Esfera 3

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liltçA A NovÀ trNHA

cAiltlilnÕts r L1l.19;
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DE ú

BUSE,S l
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çlSfÂO a ser agoÍa fabricados os novos Caminhões e AuÍobuses


rJ Reo com Motor Dieset, com chzssis de concepção Reo e cotslrucção
Reo, dotados dos ukimos aperfeiçoameotos em motores Diesel.
Quatro modelos commerciaes e dois de autobus apreseoÍam-se
ttaçados e construidos de alto a baixo pela Reo, pzra o opcrador dos Diesel.
Os motores são os mais recenres 6 cyliodros, de typo Diesel integral.
O íunccionamento dos carros é ideotico ao das unidades aooran-
ciooaes. Ás taras brutas vão de 13.50O a 15.0O0 libras, e até 22.OOO
libras oa operação de tracaores ou auto-reboques.
Todo o moderno operador de caminhões e aurobuses vae deseiar
informações a respeito destes Caminhões e Âurobuses Reo com
Motor Diesel. Podem com esÍes carros fazer.se maiores luCros graças
ao seu custo de operação extremameote baixo e á sua looga duração.

;ACA-NOS UMA VtstrA f asstsTA Á o:monsnrçio ol supERtoRtDADE RÊO


Exposiçôo e Vendos
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Av. Oswoldo Cruz. gS

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43-1625 ÃDMTNISTRÃÇÃO
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4g-t624 ESTUDIO
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RIO DE IÃNEIRO
12 HOR.}I,S DIÀ,RI^ã,S DE EXCEÍ,ENTES PROGRÃIUÃS

Dom Cctsmurro
GRANDE HEBDOMA DARIO BRASILEIRO

Diretor Redotor-Chefe
BRICIO DE ABREU A].VARO MOREYRA

Assinc:turas:
r ANO 2s$000
REGISTRADA . 4O$OOO
ESTRANGEIRO 45$OOO

RUA DO PASSEIO,2 NÚMERO AVULSO.


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Telefone: 42'1712 500 réis
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E§FERA
REVISTA DE LETRAS, ARTES E CIÊNCIAS

EDIçÓES
NÚMERO 3
€fP IULHO
- 1938

REDAÇÃO: ADMIN]STRÃÇÃO
EdiÍício Ouvidor DIRETOR:
R. Uruguoiqno, 86 S. B0S Mqria Icrcintha
-
Coixo Postql, t.2lg REDATOR CHEFE:
Rio de Joneiro Sílvic de Leon Chalréo
TELEFONE: 42-BB3S GERENTE:
t^ IJTCISll 2$000
Aureo Ottoni
SECRETÁRIO:
Estrongeiro '3$000 Frederico R. Coutinho
NEDÃTONES
.ãÍonso de ccstro sendq, Ãtilio Garcicr Mellid, Ãbel sclcrzcrr,
Dics dc costq, Erico veríssimo, E Rodrigvezrálrãgot, Eneidcu
Fábio Leite Lobo, Fóbio crissiuma, G-rqciliano ti"*o., iãJ
Silveiro, Iosé liry do Rego, Iorge Ãmodo, Roberto Ãl,,i;
corrêa, Rossine ccmargo Guarnieri, scntcr Rosa, wcldemcr
de Oliveira.

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M. B. DÃ SIIVÃ \íICTORINO RÀMOS FERNÀNDES JOSE' MULLER ÃLVES

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Escutcri meu ccrnto


de cniquilqmento
Não erg o odio que me fazia levantar os braços para o céu
O- como duas raizes arrancadas.
não era o odiõ qr. liri" trrrrr. a cabeça vencida,
"r"olhos fracassados;
cravando na terra os
não era o odio que me aniquilava o coração
como um fruto apodrecido.
Não era. o odio, meus irmãos.
Era o desespero,
fliiiit4e era a magua irremediavel
do meu abandono irremediavel !
hrralgb E-ra o desespero de olhar o mar,
olhar a terra,
$ud.t4krf olhar os homens,
e achar o mar,
a terra
e os homens tão pequenos na sua pequenez transfigurada..,
Era a magua de sabêr que eu levantÀva os braços ãentrã aá noite mansa
sem que ninguem me percebesse,
sem que ninguem me percebesse !
. Era a mâgua de saber que a minha voz desesperada
o reboava como lun protesto inutil,
sem que ninguem me percebesse,
sent: que ninguem me percebesse !
Era isso que eu sentia, oh! meus irmãos transfigurados,
quando quebrei o silencio da noite
com o meu canto de aniquilamento,
sem que ninguem me percebesse,
sem que ninguem me percebessel...

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de Oswold de An&dde Fílho (Especrbl pcro ESFERA,)


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Polovros em que se fqlo deJeon
Guéhenno, - se porofrosiom e
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derivqm motivos do suo obro


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ii: (Especicl pccra ESFEBÃ)


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:{ Admirdvel Guéhenna! todo q beleza, toda a espercrnça, todo o groa-
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i: dioso contido rrumc só -
pessocl
,Í; Seio Íecundo de generosidcde e de engrandecimento, de simplicidc-
i:, de e de abcrndono de orgulho e de inconÍormaçã,o.
-
Tê-Io, nos minutos gue corÍeÍn, é aspircr q. vida quê se trcnsmiÍe sern-
pre, se elevq, se ultraposso, se perpetuc!
§ingulcríssimc individualidade guê se oÍirmq. e rcrrliz.q, sem atrope-
Jos nem inÍelectuclismos-ultro. A moior símplicidode nq mqior eloguêncic I
Eloquêacio porgue é o expoente maior dc simplicidode, o mqis
expont<rnec aÍ.irmação do homem gue se dá totdlmeate puro, belo - enorrzel
Condicionodo o perÍeiçõo oo momento histórico presente, ele - ó o sím-
bolo do homera perÍeito.' candido sern ser primárío, orgulhoso sem ser preÍen-
cioso, qctuql sem deixcr de projectar-se no Íuturol
-Íudo surgido de ontem yjveu no o,manhã, !
-
SEQIIENCIÃ LO'GIC.ã.

No cperÍeiçocmento de ccdcr particulor é que reside o cperíeiçocrmen-


to do Todo,' no particular, isto é, no irreolmente independente.. o desenyoí-
vimento de -cqdcr particulor req.Iiza.-se parolelomente com o desenyolvimen-
to de todos os ouÍros. O "em si" "em seporodo", é um delírio de meÍGÍísicos
que mofiem o Íoltrr de vitolÍdcde rejuvenescente. Tudo se reqlizo aurno dire.
ctriz simultqnesmenÍe determinoda e determinqnte, Íenómenos lonçodos
ú vidcr pard ncÍ yidq se rcqlizqrem e dissolverern. -
E o operÍeiçoomento de cqdq indivíduo, justomenÍe porgue implico
um operteiçoomento bperteiçoamento aôo dr'recto rnas iadirecto; aperÍei-
çocmento pelo somotório dos progressos intimq,mente dissolvidos) de Íodos
os outros, é indice de cperÍeiçoomento do ?odo.
-
VIDÃ EXPONTÀ,NEÃ. E' VIDÃ VERDÀDEIRÃ
Orq., o grondezo dq vido. reside nq vidq mesmq, nos Íenórnenos to-
dos gue compõem o. vido. Se c vidc é simpiicidcde e- expontqneo, quqnto
mois_sirnples e expontcnecmente se q.Ífumc{rem os Íenómenos gue compõern
q vidq, fqnto mais vido é q yj.rjq.
codo indivíduo, componente dos tenómenos do vidq, será Íonto mqÍs
ligna aÍfumoção de vido, - quanto com mqis expontoneidode se entregcr
á vido.
A humonidode,_é_um ienómeno generalizodo de vida cctuante. Iogo,
quonto mqis humqnidode por coda individuo, quere dizer: na propor{ão
da simplicÍdode com gue êodo urn se obc,ndonq - intrinsecqmente c toáos,-
qssr-rn esse indivíduo se cÍirmq. tanto ma,is dignomente humqno
tqniomais-
eloguente aÍirmação porticularizada de vidc qctucmte. -
Iulho, 1938

O CONTÃCTO COM O MUNDO REVETJI JI PERSONÃIIDÃDE


MÀIOR E METHON
Noda Íemos, pois, o rececr que o homem, por se conÍundfu no todo,
perco fts cqrqcterísÍicqs durna-personclidode vincqda. Porque c personoii-
dade aÍirmar-se-á desde guê o homem a possuq em reqfidcáe. E c'busca do
olgingl pya igual, porq se distinguir de todo+ é umq aÍirmação
-nio.ser
de individualidade, sim, porém de individiciidade sem -individuolidad,e pró-
pria. Porque c personcliáade reside intrinsecsmenÍe noguele que,
""* ii*
meditoçôes,- se s.bqndons co cosmosl r se entrega á suà própria ralização,
ltu:: {" prÉvys rleduções ou de prévia delimitofõo de caminhos. porgul c
individudlidode ndo nosce,' o indiiidudlidade Íoi-se.'Nosce o indivíduo) sim,
mos (I individuolidade Íormq-se no contccto corn os individuos
ver socr:cl ccÍuante. - no convi-
HoÍding, em "Les conceptíons de Io vie", cponta com húcido conheci-
rnento e qrgumentaÇão, gue o homem não se redlizo do simples porcr o corn-
plexo mos sirn do complexo püs o simples, guero dizei: pdro o uno.
Uniticqr, eis pots, individualizor, eis pois - personcliscr. -
Entregue-se o homem do -meio, ospire - dele tudo quo,nto possa ospi-
rqr, e cssim se individuolisqrá, e qssÍrn se qÍirmqtá condignomente .humaáo,

JT SEGUIR
Humo,no, isto é:
participonte directo dos Íenómenos intrínsecos gue
o
- e o projectom e vivi.
movr'nnenfcnr vido, e Jhe dão rcdlidade cctuqnte
ticom -
e q enqÍqndecem e reoliza.m.
-Porgue vivêIq expontcnecrnente nôo signitica vive-Iq indctivamente
1 tonge do seu Íumor e do seu sentir. SigniÍico sim, vive-Iq ncs pcrticulanr.
dades váúas: indirecto,mente e tambern dfuecÍarnenÍe
do sobre o subconscíêate e inverscrnente - odeconsciênte
Íenómenos
octuca-
denÍro e tenóm*
nos de tóto - pcralelos.
inter-relacioncmento de ritmos
-
E Guéhenno é o homem que vive integralmente, redlidade inÍerior
e exterior, integrcção de mundos Íísicos e de rnundos- psíguicos
-
JTINDA O MESMO MOTIVO; DERIV.â.DO !
-
"!'accord gue Ie peuple n'invente pcs les ideés. Mais Cest Jui gui les
gaide. II est Ie vaste coeur ou la civilisatÍon s'instqlle, prend sont ryihme-.
Estos pcrlovros leern-se no capítulo "I-ihumanité et les humdnítés" do
"Conversion o 7'humq.in" de GuéÍrenno. Sôo polavras grandiosas gue su.bIi-
mqm tudo. EIos condensctm q mciravilhd dos concepçôes eterncrnente yi-
vss e cr todo o momento .lumÍnosqs. Ãs ideia+ sim, nai é o povo õ. ;; ;
- épsíguico odo povo é que
v_elÍa porem povo gu_e cs recebe, enriguece e prolonga,,{ áíssolução
delos no rnqrcq o progredir ãonstante do homem; é
ele, nelos disperso e victorioso, que indica o índice de engrondecimento co
lectivo dcr espécie. E quem inventcr os ide]'os é o homem-de cultwo é
intelectuql, é o perscruÍcdor dq vida Íenómeno real cctuante Mqs - é oo
- medids desse próprio estsdo
intelectucl na - progressivo do c,lmq, populor;
porgue só os ideios snÍeriores, a todo o mornento diÍundidas no-subconsci- -
enÍe dos mossqs é que criq.m e reo'Tizdm, é gue tormdm c reclidade gue
hq-de consu.bstoncicr os ideias posteriores.-

ONDE OS INTEI,ECTUÃIS DEIXAM DE SER

Nõo esguece Guéhenno q "Trq.hison des Clercs,, de Bendq, e vqj á


conclusõo de gue tqlvez hajo,, mais do gue umq trohison des clercs, _ che_
ga o.opinião áe gue o que'h.o, é,-porventurct, umc- toição da própiia cuJtu-
ra. EíectivamenÍe, tern-se veriÍicodõ gue o culturq, rro súo grorà. e*&
desvirÍuadc dq sug Íunçõo (tiize-se: htnção inftínsecq, iaerenÍe q ilarte,
si mesrno.
Fi::- '1': :i ::, :{:::::if,: :ii:'tr1:Y:.i:l!i,:1ii::qj.li:f :ri?i41ái.4iiri.!iln.E:5rf+:..j.1iis_tl:t:{1Jli:r.a1f l..i
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ni Não deterrninqdo c copricho pessool). Sim: veriÍico-se, de tq,cto, gue c cul-


n
'*' tura esÍá longe de preencher o seu lugar. O conceituqdo de Guéhenno, to-
ii dqvio., conguonto eminenÍernente generoso, não Íne pqrece inÍiromenÍe ocei-
{_
gll tável Tampouco, cpescr de mqis reduzido, o próprio de Benda. Se bem ob-
E:
E.: servcrÍnos, q culturq não fiaiu nem traíram os intelectuq,is. Tru.íram, sim, qI-
§ guns homens de letrqs, e, conseguenternente q cuJturc desses }omens de Ie-
I tras. Se cdrnitirrnos, mesmo, gue todos os hornens de letros hovioim Eaído, o
t.
t:
r gue signiÍicd gue igual havio íeito toda q ctilturq, isto é: o culturc des-
ses homens de letrqs, isso nõo dirio, o,indo, guê q -culturq, e o- pensomento in-
telectuol houvessem troído. Porgue umcr coiscr é o intelectudl outrq q cultu-
ra; a cultwq é o objecto,'o intelectual o pessoo. Alioz, a culturq, gucndo
-
tal Íizesse, deixqvq implicitamente de ser culturc. Ídem o intelectuql.
PÃRÃ Ã TORMÃÇÃO DE HOMENS HUMÀ,NOS

Ãs Íorres de mqrÍim nôo sõo já toleráveis senõo no medida em gue


representcrn tefieno Íecundo de pesguisc especializcdc. Todo o hornem gue
obondono o suc razão íntimq de ser, negcr q vidc que lhe Íoi oÍerecids
-
mg,tq, o vido gue the Íoi dodo pcro realiz,ar-se vivendo-c, e yiyendcr-s, dis-
so]ver-se.
k Redlizcr-se, o homem, é aproximar-se dos drqrnqs íntimos dqs :uqsscs
ê,, onónimas não pcrq oumentcr, nos períodos de decadencic cs "hostes
í.
bárboras" - como Jhes chornq, com propriedade, Fidelino de Figueiredo
mcrs pcrÍcr Ihes insuÍIor o "elo;n" gue vinculo o superiorisoçôo progressiva-,e
-
t..

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o rejuvenescimento constqnte duma humanidcde sempre mcrior e sernpre
4-: mcis humonq.
ft. Mqior, pela eloquência insoÍismável dc suo simplicidade e do seu
q expontcneo mais humo,nrr pelo apuromento dos voriqdos pornenores
s:
t- -
pela personolisoçâo e conscienciolisoçôo dos individuos seus componenÍes. -
r Moior e mois humqno pela Íormoção dos àomens conÍiantes -- orqu-
Ihosos e solidários.

(Portugol)

Á Natu reza, o Homem e a Cukura no Brasil

O escritor crrgentino Ãtílio Gcrci<r Mellid, estó trobclhcndo nc prepqqçõo de


um livro que se intitulsrá "Raiz e destino ds nqcionclidcde brcsileirq" (Ã notureza, o
homem e q culturq no Brosil). Muitos copíiulos desso obrcr estão sendo publicados no
decqno dc imprenc crgentina, "La Copitol", de Rosário.
Ãtendendo q que o sr. Gqrcic Mellid se propõe q oÍerecer ó.A,mérico Espcnho-
lc umc notícic qtual e vivo da literqtura brqsileirq, considerqmos oportuno chsmcr cl
ctençôo de escritores e editores, pcrc que lhe prestem o colaboroçõo que merece pelo
seu belo e nobre esÍôrço, enviondo seus livros e sucrs edições pcra: C.â,ttE RINCÓN,
I37 Buenos Ãires.
-
.'!§sã"r=:t=+:rr
íulho, 1938 It

OS DEVÃ..NEIOS
DO GENERAL
ERICO VERISSIMO
,{bre-se umcr clqreirq qzul no escuÍo céu Animodo qos poucos PeIc ilusão de
de inverno. vido gue lhe'dá o sol o generdl entresbre
O soI inundo os telhqdos de lqcqrecon- os olhos e devaneiq.
ga. Um galo salto para cimo da cêrcc do lacorecongal Sim senhorl Quem dirio?
seu guintal, sccode q crisÍs vermelha, que A qente nôo a conJrece rnqis. Ãres de cidc-
Íulguro, estico o pescoço e soltc um cocoricó de. Automóveis. Bádios. ModernÍsmos. Ne-
olegre. Nos guintais vizinhos outros gclos gro quasi iqual a brcnco. Cricrdo Íõo bom
respondern. como patrõo. Noutro tempo todos vinhcrm
O soll ,{s poços dágua gue cs úItimcs pedir c benção oo genercl Chicuta, inten-
chuvss deixqrq,m nos ruqs se enc}ern de tendente municipal e cheÍe político. d opo-
ioias curuscontes. Crionços soern porc Íorc siçõo comic Íôgo com êIe.
e vão brincar nos rioí enqcpelodos dqs sqr- O general sorrí a unz pensqrnento trc-
getss. Um vento Írio oíugento crs nuvens pcr- yesso. Noguele dio todo a cidcde se alvo'
rq os bcrndas do norÍe e quondo a gente vê roçou. Tinho cparecido no "Voz de /ccore
o céu é todo um clarão de puro azul. ccrngcr" um ortigo desqÍorqdo gue Íoda a
O generol Chicuto resolve enÍôo ssir da gente sobic erc dtuigido cr Chicuto Campe
toc<r. À toçr: é o qucrÍo. O gucrto Ííca no Iargo. Não trazid qssincturq. Diziq qssirn:
coso dc netq e é o seu úItimo reduto. Aquí "A hieno scnguináricr gue bebeu o songue
nc som.brs êJe passo qs horqs sózinho, es- dos revolucionários de 93, qgorcÍ tripudia sô
perondo o morte. Poucos rnóveis: q camrr. o,n- bre q nossc pobre cidqde desgroçada". Erq
liga, a cômodq com popéis velhos, rnedclhcrs, com êile, sim, nõo hoviq dúvido. (Corrio por
relíquias, documenfos, lembranças, o cadei- todo o Estado c sus fqmq de degolador). Erq
rs. de bolclnço, o retroto do senador, o bus- corn êIe I Por isso o cidcrde tinha pegado
to do Pqtriorcq, duqs ou Írês cqdeirss. .. E tôgo oo sqber dq históriq. ÉIe gucsi estourou
recordoções... .Recordoções dum Íempo de rqivq, qo ler o oil.igo. Enxergou verrneÍho.
hom que pqssou, potiÍesl dum mundo de Pegou o revólver. Lotqou. .Resmungou; Pc-
qente diÍerenÍe dq de hoje,- cqnqlhqs/ tiÍe! Conolhcl Depois Íicou colmo. BoÍou q
dumo lacarecanqo possivc e ordeiro, dóci| Íordo de genero.l. Foi paro q Intendêncic.
e discipJinodc gue não Íq.zio nqdo sem or- Mq.ndou chamo.r o Mendo.nhq, dfuetor do
dern do general Chjcuto Campolorgo. jornal. O Mendonhq veiu. Estqvo pálido. Erd
O generol qceÍtq o convjÍe do *soL Vai qtrevido, mqs covcrde. Entrou de chcpéu na
sentor-se á jonelo que dá poirq. cÍ Íua. Cá mão, tremendo. Ficqrom os doÍs sózinhos.
está êJe com q, cobeço otirado pa:a trás, Sente-se, co,nqlha!
opoÍcdo no respaldo do poltrono. Seus oJhi- -O Mendo.nhc sentou. A general se Ie-
nÍros sujos e diluidos se Íechqrn corn medo vcntou. Brilho.vo.m os díqmqres dourqdos
do violênciq dq Luz. E êJe orgue jo., porque a contrq o negro do dóLmon. Tirou do. gqvetq
cqminhqdq do quo.rto ate o 1enelo Íoi peno- dq mesq a página do jornal que tro.zia o ar-
sq, canscÍivq. De seu peiÍo soi um ronco tigo. Cominhou paro o adversário.
guosi de aqonic,. Abro o bôco/ disse.
O general posso c rnõo pelo rosto mur- -Mendqnhq qbriu,- sem dizer pcJovro. O
cho: mão de cqdá,ver posseondo num rosto qeneral picou a página em pedocinhos,
de cqdá,ver. Sucr .borbichq brq.ncs. e rojq es- qmqssou-os todos numq rods e ofochou a
voqço q,o vento. O velho deixq. cc'.fu os bro-. mc.çcrroccr no. bôco. do ouÍro.
ços e Íico imóvel corr,o um morto. Comcl ordenou.
Os galos contam qindo.. Ãs cr:onçcs -Os olhos de- Mendcnho estavom q.rÍega-
gfitom, Um preto de carq reluzente pqssc Jcdos. O songue lhe coloria o rosto.
olegre ns nto, com um cesto de laranjos á Como! sibiJou o generaT,
cobeça. -Mendonho, -suplicovo corrf o olhu. O ge-
t2 EsÍero
leÍcrl encosÍou-Ihe no Íeito o ccrno da rcvó|- oÍcgue se Íez. Foi umq ternpestcde. Nõo Íi'
ver e disse com tqivq mal contidq: cou nenhum revoTucionario vivo PaÍo con'
Coma, coÍagestel tqr pros outros. Quando c mddtugada
-E o homem coÍneu. raioi, q luz do dia novo coiu sôbre duzen-
Um qvião Possa toncq,ndo Por cimo do tos hornens degolodos. Os corvos vocvo'm
ccrso, gue trepido, O general tern urn sobres- sôbre o ccompcmenÍo. O
general -pqs-sou
mortos. Encon1rou conhecidos'
sclto áesogiodável. A sombra do-'gronde pelo meio dos
póssoro dé oluminio se desenhq I& embdi- Aúigos ccmqrqdos. Deu com. c cabeçc dum
no espêto- gue serviro
io no chôo do idrdim. O genetal taz para primo-irmão Íinco,dcl.
o qr um gesto de crnecçct. na tarde qnterior pcro asssr churrasco. Es-
Pátitesl murrruro Voqabundos, tremeceu. Mqs umq Írqse soou-Ihe nc nren-
-
ordinários! Nôo - têm que -
Íazer? Vão pegat te: "Inimigo nôo se PouPcr,".
no cabo duma enxadq,, seus cqnolhos. O generol c,gorrr recordq... Bernorso?
E tica olhqndo com ôLho hostil o ovião Quoll Úm homem é um home:m e um gcto
qmorelo guê voq renÍe qos telhcdos da ci' é um bicho
dcde. Lo,mbe os lábios gretados. Sêde. Pro-
No tempo dêIe nõo hoviq dessos dtogas, cwa gritor:
dessqs molditas má,quinas, Porcr gue ser' Petronilho!
vem? Pqrcr mqtqt grente. Pora qcordo; quem - A voz gue lhe ssi do gdrgcnta é
dorme. Para gastor dÍnheiro. Pancr q guerrcÍ, tõo remoÍc e apcgado gue PqÍece que vem
tombém. Guerrss de poltrões, estcs de hoje. 1á de longe, de 93.
Antigamente se brigcvq em cclmPo oberto, Pekonilhol Negro scÍadol Pehonilho!
peito contra peilo, homem conttd homem. -Corneça a bater Íoile no chõo corn ct
iíoje se metem uns covordes nuns bichos dês- benqalo, Íienético..{ neta dPcrece í-Porto.
ses gue voqrl e 1á de cima iogam bombqs, Traí nos môos duos dgulhás vermelhas de
traiçoeiromente, nd inÍontoúq. tricô e um novelo de Iõ verde.
O generdl rcmergulha no sonho. Que é, vôvô? Perguntcr elo,
93... Foi Jindo. O Bio Grande cheirdvo - Moneu o gente - dlsto casa? Ninguém
q sdngÍue. Qucndo se aproxirncvq q horq do otende. - Conalhcil Onde está o Peftonilho?
combote, o general licova assonhqdc Tinhd EsÍá Iá Íoro, vovô.
perto de cincoentc qnos rnqs valia por um - ÊLe não ganha pro cuidu de mim?
rdpogão de vinte. Então?- Chame êIel
E por urn insÍonÍe o general se revê Nõo preciscr Íicat brsbo,, vovô' Que
montqdo no seu tordilho, teso e glotioso, a é que - o senhor quer?
espadc chispando ao sol, o polc vosndo co
Quero um coPo dáguo.
vento... Vejam só! A,gora esÍá cgui'o ccco - Porque não tõma suco de latanio?
velho,. sem Í.ôrça, sem serventÍo, espercndo - A'quo eu dissel retnrcc rísPido o
cr todo insÍqnte a visita ds rnorte. -
genral.
-
Morte... Mentqlmente o generol vê A neto suspirc e sai. O qeneral se en-
umo qarganta o.berto,, scngrcndo. fechq os úega a pensomentos cm,qrgos' Deus negou-
olhos e penso naquela noiÍe. Ncgueic noite tne nlnis homens. Deu-Lhe umcr imico Íilhq
gue êIe nõo esgueceu. IVogueía noite que é mulher que moffeu no dio em gue cÍovo c
umo recordqçôo gue o há de ccornponhcr luz umq neto. IJma neto! Potque não um
de-certo oté o outro mundo.
neto, um homem? Agoto aí está s luventí
Os seus vanguordeiros voltcrq,n pcr:rr. nq,, metiq o dia inÍeiro com tricôs e Íiqutinos'
dizer que a Íôrço revolucionáriq esÍovc dor- ccrsqdq com um bachotel que Íola ern socicr-
mindo desprevenido. Si se Íizesse um atq' na, metidq, o dio inteito com tricôs e Íigutinos'
que rápido, elo seriq opanhada de surpre-
que pregcr a igualdode. Há seis crnos ncsceu-
ia. O grenerdl deu um pulo. Chomou os oÍi- in i*íilho. Ho*.m, oté que entim! Mqs es'
ciais. Troçou o píono. Cercqriqm o ccornPo-
tó sendo mal educodo, Ensinam'lhe bocs mq-
mento inimiqo. Marchqriqm de rcstros e o
TransÍormqm-no num rncricqs' Pcre-
um sincl cq.írictm todos qo Ínesmo tempo sô neirqs.
bre q tropo odormecidcr. ,{crescentou com ce umc meninq.. Tem q pele tôo delicadq,
energia.' ''lnimigo não se pouPq. Ferro nê- tão maciq, tõo corqdq. . . Chiquinho' ' ' Nõo
lesl" Sorriu com o cqnto direito dc bôco. tem ncidc: gue que lembre os Campolorgos' Os
(Como a qente se lembra dos mínimos deta- Compolorgõs brilhoram na revolução
. Ihes...) Pqssou o indicqdor dq mão direifq de 9â, na'guerTa do Paroguoi e gue aindc
pelo proprio pescoço, no sirnulqcro dumq deÍenderam a govêrno em 23,
ôpercgôo ftcrmiliar. Os oÍiciois sorriorn- O Um dicr êIe lhe Pergunlou:
Iulho, 1938 13

Chiquinho, você quer ser genercrJ enÍ.ermeiro. Ãgoro qoz.o. Ptovoca. Desrespei-
- o vovô?
como to. E Íico, rindo... Pede c Deus que the per-
E o pequeno respondeu com voz de rne- mitq ver o Íim. O Íim não to;rdo,. E questão
rrino.' de meses, de semqncs, tqlvez oté de diqs...
Nõo. Eu quero ser doutor como o pcr- O diobo morÍe oos poucos. Pqssou o inverno
pai. - metido nq tocc. Conyersando corn os seus
C qnolhinho !
P qtitinho ! deÍunÍos. Gritondo. Dizendo desaÍoros. Dqz-
Petronilho entrq, ftq,zendo um copo de do vozes de comqndo: Ilornper Íôgol Cessar
suco de laronjd. Íôgo! Acompor! E dizendo coisqs esguisitcs
cssim: "V. exciq., precisa de ser re-eleiÍo pc-
-O muldto encoJhe-ossibilo
Eu disse águd! o generol.
ornbros. ro glória de nosso invencível pafiido", Ou-
Mqs eu digo suco de laranjo. trqs vezes olhavc po;ro o "busto e berrovq:
- Eu guero áqua! Vá buscq águo! Co- "Inimigo nôo se poupd. Ferro nêIes".
-
Íageste! Mqis sereao o qeneral extende q mão,
PeFonilho responde sereno ; pedindo. Petronilho dá-lhe o copo de suco
Nõo vou, qeneral de popelõo. de laronja. Com mão trêmuilq o velho bebe.
-O general escobujcr de rqivq,, esgrime Lombendo os lábios corno si ccobqsse
com q bengala procurando inutilmente atin- de sqboreqr o seu proto predileto, o mulqto
gir o criado. Ãgita-se todo num trernor de- vai porcr q cozinha pensor êÍn noyos petver-
sespercdo. sidcdes.
Canolha diz arquejo,nte. Vou O general olhc os telhados de fccore-
- urnos chicotadcs.;
te dqr - -
canga. Tudo isto jo the perÍenceu. .. d.qui
Suco de larania cotntcttolq o mu-
Ioto. - - ê[e mqndovq e desrnandava. Elegio sernpre
seus cqndidatos: derrubavo uÍncÍs, oinulcls
A'gua! Iuventinq! IVegro paÍrÍel Ca-
-
fcgestel
eleiçôes. ConÍorme <r suq conveniêacia con-
denqya ou qbsolvia réus. Certq yez rnolndou
Petronilho soní:
Suco de laranjd, seu copiÍôol dq,r umo sovo nurt promotor público gue
-O general com um qrito de Íero Íerida não the obedeceu c ordem de "ser brando
Grremesscr o benga,la nq direçõo do crjodo. no ccusoçôo", Doutrq. Leita cofieu a relào da
Com um movimento de gaÍo Petronilho que- cidqde um juiz gue teve o corodurisrno.de
qssumir cres de iategridcde.
bro o corpo e Íoge oo grolpe.
O qenerol se enÍrego. Atirg. q cabeça O qenerol Íechq os olhos e sonhc com
poro Írós e Íicq, de braços coídos, o oÍgue- q suc glória ointigo.
jor. A ronqueíro conÍinuq. Um grito de cricnçc. O generoJ boiiza
Petronilho sorrí. Foz tres onos gue ossis- os olhos. I-o. no jordtm o bisneto brincq, com
te q esÍo oqonio. Vê e gozd. Veiu oÍerecer- os pedregrulhos no chõo. Seus co.beJos lou-
se de propósiÍo pcra cuitar do generol. Pe- ros estão incendiodos de sol. O generol con-
diu apenas cosg, cornida ê roupcr. Não quiz templa com tristez.q e se perde em divogce
mqis nsdq. Só tinha um desejo.' ver os úIti- ções.. . ,Êà
-l
mos dias do Íéra, Porque êIe sobe gue Íoi o Que será o rnundo de qmonhã, no tem- ,.!
'.d
general Chicuto Campolorgo gue mandou po em que Chiquinho Iôt homem Íeito? Mais .4
qviões se cruz,qrão nos céus. E tetá desapa- ;l
m<rtqr o seu pai. Oh! Ele era pequeno mcs r-*
ü
se lembrq. Umq balq na cobeça. Os miolos recido o úItimo "hamem" do Íace d , teuq, 'B
escorrendo poirr: o chão. Só porque o muls- Só restaráo idiotcs eÍemínados , crioturcs
to velho nd itltimo eleiçõo seryircr de cobo gue ccreditcrão nq iguaidcde socio| gue 'l.q

eleitorql pcucÍ ct oposiçôo. O generol chc- nôo reconhecerã.o cutor'dode, gue náo se -t!
.#
Ínou-o &, Intendencid. Quiz esboÍeteá-Io., En- lembrqrão mois do glorioso pcrtido, nern :;J

conftou resistência. Foi desÍeiteodo. No ou- dos feitos de seus crntepassqdos,


tro did. . . nem... Ohl Nôo vo,le q. peno pensor no gue
Petrcnilho compreendeu tudo. Muito será. amq.nhã o mundo dos mqricqs, o mtzrt-
menino, pensou no vinganço. Corn a correr do a gue há de pertencer o Chiquinho, to,l-
do tempo, esgueceu. Depois tudo melhorou. vez o Ítltimo dos Carnpolorgos!
O general perdeu cos poucos o presÍígio. E, arquejonte, se enÍrego de novo oo
Ííoje os jornois já Íolom na "hienq que be- devqneio, qdorrnenÍado pela corícia do sol.
beu em 93 o scngue dos degolodos". Nin- De repente Chiquinho entrq. nq, sqlo cor-
guém dá rncÍs importonciq qo velho. Che- rendo; muito vermelho.
gou-lhe qos ouvidos a notício. de gue o Íérq Vovô! Vovô!
cgonizavo. Entãq êIe se opresentou con2o -Trqz q. mão erguido: seus olâos bfiLharr..
Esfera

HAI-KAIS
1âdaraial 1u,tn " fulom." 1

Borco
i De pie en su proc !:
El libro es unct barca
que no zozobtq.

Prédicq
i Ãl arte, hombres!:
Lq emoción es Io vaina
de lcs pasiones

Frqcqso
Te hcs suicidqdo
con eI puflo1 de un sueão
no reqlizqdo.

['.rooo Y.l*out

Pára o.o pé da poltrono do general. Olega. No primeiro instqnte, o generol perde c


Mostrq... voz. no choque da surpresa. Depois murmu-
A, largatixq, vovozinho. . . rq., comovido:
-O generol inclins c cobeça. Umt lanqo- Seu patiÍe! Seu canclha! Degolou a
tixq verde se reÍorce nq md.ozinhq deJicqdq, -
lagartixo? Muito bem. Inimigo nõo se pou-
manchqdq. de songue. O velho olha paro o pc. Seu patiÍe!
.bisneto com qt interrogador. A,lvoroiado, o E oÍaga o ccbeço do bÍsneto com umct
rnenino explica.' luz de esperqnçc nos olhos diluidos.
Degolei a loqortixo, vovô! (Especial po;ro "EsÍera")
-
Iulho, 1938 l5

A.ntife
MNM
a PORTINARI
Crrl^ V,,rrrr*rra de .&nr.onie

A noite desceu. Que noife/


lá não enxergo meus irmôos.
E nem Íão pouco os rumores
que outroro me perturborvorm,
A noite desceu. Nqs ccsqs,
?os Íuqs onde se combote,
f,o" desÍalecidos
"o-po"
q noiie espolhou o medo
e q total Íncompreensâo.
A noite cqíu. Tremendq,
sem esperorça... Os suspiros
ocusom umq Presençc negra
que porolizc os guerreiros.
E o qmor nõo a.bre um cqminho
nq noite. A noite é mortql,
completo, sem reticêncios,
q noite dissolye os -homens,
diz que é inutil soÍrer,
q noite dissoJve cs pátrios,
apqgou os qlmirontes
einÍilonÍes/ nqs sucrs tdrdo.s,
q aoite snoiÍeceu Íudo..
_

o mundo nôo tem remédio...


os suicidos tinhom rq,zão.
Auroro,
entretonto eu te diviso, q.indo tímido,
inexperienÍe dos luzes que vois qcender
e dos bens que reportirá.s corn todos os âornens.
Sob o úmido véo de suspirog gueixos e humilhações
e_u ocrediÍo gue sobes, vdpôr, róseo, expulscndo q. t evc:. noturnq.
O triste mundo ÍascÍsÍo se decornpôe áo conÍaÍo de teus dedo+
Íeus dedos Í.rios, que oindq, se nôo modelqrqm
mos gue avcÍnçam aq escuridõo como um sinal verde e peremptótío.

Minho tadiga encontrqrá. em ti o seu termo,


minhqs cqrnes esÍÍemecem no certezd de tuq. vindd.
O suor é um óleo susye, cs rnõos dos sobreviyentes se enloçcnr,
os corpos^hirtos adgur'rem umcr. ÍIuidez,
u_mo inocênciq., um perdõo st-mples e mccio...
Hovemos de qmonhãcerl O mindo
se tinge corn os tintqs do dntemqnhã
e o sdngue gue escorre é doce, de tõo necessórjo
para colorir Íucs póIÍdos Íaces, cluroro..
(Iaédito).

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ESENHOS DE FRANS MASEREEL

é-_ ---lí\\

f.*^- I(ii-r\

I Ve "Clorlé"
(Poris)
EsÍero

Esquemq porq um ensoio


sobre "A orte como crioçõo
livre e inqlienovel"
ADOLFO CASAIS MONTEIRO
Crioçôo e liberdode ilmplicom'se: o cr- oldeirn do quol resr-rtlto cr iisionomiq geroX
tisto, o filóso{o, o hiornem de ciêncio, totdos; d,umo culturcr, é inesóvel q,ue sê podem es-
poro se surbrneterem ós Íôrços do Espírito, tqbelecer nurmerosqs, orl'rrielhor, inurrrrerá-
tâm de ser insubmissos peronte guo,isguer veis reloções de couscr-eÍeito, de determi-
fôrço,s exteriores qure os4rirem cl ditcr-Ihes o nqnte,determinad,-:; e nõo se pense, genero-
que só Aq'r.rrêle,pode sco)rer,se sáo o,u nóo vó- lizcrndo opress,odomente umqt oÍinmoç6o
lidos. Liberdode é, hem o rsei, ,urnc palqvro qindcr impre,ci,so, qu,e pretendo reclqn:icn
da quol se tem uscrdo e dbusqdo, por vezes poro q orte umq totol irnunidctde no rneio
corn inteiro inconscÍêncio do seru vqlor so- dâsse voi-vém de influêncios e dê implio*
grcrdo. Isso nôo é porárn rczõo gue íustifi- ções. Pretendo sim -j- lembrondo qo rnêsmo
qu,o o riscó-lo d,o nos'so vo,ccfuuüório, pois termlpo qlle qs suos criogões s,áo um dos qs-
que por elo se entende uma dos' deter,rni- pectos mois próprios rpora veri{icqr o cqrá-
ncrntes essenciqis dcr crioção estótico êm es- cter esplecíÍico durmq ou,Iturq Ícrzer obser-
peciol, e do oultutrq em gerql. -
vqr guÍe o orte, se formos o estobelecer urnct
qs tentqtivqs de torsõo do octivi- hierorquio (que seró oliós Íorqosomente qr-
Jomiq'is
dode estéticcr criddorcr, plor {l[ns inserôncio bitrório) dos crioções do tespírito, ou, se en-
estrqnhq, dero,m outro res'ultqdo gue nõo contrcná no cume, our pqr q por oom a reli-
fôsse o crbostorddmento dq ourltuuo, pelo si- giõo e q rnetqÍísico,, o,u qindq imediotqrnente
1âncio im,posto cros verdqdeiro qrtistqs e pelo cdbcrixo de ombos estos. E' clcco que estq
gloriíicoçõo dos'psdudo-ortistos, sempre dis' hierorquic Íigu,ro crqui o títu,lo mercrnênle
postos o torcerem-se ê,n'tr q,uctrqr-.ler sentido exempliÍi,cativo,, senr, qÍure, qu,olquer d,os rno-
por isso mesmo quie sci:o intelectuqlmente in- dolidodes ocimcr crpontcrdqs mÍe pcneç:q con-
vrertebrodos e que cÍ su<r otitude é sempre a ter grqnde vqlor reql, fequ,ndo; ,o qule, me in-
de obedecer: não irniporto que ,sejo ct utrnct teresscr ó qcentuqr que ,cx qrte nõo qstó nun-
estóticcl em' modo orl cr qual,qr..ler sruqestão ccr alccrixo de quroisquer poderes qu,e nõo se-
que nodo tenhcr q ver com a crte.. jum ros mois elgvados poderes e'spirituais,
Contudo "o silêncio imposto oos verdq- se é qure está crbaixo de qlqumo coiscr. Aliás
deiro,s qrtistqs" nõo siqniÍicq qúe q voz dês- toi noçáo de dependênci,o,, nesto oltitude,
tes deixe de se ouvir, trnqs silrnr q'u,e nõo lhe náo póde signiÍicor mois do que "integroç6o
sejqm dodos, ,por ulrni lodo o possibiiidode niurmo rmrqior ornplitude", "olüsão o u,m cnqis
de diaerera ttrdo qucnto têm cr dizer, por ou- alto e iongínquo vértice". ,Sejo pois como
tro qs condições nedeis§étliqs pctrq que ct sucl Íor, q crte crporece-nos car,octerizodq por
obro exerço o funçôo oulturcl o que .o seu ,r.rrnrio guclidbde que o diÍelencio de tôdq's os

volor e siqniÍicodo qs destincriçrm. Aqui oütros crioções e Íormqs de octiiridode do


oindo há contr:rdo rurmo restriçõo o fazer, pois espírito.
ó solcido que umq ohra, guondo reúne os Se q qrte Íôsse itrnitoçõo, é bern corn'
qualidodes neoessérrias ,pcnc isso, nõo deixcr preensível quê se lhe pudesse estcnbelecer
nunco de exercer o ocçõo culturql que estó rrrn progrqmo, írnorql, sociol 'ou político:
ncr rozõo directo do seu volor sómente com e{eitol as noções de io:aitaçóo e de for-
nóo o exerce com q (exponsôo - que serio moli,srno co-existem o tol ponto qn:e u,mcr é
parcr deseior, pois quonilo se dõo qs condi- ncrturrcrl c,ciroplemento dq outro, que o intro-
ções crpontqdos o culturq qr'stocrqtizq-,se, duzir uimo é preporor o indispensável sobre'
fics reservodo óqtrêIes que, grqçqs ó suq vir dq outro. A intitoçõo como princíp.io é a
situoção sociql ou económi'cq, ou por ombos consogroção implícito do "forrnc pelcr {or-
reunidos, estõo erm condições excepcionois ,rrlo": q,uondo se trcrtq de imitcn, ,cn Íorma ó o
parc beneficion dela. que irnporto, pois que o princípio vivo ó dcr-
Mqs deixqrr:os o prorblemo do reper- do onteriorrnente, pre-existe; e ,umo coÍr'
cussáo da orte e considerêmo-lcr @encrs ern cepçõo dq qrte que porta dôsie princípio po-
si. No co,nju:nto cie interocções de tôdo o de àceitcn indiÍerenternente qr:clquer mcrtâ
lulho. 1938 l9
rior-rbqse, pois que poú o qlório do cntistcr ressq pqro oqui: oquêle sc,b o qual nos crpo-
nq'rrnelhor reolizcçõo possíve1 dum pro rq- rece como devotodo ó expressão de certo,s
mq que ltle ó oÍerecido c priori. volores, á reolizoçõo durmo cêrto mensqgem.
Mos se considercrnos o orte como req- O que nos interesso oquri ó o liberdode de
lizoçõo especíÍiccr de determinodo virtucli- grire esso rniensrarEernl ,beneÍicicr pqrct nqscer,
dqde hurncrnq, como reolizoçõo de certos é que o homem-qrtis,tcx estejcr livre poro se
vqlores impiícitc,s no noçõo de hoirnem, é obrir q esso obro que lhe,cumpíê, reqlizcr. A
berrn certo que tem,os de Sacusqr qbertamen- liberdode de g,u'e Íolo é c que o impediú de
te q ideq de guie sejo possível dor-lhe urh trqir'cr voz qll edeatro dôle proculo rmrrni{es-
cürso que nõo sejq tricnnnrónico com o dc: tqr-se. Liberdode nõo quere dizer or{citrqrie-
própric evoluçõo h,tunanq. O:q o histório dc dcrde, ctbqndôno oo ctcqso. SigniÍicq, sirn,,
cuilturo inteircr ó suÍicitente pcna veri{ic.ormos ser conÍormd cornr os dons qure se possueÍn.
quie q arte é um dôsses Íarois que nq trevq Orcr o homem nõc escolh:e êsses dons, que
do trurtu,ro qponiqrnr e qnunciorn umo luz que sõo dodos inqtos dq su'o personcrlidode, e o
será o sol de todos, oLir por outrqs polovru,s: qLIe tem é de os desenvo,trver, a êIes e não
que q qrte está táo ocnsutbs,tcrncicrlmente li- o ,quoisqurer directriees gue nõo lhes sejcm
godo oo crvcrnÇo do homre,rn nc conqr.listo de conÍormes. A liberdOde'do ortisto estó pois
semple novos nrrundos, que os seus criqdO- ern ser ôie próprio, ern conscienciclizqr os
res anticipcrrmr sôhre o estqdo trrresente do seras d,ons, sr:, deseryrrolver hcnmoniosomen-
evoluçõo cu'lturqi, e-como que estobelecern te q suo per,sonoüidode êm "não vender o
crs novqs di,rr:.ensõesto hbmen:i que voi nos- dkno oo dicrbo". -
cer. Quero dizer: <rs qrqndes obrqs de orte Se q qrte Íôsse u'mo "função de lu:co",
excedem cr oopocidode poro os entender dq náo seriq diÍícil concdder q suo plosticidcde
époco em que nGSCem. Isto ó portám mois peronte o vontqde refletido do hornem. A
do que oQuilo que eltl pretendio crfirrnrcn teoriq dcr qrte como imitaçõo jú mencionodcr
paro o coso presente: pqrq êste, bqstq o impliccr tcunhérni o ,possihilidode de conside.
constotoçáo de gue c qrte, ou lodo o lcdo, á rá-lq lulxo, exerrcício d,u,m,c qrotuititdode sem
Írtente, está nq razôo directa dc tronsforrnc-
fundcrnento em c;uclquer necessidqde pro-
ção do h,omentr, dos sucessivos crrqncos Íundo do hcmeno. Mas é crioçõo, brotccr
pcnq u,mct sempre mais olto e completc ex-
pressõo dos virtuqüidqdes nêIe contidcrs.
dumq fôrço superior a quolquer deterrninq-
çõo voluntéric, cr dsí o irnpossibilidode de
A crte é .urnq dcls formos superiores do segnrir ccrminhos oriitros que os que .ihe sôo
curlturq de codq porro e de codcr ápoco próprios. O fo,cto de nõo sentirern todos os
eis r:rnc oÍirmaç&o bonol. Mos qucrntos- o hornens q suJq necessidqde, de os hcryer in-
tuno, ou rrleis.rno o tôdcs os crtes j,untqs, nqdq sensíveis á músico, or-l ó poesio, ora á pin-
och,qrnr legítimo e o cq)re,goom, que so rnes- signiÍicq. Tom6m a metcdísicq, tcmbéuu a
mo tempo querêm estcrbelecer-lhle proqro- reliEi.õo não encontrofll o menor éco e,m inú-.
mos, hoçor-lhe directrizes, fczêlo servir o meros indivíduos, e isso nõo crs impede de
esto ora áquelc ccrüsq! Orc só no unedido em serenl Íormos imperecíveis do cctividode es-
qule elo é nlmo dos expressões dc liherdade piritr:ral do hoanem. O Homem é oquilo que
do ortisto resulto formq ,superior de cuüturq. os hormêns não sôo: entendemosl ao desi-
Se é crioç&o - e ó no trnedido em qiu,e o for snólo ,c totolidode dos volores, dqs yirtuc'-
resr.rtltq expressáo de olto significodo dentro lÍdode,§, do cyue é e do q,ue pode ,ser, gnre in-
du,mq oulttura nóo pode ser senõo livre. divíduo qlEu,m concêínbou jqmqis qrnr mroior
Lirne siqnificq:- hqrm,oni,oscr com o dincsnis- ou rnenor grou, ccdc honaem porticipo de
mo criccionisto sem o qural umc auüturo é porte dêsse patrirnónio coÍnutm o todos, mos
qpêncs reÍrocçõo durnr dinqrnrismo gue lhe é
irregn-ulqrmente s,urbdividido. Mos é sempre
exterior, Íoltqndo-ihe portcunto os elementos possível gue guolqurer dcs múltiplos Íocetas
de cnriionot^ndo essenciqis pqrq ser rumq ouliu- do Horntem se re,vele, oqui ou oli
rcr vivq. ,4, integroçüo do orti,sta, que o ó onde e
guondo, é irnpossível detertn:rinó-lo: - "O Es-
oindo potenciotrmente, nesse dincr,mismo que pírito sqpro onde quere" s6611 umq crpcr-
tomqrá Íeou,ndas e eryonsivcs os sucs pos- rênoia de orbitrcniedode -poro desconcertcn
sibiflidodes, poreceró q dertos simplútos todos os deterministos do plonetc. Todos os
urno oiienoçôo da suo lirberd,ode. Mas es- vqlores, tudo og,wilo pelo qttre, o homena,se
gu,ecer-se-ôo de que não é o ktomern, que no mostro mqis do que crnimcl, tudo o çErê rncr-
crtisto ó livre. Ao home'rn dentro do qucl ni{estcr q presençxf, do espírito, sôo báns ina-
ncsqê um.crrtistq, podemos consideró-Io sob lien&yeis, é o patrinaónio comum
dols pontss de vistq, dos quais só um inte- e devq.
riq ser parc os homens mois una -lcç:o, rnois ,
Tl:?Elry-f.$?r,tiÍ.T§:,1'{ÍyjtrrliiFr.irri'r:XÍr"Ii;{iS+.dr ilti*ãi{í,

