Apostila Curso Vapor-Cogeração
Apostila Curso Vapor-Cogeração
Apostila Curso Vapor-Cogeração
Palestrante:
Engº Reynaldo Lagonera Quinto
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Índice
Pagina
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3
2 EMBASAMENTO TEÓRICO....................................................................... 3
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1
INTRODUÇÃO
Já foi pensamento comum, no passado, que o termo cogeração significava a operação
em paralelo do sistema de um autoprodutor com a rede elétrica da concessionária.
Cogeração, conceito adotado internacionalmente e definido pela ABNT como o uso de
uma fonte energética única (normalmente referenciada ao combustível) para produzir
duas formas diferentes de energia - energia elétrica ou mecânica e energia térmica. A
maioria da literatura disponível sobre o assunto usa a definição “geração simultânea
de eletricidade e de calor”, o que não está errado, mas também não está
rigorosamente correto. Em primeiro lugar, nem sempre prevalece a combinação
eletricidade e calor, energia elétrica e energia térmica. Em alguns casos, a coligação
pode ser a energia mecânica com a energia térmica. Em segundo lugar, a geração de
energia não é efetuada de forma simultânea, mas de modo seqüencial. Portanto,
modificando-se a definição anterior de cogeração, teremos finalmente a seguinte
definição:
2
EMBASAMENTO TEÓRICO
A cogeração está alicerçada em princípios termodinâmicos. A termodinâmica, no seu
sentido mais amplo, é uma ciência que trata dos vários fenômenos de energia e das
propriedades relacionadas à matéria, especialmente no que concerne às leis das
transformações de calor para outras formas de energia, e vice versa. Na prática, a
engenharia termodinâmica se baseia nas transferências de energia através de fluidos
que transportam trabalho e que são utilizados em máquinas térmicas. Essas máquinas
podem ser projetadas para produzir trabalho através da queima de combustíveis ou da
transferência de calor.
Definições Básicas:
SISTEMA
É definido como uma porção do universo, seja um átomo, uma certa quantidade de
matéria ou um certo volume no espaço, que se deseja estudar. É uma região
circundada por fronteiras específicas, as quais podem ser imaginárias, estar em
movimento ou em repouso. Em termodinâmica, o termo SISTEMA identifica o objeto
da análise.
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SISTEMA FECHADO
É um sistema com quantidade fixa de matéria, sem adição ou diminuição de massa
com o meio exterior.
SISTEMA ABERTO
É o que envolve transferência de massa e energia com o meio exterior.
PROPRIEDADE
É a característica MACROSCÓPICA de um sistema, como MASSA, VOLUME,
ENERGIA, PRESSÃO E TEMPERATURA, que não depende do histórico deste
sistema. Uma determinada quantidade ou característica (massa, volume, temperatura,
etc.), é uma PROPRIEDADE somente se a mudança de seu valor entre dois estados é
independente do processo.
SUBSTÂNCIA PURA
É definida como aquela que possui uma composição química fixa. Não precisa ser um
elemento químico ou composto. Uma mistura de vários elementos pode ser uma
substância pura, desde que a mistura seja homogênea. O estado de equilíbrio dessas
substâncias é definido pelas suas propriedades.
Como exemplos de substâncias puras temos a água, o hélio e o dióxido de carbono.
ESTADO
É a condição do sistema descrita por suas propriedades. Como normalmente existem
relações entre as propriedades, o ESTADO pode ser caracterizado por um
subconjunto de propriedades. Todas as outras propriedades podem ser determinadas
em termos de subconjunto.
PROCESSO
É a mudança de estado da matéria, devido à modificação de uma ou mais
propriedades.
Processos básicos de mudança de estado da matéria:
Processo isocórico ou isométrico – o que se passa a volume constante;
Processo isobárico – o que se processa à pressão constante;
Processo isotérmico – o que ocorre à temperatura constante;
Processo adiabático – aquele que ocorre sem troca de calor com o ambiente;
Processo isentrópico – é o processo reversível e adiabático.
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ESTADO ESTACIONÁRIO
É aquele cujas propriedades são imutáveis em função do tempo.
CICLO TERMODINÂMICO
É definido como a seqüência de processos que começam e terminam em um mesmo
estado (exemplo: o vapor circulando num ciclo de potência).
Os ciclos dos processos reversíveis são chamados de ciclos ideais. Os ciclos reais
são, porém, formados por processos irreversíveis.
ENERGIA INTERNA, U
É a soma das energias cinética e potencial de um corpo ou de uma substância. È a
energia armazenada dentro de um corpo, em virtude da atividade e configuração de
suas moléculas e das vibrações dentro dessas moléculas.
CALOR, Q
Podemos definir como a energia em trânsito que passa de um corpo ou de sistema
para um outro, unicamente por causa da diferença de temperatura entre os corpos ou
sistemas. Representa a parte da energia interna transferida num processo
termodinâmico (recebida ou rejeitada por um corpo).
Para processos reversíveis usando vapor num sistema estático (sem fluxo), o calor
terá as seguintes expressões:
TRABALHO, W
É a energia em trânsito que atravessa as fronteiras de um sistema e pode se
manifestar com o efeito único de levantamento ou deslocamento de um peso. O
TRABALHO é parte também da energia interna transmitida num processo
termodinâmico. Distingue-se do calor no sentido de que a transferência de energia é
acompanhada por um movimento visível do corpo ou, às vezes, por uma mudança de
volume. Há duas formas de transferência de trabalho:
1) Transferência por deslocamento (exemplo: movimento do êmbolo de um pistão);
Para uma relação contínua e reversível entre as propriedades p (pressão) de uma
substância e V (volume) a expressão do trabalho transferido é:
2
W = ∫ p dV
1
2
Para um processo a volume constante: W = ∫ p dV = 0
1
5
2
Para um processo `a pressão constante: W = ∫
1
p dV = p (V2 – V1)
2
k p1V1 − p2V2
Para um processo adiabático (pv = c) : W = ∫
1
p dV =
k −1
ENTALPIA (Símbolo H)
A propriedade definida pela soma da Energia Interna (U) e do produto pV (Pressão e
Volume) é denominada entalpia. É a energia total de uma corrente gasosa ou líquida
composta pela energia interna U e o trabalho de deslocamento pV.
H = U + pV (kcal)
ENTROPIA (Símbolo S)
O termo entropia foi introduzido pela primeira vez em 1865 por um físico alemão
Clausius. É uma propriedade de um sistema tal como pressão e temperatura.
Para um sistema termodinâmico fechado, é uma medida quantitativa da energia
indisponível para realizar trabalho. É uma propriedade do sistema que varia
diretamente com a transferência reversível do calor e inversamente com a temperatura
absoluta em que a mudança se deu, ou seja: quando adicionamos a um corpo, com
temperatura T, uma quantidade infinitamente pequena de calor dQ, a variação na
entropia do corpo vale
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(processo) pode ser aumentada ou diminuída por intercâmbio com o ambiente, e
convertida de uma forma para outra dentro do sistema.
A primeira lei nos conduz ao conceito da equivalência entre calor e trabalho, ou seja: o
calor pode ser convertido em trabalho mecânico e vice-versa. Uma quantidade de
calor Q pode, da mesma forma que a energia potencial, cinética, ou elétrica, produzir
um trabalho W, ou, inversamente, este pode se transformar em calor. Essa relação
expressa-se da seguinte forma:
Q = AW
dQ = dU + dW
Para que uma máquina térmica consiga converter calor em trabalho, a mesma deve
operar em um ciclo a partir de duas fontes térmicas, uma quente e outra fria, onde
retira-se calor da fonte quente (Q1), converte-o em trabalho (W), e o restante (Q2) do
calor é rejeitado para a fonte fria.
A primeira lei é nada mais do que uma lei de balanço energético que enuncia o
intercâmbio e a conversibilidade da energia e assegura que toda a energia é
“contabilizada”. A primeira lei não indica se as conversões de energia de uma forma
para outra são realizadas perfeitamente ou se algumas formas podem ser
transformadas completamente para outras. Tal indicação foi deixada por conta da
segunda lei da termodinâmica.
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dentro de um ciclo (num processo a possibilidade existe). A porção do calor que não
pode ser convertida em trabalho deve ser rejeitada para um reservatório frio (corpos
de água ou mesmo a atmosfera).
O Conceito de Reversibilidade
O conceito de reversibilidade foi introduzido pela primeira vez em 1824 por Nicolas
Leonard Sadi Carnot, um engenheiro francês que estabeleceu também as bases da
segunda lei e introduziu o conceito atual de um ciclo termodinâmico.
8
como o Brayton, e os ciclos de potência dos motores de combustão interna, os
diagramas P-v e T-s são os mais utilizados.
