Livro - Cristianismo Primitivo

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 168

Copyright©2022 by Uchôa Ricardo Oliveira

Preparo de Originais: Equipe Zaya Serviços Editoriais


Diagramação e Capa: Equipe Zaya Serviços Editoriais

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


CBL – Câmara Brasileira do Livro
UCHÔA, Ricardo Oliveira.
CRISTIANISMO PRIMITIVO - 1ª ed., Manaus/AM
Edição do Autor, 2022.
124 p.: il.

ISBN:

1. Literatura Cristã. 2. Literatura Brasileira.

LIVRO BRASILEIRO. I Título


FORMATO: A5 14x21

Impresso no Brasil, 2022.


Copyright "©" 2022. Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução parcial ou total, por qualquer
meio. Lei Nº 9.610 de 19/02/1998 (Lei dos direitos
autorais).
2023. Produzido no Brasil.
Cristianismo Primitivo – Uma análise dos principais
acontecimentos na formação da religião e da Igreja.
Ricardo de Oliveira Uchôa1
Allan Almeida Lima2
Elisson Márcio Moura Silva3
Resumo:
É indubitável que a civilização ocidental tenha sua
história entrelaçada com a religião. Em um mundo em que as
religiões se voltam, de modo geral, para o culto de uma
pluralidade, de uma multidão de deuses no paganismo
antigo, a chegada de Jesus de Nazaré se apresenta com uma
Nova Era. O presente livro visa descrever e explicar os
acontecimentos e mudanças ocorridas antes e depois do
primeiro século, com base na obra do eminente professor
Earle E. Cairns, autor da obra “O Cristianismo Através dos
Séculos”, merecendo ênfase, será salientado a história de um
período muito rico em afã religiosa e cultural ao redor do
mediterrâneo, como as culturas Hebreus, Helenistas e
Prosélitos, que fizeram parte de uma sociedade que antes do
século primeiro, já estavam divididos

1
Graduação em Licenciatura em História pelo Centro Universitário do Norte (2020),
Especialista em História do Brasil pela Faculdade dos Vales Elvira Dayrell, FAVED . E- mail:
[email protected]
2
Graduação em Licenciatura em História pelo Centro Universitário do Norte
(2019), Pós Graduado em História do Brasil. E-mail:
[email protected]

3
Graduação em Licenciatura em História pelo Centro Universitário do Norte (2019),
Especialista em Ciências Humanas e Social e o Mundo do trabalho pela UFPI . E-mail:
[email protected]
em seitas judaicas: fariseus, saduceus, herodianos, zelotes e
essênio. Em um período em que as pessoas viviam em
cidades cosmopolitas e os povos eram subjugados pelas leis e
cultura do Império Romano, ainda que, Roma tivesse que
oferecer em lugar da religião, o culto ao imperador. Ao
mesmo tempo, uma concepção de auxílio espiritual e
emocional se manifesta através dos ensinamentos difundidos
por Jesus e seus apóstolos, que culminou na criação de uma
nova religião por todo o mundo: o “cristianismo”.

Palavras-chave: Cristianismo Primitivo; Igreja Primitiva;


Cultura e Religião; Jesus Cristo.

Abstract:
It is undoubtedthat Western civilization has its history
intertwined with religion. In a world in which religions
generally turn to the worship of a plurality, a multitude of
gods in ancient paganism, the arrival of Jesus of Nazareth
presents itself with a new era. This article aims to describe
and explain the events and changes that occurred before and
after the first century, based on the work of the eminent
professor Earle E. Cairns, author of the work "Christianity
Through the Centuries", deserving emphasis, will be
highlighted the history of a period very rich in religious and
cultural avidity around the Mediterranean, like the Hebrew,
Hellenistic and Proselyte cultures, which are part of a society
that before the first century, were already divided into Jewish
sects: Pharisees, Saducees, Herodians, Zealots and Essese.At
a time when people lived in cosmopolitan cities and peoples
were subjugated by the laws and culture of the Roman
Empire, yet, Rome only had to offer instead of religion the
cult of the emperor. At the same time, a conception of
spiritual and
emotional help is manifested through the teachings
disseminated by Jesus and his apostles, who ate in the
creation of a new religion throughout the world:
"Christianity".
Keywords: Early Christianity; Primitive Church; Cultures
and Religion; Jesus Christ.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................11
CULTURAS E RELIGIÕES NO MEDITERRÂNEO.........................16
CULTURAS.............................................................................19
RELIGIÃO E SEITAS JUDAICAS................................................22
A FORMAÇÃO DO CRISTIANISMO PRIMITIVO NO PRIMEIRO
SÉCULO.................................................................................26
PAULO E ESTEVÃO – LUTA E FÉ..............................................31
PAULO – UM SERVO CHAMADO PARA SER APÓTOLO............34
A DIÁSPORA E A FUNDAÇÕES DAS IGREJAS...........................39
AS PERSEGUIÇÕES E MARTÍRIOS...........................................50
O CATECISMO DOS PRIMEIROS CRISTÃOS.............................56
A CELEBRAÇÃO LITÚRGICA....................................................59
O CRISTIANISMO OCIDENTAL - A IGREJA A PARTIR DE ROMA –
ANO 100 A. D........................................................................63
OS PRINCIPAIS MOVIMENTOS HERÉTICOS DO SÉCULO III AO
SÉCULO V..............................................................................73
Mártir Cristão, São Policarpo Bispo de Esmirna, 155 d.C........79
O MONASTICISMO NOS CLAUSTROS – O SURGIMENTO DAS
ORDENS RELIGIOSAS.............................................................90
A VIDA ASCETICA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS...................100
CONCLUSÃO........................................................................113
REFERÊNCIAS......................................................................117
IMAGEM

Imagem 1: ALEXANDRE MAGNO TAMBÉM CONHECIDO


COMO ALEXANDRE, O GRANDE................................................ 22
Imagem 2: OS ROMANOS CRIARAM UMA MALHA VIÁRIA
INCOMPÁRAVEL............................................................................ 29
Imagem 3: ESTEVÃO, O PRIMEIRO MÁRTIR.............................33
Imagem 4: VETORES DA CHEGADA DE APÓSTOLO PAULO,
COMO PRISIONEIRO NA CIDADE DE ROMA............................37
Imagem 5: DE ANTIOQUIA PARA O MUNDO, A PRIMEIRA
VIAGEM MISSIONÁRIA DO APÓSTOLO PAULO DE TARSO.
............................................................................................... 40
Imagem 6: PERSEGUIÇÕES E LUTAS FAZIAM PARTE DA
VIDA DE QUEM ACREDITAVAM EM JESUS.............................52
Imagem 7: SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA, BISPO E MÁRTIR,
A PRIMEIRA PESSOA A UTILIZAR O TERMO CATÓLICO.
............................................................................................... 54
Imagem 8: MÁRTIR CRSITÃO, SÃO POLICARPO BISPO DE
ESMIRNA.......................................................................................... 79
Imagem 9: JESUS CRISTO NOSSO SENHOR, POR CAUSA DE
SEU AMOR SUPER ABJUNDANTE, SE FEZ O QUE NÓS SOMOS
, PARA FAZER DE NÓS O QUE ELE PRÓPRIO É. SANTO
............................................................................................... 82
Imagem 10: A REGRA DE SÃO BENTO DE PARTE DO
CONCEITO DE “ORAR E TRABALHAR”......................................95
Imagem 11: SÃO FRANCISCO DE ASSIS...................................102
Imagem 12: SANTO AGOSTINHO................................................110
CRISTIANISMO PRIMITIVO

INTRODUÇÃO

O objetivo principal deste livro é explicar quais os


principais acontecimentos para a formação do cristianismo
primitivo e da Igreja nos primeiros séculos, baseando-se na
obra do eminente professor Earle E. Cairns, chefe do
departamento de história da igreja, membro da Academia
Americana de História da Igreja e autor da obra “O Cristianismo
Através dos Séculos”, esta comumente obra que se refere à
história do cristianismo e da Igreja. Fontes como o Novo
Testamento são essenciais no que se refere à história da Igreja,
sobretudo os evangelhos e o livro de Atos dos Apóstolos
(segundo a tradição escrito por Lucas, autor do evangelho
atribuído ao seu nome), além das cartas às igrejas e aos
discípulos escritas especialmente por Paulo, Pedro e João, mas
não só por estes, a história da Igreja tem seu início em
Jerusalém, berço da Igreja Cristã, a própria Bíblia Sagrada é
fonte segura que corrobora esta afirmação. Outras importantes
fontes são os manuscritos de Plínio, o Jovem, Tácito, Suetônio
e do judeu Flávio José (ou Josefo). Segundo GIORDAM (2002, p.
308):

11
CRISTIANISMO PRIMITIVO

O historiador não pode, portanto, nutrir


ideia preconcebida contra qualquer espécie
de fonte, antes que a mesma passe pelo
crivo da mais rigorosa crítica científica. Com
relação aos livros do Novo Testamento e,
muito particularmente, aos quatro
Evangelhos, devemos observar que jamais
documento algum sofreu tão cerrado
exame da crítica histórica. Não há uma
palavra dos Evangelhos que não tenha sido
objeto de cuidadosa consideração. A
autenticidade, a veracidade e a integridade
substancial desses escritos têm sido
sobejamente provadas.

Todas estas fontes citadas acima contribuirão


frutiferamente para esta minha breve narrativa da História da
Igreja e as efervescências políticas, sociais e religiosas que
ocorreram e consequentemente fizeram com que hoje o
Cristianismo seja a religião mais seguida no mundo.
Existem mais de sete bilhões de pessoas no mundo,
cerca de 2,3 bilhões se identificam como cristãs, hoje em dia a
fé cristã está presente em cada continente e em toda área
geográfica do mundo sob cerca de vinte mil correntes
diferentes, mas foi uma fé em que a maioria das pessoas
rejeitou na época em que nasceu em Jerusalém a dois mil anos,
seu fundador, nosso Senhor Jesus Cristo foi morto e, seus
12
CRISTIANISMO PRIMITIVO
seguidores que ficaram

13
CRISTIANISMO PRIMITIVO

conhecidos como cristãos foram periodicamente torturados e


dizimados. O mais poderoso império político que o mundo
jamais conheceu, usou toda a sua vasta máquina política e legal
em um esforço estressante para perseguir está fé poderosa e
emergente e falhou. Um período de quase 300 anos até o Édipo
de Milão em 313, quando a Igreja finalmente recebeu status
legal pelas mãos do Imperador Constantino.
Por outro lado, é importante destacar que o
desenvolvimento da História do cristianismo primitivo e a
fundação da Igreja no tocante as efervescências políticas,
sociais e religiosas, neste meu breve artigo, convido o leitor a
seguinte reflexão; mas o que é o cristianismo? A Igreja é
realmente um prédio, ela ainda seria uma Igreja se tirássemos
os hinários e as bíblias e, se o órgão fosse retirado e, se
tirássemos a pregação e as batinas dos padres? A minha
resposta para todos esses questionamentos é um sim imediato,
pois os primeiros cristãos não tinham nada daquilo que temos
hoje, eles não tinham templos, eles não tinham diferente
denominações, nem editoras, nem uma grande burocracia e
nem mesmo uma complexa hierarquia, mesmo assim era a
Igreja, pois a Igreja não é templo, mas sim pessoas, esses
primeiros cristãos tinham duas coisas essências e que
14
CRISTIANISMO PRIMITIVO
consideramos de suma importância, na

15
CRISTIANISMO PRIMITIVO

verdade insubstituíveis, que são a fé e a comunhão e, estas


premissas estão concentradas em Jesus Cristo nosso Senhor.
Paulo, o apóstolo de Jesus, diz que o cristianismo
penetrou no mundo quando veio à plenitude dos tempos, o
cristianismo primitivo surge como uma religião monoteísta
centrada na vida e nos ensinamentos do Jesus de Nazaré. Este
artigo será feito uma exegese com base em diversos textos
referentes “a plenitude dos tempos”. A plenitude dos tempos é
o advento de Jesus de Nazaré na terra. Cristo, quer dizer, o
filho, surge como o marco principal para difusão do
cristianismo.
No entanto, para discernir o cristianismo e a igreja, será
necessário identificar e descrever sobre as manifestações
culturais e religiosas que antecederam a chegada do Messias no
primeiro século.
Em uma ampla perspectiva sobre as sociedades vigentes
da época, será aqui exposto quais eram os ensinamentos das
seitas existentes: fariseus, saduceus, herodianos, Zelotes e
Essênio, visto que, tais facções ofereciam ao mundo a
esperança de um Messias que estabeleceria a justiça divina na
terra.
Cabe mencionar, que a história sobre a vida e morte de
16
CRISTIANISMO PRIMITIVO
Jesus Cristo é narrada em meio à dominação do Império
Romano. Logo após sua morte, seus discípulos — apóstolos —

17
CRISTIANISMO PRIMITIVO

têm como missão difundir os seus ensinamentos.


Com o advento da pedra a qual a Igreja se funda, foi
criado diversas Igrejas pelo mundo, influenciando novos
adeptos ao cristianismo, que tiveram papel importante na vida
da Igreja, personagens como Estêvão e o apóstolo Paulo,
passando por figuras marcantes como Irineu de Leão ao refutar
os agnósticos, assim como, o humanismo de São Francisco de
Assis, e seu modelo de ascese que tinha por finalidade não
apenas sua salvação pessoal, ou figuras marcantes como São
Domingos de Gusmão, que vai dar origem a Ordem medicante
dos Dominicanos, até chegar a um dos personagens mas
marcantes da história da Igreja Católica Apostólica Romana,
Santo Agostinho e seu pensamento que serviu de base para o
modo de ser de toda uma civilização durante 1.000 anos.
Ao final supriremos todas as explicações necessárias
para poder responder sobre os acontecimentos que começam
antes da plenitude dos tempos, que passou pelo período
gradual de decadência do Império Romano do Ocidente, e que
marcaram um passado que segue ainda presente entre nós.

18
CRISTIANISMO PRIMITIVO

CULTURAS E RELIGIÕES NO MEDITERRÂNEO.

“O cristianismo penetrou no mundo quando veio a


plenitude dos tempos, quando porém, chegou à plenitude
dos tempos, enviou Deus o seu filho, nascido de uma
mulher, nascido
sobre a Lei.”
Gálatas 4:4

Em primeiro plano, evidencia-se que o cristianismo teve


um papel enorme no desenvolvimento da civilização ocidental.
A origem cristianismo primitivo foi na Palestina, em uma época
de muita agitação religiosa, cabe mencionar, em segundo
plano, que nesta época o mediterrâneo estava sobre o domínio
do império romano, e a religião oficial vinha do pensamento
grego.
Palestina, a região onde o cristianismo deu
os seus primeiros passos, foi sempre uma
terra sofrida. Em tempos antigos, isso se
deveu principalmente a sua posição
geográfica, que a colocava na encruzilhada
das grandes rotas comerciais que uniam o
Egito à Mesopotâmia, e a Árabia com a Ásia
menor. GONZALES (1995, p.16).

É importante ressaltar, que o império romano era


19
CRISTIANISMO PRIMITIVO
tolerante com os povos conquistados em relação a seus

20
CRISTIANISMO PRIMITIVO

costumes e tradições, em outras palavras, davam autoridades e


títulos de cidadão romano, “os romanos devolveram aos
descendentes dos Macabeus4 certa medida de autoridade,
dando-lhes os títulos de sumo – sacerdote5 e etnarca6”.
GONZÁLEZ (1995, p.17).
Além disso, o império difundia sua religião entre os
povos, visto que, a sua política era conquistar o máximo de
súditos através de sua religião politeísta. Para o império, o
sincretismo religioso, era visto como uma forma de entre
mescla as religiões conquistadas com a dominante e que o
culto ao imperador era uma forma de fomentar a unidade
religiosa do império, contudo, com o advento do cristianismo
houve uma

4
Os macabeus, expressão que pode ser traduzida por 'martelos', foram os
integrantes de um exército rebelde judeu que assumiu o controle de partes de
Israel - na época um Estado pertencente ao Império Selêucida. Os
macabeus fundaram a dinastia dos Hasmoneus, que governou de 164 a 63
a.
5
Sacerdote é uma autoridade ou ministro religioso, habilitado para dirigir ou
participar em rituais sagrados de uma religião em particular. Eles também
têm a autoridade ou o poder de administrar os ritos religiosos, em especial, os
ritos de sacrifício e expiação de uma divindade ou divindades.
6
Etnarca, do grego ethnarkes, é um líder de uma etnia. O termo, e o cargo,
foram utilizados na Roma Antiga, no Império Bizantino e no Império
Otomano Na tradição judaica, o etnarca tem o direito de usar a púrpura e a
21
CRISTIANISMO PRIMITIVO
fivela de ouro o que faz dele um dinasta - é estratego.

