ciclo pulmonar. A via normal de infecção é
por meio da ingestão de cistos. Ela começa e termina seu ciclo de vida no trato gastrointestinal, portanto não passa pelo pulmão.

Incorreta a alternativa B: A ancilostomíase é um parasita que faz ciclo pulmonar e poderia causar a síndrome de Loeffler, que ocorre
quando suas larvas passam pelo pulmão antes de chegar no intestino. Ela pode levar à eosinofilia, mas não tão elevada quanto nesse caso.
Além disso, é um quadro que em geral melhora após uns 10 dias de doença, sendo difícil um paciente permanecer sintomático com essa
síndrome por quase 1 mês.

Correta a alternativa C: A toxocaríase justifica todo o quadro: acometimento pulmonar há quase 1 mês + hepatomegalia + eosinofilia.

Incorreta a alternativa D: O Ascaris lumbricoides também pode fazer síndrome de Loeffler, mas, como vimos na alternativa B, ela não é a
hipótese mais provável nesse caso.

Pneumonia Leucocitose Toxocaríase (Larva


Hepatomegalia
crônica com eosinofilia migrans visceral)

4.6.4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de certeza dessa doença se dá por meio da biópsia do órgão acometido. Já consegue perceber que isso é difícil, né? Por
conta disso, na prática, o diagnóstico ocorre com base na apresentação clínica da doença, exame sorológico (pela técnica de ELISA) e outros
achados, como eosinofilia e hipergamaglobulinemia (IgM e IgE).

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4.6.5 TRATAMENTO

Olhe só que interessante: pacientes com um quadro leve não 5 dias; e


requerem uso de anti-helmínticos. Isso porque grande parte dos • Droga alternativa: mebendazol 100mg duas vezes ao dia,
sintomas é autolimitada e melhora após algumas semanas. por 5 dias.
Casos moderados a graves podem usar: A ivermectina não tem ação contra o Toxocara.
• Droga de escolha: albendazol 400mg duas vezes ao dia, por

PONTOS PRINCIPAIS DA TOXOCARÍASE

1. Também é conhecida como larva migrans visceral;


2. Lembrar dela nos casos de pneumonia com hepatomegalia e leucocitose com eosinofilia importante; e
3. Casos leves não precisam de tratamento.

4.7 SÍNDROME DE LOEFFLER

Você já percebeu que, ao longo deste livro, eu falei da síndrome de Loeffler quando foi abordado o ciclo de vida e o quadro clínico de
algumas parasitoses. Vou aqui sintetizar isso tudo.

Preste muita atenção porque esse é o tema mais cobrado das parasitoses! Você precisa saber
principalmente três tópicos: os agentes etiológicos, o quadro clínico e o tratamento.

Essa síndrome pode ser causada por nematódeos que fazem o ciclo pulmonar. Ele ocorre quando as larvas alcançam os pulmões por
via hematogênica e em seguida penetram no alvéolo, ascendendo pela árvore brônquica para serem deglutidas e alcançarem o intestino.
Você tem que saber quais parasitas podem fazer a síndrome de Loeffler. Para ajudá-lo, lembre-se do mnemônico NASA:

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Necator americanus

Ancylostoma duodenale

Strongyloides stercoralis

Ascaris lumbricoides

Figura 20. Os vermes espaciais que formam o mnemônico NASA: Necator americanos, Ancylostoma duodenale, Strongyloides stercoralis e Ascaris lumbricoides.

Desses 4 parasitas, o A. lumbricoides é o que mais causa a síndrome de Loeffler.

O que mais cai em provas é o conhecimento dos vermes que podem fazer a síndrome de Loeffler.
É comum o tipo de questão que conta um caso de uma criança com um quadro pulmonar e em seguida
pergunta quem pode ser o agente etiológico. Nessas horas, lembre-se do mnemônico e marque como
resposta a opção que contém um desses parasitas.

4.7.1 QUADRO CLÍNICO

Quando as larvas fazem o ciclo pulmonar, podem desencadear sintomas, como tosse irritativa, desconforto subesternal, dispneia e
febre. São sintomas autolimitados que tendem a melhorar dentro de 5 a 10 dias.
A radiografia de tórax pode mostrar opacidades ovais migratórias e infiltrados difusos bilaterais.

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Figura 21. Observe nessa ilustração a presença de consolidações migratórias na radiografia de tórax de um paciente com síndrome de Loeffler..

A eosinofilia geralmente está presente e comumente é acima de 10%.

Febre

Radiografia
com opacidades
migratórias e/ou Tosse
infiltrado
bilateral Síndrome
de Loeffler

Eosinofilia Dispneia

A larva migrans visceral (toxocaríase) é um diagnóstico diferencial, porém lembre-se de que ela pode acometer
simultaneamente outros órgãos e pode ter uma duração de sintomas muito mais prolongada, o que não é muito comum
com a síndrome de Loeffler. Geralmente, as questões de provas não misturam essas doenças, já que o quadro clínico é
semelhante.

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CAI NA PROVA

(UFF - RJ 2020) As infecções por parasitas intestinais são comuns na faixa etária pediátrica e podem ter quadro clínico
variável. A síndrome de Löffler é uma apresentação pulmonar que ocorre devido à passagem do parasita pelo pulmão
do hospedeiro como parte do seu ciclo patogênico. Os parasitas que fazem ciclo pulmonar e podem desencadear
sintomas respiratórios, como tosse e broncoespasmo no hospedeiro, são os seguintes:

A) Taenia Solim e Enterobius vermiculares.