∆S = ∫ dQ/T
1
Podemos re-arranjar essa expressão sem afetar a sua validade, logo teremos:
2
∫ T dS = 0
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O gráfico contém uma série de
linhas de temperatura constante,
uma série de linhas de teor de
umidade constante (título do
vapor), e uma série de linhas de
superaquecimento constante. O
diagrama de Mollier é usado para
o vapor saturado somente quando
o título é superior a 50% e para o
vapor superaquecido.
Outra ferramenta importante para a análise dos ciclos de vapor são as tabelas de
vapor. Consistem de dois conjuntos de tabelas indicando as propriedades de
transferência de energia de água e vapor, tabelas de vapor saturado e tabelas de
vapor superaquecido. As tabelas compilam valores de pressão (P), temperatura (T),
volume específico (v), entalpia específica (h), e entropia específica (s).
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3
CICLOS DE POTÊNCIA USADOS NA COGERAÇÃO DE ENERGIA
As raízes das 1ª e 2ª leis da termodinâmica estão relacionadas com os estudos de
ciclos. Para converter energia em suas diversas formas, particularmente em calor, com
a finalidade de realizar trabalho de modo contínuo, precisa-se operar no âmbito de um
ciclo termodinâmico. Um processo começa num determinado estado do fluído de
processo e termina num outro, e pára por ai. O ciclo, por outro lado, como já se viu
anteriormente, é uma série de processos que começa e termina no mesmo estado, e
portanto pode se repetir indefinidamente, ou até quando se quiser.
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Podem ser divididos em duas grandes categorias, ciclos de potência e ciclos de
refrigeração, dependendo da finalidade a que se destinam. Os ciclos de potência são
destinados a produzir um trabalho líquido positivo, e os equipamentos utilizados para a
realização dos mesmos são conhecidos, coletivamente, pelo nome de máquinas
térmicas e motores de calor.
Foi Sadi Carnot, um engenheiro francês responsável pelo estabelecimento das bases
da segunda lei da termodinâmica, que introduziu o conceito de um ciclo termodinâmico
pela primeira vez. O ciclo, conhecido como o ciclo de Carnot, é o ciclo termodinâmico
mais eficiente possível, o qual estabelece o limite teórico para a eficiência dos ciclos
de potência.
O ciclo acadêmico proposto por Carnot é um ciclo ideal e, portanto, apenas hipotético,
pois sabemos que ciclos ideais com processos reversíveis não existem. Apesar disso,
o ciclo de Carnot é considerado a pedra angular da termodinâmica e serve como o
principal referencial para se avaliar o desempenho de outros ciclos de potência.
O ciclo de Carnot opera entre dois reservatórios térmicos: um reservatório quente, que
é a fonte de calor, e um reservatório frio, para onde o calor excedente é rejeitado. O
fluido de trabalho que executa o ciclo passa por uma série de quatro processos
internamente reversíveis:
Processo 3-4: O fluído é colocado em contato com o reservatório frio para efetuar a
rejeição de calor residual e é comprimido, isotermicamente, até o seu
estado inicial, enquanto perde energia térmica para o reservatório
frio, por transferência de calor.
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Uma atribuição significativa do diagrama T-s fica evidente agora: a área envolvida
pelas linhas de processo no diagrama representa o trabalho realizado por unidade de
massa, sendo que o trabalho será sempre equivalente ao calor absorvido menos o
calor rejeitado .
A eficiência térmica ou o rendimento do ciclo é definida como a razão entre o trabalho
feito e o calor que teve que ser fornecido ao sistema durante o ciclo, logo:
W Q − QR Q T
ηC = = A = 1− R = 1− H
QA QA QA TL
A equação, para a eficiência, mostra que ela só pode valer 1, correspondendo a 100%
de eficiência, se o calor QR liberado pelo sistema para o reservatório mais frio for nulo.
Esta eficiência pode ser reescrita apenas em termos das temperaturas TH e TL dos
dois reservatórios, deste modo a eficiência de um ciclo de Carnot, para um gás ideal, é
função apenas da razão entre as temperaturas do reservatório frio e do reservatório
quente.
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Quando o físico inglês William Thomson (mais conhecido como Lord Kelvin) obteve
esta relação, ele percebeu que ela poderia ser usada para se definir uma escala
absoluta de temperatura, que não fizesse referência a qualquer material usado para
essa medição. Isto porque as propriedades do ciclo de Carnot são independentes da
substância de trabalho usada. Esta escala é conhecida atualmente como escala de
temperatura absoluta, ou escala Kelvin. Por convenção, a temperatura de referência
para a escala Kelvin é a temperatura na qual podem coexistir em equilíbrio, gelo, água
no estado líquido e vapor d’água, um estado conhecido como ponto triplo da água. O
valor atribuído para essa temperatura de referência é de 273,16 K, lembrando que –
273,16° C ou 0° K, corresponde, teoricamente, à total ausência de calor.
Como vimos anteriormente, a fórmula para a eficiência do ciclo de Carnot mostra que
ela só pode ser igual a 1 se a temperatura do reservatório frio for de 0º K. Se isto fosse
possível, qualquer máquina de Carnot operando entre um reservatório quente a uma
temperatura TA e um reservatório frio a TB = 0º K, converteria todo o calor QA recebido
do reservatório quente em trabalho. Usando esta idéia, Kelvin definiu o zero absoluto
da seguinte maneira: O zero absoluto é a temperatura de um reservatório em contato
com o qual uma máquina de Carnot não perde calor. Experimentalmente ainda não se
atingiu e teoricamente é impossível se atingir o zero absoluto.
O fato de que se pode chegar próximo do zero absoluto de temperatura sem nunca
atingi-lo, é conhecido como a terceira lei da termodinâmica.
3.1
Ciclos Termodinâmicos Básicos
Há quatro ciclos de potência geralmente usados na geração de eletricidade: o ciclo
Rankine, o ciclo Brayton, o ciclo Otto, e o ciclo Diesel. O ciclo Rankine é utilizado na
maioria das usinas termelétricas que operam em regime básico. O ciclo Brayton é o
ciclo de potência adotado para turbinas a gás, freqüentemente utilizadas para a
operação nos horários de pico de demanda elétrica. Os ciclos Otto e Diesel são os de
motores de combustão interna que acionam os geradores geralmente empregados
para aplicações de geração menores.
3.1.1
Ciclo Rankine
Os desenvolvimentos iniciais da termodinâmica concentraram-se no melhoramento do
desempenho de motores a vapor. Era desejável criar um ciclo que aproximasse o
máximo possível da condição ideal de reversibilidade e que se adequasse às
características do vapor e ao controle do processo melhor do que o ciclo de Carnot.
Nessa direção é que o ciclo Rankine foi desenvolvido.
O ciclo Rankine foi criado por um inventor escocês que lecionava na Universidade de
Glasgow, William John M. Rankine, que em 1859 escreveu o primeiro livro sobre
termodinâmica. Foi o primeiro modelo de comparação de usinas termelétricas a vapor
que teve aceitação pela comunidade científica mundial e que continua sendo o modelo
utilizado até hoje.
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O ciclo Rankine é um ciclo do tipo líquido-vapor, diferente do ciclo Carnot, que é um
ciclo adequado para todos os tipos de fluídos. São quatro os processos num ciclo
Rankine ideal, a saber:
Uma bomba para efetuar a compressão isentrópica do fluído de trabalho que neste
ponto se encontra no estado líquido, possibilitando assim a sua entrada no segundo
equipamento que é;
Uma turbina onde o vapor saindo da caldeira é expandido para realizar trabalho, e
por fim;
O ciclo Rankine não é tão eficiente como o ciclo Carnot, porém é mais prático, sendo
que a compressão não se realiza numa região de mistura líquido-vapor e exige apenas
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um pequeno trabalho. A água é praticamente a única substância utilizada no ciclo
Rankine como fluído de trabalho, devido a sua abundância e porque possui boas
propriedades térmicas.
A análise do ciclo Rankine ideal é simples. Considerando como base uma unidade de
massa do vapor:
Trabalho de bombeamento: WP = (h1 h2) = h2 h1
Calor adicionado: QA = h3 h2
Trabalho da turbina: WT = h3 h4
Calor rejeitado: QR = h4 – h1
Trabalho líquido W = (h3 h4) (h2 h1)
Eficiência térmica, ηR:
W (h3 − h4 ) − (h2 − h1 )
ηR = =
QA (h3 − h2 )
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vapor volta à turbina e expande-se num segundo estágio, até a pressão do
condensador. Como no caso do superaquecimento, as principais vantagens do
reaquecimento são o aumento da eficiência térmica e o aumento do título do vapor.