22
CRISTIANISMO PRIMITIVO

passagem do politeísmo para o monoteísmo, por conseguinte,


o império romano passou a perseguir os cristãos.

23
CRISTIANISMO PRIMITIVO

CULTURAS.

“Toda casa é construída por alguém, mas Deus é o edificador


de tudo.”
Hebreus 3:4

Antes da chegada do Messias, as culturas e as religiões


na região do Mediterrâneo, tiveram participação fundamental
para a primeiro século, incluindo tanto os gregos (Atenas),
romanos (Roma) e principalmente a cultura e religião dos
judeus, dado que, as contribuições deles formam a herança do
cristianismo.
O judaísmo pode ser considerado como o
botão do qual a rosa do cristianismo abriu-
se em flor. CAIRS (1995, p.34).

A Palestina, visto que, se tornaria o berço do


cristianismo, em outras palavras, a principal casa de pregação
do cristianismo primitivo, foi comumente o primeiro lugar que
Paulo incumbiu- se para sua pregação dentre muitos outros
lugares que ouviram a palavra de Cristo, onde sua voz
representava a santidade do cristianismo. A região era
composta de muitas culturas e religiões, tais como, Hebreus,
24
CRISTIANISMO PRIMITIVO
Helenistas e Prosélitos, segundo afirma NOSELLA e OLIVEIRA:

25
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Povo Semita, originário de Ur, na Caldéia


(Iraque atual), os judeus chegaram à “Terra
Prometida” por volta de 2.000 ou 1.750 a.C.
Na época de Cisto eles se dividiam em três
categorias, que admitiam certa
hierarquização: os hebreus, os helenistas e
os prosélitos. NOSELLA e OLIVEIRA (2008,
p.273).

Os “hebreus” foram o povo que surgiram, por volta de


2000 a.C. e um dos primeiros povos a cultuar um único Deus,
sua principal característica foi conservar todos os costumes e
idioma de seus antepassados.
Os “helenistas” são partidários da língua e do costume
grego é também um povo considerado que possivelmente
tenha sido judeu que haviam regressado a Jerusalém. A cultura
do helenismo ocorre com as conquistas de Alexandre, O
Grande, ademais, o propósito do imperador não era
simplesmente conquistar, mas unir todas as cidades sob uma
mesma civilização grega, mesmo após a morte de Alexandre, a
cultura helenista continuou.
Ora, naqueles dias, crescendo o número de
discípulos, houve uma murmuração dos
gregos contra os hebreus, porque as suas
viúvas eram desprezadas no ministério
cotidiano. Atos (6:1)

26
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Segundo NOSELLA e OLIVEIRA, os “prosélitos” não eram


povos judeus, “havia também os prosélitos, que não eram
descendentes de judeus, mas, renunciando ao paganismo e
aceitando a lei mosaica, recebiam o rito da circuncisão.
Minoritários, poderiam ser encontrados em algumas cidades do
Império”. NOSELLA e OLIVEIRA (2008, p.274).

27
CRISTIANISMO PRIMITIVO

RELIGIÃO E SEITAS JUDAICAS.

“Nada é impossível para aquele que persiste.”


Alexandre, O Grande.

Com a morte do Imperador Alexandre, O Grande, o seu


império foi dividido pelos seus generais Selêuco, Lisímaco,
Ptolomeu e Cassandro, em quatro partes, e após 100 anos de
disputa pela região da Judeia, os Ptolomeus assumem o
controle.

Alexandre Magno, também conhecido como Alexandre, o Grande, nasceu


em 356 a.C. e foi o rei do Império da Macedônia por vários anos.

Por volta do ano 166 a.c., na região da Judeia ocorre uma


28
CRISTIANISMO PRIMITIVO

guerra civil que ficou conhecida como a Revolta dos Macabeus,


que terminou com a independência da Judeia até ser subjugada
pelos romanos. Após o fim da revolta dos Macabeus, criou-se
um espírito de nacionalismo e intensificaram-se os movimentos
que formaram os Fariseus e os Saduceus.
Cabe mencionar, que quando Jesus era um menino, as
rebeliões sucederam quase ininterruptamente. Depois dele,
nos dias do recenseamento, apareceu Judas, o Galileu, que
liderou um grupo em rebelião. Ele também foi morto e todos os
seus seguidores foram dispersos. Atos (5:37).
Os “Fariseus”, que deriva do vocabulário hebraico que
significa “separados”, não tinham o propósito de fomentar uma
religião puramente extrema e contava com a ajuda do povo.
Porque vos digo que, se vossa justiça não exceder a dos
escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos
céus. (Mt 5:20).
Os “Saduceus” eram uma das mais importantes seitas
judaicas, muitas vezes em oposição tanto política quanto
teológica aos fariseus, além disso, tinha muita influência na
sociedade aristocrática e conservadora da época, rejeitavam
fortemente a doutrina da ressurreição e não acreditavam na
existência dos anjos.
29
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Os “Herodianos” eram um grupo de que possuíam


privilégios e regalias concedidas pelo governo de Herodes7, esse
grupo se colocava à disposição do governo romano,
trabalhando como espiões que observavam continuamente
possíveis situações que poderiam trazer problemas ao governo,
como rebeliões políticas, insurreições ou movimentos
messiânicos
Os “Zelotes” é uma palavra derivada do aramaico, que
no vocabulário significa “agente caracterizado pelo nome de
Deus”, era um grupo religioso com caráter revolucionário que
se opunha tenazmente à ocupação de Israel pelo império
romano. O partido dos zelotes, tem papel importante na
rebelião que se estalou no ano 66 d.c., que culminou na
destruição do tempo de Jerusalém no ano de 70 d.C. quando o
Imperador Tito conquistou a cidade.
Os “Essênios”, adeptos de uma seita judaica que existiu
na Palestina no século II a.C., eram pacifista e se dedicavam a
estudar a Torá. O movimento essênio acreditava na chegada de
um messias e alguns historiadores acreditam que os essênios

7
Herodes, também conhecido como Herodes I ou Herodes, o Grande, foi um
30
CRISTIANISMO PRIMITIVO
rei do território da Judéia, como representante do Império Romano.

31
CRISTIANISMO PRIMITIVO

estão ligados ao famoso “Pergaminho do Mar Morto8”.


O curador Kool, descreve o achado desses
documentos como “um milagre” e diz que
há semelhança entre as práticas detalhadas
na literatura de Qumran (na descrição de
um grupo identificado como os essênios) e
as propriedades (DESCOBERTA...,2004).

Pode-se perceber, portanto, que na chagada que


antecede a vinda de Cristo à terra em forma humana é marcada
em meio a uma sociedade cheia de diversidade de tendências
de seitas religiosas e uma pluralidade de culturas como a grega
e romana, no entanto, o que todas essas seitas têm em comum
é: o monoteísmo e a esperança messiânica.

8
Os Manuscritos do Mar Morto são uma coleção de centenas de textos e
fragmentos de texto encontrados em cavernas de Qumran, no Mar Morto, no
fim da década de 1940 e durante a década de 1950.
32
CRISTIANISMO PRIMITIVO

A FORMAÇÃO DO CRISTIANISMO PRIMITIVO


NO PRIMEIRO SÉCULO.

“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome,


ali estou no meio deles.”

Mateus 18:20

Como já foi citado anteriormente, os anos que


precederam o primeiro século foi marcado em meio a uma
sociedade cheia de diversidade de tendencias de seitas
religiosas e uma pluralidade de culturas. Foi desta forma que foi
preparado o advento do Messias.
Deus havia preparado o caminho, o tempo e o lugar do
nascimento de Jesus, personagem que trouxe uma nova
ideologia transformadora e se impôs como divisor da História
para um segmento apreciável da humanidade. NOSELLA e
OLIVEIRA (2008, p.284). Eis que a virgem conceberá, e dará à
luz um filho. E chamá-lo-ão pelo nome de Emanuel, que
traduzido é: Deus conosco (Mt 1:23).
Segundo Paulo, o cristianismo penetrou no mundo
quando veio “plenitude do tempo”, quando porém, chegou à
plenitude do tempo, enviou Deus o seu filho, nascido de uma
33
CRISTIANISMO PRIMITIVO

mulher, nascido sob a Lei. (Gálatas 4:4). O nazareno nasceu em


meio à dominação do império romano, e aconteceu que
naquele dia, saiu um decreto da parte de César Augusto, para
que todas as pessoas se alistassem. (Lucas 2:1).
Jesus nasceu em Nazaré, mas o cristianismo nasceu
mesmo em Jerusalém, aos 12 anos, Jesus, visitou Jerusalém
com seus pais, Maria e José. “E tendo ele já doze anos, subiram
a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa”. (Lucas 2:42).
Jesus observava com muita inteligência a vida no mundo
exterior, mesmo criança ele era um atento observador das
coisas. “E acontece que, passando três dias, o acharam no
templo, assentando no meio dos doutores, ouvindo-os e
interrogando-os”. (Lucas 2:46).
Segundo NOSELLA e OLIVEIRA (2008), por volta dos 30
anos deixou a família e o trabalho e começou a pregar. Isto não
era algo excepcional naqueles tempos. Seu primo João, “o
Batista”, seguiu antes pelo mesmo caminho e reuniu um
pequeno grupo que com ele vivia, aprendia e levava uma vida
de penitência.
No século primeiro — a plenitude dos tempos — Jesus
em sua vida terrestre viveu entre os homens como um irmão, e
sua ação memorável foi vencer a morte. A ressurreição de Jesus
34
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Cristo foi dos acontecimentos mais marcantes de toda a Bíblia.


Foi a primeira ressurreição para a eternidade com um corpo
transformado. 1 Coríntios (15:20).
A nova interpretação da lei proposta por Cristo e
anunciada por Estêvão foi levada às últimas consequências por
Saulo quando se tornou Paulo, e isso fica evidente em suas
epístolas. Insistindo sempre no caráter libertador da lei de
Cristo, fazia constar a sua superioridade sobre a lei mosaica.
Afirmava que, enquanto “éramos meninos, servíamos debaixo
dos rudimentos do mundo”.
Porém, com o cumprimento do tempo,
quando Deus nos enviou o seu Filho,
passamos a observar uma nova lei que nos
fez herdeiros da graça (Gal. 4:1-9).

Os Romanos criaram ótimas estradas, e Paulo serviu-se


muito bem do sistema viário, através de longos caminhos,
difundindo os ensinamentos do cristianismo pelas principais
cidades, tal como, a viagem que Barnabé fez acompanhado do
apóstolo Paulo a cidade de Antioquia, os dois levaram o
evangelho aos gentios, ocasionalmente, é onde os cristãos
receberam esse nome pela primeira vez.

35
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Quanto à educação cristã desse primeiro


século, o ponto de partida foi o magistério
de Jesus, ao qual os apóstolos deram voz e
continuidade. Pedro destacou-se como o
primeiro pregador. Paulo, embora não
tivesse convivido com o Mestre, foi
chamado pessoalmente por Cristo.
Converteu-se tão fervorosamente, que sua
obra missionária o tornou um co-fundador
do cristianismo. NOSELLA e OLIVEIRA (2008,
p.272).

Os Romanos criaram uma malha viária incompáravel, e Paulo serviu-se


muito bem do sistema viário além disso, muitos dos traçados dessas
estradas foram mantidas na moderna Europa do sistema viário além disso,
muitos dos traçados dessas estradas foram mantidas na moderna Europa.

36
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Assim, nesse período a Igreja nasceu em um ambiente


de problemas interno de heresias e a constantes perseguições
do estado romano. A morte, a ressurreição e a fundação da
Igreja são de suma importância para compreender o
cristianismo primitivo, os primeiros cristãos eram judeus e com
o crescimento gradual do cristianismo houve uma ruptura com
o judaísmo, se bem que, para os judeus o cristianismo não era
uma nova religião, mas sim uma seita herética dentro do
judaísmo.
Enfim, a plenitude dos tempos, surge com um divisor de
acontecimentos históricos, e o grande acontecimento no
primeiro século, foi a substituição gradualmente do politeísmo
pagão pelo monoteísmo, está substituição só foi possível
através de personagens como Irineu de Leão, que difundiu os
ensinamentos e doutrinas do cristianismo primitivo.

30
CRISTIANISMO PRIMITIVO

PAULO E ESTEVÃO – LUTA E FÉ.

“Estevão, homem cheio de graça e do poder de Deus,


realizava grandes maravilhas e sinais no meio do povo.”
Atos dos Apóstolos 6:8

Naquele contexto histórico há qual Saulo de Tarso


estava inserido houve um divisor de águas que mudaria sua
vida para sempre, o martírio de Estêvão. No julgamento de
Estêvão, foram convocados os chamados Libertos dos Cireneus,
dos Alexandrinos e dos da Cilícia e Ásia.
Saulo também estava presente no julgamento de
Estêvão. Por ser instruído, um poliglota e conhecedor das leis
romanas e do templo dos sacerdotes, foi aclamado como
zeloso oponente aos cristãos como perseguidor.
Tentou aplicar seu conhecimento científico, sua
eloquência contra Estêvão, e convenceu o povo de que ele,
Estêvão conjecturava doutrinas que se caracterizavam dentro
daquele contexto como enganosas e perigosas. Os líderes
religiosos e autoridades daquela época que testemunharam o
discurso final de Estêvão ficaram catatônicos no sentido de
31
CRISTIANISMO PRIMITIVO

perceberem tanto conhecimento e segurança na oratória de


Estêvão, mesmo assim, decidiram levar Estêvão diante do
Sinédrio.
Saulo encontrou um oponente a sua altura em termos
de conhecimento, não foi por acaso que Estêvão havia sido
escolhido como um dos sete diáconos da Igreja. Naquele
tempo, houve um grande crescimento de novos seguidores do
cristianismo, mas também houve muitos questionantes dos
Helenistas contra os Hebreus, porque as viúvas daquele
contexto histórico estavam sendo deixados de lado, no que se
refere a distribuição de alimentos.
A instituição dos diáconos: ora, naqueles
dias, multiplicaram-se o número dos
discípulos, houve murmuração dos
helenistas contra os hebreus, por que as
viúvas deles estavam sendo esquecidas na
distribuição de alimentos diários (atos 6:1).

É de extrema importância salientar de que nenhuma


sentença legal foi pronunciada contra o réu, no caso, Estêvão,
neste caso específico, as autoridades romanas foram
subornadas pelos sumos sacerdotes do templo. Saulo era uma
pessoa pública e popular entre os judeus, tanto pelo seu
notório
32
CRISTIANISMO PRIMITIVO

saber quanto pelo seu comprometimento em perseguir de


forma zelosa os cristãos.
As testemunhas que foram subordinadas pelos sumos
sacerdotes, foram às primeiras as serem convidadas para
atirarem as primeiras pedras.

Estevão, o primeiro mártir (At 6,7-15).

33
CRISTIANISMO PRIMITIVO

PAULO – UM SERVO CHAMADO PARA SER


APÓTOLO.

“Ainda que eu falasse a língua dos homens, e falasse a língua


dos anjos, sem amor eu nada seria.”
Paulo de Tarso

Saulo ficou impactado e abalado psicologicamente com


a morte de Estêvão. Sendo uma pessoa de personalidade forte
e também determinado, tornou-se mais presente na
perseguição aos devotos cristãos, uma vez que se convenceu de
que estava tomando a decisão certa em virtude da linha de
pensamentos e raciocínios dos sacerdotes e escribas. Saulo
estava de viagem marcada para a sua cidade natal Damasco.
Contemplaram com prazer as terras férteis.
E caindo por terra, ouviu uma voz que lhe
dizia: Saulo, Saulo por que me persegues?
Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a
resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu
persegues (Atos 9:4-5)

34
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Os que viajavam com Saulo, ficaram aterrorizados,


quase que cegos pela intensidade da luz, ouviram uma voz que
ecoava com força, mas não viram absolutamente ninguém, o
que os deixaram apavorados. Nesta terrível situação recordou
que Estevão havia sido sacrificado com seu apoio e
consentimento, Saulo ainda em choque, tremendo e atônito
disse:
Mas levanta-te e entra na cidade, onde te
dirão o que te convêm fazer, os seus
companheiros de viagem pararam
emudecidos, ouvindo a voz, não vendo,
contudo, ninguém. Então se levantou Saulo
da terra e, abrindo os olhos nada podia ver.
E guiando-o pela mão, levaram-no para
Damasco. Esteve durante três dias sem ver,
durante os quais nada comeu, nem bebeu
(AT 9:6-9).