B) Isospora Belly e Blastocystis hominis.
C) Giardia Lamblia, Entamoeba histolytica e Balantidium coli.
D) Ancylostoma duodenale, Necator americanus, Strongyloides stercoralis e Ascaris lumbricoides.
E) Entamoeba histolytica, Isospora Belly e Ascaris lumbricoides.

COMENTÁRIO:

Está vendo como esse tema é cobrado? Só se lembrar do mnemônico NASA.

Incorreta a alternativa A: porque a Taenia solium, também chamada tênia do porco, e o Enterobius vermiculares se relacionam,
respectivamente, à teníase e à enterobíase (oxiúros). Não fazem ciclo pulmonar.

Incorreta a alternativa B: porque a Isospora Belli é um protozoário que é causa importante de diarreia em imunossuprimidos, enquanto o
Blastocystis é outro protozoário presente no trato gastrointestinal, com patogenicidade discutível. Não fazem ciclo pulmonar.

Incorreta a alternativa C: porque esses microrganismos são protozoários associados a sintomas em trato gastrointestinal e não se
relacionam a quadro pulmonar.

Correta a alternativa D: porque foram descritos os quatro helmintos que estão relacionados à síndrome de Loeffler.

Incorreta a alternativa E: porque, dentre as alternativas, apenas Ascaris lumbricoides representa uma causa de síndrome de Loeffler.

(FMP - RJ 2019) Pré-escolar de cinco anos é atendido com história de pneumonia diagnosticada há um mês, sem melhora radiológica, apesar
do uso de amoxicilina por dez dias, cefalosporina por sete dias e azitromicina por cinco dias. A primeira radiografia apresentava infiltrado
pulmonar de opacidade homogênea, em lobo superior direito; segunda, com intervalo de uma semana, infiltrado pulmonar com densidade
heterogênea em língula e terceira, com intervalo de oito dias, infiltrado pulmonar de opacidade homogênea em lobo inferior esquerdo.
Baseado no relato acima, a principal hipótese diagnóstica é
A) Síndrome de Loeffler.
B) Tuberculose pulmonar.
C) Pneumonia por Chlamydia pneumoniae.
D) Pneumonia lipoídica.

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COMENTÁRIO:

Temos aqui um quadro de pneumonia que apresenta infiltrados migratórios e que usou antibióticos sem melhora. Analisando as
alternativas, temos:

Correta a alternativa A: Como você aprendeu, na síndrome de Loeffler, a radiografia de tórax pode demonstrar infiltrados redondos/
ovais migratórios.

Incorreta a alternativa B: A tuberculose pulmonar não se apresenta com infiltrado migratório na radiografia de tórax.

Incorreta a alternativa C: O paciente já usou azitromicina, portanto já teria tratado uma pneumonia por C. pneumoniae.

Incorreta a alternativa D: A pneumonia lipoídica ocorre por aspiração de algum óleo, como o óleo mineral. Não há relato de o paciente
fazer uso desse produto.

(FAMERP - SP 2019) Você, participando do Projeto Rondon, atende um menino de 4 anos de idade com queixa de tosse há 1 semana.
Sua mãe refere que acompanhando a tosse apresenta cansaço e chiadeira no peito e febres esporádicas neste período. No interrogatório
complementar refere dor abdominal recorrente e episódios de diarreia intermitente. Nos antecedentes familiares os pais têm bronquite. Ao
exame físico: Reg, descorado, acianótico, anictérico, afebril, taquipneico e taquicárdico. BRNF com SS +/4+, protossistólico sem irradiação;
Murmúrio vesicular presente e simétrico com roncos e sibilos difusos; Abdome globoso, timpânico, indolor, com fígado palpável 1 cm do
rebordo; O hemograma mostrou anemia homocrômica e microcítica e leucocitose de 15000, com 18 % de eosinófilo; O RX de tórax mostrou
infiltrado difuso bilateral. Considerando o enunciado acima, assinale a alternativa correta:

A) Esta criança apresenta Asma brônquica e deve-se iniciar salbutamol inalatório e corticoide oral
B) Trata-se de Síndrome de Loeffler e deve ser prescrito albendazol durante 3 dias
C) Trata-se de Doença Celíaca e deve se instituir uma dieta isenta de glúten
D) Trata se de leucemia pela presença de febre e resultado do hemograma e indica se mielograma

COMENTÁRIO:

A questão conta um caso de uma criança com pneumonia e diarreia há uma semana. Apresenta também hemograma com eosinofilia.
Esses achados devem fazer você lembrar da síndrome de Loeffler. Vamos às alternativas:

Incorreta a alternativa A: O paciente apresenta diarreia e febre esporádica que não justificam o quadro de asma.

Correta a alternativa B: A síndrome de Loeffler é, dentre as opções, a doença que justifica todos esses achados. O tratamento dessa
síndrome é feito com sintomáticos, e o uso de albendazol não estaria indicado nesse momento, porém, como essa alternativa é a “menos
errada”, ela deve ser a resposta final dessa questão.

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Incorreta a alternativa C: porque a doença celíaca não justifica o quadro respiratório.

Incorreta a alternativa D: O paciente tem um quadro clínico infeccioso com acometimento do trato gastrointestinal e pulmão que são bem
característicos da síndrome de Loeffler. Não é necessário fazer mielograma.

4.7.2 DIAGNÓSTICO

Para diagnóstico, devemos pedir a pesquisa de larvas no escarro. Não adianta fazer exame de fezes, afinal, nessa fase do ciclo, geralmente
não há vermes adultos no intestino que produzam ovos.