3.1.2
Ciclo Brayton
O ciclo de potência utilizado em turbinas a gás foi originalmente proposto por dois
inventores, separadamente: o cientista inglês James Prescott Joule e o engenheiro
americano da cidade de Boston, Estados Unidos, chamado Geoge Brayton. Portanto o
ciclo termodinâmico de turbinas a gás tem dois nomes: ciclo Brayton e ciclo de Joule.
Como é sabido, o primeiro prevalece atualmente. Há poucas pessoas que o chamam
de ciclo de Joule.
A primeira turbina a gás, construída com êxito em 1939 pela Heinkel Aircraft Company,
continua sendo o modelo para praticamente todos os aviões,(exceto os de pequeno
porte), assim como para muitos barcos de alta velocidade e, cada vez mais, na
geração de energia elétrica.
No ciclo Brayton ideal, o fluído de trabalho é o ar, o qual passa por quatro processos:
Processo 1-2: O ar é introduzido num compressor onde é submetido a compressão
isentrópica;
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Considerando como base uma unidade de massa do ar:
Trabalho de compressão: WC = (h1 h2) = h2 h1
Calor adicionado: QA = h3 h2
Trabalho da turbina: WT = h3 h4
Calor rejeitado: QR = h4 – h1
Trabalho líquido W = (h3 h4) (h2 h1)
Eficiência térmica:
ηR =
W (h − h ) − (h2 − h1 )
= 3 4
QA (h3 − h2 )
3.1.3
Ciclo Otto
Os motores alternativos de combustão interna trabalham com dois tipos de ciclo: o
ciclo Otto e o ciclo Diesel.
O ciclo Otto, de quatro tempos, foi desenvolvido em 1867 por Nikolaus August Otto,
um engenheiro alemão. É considerado o protótipo ideal para a grande maioria de
pequenos motores de combustão interna e largamente utilizado em transportes nos
dias de hoje.
No ciclo ideal Otto do tipo padrão a ar, adota-se o ar como o fluído de trabalho, o qual
passa por quatro transformações: duas adiabáticas e duas isométricas. Nessas
condições, os motores são classificados como de quatro tempos e os processos
inerente ao seu ciclo são:
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constante em 1 (admissão) e é comprimida, adiabaticamente, até 2
(compressão);
Processo 2-3: Adicionamento de calor – a mistura é aquecida instantaneamente por
meio da combustão da mistura, enquanto o volume permanece
constante. A pressão e a temperatura aumentam devido à centelha
elétrica da vela, que promove a ignição da mistura (ignição ou
explosão);
Processo 3-4: Expansão isentrópica – em que os gases expandem-se
adiabaticamente realizando trabalho do motor (expansão);
Processo 4-1: Rejeição de calor – os gases são descarregados do motor e
lançados à atmosfera a volume constante (exaustão), completando
assim um ciclo.
Eficiência térmica:
W cv 23 (T3 − T2 ) − cv 41 (T4 − T1 )
ηO = =
QA cv 23 (T3 − T2 )
Assumindo que os calores específicos provenientes dos processos 2-3 e 4-1 são
iguais, os cv´s se cancelam e a equação para eficiência do ciclo Otto pode ser
simplificada:
T4 − T1
nO = 1 −
T3 − T2
19
3.1.4
Ciclo Diesel
O motor a diesel surgiu em 1892 com outro engenheiro alemão, Rudolph Diesel. O
motor diesel é projetado para ser mais pesado e mais potente do que os motores a
gasolina e utiliza óleo como combustível. Eles são usados em máquinas pesadas,
locomotivas, navios, e em alguns tipos de automóvel.
O ciclo Diesel ideal é composto por duas transformações adiabáticas alternadas, uma
transformação isobárica e outra isométrica.
No ciclo Diesel ideal tipo padrão a ar, o fluído de trabalho é apenas o ar, que opera
com quatro tempos e segue quatro processos, a saber:
No ciclo Diesel não há a necessidade da velas para produzir a ignição. O óleo Diesel é
injetado na câmara de combustão somente no final da compressão quando a
temperatura é suficientemente alta para queimar o combustível, sem a necessidade da
centelha elétrica. Essa é a principal diferença entre o motor Diesel e o motor a
gasolina. Para o ciclo Diesel, a taxa de compressão varia de 15 a 20 enquanto para o
ciclo Otto a taxa de compressão é da ordem de 8 para um motor moderno.
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Como o ciclo Diesel opera de modo similar ao ciclo Otto, as expressões matemáticas
que o definem são bastante semelhantes. Considerando o calor específico constante
para uma unidade de massa, teremos:
W c (T − T ) T −T
ηD = = 1− v 4 1 = 1− 4 1 [k constante]
QA c p (T3 − T2 ) k (T3 − T2 )
Essa expressão pode ser convertida a uma forma mais conveniente sem as
temperaturas, ou seja
1 rck − 1
ηD = 1 − [k constante]
rkk −1 k (rc − 1)
3.2
Ciclos Alternativos
Outros ciclos de potência menos usuais apresentam um grau de sofisticação o
suficiente para serem adotados. Na prática, porém, ainda não foram implementados
em grande número. São os seguintes:
Ciclo CRO;
Ciclo Kalina;
Ciclo Cheng.
21
3.2.1
CRO (Ciclo Rankine Orgânico)
O ciclo Rankine convencional que utiliza água e vapor como fluído de trabalho
apresenta a desvantagem da necessidade de superaquecer o vapor, caso contrário, o
teor de umidade após a expansão do vapor dentro da turbina provocaria a erosão das
palhetas. Substâncias orgânicas, que evaporam a temperaturas mais baixas do que a
água e que podem ser utilizadas para temperaturas inferiores a 400º C, não precisam
ser superaquecidas. O CRO pode valer-se então de calores residuais de baixa
temperatura (pode chegar a 70º - 80º C) para gerar eletricidade, e o ciclo pode ser
melhor adaptado para combustíveis como a biomassa que possuem baixas
temperaturas de combustão. Se adotado o ciclo Rankine convencional nessa faixa de
temperatura, o custo-benefício seria totalmente inaceitável, devido aos enormes
volumes de vapor de baixa pressão que seriam necessários, acarretando, deste modo,
uma usina desproporcional.
A eficiência de um CRO é estimada entre 10 e 20%, dependendo dos níveis de
temperatura adotados. Em muitas instalações produtivas onde não há utilização
prática de uma grande quantidade de calor residual de baixa temperatura (na faixa de
70 a 400º C) o CRO passa a ser a tecnologia mais adequada para a recuperação do
calor residual e o seu posterior aproveitamento para a geração de energia.
CRO´s para máquinas de pequeno porte têm operado comercialmente ou como
plantas piloto, nas duas últimas décadas. Estima-se que já foram construídas 30
usinas de CRO até 1984.
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Os custos de investimento ainda são altos (aprox. € 2.300/kWel ) e por este motivo a
tecnologia do CRO ainda não é considerado muito atraente. Entretanto, existem
planos, em alguns paises desenvolvidos, para a sua implementação, como no caso da
usina a ser construída no complexo da Hydro Agri na Holanda, que produzirá energia
elétrica a partir da recuperação de calor residual a 190º C, utilizando o isopentano
como fluído de trabalho. Esta usina de CRO terá uma capacidade instalada de 2,6
MWe..
3.2.2
Ciclo Kalina
23
O ciclo Kalina, proposto pelo russo Alexander Kalina em 1984 , segue os mesmos
princípios do ciclo Rankine convencional, mas necessita de algumas modificações de
configuração para a consecução dos objetivos funcionais do ciclo. O seguinte exemplo
mostra a configuração mais simples que é possível adotar no caso do ciclo Kalina.
Nota-se que, no que se refere à parte de recuperação de calor dos gases de
combustão, o ciclo Kalina apresenta o mesmo arranjo básico do ciclo Rankine,
enquanto no caso do subsistema associado ao processo de condensação os dois
ciclos divergem. O subsistema pertencente ao ciclo Kalina requer equipamentos
adicionais para permitir a variação da concentração de amônia através de um
processo de separação amônia/água, promovido pela recuperação eficiente da energia
interna do ciclo.
24
3.2.3
Ciclo Cheng ou STIG
Mais conhecido com o nome STIG (Steam Injected Gás Turbine), o ciclo Cheng é nada
mais do que uma variante do ciclo de Brayton, ou seja: uma modificação do ciclo
simples de turbina a gás. Nesse ciclo, uma parte do vapor produzido na caldeira de
recuperação é injetada na câmara de combustão para aumentar a potência e a
eficiência da turbina. O ganho de eficiência que a turbina apresenta com a utilização
do ciclo Cheng é devido principalmente ao aumento do fluxo de massa proporcionado
pela injeção de vapor. A injeção de vapor também proporciona uma redução
considerável de emissões de óxidos de nitrogênio (NOX).