De perseguidor a apostolo, Saulo, agora Paulo foi então


levado às águas do rio Jordão em Damasco onde foi batizado
por Ananias. Ele, então deu início a sua vida de pregação do
evangelho, também procurou ensinar nas sinagogas onde Jesus
Cristo havia sido julgado e posteriormente morto. Enquanto ia
tendo contato com os cristãos, sua fé era fortalecida. Os judeus
ficaram espantados e também muito confusos por causa da sua
conversão.
35
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Devido sua repentina conversão, sua vida esteva em


perigo, ele recebeu um chamado de Deus para se retirar da
cidade de Damasco e ficar por um período só. Paulo retorna um
tempo depois e sua cidade natal e começou a pregar de forma
ousada e com grande eloquência, as pessoas ficaram
maravilhadas, mas os sumos sacerdotes planejaram sua morte.
A ira que os judeus sentiam de Paulo chegava a assustar.
Não havia limites, mas Paulo estava determinado a levar
adiante as boas novas. Paulo foi um obreiro incansável, passou
muita dificuldade, também pregou em lugares remotos de
difícil acesso.
A vocação de Paulo demandava serviços de
vários tipos trabalhava com suas mãos par
seu sustento, estabelecia Igrejas e escrita
para Igrejas já estabelecidas (Histórias da
redenção Pág. 216).

O martírio de Paulo: Um fato importante neste recorte


temporal foi do imperador Nero em ralação a vida de Paulo. O
imperador ficou possesso por ter descoberto que membros do
palácio haviam tomado a decisão de se converterem na
primeira visita de Paulo.
Paulo foi encaminhado de forma de secreta a um lugar
onde seria então executado. Os soldados que foram

36
CRISTIANISMO PRIMITIVO
designados a

37
CRISTIANISMO PRIMITIVO

levarem em segredo, ficaram espantados com tamanha


tranquilidade de Paulo em seu semblante, ele passava tanta
tranquilidade que ia cantando no trajeto do seu suplicio.
O apóstolo esteva olhando para o grande
além, não com incerteza ou terror, mas com
alegria e esperança e ansiosa expectativa.
Ao encontrar-se no lugar do martírio, não
viu a reluzente espada do carrasco nem a
relva verde, verde que tão logo iria receber
seu sangue. Olhou em direção ao calmo céu
azul daquele dia de verão, para o trono do
eterno. Suas palavras foram “O Senhor é
meu conforto, minha recompensa”
(Histórias da Redenção PAG.221).

Vetores da chegada de apóstolo Paulo, como prisioneiro na cidade de Roma.

38
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Em seus últimos momentos de vida, cantava louvores a


Deus com alegria e paz. Aos seus algozes, dizia: eu os perdoo-o
pelo que irão fazer, os guardas olhavam com extremo terror e
medo para Paulo. Suas últimas palavras foram:
Combate o bom combate, completei a
carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da
justiça me está guardada, a qual o Senhor,
reto juiz, me dará naquele dia; e nem
somente a mim, mas também a todos
quantos amem a sua vida (2Tm 4:7-8).

39
CRISTIANISMO PRIMITIVO

A DIÁSPORA E A FUNDAÇÕES DAS IGREJAS.

“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que


são forasteiros da Diáspora no ponto, na Galácia, na
Capadócia,
na Ásia e na Bitínia.”
1 Pedro 1:1
O apóstolo Paulo não foi um dos 12 apóstolos originais
de Jesus, mas com certeza ele foi o maior missionário de Jesus
que já viveu. Como um judeu devoto Paulo foi um perseguidor
feroz da Igreja, mas sabemos que depois participou de uma
experiência na estrada onde Paulo disse que Jesus em pessoa
apareceu para ele, Paulo virou um homem obcecado com uma
missão na vida, levar o evangelho de Cristo para o maior
número de pessoas, sem se importar com o que ele poderia
sofrer. O caminho de Paulo era ir às sinagogas, mas ele
comumente pregava e ensinava nas ruas, mercados, no
areópago, em colinas e, em qualquer lugar em que tivesse um
ouvinte, em todo local por onde Paulo passava alguns
respondiam de forma positiva se tornando discípulos de Cristo,
mas em geral encontrava resistência, normalmente era preso,
surrado ou apedrejado antes de ser expulso da cidade.

40
CRISTIANISMO PRIMITIVO

De Antioquia para o mundo, a primeira viagem missionária do Apóstolo


Paulo de Tarso.

Paulo ajudou a Igreja a entender a universalidade da fé


mais do que qualquer outro e, de uma forma decisiva ele abriu
as portas para que os gentios se tornassem participantes
integrais da Irmandade Cristã e distinguiu da herança judaica as
partes a serem mantidas das partes opcionais ou que estavam
ultrapassadas com a vinda de Cristo. É fácil de perceber a
enorme contribuição que Paulo deu para início da Igreja Cristã
e ninguém saberia de verdade como a Igreja seria hoje me dia

41
CRISTIANISMO PRIMITIVO
se

42
CRISTIANISMO PRIMITIVO

fosse por todo o esforço de Paulo na pregação do Evangelho de


Cristo, pois efetivamente que na época havia pressões distintas
que manteriam o Novo Movimento dentro da linha do
Judaísmo, foi sobretudo Paulo que enxergou mais claro que
todos os outros que a nova fé não poderia ser confinada dentro
dos limites das obrigações judaicas, Paulo falou também do
mistério que foi dado a ele declarar e, este mistério era o
conceito de que o Evangelho de Jesus deveria ser de todos os
povos, sendo Paulo um homem de dons incríveis, evangelista,
professor, fazedor de milagres, profeta, escritor de muito do
que temos no Novo Testamento, pensador teológico,
extremamente estrategista, um homem de visão, como alguém
que via que o Evangelho precisava se libertar das restrições
judaicas como a obrigatoriedade da circuncisão, se quisesse
pertencer a todos os povos do mundo romano.
Pouco tempo depois da morte de Paulo, os cristãos
começaram a entender mais claramente que eles eram uma
comunidade distinta do judaísmo, apesar disso a Igreja ainda se
via como parte de Israel e herdeira das promessas divinas feitas
para Israel, um enorme passo dessa transição para o serviço
dos eventos Associados com a revolta Judaica contra os
romanos em 66 D.C. Eusébio o primeiro grande Historiador da
43
CRISTIANISMO PRIMITIVO
igreja no

44
CRISTIANISMO PRIMITIVO

começo do quarto século reportou que os cristãos em


Jerusalém eram continuamente incomodados pelos judeus,
sendo assim, muitos deixaram as cidades, quando a Revolta
Judaica estourou os cristãos não se alinharam com os judeus se
mudaram para a Tela uma cidade na Transjordânia. Em 70 D.C.
as forças romanas lideradas por Tito filho do imperador,
atacaram e capturaram Jerusalém destruindo o Templo, um
bando de judeus revoltosos escapou e se refugiou nas
fortificações naturais de Massada, em 02 de maio do ano 73
D.C. os judeus sitiados em Massada, em um número maior que
1000 preferiram a cometer suicídio a serem capturados e
submetidos aos romanos, a derrota da Revolta e a destruição
do Templo foram os maiores desastres para o povo judeu,
entretanto eles foram capazes de encontrar a resignação para
reorganizar a sua religião em torno da Lei Judaica.
É importante ressaltar que dentre as muitas províncias
romanas, a província da descontente Judéia era a única que
constantemente gerava conflitos para os romanos, na alegação
de HURLBULT (2007, P. 49), que acrescenta em seguida:

45
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Os judeus, de acordo com a interpretação


que davam às profecias, consideravam-se
destinados a conquistar e governar o
mundo; baseados nessa esperança,
somente forçados pelas armas e pelas
ameaças é que se submetiam ao domínio
dos imperadores romanos. Tempos que
admitir, também, que muitos procuradores
e governadores romanos fracassaram
inteiramente na interpretação dos
sentimentos e caráter judaicos e, por essa
razão, tratavam os judeus com aspereza e
arrogância.

Nos cálculos de GIORDANI (2002, p. 331), houve seis


anos de perseguição e vinte e oito anos de tolerância no século
|, oitenta e seis anos de perseguição e quatorze anos de
tolerância no século Il, vinte e quatro anos de perseguição e
setenta e seis anos de tolerância no século Ill e treze anos de
perseguição no século IV. São assim cento e vinte e nove anos
de perseguição religiosa para cento e vinte anos de tolerância.
Os conflitos entre cristãos e judeus só se aprofundaram
após a mudança do centro dos cristãos para outras cidades
além de Jerusalém, no final do século, os judeus excluíram os
cristãos até de suas sinagogas mudando o seu serviço religioso
de forma a incluir uma maldição contra os hereges. Até o ano
312 D. C. a Igreja não era licenciada, nem registrada e, junto
46
CRISTIANISMO PRIMITIVO
com o

47
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Imperador Nero no começo dos anos 60 ela foi considerada


religião brava, ou seja, uma religião mal e depravada, portanto,
com status ilegal e sendo considerada inimiga tanto do Estado
como das pessoas, entretanto, a fé se espalhou como fogo
selvagem, abrindo caminho por todo Império Romano.
Para entender como a fé se espalhou, convido a reflexão
sobre como era o mundo em que a Igreja nasceu antes de o
poder romano emergir-se alguns séculos antes de Cristo o
conquistador grego Alexandre, O Grande, acabou com o
trabalho rural, enquanto aumentava seus domínios, os gregos
adoravam as cidades e, é claro que eles tinham os seus
fazendeiros, mas as cidades eram um local pra viver e os gregos
tinham algumas incríveis como Athenas e Corinto, em qualquer
lugar que Alexandre passasse ele construiria novas cidades
como Alexandria ou reconstruía antigas, desta forma, as
sociedades mediterrâneas se tornaram mais e mais helenizadas
e, o grego se tornou uma língua comum falado em quase todo
império. Quando os romanos assumiram mantiveram esse
padrão e continuaram a construir cidades em toda a expansão
do império e, aonde quer que fossem levavam consigo seus
avançados conhecimentos administrativos e surpreendentes
técnicas de engenharia. Quando os cristãos começaram a se
48
CRISTIANISMO PRIMITIVO
espalhar pelos

49
CRISTIANISMO PRIMITIVO

domínios romanos se espalharam pelo mundo de cidades


maioria aldeias e claro muito menores do que Roma, essas
cidades estavam unidas por uma incrivelmente bem construída
rede rodoviária, existia mais ou menos 75 mil quilômetros de
estradas ou duas vezes a circunferência da Terra e, a maioria
dessas estradas continuaram por mais 1500 anos após o fim do
Império, onde atualmente ainda podem ser vistas ou usadas.
Onde as estradas se encontravam com o mar havia bom portos
e a Pax Romana9, isto é, a Paz Romana, esse estado de coisas
garantia que as estradas fossem relativamente seguras, sem
perigo de assaltos ou piratas, comumente havia um sistema
postal eficiente, com a língua grega falada e compreendida nos
principais centro do império, facilitava as comunicações e
viagens governamentais, de intercâmbio, as condições não
podiam ser melhores para a popularização de ideias e
principalmente para a propagação da igreja Cristã, devido a
essas estradas havia milhares de seguidores do Cristianismo,

9
Pax Romana é um período de aproximadamente 200 anos da história
romana que é identificado como um período e uma era de ouro de
imperialismo romano crescente e sustentado, ordem, estabilidade próspera,
poder hegemônico e expansão, apesar de várias revoltas e guerras, e contínua
competição com a Pártia.
50
CRISTIANISMO PRIMITIVO

pregando o Evangelho a milhares de quilômetros onde tudo


começou.
O Cristianismo viajou através de estradas e caminhos
comuns de todo o império, com viajantes dos tipos mais
variados, mercadores, homens de negócios, soldados,
prisioneiros, escravos, pessoas de todos os tipos que se moviam
e eram movidas por todas as grandes estradas do império,
estudantes, professores, filósofos, refugiados, peregrinos,
profissionais médicos, advogados, levando sua fé cristã com
eles, cortando a mensagem cristã enquanto viajavam, homens
e mulheres cristãos sem seus caminhos comuns e sua rotina de
vida, assim se iniciou a Igreja Primitiva. Segundo DOWLEY
(2009,
p. 14), o alcance da Igreja cristã se estenderia a todo o Império
antes mesmo de se tornar a religião oficial, e no final do século
I já estaria disseminada ao redor de todo o Mediterrâneo e na
Ásia Menor, sendo encontrado em todas as províncias
romanas. A difusão da fé continuava rápida apesar da crescente
oposição perto do ano 200, a Igreja não tinha nenhuma
cerimônia pública impressionante que atraísse a massas, por
gerações eles também não tiveram templos religiosos e, em
seus cultos domiciliares, não encontraria-se nenhum
51
CRISTIANISMO PRIMITIVO
espetáculo bizarro ou diversão constrangedora ou orgias
depravadas em que os

52
CRISTIANISMO PRIMITIVO

cristãos eram falsamente acusados de exercer em seus


primeiros anos, no lugar encontraríamos a leitura das escrituras
aos moradores, exortações e finalmente a eucaristia, se o
visitante não fosse batizado, nem seria convidado para ficar. É
ponto pacífico afirmar que a Igreja nunca passou no decorrer
de seu desenvolvimento sem suas brigas internas, mesmo
assim eles não se fragmentaram em diferentes crenças como
fazem hoje em dia, mas conflitos sérios eram parte de seu
cotidiano, pois eles acreditavam estar lidando com assuntos
efetivamente sagrados e imprescindíveis, talvez a chave do
segredo da difusão da Igreja tenha que ser buscada na vida
cotidiana dos antigos seguidores.
O antigo Cristianismo foi um movimento urbano, as
pessoas viviam em cidades, e nas cidades se vivia muito perto
de seus vizinhos, não há como se ter muitos segredos nestas
condições, os vizinhos tinham uma boa ideia de quem era cada
um, como a vida era vivida e o que era importante para cada
um. O Evangelho se espalhou através de atos de compaixão,
atenção e amor pelo próximo, foi um movimento de gente
simples, que se desenvolveu servindo às necessidades
humanas, importando- se com os mal-amados. Em 312 D. C. o
Imperador Constantino se converteu ao Cristianismo após
53
CRISTIANISMO PRIMITIVO
uma visão, sua vitória na

54
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Ponte Mílvia10 no norte de Roma consolidou seu poder político,


sendo um ponto conveniente no tempo para marcar a grande
divisão entre a era em que o Cristianismo foi uma minoria
desprezada e maltratada e, no fim do século IV quando se
tornou a fé oficial e dominante do império, o sucesso traria
mais problemas e desafios, sendo um objeto de coisas que não
cabe neste trabalho abordar.
Para finalizar, temos que reconhecer e considerar que
os primeiros anos do Cristianismo são uma das mais
inacreditáveis transformações de normas culturais
estabelecidas jamais vistas e, entendo que está memorável
difusão da fé cristã, apesar de saber que nenhuma resposta
simples é viável, entendo que o Sermão da Montanha11e parte
desse sermão é chamado de Pai Nosso, foi um marco indelével
na promoção da fé cristã, Jesus Cristo nosso Senhor a
proclamou e, imagino a sacudida que esse Sermão teve nas
pessoas que estavam ouvindo da boca do

10
A Batalha da Ponte Mílvia ou Batalha da Ponte Mílvio foi o último
confronto travado no verão de 312, durante a Guerra Civil entre os
imperadores romanos Constantino, o Grande e Magêncio próximo à ponte
Mílvia, uma das várias sobre o rio Tibre, em Roma. Precisamente teria
ocorrido em 28 de outubro.
11
O Sermão da Montanha é um discurso de Jesus Cristo que pode ser lido no
Evangelho de Mateus e no Evangelho de Lucas. Nestes discursos, Jesus
55
CRISTIANISMO PRIMITIVO
Cristo profere lições de conduta e moral, ditando os princípios que
normatizam e orientam a vida cristã.

56
CRISTIANISMO PRIMITIVO

próprio Deus e, efetivamente depois pela boca dos seguidores


de Cristo Jesus, desaguando sonoramente nos ouvidos dos
ouvintes do primeiro século, pois Jesus dizia para as pessoas
como pensar em Deus e deles de uma forma diferente,
Paternossi (Pai Nosso), estas duas palavras revelam de que
como o Evangelho se espalhou para o mundo, pois este mundo
a religião era mais tradição do que uma crença pessoal, então
nesse mundo veio o cristianismo proclamando que sua vida
tem um sentido, onde somos conhecidos, somos amados e que
um Deus maior que qualquer outro imaginável é o criador de
tudo, visitando nosso mundo na pessoa de seu filho Jesus Cristo
para mostrar o seu amor e, seu amor é tão íntimo que pode ser
aproximado pela expressão “Pai Nosso”, sendo um conceito
que encontrou um lar, nas culturas, nas classes sociais que
formavam o império Romano.

57
CRISTIANISMO PRIMITIVO

AS PERSEGUIÇÕES E MARTÍRIOS.

