O Menino Machado
O Menino Machado
O Menino Machado
MACHADO
FIGURA
VENDEDOR COM BALAIO NA CABEÇA
A MÃE
QUINCAS
OBATALÁ
VAPOR BARATO
EXU
Aos de ontem e de hoje, que me
formaram e formam.
Aos que virão: essa luta por um
tempo de justiça.
Verão.
Okê!
Uma grande roda Mon coeur
onde as atrizes/ato- Mon coeur
res/personagens se Mon coeur bate por você
apresentam cantando No pau
e dançando o Samba No pau
duro do pau-brasil.
No pau, no pau brasil
O pau que dá em chico
Não bate no Francisco.
ATRIZ Evoé!
ATROR Evoé!
FIGURA Eu sou o que virá, o que ainda não está pronto. Vim para
avisar que você escreverá minha história e dedicará o
relato ao primeiro verme que comeu minha carne.
Machado desfalece. Apare- MACHADO Já disse que prefiro ser chamado de Macha-
cem diversos personagens do! E meu primeiro nome não é Juaquim com
que encobrem o menino. U! é Joaquim com O! O! de Ondina, a encan-
Surge uma pequena feira. tada das águas!
O VENDEDOR Ah, minino, se pudesse eu passava o dia inte-
COM BALAIO rinho ouvindo suas história. Mas cê sabe que
NA CABEÇA aqui no morro a gente num tem discanso, é
Rindo, balançando trabaio dia e noite. Inda tem gente qui acha
a pança que nós trabaia poco, que nós é priguiçoso!
QUINCAS Tu num vai acreditar. Olha o que meus pé tão vestindo! QUINCAS E desconfiança! Mas esse pessoá que eu conheci não
Dando uma gargalhada é assim não, ele trata nóis muito bem, dizem que se a
MACHADO Uma chinela? Quem te deu? Eu quero também. gente fizé alguns serviço, eles leva a gente pras Europa!
Admirado Eu fiz quase nada e já ganhei essa chinela!
QUINCAS É uma chinela sim. Ninguém me deu, já viu arguém dá MACHADO E o que é que a gente tem de fazer pra eles?
arguma coisa a gente como nóis? Desconfiado
QUINCAS Quem toma de assalto os criminosos MACHADO É mesmo?
Cantando a A sociedade, menino e menina. Interessado
CANÇÃO (Quem comanda o jogo?) Coro
DO VAPOR De lá do alto, do casarão QUINCAS É! E eu já ganhei uns tostões e essa chinela
BARATO Da casa grande. novinha.
(Quem comanda o jogo?) Coro MACHADO Mas eu não quero nada disso.
Comanda a senzala Desconfiado
E move o tesouro, de ouro
E dinheiro. QUINCAS Tu não quer ganhar dinheiro?
(Quem comanda o jogo?) Coro MACHADO Quero, mas quero ganhar dinheiro lá embaixo
Quem faz a política do move moinho. na cidade, no meio de gente importante, dos
(Quem comanda o jogo?) Coro livros, dos jornais, eu quero aprender a ler,
Moendo a carne Quincas! Eu quero consegui lê e escrever as
Da gente pequena, história minha e dos outros, eu quero uma re-
De pobre e de preto. volução, eu quero a fantasia!
(Quem comanda o jogo?) Coro
De crente e ateu, QUINCAS Ah, tu sempre foi doido mermo, desde peque-
Mamãe e seu filho, Após um tempo no que tu é doido, Machado. Aprendê a lê e
parado, olhando o sê importante é coisa dos branco.
Com fome e sem lei. outro com desdém
(Quem comanda o jogo?) Coro
Quem? MACHADO E você se acha preto, Quincas?
Quem?
Quem? QUINCAS Claro que não, preto é você! Eu sou marrom,
Quem comanda o jogo? quase branco. Por isso ninguém desconfia
dos pacote que eu levo...Eu vou passando...
QUINCAS Eles manda a gente levá uns pacote, Macha- Eu vou passando... E ninguém nem olha direi-
do. Diz que é pacote com biscoito, ou que é to pra mim, ainda mais vestindo a chinela...
documento dos preto que vieram escondido,
quando o governo proibiu que viesse gente MACHADO Você não é branco, Quincas! Você é doidi-
das África. Diz também que são bolotas de nho das ideia, mas branco tu não é! E a gente
ouro. Mas dizem mesmo que é pra gente não pode sim! A gente pode saber ler e ser impor-
procurá sabê o que é. tante sim!
