iIIS?I: Êlálfifi

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 85

¦*"'

mkúm
1)0

êlálfifi §iIIS?I ¦..


> .1.
SRàXIíí»
O PVN A L D FFICIAL
/

DA

Maçonaria Brazilcira.
PUBLICAÇÃO MENSAL.

ftedactor em Chefe, o Gr/. Secret/. Ger/. da Ord/.

N." 6.—2.° ANNO

ÜIMMÍ

/// /"^' Awfc' vi \\

a
ii yipw
i
i

Or.*. do Rio de Janeiro.


TYP0GRAPH1A DO GR.-. OR/. DO BRAZIL.
Valle do Lavradio 53 K.
1873 (E.\ V.-.)

JÊm
te
V '.•¦'• t K.
r, • \

:
* i:

1
'

'' ¦ ."
'

¦ >

: ' ' V' '''¦.


¦'.

'
,

L ¦
'

O
üúm l .
'
i
'L
4
''¦

¦' í

DO / ér.i Ir

fiuiw Oi»™ w B&iiü í, r-; f, ..

Joi\NAL 0 FFICIAL
DA

Maçonaria Brazileira.
PUBLICAÇÃO MENSAL,

o Giv. Secret:. Ger.\ da Ord.\


Redactor em Chefe,

N.° 6. —2.° ANNO.

lUfltt.O

iMí,,v'^v í-Vv-H

':>W:"t

í .

' ''
\ ¦ LT .¦ *¦ 'W

K' .

': v
;
Or/. do Rio de Janeiro.
DO GR.'. OR/. DO BRAZIL.
TYPOGKAPHIA />¦»

53 K.
V '
%alle do Lavradio
MA-Í
'
\ 1873 (E.\ W>

®Pe

1:
<::t

si .. :¦.,.¦;

¦¦''.¦,
Ri }¦¦ .:¦.
— 402 —

empregado sustem acima do abysmo da perdição o desventurado


que descrê da piedade humana.
Nenhum lyrio em fino jarro do Japão ornou melhor o templo
dos obreiros em festa do que o coração aberto em flor a todos
os impulsos generosos da piedade, e que reconta alli, nas narra-
tivas era louvor do acto solemne da posse, todas as beneficen-
cias feitas á pobreza, á viuvez e á orphandade.
Quando o secretario ergueu-se e discorreu, com o relatório cm
punho, a respeito dos actos da officina, era um ramo que offer-
tava na festa da caridade, e convinha atal-o em fita symbolica,
inscrevendo nella, em letras de ouro: Perfeita Amizade.
*
* tk
1*

SESSÃO DE POSSE DA LOJA FRANCEZA FRANCS-HYRA-


MITES.— Seus obreiros são, sem duvida, os franco-hyramitas
da actualidade. Trazem no cunho de suas virtudes e amor á
ordem ainda aquellas doutrinas tradicionaes que distinguirão sem-
pre os architectos, discípulos de Hiram.
Ha um dia de festa para elles. Abrem o compasso, medem
as possibilidades, marcão os pontos de distancia, e dão um nome
a cada angulo de sua equação.
A pedra bruta entre suas mãos adquire formas regalares e
expressivas.
O mestre perfeito e todos os mais que o acompanhão na di-
recção da architectura do templo são investidos em suas dig-
nidades.
É meio-dia a pino.
Soa o malhete na mão do mestre.
E através das columnas passão os obreiros a contemplar o
acto ceremonioso em que cada dignidade e cada official jura so-
'
bre o livro sagrado de bem cumprir seus deveres maçonicos.
A
Cada um de vós, franco-hyramitas, levava o ramo da acácia e
o sorriso do contentamento.
Vossa Loja estava em festa, trajava galas, e de sua tribuna
partião hosannas ao Creador dos Mundos e á Instituição que pro-
cura piedosamente seguir á risca as doutrinas do seu Evangelho.
Salve! franco-hyramitas; vós sois poderosas columnas do templo
de Sião!
'30LETI a/y m
;
1)0

Grande Oriente do Brazil


AO VALLE DO LAVRADIO.

O. Jornal Oftícial da Maç.'. lírazilcira. publicado por ordem


¦ do tirando. Oriente, conterá artigos originaes dogmáticos, trechos
escolhidos de revistas maçoniças estrangeiras, a matéria legisla-
tiva decretada, os extractos das sessões do (ir.*. Oriente e dos
Corpos Superiores, um noticiário do que de mais importante occorrer |
nas diversas Potências maçoniças, a correspondência do Circulo:
bem como um resumo em francez das noticias de cada numero,
para intelligencia dos Maçons estrangeiros.
Às paginas do IJjjiLiim são franqueadas a todos os ilr.*.
desejarem inserir artigos úteis e interessantes á Ordem,
que
devendo ser sujeitos ao juizo da Com.-, de [iedacção.
Um exemplar do J^cLetim será enviado gratuitamente ás
GGr.-. DDig/. da Ord.*., a cada Loj.-. do Circulo, ás Potências
Maçoniças alliadas e aos Redactores dos jornaes.
A assignatura é obrigatória por uni anno, do Dezembro de
1872 a Dezembro de 1873. paga cm unia só prestação adiantada.
Corte e Nictherohy.
Anno (12 números) ^.w. • R.SOOO

Províncias (Registrado).
Anno (12 números) 78000
Numero avulso l|000

Para os paiz es estrangeiros a assignatura varia conforme a


importância dos portes do correio.
Toda a correspondência de redacção e remessa do importe das
assignaturas serão dirigidas ao Redactor em Cinde, Gr/. Secret/.
&

Ger/. da Ordem, á

lèua do Lavradio X. 53 3£.


te
— 426 —

apezar da enfermidade do século, por causa mesmo dessa enfer-


midade, e de que a fraqueza de quem duvida constitue a força
de quem crê, nem por isso tem deixado de conservar uma orga-
nisação robusta, uma autoridade que resguarda interesses vivos,
e nas regiões inferiores do seu império, uma fé tanto mais ro-
busta quanto é cega.
Quando as instituições do passado, derribadas pela tormenta
que as lançou no abysmo, buscarão salvar-se do naufrágio e col-
locar-se nas suas bases, a Igreja foi a única autoridade que pôde
cobrir e proteger, debaixo do dogma, os restos da autoridade
civil. A' sombra das circumstancias tornou o clero a tomar posse,
em pouco tempo, de todo o terreno que perdera em 1789.
A todos esses privilégios arrancados pela raiz, e que buscavão
apoio; a esse mundo antigo, que naufragara nas três revoluções
successivas e que queria reviver, impôz o partido catholico (é elle
mesmo que assim se denomina) todo o peso do seu protectorado.
E que remédio; foi mister acceitar-lhe todas as imposições e
condições onerosas: proteger é dominar.
As reacçoes políticas e religiosas derão-se as mãos; mas foi a
influencia clerical que mais aproveitou nas restaurações dos po-
deres civis.
Toda a força tende á invasão. Não mais nos admiramos quando
a religião se julga apoiada por Deus e busque estender a sua
influencia. Tornando a pôr pé no domínio civil, ou no Estado,
de onde fora expulsa em 92, crê a Igreja Catholica dever reivin-
dicar hoje todos os seus privilégios, todos os seus direitos. Para
ser coherente busca tomar lugar no mundo.
Contra o inimigo a reivindicação é eterna; ora, que inimigo
mais real que esse espirito humano, esse espirito philosophico, a
quem as instituições clericaes fizerão guerra na idade média?
Apezar do declinio das crenças, e da indiferença religiosa, não
se pode negar a influencia latente, occulta—tanto mais real
quanto menos sensível — exercida pelos dogmas sobre os actos
da vida política.
A philosophia tirou-nos a venda a respeito de certos dogmas;
mas ella ainda não completou a sua obra; deixou-nos ainda ex-
postos a influencias que se contradizem. As nossas crenças
aclião-se de um lado, as nossas opiniões de outro; dahi essa luta
I interminável.

A :,

'
S
— 427 -

Cada um de nós quizera accommodar a vida conforme tal ou tal


compromisso, segundo tal ou tal transacção, e cada qual soffre a
pena da sua inconsequencia.
Todo o erro está hoje em querermos conciliar o que é incon-
ciliavel. Os que aconselhao ao clero regenerar os antigos dog-
mas nas idéas novas, nao percebem que completamente se illu-
dem quando concebem esta esperança lisongeira, porém chime-
rica. A alliança da fé cojn o progresso foi sempre a tentação,
o tormento do espirito conciliador; #esta icléa, porém, só tem ser-
vido para lançal-o no schisma e finalmente na philosophia.
Não podendo conciliar estas suas forças, imaginarão alguns
que sem a destruição de uma dellas nada se conseguia: ainda é
outra illusão! A religião não quer morrer, a philosophia não
quer ceder.
Neste estado de cousas o que convém fazer é recorrer á se-
paração dellas. Torne o padre a entrar na igreja, entre a reli-
gião nas consciências! Abandone ao espirito humano o que for
do domínio do homem, e guarde o que pertence a Deus. Qual-
quer outra solução nos trará a guerra civil.
Envolvendo-se na política, mettenclo-se na compressão do Es-
tado, dirigindo o braço secular que persegue, lançando veneno
no calix, o clero com isso só faz tornai- as suas doutrinas mais
odiadas e crear novas reacções e novas vinganças.
Cada passo que der o espirito de intolerância religiosa novos
Voltaires e novos Strauss surgirão.
Supponhamos que o clero reivindique tudo quanto possuía an-
tes da revolução franceza, antes da grande reforma lutherana,
riqueza territorial, dominio nas consciências, censura prévia dos
livros e das opiniões, alta e baixa justiça sobre os pensadores,
dignidades e empregos civis, de que lhe serviria tudo isso? De
provocar contra elle uma revolução surda, mais fatal talvez que
a primeira; de arriscar o espirito da fé em uma nova tormenta
cuja violência traria incalculáveis resultados.
Não é prophecia, não é ameaça, é apenas um receio que ma-
nifestamos.
Quizeramos, no interesse.do sentimento religioso, no interesse
mesmo da idéa philosophica, conjurar tão medonha catastrophe. ^

Os que concorrem para ella, talvez involuntariamente, reflectiráo


" Fora
nos resultados de um conflicto tão fértil em desastres?

¦
í .i.i.-Lít^üka
dn Igreja Catholica não ha salvação possível,,; podemos dizer:
fora da Igreja Catholica não ha Deus. O clero não vacilla, com
razão ou sem ella, de espalhar este principio. Ninguém se admire
mais, quando cahe um artigo de fé, que todos caião. Não crer
no todo é não crer em cousa alguma. Para a Igreja a philoso-
phia é atheismo.
A reforma política do clero em 1792 trouxe a queda da fé, e
fechamento das igrejas. A mesma causa no futuro teria os mes-
mos' effeitos. Se o clero quizesse impor de novo ao espirito hu-
mano, se pretendesse dominar as instituições civis, se aspirasse
ainda á posse das almas e das cousas, provocaria no Estado um
sentimento de ódio e de impiedade, o qual, apoiado em numero-
sos e legítimos ataques, e nos abusos inqualificáveis e evidentes,
traria ao mundo a imitação de 1793. Cumpre evital-a.
Sócrates foi ante o paganismo o que Voltaire foi perante o
christianismo, o espirito critico.
Um e outro apparecêrão na véspera de uma revolução social
religiosa.
-
Uma só difterença existe, e é que na hora em que o paga-
nismo cahio, abalado pelos argumentos de Sócrates, uma nova
crença appareceu para substituil-o, emquanto que o catholicismo
•¦¦¦.
não deixaria successor. Apezar das aspirações religiosas do nosso
tempo, apezar do germen de uma nova crença, que se desen-
volve nas consciências, outra crença não vemos que possa subs-
tituir a religião de nossos pais. Se por culpa dos seus minis-
tros,se por inconsiderado zelo, essa religião tornar a passar por
outro naufrágio, um silencio de morte lhe succederia: uma escu-
ridão horrenda viria cobrir as consciências. Veríamos o que
nunca vimos até hoje, uma civilisação sem ideal, um povo sem
Deus.
Esperamos que tal não aconteça. Suppondo que o catholi-
cismo tenha de ser substituído no mundo, cumpre que elle exista
emquanto não apparecer o successor. Para isso é urgente que
o clero retire a sua influencia do terreno das agitações políticas,
que faça o que o sacerdócio pagão não soube fazer; cumpre que
entre w foro intimo, na consciência humana, de onde nunca de-
vera ter sabido. i

As crenças salvão-se assim como se salvão os governos: pela


moderação e pelo sacrifício,-

•¦",¦;-
!.'
— 429 —

Não é possível negar que o clero tenha consideravelmente di-


latado, nestes últimos tempos, o circulo das suas conquistas, quer
na capital quer nas províncias do Império: domina o solo prin-
cipalmente com as suas congregações innumeras, tem proselytos
e partidistas nas câmaras legislativas; na primeira magistratura
do Estado pelos bispos; domina as mulheres pela confissão e
predicas; domina o pobre pela esmola, o rico pelo temor
pelas
do communismo; domina êa infância pela educação: é pelo ex-
cesso desse poder material que receiamos; foi por taes excessos
a Igreja anniquilou-se duas vezes: a primeira contra a re-
que
forma, a segunda contra a revolução franceza.
Receiamos que pelo abuso e pela cegueira de um domínio, a
a
que o espirito religioso e de corporação resiste menos que qual-
quer outro, não deixe o clero cahir nas mãos da philosophia
uma victoria que ora nos parece tão fácil.
B.

....-

¦
. :• i .i
- 430

Secção OfficiaL

Actos do Sap.\ Gr.\ M.\ Gr.\ Com.\ da Ordem.


29 de Maio.—Manda soccorrer com a quantia de 100$ ao Ir.-.
N...., membro da Àug.\ Loj/. Cap/. Amor da Ordem.
15 de Junho.—Nomeia Delegado do Gr/. Or/. e Supr/. Cons/.
do Brazil, na província da Bahia, ao 111/. Ir/. 33/. Dr. Gui-
lherme Pereira Rabello.
Idem. —Nomeia Delegado Adjunto do Gr/. Or/. do Brazil, na
província de Pernambuco, ao 111/. Ir/. 33/. brigadeiro Francisco
Joaquim Pereira Lobo.
27 de Junho.—Nomeia Io Gr/. M/. de Cerem/. do Gr/. Or/.
ao Resp/. Ir/. 32/. Antônio Joaquim Pinto de Oliveira, Ven/. da
Aug/. Loj/. Cap/. Reunião Beneficente.
Idem.—Nomeia Presid/. da Com/, de Policia do Gr/. Or/. ao
Resp/. Ir/. 33/. Francisco de Paula Loureiro, Ven/. da Aug/.
Loj/. Cap/. Amor ao Trabalho.

DECRETO N. 22.—Concede o titulo, honras e prerogativas de Membros


Honorários do Gr.-. Oiv. do Brazil a diversos maçons do Circulo.
Nós, Visconde do Rio-Branco, Gr.-. M.\ Gr.-. Com.', da Ord.\
Maç.-. no Império do Brazil:,
Fazemos saber a todas as Officinas da nossa jurisdicção, para
sua intellipncia e governo, que o Sap.-. Gr.-. Or.-. do Brazil, em
sua sessão de 21 de Junho, houve por bem decretar as seguintes
resoluções:
l.a É concedido o titulo, honras e prerogativas de Membro
Honorário do Gr.-. Or.-. do.Brazil a todos os maçons que tiverão
assento no mesmo Gr.-. Or.-. no anno de 5873.
2/ É concedida igual graça aos maçons que no mesmo anno
exercerão as funcções de Wen.\ e AArth.-. das OOnV. das pro-
vincias.
3.a Os maçons agraciados cleveráo sollicitar as respectivas pa-
tentes até o fim do corrente anno, satisfazendo a jóia da res-
pectiva carta.
' — 431 -
¦ ¦'¦¦.'¦'.*¦'

contrario.
4* Revogao-se as disposições em
Car/. e 111.'. Ir.-. Sob/. Gr.-. Insp.\ Ger.-. 33.'.
O nosso
Luiz Corrêa de Azevedo, Gr/. Secret/. Ger/. da Ord/., é
pr
da promulgação e publicação do presente decreto.
encarregado
Vai/, do Lavra-
Dado e traçado no Gr/. Or/. do Brazil, ao
no Rio de Janeiro, no Io dia tio 4o mez do anno da V/. L.\
dio,
5873 (21 de Junho de 1873, E.\ V.\) ''
O Gr.-. M.\ Gr.\ Com/. *'
Visconde do Rio-Branco, 33.\
O Gr.\ Secret.-. Ger.-. da Ord.-.
Dr. Luiz Corrêa de Azevedo, 33. \
O Gr.-. Chanc*.
Dr. Pedro Izidoro de Moraes, 33. \
¦ Êk

N 23.—Declara Membros Honorários do Gr.-. Or.-. do Brazil


DECRETO
das Potências Maçonicas
aos maçons do Gr.-. 33.-. e aos RRepros.-.
estrangeiras.
Visconde do Rio-Branco, Gr/. M.\ Gr/. Com/, da Ord/.
Nós,
Maçon/. no Brazil: ; . m
Fazemos saber a todas as Officinas da nossa junsdicçao, para
e que o Sap/. Gr/. Or/. do Brazil,
sua intelligencia governo,
de 21 de Junho, houve por bem decretar as se-
em sua sessão
guintes resoluções: ••
no
,
de bob/.
1 • Todos os maçons, collados e encartados grão
Ger/. 33/., são Membros Honorários do Gr/. Or/.
Gr/'. Insp/.
do Brazil. . ,v ,
alhadas gozao
2/ Os RRepresent/. das Potências Maçonicas
da mesma graça.
3/ Revogão-se as disposições em contrario. - «
111/. Ir/. Sob/. Gr/. Insp/. Ger/ 3o/.
O nosso Car/. e
de Azevedo, Gr/. Secret/. Ger/. da Ord/., e
Dr. Luiz Corrêa
decreto.
encarregado da promulgação e publicação do presente
no Gr/. Or/. do Brazil, ao Vai/ do Lavra-
Dado e traçado
no Io dia do 4o mez do anno da V/.L/.
dio, no Rio de Janeiro,
5873 (21 de Junho de 1873, E.\ V.\)
O Gr.-. M.\ Gr.-. Com.-.
Visconde do Rio-Branco, 33.-.
O Gr.-. Secret.-. Ger.-. da Ord.-.
33.'.
Dr. Luiz Corrêa de Azevedo,
O Gr.-. Chanc.-.
.
Dr. Pedro Izidoro de Moraes, 33.
2
390
em dirigir-vos seus sinceros agradecimentos pela
soiemne uctao
solemne occasiâo, Esvpto, roga ao Altíssimo que conceda
e
e feliz vida, afim de que possa cnm-
ff
a„A SaX2 Prospm tão «*#*,*#&
5 de geração Ten. 6l..
« Or* do Cairo, 16 de Dezembro de 1872--Lug .Ten Gi..
Mest/. Prov/. int/., Balph Borg.-yGv.^
MP,t- Prov , Gr.'. Gr/ Vig/. Prov/., John C.
mProvE\W. T. Tmney,-r
Thes, Prov,, K T. Bogm.- Gr, Secret.
mouZ-Gr.:
Prov/., W. B. Brougk ,, a supracitada

felicitação
A deputação nomeada para entregar
Kedive em Abdeen no dia » de Fevereiro ul-
foi recebida pelo Borg dmgio ao Kedive a
timo. Ao entregar a felicitação o Ir.'.
seguinte allocução: .
« Senhor -Entregando-vos a felicitação da Orr/, loj.\ iro-
Vossa Alteza que lhe agradeça as provas de
vinc permitta-me dado ao mundo inteiro.
Zeresso e civilisação que tem
pr"gA Senhor, do Egypto por causa de sua
Macon• , proscripta de Vossa
mâÊ^ÁÉ levanta-se hoje sob os auspícios
da que lhe é concedida em vosso
- Xa^Zrgmha-se posição ao patronato que
iefe'e p6deTéclMr-se regenerada, graças
H& WÊ lhe concede reconhecendo sua existência legal.
V°« constituída no Egypto,
Em Se po"nossa Instituição
espalhada sobre a superfície da terra,
e ein nome dá kaçon/. favor lhe concede
padeço a Vossa Alteza o insigne que
«Estou certo, Senhor, que, assim exprnnindo-me, expimo
também os sentimentos de meus collegas,«H^ orgulho te\?f Slf^° es
£**.
Alteza que reputamo-nos cheios de poi
Loj/. Prov/. para entregar a Vossa Alteza
colhidos pela Gr/.
sua felicitação. tu,.mpt
O Kedive, em uma pequena allocução summamente cortez, piomet- alcance
da Maçon/. tudo o que estivesse a seu
teu fazer em prol exis-
Alegremo-nos pelas amistosas relações que actualmente
tem entre o governo do Egypto e a Maçon/.
uma Gr/. Loj/. nesta co-
Columbia Ingleza.—Installou-se El a
lonia da Grã-Bretanha, no dia 26 de Dezembro de 1871.
dependentes da Gr/. Loj/. ae
foi constituída por três LLoj/.
Londres, pore cinco da da Gr/. Loj.'. da Escossia.
jurisdicção o ir..
Foi eleito Gr/. M.\ o Ir/. Powel, Dep/. do Gr/. M.'.
Mc Creight, e Gr/. Secret/. o Ir/. Heistermann. de van-
A sede da Gr/. Loj/. é ao Or/. da Victoria, na Ilha
couver. As 8 LLoj/. fundadoras têm um pessoal de 297 memmos.
¦ í

433


DFCRETO N. 25. Interpreta o Decreto de 22 de Setembro de 1865,
permittindo annuncios profanos.

Nós, Visconde do Rio-Branco, Sob/. Gr/. M/. Gr/. Com/, da


Ord.'. Maçon/. no Império do Brazil:
Fazemos saber a todas as Officínas da nossa jurisdicção, para
sua intelligencia e governo, que o-Sap/. Gr.-. Or/. do Brazil,
em sua sessão de 21 de Junho de 1873, E.\ V.\, houve por
bem, interpretando o decreto de 22 de Setembro de 1865, de-
cretar a seguinte resolução:
: 1." A faculdade de poderem as Officinas fazer convites com
caracter profano para a reunião de seus Obreiros, concedida pela
resolução 1" do decreto de 22 de Setembro de 1865, compre-
hende toda e qualquer reunião que não esteja no espirito do
19 do art. 407, combinado com o art. 419 da Const/.
§
2.» Não deve, nem pôde ser considerado imperativo o aviso a
cada um Obreiro, como preceituava o art. 218, antes de promul-
gada a supracitada resolução.
3.» Revogão-se as disposições em contrario.
O nosso Car/. e 111/. Ir/. Sob/. Gr/. Insp/. Ger/. 33/.
Dr. Luiz Corrêa de Azevedo, Gr/. Secret/. Ger/. da Ord/., é
encarregado da promulgação e publicação do presente decreto.
Dado e traçado no Gr/. Or/. do Brazil, ao Vai/, do Lavra-
dio, no Rio de Janeiro, no Io dia do 4o mez do auno Maç/. de
5873 (21 de Junho de 1873, E/. V.\)
? O Gr.\ M.\ Gr/. Com.-.
Visconde do Rio-Branco, 33.'.
O Gr.-. Secret.-. Ger.-. da Ord.-.
ií*,'''|C
Dr. Luiz Corrêa de Azevedo, 33. \
O Gr.-. Clianc.-. ¦.
Dr. Pedro Izidoro de Moraes, 33.

?1,4 í v<
¦

-)
I
434 -

Secção Histórica.
••.<«.