“Tenho seguido a Cristo por oitenta e seis anos sem que ele
tenha me feito mal algum; por que eu haveria de negá-lo
agora?”
Policarpo de Esmirna

É fato que as perseguições à religião cristã no primeiro e


terceiro século, eram tanto religiosas como políticas, tendo o
seu início na cidade de Jerusalém, após Jesus, a sofrer o
martírio, foi Estevão que, foi apedrejado até a morte, assim
sendo, foi o primeiro a testemunhar a fé em Jesus, porventura,
o judaísmo foram os primeiros a perseguir o cristianismo, “por
aquele mesmo tempo o rei Herodes lançou mão de alguns da
igreja, para os maltratar. Mandou matar à espada Tiago, irmão
de João. Vendo que isso agradava aos judeus, continuou
mandando prender também a Pedro”. (Atos 12;1-3). Tiago,
chefe da igreja, foi morto no ano de 62 por ordem do Sumo
Sacerdote de Jerusalém. Somente no governo do imperador
Nero que o império romano passou a perseguir os cristãos com
mais violência, Paulo, o apóstolo que viveu livremente em
Roma, foi
58
CRISTIANISMO PRIMITIVO
encarcerado novamente e decapitado por ordem do imperador,

59
CRISTIANISMO PRIMITIVO

assim como, o caso referente ao incêndio que destruiu parte de


Roma, Nero tinha de encontrar um culpado, ele desviou o ódio
do povo para os cristãos, ao acusá-lo como afirma GONZÁLEZ:
Nero fez aparecer como culpados os
cristãos, uma gente odiada por todos por
suas abominações, e os castigou com muita
crueldade. GONZÁLEZ (1995, p.55).

Na primeira perseguição, após o incêndio na cidade de


Roma no ano de 64, muitos cristãos foram martirizados por
ordem de Nero, durante o seu governo realizou muitas práticas
ímpias, chegando a produzir a morte de inúmeras pessoas até
seus entes mais próximos, fazendo morrer sua mãe, irmão e
esposa, mortos de várias maneiras, tendo todos como
adversários e inimigos. Nero, portanto, proclamado primeiro
inimigo de Deus entre os que mais foram por sua crueldade
muitos apóstolos foram degolados sob o seu governo, Paulo foi
decapitado na mesma Roma, e Pedro foi crucificado de cabeça
para baixo, os dois sofreram o martírio na mesma ocasião. Os
mesmos estão presentes nos cemitérios daquele lugar até a
presente data.

60
CRISTIANISMO PRIMITIVO

“Nisto também vós, por meio de


semelhante admoestação, conjugastes as
plantações de Pedro e Paulo, a dos romanos
e a dos coríntios, porque, depois de
ensinarem também na Itália, no mesmo
lugar, sofreram os dois o martírio na mesma
ocasião. Sirva igualmente isto para maior
confirmação dos fatos narrados"(EUSÉBIO,
LIV. II c. 25; p.g. 109-111s História
Eclesiástica).

Perseguições e lutas faziam parte da vida de quem acreditavam em Jesus.

Os problemas sobre as perseguições são de extrema


recorrência nos primeiros séculos, em suma, vai de do
61
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Imperador Claudio até chegar à Constantino e o Édito de


Milão12, segundo, GONZÁLEZ (1995) ele menciona que de todas
estas tradições, provavelmente a que é mais difícil de por em
dúvida é a que afirma que Pedro esteve em Roma e que sofreu
o martírio nessa cidade durante fidedignos em vários escritores
cristão dos fins do primeiro século e todo o século segundo e,
portanto, deve ser aceito como historicamente certo.
É importante ressaltar, que as perseguições não
ocorreram em todo o império, e em alguns lugares as
perseguições foram até moderada, no entanto, no caso de
Inácio de Antioquia, o mesmo foi levado a Roma para sofrer o
martírio, visto que, foi acusado de ser cristão e de não praticar
o culto ao imperador, como punição Inácio foi jogado aos leões.

12
O Édito de Milão ou Mediolano promulgado em 13 de junho de 313 foi um
documento proclamatório no qual se determina que o Império Romano seria
neutro em relação ao credo religioso, acabando oficialmente com toda
perseguição sancionada oficialmente, especialmente aos cristãos.

62
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Santo Inácio de Antioquia, Bispo e Mártir, a primeira pessoa a utilizar o


termo Católico.

Nesta perspectiva, acerca da lógica referente ao


martírio, algumas medidas são colocadas em prática no
julgamento dos sacrificados, tal como, a prisão, o
encarceramento, o julgamento e morte.
De acordo com GONZÁLEZ (1995) pouco tempo depois, o
Bispo Policarpo de Esmirna escrevia aos felipenses pedindo
63
CRISTIANISMO PRIMITIVO

notícias acerca da sorte de Inácio. Não sabemos com certeza o


que responderam seus irmãos de Filipos, ainda que tudo parece
indicar que Inácio morreu como esperava, pouco depois de sua
chagada a Roma.
Cabe mencionar, o pensamento de Inácio de Antioquia,
referente ao martírio, para ele, o sofrimento e a dor seria como
sua liberdade e que ressuscitaria ao lado de Jesus Cristo no
reino do céu.
Para Le Goff (2003) o ensino cristão é memória e está se
manifesta, essencialmente, na comemoração de Jesus, revelada
no calendário litúrgico, e em sua cristalização nos santos e
mortos: “Os mártires eram testemunhos. Depois da sua morte,
cristalizava-se em torno de sua recordação a memória dos
cristãos”. (LE GOFF, 2003, p.441).
Infere-se, portanto, que o primeiro século, foi marcado
a meio às perseguições e conflitos religiosos, de modo que, os
mártires a caminho da morte, sustentava sua religiosidade
através da fé. Os cristãos e a Igreja tiveram uma passagem
árdua até o ano de 313, com o Édito de Milão, quando
finalmente houve concordância e consenso com o cristianismo.

64
CRISTIANISMO PRIMITIVO

O CATECISMO DOS PRIMEIROS CRISTÃOS.

“Amai os que vos odeiam e não tereis inimigos.”


Didaqué

Didaqué é um antigo catecismo que contém algumas


verdades de fé, sendo elaboradas nos primeiros anos do
Cristianismo, ou seja, nasceu no primeiro século da Igreja
Cristã, em pleno acordo com a doutrina dos apóstolos, seu
nome deriva da palavra grega Didaskalos13 ou Didache14. Esta
obra adquiri um valor extraordinário e, assevero que ela é um
verdadeiro catecismo cristão, esta obra era muito prestigiada
pela Igreja Primitiva, no entanto ela não é considerada sagrada,
isso se deve, pelo fato de grande parcela dos Pais da Igreja e os
Concílios15, refutarem está pequena Bíblia. O Didaqué é uma

13
Didáskalos - A palavra mestre vem do termo grego didáscalos, que quer
dizer "professor", "mestre" ou "aquele/a que transmite um conhecimento".
14
O Didache é o ensino do senhor através dos dozes apóstolos para as
nações.
15
Reunião de dignitários eclesiásticos, presidida ou sancionada pelo papa,
para deliberar sobre questões de fé, costumes, doutrina ou disciplina
eclesiástica.

65
CRISTIANISMO PRIMITIVO

doutrina dos apóstolos iluminados pelo divino Espírito Santo


onde transmitiram na íntegra toda a doutrina que Jesus em três
anos de belíssimo ministério público tinha ensinado.
Este pequeno texto cheio de ensinamentos de fé,
extremamente cativante, nos revela particularidades no que
corresponde de como era o contexto da Igreja nos primeiros
anos de seu nascimento, por exemplo, como viviam os
primeiros cristãos, as escaramuças que enfrentavam, suas
assembleias de fé, nota-se que no decorrer da leitura, que a
Igreja não estava totalmente estruturada e, percebe-se esse
estado de coisas pelo fato de as reuniões, sendo realizadas nos
lares de muitos Cristãos, o Didaqué na época da Igreja Primitiva
se tornou o primeiro texto base de catequese para conhecer a
doutrina de Jesus em pleno acordo e sintonia com a doutrina
apresentada e pregada pelos apóstolos, o lugar de onde foi
escrito (Didaqué), trata-se da Palestina ou até segundo alguns
biblistas falam da Síria, com a finalidade de preservar e praticar
a doutrina dos apóstolos para que não pudessem dar espaços
ao nascimento de nenhuma outra teoria religiosa que pudesse
distorcer o significado do que aconteceu na vida de Jesus
Cristo. Portanto é, de um valor extraordinário e que até hoje é
um documento precioso, embora no decorrer do tempo tantas
66
CRISTIANISMO PRIMITIVO
se modificam até

67
CRISTIANISMO PRIMITIVO

para o melhor, por exemplo, nesta primeira evangelização não


existia liturgicamente a estrutura da Santa Missa como hoje,
mas começava-se a ser organizada, se fazia questão de ler
algumas cartas ou trechos de cartas, receber a comunhão e os
fiéis levavam a comunhão para casa, para os familiares e
doentes, entende-se que a Igreja estava começando a
organizar-se eclesialmente, onde só os tempos modificaram,
mas o conteúdo, a essência do catecismo é válido nos dias de
hoje.
Este é o caminho da luz se alguém quer
andar no caminho e chegar ao lugar
determinado, que se esforce em suas obras.
Eis, portanto, o conhecimento que nos foi
dado para andar nesse caminho. (Espistola
de Barnabé, cap. 19).

Em relação ao conteúdo, percebe-se que não foi


somente uma pessoa que escreveu, na verdade foi um grupo
de pessoas que conheceram pessoalmente os apóstolos ou
ouviram testemunhas oculares da época de Jesus, portanto, na
primeira grande Evangelização as pessoas estavam curiosas
para conhecer algo a mais da doutrina, por isso temos que
louvar a Deus que já no começo da Evangelização, inspirou
essas pessoas para que pudessem descrever com segurança

68
CRISTIANISMO PRIMITIVO
patente as doutrinas do conteúdo pragmático.

69
CRISTIANISMO PRIMITIVO

A CELEBRAÇÃO LITÚRGICA.

“Pede-lhe sem titubear, e conhecerás que a sua grande


misericórdia não te abandona, mas dará cumprimento à
petição da tua alma.”
Pastor de Hermas

A segunda parte, especificamente nos capítulos VII e VIII


o Didaqué relata o comportamento dos fiéis diante do
sacramento, uma conduta dos féis mais voltada para o
sacramento, a vida sacramental com os seus efeitos na vida do
autêntico cristão, mediante a isso, relata-se uma primeira parte
doutrinal para conhecer um pouco o carisma da vida cristã e,
consequentemente esse mesmo carisma aplicado no dia-a-dia,
através das boas obras e sobretudo da graça santificante que
cada um dos sete sacramentos transmite para a pessoa que a
recebe. Compreendendo a forma de culto, ações referentes ao
batismo e ações litúrgicas. Deslumbra-se comumente a
incomensurável influência atroz que acomete o autor em
relação ao Evangelho de Mateus, seguindo especialmente o
que está descrito sobre a iluminação do Divino Espírito Santo,

70
CRISTIANISMO PRIMITIVO
me

71
CRISTIANISMO PRIMITIVO

refiro aqui o Sermão do Monte e nas admoestações de nosso


Senhor Jesus Cristo acerca de oração e jejuns, focando na
orientação a jejuar em dias específicos, dias esses que não
fossem os mesmos dos fariseus e doutores da Lei. Este sagrado
esquema de coisas divinas, através da reminiscência iluminada
cristã, nos remete a oração instruída pelo nosso Senhor Jesus
Cristo contida no Evangelho: O Pai Nosso. São verdades de fé
incontestáveis, um bom exemplo de que o Didaqué é um livro
com sua importância imensurável, na Bíblia na parte dos livros
didáticos ou sapienciais, encontramos os livros dos Provérbios,
onde estão registrados mais de 3.000 provérbios e essa linha de
raciocínio divino é mais ou menos como está no livro Didaqué,
isto é, frases curtas com uma quantidade imensa de
significados e aplicados ao estilo da vida do cristão.
A respeito disso, falou-lhes ainda, "Com que
finalidade jejuais para mim", diz o Senhor,
"como se ouve hoje aos gritos a vossa voz?
Não é esse jejum que escolhi", diz o Senhor,
"não o homem que humilha a si mesmo
quando dobrais vosso pescoço como um
círculo, nem quando vos cobris de pano de
saco e cinza, não chameis isso de jejum
agradável." Para nós, porém, ele diz: "Eis o
jejum que eu escolhi", diz o Senhor: "Desata
todas as amarras da injustiça; desfaz as
cordas dos contratos iníquos; envia os

72
CRISTIANISMO PRIMITIVO

oprimidos em liberdade; rasga toda


escritura injusta; reparte teu pão com os
famintos; se vês alguém nu, veste-o; conduz
para a tua casa os desabrigados; se vês
algum pobre, não o desprezes; não te
afastes dos membros de tua família. Então
tua luz romperá pela manhã, tuas vestes
rapidamente resplandecerão, a justiça irá à
tua frente e a glória de Deus te envolverá.
Então outra vez gritarás, e Deus te ouvirá.
Ao falar, ele te dirá: Eis-me aqui! Isso, se
renunciares a tecer amarras, a levantar a
mão, a murmurar, e se deres de coração o
teu pão ao faminto e tiveres compaixão da
pessoa necessitada." Por isso, irmãos, o
paciente (Deus), prevendo que o povo, que
ele preparou através do seu Amado,
acreditaria com simplicidade, nos antecipou
todas essas coisas, para que nós, como
prosélitos, não nos arrebentássemos contra
a lei deles. (Espistola de Barnabé, cap. 13).

Em vista dos argumentos apresentados, a comunidade


cristã em formação descobriu no Didaquê uma ferramenta que
possibilitou a comunidade cristã a descoberta de sua origem e
jovialidade intrínsecas e, concomitantemente faz nós cristãos
do presente lembrar que o ponto nevrálgico, a fonte sagrada
inspiradora do comportamento, da oração e das celebrações é
a Bíblia. Especialmente, revela que o cristianismo não é
73
CRISTIANISMO PRIMITIVO
pautado

74
CRISTIANISMO PRIMITIVO

sobre um devotado individual, mas é efetivamente um


harmonioso enveredamento comunitário em que todas as
vicissitudes da vida devem ser pautadas e direcionadas, seja de
vida e comportamento, penetrados profundamente pela oração
e Palavra de Deus. A vida de nosso cotidiano nos apresenta
empecilhos as vezes aparentemente intransponíveis, mas a
profundidade e simplicidade do que foi escrito o Didaqué, nos
estimula a viver segundo o discernimento sagrado e verdadeiro
do Evangelho vivo, dentro de uma acepção clara sobre a
profunda bondade divina é presença constante no tempo e no
espaço, que estabelece o desenvolvimento de atos novos,
gerando fraternidade e comunhão. O Didaquê foi escrito no
desejo em atingir principalmente os pagãos (nações) e, ao
mesmo tempo fortalecer a fé dos convertidos, ratificando que o
Cristianismo não é um circunscrito a uma comunidade
especifica, mas que comprovado no presente, atingi e
transforma toda a sociedade, baste que tenha fé e acredite no
Senhor Jesus Cristo com toda a sua alma.

75
CRISTIANISMO PRIMITIVO

O CRISTIANISMO OCIDENTAL - A IGREJA A


PARTIR DE ROMA – ANO 100 A. D.

“E eu digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a


minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-las. Eu
darei a você as chaves do Reino dos céus.”
Mateus 16:18-19

É indubitável a questão sobre todo o desenvolvimento


da História da Igreja de Roma, contudo, convido o leitor a
seguinte a reflexão. Como os romanos aceitaram a fé de Cristo,
mesmo não tendo visto nem sinais, nem milagres e nem
nenhum dos apóstolos? Segundo Matheus, Ele se faz presente
simplesmente “onde dois ou três se reúnem em seu nome” (Mt
18,20), para entender como a fé se espalhou, convido a fazer
uma reflexão sobre como era o mundo em que a Igreja nasceu.
O grego se tornou uma língua comum falado em quase todo
império. Quando os romanos assumiram mantiveram esse
padrão e continuaram a construir cidades em toda a expansão
do império e, aonde quer que fossem levavam consigo seus
avançados conhecimentos administrativos e surpreendentes

76
CRISTIANISMO PRIMITIVO
técnicas de

77
CRISTIANISMO PRIMITIVO

engenharia. Quando os cristãos começaram a se espalhar pelos


prolixos domínios romanos se espalharam pelas cidades,
aldeias e claro na capital Roma, essas cidades estavam unidas
por uma incrivelmente bem construída rede de estradas e a
maioria continuaram por mais 1500 anos após o fim do
Império, onde atualmente ainda podem ser vistas ou usadas. As
estradas se encontravam com o mar, havia bons portos e esse
estado de coisas, garantia que as estradas fossem
relativamente seguras, sem perigo de assaltos ou piratas,
comumente havia um sistema postal eficiente, com a língua
grega falada e compreendida nos principais centros do império,
facilitava as comunicações e viagens governamentais, de
intercâmbio, as condições não podiam ser melhores para a
popularização de ideias e principalmente para a propagação do
cristianismo, por todos os cantos da terra.
O Cristianismo viajou por estradas e caminhos comuns
de todo o império, com viajantes dos tipos mais variados,
mercadores, homens de negócios, soldados, prisioneiros,
escravos, pessoas de todos os tipos que se moviam e eram
movidas por todas as grandes estradas do império, estudantes,
professores, filósofos, refugiados, peregrinos, profissionais
médicos, advogados, levando sua fé cristã com eles, cortando a
78
CRISTIANISMO PRIMITIVO

mensagem cristã enquanto viajavam, homens e mulheres


cristãos sem seus caminhos comuns e sua rotina de vida, assim
se iniciou a Igreja Primitiva.
O alcance da Igreja cristã se estenderia a
todo o Império antes mesmo de se tornar a
religião oficial, e no final do século I já
estaria disseminada ao redor de todo o
Mediterrâneo e na Ásia Menor, sendo
encontrado em todas as províncias romanas
(DOWLEY, 2009, p. 14)

Assim, o cristianismo foi um movimento urbano e se


espalhou por atos de compaixão, fé e amor pelo próximo, foi
um movimento de gente simples, que se desenvolveu servindo
às necessidades humanas, diante das perseguições do império,
a casa comum era o único e possível local de reunião, portanto,
nas primeiras comunidades cristãs deve ter havido mais de um
local de reunião, ou seja, uma pluralidade de casa de reunião
em uma mesma cidade.