4.7.3 TRATAMENTO

O tratamento da síndrome de Loeffler é feito com O uso de anti-helmínticos não deve ser feito, afinal essas
sintomáticos. Geralmente, o uso de broncodilatadores auxilia na drogas geralmente não possuem atividade contra as larvas. O
melhora da tosse. Corticoide oral pode ser feito caso o quadro seja recomendado é fazer o uso de sintomáticos e após 1 a 2 meses
moderado a grave e seja descartada infecção por Strongyloides realizar o exame parasitológico de fezes para identificar e tratar o
stercoralis (com exame de fezes e escarro). parasita adequadamente.

Broncodilatadores

Tratamento da
síndrome de Loeffler

Corticoide Não indicar


anti-helmínticos

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CAPÍTULO

5.0 PLATELMINTOS

Como vimos no início do livro, os platelmintos são os vermes de corpos achatados. Vamos estudar aqui os que são cobrados em provas.
Não é um tema muito frequente, mas você precisa estar preparado mesmo assim.

5.1 TENÍASE E CISTICERCOSE

As tênias são vermes achatados que possuem uma cabeça • Diphyllobothrium sp. É conhecido como “tênia do peixe”,
(também chamada de escólex), pescoço e um corpo segmentado afinal ele parasita esses animais, e quando o homem ingere
em proglótides, onde ficam os ovos. Elas usam o escólex para algum peixe cru ou mal cozido, pode infectar-se. Geralmente, sua
infecção é assintomática, mas quando há alguma manifestação
aderirem ao intestino do hospedeiro.
clínica, ela é a anemia megaloblástica decorrente da deficiência
As espécies que você deve conhecer são as seguintes:
de vitamina B12 que o verme consome.
• Taenia solium e a Taenia saginata. São popularmente
• Hymenolepis nana. É também conhecida como “tênia
conhecidas como “solitárias” e parasitam respectivamente o
anã”, por conta de seu tamanho pequeno em relação às outras.
porco e o boi. Falaremos das duas mais profundamente ao longo
Geralmente leva a quadros assintomáticos.
deste capítulo. São grandes e podem atingir alguns metros de
comprimento.

Figura 22. Essa ilustração demonstra o escólex da T. saginata (letra A) e T. solium (letra B). Por meio deles, esses parasitas se aderem à parede intestinal.

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5.1.1 TRANSMISSÃO

A transmissão da teníase ocorre quando o homem ingere carne crua ou malpassada de bovinos ou suínos que contenham o cisticerco,
vesícula que contém o escólex no seu interior e pode permanecer viável por muitos anos.

CAI NA PROVA
(CEOQ - BA 2019) Levando-se em consideração o diagnóstico das verminoses, assinale a alternativa CORRETA.
A) A giardíase é causada por um protozoário e acomete principalmente a região gástrica, causando fortes dores na
criança.
B) A teníase, conhecida popularmente como “solitária”, é causada pelos cestódeos Taenia solium e Taenia saginata.
A T. solium é adquirida pelo consumo da carne de porco mal cozida e a T. saginata pelo consumo da carne de boi
contaminada.
C) A esquistossomose é considerada uma doença de difícil transmissão, sendo baixo o risco de adquiri-la em um
único contato com focos de contaminação.
D) A Entamoeba histolytica é o agente etiológico da amebíase, parasita do intestino grosso, que tem a transmissão
apenas através do contato sexual.

COMENTÁRIO:

Essa questão aborda amplo conhecimento de parasitoses. Vamos analisar as alternativas:

Incorreta a alternativa A: A giardíase é doença que acomete principalmente a região proximal do intestino delgado. A maioria dos casos
não apresenta sintomas; quando sintomática, a giardíase pode ser aguda (diarreia e dor abdominal) ou crônica (fezes amolecidas, anorexia,
fadiga, má absorção). Logo adiante, vou abordar esse tema com você.

Correta a alternativa B: Taenia solium e Taenia saginata são cestódeos que causam a teníase. A T. solium é adquirida pelo consumo

da carne de porco malcozida e a T. saginata pelo consumo da carne de boi contaminada.

Incorreta a alternativa C: pois esquistossomose não é considerada uma doença de difícil transmissão. O contato com águas (como lagoas
e açudes) com presença de caramujos infectados pelo S. mansoni constitui risco para adquirir-se a esquistossomose.

Incorreta a alternativa D: Ingestão de alimentos ou água contaminados por fezes contendo cistos amebianos maduros é a principal forma
de transmissão da Entamoeba histolytica. Transmissão por via sexual é possível, mas muito menos comum.

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5.1.2 CICLO DE VIDA

O ciclo dessa parasitose começa quando o hospedeiro da teníase, o homem deve ingerir o cisticerco. Por que estou
infectado elimina as proglotes, que contêm os ovos, no meio reforçando isso? Porque, no caso da T. solium, se o homem ingerir
ambiente. Um hospedeiro intermediário, no caso da T. solium, um seus ovos, ele vai desenvolver a cisticercose. Esses ovos eclodem
suíno, e na T. saginata, um bovino, ingere esses ovos que estão no no intestino e liberam a oncosfera, da mesma forma que nos
ambiente. A partir daí, no intestino do animal, as oncosferas (que hospedeiros intermediários. Em seguida eles penetram na parede
são os embriões) invadem a parede intestinal e podem migrar intestinal e migram para os músculos estriados e outros tecidos.
para diversos locais, como o músculo estriado e cérebro. Lá, Chamamos essa doença de cisticercose, e de neurocisticercose
desenvolvem-se em cisticerco. Quando o homem ingere uma carne quando ela migra para o sistema nervoso central.
malpassada ou crua de algum desses animais, esse cisticerco se A neurocisticercose não será abordada aqui. Para
desenvolve em verme adulto no intestino delgado. aprender mais sobre essa doença, leia o livro “Meningites e
Quero reforçar um ponto importante: para o desenvolvimento Meningoencefalites”.