» *

Discursos notáveis pronunciados em defeza de nossa causa


h
no anno de 1873 (E.\ V.'.)
O Sr. Visconde de Nictheroy pronunciou no senado, no dia 23
de Maio, o seguinte discurso:
" Em relação, Sr. presidente, ao que mais me deve ter im-
pressionado no discurso do nobre senador, visto que me foi di-
rígido pessoalmente, dií|l que o nobre senador começou por me
dar um amplexo, um verdadeiro abraço, mas de tamanduá. S.Ex.
me proclamou naquella discussão seu leader9 isto para tirar a
conseqüência de que fora com elle solidário nas aggressões e feridas
feitas ao nobre presidente do conselho; S. Ex. entendeu que eu
abundei com elle quanto á profissão verdadeira da doutrina ca-
tholica, e, portanto, não fiz mais do que seguil-o e contrariar o
nobre presidente do conselho.
O nobre senador, porém, pôz de parte, não quiz ver o que
realmente fora meu discurso e porque o pronunciei; não foi,
Sr. presidente, para vir a esta casa fazer profissão de fé catho-
lica; nem disto se devia tratar no senado por muito excusavel;
todos a tem feito e se alguns se desvião com palavras contra-
dictorias é para se deplorar. Dizer que, nascido de pais catho-
licos, educado no seio da Igreja, professava seus princípios san-
tos, não era e não foi o meu propósito e o objecto do meu dis-
curso. •
O meu propósito e fim foi demonstrar os excessos e applica-
çoes desviadas da verdade da doutrina catholica que o nobre se-
nador fez em contradicção ao nobre presidente do conselho; o
abuso tremendo, odiosissimo que fizera em rebaixar uma questão
dessa importância, constituil-a arma de opposição systematica contra
o governo, parecendo que com isso procurava de plano minguar, ti-
rar a força moral ao governo, tão necessária para que elle possa
desempenhar sua missão, cumprir os árduos deveres na conjunc-
tura actual. Neste mesmo propósito odioso e com menos preço
de questão de tamanha importância, foi o nobre senador levado
na sua aggressão contra o nobre presidente do conselho ao ponto
de taxai o de racionalista....
A este respeito, Sr. presidente, devo declarar que comprehendi
depois que ouvi o novo discurso do nobre senador o sentido em

%
— 435 —
¦

elle tinha chamado o nobre presidente do conselho racio-


que
nalista.
í.

V. Ex. disse que elle estava fora do grêmio da Igreja, e, re-


fractario aos preceitos do Pontífice, era racionalista! E isto por-
que o nobre presidente do conselho observara que tinha tran-
quilla a sua consciência, por estar persuadido que o anathema
não lhe chegara, visto que o maçon no Brazil não era esse ad-
versario da Igreja, esse conjuraclo demolidor de altares.
V. Ex. o disse: não podia ostentar essa tranquillidade de
*
consciência sem cahir no racionalismo, e designou-o positivamente
racionalista. Ora, Sr. presidente, entendia eu, e era este o sen-
tido que ligava á palavra quando fallei anteriormente, que S. Ex.
em assumptos desta ordem prohibia o uso do raciocinio aquelles
que de qualquer modo tivessem sido envolvidos em censura da
Igreja ou fosse objecto de um acto partido da Santa Sé; que a
obediência que os catholicos devião á Santa Sé era tal que re-
dúzia o indivíduo a uma espécie cie machina, sem raciocinio, a
um verdadeiro cadáver, na phrase jesuitica, para significar que
o confrade não tem vontade nem raciocinio.
Não me refiro á doutrina catholica, fallo da attribuida máxima
da Companhia de Jesus.
A imposição da regra da obediência a todo o transe con-
stitue o filiado um cadáver que se move ao aceno cio chefe;
não tem vontade própria e renuncia ao raciocinio. Ora, o nobre
senador por certo não podia chegar a tanto de querer reduzir o
nobre presidente do conselho a um cadáver; censurava-lhe o seu
raciocínio, o livre arbítrio de distinguir quando pela obediência
catholica era obrigado a curvar o colo e aceitar a imposição sem
reflexão alguma. Era neste sentido que eu suppunha que o no-
bre senador se exprimia. Mas elle definindo depois o racionalismo
a que alludia, e era aquelle que negava o dogma, as verdades
sobrehumanas da revelação divina.
Eu não podia aceitar neste sentido o epitheto lançado contra
o Sr. presidente do conselho, visto como constituiria tão grave
aggressão como desarrazoada. E o que autorisaria o nobre se-
nador a ter o nobre presidente do conselho como um impio, tal-
vez atheu ou materialista, que nega a revelação divina e todas
as verdades dogmáticas, todos estes pontos da revelação divina,
que constituem a fé christã? Nada o autorisára!
O Sr. presidente do conselho limitava-se a oppôr: a Maçonaria
do Brazil não é associação anti-religiosa; nunca o foi. A Maço-
naria do Brazil não cogita de religião; pelo contrario, rende a
— 430 —

devida homenagem á religião; tem recorrido seus a ella para solem-


irmãos. A Ma-
nisar as suas festas e suffragar as almas de de conjurados,
conaria do Brazil não é um antro de abominação
Ímpios, em-
de demolidores do altar, de atheus. de materialistas em
nenhados em proscrever todas as idéas religiosas, perseguir
a Iereia- não foi, por certo, comprehendida na bulla da excom-
Sustentar isto, Sr. presidente, poderia constituir argu-
munhão.' de negar as
mento para a qualificação de racionalista, no sentido
verdades da fé christã?! chegasse a
Não ' não podia conceber que o nobre senador negava o exer-
tanto Portanto, limitei-me a entender que elle
razão se fazer qualquer censura razoável ou ainda
cicio'da para Santa Se,
uma iusta estimação da moralidade das censurascomda tanto mais
como faria o nobre presidente do conselho, echrectamente ema-
liberdade que não se tratava de uma sentença uma apphcaçao
nada da autoridade do Sumnio Pontífice, mas de
realmente,
delia feita por bispos e com uma generalidade que, latet error: nao
em si mesma devia conter o erro, in generahbus
a algum, não houve devassa, não se estimarão
procedeu processo
devidamente os factos, não se verificarão as suas circumstancias: Ora, em taes
não era possível que houvesse um juízo assentado.
negar o uso da razão, censurar o^ ™cionalismo
circumstancias com o
era muito, e era tanto que me apressei em oppor que
ao chris-
racionalismo se praticarão os grandes serviços prestados mente.
tianismo em geral e até mesmo ao catholicismo especia alto racio-
Estes grandes padres da Igreja erão homens de
cinio E para melhor fazer sobresahir o meu asserto seita
produzi
e sem
autoridade insuspeita pela falta de preconceitos de
á Santa Sé; apresentei dous protestantes como
subserviência do catlioli-
eminentes servidores do christianismo e ainda mesmo
Sr. Guizot e Abbadie, o antigo autor da Ver-
cismo. Trouxe o então fiz a
dade do Christianismo, tão admirado por Bossuet; e
os serviços pelo Sr. Guizo, ao
observação de que prestados o
christianismo e ao mesmo catholicismo erão de tal orciem que
punhão- á igualha dos Agostinhos e Jeronymos.
"
Disse-o' e'repito, e vou dar a razão porque assim penso.
'. se-
V. Êx. oúça-me e depois dirá o que entender. Ao nobreouvio
nador causou grande reparo e manifestou-se como o senado
com toda attenção merecida ao seu eminente talento. cano-
Note-se que eu não disse que o Sr. Guizot devesse ser
cievi-
nisado. Não faltei das virtudes do Sr. Guizot para serem
damente apreciadas no seio da Igreja Catholica.
. • *
0/
4Q1N

Não é?
Àpresentei-o como um eminente racionalista, no sentido que já
expuz, do homem cio raciocínio, na mais alta accepção do termo.
E como os grandes padres da Igreja, tem praticado e continua
a praticar esses feitos que tanto o honrão como servem á civi-
íisação moderna e até aos mesmos interesses da Igreja Ca-
tholica.
Senhores, os doutores máximos da Igreja, a que me refiro,
florescerão nos séculos primitivos da christandacle. Santo Agos-
tinho, Santo Ambrosio e S. Jeronymo erão do IV século. Nesse
tempo, todo o mundo sabe as proporções que tinha a Igreja Ca-
tholica e qual foi a phase natural do seu primeiro desenvolvi-
mento. Era então a Igreja militante no período de áspero tiro-
cinio. Prestarão valiosissimos serviços estes confessores da fé
christã. Forão guardas fieis das tradições evangélicas, manti-
verão o sentido puro e verdadeiro da doutrina. Em seus escriptos
repellirão todos os desvarios da razão insensata, que procurava
corromper a verdadeira doutrina do Christo.
Mas, Sr. presidente, cumpre muito notar, não havia então im-
prensa. O circulo traçado era muito e muito acanhado. Meras
cópias ainda, tiradas ás dezenas c centenas, percorrião um nu-
mero muito limitado de leitores; embora fossem lidas em congre-
gação de fieis e passassem de mão em mão, nunca isto chegava
á extensão maior de alguns mil leitores. Estes escriptos, quasi
sempre de mera doutrina christã c exclusivamente theologicos,
erão para ser lidos quasi exclusivamente pelos fieis, e não muito
ao alcance da geral inteligência.
Entretanto, elaborado* como forão pelos guardas fieis da tra-
dição evangélica grangeárão-lhes este assento que têm na Igreja
como máximos doutores e confessores cia fé. Depois que os
séculos correrão e teve o desenvolvimento a que attingio a Igreja
Christã, de militante que era passou a triumphante. Dominou
em todas as nações do mundo civilisado, quer dizer do mundo
christão, porque a verdadeira civilisação está com o christia-
nismo....
....••••••••••*

Denominárão-n'a assim.
Aceito a correcção: designarei neste período — a Igreja clomi-
¦•

••.•'.•

nante depois de attingir a altura a que chegou no mundo civi-


lisado, com grande representação e valor político, encadeando os
seus interesses com os interesses temporaes, crescerão para a *

Igreja com as regalias immensas difliculdades: com o estado da


maior representação e valor moral e mesmo político, com
X
— 438 —

estas pompas do século, habitando o Santo Padre o primeiro


palácio do mundo e constituído soberano da Cidade Eterna, crês-
cêrão tanto as dificuldades, com tamanhas glorias, que os ma-
ximos e necessários direitos e interesses da Igreja em tantas
circumstancias forão postos em duvida e prejudicados, já não
digo quanto ao estado que entende com a ordem temporal, mas
ainda quanto áquillo que diz respeito á doutrina e aos princípios
que elevem ser aceitos, venerados em relação á crença religiosa.
Nestas circumstancias muito mais difficil e ponderosa deve ser a
acção daquelles que por escriptos, trabalhos especiaes, têm de
concorrer para a defesa não só dos direitos e legítimos interes-
ses da Santa Sé, na ordem temporal, como em vingar a verdade
da crença evangélica e dos princípios dogmáticos do christia-
nismo, defendendo a fonte divina, a revelação feita pelo próprio
Deus feito homem.
Por certo muito elevem valer aquelles que se distinguem em
taes circumstancias; e quando a imprensa, estendendo o estádio
da discussão, faz surgir tantos e tantos concurrenles que só na
Allemanha, a terra por excellencia do pensamento, tantas esco-
Ias de variada doutrina já com o pensamento hostilisavão a Igreja
Catholica, como agora os seus soberanos por violentas medidas
estão completando a obra de hostilidade e perseguição.
O homem que alcançou grande distineção em tal concurrencia,
e com seus escriptos se fez tanto mais notável que dá um re-
levantissimo testemunho insuspeito, sem preconceitos de seita e
sem subserviência á Santa Sé, a muito saber reúne um grande
caracter. Para levar ao cabo tamanha empreza, nas circumstan-
cias dadas, não basta ser um simple^theologo; á muita proíí-
ciência das escripturas sagradas, deve*juntar a experiência do
consummado estadista, o prestigio de um daquelles nomes que
têm tal peso, que quando se apresentão em publico e escrevem,
duas vezes impressionão o publico com a autoridade da razão e
com a razão da autoridade.
Sr. presidente, o Sr. Guizot é este homem que, apezar de ser
protestante, tem prestado verdadeiros serviços não só em geral
ao christianismo, que professa como calvinista, como ainda ao
catholicismo porquanto ao mesmo catholicismo tem elle rendido
a homenagem de seu testemunho pela grande instituição da um-
dade catholica que o philosopho espiritualista admira, assim como
com superior razão o estadista sustenta o direito do Summo Pon-
tifice ao poder temporal por alta conveniência política e pela con-
gruencia de sua suprema missão do chefe da Igreja Catholica.^
Eis o potque, Sr. presidente, dando os devidos descontos, não
fazendo parallelo impossível entre os doutores máximos da Igreja
canonisados e o grande homem da política, da sciencia e da litte-
— 439 -

ratura, protestante, parallelo esse impossível entre virtudes eme-


rito segundo a Igreja, porém somente pesando os serviços que,
crestados em épocas tão diversas, tem uma equivalência de valor:
aquelles, em os primeiros tempos, guardas fieis da tradição evan-
aeliea e verdadeira doutrina, e este, a época actual, eminente
escriptor, verdadeiro philosopho christão, defende contra aimpie-
dade moderna a verdadeira doutrina do christianismo, e ainda
a unidade catholica presta valioso testemunho de mais que
quanto
tolerante approvaçâo. E negue o nobre senador como lhe aprou-
ver o valor da autoridade do Sr. Guizot: o seu mérito e distinc-
ção estão acima de impugnaç.ões.
Direi a S. Ex., e nisto dou testemunho de própria experiência
e pelo que tenho ouvido a outros: a leitura de certas obras do
Sr. Guizot confirma o catbolico na fé. Sr. presidente, emquanto
me' refiro cá experiência alheia, tenho muito em lembrança o que
ouvi a uhi prezadissimo amigo de saudosissima memória, o illus-
tre estadista Euzebio de " Queiroz; dizia-me elle, alguns dias an-
tes de seu fallecimento: Foi a ultima obra que li esta de Gui-
zot e confortou-me o animo e o espirito nesta phase de minha
vida em que vou tocando o túmulo. „

Aceite ou não o nobre senador o que pela minha parte expo-


nlio como razões que me convencem e que levárão-me a pro-
nunciar-me pelo modo porque o fiz. Se erro, nem por isso dei-
xará S. Ex. de incorrer em erros de apreciação e em excessos
de estra-
que verdadeiramente escandalisão, e alguns tanto mais
nhar, que procedem de quem protesta ser um verdadeiro liberal,
chefe do partido e até % grande leader do partido liberal!
O senado ouvio S. Ex. dissertar largamente a respeito de ai-
gumas proposições do Syllabus, sobre o que tinha sido provocado
pelo nobre senador pela província do Pará; e confesso, Sr. pre-
sidente, que conservando toda a minha fé catholica e mantendo
intactos os princípios politicos que professo, e que não são
aquelles que ainda o nobre senador, com uma referencia ligeira
nesta discussão, exprobrou-me, os do direito divino na constitui-
ção do poder humano (e isto em oceasião em que elle por sua
parte os sustentava!)
E horrorisei-me, e entendi que devia fazer um protesto por
honra dos verdadeiros principios e também em defesa da grande
causa da religião, que é tão compromettida por excessos destes
seus dedicados defensores, que muitas vezes a prejudicão em vez
de servir.
O senado ouvio S. Ex., por exemplo, a respeito do ponto:
" 0 Pontífice
Romano pode e deve reconciliar-se e transigir com
o progresso, com o liberalismo e com a civilisação moderna. „
3
— 440 -

S. Ex. tomou a si justificar esta condemnação do progresso da


civilisação moderna e do "liberalismo; e como o explicou, Sr. pre-
sidente? S. Ex. disse: O progresso aqui so entende restricta-
mente quanto á doutrina evangélica, porque não pôde mais ser
aperfeiçoada. „ Ora, senhores, então não ha progresso, não é
mais possivel desde que se reconhece que o progresso não pode
ter applicação ao texto evangélico, á doutrina evangélica; eco
grande argumento da sua divindade essa perfeição absoluta.
Desde a nascença foi a mesma e perfeitíssima; os séculos corre-
rão, as sciencias progredirão, o espirito humano se desenvolveu,
e cada vez acha mais razão para admirar e exaltar a moral evan-
gelica; é uma obra tão perfeita que só podia ser ditada pela
palavra divina. Este é o grande argumento, a fonte divina da
doutrina christã, e excluo a tal respeito idéa de progresso.
Como, pois, admittir ou suppôr progresso c considcral-o ligado
ao liberalismo e á civilisação moderna? O sentido é claro, se-
nhores, e se conforma com aquillo que naturalmente era muito
para ser o pensamento político do Vaticano. Mas, será o pro-
gresso, civilisação moderna e liberalismo o que definio o nobre
senador, chegando a apontar, por exemplo, que nesta civilisação
moderna o progresso estava nos romances de Pariz, nas torpi-
tucles da Rabylonia moderna. Esta não é a civilisação moderna;
este não é o liberalismo; são abusos, são indecências, são tor-
pezas conclemnadas sempre por todos os homens de bem.
Em todos os paizes, em todas as seitas e em todos os tempos
o progresso de que se falia, o liberalismo e a civilisação mo-
derna, Sr. presidente, é o que nós sabemos.
Os tempos tem corrido em relação g| temporal, que não está
na mesma razão da lei evangélica; cabe e tem havido progresso
e aperfeiçoamento de civilisação.
Quando se trata cie liberalismo, respeito e garantia cie direito,
vem logo a idéa connexa: organisação social, governo, forma cie
governo. Ora, para bem se perceber qual o liberalismo a que o
Syllabus faz referencia, cumpre attender qual era a fôrma de go-
verno adoptada em Roma e a experiência que fez desgraçada-
mente o Summo Pontífice, de prescindir da antiga organisação e
attrahir aquillo que lhe trouxe, com a morte do grande ministro
Rossi, a necessidade de fugir disfarçado de Roma. Então se
transformara a antiga organisação política de Roma (que não
tinha nada de liberal, e era com ella repugnante qualquer libe-
ralismo, visto como era um governo theocratico absoluto) para
aquelle governo que vio ou trouxe os movimentos revolucionários,
a morte de Rossi e todos afuelles attentados que escandalisárao
a christandade. Ora, o liberalismo considerado no Syllabus não
podia ser senão o que tão mal assignalou a revolução em Roma.
— 441 —

Com franqueza exporei: impressionado, como foi o Santo Pa-


dre, com os distúrbios revolucionários, os seus ministros pode-
rião confundir o liberalismo com esse fervor revolucionário e essa
turbulência terrível, anarchica, que conspurcou Roma. Mas, não
é esse o sentido genuíno que tem o liberalismo; não o pôde ter,
e menos pôde negar um verdadeiro liberal, o chefe e o leader
do partido liberal: o liberalismo não é uma palavra symbolica
daquillo que é máo e sempre deve ser repellido com horror.
A civilisação moderna também não. A civilisação moderna, a
verdadeira civilisação é a christã; a civilisação moderna, para a
qual o vapor e a clectricidade c todos estes agentes naturaes
prestão seus meios de maior desenvolvimento, quanto á parte
material e cm que o pensamento também tanto tem-se avan-
tajado.
Estou me referindo ás palavras do nobre senador. Eu por via
de regra costumo argumentar com as mesmas premissas que o
nobre senador me fornece em seu discurso. Esta não é a -civi-
lisação moderna para ser condenmada e de que se possa dizer
que a constituem os romances de Pariz, os cafés cantantes, o
can-can e quantas torpezas a corrupção do século tem trazido.
São misérias da humanidade que o simples bom senso condemna;
não constituem a civilisação moderna, pesão contra e sobre ella.
Esta, a verdadeira, não pôde ser condenmada pela religião.
Agora, a respeito da esphera do poder que é exigido, susten-
tado por aquelles que entendem que o poder espiritual não tem
uma orbita exclusivamente immaterial, o espirito, entendem elles,
que assim como a alma está ligada ao corpo e anima o vivente
e reciprocamente participa do movimento physico e ha uma actua-
lidacle reciproca, assim o poder espiritual é a alma que anima o
grande corpo social e exerce e deve exercer uma acção decisiva
ainda sobre o mesmo temporal. Os que têm esta opinião su-
jeitão a reparos e graves censuras aquelle que nega a suprema-
cia da Santa Sé em decidir muitas cousas com a preponderância
que deve ter o chefe da christandade, mesmo na ordem temporal.
Ora, o nobre senador a este respeito limitou-se a dizer que a
pretendida supremacia da Santa Sé se referia unicamente ao po-
der temporal nos Estados antigos pontifícios; que era um direito
seu (e foi por certo direito perfeito da Santa Sé); que era ne-
cessaria esta soberania territorial para que o chefe da Igreja
não fosse subdito de ninguém, tivesse a independência cie que ha
mister sua alta posição e a missão santa de que está encarre-
gado.
Mas ainda assim, Sr. presidente, cumpre notar: o nobre sena-
dor que por esta oceasião mesmo a mim exprobrava os
princi-
V-.
\
\
s

- 442 -

pios do direito divino, os sustentava quanto ao povo romano


dos antigos Estados Pontifícios: ahi não admitte, nem reconhece
a soberania do povo romano. Portanto, o liberalismo do nobre
senador cahe assim em syncope, e ainda quanto á soberania po-
pular admitte excepções. E, senhores, quando se trata de sus-
tentar direitos, uma doutrina que admitte excepções odiosas a
todos ameaça, porque hoje é a respeito de um, amanhã será de
cada um.
Cahio elle, pois, na sustentação do direito divino, e cahio,
Sr. presidente, porque systematicamente tudo exagera e nos seus
excessos compromette o grande principio. A supremacia do chefe
da Igreja para ser sobre tudo, para ser inatacável não deve par-
ticipar do contacto com a esphera impura do temporal. Os que
lhe querem dilatar ou estender a esphera da jurisdicção ao mesmo
temporal, rebaixão o Santo Padre da altura em que deve ex-
treme pairar.
A religião por si só é uma grande lei, um grande principio,
e aquelle que a mantém e vela na sua guarda e constante appli-
cação, tem um governo e uma tal administração que deve con-
têl-o e retêl-o, porque ella é tal que não consente que o seu
agente principal, declinando da espiritual esphera, estenda mão
que não seria profana, mas seria mão sagrada na profana, em
Não pôde o poder espiritual ter a faculdade de dominar
toda a parte e por toda a parte como poder publico, além da
esphera daquillo que entende com a consciência, que fica só na
consciência.
..-•

E' o que professo.