20 EsÍerq'
umo ,bose de hormonio, pois vem q ser o (se o Íor, cloro), m:os crioçôo náo srtísti.co, e
gue por suq noturezo nÕo pertence nem cI o orte consistirá ern dqr umro belcr lormq cr
u,rn ,só homem,, nem o umcr só costq, nem q esso idéo. Orq um qrtistq po'de' dizer que
um s,ó povo. e sir. q tcdos indistintomente, p,reiende ou pretendeu troduzir sob {ormq q'r-
visto nõo pertencer o nenhurm e,m porti- tístico cietenrninodc ideo, q verdqde ó que,
culor ncr suo totolirdode. se é de íocto u,m ortisto, nãjo troduziut esss
A exisiônciq de {ormos e de géneros li- ideo, porqrl: o tê.Lo Íeito o seu trobclho nôo
terários. mos princip,qlmtente o doquilo c teric sido o dr:,m ortistoa mos o dum ortíÍice.
qure se der.r o nomro de "Íonrno", nóo contri- Nõc há permutc do orte co'rn quolquer ou-
buiu pou'co poro desvior os tromens d,o ver- tro Íormo de express,oo; eis 'Lllm ponto fundc'
dode pelo que tc,co á evidêncio de cr orte mentql, e esquecê-lo impede-nos de enten-
ser prim,oiCio,lnr:ente crioção. Com eÍeito, o der ,cs íenómenos do ctrioçõo ortístico ncr
idecr de que o trobolho do qrtisto estó em sr.rq esirurturo proÍu,ndo. Exp,liguremo-nos: hó
dqr Íormo o uiÍno certo mqtéricr, quer o tire no Homem,, e,rr:r3iliíestom-se em olqnnns, cer-
de si rpróprio quier q vó br-lscqr á suc exroe- tos dons inotos, onteriores cr quqlquer crpren-
riôncio o,u ,olo ponorcÍmo quê o vido the oÍe- d2crgem; êsses dons p,cdem ser qbsolutq-
rece, desso ideo, jó de si símplisto e porton- mente intuítivos, rnioniÍestqremrse tois como
to ocntendo um Eérmen de folsidode, pos- surgem num eqpírito virgemr .de guolquer
sou'se Íácilmente á de que o pcrpel do qrtistcr culturrq,; temos um exemplo, que escolho en-
está oprenos nessq Íua-rçõo de dcrr Íormcr. A tre rnu,itos. em c1:rots poetos lírÍcos, como
idecr de Íorrmrr torno,u-se cotegorio do espí- Joõo de Deus; ot-ti qrxdcr e,rfl certos inspirrod'os
rito, odquiriu independêncio, e pode dizer- (metoÍísico-reliqiosos). E cqso' mois cor-
se que crte e Íorrnq pclssqrqm a ser, pnáti- rente pcdem reclcrtnqr um trcüotlho de'rni-
comente; sinónimos. Estcrbeleceurse, ossim nq que - ó reolizodo pelo culturq, no sentido
que cricrçôo ero trCbolho purom.ente Íormoi mqis lcrto desto expres,sõo: contqcto e pene-
e doí qdorism,o: "cr ctrte é,umrq lonqo po- troção entre o mundo exterior e o interior.
-ciôncio".o Pqrcr êstesr o donri em bruto nõo é,senõo um
A idec de qrte com sendo Íundqmentol- ponto de portido, e cúc pri,meircr activildcde
men{e Íorm,o nõo permiie pois qure se con- consiste em impeli-los pcnq o conquisto dc
cebq nelq o crioçõc senão cormo estcrbeleci- oulturo, crtrcrVés cio qucrl, oo contocto dcr
mento de novcrs :elcrções e combinoções Íor- qucrl, se descobriráo, e ás suos possibilido-
mois. Segurndo elc, q outrq crioçõo nõo será des de expressóo. Orc êsses dons cor-
artí,sticcr mos de ideqs; por exerqplo, num respondem q vqlores, cr "reolidode psígr*i-
poemo sôbre o destino h,umono, só o ideq cos", q esferqs do conrtrecimento diversos.
que servir de bose oo poe,mo seró criqçõo Os dons que Íoz€m de detenrninodo indiví
duo qrtisto, místico ou metqdísico, nôo os Íq-
zern indiÍerentemente riim.cr coisq our .outro,
emboro possom encontrot-se reunidos no
MATERIAIS mesmo homern m.qs neste cqso, bem roro
crliás, n&o sõo -um único dom fendo vários
Ídces, mos sirri vinios dons. Se fôssem vias
DE C0NSTRUÇ0ES diver,sos p,orcr troduzir,. sob vórios cspectos,
urn mesrnro fuuedo, tois dons sericsrn urnr dom
úni,co, ou entáo êste consistiriq no poder de
o exprimir sob essos diversos formos. . . Orcr
Telhqs, mcrnilhcrs, tiiolos, creic, dorn e prossibiilidode de o exprirrn,ir redulzem-
cql, cimento, Íerro, tubos de ci- se, no suq essêncÍcr,, o 'urmo coiso únicq, isto
mento e bcrrro reÍratario é; o donnr náo existe senõo no imedldo em que
ó expresso, moni{estodo, nõo existe sepa-
tINO & CI.ã,. LTDÃ. rodo dos crioções cr que dó luqor; o dorn é
q neoessidode qo mesmro têmpo que o sotis-
ÍaEõo desto, diEqrnos, crssiirn. O que ccnqcte-
124, RUÃ SÃNTO CBISTO, 124 riza a qrte, sob êste ponto de visto é portcrnto
End. Telegráfico "Linocic" ser, desde cr mqis denscr nebruloscr originó-
rio, oté ó realizoqõo c que chq,roqmos, pcrcr
TeleÍones: 43-1144 - 43-5792 sirnpliÍiccr, íormol, r:,m só e úni,co processus,
qs Ícrses encqdeodqs do rnesmo jocto cria-
Rio de laneiro dor.
' íEspeciaI pcra ESfEB.{)
'1 ... r '1 :l!,
3*:iü4:r,$:rdii$i!' ü-tu#,w;i#
Iulho, 1938
2t

o a tníWu
(1ned.üe paoa "&detn" 1
7*.A {ÍA'eiie
Quem levqvo os meus bilhetes erq o qcordqdqs que Íorcm cumplices e testemu-
pretinho Àrgemiro, pequeno e mqgro, em- nhqs dos meus primeiros e esquecidos poe-
pregodo na pcdoric "Estrela Aceso", que mqs. Que digo o eucclipto comprido, reto-
ficqvq no esquina do outro lodo. bem ãe- lho de poisagem no qucdro invqriqvel e bu-
Íronte dc minhc cqsq. Erq ele tcmbem que colico que q jonelo do meu quarto emoldu-
voltqvq dqli o minutos com q respostc de rqvo. Que digc -A.rgemiro, Jlrgemiro gue
Clorino: me estendiq um pcpelzinht dobro- sentiu minhqs tristezqs, minhqs olegrios, mi-
do, minusculo, boiondo nc polmq dq mão nhos cÍlições, meus desejos impossiveis
qbertq, com insinuqções espertas: -
Ãrgemiro que Íoi um pedcço dcquele mun-
- O senhor brigou com elo?
Briqcr? Não.
do, pequeno mundo sem limites. Diqs mor-
- Neír umo Brigasinha tolo, uma bri- riqm, morriqm tqrdes, nqsciqm e morriqm qs
- de nqdc? noites. Vqriqs luqs brilhcrqm no cóu, milhc-
gosinho res de estrelqs. O "Ílamboycnt", que na pri-
eu sqibq nõo. Por que?
- Que
Donq Clqrino me recebiu com umcr
mqvérq enscnguentqvq o verde ãcs copot
Írondosqs, Íloriu nõo sei qucntas ,rezes. Mqs
cqra- tão Íeic... ercr como se tudo houvesse parodo qo mêu
Eu obriq o bilhete, nervoso, o coroçõo redor. Clcrino erq c sinteze dos dics, das
oos pulos. Clorinq, de Ícto, n&o estqvq nos tqrdes e dqs noites. Só elc me parecic vi-
seus bons dios. Fczic reclcmcções (eu não vq: ccrntqvcl, sorricr, entristecia, Íclqvc. Dicu_
qvisqrq que irio qo cinemq) e erq, ás vezes, te dos meus olhos o mundo hqviq tqnto se
perversq: "Como vctmos de qmores com Le- estreitqdo que se resumirc ncquelc Íiguri-
ticio? Estcvc ontem tôo cqído parcr elc...,, nhq leve, qirosc, loirq e brancq,ãe voz m.ui-
, O meu primeiro impeto erq o de rqbis- to brondq e olhos muito clqros. por mcris que
cqr umq porção de desqÍoros, mondcr pelo eu estendesse c vistq, outro horizonte íão
Ãrgemiro, qcqbqr com cquilo de umc -vez. aporecic senôo aquele: Clarinc erct curorcr
Esta erc a vontqde do coraçõo. Mqs a do ce- e occrso, começo e Íim.
rebro, comedidq e pociÍistc, ccqbqvc ven- ,í'f,
cendo: lá se ism destulpcs, cqrinhos, conÍis- Nõo sei se o leitor já se viu clgumc vez
sões, promesscs. envolvido e desnorteqdo direi desnortec-
*t do -
por emoçõo semelhqnte. poucos sôo
De tqrde Ãrgemiro voltava, dentes aber- -
os espíritos que oinda qcreditqm no céu szul ,

tos alumiqndo qo sol cgoniscnte, todo um e se clegram com o nqscer de umq Ílôr ou
sorriso Írqncô, Íeliz como se c Íelicidade mi- do sol. Eu mesmo não sei (tôo longe vai o
nhcr e de Clorindc fosse suc tambem: tempo dq existencio doquele munáo!) se
Ãgorc estó melhorzinhc. Chegou c qindq sentirei, eu proprio, o clegria desses
- um niquel!
me dsr Tsmbem estcvc tô-o lin- momentos puros e virgens. Nôo que o céu
da.. . Um vestido cheio de Ílores, Ílores houvesse deixcdo de sLr qzul ou ó sol e cs
grondes. Nôo sei nôo, mos pqrece que é Ílôres houvessem morrido d.e umc vez. O
vestido novo. Íirmqmento é mqis limpo do que nunccr e cs
-
Vermelho? petclcs qndqm q reÍlorir pof todos os bos-
Todo brsnco. Ãs Ílôres é que ercm quês e cqnteiros do mundo. Eu é que mudei.
-
verraelhqs. "A.lguem couscr dentro de mim é'que mur-
- Umqs flôres grandes, bem grcnãããf chou -
Bem grandes. **e
- Nõo vestido novo, não. tem...
- vêr. E'.é Iá
Deixe

tem dois rnezes. Foi o que
_ Iói cinda Ârgemiro quem, numc tcrde
de chuvq rclc, me trouxe, nq sus Íqla crtro-
ela Íez pcro a inaugurcção dc ponte. pelcdc e meiq conÍusc, o inicio do Íim:
- Não vi
Nôo donq Clffina-
Que eu cmqvc áorirro, erc Íato indis- viu?
cutivel. Amavcr-a..Que otestem cs estrelss Nõp, Mas. a gmp.regaíc,ng drg.§ç que
=
22 EsÍera
' elq está bem doente. Com muitq Íebre. O Guordei o lenço. Ãs lágrimcs, que há
,. medico pcÍssou o dia lá. meses se qcumulcvqm por detrqz dos pupi-
Deixou o bilhete? lqs, s.:ltqrqm espontcnecs e livres.
- Deixei. Pedi c empregcdo pqrq en- ,â
tregor. Elc gosta de mim, iomos conhecidos
velhos ' Ho dois qnos que Clqrinc morreu. Ãqul
f* estou, cqbeçc opoicdc nos mõos, Iivros es-
O bilhete nôo teve resposta. E no outro pcrrsos nq mêscr, cigcrro equilibrcdo nos
dic Àrgemiro veiu sem o riso e com umq no- lcbios mortos. "A.qui estou eu a olhqr c noi.
tíciq má: te que voi lú fórc, c contqr e recontqr cs
Donc Clcrinc piorou. Vôo mcndqr elc estrelqs, numq tentqtivc inutil de descobrir
quclquer couscr novcr e ineditcr no céu inva-
Prc Íóro ' riqvel, no céu eterno. Pqsscr o vento, dor-
*t
Foi umq noite triste, noite sem estrelqs, mem os orvores, alguem cqntq muito lon-
' ge. Muitcs noites jó pcssarcrm, noites de
sem luq, noite de sombrqs porcdas e de
picno co longe, noite pes<rdq e mortcr. Nsda cinzq.ou de prctc. Vcrios ventos ruivosos
me disserqm os gucrtro ou cinco livros que crssovlctrcrm ncts Persrcmcs ou, mcmsos, crccr-
Íolheei, nem os poemqs que reli, nqdc me q minhq face e as lombados dos
riciqrcrrn
disse o céu opcco e plumbeo. Ãs horcs pcs- livros. E esta ccnçõo que ouço qgorct
sqrqm lentas, ongustioscrmente lentos, e o bem o sinto! é cr mesmq ccnçõo de ou-
relogio dq mqtriz erq cruel em mqrcc-lcs
-
trqs noites, entristecidq pelc mesmc yoz
r rlluncr exqtidáo inexorqvel. Ãos meus ouvi- conhecida.
dos chorsvq s voz de Àrgemiro: "Doncr Clq- . Ha dois anos gue Clarincr morreu. O
rino piorou... Dona Clqrina piorou..." mundo, pcrcr mim, já nóo é cguele mundo
estreito, oquele mundo que tr Íigurinha leve
Levqrqm-nc pcnc ltcbcicrna, muilo doen- enchiq como umc perolc numcr ostra. Cqí-
te, num qutomovel cheio de qlmoÍqdss. Não rqm qs Íronteiras. O mundo de cgorc é
c vi mqis. Mcs Ãrgemiro, que fôrq cvisqdo inÍinito. InÍinito como «rs estrelas e como
. nc vesperc pelc empregcdo,'se postcrc nc cs sombrqs.
' esquinc e virc tudo: Dona Minerva chorcrva, Este vento Íurioso que passa num rede-
chorovc o irmõo mcis moço, chorcvcnn os moinho ou estc brisa leve que se ctrrcstcr
tias velhss. O cachorrinho Miosotis preguiçosc, já nõo me trqzem penscmen-
-
gcnic desespercdo, enroscqndo-se pelcs tos bons, já não sôo os mesmos conÍiden-
pernqs de um e de outro. E até.ã,12fu§, c pre- tes amigos de tempos atrcz. Vem com eles
tc sexcgencric que morcvtr na ccsq, tinha q tristeza. Jl tristeza vem com o vento. vem
os olhos gqstos enchcrcados de lag:imcs. com qs vozes confusqs, vem no latido do
** cõo, vem no brilho dc luc. E' certo clue eu
Foi oinda Ãrgemiro que me trourE q no- poderic Íechar cr jcnelc: nõo crguardo cr
tícic: chegclda de nenhum corvo. Mas que sericnn
Eu nõo queric dizer. Emiliq é gue me de meus pobres liwos, gue seric do peque-
' obrigou. no e sujo espelho pregcdo na pcrede, que
Piorou? seriq dq modestq e qfcnosc qrcmhc que hcr
Piorou muito, vinhc sempre pior<rn- diqs vem tecendo sua teia nc bandeircr dc
do. Quando Íoi ontem morrêu. porta? Não. Que c noite entre! Que verücr
Morreu?! o vehto! Ã brisa brincqrú com <rs Íolhas sol-
- Morreu, enterrou-se Ió mesmo. Dei- tqs em cimci da mesc e cssovicrá, nas Írin-
rou isto. chqs, q suc estrcnhc conção. E q luz fcró
Estendeu-me um lenço c1vo, muito pe- q teiq de orcnrhq brilhcr cómo se Íôsse teci-
' queno, um minusculo lenço gue tinhc minhas dq com Íios de ouro.
iniciais bordqdcs em umc dcs pontas. Cla- Ho dois qnos que Clcrrina mofieu...
rina gosstva de usq-lo qucrrdo vestia a Ícn- Todos eles, os que vivem comigo, scrbem
dc da Escolq Normal, deixcndo-o pender gue Clcrinc morreu, todos estõo certos e
pcrc Íórc do bolso que o seio esquerdo qrre- convictos que Clcrinc morreu. Só eu é go.
bitcvcr. procuro descobrir umq lembrcmçc suc den-
trouxe Íoi Emiliq. Disse gue tro da noite. E' bem possivel gue Clarinc
- Quem
ela morreu rindo, nem pcrecic çlue estcvc cinda estejc vivc. Ãindc q verei num rcs-
morrendo. Mcndou ela tircr o lenço de de- tro de estrelq. E, qucndo voltqr q chuvs, os
: , boixo do trcvesseiro, pedindo: "Entregue c pingos que ccrírem no cntepcro de zlnco
ele". Foi de tcrde. De noite moreu. ressucitqôo c sucr voz cristqlina e rrmiga.
2
Itilho, 1938 23

s4, 1úef,i,a ?Áf4í uirra


(Especial para *ESFERA")

ÁhúÀn?fu,vaa
Foi num domingo. Ha dois onos. Dos dbmingos mois bonitos do mundo.
Olqvo Bilac poderic repetir:
"Núncq mofier num diq qssim, de so] qssim..."
Ãugusto Frederico Schmidt mqtou o poesic. Jl noticic partiu d"'O Ior-
nql", correu pelas rucs, pôs o cidode triste.
Será verdqde ?
- Esse homem é capaz de tudo!
- o'!
'Ãndqvo-se
"- no Estodo de Guerrq. Poro que duvidor?
Nõo sqírcm os vesperitnos. Segundo-Íeira, ninguem penscvc mois
no ccrso.
Depois, certqs pessôcs indiscretqs descobriram que nôo tinhc sido
ncrdcr. Ãugusto Frederico schmidt é qssim desde pequeno. Mqtq muito. sem
consequencios peóres. Com q poesia qté qconteceu que, qssqssincdq nqque-
le Dic do Senhor, cheio de luz, tomou um irnpeto mqrqvilhoso.
Mqnuel Bo4deira deu q "Estrelq do Monhõ". Emilio Mouro mqndou de
Belo Horizonte o "cqnto dc Hórc Ãmcrga". um poetc estupendo se comple-
iou em_.Porto lllegre: Ãthos Dqmqsceno Ferreirq. De portó Ãlegre tcmdem
veiu o "Outôno" Iindo de Reincldo Mourq. Mqnoel de Ãbreu, a-qui, com as
"Meditações", subiu qindc. Revelou-se Yolcndcr lordõo Breves. -Gqnhcmos
Adolgisa Nerya lulietq Bqrbqrq qcendeu no Íotigoda pirotiningc um clarão
diÍerente. No Bcía, cqrlos chiccchio trocou por poesio simples-todqs qs pro-
sqs. Junto de nós Morio de Ãndrcde, oswcld de Ã,ndrcde, ôcrlos Drummãnd
de Ãndrcde, Murilo Mendes, ]orge de Limo, Ãugusto Meyer continuqm de
corpo e olúc. o proprio Ãugusto Frederico schmidt, aperor d.o voccção, náo
morreu,
E ogóro mesmo, outrcs vózes clqmqm que a poesio.está vivc.
à de Pculo Correio Lopes, no Rio Grsnde do Sul:

"Irmão das aguas e dos ventos


cruzo como um passaro a soiidão dos mundos.
Nem a noite detem o meu passo nos abismos
e o meu grito nas alturas.
As estrêIas andam cheias do meu sangue
e os ventos, do meu sonho".

A de Oneydq Ãlvqrengq, em Sõo pculo:

"Vontade de me diluir, de me fluidificar,


de entrar na essencia de todas as coisas.
de me perder aos pedaços por todos os caminhos.
. pelos caminhos que vão dar a todas as vidas.
Loucura de viver mais, de viver tudo,
de viver completamente.
A minha vida só não bastapara mim !
Eu quero ser o mundo !"
;;*§,iri:i1'ê!.:flj*Íi!i'r§rlii','&râi115Y:, t:rs§

EsÍera
Em Sõo Poulo, q de Rossine Ccmargo Guqrnieri:
"Amigos, salvemos a vida
que a vida vae perecer !
Os homens já não entendem
as falas que vêm da terra,
os homens já não compreendem
as vózes que vêm do mar...
A vida díz: "E' preciso!"
, os homens dizem: "Não é !"
. E a vida luta, se cansa,
se arrebenta a forcejar,
e os homens, amigos, não deixarn,
não deixam a vida passar...
Amigos, salvemos a vida
que a vida vae perecer !"

à de Iosé Scmpaio, em Sergipe:

"Como uma massa enorme dentro da noite os vivos se ârrastam.


E vem de muito longe um rumor e se mistura conosco,
e vamos juntos chorando com as crianças Bascas.
Com o bater dos nossos peitos e o bater dos nossos passos,
somos como uma grossa poeira de estranhos rumores.
que se levantasse do fundo da alma humana.
Mais uma hora a nossa palavra, o nosso grito e as nossas risadas
acendem luzes de côres ao longo, até o fim da vista,
como pequeninas feridas no coração da noite.

E nós que não temos ainda nem. um dia no mundo,


perclemos,de olhos alegres, um tempo eno'rme, admirados
com a beleza multicôr das luzes cinti.lando na terra.
E quando vamos descansar, atormentados e doentes,
caímos como uma só cabeça arreada no chão.
E o chão sem alma abraça o nosso corpo
e acolhe o nosso sôno pequeno".

' Deixem que vivcr o resto. Enqucnto q poesiq viver, o resto não tem im-
portqnciq: pormenóres... motivos... biombos...
-
Eu tenho peno é do Ãlemcnhc.

OTHAI OS PORTO INSEOURO

LIRIOS DO CAMPO
Poemqs
romJnce de
de

ERICO Rossine
VERISSIMO Comcrrgo Guornieri
Umc figuro do poesio
populo r búlgoro

H RISTO BOTJOV
Kliment lv. Kostov
(Coloboroçõo esperanta)

Hristo Botjov, o nosso heroico e qmqdo o esÍorço titonico dc lutc que empreendeu
poetq, é daqueles cujo vidc e obrq se Íun- pqrq um crescimento de justiçcr ern Ícvor
dem no mesmo ritmo de essenciq. Nele, cr do seu povo natal.
oÍirmoçõo éticc e o substrqctum poético agi- E' verdqdeirqmente surpreendente c[
gontom-se poralelo.mente servidos por mqneirq como quscultq os soÍrimentos dqs
-
umo belezq Íormol correspondente. mqsscrs populcres que o seu grandioso
Comporcdc cqm q dos outros nossos coroçõo reÍlete qtrqvez- obrqs poderosos
poetss, do sua lird sobressqi, umq íortte to- Írizqntes dumq notável individucfidcde.
nolidqde combqtivq que se qbqndonq - suq poesic é c poesia dqs mqssqs q quem
.A
reqlizo inteirqmente na- cgitcçôo dos proble-e os desencontros socicis corrompem e opri-
mos populores na tqreÍq de contribuir de mem porisso delcs sobressqi o grito dc-
mqneirs eÍicqz -pqrq umct existenciq cqdq vez quelcs- q qnsiq instintiva do libertaçõo.
mcis digno e humqno. - são volvidos sobre q suq qscen-
62 qnos
Sem receio pode dcr-se-lhe lugcr na li. ção aos Bqlcqns, junto dc cidcde Vrqtco
terqturq mundiol de todos os tempos, cro e êle brilha qindc como o templo do mqis -
lodo dum Puschin, dum Heine, dum Shil- rútilo clcrõo dissolvido no subconciente
ler, dum PetjoÍi, etc. dqs mcssss que - continucrmente se sobre-
Estruturqmente possue êle um proÍun- põem e ediÍicam pqrq c personoliscçõo e
do sentido do humqno e oquele íntimo tcto pqrq q vidc. E tcl hc-de perdurar no corq-
dum perÍeito quto-dominio, que revelq ção de todos os homens livres e superiores:
pelo repúdio dc maledicêncis e da insídio dinqmismos que se uniÍicqm pürq a deÍeso
Naturqlmente policio e delicqdo de tudo quanto simbolise prosperidade, pro-
entendi-
-
dos estes prediccdos no que encerrqm como
gresso, numq palavrc:
- morreu somente-o culturq.
virtude de conviver sociql. Dele eÍémero o
transitório desse individuo que se chqmou -
E' por isso que só os que premed.itodo-
mente se propõem denegrir o vqlor dq coo- Botjov, pcrcr.Íicor, oureolqdo de gloria e de,
squdqde o Botjov eterno o mois
peroçôo dos individuos com os mqsscrs e
térprete do clmq populcr - búlgaro. digno in-
do pcpel destqs no normql desenvolvimeni
Dos seus cqntos, qtrqvez dos tempos,
to histórico, econômico e culturql, lhe Íol- Íica o "elqn" o estímulo á lutc
seiqm d purezq de intuitos e espontcneidc- á con-
-
quistc dc liberdode, - cons-
umq liberdcde
des de gestos. -
trução Íeitc de solidoriedcrde
Pelq suq vidq e pelc suc obrq reqlizq-
e de convi-
ver sociql.
dq, êle é sempre o mesmo que irrodirr como Que vivc o gronde combqtente e qmcr-
homem de exceç&o que qmq c todos do poeto em cqdq um de nós despertcn-
sem exclusivismos dissolventes. Ão mesmo do os qdormecidos e os indiÍerentes;- e
têmpo vergasto os deÍeitos dq sociedqde do como um esplendoroso prenúncio de -victó-
seu tempo, contrq os quois se ctrmcr com o riq nos inmpulsione sempre q lutqr contrq
escolpelo do seu sqrcqsmo, e ó qindq q estultíciq do século, c mcldode e o ob-
neste mesmo impulso que êle -se volta livre- curcntismo, pqrq que dele renasçcr o ctmor
mente ú ccmpanhq dq democrctiscçõo o do belo e do justo, q prospe.
revelqndo-se inteirqrnente com o seu sqngue -_ _equilíbrio
ridode porc todos os homens sobre o munão.
escqldqnte, c 2 de Iulho de IBTB nas pági-
nqs irnortsis do "Vola" livro que mcrrccr (Especicl paro, "EsÍera")
- .Bulgário
-
';si11xf:Í+{.:f,.::f$§qf_t++Yi?nír,i"afl.T,_-:T§:Y,ry"qryry:#-F:ry:q-.i*o}-1*rry:ffi
.i
26 EsÍero I

COELHO NEIO
prsou sobre teso uros
EMIL FARHAT
Uma velha tése ainda em discussão: si todos seus defeitos, o povo continúa sendo o grande
os homens de talento são inteligentes. Hír certos juiz. O juiz inexoravel que fala em nome da His-
"fenomenos" humanos no Brasil, de cujas atitu- tória e dos tempos vindouros. E que pronuncia
des muito se póde duvidar. Alguem já contestou sentenças inapelaveis como o esquecimento e o
a inteligencia do velho Ruy, um sabichão dana- desprezo. A elite intelectual, que deve ensinar o
do, saíndo pelo interior em campanha política, povo a saber querer, tem de aceitar, porém, os
falando para o povo em lingua que náo era do pronunciamentos da preferencia popul:lr. Por-
povo. E doutrinando política, onde os campos po- que o povo pode ser cégo, mas tem, com'l os ce-
liticos já se achavam divididos pelos latifundios gos, as forças invisiveis do instinto a guiarem-no.
do coronelismo. O talento de Ruy ficou como um E' .por isso que eúta os trilhos complicados do
portentoso fogo de artifício, assombrandc as gen- escritor rebuscado. Este, por sua vêz' recebe o
tes, mas sem calor humano para contaminá-las. castigo de ter se desviado da caminhada social
Vale dizer que o mais culto dos mestres não sa- da sua gente. Suas obras cumprem agora a pena
bia ensinar. Pômo-nos a imaginar quanto lucra- fle morte do empoeiramento nas estantes dos
ria o espírito brasileiro, o espírito popular, si bibliófilos. Seus livros se fecharam quando do-
Ruy tivesse vulgarisado em linguagem comum e brou-se a última pégina da vida do literato. De-
acessivel tudo o que discursou sobre as grandes sapareceu a vitalidade fisica e morrem tambem
conquistas humanas: a liberdade e a democracia. os écos derradeiros de uma fama que foi justa
Disse Alvaro Moreyra: "Ruy pairava acirna das no seu tempo.
multidões, deslumbrando-as. Mas, não penetrava
Há vinte anos atraz, ninguem dos circulos
ne1as".
literarios acreditaria que se fosse falar hoje da
gloria de Cpelho Neto para lamentar que a ela
Outra figura que teve gloria e fama: Coelho se pudesse aplicar o titulo do seu "Fogo Fátuo"'.'
Neto. Mas, já parece tão distante a passagem desse No dominio inteletual, são os sinos das ge-
"ateniense" pelo mundo brasileiro. Passagem de rações porvindouras que dobram a finados ás
raspão. E' triste comprovar que uma táo respei- expressões mentais que foram glórias nas gera-
tavel figura de intelectual esteja quasi totalmen- ções passadas. AquêIe homem que escrevia difí-
te esquecida. Não se acuse o espírito popular. cil e era ateniense tornou-se desentendido do
Não se fale em ingratidão. Infelizmente, o povo povo que é simples e brasileiro.
quasi nada tem a agladecer ao artista Coelho Que tentacular inibisão teria manietado
Neto. Numa bagagem literária tão grande, reve- cgntinuamente a inteligência do talentoso Coe-
lou-se muito pouco brasileiro. Em raros livros lho Neto, impedindo-o de sentir com os sofri-
faiou da gente destas bandas. Atenas atráia o mentos e de falar com as palavras do seu povo?
"ateniense". Quando ele olhava o Brasil, só a Chegamos a essa conclusão desconcertante:
paisagem da natureza vegetal o interessava. O a inteligencia, a percepção ê o bom senso eram
homem era pobre, estropiado, primitivo. Despre- afogados em Coelho Neto pelo seu difuso e pro-
savâ-o o artista, que não queria lidar corn mate- lixo talento literário. Que cegueira foi essa que
rial táo miseravel Nesse país, tão rico de têmas o impediu de ver os grandes dramas da sua gen-
para romances humanos e eternos, o respeitavel te? Que faltou a esse artista soberbo para faze-lo
Coelho Neto ficou em obras leves, de filigranas. perder as ricas paisagens humanas e socrais que
Um ou outro livro, de prosa aliás dificultosa e novos talentos vieram inteligentemente desco-
cheia de purismos paleolíticos, mostrando tipos brir em sua terra?
viventes no Brasil. Assim é "Conquista''. Assim Coelho Neto pisou sobre tesouros. Os casca-
"Fogo fátuo". E talvez algum outro. O resto, de- thos humanos não o interessavam. EIe se deixou
zenas e dezenas, são obras do tipo "arte pela ar- fascinar pelas pedrarias que brilhavam longe,
te". além dos mares e dos tempos, em outras terras
Podemos tornar a dizer que Coelha Neto e outros séculos.
morreu há duzentos anos. Apezar de todos os (Especicl paro, "EsÍetq.")
Iulho, 1938

um homem entre frases


EN EID A
Não havic paiscgem que cÍetosse aquê- qmqrelos, porque q modq erct qmsrelo, so'
le enorme silêncio exterior. Um Írio
cgudo nhqndo com homens que, cqsqndo, cs liber'
penetrcvo qtrqvez dcquelos roupqs surrcl- tqriqm doquelc prisõo. E nqmorcrvctm com-
dqs, com qs mqlhqs gcstcs e esporranrcdas. panheiros de trcbclho, homens suios { de
Frio insistente que pqrecia vir de mundos di- groxa, que ccscndo, precisoriom nqturql-
Íerentes e distqntes. Ãquele Írio nõo erq nct' mente que elas continuqssem no trqbalho a
turol. Jl estaçõo combinavo openqs pqrct que se hqviqm dediccdo desde pequenqs.
qumentcr c sensoçôo gelcdo. E, no entre- Ficqrqrn moçqs qssim. Envelhecériqm clí
tqnto, dentro dele, homem mqgro de longcs mesmo. Só o cinemqzinho de suburbio e os
pernqs exqustqs. hovic umcr cgitcçõo que qniversqrios de amiguinhos punhom notqs
se não comovia com poiscgens, nem ero to- diÍerentes ncquelcs vidos iguois, todo-dic.
codo pelo climci Pensqrq ser possivel romper com tudo
Queriq Íugir de olhor pora suq vidc, aquilo, ir clém, brilhor, ter e dqr conÍorto,
mos êro impossivel, porque paro isso seric viver, gostor. Pensqrq quebrcr, sqltar, cres-
necessqrio liquidar com qs viscerqs. O estô- cer, resolver a situaçõo do Íamílic. Dqr. E
mqgo, desposticomente, exigio. O vqsio re- no entretqnto continuova alí, nq cqsq. onde
clamqndo coisqs pora encher qumentqvc qpencts q mãe olquebrodc lqvqvq, cosinhq-
suct necessidode de olhsr mesmo, de pro- vq, cerziq e velqvq, de olhos obertos, pelcs
curqr tudo, de resolver. Porque o ccso erct vidcs de todos êles, um q um, todos juntos.
este: solucionor. Impossivel nõo surgir uma Continuqvq porque, quando quís partir,
solução, êle que vivicr constqntemente resol- crescer, sentiu-se preso á suc gente. á suq
vendo, êle que cdquirira a conciêncic de ccsq, qos sentimentos de onde viero. Vo-
que cIs soluções dever vir de todc qnálise, zes internqs o prendicrm. Impossivel suo
que há sempre mqneirqs de reqlizqr, que cs vendo. Nõo cceitcvq o pqpel merçqdoriq
reolizoções se impõem. que crgorq oporecio, juntcmente com rj cqnu-
Hoviq nêle, nítida, q conciêncic de que do, guordondo o pergcminho. Erq enl&o ne-
erq um homem cqpqz. Sobia trobclhor e cessqrio não penscr? Seric preciso não rq-
nunco têmerq responsobilidade individuql. ciocinqr? Porque sqcudii c ccbeç;, dizer
Possuia mesmo um título, conquistado diÍi- sim, sim, constqntemente sim, se vczes in-
cilmente, ás custqs do irmão mois velho que ternqs, de cérebro, queriam discutir, neg:crr,
se motorq pora satisíozer-lhe cquelcr enor- sobretudo protestar. Lá estqvqm qs mõos do
me qnsiq de sober. Fizerq um curso conciên- poi. Lú estovqm os olheirqs dcs irmõs. Mõos
te, meditodo. Desde menino devorqra livros de pois. Olheirqs de irmãs.
e só mois torde quondo começctrq q qmqdu- Quando mocinho copicra penscmentos
recer, é que orrumórq sucrs leiturqs, equili- de grondes homens em um livro que qgorq
brqndo-qs. Mqs o título solvqro-o cpenos de possuio q cctpq riscqdq, sujc, com o qr cqnscr-
continuqr vivendo como o resto dq íqmílio. dos dos livros muito qcqricicrdos. Pensqmen-
Fugira do Íóbrico opovorado com o que tos que encontrcvcr em leiturqs e qua reÍle-
sssistia dicriqmente em cosc, tôdc urnc Íc- tiom de tql mcneirq seu interior, seus pró.
míliq qcorrentqdq q cssqrões imundcs, com prios pensomentos, que nem precisovc cc-
chcminés negrqs, opitos, páteos. Desele cêdc prichor nq letrq. Os entendericr mesmo mql
resolverc nõo cqír ncquela vido que punhcr posscdos, mesmo mql troduzidos. Trqduziq,
olheirqs Íundqs nos olhos dqs irmõs e en- pora sentí-los mqis seus. Estendeu r mõo e
curvctrcr o poi. As mõos pesodqs, durqs tõo procurou um, de Goethe: "pude, durqnte me-
dulqs -
do velho gritcvcm-lhe, coastcnte-
mente -que cquelc vidq nõo erq vidq. Erq mqntive sempre minhqs Íinalidcdes. Quan-
preciso viver diÍerente. Ser olguem. O pcri do cheguei Íinqlmente ó execuçõo, deciiquei-
Íicárc coisq. Ãs irmãs erqm coisqs, se bem me inteirqmênte, com tôdos cs minhqs Íôr-
que, coitadqs, Íizessem planos de vestidos çcs, ciçontecesse o que ocontecesse. Esfuc.
.ztl EsÍerq

Nós ocendemos
os nossos estrelos !
IOSE'SÀMPÃI(I

Como umo mqssq inÍorme denÍro dq noiÍe os yivos se orrcstqrn.


E vem de muito lonqe um rumor e se misturq conosco,
E vqmos juntos chorqndo corn os crionços Boscqs
Com o .boter dos nosos peitos e o bater dos nossos pqssos,
Somos como umq grossa poeiro de exÍronhos rumores
Que se JevonÍssse do Íundo dq. q.lmq. humc;nc'.

Mqs umq, horq q nossq polovra, o noso glito e qs nossqs risadas


Àcendern Juzes de côres oo longe, oté o Íim dq vista
Como pegueninos Íeridas de oiro no coroçõo do noiÍe.

E nós que nqo Íemos qindq nem umdicr no mundo


Perdemos, de olhos olégres,
um tempo enorme admirqdos
q
Com belezo multicor dqs ]uzes cintilondo nq terrq,

E quondo yqrnos desccnçcr, q.tormentq.dos e doenÍes,


Cqímos como umq só cobeço crrreq.dq. no chão.
E o chã.o sem o.lmc obraço o nossô corpo
E ocolhe o nosso sono pegueno.