Figura 23. Ciclo da teníase.

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Adquirida pela
ingestão de carne de
proco mal cozida

T. solium

Pode causar a
cisticercose

Adquirida pela
T. saginata ingestão de carne de
boi mal cozida

A respeito da cisticercose e teníase no caso da T. solium, não se esqueça:

Ovos Cisticercos Vermes adultos

Causam a Causam a
cisticercose, teníase,
através da através
ingestão de da ingestão
ovos de cisticercos

CAI NA PROVA

(UNB - DF 2018) A respeito das doenças infecciosas e parasitárias, julgue o item subsequente. A Taenia saginata
tem como reservatório o suíno, em cujos tecidos se desenvolve a forma larvária que provoca no ser humano a
neurocisticercose.
A) Certo.
B) Errado.

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COMENTÁRIO:

Gabarito: alternativa B. Vamos aproveitar essa questão e reforçar alguns pontos que lhe expliquei. A Taenia saginata tem como

reservatório o boi, e não o suíno, que é infectado pela Taenia solium. Além disso, dessas duas tênias, a que pode causar a neurocisticercose
é a T. solium. Por esse motivo, essa afirmativa está errada.

5.1.3 QUADRO CLÍNICO

A maioria das pessoas infectadas não desenvolve sintomas. Algumas vezes pode haver queixa de náuseas, anorexia e epigastralgia.
A eosinofilia até cerca de 15% pode estar presente. Raramente algumas proglótides podem obstruir o apêndice, ducto pancreático e ducto
biliar.

5.1.4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da teníase é feito com o exame parasitológico de fezes. É possível visualizar as proglotes e/ou ovos nas fezes.

5.1.5 TRATAMENTO

O tratamento de escolha para a teníase (independentemente da espécie) é feito com praziquantel ou niclosamida em dose única oral.
A respeito do praziquantel, a dose da medicação muda, a depender de qual tênia o paciente está infectado.

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(UFPI - PI 2019) Em relação ao tratamento das parasitoses intestinais na infância, os medicamentos praziquantel e
niclosamida são indicados para a parasitose:
A) Teníase.
B) Ancilostomíase.
C) Tricuríase.
D) Enterobíase.
E) Giardíase.

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COMENTÁRIO:

Como você acabou de aprender, o praziquantel e a niclosamida são drogas usadas para tratamento da teníase.

Correta a alternativa A: O tratamento da teníase é feito com praziquantel e, caso ele não esteja disponível, com a niclosamida.

Incorreta a alternativa B: O tratamento da ancilostomíase é feito com albendazol, mebendazol ou pamoato de pirantel.

Incorreta a alternativa C: O tratamento de escolha da tricuríase é feito com mebendazol ou albendazol.

Incorreta a alternativa D: O tratamento da enterobíase é feito com albendazol, mebendazol ou pamoato de pirantel.

Incorreta a alternativa E: A giardíase é tratada com tinidazol ou metronidazol.

PONTOS PRINCIPAIS DA TENÍASE

1. A T. solium é o parasita dos suínos e a T. saginata dos bovinos;


2. A T. solium pode causar cisticercose se o homem ingerir seus ovos; e
3. O tratamento pode ser feito com praziquantel ou niclosamida.

5.2 ESQUISTOSSOMOSE

A esquistossomose é uma doença causada pelo Schistosoma mansoni. Como sua principal manifestação clínica cobrada em provas é
decorrente de um quadro de hipertensão portal, essa parasitose foi abordada no livro “Hepatoesplenomegalia” do professor Bruno Buzo.
Não deixe de conferir!

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CAPÍTULO

6.0 PROTOZOÁRIOS

Como já acabamos de discutir sobre os helmintos, vamos agora aprender mais sobre os protozoários que podem parasitar o homem.

6.1 GIARDÍASE

A giardíase é uma doença causada pela Giardia lamblia, também conhecida como Giardia duodenalis ou G. intestinalis.
É uma causa importante de diarreia disabsortiva, principalmente em locais com condições sanitárias ruins. Assim como outras
parasitoses, ela também é mais frequente em crianças.
Vamos agora aprender o que é cobrado em provas sobre essa doença:

6.1.1 TRANSMISSÃO

A giardíase é uma doença transmitida pela via oral, por meio da ingestão de água ou comida contaminada.

6.1.2 CICLO DE VIDA

Antes de tudo, para você entender melhor, a giárdia pode


apresentar-se de duas formas:
• Cistos, que são a forma infectante do protozoário. Eles
são excretados nas fezes e podem sobreviver no ambiente por
bastante tempo (até cerca de dois meses).
• Trofozoítas, que são as formas que se reproduzem dentro
do intestino.

Figura 24. Esquema do trofozoíto da G. lamblia (à esquerda) e do seu cisto (à


direita). Fonte: Shutterstock.

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O ciclo começa com a ingestão do cisto por meio de água ou a absorção de alimentos. Aqueles que não se aderem ao intestino
alimentos contaminados. No intestino delgado, os trofozoítas são delgado são levados até o intestino grosso e se transformam em
formados e grudam na mucosa do duodeno e jejuno, impedindo cistos. Por meio das fezes, esses cistos voltam ao meio ambiente.