QUINCAS Vai vendo, vai pensando que tu vai sê importante, vai nessa ATOR Essa história está só começando! O menino Macha-
Saindo de querê aprendê a lê que tu vai se dá de mal. Depois não Os mesmos atores do, que sonhava ser um homem das letras, num ins-
diga que não avisei. Tu divia esquecê essas ideia, o bom é fazem a narração, tante, se viu ainda mais apavorado no mundo.
ganhar dinheiro, muito dinheiro! Vai vendo, Machado, vai como pano de fundo
vendo! Quando mudá de ideia me procure. Vai saindo, mas uma marcha de car- ATRIZ Não só pela gente cruel, ambiciosa e egoísta, nem
naval. A música vai pela realidade que o cerca, mas pelo que há de pior
para e volta. Tenho uma novidade: eu agora moro só.
crescendo, até tomar por causa do ódio à sua cor de pele e classe social.
MACHADO Mora só? Por que? toda a cena.
ATOR O cerco se fecha.
QUINCAS Tu não ficou sabeno?
ATRIZ A roda não para de girar esmagando os corpos.
Eles se olham por
um tempo, Quincas
baixa a cabeça, ATOR Os amigos que tombam lá e cá.
respira fundo.
ATRIZ E as portas que se fecham, e os caminhos que não
QUINCAS Mataram meu pai mês passado, lembra? se cruzam.
MACHADO É, eu lembro... Mataram ele por engano... ATOR Para coroar esse rosário de dificuldades, uma tra-
QUINCAS E essa semana minha mãe foi simbora, currida. Parece que Pondo uma coroa de latão na ca- gédia em pleno carnaval.
beça da atriz, que agora veste uma
arguém importante da corte acha que ela sabe do que ela
máscara do imperador Pedro II
não sabe e ameaçou ela de morte. E agora eu tô é só nessa
vida. Sorte a minha que achei esse home bom que me ajuda. ATRIZ Durante a passagem de um bloco de samba.
Pondo uma coroa de latão na
cabeça do ator, que agora veste
uma máscara da princesa Isabel
A MÃE Não, meu fio, não quero que ocê venha trabaiá
Surge um bloco carnavalesco cumigo. Ocê precisa estudá e brincar. Trabaio
e de dentro dele, Machado e é coisa de gente adulta. Seu trabaio é o estudo.
sua mãe, que traz consigo uma
cesta de palha pendurada num MACHADO Ah, mãe, mas o que custa eu ajudar? A senho-
braço e na cabeça um pequeno ra disse que anda tão cansada e o pai anda
balaio, também de palha, apoia- sempre doente, passou a vida toda pintando
do em uma rodilha de pano. as casas dos ricos e ganhando tão pouco... Eu
queria ajudar... E aqui num tem escola...
VAPOR Quincas? Deixa eu ver... EXU Sou o mensageiro, o dos caminhos, o que
BARATO Rindo come de tudo e fala todas as línguas. Nin-
Retira do bolso guém vem ao pai senão através da minha
um rolo de papel pessoa. Sou aquele que desata os nós e
que se desenrola aplica a justiça, aquele que mata um pás-
pelo palco.
saro ontem com o tiro de hoje. Sou o mo-
Ah, sim... Quincas! Infelizmente esse vimento, o big-bang, a boca que tudo en-
garoto está morto. gole, o motor que gera os movimentos.
Comigo não existe o talvez. Sou o sim no
MACHADO Quincas tá morto? não e o não no sim.
Assustado
MACHADO Ah, é? Mas o que você quer comigo?
VAPOR Sim. Agiu mal, deu um passo em falso, Com desdém
BARATO saiu dos nossos planos. Ele queria uma EXU Eu não quero nada de você. Vim trazer a
liberdade que não existe e acabou pe- Gargalhando ajuda prometida pelo velho que é seu guia,
recendo por conta de sua desobediên- seu anjo de guarda, dono e senhor de seu
cia. Sem querer (Dissimulado) caiu do ori. Somos fiéis escudeiros de seus ante-
vapor. Precisei prestar conta aos par- passados e dos que virão. Sentimos suas
lamentares do negócio. Venha. Vamos, dores nos navios que os trouxeram de nos-
não tenha medo. Entre para o nosso sa terra. Lutamos para fazer disso aqui a
time de colaboradores, não fique amar- terra que jorra leite, azeite e mel, para fa-
gurado, não seja tão pobre de espírito. zer dessa terra a vossa nova morada!
Não sofra!
MACHADO Pelo visto não deu muito certo. A gente
Assustado, fala vive nessa miséria. Eu tô quase aceitando
Música. Transição de cena. Surge Exu para o público e o convite do Vapor Barato. A gente aqui
e seu séquito por trás de Vapor Barato, depois para Exu vive na fome, de pés descalço, sem saú-
que durante uma música exuberante, de, sem escola, eu invejo os menino rico,
desaparece. eu invejo quem come bem. Acho que Deus
nunca olhou pra nós.
EXU Não diga isso, seu moço. Não pense essas coisas! EXU Machado, o que você quer?