Portanto, continuo na questão especial, de que nos occupamos,
moral
que é grave, e para a qual o governo deve ter a força nos
e apoio de todos, sem contradicção de qualquer que tem voz
nos conselhos da nação. Neste mister é necessário de um lado
os
que o governo mantenha a ordem, faça respeitar e garantir de
direitos de todos e especialmente daquelles que, revestidos
um caracter especial....
.... daquelies que, dizia eu, revestidos de um caracter especial
e tão venerando, como sejão os prelados do Brazil, devem estar
a coberto de todos os insultos e livres de qualquer violência ou
acção coercitiva. Mas por outro lado também deve o governo
garantir os direitos de todos os subditos do Império e pôl-os a
coberto de excessos, que serão tanto mais vexatórios quanto to-
rem praticados por aquelles*de quem somente deve partir o con-
forto, os conselhos, a direcção caritativa para a tranquillidade de
consciência.
— 443 —

Admira que se queira exagerar a acção episcopal, achando a


razão que ella fulmine com uma excommunhão a chamada Ma-
sem conhecer ao certo quaes sejão os factos
çonaria do Brazil,
característicos dessa Maçonaria, e quando se reconhece que gral-
dissimo, avultadissimo é o numero dos chamados maçons, que em
regra pertencem ás classes mais elevadas, á gente mais culta.
Se a respeito de verdadeiros crimes, quando o numero da
gente compromettida é immenso, ha sempre uma amnistia, é re-
conhecida a necessidade de transigir, porque o mal do castigo
se torna mais grave do que o mal do crime, realmente será
muito para se deplorar que por um erro de apreciação, por uma
applicação tão injusta do anathema do chefe da Igreja lançado
sobre os machinadores, sobre os abomináveis que tramão contra
a verdadeira religião, contra o catholicismo, se offenda a verda-
cleiros catholicos, que nunca pelo pensamento peccárão, que estão
firmes em suas crenças e que realmente pertencem a umalsocie-
dade que se pode dizer, não é só tolerada, mas permittida no
Brazil e que, como nos informou o nobre presidente do conse-
lho, pretende regularisar-se pedindo ao poder publico a appro-
vação de seus estatutos.
Que essa perseguição se desenvolva e chegue ao ponto de
haver interdictos vexatórios para tantos fieis e naquillo que ha
ele mais serio na terra, negando-se-lhes pasto espiritual, sepultura
no sagrado e licenças para casamento, isto não é possivel!
Ha mister, portanto, que o governo, usando justamente das
suas faculdades constitucionaes e de todos os meios adequados,
em que entre principalmente uma informação completa ao Santo
Padre, por via das relações diplomáticas que o governo entretem
com a Santa Sé, e por qualquer meio, ainda que seja extraordi-
nario, habilite o Santo Padre a attender para esta população
que tanto mais merece de sua solicitude-, quanto é de longo
tempo muito e muito dedicada ao catholicismo. (Muito bem!
muito bem!) „

O nosso Pod.\ caro e 111/. Gr/. Mest.\ o Sr. Visconde do Eio


Branco, na sessão do dia 21 de Maio, pronunciou o seguinte
discurso:
" O nobre senador
pela província da Bahia tratou hoje de tantos
outros assumptos, cada qual tão importante, que não cabe na
estreiteza cio tempo responder a S. Ex., nem sequer perfuneto- \

riamente, não para attingir os pontos culminantes do seu dis-


curso, a isso não me abalançaria, mas para acompanhal-o
^porque
terra á terra, emquanto andou
por este mundo.
444

Todavia o nobre senador mostrou um empenho que eu não


devia esperar de S. Ex. e a que não posso ser indiferente: quiz
fazer crer a todo este Brazil que eu estou excommungado! Ora,
se tenho incorrido em tal pena, não é o nobre senador a autori-
dade ou juiz que o pode declarar.
Não sei, Sr. presidente, se o Santíssimo Padre, bem inteirado
do que é a Maçonaria brazileira, a comprehenderia na sua bulla
de excommunhão. Mas, demos que assim seja, que o nobre se-
nador esteja muito bem informado para dizer-nos que o actual
brazileiras
chefe da Igreja Universal julga que essas associações
estão no mesmo caso das sociedades secretas da Europa, sobre
as quaes recahio o anathema: é questão em que o nobre senador
não devia entrar como o fez; deixe que o acto do Summo Pon-
tifice se manifeste e actue sobre a minha consciência de catho-
lico e não pretenda o nobre senador concluir d'ahi que estou nas
fora da Igreja, e que já não posso ser ministro deste paiz
ve-
circumstancias actuaes. Ah! quanto não se tem dito contra
neraveis prelados da communhão catholica, porque não seguem da
as idéas ultramontanas e dellas receião a perturbação da paz
Igreja e da sociedade civil!
As reflexões com que o nobre senador tem pretendido demittir- aca-
me do cargo de ministro de Estado, se fossem procedentes,
revogar
barião com toda a justiça administrativa; seria precisoas autori-
a legislação vigente sobre os casos de conflicto entre de
dades administrativas e judiciarias, e sobre todos os casos
abuso ecclesiastico. - v o
Não é esta a única hypothese em que se possa dizer que
é e em quasi todas as questões do conten-
governo juiz parte; mas a
cioso administrativo o governo figura como juiz e parte;
lei tem estabelecido o processo e as formalidades que garantem elo go-
o conhecimento da verdade e o maior acerto nas decisões
é ainda se tem de conhecer ele um
verno. Assim que, quando re-
acto de qualquer dos ministros, contra o qual se interpõe
curso, não se pôde dizer que a decisão do governo se resinta de
de interesse que, acaso, esse ministro ligue á sustentação
seu acto. A ...
Na conjunctura actual, Sr. presidente, não se trata de decidii
se a Maçonaria do Brazil é ou não anti-religiosa, se ella disto, pode
ou não subsistir em face da Igreja Catholica; não se trata
mas de uma questão de direito, de competência. Importa neste os
caso saber se o Revm. prelado de Pernambuco podia praticar
relação ás confrarias daquella capital e a
actos que praticou em a
alguns de seus membros; trata-se ainda de saber se acaso aos
bulla, com que tanto argumenta o nobre senador, relativa
maçons, pódè ou não considerar-se com força de lei no Brazil,
— 445 —

recebido para esse fim o beneplácito do poder


porque houvesse
civil desta nação. São questões de direito, para as quaes não é
é a Maçonaria no Brazil. Minha quali-
preciso apreciar o que
dade, pois, de maçon não terá influencia que não seja muito le-
gitima na decisão que possa tomar o governo.
Estou â este respeito mais calmo e mais prudente do que o
nobre senador pela Bahia. Não é o maçon que inílue no mi-
nistro; é, talvez, o ministro que inílue sobre o cidadão que per-
tence a uma associação licita e sempre respeitada, contra a qual
se dirigem tantas censuras, sem que elle se mostre ardente em
defendêl-a, porque tem sua consciência tranquilla, confia na illus-
tração cio seu paiz c não lhe parecem opportunas as discussões
que o nobre senador pela Bahia não cessa de provocar.
Agora mesmo recebeu-se noticia de alguns excessos, de factos
desagradáveis oceorridos na província de Pernambuco, pelo gráo
de incandesccncia a que tem chegado essa questão.

Algumas demonstrações populares por causa da suspensão do


deao cia sé de Olinda. Já se vê, portanto, quanto é mister que
nos mostremos prudentes, não lançando cxcommunhoes a todos
os que não pensão como o nobre senador a quem me refiro, não
maldizendo sem necessidade uma associação que vivia tranquilla,
e que ainda agora, ao menos pelo que respeita ao circulo a que
pertenço, se tem mantido com a maior serenidade.
Nao é exacto, senhores, que eu fosse causa, ainda que inno-
cente, dos suecessos que trouxerão a questão de alguns dos pre-
lados com a Maçonaria. Já o disse cm outra oceasião: ha muitos
annos que a Maçonaria existe no Brazil e era tolerada; se não
tinha uma existência legal, nunca os nossos prelados entenderão
que poclião lançar sobre ella o anathema em que incorrerão as
cia Europa. A questão do Sr. padre Almeida Martins já tinha
passado; o acto do levm. bispo do Rio de Janeiro sortio seus
effeitos e foi respeitado, comquanto não parecesse justo: ninguém
pode responder pela discussão qne travou-se a esse respeito na
imprensa; infelizmente alguns jornaes religiosos não dão exemplo
de moderação e de prudência. A questão actual, pois, não pro-
veio da publica demonstração que a Maçonaria do Rio de Ja-
neiro deu do seu regosijo pdo importante facto da lei de g.8 de
Setembro de 1871, que reformou o estado servil no Brazil. #
Sr. presidente, a maior censura que alguns espíritos nimia-
mente escrupulosos fazião á Maçonaria brazileira era que, sendo
«ma associação beneficente, toda de paz e de virtude, não traba-
Ihasse senão sob mysterio, a portas fechadas. Pois bem, senho-
res, foi justamente
quando a Maçonaria abrio todas as suas portas
e mostrou que alli não havia nada que pudesse aterrar ou ser
— 446 —

condemnado, foi desde então que circularão essas idéas, que


fizerão nascer a questão vertente.
Até dá-se presentemente mais uma notável circumstancia, e c
que algumas lojas maçonicas têm requerido pelo ministério do
Império approvação dos seus estatutos como sociedades de bene-
ficencia. Pois é quando a Maçonaria abre de par em par suas
portas, para que se veja que não ha alli mysterios satânicos; é
quando as lojas maçonicas começão a pedir approvação dos seus
estatutos, como as demais sociedades que se propõem aos mesmos
fins sociaes; é quando já não ha segredo a respeito dos traba-
lhos dessa associação, que se pretende condemnal-a, não pelo
que fez, mas pelo que pode fazer, não só relativamente á reli-
gião, mas até, segundo nos disse o nobre senador pela Bahia,
em relação ao throno?
Senhores, se o nobre senador se informar cio que é a Maço-
naria do Brazil, verá que entre os seus grão-mestres figura o
nome do Sr. D. Pedro I, fundador do Império, e que a elle am
tecedeu e succedeu José Bonifácio de Andrada e Silva, um dos
patriarchas da nossa independência.
Não ha razão, senhores, para que o nobre senador nos falle
com tanto desdém e até com aversão, e, se não com aversão*
com tanta desconfiança da Maçonaria do Brazil. Ella tem sido
uma corporação pacifica, respeitadora da religião e útil á nossa
sociedade.
Se a quizerem perseguir, se a quizerem proscrever em nome
da religião, quando sua existência e fins são puramente civis,
quando não se occupa com os negócios da Igreja, nem com a
política, então sim, é possivel que ella desvaire e se torne peri-
gosa. Não o será sob minha clirecção, porque confio muito no
triumpho cia verdade pelos meios legaes, e porque não é exacto
que eu ambicionasse a posição que me foi offerecida na Maço-
naria brazileira; pelo contrario, só o reconhecimento que elevo a
muitos cidadãos dignos de estima me prende a essa posição; e,
tranquillo como estou em minha consciência, conhecendo como
conheço a injustiça do que se allega contra a grande maioria
dessas corporações, o nobre senador comprehende que não ha-
veria consideração alguma que me obrigasse a abandonar aquelles
que me honrarão com a sua confiança e amizade, porque ha
quem pretenda expôl-os á animadversão publica. Nestes mo-
mentos hei de acompanhar aquelles meus amigos, entre os quaes
ha muito bons catholicos, bons chefes de família, homens muito
prestantes: hei de acompanhal-os e dar-lhes meus conselhos, tão
prudentes quanto o dictar minha fraca razão.
Não ha, o nobre senador deve concordar, incompatibilidade ai-
guma, nem legal nem moral, entre a minha posição official e a
— 447 —

aqui devo accrescentar que o illustre prelado de


particular. E tomar sua resolução
Pernambuco, ao a respeito dos maçons, não
teve nenhuma intclligencia prévia com o governo. O nobre mi-
nistro do Império não teve noticia dn intenção, senão depois do
facto. Portanto, o Revm. bispo, quando assim procedeu, já sabia
que fazia parte do governo do Brazil, senão mais de um, pelo
menos um maçon. Ora, quereria o nobre senador que, pelo facto
de ter o chefe de uma do nossas dioceses levantado essa questão
inteiramente nova no Brazil, eu me julgasse incompetente para
continuar a exercer o cargo de ministro d'Estado?
Sr. presidente, se eu aceitasse semelhante demissão commet-
teria, não direi só um grande erro, mas ate desar á dignidade
do governo do meu paiz (Apoiados.)
Adduzirei ainda duas reflexões, e com ellas porei termo a este
discurso. Preciso tranqüillisar o nobre senador pela Bahia, por-
que elle julga-me em estado critico, pensa que minha consciência
está abalada, e, como bom catholico que é, solTrc também por
minha causa (Riso). Desejo tranqüillisar a S. Ex. no interesse
que por mini parece tomar.
A França é unia nação catholica, tem o titulo de christianis-
sima; Napoleão III sustentava o poder temporal de Pio IX; en-
tretanto foi sob o império de Napoleão III, que por um decreto
o governo chamou a si a nomeação do grão-mestre do Oriente
Francez. Estabelecido este novo regimen na Maçonaria franceza,
o primeiro nomeado foi o marechal Magnan.
O duque de Persigny, como ministro do interior, dirigio uma
circular a todos os prefeitos da França, recommendando-lhes que
respeitassem as sociedades maçonicas, que, se não tinhão exis-
tencia legal, havião sido e merecião ser toleradas; e como nessa
circular elle recommendára ao mesmo tempo a Sociedade de
S. Vicente de Paulo e outras congregações religiosas, o bispo de
Nimes, assás notável por suas opiniões extremas sobre o poder
espiritual, vendo a Maçonaria a par de corporações religiosas,
queixou-se e trouxe a lume tudo quanto se tem dito contra a
Maçonaria, considerando-a também como uma caverna, na qual se
treparão tempestades infernaes contra o altar e a ordem social.
Mas a circular do duque de Persigny foi executada; e Napo-
leão III e o duque de Persigny não forão excommungados. Am-
tos continuarão em boas relações com os prelados e a cúria ro-
mana. Isto passou em 1862.
Portanto, o nobre senador deve crer, ou pelo menos permittir
Ée en cocredite que não estou excommungado. (Muito bem, muito
bem.) ,?N
^f*

- 448 —

No dia 14 de Junho do corrente, na câmara dos deputados o


Sr. Gusmão Lobo pronunciou o seguinte discurso: '
" Toco, Sr.
presidente, á questão que se conveio chamar quês-
tão religiosa, e que, por mais de urna razão, me interessa.
Nasceu ella em Pernambuco, sob a administração de um bispo
Pernambucano; ferio pelos seus resultados a um grande numero
de Pernambucanos, os quaes, por muitos títulos, me são caros, e
a alguns dos que devo a honra, mas também as responsabili-
dades de um nobre mandato. Tríplice razão para que não
eximir-me a exprimir o meu juizo sobre tão grave conflicto,possa de
que pendem tão importantes interesses, e que tamanha agitação
vai suscitando, não em uma província, mas em todo o paiz.
Tomando conselho com o nobre deputado, que me precedeu,
impôr-me-hei quantas reservas devem and«ar em um assumpto a
que não tem faltado commentarios «apaixonados e a que o espi-
rito de seita e de partido não tem sido indiferente.
Por mais que a doutrina do placet tenha sido combatida no
domininio dos princípios como attentoriá da soberania e indepen-
dencia da Igreja, que tem a sua sede em Roma; e por mais que
a esta divina instituição seja incontestado o direito de legislar
para as consciências com plena isenção e inteira liberdade, um
facto é irrecusável: por argumento tirado da expressa disposição
dessa mesma lei fundamental, que consagrou uma religião de Ès-
tado, uma religião official e privilegiada, não podem as bullas e
outros | actos da Santa Sé produzir no Império efeitos de natu-
reza civil antes de placitados pelo governo temporal.
Como quer que se deva julgar desta faculdade que se reservou
o Estado, e a que a Santa Sé nunca oppôz resistência de qual-
quer natureza, tal é sabidamente a regra legal de que os órgãos
mais eminentes da hierarchia ecclesiastica do Império não podem
desobrigar-se, como cidadãos brazileiros que são e neste caracter,
de que a dignidade episcopal os não despoja, submettidos ás leis
do paiz. (Apoiados.)
. Verdadeira instituição nacional, como é a do beneplácito régio,
e irrecusável que quaesquer penas ou censuras derivem de
que
actos não placitados, podendo produzir effeito no foro da con-
sciencia, como penas espirituaes, não nenhum
efleito de natureza civil (Apoiados). Comopodem produzir
quer que actos desta
K, natureza possão influir sobre o regimen das relações da sociedade
temporal, são de nenhum valor os seus effeitos dar ou tirar
direitos, para os alargar ou reduzir para
Desde que qualquer pena, tendo (Apoiados.)
um de seuu' «Tàturaes
efteitos excluir da Igreja o cidadão, por
pode prival-o do exercido de
tuncçoes publicas e fulminal-o com incapacidade
para certos actos
44 í)

da vida civil, é de todo ponto evidente que o Estado não pode-


ria, sem grave perigo, demittir de si a faculdade que a lei fun-
damental lhe attribue
E' in
ciaçoes
sujeitas ......... »-„ ww».»,,^. jtü-
dem ellas constituir-se sem a intervenção dos dous poderes?
A administração de seus bens não está sujeita a uma jurisdicção
especial? Os seus estatutos e compromissos não são approvados
pelo poder civil? Desde que assim é, faz-se evidente que o
facto da eliminação de um membro de qualquer destes institutos
importa um verdadeiro efeito civil {Apoiados)
Posta a questão nestes termos, no terreno rigorosamente con-
stitucional, não me demorarei a demonstrar como a interdicção
com que forão feridos alguns veneraveis institutos de Pernambuco
assentou em uni falso supposto. Julgo o bispo de Olinda pene-
trado de muito zelo pelo deposito sagrado que lhe foi confiado,
para que attribua os rigores episcopaes a outra causa que nãó
seja o imperfeito conhecimento dos factos.
De taes severidades não se fez a Maçonaria credora
por
nenhum titulo. Grande associação humanitária e beneficente, 'seus
ella
impõe-se por um de seus primeiros deveres apartar de
asylos as questões de ordem política e de ordem religiosa.
(Apoiados.)
Não viria opportuno, Sr. presidente, indagar das origens da
Maçonaria, da sua doutrina, do mérito de seu tradicional symbo-
lismo, como não é a occasião de recordar que centenas de fami-
lias vivem no paiz ao abrigo desta instituição, de nunca
que
rompeu- um grito de guerra contra a moral, contra os dogmas,
contra a disciplina, contra o culto magestoso da Igreja catholica.
(Muito bem.)
O que não posso deixar de recordar é que a Maçonaria viveu
e desenvolyeu-se em Pernambuco sob uma longa serie de bispos
sábios e virtuosos, sem que delia se fizesse O que re-
questão.
cordo, é que conheço por maçons excellentes cidadãos, bons
de família, homens nomeados pais
por seu fervor religioso, e muitos
dos qua.es têm prestado em Pernambuco relevantes serviços ao
culto catholico, exercendo conspicuas nas confrarias e
irmanclades, promovendo a creaçao de posições
hospitaes e figurando em
numerosas obras
pias (Apoiados.)
felizmente para as numerosas victimas do rigor episcopal con-
sagrarão,as leis cio o recurso á coroa, como o meio de
paiz
manter inalteradas as regalias temporaes, de corrigir os
excessos do possíveis
poder ecclesiastico. Sujeitado, como está, o assumpto
a Citação do conselho de estado, as exigências do espirito
—• 450 -*

publico devem de estar aquietadas e tranquillas com essa tran-


quillidade que dá o direito.
Confiante na previdência o sabedoria do gabinete 7 de Março
em seu profundo amor de todas as liberdades c de todos os di-
reitos, esperanço que não se fará demorar, além da justa medida
aconselhada pelas necessidades do estudo, uma decisão que tran-
quillise as consciências, e, de accôrdo com a lei fundamental do
Império, firme a regra das futuras relações entre o poder eccle-
siastieo e o poder civil.
Estranhou, entretanto, o nobre deputado que o governo impe-
rial não se tivesse adiantado a dirigir a opinião, interpondo-se
na questão episcopo-maçonica e por este modo prevenindo o mal
a que S. Ex. attribue os factos de ultimo oceorridos em Per-
nambuco.
A este arbítrio, Sr. presidente, não poderia nem deveria o go-
verno soecorrer-se. Eu temo o arbitrário com qualquer nome,
em qualquer ordem de idéas, quaesquer que sejão os seus resul-
tados. O arbítrio sem regra, sem medida, sem base legal não
pôde ser a norma de quem dirige a sociedade.
A acção do governo está fixada nas leis do paiz, contida em
justos limites e subordinada a regras certas. Em nenhuma lei
elle encontraria faculdade de intervir na questão suscitada em
Pernambuco para resolvel-a por qualquer modo.
Desde que a legislação estabeleceu recursos, emquanto estes
meios legaes não forão usados pelos offenclidos, ou pelos que se
suppoein oífendidos, ao governo não competia interpôr-se no
conflicto.
Não é verdade, Sr. presidente, que o governo tenha sido in-
differente aos primeiros symptomas desta grave questão; revela-
çoes devidas ao nobre ministro da justiça nos fizerâo saber que,
na posse de representações sobre que não podia providenciar, o
governo procurou persuadir as confrarias e irmandades que usas-
sem cie recursos legaes. Vê o nobre deputado que o governo
sem exceder a orbita de suas attribuiçoes, não vio com indiffea.
rença o movimento, antes procurou encaminhal-o, mas pelos meios
legaes. Outras providencias não podia elle tomar sem resvalar
por um arbítrio, que muito fundadamente suscitaria merecidas re-
clamaçoes e o exporia a severa censura.
Um outro illustre deputado pelo Rio-Grande do Sul, neste mo-
mento ausente, insisto em attribuir ao governo a responsabili-
dade dos lamentáveis acontecimentos de 14 de Maio, que S. Ex.
julgou immediatamente filiados á questão do diocesano com as
confrarias. No.conceito de S. Ex. uma única attitude aconse-
lhavão ao governo as circumstancias, e era advertir o bispo de
-451

Olinda do excesso de jurisdicção em que incorrera, e perante a


resistência vencel-a pela suspensão.
Sem discutir da competência do poder executivo para decretar
medida de um tal alcance, entro em duvida, Sr. presidente, se
esta providencia teria o efeito que se lhe attribue. A suspensão
do bispo em que poderia influir sobre os effeitos da pena do in-
terdicto? Ella subsistiria a mesma com todos os seus commen-
tarios de direito; e por este modo nada se teria adiantado por
bem de uma solução que tranquillisc as consciências. #
À suspensão, que seria nas actuaes circumstancias uma vio-
lencia sem justificação e sem nome, em nada modificaria o estado
da questão, o desenlace da difficuldade.
Nem 6 everiguado, Sr. presidente,
*ser que os últimos factos oceor-
ridos em Pernambuco devão filiados por uma suecessão na-
tural á questão do bispo com as confrarias. Segundo telegrama-
mas transmittidos da cidade do Recife á de Maceió, únicos dados
que até agora possuímos sobre o assumpto, a reunião de 14 de
Maio, de caracter pacifico, fora determinada por um aconteci-
mento inteiramente estranho ao conhecido conflicto, o da suspen-
são ex-informata conscientia, decretada pelo diocesano contra um
sacerdote que o governo da província chamara a dirigir um im-
portante estabelecimento de instrucção e educação. E como quer
que desta decisão se deva julgar de animo solto a prevenções, a
verdade é que a suspensão ferio a um padre distineto, a um sa-
cerdote altamente collocado na hierarcliia ecclesiastica, a quem
já coube a honra de reger os destinos da igreja pernambucana.
(Apoiados.) #
Render homenagem a este sacerdote, que mais de uma vez
tem ínereciclo os suffragios cia província, tal foi sabidamente o
pensamento de 14 de Maio. Inspirada por uma honrada inten-
ção, sabe-se pouco confusamente quaes factos se seguirão a essa
reunião. Quem os podia prever para que fossem evitados?
Deixo a outros, Sr. presidente, que qualifiquem com o nome
que merecem os attentados contra a typographia do jornal União
e contra o collegio dirigido por alguns padres e jesuítas. O que
a justiça pede desde já é que nao se tente lançar á conta da
generosa população de Pernambuco a responsabilidade de factos
de tal natureza. (Apoiados.)
E se nada os fazia esperar, se estes acontecimentos forão uma
tristíssima sorpreza, verdadeira explosão de paixões mal contidas,
de que ninguém ousa tomar a responsabilidade, como se preten-
deria attribuil-os á impreviclencia da autoridade, á sua incliffe-
rença ou á sua inércia?
A' hora que é, Sr. presidente, sinto não dever estender-me.
Em que peze aos illustres defensores cias prerogatívas da
— 452 -

Igreja, de que não me sinto divorciado, não devo calar uma ver-
dade amarga: —Quando uma sociedade tem na unidade da fé
religiosa uma virtude característica, uma grande missão é reser-
vada ao poder espiritual.
Não o esqueça este poder, nem tenho inveja ás lutas religiosas
que despedação outros paizes. Não é ganho de causa para o
catholicismo separar catholicos de catholicos. (Muito bem.)

