Anticoncepcao No Período Puerperal Lilian
Anticoncepcao No Período Puerperal Lilian
Anticoncepcao No Período Puerperal Lilian
No puerpério não é necessário aguardar que a mulher volte a menstruar para que inicie o uso de um método contraceptivo. O
retorno da ovulação é variável, sendo imprevisível o regresso da fertilidade. Cabe avaliar com a puérpera as opções de métodos
disponíveis, incentivar a manutenção do aleitamento materno exclusivo, por no mínimo seis meses e promover ações de educação
em saúde e orientação aos casais.(1-3) As indicações para o uso do método variam de acordo com o fato da mulher estar ou não
amamentando e o tempo dec
Os métodos de anticoncepção hormonal são aqueles que utilizam drogas similares aos esteroides ovarianos para promover
modificações na fisiologia feminina com o objetivo de impedir a fecundação. Entre os métodos hormonais, alguns apresentam
apenas progestagênios na sua composição e são classificados de acordo com sua origem e seu tipo de via de administração
Métodos de anticoncepção hormonal são aqueles que utilizam drogas similares aos esteroides ovarianos para promover
modificações na fisiologia feminina com o objetivo de impedir a fecundação. Entre os métodos hormonais, alguns apresentam
apenas progestagênios na sua composição e são classificados de acordo com sua origem e seu tipo de via de administração
(Quadros 1 e 2)
Os métodos disponíveis são:
o injetável trimestral (acetato de medroxiprogesterona de depósito – AMPD) para ser administrado por via intramuscular,
a cada três meses,
o implante de etonogestrel para utilização por via subcutânea, por três anos, e
Anticoncepção de emergência, que é comercialmente liberada, também contém apenas progestagênio, o levonorgestrel.
O principal mecanismo de ação é a inibição da ovulação resultante do bloqueio na liberação cíclica das gonadotrofinas pela
hipófise, impedindo o pico pré-ovulatório do hormônio luteinizante (LH)
A utilização dos métodos como o injetável trimestral, o implante e as pílulas apenas de progestagênio (POP) são capazes de
suprimir a ovulação em algumas usuárias. Além disso, atuam no endométrio, causando, ao longo do tempo, atrofia e redução
de vascularização, o que contribui para aumentar sua eficácia. Também, exerce transformação no muco cervical, que passa a ser
“hostil” à espermomigração, dificultando a ascensão dos espermatozoides e, ainda, reduzindo a motilidade tubária.
DIU de levonogestrel: sua principal ação é local, endometrial, causando atrofia e modificações vasculares. Também, atua no muco
cervical, mas tem pouco efeito sobre o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, dessa forma, a maioria das mulheres ovula. A taxa de
inibição de ovulação é inferior a 25%.
Eficacia
A depende do progestagênio utilizado, de sua dose e da via de administração. Entre os métodos, o implante é o que apresenta
maior eficácia, com taxas de falha (0,05) menores do que as observadas na esterilização feminina (0,5) ou masculina (0,15).
O sistema intrauterino com levonorgestrel, também, é considerado método de alta eficácia, atingindo valores de 0,2 para cada
100 usuárias/ano
A utilização de progestagênio de forma isolada é ampla e apresenta poucas contraindicações, podendo ser indicada para qualquer
faixa etária durante o menacme, da menarca (na adolescência) a menopausa (no climatério), em nulíparas ou multíparas. Pode ser
utilizado em mulheres em situações especiais como no pós- -parto ‒ que estejam ou não amamentando ‒ e após abortamento.
Também é indicado para as pacientes que apresentam contraindicações para o uso de estrogênio devido à presença de algumas
doenças:
hipertensão arterial,
diabetes,
cardiopatia,
doenças vasculares,
reumatológicas e outras.
Para a maioria das mulheres, as contraindicações dos métodos que contêm apenas progestagênio são semelhantes, as
diferenças ocorrem principalmente nas condições cardiovasculares, em que o uso do injetável trimestral deve ser
evitado (cat 3, quando o risco de uso é maior que o benefício).