(Especial para "ESFERA',)

çclharam-me! E quosi sempre pelos meus erq noturql. Viscerqs reclqmqndo, Ã,nsic de
mqis nobres qtos. Mqs as cqnalhices nuncq Íugir e vozes internos prendendo-o. Conciên-
me otingircrm." Sentiu que "conclhice" erq cic de copocidade. Frqse de Goethe e outrqs.
sucr porque puzera entre porentesis (crioil_ Ccinhecimentos de leiturqs e de experiên-
leries). Deviq ser conqlhice e negou-se o ciqs. E o tumulto, tudo se unindo,tudo que.
procurqr no dicionário. rendo explodir, ogitondo o homem mqgro
de longos pernqs exoustcs. Necessidude de
Mqnter sempre suc Íinolidode. Finolidcde. solucionqr. Orgulho de ser cquilo mesmo,
de mqnter c ccbeçc erguida, de nõo ser
Ã.s mõos pesudas, o ctr curvo, os pctssos mercqdoriq, cqminhqr, vencer, crescer, pro-
qrrqstqdos do pai. Ãs olheirqs Íundqs. os de-
testqr. Ã solução erq esscr mesmq. Man-
sejos pequeninos e nuncq reqlizqdos dqs ter suq Íinclidode.
irmõs. O título "dr." gucrdqdo nurn ccnu- O Írio nõo erq nqturql .
do. Ter opinião e por isso mesmo nõo ter
com o que viver. Desemprego. Frio que não i&{l
(Especial pcrc "EsÍerc")
"I

lulho, 1938

?,amáao,
ttugtú ilttoãrt,ú pata fu.{e,ra1
1e4ra;aA

?-t"qüir4wJe Í,iilôa
Estou convosco, Irmáos, á hora das lágrimas,
á hora em que tornbam os ídolos que inutilmente adorastes,
e se apag:am as luzes que acendestes de máos trêmulas.
Estive convosco, Irmáos, á hora em que Iançastes na terra a sernente,
& hora em que procurastes fixar na retina a miragem (a miragem!)
e de joelhos agradeeestes o que aiída náo tinheis reeebido.
Estarei convosco, Irmãos, á hora do triunfo,
quanilo vos sentirdes aliviados cle tôtlas as algemas,
guando pairar sobre tôda misérià o anjo da consolaçáo
e or universo fôr consumido pelas labareilas do fogo sagrarlo.
Irmáos, meus Irmáos, estou sempre convosco,
sou uma de vós, reconhecei-me,
talvez a, mais tlócil e terna ovelha esquecida no aprisco,
talvez aquela a quem o orgulho desgarrara da estrada real.

ah! não me credes porque meus soluços náo se confundem com os vossos,
porque náo recetro o frio noturno pelos desváos de vossas choupanas,
porque nunca me embriago com o vosso vinho,
nem de louros vos cingirei a fronte no dia em que fordes chamados gloriosos.

Vejo-vos em multidáo compacta,


ouço as vossas vozes em côro,
sinto o pulsar das vossas arterias no mesmo ritmo fatigaclo e eterno f,o oceano.

Esfais todos unidos num bloco de mármore prodigioso,


e â vossa respiraçáo sobe'e desce aos meus ouvidos
semelhante a das vagas sob o silêncio inenarrável dos astros.

Mas náo me vedes nem me ouvis:


quaÍido tentei seguir-vos veio da montanha um espesso nevoeiro,
sinto-me na solidáo com um cego em meio ás trevas que náo buscou,
sou como o náufrago segregado do mundo na ilha desconhecida, além.

Eecebei, Irmáos, a minha mensagem,


e aintla que não puderdes jamais distinguir o meu vulto apagado nos longes,
chegue até vós o calor das minhas palavras e dos meus suspiros
quando a aragem do crepúsculo soprar da grande, misteriosa floresta.

Dir-se-ia que nunca nos encontraremos face a faee:


é a emoçáo de comunicar-me convosco do exílio,
de imaginar que a minha cabeça pudera repousar algum dia no vosso peito,
que meu nome pêrpassa ás vezes á flor dos vossos Iábios em prece!...

Irrráos, meus Irmáos, guardai a minha lembrança como a de urn treijo apsna5 pressentido:
nada mais sei dizer-vos
senáo que a todos vos amo
com esse infinito amor com que o pai nos amou. ..
30 EsÍero

O SENTIDO NÁ C'ONÁ['S T A
DA OBRA DE
CARI"OS GOlvlES
Waldemar de Oliveira
A' passagem de mais um aniversario da mor- guras simbolicas do genero humano. Deu a mão
te de Carlos Gomes, estranho me parece que, ao agiPguaraní para que galgasse, com um salto
aos seus blografos, sempre preocupados em exal- de onça, o tablado do Scala, de Milão, onde o
tar-lhe o valor musical, tenha escapado o sen- esperavam, espantados e benevolentes, os loiros
tido nacionaiista de sua obra, vinculada, é certo, Nibelunge, as Walkirias aereas, os italianos de
na sua forma, aos canones da escola italiana, Meyerbeer e Verdi, todos os expoentes do dra-
mas, integrada profundamente, em sua essen- ma universal. Pela primeira vez, graças ao he-
cia, ás fontes mais puras do nacionalismo bra- roico patriotismo do maestro de Campinas o
sileiro. Entre os grandes homens do nosso pais -
cocar tupy, sacudido pelas maravilhosas vibra-
Osorio ou Rr.ri, duque de Caxias ou Rio ções de uma protofonia tropical ,resplandeceu á
-
Branco Carlos Gomes permanece como o mais luz das gambiarras, espiados dos seus camarotes
patriota,- aquele que mais entranhadamente o doirados pelos reis da terra. Foi uma entrada
amou, numa obsessão de todos os instantes atra- triunfal de Perí, com o couro de jaguar enla-
vés de uma longa vida de gloria e de tragedia. çando o dorso robusto no cenario da arte sem
Esse sentido nacionalista da obra de Carlos patl-ia".
Gomes tem escapado inteiramente aos seus bio-
grafos. Sobretudo, ainda não apareceu, entre
A escolha do "O Guarani", como libreto a
musicar, obedecia, assim, a um designio supe-
nós, quem se detivesse a estudar a sua filiação, rior. O mercador que oferecia a Carlos Gomes,
ao lado de Gonçalves l)ias e José de Alecar, á numa praça de MiIão, o roman.e de Aiencar,
fase pre-romantica da nossa vida mental, que , trazia-lhe a oportunidade procurada de um as-
se convencionou chamar o indianismo. sunto entranhadamente brasileiro em que ele
Interessantissimo seria, com efeito, esse es- pudesse cantar o edslumbramento das selvas do
tudo. seu país e fixar algumas das caracteristicas das
A vida de Carlos Gomes se destaca não só duas raças que mais influilam na formação da
como revelaÇão de uma opulenta genialidade nossa nacionalidade, Carlos Gomes trouxera para
como tambem por constituir o canto de anun- a Italia o espirito embebido do romantisrno exal-
ciação da Nova Ameríca aos ouvidos da desde- tado na contemplação da terra. Gonçalves Dias
nhosa Europa. gotejara-lhe, na alma sensivel, a mística da na-
O Brasil era, então, um ilustre desconheci- tureza brasileira, através da "Canção do Ta-
do á mesa dos banquetes do Velho Mundo. Vê- moyo" e do "Y-Juca Pirama". E Alencar vinha
se entrar um homem estranho: tem um fulgor completar no seu espirito coberto de saudade
misterioso no olhar, uma face como talhada em essa noção do largo panorama americano onde
aÇo, uma boca voluntariosa e uma cabeleira o indio e o povoador se entremeavam em guer-
cheia e ondulada. Era Carlos Gomes, "dalla tes- rilhas interminaveis pela conquista de um pal-
ta de }eone". E esse estranho personâgem, que mo de terra. O autor de "Pedra d'armas" ex-
parece entrar nos sodalicios da arte pela mão plicaria melhor as razões da preferencia de Car-
obediente dos diplomatas, entra, realmente, pelo los Gomes por esse poema orquestral de Alen-
merito real de sua personalidade, a que daí a car: "A nossa Meia Idade é o vasto mistério da
pouco terão d.e curvar-se ás figuras exponenciais madrugada equinocial: no continente sem his-
da arte Europeia. Perde-se de inicio um pouco toria, a elaboração simultanea de um paraiso e
em escrever pequenas coisas, partituras ligeiras de uma humanidade, surpreendidos antes do
que levam todavia o seu nome aos cartazes das tempo pela curiosidade dos navegantes de Por-
ruas e ao coração do povo. Intacta, porém, está a tugal. Durante o periodo colonial, as nossas tra-
sua aspiração de revelar-se em obra de folego, dições Íoram lusitanas, a nossa inspiração euro-
capaz de rasgar aos olhos do publico italiano os peia, as nossas imagens literarias de 1á trazidas,
imensos horizontes da sua inspiracão. A verda- com o povoador e a sua cultura. Feita a Inde-
de é que ele pensa mais no Brasil do que em si. pendencia, procuramos aflitamente uma dife-
O seu primeiro grande trabalho é uma renciação emotiva, e na furia de encontrar um
-.maravilhosa demonstraçáo de patriotis- antepassado, bem do lado de cá, desentêrramos
mo. Disse-o Pedro Calmon, quando escre- de suas humildes sepulturas do deserto os na-
veu: "Ele incluiu o indio patricio entre as fi- tivos há tres seculos trucidados e agitamos o
Iulho, I938
3l
seu espectro nacionalista como um estandarte palavras..que podem ser endereçadas
de luta. Fenomeno ge,ral na America, á" iÀs"_ ,,Foi ete, sem a Carlos
te da memoria do indio como afirmaçao aã pu_ 9o99r, auvida, ã-iii*ãià ,o,
tria, sobretudo de culto do tuchaua brurriã derinitiva da nossa poesia, àôL"I"-q".'"á,
tegrou na propria i"_
"-
provocação ás forças exteriores qar" o lrurr"u.u*,
deu a oportunidade"o.,r"iur"iã-ià"i""""r1 ár[ ^o.
inspirou aqui tres ou quatro gerãções a"-úá"ao, venturosa de olharmos. ros_
e.romancistas, de pintores e êscultores, de eru_
to a rosto, nossos cenarios risicáJ
ditos, estadistas e tribunos. Foi nesse ãÁbiente se_homem pouco vulgar, palpita J^rrIo.ài"J'N"r_
ão* liãsrrrr"_
vel intensidade a tuz. aoi
que Carlos Gomes reuniu todos os ruidos
ãã
Lureza e os traduziu em eterna rináuãge;riri_
Iimpidez dos nossos qeus e "ãsros-rràiirãirià",
o sonoro-aã-ãúicar,
.
""_ nossos rumorosos rios"- De fragor dos
ea, transportando para as pautas ae-uria-parti_ carlos Gomes imitou r..uroqún"iãto*"uriilo"a"r_
"rosé
tura, a iluminaqão de um teatro e o destüÃtra_ critivo que ele passarta ao pentagrama
rnento de todos os homens, a paixão nobró do de todos os ,,toni asperos e claros de tocado
bugre, a sinfonia das nossas priinaveras e ã-mi_ bara" _qqe assinalarn^ as nossas vida bar_
lagre sonoro da selva brasile^ira. gens. De Castro Atves. teve epopeias selva_
A quem se detiver no exame das influencias
que agiram sobre o espirito criador des operas, a veemencia; ; "r", "ãíItãr àrr_
ae óartos i.;iu,o*ãi.*?o&o"_
Gomes, fazendo trabalhô Ae minucia aiJi""_ i"i",TJi,',:i'i.sE:Tlt""tíÍ,T;1"1'jrt?,"_":
"
ção, não .ooderá escapar aquela qu. t"riã-ããi_ cia das ,,Vozes d,Africa,, e Ao ,,liàviã
clqo â iertura repetida do ,.O Guaraní,, de ro". carlos Gomes .",tor"ú,ã.#:;; iilà"r_
oe l\lencar! empolgando_o de sagrado amor José
pela dor sonoro de romancrstas e poetas, iiff"__
ter.ra distante e transmitinao_ihe, aiià"ã." ao mais profundamente se possuiram daqueles que
e_stilo opulento e derramado, o *.ritiãá-"a-rti"o brasileira da realidade
da terra brasileira e o deslumb.;;;t; aãã'rr.ru, e, com os
maravilhas naturais.
Como poderia Carlos Gomes, realmente, per_a
manecer impassivel a uma obra que ,irrtàrrii"". m*i':"*,xs**Li*:qffts§
profundamente com o seu espiritir, tàãàãã-,ere nossa terra palpitam -nas suas partituras, ora
em transbordamentos de ternurã, -*;';;;;"ou_
tambem, por uma obsessiva
ra, admiração que se exaltava t""_ bos.de ora em tonalidadÉs c""ã",aãirr_
_cotera,'Wagner
"ã*irãçáõ-pãii
,iirt"ããiã_"r"_ gedia., Só em
"*
mento_ com que não contavam cà"õ"rúr-õià" e nss autores russos, um
rao ctaro sentimento ,r"úutirtu-Li";ãià
José de Alencar, ambos vivenao , ,ü'"iaã'ü.* " eurso
dentro da terra onde ,ió' ,*úiã"iã- atãi"ã da pena do compositor. ".
homem, a noção do espaço e , denha, na mesma Ita[a q_ueôãrürãà_!l=a""_
espiritualmente o
f"i" ,"".i;;lt"u
a.do tempo" ? Como poderia Crri.r-Cããã" t"_
perfilha, os motivos atr;* ã^i ;:;:'l;::'-ji'i'l
gir ao sortilegio dessa-,.voi ãrri.", ã a"*]ã.e
uma tal en""gir, .r*-i.f'bJaJ"" a"liiti_ a"
$-tencar,
vo, sem enfase, sem recursos de-retóriã".
ve-e temeroso com a propria natureza ámiirioaa
e fecunda" ? '
*a-
***flT**'tu}ht+,*ffi
sas que fatem do Brasil
d" A*;;;;;^JJi.a"io,
e
. Se assim escrevia Ronald, Agfipino Grieco
ajunta_va:,,Alencar a sua imaginação t"opi"ãi-i?"à-.t t."
tem a poésia,"o^ãnir.-iâr*o 9ld-e
as grandes asas e alõa d^e
dos adolescentes e das rapárigar-'"r"*ã"ãããi
ou sem musiea de Cãrtoi co*ái, -"ãi"'.* u,

"ffiti,É S"ráã1,;k:,"iiãáii,:'im"?,*
:pTmesmo,
sl na mais deliciosa musica, 'rr" -- *"i,
rica pintura de silabàs com que um homem em que figuram
Moer
prosâ e um homem de tinteiio de
3"'1,.A-ô;^ili;âfr
los Gomes insiste nurr
:'r,"Ii'?f Liiiil,,u"..c3l?_
aossos alinhadores de """uúá"-riô"
;.-6;.;;;._ ",
nejadores de pincel...,,estrofes "

de
D-e qualquer maneira, Carlos Gomes
. achar c,rm a leitura aã ,ó-ã.*"-irã"ãriLo
teria ffiifl;{i$::""#xtn::#{,;:i"t#,1í,},ül:
mente o seu nome no estrangeiro:
ür.;"i#;.n""
€ruas ou tres vezes. a*suntoã
gue "tudo isso tinha o cheiro-á-ã-;;J; :;;;* dade. brasileira ai.t.-"ãr"ã"*ilr,ri_
-D",^",:1i'T,,:"^:.j.
Brasi.l.". e r"ú"
-
sências dor orosas ! :-"ü"?#JH"fl?l j"lriâ:
O nosso nacionaüsmo, por aquela época. lar com o máximo entusiasmo $XS"
g_ava-se da exaltação do'indio áo"ã áã-Êi;ala_u ra^'America,,, que finalmente na sua nova ope_
se õãiaã"iã Ir"-
urtegrava-se, assim, visceralmentá, - p"-i_iti- rusao seus papeis, t I"", -;p;;;;itjã.'rt_
,dosseus
vrsmo da.terra e da gente. Era ,"t*J "o guns dos
d"á,'p* trechos^
prrmogenitura artistica, Carlos
coã* 1ã, áui_ 1" r",t,$ "O gã lõ;'ü;#;t"Xo# *:xE#:
xasse penetrar do sentido racial ao ,ímãi"e GuaranÍ", .
:",,9à
Escravo" e ,,CoiomúàT^"i"!tiL"*
Alencar e qom ele se inctinasã;;;;';';="r.. ae em que
profundas da terra e a humanalq"ü".tol"*_ Io^a_rrrcano cartos comes
3:t1i:: e.o europeu,
tres """ta"'ã'iirtio,
oq alicerces de sua patria ;;;*"ü;iii.r_
rãças
colas- selvagens.o indianú;;-ã"-ô;;j; tã*"" :?I?m retratar e de que
foi,. deste modo, uma expressão soube as caracterist_icas - p-riã-r"iil ele
";J-á; iã.io_
nausmo e, embora passageiro, etemÀro
pnas exigencias da eriação musical, Jujr.iro_
tonalidades fortes de epopeia.
"*
momento. alto da nor.r_iite"ai*. -ã tix6;-u* Está para.aparecer o biógrafo de
_^_- que Carlos
seu êspirito uma concordancia t^âr:?" mes o estude sob o angulo d; il;;-;À"_ Go_
mais i"t."iá-"o*"o cupaçôes patroticas
os anseios da afirmacão aa terra-ão';;"1";ç". q,r" ifrã-ãê; ;ff""ãià"-
Ng seculo que o viu nascer, enfileiram_se, "
entre aqueles que,
__ ,
portanto, quatro nomes soria,ariós-nã'-..;á*o
poesra e nas artes. .*pressã"ámnan"literatura,
l:r^l?^rlUl"
,L"üã?x
na
amor_ao Brasi]; Gonçalves oiás,-]ose as tendencias espirituai
car, Castro Alves e ir"ià c;;:""-ã:*:^=a"'ãi"rr_. rumos do seu destino [r$:rf,::t" e rixaram os
mêiro escreveu
:'j
o^_^,flos Gomes. _Sobre o pri-
meiro acn_o_,^,, Ronalá--ã"-ó.u,";$;l'ãrürl*
(Espqclal para ..ESFEEÂ.)
Kii
*.:

í.
L,

al
Íi: EsÍera
32
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F.
lr
(?.
t.
Fundqmentos econômicos
dcr litercrturq brqsileirct
l;.
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ti: .'
i,:
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Per e g r no Juni or
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a

í.r'
1
ii, {.
?.
ig.
ç Houve tempo, e não voi longe, em que Romero mqis vibrqnte e opaixonqda; a de
no Brcsil os homens de letrqs viviqm no cli- José Verissimo honestq e cqcete; c de Ãr-
ií mq do mcis completo esteticismo. Purq qr- tur Moto mqssudq e prolixo; o de Bonold
1:
l:' te pela qrte. O ãscritor Íczio questüo de concisq, clqrq, bem orrumqd<r. Qucsi todos
t- ignoror tudo o que pqssqvct qlem dcis Íron- eles, em últimc anólise, se ressentiqm de um
i.
1l
teirqs dq suq literqtura. E orgulhqvq-se des' deÍeito bem brcsileiro: certq Íqltc de espírito
il sa ignoroncia. Porque qcreditqvcr que no crítico. Sobre q nosso Íorrnoçõo históricc e
i plono dcr culturq hqviq comportimentos es- literório, como sobre os vultos mois impor-
t:' tonques. .. Felizmente esse tempo püssou e tqntes dqs nossqs letros todos esses his-
cr orientaçõo gerol do nosso espírito modi- toriadores tiverqm sempre - opiniões mqis
Ei
t-'
t'-
Íicou-se rqdicqlmente. Os homens de letrqs ou menos identiccs. Os seus juizos ercm
compreenderqm qÍinol que o Íenomeno Ii- bem comportqdos, sisudos, disciplincdos: Íi-
li.
:.,
:. terorio nõo erq um qcidente isolcdo no ritmo lhos-Ícmílio dc opiniõo trcdicionol . Ãté os
x.

do pensomento humqno, e pcrssqrqm q estu- tipos estudqdos erqm sempre, invoriqve-
I dqr e investigor todos os ospectos economi- mente, os mesmos. E' clqro que estovcmos
cos, sociqis, políticos e cientiÍicos, que o in- preciscndo de umq urgente revisõo de vq-
i.
t tegrcvcm e complicovqm. Ã literqturcr dei- lores e categorias literqriqs. E preciscndo
E
{ xou qssim de ser um logo perdido no deser- sobre tudo de encqrcr c nossq historiq cul-
t1 to, pcrcr ser o estuqrio largo e generoso onde turql de um ongulo mqis novo e interessqn-
se encontrqm e misturqm ctgucts de muitqs te discernindo Íqtos e pessocs, demsr-
li':
i:. Íontes... Ãlcrgou-se e oproÍundou-se destcr- - Íronteirss, estqbelecendo reÍerenciqs
cqndo
i te a missõo do escritor. E estq novc orienic- uteis.
t,
çôo, tõo sensivel ncts nosscts obrqs de socio. O sr. Nelson Werneck Sodré Íec cÍinol
logia e críticq, como qté nqs de Íicçõo, deu o livro de que.estqvqmos precisando. Espíri'
'I
ii
ó literoturc brqsileira um sentido diÍerente, to inquieto, lúcido, dotqdo de boc culturq
i: mqis sério e mqis universql. gercl, o critico do "Correio Pculistcno" pro-
i' E o que cqrqcterizc este momenlo, nq curou interpretqr q nossct historic literoric á
F
i- literqturq brqsileiro; é umc certc preocupc- luz dos Íátos economicos. E reqlizou um li-
É':
L! ção de introspecçõo nqcionol. Um grupo de vro notqvel pelc erudição, pelc clorezo, pelc
escritores trouxe para cts letrqs nqcionqis, acuidqde. Inteirqmente diÍerente de todos
É
!É nos ultimos tempos, umo ogudo curiosidq- os historiqdores da nosscr literqturcr, o sr.
fu:
I de histórico, um lucido espírito crítico, o Nelson Werneck Sodré divergiu deles cté ncr
rti qmor dc pesquizc dos problemcs sociqis e escolhq dos nomes que estudou como pc-
:\
economicos. Tudo isso tem levcdo c joven drões. Ã seleçáo dos nomes citqdos nq "His-
!;
ii' literqturq brqsileirc pqrcr rumos inteirqmen- toricr" dêste crítico, equivcle o um depoimen-
i::
te novos, nõo só no terreno propricmente dc to de sensibilidade: revelq com nitidez suqs
iil
l+ sociologic, como tqmbem no do romqnce e preÍerencios, suqs oÍinidcdes, suqs cdmirq-
§,
da críticc literoric. E é essa novq tenden- ções. Àlem disto, reporc injustiços ê esque-
t cio de introspecçõo sociql que explica o cimentos, omissões e equivocos. Mcs nõo
têm csrqter essenciql, porque não Íqriqm
b.
5' opcrecimento de livros surpreendentes e no-
toveis como "Historio dc Literqturq Brcsilei- Íqltq, co livro, essqs citoções, que vcrlem
ra" do sr. Nelson Werneck Sodré! Nós tinho- ctpencts como ponto§ qcessorios de reÍeren-
mos tido, cté agora, tres ou quctro hístoriqs cic e reparo. Por isso, em vez de enumercr,
dq literaturcr brqsileira: q de Silvio Romero, ele distingue e selecionc. Espírito crtilcdo,
c de José Verissimo, c de Roncld de Cqrvq- de ogúda sensibilidcde, sqbendo vêr qs coi-
lhc, c de Ãrtur Motc. Em verd.ode, nenhu- sqs com extremcr lucidez e dize,Ics com rctrct
mq diÍerencioçõo Íundqmentol hqvio entre clqrezq, o sr. Nelson Sodré julgc com exc-
elcs. .A,penas os qüilctes literqrios é que as tidão, equilíbrio e medido, escolhe, com bom
distinguicmr umas das outrqs: c de Silvio gosto, e escreve com simplicidqde, correção
Iulho, 1938
33

o cÁso
RA CHEL DE QUE'ROZ
íEspecial poro,,EsÍero',) . ,t;í{
' :"J
J. A. SEABRA DE MELO
';,:
i
'.
Rachel de eueiroz é, desde a sua estréia nas ::,li
Ietras, uma. das mais discutidas u pããerãã am_ o pão no suór do eito e dos homens rudes j;i
desgracados da beira do cáis. A;;ão -fontes,e
.k
mações da moderna geração d" i"ú;"rrlas.
sua individualidade literaiia up.u."r.tá, -dü irtoa nesse romance ótimo e mal escrito que."Àrn
é ,,Oé
tlü

C_orumbas",. tambem viu os ..\


::-*
mesmo, a sedução de uma aventura senipre
teressante aos que-the pesquisu* r-inii"àn.lu in_ olhos compadecidos e cheios -irãiã""],
au ,ã"oú ãt" o
o,
sofrimento sem remédio. E o Sr. .fose-ÀÀu.ico, ,|1:.,
zo movimento renovador do nosso :.§
quq, á primeira análise, .rrrgu -ràfO"o
"o_r""". O e Graciliano Ramos e muilos outros. úar-e pr"_ ,:iÀ

"o*oàu"*ã".ü"""
mais da ficcionista é a inexilten"iu ciso assinata-r a posiqão de nacrrãi'áã-ôrlui.or, :ê
-::li
fronteira ideológica ou estética ;;iÃ- r=;àu que apezar do sexo é, inegavelmente, quÀi uma
a obra da autora de ,,Caminho A"p-ãã.r;. "" precuISOra.
" No meio de tantas preciosas, bas_bleus e -;i
. A noticia que eu tive, mesmo antÀs de co_
.

nhecer-lhe o melhor romance _ O grafomanas estereis que andam 'po"


euinze _
q a" uma mulher com_muito porl"o-áã.-qru_ consolador do que a presençá a" "i,^--"ra,
Éá"fr"t ae ..§
ll
Ípi
ljdades geralmente atribuidas
1L_ais
r4uerroz, uma mulher que.vale ela só, no Brasil, {§
áo ;;-;;;;r"_ .,Ê
do certas atitudes pengosas e exercendo ,rr'ãã!
prrar cearense Luna terrivel dialetica de .{
de café. banca
Para escrever ,,O euinze,, fugiu Rachel
. Aliás, nas paginas ardentes de ,.O euinze,, e
dos Queiroz á permanente seduçáo aa" pairreàà ri
de
-livros admiraveis que se seguiram, Rachel toreana do Ceará. A, aventura ,uaããiãrã-e pi-
de Queiroz se mostra iaL"tiiicaaã toresca rlos jangadeiros que inspiráràÀ-à ivrusa
sociais explorados nos depoimãntãr-
"ãÃ'àr^iã*""
fiiu"ãrio.
dos.uttimos ternpos. popular de Juvenal Galeno, p.ef-eriu ela surpre_
sg.,de- passagem Ista ctiàunJ;;;;,'_:"'áis"_
não resultJã;;;.
ender a odisséa do sertanejol ,ro n*trr
- sentindo_*, -'ro - siriptes contra o flagelo terrivel. O' que"úúàlu
q"" mais valorisa
:t,1"9:,1il:rária,
c o reuexo mesmo de toda a formação "J"ã.iá;" esse romance é o realismo cruel que a autora lhe
intele_
ctual _da escritôra. A tragedia sããúã"'ããr.ã'rr"_ soube imprimir, em traços que nos maream para
manidade miserávet e sorreaó.ã- a"r*iã-uii"ur, sempre a sensibilidade. Ha muita verdade. tal-
do-.ser_tão -
e dos mucamnor, vez um excesso de intensidade humana que faz
iÀri"ãoliii" fi""ri_ de "O Quinze', um espetácuto Ootoiàsã. ,li.à"*
biljdade feminina, mu:to cOOo -iilã i*pOl
refa. humana de defendê_lr. Ér"--p".ã"ãiui à tr_ poderia fixar com úais vigor ae iúãr-t
deste modo, um compromisso consigo toda a grandeza .tragica- o i=.rromôno-ãã, J"""r, "m
"._ corr_t.
mesma, compromisso que tem raizes tunáãs _o _seu cortejo de desgraças coletivas. E á
=]:]9_o,
sua conciência de escritôra. na realida-de adquire, ainda, néste tivro, um
refevo
A obra de Rachel de. eueiroz é, talvez, a 9xtralho,. que the dá a atitude o"ã
mais .sincera e humana entré a au táhoJ-àr".o_ ora gigantesca na "àrimaAa,
surda revolta aos in6iirãs que
mancistas brasileiros. As emoções--ã"ã povoam as estradas poeirentas.
vibrâr dolorosamente a cada -paeilià-rid; }ãru* Rachel de eueiroz realisou com ,,O euinze,,
"Ã àü ," o verdadeiro romance da seca. fsto porffi não
sentiu. em toda a intensidadul-?"rã"ãJ*aí'r""
compaixão e da sua ternura 'p"rÀ--rli*iiã", fugiu á realidade dotorosa e palpitairtà-'ááqrr"_
for.ça persuasiva de um nobrã las vidas heroicas, que nos ofiisã * iot.ãi'" .
tético. " pensar comovidamente com a romancista. Ela
"poriãiããJ-'"r_ nã.o.fez reacionarismo doce,
_ Rachel de eueiroz ama os humildes, ã"piàrãrilor"o
os seus livros estão cheÍos ao" ,oiri*ãiitJ"à"utodos motivo poetico o sofrimento ao" "ao ,eú's-i"oÊo-..
êles^sofrem. E' verdade q"à -*"itü"ià"i"tàit, E sentir com verdadeira slmpiiia- H"áL.ru,
e vêm fazendo a mesmê-coisa. com intensidade e com amôr já ã muit* ãisa,
"rãrge-ã*-uao,
sem fa-lar no lirismo muito reaãio";;;",i" numa época em que se faz poãsia
1,í{r" cambos
morto", é um amigo aos inreüàs;;;;urr.* e a Favela é um motivo irr"Ààãtr"ui
"o*-ã.-*rr_ oe
banalidades liricas.

e elegcnciq. Depois, compreend.endo o


ndo protundo dos Íqtos sociqis, ele mergu_
sen_ to. O livro do sr. Nelson Werneck Sodré é,
lha no Íundo da nossq cultura, p"i"-*o"_ sem Íqvor, um livro notqvel _ e dq catego-
trcn-nos o hurnus economico em
ric daqucles de_que Íclei no começo: quten.
f,ue elc nu-
triu os suqs rqizes. E,-possivel diverqii tico trcbclho de introspecçõo Lccional,
cqui que veiu renovgr os nossos piocessos de crí
ou olí dqs suos conclüsões. lvtos, ,rírrqu"m
tica e- investigcçôo litercric. por tud,o isto,
pose
leggr que ete t., u*o-"oid;;il'""
sub-solo dq nossq consciência fitài"ta,
conside.ro muito importcnte q obrq deste jo-
, terpretcndo q umc luz novc os qspectos
in- ven crítico e ensqistc, gue riscou um rotei_
ro nov?pqro q históricr literúria no Brosil.
mqrcqntes dc historia do nosso êspíri-
ffi."" íEspecíal pcro EsF6Eâ)j
EsÍercr

"porto
tl ! ' -^ll
lnseguro
poemos de rossine comorgo guornieri
odil on negrqo
Rossine Camargo Guarnieri (guardai bem o tempo em escalar as ianelas fechadas dos quar-
nome desse menino, oh ! vós que fazeis versos !) ioi à* que dormem as musas. o amor freudia-
é-ãà. ttto= poétas brasileiros com capacidade no e particularissimo não impressiona os nervos
à trtut o parã realizar uma obra humana, dade contrólados do poéta. Guarnieri ama sim, mas
ãurát"" cíólico, dentro do vassoural cançado ama a to{os ós Àomens seus irmáos e semelhan-
tes. Amalos pelas angústias que êles sofrem e'
inteligencia nacional.
pensamento patricio, de vez
N=o deserto do -oásis ;;;.iúl*t"tã, pela -piedade que êsse padecer
em quando surgem luxuriantes, cheios de ih;-í;t;;;á nâ ãlma-acolhedora' Ama-os deste
gorgêio. de paÀsaros e de seiva gostosa' Com módo ,a seu módo:
árlJptarer, entáo, a gente descança a vista-e-re- ..ESCUTA, SANTOS DUMONT !...
por"ã o espirito nessa verdura convidativa ! Com
ãue volupiã olhamos as estrelas e bebemos a bôa
agua quê escorre da fonte encantada e ma- A noite não me convida
viósa ! O repouso nos envolve de todo. Descan- para um Passeio de bonde'
çamos. E esquecemo-nos até dos camelos com Vai chover...
- topámos
áue na longa caminhada. . . Vai chover chôro chinês.
"Põrto Inseguro" é um oásis no deserto da As mulheres de Pekin choram nas ruas!" '
noesia brasileira. As noites estáo negras, negras' negras" '
' Guarnieri náo faz versos para que o cha- O mundo todo está de Iuto
mem de poéta. Escreve por necessidade espiri- e as criancas já vestem vestido preto
tual ou fisiológica, como quizerem, sem esfor- pelas criangas que vão nascer" '
ços, sem consultas a dicionarios, a tratados, â Êscuta, Santos Dumont...
ãscolas, espontaneamente. Sabe ver a vida que você sabia ?
o cerca, féiê e dilacera e vai escrevendo o que Os. aeroPlanos italianos
vê. Essa simplicidade que é a coisa mais di-
- complexo da existencia guiados Poi japonêses
ficil de se cónseguir no ãoltam bómbáJalemás sobre as escolas"'
moderna Guarnieri a consegue, sem aquelas Escuta, Santos Dumont,
artimanhas- parnasianas, aconselhadas por Bilac
no seu sonetã "A um poéta", no qual as coluná- você sabia ?. . ."
tas, as cornijas, plintos e cariátides do ediÍicio, Que angústia, que dor sem nome há nesses
estáo denunciando os andaimes retirados de fres- versoÀ humanissimos que nos fazem pensar num
co. . . Igual simpücidade só encontrámos em Ro- múao de coisas profundas e dilacerantes
---- !' ' '
drigues de Abreu, o poéta que escarravá ta- É vós poétas úeonsequentes e. sem cer€bro'
lento e pedaços de -pulmões, e que tossia versos' o"" ã" aiÃis aã.t. "cênà" tocante e expressi-
baixinhó, para náo acordar os bacilos que afinal ii-rir". páio *üito de vida e reaüdade que néla
lhe devoraram a vida ! se contêm ? :
Não queremos, nem Podemos comparar
Guarnieri a de Abreu. Mentalmente êIes se en- - "As mulheres da vida
contram em verêdas opóstas, muito embóra' com oferecem as Prendas
sutilezas de observação, se póssa encontrar, no mostrando as vantagens:
fundo de suas almas, um di.visor comum. .. são bôcas,
Camargo Guarnieri é um sentimental que são Pernas,
olha a vida com a ternura dos bons e dos puros. são Peitos,
Nessa a ternura, porém, ha um travo de revolta são mãos...
contra os malandros que se aproveitam da igná- Os homens esPiam e Passarn'
ra ingenuidade dos fortes para escraviza-Ios. A No fundo de um antro
rebeldia do poéta, no entanto, não é contun-
dente. Não fére de pronto, á la bruta, como os Maria-perdida
punhais do mexicano Menendez ou como as ra- acalenta seu filho nos seios redondos
iadas da metralhadora revolucionaria de Santos e canta cantigas Pró filho dormir
Chocano .Os seus ataques são penetrantes, não com a mesma ternura de todas as mães..."
há dúvida mâs nos entram na alma devagari- A poesia deve ter uma função humana num
nho, devagarinho para não fazer sangue... Por sentido construtivo de honestidade pensamental.
isso achamos que ha qualquer coisa de biblico Essa mdnia tropicalista de botar em rima todos
nos versos desse poéta singular, qualquer coisa os recalques e complexos sexuais que dormem,
da incrivel e paradoxal serenidade explosiva dos envergonhados, dentro de um sub-conciente,
santos em seus pensamentos persuassivos. Ele orecisá acabar de vez, eomo medida de salvação
se nos parece o proféta de um mundo novo, que ãroral, cultural e racial. Só deveria ter direito
préga a ruina das i:rjustiças e dos errrts mile- a escrever quem tivesse alguma coisa para con-
narios e sugére, de manso, sem a mística e os tar a seus ãemelhantes. .{lguma coisa de inte-
furibundos arrancos dos pregadores de barri- ressante e de util. O resto é demagogia.. .
cadas, o advento de uma nova éra !
(Especiol para "EsÍerdl)
§. A' sua poesia, por isso mesmo, não perde '' -:'!:::
'' : 1 .-i: iÍ:i:: 1i?"§í,)::rijrar,:l11r,lÊ ni+
:F

luiho, I93B 35

,,
O QUE DEU PARA DÁR-SE A NÁTURESA"
EDIS ON C.A.BNEIBO
Pqrece incrível quê o puro lírico do so- possedc Íemeq. que levou os portugueses
neto "Ãlmq minhq gentil ..." Íôsse um liber- do qmcr ó ccço dqs ninÍqs (ÍX,72).
tino ou, pelo menos, um portidário do qmo,
íivre, mcis, nq verdqde, dentro dos Lusio- núos por entre o mcto, cos olhos dondo
dos, hq- desde o gronde qmor honesto, cosro o que ás mõos cubiçosqs võo negando,
e pronto psrq o sqcriÍício supremo de Igne.
de costro oté á libertino§em ó moda por- nq qdmirqvel ilhc dos amores?
tuguescr do ilho dos omores, no cqnto IX do Orq, Cqmões Íoi um grand.e nqmorcdor,
poêmq. Si lembrqrmos, entre outros, Plotõo, por isso mesmo constqnternente envolvido
É'rqsmo e Voltaire, Íicqremos ng certesq de óm duelos songrentos nq velhq tisbôc do
que os grondes expoentes dq humqnidcdeS Seculo XVI. Não duvido gue, como ospira-
só encontrorom, como soluçõo pqrcÍ o eter- ção poética, como sonho ác sucr vida, hou-
no problemq do qmor, esso liberdcde se- vesse o qmor honesto, o "puro qmor" que o
rucl que q muitos pareceró o renqscimento tcnto obrigo. Ele ero, tcmbem, um homem
dos cidodes bíbliccs de Sodôms e Gomor- do mor, um soldqdo, um pobre poéto, ccos-
O velho Luiz de Cqmões conhecio o po- tumqdo oos longos jejuns sexucis dqs trcr-
der do qmor, q suo Íôrçc absorvente. No vessiqs mqrítimqs. Dqí c libertinagem. O
cqso "da que despois de mortq foi roínhc", sexo dq mulher (IX, 76) ero
ele qssim se reÍere á insistenciq do rei em
ubertqr o principe Pedro dos broços dcr Ío- o que deu para dqr-se q nqturesq
voritq (III, 123):
e, descrevendo q bcrcqnql, a Íestcr de luxú-
Tiror Ignez so mundo determinq, ri ados lusícdos requeimados do sol do cq-
por lhe tirqr o Íilho que tem preso.... minho dos Índias, os homens se qtirqn-
do ó oguc, vestidos,- no encolço dc presc es-
quivc, negccecndo o qmor, o Poótq se
Nõo ero pcrtidorio do ciúme cpezqr trqe conÍesscndo (IX, 83) que -o prqzer dessq
-
de portidario desse crmor pqrd todc c vidc manhõ "melhor he experimentq-lo que jul-
que ele mesmo cqntou nq dôce Ignez, "mi- gá-1o"...
sero e mesquinhc", em versos de tão rqrq Nqturqlmente, nqutq colejcdo pelos fc-
belezq. digas dos mqres nuncc dqntes ncvegcrdos,
Comões deviq ter experimentcdo tambem
' Ditoso condição, ditosa gente, essc especie de prczer diÍícil, em qualquer
que nüo sõo de ciúmes oÍendidos! ponto perdido dc rótc das nqus de Portugcl.
Foi ele mesmo (X, 153) quem disse:
--diz ele (VII, 4l), contqndo como os malq-
Nôo se cprende, senhor, nq Íontqsia,
bcres realizcrvqm ct comunidqde dcs mulhs sonhcndo, imagincndo, ou estudando,
res. sinôo vendo, trqtqndo, e pelejondo.
Não se sqbe, qo certo, qucl a rnodali.
dcrde de qmor que mois cgrcdovcr cr Ca- Vendo, trqtando, e pelejondo, tuiz de
mões. Seria aquele qmor de qltqs virtudes Comões conheceu o qmor simplesmente
de perseverqnçd que Íez com que ]ccob ser- crmor, o aúor gue se reduz co desejo qrden-
visse quctorze onos c Lcbôo poÍc conse. te do mqcho e á docilidqde momeniunec dq
guir a Rachel? Seric cquele outro cmor que Íemeq, num encontro casuql em quclquer
o Íqziq desejar que Deus o levcsse tõo de- lugor propício do plcnetc...
pressq destc vidc quôo cedo dos seus olhos O qmor dúdiva excelente dc rrqture
levqrc q mulher que idolatrcvq? Ou seria scr. -
cquele omor selvqgem, sempre em lutc pelc íEspecicl pora "EsÍera')
'i:i::.:
Esfera
.ã. condeio se cpcAc!
Um pcsso Índis e Íicarei no escuro...
A minho mão já nôo sustem o veato
IVem protege c chomc..,
O gue procuro
DesÍqz-se como se Íósse uma olucinação...

A 'MoI diviso entre o vdi-vem dcrs


Os Íerros duma co.mrl',
so.rrbrcs

Um Liwo... um crucíÍÍxo..,

CANDEIA Mcs c condeiz tremeJ


O meu olhqr é Íixo...
pasmodo. .. inconscienÍe.
Meu estrqnho delÍrio
..
É um pedcço de Íilm
Que outros raáos esticorcm
E lorgorom de súbito.
IVern urn ponto de cpoio... urn gesÍo...
ümcr palavra gue prenda... gue oft'menÍe
Esto luz !
' Esto luz que se apagcr
Dêntro da minha mão,..

Ã. ch(,.ma exlerÍorisc
Sob c pressáo do vento
Intempestivo e duro.
Ficor seró perder...
Mss corno poderei eu co.minhr:t?

Um posso mois .
Nestc incertezc enorrne
LYGIA E Íicorei no escuro I. ..

tririos e ÍIôres de lotus, perÍumes e côres pdlidds,


e a ccbeço vocndo pelas estrêJos"
üm desejo de brqnco, iapalpável, suave.
0
Uarcr crscenÇáo c Deus.
Irritaçã.o pelo ruido anr'mcl nc càoçcr rlaunda dos &oarens.
Branco. Uar desejo de purezd iniciol, - Gaminho
ÍIorescirnenÍo linpo dcr ter:a dos tahes.
Cabeça tlutaando pelos eslrêlas.
Uar ser üátqno e cro raêsnro telrpo ilrprêciso
E c cabeçc nas estrêIcrs...
Ilas
Mcs um vazio iapossíveÍ.
Un sobor ocÍe ntr língua e no pcloÍo.
E as móos inaniraodcs Írias e sem scmgue Estrêlas
Olheiras de poeta-boba -
.{stúcilc de veadilháo.
Velr.derd-rne, Íugfua-me.
/á cs esfrêIos eram l&grimas de gêIo
e o gêIo queiraavrr coao brdza.
.{ cubeçc desceu ern veiligem.dcs nuvens para subit cos ora.bros.
E Íoi então gue chegou o rÍrinuto de Íodos os aor'nulos.