Na sessão de 24 de Maio, na câmara dos Srs. deputados,


o nosso Resp.'. Ir.\ desembargador Alencar Araripe pronunciou
o seguinte discurso: ê
" Sr.
presidente, agita-se no paiz a questão religiosa, que
sempre constituio no seio da humanidade os mais importantes,
assim como os mais violentos abalos. A agitação das conscien-
cias é o que de mais grave pode acontecer na sociedade; e
quando esta agitação apparece, cumpre ventilar quem a provocou
e quem é responsável por suas conseqüências.
Elias podem ser gravíssimas no futuro, e já vão apparecendo
com caracter bem desagradável no presente.
A paz publica perturba-se, e a prudência reclama os cuidados
do governo.
Qual a origem do movimento que poe o paiz em sobresalto?
O procedimento pouco reflectido de alguns bispos do Brazil,
sob o fundamento de exercer funcçoes espirituaes, não pode
deixar de ser considerado como a verdadeira origem do que, no
meio de geral estremecimento, o paiz está presenciando. (Apoiados.)
Sob o pretexto de exercitarem attribuições meramente episco-
pães, alguns prelados diocesanos levantão-se em cruzada contra
a liberdade do cidadão, pretendendo collocar-se acima da própria
Constituição do Império, afim de que, ante a autoridade episco-
pai, desappareça a autoridade civil (Apoiados.)
Respeitador do poder espiritual na sua esphera legitima, Sr. pre-
sidente, não deixarei de censurar, e mesmo resistir a todo o acto
de invasão clerical contra as potestades sociaes.
Temo, e temo seriamente o poder clerical, porque a historia
mostra-nos quão formidável é elle, quando, apartado dos santos
fins cia sua divina instituição, apossa-se da autoridade política
para dominar o mundo. ,
Os bispos de Pernambuco e do Pará, sobretudo, hão mostrado
com evidencia as suas tendências contra o poder civil e o seu
intento de proclamar a supremacia do episcopado sobre a socie-
dade brazileira.
- 453 -
¦âà

Se se trata da imprensa livre, um tenta sopital-a e comprimil-a


da excommunhão; se se trata do direito de associa-
pelo terror
ção, o outro igualmente empunha o raio da interdicção e con-
verte-o em arma de guerra contra inoífensivas confrarias.
Senhores, cumpre em tempo cohibir o mal e não deixal-o pro-
gredir: quero bispos que doutrinem o amor do próximo, como
ordena o Evangelho, mas não quero padres que desembainhem
a espada, que degolou os Albigenses, e que lancem mão do ar-
chote que accendeu as fogueiras da inquisição {Apoiados) |
Examinemos os factos e reconheceremos que são autores da
anômala situação que surge no paiz os bispos, que, deixando a
mansidão evangélica, que congrega as ovelhas, preferem a arro-
gancia da intimidação, que espalha o rebanho.
Lamento profundamente que o nosso episcopado não conheça
o perigo e tente> a árdua empreza contra as attribuições da auto-
ridade civil (apoiados), sonhando com a restauração de uma or-
dem de cousas que jamais voltará. Longe vai a época do do-
minio temporal do clero, e essa época não figurará mais na
historia futura da humanidade.
O estudo do que entre nós se passa demonstra que resurgio
a idéa de restabelecer um domínio decaindo; e para rehabilitar
a supremacia do poder temporal no episcopado, os nossos bispos
planejarão investir contra a associação maçonica, e depois proce-
ceder, em aberta resistência, contra o próprio poder civil.
E' o que os factos vão denunciando.
A Maçonaria, com effeito, dava plausível pretexto ao novo com-
mettimento. *
Havião bullas papaes excommungando os maçons; portanto, os
bispos brazileiros, na execução do seu plano, devião começar di-
zendo que a associação estava condemnada, e que não podia
existir porque merecia a reprovação da Igreja. Assim o fizerão.
Se, ordenada pelos bispos, a dispersão da sociedade maçonica,
esta dispersão se realizasse, grande seria o seu triumpho e novas
emprezas serião tentadas.
Os bispos vião assim, que na sua mão esteava o poder de sup-
plantar o direito de associação, tão vantajosamente garantido pelo
pacto constitucional da nação brazileira.
Ora^ se os bispos ou o clero conseguissem este poder, o povo
brazileiro estaria á sua discrição; um povo que não pode
livremente reunir-se porque
para tratar dos interesses sociaes, esse povo
nao tem liberdade, não é senhor dos seus negócios, e, con-
seguinte, não se domina: é escravisado por
por quem delle dispõe,
dispondo da imprensa, é a voz do povo, e dispondo do di-
reito de associação, que
que é a sua força. Eis o que pretendião os
bispos que ousarão tentar o coinmettimento.
454

senhores, eu estremeço quando considero a ousa-


Em verdade, conseqüências do seu bom êxito
dh da emnreza, o alcance das
no passo dado contra a liberdade do
Mas felizmente, primeiro se vao quebrantando
.aiz os bispos encontrarão barreira, c abi
paiz,
os seus esforços. conheceu a mão que a feria. mcdio
A Maconaria levantou-se; hesitou um so momento em
a tonínchdade do golpe, e não
não succumbissem as garantias do povo,
Sr^aS^ara que tão radicadas no solo
Si 1 ngaiSteP disputadas, e, felizmente,

legal resistência lançado contra o acto vio-


05 iusta tre ws Pernambuco, afim de serem
U gritodaua jubid,
lento da excommunhao do bispo tic itincuüuutu, religiosas, foi um biado sal-
exmlsos os maçons das confrarias
a todos contra os desígnios daquelles que,
So° aue^despertou ou^por obechen«
,ao bSadaTegueira de errôneos principies
SSSJS SSo^loí^Sfhra^ente
Afe a independência nacional em M
"K6*£. quando 'contra
proclamou
ó um povo destes «jj»JgE»»« *
excommungal-o em massa como anti-
bispos para o mfausto^plano ^hohco?
cigo
Não, Sr. presidente, deploremos
aos nossos bispos que não esmaguem com *J^°J$$&
>m nos consolem com as .palavras
-convenceu ungicids
™oínnvn fiel mas aue o |
mundo
e faterSle' com que Jesus-Christo
C0°stíZ
^èTrnSuco, do Pará e outros |* —£
gado os maçons do Brazil e os querem ^^^.^"S a religião que pro
onde dão mais um testemunho do seu amor
concorrendo o esplendor do culto; c^^H
fessão, para
verdadeiramente meritoria ante Deus, f\™^™\f»tZ Sena mcnvel, se o
são fulminados por bispos cathohcos! nos
não actuasse neste mesmo momento sobre bullas poi
Os maçons estão excommungados por P^cias,
igreja. Eis o argumento do, nossos
tanto não podem estar na
veneraveis pastores. „ , trpn-ons
tregoas aos
Em conseqüência deste principio, elles nao- dao
das confrarias religiosas e expeiu
maçons e os querem expulsar
da Igreja.
Convém ventilar a questão. \^m<
(testas buIas -E?
L
Não esplanarei a questão da exequibilidade
bem sabido ellas nunca tiverão o placet do
que versão |^J^
sobie matéria
nem em Portugal nem no Brazil; e como
— 455 -

meramente temporal, qual é a liberdade de associação, é in-


que essas mesmas bullas não podem executar-se
questionável
entre nós.
Se não podem executar-se no paiz, nenhum bispo brazileiro
fulminar excommunhões contra os subditos
pode usar dellas para
do Império.
Se o fazem, uma prova mais dão elles dos seus intentos de
supremacia, declarando-se isentos da acção das leis do paiz.
Vamos, porém, a outro ponto, que é o meu principal fim neste
debate.
A Maçonaria está excommungada, dizem os nossos prelados.
Mas porque excommungais a Maçonaria? Para conhecermos o
erro da proposição episcopal, e para mostrarmos a prevenção dos
adversários da grande associação, que cobre a superfície da terra,
convém examinar o que seja a Maçonaria, especialmente a Maço-
naria brazileira.
Vejamos se ella pôde merecer o anathema sobre ella fulmi-
nado, quando ella compenetra-se do espirito do Evangelho e
busca realizar a mais santa doutrina que no mundo se ha pré-
gado.
Nenhuma suspeição me inspira; e se posso ser suspeitado na
questão, também averbo os nobres deputados, que, por suas idéas
extremas de ultramontanismo, nada ouvem e nada vêem senão o
que parte dos propugnadores do domínio clerical sobre a socie-
dade civil, tornando-se assim rebeldes contra as leis da sua pro-
pria pátria.
Permitia um dos nobres deputados, que interrompêrão-me, que
rectifique ^um engano de sua parte: nunca declarei aqui que era
grão-mestre de uma loja; declarei, e repito a declaração: per-
tenço á illustre corporação maçonica, que, por seus princípios
humanitários e civilisaclores, honra a todos quanto a ella se

Felizmente vivo em um paiz de liberdade, onde a legislação


civil garante, em prol de todos, os direitos mais sagrados do
homem, e pode obstar ás exageradas pretençoes com que pro-
cura-se resuscitar o domínio da theocracia, o governo mais fu-
nesto e mais tyrannico que jamais existio na sociedade.
O governo theocratico é o governo do absolutismo, é o go-
verno da fé, que não discute e somente impera; é o governo que
apenas pode ser admittido na infância das sociedades, quando
estas, como a criança destituída do vigor das faculdades racio-
naes e das forças physicas, necessitão de quem por ellas pense,
queira e obre.
Voltemos ao meu intento de verificar o que é a Maçonaria, in-
5
— 456

a que brevemente res-


tento cie que me desviarão os apartes,
pc maçons
Senhores se os bispos do Brazil condemnão os saber o como
inimigos da sociedade e do catholicismo, busquemos que
tem razão, nós ou
é a Maçonaria, e cVahi concluiremos quem
elles' seus estatutos, compõe-
A sociedade maçonica, como se vê dos
humanidade (apoia-
se de homens livres, consagrados ao bem da inteiro, inspira-se
das). Esta sociedade, que progride no mundo
não envolve-se
no bem, alimenta a virtude e dignifica o homem; E não envolvendo-
em questões religiosas e políticas (apoiados).
a religião algu-
se em matérias religiosas, não pode ser infensa é, nem ser
ma • e se não é adversa a religião alguma, não pode
inimiga da religião catholica-apostolica-romana (apoiados.)suas leis
Para julgar a Maçonaria, devemos processal-a por
constitutivas e por seus actos. conhecermos as
Pois bem: leiamos a sua Constituição para façamos unia re-
suas bases e a natureza do seu instituto; c
dos seus actos para avaliarmos da realidade do espirito que
vista
a
abre a Constituição reguladora da Maçonaria no Brazil
Quem'
lê estes três artigos: .
« 1 ° A Maçonaria no Império do Brazil c uma associação
livres, independentes e observadores das leis do paiz,
de hoinens
reunidos em sociedade, segundo os dictames e princípios geraes
da Maçonaria espalhada pela superfície da terra. da beneficência
« 2 • O fim da Maçonaria é o exercício pleno
• e caridade, a illustração e moralidade da espécie humana, e a
pratica das virtudes sociaes e domesticas.
«3o Os maçons não podem occupar-se das ditíerentes ren-
no mundo, nem das Constituições dos Estados.
eiões espalhadas as syni-
Na sua esphera elevada devem respeitar a fé religiosa e
de cada um dos seus membros; e, por esta
pathias políticas
razão, em suas reuniões são inteiramente prohibidas as questões
sobre taes objectos. . .
o que
Eis, senhores, o forma a base da Maçonaria, eis
que tao so-
ella é, eis o que ella intenta; e só por ahi, e por ahi
mente deve ella ser qualificada. . e
Julgal-a por outros princípios é errar, e errar de propósito
com injustiça deliberada. ... .
Os bispos, tão pronunciados inimigos da Maçonaria brazileira,
ou ignorão as regras maçonicas ou as conhecem.
Se as ignorão, devião procurar conhecêl-as antes de conciem-
nar os maçons; se, as conhecião, e sem embargo asi con-
' porém,
demnão, então sou forçado a dizer que são injustos e apartao-be
— 457 —

do espirito de amor e caridade, com que devião tratar aquelles


que esforção-se pela cultura da razão, pela moralidade dos cos-
tumes e pelo bem dos homens.
Senhores, é preciso dizer com firme resolução, que se os nossos
bispos, conhecedores das leis da Maçonaria brazileira, excom-
mungão e repellem os maçons, então cumpre-nos assegurar que
os ministros do altar excommungão e repellem a civilisação, a
moral e a felicidade dos Brazileiros.
Os inimigos da ordem maçonica, rebatidos por princípios tão
claros, insistem e repetem que a Maçonaria não é o que acabo
de expender, pois na Europa ella é cousa bem diversa e nro-
fessa guerra acerrima ao catholicismo.
Pois bem, vamos á Europa. D'alli recebemos a Maçonaria e
ella é alli o que é aqui, e o que foi e será em todas as partes
do mundo, e em todas as épocas da humanidade.
Os estatutos geraes da Maçonaria na Europa são os promul-
gados por Frederico II da Prússia em 1762 e 1786, e nessas
respeitáveis leis maçonicas não encontramos senão os mesmos
princípios de acatamento á liberdade de consciência e á liberdade
civil.
Nestes estatutos lê-se o seguinte: " Como a religião é um
culto dos deveres necessariamente devidos a Deus, Todo Pode-
roso, pessoa alguma será iniciada nos mysterios do gráo sem
seja submissa aos deveres da religião do paiz, cujos venerandos que
cipios deve ter recebido. ,, prin-
Ora, senhores, eis ahi manifesto o respeito com que a Maço-
naria acata a religião de todos os homens, e, por conseqüência,
a religião dos catholicos-apostolicos-romanos.
Propugnar contra prova tão clara é rejeitar a verdade clara e
patente, e exhibir intolerância só própria do erro proposital.
O episcopado brazileiro ainda aggride a Maçonaria brazileira
com outro argumento, frágil por sua natureza, e incapaz de re-
sistir á reflexão.
Dizem alguns bispos em suas pastoraes que ha maçons Ímpios
e sociedades maçonicas pervertidas.
Esta arguição, que lemos nesses folicularios, que têm
nssão atacar o bem, que são incapazes 'de por pro-
praticar, não devia
achar guarida no elevado
pensamento de um príncipe da Igreja.
A Maçonaria deve ser julgada pelos seus próprios princípios e
pao pelos erros de alguns de seus membros, assim como eu
julgo a Igreja pela sua doutrina, e não pelos desacertos, que ai-
guns nobres deputados aqui defendem.
Respeito a autoridade cia Igreja, mas rejeito o abuso dos seus
ministros.
— 458

Afnrma-se que a Maçonaria é uma associação anti-religiosa,


entre seus membros ha homens Ímpios, e porque ha as-
porque a religião.
sociacões maçonicas inimigas da fé e de toda a este argumento e
Concedo que assim aconteça. A resposta
nome maçonico,
fácil Se ha individuos e associações que têm o e das regras
mas'que procedem por modo diverso do sentimento
e essas
da Maçonaria, o que se segue é que esses indivíduos
associações estão fora da associação, de que apenas conservão a
denominação vã e mal cabida. ;
Não é por estes factos anômalos que apreciamos as institui-
cões, quer politicas, quer religiosas. os scismaticos, (
e
Assim como da Igreja sahem os scismas e
as heresias e os hereges, sem que digamos que a Igreja
partem os
é herética e scismatica, assim também devemos dizer que
homens Ímpios e as associações anti-religiosas, embora estivessem
a
algum dia no seio da Maçonaria, não a contaminão, nem pre-
JU contra a doutrina orthodoxa,
Quando Martinho Luthero pregou
o Jacintho de Loyson levanta a sua voz para
e quando padre na buissa,
combater as prerogativas papaes, como o esta fazendo os erros
ninguém disse nem sustenta que a Igreja de Roma tem
ma e con-
desses coriphêos, nem que a sociedade ecclesiastica e
demnavel como o ensino reprovado. no seio .
do
Se os bispos brazileiros, e se os seus defensores
aceitão a Igreja o argumento que nao podem
parlamento para a Ma-
recusar, porque é verdadeiro, devem também aceitar para
ÇTogo,
convém distinguir entre impio e maçon, como discrimi-
namos o catholico do herege. ™„cl„õn
Parece-me, senhores, haver demonstrado a minha proposição, nao
isto é, que a Maçonaria, segundo as suas leis e princípios,
é inimiga de nenhuma crença (apoiados.)
Resta-me fallar de outra parte da minha these. ,'».{¦"¦ nel M
aos
Os actos da Maçonaria brazileira mostrão que ella e
fins: busca illustrar a razão humana, e pratica toda a orna
seus
de caridade ao seu alcance. nu-
Serei synthetico neste ponto, porque impossível e citar os
merosos factos da beneficência maçonica. .
so-
A Maçonaria no Brazil, desde os seus principios, tem sidoentie
lícita em promover os meios de espalhar a illustração por
o povo, já servindo-se da imprensa e já da instrucção oral. a
Ella cimentou no paiz os generosos sentimentos de amoi
e cessou em suas officinas de incitar a nobreza
pátria, jamais
das acçoes e reclamar a dignidade do cidadão. es-
Se a estremece, a Maçonaria não se petrifica, nem
pátria
— 459 —

morece. Na época da nossa emancipação política o maçon ensi-


nou quaes os deveres do cidadão, e nos dias da guerra do Para-
guay ergueu os brios nacionaes.
Se a causa da humanidade apparece e necessita de auxilio, a
Maçonaria não desmente as suas grandes apirações e as suas
profícuas virtudes.
Na lembrança do Brazil inteiro estcá, quanto ella praticou quando
veio a questão da reforma civil. Fiel ao seu pensamento huma-
nitario, ella concorreu e concorre com o seu obulo para libertar
o escravo, e fazer do ente desnaturado pela força e pela injus-
tiça, o homem capaz de fruir direitos, formar família e intervir
activamente no grande movimento social.
Eis o que é a Maçonaria brazileira em seus actos, em suas
idéas, em seus fins.
E é a isto que os nossos bispos repellem e condemnão?
Não, senhores, não é aos maçons que elles excommungão:
elles excommungão a um fantasma que os aterra: esse fantasma
é a civilisaçao, que arranca a esperança de resurreição para o
poder temporal dos papas e também dos bispos.
Se conhecem a Maçonaria e insistem, outra cousa não podemos
dizer na sinceridade das nossas convicções.
Se, infelizmente, bispos ha no Brazil que reprovão a Maçona-
ria, homens egrégios tivemos que honrárão-se com o nome de
maçons; e então pondo em parallelo os bispos actuaes com esses
venerandos vultos, eu sinto-me animado e consolado por per-
tencer a uma associação onde fulgurárão tantos nomes illustres,
luminosos pharóes da nossa gloria na política, na religião e nas
letras.
Sim, senhores, tudo quanto foi illustre no Brazil ha pertencido
á Maçonaria.
O nosso primeiro imperador a ella pertenceu; José Bonifácio,
o grande patriota, um dos sustentaciilos da independência nacio-
nal; José Clemente, o varão sempre orthodoxo, fundador dos
nossos mais notáveis e monumentaes estabelecimentos de eari-
dade; o Visconde de Albuquerque, o homem probo e imrnacu-
lado; o" Marquez de Paraná, o político enérgico e decisivo; o
Visconde de Itaborahy, o financeiro illustre e honrado ministro;
Evaristo Ferreira da Veiga, o patriota sincero e puro; todos, se-
nhores, todos forão maçons e concorrerão a essas officinas de
paz, onde ainda as suas sombras venerandas pairão entre nós,
nos animão e nos confortão.
Na gerarchia ecclesiastica não faltão nomes illustres para abri-
lhantar a Maçonaria do Brazil. Apontarei o bispo Azeredo Cou-
tinho, que fundou o nosso primeiro estabelecimento de instrucção
ao norte, o seminário de Olinda; o bispo D. José Caetano, pri-
460
!

meiro presidente da nossa assembléa constituinte; o douto bispo


Conde de Irajá; o padre Diogo Feijó, regente do Império; frei
Francisco de S. Carlos, o mavioso cantor da Assumpçi
Assumpção da Vir-
gem; o grande pregador frei Francisco de MonfAlverne, e tantos
outros, que seria enfadonho repetir.
Se entre os mortos descubro tão resplendente nomenclatura,
entre os vivos o que vejo? Citarei poucos, mas respeitáveis no-
mes, que enchem a ordem maçonica de justo orgulho: o Duque
de Caxias, o Visconde de Sapucahy e Marcellino de Brito forão
grão-mestres da Maçonaria brazileira, e hoje o é o nobre Vis-
conde do Rio-Branco, gloria do paiz e ainda esperanças delle.
Basta, senhores, para mostrar o que tem sido e o que é a
Maçonaria brazileira.
Nestas circumstancias, quando confronto tanta illustração, tanto
talento, e a santidade de princípios de homens tão orthodoxos e
eminentes do meu paiz, não hesito um momento em affirmar que
antes quero estar com elles do que com os actuaes bispos bra-
zileiros, que condemnão o seu critério, reprovando o passado
illustre e excommungando o presente, que nesse passado só vê
a religião, a sciencia e o patriotismo.
Sr. presidente, no senado, um nobre membro daquella corpo-
ração, animado de um zelo ardente, mas que não invejo, declarou
que maçons só erão os néscios e papalvos ou os astuciosos e
perversos.
Em verdade a critica demonstra exagerada prevenção contra
uma instituição que o censor não quer conhecer.
Bem se pudera replicar ao argumento: basta-me, porém, dizer
a tão acerrimo inimigo da Maçonaria, que o rei propheta, o jus-
ticeiro e sábio Salomão, foi maçon, pertenceu a essa associação
humanitária, que vai transpondo os séculos, apezar do juizo de
temerários julgadores.
Se o illustrado senador accusa tão desapiedadamente os ma-
çons, mostrando desalentada a sua caridade para julgar acções
alheias, venha entre esses maçons reavivar essa virtude, que a
propinquidade dos ultramontanos talvez enfraqueça e debilite.
Os maçons mais fervorosos no amor no próximo e mais tole-
rantes do que os seus offensores, desculpão a incabida aífronta,
e, seguindo o divino preceito, perdoão, porque a intolerância é
cega e surda, merecendo antes o conselho do que a indignação.
Combato o procedimento dos bispos que tomarão a empreza de
estabelecer a sua supremacia sobre as leis civis, porque a dou-
trina que deste procedimento se deriva é perigosa e funesta.
Os bispos assim afastão-se da verdadeira doutrina ensinada por
Jesus-Christo.
Quando elle mandou os Apóstolos á pregação da verdade, dis-
- 461 -

se-lhes: docete omnes gentes, ensinai a todas as gentes; mas não


disse-lhes: dominate omnes populos, subjugai todos os povos.
Aquelles, porém, que usão do poder' das chaves para intentes
políticos, arredão-se do preceito do fundador do christianismo
para seguir o preceito de alguns pontífices.
Mas o preceito que impõe a dominação dos povos pelo poder
ecclesiastico, é contrario á liberdade humana e opposto á dou-
trina do Evangelho.
'¦•"

• ;'¦:
• • • .'#
.