Eventos adversos
Todas as mulheres que usam métodos contendo apenas progestagênio necessitam ser informadas sobre a possibilidade de ocorrer:
Nessas usuárias as alterações do padrão de sangramento são avaliadas por 90 dias e classificadas em :
A insatisfação com o padrão de sangramento é referida como um dos principais motivos para a descontinuação desses métodos.
cefaleia,
tontura,
queda de cabelo e
Beneficios e riscos
Um benefício não contraceptivo é a redução ou ausência de sangramento, que pode ocorrer em várias usuárias independentemente
do método escolhido (30% a 80%) (Quadro 3). Alguns estudos referem melhora de sintomatologia perimenstrual ‒ como
dismenorreia e cefaleia e das dores em usuárias com endometriose. A literatura descreve alguns benefícios específicos para
determinados métodos, como a redução de dor nas crises de anemia falciforme para o injetável trimestral, e indica o uso do
sistema intrauterino de levonorgestrel (SIU-LNG) como tratamento para mulheres com sangramento uterino aumentado,
hiperplasia endometrial e endometriose.A literatura refere redução de câncer de ovário e endométrio para suas usuárias
A utilização de métodos apenas com progestagênio não aumenta o risco de doenças cardiovasculares como acidente
vascular cerebral, infarto do miocárdio ou trombose venosa, bem como não altera os exames em relação à hemostasia .
(19,20) O uso de AMPD foi associado à perda de massa óssea, provavelmente, devido à menor produção de estrogênio ovariano
resultante da supressão da secreção de gonadotrofina. Os dados sobre o seu uso e o risco de fratura ainda são limitados e derivam
apenas de estudos de casos e controles.(21) Alguns trabalhos sugerem que a redução da massa óssea associada à administração do
AMPD é parcialmente reversível após a interrupção do tratamento, mas ainda não é claro se as mulheres adultas retornam aos
valores basais de densidade de massa óssea e se as adolescentes atingem o pico da massa óssea após a interrupção do método.(21)
Nas pacientes que desejam utilizar esse método por tempo prolongado (mais de dois anos), os riscos e os benefícios necessitam
ser discutidos.
Anticoncepcional oral
O anticoncepcional hormonal oral que apresenta apenas o componente progestagênico pode ser constituído de levonorgestrel,
desogestrel, noretisterona ou linistrenol
. O contraceptivo com desogestrel (75 mcg) apresenta maior eficácia quando comparado aos outros progestagênios, semelhante à
obtida com o uso dos hormonais combinados. Os anticoncepcionais orais contendo apenas progestagênio são de uso contínuo, sem
interrupção entre as cartelas, com tomada de um comprimido por dia.
Todas as usuárias necessitam ser informadas sobre o padrão de sangramento.P acientes na presença de sangramento irregular
como o uso de estrogênios, anticoncepção hormonal combinada oral, progestagênio (alterar o tipo ou aumentar a
dose), anti-inflamatório, vitaminas e outros.(23) Deve-se ressaltar, ainda, que, diante de padrão de sangramento
irregular, é imprescindível uma adequada investigação clínica com o intuito de afastar condições que possam estar
associadas. As causas mais frequentes são infecções genitais, doenças do colo uterino, uso de medicações que possam
interferir na metabolização dos contraceptivos, tabagismo e distúrbios gastrointestinais. Em usuárias com sangramento
persistente, após avaliação ginecológica, o método deve ser descontinuado.
Implante
Implanon com etonogestrel. Trata-se de um anticoncepcional de progestagênio constituído de uma haste de 40 mm por
2 mm (formada por vinil acetato de etileno), que contém 68 mg de etonogestrel (derivado do desogestrel), que deverá
ser colocado subdermicamente na região interna do braço das mulheres. O etonogestrel é liberado lentamente desde
sua inserção, inicialmente, com doses de 60 a 70 mcg/dia até 25 a 30 mcg/dia, no término do terceiro ano. Todos esses
valores são acima dos considerados adequados para inibição da ovulação.(25) O implante apresenta efeito logo após
sua inserção e foi elaborado para ser utilizado por três anos, devendo ser retirado após esse período.