6.1.3 QUADRO CLÍNICO

Após o contato com a giárdia, a maioria dos pacientes presença, algumas pessoas podem apresentar um quadro crônico
permanece assintomática. Uma pequena parcela pode apresentar da giardíase. Os sintomas principais são: diarreia, perda de peso
as seguintes manifestações clínicas: profunda e disabsorção de gorduras, carboidratos e vitaminas.
• Giardíase aguda. Nesse caso, imagine que tem algo cobrindo Isso pode levar a um quadro de hipoalbuminemia, deficiência de
todo seu intestino delgado e você não consegue absorver nada de vitamina A, B12 e folato. Além disso, quase metade dos pacientes
comida. E aí, que sintomas você poderia apresentar? Vou citar (40% dos pacientes com quadros crônicos) pode desenvolver uma
alguns aqui: diarreia, mal-estar, esteatorreia, meteorismo, dor intolerância à lactose, que ocorre por deficiência de enzimas que
abdominal, perda de peso, náuseas e vômitos. Esses sintomas se ficam na borda em escova do intestino delgado, sendo a lactase
desenvolvem após um período de incubação de 7 a 14 dias. uma delas. Isso tudo pode afetar e atrasar o desenvolvimento de
• Giardíase crônica. Após a fase aguda, ou até mesmo sem sua uma criança infectada.

Lembre-se da giardíase nos casos de:


Diarreia disabsortiva com restos alimentares; e
Desnutrição com perda ponderal, hipovitaminose e intolerância à lactose.

CAI NA PROVA

(HPP - PR 2020) Mãe vem ao posto de saúde com criança de 04 anos com história de dor abdominal frequente,
diarreia intercalada com período de trânsito intestinal normal a mais ou menos 30 dias. O aspecto das fezes
diarreicas é líquida, espumosa e algumas vezes com restos alimentares. Este quadro é sugestivo de:
A) Amebíase
B) Giardíase
C) Ancilostomíase
D) Teníase
E) Ascaridíase

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COMENTÁRIO:

Temos aqui um paciente com diarreia crônica com restos alimentares. Quem faz isso? A Giardia lamblia! Vamos aproveitar e revisar
o que lhe ensinei sobre ela! Ela é um protozoário que habita o intestino delgado, e a giardíase clinicamente pode apresentar-se com
diarreia, mal-estar, dor abdominal e esteatorreia. Em alguns casos, o paciente pode apresentar um quadro de diarreia persistente, com
má absorção e perda ponderal.

Incorreta a alternativa A: A maioria dos pacientes com amebíase é assintomática (cerca de 90%), mas, naqueles que apresentam sintomas,
é frequente um quadro subagudo de disenteria com fezes sanguinolentas, dor abdominal, febre e perda ponderal.

Correta a alternativa B: Como vimos, o diagnóstico de giardíase é o mais provável.

Incorreta a alternativa C: A ancilostomíase é uma parasitose que pode se apresentar como um quadro pulmonar, fazendo a síndrome
de Loeffler e/ou com um quadro intestinal de náuseas, vômitos, diarreia e dor epigástrica. Nos casos crônicos, o paciente geralmente
apresenta anemia, pois o parasita alimenta-se de sangue. Não é compatível com o quadro clínico descrito nessa questão.

Incorreta a alternativa D: porque a teníase é geralmente assintomática. Não causa esse quadro clínico de diarreia aguda com má absorção.

Incorreta a alternativa E: A ascaridíase não leva a um quadro de má absorção. Grande parte dos pacientes é assintomática. A depender da
carga parasitária, o paciente pode apresentar um quadro de suboclusão intestinal.

(CERMAM - AM 2020) Escolar de 5 anos, apresenta episódios de doença diarreica aguda, com fezes volumosas, por vezes com alimentos
maldigeridos. A mãe refere hiporexia, e distensão abdominal após alimentação, às vezes com náuseas, vômitos. No gráfico de crescimento,
observamos desaceleração do ganho ponderal. A parasitose intestinal que frequentemente associa-se a esse quadro é:

A) Giardiase
B) Ascaridiase
C) Teniase
D) Amebiase

COMENTÁRIO:

Temos aqui uma criança com diarreia com restos alimentares e desaceleração do ganho ponderal. Que parasitose faz isso? A giardíase!
Lembre-se de que ela “atapeta” todo o intestino e o paciente deixa de absorver muitos nutrientes.

Correta a alternativa A: Esse paciente tem um quadro bem sugestivo de giardíase.

Incorreta a alternativa B: A ascaridíase é geralmente pouco sintomática. A gravidade da doença está associada à quantidade de vermes
que infectam a pessoa. Nas crianças, pode acontecer de apresentarem obstrução intestinal.

Incorreta a alternativa C: porque a teníase é geralmente assintomática. Não causa esse quadro clínico de diarreia aguda com má absorção.

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Incorreta a alternativa D: A maioria dos pacientes com amebíase é assintomática (cerca de 90%), mas, naqueles que apresentam sintomas,
é frequente um quadro subagudo de disenteria com fezes sanguinolentas, dor abdominal, febre e perda ponderal.

6.1.4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico pode ser feito por meio do exame parasitológico de fezes, com pesquisa dos cistos mediante microscopia óptica, ou
também por meio da pesquisa de anticorpos e/ou antígenos contra a giárdia nas fezes.