O ciclo foi desenvolvido pelo Dr. Dah Yu Cheng, professor da Universidade de Santa
Clara, Estado da Califórnia, nos Estados Unidos. As primeiras unidades de geração
foram instalados em 1984 pela International Power Technology, Inc, empresa que o
Dr. Cheng fundou, sendo duas na fábrica da Sunkist Growers, Inc. em California e
outra, a primeira a operar comercialmente, na Universidade do Estado de Califórnia
em São José, Califórnia.
Por razões óbvias, o ciclo Cheng requer o uso de um vapor extremamente limpo,
exigindo, para tanto, um tratamento especial da água de alimentação da caldeira de
recuperação. Os processos de tratamento de água normalmente adotados são:
megafiltração, osmose reversa, ultrafiltração e polimento por desmineralização.
Uma variante desse ciclo é denominada ISTIG (Intercooled Steam Injected Gás
Turbine). No caso do ISTIG um resfriador intermediário é instalado entre estágios do
compressor de ar. Isto possibilita a operação da turbina a gás a uma temperatura
muito mais elevada, devido ao melhoramento do resfriamento das palhetas da turbina
por meio do ar extraído do compressor. Essa modificação aumenta ainda mais a
potência e a capacidade de geração de energia elétrica da turbina a gás.
25
3.3
Ciclos e Processos Inovativos
Nesta categoria pertencem os ciclos e processos que ainda não são maduros o
suficiente a serem aplicados na prática. A maior parte desses ciclos e processos ainda
se encontram na fase de desenvolvimento ou que ainda não foram adequadamente
testados. Incluem:
Ciclo Ericsson;
Ciclo Stirling;
Células a combustível;
Motor a vapor do tipo parafuso;
Ciclo de turbina a ar quente;
Ciclo de turbina a gás inverso.
3.2.1
Ciclo Ericsson
26
Processo 1-2: Expansão isotérmica: adicionamento de calor da fonte externa ao
fluído de trabalho;
V4
Calor rejeitado: QR = mRTB ln
V3
27
V2
Trabalho líquido W = ΣQ = (TA − TB )mR ln
V1
ηE =
W (T − T ) T
= A B = 1− B (Igual a do ciclo Carnot)
QA TA TA
O ciclo Ericsson, apesar de ser uma invenção do século XVIII, não atraiu maior
interesse.
3.2.2
Ciclo Stirling
28
Como no caso do ciclo Ericsson ideal a utilização de um regenerador cuja eficiência é
de 100% permite que todo o calor armazenado no regenerador durante o processo 2-3
seja transferido ao fluído de trabalho no processo 4-1. Similarmente, todo o calor
adicionado externamente é acrescido ao fluído de trabalho no processo isotérmico 1-2
e todo calor rejeitado para o meio ocorre no processo isotérmico 1-2 . Daí, pode ser
concluído que a eficiência térmica do ciclo de Stirling é fornecido pela mesma
expressão da eficiência térmica do ciclo de Carnot.
V2
Calor adicionado: QA = mRTA ln
V1
V3
Calor rejeitado: QR = mRTB ln
V4
V V
Trabalho líquido W = ∑ Q = mRTA ln 2 − mRTB ln 3
V1 V4
Mas V2 = V3 e V1 = V4
Assim V2/V1 = V3/V4 e
TA − TB T
ηS = = 1− B (Igual a do ciclo Carnot)
TA TA
3.2.3
Células a Combustível
Entre os processos inovativos que surgiram nos últimos tempos, as células a
combustível tornou-se a vedete e há uma proliferação de literatura técnica sobre este
assunto. E só fazer a busca na Internet. Há boas razões para isso. As células a
combustível conseguem um melhor aproveitamento de energia primária (combustível)
e alcançam eficiências sensivelmente altas, mesmo em baixas temperaturas. Na
prática, obtêm-se eficiências de 55% a 60%. Deve-se, porém, salientar que usinas
modernas em ciclo combinado, queimando gás natural e instalações convencionais
modernas, com turbinas a gás otimizadas, também já atingem valores de eficiência de
55%. Portanto, esse indicador, isoladamente, não é a principal vantagem de sistemas
de geração de energia com células a combustível, mas sim a vantagem proporcionada
em termos ecológicos, além de serem dispositivos compactos, silenciosos, e de fácil
manutenção.
A conversão ocorre por meio de duas reações químicas parciais em dois eletrodos
separados por um eletrólito apropriado: a oxidação de um combustível no ânodo e a
redução de um oxidante no cátodo, indicadas nas seguintes reações básicas:
30
Ânodo: H2 → 2H+ + 2e
Cátodo: ½ O2 + 2H+ + 2e- → 2H2O
Total: H2 + ½ O2 → H2O
ηCC = EL / ∆HR
As vantagens das células a combustível aumentam quando se tem por finalidade a
geração de energia móvel, caso das células de baixa temperatura, onde a sua
eficiência fica bem acima da dos motores convencionais. A aplicação deste tipo de CC
é, então, a tração automotiva. Todas as montadoras de veículos estão desenvolvendo
projetos nessa área e as que mais têm se destacado são: Ford, Daimler-Chrysler, GM,
BMW, Honda, Daihatsu, Nissan e Toyota.
31
3.2.4
Motor a Vapor do Tipo Parafuso
O ciclo associado referente ao motor a vapor do tipo parafuso é extremamente
simples. Para a realização do processo de expansão do fluído de trabalho, em vez de
uma turbina ou de um motor a vapor convencional, utiiliza-se um motor a vapor do tipo
parafuso, o qual é composto de dois rotores espirais, entrelaçados entre si,
ocasionando a execução do trabalho, que se reflete no movimento giratório desses
rotores.
32
Diagrama Simplificado de Processo da Unidade de Cogeração Utilizando Motor a
Vapor do Tipo Parafuso, Instalada na Usina de Aquecimento Distrital de Hartberg
3.2.5
Ciclo de Turbina a Ar Quente
Também conhecido como Ciclo de Turbina a Gás Indireto, esse ciclo difere do ciclo
convencional de turbina a gás porque o ar quente, em vez dos gases de combustão, é
expandido dentro da turbina.
33
O ar é aquecido por meio de um trocador de calor de alta temperatura, que recebe os
gases de combustão provenientes de uma caldeira. Após a expansão dentro da
turbina, o ar é conduzido a um pré-aquecedor, com o intuito de se aproveitar o calor
residual de exaustão para o preaquecimento do ar comburente.
Os gases de combustão, após passar pelo pré-aquecedor, também contêm calor
disponível para o reaproveitamento. Esse calor pode gerar vapor para utilização no
processo fabril ou para a injeção na turbina, com vistas ao aumento de potência.
3.2.6
Ciclo de Turbina a Gás Inverso
O calor contido nos gases de exaustão da turbina pode ser aproveitado, no processo
fabril, para produção de vapor ou água quente. Os gases de exaustão se aquecem
durante o processo de compressão e o calor pode ser utilizado para o preaquecimento
do ar comburente, antes da sua admissão na câmara de combustão.
34
4
COGERAÇÃO DE ENERGIA
4.1
Introdução
35
Tipos Básicos de Cogeração
Existem dois tipos básicos de tecnologia de cogeração, dependendo do que é
produzido em primeiro lugar, se calor ou trabalho, ou seja: ciclos topping e bottoming.
No ciclo topping, a energia elétrica ou mecânica é gerada num primeiro momento, e a
energia térmica rejeitada na geração de eletricidade é aproveitada no processo
industrial. No ciclo bottoming, o combustível é queimado para gerar energia térmica
destinada ao processo fabril. O calor residual normalmente remanescente dos gases
de exaustão do processo, é aproveitado para a produção de eletricidade. Esse sistema
permite se trabalhar com maiores pressões e temperaturas do vapor e,
conseqüentemente, se obter maiores rendimentos e trabalho útil. As instalações com
ciclo bottoming são muito menos comum do que as que utilizam o ciclo topping, sendo
adotadas mais em indústrias pesadas tais como as indústrias de vidro, cerâmica e de
manufatura de metais, onde são usados fornos de alta temperatura. Normalmente,
outras aplicações industriais geram calor residual de qualidade baixa (temperatura e
disponibilidade baixas) e podem produzir eletricidade somente com eficiências baixas.
Nesses casos, a eficiência de cogeração é inferior à eficiência global para geração
separada de energia elétrica e de energia térmica. Portanto o ciclo bottoming oferece
pouco valor termodinâmico ou mesmo econômico, e somente o ciclo topping pode
proporcionar economias reais na utilização da energia primária.