O implante pode ser inserido em qualquer momento, desde que se tenha certeza de que a mulher não está grávida.(26)
A incidência de complicações na inserção como o desconforto, edema, hematoma, infecção local, quebra e inserção
profunda (no músculo) ou em local inadequado (axila) costuma ser baixa (1%-2,9%) (Quadro 4).(26)
Orientacoes:
As pacientes precisam ser orientadas que, caso não palpem o implante ou observem alteração de sua posição, ou
comecem a ter dor, inchaço, vermelhidão ou secreção no local, devem buscar orientação médica.(26,27) Há a
necessidade de informar que a eficácia desse anticoncepcional pode ser reduzida na utilização de alguns
medicamentos como antibióticos (rifampicina) e anticonvulsivantes. O uso de método de barreira deve ser indicado. Mais
recentemente, alguns estudos relatam que, nos últimos anos de uso do implante, mulheres com sobrepeso ou obesas podem
apresentar maior risco de falha do método, pois as concentrações séricas de progestagênio estão inversamente relacionadas ao
peso corporal e diminuem com o tempo após a inserção. Por isso, o método deve ser substituído em um prazo menor
O SIU-LNG consiste de um pequeno dispositivo (32 mm) em forma de “T” que é inserido dentro do útero e que contém um
reservatório com levonorgestrel (52 mg) ao redor da haste vertical (Quadro 2).
INDICAÇÃO
Pode ser utilizado em qualquer faixa etária da menarca à menopausa, independentemente da paridade
endometrial,
mioma submucoso ou
alguma malformação uterina (septo, útero bicorno) com distorção da cavidade, estenose cervical,
A inserção pode ser feita em qualquer momento do ciclo menstrual, desde que se tenha certeza de que a mulher não
esteja grávida. Há uma preferência para a inserção no período de sangramento, pois afasta gravidez e facilita a
colocação do método.(27) Rotineiramente, não há necessidade de prescrição de antibiótico para profilaxia de
doença inflamatória pélvica, mesmo em mulheres em que o risco de endocardite estiver aumentado.
As mulheres necessitam ser avaliadas cerca de quatro a seis semanas após a inserção e devem ser informadas sobre as
queixas mais comuns. Como algumas usuárias não retornam para o seguimento, é interessante ensiná- -las a sentir o
fio na vagina e, em caso de não o achar, devem procurar orientação médica. O uso de absorvente interno ou de coletor
parece não aumentar o risco de expulsão. Não há evidências de que o uso de placas vibratórias (para exercícios ou
estética) aumente o risco de expulsão do método pelo estímulo à contração uterina, mas deve ser evitado nas primeiras
semanas após inserção.
Anticoncepcao de emergência
definida como um método que oferece às mulheres uma maneira não arriscada de prevenir uma gravidez não
planejada até 120 horas da relação sexual
As opções atuais são seguras e bem-toleradas. Entre os métodos hormonais, são indicados os que contêm
etinilestradiol e levonorgestrel (método Yuzpe), levonorgestrel, acetato de ulipristal e, menos frequentemente,
mifepristona ou o uso do dispositivo intrauterino de cobre. No Brasil, os métodos liberados para uso de AE são:
os hormonais combinados e
Mecanismo de acao
O mecanismo de ação dos métodos para a AE não é completamente elucidado; de modo geral, age impedindo ou
atrasando a ovulação. Também altera os níveis hormonais, interferindo no desenvolvimento folicular e na maturação
do corpo lúteo e inibindo a fertilização
Mecanismo preciso de ação do DIU de cobre é desconhecido, todavia os efeitos pré-fertilizantes são proeminentes, em
que o cobre interfere com o sêmen e com o óvulo. Além disso, a presença de um corpo estranho induz uma resposta
inflamatória crônica, levando à liberação de citocina e integrina, que causam efeito inibitório da implantação, mesmo
que a fertilização ocorra. Esse mecanismo não é completamente compreendido, e esses efeitos costumam ocorrer antes
que o embrião se implante no útero até 24 horas do ato sexual.
A eficácia AE diminui significativamente com o atraso na administração após a relação sexual desprotegida.
Indicacoes e contraindicacoes
A AE deve ser indicada para mulheres após relação sexual desprotegida e em outras situações, conforme exposto no
quadro 6. (34) E não há contraindicações médicas absolutas para o uso de AE.(6) As usuárias devem ser informadas
de que a utilização concomitante de drogas indutoras de enzimas CYP3A4 (como barbitúricos, carbamazepina,
felbamato, griseofulvina, oxcarbazepina, fenitoína, rifampicina, erva-de-são-joão e topiramato) interfere diminuindo a
sua eficácia.(6) Evidências recentes indicam que ocorre uma menor eficácia da AE em mulheres com sobrepeso
[índice de massa corporal (IMC) entre 25 e 29,9 kg/m²] e principalmente nas obesas (IMC > 30 kg/m²).(35) As
recomendações atuais orientam que a AE deve continuar a ser utilizada em mulheres de todos os pesos, porque os
benefícios superam os riscos.