6.1.5 TRATAMENTO

Pode ser feito preferencialmente com metronidazol, tinidazol ou albendazol. Drogas alternativas incluem nitazoxanida, secnidazol e
mebendazol.

CAI NA PROVA

(UniAtenas-MG 2023) Pré-escolar de 4 anos de idade é atendido na UPA com quadro de diarreia aquosa e volumosa
há 5 dias, com restos alimentares, gordurosa, sem muco ou sangue. Mãe relata episódio semelhante há 15 dias. Ao
exame físico, abdômen distendido e timpânico, indolor à palpação profunda e superficial, com ruídos hidroaéreos
presentes. No contexto do caso apresentado, o diagnóstico mais provável e sua complicação são:
A) amebíase/abscessos internos.
B) ascaridíase/obstrução intestinal.
C) tricuríase/prolapso retal.
D) enterobíase/insônia.
E) giardíase/desnutrição energético-proteica.

COMENTÁRIO:
Temos, aqui, uma criança com diarreia aguda (até 14 dias), com sinais de disabsorção e sem febre. Nesses casos, precisamos pensar em
giardíase.
Incorreta a alternativa A. A maioria dos casos de amebíase é assintomática, correspondendo a cerca de 90%. Os sintomáticos podem
apresentar as seguintes síndromes clínicas:
• amebíase intestinal — geralmente, o paciente começa com uma queixa de diarreia leve que pode evoluir para um quadro de disenteria
com dor abdominal e evacuações com muco e/ou sangue (a chamada colite amebiana). A febre pode estar presente, mas é incomum;
• abscesso hepático amebiano — a maioria dos pacientes apresenta um quadro de dor em hipocôndrio direito (presença do sinal de
Torres-Homem, que é dor à punho-percussão hepática), hepatomegalia e febre. Podem apresentar perda ponderal e anorexia.

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Incorreta a alternativa B. Como vimos, a maioria dos infectados por Ascaris não apresenta sintomas. Quando há o aparecimento de
sintomas, eles podem ocorrer em dois momentos do ciclo desse parasita, que são na fase pulmonar ou intestinal.
Incorreta a alternativa C. A tricuríase pode manifestar-se por meio de uma diarreia com muco e/ou sangue. A depender da quantidade de
parasitas presentes, se for em grande número, o paciente pode apresentar tenesmo e prolapso retal.
Incorreta a alternativa D. A enterobíase geralmente se manifesta com a presença de prurido anal-vaginal.

Correta a alternativa E. Como vimos aqui no livro, a giardíase é uma causa importante de diarreia disabsortiva.

(FAMERP - SP 2020) Escolar de 10 anos apresenta quadro de dor abdominal há 30 dias. Sua mãe refere que apresenta episódios de diarreia
acompanhando o quadro. Esteve na casa da tia passando férias e nadou na lagoa do sítio. Realizado protoparasitológico que mostrou a
presença de cistos de Giardia intestinalis. Qual das alternativas a seguir é mais precisa em relação à giardíase?
A) A maioria dos pacientes apresenta início agudo dos sintomas, mais comumente diarreia aquosa e explosiva com cólicas abdominais
B) A deficiência de lactase pós-infecção é um achado incomum em pacientes com giardíase
C) A água fria é protetora contra a Giárdia, porque os cistos perdem a viabilidade dentro de 3 dias
D) O metronidazol é a droga mais comumente prescrita para a giardíase

COMENTÁRIO:

Vamos aproveitar essa questão e revisar alguns conceitos.

Incorreta a alternativa A: porque a maioria dos pacientes tem um quadro assintomático.

Incorreta a alternativa B: A intolerância à lactose pode ocorrer em até 40% dos pacientes com quadros crônicos, logo é um achado comum.

Incorreta a alternativa C: Os cistos não perdem a viabilidade dentro de 3 dias. Eles sobrevivem longos períodos de tempo (até dois meses)
no meio externo.

Correta a alternativa D: O tratamento de primeira linha da giardíase é feito com tinidazol, metronidazol ou albendazol.

(IAMSPE - SP 2018) Menino de 7 anos é trazido ao ambulatório por sua mãe com a queixa de que "o filho não come e está muito magro". Ao
exame físico, observa-se que ele está descorado (+/4+), peso no escore Z = -1,05 e estatura no escore Z = -0,2, sem outras alterações. Exames
complementares: Hb = 10,8 g/dl, Ht = 34,5%; protoparasitológico: ovos de Hymenolepis nana e cistos de Giardia lamblia. Frente aos achados,
a conduta CORRETA é:
A) Não tratar H. nana, tratar G. lamblia com metronidazol.
B) Tratar H. nana com praziquantel e G. lamblia com metronidazol.
C) Não tratar nenhum dos dois parasitas.
D) Tratar com mebendazol os dois parasitas.
E) Tratar com praziquantel os dois parasitas.

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COMENTÁRIO:

A questão conta o caso de um menino infestado por um platelminto, a H. nana, um tipo de tênia, e um protozoário, a G. lamblia. Ambos
os parasitas devem ser tratados. O praziquantel é a droga de escolha para tratamento da H. nana e no caso da G. lamblia, algumas opções
são o tinidazol, o metronidazol, o albendazol e o mebendazol.

Incorreta a alternativa A: porque a H. nana deve ser tratada.

Correta a alternativa B: Ambos os parasitas devem ser tratados e as medicações estão adequadas.

Incorreta a alternativa C: Ambos os parasitas devem ser tratados. Não confunda o H. nana com a Endolimax nana, que é uma ameba não
patogênica.