Felizmente o nobre deputado não tem bulla para dar e tirar


patente de catholicismo. Nem eu por certo quizera ser catho-
lico como o nobre deputado, que mostra-se infenso á sua pátria
defendendo doutrinas que de Roma resurgem contra o poder
civil.
Não são infundadas as minhas apprehensões em relação ás in-
tençoes do nosso episcopado.
Não e novo no inundo, Sr. presidente, o propósito do domínio
universal dos papas; e emhora seja hoje uma idca anachronica
todavia observo que o actual pontífice formulou no famoso Si/l-
kkis um eathecismo de doutrina anti-liberal, que parece desti-
nado a substituir o Evangelho. Este liberta os povos, aquelle
encadêa a liberdade.
Sectário do Evangelho, não posso aceitar o Syllabus do Papa
Pio IX, a quem venero e obedeço como pai espiritual; mas a
quem me não é licito reconhecer como príncipe temporal no meu
paiz. O Evangelho diz que o reino de Jesus-Christo não é deste
mundo; o Evangelho ensina que o poder do Divino Paraclito é
espiritual e somente espiritual; mas o Syllabus declara
que fica
excommungado aquelle que disser que a Igreja não tem o
de empregar a força, nem poder temporal directo ou indirecto. poder
Ora, o que aqui consagra-se é positivamente o domínio do
mundo pelos papas.
A humanidade conhece perfeitamente a questão. Dai ao clero
o uso do poder temporal, como quer o Syllabus, e então tudo
está consummado.
AhUeremos novo^ Gregorio VII, quando ao mundo
clinstão: f Quem julga no espiritual, proclamava
julga no temporal; maldito
aquelle que não ensangüenta a sua espada. „
Ahi teremos outro Bonifácio VIII a dizer: " O
glaãio tem-
poral deve estar nas mãos dos reis e soldados, mas tudo deve ficar
« vontade e disposição dos
padres,. „
Ahi teremos algum Adriano IV, que repetirá a famosa àdver-
tencia ao Imperador Frederico Barba-rôxa: " Admiro nas
tuas cartas ponhas o teu nome antes do meu: é que
peccado dein~
mentia. M
— 462

estas boas doutrinas e santas máximas que nos quer


E' a
levar o nobre deputado por Sergipe?transvia talvez; mas é cer o
Não creio: o seu zelo religioso o fataes a liberdade do
idéas são errôneas e política
que as suas
m
A mova lá está neste momento em Pernambuco de ordens, officio e
.
O bispo da diocese de Olinda suspendeu
deão da Sé; e a causa ou motivo desse acto foi haver
beneficio o de nomeação do
o mesmo deão aceitado um emprego publico
da que tão dedicadamente zela a causa pu-
presidente província,
bUA aliás muito de um sa-
nomeação para este emprego, próprio •
de ms-
cerdote porque era o de director de umo estabelecimento
ao bispo, *»M»£|Íba£a
SI' pSca, não agradou nao tinha licença ao papa
dias declarou o deão suspenso, porque do
antes aceitar uma commissão
para restdir fóra da Sé, ou para
brasileiro desnatarado, privado das regalias
^Jfít*. Pe um supenor estrange.ro
eoltítSaes sujeito á vontade de
em matéria meramente temporal. ca,wrint^ sao sacedotes
Temos aqui na câmara alguns collegas que
licença do para se eleitos ? Se
Te ão elles4 porventura, papa
não têm, podem de um momento para ^.^^ e ver-se-hao em dimcil
mação dè suspensão por parte do bispo,
COtrsf eis o que eu censuro
presidente, o que eu não quero;
' tudo estará composto
topeta os bispos nossas leis civis, e
6 """isto
o que se esta passando. O V^Vernm-
acha-se em formal rebeldia contra as leis do»J1"^"
bucano confrarias religiosa^
Ordenou elle a expulsão dos maçons das
os offendidos **W^m° ™™
da decisão do prelado, civis mas °
de appellação, estabelecido pelas nossas leis
devolvera o recurso ao ^
presi
lado as desconhece, e consta que
dente da província sem a informação competente. me hei de pro
Contra as pretenções exageradas dos bispos funesto,
nunciar, denunciando ao paiz os symptomas de um plano
que tentão levar avante. iA«?flio/.»A o tem legislaç<,ocou ron-
Graças á previdência de nossos pais, paiz
veniente para obstar ás tentativas da usurpação ecclesiastica. os to^os w
Temos a appellação para o imperante, quando espi
mettão violências sob o pretexto de exercer attribuiçoes
tuaes, e temos a lei de 18 de Agosto de 1851, pela qual podem
dem elles ser chamados á obediência ás leis do Império.
— 463 —

Não é sem grande fundamento que o legislador brasileiro quiz


resguardar a sociedade brazileira com providencias sabias e acer-
tadas.
Se no interior do paiz temos estas leis, resguarda-nos contra
o exterior o placito que a Constituição estabeleceu.
Debalde os pregoeiros do ultraniontanismo proclamão a here-
ticidade do placito: a sociedade civil o não pode dispensar como
meio de defeza. A todo o ente physico ou moral a natureza
dotou com as faculdades necessárias para a defeza contra o ata-
que externo.
Assim aos animaes deu a força material e a sagacidada; ao
homem a razão e os outros dotes adequados.
# Os corpos moraes também estão sujeitos á luta e aggressão
exterior por parte de outros corpos semelhantes.
Se, pois, alguns não tiverem meios de defeza, serão supplan-
tados e vencidos no primeiro embate.
A sociedade civil e a sociedade religiosa são entidades moraes,
que podem embater-se, e para que uma não seja absorvida ou des-
truida pela outra, possuem qualidades próprias de resistência: a
sociedade religiosa tem o non possamus; a sociedade civil o placet
Por via do placito o governo da sociedade civil previne que
no seio desta não penetre o mal, que disfarçado pode vir em
actos apparentemente inofensivos da autoridade ecclesiastica.
Nem se diga que esta é santa e infallivel; e que assim não
deve o poder civil receiar-se do poder clerical.
O facto abi está para despersuaclir tão ingênua theoria.
Que a invasão da sociedade ecclesiastica operou-se real e
effectivamente contra a sociedade civil, attesta-nos a historia in-
defectivel; mas irei agora buscar testemunho em um grande lu-
minar da própria Igreja.
O Bispo Conde de Irajá, nas suas obras de direito ecclesias-
tico, assim se exprime sobre o assumpto:
" A titulo de
peccado arrastou-se nos séculos da idade média
ao foro da Igreja a maior parte das causas; censuras imposerão-
se por cousas meramente teniporaes, por crimes cuja punição
competia á ordem civil. Isto foi um obuso; porque o fim da so-
cieclade ecclesiastica é a salvação das almas. „
Mas, senhores, vamos aos cânones, e abi veremos como a le-
gislação ecclesiastica muitas vezes invade o campo das regalias
civis.
O penúltimo concilio que a christanclade celebrou, o concilio
de Trento, ministrar-nos-ha agora um exemplo em matéria muito
importante, qual é a liberdade de imprensa. Em um dos cano-
nes deste famoso concilio impõe-se pena temporal, como é a de
multa, contra imprensores e livreiros, além da censura prévia.
464 -

o canon: " A ninguém seja licito imprimir, nem mandar


Diz nome do autor,
vender livros alguns sobre matéria sagrada sem
vender d'aqui em diante, nem têl-os em seu poder, sem se-
nem sob pena de excom-
rem examinados e approvados pelo ordinário:
munhão e a pecuniária assignada pelos cânones. a ,,livre manifesta-
Eis-ahi muitas temporalidades: impedimento e
cão do pensamento, limitação do direito de propriedade, ameaça
formal á algibeira do cidadão. ao Estado o di-
Em face de taes factos, não é possível negar outros
reito do phcito, que o premune, além de muitos em outras perigos,
eras,
do risco da excommunhão, arma tão formidolosa direito de ms-
mas hoie detida e modificada pela opinião e pelo fulminadoras se i
dos governos, impedindo que as bullas
pecção
nubliquem e executem. correria a socie-
Cumpre considerar o imminente perigo que
brazileira, se o Pontífice pudesse expellir do parlamento os
dade civil preca-
deputados por via da excommunhão. Deve o poderconsegue.
ver-se contra taes eventualidades; o que o placito ouvi censu-
Sr presidente, por occasião da presente discussão do recurso que de
rar ô governo por haver demorado a decisão
fora interposto para a coroa contra os actos de m-
Pernambuco
iustica do Bispo diocesano. # e re^pei-
Bem convencido estou de que o ministério, prudente
como costuma ser, não podia proceder por modo
tador da lei,
diverso do que tem procedido. legaes;
Interposto o recurso, tem este de seguir os tramites
elles está passando, e o governo o resolvera opportunamente
por
com o devido critério. .
as fórmulas das leis, e obrar sem observância deltas,
Preterir
seria acto despotico, merecedor de severa censura. de-
em a nação confia a boa
Vai, pois, bem o governo, quem
cisão das questões mais árduas.
Se alguma demora houve em principio recahe a culpa jsobre do
as irmandades que retardarão a mterposiçao
prejudicadas,
recurso legal. 1
de se ha tratado neste ae-
Na variedade de assumptos, que
bate, fallou-se do casamento civil. Aproveito a occasião Mie para
o
declarar o meu pensamento neste momentoso assumpto.
digno da nossa mui profunda attenção.
Não concorrerei com o meu voto para secularisar o casamentoo
tirando-lhe o caracter religioso. O casamento, base da lamina recuizn-
fundamento da sociedade, é objecto mui augusto para o
mos a mero contracto de compra e venda.
a apenas desejo consignar o meu voto
Não discuto questão 5
— 465 —

neste gravissimo assumpto social c religioso, visto achar-me na


tribuna e delle haver-se já tratado.
Também emittirci o meu juizo sobre a religião do Estado, ul-
timamente tão faílada neste recinto.
Não me pronuncio contra a religião do Estado. Este, como o
indivíduo, deve manifestar-se por aquillo que julga a verdade; e
assim convém que tenha uma crença confessada e publica.
Contra a religião official allegão-se inconveniências que não
descubro.
Não é da aceitação de nma religião pelo Estado que proce-
dem os males: a liberdade de consciência será plena quando
retocarmos a nossa legislação em pontos relativos a este objecto.
Seja licito ao cidadão de qualquer culto ou religião gozar de
todos os direitos civis e políticos sem distineção, e teremos che-
gado á perfeição neste assumpto.
Sr. presidente, tomando a palavra no presente debate, foi meu
intento satisfazer a um compromisso em que achava-me perante
o paiz.
Quando em dias da ultima sessão legislativa aventou-se nesta
casa a questão religiosa, foi a Maconaria erroneamente apre-
ciada. Pertencendo eu a esta illustre corporação, devia impedir
que errôneas e injustas apreciações transitassem sem contradicção.
Vim oppôr a minha contrariedade ao famoso libello; fil-o com
lealdade e isenção de preconceitos, esperando dos homens justos
severo, mas imparcial juizo.
A Maconaria, julgada em vista das suas regras, dos seus actos
e dos seus generosos intuitos, será applaudida pelos ânimos
justos e sinceros: isto lhe basta.
Vinda dos tempos mais distantes, ella passará aos mais avan-
çados séculos sempre victoriosa, porque consagra-se ao bem so-
ciai pela cultura cia razão e pela liberdade do homem, estas
duas filhas cio céo, que os tyrannos não supprimein. (Apoiados.)

Termino já, Sr. presidente, dizendo: folgarei, se no desempe-


nho do meu compromisso houver tido a fortuna de mostrar que
a Maconaria é uma sociedade respeitável, guiada por sãos prin-
cipios e consagrada á causa santa da humanidade. (Muito bem)

4... «¦¦t.É.i.i.in.^. ¦ i. ,«¦ é mwa


466 —

* 4* -

¦*'*"

A Maçonaria na época aetual.


¦ -

Está travada a luta mais renhida e violenta do que em tempo


algum, entre o ultrainontanismo e as idéas modernas.
De um lado a excommunhão, o non possumus e as pastoraes;
de outro, os governos empregando a força para resistir ao que
elles chamão invasão da igreja. Que deve fazer a Maçonaria?
sua missão se ella tem de obrar? Tal é o assumpto de
Qual
que nos occuparemos.
A Maçonaria não trata de politica, nem de religião; ella paira
fora desses debates que dividem os homens, nada pois tem de
ver nem de dizer no conflicto aetual. Infelizmente a Maçonaria
não pode conservar esta posição expectante. Seria na realidade
mas
magnifico e sublime vêl-a pairar acima de taes questões,
tanto a interessão, que ella não pode conservar-se em si-
ellas
visto como o ultramontanismo, atacando o espirito e as
lencio, 'modernas,
idéas fere a Maçonaria, porque quem diz —Maçonaria—
diz progresso e civilisação.
Accresce ainda que todo maçon é igualmente cidadão, e por-
tanto como tal tem interesses, pelo que a Maçonaria não pode
indifferente a uma luta em que suas doutrinas, as
permanecer risco
mais reverenciadas, e suas mais santas affeições estão em
de serem destruídas.
de
Não se trata de religião propriamente dita, não se trata
individual sobre um dogma ou questão politica; se
uma opinião
assim fosse criticaríamos a Maçonaria se em tal se envolvesse.
Trata-se sim de sua existência; e o Syllabus condemnando seus
principios, está ella no caso de legitima defeza.
Quaes, porém, deveráõ ser suas "armas? Pouco escrupulosos
como nossos adversários diremos: O fim justifica os meios. „
Não, caríssimos irmãos, noblesse oblige e a Maçonaria não deve
desviar-se da senda que'tem trilhado desde seu principio. Uma
defeza hábil, porém hypocrita, seria a negação completa dos
ella estatuidos. A mentira, as restricções men-
, principios por
taes competem á diplomacia e não á nossa instituição, que busca
antes de tudo a verdade. ?
Se pois não é vedado o ardil, deveremos empregar a força
bruta e repellir golpe com golpe, perseguição com perseguição?
— 467 -

Se assim fosse o que seria da tolerância universal que professa


a Maçonaria, e com isso attingiriamos ao fim a que nos pro-
pomos ?
É bom vencer, porém é melhor igualmente convencer. A ex-
periencia nos demonstra que os meios violentos tem por resul-
tado inspirar firmeza e tenacidade nas victimas. " O sangue dos
martyres é a semente da igreja „ diz Tertuliano; o que nunca
foi desmentido.
Sejão nossas armas a persuasão; persuadir é o verdadeiro tra-
balho maçonico. Esclarecer os homens sobre seus interesses, apre-
sentar-lhe a verdade como a comprehendemos, ligal-os a nós
pelos laços de uma sincera fraternidade, tal é a missão da Ma-
çonaria. Porém esta missão terá sido cumprida, teremos preen-
chido como devíamos esta missão civilisadora'? Ha longo tempo
que repousamos sobre nossos louros, antiga reputação e succes-
sos de nossos antepassados; eis o que temos feito. Nossos tem-
pios, erectos no centro das populações, não têm sido focos de
luz e actividade como deverião ser. Será porém tarde para rea-
minarmos o enthusiasmo d'outr'ora que nos traria uma gloriosa
mas pacifica victoria? Não. Seja cada maçon no seio de sua
família, no centro de seus amigos, um apóstolo da verdade,
e não tema espargir ao redor de si, a mãos cheias, as sacrosan-
tas verdades recebidas em nossos templos. Se assim fizermos
desappareceráo como os fantasmas as idéas retrogadas daquelles
que tentão mergulhar-nos nas trevas da idade média.
O poder civil não necessitará expulsar por meio da força os
que perturbão as consciências e semeião a discórdia entre os ei-
dadaos. Elles próprios fugirão logo que se virem isolados no
meio das nações civilisadas, e então a paz reinará sobre a terra.
Dever-se-ha isto á Maçonaria se ella for fiel a seus princípios e
deveres.
J. Besancon. (La Yérité, journal maçonnique
do Ia Suisso Romancle, n. 9.)

~^Jk2^
468 —

Secção de Correspondência.

Do Muito Pod/. Sup.'. Cons.\ tle França.


,

(traducção.)
A' GL/. DO GR.'. ARCH/. DO UNIV.-.
(Timbre.)
ANT.-. E AC.-.
SUP • CONS.-. DO 33».-. E ULT.\ GR.-. DO RIT.-. ESC.-.
DE FRANÇA E SUAS DEPENDÊNCIAS, OR.-. DE PARIZ.
Cons.•. junto das
Aos SS.'. GG.'. II.'. GG.\, aos URepres.-. do Sup.;.
PPot.\ MMaçonr. de nossa correspondência e as Oflicinas de nossa
jurisdicção.
IIll/. e CCaris/. Ilr.-. — O nosso Sup.-. Cons.\ acaba de sof-
frer lima perda, que será sentida por toda a Maçon.*. O nosso
111 • Ir • 33 • Visconde de La Jonquière, Gr.'. Secret/. e do Chanc.-.
do* Rit.'-.', Gr.-. Repres.-. do Sup.". Cons.\ da Republica dePeru va-
e do Directorio Sup.-. Helv.\ Rom/., membro honorário
rios SSup/. CCons/., foi arrebatado cVentre nos no dia 30 de
Abril de 1873, E.\ V.-., depois de longa e cruel enfermidade. aos
O 111' Ir' Visconde de La Jonquière, invariavelmente fiel seus
da nossa Subi.'. Ord.-., e sempre á disposição de
princípios funcçoes
Ilr • cumprio até á ultima as delicadas e laboriosas ab-
dos- cargos que occupava desde 1860 com uma dedicação e
negação que nunca se desmentirão, pelo que deixa unanime
saudade. ,
Sup.". Cons.-., em honra de sua memória, resolveu:
o Que seu fallecimento fosse communicado a todos os Cor-
MMaçon.-. com quem o Sup/. Cons.-. de França se cor-
pos'
responde. Ar-numci-.
2.» Que idêntica communicação fosse feita a todas as
nas de sua dependência, Areop/., Cap/. e Loj/. convidando-as
a honrar, em sua primeira sessão, a memória de tao alto Dig-
nit/. da Ord/. com a tripl/. bat/. de dó.
Eecebei, IIll/. e CCaris/. Ilr/., a expressão sincera de nossos
sentimentos fraternos. P/. N/. M.\ Q.\ V.\ S/. C/. e C/. I.-.
A.» • XI. . v$. • V.. o., u. •
Pariz, 6 de Maio de 1873, E.\ V/.
Assignados: Ad. Crèmieux, 33:.
(Sello do Sup.-. Cons.-.) Pa S.\ Gr.-. Com.-. Gr.-. M.\
FI. Dumoulin.
(Sello da Gr.-. Secret.-.) Chefe Adj.-. da Secret.-. Ger.-. do Rito.
— 469

Bulletin pour 1'Étranger

Le Ministre de 1'Empire fit publier le 14 Juin 1'arrêt du Gou-


veriiement à Pegarei de la mesure prise par S. Ex. FÉveque
D. Vital, fulminant 1'interdiction contre une confrérie de Pernam-
bouc, dans ses actes religieux pour tout le temps que cette con-
frérie conserverait dans son sein des francs-maçons.
L'appel fut soumis au conscil d'État, et celui-ci, après un
examen minutieux de nos lois, qui honore tous ceux qui y pri-
rent part, donna comme conclusion, une opinion parfaitement
raisonnée.
Nous ne pouvons publier dans cette section de notre journal
une pièce aussi longue, mais nous croyons qu'il est de notre
devoir de traduire ici les raisons finales, contenues dans le Dé-
cret du Ministre de 1'Empire, en date du 12 Juin courant;

TRADUCT10N.

Considérant que les décrets de concile et les lettres apostoli-


quês, ainsi que toutes les constitutions ecclésiastiques dépendent
pour leur exécution du beneplácito du gouvernement ou de l'ap-
probation de Fassemblée générale législative, si elles contiennent
quelque disposition générale (art. 102 § 14 de la Constitution
politique de 1'Empire);
Considérant que les bulles qui fulminent rexcommunication
contre les sociétés maçonniques n'ont pas eu de beneplácito;
Considérant que la Maçonnerie, comme société secrète, est per-
mise par la loi civile, qu'elle n'a pas de but religieux, qu'elle ne
conspire nullement contre la religion catholique, et que de cette
façon elle n'a, ni caractère, ni intentions qui la soumettent à la
jurisdiction ecclésiastique et à la condanmation sans forme de
procès;
Considérant que la constitution organique des confréries, au
Brésil, revient principalement au pouvoir civil; et que le prélat
i
diocésain, auquel il appartient d'approuver les statuts respectifs
en ce qui regarde la partie purement religieuse a une autorité
m limitée aux devoirs de cette nature, contractés par les associes;
— 470

Considérant que Ia confrérie qui en appelle n'a manquéc à


aucun de ses devoirs, tels qu'ils sont définis dans ses obligations
par force de loi et que cela n'a pas même été allégué;
Considérant que Ia susdite confrérie n'avait aucun pouvoir qui
1'autorisât à repousser de son sein les membres appartenant à Ia
Maçonnerie, cas non prévupar le compromis approuvé par l'0r-
dinaire, et que par conséquent il n'a commis envers 1'autorité
ecelésiastique aucun acte de désobéissance punissable, en se dé-
clarant dans 1'impossibilité de se soumettre à un ordre en dehors
des attributions de cette même autorité;
Considérant que lors même que les maçons eussent été pas-
sifs de Ia peine d'expulsion et de Ia perte des droits que leur
garantit Ia loi civile, en qualité de membres d'une confrérie, un
motif personnel de blâme et de punition ne pouvait s'étendre à
toute une confrérie, dans le but de Ia faire interdire, pour n'avoir
pas voulu prendre Ia responsabilité d'un acte que, relativement
à son compromis, elle repute violent et illégal.
Sa Majesté a jugé convenable de donner suite au recours et
ordonner que, dans le dclai d'im móis, cette décision soit mise
a exécution, et que les eífets de 1'acte pour lequel Ia susdite
confrérie en a appelé soient annulés et consideres comme non
avenus.
En transmettant à V. Révérence cette décision du gouverne-
ment imperial, basée sur Ia constitution et sur les lois jusqu'à ce
observer
jour respectées par les Évcques brésiliens, je dois faire
que tout acte et toutes paroles en opposition avec Ia légitimité
de 1'appel à Ia couronne, ainsi qu'au beneplácito en usage dans
tous les pays catholiques, et qui au Brésil a été et doit
presque
toujours être respecté, seront justement et sévèrement blâ-
mées.
II faut donc que V. Révérence, pénétrée de Ia haute impor-
tance de 1'harmonie et de 1'accord qui doivent exister entre le
pouvoir spirituel et le temporel, chacun dans Ia sphère bornée
les lois et son caractère, reçoive et observe Ia décision du
par
Gouvernement Imperial selon 1'intention et le devoir qui Pont
dictée, sans que cet acte porte aucune atteinte à Ia considération
mérite V. Révérence et au respect dú à 1'archiépiscopat, du
que
saint ministère cluquel clépenclent Ia paix des fidèles et Ia
splendeur de TÉglise brésüieune.
^ 471 -*

Dieu garde V. Révérencc. — Signé, João Alfredo Corrêa de


Oliveira.
En lisant le rapport presente par le Fiv. Gocdelt dans le
Bulletin de Ia Gr.-. Log.\ de Hambourg, n. ] 59, nous ne pouvons
assez nous étonncr de Ia facilite avec laquellc un caractère res-
pectable annonce à sa Gr.-. Log.\ les nouvclles les plus invrai-
semblables de Ia Franc-Maçonnerie du Brésil.
Nous sommcs portes à nous croire des habitants de Ia Co-
chiiichine après avoir lu un tel rapport.
Entièrement ignorants de ce qui nous concerne, on reproduit
de soi-disants extraits de nos Bulletins, que nous ne pouvons
laisser de réfuter.
Le rapporteur a lu une piece d'architecture, datée du móis de
Janvier, émanant de nos adversaires, et il a lu aussi deux autres
de notre Gr.*. Or.'. de Ia Vallce du Lavradio. ;
planches
Mais mallieureusement il ne les a pas comprises.
Nous avons de suite rcconnu les faux renseignements portes
à Ia connaissance de Ia Gr.\ Logv. de Hambourg par les dissi-
dents bénédictins, refugies à Ia Colonie Joinville, qui veulent pas-
ser pour nos FFiv., mais qui éprouvent à notre égard une an-
tipathie fort marquée.
Cette antipathie n'est pas motivée; généralement dans les
colonies allemandes du Brésil on agit par caprice, Fon y peut
à peine distinguer ce caractère digne et juste qui fait honneur
au peuple allemand.
Le voyage transatlantiqiie y est-il pour quelque chose?
II faudrait avoir recours aux théories matérialistes de Büchner
pour pouvoir comprendre, comment et pourquoi, Fair de Ia mer
doit avoir un effet sur le caractère et les idées acquises par
Féducation.
Qu'il nous suffise pour bien nous faire comprendre par toute
Ia Franc-Maçonnerie de FAllemagne, qui certes n'est pas seule-
m ment représentée par les GGr/. LLog/. de Hambourg et le Boyal
York que nos pointilleux ennemis de Ia Colonie Joinville, corres-
pondants en titre du Fr.\ Goedelt, ont eu Fheureuse idée de nous
faire passer à Ia Gr/-. Log.\ de Hambourg pour des ultramon-
tains!
Risum teneatis.
Ceei ne mérite aucune réponse, tant c'est ridicule; 1'offense
7
— 472 —

brutale; nous soumettons ici à l'appréciation ele


M même trop à notre égarel:
du rapport du Fr/. Goedelt
nos lecteurs l'extrait
« Es Um* sichjetzt deutlich erkennen, dass die Absicht, den brossen
zu zerstôren, in Gründen der PoUtik zu suchen
Vereiniaten Orient Ultramontamsmns
Vereinigung Partlm mudem
isL indem die jener
Kmsermch Unordmngen
um in die Bauhütten im
Mes gethan hat, die ÁbmU des Jemtis-
einzuschmuggeln, damü
und Zwütigkeiten den ForUchntt der
mus zu unterstützen und unser Bestreben für
und der Cwilisation zu hemmen. „ <
Freihdt nous gratifier
Donc le Fr/. Goedelt pousse 1'amabilité jusqu'a
JèsuiUs attaquer Vintègrúé du (soi-
de 1'épithète de qui prétendent
disant) Grand Onent Uni? vente, ose se ren-
Fr/. Goedelt manquant ainsi a Ia
Donc le d'étudier
Ia Franc-Maçonnerie qui le charge
dre coupable envers du Brésil ?
et les questions maçonmques
avec zele prudence le coips
doit être responsable envers granel
Le Fr/. Goedelt vu 1 infidehte
accordé sa confiance comme rapporteur,
qui lui a
dont il a elonné eles preuves. nous será renelue
La dignité de notre Ordre l'exige; et justice
nar Ia Gr' Log.\ de Hambourg. n'est
reste comme Ia Franc-Maçonnerie bènèdictine qiVun
Du aux MMaç/.
et capricieux, nous conseillons
simule iouet politique de ses nouvelles
de Joinville de continuer à donner
de Ia Colonie ¦ \J,
extravagantes à 1'AUemagne. _: /::
respectable nous connait et sait comment le elepi
Le monde et
sait rendre leur politique mediante
de groupes irréguliers
tortiipuse a.
nous, nous leur accordons 1'intégrité ele leurs gouts
QuaneKa
bénèdictins.
A tout seigneur, tout honneur.
¦i.':: '
v
— 473 —

Secção Noticiosa.