Ãs tuas máos viercm cheias dc terra das roízes


e csperg'iroar-me lodo.
Pousou-are no ombro coa cctinho
o ruído onimal da c?roçc imunda dos àomens.
Os lírios, ÍIôres de lotus, perÍumes e côres p<íIÍdos
eroar ÍIôres de papel,
raiserrirzeis ornotos de salôo depois do Ír'rn dc ÍesÍcr.
Do Íundo dos Íeus olhos
vet'Gnre q. certezd dêsse arundo oindq sera pclawcs.
Às estrêIas brilhrrrdra iusÍanrênÍe ao cÍroçc Íaaunda dos àomens.
Sujei as môos. Gritei
Deus Íicóra parcr trás, M êr i o Ilionísio
(PcraE§fEBÀ)
t utfiQ, tJéct r

37
Vogoram de todos os rncres do porto da pcrrtidc
e c óordo nem a dlqd.zcrÍq dcr derrota
nem o choro dos yencidos se ouvÍc.
VÍnhom qs ncrus no silêncÍo dqs corics moÍÍds.
Os homens Íinhozt esguecido ds ptrldvros de ncvegcr!
Sua linguagem ero umd só polovrcr, eacontrcdo nâs disÍoncios;
esÍqrrd nos ollros, no roío e nos raáos encrespodos: soudcde.
E os norus já. não veriam o prlrto da pcrtr-dc...
trenlqs os ondcrs Íecerom sôóre elas lláres de estrrrrmc.,
JenÍqs cs ncus descergrn os dbismos'ozujs.
Ninguém a bordo se olormou,, aquilo era espercdo,
SiJenciosos deixcrsn-se ir, Iágrmiãs deu_Ihas'o mor,
SAUDADE
nos o/hos esconcqrqdos eslcyo escrito: saudade.

Na pátria lez noíte c demorc dos ncus.


Bem escoJom os escorp<rs té o cimo dos promontórios... jnuÍil
e olhom os nêvoer-ros e os nevoeiros se desÍczem, \
e Íico o mcrr todo deserto, nem dzd de gaÍvota:
os ,oIhos veern o mdr c;trovés o nevoeirá das lágrimos !
Bem escolcnn qs escorpcrs lé o cr'mo dos promoÁútios. ,. inuÍil,
a dor vai corn êIes; de qudlquer porÍe o rncr é Íenebroso.
E largos onos chorcndo dmaldiçoanom a névoa.
Ora veÍu urn .rroço do interior e viu o mcrr: ficou trwrqvilhqdo
Mrs que chorova cgueJc AenÍe olhqndo og,r"lu- ossom.bro? !
tutrt vozes qemeram: O neyoejro que ondcr ncs óguos. ,.
E o moço estucíhllou a origem de tonfa'dor..
.que eu vejo é azul e simple+ enÍornc Ír.*Do.
;.O ummargrrto
i
lg,, esponÍoso pelo costo: _ socríIeqo I
Vierom todos os promontório mcis olto,.
I dt o queírndtdm entre oroçóes de esperonçc..
- Seró o toirol dos nous perdidas ao rerroeirol... Monuel do Fo n seccr
o
Desobcrvana-me dos máos cclosos ailà6es de esúêIos
0 e volviqm pó(ocoari-nho
sob os pÉs greÍcdos do mjnhc vagabundagea lfuica.
A graça dos coiscs desrnoiovq no tefrrpo
Mundo e a vidc no tempo.
Depois, ncda nxais gue máos cqloscs,
Pes qreÍodos,
Nascêra-me as estÍêIas, de Íqm Jongre, ocenando-me
e cldoÍrnecida no póJdo-cominiho c corae do aeeu corpo breve.
-
0ulra QuonÍos pclcvros fcídos aos lábios sêcos
ainda emudecÍdcs
nrr, mctgeza macic do Íegoto sjJencioso/

Vez Q-uc,ntcs Jógn'mos-de-cegro cuÍdqs no,


o,indq mal sentidas
arêu regoço
e Iogo ensopcdcs no po-docoainho!
QugnÍcs cqrícios rejeiÍadcrs desÍos môos coJoscs
tqrn qllreias e núcs, esÍcceJando Íogos-Íótuos.r

§ob o orvclho dcr. mo;nhã clord,


dos coiscs sorrid ao areu sorrjso
cÍ. grcÍç<:
e a vidq no Íempo..
Íudo gue Íôrd rnqd<r e perpétuoarenÍe em Íudo roJvjc
yqo Suê corrê ê corre porcr a real.ização tugídic
Íudo
tudo sorria no mer, sorriso.
* Bons-dics, radnhã clara do meu corpo breve !

Coern os ÍóIáas côr-de-poenle


qs esÍrêIos sáo cada vez mdis longínquas
umc conçôo sern norae molha-me os lóbios de Íerra úmido
e a pn'meiro mulhersoúdo I
* Bonsdr'cs, monhã clarq do areu c!Ípo brevê,
Ãntónio Gameiro O aundo nosceÍcr-tae ouü:«l, veu

(PORTUqÃr
í@
r'.,.ff@-;r1s.-9r.j.ga,,',zi,tir4ã5â.:ljfí3-)l].würurr.Êe{jFt.iÍql-ftY,1--'.r",*Tr4ffi%
''' - -i "r"l
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Eslerq

a Taagtteú?oi,uoet,
?ük da {ú.ueiha 'll)e,,neú
Espiritos oindo ho, desgraçqdqmente, contrq ct guerrq, como bárbqro residuo de qn-
nestq horq, que cdvogcm com qrdôr estre- tiga Íerocidqde, nós q considerqmos como
mqdo q clqusuro dos intelectuqis no torre o poder mcximo. de despertor do enervcr-.
de mqrÍim dq "srte pela orte"!.. . mento, como meio ropido e heroico de po-
Chegou-nos, com eÍeito, nõo ho muito, der e de riqueza. " (Poppini "Vecchio e
o notícig de que, discursqndo peronté o Co- nuovo nozionqlismo"); nc horq- mesmcr em
légio de Fronçc, um tcxl Sr. Jacques Poisscn, que Íuturistqs delirqntes e vqsíos ctsseverctm
sob o pretesto de estor horrorisodo com q ser q cqrniÍicina dos povos o "higiene do
sordidez de certqs rncrnobrqs políticos con- mundo", c indiÍerençcr equivale oo endosso
temporoneos, preconisou, em orroubos de puro e simples do borbcrismo sem pur!
orqtoriq, a Íormcçüo de umq ligo de homens, Quando hoções imperiolistcrs, pcssando
de letros, os quois, no entender doquele co- dc polavro qos qtos, seja ctravéz de inescru-
valheiro, deverõo renunciqr á solucõo dos pulosc soÍisticqrícr, sejc pelo mqis deslavo-
problemos cruciqntes do momento, pcro dc violcçõo de principios seculqres ou mes-
consqgrqr-se; de mqneirs esclusivq, oo bi- mo pelo repúdio imorql de compromissos
sqntinismo dos cqnticos ás musqs. livremente qssumidos, quondo, diziqrnos, no-
Oro, Sr. ]acques Poisson! Não e não!! ções imperiqlistqs. em pleno século XX, Icn-
çqm-se q guerrqs de conquistq que o gene-
Que hc sordidez. mqs muitq scrdidez ro humqno supunha sepultodcs para todo o
mesmo, nqs mqnobras políticas contemporc- sempre nq escuridão dos tempos medievqis,
neqs, sqbemo-lo nós outros tão bem quanto ccbe á inteligencic e só q élc a tcréÍc trons.
vosscr senhoriq e os de sua grei! Mcs, jus- cendentql de deÍender c civilisoçõo e q cul-
tamente por isso, meu ccro Sr. Poisson, turq contrq qs qrremetidos selvogens do
quando motivos outros de vulto não houvé- trogloditismo ressurréto.
ra, ó que os homens de cultúrq devem co- Quando, sob rqzões mérqmente demq-
locqr-se nq estqcqdcr, em contqcto intirao gogiccs de diÍerenciações etnicqs, ressur-
com ct vidcr reql, mostrqndo, desossombrq- gem, obominqveis, os qutos do Íé e crepi-
dqmente, as injustiços, procurqndo corri,Eir tam Íogueircs enormes de obrqs cientíÍicos
os erros, levqndo qs luzes do sqbe; qté cs os homens de pensomento nõo podern nem
mqssqs qnonimqs e, qcimq de tudo. empre- devem cqlqr!
gondo os mqiores esÍorços no sentido hu- Muito qo contrqrio, têm eles c precipuo
mctno por excelenciq de qÍsstqr o espectro obrigaçõo de esclqrecer os espiritos que, in.
hediondo da guerro, cujc Íouce escdncqrq- felizmente, se vôo deixqndo cbsorver, cqui
dq, mais do que nuncq, rondq hoje sinistro- e alí, pelc estognoçõo pestilentc de misti-
mente o Mundol cismos inÍeriorisqntes, Íéros olgozes do ra-
Qucndo, á sombrq mortiÍerq de "Ílores- ciocinio.
tqs de bqionetos", em supremo escorneo á . Mcis umq vez nôo, Sr. Jacques Poisson!!
Dignidade Humqnc, ditodores truculentos, Ãs sementes venenosqs do seu "]cissez
nas largas de um égocentrismo Íuribundo, Íqire" sumqmente covqrde nóo germinorõo,
vociÍérqm, pletoricos, que "q poz perpétua sem duvidq!
é um qbsurdo", nôo pode o intelectuql di- Retrqte-se, pois, sr. ]ocques Poisson e
gno desse nome permqnecer, crirninosc- venhq poro c lutc!
mente divorciqdo dq horq que pcssa e de- Lembre-se, coberto de vergonhc, de que
sinteressqdo pelo Íuturo, contqndo historie- Íclou porc c Frcnço, pqrq o vélho Frqn.
tcs sensqborosqs de qmores mql sucedidos. ça libertáriq que sempre soube colocqr-se
Qucn{o cérebros putreÍeitos e penos nct vqngucrdq dos grondes movimentos re-
csqueróso§= produzem trechos como este: dentores dc Humcnidcde!
"Enquonto os humqnitqrios vís gritcm íEspecioJ para "EsÍerd')
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@únlí, de ryonarLce)
i:a::ii!

Medeiros Limcr
Quondo q noite chego, sinto-me Íeliz, mim, e muitcs vezes sorriem. ReÍugio-me en-
porque só q noite me Íqz bem. Se ha luc, tão em Berenice. Revejo os seus olhos qzuis,
então eu me regosijo em poder contempla-la cr sucr Íqse cqlmq, oÍogcdc pelo vento do
E q ela eu dirijo qs minhqs súpliccs, qs mi- mcr que Íqziq dqnsqr os seus cqbelos.
nhcs mágucrs, os meus desejos, enÍim. Fqlo E uma grcnde ternurc me invoCe. Nes-
das torturas que sõo minhqs e-são de todos ses momentos, qs minhcs mõos sentem von-
os homens tqmbem. Qucndo tenho o esto- tcde de qcqriciqr o corpo de todcs qs mulhe-
mcgo cheio, posso me recordqr de bons pen- res, de perder-se entre o emqranhqdo de
scrmentos,, o que é sempre raro. Só os pen- seus cqbelos: Mcs Berenice é um gronde
-
sqmentos máus, sombrios, povoctm ,r minha sonho, unicqmente
cabeçc. O brilho dqs estrelqs enternece os Elc está distonte, e hq muito náo sei
meus olhos, mqs crs vozes'que gritwn den- que destino tomou. Iudith está perto, porém
tro de mim levqm parc longe o prqzer que nõo sei se êla hc de me querer. Creio que o
dcí provem. E os meus gestos perdem-se no seu olhqr é qntes de compcixõo; êlc nunccr
qr sem que ninguem percebc q revcltq dos hc de gostqr de mim. Nq.verdode, sou um
sentimentos, que êles trqduzem. Ã solidõo sujeito otôc, bcstcnte inutil, incopoz de ins-
da noite é c minho grcnde cmigc, e q ela pirar omôr q quem quer que sejc. Reconhe-
confio o desdito de meus pcrssos. Só o bq- ço-me mesmo umq criqturc imprestavel, in-
rulho dos cutomoveis que rolom no qsÍqlto, teirqmente imprestcrvel. De vez em guando
perturba o gronde sossego dqs minhqs noi- tenho grcndes qrroubos.
tes de silencio esquecido no bqnco d.c pro- Trepo nqs pontqs dos pés e olho o muln-
ço que Íica em Írente cto mqr. do com superioridode. Mcs logo pcssa, isso.
Muitos vezes levqnto-rne cpressado e Cqrlos já me vê com certa piedcde, em-
coro sem destino todos qs ruqs que encon- borq se irrite de vez em quqndo comigo.
tro diqnte de mim. Pqrece que sombrcs enor- Porc êle devo ser simplesmente um Írqcqs-
rnes. me perseguem e visões tremendqs me sodo. E o que lhe irritq em mim é essc passi-
qlucinq&*. Sõo os Íqntqsmqs de lodos os vidcde em que vivo. Não compreende como
meus desejos. E qs sucrs vozes me torturqm, eu posscÍ me sujeitar d essq vidc de ccchor-
e os seus impulsos me impedem de rocioci- ro, Íugindo dos credores, pedindo dinheiro
Ixqr. emprestodo ct um e q outro, pcsscndo Íome.
, Persigo entôo qs mulheres que Fossqm, Minhc mãe, que está lavcndó e engomcndo
digo-lhes Írqses Íeitos que ouvi não sài onde. pura Íórc, Ecnhc sempre algumc cousq.
Todqs.me olhqm com espqnto, Íogem de Mcs, em compenscção, percebo que ss_sucrs
Iulho, 1938 41

Íorçcs estõo se esgotando, que a suc saúde o dic cmcnhece turvo, cmrecçq.do chuvg,
está muito debelitodc. Ãgoro costumq me tenho vontcde de me esconder.de nõo olhor
Íalar de vez em quondo: pcrc Íóra. Os diqs ossim me cbcrtem, ê'sin-
Qual!, meu Íilho, o minha vidc est& to entõo um enorme ccmsqço em meu espí-
- Quolquer dia desses eu bqto qs bo- rito. Nõo compreendo porque fqlo estcs cou-
no Íim.
tos. Será qté um olívio. sas cqui. Tudo está muito ierto, é verdade,
Isso me Íere proÍundqmente. Bcixo c cq- mcs nõo creio que possam interesscr c.nin-
beça e Íico jururu' pqro o resto do diq. guem. Jlliós essos impressões, esses Íqtos de
Sinto umq gronde dose de culpa em minha vidq, vôo clí de umq utcmeirc muito
tudo isso. Poderic trobolhcr e entõo teria desageitado.
o suÍiciente parc cjudcJa. Sentadc q um Não tenho, de modo clgum, ums linha
cqnto dct ccrmq, Íico pensotivo, ctrcpolhado, de conduta deÍinidq. Já disse que <rndo em
inerte. Por dentro, vou me roendo todo. Mis- zigue-zogrres. E' umc cousc que estó inti-
turo sempre tudo isso corn Íqntqsmss, com mqmente ligada c:o meu tempercmento. Por
coisos que imogino e que vivem bolindo mcis que me esforce nõo consigo descobrir'
dentro de mim. , ct razõo de certcs qtitudes minhq!. Faço cou-

- Que tem o senhor, "seu" Mqrio, estó sqs,que me espcntcorr, que chegcm a me
triste? impressioncr mesmo.
E' q voz de D. Generosa. Pqssq pelc Ha dios passei q noite ccordadc, per-
porta de meu quorto, pcrg. Faz perguntas correndo c cidcde. Nôo guiz ir pcrc ccsc,
opcrentementg ingenucs, só parcr mrj provo. e entõo me puz q ir e a vóltcn por diverscs
cqr. Costumo rir qmqrelo. Umq vez ou outre ruqs, fczendo de modo invqriaíel o mesmo
solto respostas vcgas, tolcs. Mcs sempre percurso. Umc especie de viq-sqcrc. Em cer-
fico nervoso, exaltàdo, com desejo de ber- tqs ruqs mcis escr.lrcs e desertqs chegcvc c
rsr, de dizer nomes Íeios c D. Generosq. ter medo, e me qssustqvc diqnte de mirihc
Estc velhc que sorri dq miseriq âlheia, sombro. A imcgincçõo crumentqvc de um
que odeic os que prospercrm, os que respi- modo exagerqdo certos . penscmentos ç[ue
rqm um pouco melhor, me provocq nqu- rne vinhqm dq noite. Grande erc o obismo
secs proÍundcs. Odeio-c,- como a todcr espe- que me stqstovc dos grcndes qstros. E O
cie de vilões, de bcrbqros, de imbecis, que lua espclhcvc-se pálido pelos ccrnrinhos. Eu
Pqssclm diariqmente co meu lado e que vi- me qbsorvic em cousqs vcç[crs,.impreciscs.
rqm qs costos ó minha pobrezc. Tenho uma tevqntavc o brcço e fqzicr gestos inu-
conciência qucsi absolutq de minhq inutili- teis que se perdicrm no trr. Ãlguem que me
dqde, mqs desejoric cuspir de cimc nc ccrq visse me julgaric um louco. Mas eú qndq-
de todos esso^o pobres diqbos que fazem pou- vc dentro da noite sem prestcr otençõo <r
co de mim. ]u1go-me um ser humcno, que ninguem. Eu me bqstavo c mim mesmo, e
como todos os demqis, possue qs sucrs cs- Íugiric de todos aqueles que tentassem se
pirações, tem os seus deÍeitos, cts sucs ne- cproximar de mim. Contentqva-me com 11.
cessidqdes e qs suqs paixões. Mas percebo presençcr da lua e dirigio frcses soltas ús
que o _mundo vci me qrrqncqndo aos pol+- estrelqs, enqucnto gucrdcvo no corcçõo c
cos tudo isso. Breve serei um qnimal. Um lembrcnça de ludith. Dentro do mundo, eu
snimol. Ã cadeio ercr sombricr, tene- erc sozinho. Quando a mcdrugcda chegou,
-perÍeito
brotsc, mqs êsse mundo em que me cgito os primeiros rqios do sol deicercm sõbre
não é menos sombrio nem menos tenebroso. mim. E, nq horq em que s vidc de todos os
E' verdqde que Posso qndq_r por todcs os outros homens recomeçqvq, êu ürê dirigic
estrodqs, ouvir q ccntigcr do mqr debaixo pctrct o meu qucrto em busca do sono que me .

dqs noites de estrelcs, sentcr-me no bqnco dcriq q cclmã que não encontro. Isto pcrece
do proço e olhqr os homens, os cqchorros e uma idiotice, uác ctitude boba, mtrs nc ver-
qs mulheres que Pqssctm. Sei que posso pen- dode, nõo consigo Íugir delcr nunccr. Posso
sctr em couscts estrcvqgentes, em herois imq- reprimir todos os outros desejos, menos esse
gincrios que reolizom sonhos impossiveis, de qndqr, de percorrer c ciácde 11 procurq
desprezor.os que me desprezam. Mqs tudo de cousq nenliumq. Embora sempre espere
isso é mLdto vcgg, muito impreciso. De um umo Surprezq, ums novidade quolquer, ncdc
certo modo tenho lrma vidc crtiÍiciol. Pro. sucede ãe cnormal. Monotonà, q minhq
curo me iludir, screditondo- em couscs purq- vida, sem grcço, desinteressqnte. -- Capcz de
_nos meus pen- me aniquilãr pelc suc repetição, peic sucr
mente cerebrqis, penetrando
sqmentos, me ctormentqndo. Â,rrumo, torno o constcncic.
desqrrumor qs minhcs idéos. SoÍro grcndes
curgj*tias e'nuncc estou sotisfeito. Qucrrdo (lnédito pard "Esterc.')
ffiô." ''
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os lírios
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DIAS DA COSTÁ

Ãpezcr do numero relqtivqmente eleva- Verissimo é a serenidode. Nõo essq sereni.


do de bons romqncistos cpcnecidos ultimcr- dqde Íolsq que nqsce ás vezes do clheiqmen-
mente no Brcsil existem qindc por cqui pes- to do escritor diqnte de certos aspectos dc
sôcs preccvidcs que negcm a existenciq e <: vidq ou esso outrq serenidqde Íictícia que
importancia do moderno romqnce brqsilei- exibem os que.desejcm Íozer qcred.itcr pos-
ro. Procurom mesmo esscs pessôas de má suirem o segredo de todqs os soluçôes, nc
vontqde construir expliccções pcrc o Íeno- inspiroçõo divina gue morq dentro deles.
meno, Íqzendo pcralelos eruditos, citqndo DiÍerente desses, o que Erico Verissimo de-
q literaturq inglesc, os romqnces Írqnceses motrstrq é umc extrqordinqric copacidade
ou os escritoÍes dc Russia. Eu tinhcr muitcr de percepçõo clicdo á crençc Íirme de que
vontade de sqber o que pensar&o reqlmente é necessorio pesquizor proÍundamente to-
esscs pessôqs diqnte de : "Olhci os lirios dos os lqdos bons e mqus da vidc, iodqs qs
do Ccmpo", o ultimo romqnce de Erico Ve- frcquezos e todqs qs virtudes dos homens,
rissimo. Porque se aindq, mesmo diqnte des- todos os qcertos e todqs as injustiços dq so-
se livro do jovem escritor gcu'cho, continuc- ciedcde, e, depois, expô-las clqrqmente, mi-
rem qÍirmqndo q Íclto de um romqncistq en- nuciosqmênte, mqs sem nenhumc aEressivi-
tre nós, só nos resta desistir de sqber o que dqde, escrevendo tqlvez libelos, mãs n.rrr-
é cÍinol um romqncistq e nõo procurcrr rúis cc redigihdo panÍletos. À. sua crençq de
sqber o que é romqnce. Desistir de soLer que q tendenciq nqturcrl do homem é pcra
mqs Íicqr contente, porque, se nõo é romqn- q bondqde leva-o q evitqr quclquer insinuq.
ce o que teem Íeito entre nós um: José Lins
do Rego, um ]orge Amcdo, um Grqciliqno çôo dc necessidqde de se utilizqrem proces-
sos violentos pctrq se olcançcr umct renovo-
Bam&, umq Rqchel de Queiroz, um.Amqndo
Fontes, um Erico Verissimo, é entõo o tro- ção que, dicnte dos Íqtos, ele é Íorçcdo cr
reconhecer imprecindivel e incdiovel . To-
bclho desses escritores, olguma coisa de Ierqnciq compreensivcr pqrcr os erros humq-
novq, de diÍerente, de inédito nq históric dc nos, capocidqde extraordináric de socriÍício
literqturq. De novo e de belo e, sob certos e de renúnciq,'sensibilidade cgudissimc e
cspeétos, de grandioso. entrqnhqdo omor pelc vido, cpezcr de to-
dqs qs suos trcgediqs, são trcços mqrccn-
O trqço ccnqcteristico dq obra de Erico tes dos crioções humqnqs c ciuem êle in-
Iulho, 1938 43

cumbe, dc tareÍq de trqnsmitir qos homens líbrio e o ritmo, quolidcdes mestrcs do ro-
em luta ct sucr palcvrc de paz. Essos criqtu- mqncistc de: "Olhoi os lirios do campo".
ros crpcÍrecem com Fernondo, em "Caminhos Essq serenidode, êsse equilíbrio e êsse ritmo,
Cruzqdos", e em "Um lugor ao sol", e em qpqrecem da primeirc a ultimq linhc do li-
Olivis, essq mcrqvilhosa Olivio, de "Olhci vro, e estõo evidentes, sejc quol Íor c qspe-
os lirios do campo". tembrqm elqs, de certo cto por onde se encqre. Na técniccr literá-
modo, personogens de Dickens, como, o pro- riq (umq nc primeirc porte e outrq, inteirq- ,9
prio autor, iembrq Dickens em muitos ospe- mente diÍerente, nc ultimq), ncs recções dos ;n
.:.')
ctos de suq obrq. Nq suq tolerancio para peÍsoncrgens diqnte dos Íctos, ncs pclcvrcs ,:j
com os mqus, no seu otimismo "malgré que êles dizem, nos pensqmentos que lhes Ài
tout", no seu sentido de humor, na Íocilida- ocorrem, nc mqneirq porque evoluem, por-
de com que manejo um numero extrqordina- que se modiÍiccm. Eugênio, o personagem $
'It
rio de personajens, criqndo mundos densq- centrql do.romqnce, é psicologicqmente umq ll
mente povoados e intenscmente humqnos. dqs mqiores figurcs humqnqs já criudqs
pelo romonce brqsileiro de todos os tempos.
f* E mqis: Dr. Seixos, Eunice, Ãngelo, Otivic,
Doro, Isqbel, Filipe Lobo, e tqntos outros,
Já umc vez tive c oportunidqde de es- que mcrovilhosa galeriq de seres reois, mo-
crever que considero um tcnto ingenucs crs vendo-se em um mundo real, Íixcdod em to-
soluções em que o outor qcreditq purcr resol- dos os seus detqlhes, vistos por um gronde
ver o problemq sociql do mundo moderno. numero de ongulos que os revelom em to-
Sendo tambem um crente dq tendencic nq- dqs qs suqs minúciqs, muitqs vezes descon-
turcl do homem pqrq c bondqde, sou dos certqntes!
que pensqm que cl lutc pela vido, proces- Se dicnte de: "Olhci os lirios do ccmpo,,,
sondo-se de Íormq qrbitroriq e ilogica, tor- os críticos do romqnce brcsileiro contiiuc-
nou umo parte dc humcnidode tõo concien- rem duvidqndo dqs possibilidades dos nos-
temente degeneradc e perigosa que os pro- sos romqncistcs de hoje, creio que ncdcr
cessos brandos nenhum eÍeito poderão mqis mcris os convencerá. Ã não ser talvez umc
produzir sobre elcr. Ãcredito que aqueles Írose que o Dr. Seixqs pronuncicr, discutin-
que pretenderem umc reÍorma honestq do do com Eugenio, na pogina 2g4 do romqnce:
mundo atuql, terõo de utilisqr-se dc Íôrçc, Prq Íczer
no trobqlho gigantesco de destruir qs bqr- - prescrições,que
nosscrs
os mqlucos sigam cs
precisomos metê-los ern
reirqs quê umct sociedqde construido sobre camisa-de-Íorço.
bqses Íqlsqs levqntou em deÍezq de minorics E, cÍinol,. penscndo bem, quem estó
corrompidos e já incopazes de quolquer corn q rqzão é o dr. Seixqs
tenlotivq de regeneração. Mos nõo quero
discutir oqui teses sociqis, bcstcndo pcro
mim que o qutor tenha, como reqlmentelem,
q corcgem de expor leqlmente os seus pon-
tos de vistq. Destq honestq ccpccidodé de
expor qs suc convicções, sem procurcr de
nenhumq Íormq ogradar esta ou aquelq cor-
TETR^ã..S
rente contrqriqs, honestidode que o cutor
mqntem tcnto no que se reÍere qo mundo so- BOLETIM DE INFORMACÃO
ciql onde vivem os seus personqgens, como
na independenciq ds escolhq do processo de
construção literoricr de sus obro,iem qdotqr
exqgeros de escolos extrovcgentemente
ovançcdcs, sem Íqzer concessõei q conser- direçõo de
vqdores rescionqrios e pqsscrdistos, sem
qbusqr de decidos subjetivos, mqs tqmbem
sern desprezqr o mundo mqteriql, nct sucr
Íunção §e importcnte condicionador d.o pro-
cedimento humsno, procurcndo qntes de
tudo e qcima de tudo ser logico e preciso, BÃÍÃ
ser Íiel á verdqde sendo Íiel a si iróprio;
emÍim,- dessq Íôrço de cqrqter, sem-c quol
os mqis esclsrecidqs inteligenciqs vqcilqm CAIXA POSTAL, 240
e hesitqm é <iue vêm q serãnidqde, o equi_
ÍrT':51rr-'§:1l;:irÍtq-.:ç,S13ii'"r-iffl ryí,!:rril ry{.93:;., f

44 EsÍero
O LIVRO E§TRÁNGE'RO
"Pqris em 1934"
de Abel Sqlozor
-Ã,bel Solqzar é, sem nenhumq duvido, umc dos nc retinc todo o mágico impressôo do seu coniunto,
mqis destqcados Íiguros do modernq intelectuolidade porque têm a possibilidode de Íixar Íielmente codc de-
poÍtugueso. tolhe Íormqdor do todo, cqdq tonolidcde gue se mistuÍs
Ãliondo c umc prodigiosc copocidode de qssimi- poro o côr geral do quodro. Mos, como em Abel Sola-
loçôo umc permcnente curiosidade, otrcvés de um per- zqr náo existe opencs o pintoÍ, depois do prozer de
monênte lobor e de umq inquietaçôo pêrmonente coa- revelor oos leitores os quodros que c suo retinq Ii
seguiu ormozenqr umc vcstd ê polimorÍc culturc que, xou com tcnta Íidelidqde, êle pxocurc entôo penetrcr no
poÍ ser dos mcis amplos e ecléticos nem por isso é mundo que vive dentro dêsses quodros, expliccndo os
menos proÍundo. ccusos dos Íenomenos que neles sê processqm, pcrÍo
Em verdsde. oo lêitoÍ desovisodo esponlc scber constdtdr ou predizer os sêus eÍeitos. Tudo isso é req-
que o Àbel Sqlqzor, cricrdor nq telo dessqs morcvilho- lizsdo em um estílo vigoroso e'sugestivo, revelqndo-se
sos Íiguros Íemininss, Íiguros tõo intenscÍmênte vivqs o qutot nêsse gênero de letiroturo o mesmo colorista
e tâo prodigiosomente humoncs, que êsse lixodor ini- poderoso que q pinturq jó reveloro.
mitavel dê instcrntes coloridos, .que êsse nêrvoso e ex- Quodros ÍoÍtes ê cheios de vido, Ílcgrcntes ricos
trqnhomente 1'ovem mcnejcdor dos pinceis e dos tintqs dê movimento e de côr, sínteses clorqs e precisqs, ins-
é o mesmo Àbel Solazor que tõo eruditcmentê escrevê tonioneos magistralmente Íixcdos, sóo reolmente essss
sôbre temqs como: "À diÍerencicçóo sistemqticd do pq- cÍoniccs em que o outor Íocolisq, por diversos cngulos,
lium cerebrol", sendo tombem o espirito lúcido de en- êsse mundo que é Poris, êsse Paris que náo é <rpencs
soios como: "Sôbre os processos construtivos da Metq- de 1934, como diz o titulo do livro, mos, qo contÍcÍio,
Íísicq". é o Poris que não tem idcde, o Poris que, ontem couo
lá dionte de "Poris em 1934", quem têve cÍ opo!- hoie, continuo Íornecendo motivos novos de iuspircçôo,
tuuidade de conhecer onterioÍmente o outor como cien- no suo multiplicidode de ospéctos ortísticos e humqnos.
tistc, como ÍilosoÍo ou como pintor, náo póde mois sen- Por seus qssuntos, por seu estilo, por suo Íôrçc.
tir nenhumo surprezq. Nessos cronicos vivos e ágeis, "PoÍis em 1934" não é sómente um livro de cronicss.
nêsses Ílogrontes precisos do vido poÍisiense, vamos E', (e isso já é muito mois roro) um ótimo livro, em
encontrqr reunidos: o homem que vê qs coisos totql- todos os seus ospéctos,
mentê, como só os pintores os podem ver, gucrdcado DIÃS DÃ COSTÃ

Banco llinotecário lar Brasileiro


S. .ã,. DE CREDITO REÃt

Hua do 0uviüor, 90
CÃRTEIRÃ HIPOTECÁRIÃ Concede empreslimos c longo pÍozo pcÍc Íinancicmento de
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&UCçAO DE PBOPnIEDÃDES Enccrregc-se dq qdministrqção vendc de inoveis de


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DEPOSIIOS Recebe deposilos eur qontc correnlê à vistc e à prczo, mediont'e toxqs:
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RENTE PÃRTICULÃR, 6%; PRltZo PIXO: I sno, 7o/o; 2 cnos ou mqi+ 7 vz o/ot pRAZo INDEFI-
NIDO relirqdqs com cviso prévio: de 60 dics, 4o/o e de g0 dics, S7o qo qno.
-,
lulho, 1938 45

Tres momentos de
"Umo estrqdq que sobe"
Morio Jocintho
t.o ÃTo cENÃ VIII próprio orgonizaçôo dos coisqs que Íorço os homea§
- c isso.
HEI.ENÃ E JONGE JORGE O problemc é de vocês mulheres. Por.
-
que náo o re§olvem?
HEIENÃ Eu sei o quê os operários querem de HEIENF- O problemc é nosso. Nõo é porém em
papci. Nôo é- só auruento: exigem outros medidds dê -
nós. mos em vocês, que está a soluçáo. Reogir, de umcr
o,qiol qlcqnce. Encontrei q mulher de um deles e moueirc concretc, seriq nos imolormos nós mesmqs,
€stive conveÍsando com ela... Seria, sobretudo, renuncior q um conceito de vidc e dg
IORGE Que medidas de qlto clcqnce sôo esscs? qmor.. . renúncio que coisc olgumo iustiÍicorid. Que-
IIEtEN.f;,- Entre outrcs coisos, pedein umc es- remos, noturqlràente, o omor intêgroI, despido de cúl-
colc compleicr- no bairzo em que residem. culos, liberto de restriçôes. Mcs com um troço indis.
IORGE Mqs 'rocê nôo qcha que êles quêÍêm pensóvel de espirituolidade... espirituolidode sqdiq,
-
demqis? Ió têo..uma vrlls construida poi seu poi. Ccsos normql e náo romcntismo mórbido, os células mqis no-
'bôos.. . bres de nóg mesmos otuondo, ogindo, compreende? Uo
IIEI.ENÃ Péssimqs. trcço de belezo e de inteligencio,.. Renu-nciqr tr isso,
JORGE
- Sim, nõo sáo polócios, mas hobitáveis. nôo seric solvqr qs outrqs: seÍic oceitar o cmor em seu
I ÀIugodos -
só o êles... qspecto de episódio, qpenq§, seric correr ó oventurq...
IIELENÃ ÀIugodos por umo exorbitância... IORGE Mqs o oventurq, ás vezes, é delicioso...
dionte do gue -êIes gonhcm. E tõo distqnteg dC Íábricc HEIENÃ- ConÍorme o coso. À essos eu-náo me
que quem quiser Íoió negocio pondo cr serviço deles -
lcnçoric nuncc...'
'umc linho de ônibus. JORGE-Eósoutros?
JORGE Estáo !áo mol qssim? IIELENÀ ...- Qucis outras? Ã's oventurcs do pró-
HELENÃ- Muito mcl. lorge. Morc'n múto longe pric vido? Ào qoor? Estqs o gente deve tentor sempre.
d<r - operários úo obrigodos c deixqrem
Íóbricc. Ãs os sem mêdo.
Íilhos pequenos ênr cosc e cr envidrem os moioÍes pqrq IORGE (Àtraindoc pelos ombros, lixondo-q)
escolqs d.istsntes. O que êles querem é iusto: um prédio Ientoriq? -
psÍq umq escolc completc e isso nôo Íicorá muito HELENÃ num gêsto seÍêncÍ.
-
coÍo -- com umcr creche cnexo. E é tôo Íácil lorgre... - íDesvenci'Ihondo-se,
mente deíinitÍvo) Eu disse amor, lorqe.
Os operórios estóo dispostos o contÍibuiÍem por<r o IORGE (AFaÍndo< de novo, numcr jnsisÍêncíl)
frogomento do prédio, com pêquenos descontos em -
Tentario? (Beíja-o).
seus sslários. O que meu pci Ícrú seró umq odicrntü. IIELENÃ íQue se deixou beijcr, sem retribuit,
mento... olongo prozo. Eles pagorôo. Sem juros. sem consenlir -t?resrno, nc recçáo da própria impossibi-
,está clqÍo. ft'dcde, deslingondo-se dele, sem violência) Como você
IORGE Bem. se é só isso que eles querêm... vê, o orgumento do beijo Írqcqssou... ]orge, isso é
HELENÃ- Quereo outros coisos menos simples, qtitude de homem dcs cqvêÍnqs. Â'Íôrço...
pêDso eu. Náo - tive teapo de ouvir o resto: tinha que (Enverqonhado) Desculpe-me, Helena,
JORGE
virolmoçor. - você é enervqntemente
(Transição) Mqs Íriq...
IORGE (Brincando) E cinda que mol per- HELENÃ Por isso? Vocês, hômens, sôo notó-
-
.gunte: já clmoçou? - -
veis: nôo odmitem o Írqcosso dos situcçóes senáo por-
HELENÃ --_ (Rindo) Nôo. culpo dos mulheres. Não sei se sou Íriq, ênervcntê.
JORGE E oquele outro cdso sêu? mentê ou irritontemente, como você quiser, Nóo sei, tcm-
HEI,ENÃ- Que outro cqso meu? Você êstá tro- bém" se sou o contrório: vibrqnte, ãrdente, etc. ó que
-
.çondo de mim? sei é que, no momento, nôo me posso estudor sob êste
IORGE Você bem sobe que náo. Mos náo deixo ospecto... pois nôo cmo q você.
-
de qchcr inteÍesscEte o Íato de você estar sempre com IORGE Evidêntêmente é um argumento...
'url cqso dos outros o resolver. Conseguiu olgumc IIETENÃ- Nóo ó um orgumento: é umo razáo.
coiso? IORGE - Ou isso. (Cqlo-se. ,{.Íosto-se. Fumo).
HELENÃ- (Conciliddota) Mos nõo vai Iicor
TIELENÃ
-
Por enqucnto quasi nodo. F,"tó deci- - zcngodo comigo... você
oí poro o cqnto, Você é um rcrpoz
üdo que cr pêquênd, mesmo que o poi.do crionça nôo
superior, lorge. Supe-rior e encontcdoÍ: num instqlrtê
:se queiÍc moniÍestm, Íicorá sob meus cuidqdos, euando
c.hegar o momento de nôo ser mois possivel ocultor o
me esquecerá e terá logo dezenos dê moÇas, muito
Íoto cqui êm coso, já está tudo tÍqtqdo com q mcdri- mois interessontes do que êu, a esperá-lo. (Com bom
humor). Com estd cqÍü que estó Íazendo até porece o
nho delcr. Eu custecrei cs despezcs, elc voltqrá c tro-
bclhor e o madrinhq cuidorú do crionço durcnte o Ernesto... com Íestriçôes. estó cloro, porque o Ernesto
.diq nôo serio copoz daquelo selvogeric de hó pouco...
Quqnto á porte êm que entrc o pci, estú muito (Esmogondo o cigdrÍo no cinzetuo e
problemático. IORGE
-
yindo sentor-se, j& risonho). Selvogeric! Você é extrc-
O ropoz, oÍinol, móu. eue necêssi-
- de procurcr umc épequenozinha
JORGE
dode tinhq êle
ordináric, Helenq, quondo clogsiÍica. Estou Íoscinodo
domés- por você; beijo-o porgue tenlo umq oportunidcde...
:ticq, sem um entusiosmo especiol poro isso?
impassivelmente ou nãc, você nôo pode negcr que m€
IIETENÃ necessidqde? Tolvez você se es-
o - Que
fug vlu dizer: mos acho que ti.ahc. E, c
deu. .. E você estigmatiza-me logo: ,,Selvogem,t.
- o tericr -s.ido! Eu
rylê,".98 IIELENÀ sentido molal ,ôo
- §o ,
ijs
lqf ;. í§j.:!r.tl,r'i,:..r: : !
=:i:'g.iêir