Eventos adversos Os eventos adversos são relativamente leves e podem incluir náuseas, vômitos, cefaleia, tontura e
alteração de sangramento.
Inicio de método regular A contracepção hormonal pode ser iniciada imediatamente após o uso de AE com
levonorgestrel. Se houver a necessidade de um novo uso subsequente de AE, a mulher deve ser orientada a usar
novamente o levonorgestrel em dose única, mas precisa ser informada da redução da eficácia
Os métodos atualmente estão agrupados de acordo com sua efetividade e não mais em função do tipo de contracepção.
Os considerados de primeira linha são aqueles mais efetivos e caracterizados pela facilidade de uso (Fig. 5-1).
Entre os métodos de primeira linha estão dispositivos intrauterinos, implantes contraceptivos e diversos métodos de
esterilização feminina e masculina.
Os métodos de segunda linha incluem contraceptivos hormonais sistêmicos disponíveis em comprimidos orais, injeção
intramuscular, adesivos transdérmicos ou anéis transvaginais
Os métodos de terceira linha incluem métodos de barreira para homens e mulheres, assim como métodos de
consciência corporal, como as tabelas com base no ciclo menstrual
Entre os métodos de quarta linha estão as formulações espermicidas, com taxa de insucesso entre 21 e 30% no
primeiro ano de uso. O coito interrompido é tão imprevisível que al- guns autores concluíram que não faz parte dos
métodos contraceptivos
A Organização Mundial da Saúde (2010) publicou orientações com base em evidências para o uso de todos os
métodos contraceptivos reversíveis altamente efetivos, por mulheres, con- siderando os diversos fatores relacionados
com a saúde. Essas diretrizes preveem o uso em cada país que, por sua vez, deve desenvolver recomendações
específicas às suas circunstâncias. Para um dado estado de saúde, cada um desses métodos é ranqueado ou
categorizado (1 a 4) em função do perfil de segurança para as mulheres com esse estado de saúde
É um método indicado para evitar uma gravidez indesejada após uma relação sexual desprotegida. Pode ser usada nas
seguintes situações:
relação sexual sem uso de nenhum método anticoncepcional;
rompimento da camisinha;
em caso de deslocamento do diafragma ou retirada antes de seis horas após a última relação sexual;
→A pílula anticoncepcional de emergência não deve ser usada como método anticoncepcional de rotina, ou seja,
substituindo um outro método anticoncepcional. Deve ser usada apenas em situações emergenciais, porque a dose de
hormônios é grande.
→A pílula anticoncepcional de emergência não é abortiva. Deve ser usada, no máximo, até cinco dias após a relação
sexual desprotegida, tomando-se os dois comprimidos de uma só vez ou em duas doses (a primeira dose até cinco dias
após a relação sexual e a segunda doze horas após a primeira).
Quanto mais rápido a pílula for usada, maior a sua eficácia para evitar uma gravidez indesejada. A contracepção de
emergência deve ser utilizada quando o método anticoncepcional corrente apresenta falha, como ruptura do
preservativo ou esquecimento de pílulas contraceptivas. Esse método pode ser utilizado com segurança nesse grupo e,
apesar de não haver nenhuma contraindicação ou redução de eficácia no uso repetido, esse fato indica que a paciente
necessita instituir(estabelecer) método contraceptivo regular.
O método mais eficaz disponível é o que utiliza levonorgestrel e consiste na tomada de dois comprimidos de 0,75 mg,
com intervalo de 12 horas entre eles, ou em dose única.
O regime de Yuzpe é outra opção, mas apresenta mais efeitos colaterais do que o levonorgestrel isolado. A
contracepção emergencial deve ser iniciada assim que possível, sendo considerada efetiva se iniciada idealmente em
72 horas ou até, no máximo, 120 horas do coito desprotegido. A eficácia contraceptiva é inversamente proporcional ao
tempo de início: 90% nas primeiras 24 horas, diminuindo para 75% em 72 horas. Outra alternativa é a inserção de
DIU de cobre até o quinto dia do coito sem contracepção.