Revista Estrangeira,
França. — A Loj/. Alsace-Lorraine, ao Or/. de Pariz, dirigio
a todas as suas co-irmãs uma circular convidando-as a concorrer
para a fundação de escolas de meninos e meninas e estabeleci-
mento de um asylo. Adherirão 24 LLoj.\ por intermédio de seus
respectivos VVeiv. O 111/. Ir/. Crémieux, Gr/. Com/, do Rit/.
Esc/., adherio também ao projecto da Loj/. Alsace-Lorraine, res-
da maneira seguinte á sua circular: " Vossa
pondendo prancha
veio trazer-me a agradável noticia da resolução summamente pie-
dosa e patriótica que tomasteis: tanto mais me orgulho por ter
sido o que consagrei vossos primeiros trabalhos. A Loj/. Alsace-
Lorraine comprehende perfeitamente seus fins, tentando fundar
para tão grande numero de filhos da Lorena e da Alsacia es-
colas onde elles aprendão a lingua e os costumes da pátria fran-
ceza, e conservem os sentimentos que animão seus pais. Ao
passo que seus jovens espiritos se esclarecerem, seus corações
comprehenderáo como o amor da pátria franceza obrigou seus
pais a fugir da terra que os tinha visto nascer e crescer, onde
se tinhão formado suas famílias, onde elles tinhão orado com
respeitosa aífeição sobre as sepulturas de seus pais, e onde, final-
mente, tinhão velado sobre os berços de seus filhos. Uno-me,
pois, ao vosso pensamento, e rogo-vos que inscrevais meu nome
como um dos fundadores.
" O chefe actual da Maç.-. Esc. em França applaude vossa idéa
pela tríplice bat/. „
A Loj.-. L'Espérance Couronnée, ao Or.-. de Dieppe, diminuio
o preço das iniciações, afim de facilitar o ingresso aos operários
honrados, laboriosos e intelligentes.
A Loj.-. La Triple Unité effectuou, no dia 27 de Abril ultimo,
a distribuição dos prêmios concedidos aos melhores alumnos das
escolas communaes de Pariz. A festa celebrou-se no Hotel de
Ville, com assistência de numeroso concurso de senhoras, sob a
presidência do Ir.-. Duhamelet, Vem*, da dita Loj.-. Além de
grande numero de maçons, estiverão presentes os Ilr.-. Eugène
— 474 —

Viénot, vice-presidente do conselho da Ord:. e Ven:. da Loj:


La Perséverance Couronnée, ao Or:. de Itouen; Le Borgne, Ven:.
da Loj:. Esperance Couronnée, ao Or:. de Dieppe; Lefbure,
Dep- da Loj:. La Constance Éprouvéc, ao Or/. de Rouen; Der-
courV Dep:. da Loj:. L'01ivier Écossais, ao Or:. do Havre; Ca-
velier Orad:. da Loj:. La Triple Unité. Estiverão igualmente
os Srs. Avisse, Grindel, Hue e Palfray, membros do
presentes
conselho municipal, e Legros, maire de Fécamp.

Itália. — Segundo os últimos dados estatísticos, o Gr:. Or:.


de Itália tem sob sua 209 OOff:., a saber: 3 CConsist:.,
jurisdicção
ou CCons:., 27 CCap:. e 171 LLoj:. SSymb:. Este
8 CConcl:.
corpo mandou distribuir pelas OOff:. ele sua jurisdicção
granele discutidos na
o projecto de seus estatutos, que têm de serem
primeira sessão. %:.\
sob
A Loj:. Ferrucio, ao Or:. de Pistoja, impnmio um livro
Geraes da Maçonana, que distribuo aos can-
o titulo Princípios
didatos á iniciação.
• Loj:. Nacional ele Palermo dissolveu-se. So as três
A Gr
LLoj:. Georges Washington, Union et Unité e Garibaldi funccio-
não nesse Or:.
A Loj:. Fréderic Campanella, ao Or:. de Moehca, resolveu
fundar uma bibliotheca. Esta mesma Loj:. nomeou uma commis-
senhoras com o fim de angariar vestuários para serem
são de
distribuidos mensalmente aos enfermos pobres.
rsL> ütí

Hungria.-O Gr:. Or:. da Hungria resolveu que os ma-


se reunirião todos os domingos, das 9 horas ao
çons de Pesth
meio-dia, nas salas ns. 3 e 4 do Grande Hotel da Hungria, afim
de receberem os maçons estrangeiros que quizerem visitar a ca-
da Hungria por occasião da exposição universal de Vienna.
pitai
*

Oceania. -Falleceu o Ir:. Kamchamcha V, rei elas ilhas


Sandwich. A seu funeral, que effectuou-se em 11 de Janeiro,
assistirão alguns maçons, o que testemunha a existência da nossa
sublime Ordem nesta região longínqua.
475

Inglaterra'— The Freemasons de Londres, de Maio ultimo,


consagra um eloqüente artigo á memória do conde de Zetland,
ex-Gr.'. M.'. Prov.'. do norte e este de Norkshire desde 1835.
O nobre lord nasceu em 5 de Fevereiro de 1793 e iniciou-se
em 18 de Junho de 1830 na Loj/. n. 259 Prince of Wales.
O 111/. Ir.', conde de Ferrers empossou-se no cargo de Gr.'.
M.\ Prov/. da Gr.*. Loj/. Prov/. de Leicestershire c Rutland
no dia 18 de Abril cio corrente anno. .
*É*
;-':

Taizes-Jictixos, — O Gr/. Or.'. dos Paizes-Baixos celebrou


sua sessão no dia 26 de Maio de 1872 sob a presidência do Ir/.
J. J. F. Noordziek. Estiverão presentes 14 GGr/. OOff/. e 98
DDep/., representantes de 42 LLoj/. Assistio á sessão S. A. R.
o Príncipe Frederico, Gr/. M.\ Nac/. desde 1816, e nomeou
para servirem no corrente anno maçonico os seguintes GGr/.
OOff.".:
Dep.'. cio Gr/. M/. Nac/. o Ir/. J. J. F. Noordziek.
Gr/. Secret/. o Ir/. B. L. Rasch.
2.° Gr/. Secret/. o Ir/. J. Bondewijnse.
Depois do que o Gr/. Or/. elegeu 1.° Gr/. Vig/. o Ir/. F. P.
Bijleveld; Gr/. Orád/., o Ir/. Ed. Lenting; Gr/. Thes/., o Ir/.
H. G. Barnaart; Gr/. Archiv/., o Ir/. P. Six; Gr/. M/. de
Cerem/., o Ir/. J. V. Someren Brand; 1.° Gr/. Exp/., o Ir/.
N. Bosz; 2.° Gr/. Exp/., o Ir/. G.II.Landmeter; e Gr/. Hosp/.,
o Ir/. J. D. Lewe Quintus.
At sb

Áustria.— A Loj/. Humanitas, ao Or/. de Vienna, resolveu


que de ora á\ante todo o profano juntaria ao pedido de inicia-
ção sua photographia, que seria exposta em loja.

Torlugal. — Publicou-se em Coimbra um novo jornal maço-


nico intitulado Jornal do Iniciado. Por elle sabemos que em
Coimbra funccionão três LLoj/. CCap/., a saber: Federação,
Academia Liberal e Perseverança.
476

* *

Grécia.— Sao interessantíssimos os pormenores que acerca


da Maçonaria grega publica o boletim Van Het Nederlansch dos
Paizes-Baixos. Oito são as LLoj.-. existentes na Grécia. Instai-
lárão já um Gr/. Or.-. em Athenas e tem nomeado RRepres.-.
junto algumas potências maçonicas. O Príncipe Démétrius Rho-
dokanakis foi eleito Gr.'. M.\

InMa.— k Gr.-. Loj.*. do districto de Bombaim celebrou no


dia 22 de Março a sua 23/ reunião semestral, sob a presiden-
cia do 111/. Ir.-. J. Gibbs, Dep/. do Gr.-. M.\ Depois de sua
ultima sessão iniciárão-se quatro Hindous, facto este que ella
commenta como de grande alcance para o engrandecimento da
nossa Subi.*. Ordem na índia.
É immensa a actividade das LLoj.'. das índias, em quasi todas
as suas sessões effectuão-se iniciações ou filiações.
O jornal maçonico de Bombaim noticia a publicação de um
novo jornal intitulado O Templo Maçonico de Nova Zelândia,
sendo seus collaboradores os mais illustrados maçons daquelle
paiz. *

Smyrna. — Os membros das LLoj.-. de Smyrna remettêrão


aos maçons de Roma a quantia de 400 liras afim de soccorrer
as victimas da inundação cio Pó.
O Gr.-. Or.*. de Itália agradeceu tal soccorro em uma elo-
quente prancha.
¦177 -

Noticiário Interno.

0 QUE SE TEM DITO CONTRA A MAÇONARIA.- Estamos


em plena época de absurdeza ou então de argúcia. O mundo
curioso e palrador, por falta de assumpto mais apetitoso, atirou-
se á nossa instituição, e eis-nos em cheio no meio de beatices
estultas e de miseráveis dicterios.
Sem duvida alguma tem a hypocrisia ou arte de jogar a come-
dia social feito progressos espantosos.
Apparecem figurinos de todos os gostos ultramontanos.
Uns tomão ares de victimas.
Outros vociferão.
Alguns declamão.
Aqui vê-se gente, de cara rapada, de ares sacerdotaes, de lenço
ao pescoço em lugar de gravata, de grosso chapéo de sol, re-
curvado, pendurado ao braço, de nariz ainda manchado de rape
e de olhar vesgo e indeciso. São os fâmulos.
Alli movem-se homens de roupeta, atarefados, de Syllabus em
punho, apostrophando e rangendo dentes. São os redactores das
gazetas clericaes.
Mais longe está o feudo romano. Esse compõe-se de gente de
alto cothurno. Vêm das velhas Universidades ou das Faculda-
des, mas sem nenhuma faculdade para o progresso do mundo.
Esses têm assento no meio dos legisladores: pedem a palavra,
estropião a palavra, conspureão a palavra, servem-se da palavra
para não dizerem o que deve ser dito. Se é isso resultado de
salário ou de outra qualquer prebenda, não se sabe ao certo; o
que porém é certo, é que representão o papel de ignorantes e
de zoilos.
Quando suppunhamos o mundo adiantado, quando o considera-
vamos já assás esclarecido, surgem planos tenebrosos contra a
razão, apparecem déspotas do raciocínio a condemnal-o, e es-
creve-se sobre a fé, como se escrevesse um pamphleto qualquer
sobre a arte de furtar.
Pobre fé! pobre crença nossa! em que mãos quiz a desven-
tura que cahisses para te destruírem!

r
— 478 -

Ê a primeira vez que o povo está adiante dos homens que se


dizem autorisados por um pergaminho. O povo, sim, estes íillios
do século e da cultura, aquecidos ao sol deste Brazil, que é livre
do fanatismo, repelle esses portadores de anathemas, ri-se delles
e continua a ser o que era na fé ardente recebida de seus pais
e explicada por honestíssimos sacerdotes a quem estava confiada
a interpretação dessa fé.
É singular mania a grita que por ahi se faz contra a Maço-
naria, que nada tem que fazer no meio cia balburdia clerical.
Gritem, excommunguem, mas deixem-nos em paz. Deixem o
. jornalismo e a tribuna em silencio, que o nosso rumo é outro.
Temos no Evangelho guia seguro no caminho de nossa fé, e
delia não damos nenhuma explicação aos que ousão pedir-nos
contas; nossa consciência é a nossa guarda, o nosso púlpito e o
nosso confessionário. E acima de tudo e de nós está um Deus
de sabedoria e de misericórdia, ao qual damos contas estrictas
de nossas acçoes e de nossos pensamentos.
Ê preciso que essa gente comprehenda que o povo sabe crer
e orar; que não carece de estudar cânones para dirigir o seu
pensamento a Deus e sentir-se alliviado quando perfaz de con-
sciencia o acto de sua contrição.
Quer-se fazer este povo romano; mas este povo é brazileiro.
Digão o que quizerem, facão o que entenderem, elle fica sendo
em sua nacionalidade o que o amor de pátria lhe aponta e
indica.
A Igreja Catholica existe por toda a parte onde ha catholi-
cismo. E o catholicismo é uma crença assás culta para compre-
hender que, depois das leis de Deus, respeita o homem as leis
impostas pelo Estado ao cidadão.
Sábios da fé são todos os que a possuem deveras. E mais
sábios ainda são todos os catholicos que, comprehendendo que a
Maçonaria é uma instituição digna e permittida, têm bastante
bom senso para respeitar os decretos cia Providencia Divina,
respeitando também as leis do paiz em que vivem.
O contrario disto é ser ignorante da fé, máo cidadão, máo
catholico, péssimo membro da culta humanidade.
Quaes são realmente os nossos inimigos; o que são elles?
Os nossos inimigos são aquelles que na fonte de viciosas nar-
rativas estudarão e concluirão que a Maçonaria é uma sociedade
- 479 --

íiãoi permittida por ser perigosa á religião e á sociedade. Fun-


dão-se estes em esdrúxulas caluninias, em asserçoes mentirosas;
e provavelmente cValii nasceu talvez o tal malhete preto, entidade
desconhecida a todo o mundo maçonico, ridícula insistência de
um orador feito á força da leitura de alfarrábios.
O que são esses nossos inimigos sabemos nós todos que os
conhecemos. Ha clironicas que convém calar para não despertar
sectários. Ha reputações fáceis adquiridas na roda dos amigos,
que passão nas mãos de todos com a mesma autoridade dos
xaropes que curão tosses, dos elixires contra o rheumatismo c
das salsaparrilhas de diversos autores. E de certo taes reputa-
çoes estão longe do merecimento que deverião ter: íundão-se
em ninharias, em citações demasiadamente decoradas, e de certo
nao podem nunca constituir um homem culto e superior.
Mas o demônio da presumpção é inimigo do verdadeiro me-
rito. O amor-próprio exagerado o acompanha; o egoísmo é seu
único fim. Alcance-se a fama, custe o que custar. Este é o
pensamento dos pequeninos grandes homens, na plíràse de Ale-
xaiiclre Herculano.
Tudo quanto se tem dito, nestes últimos tempos, contra a
Maçonaria prova contra os nossos inimigos, e de cada vez torna
mais patente a excellencia de nossa instituição, por isso que ella
é a sentinella avançada que diz aos que querem attentar contra
a liberdade de consciência: Alto! vós sois inimigos do christia-
nismo e seus profanadores ! ¦

RECONHECIMENTO DA LEGALIDADE DE NOSSO ORIENTE


por Potências Maçonicas Estrangeiras.—Possuindo mais do que
as que possuíamos ha dous annos, vivemos em contado com a
Maçonaria do mundo, corresponclendo-nos regularmente, mas tendo
tido o cuidado em não entreter relações com aquelles Orientes
de regularidades suspeitas.
Representamos a única potência da Maçonaria no Brazil, re-
guiar e aceita. Em seu seio só cabe aquillo que constitue o
pensamento de nossa lei maçonica; o que é profano e estranho
á nossa Ordem nós regeitamos severamente.
8
— d80 -

Mas também, por isso que nos assiste o direito, quando recc-
bemos um novo reconhecimento, não fazemos disso uma festa
reunindo solemnemente o povo maçonico.
Os que têm razão e estão no seu direito fazem pouca osten-
tação de qualquer acto de justiça que se lhes concede.
Como porém um oriente dissidente, irregular, anômalo, insti-
tuido nesta cidade, ha publicado nos jornaes profanos reconheci-
mentos recebidos modernamente, convém explicarmos como e quaes
são elles.
O Gr.*. Or.*. Lusitano Unido e a Gr.*. Loj.'. Royal York sem-
pre reconhecerão o Oriente Benedictíno.
Esta grande loja Royal York é na Allemanha de quarta ordem,
e tem sido por vezes admoestada pela pouca regularidade de
suas decisões e trabalhos.
O Supr/. Conselho de Charlestotvn reconheceu ao principio os
Benedictinos. Revogou sua decisão, advertido por um respeita-
tavel Ir.*, nosso daquelle paiz. Retractou-se hoje; e isto prova
o pouco zelo, a nenhuma attenção que presta aos verdadeiros
interesses maçonicos do mundo.
Os castellos erguidos no ar pela argumentação do Ir.'. Pike a
respeito da dissidência encobrem idéas que maçonicas não são.
O máo humor em política dá a certos espíritos vistas escuras
em Maçonaria.
Na correspondência deste Ir.'., que é longa e capciosa, foi
sempre a causa benedictina advogada; e é fora de duvida que
o elemento predominante do Supr.'. Cons.*. de Charlestown sem-
pre foi benedictíno.
São gostos que não contestamos. Mas o Ir.*. Pike tem idéas,
em Maçonaria pura, não admittimos por fôrma nenhuma.
que,
Applaudimos a resolução do Ir.'. Pike, porque nos fica menos
esse encargo de consciência nas cousas maçonicas.
O Royal York, Gr.'. Loj.*. de quarta ordem na Allemanha,
ainda desta vez dará ás outras respeitáveis GGiv. LLoj.\ da
Allemanha a triste prova de sua incapacidade em julgar a Maço-
naria do Brazil.
Nós todos sabemos como se dão noticias do Brazil á Allema-
nha, e quaes os commissarios encarregados dessas diatribes epis-
tolares.
Na colônia Joinville, onde o governo imperial gasta com mão
481

tudo' quanto é possível até á generosidade, ha


ofusa e concede
contrários ao bom nome do Brazil. Cada um desses
l mentos
sabe lêr e escrever, diz á mãi-patria o que lhe
Srs. colonos, que
«nqqn nela cabeça.
as provas de ingratidão dadas por gente dessa
São numerosas
rnlonia a este Império.
nesses Allemães da dita colônia ainda ha o puro
Se porém não abjurárão de
se elles
«entimento do verdadeiro germanismo, de patna, que
santos princípios de cultura e amor
odo esses
o Allemão, nós lhes damos o conselho de repararem
aracterisa contra a Maçonaria do
S nas phrases de que se servirem
como já o temos feito, lazer valer a
Bwil, «ne podemos,
os homens de bem da culta Allemanha.
verdade perante e nem
saibão a distancia, que grande,
' Convém que elles que
a elucidação de
nor isso impedirá de fazer chegar áquelle paiz
de todos os caracteres que constituem a cabala
Los os factos e
nosso Grande Oriente do Brazr, ao Vali,
í uhma contra o e, mas no
e o nnico nniversalmen
Io Sadio, o único aceito, como leg.t,mo e
«to ae nossa SM.: Ord.-., reconhecido
renínto dizer.
,0 Gr- Or- Lusitano Unido, nada podemos
está no sen direito; bemdito
F.f ZZo e é %**;
ser annunciado pomposa e Ptof—e;
tafnão precisa do Brazil, nao
regular Gr.'. Or.-.
porque realmente, nós, neste
lhe disputamos a preferencia legitimidade desse
ua b
Só o que nos poe em duvidas acetca do Dr Belem
reconhecimento é que as sympathias privadas
meio de tantos maçonsI -?"s;
constitnão um voto no a saber
Noüaano sem darmos
Não findaremos esta parte do
são as GGiv. LLoj.'. da Allemanha.
quaes com um pessoal de 34,86a
Ahi existem oito GGiv. LLoj.-.
Ilr.-., e são as seguintes:
' A Gr.-. Loj.'. Nacional Aos Três Globos.
A Gr.-. Loj.'. Nacional da Allemanha.
A Gr.-. Loj.-. de Hamburgo.
A Gr.-. Loj.-. Boyal York
A Gr.-. Loj.-. Nacional da Saxonia.
A Gr.-. Loj.'. Ao Sol.
482

A Gr/. Loj/. da Alliança Eclectica.


A Gr/. Loj/. A' Concórdia.
E' desta lista que sahio o celebre reconhecimento do Royal
York. É desta lista só, pura e simplesmente, porque da grande
e illustre Franco-Maçonaria allemã ella não poderia jamais ter sa-
hido. Sem duvida, porque neste grande paiz, onde a cultura da
intelligencia e da razão constitua devoção nacional, não poderia
o absurdo transmittido por uma colônia do Brazil formar
jamais'
uma opinião respeitável.
Nós nos encarregamos de em pouco tempo provar qual é o
movei que guiou o Royal York a esse officioso reconhecimento,
apezar mesmo da pouca importância que tem essa Gr.*. Loj.*.
*

DA LOJ/. IMPARCIALIDAE. - Esta


SESSÃO DE POSSE
Loj/. empossou as suas dignidades e mais oííiciaes no meio
daquella pompa fraternal, que constitue a parte mais digna do
corpo maçonico.
É sempre uma noite festiva; e as galas que abi se ostentão
são apenas constituídas pela harmonia que reina e pela solem-
nidade da palavra que discorre sobre o assumpto.
Nós desejamos a esta Aug/. OftV. todas as venturas de que é
digna, continuando a promover a harmonia em nossa Subi.-.
Ord.-. e todas aquellas qualidades que só a imparcialidade é
capaz de seriamente consolidar e fazer predominar.
Não se esqueção jamais os seus OObiv. que sua respeitável
Off/. é deste Circulo uma das mais notáveis por suà dedicação
á Ord/.

SESSÃO DE POSSE DA LOJ.*. LUZ BRAZILEIRA.-O acto


deu a seus superiores obreiros foi de imponente sim-
que posse
Ahi reinava a harmonia a par da mais intima satis-
plicidade.
facão.
Nós sabemos os esforços que faz esta Off.*. para abrilhantar
seu nome, dando a seus trabalhos o máximo cunho de perfeição.
Na união reside i; força. E é certo que seus obreiros são
unidos na mais estreita fraternidade. Elles sabem que a Luz
Brazileira deve ser do nosso Circulo, sem duvida, uma estrella
brilhante, astro que apontará n'um futuro, que longe não está, a
— 452 -

Igreja, de que não me sinto divorciado, não devo calar uma ver-
dade amarga: —Quando uma sociedade tem na unidade da fé
religiosa uma virtude característica, uma grande missão é reser-
vada ao poder espiritual.
Não o esqueça este poder, nem tenho inveja ás lutas religiosas
que despedação outros paizes. Não é ganho de causa para o
catholicismo separar catholicos de catholicos. (Muito bem.)