46 ' EsÍero
nqda the oÍerecí: opencrs náo o agtedí. Suportei-o por- é muit'o culto, que nõo precisc vivêr como vive. .. quâ
que ocho de um ridíctrlo doloroso umo mulher que se tem copocidode paÍq muito mcris. ..
debote. E o que você Íez tem qualquer coisa de in- é que o sênhoritc
lOÃO ÀNTÔNIO
- escolhí oí
Perdõo:
vosor. se êngcmcÍ. O lugor que é o que dó oportuni-
,OBGE (Aproximondo-se). Fó-Io-ic outrc vez, dcde poro o móximo,
oindo... - . HEIIENÃ De verdcrde?
HELENÃ (Meio brincondo, mejo sério). Cuidc. -
IOÃO ÃNToNIO
- lúcido. Mos com certezc nôoc
De verdode, sim. Vejo que
-
do... Desto vez nôo o recuscÍei... tão impossivel- sênhorita é um espíritc
mente. (Eiem). tem, cindo, umo conciência bem Íormqdc c êssê. res-
. JORGE Helen.r, vou-me emborq. Você é umq peito. Com o nossc convivivência, de ogorc em di,
tentoção poro - mim. Nõo vejo probobiiidcde de vitório onte, esclqrecer-lhe-ei olguns pontos. Veró, entóo,
e você mê ocsboró irritqndo, Ãté logo. como tenho rozáo.
HELENÀ Ãcho bom mesmo. E, logo ó noite, HETENÃ íNumü inÍlexão de surpresa). Com o
-
volte esquecido de rudo. Porque, .. (Com seriedcde, nossc con...-(Transição). Isto é, quero dizer: com c
mcrs sem aspereza) ogorc é sério, ]orge: náo gostei de . nossc convivêncic o senhor me vci esclorecer sôbre
suq qtitude e náo permitirei que você c repito, com- certos pontos obscuros?
preendeu? IOÃO ÀNTÔNIO (Sem aÍeto'çãa). Foi o que eu
IORGE Id lhe pedí desculpos, Heleno. disse. -
HELEN.A,- E eu já o desculpei. Àpenos qvi- Já soube olgumc coisa do quê o se
scndo, porc que- possomos continuor omigos. estou HELENÃ
nhor e seus -componheiro§ pretendem. .F-chei ótiúc a.
JORGE Está Íeito. (Estende,Jhe a mão). Esqueço. idéia sôbre q escolo...
HETENÃ - Está esquecido (.Ã,mávelmente) Àté IOÃO ÃNTÔNIO E os outrqs?
-
logo. (Va,i conduzl-Io até ó. porta. lorge sai. Helena HELENÃ Tqntc- quonto os conheço, rqzoáveis.
voltd. Páta no i?teio do saIo, indecisa.. hesiÍc entre scir -
Mcs diÍíceis'de serem conseguidos,,. (Repatondo em
e Íicor. Batem. Vqi abrir. Entra loão Antônio)- uma garraÍa com cáLíces) Vou tomor um pouco de vi-
nho... Quer tombém?
CENÃ IX IOÃO ]fNTONIO Ãceito. (Helena serve.o. SeÍ.
vese). Bom vinho. -
HEI.ENÃ E ]OÃO .A,NTÔNIO HETENÃ Gostc?
-
IOÃO ÃNTÔNIO Gosto. Gosto de tudo, oquí,
IOÃO ÃNTÔNIO (Entrondo). Tenho umo entre- -
oliás. Sua cqsq estó posto com muito gôsto. E c se-
-
vistc com o Sr. ÃIbuguerquê... EhoÍitc integlq, mogníÍicamente, o ombiente.
HELENÃ E' o Sr. ]oôo Ãntônio? HELENÀ, (Com bom humoil. Minhc
-
IOÃO ÀNToNIO -- Sim. Como sqbe? - que nôo tenho modos... avó ochq"
que destôo. Diz
HETENÃ Folou-se crquí há pouco no senhor. IOÃO ÃNÔNIO Suo ovó é Íiel, noturolàente,.
Meu irmáo e -meu tio o conhecem, ào tipo dos moçcs -de seu tempo. Mos c senhorito,
JOÃO ÀNTÔNIO Conheço.os, tombém. Convivi dentro do rítmo moderno dcs coisos, é um compl+
muito com êles em S.- Poulo. mento de hqrmonic.
IIELENÀ Sente-se. Meu poi náo tordqró. Ele o HELENÀ O senhor é omóvel...
espero... isto- é, nôo só oo senhor: o umo cirmissôo. -
JOÃO À,NTôNIO Nõo disse porc ser amóvel.
IOÃO ÀNTÔNIO Àchei melhor vir só. Nôo Fui sincero, qpenqs, -
quís dor, oo que vimos pleitecr, o cqróter de um mo- HELENÃ -- E é sempre sincero... qssim?
vimento rebelde. Exporei o seu poi o que desejcmos... IOÃO ãNTÔNIO (Com simpJjcjdode) Sempre
HELENÃ (Bindo). Fui bleÍodo. Estcvc oquí espe. -
quê encontro umc criqtuÍo como q senhorq. -
-
rqndo umo comissõo ruidosc de grevistos, com gÍitos, HELENA E' pala ogrodecer?
discursos, etc. Tinhqm-me Íolqdo,no senhor, como cheÍe. IOÃO ÃNTÔNIO- íMesmo tom de
Imoginei logo um mcmento inédito porc mim.., Nõo ogrodeço. Recolhc-o - qpenos. E' seu.simplícjdade).
JOÃO ÀNTÔNIO dizer que c decepcionei?
- Querterio orgonizcdo
§e eu soubesse, senhoritq, um espe-
HEIENÃ
o que é nosso
Quer dizer que, no sêu ponto de vistc,
- devemos
tóculo completo. ..
ir recolhendo qssim, nqtuÍol-
mênte, por. . .
HELENÃ OÍendío?
- JOÃO ANTÔNIO Por direito. Recolhendo... ou.
IOÃO ÃNTôNIO De modo olgum. Nõo vê que tomondo, conÍorme o -ccso. Exigindo, quondo preciso.
estou troçando? Eu nuo - encorno o tipo do proletório Lutondo, quondo visom á nosso poÍte.
soÍredor, hiper-sensivel, que, c umq simples brincodei- HELENÃ Rebelde?
Ío, se sênte humilhodo, olvelodo... O que eu Íoço é -
simplissimo: acho que há umc série de coisos errqdcs; IOÃO "A.NTÔNIO Náo. Conciente, openos, do
lugor que cqbe o cqdo - um de nós e dos direitos que
tenho, ou suponho ter, bôqs idéios poro corrigí-los,
Conservo-me solidúrio com o minho gente.. . mos náo náo podem ser negodos... (EsÍende-Ifte o cálice, com.
tenho preconceitos de closse, ocredite. naturalidqde), Mais vinho, sim?
HELENÃ (lndeiinivel) Nõo?... HELENÃ (Servjndo,o, já. inteErada no ombiemte'
-
]oÃo ÃNToNIO (Imperturbóvel) Nôo. Tenho de iníimidcde -gue cr segurdnço de loão Antônio crÍou),
mesmo bons omigos Íórc - de minhq classe. Nôo lhes E se nô-los negom.. . êsses direitos?
oponho restriçóes de espécie olgumo. Àceito-os com IOÃO ÀNTÔNIO íSem ênÍase). Seró, entôo,
piozer... Procuro-os, mesmo.,. uma questáo de vidc ou de moite,
' HELENÃ E' liberol, entáo? HELENÀ (Deixcrndo-se jÍ co comentó.rio síncero
-
IOÃO ÀNTÔNIO Iiberotíssimo. -
de suc impressáo). Quondo se é ossim cheio de vida,
HELENÃ (lá a -sério). Tombem sou ossim. Não como o senhoÍ, deve ser triste êste dilemo: "Ã vidq ou
-
compreendo, meÉmo, o lutc que sêporo: tôdo luta deve c morlê..."
ser pqro uniÍ. JOÃO ÀNTÔNIO (sincero). Nôo. Ãpenos umcr
JOÃO ÃNTÔNIO ligeircr escolhc: q vidr,- em seu estcrdo nctursl.., queÍ
!sss1l6. E é porc isso que
trcrbalho. - 'dizer: o suc plenitude. Ou q morte, que é tombém urn
HELEN.A, Deve ser interessonte c sus vida. .. estcd.o nolurol. ., digomos, oposto no cqso dê Ío-
-
JOÃ ÁNTÔNIO Pôr que diz isso? thor c oportunidode da vi<io, -
HELENA - gue ouizí q seu Íespeito. Sei que
Pelo HELENÂ Quer dizer: pcrc o serüoÍ, tudo se"
- -
Iulho, 1938
).7
resume numc sucessáo de oportunidades, reolizodos ou
íq]hodos... IOÃO ÃNTôNIO euem sobe?. . . Tqlvez um
pouco proÍeto.... -
IOÃO ÀNTôNIO De oportunidodes reolizáveis. HETENÃ
Núo entro em minhqs -cogitoções Íclhor, E, se se Íclho, -
Prediz os coisos?
o Íalênciq é de momentos, qpenos, _ porque entáo IOÃO ÃNToNIO Náo é bem isso. .. (Othc,-a
-
com aÍeto, iá). Pressinto-as... (Ligeiro sjJêncío. .Leve
sê dêvê reolizqr, imediotomente, o opoitlrrridode dq emboraço quási comovido...)
morte.
IIELENÃ Entóc retiÍico: umo questôo de opor_
-
tunidsde, simplesmente, . , Uao Aniôn;o estende-Ihe
TERCEINC) ÃTO CENÃ I
de novo o cálice, muito naturalmente, muito á vontade... -
Elrr o vai seryindo, aderindo a tudo, já, sem o sentiÍ). HELENÃ E }IIGIIEI.
E têm sido sempre reolizcdos... sucs ôpoÍtuni-
dodes? ""
IOÃo ÀNTôNIO , Àté ogoro, sim. Mos têm sido HETENÃ Iá leu o discurso do I'oáo ,ã,ntônio?
pequenqs oportunidodes. Ãs grondes, os grondes pá_ MIGIIEL - Iá. E' um plono morovilhoso... isto
-
é: seriq morqvilhoso se houvesse gêntê copdz de com-
I Creio dq
Íeos vidq... oindo náo chegorom. iFr,xcndo-a). preendêJo. Náo pense que pretendo deptecior o Joáo
que se êstá dproximondo um grcnde momento
aeu... (Com iniençao), E espero ,reocê_lo. "A,ntônio: sei quonto êle vqle. por isso àesmo nâo to-
mei oindc o otitude que ocho eÍicr:z. .
HEIENÃ, '
- íãsponÍôneo).
Vencerá, nolurolmente;
Venceró. (Coruigindo).
o senhor conÍiq nq vido. Tem
HELENÀ
- Àrrcsqr?...
(Inteuompendo-o, sorrindo, num gêsÍo
coÍqgem... é Íorte.,. de bom humor)
IOÃO ÀNTôNIO -_ ConÍiq tombém nc vido... a
MIGUEL (Depois de sorrir, contjnuando). Se
senhorito?
Íalo contra a orientoçõo que êle está dqndo cr isso
tudo, é porque tenho experiênciq e sei que coisc olgumc
. TalE*+ - Espero muiio delo. . . (Sorrí) porque será conseguidcr cssim. Ninguém peiceberó qrà
uoo tenho ljmites pqrq os meus deseios. Mos conÍior ê1.
muito... ocho que nóo conÍio.
estudou; ninguém verâ c grcrndezo do ideol que o
IOÃo ÃNTôNIO _ DeÍeito de educoÇõo. Se q cnimo...
tivêsse começodo dé outro rrodo, ctm o luta HEIENÃ Ninguém perceberá, entôo, o sentido
,r 3,enhoritc
rrle vtrlc c conÍionco- humqno de suqs- atitudes? Ninguém sentirá que êle pro-
curo solucionor pelo bondodê e nuncq pelc violêncio?
HETENÃ
-- T; ruzõo. (Sorrí). Estou vendo que o MIGUEL
senhor tem sempre rozáo.:. Nóo. "{. questáo Íicqrá nisto: êle pro-
-
A.ntônio Íicc- a Íi_ testa. Náo importa
xá-la, muito jnÍeressqdo, sem0úo que o Íoç<r sêÍenqmênte: Íoro com
jéncio. Depois...). Não está cerimôniq. fequàno si êle.
consodo d. ;;;;à, p"_ HEIENÃ Nôo sejc cgoirento e pessimisto. O
poi?
senhor tem é -preconceiios de classe: nõo dá cos bur-
_ IOÃO ÃNToNIO,- (DistcÍnte) seu pai? /sorrí). Ãhl güeses
Sim. N&o se incomode: q senhoritq copqcidode de compreênsôo. pois olhe: eu con-
Ãssim, sou ccpoz de êsperor muitos "rl"tit,rirr_o
U.*. Íio muito no poder de crgumentcçõo de meu mqrido.
horos.., MIGUET À senhorc jutgc cr todos por si pró-
HEIENÀ (fazendo um gesto pord s; erguer). -
-
Vou mondor chqmá.Io.. pric. Como soube reogir contrc os p.e"orr"Àitos, p,.lcr
.
,OÃO ÃNTONIO poÍ cima de certos convencôes como teve independen_
(Detendo _s, num gesÍo ,nuito ciq suÍiciente poro impor, q todos, o homem quJelegeu
noturo,l) Espere mois.- (Hejena cedel. Ã.iníq
,rôo *" pelo seu volor pessool...
disse porque ochc Íácil a reolizcçáo a.-"o""o"a""";o
guonto ó escolo. HETENÀ Náo sou um ser único. Há
- íSorr..ncjo).
muita gentê copoz de Íqzer o mêsmo que eu... se ên-
HEIENÃ Àcho Íócil porque é:.c construcçáo de
-
y- p.'é9]:, nas
contrcr nq vidq um homem como o Joõo Ãntônio.
.condições qr.- o" se;ho;;;--;;opõem.
noo ê coiso inotingivel, MIGUET --. .Ã. senhoro está engoíodo. E é um ser
E depois, mesmo qul popoi único, sim, Moço nenhumo, .ro
recu:?-c_onle co-migo quonto oo prédio. situoçôo, Íoria o
que o senhorc Íez. "rro
IOÃO ÃNTONIO _ Com a senhorito?
HELENÃ * Comigo, sim. Tenho minha ,,Íortunc HEIENÃ Mesmo diqnte dq supêrioridqde do
pqrticuloÍ": lS0 contos que minha madrinha Joáo .A.ntônio? -
!ou._. . _íEí) Sqbe poro que? pqro meu dote,
me dei- MIGUEL Mesmc qssim. Deixor luxo, Íestos, so-
-
ciedode brilhonte... porc - viver, exclusivomente, c
IoÃO ÃNTôNIO _ E sccriÍicqró ii"i*.. . vidc de um modêsto operório...
dote? "",,
HELENÀ HELENÀ Um modesto operório que é um ho-
Com prozer. - o senhor esquêce. E que nõo des-
-
IOÃO ÃNTÔNIO E nôo lhe viricm
mem enccntcdor,
Eentos, depois? - oborreci. tooú, no meio mois cu1to,.. porqre é, -tcrmbém, um
penso que nõo. (Com intelectuol.
--- HEIEN.Ã.
Nôo perderei- cqsomento por isso. eirq,r. --a;humor).
bom MIGUEL Mas aí é que estó o suc supêrioridode:
uno: ou me cdso com um homem desÀteresscd.o aoo" Íozer questôo- openos disso.
Beste coso, náo preciso levor
_ e, IfEmNA Mcs nõo é o principol?
dinheiro, ou meu-àoriao
seró um Íoscinqdo de dores, um récnú, MIGUEL - (Depois de considerá-Ja dlgun tempo,
ãi;;;;...
ossim, será oté umo ,,goÍÍe,. mencionor'"-'rririãi" ., -
com simpatia). D. Helenc, c senhorc é, oindc, umc
150 contos. a" cricnçcr. .,
IOÃO ÃNTôNIO _ Mos daró mesmo êsse d.i_ IIEIENÀ (RinCo). Eu?t
otreiro? MIGUEL - Ou quosi. Suo vidq nôo tem tido tro-
-
peços. Eu, porém. já lutei muito, já soÍrí muito... Sêi
HEIENÀ Àcho que náo devo?
-
JOÃO .A,NTONIO o que é o mundo e sei o que é o poder do mais
- ísjncero). Àcho
se seu poi recusdr o oue_pedimos,
que deve. E
soibo que o-oJ"ito.
Íorte.
HELENÃ pois
esto dodo.
HETENÀ, Embora... E, preciso ter conÍionçc,
-
jOÃO ÃNTôNIO _ E, um pocto? Íé no Íuturo, -espêronÇc...
-- MIGUEL (Com
desanimo). ConÍionçc, esper<rnç<r.
HETENF_, Comc quiser. -
Íé... Qu_ontc.polcvra
IOÃO INTôNIO .-'Obrigcdo. Ãliós nâo me sur- vosic!... Nõo crei,o .ro ioao
disso. Nõo conÍio em nqda... Isto é:.conÍio
i nteeoa" o que Íez: {e enrrcdá vi quem tôrça.
"" coisc§
.coà " "ãrfroiit" O, HEIEN.A, Náo digc isso. À vida têE
It HELENA
- loceirice). E, odivin]ro? -
e betas. Devemo".p'!""igi otün.i-.Ç .ãil,,ã*".,,
.bfo1
1,r.: Ir "a
48 Esfercr
MIGIIEL L, senhôra náo entende disso. Nóo Ío-
' HELENÃ (Siacera). Ãbsolutcrmente. Coutinue.
loria ossim se conhecesse o soÍrimento por experiêncio ' Como chegou -c ser o que é? Como se resolveu q ter
-
próprio. Nóo quero dizer com isso que seic umc egc um oÍício? Porque estudou?
isto: openos nôo sqbe. IüIGUEL Por odio. Por vinqonçc.
IIELENÃ (CondescendenÍe). Tolvez... IIELENÃ
- Como?
MIGIIEL - Se tivesse como eu... Olhe: que diric MIGITEL
- Eu sabia quem eÍc mêu pai. Filho de
c senhorc se- tivesse nascido de umct pobre ÍopoÍiga um liguróo dc - locolidade... Um dia deu'me curiosi-
orÍô, recolhidcr por esmolo, desviqdq por um rcpaz dc dode de espiá-lo: êle hovia chegodo, depois de l5
ct:str quê c qcolheu e qtiÍodc no Íuo, com um Íilho onos de ousência. Tinhcr coscdo. Progrediro. Uo polí
recem-ncscido. .. (Com amcrgura). Vi minha môe es- tico de nome... Fui rondor ct cosq de meu ovô. Ví
gotcr-sê no trobolho, mctoÍ-se o lqvcr roupc pqrc mê meu pci sqir: tive ódio de mirn, porque rue pus cr
Ecnter. Vic, depois, sem energios, sem estímulo, bus- olhú-lo, embevecido, qucsi terno, imogine. '. Estova:o
ccrÍ um meio de gonhcrr c vido gue lhe poreceu menos com êIe dois ropazes, mois ou menos de minhc idade.
esÍqlÍcnte... Vi-a posscr de bomem c homem... Vi.cr Vestiqm lindos roupcs. Pqreciom-se comigo... Pas-
perder todos cs reservos de dignidode humono... in- sôu-se, entôo, umq coisc inesper*do: umc ônsiq de
copoz de voltqr co trcbclho, porque é uma lindc meu- ctircr-me a êles, q meu pai que me obondoncrcn que
tiÍo êstq históric de regeneroçôo: quondo se desce qo nunccr quiserc sober minha existencic, c meus itmáos
Bóximo,_ é inútil tentdr d subida. Perde-se a ÍôÍça, quê teriam vergonhc de mim... nóo parc mcltro-
tomq-se oté o gôsto dc degrodcçóo, Íica-se pcssivo tá-los, mas porc estreitú-los em mêus broços, pedir-
dionte do vício... (Lígeira pouscl E vi-c depois mor- lhes catinho. oÍeto... Foi quondo tive cr nítido certezc
rer cos poucos.., (Píco calado, o olhor perdído numc do qnsia de.ternurc que êu recolcqvc... (Cala-se. tri-
yisáo distonte. ..) gefua pausa).
IIELENÃ (Emocionada). Erc muito pequeno
HELENÃ (Comovidq). FclouJhes?
qucndo elq morreu? - Náo. Eles tomarqrn o qutomóvel...
MIGUEL Tinhc 12 onos. Conhecí, entôo, tôdcs MIGüEL
-
os humilhcçóes... os máus trotos mcis revoltcrntes. [orqm-se.,. E- eu ogorrei-me ás gtades do iordim... e
Fú entregodor de umo venda: soÍrí do proprietário. olí me deixei Íicoro chorcndo lcrqcmente. como nôo o
Tentei c cosc de Íomític. ,. numct vcrgq e inconciente fozio desde cricnçc, num êstÍovcscmerrto de cngústicr
espêrcnçc de um qmbiente de cqrinho. Piorei... íCom longornente suÍocqdcr. Àquilo me desembruteceu: recu-
ozedumd À Íomílio!... Perseguicm-me dc mcnhô ó perei c minha sensibilidode, que despertou numq açÍu-
[oite... Ãos 14 anos caí no muado. Duronte dois ouos dezcr iuvencível pcnc c soÍrimênto.. .
viví na vcaobundcgem, comendo os rêstos dos restou- HELENÃ E o ódio? ã, vingonço?
rcntês, pedindo oiqueis nos ruoa, Íurtondo, qucndo po- MIGITEL
- Vierqm depois. Foi c recçôo. Jt's Ió-
dicr.. . Estive preso. Quondo prendem um menor, li- -
grimos sobreveio c rêvolto: cÍêsceu em mim umtr von-
mitom-se o moltrcrtólo, q incutir-Ihe o pqvoÍ da lei. tqde enorme de ser gente. Procurei o proÍessor dc lo-
Nõo cuidom em colocá-lo erd umc escolc. nóo cuidom cclidcde e pedí-lhe que mê ensinoEEe, medicrntê troba-
em preporó-lo pcnc poder ser utn homem honesto. De lho. Fiz pÍogÍessos. Escolhí met oIício.' Lí muito...
cqdc vez quê rnê dcvom liberdade, meus sentimentos Misturei muito, mos odquiri certcr ilustroçôo. E crguí
éstovqm mqis embrutecidos, aindc. Mqs soltcvcm-me estou, ..
sempÍe: qs vcgds uos potronqtos escqsseiom... De HELENÃ Isso náo provc que se'pode vencer
pois... (Sorrindo trislearenÍe). Estou c cscetú-la, uôo? -
tudo? Com serenidode, sem !ú:iqs depredadoros?...

,,PARIS EM 1934"
DE

ABEL SA LAZ AR
Um livro de crônicas enriquecido pela sensibilidade
do artista e pela interpretação objetiva do sábio. Paris
de 1934 Paris de hoje.
-
A' VENDA NA REDAÇÃO DE ESFERÀ.
Preço ......... 15$000
Pelo correio (com registro) 15$500

Pedidos para GERENTE DE ESFERA


RIO DE JANEIRO - Caixa Postal, 1219
Iulho, 1938 49

Reveloçõo de Zola
Wolter do Silveiro
A compreensão de um autor só nasce quân- térios, como um critico cujo objetivo ero a po-
do a sua obra se torna inteiramente atual. An- lemica atraidora de atenções ou como um políti-
tes que surjam condições próprias, subietivas e co e como um homem que negavam pela ação
objetivas, para â sua inteligencia, o criador de tudo o que anteriormente o escritôr doutrinára.
uma grande obra pode ficar sendo admirado e Propiciatoriamente parâ essa campanha, âs
Lido pelos intelectuais, pelo insignificante grupo classes para as quais Emile escrevia, a que de-
dos escafandristas do espirito sem que seja ama- votava umá enorme ternura, para as quais pre-
do nem sentido pelas massas, em seus raros mo- via mesmo um esplendido futuro, cuja ardorósa
mentos divinatórios de consagração. germinação se operava deante dos seus olhos,
Ha autores que, por seu obscuro intelectua- que êle próprio fixava em seus romanees, não
lismo, pela alta simbologia de que se revestem haviam ganho, por tal época, a conciencia pre-
as suâs concepções, pela falta de humanidade eisa á perfeita compreensão de sua obra. Deste
mesmo dos seus temas, . não serão entendidos modo, os reacionários politicos e literarios cons-
nunc apelo povo, ou ao menos enquanto a cul- quistaram, em certas camadas, ou o absoluto se-
tura fôr prívilégio de uma élite, monopóIio de pultamento do nome de Zola ou uma arrai-
uma pequena minoria, e a sensibilidade coletiva gada aversão por toda a sua bibliografia,
não atingir ao ultrâ-refinamento de certos pen- O cinema, até ha pouco mal-visto e desde-
sâdores e artistas. Esquilo, Dante e Goethe são nhado, ao qual muita gente ainda nega as in-
tres exemplos classicos na literatura, como finitas possibilidades de fi.xação e sugestiona-
Beethoven, Debussy e Wagner são tres indices mento, veiu acabar, definitivamente, corn toda
relevantes na música. essa manobra sórdida, historiando, na téla, ,,A
Ha autores, porém, que, embora revestidos vida de Emilio ZoIa". Milagre de interpretação
de uma enorme clareza narrativa, de uma ex- biográfica, graças ao genio indiscutivel de paul
trema simplicidade de estilo, de metodos pura- Muni, esse film classico, que vale por um do-
mente objetivos, podem, na época de sua apa- cumento histórico e uma mensagem ideológiea,.
rição, passar de todo desapercebidos, sern o mi- âpezar de conter grâves defeitos de fundo e de
nimo sucesso, somente mais tarde se tor.nando forma, serviu não só para revelar a autêntica
notorios e queridos, como igualmente podem se individualidade de Zola como igualmente para
celebrizar ao tempo em que surjam, causando, demonstrar que o cinema, com os seus proces-
muitas vezes, escandalo, conquanto sem exata sos simples e objetivos, a sua atuação dirêta so-
receptividade critica, para, em seguida, mergu- bre a alma do espectador, é o meio de expr:es-
lhar num eclipse mais ou menos 1ongo de es- são mais facil de ser entendido pelas mãssas,
quecimento, de desamôr, até mesmo de impie- sendo talvez o unico.pelo qual se possa accessi-
dosa anatematizaçáo, eclipse que só finda quan- velmente desvendar ao povo os mais comple-
do, por circunstancias propicias ao advento de xos problemas.
sua lucida compreensão, resurgem detinitiva- O Zola desprezado, esquecido e detratado
mente interpretados. de ontem é hoje no mundo todo, em razáo des-
Emile Zola pertence á ultima classe. Escri- sa exagese bio-cinematografica, a figura mais
tor viril que, a cada nova edição, fazia correr discutida, mais amada e, sobretudo, mais com-
um frêmito de fingida revolta pela hipócrita so- preendida. Aqueles que o ignoravam tem-n,o
ciedade Íranceza do seculo passado, chocada com agora por um amigo, por alguem que parece vi-
as duras verdades por si enunciadas, e que, por ver ao nosso lado; todos quantos o hostüzavam
isso mesmo, simulava não sentir o extraordina- se vêm, de súbito, desmascarados, na cínica
rio realismo dos seus romances, entrou, depor.s impudencia dos seus propositos.
desse periodo de incômoda celebridade, núma Porque, porém, essa identidade entre Zola
fáse de ostracismo e de degradação, em que vi- e nós, quais os fundamentos dessa afinidade en-
veu deslembrado por uns, inferiorizado por ou- tre as suas tendencias e as tendencias contempo-
tros, criticado ainda por muitos, embora jamais raneas?
perdesse o amôr e a admiração dos largos éspi- Para os sinceros analistas dos fenomenos in-
ritos Íraternais. telectuais, essa compreensão antecipada do mun-
Durante esse "temps de mépris',, que se ar- do de hoje que na obra émiliana se contém, e
rastou por mais de trinta anos, a preoeupação que proporciona a vivida atualidade do seu
máxima dos inimigos de Zola, inimigos de sua conteudo, não existiria ou não seria possivel si
vida e de sua obra, foi controlada no sentido de o determinismo social que leva de vencida os
apagâr os traços de sua passagem marcadamen- povos, e os obriga a marcharem para certos ca-
te renovadora, dê faze-lo considerado um escri- minhos, assim como deu causa, até ha pouco,
tôr de plano secundario, havendo uma verda- ao absurdo desprezo ou obscurecimento dá obra
deira sinergia de esforços para desvirtuar a rea- zoleana, não désse origem, agora, a imperiósas
lidade humana e social das suas teses. Apresen- condições que possibilitam a sua receptividade
Laram-n'o sempre ás novas gerações, aos eter- coletiva,
oos ociósos das côusas belas e verdadeiras, áque- Do contrário, não se explica que um escritor
les.cuja ignorancia impedia o seu conhecimento, como Zola que, sob um estilo tão incisivo, tão
como um romancista que só visava o ,,lado máu,, espontaneo e tão transparente, expunha teses
da vida, compoÍrdo quâdros negativistas e dele- tão profundas e desassõmbraOámen:te realistp,s-
50
EsÍera
passasse todo êsse periodo de banimento, isola- a pelicula o destaca, em "close-ups" individuali-
ào das massas, para alcançar, de surpreza, atra- zantes, como a um tipo de exceção que emer-
vés do cinema, a sua idônea tradução universal' gisse das massas, visualizando dramas e epo-
Porque, em verdade, os mesmos Íatores sub- péias que alguns desconheciam por inconciência,
terraneos que provocaram em Zola aquela re- mas de que muitos não cogitavam por cobardia.
beldia literaria contra o Romantismo deforma- A origem humana de "Náná" revelada peia cêna
dor e aquela agressividade ideologica contra o do encontro com Emile, elucida o processo zo-
meio parlsiense, dando nascimento a toda uma Ieano de composição, que extraÍa da realidade
série de romances épicos e anti-dostoiervskianos, mais pura o "leit-motiv" das suas creações, como
em que as massas e os ambiente são as persona- a campanha Dreifus nos sugere o espirito demo-
gens principais, impregnados todos de-um alto cratico e insubmisso de Zola, que, conquanto
ãentidô de überdade e humanização da vida, ohscuramente, já previa o fenomeno anti-judai-
são os mesmos fatôres que inspiram os glandes co, e tentava produzir, indiréta e precursora-
romaneistas do mundo atual e que mais não são mente, a defeza dos semitas.
nem desejam ser do que interpretes avantaiados E como um largo cenario, onde Zola apa-
dos sentimentos que palpitam, inexpressos, no recesse projetado em primeiro plano, o panora-
seio das multidões. Sentimentos que tambem gra- ma politieo, social e literário do Paris antigo,
vam, com o seu ritmo agitado, as cenas de "A com os seus conflitos psicologicos, os seus erros
vida de Emilio Zola", e funcionam comc, agen- judiciarios, os seus contrastantes aspectos eco-
tes de sua identificação com o clima social mo- nomicos, as suas lutas quotidianas causadoras de
derno. O cinema atua, deste modo, no caso, como tragedias, a sua fisionomia, enfim, igual igual
um elemento democratizador, tornando conhe- á fisionomia hodierna. -
cida uma figura, que embora representativa, ja- Por tudo isso é que nós nos encontramos
zeria ignorada pâra muitos, sem a sua dinamica no film, que vivemos dentro da sua ação e en-
reveladora. tendemos o seu signiÍicado simbolico, passando,
Não só isso, adaptando ao "écran" os proces- tal a força convincente de sua dialética, da per-
sos interpretativos de que se valem os biógra- manente passividade de espectadores desinteres-
fos literarios situar o biografo no tempo e sados para um frenetico delirar coletivo de
no espaço, para- melhor compreensão de suas aplausos de solidariedade e compreensão. Prin-
idéas e atitudes êsse ensaio sôbre a existên- cipalmente, os intelectuais, aqueles que vivem
-
cia de Zola o pÍocura fixar dentro da França do de escrever e em cada página que escrevem dei-
seculo XIX, tão contraditória e táo inquieta xam um pouco de sua vida, como se aciram fa-
cómo a do seculo XX, com o alvoreeer de ten- cilmente no film, como sentem como sua a cêna
dencias hoje em toda a plenitude ou já naquele da despedida entre Zola e Cezanne, com aquelas
tempo totalmente firmadas. Emile representava duas tendencia opostas, por si vividas e repre-
entáo, como ainda o poderia representat, a ten- sentadas, e que só podiam mesmo se distanciar:
dencia renovadora da sociedade em luta com o intelectual que enriquece mercantilizando o
a tendencia consetvâdora dessa mesma socie- talento e o artista.que vive e morre na pobreza
dade. Um tipo de vanguarda. Seus ro*nances, para não prostituir o espirito.
seus dramas, seus artigos, são a objetivação da- E surjam, agora, as "mascaradas" que sur-
quela tendencia e "Germinal", "Tereza Raquin" girem, Emile Zola, como escritor e como po-
e "J'accuse" amostras evidentes dessa objeti- litico, duas faces do mesmo homem corajosamen-
vacão. te idealista, viverá para sempre, na consciência
das massas, como uma dessas almas livres e sin-
Estudando Zola como um homem cujos fins ceras que, por se preocuparem demasiado com o
literários eram o desvendar de novos horizon- aperfeiçoamento da humanidade, são apontadas
tes, como um escritor que, mesmo depois de ve- á publica execração como delinquentes amorais
lho e aburguezado, soube retornar ao entusias- e perigosos...
mo sadio e desinteressado da juventude para
proclamar a inocência de um indefeso militar, (Especial porcl, " EsÍeru" )

TIVRARIÃ,. ODECN
151 AVEN IDA RIO BRANCO 151
TEIEFONE: 22-t288
CÃIXA POSTÃ,I.,460 END. TE[GR.: "LIVRODEON"
BIO- DE IÃNEIBO
LIVROS DE MEDICINÃ., ENGENHARIA, DIREiTO, DI-
DÁTICOS. LITERATURAS BRASILEIRA, FRANCÊSA,
PORTUGUÊSA E ITALIANA. REVISTAS E FIGURINOS
DE MODAS.
ENCOMENDAS. SERVICO RÁP}DO E EFIC]ENTE.
Iulho, I938 5r

A Formdçâo d, tvlundo túoderno


FABIO CA'SS'UMÁ

rrD à r,urà PErÀ cENTnà,usÃc[o am Íolosc, Nanbonne 6 .{uvêrdc. Prepcnc o canln"ho


pcrÍc o qstulo Felipo Àugusto
c) Fronçc or",lfi"t"""'iiil à:ç'j:,,r:"Jlffii#Ê:Tf'ffft
o poi' Joáo sem Terrc contrc Ricardo corcçáo de Leâo'
c<rrloe o simples, Lui.s lv d'ÀIem Mor e Lotqrir " cÍproveilo-so do ueurpoÇôo do trono dc Inglcterrc por
hoviom compreendido c nocegsidcde d. o* do-? ]o
terriloricr s,,L rhe" serviEse de poato de cpoio,o,l'l :S"l.H"o::ã:f ilii.1".t"i: *j::::tX;""'j"Jffi
reconguÍsto dcr soberonis reol: lcnçcrom oe olhos sobre os grond+s Íeudos ,le Nórmondia e Ãniou. Faz do
q Lorenq que, a extinçóo dcr descendencio de.lo- cosámento um negocio: desposcr lzobel de Hoincut, §ô.
qpos
loÍio, Bê ochcvc ua órbita do Sonio Imperio Germoruco, brinho do conde de Flqndres e obtem ,§,rrse, Ssi1.Omer
possondodemóoemmôo.Náohqviooutrodomínio.?,.-.1!_
disponivel: qs teÍrqs <ie Fronçc se ochovom em máos ,'--I::"li ,,::"]:::::'
quá noo oa rorsoriom -11Y^^tlTl"li:-3-^l*on:",,::
i:ff:,:""';T:il:::'áT'ft,R'lT1'.i"r"" "".1"11,
Escolhidos pelos nobres, que tolvez julgossem de- Montorgis e Gien, nc tronsmissão da beronçá do condE
mosiddo poderoso o c;rolingio Corlos dq Boixc Loreno, de Nevers, Broy e Monterêou ns do conde Chompanhc.
a Copeto limito-sê c peÍmoneceÍ: negcdo por uns, como o Àrtois, Ãrdtes, na do conde de Ftondres. Ã vitãrio de
oquele orgulhoso conde de Lo Mqrche que se diz "con- Bouvines coroc pelos ormos ests politico de togc.
de pela graçcr de Deus", consegue dos poucos ser !e- luiz VIII herdc de Àmourt de MontÍort o tomgTue
conhecido como suzeÍqno oté pelo longdnquo conde de doc que esle hqvio conquistodo ncÍ guerrcÍ contÍc os
Bcrcelono, Psro Íixor o título recl ncr Íomilio Íoz ele- Ã,lbigenses; pelo Íorço, óbtem o" viscondodos de Bé-
geÍ e scgÍctr rei o Íiiho, como Íozem os demois cope- ziers e Norbonne, crs cldodes de Ccrcossonq e Ãvinhão.
tingios após ele. Só Pilipe À'ugusto, "de grand ros- Mqs o dominio reol se Írogmentc pel<r creccõo dos opc.
sembleur de terre ÍranÇqise" julgo,se bdstdnte sêguro ndgios paro seus Íilhos: Ãrtois pcrc Roberto, Ànlou
porc íispensor tol prritica' ó Moin" poro ccrlos, cr Ãuvernicr e o Poitou pcro
"
O primeiro copetíngio é obrigodo q diminuir o seu ÃÍonso. Os grcndes Íeudqis oponoÍistcs porão mois
dominio, que se tornqÍq o domnio pessocl do rei, ce- tordê êm perigo o estobilidqde do trono e a unldcds
dendo Dreux so conde de Bloie e Melun, Corbeil e Poris do reino.
a Bolchord de Vondôme. E' o preço dos dedicoç6es. São Luiz compro co dugue de Borgonha o condodo
Seus sucessores, poÍem, iniciom c luta pelo êngrqn- do Mocon, onde cliás -preboste
iá hovio um
dêcimênto do dominio recl, por compro, herançc ou o obtem de Tibcldo IV de Chcmucrnhc c suzeronic de
real e
uso dos direitos de suzetonic. Chortres, Choteoudun, Blois e Soncerre, Cric fqmfsm'
Roberto incorporc o ducado de Borgonho que umo ooonogios, como Clerrnont pcÍro sêu Íilho Roberto, Íun.
questõo doméstica Íorça Henrique I a ceder qo irmáo dodor da íomiiio opancgistc de Bourbon.
' ' inougurc-se a dinqstio copetíngio de Borgonhcr que Felipe III herdo do seu tio .ã,Íonso o opcnogio rJo
íindcr com Filipe de Rouvre e consêsuente reversôo do Poitou e o condodo de Toloso; eomoÍcr o condodo de
ducodo ó corôc (1361). Guines, HonÍleur, Fêcemp e se o Eduordo de Inglcter-
Fllipe I luta com « lgrel'o no questáo das investi" Ícr ê oo Popo, cede, rêsDetivdmtnle, o ÃqenêJ e o
duroe e sofre o excomunháo moior, mos não cede. Ins- Àvinháo, caso o íilho fFeliee IV) com o herdeira do
tig<r lutcrê intestinas nos gtondes Íeudos, Ionçc o conde Chomponha, reunindo deíinitivomente á coros o con-
de Flondreg contÍo o duque de Normondic, seu tio, dodo e, tÍonsitoÍiomênte, o reino de l.Iovorra, enláo ncs
inlervindo pessoolmenle nestcs ]utcs. Dreux, Corbeil. .trãos dq cosc de Chomoonha. Cric entrêlcÍnto qpdnõ.
Melun e Poris já hovicrm sido recuperodos pelo rei Ro- oios poro os Íilhos" Volois e Ãniou pcro Corlos, o Íun-
berto. Felipe comDro e viscondodo de Bourges, reivin- dodor dcr caso reol de Volois e Eweux pcrc Lulz Íun-
dico e obtem corbie, o vexino e o Gotinês. dodor de umo cõsc recl de Nqvqrro.
Iiuiz VI o Gordo consolidc o seu dominio, extin No relnvicocáo o Íêi têm eomo auxiliores o clero e
guindo os Dêquênos Íeudqis, verdadeiros bqndidos. os leqistos. O uso do Direito Romcrno no centrclizocão
Monllhéry, Puiset, Coucí coem em suos máos; este ul. do poder invôcd poro o rei os direitos de Cesar; e nôo
timo pêÍtênciq oo terrivel Tomoz de Morle e a luto só o Direito Romcmo :nqs os côatumês ê diÍêitos Íeudoís
duro 16 cnos. Ão iadc desto Íuncáo policicl Luiz de- 'láo o Felío-- Ãuqusto e Sáo Iuíz ooortunidcdes magni,
eempenho com provetio q qdministrotivc, orqonisondo Íicos que náo sôo perdidos. Mos Felipe Àugusto e S.
o seu dominio, creondo prebostes em Sens, Poris, Or. l,r.tiz. no odministracão, nas Íincnc«s ê nôs exercitoB
léons, Bourges, etc, e Íiscqlisqndo-os. Betirq cÍos gÍcrn- são oindo suzeÍdnoa e não monorcos modernog. Os
des Íeudotários os corEos de grcndes oÍiciaie do coroo. sêus exeÍcilôs sõo Iormodos pelcs hostes Íeudaie e oa
Impõe-se cos íeudois e tornc eÍetivq o suzeronicr dc I seus rêcuÍsôq Íinqnceiros sáo o quxilio e os impostos
coroc no ducqdo de !Íormqndiq e no condodo de Chom_ oindq Íeudais,
ocnhc. O ultimo dos grondes cdpêtingios diretos, Fellpe
Luiz VII o Jovem desposc o herdeiro dcr Ãquitonio, IV, o BeIo, rei de Froucq e de Ncvonc, eom o quxilio
Í,eonor ou Àlienor, ê porece que voi triplicor o dominio d.e leqistos e Íincrnciqrcs, como Grrilherme de Nogcrret
reol. Divorcio-se, porem, e Leonor levo a Ãquitania ó c Enguerrond de Mcrigny, reivindiec oq diteitos im-
cosc de Àniou, senhotr do Normqndio e do Ingloterro. periois do Cesor romano, convoccndo ttopqs e levcu-
Luiz VII náo cumentc o seu dominio mos foz-se reco. tondo impostoE Íoro oos trodiç6es ÍeudaiE. Egteude
nhecet suzerono,na Bretcnhq, Ilo Ãniou, ncr Ãguitanio. cÍ suq qçôo Ílscal até os doEialoB eclesiaatlcoo. o que
52

UMÃ EXPOSIÇÃO
SlLVlA
À expoaiçóo Luis Sosrcs m gclôo do Ccsa do Egtu' moca<r em-conciencioliaaçõo. O homem-indivíduo dó c
dcnte Íoi um sconteciEeDto lnódlto. O qmbiente se medidc exato do exemplor brasileiro dcrs ccrmcdqs
hormoniaou plenamente clrn oa Eotivos populcres do menos Ísvorecidos. Ãs polzogem exiben côres tropi-
ortirtc peinombucano, Ã obrq de Luis Soores é ioven cois ovivqdcrs sem deÍormcç6ee. Bcramente existê o
pelc sua írescuto, pelc tuc süapltcidode e pelc su<r trqÇo ÍoÍte que sepqrct, que qcentuo, que expliccr com
purez6. Ê' antes de tudo erponlônec e nisso consistê imposiçáo. PrevqlecE o trcrço que moÍrê em §ucrv€a
o s€u mqior rnéÍiio' esÍurnados, que desopcrece sem grondes ssliênciqs. .Á
Iloje em dicr os conceitos doe grandes técnicos do expressáo é que embelezo muito. À nost<rlgia dos
desenho ou dc pinturc importam menog do que q sen" costds rosds, mqnsos e gilenciosos. Os gesto: místicos
sibilidode do mqior grupo. Cerio vez -Ãndré Deroin dos coqueiros e os troncos de árvores Íespêitóveis §e
declorou que Vlominck com os dons que possuio, se erguendo sobriomente. Quando ha gênle sente-se o
trabulhqsse, serio um gronde crlisto' O enorme Vlq- popel de complemento' Nunctr com Jormos muilo cui-
minck nos suqs rEllexões pôs'se o coniecturor. "Que dsdos nôo constituem o principol, Sênte-sê c nqlu-
será trabqlh<rr?" "Copior os mestres?" "Àdquirir umo
-
reso moior do que o homem, mois poderosa. À mul-
impecovol virtuosidode técnica?" Náo' Nesse sentido tidõo porém é o máximo do drti§tc. No "Frevo", por
Vlominck nuncs trobolhou. Ele mesmo o diz quondo exemplo, o mois belo quodro do exposiçáo, ho trons-
con{esso nõo trobalho, pinto. Pintc dondo o seu missáo de emoçôo. Imprime com vigor o signiÍicodo de
potenciol -de crioçáo. Dá o gue est& nêle, sem Íórmulos umo moniÍestoção populor. Ãs cqros dos neqros e
estcrbelecidos, sem "empréstimos de meslres, de mortos
mulotos sáo genuinomente brqsileiros. Náo sáo qrre-
ou de museus".
Á pinturo de Luis Soares é o expresúo de um dondodos q moda Picosso, com prêocupdçáo de volume.
ombiente encerrqndo determinsda vido. Nela sáo sem- Its côres bizortos dos roupos, vermelho-qzul, exterior!
pre predominontes q pqizcgem e o coletividade. O sqm umq olegric necessorici e visuol no vido dos tró'
homem isolqdo náo sobresEi, ao contrário, se integro picos. E' de Íoto iovên o orte de Luis Soores. Náo tem
no conjunto. Os homens reunidos tomom o Íorçc do idode. Náo envelhece.

o põe em conÍlito com o Popc. BoniÍocio VIII Írrlmino Iisca Evreux qo pdmo Carlos o Moo, de Novorra. Dó
bulos sobre bulos mos é preso .em L,gnoni pelos Co- porêm oo segundo Íilho, Luiz, c Tourqine com o titulo
lonna e Nogorêt, O novo pdpc, um írqncês, Bertrond àe duque, o que sóo qcrescentodos o Orleonês, Blois,
de Got (Clemenle V) se instolo em Ãvinhõo e sêtv6 Ãngouleme, Dunois, Longueville, etc.
à rei de Pronçc no pÍocêsso dos Templcrios. Ã guerro dos Cem Ãnos expulscr os ingleses dcr
Felipe compro os condodos de Chartres e Bequ- Guienc, mos em compenscçôo erguem'sê, poderosos. os
gency ê conliscc os de lo Morche e d'Ãngouleme, castrs d'Ãlbret, de Foix e de Ãrmognac, Íovorecidqs
qssim como o senhorio de Lusignon. pelos reis Írqnceses, o cujc Íomilia se qliorn.
Tres reinodos em qudtorzê cnos, cheios de preo. Mos com Luiz XI Íes§uÍge a ontigc politic<r: o rei
cupoções de sucessôo'nôo permitem o ocrescimo de herdq do ultimo membro do rcmo de Ànjou esle du-
codoe o condqdo do Ililcine e o de Provençq, têÍÍc im-
'poderà ecscensõo
de tertoE do roi.
oo trcno de um Vclois, Felipe VI, Íaz periol, vestigio do reino de Àrles. Reivindica o Bor'
poesor á coso de Evreux o coroq dc Novarrs; Ccrlos gonhc apos c moÍte de Corlos o Temer<rrio e coso o
IV trocqrq o condcdo de Lo Marche, de que Íoro li. Íiiho, Corlos WII, con q herdeira dc Bretonhq. Con'
tulqr, com o de Clermont, erguendo oquele, com o Íiscq, qindcr, por cÍime de olto troiçôo, os condodos
senhorio de Bourbon, em duccrdo de Bourbon poro de Soint-Pol e ÃrmcAnoc.
Luiz, Íilho de Boberto de Clermont. Ã morte do duque de Berry, duronle o reinodo de
Ão subírem os Volois, olem do dominio reol, ho Corlos VII, ÍizeÍom reverter ó coroc o Berry e a Ãu-
em Fronçc os ducodos de Borgonhc, Bretqnho e Guien- verni<r, que o rei cede oo duque de Bourbon, seu Pq-
nc ou Ãquitonia, o condodo de Flandres Ãvinháo, ter. rente.
rc popcl, sem contor os oponogios dos descendentes Luiz XII, do romo de Orleons, reune ú coÍoo o sêu
qponogio e conaêÍvo c Bretonho, desposondo o viuvo
de tuiz VIII, condodos de Ãrtois, de Evreux, ducados
de Bourbon de Ãlcnçon e os pequênos senhorios. de seu predecessor.
Mostromos como com Luiz VIII e S. Luiz, o reo. Frqncisco I troz Àngouleme e Volois, herdo Ãlen-
lez.tr se julgc bostonte Íixo poro creqr opqnogios, alie- çon por morte do ultimc duque, seu cunhqdo, e conÍisco
qo condestovel de Bourbon o ducado deste nomB, s
ncr têrrcs. E' verdoda que, voltom os cdixds de rever-
úo, em breve á coros os condqdos de Moine, Ãniou e Ãuvernio e o condcCo de Lo Mcrchs. O ducado de
Ãrlois. Vendôme, os dominios dc cosc d'Ãlbret, inclueive s
Navorr<r, sõo trozidos por }IenÍique IV, o Beqrnês, Íilho
O segundo Volois, Ioôo o Bom, crio novos opsnc- de Àntonio de Bourbon. duque de Vendôme e Joonq
gios: Ànjou, elevodo o ducado, e Moine pctÍo o se- d'Ãlbret, herdeirc da Novotrq.
gúndo Íilho, Luiz; Berry, com c Ãuvernic poro o ter. Do pequeno dominio de Hugo Copeto os seus her.
ceiro. ]oáo, tombem eom o titulo de duque: emÍim o deiros haviom Íeito umq noçõo: o ideio de que, quem
Ãrtolr e o Borgonho, que reverterq ó coroq com c mor- tem o têrÍd, tem o Cinheíro e o poder hovio guiodo
te de Felipe de Bouvre, ao ultimo íilho e o mois qu+ os Copetingios á'reconquistcr do Fronço.
tido, Felipe. O cqscmento deste com a herdeiro de Âo Íenomeno historico Írancês, de concentroção do
Flondres criq q lqmoso ccso de Borgonha, rivol do teÍÍd nos mãos do rei, onteporemos o Íenomeno sle-
cc«l reql e que Íinda miserovelnente com Corlos o máo. O primeiro vicÍ umo Frcnçc unidc desde o seculo
Tamersrio, o gÍão duque do Ocldente. XVI; o segundo monteró uma }-.Iemanha e unrc Itolio
Carlor V herdcr o Dellinado, conprtr Dreux, con- Írogmentodoa oté o geculo XfX.
/uJâo, 1938