As alternativas básicas para a cogeração industrial são: com turbina a vapor, com
turbina a gás, com ciclo combinado (turbinas a gás e a vapor em operação conjugada)
e com motores de combustão interna. Do ponto de vista técnico, a opção por qualquer
uma dessas alternativas depende intrinsecamente da proporção calor/eletricidade
desejada.
Eficiência de Cogeração
Do ponto de vista de recurso energético, quando comparada à geração separada de
eletricidade e de calor, a cogeração é vantajosa somente se conseguir proporcionar
economia em termos de energia primária. A eficiência de cogeração é dada pela
seguinte expressão:
E + ∆H V
ηCO =
QA
36
= entalpia do vapor entrando o processo entalpia do vapor saindo do
processo
QA = calor adicionado à planta de cogeração proveniente do combustível
e 1− e
+
ηe ηGV
E
onde e = fração elétrica da energia total produzida =
E + ∆HV
A eficiência global ηGS para geração separada é portanto dada pela seguinte
expressão:
1
ηGS =
(e /ηe ) + [(1 − e) /ηGV ]
É a cogeração é vantajosa se ηCO > ηGS
860
Heat Rate = (kcal/kWh)
Eficiência / 100
37
4.2
Cogeração com Turbinas a Vapor
38
Evidentemente, do ponto de vista da geração de energia elétrica, essa opção não é
muito interessante, pois se caracteriza por uma baixa relação eletricidade/vapor (6 a
30%), visto que apenas 10% a 15% da energia disponível no combustível é convertida
em eletricidade. Porém, 65% a 75% dessa energia pode ser aproveitada em vapor de
processo.
Os componentes principais de uma planta de cogeração com turbina a vapor de
contrapressão são: a caldeira com superaquecedor, a turbina a vapor, um tanque para
recolhimento de condensado, um desaerador e uma bomba de água de alimentação.
Normalmente, por motivos inerentes ao processo, a pressão e a temperatura do vapor
de escape da turbina devem ser mantidos constantes. Assim, quando a necessidade
de vapor para o processo diminuir, a vazão do vapor passando pela turbina é reduzida
e, por conseguinte, a potência gerada também é menor. A parcela de energia elétrica
faltante deverá ser suprida pela concessionária local. Neste caso, a manutenção da
freqüência deve ser assegurada pela rede da concessionária. Se o fornecimento de
energia elétrica for interrompida, é preciso mudar a regulação da turbina para controle
de rotação, de modo a evitar o colapso do fornecimento de vapor e de energia elétrica
para a unidade industrial. Uma estação de redução de pressão equipada com válvula
reguladora de pressão deve manter o valor de contrapressão e o sistema de controle
de rotação deve garantir a constância da freqüência, valendo-se de um processo
seletivo de desligamento das cargas não prioritárias da unidade industrial, para se
evitar a sobrecarga dos geradores elétricos.
39
Quando existe a necessidade de mais energia elétrica do que se poderia autogerar
com o vapor de processo utilizando apenas turbinas de contrapressão, pode ser
adotada uma das seguintes soluções, sendo a escolha uma função da razão
calor/eletricidade exigida pela atividade industrial ou dos perfis de demanda de energia
térmica e de energia elétrica, e da disponibilidade de combustível na industria
envolvida, a saber:
No caso em que há excedente de combustível, pode ser instalada uma turbina de
condensação plena a ser alimentada pela caldeira existente comum à planta (caso
se disponha de margem de capacidade) ou por uma caldeira adicional. O
condensador que representa o reservatório frio do ciclo termodinâmico recebe e
condensa o vapor de exaustão da turbina a pressões baixíssimas (tipicamente 0,10
a 0,15 ata).
Se a industria não dispõe de combustível excedente, pode ser instalada uma turbina
de condensação dotada de extrações controladas. Essa turbina possui extrações de
vapor com pressão regulada normalmente em dois níveis diferentes e uma seção de
condensação. A combinação pode proporcionar flexibilidade tal que permite a
produção exclusiva de eletricidade caso não haja consumo de vapor, ou maior
consumo de vapor proveniente das extrações com menor produção de energia
elétrica.
40
Esse tipo de cogeração permite a utilização de uma multiplicidade de combustíveis,
uma grande parte dos quais são menos nobres e portanto mais baratos tais como
carvão, lenha e resíduos industriais como licor negro e bagaço de cana. Este item é de
sumo importância, pois freqüentemente torna viável economicamente o
empreendimento.
No Brasil, os projetos de plantas ou usinas de cogeração com turbinas a vapor podem
ser atendidos pelos projetistas e fabricantes nacionais no que se refere à elaboração
de projeto básico e detalhado assim como ao fornecimento dos equipamentos
eletromecânicos.
4.3
Cogeração com Turbinas a Gás
160 ºC
Combustível H
16.7 MW R
S
Ar
G
Escapamento
18.8 kg/s
545 ºC
Combustível: 200 kW
G C T
Vapor
56 bar/271 ºC
1.05 t/h,
(0.81 kW)
Água: 70 ºC
11.5 t/h,
(0.94 MW)
Água
120 ºC
12.55 t/h (1.76 kW)
Nos últimos anos a turbina a gás tem se tornado á principal máquina motriz para
cogeração em grande escala , tipicamente gerando 1 a 120 MWe. O arranjo com
turbina a gás constitui uma alternativa bem interessante, pois é relativamente fácil de
ser instalado e requer um espaço sensivelmente menor do que uma planta com turbina
a vapor. Isso aliado ao seu menor custo de investimento e a alta confiabilidade das
máquinas modernas, faz da turbina a gás uma opção bastante atraente.
41
O eixo da turbina aciona o compressor e está normalmente acoplado a um
equipamento acionado tais como alternador, bomba, moenda, ventilador etc. a fim de
atender as mais variadas necessidades do processo.
Os gases de exaustão da turbina que atingem temperaturas de até 750º C, podem ser
aproveitados para a geração de vapor através de uma caldeira de recuperação de
calor ou para outras finalidades da atividade industrial tais como aquecimento,
secagem, condicionamento ambiental, etc.
Além da cogeração no setor industrial, uma aplicação da turbina a gás que possui um
grande potencial é em instalações do setor terciário tais como hotéis, hospitais,
shopping centers, edifícios comerciais, hipermercados. etc. Nesses estabelecimentos,
a geração de energia elétrica destina-se à iluminação e acionamentos mecânicos
enquanto que a energia térmica pode ser aproveita para aquecimento ou
condicionamento ambiental, através de sistemas de refrigeração por absorção.
Existem dois tipos básicos de turbinas a gás: o tipo industrial ou heavy duty e o
aeroderivado. Detalhes a respeito dessas turbinas serão apresentados na palestra a
ser realizada hoje à tarde. Esses equipamentos não são fabricados no Brasil e têm
que ser, necessariamente, importados.
A contrapressão no ponto de descarga das turbinas a gás modernas é normalmente
limitada a um valor de 200 mmCA, o suficiente para vencer a resistência no circuito de
gases formado pelos dutos e caldeira de recuperação de calor.
42
4.4
Cogeração em Ciclo Combinado
43
bastante atraente, não somente por ser uma alternativa mais eficiente e mais
econômica, mas sobretudo por possibilitar a queima de um combustível mais limpo, o
que favorece a preservação ambiental e aumenta a vida útil da máquina motriz.
100 bar/450 ºC
12.5 t/h (11.26 kW)
Combustível
21.6 MW
HRS
Ar 800 kW
G
Escapamento
36.2 kg/s ST G
456 ºC
6000 kW
Água
70 ºC
11.5 t/h,
(0.94 MW) 56 bar/380 ºC
5.5 t/h (4.79 kW)
44
Uma bomba de água de alimentação.
Tanto as usinas termelétricas dotadas apenas com turbinas a vapor, quanto aquelas
que devem operar em ciclo combinado, o prazo para a construção e instalação é de
aproximadamente 2 anos. Entretanto, os módulos com turbinas a gás podem ser
colocadas antecipadamente em operação, em ciclo aberto, em aproximadamente 1
ano, enquanto é dado prosseguimento à montagem das unidades a vapor. Isto é de
extrema vantagem, por permitir o início da amortização dos investimentos antes da
finalização das obras.
Para cada aplicação específica, a escolha entre ciclos com pressão única e ciclos com
pressões múltiplas deve ser feita em função de uma avaliação econômica, a qual terá
de considerar o custo instalado da planta, o custo e qualidade do combustível, o
regime operacional e os custos de operação e de manutenção.
Os sistemas podem ser adquiridos com um desaerador integral à CRC que utiliza
energia do evaporador de baixa pressão para realizar a desaeração da água de
alimentação a uma pressão positiva. Neste caso há uma ligeira diminuição da
eficiência térmica.