Saudá-vos Gaio, meu hospedeiro, e de toda


a igreja. Saudá-vos Erasto, procurador da
cidade, e também o irmão Quarto.
(Rm 16:23)

79
CRISTIANISMO PRIMITIVO

As Igrejas implementadas pelos apóstolos, depois pelos


pais das igrejas e posteriormente pelas novas gerações de
discípulos, convergia em uma pluralidade e suas diferentes
tipologias de comunidades cristãs, entretanto, ainda que
diferenciadas por várias cidades, todas tinham a existência de
um vínculo que as unia, formando uma espécie de coletividade
com base em uma fé comum de um tipo substancialmente
original, de modo que, no caminho para o Ocidente, a Igreja de
Roma não poderia ser diferente.
Primeiramente, deve-se entender que o nascimento da
Igreja, assim como, a nova fé na cidade de Roma, é
caracterizado por algumas incertezas, os relatos mais antigos
entre os quais menciona em particular a igreja de Roma, deve-
se ao historiador Tácito que, escreve pouco depois de 155, e de
Atos, Lucas, quando relata a chegada de Paulo como
prisioneiro.

E, logo que chegamos a Roma, o centurião


entregou os presos ao capitão da guarda;
mas a Paulo se lhe permitiu morar por sua
conta à parte, com o soldado que o
guardava. (Atos 28:16)

80
CRISTIANISMO PRIMITIVO

No contexto esboçado acima, insere-se a polêmica


sobre a fundação da Igreja de Roma, associada aos dois
apóstolos Paulo e Pedro, como fundadores da Igreja romana,
no entanto, esta polêmica tem apenas um valor englobante,
sobre a força da tradição historiográfica, visto que, quando os
dois apóstolos chegaram a Roma, já havia irmão cristão e uma
pluralidade de casa de reunião (Igreja), como pode ser
comprovada a existência de uma dessas casas nas cartas das
Epístolas Paulinas:
Saudai a Priscila e a Aquila, meus
cooperadores em Cristo Jesus, os quais pela
minha vida expuseram as suas cabeças; o
que não só eu lhes agradeço, mas também
todas as Igrejas dos gentios. Saudai também
a Igreja que está em sua casa. Saudai a
Epêneto, meu amado, que é as primícias da
Acáia em Cristo. (Rm 16:3-5)

A questão está intimamente ligada ao ambiente de


origem da fundação da Igreja cristã na cidade de Roma. Os
primeiros anúncios de fé cristã na capital do Império Romano
está ligado as pessoas anônimas e desconhecidas, sendo
possivelmente proveniente de diásporas ou de alguma
multidão indistinta, que Jesus e seus apóstolos tiveram, onde

81
CRISTIANISMO PRIMITIVO
diversos discípulos que não eram apenas seus simpatizantes,
mas que

82
CRISTIANISMO PRIMITIVO

aceitavam seus ensinamentos e de várias maneiras se


colocavam em seu caminho, ou seja, quando retornavam para
suas cidades, aldeias, campos ou comunidades começavam a
difundir os ensinamentos, assim, foi fundada a Igreja de Roma,
uma Igreja da qual vai se tornar a matriz e o trono da Igreja
Católica.
Num contexto sociopolítico irregular e tenso, a Igreja de
Roma, na capital do Império deu origem a um novo movimento
irênico tentando resolver conflitos não pela força, mas pela
política da fé, contudo, os problemas dos pobres em uma
sociedade escravista, que prevalece de uma classe dos
senhores de seu tempo, contribuíram para o início das
perseguições romanas, a classe nobre desprezava esta
influência, já os cristãos conduziam uma reflexão de princípios,
sem qualquer divisão entre os homens, incluindo a divisão
social, “o escravo é um liberto do Senhor e da mesma forma o
homem livre é escravo de Cristo” (1 Cor 7:22). No século IV a.C.,
o filósofo Aristóteles, justificar a existência da escravidão,
afirmando ser fenômeno natural: “Desde o momento do
nascimento, alguns são marcados para submissão, outros para
o comando [...]. Alguns são livres por natureza e outros
escravos... O escravo é assim por natureza” (Politica 1, 125a,
83
CRISTIANISMO PRIMITIVO
1255a, 1260b).

84
CRISTIANISMO PRIMITIVO

A Igreja de Roma, reputada como uma das


características distintiva do cristianismo primitivo, enfrentou
problemas internos e externos, como as hostilidades do império
romano, as heresias e as falsas doutrinas. Na capital do império
os problemas surgem quando, os judeus começaram a
perseguir os cristãos, para os judeus o cristianismo era
considerado como uma nova seita, portanto, logo nasceu
diversos conflitos que levou a uma separação, então, podemos
considerar como o primeiro cisma16 da história da Igreja?
Paralelamente a intensidade de repressão do império romano,
exacerbava constantemente, de tal forma, que passou a ser
ampla e violenta como no governo do Imperador Nero 17, foi
nesse governo que o império romano passou a perseguir os
cristãos com mais intensidade, um ponto relevante, nas
primeiras perseguições do imperador, foi após o incêndio na
cidade de Roma no ano de 64,

16
No contexto religioso, cisma é uma divisão entre pessoas, geralmente
pertencentes a uma organização, movimento ou denominação religiosa. A
palavra é mais frequentemente aplicada a uma divisão no que antes era um
único corpo religioso, como o Cisma Leste-Oeste ou o Grande Cisma.
17
Nero (37 – 68) foi imperador romano entre os anos de 54 e 68 da era
cristã. Foi o quinto representante da dinastia Júlio – Claudiana formada pelos
imperadores, Augusto, Tibério, Calígula, Cláudio e Nero. Tornou-se um
dos mais cruéis imperadores da história de Roma.
85
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Nero tinha de encontrar um culpado, ele desviou o ódio do


povo para os cristãos, ao acusá-lo como afirma GONZÁLEZ:
Nero fez aparecer como culpados os
cristãos, uma gente odiada por todos por
suas abominações, e os castigou com muita
crueldade. GONZÁLEZ (1995, p.55).

Muitos cristãos foram martirizados por ordem de Nero,


durante o seu governo o imperador realizou muitas práticas
ímpias, chegando a produzir a morte de inúmeras pessoas até
seus entes mais próximos, fazendo morrer sua mãe, irmão e
esposa, mortos de várias maneiras, tendo todos como
adversários e inimigos. Nero, portanto, proclamado primeiro
inimigo de Deus entre os que mais foram por sua crueldade
muitos cristãos foram degolados sob o governo, Paulo foi
decapitado e Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, os dois
sofreram o martírio na mesma ocasião.
“Nisto também vós, por meio de
semelhante admoestação, conjugastes as
plantações de Pedro e Paulo, a dos romanos
e a dos coríntios, porque, depois de
ensinarem também na Itália, no mesmo
lugar, sofreram os dois o martírio na mesma
ocasião. sirva igualmente isto para maior
confirmação dos fatos narrados"(EUSÉBIO,
LIV. II c. 25; p.g. 109-111s História
Eclesiástica).
86
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Os problemas sobre as perseguições são de extrema


recorrência nos primeiros séculos, em suma, vai do período
imperial, de César Augusto a Constantino, nas perspectivas dos
romanos, eles acreditavam estarem perdendo sua lei e sua
cultura clássica, alguns dos líderes romanos como: Domiciano
(81 - 96), Décio (249 - 251) e Diocleciano (292 - 311), que por
decretos hostis, perseguiram a nova religião, afirmada pela lei
proposta por Cristo. O cristianismo crescia rapidamente, e
exigia exclusividade em favor da fé pura em Cristo, na parte
socioeconômica, a forte fé cristológica na comunidade em
plena capital do império, ocasionou no distanciamento dos
cultos pagãos e na queda das vendas de estátuas de ídolos
como: Júpiter e Marte, fazendo sofrer por parte dos fabricantes
de ídolos, escultores e sacerdotes, uma forte perseguição.
Dado o exposto, é importante ressaltar, que as
perseguições não ocorreram em todo o império, e em alguns
lugares as perseguições foram até moderada, num período de
quase 300 anos até o Édipo de Milão18 em 313, quando a Igreja

18
O Édito de Milão, promulgado a 13 de junho de 313 pelo imperador
Constantino (306-337), assegurou a tolerância e liberdade de culto para com
os cristãos, alargada a todo o território do Império Romano.
87
CRISTIANISMO PRIMITIVO

finalmente recebeu status legal pelas mãos do Imperador


Constantino.
Para finalizar, temos que reconhecer e considerar, que
sem a Igreja de Roma, a civilização ocidental é incompleta e
ininteligível, os primeiros anos da Igreja de Roma são uma das
mais inacreditáveis transformações de normas culturais
estabelecidas jamais vistas e, sua fundação entre os judeus tem
a compreensão no conceito sobre a separação do cristianismo
do judaísmo. Desta forma a Igreja de Roma, em virtude do que
foi mencionado passou a ser reconhecida como a Igreja
Apostólica, aceitando os principais contornos do crescimento e
progresso, através de um conceito de um lar, nas culturas, nas
classes sociais que formavam o império Romano.

88
CRISTIANISMO PRIMITIVO

OS PRINCIPAIS MOVIMENTOS HERÉTICOS DO


SÉCULO III AO SÉCULO V.

“Esta é a razão pela qual o Verbo se fez homem, o Filho


de Deus, Filho do homem: é para que o homem, entrando em
comunhão com o Verbo e o recebendo assim a filiação divina,
se torne filho de Deus.”
Santo Irineu de Lyon

O cristianismo, em seu início, não teve uma


denominação precisa, no entanto, durante os quatro primeiros
séculos, os Pais da Igreja19, tenham sido eles pais apostólicos,
apologistas20 ou polemistas21, procuraram estudar a bíblia em
base mais científica de modo a desenvolverem o seu significado
teológico.

19
Os padres apostólicos (ou pais apostólicos) eram teólogos cristãos centrais
entre os Padres da Igreja que viveram nos séculos I e II d.C, que se acredita
terem conhecido pessoalmente alguns dos Doze Apóstolos, ou que foram
significativamente influenciados por eles.
20
Os chamados Padres Apologistas foram aqueles cristãos que, a partir do
século II d.C. escreveram, em diálogo com a Filosofia, defesas da sua fé a fim
de obter o reconhecimento legal para ela diante do Império.
21
Diferentemente dos apologistas do segundo século, que procuraram fazer
uma explanação e uma justificação racional do cristianismo para as
autoridades, os polemistas empenharam-se em responder os desafios dos
falsos ensinos heréticos, condenando veementemente esses ensinos e seus
89
CRISTIANISMO PRIMITIVO
mestres.

90
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Foi em forma de vida ascese, e sobre um movimento de regra


fé, que os Pais das Igrejas, enfrentaram as perseguições
externas do Estado Romano e os problemas internos do ensino
herético e das consequentes divisões. A presente pesquisa vai
abordar diretamente a formação dos apologistas, e os
principais problemas que os polemistas tiveram que combater,
desempenhado os seus ministérios, de tal forma, que se
transformou em um ponto culminante na história da gênese da
Igreja Católica Imperial.
É indubitável a questão sobre a luta pela sobrevivência
da antiga Igreja Católica, no tocante as efervescências os pais
apostólicos, apologistas e polemistas, se engajaram na garantia
da unidade da Igreja e na regra de fé, neste meu breve
trabalho, convido o leitor a seguinte reflexão. Como os
apologistas travaram suas lutas para preservar o cristianismo
diante das tentativas de perseguições do império romano?
Como os polemistas lutavam também para preservar a pureza
da doutrina?
As Igrejas implementadas pelos apóstolos, depois pelos
pais das igrejas e posteriormente pelas novas gerações de
discípulos, convergia em uma pluralidade e suas diferentes
tipologias de comunidades cristãs, entretanto, ainda que
91
CRISTIANISMO PRIMITIVO

diferenciadas por várias cidades, todas tinham a existência de


um vínculo que as unia, formando uma espécie de coletividade
com base em uma fé, com Cristo como o fundamento e o
Espírito Santos como o fundador.
A Igreja Católica, reputada como uma das
características distintiva do cristianismo primitivo, enfrentou
problemas e hostilidades do império romano, a intensidade de
repressão do império romano, exacerbava constantemente, de
tal forma, que passou a ser ampla e violenta, como no governo
do Imperador Nero (54 - 68), as primeiras perseguições do
imperador, foi após o incêndio na cidade de Roma no ano de
64, e muitos cristãos foram martirizados durante o seu
governo, as perseguições são de extrema recorrência nos
primeiros séculos. Entre os séculos I e IV, o cristianismo e a
Igreja sofreram constantes ameaças, discípulos que
conheceram os apóstolos e, que foram de enorme importância
para o desenvolvimento do cristianismo na época, ficaram
conhecidos como Pais Apostólicos, personagens como
Clemente de Roma22, Inácio de

22
Clemente I foi o quarto papa da história da Igreja Católica. Nascido em
Roma no ano 35, Clemente Romano era filho de uma família hebraica e foi
um dos primeiros a receber o batismo de São Pedro, do qual seria, inclusive,
92
CRISTIANISMO PRIMITIVO
discípulo. Clemente foi eleito Sumo Pontífice no ano 88 sucedendo o Papa
Anacleto.

93
CRISTIANISMO PRIMITIVO

23
Antioquia e Policarpo, assim como, os apologistas, Justino
Mártir24, Taciano25, Aristides26, Atenágoras27 e Teófilo de
Antioquia28, jamais se satisfizeram em simplesmente só
apresentar o cristianismo, combateram todas as ameaças à
pureza da doutrina cristã levando-os à luta contra o Estado
romano e contra os judeus. Esses homens escreviam como
teólogos e usavam a forma de diálogo literário, sempre visando
desenvolver uma perspectiva construtiva para demostrar que o

23
Santo Inácio foi Bispo de Antioquia da Síria entre 68 e 100 ou 107,
discípulo do apóstolo João, também conheceu São Paulo e foi sucessor de
São Pedro na Igreja em Antioquia. Segundo Eusébio de Cesareia, Inácio foi o
terceiro Bispo de Antioquia da Síria e segundo Orígenes teria sido o segundo
Bispo da cidade.
24
Flávio Justino, também conhecido como Justino Mártir ou Justino de
Nablus, foi um teólogo romano do século II, mártir e santo da Igreja Católica.
25
Taciano, patrístico grego do período pré-nissênico nascido em Adiabena,
Mesopotâmia, de família pagã, que depois se tornou gnóstico.
26
Aristides ,Mareianus de Atenas. Apologista cristão viveu em meados do
século II. Ele é descrito por Jerome como tendo sido um homem mais
eloquentes.
27
Atenágoras de Atenas, viveu nos fins do século II d.c. Apologista cristão,
que aparentemente nasceu e viveu em Atenas. Apresentou uma apologia em
prol do cristianismo ao imperador Marco Aurélio. Ali ele defende o
cristianismo e suas práticas, e ataca as religiões pagãs, sobre tudo quanto ao
seu politeísmo
28
Teófilo de Antioquia. Teólogo, escritor cristão, apologista e Padre da Igreja
que, segundo os dados que chegaram até aos dias de hoje, foi o sexto Bispo
de Antioquia, da Síria, reinando entre 169 e 182 ou 188.