PRISÃO
ABELÃRDO noMEno

Pouco mois de umo horo porc vir de eosu qo ss' peÍÍuúctdo numcr beiro de rio cheio. E eu nôo porso ir
criptorio. Entro, subo no elevsdor, olho qutomcrticomen' ao cinemo.
te poÍc o relogio, que Íico deÍronte do secretáriq' E' O dotilogroío oindo"estó ogeitqndo d móqúnc.
ums coro redondo o contor o muÃico do têmpo êm O gerente chegou ogoro mesmo. trqzendo ue iortrol.
compcÍrso binário. Depois, é o Íolhinhq, que lico de' Sento-se e obre o jornol, Íozendo dos olhos
dutono-
boixo do relogio. E isso todo monhá, oo chegor, e vá- vel sôbre o pisto dos linhos imprêssos, procurcndo
riss yezes dutonte o dio. Quando quero descer, olho emoções. Doqui só vejo o monchettê. Quêro qrmêçf,rr o
porc o relogio. Quondo quero sober o diq em que es' serviço, mqs nôo sei como dominar estc lqssidáo. Fol-
tqmos, qusndo ocobo o sêmctno, se Iolta muilo paÍo tom-me ideiqs. Minho imoginoçôo qndq o pceso de
qcqbqr o mês, olho poro o Íolhinhc. Ãpezor de ludo, kagodo. Quericr ler o joríol. Mol ponho os olhos nqs
dind(t egpêrô umü suÍpÍêso, um teÍÍemoto, umc gueÍro, letÍds, porém, noto que os letrqs vôo engrossondo, vôo
ou umo revoluçôo que venho obrir vogos nos ministé- engordondo, váo creondo relêvo, váo se rqmilicqndo.
rios. Tenho êsperonço de que as coisos melhorem, ou vão esgolhondo e subindo. Sôo árvores qgoÍq. Estou
peiorêm mesmo, contondô que mudem. Quero sqir, perdido numo Íloreslo de letrqs,
quero voor.
Mos, o soluçóo te'n que ser estc: qnulor-me ou
cometeÍ umq série de semvergonhicê;. contcnto que
Esto mqquind estô encrencqndo muito, hojel
chegue o tomor pé de iguoldode com o omigo Luno. -Nóo há dúvido, os letros
Nõo me venhqm Íol:rr em resignoçôo. E' inutil e é estáo mostigcndo s Iitq
ridiculo. Eeso plonto nôo vingo, nôo pegc dentro de como golonhotor em cJmo de umq lolho novo.
mim, Sou sôIoro, não prêsto pcrs cr6qr Íoizes, poÍrr -,.-- Está horrivel, mesmo!
viver preso coillo essqs árvoreg oí nc ruq, debqixo d<r O gerente levontou-se. e ló vem exominqr s mú-
quina.
ionelq, que só gozom do liberdqde minguodo de ogi- - - Ãgoro nâo sei, mos já Íoi muito boq.
tor qs móos verdes no êspcrço qpêÍtodo, na qtmosÍero
envenenodc de gosolino.-. EntÍetonto, sou um homem Póe os dedos nqs teclqs, e Íórça. Mqs umc düs
preso, vivo numc prisão. Reojo, scbendo entretqnto Ietros Íics de pé, eeru querer coir sôbre q Íito.
que nõo üdêqnt6, que a minho libertoçôo náo deper- E' verdqde, oté qs letros jú queÍem lazer qré-
de de mim. ,Aliús, paro Ber sincero, náo creio negso ve. ..- -- digo e olho paÍq o geÍente.
viioria. Àgeim Iolou Zor<rthruslo. Por isso não vou O gerente nôo compreende, Pasgou umc inÍqnciq
poror. .F-,ndo, oscrevo. de contos de lodq, umo mocidode ptomisooro e está
gosondo ogorc umo esplendido msturidode.
Não, por enquqnto Ioço o ponto do lopis, olho o
tempo. Dulce dtirou r.m troço .-"- nõo sei o que. é -
em cimo de minhc meso. Foi.se o tempo em que m6
crpÍessovd. Ló em boixo o desÍile negÍo.êspelhqnte '
Que horror, pois náo sôo dez horss oindo? O
dos outomoveis, o verde -encordido dos bondes concc- gerente deaceu poto Íalor com o superintendente. Dul-
vos. Ás órvores tremêm no chuveiro do luz. Ã porede cinho sentou-se nq cqdeiro de mola. e estó lendo o
dêÍÍonte é um espelho de molcocheto. À vido é umo
belezc, e eu nôo posso soir como o omigo Luno.
iornol. Ãs páginos tremem enlre os dedos morenos
como lobletas de chocolote.
Escrevo. O dotilógroÍo chegou o estó observondo Que horrorl
o máquinc. Quqndo o máquino emperrc, ouço o Ícrlc- -
Quero ver de perto o motivo de suo odmircçáo.
thor dc árvore que dá sentinela debaixo do ediÍicio. Ora, o incendic de um dirigivel. Ã minho primeirc é
Ouço o rumor dq vidq: trilos, roncos, possos, vozes. de ordem estetics. Que belezc! Um peixe de qluminio
Ãdivinho chopéus, cqros conhecidos, ccros desconhe- carbonizqdo no éter. À segundo é de ordem êmocio-
cidos, sopotos, colços desenÍestodss, portqs obertos, noi. Sensocionqlismo Penso no ÍotogroÍo que teve o
mostÍuorios, gÍovotqs, Íroscos de cheiro, novolhqs. À's venturc de boter o Íiogronte. Vejo o obletivo coçcndo
vezes chego o sentir o luz cegonle do corritilhq dos os visóes Íugidias no espqço embuçodo do qmonhe-
bondes. Ã's vezes chego mesmo cr ver d págino da cer. Vejo os cobelos broncos de Heqrts, c cora de
Írente dos jotnois mois conhecidos. Cobegalhos gros- Scrips, polpos vegetois se desenrolondo entre qs gen-
sos gritondo odmiroçáesl Quero scir, quêÍo ir ver q givos de oço dos rototivqs de Morinoni. Só no Iim
vido de perto. Isto de Íicor pÍeso o dio todo é um é que venho o pensor nos milionotios qu eiom o bor-
suplicio. Quero viver como Lunq, Envelheço curvqdo do, Dulcinho estó escondoiizodo. eue pensoró o omi-
sôbre os popeis. Ã vicio Íreme ló Íórc. Pcsso em re- go Luno?
visto de memório os sclos de exibiçóea, no yerôo, dio é ho;e? Otho pora q Íolhinho. eue
guoudo os roupqE plorcs dôo umo sensoçôo de luor -Que E o relogio,
mês comprido! porêce que está porodo-.
:::r::l'fi,:+:É..#mr.ffiFÍYfi:qY,gt§,1§rry::F;l§X§ry?.:1"''ii *i§:ac$Ií'jͧjr:Í.i-Íl+Ê:f+_§iflrlqffiqÉfí1iryi.ryffÇ

51 EgÍera

'Odestino
do nosso ctmor (Especial poro ESFERA)

Qucrndo c <rusêncic retiver os Íormos do seu corpo,


hcr deÍicqr em Minhc retinc
imperecivel, inexhoraveL
conÍigrucdc ncr expressôo do noeso cunor,
o cmgustic de sentir o inevitanel dessa sepcncçôo.
;

 Minho emoçôo recolherá entôo, q eÍemeridqde desse tempo


pcncr consu.bstcncisr numcr lembrcrnçc indestruüvel,
o sentido eternal dessa utração que nos uniu.

Mesmo que q morte qpogue os linhcs dq suq Belezq,


e se reslize a decompoeiçôo dos suqs Íormqs gue me dominqrcrm.

nõo ho de perecer em Mim


c rqzão estético do nossq união,
porc gue no Meu ser essc recordaçôo
sejc conio um mqrco de ongustio consolqdorq.

D' A L M E I D A V T R

§obem no elevodor. E' Luno. Veio conversor comigo. oindq tenho espêÍcmço de ver o escritório voor pel,os
um pouco por comcrodcgem ê outÍo pouco por vcidc- qres, um dic, poro me vingor do superintendente. in-
de. Veio conlor qs ultimoB oventurss. Ãbroço-o. Noto diretomênte, é o culpodo do meu lrocqsso ãotrtimêntol
que está bem vestido, cheiroso, e oindo troz roios de com Dulcinho. Mqs urn di<r me vingo,
so1 nos qistois dos oculos novos. O omigo Luno já Íoi-se emborq. O geÍEnte voltou.
Eatão, que é que hó Dulcinha !á está se pintcudo pcrq sdiÍ. Soe qntes dos
-
Lunq náo parece comigo. Nóo lolo boixinho, nem homens, mqs que vqe-se Íqzer? Sinto os costos orden-
olho porc o chõo. Folo alto, convêrso posseondo, cgi- do, curvqdo sôbre os pcpeie gue elo ctiro sôbre cr mi-
tcrndo os broços. Veio contoÍ-me o Íito que Íoi ver on- nhc cortêirq. Noturclmente ganhcr mois do que eu,
tem nc Cinelondiq. E eu veio umo nuvêm de goÍonho- Íóra ogorc os pÍêseniês do superintendente, boile e ci-
tos desttuindo qs soberbos culturos do loess. GoÍorho- nemq de groç4. Ãmonhá é quortc, depois é quiltcç de-
tos,de Kepis perneiros brsncqs, boionetas colodos em pois sextc, sqbado, domingo. Domingo nõo terúo di.
cimc dqs ozos. Penso nc guerlo tunc ondc de um nheiro e continúo preso em ccso. Lêio os jornois, no
- os oihos de cimq.
lodo poro outro, e Dulcinha nõo tiro esperqnço de sober de um gronde desostre. Penso em
Mos ôle está enloodo de mulher. Quondo vim tÍobo- Dulcinhcr, no superin'.endente. Depois me enconlo ó
lhor oqui -- sindq me lembro coino se lôrc ho1'e jcmelc, olho pqrd um lqdo, olho porcr outlo. O morro
-
fiz o borbcr e yêsti unc roupcr novc, o unicc que eutáo enrugodo de pedros e os cosinhcs cobertqs de Íolhos
possuic, Ào entrcr, àntes mesmo de Íqlor com o gê- de zinco que ordem oo sol como chomos chqtos...
reíte, elo olhou pora mim dêsse mesmo geitinho. Do outro lcdo pcssom bondes poro q cidode. Se-
[nieressei, muito nqturolmente. Du]cinho me viu como gundo Íeircr me vitso, corro, subo no elevodor,
numc pógino duplo de revista de cinemc. Poses e O relogio. Ã Íolhinho. Dulcinhq botcr umo porçóo
roupos voriodos. Mqs no dic seguinte olhou pctrcr os de pcpeis êm cimcr de minhq mesq.
meus pós, e eu escondi os sqpctos deboixo do meso, Eu continúo preso. E o vidq corre Iá emboixo.
desiludido,.
: IÍoie Íinjq náo ter o menor intêre$e por elo, Mce (EspeçUf para E§FEBA)
lulho, 1938 55

Motei um homem I

4ISlorBostos

O meu mais hediondo crime, mais he- teceu e estó qcontecendo nc mi:rhei memo-
diondo exqtcrmente porque cheguei qo re riq.
quinte de prepcrcr e acompcrnhcr o enterro Meus amigos, tcmrbem bcndidos, ochom
do minho vítimo, Íoi cometido ás onze ho- que Íiz umq "bonitq" morte, justamente por
rqs dq noite, de um dic de verão. todos esses repugnantes detalhes.
Muito gente mê tem Íelicitodo por esse Ãgoro, ho clguma coisa, de horror mqis
crime. signiÍicativo. .ã,lgumo coisa que é como
Fozem-no, não sei si ironicamênte, ou umq cronhc no meu peito, umc qrcrnha ne-
por piedode. Ãlguns cmigos cté me üsse- grq, com pqtqs como de carongiueijo.
rqm que eu prcrticúrc um "bonito" crime. E' uma qbominqyel tentcrçõo e, destcr si-
Ãinda que tois Íelicitações tenhom sido tucçõo sem precedente, qcugo og meue crmi-
tronsmitidaa em segredo, por ccruso do p* gos bcndidoB, esses que me elogicn'cm, fe-
licic, elcs, ás vezes, me têm consolcdo. Con- iicitqrqm e congolqrqm. Eles sõo as grcn-
tudo, em vcrias ocasiões me pergunto: o ho-
des culpodos!
mem merecia morrer? Não poderio têJo sol-
vo?
Não ho dúvido. Tenho pensado em mtr-
Sinto irremediqvelmente que nõo. O ho-
tqr outro homem e Íczer com ele mqiores
perversidodes. Desejcric como que ilustror
mem precisovct morrer, mesmo porque eu
só poderia ficcr scfisfeito depois que ele melhor um novo qsscssincrto. Cricr condi-
morresse. ções inéditas, angulos inespercdos, suüle-
zqs intelectuqlíssimas. Fqzer Íace ao mbien-
Peguei-o de emboscqda, arrombei-lhe o
peito. Foi um tiro bonito, sem duvidc. Um te com o meu defunto, reduzi-lo á umc pci-
sqgem sombriq, mqs, num sentido ú, emo-
tiro de pontorio.inglesa. Um tiro que cté po-
deria ser oproveitcdo no peito de muitos po- cionqr proÍuadcnente c ncúurezct k andm-
tiÍes que conheço. do, por êxemplo, com ele ós costcs. no di-
Mqs, o que positivqmente me enche de reçõo do nqscente. Depois cobri-lo com o
rernorsos não é bem q morte desse homem.
sol mqtutino, meio p<ilido, no meio dumq
populoçáo de Íormigas de Íogo. Deixqr, ain-
E' c minho perversidade, a minhc incrivel
perversidade. Nõo me contentei sómente em da por exemplo, o seu rosto medonho ó
mcrtá-lo. Jogueio náguc, num rio tenebro- sombrq dumc gronde palmc, que lhe deixe
so. Deixei-o dois diqs insepulto. Expuz-lhe o sulcos zebrqdos de luz e sombrq, com os
corpo viscoso e cheio de plocos ú Íuric de olhos escqveqrádos, bem escsncqrqdos,
moscões selvogens. Deixei-o, a beiro dq co-
numq dqs Íitqs luminoscs.
Etc. Etc.
'zq, muito tempo, sob um sol terrivel. ÃÍincl Será que resistirei ú tentcçáo de per-
obqndonei-o, num bqrrqnco, numct horq
ermq, inÍeliz e distqnte.
petrcr um crime qindc mais "bonito" que o
outro?
Ãlém do mais Íui um dos seus qcompq- Não sei. Sou, cÍinal de contcs, um grqn-
nh.qdores, ojudei o enterrc-lo, pcAuei os co-
veiros.
de Íqcínorq, encoberto nq caps de homem
sociol. Mqior do que todos os Íccínoras por-
Isto me qcqbrunhq, porque isÍo não ercr que nõo só mqto como jogo o culpc encimcr
necessorio. Esso exigenciq dos meus instin- dos outros. Fcço sempre duqs vitimcs: o
tos em concorrer com novos detolhes pcro que morre.e o que me substitui, mcrtqndo.
q morte do homem, q minhq vilanio em Dois inÍelizes: um que enterro e outro clue
mortiÍicor o pobre deÍunto cté nq beirc dq pcrgcr, crssumindo, sem querer, a respcnscbi-
covc, isto, em verdqde, é dumo incuditq lidcde dos meus móus instintos. Porgue, em
anormalidade. Mcs, inÍelizrnente, isto qcon- verdqde, ninguem, vendeme tôo mqnsô, tôó
1'

56 EsÍera
reaervcdo, tõo cnrrovel, me considerorá co" mêus persotrsgeng, negte rom(mce que ês-
paz de tõo inÍnmes propositos. tou começqÍrdo c escrever. Vou oproveitcr"
Pois bem, hoje Íoz dois anos que motei, lhe a vidq, explorcn-Ihe os sentimentos, Íou-
um homem. Meu corcçõo bate, os idéos ron- bcr-lhe os segzedos da qlma e depois, qinda
dcun.me, o penscmento abre portas e jcne- por necessidade da minho arte chupar-lhe
Ios, como espercndo algumc coisq. . o sqngue, como um morcego.
Ió um sinistro plcno se esboç«r novo- E'doloroso. Mas de tudo o homem é ctr-
mente no mell cérebro. poz, principolmente qucndo começa q trcre-
Sinto gue os meus rêmorsoÊ noo bos- ditar em fsntüsmqs, já ccnscdo de ocreditor
tom pcrc ccclmcr.me. nos homens.
Estou, megmo, lucidcrmente decidido!
Vou mqtsr outro homem, isto é, outros dos íEspecial pcra ESFEãA).

Assinoturos de ESFERA
e dos demois rEViS to 5
e iornois do Bro st I
0 SENHOR DESEJA
ASSINAR ATOUMA REV 5TA
OU JORNAT DO BRASIL?

ENCARREGA.SE DÊSSE TRABALHO,


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MÉDIO DA SUA MATRIZ NC RIO DE IANEIRO,
SUA SUCURSAL EM SÃO PAULO, E SEUS COR-
RESPONDENTES NOS ESTADOS..

TUX-IONNÃ.t ENVIÃ ÃOS SEUS ^ã,SSINÀ,NTES


NECONTES DE TODOS OS IONNÃIS BNÀ,SII.EIBOS
SÔBRE QUÃISQUEN ÃSSUNTOS DE SEU INTEBESSE.

MÃTRIZ NO nIO nU^Ã BUENOS ^ÃIRES, IZG TE[.:


- - 4g-S4Zz
r
t lulbo, r938 "57

Vidq Artístico
O movimento teolrol em tondres, no mêz de iunho,
Íoi gronde. Obteve Iorga repercussão o peça "Trum- digenos, perseguições, ccptuÍqs e sqlvqmentos, termi-
oeter plcy", levodo ú cenc no Gorrick IheaÍre. nqndo tudo nc ceno dq Íestq de Nqtal, numc residenéiu
E' ums obro de Miss Vero Sullivon que se esÍorçou inglesa, com conticos, boile, chompogne e cqsqmento.
poro reproduzir com imporciolidcde os Bentimentos leslie Bonks é o interpÍête ideol poro o popel de
dos britqnicos e dos olemáes no cdso possivel de umo Sonders, o odministrodor da coloniq inglozo e con-
guerr<r, colocondo no polco duos Íomilios dristocrotos quisto, lodos os noites, muitos aplousos; Ednq Besi
e militores peÍtencentes qos dois pcizes. Todas os incornü o de umo inierêssonle cviodorq que escolheu
pêÍsondgêns, tqnto os do velhc Inglolerro como os dq o peoÍ momento poro boter um "ÍecoÍd"; Todd Duncan
novcr Ãlemqnhc, creodos pelc outoro, sôo o resultado e Ãdelqide Holl estôc inegu<rloveis como sobercnos
de umcr observoçõo cuidadosc e sincêÍcÍ, mqs c im- indigenos; mos o exito principcl da obr<r é deúido <r
porcilolidode guê cdructêrisc o obro privc-o de todo Bosil Deqn, diretor cenico, que evocou com singulor
tqlento. "Ã, escritord, cro ossinolor que pociÍistos e mi- mdestrio o qmbiente onqustioso em que se êncontÍc o
litqres buscqm o mâsmo pÍôposito de servir ú potrio, pequeno grupo de brcncos, 6 mercê dos selvogens, -
nóo opto por nenhumo dos duos teses. No suq onsiq Nc Comedia Frqncezo Íoi representado o peço
de explicor as diÍerenços de corcter de ombos os "Les Íolies omourenses", de Regncrd, obrc estreodc
roços. Miss Sullivon íôo oÍerece nenhumc solução em 1704 e que cpescÍ de nuncc ter sido retirodc do
poro o problemc do ontogonismo, ê o desenloce, que rêpeÍtorio, hc dois seculos náo subia á cens, Ibdoux,
pqÍece mqrccr o inevitobilidode de um conÍlito, des- diretor de cêncÍ, com engenho, trcnsÍormou o peço êm
mentê o principio que ero umc clegoçôo em Íovor da "skeich". Mois umq vez se oÍirmou o novc tendencicr
mutuo compreensão. da Cqss de Moliere que !á se hovio deixodo entÍever
O Embcssy TheotÍe oprêsentou q novc comedic do com c represêntoçõo ccuicoturiscc de "Un chcpecu de
escrilor escossez James Bridie. "Bcbies in the world,,, Pqille d'Itolie", de Lobiche. Ã comedio Fronceso pro- -
íqntssiq ogrodavel :obre um velho tems, que é um curq qdotor um ritnlo ropido e vivo, e ossimilor mes.
exemplo perÍeito de comedio brilhonte. mo c íontosic ó quol nos hobituorom o "music-holl".e
à gronde ctriz iriglezo Lilion Broithwoite obtêve, o cinemcÍ. "4, representoçóo orbitrqrio ogrodou, cÍpesdÍ
no Haymarket Theatre, um novo triunÍo com a estréo dos ortistos Jeon Weber, Mony Dolmés, Pierre Dux e
dê uma obrq de lvor Novello escrito especiolmepte Beotrice Bretty náo se sentirem muito o vontqde.
porc elo. Igor Strcwinsky dirigiu pêssoolmente, em Poris, o
À protagonisto é Dono Lovelqce, otriz outrorc Ío- íestivql de suqs obros, no solo Govecrn. Depois de "Ã
ÍqoEG, que decide voltor pcrc o polco depois de larg<r historia de um soldado" "Concertino" ê "Quqrtêto pqrq
ousencicl. Mos cr gronde ortistq, esquecendo que os instÍumentos de soprc", Strowinsky deu o primeirc
onos pcrssqrcm, procurd olternqr o vido mundono com oudiçõo, em Poris, de um concerlo pqro pequênq or-
o trubqlho, como ncr époco dos seus sucessos. Ã toreÍo gueBtrq de 15 instrumêntos. Trotd-se de umo obrc
ultropossa os Íorços dd ortists que Írocosso ldmentq- diferente; nos primeiros movimento§ estó tudo que
velmente nq noilê do estréo. corqcteriscÍo outor de "Petruchko" mcr6 o Íinql '.clle-
Mqs um dos odmirodores oÍerece umo ocasiáo gro vivoce" é de umo perÍeiçáo obsolutomêntê clqs-
pqrq se reobilitor, e, na ultimo cenc vêmos de novo sicc.
Donq f,oveloce esperançoda, discutindo os termos de Em nenhumo outro obrq, Strowinsky lográro umo
outro controto. técniccr orquestrol semelhonte, unido o umo sêvero
Ho, ncr pêçq, um Íio sentimenlol sem importonciq. diciplina espiÍituol.
- essenciql
O é o retrqto da crtisto que lvor Nóvello tro- Será que êsscÍ novq orienloçáo o levorá o Íênun-
çou com máo de mestre, e Miss Broithwoite interprelo cior qo retiro solitorio? À ocolhidq triumphol que lhe
com um tclento rorqs vezes iEuolodo. dispensorom nesss occsióo provou.lhe noturolmente
No Sovoy Theotre, Henri C. Jomes oprêsentotu que só depende dele o renocimento, em Poris, de umc
umc comediu musicqds "No skies so.blue,, que é umo stmosÍero igual ó do époco do "À consogroçáo do
sqtirq ú Sociedade dos Noções. Satiro pouco proÍundc, primovero".
mas suliciente poro dor á obrc um interesse guê qs Um espetoculo em que tomorqm pdrte todds cs
suqs semelhontes não têm, Voloriso_o tdmbêm o td- "estrelqs" do "music-holl", em Poris, Yvette Guilbert
lento dinsmico dcr contoÍq norte-omeÍicdno Gertrude Íesteiou o seu jubileu qÍtistico, Ho cincoênto onos,
Niesen, c melhor no geneÍo que Londres lem ouvido umcr pêquenc vendedorq de certq cqsc comerciol, su.
nos tempos. biu pel<r primeiro vez, muito timidq, oo polco de um
Os contos do serie "Sonders,,, de Edgord Wol. coÍé-concerto. Dois qnos depois ero Íomoso e com o
loce, que se possdm numa regiáo ÍndeÍinida do ÃÍricc, suc ironiq ê üs suqs conçôes deleitqvq o poris
Íorom tronsÍormcdos por pot Wolloce e Guy Bolton em dos "Íiocres" e dos chopéos CÍonstqdt. Devido á inteli-
um droms de gronde êspetoculo intitulcdo ,,The sun gencio e ó molici<r uma simples conçáo se tronsÍor-
never sets", interpretcdo pôr mqis de 200 oÍtistcs e movcr em Íinq comedio. Yvette Guilbert deu um im-
cuio ombiente tÍopicsl é sugerido admirovelmente pelos pulso surpreendente á conçõo nos Íins do seculo pas-
cenorios Lourence lrwing. Os gucdros .epreserriom sqdo. Yvette Guilbert se consogrou, tqmbem. com to-
o quédo de um qviáo num pontdno, o portiào de um lento invulgor, á ressutreiçôo de velhce ccnções lron-
nqvio e a explosáo de meccnictr cenico, Ho Íestss in- cêzga.
EsÍera

E.s8 Os Azevedos do Poço


Et
f,.,
w (Copítulo de romonce )
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TVIÁ RIO SETTE
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à Juizc. dtr Peetct do Poço, nuquele ono. 6rc d. Don- qs crêqnçcs, oÊ solteiroe. Sobretudo qs EoltêlÍqo ccrpri-
dsn. mulher do correto: Totonio Saleg. chqvom. EnÍeitsvcrm melhor o altcrr de Nosgo Sen.horq.
Nc suq cdEc reulirqrn-gE, ú tqrdinha, qE rrrosua compunhom um côro ds vozes entoadoe, soltovom poq
colteirqs dss redondszcs pcrÍo levor em procissóo o boe pelc igrelc ncr horlr do bençáo, € §empÍê crronio.
bcrndeircr de Nosgq Seahorcr do Scúde e botql-a no rrqa- vqm umq donsc nq ccsc dc Juizc.
t o êm Jrênte do igrejcr. PqÍq qssistiÍ cr essos ceucs invcrioveis desloccvom-
à eleiçáo dc Juizcr dq Festq, como outrorc qe de se íqmilios inteiras de todos oE contog do cidode. Os
Juizee de Pnz, dsvq muito quê Íozer, Íolor ê mêâmo que residiom disto4te e tinham pqrêntes. compodres ou
rnqldizer, no crrobolde. O ccrgo erc cubiçodo, por conhecidos no Poço trdziom trouxqs, criodogem e oté
crngeÍo de destaque, rlmc vêz quê o novenorio do Po. bichos pcncr pqssqÍ o novenqrio.
ço Íôsse o mqis Íquoso e concorrido do ReciÍe. Ãs __.Que incomodo, hein, comcdre?
Festqs do Monte de Olinda, do Coiueiro, da Sonlc Cruz, minhc negra, q cqscr chego. Temos cc-
do Ccrmo, de Sonto Àmoro, omborc noidvêis perdicm mos -Quol,
de vênto no sotôo, Com bôc vontqde... Olhe, os
no Íenome para o do Foço. E o logcrr de luizc pcss<rvq suos meninqs dormem com os minhqs nc salq do lren-
todos os cnos pelcs uõos de senhorqs conhecidos e te; Joâozinho Íicq no quorto dos meus ropazes; d. Fin-
estimodos, umos com o reclce dos pergcminhos, outÍcs Ío com Mqninho; vocô dorme comigo ê o compodre
pelo dinheiro, muitos pelos suos simples quolidodes com lonjâo.
morois. Ió hoviam sido eleitqs d. Moriq Ànuncioda. qssim vocês se sêpcrom...
do desemborgqdor Beltrôo; d. SoÍio, ogorc viuvo de -Mas
*_Que tem igso? Por umct semonc. Demqis, o lem-
eeu Compos, do lojc de louços; d. Clotilde, cosqdq com po de "noivos" possou.
o Morques, conÍerent,: dc ÃlÍandego; d. Chiquinha, *CuiCodo depois com c outÍq luo de mel...
do dr. Bernordo, sem sêÍ preciso citaÍ d. Olegcrinho, --Nôo ho risco. Não damos mois cschos.
de Iosé Moriono, gue oté mêreceÍc reeleiçôo. Noquele ló! Côco velho...
ono couberc o distinçôo q d. Dondon Soles que, eem -Sei
Ímprovisovom-se dcrmidos ossim em todos os té-
ser rics nem corólq, possuia Bêntimenios muito reli- tos, No sobrado do dr. José Mcrricno, no do desem-
gioÊos. bcrgcdor, no cbalé do. maior Viegas, no ccsorôo de
O mqrido, em segredo, chomqro um cqmcrodo, o Totonio Soles, emtodc pmte, hobitoçõo opulento ou
Sá, que dÍmovcr as clegorios do Clube Filomomos, de modestc. Ãs creadcs contovom peripecias dessos su-
que eÍo socio Íundorlor, ê por ele mondqro Íqzer um perlotcçóes. Solões de vlsitos cheios de ccmas de lonçr,
cqrro triunÍol pcro levor a bondeircr. Tudo se Íizera como num colegio, e de noite um punhado de moços,
sob um olpendre, no Íundo do sitio, longe dos vistos de ccmisolões, por vezes emprestcdos, Íeito "olmas de
cuÍiosq§, de modo o ccnstituir mêsmo surpÍeEc. nc noiie outro mundo", converscndo alto, dondo risodos, pln-
de inicio do novenqrio, Â cosc ge encherq ainda cêdo. tqndo o sete. E os triboÍezinhos de nomoros nqscidos
Um ruge-ruge, um vozerio, um sntrc e soi incegsoDtê. êntrê os ropdzes dcr cosq e os jovens hospedodas, não
Distribuiam-se bolõezinhos; ccendiom-se os cirios; dis- obstontê c viqilonciq severcr dss donce dos coâos, te-
punhom"se os cordóes. Ã banda de musica dq Motios mendo umc "estralada".
Limcr chegoro num tÍêm especiol. Ã procissão daria No lar de Totonio Scles, nessc époco, olém do
uma longc volta, inzlo ao Ccldereiro e descendo pela irmáo ccsodo com q Íilhqrodc, cpcrecia sempre c crvó
estrada oté o Coso-Forte oÍim de reentror no Poço. poteÍna dc mulher, d. ]ocquinc. Umo velha gordo,
Quqndo o cdrro triunÍcl surgiu Íoi um êspqnto e umq bononehono, contodora de hislorios. Não dispensovo os
odmiroção. Surpreendente. Quotro onjos levondo c rnatinês broncos, engomodos, com enÍeites de renclos
Usndeircr. Luz elétricq! "Esse seu Tolonio Sqles nôo te. dc terra, e uns iosminzinhos nos cabelos êm grôsso
vê mqis que inventor, minho gentel". E comentqvcrm: tronça enrolado Íeilo umc corôc. Residic no Rio For-
'fle mcis d. Dondon quondo se metem numo coiec! moso, onde ncÍscero e Íôro eosoda com o Àpolonio to-
§e lembrc do presép+?". beliôo. Tiverc dois íilhos vorões: RuÍino timeirc que
Nenhumc originolidcde hcviq no Íestc do Saúde. Íôrc proÍessor por olguns onos ncÍ cidode noiol aco-
Iguo1 &s outÍqs, qpenos com mois pompd. E preÍe. bondo tronsÍerido paro Olinda, e Chico de Soles, mo-
rencic do povo lórde.. No poleo, tivolis com recleios, gistrodo no Pcrá, Elc nunco guisero deixor Eio For-
Íogo de vista, borroquinhos de prendos, bcrris de ge. moso, mêsmo esquecqido e decodente como Íicorcr de-
lcdct, toboleiros de bolos, midobins, peixe-Írito, tapiocos. pois do tem de Íerro dos Cinco Pontcs. Gostavo de
Nos corêtos os musiccs toccndo "peços de hcrrmonio" su<r têÍrcÍ, tõo mortc, cheicr de sobrodóes ontigos mo-
pegodos ós -vezes oté de monhãzinhq sem umcÍ quêÍer radc de tcrnto gentê lórde outroro e qtuqlmente hobi
dcr o broço q torcer de ser c primeira o soir. E <r tcrdos por Íomilios modestqs, quondo não entregues cr
rnultidáo dos ÍrequentoCores: os ricos vinhqm nos nêgÍos porq tomor contq, D. ]oaquinc, volta e meia,
- e covqlos gordos; os
cdÍÍoa com bolieiros do cqrtolos êvocovo os tempos dos, "voccs gordos", Náo se dovo
remediqdos nns moxoabombqs; os pobres o pé ou nos conta <lo ossucor, Bcrcoçcs ê cdÍros de bois ccrÍêgon-
canôqs. Ãnsiedqdes da vinda e operreios dos voltos do-o. Engenhoe e mois eogenhos moendo. Ccixqs e
com o§ Eopstos apertondo e og meninos ohorqndo de moir coixqs. Noitqdas Íestivqs, com mesqs loutos, por-
souo. Csdq uoite tinhcr os seus potronos: o5 Emprê- tidos onimcdqs, sombos de escrovos no têÍÍeiro.
gados do lÍêm, oE comercicnlos do bcirro,- oE cosqdos, erc gó Íestanço de cosc.grcadel À,s do po.
-E
r::r:l!--{:.3rf.tÍ.._-+..p..ffiffir!t§i..';".1;::triTrjr,.!.'§Í:tsnr§rlryj,?:.a?.I:;fl:

Iulho, 1938 59
droeiro nem ero bom Íolorl Em rodcr do sqntuqrio cr- moçcÍ e os da mõi. D. Noninhq ostensivomentê entu-
movom borrocqs pqÍcr os romeiros sê instolor. Ãli co- Íqdcr, com um indisÍorçovel or de superiorid.ode. em.
miqrn e dormiom. Ronchos e mqis ronchos, oÍórq os quqnto q Íiihq demonstrovc logo umo simplicidcde no.
que vinhom nos seus cqbriolés, nos corÍos de engenho turql .
côm coberlds dê êsteiros, nos ccrvolos de crreios de oguo pcÍcr o vinho, hein?!
pratrr. oté nqs cqdeirinhqs corregodos pelos cotivos... - Que
Todo c mõi é o rapqz, o .F-donsinho. Aquele,
Vocês não Íczêm umo idéo do que eÍq oquilo, meninos! sim, -oihcr porcr todos por cimo dos ojhos. .. E, oqü
E o respeito! Erq 1á essa pondegc de hoje! Pois sim! pora nós, náo sei do que se orguiha, minhc negrc.
Ãs íomilios soidm ó ruo orrumodinhos, numo serie. é umc vosilhozinha...
que
... Í_:;

dode! Os pequenos nq Írente, os mcis crescidos depois, -Dizem


Bem ordinoria... Um pedoço de mqu cominho,
.,!í

ê nô Íim ds pêssoos de idode. ittraz de tudo os ne- -


um homem que sulo o cqsq ond,e entro. Os pois têm
:..,:\]
t*
Eros... Noda de oÍêÍvêntomêntôs... Num qno em que tido seus desgostos, sobe-se, mos é preciso Íingir que
c Bqronêso de Guodulupe {oi o Iuizq quem disse o esses molÍetos náo existom, deÍendel-os oté. Ãonde ll"i
:,
missq sojene Íoi o sr. Bispo. esse ÃÍonsinho chega ho "songongú,, nq cerio. Boubo
D. Dondon interromperc c ovó: postoros, cjuebro borroquinhos, dá poncod.cs, d.esres- ,i:
-- Por Íqlcr em Bqroneso de Guadolupe, eu ondo peitc oté os outoridcdes. E Íico tudo no mesmo porque il,
desccnÍiodo de que Elpidio esló coído pelo netc delo... c policia nôo prende r, "Íilho dos Àzevedos,,. !18

À Íilho cle d. IrToninhtr de "seu" Zumba? Como outro dio num bumbq meu boi em Cc.
-._ Sim. Quininho. - nõo Íoi?
xcngó,
.:::
Ele comêÇou o se enÍeitor todo pqrq
-=Ums meninc rle ontem. Dêve teÍ seu 16 onos. umo mocinho pobre, pensondo que disírutovo elc como '§
..$
ou menos. E bem engroçcrdinho! ... o outrcs... E já estüvq se prepqrqndo pord cqrregqr
-Mois
_-Nóo me bqte Õ popo essê ncmoro, d. Jocquino. a pobre porcr o corro oÍim de levol-o fo.o u*a ..ili
:â:
Povo aÍidclgodo. sinha que possue no ,4mbolê onde Íoz suos ,,proêsos,,,
"o- ,'ê
d. Felicinho, deixe-se
-Orc,que nodo. Esses boróes, de
tidaiguio
bobogens. eue
quondo morrem, Íi-
mos opdreceu um tio do moÇo ê tomou o portido do
sobrinho. Meninq, Íechou-se o tempo. DesoÍoios, ameo-
.j*
.::i]i
ccm iguolzinhos oos mcis. Quekrrom o roço... Esqs ços, e, por Íim, poncodorio grossc. pois quondo o sub- ::.i
gente dos Gqmos eu conheço como qs poimos de mi- delegodo veío, um tol seu TÍnoco que vive o pedir di . alt
nhcs mõos. Morovom perto de nós e Ãpolonio tinho nheiro emprestcdo oos Âzevedos, o"obo, pr"odànAo o
sernpre negocios com ejes, no corloÍio. E o Bcronesc eu tio do moÇa e deixoncio o inÍeliz ,ro" gorà" ds ÀÍon- ,íâ
'' ilr'
vio muiios vezes pqssor pela minho portq, nô corro, sÍnho.
pdÍc iÍ tomcrr o tÍem em Ãguc-Pretcr. Um dic oté, por, Mois umc:..
.
que o roda dq berlndo se quebrou, elo entrou Ió em - certezd. Ii !á nõo têm contd. Um ropaz :ià
coso e demorou sté se Íazer o concerto. Conheço todos. -Corn
pêrigoso. Ãlém do mois, quond.o bebe Íico
..§-§
.i:l
Erom duos os Íilhos delo: esso Noninho e Soivina. Ã Íorça. que poucos poáem càm ele. Brigo corn
,.*o '!§
"o*-
ãois e
r:iy
primêiÍd, orÍebiiodcÍ, cheiq de si. Ã ouiro, mois dodq, tres homens tro mesmc tempo. Um torrá a"qràtuJ ..1!í
porém um tonto soídc, À Boroneso é dc minhq idode, Na verdocle, um ropogáo! Foz penc que selo .:iê
Fcrecio sêr mois no\ro porquê se enÍeitosse toda que cssim- um estcurq-veÍgos. 3
nêm umd bcndeja de tirqr esmolqs porc scnto. Elc .- E vocês nôo sobem do melhor! ,J
.F,. mãi quer
semprê com o soberbic dos Lins, eu com c pobreso de cosol-o com c pr:imo, o Tudinho, umc, sofriita
meus pois. Quando cüsou com os Gqmcs, entõo, do. que cr Bcronesq criq Íeito umo Íreircr. Imogin"i orta
brou a prôo. coitüdq tem de comer gerumbo - ,.. A
,r* íi"rra, O".
proveitos num soco só. Como o cosomênto queres. . "o*
dos -Dois
.
Íilhqs com os Ãzevedos. Foi outro páo com dois Por essos coiscrs mesmo eu não estou vend,o com
Pedqços. bons- olhos essê nomuro de Elpidio com o Íilhq dos
entáol Dinheiro chqmq dinheiro,.. E o en_ Ãzevedos. Vomos ter desgostos grondes e, quem so-
-E vocês não sobem essq historia velhc, meninos;
groçodo, be, oté desgroçcs. Um moço doidà cssim... Êfpiàio a
o engrcrçodo é que os Lins já Íorom inimigos de Íogo suÍoccdo, nõo deixo ninguêm pisor nos colos... Nossq
ê songlre por cüusc de politico. Uns muito liberois, ou- Senhorc que tome conto dele.
lÍos todos conservcdores. Nos eleições os copongcs d.e D. ]oaquino mostrcvo-se, com o seu Íeitio Íolgozôo,
ombos os lqdos se pegovcm nds igrejss, dovqm ccce. otimista:
todos, quebrovqm cs urnds e hoviq oté tiros. Em tem.
pos ontigos, numo dessos eleigóes, co soir do motriz náo pense em historios tristes. Isso
-Felicinhcr,
termino bem. Os moç:rs quondo querem mesmo sê cd-
um Lins ÍoÍ morto c mondodo de um Gamo, possqdos
sor, ccrsom. O mqis sáo pomodos... Não ho poi que
mêzes, o pessool desse Lins mqndou um grupo cssoltqr
evite. Os têmpos dos conventos, dos cosqmentos ó Íor-
o engenho do osscssiúo e Íoi uma cc;niÍicino. Depois,
o odio Íoi qbrandondc. Virioto gostou de Bolbino. Ã Ço, possou. Olhe, eu qindo tenho espercnçqs de comer
Íios de ovos nessqs bôdos e não me oÍerefo porc Íczer
principio, umc oposiçôo donqdq. Mos, a moço queriq
cr cdmo dos noivos muito ÍoÍinha porqre so, viuvc...
mêsmo, qmeqÇqvc Íugir, e além disso Íosnovorn que
De quondo em quondo vinhom do poteo do igrejo
o poi delo qndqvo meio bombo de ,,cobres,,, io ÍiccnCo os sons dqs bondqs de musica, os pregões dos vénde.
somentê com o Íidclguio.. . E a Íortuna de Viriqto nõo
dores ombulontes, os êstouÍos dos Íoguátes, os sssovios
erc pequencÍ... Meninos, dinheiro opcgc tudo... Vo_ dos morteiros subindc no céu e obrindo_se Iá em cimq
cês estôo vendo que eu sei dos ,,pôdrás,, d.esse povo
num chuveiro de estrelos e logrimos luminosos. Ãs dqn_
todo.
sos em coso de Totonio Sa]es onimavom_se á medidc
No noite dcr donso dos soiteiros em coso de d.. que cs horqs qvoncsvqm. Enttovom outrqs Íomilios.
Dondon Soles Íoi que d.
Jooquino viu lu* õ,rirrirrfro. O pionisto do CoÍé Rui, controtodo pelo comissôo do
Elo vierq com os pdis. Oá Ãzevedos nõo seriàm muito "noitê", um ropqz de cobeleirq, roupo- preto, mõos qÍei.
desses contoclos com os visinhos, mos, nôo somente
Totonio erq cproximodo de Zumbc, por Íorçc d.-
tcs o vocr no teclodo, Íqzio qs volsos sucederem ás
arro polccs, sem desconço_ De rcro pcrrovo e io ló dentro
otividode de corretor do Íirmo, como nc Íesü do poço comer ou beber "quolquer coíso,,, e, nesses intervolos,
os morqdores sê (Itrsiqm num certo nivelcmento, em.
boro trsnsitorio, êm hornenqgem á Nossc Seohoio ao umc senhoro tomovc contq do piano porcr que c Íesto
§aúde e,compeiidos pelos hotitos tr"aicúJs aã-rrove-
náo esÍriqsse. Hovio telhuscos que nõo se conÍormc.
vom com esscs "donsas de hoje.,, com os homens p+
nqrio. Vendo q dqnsar com, Elpidio, ombos oltos, gondo nos môos dcs moÇos e tocqndo_lhes com
guios, simpoiicôs, nbtuvcs-sê c diÍerençc de modos es. os de.
do dos nos cinturcs. E repeiiam nesscs censuros os cÍiti-
6ú EsÍero
cds iá Íeitos pelos ovôs qucndo os quddrilhqs hoviom Yomos pcro o mesc dc ceia. Primeiro, os mo-
substliuido os minuêios. çss.
-
ll'
Isso vci num pÍogrêsso. Onde iá se viu, no No poteo, gritorios, correiros, conÍusúo.
mêu-tempo, umq mocirrtro de broço com um ropqz, pcs- . - Que é? Sorulhu?
§.;
*.
seondo, con'rersondo, talvez inconveniencios, rindo- acho que é o queimo do painel.
sê um ÊcÍrq o ouiÍo nqs borbqs dcs mois velhosl
-Eu
Mos, nôo eru. Ãs correrios cumentovom. Ouviom.
(l
Moclnhos, somente? Moços cosoCos dansondo sê os o"litcs Cc poiicic. Ãcontecero quclquer couso
com -outros que náo )s seus mcridos...Por ccusc dessos de sério. Dcli o poucc, por quem possqvd, por quem
ÍocilidoCes cporecê tonto mqrido com c testo... Deus Íôrc colher noticiss, se sobia de tudo. O negocio se dero
mê perdcoil no "quodro". O boloeiro que vivic com sinho Deolinda
escqndolo!... Ántigomente umcr donzela só dos bonecqs Ce pcno pegcro c mulher dentro de coscr
-Um
Íicovo sczinhq com uln ropcz no noite de cosqmento. com url o:-riro iromern . Qr:isero motol-o, mos ele conse-
Ãntes, nem por sonhos. Ãgorct, é "soaré", é tectro, é guirc Íugir pelos Íundos do mccombo, gonhondo o bci.
bonquete, tudo misturado. Os no;norodos iuntos; qs co- xo de ccrpim e strsvessondo o rio. Ã mulher, porém,
sodos urnos com os moridos dos outrcs; os viuvos, qté levcrc uarc ÍacoCo no borrigq. E estcrvo mol.
os viuvos se derretem, d. Porcinq! Nõo estó vendo - Quem hovio de dizer? Seu Jooquim bolqeiro tôo
osuelo d. Ãmqlinhq, dç luto aiiviado, toda ccíCo pelo colmo!
ccpiião Bianor?,., Viuvc no nosso tempo tiÍavq mqis Boi monsc. . .