Na sessão de 24 de Maio, na câmara dos Srs. deputados,


o nosso Resp.'. Ir.\ desembargador Alencar Araripe pronunciou
o seguinte discurso: ê
" Sr.
presidente, agita-se no paiz a questão religiosa, que
sempre constituio no seio da humanidade os mais importantes,
assim como os mais violentos abalos. A agitação das conscien-
cias é o que de mais grave pode acontecer na sociedade; e
quando esta agitação apparece, cumpre ventilar quem a provocou
e quem é responsável por suas conseqüências.
Elias podem ser gravíssimas no futuro, e já vão apparecendo
com caracter bem desagradável no presente.
A paz publica perturba-se, e a prudência reclama os cuidados
do governo.
Qual a origem do movimento que poe o paiz em sobresalto?
O procedimento pouco reflectido de alguns bispos do Brazil,
sob o fundamento de exercer funcçoes espirituaes, não pode
deixar de ser considerado como a verdadeira origem do que, no
meio de geral estremecimento, o paiz está presenciando. (Apoiados.)
Sob o pretexto de exercitarem attribuições meramente episco-
pães, alguns prelados diocesanos levantão-se em cruzada contra
a liberdade do cidadão, pretendendo collocar-se acima da própria
Constituição do Império, afim de que, ante a autoridade episco-
pai, desappareça a autoridade civil (Apoiados.)
Respeitador do poder espiritual na sua esphera legitima, Sr. pre-
sidente, não deixarei de censurar, e mesmo resistir a todo o acto
de invasão clerical contra as potestades sociaes.
Temo, e temo seriamente o poder clerical, porque a historia
mostra-nos quão formidável é elle, quando, apartado dos santos
fins cia sua divina instituição, apossa-se da autoridade política
para dominar o mundo. ,
Os bispos de Pernambuco e do Pará, sobretudo, hão mostrado
com evidencia as suas tendências contra o poder civil e o seu
intento de proclamar a supremacia do episcopado sobre a socie-
dade brazileira.
— 484 —

SESSÃO DE POSSE DA LOJ.-. ESPERANÇA. — Naquella


noite, dessa esplendida posse, numeroso fora o concurso de fa-
milias que assistirão aquelle ceremonial, o que tornou a festa
mais eloqüente e talvez também mais digna.
Ahi vão nossas esposas e nossas filhas, na palavra autorisada
e respeitável de nossos oradores, ouvirem o desenvolvimento de
theses verdadeiramente christãs, onde a piedade junta ao critério
honrão a Deus, á pátria e á família. Alli ellas vêem de perto
as virtudes hiramitas e ahi tocão suas pudicas mãos o Evangelho
mysterios.
que nos rege e que nos fornece os nossos
A família ahi não é um ser profano, é um attributo sagrado
da humanidade. Que o maçon ama sua esposa e seus filhos
com aquella dedicação e zelo que devem constituir um homem
de bem, christão e social.
É falsa a doutrina que condemna a nossa Instituição; e men-
tem aquelles que nos accusão de attentar contra a nossa Santa
Religião.
Nós advogamos todos os bons princípios.
O culto á verdade é para nós sagrado.
O culto á pátria, á humanidade e á família constituem a nossa
sabia doutrina.
Nós temos pena desses commissarios de um terror imaginário
nos fallão, á propósito de tudo, do prisioneiro do Vaticano,
que
do perigo que corre a Igreja, da impiedade que avança e ameaça.
Nós nos rimos; porque firmes em nossa fé, consultando nossas
temos a convicção que somos homens do bem e da
consciências,
suprema justiça.
Nem um demagogismo vil e adúltero, nem tão pouco um baixo
em
servilismo monarchico constituem nossas crenças. Severos
nossas doutrinas, só prestamos homenagem á verdade, só perten-
cemos á classe da humanidade do progresso que honra a Deus
e á pátria com aquella inteireza de caracter e hombridade de
e
vontade, que só constituem uma classe privilegiada de crentes
de honestos obreiros de todos os bens.
Catholicos verdadeiros, fervorosos e dedicados, só vemos no
Santo Padre o Chefe Supremo de nossa Igreja, — chefe, que não
é rei da terra, mas que é o arbitro das tousas dos Evangelhos
adoramos e seguimos. Nós não lhe damos um throno ma-
que
— 485 -

terial e perecível, concedcmos-lhe o lugar de honra do Aposto-


lado Christão. <
Esta crença é, sem duvida, mais respeitável do que aquella
absurdeza ultramontana que materialisa a idéa de Deus, na in-
política de uma cúria demasiadamente mundana, tão mun-
quieta — a descobrir nas doutrinas de Nosso
dana e apoucada que chegou
Senhor Jesus-Christo, o typo da modéstia e da humildade sublimes,
tiipo feudal de aristocracia humana!!!
Eis o que somos e o que seremos, e o que nenhum poder nos
pode contestar.
E quando um dia quizer a maldade e a violenta injustiça con-
demnar-nos como heréticos, subiremos á fogueira, e, como outr'ora
os Templarios, com olhos cravados no céo e de consciência livre,
convocaremos ao Supremo Juizo, esses que nos condemnarem,
que nos fazem mal porque procedemos bem.
Acima da justiça romana está a Suprema Justiça Divina.
A Loja Esperança, firme nestes preceitos, constituirá sempre,
neste Circulo, um núcleo poderoso na sustenção de nossas sabias
doutrinas maçonicas, que são christãs, puramente cliristãs.
Observadores respeitosos dos pontos de nossa fé christã, temos
ao menos a santa decência de não argumentar sobre ella: guar-
damol-a no fundo de nossa consciência, e por ella pautamos
nossas acções.
Se ha senadores e doutores emperrados e descortezes para
com a liberdade de nossa consciência christã, sejamos maçons
decentes e dedicadissimos seguidores das doutrinas do Nazareno
—que é o nosso chefe, o rei augusto de nosso foro intimo. E
para sermos bons e virtuosos não é mister citarmos velhos alfar-
rabios, nem datas cie um passado que não honrão a verdade.
Reeleitas e empossadas como estão as Digniclades Luminosas
da Esperança, guie-as Deus no caminho da regeneração maço-
nica, e contribuão com sua dedicação para a grandeza cie nosso
Circulo,
*
'•••
-i>
*

SESSÃO DE POSSE DA LOJA SILENCIO.—Não poderá ficar


em silencio a sessão de posse desta Aug.\ Offie.Y, que a ella
concorrerão maçons dignos e provectos.
Na singeleza de sua festa entrevia-se a seriedade augusta de
suas opiniões maçonicas.
— 486 -

É que na presença dos inimigos nossos, propagadores de falsas


crenças, os homens sérios guardão com ânimo determinado um
silencio eloqüente. *
E esse silencio é um protesto solemne contra a continuação
da adhesão de uma pequena parte da Maçonaria de Charlestown,
de Portugal, de França, e de diminutissima parte da Allemanha,
a um circulo espúrio, dissidente, incrível, desautorisado por via
de suas opiniões anti-maçonicas.
Esses poderes maçonicos, que acabão de dar esse passo falso,
ao mundo o quanto são erradas as suas opiniões maço-
provão
nicas. Afastados de nossa Constituição e de nossos Ritos, elles
se entregão nos braços de um poder tão falso como aquelle que
os congrega; e sem considerar um minuto, não se lembrão que
suas impias irregularidades é que arnicárão o braço ultramontano
contra a nossa Instituição, e é que nos fornecem agora esta
agrura de contenda contra a ferocidade de citações e argumen-
tações, velhas já e gastas, mas que nem por isso, em seus mi-
seraveis farrapos e vestiduras nojentas, deixão de causar damno,
no espirito publico desprevenido, á causa santa de nossa Ordem
Maçonica.
Não haja porém silencio nas paginas deste Boletim, consagrado
Brazil,
cá verdade autorisada do nosso legitimo Grande Oriente do
do Lavradio, reconhecido em todos os paizes do mundo
ao Valle
civilisado como — o único regular, antigo e aceito.
o lugar competente onde se advogão nossos direitos e
É aqui
sinceras e rigorosas, porque não trilhamos a
nossas opiniões
senda de um Ganganelli, quiçá maçon, mas que busca leitores
ahi e enchendo columnas de ei-
n'um jornal profano, publicando
tações, provavelmente em falta de argumentação de própria lavra,
louvando hoje o que amanhã estigmatisa, e isto tudo resultando
entendida vaidade litteraria, que não supportana a
de uma mal
discussão a mais insignificante.
E o que era de esperar lhe suecede.
Os jornaes contrários o appelliclão de — impio.
Não seja esse escripto aqui classificado; pois que, aquelle que
busca lugar profano para advogar causa maçonica, não tem ca-
bimento nas columnas deste Boletim.
E mesmo porque esse Ganganelli exige tanto e tão illegal-
¦.'¦¦"' '-'¦¦'¦ I
'¦"¦:'-''¦::
- 487

melhor é deixal-o nesse deserto da imprensa, onde


mente, que
sua voz não será ouvida.
Estas opiniões, que são de um Circulo numeroso inteiro, es-
nosa-as a respeitável Loj/. Silencio, que provará sempre em sua
activa e dedicada á nossa Subi/.
existência maçonica quanto c
Ordem.
O Supr.'. Arclv. do Univ.'. proteja e illumine sempre a Aug/.
e Resp.'. Loj.-. Silencio.
't*

* *

SESSÃO DE POSSE DA LOJ.-. DOUS DE DEZEMBRO.- A


sessão de posse desta Aug/. Off/. passou-se sem pompa nenhuma
material, mas a ella concorrerão todos os dons do espirito, que
dão brilho e realce a uma festa maçonica.
Abi reinava a mais perfeita harmonia reunida á mais franca
cordialidade. •
A palavra ataviava-se de galas festivas c percorria aquellas
abobadas sonora e eloqüente.
Bom seria que nossos respeitáveis prelados tivessem entrada
em nossas LLoj.'., por occasião de solemnidade, para poderem
admirar com quanta fé em nossos actos, com quanta uncção em
nossos pensamentos, dirigimos nossos votos ao Todo Poderoso,
que nos concede sermos apóstolos da verdade e da caridade.
Até ahi não chega a ostentação mundana. Somos, como Na-
zarenos, irmãos e amigos, filhos todos do mesmo Deus de amor
e de misericórdia.
E, pois, esses prelados, verião o como e o quanto somos in-
juriosa e duramente condemnados sem sermos conhecidos.
Tempo virá em que a nossa Sub/. Ord.-., neste Império, me-
recerá as bênçãos da Igreja Catholica, porque a ella pertencemos
e delia somos dignos, porque a defendemos, acatamos e venera-
mos. Nossas mais e a nossa razão nos entregarão a essa Santa
Igreja; e nella e por ella morreremos.
Temos prazer de, em nome da Aug.'. Loj.-. Dous de Dezembro,
escrever estas palavras, sempre em defesa de nossa Ord.-. e para
esclarecer o espirito daquelles que a nosso respeito, e por causa
dos <erros da parte da Maconaria dissidente em todo o mundo,
anda desvairado e transviado.
9
- 488 -

Deus conceda a esta Augv. OftV. todas as venturas de que é


digna, e a todas as suas LLuz.\ e DDignid.*. a mais esclarecida
actividade e zelo no desempenho de seus deveres.

SESSÃO DE POSSE DA AUG.\ LOJ/. CARIDADE E UNIÃO.


—•Foi uma festa cheia de satisfação e de votos ardentes pela
prosperidade rle nosso Circulo.
A acertada escolha de suas LLuz.-. provará em um futuro
próximo quanto a dedicação consegue na prosperidade de uma
reunião de obreiros activos e unidos.
Atai reina a mais perfeita harmonia no meio de seus obreiros.
Todos se empenhão para conseguirem a força e a dignidade da
arte real no Brazil. Com constância e zelo escrupuloso muito
se consegue.
A' regularidade de seus trabalhos juntar-se-ha sempre a me-
Itaor ordem entre columnas; e para aqui não viráõ as pequeni-
nas dissidências que só são profanas e indignas de nossa Ordem.
Com taes elementos consegue uma OftV. tornar-se superior no
meio de suas co-irmãs.
É o que deveras esperamos.
E é também o que desejamos de coração a esta Aug.\ Loj.-.
á qual enviamos aqui uma cordial saudação, felicitando-a em
nome da verdadeira Maçonaria pela escolha acertada de suas
LLuz.'.
E o Sap.-. Arch.'. do Univ.-. a illumine e ampare.
'1- T

SESSÃO DE POSSE DA AUG.\ LOJ.-. ASYLO DA PRUDEN-


CIA.—Tivemos oceasião de admirar como se trabalha com afinco
e com ordem nesta illustre Off.\
A' sua festa de posse concorreu numero considerável de ma-
çons do nosso Circ". que saudarão com enthusiasmo aquelle acto
imponente. :
As flores de eloqüência formavão ramalhetes augustos enfaixa-
dos de votos de enthusiasmo, que repercutião no altar como
harmonias altisonantes.
Era um conjuneto sympathico e festivo que se agrupava no
templo, dando áquella noite um esplendor notável e imponente.
— 489 -

Nao se vê aqui, nestas festas maçonicas, a materialissima vai-


dade impondo superioridade a certas e determinadas condições.
É uma família de homens que se congrega e saúda com cordia-
lidade os factos notáveis de sua existência. São todos IIiv. que
se respeitão e estimão em todos os seus gráos e qualidades,
que todos concorrem para o mesmo fim justo de elevar ao ma-
ximo gráo de perfeição a nossa Sub.\ Ord/., que é o sacrario
de todas as santas crenças, e de todas as virtudes e generosas
liberdades.
Os declamadores que, nos comícios populares, nos não fazem
justiça, envergonliar-se-hião se vissem como são os nossos tra-
balhos dignos da consideração de todos os corações honestos.
Esses enjoados campeões de crenças enfesadas e pequeninas,
comprehenderião então quanto estão longe da dignidade humana,
advogando uma causa, que sua presumpção e sua supina igno-
rancia não lhes deixa ver, ser um antro de obscurantismo e de
erros de um fanatismo despotico e ousado que vê nas faculda-
des da suprema razão um impedimento ou um crime.
Felizmente, apezar de tudo, graças á Instituição Maçonica o
mundo da verdadeira liberdade e das generosas aspirações pro-
gride em seu caminhar solido e garantido. O cérebro deste
mundo de progresso, que é Deus, aviva os músculos destas so-
ciedades todas que são a humanidade. E esse cérebro, e esses
músculos, reunidos na terra, vão rumo do porvir, que é a im-
mortalidade humana, a salvação da alma, a comprehensão de
todos os deveres e a satisfação da consciência.
E esta é a doutrina magnífica que os Evangelhos nos derão
para bem comprehender nossos destinos.
Nós somos romanos, mas romanos e romeiros da cadeira do
Apóstolo em Roma, tal como Nosso Senhor Jesus Christo lhe
ordonou que elle fosse — o mestre das gentes de Christo reunidas
e cultas; mas não somos, não queremos ser Ímpios romanos do
conciliabulo político e cabalistico de Antonelli.
Nós distinguimos religião, de política.
Ao Estado devemos todos os nossos esforços como bons ei-
dadaos e homens justos.
A' Igreja devemos nossa fé, nossos corações e todos os attri-
butos luminosos de nossas melhores crenças espirituaes.
O Estado deu-nos direitos de cidadãos.
— 490 —

À Igreja de Christo deu-nos todos os santos direitos de crentes.


E a idéa do justo e do injusto, do bem e do mal, nos faz com-
prehender, aceitar e defender tudo quanto os Evangelhos nos
concedem como seus adeptos.
Em nós não ha desobediência, ha o direito que nos dá a razão,
de raciocinarmos.
E o que é da terra comprehendemos e acatamos.
O que é sobrenatural, longe de nossa comprehensão, mas bem
perto de nosso coração, e de nossa razão e que está exarado no
Evangelho, a isso que é sagrado, prestamos inteira adhesão pela
fé em que nascemos e na qual vivemos.
Se nos perguntarem: por que sois christãos?
Responderemos: porque cremos em Jesus-Christo e no seu
Evangelho.
Por que sois da Igreja Catholica?
Porque ella encerra o conjuncto sagrado de todos os pontos
de nossa fé. 1
Por que sois justos?
Porque todo o christão o é.
Por que amais a caridade?
Porqu é essa a virtude característica exercida pelo nosso JRe-
demptor. w
Por que, pois, tendes fé?
Porque a razão nol-a dieta; a doutrina nol-a ensina; o berço
nol-a dá; a familia nol-a sustenta.
Por que, porém, sois maçons ?
Porque somos christãos e livres e homens de bons costumes;
e, sendo-o, nós cumprimos o dever de pertencer a toda a insti-
tuição que cada vez mais nos inspira a sermos justos, amantes
da verdade, lembrando-nos de Deus, que é o Supremo Archi-
tecto do Universo, em todos os nossos discursos e em todos os
actos de nossa vida; e lembrar Deus em tudo, é também santi-
ficar tudo por meio da oração mental.
Eis porque comprehendemos e aceitamos que a Maçonaria é
puramente christã.
É em nome desta Aug.\ Ofíic,\ Asylo da Prudência, que offe-
recemos aquelles que nos lêm as considerações que acabamos de
fazer.
E Deus esteja sempre no coração e na mente dos obreiros do
491 —

Asylo da Prudência, para que possão, dignificando sua Orne.


illustre, elevarem cada vez mais o nome augusto do Gr.-. Or.-.
do Braz.*., ao Vai/, do Lav.\, o único competente e autorisado
para decifrar e exercer os Mysf. e Rif. de nossa Sub.-. Ord.-.
út

SESSÃO DE POSSE DA AUG.'. OFFIC.-. ASYLO DA PAZ.


— Esta sessão esteve na altura da seriedade e festividade do seu
objecto. <*
Admirava-se ahi a boa ordem e a regularidade nos trabalhos.
Era, sem duvida, um asylo de paz, que festejava uma época
de sua solemnidade maçonica.
A fraternidade, tal como a comprehendemos, santa, inteira,
dedicada e firme, reinava nesse recinto, assim como reina sempre
em seus trabalhos ordinários.
Um voto de louvor deve ser dado, e aqui o fazemos com sa-
tisfação, áquelles obreiros do Asylo da Paz, que tão bem sabem
comprehender em que consiste a fraternidade maçonica; que ella
não é uma palavra vã ou uma denominação política, sem sentido,
que leva o brandão da revolta a queimar monumentos, — a des-
truir a Igreja,—a matar irmãos— e a aniqüillar a família.
A fraternidade maçonica é a que não admitte dissidência, nem
tão pouco se presta á impiedade dos ódios humanos. É uma
sublime e grande virtude que tem a coherencia de ligar o homem
ao seu Evangelho.
A liberdade, igualdade e fraternidade, não uma divisa, mas
tres poderosos einulos de congraçar a humanidade e livral-a cios
erros e dos crimes, tem razão de ser na nossa instituição maço-
nica, que ellas denotão de que forma vivemos, adorando a Deus,
respeitando a lei e esclarecendo e protegendo a humanidade.
O Asylo da Paz traz estas virtudes rememoradas em todos os
seus actos, e no exercício dellas conseguirá provar ao mundo e
ao nosso Circulo quanto é digna de consideração e respeito.
O Sup.'. Arclv. do Univ.1. lance sobre o Asylo da Paz todas
as suas bênçãos, illuminando-a e
protegendo-a.

SESSÃO FESTIVA DA LOJA AMPARO DA VIRTUDE, por


oceasião da apresentação dos seus estatutos
profanos, approvados
— 492 -

imperial. — Foi uma noite esplendida de satisfação


pelo governo
e harmonia.
Numeroso foi o concurso das dignas famílias de nossos RResp.-.
Ilr/. e grande o numero de maçons que se acharão presentes.
Aberta a sessão pelo seu Ven.\, o muito 111.-. Resp.\ Ir.-. Des-
champs Montmorency, depois de lidos os estatutos, pelo governo
approvados, subio ao altar ura pequeno escravo, de côr clara,
ahi receber o titulo de sua liberdade, que a Aug.-. Loj.-.
para
lhe concedia em nome da Maçonaria Libertadora e Christã.
Foi uma scena tocante aquella em que o Veneravel, abraçando
o joven escravo naquelle momento remido, dando-lhe a carta de
liberdade, exclamou:
" Estás livre. Serás um cidadão como nós. Se bom, dedi-
cado e prudente na vida social; eis o único signal de gratidão
que te pede a Officina Amparo da Virtude. „
Depois foi concedida a palavra a vários oradores, que fizerão
ouvir da tribuna doutrinas de puríssimo amor á ordem e de fra-
ternidade.
Aquelle acto solemne lembrava tantos outros actoá de gênero-
sidade e santas liberdades, que um dos oradores, fazendo uma
sobre os deveres e direitos da mulher, lembrou enthu-
prelecção
siasticamente ao auditório a formação de uma Loj.-. de Adopção,
onde as senhoras, á semelhança das da cidade de S. Paulo e
Ouro Preto, possão tomar parte em trabalhos maçonicos.
a idéa foi applaudida nós o sabemos; se porém será
Que
posta em execução é o que teremos de ver.
Nessa noite memorável teve Bellini e outros, interpretes elo-
suas singulares e maravilhosas harmonias, em due-
quentes para
tos com toda a arte executados.
Se ha reuniões em que tudo annuncie sorrisos e satisfações,
áquella foi uma dellas; porque realmente nada foi esquecido
dar áquella reunião o cunho respeitável do prazer compar-
para
tilhado por pessoas cortezes e harmonisadas em sentimentos da
mesma altura e de idênticas aspirações.

QUESTIUNCULAS ODIOSAS TRAZIDAS PARA O MUNDO


PROFANO. — O Jornal do Commercio, do dia 6 de Julho, trou-
xe-nos, como sempre, retalhos de especialidade litteraria, com o
- 493 -

fim único de molestar, não se sabe por que, o nosso amigo e


Resp.-. Ir.'. Dr. Brancante.
E como sempre o artigo é feio c indigno.
Bem lhe conhecemos a origem; fazemos porém estas observa-
çoes como quem a não conhece.
Ha grupos que constituem uma Turquia, que tem seus eunu-
cos e mandarins. Em todos os paizes se vê isso. Aqui, também,
pela regra da civilisação, deveríamos possuir orientalistas capazes
de dar graça e tom a esses grupos de admiradores que querem
rir, ridicularisar e motejar.
É para esses que a Maçonaria, séria c grave Instituição, pro-
vem mais do Alcorão do que do Evangelho.
Ora, um paraíso já prompto, a olhos vistos, tangível, na terra,
tem encantos para o positivismo materialista.
E já que outra cousa melhor não ha, por ahi, ou por gosto
preferido, forneça o Jornal do Commercio espaço bastante para
dar-se cada um ao prazer de polluir uma reputação ou de pre-
tender ser espirituoso em cousas comnums e chatas. E' um
prazer como outro qualquer.
E o Rio de Janeiro tem destes consórcios hybridos: abriga a
febre amarella, em epidemia, e a calumnia, outra epidemia, quiçá
também de côr amarella, cor que é a imagem da falsidade.
Aquella epidemia, depois de mezes, abaixa-se e desapparece;
mas esta, vencendo todos os obstáculos e todas as temperaturas,
é de todas as estações.
Eis o que obrigou um escriptor que assigna em cima e em
baixo—Valença—& apparecer no dia 6 de Julho em um arti-
gusculo, tão mal a propósito citando o nome do Resp/. Ir/.
Costa Brancante, Charlestown, Oriente Unido Lusitano, Royal
York e França, que, os que o lêrão não
querem ou não sabem
comprehender o que alli é dito,
porque nada ahi se diz.
Mas, dizemos agora nós: se este nome cie— Valença—lembra
decepções para uns,
poderá acontecer que lembre também nau-
fragio de opiniões
para outros. E ha por ahi tanta gente, nós
o cremos, que se não lembre de Valença sem um sentimento de
tristeza.
l^ni toclo o caso a
poquidade de dignidade pessoal que leva
um hwnem ás columnas do Jornal do Commercio ajustar
contendas de opiniões maçonicas é altamente reprovável. para
Por-
- 494

que, emfim, que significa vir dizer cm publico que odiámos um


homem, ou que elle fez isto e aquilloV Se não é infantil em
extremo esta queixa pequenina, é ao menos prova de mesquinhez
de caracter.
*
* *

PRELECÇÕES NA LOJ.\ DEZOITO DE JULHO.—Essas pre-


lecções têm continuado sempre bem concorridas por pessoas de
ambos os sexos.
A ultima prelecção fêl-a o nosso amigo, 111.'. e Resp/. Ir/.
Alencar Araripe, discorrendo sobre os destinos da mulher christã,
com aquella clareza e eloqüência que lhe hão grangeado na tri-
buna muitos admiradores.
Do alto daquella tribuna, por elle autorisada e enriquecida,
vinha lição proveitosa, em linguagem amena e correcta. Era
uma propaganda de decência, pudor e bons costumes que fazia
acto de presença no meio daquelle auditório, que se retirara com
a convicção de que o Ir.'. Alencar Araripe é um homem respei-
tavel e illustre, e um christão cheio de fé, cuja razão esclarecida
ofíerece áquelles que o ouvem ensejo de comprehenderem como
se é verdadeiramente christão e homem social, útil e virtuoso.
Áquelles momentos, passados na utilissima satisfação de ou-
vil-o, trouxerão á barra da discussão luminosa muitas doutrinas
de alto proveito, que não ficarão, de certo, sem pronunciado
effeito nos costumes e nas nossas idéas adequiridas.
Suba esse nosso 111/. e Resp/. Ir/, sempre á tribuna, que é
o palco para a exposição franca e eloqüente de sua brilhante
intelligencia e de seu saber profuso, que a nossa Resp/. Off/.
em nome do nosso Circulo e da civilisação do Brazil o applau-
dirá com grande enthusiasmo.
Eis como são as dignas sentinellas e guardas de nossa Sub/.
Ord.\, homens de grande experiência, de grandes virtudes cívicas
e particulares, e ao mesmo tempo tabernaculos das sciencias,
dellas fazendo sempre uma exposição eloqüente e applicando-as
Jam
á existência de todos os dias.
De socialistas respeitáveis desta ordem é que a humanidade
colhe grande proveito; que, dos outros, assim chamados por con-
venção, só erros se apregoão, só abusos se propagão no meio
de uma revolta estupenda, absurda e aniquiladora.
— 495 —

Se os exemplos palpitantes da actualidadc não bastarem para


dizer clara e positivamente de que lado está o proveito da dou-
trina, então nada mais aproveitará ás sociedades e a vida será
um mal irremediável.
Mas o amor á verdade, á honestidade e á probidade política e
particular, é uma potência que nada a pôde destruir ainda.
A desordem explicará a desordem; e desse cahos sahirá radiante
c formosa a verdadeira liberdade, como a define a razão e como
o amor a Deus e á hummúdade a comprehende. E a Maçonaria,
que applaude todas as grandezas e magnificencias da verdade,
exultará de prazer, registrando mais essa conquista de seus ar-
raiaes espalhados no meio da humanidade culta.