94
CRISTIANISMO PRIMITIVO

judaísmo e a religião do imperial, não passava de uma tolice e


de pecado.
Segundo CAIRNS (2008, p.90, seus escritos, conhecidos
como apologias, chamavam os lideres pagãos à razão e
procuravam criar uma interpretação inteligente do cristianismo
e assim revogar os dispositivos legais contra ele. Um de seus
principais argumentos era de que os cristãos mereciam a
tolerância civil sob a proteção das leis do Estado Romano, já
que as falsas acusações contra eles não podiam ser provadas.
Os cristãos usaram a grande abundância da literatura
religiosa da Igreja primitiva e muitos outros escritos, com o
objetivo refutar as falsas acusações de ateísmo, canibalismo,
incesto e práticas antissociais atribuídas a eles.
Como já foi citado anteriormente, os cristãos foram
acusados de praticar deslealdade para com a pátria, ateísmo e
de não prestar culto ao imperador entre outros, e muito
sofreram o martírio, como foi o caso de Policarpo, que lutou
para fortalecer a vida diária prática dos cristãos.
São Policarpo, Bispo de Esmirna consagrado pelo
apóstolo João, por possuir um caráter reto, alto saber, amor a
Igreja e respeitado por todos da igreja. Com perseguição, o
Bispo de 86 anos escondeu-se até ser preso, quando foi levado
95
CRISTIANISMO PRIMITIVO
diante

96
CRISTIANISMO PRIMITIVO

do governador, este tentou persuadi-lo que pensasse em sua


avançada idade e negasse seu Deus e adorasse o Imperador,
Policarpo negou-se a fazê-lo, novamente insistiu o governador
que amaldiçoasse a Cristo e ficaria livre. Policarpo, porém,
segundo Eusébio de Cesareia, proferiu estas palavras:
“Há oitenta e seis anos sirvo a Cristo e
nenhum mal tenho recebido Dele. Como
poderia rejeitar Áquele a quem prestei culto
e reconheço como meu Salvador”.
Condenado no Estádio da cidade, ele
próprio subiu na fogueira e testemunhou
para o povo: “Sede bendito para sempre, ó
Senhor; que o Vosso nome adorável seja
glorificado por todos os sempre". (EUSÉBIO,
LIV. II c. 27;
p.g. 109-111s História Eclesiástica).

97
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Mártir Cristão, São Policarpo Bispo de Esmirna, 155 d.C..

Os anos que precederam os dois primeiros séculos


foram marcados em meio a lutas contra falsas doutrinas e, para
combater os problemas internos, a Igreja contou com o apoio
de personagens como Irineu, Cipriano, Orígenes, Tertuliano,
Jerônimo, Santos Agostinho e muitos outros que foram criados
numa cultura cristã e refutaram firmemente os inimigos
heréticos internos, usando principalmente o Novo Testamento
para atacar as ideias heréticas, esse grupo de pessoas ficou

98
CRISTIANISMO PRIMITIVO

conhecido como polemistas29. As principais questões teológicas


entre 313 e 451, foi sobre as muitas controvérsias sobre as
interpretações da lei proposta por Cristo e de sua natureza,
alguns líderes desregrados, desenvolveram muitas
interpretações particulares e conseguiram muitos adeptos que
seguiram suas ideias heréticas, assim como: ebionistas,
gnosticismo, maniquenísmo,30 neoplatonismo31, montaismo,
monarquianismo32, e donatismo e muitas outras seitas e
doutrinas.
Os “Ebionitas” acreditavam que a lei judaica era a maior

29
Os chamados Padres Apologistas foram aqueles cristãos que, a partir do
século II d.C. escreveram, em diálogo com a Filosofia, defesas da sua fé a fim
de obter o reconhecimento legal para ela diante do Império.
30
Dualismo religioso sincretista que se originou na Pérsia e foi amplamente
difundido no Império Romano (sIII d.C. e IV d.C.), cuja doutrina consistia
basicamente em afirmar a existência de um conflito cósmico entre o reino da
luz (o Bem) e o das sombras (o Mal), em localizar a matéria e a carne no
reino das sombras, e em afirmar que ao homem se impunha o dever de ajudar
à vitória do Bem por meio de práticas ascéticas, esp. evitando a procriação e
os alimentos de origem animal.
31
O neoplatonismo foi uma vertente filosófica que se desenvolveu entre o
século III e IV. A corrente possuía várias doutrinas e pensamentos diferentes,
porém matinha a filosofia platônica como sua inspiração principal. Além
de ser uma corrente filosófica, o neoplatonismo também foi
identificado como uma seita.
32
O monarquianismo, ou monarquismo como é algumas vezes chamado, é
uma série de crenças que enfatizam a unidade absoluta de Deus. A crença
conflige com a doutrina da Trindade, que vê em Deus uma unidade composta
pelo Pai, Filho e Espírito Santo

99
CRISTIANISMO PRIMITIVO

expressão da vontade de Deus e continuava valida para o


homem, já na relação entre Cristo e o Pai, a ênfase era na
unidade divina, Jesus, é o Messias pelo Espírito Santo.
O “Gnosticismo” vem do grego “gnosis”, que quer dizer
“conhecimento”, foi a seita com a doutrina de maior perigo
para a pureza da fé cristã, a seita gnóstica afirmava através de
uma síntese, que alguns seres humanos são apenas seres
carnais e, que o corpo humano é ruim, ou seja, a matéria era
má, já o espírito seria livre da influência do mal, o gnosticismo
acreditava no dualismo, demiurgo, docetismo e em um Deus
puro, conhecido mediante a gnosis de Cristo. O líder mais
influente da escola de gnosticismo foi Marcião, o mesmo
chegou à Roma no ano 144, onde se tornou influente e
conseguiu vários seguidores, ele adotou os ensinos do
gnosticismo e fundou sua própria igreja e seu próprio cânon,
segundo ele, o Deus do Novo testamento e Pai de Jesus Cristo,
e que Jeová é mau.
Segundo GONZALES (1995, p.99), diante de Jeová, e
muito acima dele, segundo Márcion, está o Pai dos cristãos.
Este não é um Deus vingativo, mas é todo amor. Este Deus não
requer coisa alguma de nós, antes nos dá tudo, inclusive a
salvação, gratuitamente.
10
0
CRISTIANISMO PRIMITIVO
O maior personagem, antagonista contra a pseudo

10
1
CRISTIANISMO PRIMITIVO

doutrina, foi Irineu de Leão, que difundiu os ensinamentos e


doutrinas do cristianismo primitivo.
Irineu de Leão nasceu na província romana da Ásia
Menor, foi discípulo de Policarpo, e em um de seus escritos ele
vai refutar os hereges e instruir os crentes, mais precisamente,
ele vai expor a fé que recebeu de seus mestres, mostrado a
verdadeira doutrina do cristianismo primitivo.

Jesus Cristo nosso Senhor, por causa de seu amor superabjundante, se fez o
que nós somos , para fazer de nós o que Ele próprio é. Santo Irineu de Lyon.

Segundo o pensamento de Irineu, Deus criou o ser


humano como pessoas livres e responsáveis. Essa liberdade é

10
2
CRISTIANISMO PRIMITIVO
tal,

10
3
CRISTIANISMO PRIMITIVO

que mediante ela podemos conformar-nos mais e mais à


vontade e à natureza divina. GONZALES (1995, p.122).
Outro ponto relevante, para Irineu de Leão é a
“divinização”. Onde Deus colocou o homem e a mulher no
paraíso como crianças em comunhão.
Deus contava com suas duas “mãos” — o
verbo e o Espírito Santo — para dirigir e
instruir a humanidade. Guiados por essas
mãos, os seres humanos receberão
instrução e crescimento, preparando-se
cada vez mais para uma comunhão mais e
mais íntima com Deus. GONZALES (1995,
p.123).

Além disso, para Irineu de Leão, os ensinamentos do


cristianismo primitivo, mostra o verdadeiro propósito de Deus
em afirmar a igualdade e a semelhança entre o Pai e o Filho e
do Espírito Santo, argumentando que mesmo antes de toda a
criação a Trindade, esteve sempre junto. Pois, desde a criação
do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e
sua natureza divina, têm sido vistos claramente,
compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais
homens são indesculpáveis. Romanos (1:20).
Portanto, com o advento do Verbo, através da vida,
morte e ressurreição de Cristo, sobre a plenitude do mundo,
10
4
CRISTIANISMO PRIMITIVO
surge uma nova humanidade que continuará crescendo com o

10
5
CRISTIANISMO PRIMITIVO

propósito de Deus e a comunhão do Espírito Santo.


De acordo com CAIRNS (2008, p.85), O gnosticismo
contribuiu involutariamente para o avanço da Igreja. Quando
Marcião33 formou o seu cânon do Novo Testamento, a Igreja foi
forçada como autodefesa a se preocupar com o problema de
quais livros seiam considerados canônicos e, portanto, como
fonte de autoridade para a fé e a vida. Um pequeno credo para
testar a ordotoxia foi logo elaborado a fim de atender a uma
necessidade prática.
Outro ponto relevante, referente às heresias internas, é
o conceito das questões teológicas até 451, entre a relação
Cristo e o Pai, séria ele de natureza de unidade divina? De
natureza humana? O problema surge quando as controvérsias
crescem sobre a interpretação correta da trindade, de acordo
com CAIRNS (2008, p.112), os problemas, ente Deus, o Pai, e o
Seu Filho Jesus Cristo constituiu-se num grave problema na
Igreja logo após de encerrada a fase das perseguições. Na
Europa Ocidental, Tertuliano, por exemplo, insistira na
unidade de

33
Marcião de Sinope - ou Marcion - foi um dos mais proeminentes
heresiarcas durante o Cristianismo primitivo. A sua teologia chamada
marcionismo propunha dois deuses distintos, um no Antigo Testamento e
10
6
CRISTIANISMO PRIMITIVO
outro no Novo Testamento, foi denunciada pelos Pais da Igreja e ele foi
excomungado.

10
7
CRISTIANISMO PRIMITIVO

essência em três personalidades como interpretação correta da


Trindade. Desse modo, a controvérsia se centralizou na parte
oriental do Império. Deve-se ter em mente que a Igreja sempre
luta com as concepções unitárias de Cristo. O unitarismo
moderno tem seus predecessores no Arianismo e no
Socinianismo do século XVI.
A questão soteriológica e as pseudos doutrinas,
descambadas para uma interpretação anti-bíblica do
relacionamento de Cristo com o Pai, surge de novas doutrinas
como: docetismo, adocionismo, modalismo, apolinarismo,
arianismo, monofisismo, nestorianismo e muitas outras seitas e
doutrinas.
Ário34 (c.250-336), o criador da doutrina do arianismo,
centralizou a sua doutrina na interpretação da trindade, para
ele a verdadeira natureza de Cristo era humana e não divina.
Com outra perspectiva, acerca da referente questão teológica,
Êutico de Constantinopla (c. 378-456), constituiu-se no principal
defensor do monofisismo, a nova doutrina afirmava que Jesus,
após a encarnação, possuía apenas uma natureza: a divina,
para

34
Ário ou Areio foi um heresiarca do século IV, fundador da doutrina
arianista, tida como heresia. Era antes de se afastar do trinitarismo, diácono
10
8
CRISTIANISMO PRIMITIVO
de Alexandria, ordenado pelo patriarca Pedro I, razão pela qual também é
conhecido como Ário de Alexandria.

10
9
CRISTIANISMO PRIMITIVO

ele o Filho Jesus Cristo é incorruptível, então não poderia ser


verdadeiramente humano.
Êutico, monsenhor de um mosteiro em Constantinopla,
foi discípulo de Cirilo de Alexandria, e sua doutrina consistia
numa reação ao nestorianismo. O monofisismo foi um grupo ou
organização compacta que ocorreu nos quadros das grandes
heresias que sugiram na história da igreja no século V. O
monofisismo foi sempre amorfo e foi uma ameaça para o
cristianismo, ao passo que, os principais dirigentes da igreja se
opuseram tenazmente a nova doutrina, porque viam nela uma
negação de várias das principais doutrinas cristãs, em virtude
das novas heresias foi necessário estabelecer o concílio de
Calcedônia35, que ocorreu no ano de 451 d.C, Calcedônia, era
uma cidade perto de Constantinopla a antiga Bizâncio, quando
o concílio se reuniu, o papa não pode ir ao concílio, no entanto,
o papa mandou uma delegação de Cardeais, e uma das funções
da delegação era levar uma carta que o Papa escreveu para o
novo patriarca que se chamava Flávio, assim, ficou conhecida a
famosa carta a Flaviano, onde o Papa reagia negativamente

35
O Concílio de Calcedónia ou Calcedônia foi um concílio ecuménico que se
realizou de 8 de outubro a 1 de novembro de 451 em Calcedónia, uma cidade
da Bitínia, na Ásia Menor, frente a Constantinopla.

11
0
CRISTIANISMO PRIMITIVO

diante desta nova heresia cristológica, para o Papa Leão


Magno36, Jesus tem duas naturezas, a humana e a divina. O
concílio de Calcedônia proclamou solenemente a dupla
divindade de Jesus, o conselho confirmou dizendo: “Pedro falou
pela boca de Leão Magno”.
Segundo GONZÁLES (2011, p.283), depois de vários
obstáculos de caráter legal, os bispos reunidos em Calcedônia
redigiram afinal a Definição de fé, que provavelmente é o ponto
culminante de toda essa série de aconteciments, sendo aceita
até o dia de hoje pela maioria das igrejas. Essa Definição, que
parece excessivamente complicada e até contraditória à
primeira vista, somente pode ser compreendida se a lemos à
luz da história que narramos, pois nela aparece uma sérié de
frases cujo propósito é afirmar a condenação das diversas
heresias que até aquele momento foram rejeitadas. Diz assim:

Segundo, pois, os santos Pais, ensinamos


todos a uma voz que deve ser condessado
um só e o mesmo Filho, nosso Senhor Jesus
Cristo, o qual é perfeito em divindade e
perfeito em humanidade; vedadeiro Deus e

36
Leão I, dito o Grande ou São Leão Magno, foi Papa entre 29 de setembro
de 440 e sua morte em 10 de novembro de 461. Um aristocrata de origem
italiana, Leão foi o primeiro a receber o título de "o Grande".

11
1
CRISTIANISMO PRIMITIVO

verdadeiro homen, de alma racional e


corpo; consubstancial ao Pai em dicindade,
e tudo, porém sem pecado; gerado pelo Pai
antes dos séculos de acordo com a
divindade, e, nos últimos dias, por nós e
nossa salvação, da virgem Maria, mão de
Deus (theotokos), segundo a humanidade;
um e o mesmo Cristo Filho do Senhor
Unigênito, em duas naturezas, sem que
desapareça a diferença das naturezas por
causa da união, mas mantendo as
propriedades de cada natureza, e unido-as
em uma pessoa substância (hipóstasis); não
dividido ou partido em duas pessoas, mas
um e o mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo
e Senhor Jesus Cristo, como foi dito acerca
dele pelos profetas de antigamente e o
próprio Jesus Cristo nos ensinou, e o Credo
dos Pais nos transmitiu.

Segundo CAIRNS (2008, p.119), devemos, porém ser


gratos àqueles que arriscaram suas vidas e sua posição para
levar a Igreja a aceitar as doutrinas que são fiéis à Bíblia e unir-
nos em louvor a Deus por meio de sua direção providencial em
todos esses problemas.
Portanto, novas medidas sobre as controvérsias
teológicas foram tomadas, como a Definição, que ocorreu no
concílio de Calcedônia, que tinha o propósito de evitar que a
igreja volte a ter controvérsias teológicas, pois não se trata de

112
CRISTIANISMO PRIMITIVO

113
CRISTIANISMO PRIMITIVO

da encanação, mas de nomas estabelecidas, dentro dos quais


pode haver diversas posições ortodoxas. Dessa forma, para
poder combater as heresias teológicas, a Igreja convocou os
concílios universais ou ecumênicos, bem como, para preservar
a pura fé, a Igreja elaborou o cânon do Novo Testamento, criou
credos, doutrinas da salvação, dogmas de fé e liturgias, para
mais, suas estruturas e leis canônicas foram estruturadas, onde
o bispo era considerado o guardião da doutrina cristã.

114
CRISTIANISMO PRIMITIVO

O MONASTICISMO NOS CLAUSTROS – O SURGIMENTO DAS


ORDENS RELIGIOSAS.