A anticoncepção de emergência (AE) é definida como a utilização de um fármaco ou dispositivo para evitar a gravidez
após uma atividade sexual desprotegida. Deve ser indicada em situações especiais, como em casos de violência
sexual, relação sexual desprotegida, erro de uso ou falha de outros métodos (Tabela 2). Todas as adolescentes
necessitam receber informação sobre AE. Atualmente, recomenda-se o uso de pílula com progestágeno, contendo 1,5
mg de levonorgestrel em dose única. A prescrição e o uso desse método são aprovados pelo Ministério da Saúde.
Métodos comportamentais
Tabelinha- Método de Ogino-Knaus (ritmo, calendário ou tabelinha)
Consiste no casal se abster do coito vaginal entre o primeiro e o último dia fértil, calculado pelo método estatístico de
probabilidade de Ogino-Knaus. Em países distintos, os pesquisadores Kyusaku Ogino (no Japão) e Hermann Knauss
(na Áustria), no início do século passado (1920), demonstraram que a ovulação ocorria entre as menstruações, e não
durante elas, e seria o único período em que as mulheres poderiam conceber. Já nos primeiros estudos, ambos,
independentemente, mostraram que a fase pós-ovulatória (fase secretora) era mais constante que a fase que antecedia a
ovulação (fase proliferativa). Ogino acreditava que o período fértil teria duração de oito dias, enquanto Knauss
estimava em cinco dias, porém Hartman (1962), após estudos, concluiu ser melhor considerar o período de Ogino, em
que a ovulação ocorre entre 12 e 16 dias antes da próxima menstruação, definindo ainda como tempo de sobrevida
para o espermatozoide o período de 12 a 24 horas.
Hoje em dia, tem-se demonstrado permanência dos espermatozoides por 24 horas no trato genital feminino, e alguns
mantiveram a capacidade de fecundar o óvulo após três dias Para estabelecer o período de fertilidade, a mulher deve
registrar o número de dias de cada ciclo menstrual durante pelo menos seis meses, tendo conhecimento de que: a
ovulação ocorre 12 a 16 dias antes da menstruação; o ciclo menstrual normalmente tem duração de 25 a 35 dias, sendo
padrão o ciclo de 28 dias; o espermatozoide pode permanecer no trato genital feminino por 24 horas, com capacidade
de fertilizar o óvulo, e em algumas situações por até 72 horas; o óvulo permanece no trato genital feminino em
condições de ser fertilizado, salvo exceções, por 24 horas (um dia) (Trussell et al., 2008). Dessa forma, é possível
estabelecer o período fértil de uma mulher de forma segura e consistente (Figura 68.2).
→Do ponto de vista prático, existe uma regra para os ciclos bem regulares: o primeiro dia do período fértil é calculado
subtraindo-se 18 do número de dias de duração do ciclo, considerando que 18=16 (primeiro dia em que pode ocorrer a
ovulação) mais dois ou três (número de dias em que o espermatozoide pode permanecer viável); o último dia do
período fértil é calculado subtraindo-se 11 dias do número de dias de duração do ciclo menstrual, considerando que
11=12 (último dia em que pode ocorrer a ovulação) menos um (número de dias em que o óvulo permanece viável após
a ovulação).
→Quando a mulher apresenta ciclos variáveis, uns mais curtos e outros mais longos, calcula-se o primeiro dia do
período fértil subtraindo-se 18 do número de dias do ciclo mais curto. O cálculo do último dia do período fértil é
realizado subtraindo-se 11 do número de dias do ciclo mais longo.
→Existe método de calendário simplificado que pontua num ciclo de 26 a 32 dias, como período fértil, 12 dias entre o
8o e o 19o dia
Amenorreia da lactação
Aproximadamente 20% das mulhe- res que amamentam ovulam em torno do terceiro mês de pós-parto. A ovulação
frequentemente precede a menstrua- ção e essas mulheres correm risco de gravidez não planejada. Para as mulheres
que amamentam de forma intermitente deve-se iniciar contracepção efetiva como se não estivessem amamentando.
Além disso, a contracepção é essencial após primeira menstruação, a não ser que se esteja planejando nova gravidez.