Administrações de LLoj.*. e CCap/. para o presente


anno maçon.*. 5873.

LOJ.-. GOYTACAZ (Prov.\), ao Or.-. de Campos. —Ven.-.,


Barão de Pirapitinga, O/. R.\ *$:.
l.° Vig.\, Joaquim Taussia de Bellido, 33/.
2.° Vig.\, Antônio Rodrigues da Costa, 30.-.
Orad/., Domingos de Alvarenga Pinto, C.\ R.\ ft.\
Secret/., José Caetano Carneiro, 3/.
Thes/., Manoel Pereira de Azevedo, 30/.

CAP.-. HONRA E HUMANIDADE, ao Vai.', de Pelotas.


Arth/., José de Sá Oliveira, 33/.
1.° Vig.-., Dominique Villard, 30.*.
2.° Vig.-., Paulino F. da Costa Leite, C.\ R.\ */.
Orad.\, Dr. Eduardo Laranja, C.\ R/. r$'.\
Secret.-., João Cypriano Martins Corrêa, C.\ R.\ ±.\
Thes/., Francisco Antônio Peixe, C/. R.\ iK'-

CAP.-. SANTA FÉ, ao Vai/, do Gr/. Pod/. Centr/. —Arth/.,


Manoel Ribas, 31/.
l.° Vig/., Manoel José Teixeira Lixa, 31/.
2.° Vig/., Salvador Carneiro Rodrigues, C.\ R/. #/.
10
/

- 4'J6 *

Orad/., Manoel Thomaz José dos Santos, 33.'.


Secret/., José Gomes da Silva Dias, C.\ R.\ •#'/!
Thes/., Joaquim dos Santos Leal Almeida, 31.'.
i

CAP/. AMOR DA ORDEM, ao Vai/, do Gr/. Pod.-. Centr.-.


—Sapientis/., Antônio Joaquim dos Santos, C.\ R.\ >J</.
l.° Vig/., Victorino Pinto do Babo, C.\ R.'. $:.
3.° Vig/., Antônio da Silva Guimarães, C/. R.\ ^/.
Orad/., José Francisco de Sá Júnior, C/. R.\ >§/.
Secret/., João Prosper Philigret, C.\ R/. */.
Thes/., Manoel Campello da Fonseca, C/. R.\ ^.'.

CARIDADE, ao Vai/, do Gr/. Pod.'. Centr/. - Sa-


CAP/.
C.\ R.\ #/.
pientis/., Guilherme Cândido Pinheiro,
1.» Vig/., Antônio Joaquim da Silva Peres, C.\ R.'. »f«/.
2.» Vig/., José Pinto Ribeiro Porto, C/. R.\ #.'.
Orad/., Anselmo José Barbeitas, C.-. R.-. ft.'.
Secret/., José Joaquim de Souza Valença, C.\ R/. jjf..\
Thes/., José Antônio Gonçalves Guimarães, C/. R.'. ifr/.

v*
— 497

Muito Pod.-. Supr.-. Conselho.


ASSEMBLÉA DO 1.» DE JUNHO DE 1873.
do Pod.\ e IU.'. Ir.\ 33.\ Conselheiro Barão de Angra,
Presidência
Lug.\ Ten.\ Comm.\

Achando-se presentes 15 membros effectivos e 10 honorários,


foi aberta a sessão, sendo lida e approvada a acta da antece-
cente.
Foi juramentado como membro honorário o 111.*. Ir/. 33/. Fran-
cisco José da Rocha.
O Supr/. Cons/. ficou inteirado da sancção dada pelo Sob/.
Gr/. Com/, á elevação ao gráo 33/. dos RResp/. Ilr/. 32/.
José de Sá e Oliveira, Carlos Antônio Petra de Barros, Dr. Fran-
cisco Leopoldino de Gusmão Lobo e Pedro de Athayde Lobo
Moscoso.
Foi sanccionada a approvação da Sap/. Gr/. Loj/. Cent/. em
referencia á installação, regularisação e filiação da Loj/. Prov/.
Estrella do Sul, ao Or/. de Bagé, ficando encarregado da res-
pectiva regularisação o 111/. Ir/. Ven/. da mesma Loj/. Prov.
O Supr/. Cons/. reconheceu e mandou passar o respectivo
diploma de 33/. ao 111/. Ir/. Dr. Rozendo Muniz Barreto, como
filiado na Aug/. Loj/. Cap/. Estrella do Norte.
Forão elevados: ao gráo 31 o IU/. Ir/. Antônio Caetano da
Silva Kelly, ao gráo 30 os 1111/. Ilr/. Joaquim José da Cunha
e Theotonio de Bittencourt, e ao gráo 13 (Adonh/.) osRR/.Hr/.
recommendados pelo Subi/. Cap/. Redempção.

ASSEMBLÉA DO 1.» DE JULHO DE 1873.


Presidência do Pod/. e Ill.\ Irr. 33.\ José Maria Pereira,
decano presente.
Achando-se presentes 12 membros effectivos e 9 honorários,
foi aberta a sessão, sendo lida e approvada a acta da antece-
dente.
* Foi Maria Pires
juramentado como gráo 33 o Pod/. Ir/. João
Camargo.
O Supr/. Cons/. ficou inteirado de ter o Sap/. Gr/. Com/,
escolhido para membros effectivos do Supr/. Cons/. aos 1111/. e
— 49S —¦

PPod.-. Ilr.*. desembargador T. de Alencar Araripe, Dr. J. Thomaz


de Lima, A. P. Carreira de Seixas, F. C. T. Lõhrs, J. A. de
Sampaio, c Francisco J. Barboza Velho.
O Supr/. Cons/. sanccionou a approvação da Sap.\ Gr.-. Loj.-.
Cent.-. em referencia á installação, filiação e regularisação da Loj.-.
Prov.*. Goytacaz, ao Or.-. de Campos, sendo nomeado presidente
da respectiva commissão regularisadora o 111.-. Ir.-. Dr. Camillo
Maria de Menezes, Oíf.\ de honra do Gr.*. Or.*.
Foi também sanccionada a concessão da quantia de 50|000
feita pela Gr.-. Loj/. á viuva do Ir.-. N....
Foi approvado o parecer da IU.*. commissão especial em refe-
rencia ao pedido de diversos membros do intitulado corpo maço-
nico ao General Câmara.
Forão elevados ao gráo 33 os PPod.-. Ilr.*. Conselheiros João
Alfredo Corrêa de Oliveira, obreiro da Loj/. Conciliação, e Ma-
noel Francisco Corrêa, obreiro da Loj/. Dezoito de Julho; Ma-
noel Soares, obreiro da Loj/. Luz Transatlântica; Arnaldo Mon-
teiro da Silva e Antônio Pereira de Souza e Silva, obreiros da
Loj/. Estrella do Rio; José Joaquim cia Cunha, José Barboza de
Miranda Santiago e Domingos José da Cunha Lages, obreiros da
Loj/. Firmeza e Humanidade.
Sendo presente ao Supr/. Cons/. o parecer da 111.-. commis-
são especial em referencia ás eleições do Cap/. Dezoito de Ju-
lho, ficou o mesmo parecer adiado, depois de varias observações
de diversos membros do conselho, sendo regeitado o requerimento
do IU/. Ir/. Dr. Joaquim Pedro, para que o Supr/. Cons/. se
desse como incompetente em tratar de, tal assumpto.
409 —

Grande Oriente do Brazil.


EXTRACTO ÜA SESSÃO ORDINÁRIA DE 21 DE JUNHO
DE 1873, E.\ V.-.

Presidência do Sap.\ Ir.\ 33.\ Antônio Alvares Pereira Coruja,


Repres.'. Part.\ do Sob.\ Gr.\ M.\ Gr.'. Com.', da Ordem.
Achando-se presentes 122 membros, foi aberta a sessão, lida
e approvada a acta da antecedente.
0 Gr/. Or.'. do Brazil ficou inteirado das seguintes communi-
caçoes:
l.â Do Sap.\ Gr.#. M.\ Gr/. Com/, da Ordem declarando não
poder comparecer á presente sessão por ter conferência de Mi-
nistros.
2.a Da Commissão Central Portugueza de Soccorros convi-
dando ao Grande Oriente para assistir ao Te Deum que fez ce-
lebrar em acção de graças pela terminação da epidemia que
ílagellou esta cidade; sendo nomeada uma commissão composta
dos 1111/. Ilr/. José Antônio da Silva Pinto, Francisco Guedes
de Araújo Guimarães, Antônio Joaquim Queiroz de Magalhães,
Antônio Teixeira de Mattos Carvalho e Manoel José Ferreira de
Kezende para assistir á mesma solemnidade.
3.a Do Secret/. do Gr/. Cap/. Noach/. declarando ter sido
installado e regularisado o mesmo Corpo, de conformidade com
o Decreto do Gr/. Or/. de 4 do 2.o mez ultimo.
4.a Do Secret/. da Gr/. Loj/. Central declarando ter partido
para a Europa o 111/. Ir/. Dr. João Baptista dos Santos, Ven/.
da Loj/. Cap/. Pedro II, ficando no exercício das suas funcçoes
o 111.*- Ir.-. l.° Vig.*. Antônio Ignacio de Mesquita Neves.
5/ Do 111/. Ir/. Delegado de Pernambuco declarando que a
Aug.-. Loj.- Cap.-. Firmeza e Humanidade, ao Or.-. do Recife,
continuava firme em seu juramento de adhesão ao nosso Circulo.
Porão lidos, discutidos e approvados os seguintes pareceres e
propostas:
h° Do Ir.-. Gr/. Secret.-. Geral pedindo a prorogação do
Decreto de 21 de Dezembro de 1872 por mais três mezes para
os obreiros das OOff.\ distantes do Gr.-. Poder Central, sendo
rejeitado o additivo do 111.-. Ir.-. Deschamps pedindo idêntica
Prorogação por um mez para os maçons da corte.
— 500 —

2.° De diversos membros do Gr.-. Or/. pedindo que o Sap.\


Gr.-. Or.-. do Brazil, em attenção aos importantes e relevantes
serviços prestados em defesa da nossa Subi/. Ordem no parla-
mento pelos II11.\ Ilr/. Couselheiros João Alfredo Corrêa de
Oliveira, 18.-., e membro da Loj/. Conciliação, e Manoel Fran-
cisco Corrêa, 31/., e membro da Loj/. Dezoito de Julho, os re-
commendasse ao Supr/. Conselho afim cie terem augmento de
salário independente de qualquer ônus.
A requerimento do 111/. Ir/. Gr/. Orad/. o Gr/. Or/. resol-
veu lavrar no seu livro cie ouro um voto de eterno reconheci-
mento e gratidão aos 1111/. Ilr/. Desembargador Tristão de
Alencar Araripe, 33/., Dr. Francisco Leopoldino de Gusmão
Lobo, 33/., Conselheiro Visconde de Souza Franco, 33/., e aos
Exms. Srs. Conselheiros Visconde de Nictheroy, Dr. José Martins
da Cruz Jobim, José Thomaz Nabuco de Araújo, Luiz Antônio
Vieira da Silva, Visconde do Bom Retiro, Dr. Gaspar da Silveira
Martins, Dr. Francisco Pinheiro Guimarães, e finalmente a todos
9
os Srs. Conselheiros de Estado, Senadores e Deputados que dis-
pensarão a sua sympathia a favor da nossa causa tão injus-
temente profligada pelos Bispos de Pernambuco, do Pará e
outros.
Na mesma occasião foi presente ao Sap/. Gr/. Or/. um rico
mimo que os Wen/. das Off/. da Corte offertavão ao nosso
Sap/. Gr/. M.\ Gr/. Com/. Conselheiro Visconde do Rio Branco
em testemunho de profunda gratidão e prazer pelo feliz desenlace
da questão episcopo-maçonica, sendo nomeada pelo Sap/. uma
commissão composta dos 1111/. Ilr/. Wen/. das LLoj/. Perfeita
Amizade, Commercio e Artes e Asylo da Prudência para diri-
gir-se ao Sap/. Gr/. M.\ e lhe fazer entrega do mesmo mimo.
3.o Da 111/. Com/, de Benef/. julgando dever ser concedida
a beneficência de 200^000 ao Ir.'. N.\, Obr/. das LLoj/. Espe-
rança e Amizade Fraternal.
4.° Da Com/, de Finanças julgando no caso de ser approvado
o balanço e contas do 111/. Ir/. Hospit.'.
5.o Da mesma 111/. Com/, julgando dever ser approvado o
balanço e contas da Gr/. Thes/. Geral pertencentes ao 4.° tri-
mestre de 5872, o qual apresenta a receita de 25:917#560, a
despeza de 11:9728460 e o saldo de 13:9453100.
<r 11

6.o Da 111/. Com/. Central em referencia á consulta do lll/.


— 501 -

ír-. Carreira de Seixas sobre a interpretação do Doer/, de 22


Dezembro de 1865. (Yiá. Decretos.)
de*
7/> Da mesma Com/, cm referencia á consulta da Aug/. Oíf/.
Fraternidade, ao Or/. de Santos, sobre filiandos livres. (Vicl.
Decretos.)
8.° Da mesma Com/, em referencia á consulta do 111/. Ir/.
Pereira Coruja sobre a interpretação do art. 349 da Const/.
(Vid. Decretos.)
9,o Da mesma Com.', em referencia á consulta da Aug/. Oíf/.
Commercio e Artes sobre a passagem dos membros honorários
e eflfectivos. (Vid. Decretos.)
10. Da mesma Com/, julgando dever ser approvada a con-
cessão do titulo, honras e prerogativas de Gr/. M/. Gr/, Com/.
Hon/. ao Pod/. e 111/. Ir/. Conselheiro Antônio José da Veiga, 33/.
11. Da mesma Com/, em referencia á consulta do 111/. Ir/.
Frederico José da Silva Povoas, Obr.\ da Aug/. Loj/. Acácia
Rio-Grandense, declarando que o maçon de maior gráo é o mais
antigo em idade maçonica, e que ao Ven/. eleito é absolutamente
indispensável o achar-se collado no Gr/. 18, não assim os VVig.*.
que basto possuírem o Gr/. 3, embora tenhão de presidir a tra-
balhos da Off/.
12. Da mesma Com/, em referencia á proposta para a con-
cessão do titulo e honras cie membro honorário do Sap.\ Gr/.
Or/. aos maçons que tiverão assento no mesmo no anno de
5872, aos VVen/. das AAugv. LLoj/. das províncias, aos
RRepres/. das PPot/. MMaç/. estrangeiras e aos SSob/. GGr/.
IInsp/. GGer/. 33/., devendo os Ilr/. agraciados tirarem as
respectivas cartas até o fim do corrente anno.
O Gr/. Or/. mandou archivar o parecer da Com/, de Benef/.
sobre o pedido do Ir/, Joaquim Ângelo Guimarães, visto ter fal-
lecido o peticionario.
E finalmente adiar para a próxima sessão o parecer da Com/.
Central em referencia á concessão do titulo de membro honora-
rio do Gr/. Or/. a alguns OObr/. da Aug/. Loj/. Cap/. Pro-
gresso.
O Gr/. Or/. mandou remetter ao Sap/. Gr/. M.\ Gr/. Com.-,
da Ordem, afim de se dignar despachar as petições de benefi-
cencia apresentadas pelos Ilr/. N.„. da Off/. Imparcialidade e
N.... da Off/. Pedro II.
— 502 —

Igualmente foi remettida á 111.'. Com/, de Corr/. estrangeira


a prancha e documentos que nos enviara o 111.*. Ir/. Secret:.
do Supr/. Cons/. Argentino em referencia á dissenção havida no
seio do mesmo Supr/. Conselho, afim de que a Com.-., estudando
a questão, emitta o seu parecer.
A pedido do 111.'. Ir.'. Sabroza circulou um tronco especial em
favor do Ir/. N.\, Obr/. da Loj/. Oap7. Pedro II, cujo produeto
foi immediatamente entregue ao dito Ir.', necessitado.
— 503

Grande Loja Central,


SESSÃO N. 221 DE 14 DE JUNHO DE 1873.
a)

I
presidência do Rcspr. c Ill.\ Ir.\ 33.\ JW Maria Pereira.
Acliando-se presentes 157 membros, foi aberta a sessão, lida
e approvada a acta da sessão anterior.
Auprovárao-se as eleições parciaes das AAug/. LLoj/. União
e Constância, Commercio, do Sub/. Cap/. União c Constância, e
as ^eraes para o presente anno maçon/. 5873 dos SSub/. CCap/.
Santa Fé e Virtude e Bondade.
Approvou-se a installaçao, filiação e regularisação da Loj/.
Prov/. Goytacaz, ao Or/. do Campos, dependendo, porém, da
saneção do muito Pod/. Sup/. Cons/.
Sanccionárão-se as elevações ao grão 18, conferidas a diversos
de seus OObr/. do gráo 17, pelos SSub/. CCap/. Grêmio Phi-
lantropico, Santa Fé, Industria e Caridade, Acácia Rio-Grandense
e Luz e Ordem.
Sanccionou-se o acto de filiação livre, conferido pela Aug/.
Loj.-. Grêmio Philantropico, ao seu Obr/. o Resp.-. Ir/, do gráo
31 José Soares Porto.
Adiárão-se os p.areceres da 111.-. Com/. Cent/. em referencia
ás consultas feitas pelo Sub/. Cap/. Dous de Dezembro e pelo
Resp/. Ir/. F. M. Bastos.
Adiou-se o pedido feito pela Aug/. Loj/. Estrella do Rio, em
referencia á saneção do acto de filiando livre, conferido a um
de seus OObr/.
Resolveu-se:
Não sanecionar o acto de filiação livre, conferido pela Aug/.
Loj.-. Fidelidade e Firmeza, ao Resp/. Ir.". Dr. J. T. de Lima,
avista do disposto no § 2o do art. 180 da Const/.
Conceder ao Resp/." Ir/. Io Vig/. da Aug/. Loj/. Pedro Se-
gundo a represental-a durante a ausência do seu Ven/., depen-
dendo, porém, tal concessão da saneção do Sap/. Gr:. Or/.
Fazer, sentir ao Sub/. Cap/. Progresso que deve remetter a
cópia do acto eleitoral de seu Athir/.
Submetter ao Sap/. Gr/. Or/. os pareceres da 111/. Com/.
Cent/., em referencia á verdadeira interpretação dos artigos le-
11
— 504 —

que versão sobre filiandos livres, c o das 11.11.'. CConv.


gislativos
de beneficência e finanças, sobre a beneficência concedida a 1).
R, M. Ferreira.
Indeferir o requerimento do maçon M. C. da Fonseca.
Concordar com o 111.'. Ir.'. 33.'., Deleg.'. ao Or.'. de Maceió,
sobre a expulsão de nosso Circ. dos maçons F. A. Brauna e M.
J. de A. F. Filho.
Receber com especial agrado a commumcação da Augv. Loj;.
Firmeza e Humanidade, ao Or.'. do Recife, protestando sua firme
adhesão ao nosso Gr.*. Corpo.
Ficar inteirada das seguintes communicações:
1.» De terem as AAugv. LLoj.\ Concórdia do Uruguay, Amor
ao Trabalho, Confratemidade Maçonica, Industria e Caridade, e
os SSub.'. CCap.*. Reunião Beneficente, Grêmio Philantropico,
Pedro Segundo e Industria e Caridade, empossado seus DDig.*.
e OOff.*.
2.» De terem-se empossado nos respectivos cargos os RResp.\
Ilr.*. 2» Vig/. e Thes.'. da Augv. Loj.'. Pedro Segundo.
Forão juramentados e tomarão assento na Gr.'. Loj.'. Cemv.
os RResp.'. Ilr.'. José Pinto Bessa e Francisco José Rodrigues,
este como Dep.*., e aquelle como Rep.'. da Aug.'. Loj.'. Industria
e Caridade; José Maria da Silva Guimarães e José Antônio de
Oliveira Moraes, este como Dep.'., e aquelle como Rep.'. do
Sub.'. Cap.'. da dita Augv. Loj.'.; Manoel da Silva Costa Júnior
e José Ribeiro Sarmento Júnior, este como Dep.'., e aquelle como
Rep.'. da Aug.*. Loj.*. União e Constância; Gaspar dos Santos
Castro e Francisco Antônio Teixeira de Carvalho, este na quali-
dade de Dep.*., e aquelle na de Rep.'. do Sub.'. Cap.'. da citada
Aug.*. Loj.*.; Manoel Ribeiro Pinto Rangel e Lauriano José Dias,
este como Dep.*., e aquelle como Athirs.'. do Sub.'. Cap.'. Dous
de Dezembro; Antônio de Oliveira Alves, como Dep.*. do Sub.'.
Cap.*. Reunião Beneficente, e Antônio Álvaro Barboza, como
Athirs.*. do dito Subi*. Cap.*.; Cândido Alves da Silva Porto e
Antônio José da Silva, como DDep.\ das AAug.'. LLoj.'., este
da Acácia e aquelle da Esperança,
Forão ainda juramentados e tomarão assento na Gr/. Loj/.
Centr/. como seus membros natos vários II11/. Ilr/. encartados
no gráo de Gr/. El/. Kad/. Subi/.
50."

Gr/. Cap/. Noachita.


SESSÃO N. 1 DE INSTALLAÇÃO EM 7 DE JUNHO DE 1873.

Presidência do Ill.\ Ir.\ Antônio Alvares Pereira Coruja, Repres.\


Partw do Gr.\ M.\ c Vcn.\ de Honra do G/v. Cap.\ Noackita.
Estando presentes 66 RResp.f. Ilr.-. CCav.-. Noach.-., mem-
bros das AAug.-. LLoj.-. do Rit.-. Adonh.-. Asylo da Prudência.
Alliança e Redempção, foi aberta a sessão.
Lido o decreto do Sap.-. Gr.-. Or.-. do Brazil, de 24 de Abril
ultimo, creando a Gr.-. Officina Noachita, o Sap.-. declarou-a
competentemente installada, nomeando a administração provisória
e designando a primeira sessão econômica para a eleição da
administração do Or/. Cap/. Noach/.
Passando-se ao expediente, resolveu receber com muito espe-
ciai agrado a eommunicação do 111.-. Ir.-. Delegv. ao Or.-. de
Maceió em referencia á adhesão da Aug.-. Loj.-. Perfeita Amizade
Alagoana sanecionando todos os seus actos.

Wv
506

EXPEDIENTE
..*•

A Grande Secretaria Geral da Ordem, ao Valle do Lavradio


n. 53 K, acha-se aberta diariamente, das 9 ás 2 horas.

todos os
O Sob •• Gr/. M.\ Gr.*. Com/, da Ordem despacha ÍK
serem entregues na
dias, devendo as petições ou requerimentos
p;
Gr.*. Secret/. Geiv. ______ -,.
:;

• • attende a todos os Maçons I


O Gr Secret Ger/. da Ordem m
na Gr.'. Secret.-. Ger.'., á 1 hora da tarde de
que o procurarem WM
todos os dias úteis.
úiw*-
-:-
V

as noticias ou informações que tenhão de ser publica- _fê_


Todas
Boletim Official devem ser dirigidas ao Redactor em TiAiS

das no
chefe, rua do Lavradio n. 53 K. M

ü
«_^f,¥^
_P_

uous cnvoyons
mus inions tous les .édacteurs aquela ^
loui»
blen nous remetlrc en echange rcsul.ercncnl
_r„|fe«« de vulolr
n 53 K.
Adrcsse du Secretariai : - Rua do Lavradio
Rio de Janeiro. — Rrésü.
ssa

—^.ílj^^^^^-^^-^

U X O^AA/VWVV/VAAAi^AAA/N

Typ. do Grande Oriente, ao Valle do Lavradio 53 K


¦i~

Você também pode gostar