Olorun é sábio! Ele deu muitos caminhos. Não se
O menino fica
desvie do seu. Olha lá. (Pega Machado pela cabeça, em silêncio
como num transe) Olha lá longe. Está vendo? Uma
Machado, o que você quer?
procissão. O padre segue cansado; mas firme e de-
terminado. Deus mora na determinação dele, Deus MACHADO Eu...Eu... Eu quero aprender a ler e escre-
abre os seus caminhos. Os dele e os seus. Para Ele vê e ser um doutor das letras.
não existe tempo ruim. Ele não escolhe esse ou aque-
EXU Grite bem alto, fale em minha cara, em
le. Todas são escolhidas! Olha lá do outro lado: veja
bom e alto som! Bote sangue nos olhos,
quanta gente miserável.
Machado!
MACHADO Né não! É tudo gente rica. MACHADO Eu quero aprender a ler e escrevê ser um
Gritando na doutor das letras!
EXU É tudo gente pobre de grandes e podres poderes. cara de Exu
Não aceitam o novo, por dentro é só podridão debai-
EXU Invoco Obi e o Orobô
xo da casca repintada. Funcionários das repartições
viciadas, políticos velhacos que só legislam para si e Rindo e cantando O jogo da vida
uma música que Contra a mendaz democracia
religiosos enriquecendo em seus templos. Havemos nem eu entendo E o fajuto direito
de queimá-los no fogo divino que queima a carne e direito. O grupo
Contra a constituinte dos falsos profetas
a alma. que acompanha
Exu forma uma E contra os ladrões do templo.
Canta o Queima! coreografia enco- Invoco a justiça e o segredo gigantesco
RÉP DO Queima! brindo Machado. Pela sabedoria e pela paz.
FOGO Queima! Epá babá!
DIVINO Queima em nome do divino Aláfia!
Queima em nome do prazer! Machado surge no
meio do palco com
Queima!
um livro nas mãos.
Queima!
Queima!
EXU Menino Machado, o que está escrito aí?
Queima o bonde do atraso
E os vermes do regresso.
Com medo, Machado abre o livro e começa
Queima! a soletrar com dificuldade; aos poucos per-
Queima! cebe que sabe ler e se empolga, encantado
Queima! com o que está acontecendo, lendo cada
vez mais alto e com mais brilho.
MACHADO Pois a nossa vocação não é o hot dog MACHADO Amazonas e caatinga
empoeirado com Pantanal, inverno e verão.
Ketchup e mostarda Nossa Senhora, umbanda, caboclos, juremas
Nem o ouro de tolo da Europa desencantada e juremeiros,
Ou o encanto vão dos estrangeiros. Encantados, Ifá e ebó.
Nossa vocação é o samba e a exuberância, Ode ao lobo guará e cobra Norato,
É a luta e a lida, é a revolução e o não-silêncio Viva a Iara e a onça!
É a rapadura, o milho, a cachaça, Viva o guaraná e o melão caboclo
O samba e o forró Viva nossas heroínas e heróis!
É nossa vocação a terra fértil e o ouro Axé
O amarelo e o negro. Laroiê!
Trabalhadoras e trabalhadores
Os que suam a testa EXU Você sabia de tudo, Machado.
E os que lavram a terra que é nossa MACHADO Mas eu não sabia que sabia!
Por direito!
Latinos EXU Vocês sabem de tudo, mas não sabem que sa-
Latinamérica Segurando bem. Nós sabemos! E estamos aqui para mos-
Latinamericanas Machado pelo trar que vocês tem tanto medo que lutam por
queixo. Ele fica tão pouco. Não tenha medo, Machado. Nem
Do sul, no centro, do norte.
na ponta dos pés de sonhar, nem correr, nem de andar, nem de
Do calor, do vatapá e dendê
fazer. Nem da revolução. Bote pimenta nos
Dos pampas e dos lençóis
olhos, pimenta na língua, pimenta nos pés.
Do Solimões e Francisco E a água que apaga o fogo segure firme em
Cuscuz, mandioca e tapioca suas mãos. Vocês são fogo e água. O raio e o
A oca Exu começa a cantar um caramujo. Vocês são o “talvez” que dá brilho
O oco. samba de roda. Aos poucos ao que vocês são. Vocês são a mistura. Não
os atores e atrizes entram em
É tudo nosso, cena cantando e formando um
fuja, Machado. Olhe nos olhos, olhe nos
É nosso o brilho e fulgor bloco de carnaval. Do meio olhos de fogo e água!
A bananeira e a Guanabara dele surge uma atriz ou um
ator. O bloco congela.
Todos os santos Jesus e o candomblé,
O caipira e o jeca, as veredas e o sertão,
ATRIZ E o menino Machado seguiu seu destino. Seu
ATOR destino trágico, dramático, alegre, fantasioso,
feliz e surpreendente, como muitos seguiram e
devem seguir. Aprendeu a ler sozinho, foi para
a cidade e se tornou um doutor das letras.