“O demônio treme o sinal da cruz do nosso senhor, porque ele


triunfou sobre ele e o desarmou”
Santo Antão

Ao longo da história, o monasticismo teve um papel


importante na vida da Igreja Católica Apostólica Romana, a fuga
do mundo através de uma vida de contemplação ascética, que
considerava a carne má e o corpo bom, influenciou muitos
adeptos, além disso, outros fatores responsáveis para o
desenvolvimento da vida monástica foi: a união da Igreja com o
Império, as práticas pagãs dos recém convertidos no
cristianismo e a própria geografia do Egito.
O Cristianismo, ou seja, a Cristandade em seu incipiente
desenvolvimento, organizou-se de maneira sistematizada com a
Pax Ecclesiae,37 (Paz da Igreja) em 313, o imperador romano
Constantino (288-337 d. C.) decretou oficialmente o fim da

37
Deu origem à primeira modalidade de Cristandade dita “constantiniana” a
qual se apresenta como um sistema único de poder e legitimação da Igreja e
do Império tardoromano.
115
CRISTIANISMO PRIMITIVO

perseguição aos cristãos (GOMES, 2001, p. 85). Esta ação do


imperador romano Constantino (288-337 d. C.) trouxe muitos
benefícios a Igreja, principalmente no que concerne ao leque
de opções proporcionados pelas estruturas imperiais, pois a
rede de dioceses que se consolidou então e que perdurou no
essencial até à Época Moderna se sobrepôs àquela das cidades
romanas (BASCHET, 2006, p. 61).
Segundo CAIRNS (1998, p. 29), no período da gradual
decadência interna do Império Romano, o monasticismo
exerceu um forte apelo para muitos que prontamente
renunciaram á sociedade em favor do claustro. Esse movimento
tem suas origens no século IV, quando leigos em números cada
vez maior começaram a se retirar, abandoando a vida em
sociedade. Ao final do século VI, o monasticismo já tinha
profundas raízes tanto na Igreja Ocidental quanto oriental. Um
segundo período áureo do monasticismo ocorreu por ocasião
das reformas monásticas dos séculos X e XI. A era dos frades,
nos séculos XIII, constitui um terceiro período. O surgimento
dos jesuítas na Contra Reforma do século XVI constitui o
período final, em que o monasticismo atingiu profundamente a
Igreja. Esse movimento contracultural exerce até hoje um papel
fundamental na vida da Igreja Católica Romana.
116
CRISTIANISMO PRIMITIVO

O recorte histórico determinante, no intuito em realizar


uma análise sobre o desenvolvimento das ordens religiosas,
temos a Idade Média como ponto de partida, neste contexto as
ordens religiosas alastraram-se exponencialmente na Europa
Ocidental, adquirindo uma latente presença espiritual e
devocional (VAUCHEZ, 1995, p. 46). O ideal das novas ordens
direcionava sua atenção a descrição empírica que a vida nos
claustros era superior a tudo o que a terra ofereceria de grande
e bom, que constituí desta forma um estado de privilégio
salutar, possibilitando o regresso da criatura ao seu Criador,
para alcançar este galardão tem-se que exercer uma devoção
sincera. De acordo com VAUCHEZ (1995, p. 46):

Era a esse estado privilegiado, dentro dos


claustros, que muitos fiéis leigos gostariam
de ter acesso, pois no mosteiro o sagrado se
manifestaria, uma vez que a vida em
clausura era vista como uma antecipação do
paraíso, lugar onde se praticava a
observância das normas religiosas.
Portanto, a vida monástica afastaria o
indivíduo da sedução do pecado, sendo, por
isso, uma via de salvação.
O monasticismo é uma das instituições mais
imprescindíveis do mundo medieval. O inestimável, indelével
medievalista, Jacques Le Goff, reconhece essa importância, pois
117
CRISTIANISMO PRIMITIVO

reconhecê-o como um dos três centros civilizacionais do


mundo medieval, concomitantemente com as cidades e as
cortes. LE GOFF (1995, p. 159) nos relata:

Os mosteiros fazem penetrar, lentamente, o


cristianismo e os valores que ele veicula no
mundo dos campos, até então pouco
tocados pela nova religião - mundo das
longas tradições e das permanências, mas
que passa a ser o mundo essencial da
sociedade medieval.

No entanto, os mosteiros evidenciam a precariedade da


civilização ocidental medieval, em outrora oásis da cultura no
meio do deserto, das florestas e dos campos.
O monasticismo na sua história traz dois grandes
movimentos na Idade Média. O primeiro momento é marcado
pelo seu nascimento, com a criação, em 529, da regra de São
Bento38, dando origem ao monasticismo Ocidental. É uma data
significativa, pois com ela acontece uma decisão de suma
importância para a cultura e a educação no ocidente, o

38
A Regra de São Bento, escrita por Bento de Núrsia no século VI, é um
conjunto de preceitos destinados a regular a vivência de uma comunidade
monástica cristã, regida por um abade.
118
CRISTIANISMO PRIMITIVO

fechamento da última escola platônica pagã por Justiniano


(527- 565).
O Ocidente medieval presencia o primeiro
acontecimento, na afirmação e expansão do cristianismo como
cultura hegemônica, o segundo, encerra o ocidente a cultura
pagã grega. Neste espaço e tempo nasce a Idade Média,
combatendo e cristianizando a filosofia grega.
Os monásticos eram homens que, de livre vontade ou
não, se recolhiam num mosteiro para viver uma vida dedicada a
adoração, abnegação, oração e santidade com Deus. De acordo
com LE GOFF (1997, p. 8), o monge medieval é aquele que
chora sobre os seus pecados e os pecados dos homens e que
por meio de uma vida dedicada à oração, ao recolhimento e à
penitência busca a salvação sua e dos homens. Retiravam-se do
mundo buscando fugir da vida mundana das cidades, visto
como o local da perdição, do comércio, da prostituição e do
pecado. Fugiam do mundo em busca da perfeição e de uma
completa dedicação a Deus.
O mais famoso monge do ocidente é Bento de Núrsia39,
o criador da regra dos beneditinos. No entanto, seu impacto
não

119
CRISTIANISMO PRIMITIVO
39
São Bento de Núrsia, nascido Benedito da Nórcia foi um monge, ao qual é
atribuída a organização das atividades da vida monástica. A

120
CRISTIANISMO PRIMITIVO

proveio da sua extensão, mas efetivamente por ordenar a vida


monástica de forma concisa e clara, que se harmonizava com o
temperamento e a necessidade da Igreja Ocidental, seguia um
modelo de moderação a tudo que se refere à prática ascética
do corpo.

A regra de São Bento de parte do conceito de “Orar e trabalhar”, pois


trabalhando, a mente do homem se ocupa e permite o seu crescimento e
desenvolvimento.

Ordem de São Bento ou Ordem dos Beneditinos, uma das maiores ordens
monásticas do mundo, recebe esse nome em homenagem a ele, bem como
por seguir as organizações propostas por ele.
121
CRISTIANISMO PRIMITIVO

O surgimento dos mosteiros e abadias beneditinas vão


estabelecer um novo tipo de vida comunitária em que tudo é
partilhado pelos monges e o trabalho manual é valorizado e
elevado á categoria de uma forma de oração e serviço a Deus.
Dentre os serviços realizados tem-se a tradução, transcrição e a
cópia manual de livros e documentos históricos, trabalham nas
bibliotecas, nos campos e nas oficinas, cultivam bosques e
terrenos incultos. Eles realizam ações sociais e educativas,
criam escolas, transmitem e interpretam a herança cultural
greco- romana adaptando-a aos ideais cristãos. Dessa forma,
eles preservam e irradiam a cultura antiga, ao mesmo tempo
em que reelaboram a identidade cristã e servem de exemplo
para os camponeses.
A vida monástica beneditina é centrada totalmente no
Cristo, ao qual nada deve se antepor, essa identidade é
construída em particular neste estilo de vida, depois da morte
de São Bento, duas décadas depois da fundação de seu
mosteiro, um número reduzido de discípulos ainda persevera,
sem que se pudesse imaginar, que essa pequena obra se
transformaria num grande movimento histórico, e faria brotar
uma longa tradição monástica viva até hoje, tendo seguidores
em diferentes partes do mundo. A expansão que se seguiu foi,
122
CRISTIANISMO PRIMITIVO
porém,

123
CRISTIANISMO PRIMITIVO

impressionante, pois, duzentos anos mais tarde, na época de


Carlos Magno, a regra beneditina se torna predominante em
toda a Europa, com exceção da Península Ibérica.
As Ordens Mendicantes40 foram fraternidades religiosas
cristãs que vão surgir entre o final do século XII e começo do
século XIII, sendo que no século XIII que elas começam a se
concretizar. Surgiram no momento em que começam a surgir as
Cruzadas, com o renascimento das cidades e que vai trazer uma
nova forma de vida, sendo muito bem expressa através da arte.
É neste momento que arquitetura românica começa a dar
espaço para a chamada arquitetura gótica.
Criou-se uma nova forma de pensar, baseado no
pensamento burguês, o burguês neste contexto se
caracterizava por ser um homem mais autônomo, em relação
ao homem do feudo, porque no feudo existia uma ligação
muito familiar, as pessoas estando conectados diretamente
umas as outras, todo o trabalho, toda a forma de sobrevivência,
depende de relações estabelecidas entre diversas pessoas, no
entanto, o burguês depende só de si, o burguês vive do seu
trabalho, onde este

40
Ordens mendicantes são ordens religiosas formadas por frades ou freiras
que vivem em conventos. Eles centram a sua ação ou apostolado na oração,
124
CRISTIANISMO PRIMITIVO
na pregação, na evangelização, no serviço aos pobres e nas demais obras de
caridade.

125
CRISTIANISMO PRIMITIVO

burguês terá uma relação com a Igreja que vai ser diferente,
porque no pensamento burguês, para a vida dele funcionar ele
dependa de si, a sua salvação dependerá de sua ação, não
apenas da fé, mas daquilo que o burguês promove, esse é o
ponto nevrálgico, pois aqui surgi uma mudança no pensamento
das pessoas, afetando profundamente o aspecto religioso.
Neste interim, encontra-se uma forte presença, interferindo
dentro da Igreja do Sacro Império Romano Germânico, onde
desde Carlos Magno já exercia uma influência muito forte
dentro da Igreja, a Igreja faz um esforço para recuperar o
pensamento do outrora Império Romano, com a intenção de
garantir uma estabilidade, esforço esse que acaba se voltando
contra a Igreja.
O Imperador do Sacro Império Germânico, apesar de
não possuir o mesmo peso de antes, era quem realizava a
investidura dos Papas, muitas vezes por isso, o Imperador
sempre acabava influenciando na escolha do Papa que se
segue, essa interferência começava a incomodar a Igreja. A
Igreja precisava se readaptar a esse novo estado de coisas, se
restabelecer como Igreja, como um órgão autônomo,
começando um movimento chamado de Sacralização da Igreja,
a ideia não é tornar a Igreja Santa, mais torna a Igreja separada
126
CRISTIANISMO PRIMITIVO
do mundo político, separada do laicismo, ou seja, a Igreja tinha

127
CRISTIANISMO PRIMITIVO

que ter uma determinada autonomia, independente das


questões políticas, um retorno para dentro da fé, era
interferência demais das questões políticas dentro das
questões religiosas, os pensadores da Igreja começam a criar
um novo caminho, com a intenção de reforma a Igreja, pois
antes das reformas do século XVI a Igreja já estava se auto
formulando para se chegar a essa nova condição.
O mundo novo do burgo começa a apresentar
elementos importantes, que irão interferir nessa nova forma de
vida. Dois grandes pensadores da Igreja neste momento, darão
o primeiro passo pra formação dessa reforma, dando origem as
chamadas ordens mendicantes, de um lado temos São
Francisco de Assis e do outro lado São Domingos de Gusmão.

128
CRISTIANISMO PRIMITIVO

A VIDA ASCETICA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS.

“Apenas um rio de sol é suficiente para afastar várias


sombras”
São Francisco de Assis

São Francisco de Assis era de origem burguesa, seu pai


Pietro de Bernadone que era comerciante de tecidos,
crescendo num ambiente ligado ao comércio, buscando
desenvolvimento financeiro. Num determinado momento de
sua vida São Francisco de Assis percebeu que essa vida não era
a que queria levar, decidindo-se se tornar clero, quando este
vai para o clero, São Francisco de Assis percebe que dentro da
Igreja não era a vida como ele esperava, pois ele via uma Igreja
cheia de ostentação, com muita riqueza, percebendo em seu
interior que esse não deveria se o caminho e, de riqueza São
Franciso entendia, porque dentro de sua vida rica, ele entendia
que não era o caminho mais próximo a se chegar a Deus. São
Francisco de Assis decide abrir uma ordem religiosa, uma
irmandade religiosa de pessoas que queriam viver na pobreza,
adotando três votos principais, que vão ser a base de sua regra
religiosa, a obediência, a castidade e a pobreza, para BOFF
129
CRISTIANISMO PRIMITIVO
(2001, p. 25) com

130
CRISTIANISMO PRIMITIVO

efeito, o coração de Francisco significa um estilo de vida, a


expressão genial do cuidado, uma prática de confraternização e
um renovado encantamento pelo mundo.
São Francisco de Assis enxergou e trouxe para si que
para se chegar a Deus com verdadeiro compromisso, que para
viver de uma forma mais cristã, ele deveria abandonar todas as
riquezas que possuía e um dos pontos cruciais de sua decisão é
que ele diante do Bispo tira as suas vestes, entrega a seu pai e
se põe nu, sua intenção era servir a Deus da forma como veio
ao mundo, negando todo o tipo de relação material com
objetos do mundo. Decide viver de mendicância, aquilo que
derem para ele, era aquilo que ele tem, São Francisco
acreditava que a difusão da Igreja deveria se dar de uma forma
mais simples e, o seu papel foi de grande importância para o
desenvolvimento de sua ordem, e principalmente para a Igreja
Católica, sua ideia era simplificar o Evangelho, simplificar a
forma de vida cristã e pregar esse Evangelho em forma de
ações, por exemplo, a humildade, a pobreza, o desprendimento
dos bens materiais, mostrando através de ações, os caminhos
da salvação, se transformando em exemplo de uma vida mais
pura, de uma vida mais digna.

131
CRISTIANISMO PRIMITIVO

O Papa Inocêncio III quando soube dessas


manifestações de São Francisco de Assis, não se agradou,
percebendo que esse movimento possuía características de
heresia, pois via nele alguém que queria criar uma divisão
dentro da Igreja, porque a Igreja já tinha passado por
problemas parecidos com isso, onde os cátaros tinham dado
um grande problema na França. A ideia de São Francisco de
Assis aos olhos do Papa Inocêncio III, lembrava um pouco as
ações do catarismo, mas ao contrário dos cátaros, São
Francisco de Assis não queria se separar da Igreja, queria na
realidade é fazer parte da Igreja e a aceitação do Papa a pauta

de São Francisco de Assis.

Ninguém é eficientemente perfeito, que não possa aprender com o


outro e, ninguém é totalmente estruído de valores que não possa ensinar
algo ao seu irmão.

São Francisco de Assis.


132
CRISTIANISMO PRIMITIVO

O que garantiu a aceitação do Papa Inocêncio III a


aceitar a Ordem dos Franciscanos, foi exatamente o fato de que
São Franciso não queria se indispor com a Igreja, ele nem
queria que todo mundo vivesse como ele, apenas quem
quisesse, quem aceitasse a sua forma de pobreza, a sua forma
simples de vida, os outros que quisessem continuar no sistema
de vida secular. Quem aderisse a regra de São Francisco viveria
na pobreza, desta forma a Igreja começou a perceber que esse
exemplo de São Francisco, poderia ser bastante positivo, as
pessoas começaram a olhar para ele e pensar que este poderia
ser um caminho interessante, a Igreja aproveitou o ensejo e
começou a incentivar e apoiar a ordem de São Francisco de
Assis, pois incentivaria a conversão de novos adeptos, a ideia
de São Francisco de Assis, era justamente uma catequese, uma
evangelização, levar essa mensagem da Igreja oficial através
dos atos dele, São Francisco acabou sendo aceito e se tornou
bastante popular. FRANCISCO Papa (2015) disse:

Não quero prosseguir esta encíclica sem


invocar um modelo belo e motivador. Tomei
seu nome por guia e inspiração, no
momento de minha eleição para bispo de
Roma. Acho que São Francisco de Assis é o
exemplo por excelência do cuidado pelo
133
CRISTIANISMO PRIMITIVO
que é frágil e por

134
CRISTIANISMO PRIMITIVO

uma ecologia integral, vivida com alegria e


autenticidade. É o santo padroeiro de todos
os que estudam e trabalham no campo da
ecologia, amado também por muitos que
não são cristãos. Manifestou uma atenção
particular pela criação de Deus e pelos mais
pobres e abandonados. Amava e era amado
pela sua alegria, a sua dedicação generosa,
o seu coração universal. Era um místico e
um peregrino que vivia com simplicidade e
em uma maravilhosa harmonia com Deus,
com os outros, com a natureza e com si
mesmo. Nele se nota até que ponto são
inseparáveis a preocupação pela natureza, a
justiça para com os pobres, o
empenhamento na sociedade e a paz
interior.