o vesiido preto e o chorão? - -Ele ero dc,iio


pr.lr Deolinda. Dovo tudo que elo
deselovcr. Ãndqva num trinque, de sopotinhos de se.
Icrm donsqr o quodrilho dos "cqsqdos", dos "po-
peis-queimados". O pionisto derq os ocórdes de cho' tip, corn bríncos de ouro,' todo cheiroso...
mado. Muitos senhorqs Íorom chqmqr os esposos que E erc somente seu |ooquím que dcvc! . . , Muito
-
"coscÍcudo" se derrqmqvo com esso creoulol
jogavom o bocorá numo comprido mescr no olpendrê'
O comendqdor Joco de Ãzevedo, "homern de Poris", E quem serio o que Íugiu, hein?
-O dr. BerncÍ:do, chcmodo ás pressos, Íôrq ver Deo-
ia marcqi-o com G suq Íinuro de moneiros e o seu
Írcrncês "bem pronunciado". Pqlmos. linda e depois de excminol-o ochou-o "bomba". De-
' viom leval-q sem de:norc porc o hospitol. Ã policicr
Ãttention! Ã vos plcces, messieus et mesdomes! pegavcr gentê pors tr,rnsportcn o pcrdiolc. .4, debqndq-
-Os pores se enÍileiram.
do no poteo qinds Íôro moior. Ninguem querio ser
é táo bonrto, d. Porcino, veÍ codo homem obrlgodo óque1e serviçc penoso e desogrodcvel. "Meu
donsor-Noo
com suo mulher! Íilho mesmo nãol Co,r"r esso dôr ncr espinhela que ele
Está visto. teml Pegcr ern peso!". Os ":notácochorros" perseguiom
- dc primeiro porte, ordeno
Joco, oo romper com os popuiores. ÃÍinol obrigorom um vendedor de role-
enÍose e um cssomo elegonte: tes e um muloto meio bebodo cÍ coÍÍêgor o maco. Si
[v1 sv61sl iout! Retournezl... náo os réÍles ccrntoriqm nos lombos. .. Bototom cr mu.
-Os cqsces, presos pelos mãos qo oito, oproximom' lher nc podiolo, boixurom o toldo de encerodo e lá se
se, corteiqm-se e rec;lüm. Íorom poro os Coêlhos, deixqndo pingos de songue pelo
chóo. . .
-Boloncezl...
]\rls1g6 muito bem, não ochq?. ' . Nem umo Íc' Nôo chegc lá no hospital vivq'
Ihql - -Coitodinhi:!
Morre sem vélo.
vive em Poris... Pouco poro no Re' si chegor vivo nóo esccpc. O doutores obrem
ciÍel -Tombem,
... E o mulher dele, d. Sqlvino, nóo Íico otroz' -E
logo c pobre psÍc rei:lexer por dêntro... Hospitoi! Àn,
Tem umo groço, um ''chic"! tes umo bôa morte
.- Àqueles dois lur-toram-se como um pé num sc' DolÍ o pouco, em cosc de Totonio Sales, cochichq-
poto Íeito de proposito. Ãmbos olegres, divertidos, vio' vo-se:
Vocô sobe quem estovc com Deolindo dqs bo-
iodos. Repore que d. Solvinq Íoz os mêsurss e os - de pono?
neccs
possos diÍerente do do; outrqs. Com uns qres desses
Íidolgos que q gentê vê pintodcs nos livros... náo.
Quem ero?
-Sei Íilho dos .Ãzevedos.
no entonto, elo nõo tem soberbíq. Folo com
todos-E, tõo dodql à irmá, sem ser bonitq nem elegonte, -ÀÍonsinho, (Inédito pcrc ESFESÁ)
co controÍio. corÍegc umo presunçáo... Sempre com
cquelo corc Íechodol
ÃttentÍon! En ovont tout. . . boloncez . . . Choine
-
de dqmes... Promencde o gouche...
à qucdrilhc sê desenrolovo com ritmo e entu-
COMPANHIA AUXILIAR DE
siasmo. À' primêiro s6,guirom-se ss demois poÍtes com
os numeÍos pitoÍêscos do "ccminho do roç<r" e do
"chcngez des domes", estendendo-se os pores pelos
vtAÇÃo E 0BRAS
corredores, pelo poteo, pelas outros solas, num desÍiie
rumoroso e burlesco, Asfaltos Betoneiras Britadores
Ão terminar. d. l'.Íoninho puxondo o mcrido poro - -
um conto de solóo, chomou-Ihe o otençáo; Colçamenlos e Impermecbilizcção Pedrct bri-
Vsjq "suo Íilha" o dcr disÍrutes com o primo de
-
tqdcr e mcrlericis de construçõo.
-
d. Dondon, o irmôo das boleirqs. Desde hoje que nôo
Íozem outro cousq senáo conversorl RUA FREI CANECA, 399
Zumbcr repcrorq Quininha, num vôo de ioneia, ou- Tele{one 22-5020 Ccixc Poslol, 1.185
vindo Íroses de Elpidio que tinho umc roso nqs móos. -
qcho melhor a gente ir logo emboto. Si nôo
-Eu de rcivc. Essc menind, quondo vem c Íes' RUÃ GOYÃZ, 78 Te1eÍone: 1617 Ccixa
eu estouro - -
tos, é'poro nos dcr desgostos... Ãgrorrodc com quem Posrol, 2r5 ÉÉr,o HoBIZONTE. RUÃ JOÃO
- -
nôo presto... NEGRÃo, 1.281 TeleÍone, 914 Coixa Pos'
- -
; E D. Nqninha se prepsrcrvo pcrÍo se ÍetiÍoÍ quqtrdo tol, 335.- CURITYBÃ
d. Dondou veio co seu encontro todct qncrvel:
r'
lulho, 1938 6I

A revoluçõo científicq e
filosóficq do seculo XX
O UTRA CONVERSA PRETIMINAR
A b e 5 (I (I z q r
lnsisidmos oindo sobre o ques- cclclusões. Nenhum irotodo ele- Ce cudocics que dpenos os resul-
t0:, dcr "vulgorisoçao": e se o Ío- rne:icrr de mêiemcticos começo tc,j.cs da experiencio motemqtico
lemos é porque o quêstõo esto, o poÍ um trqtcmento cr ÍunCo, exous- ccnsolidcrom. EntÍe muitds com-
nosso vêr, em geroi mol posto. livo, dcr ieorio dos numeros, o1t bincções mctêrnoticos só determi- i
DeÍinomos com precisáo o pcn- sJbre q di:cussáo do rigcris:no ncijcs correlcções sáo Íecundqs;
tô principdl. Estê consiste, esque- lcgico dos boses em motem<:ticq. e ó esto Íecundidqde, segundo
rcdticdmente, no seguinie. Conse- E quondo, em tois trq:qdos, nos ['e'incoré, que estobeiece o vq]or
girê,se o "vulgorizoçõo" sob um ó qpresentcda c deÍin!çõo logica motemdlico. .Ãssim só o qto cons-
ponio dc visio pcicrot;vo, consi- Ce um numero lrccionqrio, ou de lruiivo e o experienciu, constroem
derondo'o mois ou menos como ierivqdo, ou de Íunçóo, tois no- o motemoticd; o onolise logiccr
umo sirnpiiÍicoçõo grosseiro, de- :e: sáo-nos opresentodos como completo-o, depois, lomqndo - q
Ílrmonte, muitos vêzes incorróio. eonciusóes otuois d9 um determi- como obiêÍo.
Foz ossim contrdste com exposicão nodo esÍorço construtivo, já reaii Sendo pois a ciôncio um objeto
ÍigoÍosq, corréto, o quol, segundo em constsnte devir, nõo é possi-
êstc concepÇão, só póde ter cobi- Noo signÍíicc isso nem quê cr vel opresento,Io diddticomente
mento no compo cientiÍico espe- ccr:sirucõo não continue, nem quê senáo sistemotisondo conciusões
ciolizodo . cs discussôes sobre os pontos em ÍrÍovizoriss, codiiicodos segundo
E' riestq concepçõo, no êntdnto, liiigio nôo prossigom, nem que c uül certo método.
que está o êrÍo. Porque o "vul- crciise logico dos. conceitos mo- Orq isio condu4-nos imectriotc
gorizaçáo" nôo é, ou não deve ser, lemoticos nõo prossigo: mos sêriq trrenteó questáo do vulgorisoção.
una simpliÍicoçáo incorréto, gros- obsurdo nõo apresentcr dicloticq- ?ois, estq nôo é, o nosso vêr, sê-
seiro, deÍormsnte, mcis ou menos nrente, senáo o conclusôo já Íor- nõo um outro procêsso de codili-
clesviodcr do rigorÍsmo cientiÍico: rnulodq, pois esto é que resume o cucrio, que diverge da didotica
mqs simplesmente "outro coi. esÍorço já Íêito e o resultodo já openos pelo suq Íinalidode. Esta
so", emboro perÍeitcmente cor- ôbtido. iinoiidqde diverge qpêncs em que
rétq. No deÍinir deste "outrcÍ coi- O proprio processo construtivo > publico o que é destinoda cr
so" é que consiste a deÍiniçáo da dcs ciencios conciuz necessoriq- ccdiÍicação didqticc, elementor ou
' vulgorizoção", ruente o isto, pois elos nóo sóo superior, proÍissionol ou especio-
Porcr bem o compreendermos eioboradas segundo um êsquemo iisodo, é diÍerente do publico c
convêm Íocqr o questáo se- e metodos estobeiecidos rigido- que é destinodc c "vulgorisoção"-
guintê, em gerol esquecido. rnênte c priori, mos por um pro- O que, do motemóticq, interesscr
Umo coiso é c construção, o cesso complexo e que o oÍo in - o engenheiro, náo é precisomente
onálise, e q discussõo dqs cien. vestigodor precede o Íormolismo o mêsmo que interêssa o ÍilósoÍo,
c;üs, ôutÍcr coisq é c sucr exposi. logico. E como provq bem cqro- o historiqdor, ou, em gerol, e se-
çoo didatico, outrq qindo q suo cteristico dêste pÍocesso bostq-nos gundo vórics modqlidodes, o ho-
exposiçõo ÍilosoÍicq. lhe ocordcr o evoluçôo dos mote- mem culto. O engenheiro pode.
No construçõo dqs ciencios en- nrcticqs que se reoiiza primeiro oié, inclustrvomentei interesscFse
trcim em oção metodos, elementos por um crÍo só depois seguido de muito especiolmente pela integra-
e procêssos que não Íigurom jó, onolise logica. E' primeiro qto çóo mecánico, pelos integrodores,.
e:lr gerdl, numo exposiçõo dido- reolizado, e só depois tol oto rêo- plonimêtro de Ãmsler ou outÍo,
tico. Que êsta seio dogmotico ou lizodo posscndo q obieto de estu- quondo o ÍilósoÍo ou o homem cul-
historicq, que portc de onolise dos, dá origem ó logico do pote- to, pelo controÍio, sê interesso&.
pcro (: sj.ntese ou dc sintese poro m6ticd, construção logicc quê, por nrcis especiolmente pelo conceito
o onolise, o exposiçáo didoticc seu. turno é ogoro oÍo e seró um Cê "integrol". de inÍinitomente pe-
rilm sempÍe umo Íincrlidqde ê pro" rlio objeio de novo onolise logico, quêno, e suo históriq e pcpel ao
cessos proprios que o distinguem E$te crto construtivo dos matemo- rrecqnismo do pensomento motê*
Ce umq memoriq, de umq onolise ticos é muitos vezes mesmo em tr!óiico. Nóo serio impossivel con-
k^gico do ciencio, ou de uma dis. pdrte inconciente, intuitivo, ques- síluir um mqnucl sobre c "mecó,
cussôo ÍilosoÍicc, Isso, porém, nõo táo de Íaro, quosi de inspiroção: nrcq," do colculo, codiÍicondo um_
siqniíico que elc seio umo deÍor. e cs cusodios de tois inspiroções certo numeÍo de Íotos quê intêres-
rroçoo, ou umo simpliÍicoçôo in- só umq especiê de experiencic som especiolmente o colcuio: e
ccrrelo. O que corocteriza o di- ltes conÍere o volor, por umcÍ es- tcl livro teÍiq um interesse nulo.
C:tismo é que c ciencio é oí opre- pecie de combincçôo boseqdo na porc umo cêrto cqtegoÍia de lei-
sentqdq como umc conclusáo ou íecundidode dos resultados. À tores.
serie de conclusóes, emborc pro- crioção dos numeros imoginorios Posto isto c deÍiniçáo de "vulgc-
visorios: mds o essenciql, no di- -- logicornente obsurda como diz risoção" porece-nos siaples. E'
dcrtisoo, é estc opresentoçáo de tlcrdomend ._ é um desses ctos umo codiÍiccçóo dos tesultados dc:
62 EsÍero
ciôncis, dos suos conciusões, reÍe- dos numo Íolscr compreensõo do e nele se reÍugiom o esoterismo,
rentes it um determinodo estqdo ciênciq e do ÍilosoÍio, numo visão o hermeiismo e tombêm o pedcn-
delo, e opropriodc o usr determi- deÍr:rmodq dq suo nuturesc. Vi- tismo. O que é noturol; mos peÍ-
nodo publico: codiÍicoçôo, porém, sõo que consiste em contemplo-lo Íeitqmente controditório sob o
úo correts como quolquer codiÍi- o+rovés do hermetismo dc suc nosso pônto de visto de vulgori-
cocõo didótico. dc suo espêciqlisc-
terminologicr, soção.
O nó da questáo reside, pois, çcro,e dc suq prêtendidcÍ "trcns-
no cqso do vulgorisação, no re- eendencio". Ã terminologia tecni Do vulgorisoçõo ossim deÍinido
loçáo existente êntre certqs conclu- cc, q espêciciiisoçõo, o heÍmetis- deCuz-se imeCiotomente que elo
sóes do ciência e interesse pú- rnc úo úteis nq ciêncio, mos náo póde vorior em lcrgos limites,
l:lico. E não é portonto umü ques- o ciência nóo é o termo
essenciois,' conÍorme o público a que é des-
láo de "deÍormoçáo incoÍreto" alos o especiolisoçõo. Elq nóo é tinado e conÍorme o gênero ê o
rnos simplesmente de esccolho e tombem o críticq nem c üscus- cÍiterio do codiÍicoçóo Íeito; pois
seJeçcio. :õo; estos só êxistem e dominom é evidente que c codiÍicoçáo dos
O que deve distinguir a bôo dc oí onde o obscuridode reino: resultodos odquiridos pêlo ciên-
má vulgorisoqão é, olém do,cor- -
por isso mesmo tsl critico e tol cia e pelc ÍilosoÍic póde ser Íeito
reçáo nessc codiÍicoqão, o bôa ciscussôo não devem intervir nc de muitos mqneiros e com vorio-
seieçôo Íeito, e c bôc correloçõo codiÍicoçáo provisório destinoda dos Íins, e segundo voriados cri-
esiabelecida com o interesse pú- a uma vulgorisoçõo. térios.
hlico, isto é, um Íqtor pessool com O esoterismo o tol respeito, é Temos c contcr, de resto, como
que o vulgorisoçóo, em principio, pcis Íiliodo numo ignoroncic, num Íctor pessool, que é inherente oo
acrda tem que vêr. peCcntismo intelectuol, ou ncs individuo que estobelecê êsso co-
Mos, perguntcr-se-á, é poÍ duqs coisos reunidos. Insistomos diÍicoçõo, quer no reÍerente c
venturo possivel tovnsr tol codiÍi- scbro esle pcnto, porquê é pcrti- pontos de vistc:, quer o métodos e
cocáo ocessivel ao publico? culormente ciiÍicel de Íczer ver q criterios.
.4. resposta é que sim, e pelcs certos espiritos. Estes espiritos Mos tudo isto ê sob o nosso
rcrzóes seguintes. insistem, com certo petulcncio, su- ponto dê vistq é-o Íoto copitoi
O quê é diÍicil, em ciôncio, pêrioÍ e suÍiciente, noquilo que não impede que tai -
codiÍicoçôo,
cquilo que é opanágio de previ- eles chqmom os "sutilezqs", cs umo vez escolhida, queÍ como
legiodos, é o construção, c criq- "diíiculdcdes", os "tronscenciss", ponto de visto, quer como método,
çóo, c elaboroçõo da ciêncio. O rle ciêncic e de ÍilosoÍic, ê em queÍ como Íir«:lida<le, sel'a perÍei
que é diÍicil ver com inteligen- oütros coisos onologcs. tomente coÍretc, tóo perÍeitomente
ci« onde ninguem vê. e sober en- Gro, em ciêncio é ÍilosoÍia nôo com o codiÍicqçóo didoticc: e que
crntrqÍ c ordem no cáos, ou des- ha de "sutiI", de "diÍicei" e de ossim, podemos por de lado o
cobrir, ou retiÍicor erros, ou cin- "tronscêndentê" senáo cquilo que bonal ideia de umo vilgarisoção
do onolisor sob o ponto de vista se nôo comprecnde ou sobe, ou como sinónimo pelorotivo de ex-
ciitico, etc. Pelo contrário, umq que é obscuro. E náo hc iguoi- posiçôo deÍormonte e incorreto dos
vez leitcÍ o descoberto, constÍuida mentê de "extengo", de "volumo. Íotos e doutrinos dq ciência e dcr
(I teoris, cristolisodo o conceito, so", senáo o volume enoÍmê, re- IilosoÍio .
terminado .c criticq, umcÍ vez em olmentê, dos discussóes trovcdos Posto isto, o nosso cqminho estó
suma, definidc em conclusõo io- sobre esse incomprêêndido, esse delinido: selecionor e codiÍicor
dos podem compreender, poÍque, obscuro. do conjuncto da ciêncic otuol,
poro tol, nenhumcs condições es- Toda a ÍilosoÍicr se reduz o bem oqueles dos Ídtos que mois inÍlu-
pêciqis, previlegicdos, sáo reque- pouca coiso, se the retirormos c encio têm exercido e continuom
Íidos. mqrccÍ do obscuro, e dqs discus- exercendo nc tronsÍormcçôo dqs
Ter o "gênio" dos motemqticqs sões e polemicos trcvcrdos em ideiqs e sistemqtisor no revoiuçôo
é previlegio de roros; "compre- volto desse "obscuro". Por isso o íilosóÍica contemporonec, os Íotos
ender" qs mqtemóticos é possibi- MetoÍisicq e os Reiigiões vivem mois solientes -

lidode de todos e quoisquer. Es- desse "obscuro", desse "mistério" (Especicl pcrc EsÍerc)
tqs coisqs sóo essenciolmenie diÍe-
renies, ê náo devemos lcmois con-
Íundilos. O coso é perÍeitomente
compcrrovel, de resto, qo cÍrtistc,
e cmcrdor. Crior, em qrte, só o BEVIST.ã,S
cÍtistq-nqto pode conseguir.; sentfu,
compreender c orte, pode Íoze-lo
IORN.ãIS FIGUNINOS
quolquer, sem seÍ ortista, desdê
gue tenho sensibilidqde e umc ceÍ- <rs últimas novidades estrqngeircs
to culturo, ou oté sem cuituro cl-
gumo.
"Vulgarisar", em ciêncio e Íilo-
soÍíc cientiÍico, é pois, oté certo
pcnto perÍeitomente comporcvel c
LIVRAR A MOURA
"mostror" umc obro de orte:
- o
e MOUR^ã, FON TES & FTOBES
bcsto muitcs vezes "opÍesenlor"
conclusôo pqrq que o público os meihores livros de literaturc e didáti-
logo c entendc: o condiçõo exi-
- o "opresento-
gidcr é openas que cos n(tcicncis e estrdngeiros
çâo" estejo bem Íeito, e quê o
púrblico se interesse. 145 - RU.§ DO OUVIDOR - 145
Nôo hcr pois, Íundcmento ol-
gum ncs objeçóes opresentcrdas TeleÍone: 22-9308
poÍ cêÍtos esotéricos. Estos obje
çôes esotériccs sõo Íundamentq-
ilt§y4ry.Y:

Iulho, 1938 63

PELA CULTURA DO POVO


Escolos primórios e escolos p rof issio n o is
tç Livros * Espetóculos públicos +Ê

Conferên cios
O Ministerio da Educação e Saúde procura Grande do Sul, onde as circunstancias recomen-
realizar no momento, simultaneamente com uma dam nm trabalho de revigoramento de hábitos
obra de cultura superior, uma obra de cultula e inclinações brasileiras, realizado com inteli-
popular, em todos os seus aspectos. A bem di- gência e firmeza.
zer, essas obras são uma só, porque obedecem Uma outra modalidade de ensino popular
aos mesmos principios e têm ambas em vista a preocupa o Governo: o ensino profissional. Na
valorisação do homem brasileiro, ao qual se verdaCe, tcrl-se usado muito dessa expressão
procura dar uma preparação técnica para o de- entre nós. Mas fazia-se bem pouco. Nosso en-
sempenho da sua missão no quadro da vida na- sino profissional toma precisamente um grân-
cional. Mas é possivel distinguir, nesse esfor- de impulso com a instalação dos novos liceus
ço geral, uma preocupação particular, bem de- federais, no Rio e nos Estados, com carater de
finida e caracterisada, que é de levar a cultura estabelecimentos que sedestinam exclusivamen-
á camada da população brasileira que menos te a fr:rmação de trabalhadores adestrados e
sentia até agora os seus beneficios, seja porque cultos. Forma-se destarte uma equipe de valor
as condições economicas. de sua I'ida não o per- inaprêciavel, pelo bem imenso que e1a poderá
mitiam, seja porque uma política educacional fazer ao Brasil, numa era de industrialisação
menos realista se interessava quasi que exclu- universal, de técnica intensiva e absorvente,
sivamente pelas classes médias ou abastadas. que destrói a improvisação e anula o empi-
Assirn, o Governo Federal, ao mesmo tempo rismo.
que prepara e começa a executar um p1a- E' assim que vão surgindo em Manáos, em
no sistemático de orgánisaqão universitária, ma- S. Luis, em Vitória, em Goiánia, no Rio e bre-
niÍesta um interesse profundo pelas formas e vemente, em Belo Horizonte, liceus-tipo, ade-
graus de ensino que diretamente atingem ás quados aos interesses economicos e as possiLrili-
classes populares. tr' sabido que a atuação fe- <lades de cada região. Para lecionar nesses li-
deral, até bem pouco, só se fazia sentir de cet-ls, o Governo não somente mobilisará o cor-
maneira lacu-nosa, de resto .no dominio
- do po de professores de que já dispõe, como tam-
ensino superior e do ensino -médio. A educação 'oem está em negociações para contratar técni-
primária era eonfiada aos Estados. Nenhuma cos estrangeiros reputados, que se afeiçôem bem
emoção pareciam experimentar os nossos diri- ao carater e ao ambiente de nossas escolas.
gentes, em face de enormes massas não alfa- Outras atividades desenvolve simultanea-
betisa<las e inaptas, por isso mesmo, para um mente o departamento educacional do Gover-
trabalho rnais produtivo de constração nacio- no, para realizar a cultura do dopo, Ocorre lem-
nal. O Presidente GetulÍo Vargas enfrenta, ago- brar tambem, de momento, a obra de vulgarisa-
ra, o problema, pelo Ministerio da Educação, ção literária que já ha dois anos se promove e que
mandando estudar e projetar os cirferentes tipos tende a aumentar de importancia. O Ministerio
de escola primária, quê convem implantar nas da Educação conta com um grupo seleto de es-
diversas regióes do país. Faz alguma coisa mais. critores patrícios, que lhe tem fornecido origi-
Reserva dotações orçamentarias para a constTu- nais logo convertidos em volume, uns de distri-
ção das primeiras escolas federais, de grau ele- buição gratuita, e outros cedidos por menos do
mentar, nos Estados. Mil novecentos e trinta e custo do exemplar:. O livro assim apresentado
oito, inaugura, assim, uma nova politica de edu- não é, evidentemente, destinado ás elites, posto
cacão. O Governo Federal propõe-se a fazer o que, muitos deles sejam de rara qualidade. E'
ensino primario, indo cooperar com as admi- livro para quem não póde comprar livros e os
nistracões estaduais, não raro desaparelhadas ama ou pode vir a ama-los. O l,llinisterio ser-
pa]-a e-sse fim. As escolas construidas sob orien- ve aos primeiros e busca seduzir os segundos.
raqáo técnica e com recursos financeiros da Que o tem conseguido, prova-o a elevação
L:niâo ser'áo entregues aos Estados, a que com- crescente das suas tiragens, sempre realizadas
,oetirá dirigi-Ias e mante-las. sem objetivo comercial. Algumas obras já edi-
O critério adotado na localisação dessas pri- tadas: Os "Autos de devassa da Inconfidência
neiras escolas será facilmente assimilado, quan- Mineira", 7 volumes organisados peio paleógra-
do sbubermos que elas terão por sede as ãonas fo Manoel Alves de Souza, com prefácio do his-
coloniais do Paraná, de Santa Catarina e Co Rio toriador Rodolfo Garcia; a "Antologia dos Poe-
Eras bem diÍerente
no teu geito de ver...
a

CARTAS no som de tuq v62...


ncrs couscrs que dizicrs. . .

Ercs bem diÍerente.. .

Tinhas um rosto de

o penscmenlo profundo...
Mqs os hornens penscrqm
que Íosses um crnuncio
ombulante de circo,
Aau/roaL &.zAaa ?hnqa/, e Íesteicrram rindo,
Especicl poro <r ESFERÃ batendo polmcrs, tuc
pc:ssctgem pelo mundo...

tas da Fase Romantica", de Manuel Bandeira,


de quem tambem estão a sair uma "Antologia
Parnasiana" e um "Guia de Ouro preto"; en-
saios e conferências de Gilberto Freyre, Joraci
Camargo, Antonio de Sá Pereira; o libreto por-
tuguês do "Guarany", o album iconográfico so-
bre José Bonifácio. Livros saltando da tipogra-
fia: Romeu Julieta, tradução em verso de
'Onestaldo deePennafort; a obra de Barleus so- IEIÀ,M:
bre o domínio hoiandês, traduzida do texto la-
tino por Claudio Brandão e outros, outros.
Ao lado de espetáculos públicos, para a for-
,,0
mação do gosto artistico popular (concertos pro- DIABO"
movidos pelo Ministerio de portas abertas, com-
panhias de teatro que percorrem o interior bra- ooo
sileiro, com ingressos obrigatoriamente baratos)
conferencias numerosas foram realizadas com Semanário de literatu-
um objetivo: levar ao povo o exemplo dos gran-
des homens que o Brasil tem produzido. Essas ra e crítica de Portugal
conferências são ouvidas necessariamente por (Lisboa).
um público restrito, mas, alem de irradiadas, são
. impressas em folhetos de distribuiçáo gratuita.
'Desse, modo, Euclides da Cunhai Caiiu,, Rio
Branco, Pedro II, Couto de Magalhães, os poe-
tas como Alfonsus de Guimaraens, os romancis- no Brasil
tas, como Manuel Antonio de Almeida, desfi-
lam perante um público que sonservava intacto LIVRARIA MOURA
mas inaproveitado, o seu culto pelas belas figu-
ras e pelas ações grandes. E' uma obra que o
povo compreende, porque toca sua capacidade
de admiração, o seu poder de simpatia e de de-
votamento aos altos padrões humanos. E é, vis-
ta de conjunto, nas suas diferentes manifesta-
ções, uma obra de cultura, iniciada com amor,
proseguida com amor.

.",-;)...:::::-.:-,:r:.1_,,,-"....,,::a.l
'.
, r. :ri:&..t i'r ::,1irlià:,:.ir., 3:r. .'t ,,:' ,ltl: -'::..?..-1:r1
i'i -: .":::
t

r"' lulho, 1938

Letras de Hispôno- América 'ã


,!
.'í,',
E. Rodriguez Fabregat

ESFEEÃ oÍrese c sus JecÍores de] insBporqble d.e lq otrc, expreso: "Ni decoro obonicos
Brosil esilr Sección en Io gue aporeceró.n, ni Ícbrico coníituos". Y es exocto. Los letros son pqÍo
.- registrodds en su propio id,iomq., él un mogniÍico instrumento de liberoción. Pertenece por
',i
- ij
Jqs mqs nob.les expresiones del pênsomi- otro paÍte este escrrtJr o uno gêneroción omericona
ento de nuesÍros hermonos de Hjspano que, en todos ios poíses, ho hecho de lo literoturo uno .i
América. mcnerd de revelqción de los más ongustiosos proble-
Síntesis de lo Vido ContinentcJ, AÍtí-

mos. De un tremendo zumo de dolor se nutrê ên eslc I
culo, Poemo, Notjcicr o Comentqrjo, esÍa hora 1o líricq de los Íuertes. Y eutre ellos está, Íiguro -1

Seción sigrniÍico dmoroso contribucíón ql l


'de primer plono, este Luis Àlberto Sonchez que, sin ;
progrêso y la unidod espíritua.l de los gectorismo ni opqsionqmientos, entrego hoy o conoc! 'rJ
Pueblos c.iei Nuevo Mundo. rniento de todos la mss bello compiloción de cosi cin-
Mucho se habrá ondqdo en eI cannino cuento onos de iobor poeticc en el Perú.
de .los esÍuerzos duroderos, eI dic en gue Pero quien quiera sorprender orígenes y motivos;
' Jos pueblos de Américq gue hcb/on es- quien busque Íuentes de inspiroción más ollá de Ios
panol y ios gue hablon portugués entren individuqlismos creodores; quien desse sorprender en
mutu(lmênte en conocimiento de sus vc- sus tres dimensiones io Poesio Peruono Íuerte y lírico,
Jores inlelectuales. Lo unidad de acción y dueno de nobles prestigios qn el oncho campo inte-
por 1o Oulturo concretaná, con muy cloro lectuol de Ãmérica, he de leer necesoriomente el Pró-
senlido, io identidod de Ios destinos qme- logo de este "Indice", ensoyo mogistrol en que Son-
ricqnos en esto horc ongustiado del chez describe lo troyectoria lirico que comienzo en
Mundo. Chocono y Gonzolez Prqdo hosta culminqr en los Íor-
En la medidc de sus posibiíidodes, mos humonista y revisionistos de los últimos tiempos.
ESFã8Ã secundo y se entÍeqq o ess lcr- Tomqmos de este PROLOGO los siguientes pár-
bor. Esla Sección tjene ese signiÍicodo. roÍos:
Quedq e.lio entegadd o los trabojodores "LÃ GUERRÃ de 1879, (se reÍiere eI qutor o lo
del pensomiento en Íodqs Jos zonos de guerra chileno-peruona) olteró no solomente la orgo-
Hispoao Américq,
nlzqción politica e económico del Perú, sino tombién
su estructurq sociol, imprimeindo un brusco sesgo c su
INDICE DE LÃ POESÍÃ PEBU.ã,NÃ CONTEMPORÃNEÃ expresión literorio. Pedcgógicomente, el Perú trcns-
Íormó o sus moestros en propogondistos de lcr "revcn-
to Editoriol ERCIttÀ de Sontiogo de Shile qcqbq chq" literqriomente cÍ sus poetos ên ouditores de lo
de publicor un nuevo libro de IUIS ÃLBERTO SÃN_ mcsc; económicomênte, oÍionzó lo morcho hocicr lq
CHEZ. Se trdtcÍ, en este cqso, de un trobojo de oliento plutocrocio reclutqdcÍ entrê negociantes Íiscoles, inter-
en el que el notoble escritor peruono describe un vêr- mediorios protegidos por el gobierno y oudoces ter
dqdeiro itinerorio lírico o trqvés de los grondes volores rot€inientes; sociolmente , insurgió ol indio.,."
poéticos de su pois o portir de 1g50. Mós odelonte ogregq:
tq obra estú precedido de un mogniÍico estudio "Violentcmente aportado de sus suenos orientqles,
sobre el temo. Nodo êscdpq en él ql certero luicio del Ia Poesio obondonó o los huries y se dedicó q rondqr
escritor y el crítico, Esto no extrqnq. Lo vido y lo los héroes. Lo dimensión esproncediono y zoriillesco
obrq de LuÍs Ãlberto Sonchez le don cotegorio singular se ve suplcntoCo por la ccriyliono. Del lcmento se
pqrq pÍesentcr con sumq qcierto lq lirico peruono con_ pcsc o lo proclomo. Lc exospercrción de los unos y lo
dicionqds c épocos y escuelos sin que qr.léden inodver- desesperoción de los otros, rompen Iq dulcedumbre del
.l
,t
tidqs lqs inÍluencios o desvqnecid.os los motices que quietismo sotisÍecho de los predecesores. No se liquidó
completon el cuodro. el romonticismo sino quê se le tinó de reqlismo. Ã I
Vqstq es lo obro de Luiz Ãlberto Sqnchez. Esto Espono lo remplozc lironcio, tombién ululonte y Íre-
mismc editoriql "Ercillo" qué ton notoble lqbor reolizo néticcr tros el clarin de Deroulede y los truenos de
por lo diíusión de los lêtrcs continêntoies, yq publicó Gombetta. Coyó en oesuso la Ãcodemio, dcometido
de es te outor vorios libros . Destocomos entre ellos: por los Íeroces colomorrqzos de don Monuel Gonzolez-
"Psnorornc de lo Literaturq qctuql", ,,Vido y poión de
Prada. Y lo generocíón de postguerrc presentq ocusc-
Icr Culturc en Ãmérico", "Historio de lo Literqturo dcs corocteres procéricos en l"eguia y Mortinez, Mon-
Ãmericonq" en los que êI estudioso encontrorá enÍo_ tilla, Teoboldo Elios Corponcho y otrog, preporondo
codos con singulor eÍicacio los problemos de lq cultura osi lc rutü pcra quienes, con Chocono, sêguiÍian las
continentol y los direcciones cardinoles que, desde ei huellos de Rubén Dario, ounque buscqndo lc resonon-
punto de vistq sociol, imprimieron q suq lobor lcs escri- cicr multitudlnqriq. Es csi como, en 1896, "Lo Neblinq",
tores de todos los tiempos en los di{erentes zonos del semqnorio liteÍorio de limq, publicodo insistentemente
Continente, un "Decólogo" de Chocono, en el que recomendqbs el
Pero es, sobre todo, un escÍitoÍ de combqte. Su hêrmetismo de los torres de morÍil, rezogo iutelê-
libro "Hoyo de lo Torre o el Politico" lo compruebo. ctuolista y orgullo decodente, q lo- vez que el diá-
En el Prológo de dichu obra tuis Ãlberto Sqnchez deÍi- logo con los multitudes, eco de - lcr experiencic de lcr
aiesdo con clqridod su pÍopÍio conducto liteÍoriq, guerrc, de la lección de Goozolez Prodo y sintonizc-
-

+-
il

66 EsÍera
míênlo con el soci(llismo entonces cÍpremicmte en NOCTURNO N.O 6
,
Europc".
Poso luego revistc el qutor de este Indice los Iuon PÁRR.õ, DEL RIEGO noció en
époccs y los hombres de lc poesio peruqnq. Contem- Perú en 1894. MuY joven aún Íué o
poráneo de los de los últimos tiempos, componero de Montevideo. ÃI]i se rcdicó ' Solió de su
muchos de ellos, compqneÍo de luchqs y Íotigos y cn- potric después de sus PÍimeros triunÍos.
donzos por los desesperodos cominos de Àméricc, Luis Y no regresó mós a ello' Pero tcn gron-
ÃIberto Sonchez trqzc ql Íinol de su estudio un Cuodro de Íué su obro y de toles ocêntos su
Sinóptico en que êston resumidos lcs cqÍqcteÍi§licos y el Perú lo -omcrn
canto, quê el Urugucy
dÍÍerencioles de cado tiempo y ccdc grupo. El lo dice: indistintomentê. Murió, en plenc gloricr,
"Me porece que después de lq onterior reseno, se en 1925. Unq col]e de lVlontevideo llevq
puede ensoyor unc sinopsis de 1o poesio pêrudncr ên su nombre. Poetq modernisimo, deió
los últimos 36 onos. estos libros: -"Himnos del cielo y los Íer-
PRIMERA EPOCÃ (1895-1905). Poesic de torre tocqrriles" (192q. "Blonca Lttz"
de morÍil, pero con vogos onhelos- multitudinorios. (1925) "Tres Polirritmos inóditos", opore-
Modernismo en lc Íormo y mesionismo en el deseo. - cidos en libro después de su muerte.
-
TriunÍo de Chocqno. Gonzclez Prqdc inicia el co- - Del libro "Blonco Luz" tomcmos estê
mino haciq uno nuevcr- poesio, simbolistc y más simpli Nocturno Número 6.
Íicodo.
SEGUNDÃ EPOCA (1905-1915). Ãposeo del Mo- Manavilla inÍíniÍc de la moche esÍrellada.r
dernismo. Hegemonic de Chocqno, - Rubén Dario Perias enJoguecidqs, diomanÍes de temblor;
-
eiercê su tutelc. Temqs Íranceses, -vetscllescos, toda la joyerio de Dios despcrrcrncdc;
-
Inicioción de 1o vernáculo con losé Golvez. Poesiq- la Cruz del Sur, Andrómqcq, Sirio .lo Oso Mayor.
doctorol y muy de timq. OÍiciqlización de- la liricq.
-
TERCERÃ EPOCÃ (1915-1923). EI movimiento loyero misterioso, ]oyero sobio y Íino
"Colónidc". Simbolismo de Eguren; - cntiqccdemismo Que obres tu escorpoÍote sonámbulo al camíno,
- hegemonio de Gonzolez-Prodo.
de Yoldelomor; In- quien Íuero ese dicrrncrnte con sa temblot divino,
suÍgencio de Ic provincio. Ãlberto Hidolgo- y el pana llevarlo trémulo de unc posÍôn collodc
"simplismo". -
Iconoclostismo. úaica joya limpia y con o.mot ganada
CUÃRTÃ -EPOCÃ (1923...). Poesia de rnosos. -hcstc Ja mono Íína de 1o mujer ornodo, -
-.- Forma ultrista y Íuturists.- Estéticq del movimi-
-
ento. Vernqculismo e indigenismo. Volejo, Perolto Mi omqdo es du/ce y tuerte. Contq mi ruda vidq
y Speluci. Tendencis humcncr y- de protesta. cobrita huéfion opretó conmovida.
Cholismo. - - -La sucr,ê
dije: Mi comino es de songre y de guerra,
QUINTÃ EPOCÃ (1927...) Poesio surreolisto. Li- yo he sentido el tenible dolor que hay en ld tiena.
menismo. Doctorclismo. Morginolizcmiento. Renoci- Mi mol es un rncl hondo, solitorio y maldito:
miento dê bohemia, solón y Íormulismo". Qué haró con Íus collores de \áqrimas mi qrito?
He ohi los Cinco epocos de lc poesio peruono
contemporónecr de ocuerdo con lcr división y clcsiÍico- Me dijo: Iré contigo, seré tu compdnero.
ción de tuiz Ãlberto Sonchez. "Desde iuego, como Toda 1o Íiesto purcr de rnÍ cuerpo te esperc...
él mismo 1o dice, -
io obsoluto de toles ccÍocteristicos Se bar'lcr. Sé canÍar. Sé dónde está eJ olvido.
-
debe ser otemperodo o entenciido en Íunción de las ex-
piiccrciones y exéEesis cnteriores". Y me abrió eJ obonico soÍo de sus cobeJlos.
Luego del Enscyo del Compilodor, mós de setenta
qutoÍes peruonos integron ei libro. Este Indice de Io loyero alucinqnte, joyerc esÍremecido.'
Poesiq Peruona que Lircillc nos entrego tienê poÍ mu- Qué diomonÍe proiundo, lento y desconocÍdo,
chos conceptos cqroct.]r de venturoso reveloción. hqsÍo e/ qlba, temblendo, Íú hss pulido para ellos?