Incorreta a alternativa D: O mebendazol não tem ação contra a H. nana.

Incorreta a alternativa E: porque o praziquantel não tem ação contra a G. lamblia.

PONTOS PRINCIPAIS DA GIARDÍASE

1. Pode causar uma diarreia disabsortiva com restos alimentares, levando a um quadro de desnutrição com
perda ponderal, hipovitaminose e intolerância à lactose; e
2. O tratamento pode ser feito principalmente com metronidazol, tinidazol, albendazol ou nitazoxanida.

6.2 AMEBÍASE

A amebíase é uma outra doença causada por protozoário. Seu agente etiológico é a Entamoeba histolytica. Existem outras amebas,
porém não são patogênicas e não requerem tratamento, como a Entamoeba dispar, Entamoeba hartmanni, Entamoeba coli e Endolimax
nana.

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CAI NA PROVA

(SES - MA 2019) Das parasitoses abaixo, assinale a opção em que os parasitas NÃO são patogênicos e nem exigem
tratamento:
A) Entamoeba histolytica / Entamoeba coli.
B) Necator americanos / Entamoeba histolytica.
C) Endolimax nana / Entamoeba dispar.
D) Endolimax nana / Trichurus trichiura.
E) Hymenolepsis nana / Necator americanos.

COMENTÁRIO:

Vamos ver se você memorizou o que lhe expliquei agora:

Incorreta a alternativa A: Entamoeba coli é protozoário não patogênico, mas Entamoeba histolytica pode causar amebíase intestinal ou
extraintestinal.

Incorreta a alternativa B: pois Necator americanus é agente causador de ancilostomíase e Entamoeba histolytica, de amebíase intestinal
ou extraintestinal.

Correta a alternativa C: pois Endolimax nana e Entamoeba coli são protozoários não patogênicos, e não é indicado tratamento no
caso da identificação desses agentes em exames parasitológicos.

Incorreta a alternativa D: Endolimax nana é protozoário não patogênico, mas Trichuris trichiura causa a tricuríase.

Incorreta a alternativa E: Hymenolepsis nana é uma tênia que pode causar infecção em seres humanos, embora na maioria dos casos seja
assintomática. Necator americanus é agente causador de ancilostomíase.

6.2.1 TRANSMISSÃO

A amebíase, assim como a giardíase, é uma doença transmitida pela via oral, por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados
e também por meio das mãos contaminadas com fezes.

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6.2.2 CICLO DE VIDA

O ciclo começa com a ingestão do cisto por meio de água podem alcançar a corrente sanguínea e causar abscessos hepáticos,
ou alimentos contaminados. No intestino delgado, os trofozoítas pulmonares ou até mesmo no cérebro.
formam-se e, ao chegarem no intestino grosso, podem invadir e Tanto os trofozoítas quanto os cistos podem ser liberados
penetrar na mucosa do cólon, causando lacerações. Por isso que a nas fezes, porém somente os cistos podem transmitir a doença,
amebíase pode levar a um quadro de diarreia invasiva e disenteria, afinal os trofozoítas são mortos rapidamente após a exposição ao
com fezes com presença de sangue. Além disso, os trofozoítas ar.

6.2.3 QUADRO CLÍNICO

A maioria dos casos de amebíase é assintomática, do sinal de Torres-Homem, que é dor à punho-percussão
correspondendo a cerca de 90%. Aqueles sintomáticos podem hepática), hepatomegalia e febre. Podem apresentar perda
apresentar as seguintes síndromes clínicas: ponderal e anorexia. Menos de 1/3 dos pacientes apresenta
• Amebíase intestinal. Geralmente, o paciente começa com diarreia simultaneamente, porém alguns podem referir uma
uma queixa de diarreia leve que pode evoluir para um quadro disenteria nos meses anteriores. De exames laboratoriais, a
de disenteria com dor abdominal e evacuações com muco e/ou leucocitose é frequente, porém sem eosinofilia. A fosfatase
sangue (a chamada colite amebiana). A febre pode estar presente, alcalina e transaminases podem estar elevadas. Esse tópico vai ser
mas é incomum. abordado com mais profundidade no livro “Tumores Hepáticos”,
• Abscesso hepático amebiano. A maioria dos pacientes da professora Fernanda Canedo. Não deixe de ler!
apresenta um quadro de dor em hipocôndrio direito (presença

Lembre-se da amebíase intestinal nos casos de:


Disenteria (diarreia com muco e/ou sangue).

6.2.4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da amebíase intestinal é geralmente feito por meio do exame parasitológico de fezes, que na microscopia óptica pode
mostrar tanto os trofozoítas quando os cistos. Métodos existentes, porém menos frequentes, são a pesquisa de antígenos nas fezes pelo
método ELISA (mais sensível de todos os testes) e detecção molecular do material genético do protozoário também nas fezes.

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6.2.5 TRATAMENTO

É importante você saber que TODOS os casos de E. histolytica de usar esses agentes luminais, devemos associar:
devem ser tratados, inclusive nos pacientes assintomáticos. Nesse • Droga de escolha: metronidazol por 7 a 10 dias; ou
caso, a recomendação é de uso de um agente luminal, como a • Drogas alternativas: tinidazol na dose de 2g/dia por 3 dias
ou nitazoxanida.
paromomicina ou iodoquinol. Nos casos de colite amebiana, além

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(HIAE - SP 2020) As infestações intestinais por Entamoeba histolytica devem ser tratadas
A) somente nos casos sintomáticos.
B) apenas se houver invasão tecidual.
C) em gestantes, apenas no terceiro trimestre.
D) somente em pacientes imunodeprimidos.
E) sempre.