Dos métodos disponíveis, o dispositivo intrauterino de cobre em lactantes está na categoria 1 ou 2, ou seja, as vanta-
gens consistentemente superam os riscos. Considerando que os contraceptivos orais contendo apenas progestogênio
têm pouco efeito sobre a lactação, eles são preferidos por alguns para serem usados por até seis meses nas mulheres
que estejam praticando aleitamento materno exclusivo. De acordo com a American Academy of Pediatrics e com o
American College of Obstetricians and Gynecologists (2007), a contracepção apenas com progestogênio pode ser
iniciada com seis semanas de pós-parto para aquelas que estejam praticando aleitamentmaterno exclusivo, ou com tre ̂s
semanas, caso o aleitamento não seja exclusivo.
As preocupações acerca do uso de contraceptivos orais durante aleitamento estão baseadas em possibilidades teóricas
e biologicamente plausíveis – mas não comprovadas – de que os progestogênios sistêmicos interfeririam com a
produção de leite. É importante ressaltar que os contraceptivos hormonais não parecem afetar a qualidade do leite
materno. Quantida- des mínimas dos hormônios são excretadas no leite materno, mas não há relatos de efeitos
adversos nos lactentes
Os estudos confirmaram que as mulheres que amamentam exclusivamente são menos propensas a experimentar uma
ovulação normal antes do primeiro sangramento menstrual do que as mulheres que amamentam em tempo parcial ou
não amamentam seus bebês. Diferentes mães amamentando começarão a menstruar em diferentes momentos após o
parto. Para algumas mães que amamentam, seu período retorna tão cedo quanto algumas semanas após o parto e para
outras, pode demorar anos. O tempo durante o qual a amamentação suprime a menstruação e a fertilidade é chamado
de amenorreia lactacional (Vekemans, 1997).
O método age dificultando a ovulação, porque o aleitamento produz alterações na liberação hormonal por
desorganização do eixo hipotálamo-hipófise-ovário. A sucção frequente por parte do lactente envia impulsos nervosos
ao hipotálamo, alterando a produção hormonal, o que leva à anovulação.
A amamentação exclusiva como método de planejamento familiar, além das vantagens nutrizes para o bebê, tem como
benefícios poder ser usada imediatamente após o parto, não ter custos diretos, não requerer o uso de medicamentos,
não ter efeito secundário por hormônios ao binômio materno-fetal e possibilitar que o casal tenha um tempo para
discutir o planejamento após a parada da lactação
Todas as nutrizes podem optar pelo método de forma segura e eficaz, mesmo as tabagistas, jovens ou de mais idade,
gordas ou magras, com intercorrências clínicas como: doenças benignas da mama, cefaleia, hipertensão,
tireoidopatias, varizes, doenças da vesícula biliar e hepatopatias, fibromas uterinos, diabetes e outras patologias que
muitas vezes têm contraindicação de métodos não comportamentais.
Entretanto, na presença dos fatores listados na Figura 68.4, outro método deve ser combinado ao método da
amenorreia lactacional.
Método do muco cervical (Billings)
Consiste no casal se abster do coito vaginal durante o período em que o muco cervical observado permaneça filante.
O monitoramento do muco cervical é o fundamento para o método e depende de conhecimento prévio de suas
características físico-químicas, que estão sujeitas ao estímulo hormonal. A estimulação estrogênica crescente na
primeira fase do ciclo faz com que o muco cervical sofra mudança conforme se aproxima do período ovulatório,
tornando-se abundante, aquoso, semelhante à clara de ovo, e filante, propriedade essa que pode ser observada na
realização do exame ginecológico, quando o muco cervical é colocado entre “dois braços” da pinça Cheron, e a
filância pode chegar a 10 cm. Do ponto de vista prático, pode ter como fator limitador a necessidade de a mulher ter
que introduzir dois dedos na vagina para avaliar a característica do muco e observar a filância, o que para muitas
mulheres é limitante pela dificuldade que elas têm de manipular os genitais.
Essa característica do muco é um agente facilitador para a ascensão dos espermatozoides. O modelo Creighton
(Knauss, 1952) é uma modificação padronizada do método de ovulação Billings, em que a mulher deve observar as
secreções vaginais toda vez que vai ao banheiro e anotar numa planilha para identificar as mudanças do padrão do
muco de acordo com o período do ciclo, para definir o período de atividade sexual
Único método