ENGENHEIROS EMPREITEIROS
OBRAS PÚBLICAS URBANISMO
-

SOCIEDADE BRASII.EIRA DE URBAI{ISIV|O S. A.

GENERÃL CAMARA, i9 - 5.O RIO DE ]ANEIRO

lr:lt::.;. jitil::=jr :j:ji!


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Iulho, 1938

[ocumenlário Ctlltural Portuutl0$


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Nota-resenha sobre o democrq- o papel preponderonte que pora a Íormcçáo
Íiscrçôo dq culturq, em Portugol deste representqm "O Diobo", "Sol Nqscen
te", etc.) e de gercções intelectuois devoto-
O cpontomento que deixávamos nq crô. dcs; por outro, pelcs perspectivcs que cbre
nicq onterior sobre o custo dc "Bevistc de dumq continuidode de caminhqr progres-
Portugol", longe de exteriorisqr um superÍi- sivo.
cicl grucejo, como c olgumos pessoqs de- Portugol, qo mesmo tempo que consub-
certo poreceu, sqlientqvq somente umq do- q suq culturq, cbre-sé paia o luz do
stcrncio
lorosq reqlidode: q qusênciq de qbonqdqs mundo.
economics que só - por si gorontissem umc
desaÍogcdo existencic ós publicoções cul-
turqis. EÍetivqmente, esscr notq sqlientqvq
que o estcdo económico do meio como se Nq crônicq qnterior pqrcrmos aqui e oli
- que cr
sabe expressõo dum periodo de crise nc citaçõo de revistcrs ou Íolhqs que têm
guerrcr e outrqs coisqs provocqrom, é oin- tido interÍerencio no nosscr Íormoção. Pcro-
dq o moior entrcve á democrqtizcçõo- dc cul- mos, clqro, nõo porque nodq mqis houves-
turc em Porlugol. Porqoue o momento Íebril se, mqs sim, porque nclgum ponto teriamos
que aqui se vive, Íebril pelo encontro dos que pqrqr. Ãssim opontomos de preÍeren-
mqis desencontrcdos problemos, toca em ciq qs publiccções de cqrqter gerol, e den-
todos os pormenores do nosso viver qtuql. tro deste critério oquelas mqis diretqmente
Ãssim, o económico, que se ogiganta por ctusntes nq nossq Íormação culturcl. Evi-
ser q molc centrol. tqmos o citoçõo de outrqs em que o especia-
Noo é ótimismo demosiqdo, dizer que o Iiscdo comecqsse o particularisqr-se.
povo, depois que póde provqr o fruto dq ver- Propositodomente guordcmos porc hoje,
dode está ávido por êle todo. Queremos di- duqs, sobretudo, que sõo umq meic especia-
zer que Portugol está ávido de conhecimen. lisoção e urnq meia generolidsde: "Vida
tos. Orq, a satisÍcçõo dessq avidez (reÍeri- contemporcneq" notqvel revistq-de estu-
mo-nos cros ccrsos individuqis) é que estó Íor.
-
dos sociqis, economicos, etc., que Cunho
temente condicionodq. Todos conhecem cr Leql e Vqsco do Gomc Fernqndes dirigircm
interÍerenciq destes ccrsos: uns subalter- em Lisboq enqucnto viveu, e "Portucqle" --
nos dos outros: -
preço elevqdo de mate- estc que já vem de lonEe e msrcq umo posi-
rios primos, -
escossez de honorórios abo- çõo de destcque, sob o direçôo de dois eru-
nqdos. Subemos - bem que c resoluçõo destes ditos de prestígio: Clcudio Bqstos e Pedro
problemos nõo é tqreÍq simples nem sdmi- Victorino. -
te a superÍicio1 hipótese de que um cumen.
to de solqrios troria a Íelicidode. Porque es.
BEVISTÃ D.A, IMPRENSÃ
tes cosos nuncc se resolvem o pessool co-
pricho, mos sim, implicom numq serie de
.4. questõo Ãbel Sqlazar Àntórrio Sér-
"problemas" s5ss porventurc, bem Íóro - previromos.
dq noturezc de - "EsÍerq". gio, reocendeu-se conÍorme
Ãgorc, porem, por cominhos diversos dos
Voliqndo qo começo, e ogoro qne Íoca. qnteriores. Se o incidente propriomente dito,
mos qrgumento de peso nq nosscr Íormoçôo se circunscrevic openos oos dois contendo-
culturol, cumpre que nos regosigeáos res, qgors pqrece envolver diretqmente
-
com o oporecimento dq "Revisto dt> Portu- mqior número de pessoos. Ãssim é que, &.
go1" e com o crcolhimento mognilico que reprimendc de Iosé Régio contrcr "Sol Ncs-
teve: -por um lodo, dodq q certezs que trou. cente" pelo apoio que, no dizer de Régio, hc-
xe Ce que entre nós algo de sério se yqi req- via prestodo c Jlbel Sqlqzqr solidqriscndo-
lj.zondo mercê durn público cujo nivel de se com esie nos qtdques e ccuscções contrcl
cuilurc começo c impor-se (nõo esqueçcmos Sérgio, respondeu, eà nome do jõrnul, Ãfon-
,,1.'.ii:+,ririi:::i'.r,.' - ir'j'l

6B
EsÍerc
so Ribeiro. Ioôo Ãlberto, por seu turno, no crítico, com ligeiros restrições, merece pct-
"Dicbo" opresentou tambem olguns pontos
Icvrqs de entusiqsmo mormente "pelo seu
em contrcposiçõo de Régio; dq mesmq Íor- duplo interesse; I.o - porque se impõe Íoro
mo, q Págino de Novos do "Trobclho" tez dos noções triviqis de- belezq ocademicq ou
éco do guestão. convencionql, 2.o porque reÍlete, el.q mes-
Continuq qcesct, por lodos vários, cr dis- -
mcr. o conÍlito surgido entre cs duos gero-
cussão sobre q qrte sociql ou não sociql: dÍs-
ções de nossos pintores".
cussão essq muÍtqs vezes indiretc. Sctlientc- o do pintor Itqlo Giovcni
No Porto,
se, neste choque de critérios que a todo -
que c João Ãlberto (Sol Noscente) merece
momento tende q olcrgcr-se -numq quténti. -poiovros de desoprovoçõo.
ca querelo de geroções dum lcdo, Ãntó-
-
nio Gqmeiro, Jorge Domingues, Mqri,c Dioní-
sio, Frederico Ãlves, Rqmos de Ãlmeido.
CINEMÃ
etc.; do outro, o dq qrte pelc supremccic
-
dos vqlores 'ConÍirmq-se q boq impressõo sobre "Ã
estéticos, principalménte José Conção dq Terrq". Ãlves Costa no "Sol
Régio e ioõo Gospor Simões. Nqscente" chqmq-lhe o melhor Íilmt: portu-
guês. Tcmbem Ãlberto de Serpa, nq "Revis-
,Í.
to de Portugol" oponto: "Um cinemq sim-
-
ples, sincero e humono".
As entrevistqs d.e Icime Brosil, em pq- Do restqnte, Íqlo Roberto Nobre:
ris. pcra "O Dicbo" mqis devcgar de que -
"muitos Íilmes, muitos cinemqs e nodo que
-
no começo, têm continuodo. Ultimcmente o mereçq ver-se".
jornalista português reqlisou umc junto do
poeta ]ules Supervielle sobre q missão TEITTRO
da poesi<r modernq. O -gronde poetu Írcn-
cês, que ÃdotÍo Cqsais Monteià mereceu,
-
nq "Bevistq Que conste, nqdo digno de reÍerênciq.
de Portugal" um ensqio notqvel,
crpontou um traço curioso e oportuno. ,,E, LIVROS SÃÍDOS
-preciso restqbelecer o contqcto entre o poe_
tq e os outros homens". Abel Solozqr "PÃRIS EM 1934". Nes-
*1
-
te livro, o qutor, como em "Uma prirnavero
em ltoliq", "Digressões em Portugol", etc.,
No "Diobo" dos depoimentos dos de grqvs os sensoÇões do seu vcgabundeqr
mqis de 40 qnos -sobre os de menos de 30 pelo mundo. .A,bel Sqlqzqr, qrtistq de supe-
ct .que responderom, qlem dos cpontodos, - rior,qualidode quer quondo pintc ou escre-
até agorc, Antonio Viqnq, Rcmcàe Curto, ve é sempre o mesmo pintor mósculo, vigo
Vitoricno Bragc, devemos sqlientcrr o do roso, cr mesmct inconÍundivel personclidcde.
primeiro que, -de tql moneirq Íqlou em Sem o culto do purismo Íormql como
- novcr que ,,O
desÍqvor do gente Diqbo,. quando desenhs ou pinta o seu- estilo é
-
se viu invodido com respostqs de desqÍron_ bizqrro, sugestivo, sqboroso.-
ta. Todos os contrqditores, nqs linhos ge- Alberto Xqvier "O ROMÃ,NCE NO
rqis, Íoccrqm o cqso de que, se nõo sõo me- SECULO XV[I". Ã. -Xqvier que uns crnos
Ihores, cros de mqis de 4ô cnos o devem, otroz cpresentou, Íocqndo o romctnce desde
visto que por essq gercçõo Íorqm mod.elq- - 'o sucr iniciação qté oo Seculo XVII o pri
'dos. meiro volume destq série de estudos- con-
- são
tinua ogoro ct suq tqreÍq. Neste volume
analisqdos qs obrqs mqis ccrocteristicos,
"Sol }lqscente" cujo numero 29 apre- como: "Primqverc" de B,odrigues Lobo".
sentq um sopro Íorte- de renovcçôo publi- -
"Ã Ãstreic" de Honored'UrÍé". "Vida del
cc, digno de reÍerencic especiol -tr tradu- Buscon" de Quevedo". "Romqin Comique"
çõo de um crtigo de A. Toledcno - sobre o de Scqrron". "Ãventuros de Telémcco" de
Centro Internqcionol de Síntese; de H. Le- Fenelon.
Íevre: "O que é c diqletico?"; poemqs de f. Como o volume qnterior, obro meditqdo
Gorciq Lorcq; Revisto dcs ldécs; etc. e de merecimento.
RoúI ProenÇq "PÁGINÃS DE POtÍ-
ÃRTES PLA,STICÃS TICÃ" -
ediçõo "Seqrq Novq". Trqts-se de
- de ortigos que cÍ "Seqrq
umq série Novq"
Ã. G. no "Dicbo" dá cpontamentos so- desejosa de homenqEeor o diretor qÍqstqdo
bre c exposição de Ccrlos Botelho que qo de ho tempos do mundo vivo, reuniu em vo-
-
lulho. 1938

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poís, uma série de p"lti""qàe" "irãoiatrrarro ;-"rããr;;*;"."r- es-
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cporeceÍ o pldguete "FISIOIOGI.Ã, ,"üçaã" entre o homem . ;.:T [Tii*_""."1ij0,"fr:tffir,if ê


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todo.o-im_p_orto""r. ã".p-r,áràãà"- ,,o comércio ;ÍJ
DOS TÀBU,S,,, de qutorio do Dr.
giãÍiJ.r"""otto oo simples.eíun- ó dos criodeiÍqs,,. .:t
Iosué de Cqstro, proÍes"o, a" Àrr_ 1"1"* Sobre o mérito do obrc dizem bqs-
"ro a.ri"iiá..nL
otr ã.""r_ tsntê os polcvros do Juiz de Me.
1 tropolosio no llnivslsidqds do
r Distrito il;; proro a" iigorã àT" ií
Federql' Temq dos mois ,l"iài"ioÀ nores do Distrito Federqr, Dr. Ã.
importontês e conrÍôversos em Ãn_ ao rrotr*io'ã-;"àg soboio Limo, lue preÍacra o vo-
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*"i"ao.11-3.. ôlil-:ll ;*.,, tume:_,,Ãmporor. fs crionçcs oboa_


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sior.ocrà Dos rÃBU's' a" *"- ã"i"Iia "ã. ã,i,.ia";-;;;;
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'o nôo o*ui.it. quê. o torno um " dos es- . silrr.i.o sompoio
iniciado no têrminolosio dq d'is- reorizom potrióticc obro de cssis-
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iá!i,'l"ri*""11,"itü;.,1"i}o!"'j; í",:,*:".-"=ti, p"i".J"*."-p]l masniÍico rivro. ám quê Íevejc'
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ff"!1i:"r:iâ:"."o"::;'u.,:,1-";[ xt*,";'*""-" " J;" ;ú;;;:- .-Recebemos, tcmbem. pÃRrs EM
ã,.,:?:'"':*Tr:l!#Ji:l-sob'e os -o*iofu#'"; i" ilií; tl",tLilui"H1ll r;;. -
Itustrodo por sonto Roso e pri-
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;";;:- a" s..srji"'-r;;:;. EspÃNÀ, rs36, poesic de Ãrvq-
[-::T:H''E^]*fi1'§ii;.:""1Ij,1; :n"'";""mí# j#:':]j"? ro yunquê. Buenos .F.vres

!I t,m:. ;.j"i*l*^-r;i;-;;;.,:*"?#;:
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brãsileiro e ^':H:f.H':T.'ffi publicoçôes, do espírito
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qrtigos
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com que Roul proençc reÍutou as aos arrioÀs-y.-d.-r"*;Ã;;;"
teoriqs integrolistcs. No- corpo à"g,rrráà, -ãã (Edições
,,ráhison ,*o e.rropol; Joõo Gospcr símões, editoriol
oo des r,,q,râ;;, tfro.,.o" remqs,,, e pqrq q Lrvrqrio
Bi§:"fT,J f"Toll""rrõo
a qtituãe-dJ Rcur ?roençc, por,r quoi- i:llt;"I'*ens dq Minhq t"iJ'-a. -A'Írcnio
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_ temos álnda umq novq edi-
ção drim tivro de hc clguns
lino Figueiredo, ,,Ãs 'a"
""*,'ãà*ria".
aú"" e"pãf,ã,,i Portugal*junho_I9gB.
Ferreüo, de Mirq, ,,Gente
ir,f.çãt,i àã'ãi"i*o
A. C. S.
'',, ?id,Íi i:+t itl."ÍÍffiÍei.-

,
70 EsÍerd
turo gculezo, a N. R. F. oÍere- CecíIia Meirelles, MetomorÍose e vcr expressôo arlístico do homem
ce-nos sêmpÍe o espetácuio vório outros poêmcs; Miguel Torgo, e do sociol,
e Íoscincnte da vida literário de Moysés; Joóo Falco, Pequenos poe-
Fronçcr, qtÍovêz dcs últimcs Pro- mos sentimentcis; Ãquilino Ribei- O BOLETIM DÃ C. E. B. con-
duções e depoimentos dos seus ro, Mcrdrugoda; Ãntonio Modeiro, tinúo o preencher, com cbsoluto
moiores escritoÍes. O ecletismo do Ãs rás; Sqnt'Ãnno Dionysio, Um sucesso, o suo duplc Íinolidqde
seu quodro de coloboradoÍes Per- pcralogismo de romoncistc; José de orgáo congroçodor dc gronde
mite cro ]eitor um Íócil e instru- Morinho, Sobre o juizo tócito; closse estuContil e educodor, pelc
tivo contoto com os mdis oPostcs Froncisco Bogclho, Portido; Mário culturo, do mocidcrde brcsileiro.
corÍentes dqs letros Íroncezos con- Dionysio, Vulto; Fernando Ãmodo, O seu número de Moio publico
temporqneas. Ãssim, neste nú- Segundo diálogo sôbre o pintuÍc. umo entrêvisto com Ãlvoro Morey-
meÍo, o clqssicismo de Ãndré Suc- Sôbre literatura brosileira: Àdol- rc, ortigos de Anna Ãméiiq Car-
rez (Templos gregos, monsões dos fo Cosois Montêiro inicio o ensoio neiro de Mendonçcr, Edison Cornei-
deuses), precede o ogudc cnóIise "Mcnuel Bqndeira", e o mesmo ro, Joel Silveiro, Emii Forhot, Pos-
sociol e o impeto trsnsÍormcdor e Guilherme de Co§lilho comen- choal Cqrlos Mcgno e uma bel<r
de Ãndré Chonsom (Ã Galé (1), tomi, respectÍvomentê, "Poemas", pógincr ilustrcda sôbre o têotro
romonce); Leon Bopp detolho os de Ãdolgizo Nery, e "O Àmonuen- de Àlvoro Moreyro.
"Origens de umc novo revoluçõo se Belmiro" de Cyro dos Ãnjos.
Íroncezo", e Moritqin retrucq oos cotlrNÃ. E VÉRTICE sôo duos
comentórios de Gide sobre c suc O DIÃBO (ns. 192,193), publi revistos orgentinqs que pelo om-
conÍerência cr respeito d"'Os iu- c(Í entÍe outros interessontes qr- plitude e vqlor dos seus quodros
deus entre os noções". tigos: À, igreicr cotólica peionte o de coloborqdores possibilitcm umcr
à destocor, tombem: corÍes- eixo Romo-Berlim, oportuno comên- idéo precisc do momento literário
pondêncic inéditc de Voltoire. tório de Rodrigues Ãntunes; .4, hisponeomericono. Entre os mui-
ÍBodos de sqngue", teotro, de F. máquinc e o homem, por Christio- tos troduçóes que tombem publi-
Gorcicr Lorcc, ensoios criticos de no Limq; Penscmento positivo con- ccm sobresoi (em Vértice) a do or-
Morcel Ãrlond, e os comentórios tempoÍoneo, e Umo obro primd dê
tigo dê Mme. Chqn-KoiShek: "O
sobre WqIt Disney, e o último li- qÍquitêtuÍq, do mestre Ãbel Sc- golpe de estqdo de Sidn", que
vro de Georges Bernonos. pormenorizc os ocontecimentos
lozor; Ponorama literório do Brq- que hó dois onos emocionorcm q
Ãs páginos redatoriqis e umc sil, de .AÍonso de Costro Senda.
ou outro secçôo do Íevistc reve- Chino e o mundo, quondo do cons-
Aíonso de Costro Sendo vem de- piroçáo tromcdc contrc o More-
lom certcr exc{tcçáo de corcrter dicando o suc invulgor culturq
político-internacionol, que levom
e chol Shon-Kqi-Shek por um grupô
capocidode crítico oo estudo com- de oÍiciois de suc imediqto con-
á conclusôo de que determinados prêênsivo dos Íiguros mais signi-
setores literórios iá compreende- Íicrnço. F.
Íicotivos d.a nosso modernc lÍte- -
rcm os motivos dcr inquietoçóo rqtura. Nêssse mogniÍico esÍôrço Recebemos qindq:
mqniíestodo pelo estqdo moior poro torná-Ics conhecidos e qd-
Íroncês quondo os tropos Írcn- MEDICINÀ UNIVERSITÃRIÃ _
quistcs olcançortrm os Pirinêus. mircrdas em Portugol,o ;'ovem poe- . (no 1) -- Junho 938.
ta e ensoistc tem reslizodo pógi - HOJE
No que se penso
nos que pelo ogudezo de onálise, -l'unho.
REVISTÃ DE PORTUGÃI (n. 3). LUMO Mexico Iunho. 938.
Trqnscrevemos pcrte do sumá- exotidóo de conceitos e clorc per- BELLO -HORIZONTE- (no 94).
rio desso importonte publicoçáo, cepçáo de determinqdos sspectos SCIENCIÃS e LETRÃS de S.
tóo oprecicdo no Brasil, sem êm- da reolidcde brosileiro, impóem- Poulo.
bo,rgo do seu oporecim€nto Íê- se á otençóo de todos os que se REVISTÃ ÃCÃDEMICÃ (no 36),
cênte: Soroh ÃÍÍonso, Desenho; inteÍessom pela literoturo nq quo- Junho.
Jules Supervielle, Dieu Surpris; lidode do mois completc e objeti- CLÂBiDÃD Buenos .Aires.
-

COMPÃNHIÀ, EDITORA NÃCIONÃT

B R A S ItIA NA
ULTIMAS PUBLICAÇÕES
O REI FILÓSOFO (VIDA DE D. PEDRO II) - PtrDRO CALN{ON

o PADROADO E A TGREJA BRASXLEIRA


- JOÃO DORNAS FILHO

o PRECURSOR DO ABOLICTONTSMO NO BRASTL (LUIZ GAMA)


SUD MENNUCCI
-
FORMAÇÃO HISTÓRICA DO BRASIL
- J. PANDIA' CALOGERAS
syl-vro RoMERo. - CARLOS SUSSEKIND DE MEIIDONÇA

. .--'
^..: - -j ..
:---,i * - i ,
-
r lulho, 1938

TEATRO
TEATRO RIVAL - Zazá, Dulcina, Odilon roveimente hormonizqdo. Nêsse
momento. em mqtéric de projeçõo
e outros comentários. emocionql, Dulcino cbteve o má-
ximc. O qmbiente de meioncolio,
por elo criodo, Íoi quolquer coisc
Dentro de espêctctivss ontogôni- mêsmo, sem rêcorrêr a quolquêÍ de surpreendente. Irnprer;ncu, en-
cos (e divertidus) do ontigo e do dos métodos bqtidíssimos e des- volvou o plotéio. E veiu conos.
moderno geroçüo, Dulcinq deu nos prêstigiodcs de que se vqlem co poro cosq em predominio.
Zazá em sud Íêsto ürtístico. Deu- (Írocqssondo) os "vomp" á Iso Mf -
No Íobia, nc incompatibilidode
tls ZÇ.2r:., nqturolmentê porc noe rondc e cutros colesnies senho- quosi Íísico. que sê têm, já, pelo
Íugir á proxe clcrs groncles otrizes ros do telo e Co polco, Dulcino dromoticismo convencionol, chego-
Mos o co:o é que, em outros pq- usou cie umo técnicq inteiromen- se o Íicor grqtq q Dulcino, por
peis, jó ncs tinho mostrodo todos tê novq muito suc e muito iim- oquele seu "nuncc mqis". muito
essos possilrilidodes que, êntdo, exi- po. Ã -ceno Íoi conduzido com de dentro, com quo obtem isso o
biu. muito hormonio. entrêcortüdo de que se deve chomor q culminqn-
Poro quem iêm, cJmo o coriocq- deialhes mogr,íÍicoi, corno cqueie cic êmocionqi, qtingindo o sensi-
um cuÍsô completo de Dulcincr,, de suo irritoçõo trqduzido, de bilidode dos espectcdores, sem
desde ",A"mor" o "i-Im OÍÍiciol do qucrndo em quondo, no opêlo ó lhes irritqr ou desconirolor os ner-
Guorjo", possondc po; c.s,"_o i::. criaCo imogem soi:.orc de que vos. Porque, essq é q verdcde:
esquecivel "Ã Ãlegria de Ãmqr", -
elq se vqleu poro nos mostrst um ninguém Íois oceitsriq urn,,nun-
por "Iiberté PÍovisoire" e por "To- estsdo de olmq ou de :er.vcs :nui- cq mois" histérico, nem rugidos
vqrich", por "Le Bonheur" e "Umq to especiol que Íoi, indiscuti- de leôos ÍeriCos. Xesmo poro os
gorotc que vê longe", possondo velmente, um- cchodo vocql de oC- lcrneiricções de beiro de
túmulo
por toCqs essos crioções esplêndi- mirável expressividcde. ou poÍq os pÍcntos de junto oo
dos que têm sido qs suqs, mesmo No 20 qto, desde os primeiros coixõo, o prÇcesso é outro: mois
nss peÇcÍs m+Ciocres, esso estreic cenqs de iernuro, esteve mogníÍi-
náo ossurniu prcporções de umc: co, Convem qssinolor q noiurc-
provo diÍícil poro o dtriz; oulrqs lidode com que Dulcino uso de
igucimente sérics já íôrom ven- tocis esso momenclqturcÍ Gmoroso,
cidcs e, depois delos, o noçõo de num ó vontode que oÍqstq, intêi-
diliculdade desoporeceu, totolmen- romenie, c possibilidade do ridí_
te, ern reloçoo o Duicino. culo encqbulonÍe que nos oÍere_
"Zázá", em linhos gercis, nõo cern oigumas enÍáticos qmorosqs
oÍerece novidocie: q clóssico his- de nossos polcos e drcmóticas do-
tórÍo do otÍiz yindcr dq lcLma; a mas de nosso conhecinonto. pcr_
clássicq máe ébric., expiorondo-o; que é indiscritivel o p.oporçôo que
clássico protetor; o clcissico qÍnor tomq c expressõo "meu omor,,
que regenerc... Tudo isso Íugin- (e ouiros bqnolidqdezinhqs senti-
do muitqs vezes á coerêncio dss meniqis) dita por certqs primd-
personolidodes, quebrondo-lhes, ol. Conos o que erplico, tolvez, a
gumqs vezês, a unidode psicoló- -
economic de situcções de cmor
gicq. de porie da moioricr dos outores
Náo vqmos discutit, porém, em teotrqis. Com Duicinq todqs essos
pleno qno de 1938, se cr Zczó, co. pequencs coisos Íicom no seu Io_
no tipo humono, está bem Íixqdq, gcÍ numo reobiiitoçáo,
bem desenvolvido e bem ocobs- E -teve grondes momentos: nqs
ia: o grqnds mérito do peqo é suss cenqs de jonelo, de cogtos
cferecer situogóes teotÍcis em que porcÍ o público voz e mqos,
cs giondes intérpÍetes mostrcm, dpenos - de verdode e
notável
..::n cmplitudê, suqs possibilidc- -
de emotividode; no seu gesto de -.--
Poro o trqbolho de Conchito, em
revolto, quondo se iogo, oos so-
i Íoi isso, simplesmente, o quê cos. sôbre Monoel Pero; ncquelc Zozá, dever-se-iqm qbrir colunqs
l:icino Íez: oproveitou tudo e combinoçõo mogníÍicc de impres-
espêciois. Trobqlho de composi_
.ijJ mostrou do quonto é capoz sôes váriss, qr.le Íci cr suc espêÍo
ie ccnseguir, em msiériq de req- no cosq de DuÍresne (o comen-
Lz:;ão ortístico. tário sôbre o Íetrqto, o constotc- NO ÍELEOFÂÉI tr
iesde qs primêirgs cênos o sus çáo do ombiênte...); no diálogo
Z::: entrôu. Ã seduçôo de Du- com o crionçq, em quê êsleve, E5ERITOR
i:esce Íoi c primeiro gronde con. qpencs, um pobre ser humqno mo- RTAilENTO5,'
;-;isio do diq. InÍinitomente sêdu- chucqdo e vencido; nc ceno do ÍRÂiiv0 r t0NTABlLl0Á0E
:::i e inÍinitomente Íino, cheio de olmôço, em que expôs umo técni- Aoqraxn 5. Rocxa
s:::iezos e de recursos novíssimos. co muito convincente de nervosis_ UPU6UAYAIiA.Z? T
t::e::geriemente Íixqdos dentro do rno recolcodo.,. E depois, no Íi-
::: oluol, liberioCo dessq es- nol. Que esplêndido groduoçõo
-3sc:e :e ccmpJexc de serpente de de emoção obteve, que exuberân-
5:s, i.gssss ir.omentos, sáo gco- sia de tonolidqdes decrescentes!
-'e:jcs ceriãs oirizes, e por isso Gesto, voz, máscqrq tudo odmi-
-
'i2 EsÍers
ri.
:í,:
,,1 çáo e de onimqÇúo, PeÍÍeito nos oos iropeçóes, co ridículo imPos- Mário Saloberry, um pouco en-
,: mínimos detqlhes: nõo heuvê ges- tô. Decerto que lhe :lúo cobe o Íátlco.
::,., to Íolhodo, ou inÍlexão Perdido, culpo (mcs oo cutoÍ do Peço) dcr E houve umcÍ estréiq: Sônlo Lo-
Cr ou expressáo de mois ou de me- personoiidode qpÍêsentodo em ".P- pes. McgníÍicoo opresentcçâo des-
aos. Verdodeiromente grnnde. luz de um íósÍoro". Cobe-lhe, Po- so gcrotinho de 6 crncs, surgindo-
.",.|
,a. róm, o'.ljrc cuipcr iguolmente Pos- nos ccm umc seguronço cêniccr
Odilon animou, corn indiscutivel sivel de Íeporc: c de c ter esco- digno de noto, enÍÍentondo, como
i.::
af-
linho, a personclidoCe de DuÍres-
lhido poro seu reperiório. E o in- utriz de verdctde, ss diÍiculdcdes
ne. Sucs otiiudes cie dísp1icêncio
ieressqnte é que o Peçc iem mé- Jo seu pequero pupel. Disse,
Iorqm mr:iic bêcs, cssim como D ritcÍ: ten.-l substâncici, é um bom r::uito Iúci'-omcn'.e, inu::o acncien-
Íorom as suqs €xprêssües Ílncis, :s,.rjo, ó lóg.co. é hun&ro. Mos ternelte, os suos Íaios. E teve um
seu sorriso quondo se cerlii:,ca de ier ihe o Guior trcios iáo iortes. ''clrrc pencl" bqs',at:le promis:or '
que "o poz do seu ior" nâo íci csrlcciuÍou, de to1 modo, o Per- Nêsse aiuviáo cie "chsnchqdss"
ütingidq; suq viclêncic contrc Zo- sonsgêm centroi, que tudo res- êm que vjvlmos, 7qzá veio Pro-
zá... Folhou openos em umo ce- vulc poro ura excessivo ridículo, vor, mcÍis umo vez, que, com Dul-
no: quândo Zozdt revelo c DuÍres- muilo prejuCiciol á comédio, em o público oceitorá o Te«tro
cino-,
ne nao ignoror o seu coscmento. §uu i]lteiÍezc. ãJém de peçqs parc rjÍ. Dec3rto
:;:
Ãí recorreu o urn crregclo Ce
Em Zczo., Ociilon voltou c seu ní que se nõc dispenscrm camédiqs
olhos pouco recomendável. vel. O nivel do quol Ce- corno "Urnq gcrotõ que vê lon,re"
iomcris
Se Odilon soubesse qucÍnio gc- verio descer. E Íoi um dos ele- "Ã menino do chocolote" e outrqs,
nhora, em verdade, os momentos meltos intêgrqntes dc hcrmcniq indispensáveis ccmo complemen-
em que, em lugcr de groncles ges- dc inierprêtcçúo --coêrent'o com lo cle: cricrqões de Dulci;ro. O que
i:: tos, ou de exogeros Íisionômicos, o beio e hoiresto esÍôrço que, conr sê quer ó que o ess:;, s':jo;n reu-
êle exploro, principoirienle, qs cii Duiclno, ve:n reqiizcndo Peio bcrn nidcs outros rrrois séÍios, de mqis
111 tudes de sereniCc{de e exeice con- t*clro, no Brosil. Êmcção, <ie mqis sen'iiCo hlmn-
trôle sôbre os nervos dos perso- F,uih Mi,nsen csnrêÇc q se Íc- nc, coÍlo jú o Íoi Íeito em tempo-
ncEens, penso que nodo msis s: Eer ncisr pelos trcços de nolurq-
:1,.

roCcs posscdo:, com morcodo su-


liCcde que vem imprinrin:o q tu-
:1'.
:: poderi<r ossinalqr Ce pouco sctis-
cesso psro Dulcino e nos qtt-cis
Íotório em suos interpretcções. Ci io quonto Ícrz. Desrle "Umo gcr' elo deve insrstir, ssm hesiiaçóes'
temos como pcdrco destas, nêsses ro:c qus vá longe" suq oiuccõo
últimos tempos,cr suo "'§e:Íona.' ncr Componhio Duicino-Odilon, !ó Peso demosicdo pcrcr "seus Íro-
pesc em clgumo coisd. Estó sê cos omhros"? Ncrda disso. Seu
movimentondo bem, tem obtido ugudissimo sentido de belezq, re-
inÍlexóes muuito iustos num á velqdo no delicodezo dê seus tÍs'
vontodê bem oPreciáve1,- dentro qos qrtísticos, suo notável Perce'
ije seus popéis. Mcnoel Pero con- ptibilidode porc os moÍnentos eÍro'
tribuiu, como semprê, com c suo cionqis, suo perÍeito comPreensáo
impecovel noturalidcrde, Pora o dcs situoções, o segurcrnçc e c
ôxiio dc peço enquonto Ãuroro lucidez de seus processos in'rer-
Abglm, numo- Íápido psssogem, pretdiivos, ohrigom-no já o urnc
deü-nos o suÍiciente Pord quê se atitude decisivomente construtorq,
considere como tipo vivo o que
dentro do Teotro. -Atitude q que
lhe coube viver.
Zilcc Sqloberry, incolor. .Atiia elo noo deve Íugir, Pora que náo
de Morcis, que êstó sendo obri- seicr quebrodo êsse equilibrio esté-
godo, ultimomente, o umo quosi tico, montido desde q sua estréio
especiolizoçáo de senilidode, bem, num emociononte esÍôrço ê
-numc entusiosmonte vitóriq dq qr'
como sempre. Sem oPortunidodes,
porém. tisto sôbre o meio M.
-

à MELHOR PUBLICjI,çÃo LITEnÀ'-


BIÃ DO BBÃSIL
Síntese Mensol da Atividode
CONSEI.HO DIRETOR:
Morio de Ãndrqde, Illvaro Contempryneo
Moreyrc, Ãnibtrl Machqdo,
Redação e administração
Portincri, .Érthur Rcmos, José
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bem Brcgc, Jorge Ãmcdo, Ser'
gio Miltiet, Grqciliano Rqmos. S. Paulo Brasil
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Direção de:
BEDÃTORES:
Murilo Mircndo e Moqcyr
Moocyr Werneck de Costro OTAVIO MENDES CAJADO
CORRESPONDENCIÃ:
Buo Machcdo de Ãssis, 39 - NOS IORNÃLEIROS
Sclc, 313.
r
Iulho, 1938

CINEMA
_ I'ies d: g:ondes Íijmes.
C:c;er
I{uiios cortozes bons. Gory Cinernq cento por cet.to. Nenhumo teotrqlidqde.
Cuqs vezes: "Ãventuros de Morco polo,, e ,,Ã Um sen-
iiio proÍundo de vido reol. Umq peço litero.ia, um ro_
.:t:r: êsccso de Bqrbq Ãzul,,. Shiriey Tempie tomben r::nce literoturo. Ã propric áo esccdo, fã too
t9. !&.cL=41 ;
"u.rã
exr:loroCo em vqrios Íilmes, quosi sempre oproveitoda
Je:-: : que o cronisto cinemotogróÍico sejo ob;igcCc ..r.-.o i:nogem, é em Mcnequim complàtcm".rt.
: ;-re: en diÍicukiodes Íir:oaceirqs e nõo posso :er :quelos cri«nços que chorom, o chorã Íominto do
,,oro,
iclcs os f,ines. peno tonrb.Jm _ e incornpreun"irL: je ccmodos. onde os torneirqs pingom cosq
cs repr€.senlcntes dos gronjes Íqbricos de J;-mes :-:: "_" aturro*errta
rcrjsihqCq"s ê cr miseriq tronsporeee mesmo com q ""-
trrr:ecq:n enirodos qos
cronisiqs ciÍemofagráÍ:c:s. exis_
ç::m conviCcr êsso gente porü os ,,prjmeiros.,. ivlcs De-
iên.io de coriinqs e biombos. Spencer Trccy _ ,*
irclcrês ortistqs do mundo. Suo moscorq é-o do"
:' incrivel mqs é o que scontêce. iãc. bostonie il
1

po:c refletir crnulises inierioÍes. E. Joon CrowÍord que EJ


Umc noticio bôo: _ jó onuncionr poro seie:b:o ;cnseguê reunir c ortisto á mulher crie vestidos elêgontes :ri'
"Brqncq de Neve" de Woli Dysneylll choque que existê no cinema), que interpreiq p-roÍur_
-.'Eli icrnente, reunindo condicões sobeibcs de trtistc'e
mu-
;---^
rrtrri:i.
- ..ii.lO, Chqrles
_lernstetn.
Eoyer -- Michéie Morgo:: F:lne
U lilmê é l:om, o enreio ót;f1c, as
lh-^r, uniÍiconC oos duss, se mcntem ó oltura
de Trocy.
\-enhum deies perde, nem gonhc. Equitibrom-se. E reo-
i:;cE:ciics notáveis, os deiqlhes cuidodosos. Irics iizom nclqveimente. Ãlqn Curtis é bc* ,ro popel. Con_
:::dr ieoiro, muito mois ieqtro f{ue cine:tio. Os i:ocse seguê muito bem suq oscençõo lenta no pcrãsitismo.
p:incipois interpretodcs por Boyer e Michele sáo ào. Ccmeço cpe[qs o preguiçoso, poro terminoÍ o críminoso.
.

Enllicos. Ele se montem o qtor soberbo de tcios os Rolph lr'Iorgon, Mcry phillips muito bons. (Morgon é
seus íilmes. :empre bcm). E é umo ceno grandioso cquelc uá qr.
IÍeste Íiime Boyer consegue o máximo. S:q nás:s:o Elissbeth Risdon (o mõe expiorodo, humiúodo) ensinc
é de toi Íorrno express'ivo que Íêolisd inteirolaen1e q á Íilhq o dever d.e reogir. Mànequim é um u"t"ão
representoçco dos choques interiores. IvÍogniÍico tro- "o"iof.
bciho. O resto do elenco iicq teqtro, declomandc muito, Ã OITÃ1/Ã ESPOSÃ DE BÃRBÃ AZUL _ penc que
gesiicuiqndo.exogerodomente, O cinemo Íroncôs qindq dois bons oÍtistqs tivessem que trcbolhor um Íilme iôo
noo se iibertou do inJluênciq do leotro. O ortistq Írqncês ruim. Gory Cooper e ClcÍudette Colbert. Ãmbos se esÍor-
continus com o comportdmento do polco. Resuiicdo: _
çqm enormemente poro solvor o Íilme. Impossivel. E,
nem cinemq, nem teotro. uma eomédicr sem hurnor, sem levesq,
Tipo chonchodo. Nôo ho siquer situoçóes"o"Lt" -""*o.
Ho poro o cÍitico cinemciogroÍico interêssdntes.
. MÃI'.IEQUIN
duos especies de -Íilmes: os ÍoÍtomente onunciodc's e os O cenório é bom, si bem que exogerodomente luxuoso.
que passorn quoÊi em silencio. Gerqlmente dentre os Fotogroiiqs muito bocs. O Íilme queÍ ser ..rgroçodo.
uitimos é que estõo os melhores. Mqs os criticos pre_ Nôo consegue não. O enrecio é um tos *oir .*-pt*iao"
Íerem comentsr longomente cqueles pqrq os qroi" pelo cinemo: o ricoço que se opoixona déÍinitivc-
produtores mois dispenderom ncÍ propogcrndo. ,,Mone- oa -
mente. Tudo bonqlsinho. Gory Cooper nôo devic topor
quin" possoú sem estqrdqlhoço. E é .,*iil-" popeis desses. Êle é reolmenie um ortistq.
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A VOZ DA IERRA LEIAt'Á


Romcnce
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AMÃDEU DE QUEIRÓS Revisto pCIrc os pois :r,i


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Esfera

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Pclovros isolodos, sepqrcdqs Por pontos, Íeunidos umo mogníÍico peçc, muito bem Íeito e extroordincrio-
pelo ousêncic de porágr«Íos, sintetisqm os últimos mo- mente soÍridq. O ceticismo do outor é lomeniavel. E'
mentos sênsscionois comunicqdos pelo ródio. Porece positivomente urnc concepçáo de periodo de tronsiçáo,
rnesmo inutil Íormor Íroses, procuÍcrr odjetivos, conju- O materiol humono jogodo nc peça precisc ser edu-
gcr verbos e coloccr pronomes. E' mois simples enu- codo. Impecovel cr opresentoçõo. Ã músicq tqmbem
mercÍ. EspoÍte. Futebol. FiÍG. Ãmor. Pátrio. TorcÍda. excelente no onimcçáo gue imprimiu á vidcr que o som
Subtrcçôo. Injustiço. Derroto. Recompensc. Boxe. viveu, Digno de porobens o empreendimento do.Tupi
Ãméricc. Roço. Preponderqncia. Superioridcde. Sotis- sem o pÍeconceito dos otos que dividem o teotro êE
Ícçáo. Vitoria. ÃIegritr. Repercussáo. Etc. Néo é pre. portes iguais.
ciso dizer mais. "Ã Biblioteca do Àr" com c direçóo Genolino Ãmqdo
Continuc com sltos e boixos c seleçôo de peçcs --- Cesor Ladeiro corresponde perÍeitamênte oo Íim que
pqrcÍ o teotÍo da PRll-9. "Ã Vingonço do ludeu", "Ã se destino: instruiÍ ê educqr. Só tem um grcvê incon-
Laboredq" e outÍos no gênero... De quondo em vez veniênte ..... q hoÍq. Quem trabalha oito horas por dic
um ]orocy Ccmorgo ou um Pqulo de }vlogolháes como nóo lê depois dos dez dq noite. Os contos rodioÍônicos
desqboÍo. Mesmo qssim, em "Copricho". Cescr todeirc sõo gerclmente bons, bem cdcrpt<rdos. Ãs noticios sóo
decepcionou os Íons. Que bebedeiro! Um altisto tôo {artas e os cnuncios a propósilo. Nõo demos deixor de
elegonie devia exploror o lodo estético do embrioguez... ÍegistroÍ o croniccr qu eÍocou um ortigo de ÃIvaro Mo-
Principolmente numa bebedeirc sineuloda. Voltondo oo ÍeyÍo em "D. Cosmurro". Forom justíssimas cs reÍe-
repertório. Existem tqntqs peços inleressontes! De qu- rencics repossqdqs de têrnurc. O maior cronistc do
tores estrqngeiros ê nocionois, Ã otucção de Barbozo Brqsil é reqlmente qdmiravel como reoliscção humanc.
Junior dó sempre umc noto ogrodovel' Pelo rádio qs Mis Fronçc no microÍone do PRG-3 insinuou o ne-
comédios ligeiros ogrodom mois e um comico de qua- cessidqie urgente da televisõo.
lidode nôo pode ser dispensodo. Em gronde otividode cr Radio lponemcr. Novos qr-
à liteÍotura de publcÍidcde e os quoliÍicotivos dos tisics. novos progÍomas e novo tÍcnsmissor. Ãindo está
ortistos contínuom chqteondo. Como sempre "... o tql" em tempo.
ê outros nos intervolos de
Íroses inÍelizes botisodqs O Cosino ds Urccr estó anunciondo Lucienne Boyer.
pqrcr cr pÍopogonda. "Ã hora do Elixir de Inhqme cons- O rádio voi tÍcÍnsmitiÍ com certezo. S.
titui sem...pre um prozer!.., Mil vezes o "é bqrato -
ou náo é?" dc Ccpitol. Ão menos tem sentido.
O têatro pelo ródio continú<r o pÍogromc mcis em
vogcr. Já temos mois um e do melhor espécie o da ERRÃ TÃ
-
Rodio Tupi. Delorges Cqminho e Ãmelia de Oliveirq
- No número I de EsÍero páogino lg (24. colunc
nôo é preciso moiores comentários. À escolho do re' 4lc. linho) -
leia-se SOMÃTÓRIO em vez de so-
pertório tqmbem promete. "Nodc" de Ernoni Fornqri é -
mótico. -

CA 5A Metqbril
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