45
Opções como o resfriamento de entrada do compressor, injeção de vapor ou de água
para o aumento de potência, ou a queima suplementar, são melhoramentos
disponíveis, geralmente aplicados a aumento de capacidade em horário de pico.
Experiência Internacional
No Brasil existe ainda pouca experiência no uso do ciclo combinado para a geração
termelétrica, podendo-se citar, entre outros, a UTE Nova Piratininga, composta de 4
unidades com turbinas a gás com 100 mW de capacidade cada, a unidade de geração
da Replan (Refinaria de Paulínia – SP), composta por duas unidades geradoras com
turbinas a gás de 23,5 MW cada e três unidades com turbinas a vapor com 9,4 MW
cada, operando nas condições de 90 kgf/cm² de pressão e 485° C de temperatura;
além de uma unidade de cogeração instalada na COPENE, em Camaçari (BA),
contendo uma turbina de 35 MW e uma caldeira de recuperação de 100 t/h (124 bar,
538o C), a qual possui queima suplementar de combustível. Todavia, baseado na
experiência internacional com o ciclo combinado, pode-se tecer algumas importantes
considerações, a saber:
O uso da queima suplementar de combustível teve a sua maior incidência nas
primeiras unidades que foram instaladas, motivado pelas baixas temperaturas dos
gases das primeiras turbinas a gás;
O combustível utilizado na grande maioria das usinas hoje em operação é o gás
natural, seguido pelo óleo leve e pelo óleo pesado, em alguns casos;
46
Na configuração acima, o mais usual é a combinação de uma caldeira de
recuperação de calor com uma turbina a gás.
Apresentam-se a seguir algumas unidades de maior eficiência em operação, nas mais
variadas capacidades, operando com gás natural e cujos critérios de projeto têm
correlação com as configurações que foram estudadas.
47
Configuração Convencional
48
Configuração Simples
49
Configuração Mono Eixo
Esta configuração apresenta uma turbina a gás para uma turbina a vapor, tendo,
porém, como principal característica, a união dessas duas máquinas a um mesmo
gerador, formando um conjunto rotativo desses equipamentos através de um único
eixo.
50
a) Pouca ou nenhuma flexibilidade operacional, tendo em vista que uma parada para
a manutenção preventiva da turbina a gás, evento este freqüente, acarretaria na
paralisação de toda a unidade geradora. No ciclo com a configuração
convencional, com duas turbinas a gás para uma turbina a vapor, por exemplo,
uma parada similar permitiria a operação da usina com aproximadamente metade
da carga;
b) Maior prazo para o início da geração de energia, visto que a instalação do ciclo de
gás coincidiria com o ciclo de vapor, muito mais longo, não permitindo a operação
escalonada, conforme citado no tópico a acima.
ηCC = 100 x
(QE + QT )
QC
Onde
ηCC = Eficiência térmica – PCI (%)
QE = Potência líquida
QT = Energia térmica contida no vapor processo
QC = Poder calorífico inferior do combustível
4.5
Cogeração com Motores de Combustão Interna
Combustível
31.0 MW
170 ºC 56 bar/271 ºC
5.5 t/h,
(4.26 kW)
Escapamento
450 ºC H
Por Processo
2 X 6350 kW
RS
G Motor Diesel Esfriador de Ar
G
12 bar/188 ºC
6 t/h,
(4.64 kW)
Água: 70 ºC
11.5 t/h, (0.94
MW) Vapor
Resfriador de Água 56 bar/271 ºC
Água: 110 ºC 0.43 t/h,
5.5 MW)
11.5 t/h (1.47 MW) (0341 kW)
Água
130 ºC
11.93 t/h (1.81 kW)
51
energia térmica remanescente proveniente de um motor de combustão interna na
forma de gases de escapamento, pode ser parcialmente reaproveitada para a
produção de água quente procedente através da refrigeração dos cilindros e do
circuito de óleo lubrificante, ou até do ar, no caso de motores turbo-alimentados.
Em muitas instalações industriais, os motores de combustão interna, principalmente o
motor Diesel, têm sua principal aplicação como unidade geradora de emergência ou
para a geração exclusiva em horários de pico. Neste caso, a cogeração de energia
não é considerada atraente, pois a geração de vapor através motores de combustão
interna é normalmente insuficiente para as necessidades da atividade industrial,
necessitando do apoio de caldeiras.
Uma aplicação da cogeração com motores de combustão interna que está ganhando
espaço é aquela em instalações do setor terciário tais como hotéis, hospitais, shopping
centers, edifícios comerciais, hipermercados. etc. Nesses estabelecimentos, os
motores de combustão interna, particularmente os motores a gás natural, competem
com as turbinas a gás para a cogeração de energia ou seja, a geração de energia
elétrica destinada à iluminação e acionamentos mecânicos e a geração de energia
térmica ao aquecimento ou ao acondicionamento ambiental através de sistemas de
refrigeração por absorção.
4.6
Custos de Geração
Para a estimativa dos custos de geração, pode ser dotada a seguinte fórmula, que
expressa a inter-relação entre as variáveis técnicas e econômicas:
CUI × FRC
CUG = + CUOM + CUCB
8,76 × FCE
onde:
CUG = custo unitário de geração, em US$/MWh;
O segundo termo representa o custo necessário, por MWh de energia gerada, para se
operar e se efetuar a manutenção da central. Esse custo consiste de uma parcela fixa
e de uma outra parcela variável. Os custos fixos são aqueles independentes da
produção de energia, sendo o seu componente principal os salários da equipe
permanente da central. Os custos variáveis são aqueles que se alteram com a
produção de energia e inclui itens tais como: peças de reposição durante a
manutenção, despejo de efluentes e materiais de consumo como produtos químicos e
lubrificantes.
Para a composição desses custos de geração está sendo ainda assumida uma vida
útil de 20 anos para a nova central termelétrica.
4.6.4
Custos de Investimento
Nos empreendimentos inerentes ao setor elétrico, é prática usual para o
empreendedor confiar a um empreiteiro a responsabilidade total referente às
atividades principais do projeto, ou seja: a engenharia, a compra de equipamentos
eletromecânicos e a construção propriamente dita - atividades essas conhecidas
coletivamente como EPC.
53
a fase de desenvolvimento do projeto, que normalmente implica nos seguintes custos
adicionais:
Licenciamento ambiental, inclusive o EIA-RIMA;
Custos legais e financeiros;
Juros durante construção;
Gerenciamento de projeto.
5
CALDEIRAS DE RECUPERAÇÃO DE CALOR
5.1
Introdução
5.2
Tipos básicos
Uma classificação precisa das caldeiras de recuperação de calor apresenta bastante
dificuldade, devido à enorme variedade existente nos tipos fundamentais. Como
54
tentativa, e antes de entrarmos no tratamento particular dos diversos tipos,
agruparemos as caldeiras de recuperação da seguinte forma:
Quanto à circulação;
Quanto aos níveis de pressão;
Quanto ao arranjo;
Quanto ao sistema de queima.
5.2.1
Quanto à circulação
De acordo com o sistema de circulação interna da água no evaporador, as caldeiras
de recuperação podem ser classificadas em:
Caldeiras de circulação natural;
Caldeiras de circulação forçada.
No primeiro tipo, a circulação interna da água é provocada pelas correntes de
convecção que se estabelecem por diferenças de peso especifico entre a água contida
nos tubos de descida não aquecidos, e a água presente nos tubos que constituem o
evaporador.
Nas caldeiras de circulação forçada, a água é obrigada a circular pelo seu interior
devido à ação de elementos mecânicos externos, geralmente bombas especiais que
injetam a água sob pressão.
Em ambos os casos, a caldeira possui um tubulão, onde se realiza a separação da
água e do vapor saturado. Uma alternativa de projeto de CRC´s é o tipo once through
ou Benson, o qual dispensa o uso de tubulão. Caldeiras deste tipo operam a pressões
extremante elevadas, aproximando–se da pressão crítica (o ponto em que a água e a
vapor possuem a mesma densidade).
5.2.2
Quanto aos Níveis de Pressão
Dependendo do grau de aproveitamento desejado da energia térmica contida nos
gases de exaustão da turbina a gás, pode ser adotada uma das seguintes opções
disponíveis:
Pressão única ou mono-pressão;
Pressão dupla;
Pressão tripla.
A eficiência global de um ciclo combinado está muito ligada ao melhor aproveitamento
do calor residual dos gases de exaustão da turbina a gás. Assim, fica obvio que o
projeto térmico da caldeira de recuperação é um dos pontos mais importantes.
Nos ciclos com uma só pressão, a temperatura dos gases lançados pela chaminé é
ainda elevada, indicando baixa recuperação do calor residual. A forma encontrada
para maximizar a recuperação de calor, de forma econômica, foi a geração de vapor
55
em mais de um nível de pressão.Com a utilização do sistema de dupla pressão
consegue-se um aumento de eficiência global do ciclo combinado em torno de 1,7%.