Maior escritor nessa terra não existe. A última
flor do Lácio. O traço negro da latinoamérica.
Como disse um mestre: cada qual cuide de seu
destino. Impossível não há!
As luzes não se
apagam.
FIM
ORELHA
DE COMO PROTEGER DO RACISMO Em linguagem teatral Uarlen Becker faz - como a maioria dos conhecedores da li-
O MENINO QUE HÁ EM NÓS teratura universal atual - a mistura de realidade e ficção, narração e reflexão com a
história do Menino Machado e do seu sonho de aprender a ler e escrever, imaginan-
A obra “O Menino Machado”, do inventivo e comprometido Uarlen Becker, do que um dia viria a ser doutor das Letras brasileiras, e, assim, se colocar entre os
um inquieto artista de teatro, se associa aos esforços contemporâneos em re- principais autores brasileiros e internacionais da literatura mundial. É uma narrativa
contar a história da formação cultural do Brasil, completando as graves lacunas única sobre Machado. Supõe o autor da peça, que era assim que Machado gostava
impostas pelo racismo. se ser chamado. Uarlen cria criaturas imaginárias, o que enriquece, e muito, a sua
O reconhecimento da negritude de um dos mais elogiados escritores da lín- narrativa. Alguns desses personagens se misturam com outros que também apare-
gua portuguesa oferece às novas gerações um referencial de talento intelectual cem na obra machadiana e com personagens do imaginário popular afro-brasileiro.
cuja imagem desvia dos padrões eurocêntricos entronizados pelas elites brasi- Não acho que a narrativa de Uarlen em O Menino Machado tenha forma dramáti-
leiras. Trata-se de um homem de cor, como eram chamados os que não tinham ca usada pelo teatro clássico, mas também não é nada lírico, pois a narrativa central
a pele clara, um escritor consciente dos problemas do seu tempo e que desde a é sobre o fato de o personagem principal do texto ser um menino pobre nascido em
infância já demonstrava não aceitar os limites impostos pelo preconceito. um dos inúmeros morros cariocas, filho de família humilde. Também dizer apenas
Na era dos tombamentos nas redes sociais, é interessante conhecer um pou- como dizem quase todos dos seus biógrafos que Machado era uma criança pobre
co das estratégias utilizadas por um literato mestiço para afrontar o conserva- porque nasceu no Morro do Livramento, um dos inúmeros morros cariocas, é pura
dorismo de um Brasil ainda mais preconceituoso do que o que vivemos hoje. redundância, porque os ricos ou a classe média cariocas não nascem nem moram
no morro, às vezes vão apenas visita-lo para apreciar a paisagem da bela cidade do
Para os jovens que militam na internet e para os que desfrutam das conquis- Rio de Janeiro.
tas da militância vale a pena saber que já foi mais difícil e que meninos, como
Machado, conseguiram. Sobre a infância e adolescência de Machado, Uarlen cria situações fantásticas
que – até onde eu saiba - não existem em nenhum outro autor que escreveu sobre
Machado de Assis fez da sua inteligência um brado de inconformismo e de o personagem. São ricas aparições de personagens populares do nosso cotidiano
denúncia, utilizou a ironia para forçar a reflexão de um país que ainda hoje re- fundado, em parte, na cultura afro-brasileira. Esses personagens enriquecem muito
siste em se olhar no espelho. a nossa cultura popular, mas hoje, com o domínio humano de novas tecnologias de
Uma história de resistência que Uarlen, talentoso escritor, dramaturgo e comunicação e informação, quando não percebidas criticamente, alienam as pesso-
poeta, nos apresenta de forma leve, na linguagem dos palcos, com diálogos as das mais diferentes faixas etárias, espacialmente a infanto-juvenil, que é levada
precisos que nos convidam a conversar com o personagem e nos envolvem no a crer, - de maneira cretina - que Machado de Assis e outros autores da literatura
espírito desafiador e curioso da infância, cheio de esperança. brasileira não devem mais ser discutidos/lidos em salas de aulas. E é por essas e
dezenas de outras razões ser de grande importância a leitura e representação do
Que as novas gerações, especialmente os meninos e meninas de pele preta,
texto do Uarlen Becker por crianças, adolescentes, jovens de comunidades, alunos
conheçam mais referências para se orgulharem e para acreditarem que é possí-
e professores das redes de educação do país, enfim, pela população em geral.
vel. Uma oportunidade para reconhecermos as potencialidades do menino que
há em todos nós. Geraldo Prado
Graduado em História, Mestre e PhD em Ciências Sociais Aplicadas;
André Santana professor aposentado do IBICT/UFRJ e fundador/curador da Biblioteca
é jornalista Comunitária do Paiaiá, Nova Soure – Ba.
Foto: Lázaro Vencimento
UARLEN BECKER