COMENTÁRIO:

Gabarito: alternativa E. Vou reforçar o que lhe falei: TODOS os casos de Entamoeba histolytica devem ser tratados, mesmo se
assintomáticos, independentemente da invasão tecidual, do status imunológico ou se gestação presente ou não.

PONTOS PRINCIPAIS DA AMEBÍASE

1. O agente etiológico é a Entamoeba histolytica;


2. A Entamoeba dispar, Entamoeba hartmanni, Entamoeba coli e Endolimax nana não são patogênicas nem
requerem tratamento;
3. A principal manifestação clínica da amebíase é a disenteria, e o paciente pode apresentar dor abdominal com
diarreia com muco e/ou sangue; e
4. O tratamento é feito preferencialmente com metronidazol.

6.3 OUTROS

Outros protozoários que podem causar diarreia são o Cryptosporidium parvum e o Cystoisospora belli. Como eles, geralmente, são
agentes oportunistas, foram abordados mais profundamente no livro digital de HIV que eu mesma escrevi. Aproveito aqui pra recomendar
sua leitura.

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CAPÍTULO

7.0 RESUMO
Após essa leitura, olhe aqui esta tabela para você relembrar e fixar o assunto deste módulo:

Drogas que podem ser usadas


Parasitose Habitat no hospedeiro Manifestações clínicas principais
para tratamento
• Albendazol
• Mebendazol
Síndrome de Loeffler e obstrução • Ivermectina
Ascaridíase Intestino delgado
intestinal • Levamisol
• Nitazoxanida
• Pamoato de pirantel
• Albendazol
Síndrome de Loeffler e anemia
Ancilostomíase Intestino delgado • Mebendazol
ferropriva
• Pamoato de pirantel
Síndrome de Loeffler e • Ivermectina
Estrongiloidíase Intestino delgado infecção disseminada em • Tiabendazol
imunocomprometidos • Albendazol
• Albendazol
• Mebendazol
Enterobíase Ceco e apêndice Prurido anal e/ou vaginal
• Pamoato de pirantel
• Pamoato de pirvínio
Ceco e cólon • Albendazol
Tricuríase Prolapso retal
ascendente • Mebendazol
Vários órgãos, como
Pneumonia crônica, hepatomegalia • Albendazol
Toxocaríase o fígado, pulmões,
e eosinofilia • Mebendazol
coração etc.
• Praziquantel
Teníase Intestino delgado Infecção geralmente assintomática
• Niclosamida
• Metronidazol
• Tinidazol
Síndrome disabsortiva,
• Secnidazol
Giardíase Intestino delgado esteatorreia, desnutrição e
• Albendazol
intolerância à lactose
• Mebendazol
• Nitazoxanida
• Metronidazol
• Tinidazol
Amebíase Cólon Disenteria • Nitazoxanida
• Associar: paromomicina ou
iodoquinol

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(PUC - PR 2019) Com relação aos sintomas clínicos característicos de cada Parasitose Intestinal, enumere a segunda
coluna de acordo com a primeira:
(1) Ascaridíase;
(2) Ancilostomíase;
(3) Tricuríase;
(4) Estrongiloidíase;
(5) Giardíase.
( ) Esteatorreia;
( ) Prolapso Retal;
( ) Anemia Ferropriva;
( ) Dermatite Larvária;
( ) Suboclusão Intestinal.

A) 2 / 3 / 4 / 5 / 1.
B) 4 / 5 / 3 / 1 / 2.
C) 5 / 2 / 3 / 4 / 1.
D) 5 / 3 / 2 / 4 / 1.
E) 5 / 3 / 4 / 2 / 1.

COMENTÁRIO:

Gabarito: alternativa D. Questão legal para revisar os pontos mais importantes de cada parasitose.
1. A ascaridíase está relacionada com a suboclusão intestinal, naqueles casos com pacientes muito infestados.
2. A ancilostomíase é causada pelo Ancylostoma duodenale e Necator americanus, que são vermes hematófagos e podem levar ao
aparecimento de anemia ferropriva.
3. A tricuríase é uma parasitose que classicamente está relacionada ao prolapso retal.
4. A estrongiloidíase é uma parasitose que infecta o homem por meio da penetração de larvas na pele. Por esse motivo, pode causar a
dermatite larvária.
5. A giardíase é causada pela Giardia lamblia e ela infecta o intestino delgado, impedindo a absorção de nutrientes, levando a um quadro
de má absorção e esteatorreia.
Vamos colocar na ordem?
Esteatorreia (5), prolapso retal (3), anemia ferropriva (2), dermatite larvária (4) e suboclusão intestinal (1).

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Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula!


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CAPÍTULO

9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Medicina Interna de Harrison 19a edição.


2. Parasitologia Humana de David Pereira Neves 13a edição.

CAPÍTULO

10.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ufa, que bom que você chegou ao final deste livro. Siga firme, com foco na aprovação, que estarei junto com você durante essa jornada.
Recomendo seguir o Estratégia MED (@estrategiamed) no Instagram, meu perfil @draclarissacerqueira e dos outros professores. Dessa
forma, você vai se manter atualizado sobre todas as novidades referentes à Residência Médica e aprender sobre os assuntos de todas as áreas
cobradas em provas.

Um abraço e bons estudos.

Professora Clarissa Cerqueira

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