Os ciclos atuais de alta eficiência utilizam caldeiras de recuperação com três níveis de
pressão, sendo o mais alto da ordem de 100 bar, possuindo ainda um ou dois feixes
tubulares adicionais que constituem os reaquecedores de vapor.
Pressão Única
Pressão Dupla
56
Pressão Tripla
5.2.3
Quanto ao Arranjo
As caldeiras de recuperação de calor podem ser configuradas de duas maneiras, a
saber:
Vertical
Horizontal
A escolha entre as duas alternativas, freqüentemente, é feita em função do espaço útil
disponível nas instalações. Nos projetos verticais típicos, a caldeira fica suspensa por
uma estrutura de aço. O suporte para a caldeira nos projetos horizontais fica
geralmente na parte inferior de sua base.
57
5.2.4
Quanto ao Sistema de Queima
Há três tipos básicos:
Sem queima suplementar (unfired)
Com queima suplementar (supplementary firing)
De queima total
Sendo que as turbinas a gás geralmente consomem apenas uma parte do oxigênio
contido no ar comburente introduzido na câmara de combustão, o teor de oxigênio dos
gases de exaustão da turbina permite a queima suplementar de combustível de
maneira a otimizar a operação da caldeira, mediante temperatura mais elevadas dos
gases e, por conseguinte, melhores condições do vapor superaquecido. Neste caso,
queimadores adicionais são instalados dentro do duto que interliga a turbina e a
caldeira de recuperação, numa posição próxima à entrada da caldeira. Esses
queimadores normalmente queimam o mesmo tipo de combustível utilizado na turbina
a gás, usando como comburente os próprios gases de exaustão da turbina, que ainda
contêm cerca de 15% de oxigênio, em volume. Na prática, costuma-se limitar o
emprego da queima suplementar até uma temperatura média de queima de 982º C.
58
Algumas indústrias têm usado os gases de exaustão de turbinas a gás como ar
comburente pré-aquecido para realizar a queima de um combustível numa caldeira
“convencional” equipada com queimadores próprios. Por definição, nesse tipo de
caldeira, conhecida como caldeira de queima total, o teor de oxigênio nos gases
descarregados à atmosfera é igual àquele contido nos gases lançados por uma
caldeira que utiliza o ar atmosférico como comburente. A produção de vapor em
caldeiras de recuperação de calor do tipo de queima total, é seis a sete vezes maior
que a produção de vapor em caldeiras sem queima suplementar. Apesar da sua
capacidade de produzir quantidades significativas de vapor, existem pouquíssimas
aplicações industriais desse tipo de caldeira, por motivos exclusivamente de ordem
econômica. As CRC´s com queima total são caras, por causa da construção mais
sofisticada da sua parede de água, e também pela necessidade de montagem no
campo.
59
5.3
Conceitos Gerais de Dimensionamento
As caldeiras de recuperação de calor utilizadas para cogeração em ciclo combinado,
possuem uma característica de troca de calor predominantemente convectiva, assim
como características de projeto distintas das caldeiras aquatubulares convencionais.
É importante destacar que tanto o pinch point quanto o approach point, não podem ser
escolhidos de maneira arbitrária. Se forem utilizados tubos lisos, ou se as
temperaturas dos gases na entrada forem mais altas, digamos 760 a 816º C, então o
pinch point e o approach point terão que ter valores mais elevados.
60
5.4
Aspectos Construtivos
Na caldeira de recuperação não existe fornalha e o calor é transmitido pelos gases de
combustão provenientes da turbina a gás a modestas diferenças de temperatura,
sendo necessário, para tanto, a utilização de grandes áreas de troca térmica. O uso de
tubos aletados é, portanto, fundamental para se aumentar efetivamente a área de
troca de calor.
61
1. Duto de entrada 12. Carcaça
2. Grade de distribuição 13. Desaerador
3. Superaquecedor de alta pressão 1 14. Chaminé
4. Queimador 15. Pré-aquecedor
5. Superaquecedor dividido 16. Evaporador
6. Superaquecedor de alta pressão 2 17. Economizador AP/BP
7. Catalisador de CO 18. Evaporador de média pressão
8. Tubulão de vapor de alta pressão 19. Superaquecedor de média pressão
9. Suportes superiores 20. Economizador de alta pressão
10 Catalisador SCR 21. Grade de injeção de amônia
11. Tubulão de vapor de baixa pressão 22. Evaporador de alta pressão
5.5
Rendimento
A eficiência da caldeira de recuperação de calor determina a proporção do calor
contido nos gases de exaustão da turbina convertida em vapor.
O calor efetivo fornecido ao vapor = (Calor disponível nos gases de exaustão da
turbina + Calor introduzido pela queima
suplementar) X Eficiência da CRC
QV
Eficiência da CRC , ηCRC =
QETG + QQS
62
economicamente para recuperar 95% da energia contida nos gases de exaustão da
turbina a gás. Níveis mais altos de desempenho são possíveis; entretanto, o maior
custo da superfície de troca térmica e, possivelmente, uma perda de carga maior no
circuito de gás, devem ser avaliados para estabelecer se os custos mais elevados são
justificados.
5.6
Sistema de Tiragem dos Gases de Exaustão
Como as caldeiras de recuperação de calor geralmente não têm fornalha, o seu
sistema de tiragem se restringe ao subsistema de exaustão dos gases recebidos da
turbina. Não há, por conseguinte, necessidade da utilização de ventilador de tiragem
forçada, mesmo no caso de caldeiras com queima suplementar. Entretanto, para
permitir a operação do ciclo Rankine quando a turbina a gás estiver inoperante, muitas
usinas de ciclo combinado preferem instalar um ventilador de tiragem forçada.
Similarmente, o uso de ventilador de tiragem induzida também é dispensado, pois a
contrapressão prevalecente na saída de turbina, aliada à tiragem natural
proporcionada pela chaminé, normalmente é suficiente para se superar a resistência
do circuito de gases.,
63
Chaminé de Bypass
64
5.7
Fabricantes
EMPRESA LOCALIZAÇÃO
65
21 Foster Wheeler Corp, Power Group Inc Clinton, NJ, EUA
66
6
EQUIPAMENTOS DE CICLO TÉRMICO
Além das máquinas motrizes, alternadores e caldeiras, uma usina completa, que opera
em ciclo combinado, inclui uma série de elementos secundários, pertencentes ao ciclo
de vapor, que afetam o desempenho e a economia da termelétrica. Coletivamente são
conhecidos como BOP (Balance of Plant), que literalmente significa “resto da planta”.
Abordaremos os mais importantes desses equipamentos.
6.1
Condensador e Torres de Resfriamento
6.1.1
Condensador
67
Um condensador do tipo superfície consiste de uma carcaça construída em chapas de
aço carbono soldadas, dotado internamente em cada extremidade de uma câmara
conhecida como caixa de água. Bancos de tubos metálicos lisos de material especial
(tais como cúproniquel e, bronze-alumínio) fixados em espelhos (normalmente de
metal Muntz) separam o espaço entre as duas câmaras.
Os tubos e as caixas de água podem ser dispostos para um fluxo de água através da
carcaça de um passo ou de dois passos. No condensador de um passo a água entra
a caixa de água de uma extremidade, flui através dos tubos em paralelo e sai na caixa
de água do lado oposto. No caso de dois passos, a caixa de água onde a água entra
inicialmente é dividida horizontalmente por uma chapa. A água ingressa na parte
inferior dessa caixa, passa pelos tubos localizados na metade inferior da carcaça,
entra até a caixa de água no lado oposto (sem divisória) e ali inverte o sentido do
fluxo passando para os tubos na metade superior da carcaça.
6.1.2
Torres de Resfriamento
No sistema de água de resfriamento do tipo circuito aberto a água de circulação após
passar pelo condensador é conduzida de volta ao corpo de água de origem o qual serve
como o reservatório frio para rejeição de calor do ciclo térmico. Hoje em dia por motivos
da ordem ambiental a adoção desse sistema é bastante restringida e praticamente
tornou-se obrigatório o uso de torres de resfriamento.
69
Corrente-cruzada – A água em queda vertical é resfriada pelo ar em trajetória
horizontal;
Contra-corrente – A água em queda vertical é resfriada pelo ar em trajetória
vertical ascendente.
Muitas torres de resfriamento são construídas de forma modular utilizando uma série
de células idênticas dispostas lado a lado as quais trabalham em conjunto para atingir
a capacidade desejada.
O limite teórico dessas torres é a temperatura de bulbo úmido do ar.
b) Torres Secas
Quando o uso de água precisa ser minimizado empregam-se torres de resfriamento do
tipo seco as quais requerem um volume sensivelmente reduzido de água de reposição.
Torres secas utilizam um sistema indireto no qual a água de resfriamento circula num
circuito fechado, retira o calor latente do vapor no condensador e o libera para a
atmosfera mediante trocadores de calor. Essas torres podem trabalhar com tiragem
natural (hiperbólicas) ou com tiragem forçada.
70
c) Condensador a Ar
Nos casos em que a restrição quanto ao uso de água é total a solução encontrada é a
adoção de condensador a ar. Neste sistema emprega-se diretamente o ar para resfriar
o vapor conduzido, mediante dutos até a superfícies de troca de calor constituídas de
tubos aletados, normalmente dispostas em formato de V invertida. A movimentação da
massa de ar é feita por grandes ventiladores instalados abaixo dos módulos de
condensação.
71
6.2
Desaerador e Pré-Aquecedores de Água de Alimentação
Um método usualmente adotado para aumentar a eficiência térmica de ciclos a vapor
é o aquecimento regenerativo da água de alimentação da caldeira ou simplesmente
regeneração. Para realizar esse processo de aquecimento utilizam-se pré-
aquecedores de dois tipos, a saber:
Tipo aberto;
Tipo fechado.
6.2.1
Desaerador Térmico
72
Na sua configuração mais comum o desaerador térmico empregado em usina
termelétricas consiste de um aquecedor do tipo bandeja ou do tipo combinação
spray/bandeja alojado dentro de um vaso de pressão cilíndrico, vertical, montado em
cima de um tanque de armazenamento de água de alimentação disposto
horizontalmente, também de formato cilíndrico. No aquecedor a água de alimentação é
borrifado em películas finas e entra em contato direto com vapor de baixa pressão que
a aquece rapidamente até o ponto de saturação. O borrifamento de água aumenta a
área de superfície do líquido em contato com o vapor acarretando a remoção mais
rápida de oxigênio e a diminuição das concentrações de gases não condensáveis.
Esse processo reduz a solubilidade dos gases dissolvidos e facilita sua remoção. Os
gases liberados são descarregados à atmosfera.
O desaerador térmico é sempre instalado numa elevação que assegura uma pressão
positiva na sucção das bombas de água de alimentação superior à NPSH dessas
bombas.
73
6.2.2
Pré-Aquecedores de Água de Alimentação
6.3
Bombas
A movimentação de líquido nos circuitos de condensado e de água de alimentação do
ciclo térmico de vapor de uma usina em ciclo combinado, assim como da água de
circulação destinada ao resfriamento do vapor de exaustão da turbina dentro
condensador, é realizada através de bombas especiais, a saber:
Bombas de extração de condensado;
Bombas de água de alimentação;
Bombas de água de circulação.
74
6.3.1
Bombas de Extração de Condensado
Bombas de eixo vertical do tipo imerso, em poço metálico (can), são normalmente
empregadas. Caixas de vedação especialmente projetadas evitam o ingresso de ar no
fluxo do condensado.
75
6.3.2
Bombas de água de Alimentação da Caldeira
As bombas de água de alimentação são usadas para pressurizar a água retirada do
desaerador e introduzi-la, através dos pré-aquecedores fechados, à caldeira. O
número de bombas de água de alimentação instaladas é definido em função do regime
operacional previsto, a saber:
Se a caldeira for prevista para operar em regime básica na maior parte do tempo a
um fator de potência alto, usam-se normalmente duas bombas, cada uma
dimensionada para 110 a 125% da capacidade máxima de geração de vapor da
caldeira, sendo uma das bombas mantida como reserva enquanto a outra estiver
operando.
76
As bombas de água de alimentação são normalmente localizadas na elevação mais
baixa da usina ou a uma distância vertical suficientemente afastada do desaerador
para assegurar que a pressão na sucção da bomba seja mantida sempre superior à
NPSH exigida pela bomba. Freqüentemente, uma bomba booster é instalada a
montante da bomba de água de alimentação para reforçar a pressão de aspiração e
garantir a sucção positiva superior a NPSH em todos os regimes de carga.
6.3.3
Bombas de Água de Circulação
As bombas de água de circulação instaladas em usinas termelétricas em ciclo
combinado tem por finalidade bombear água de resfriamento de um corpo de água
(circuito aberto) ou de uma torre de resfriamento (circuito fechado) através de tubos no
interior do condensador, a fim de que, com o resfriamento, seja obtida a condensação
do vapor.
Em instalações pequenas e médias, usam-se bombas com carcaça voluta de dupla
aspiração, de execução horizontal, mas para usinas de grande porte preferem-se
bombas de eixo vertical, com rotor tipo hélico-centrífugo, helicoidal ou axial, as quais
77
melhor se adequam ao manuseio de água de grandes quantidades às baixas alturas
manométricas.
78
QUADRO COMPARATIVO DE SISTEMAS DE COGERAÇÃO
EFICIÊNCIA FORMA /
MÁQUINA COMBUSTÍVEL FAIXA DE RELAÇÃO EFICIÊNCIA
DE QUALIDADE DO
MOTRIZ UTILIZADO POTÊNCIA CALOR / GLOBAL
GERAÇÃO CALOR
ELETRICIDADE TÍPICA
( MWE) ELÉTRICA PRODUZIDO
Turbina de Qualquer 0,5 a 500 3:1 a 10:1+ 7 a 20% Até 80% Vapor em dois
contrapressão combustível fóssil níveis de pressão
ou biomassa ou mais
Turbina de Qualquer 1 a 100+ 3:1 a 8:1+ 10 a 20% Até 80% Vapor em dois
extração/ combustível fóssil níveis de pressão
condensação ou biomassa ou mais
Turbina a gás, Gás natural, 0,25 a 50+ 1.5:1 a 5:1* 25 a 42% 65 a 87% Vapor de
ciclo simplés biogás, óleo qualidade média;
diesel, óleo água quente de
pesado, óleo alta temperatura
leve, GLP, nafta
Motor Diesel Gás natural, 0,2 a 20 0,5:1 a 3:1* 35 a 45% 85 a 90% Vapor de baixa
biogás, óleo pressão; água
diesel, óleo quente de baixa e
pesado, óleo média
leve, GLP, nafta temperatura
Motor Otto Gás natural, 0,003 a 6 1:1 a 3:1 25 a 43% 70 a 92% Água quente de
biogás, nafta baixa e média
temperatura
81
VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS OPÇÕES DE MÁQUINA MOTRIZ PARA COGERAÇÃO
Máquina
Vantagens Desvantagens
Motriz
Altas razões calor/eletricidade;
Alta eficiência global ;
Custo de implantação alto;
Pode usar qualquer tipo de combustível;
Partida lenta.
Pode variar relações calor/eletricidade através da
flexibilização de operação;
Turbinas a Capacidade de fornecer calor em várias formas
vapor (vapor de média pressão, vapor de baixa pressão,
água quente) e qualidade;
Faixas amplas de capacidade disponíveis no mercado
mundial;
Vida útil longa.
82
7
ENCERRAMENTO
O assunto de cogeração de energia é bastante atual para o Brasil. Uma simples
análise do perfil energético brasileiro permite avaliar a importância do fornecimento
de energia elétrica para a atividade industrial. As indústrias brasileiras necessitam
de energia elétrica para as mais diversas finalidades, desde os simples
acionamentos eletromecânicos até os mais sofisticados sistemas de
processamento de dados. A modernização e a expansão das atividades produtivas
dessas indústrias implicam necessariamente em aumento no consumo de
eletricidade. Por ser um consumidor intensivo de energia elétrica, o setor industrial
brasileiro precisa ser assegurado de um suprimento confiável, econômico e
contínuo desta importante commodity. A cogeração de energia representa
atualmente uma das melhores opções tecnológicas para se alcançar esse objetivo.
83
Razão Social: Qualitech Engenharia S/C Ltda
Endereço: Rua Pelotas, 608 - Vila Mariana
04012-002 - São Paulo – SP
CNPJ: 60.908.274/0001-05
Inscrição
Estadual: Isento
CCM: 9.645.041-0
CREA: 365731 - 6a Região
Telefone: (55 11) 5084-5828
Fax: (55 11) 5084-1958
E-mail: [email protected]
[email protected]
Home Page: http://www.qualitech-eng.com.br
Ampliação da Usina Termelétrica da REPLAN que consiste basicamente da implantação de dois grupos
turbo-geradores a gás de 19 MW cada, duas caldeiras de recuperação de calor e equipamentos
eletromecânicos auxiliares. A consolidação do projeto básico e a elaboração do projeto executivo foram
realizadas pela QUALITECH.
QUALITECH ENGENHARIA S/C Ltda