Em relação à ordem Franciscana, ela se estrutura-se na


apresentação de um modelo da inclusão, da exclusão e,
sobretudo no plano teórico, de argumentações e
autorrepresentações, na origem espiritual de uma
espiritualidade laica, urbana e marginal, a comunidade
franciscana saltou de uma iniciativa aparentemente perigosa
para a estabilidade da Igreja, no entanto, a própria Igreja
identificou e reconheceu um substrato essencial, no usufruto
para alçar o prestigio de outrora, a Ordem Franciscana alçou-se
a uma condição institucional, mediante a certos limites, ou seja,

135
CRISTIANISMO PRIMITIVO
definição jurídica e sujeita á restrição normativa da Cúria

136
CRISTIANISMO PRIMITIVO

romana. A Ordem Francisca como filosofia de vida simples, sua


prática passaria rapidamente à centralidade no interior do
projeto hegemônico do papado do século XIII. Neste ínterim, o
modo de vida da Ordem Franciscana, a intuição primitiva se
converteria em instituição, em etapas de um rápido processo
de sacerdotalização de conventualização e de intelectualização
que o resultado se concretiza em transformá-los de outsiders
em estabelecidos.
Mais ou menos na mesma época surgi São Domingos de
Gusmão, que vai dar origem a Ordem dos Dominicanos, os
Dominicanos também serão um tipo de ordem mendicante,
fazendo voto de pobreza, no entanto, a Ordem dos
Dominicanos tem uma diferença básica em relação à Ordem
dos Franciscanos, enquanto os Franciscanos vão buscar a
simplificação das práticas religiosas, falar a língua do pobre,
levar a mensagem de Deus a essa população mais carente, mais
desprovida de conhecimento através de ações, algo muito mais
visual, os Dominicanos acreditam que a forma de evangelizar
tem que estar muito mais ligado ao estudo, a prática em cima
da leitura, da análise dos textos sagrados, da interpretação da
verdade e principalmente da perseguição daqueles que
destoavam dessa verdade, alguém que tivesse uma
137
CRISTIANISMO PRIMITIVO
manifestação um pouco mais herética, deveria

138
CRISTIANISMO PRIMITIVO

ser perseguido, deveria ser arrastado de volta ao seio da Igreja


Cristã. E isso será tão marcante entre os Dominicanos, que eles
vão ser o principal caminho da inquisição, justamente por esse
empenho muito rígido em buscar a verdade da fé e manter as
pessoas sob esse controle e, muitos dos frades dominicanos
vão ser os responsáveis pela prática da inquisição.
Todo o caminho que está surgindo nesse momento é de
buscar as raízes, de buscar a base da vida, seja na relação que
se vai encontrar no alto clero, de desconectar a Igreja do
Estado, tornando a Igreja Sacra, tornando a Igreja sagrada,
desconectada do mundo laico, quando por parte destes
membros menores, das ordens mendicantes que estão para
tentar dar um caminho novo, um caminho mais puro, um
caminho mais santo, para que a Igreja se mantivesse.
Segundo CAIRNS (1995, p. 152) a ordem dos cônegos
agostinianos surgiu como tentativa de colocar os cônegos,
clérigos seculares de uma catedral que ajudavam o bisco em
seu trabalho, dentro dos padrões do clero regular. A Regra de
Santo Agostinho foi adotada, adotando-se em 1119 vestes
comuns e a comunhão de bens e moradia.
O pensamento de Santo Agostinho serviu de base para o
modo de ser de toda uma civilização durante 1.000 anos.
139
CRISTIANISMO PRIMITIVO
Apesar

140
CRISTIANISMO PRIMITIVO

de Santo Agostinho ser um dos maiores nomes da filosofia


medieval, cronologicamente ele não viveu na Idade Média, ele
viveu no final da Idade Antiga, no fim do Império Romano (354-
430), podemos considerar Santo Agostinho como um filósofo
de transição, Santo Agostinho percebeu que o mundo, o modo
de ser estava acabando e outro estava surgindo e foram as suas
obras, dentre elas As Confissões, A Trindade e a Cidade de
Deus, foram a base para a construção da cultura europeia
medieval, é por isso que Santo Agostinho é conhecido como o
maior nome da patrística, que é a primeira fase da filosofia
medieval.
Santo Agostinho nasceu em Tagaste, uma cidade
romana no norte da África, quando mais velho seu pai mandou-
o para a cidade de Cartago, nessa época era a maior cidade da
África, era a quarta maior cidade do Império Romano, Santo
Agostinho nesta cidade estudou literatura, filosofia e retorica,
aprendendo com as obras de Cícero que a filosofia era muito
mais do que teoria, Cícero preconizava que a filosofia era uma
sabedoria, uma arte de viver bem que possibilita em encontrar
a felicidade, Santo Agostinho aprendeu com Cícero que é
somente através da filosofia que encontra-se a verdade. E este
questionamento de Santo Agostinho pela verdade foi algo
141
CRISTIANISMO PRIMITIVO
muito forte e que norteou toda a sua produção intelectual.

142
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Santo Agostinho no início de suas reflexões, não se


interessa muito pelo Cristianismo, dizia que o Cristianismo era
uma doutrina incompleta e que a Bíblia era um livro muito
simplório e mal escrito, discernia que era sem sentido e que
não possuía uma concatenação lógica. Diante disso, Santo
Agostinho aderi ao maniqueísmo, pois tentava explicar a
realidade de uma maneira racional e bem materialista, para o
maniqueísmo o mundo, o universo, se originou e se movimenta
através da luta de duas forças originarias primordiais, o bem e o
mal. Quando Santo Agostinho aderi ao maniqueísmo, apesar de
já ser um professor famoso de retórica, Santo Agostinho
começa como aprendiz, passando um longo tempo Santo
Agostinho começa a ascender dentro do maniqueísmo, neste
ínterim, Santo Agostinho começa a fazer grandes
questionamentos para os altos sacerdotes do maniqueísmo,
respostas estas que foram insatisfatórias.
Santo Agostinho segue para a cidade de Roma,
tornando- se também professor de retórica, depois indo para
Milão, tornando-se finalmente o grande professor de retórica
do Império Romano. Neste contexto Santo Agostinho tem
contato com Santo Ambrósio, que paulatinamente vai
mudando o modo de pensar de Santo Agostinho. Na retórica de
143
CRISTIANISMO PRIMITIVO
Santo Ambrósio a

144
CRISTIANISMO PRIMITIVO

verdade iria penetrando de maneira suave, de maneira sútil no


coração de Santo Agostinho, os questionamentos começam a
insurgir na cabeça de Santo Agostinho, perguntando se a
verdade está realmente com a filosofia. Santo Agostinho
começa a aprender com Santo Ambrósio que chegamos à
verdade não através da filosofia, mas através da fé, somente a
fé que pode revelar a verdade, e é somente através da Igreja
que se pode encontrar Deus. Depois de muita reflexão,
querendo encontrar a verdade, Santo Agostinho tem um
momento de epifania, onde se dá conta de que é através do
Cristianismo que conseguirá chegar à verdade, se rende ao
Cristianismo, convertendo-se, sendo batizado pelo Santo
Ambrósio.

145
CRISTIANISMO PRIMITIVO

“As pessoas costumam amar a verdade quando esta as iluminas, porém


tendem a odiá-la quando as confronta”
Santo Agostinho 354-430 d.C..

Santo Agostinho se comprometia a falar a verdade, não


só para os cristãos, mas principalmente para os pagãos,
resolvendo uma questão de suma importância, que era a
questão da verdade, Santo Agostinho preconizava que a
verdade pela filosofia deveria ser rechaçada, pois razão e
146
CRISTIANISMO PRIMITIVO
racionalidade

147
CRISTIANISMO PRIMITIVO

era coisa dos pagãos, sendo coisa de pagãos, tem que ficar de
fora da discussão da verdade. Santo Agostinho aprendeu com
Santo Ambrósio que se pode aproveitar muita coisa da filosofia,
sendo assim, ele realizando uma síntese entre elementos do
neoplatonismo, dos ensinamentos de São Paulo e do Evangelho
de São João, criará a filosofia cristã, somente a partir de Santo
Agostinho que se vai ter realmente uma filosofia cristã.
De acordo com Santo Agostinho a filosofia pagã prepara
o homem para a verdade, o homem sendo pecador, sendo um
ser degenerado, um ser corrompido pelo pecado original e, por
conta disso ele não pode chegar à verdade sozinho, faltando
um elemento, elemento que se encontra em ISAÍAS 7,9: se não
o crerdes, certamente não haveis de permanecer. A fé não
serve apenas para se ter a salvação, a fé em Deus, a fé em
Cristo, serve também para se possa chegar a verdade e a razão
que é um dom divino, justifica de maneira racional, de maneira
lógica, o conteúdo da fé que é verdade, a razão desta forma
está a serviço da fé.
É para mostrar que a fé revela a verdade, Santo
Agostinho desenvolve a Teoria da Revelação Divina, que tem
por base a teoria das reminiscências das almas do Platão, Santo
Agostinho diz (OSABRASIL, 2017); “Não saias fora de ti, volta-te
148
CRISTIANISMO PRIMITIVO

a ti mesmo; a verdade habita no homem interior, e, ao dar-te


conta de que tua natureza é mutável, transcende a ti mesmo...
Busca, então, chegar lá onde a própria lâmpada da razão
recebe luz''. A verdade está dentro de nós, porque quando
Deus cria o homem, quando a inteligência divina, o intelecto
divino cria a mente humana, ele o cria a sua imagem e
semelhança e, por causa dessa semelhança que nós temos com
Deus, existe em nós uma centelha, ou seja, uma luz natural que
nos revela a verdade, e quanto maior for a nossa fé, maior é
essa luz, e mais fácil nos temos a verdade revelada.
Neste sentido razão e fé para Santo Agostinho não são
excludentes, elas são complementares, onde a razão está a
serviço da fé.
Os Clérigos Regulares é uma Ordem Religiosa fundada
em Roma no ano de 1524, na festa da Exaltação da Santa
Cruz por São Caetano Thiene e seus companheiros: João Pedro
Carafa, Bonifácio de Colli e Paulo Consiglieri. Estes religiosos
procuram tornar presente a maneira de viver dos primeiros
apóstolos (como está retratado nos Atos dos Apóstolos),
levando uma vida APOSTÓLICA alicerçada na contemplação.
(ORDEM TEANTINA, 2017).

149
CRISTIANISMO PRIMITIVO

CONCLUSÃO

A proposta metodológica inicial desta pesquisa foi


realizada através de diversos conteúdos que precisaram ser
analisados, visando explicar os principais acontecimentos para
a criação do cristianismo primitivo em um período histórico que
ficou conhecido como a plenitude dos tempos.
Antes do nascimento do nazareno, podemos
acompanhar que a Palestina foi dominada pelos persas, pelos
gregos e pelos romanos, este último, propalou a cultura e a
religião greco-romana, tal qual, a cultura helenista que
influenciou os judeus em sua cultura, marcada pela religião
desses povos e por suas filosofias, como o gnosticismo refutado
por Irineu de Leão.
Portanto, foi nesse cenário que Cristo, o Filho, e os
apóstolos e depois a Igreja primitiva enfrentaram a política
romana em relação aos cristãos, ainda que, no advento do
menino Jesus, o vasto império romano estava em paz.
Assim, no início do primeiro século, os cristãos tiveram
que sobreviver nas sombras, as perseguições foram constantes,
quase ininterrupta, que inicia com Cláudio, sucedido por Nero
até chegar ao imperador Diocleciano, que decretou que todo o
150
CRISTIANISMO PRIMITIVO

cristão deveria ser preso e obrigado a cultuar o imperador.


Portanto temos que reconhecer e considerar, que sem o
cristianismo, a civilização ocidental é incompleta e ininteligível,
os primeiros anos do cristianismo é uma das mais inacreditáveis
transformações de normas culturais estabelecidas jamais vistas
e, seu início entre os judeus tem a compreensão no conceito
sobre a separação do cristianismo do judaísmo. Desta forma,
em virtude do que foi mencionado, nasce a Igreja de Roma, e a
mesma passou a ser reconhecida como a Igreja Apostólica,
aceitando os principais contornos do crescimento e progresso,
através de um conceito de um lar, nas culturas, nas classes
sociais que formavam o império Romano.
Entendo que está memorável difusão da fé cristã, apesar
de saber que nenhuma resposta simples é viável, entendo que
o Sermão da Montanha e parte desse sermão é chamado de Pai
Nosso, foi um marco indelével na promoção da fé cristã, Jesus
Cristo nosso Senhor a proclamou e, imagino a sacudida que
esse Sermão teve nas pessoas que estavam ouvindo da boca do
próprio Deus e, efetivamente depois pela boca dos seguidores
de Cristo Jesus, desaguando sonoramente nos ouvidos dos
ouvintes do primeiro século, pois Jesus dizia para as pessoas
como pensar em Deus e deles de uma forma diferente,
151
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Paternossi (Pai Nosso), estas duas palavras revelam de que


como o Evangelho se espalhou para o mundo, pois este mundo
a religião era mais tradição do que uma crença pessoal, então
nesse mundo veio o cristianismo proclamando que sua vida
tem um sentido, onde somos conhecidos, somos amados e que
um Deus maior que qualquer outro imaginável é o criador de
tudo, visitando nosso mundo na pessoa de seu filho Jesus Cristo
para mostrar o seu amor e, seu amor é tão íntimo que pode ser
aproximado pela expressão “Pai Nosso”, sendo um conceito
que encontrou um lar, nas culturas, nas classes sociais que
formavam o império Romano.

Infere-se, portanto, que novas medidas sobre as


controvérsias teológicas foram tomadas, como a Definição, que
ocorreu no concílio de Calcedônia, que tinha o propósito de
evitar que a igreja volte a ter controvérsias teológicas, pois não
se trata somente da encanação, mas de nomas estabelecidas,
dentro dos quais pode haver diversas posições ortodoxas.
Dessa forma, para poder combater as heresias teológicas, a
Igreja convocou os concílios universais ou ecumênicos, bem
como, para preservar a pura fé, a Igreja elaborou o cânon do
Novo Testamento, criou credos, doutrinas da salvação, dogmas
de fé
152
CRISTIANISMO PRIMITIVO

e liturgias, para mais, suas estruturas e leis canônicas foram


estruturadas, onde o bispo era considerado o guardião da
doutrina cristã.

Conclui-se, então que em meio a uma sociedade cheia de


diversidade, o advento do Verbo, através da vida, morte e
ressurreição de Cristo, sobre a plenitude dos tempos, surge
uma nova humanidade que continuará crescendo com o
propósito de Deus e a comunhão do Espírito Santo, através de
uma nova religião que substituiu gradualmente do politeísmo
pelo monoteísmo.

153
CRISTIANISMO PRIMITIVO

REFERÊNCIAS

Nosella, Maria Lúcia Bertachini; Oliveira, Anderson dos Santos


de Oliveira. CRISTIANISMO: SÉCULO PRIMEIRO. Revista
Cesumar - Ciências Humanas e Sociais Aplicadas jul./dez.2008,
v. 13, n. 2, p. 269-290.

González, Justo L. E até aos confins da Terra: uma história


ilustrada do Cristianismo I Justo L. González; I tradução Key
Yuasa]. São Paulo: Vida Nova, 1995.

Cairs, Earle E. O Cristianismo através dos séculos: Uma história


da Igreja Cristã; Trad. Israel Belo de Azevedo. 2 Ed. São Paulo.
Vida Nova. 1995 p. 1-45.

LE GOFF, Jacques. O Deus da Idade Média: conversa com Jean-


Luc Pouthie.; tradução de Marcos de Castro. - 5ª ed. – Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2020.

BARREIRA, Júlio Trebolle. A Bíblia Judaica e a Bíblia cristã.


Introdução à história da Bíblia. Tradução Pe. Ramiro Mincato.
Petrópolis: Vozes, 1995.

Cairos, Earle E. O cristianismo através dos séculos: uma história


da Igreja crista I Earle E. Cairns; tradução Israel Belo de Azevedo
|. — 2. ed. — São Paulo: Vida Nova, 1995.

Didaqué: o catecismo dos primeiros cristãos para as


comunidades de hoje, Editora Paulus – ISBN: 8534903255

154
CRISTIANISMO PRIMITIVO

BARREIRA, Júlio Trebolle. A Bíblia Judaica e a Bíblia cristã.


Introdução à história da Bíblia. Tradução Pe. Ramiro Mincato.
Petrópolis: Vozes, 1995.

BASCHET, Jérôme. A civilização feudal. São Paulo: Globo, 2006.

BIBLIA ONLINE. Entretanto a cabeça de Efraim será Samaria, e


a cabeça de Samaria o filho de Remalias; se não o crerdes,
certamente não haveis de permanecer, Isaías 7:9. Disponível
em: https://www.bibliaonline.com.br/acf/is/7/9. Acesso em: 14
mai. 2022.

Boff L. Saber cuidar: ética do humano: compaixão pela Terra.


7ªed. Petrópolis (RJ): Vozes; 2001
GOMES, F. J. S. Cristandade Medieval: Igreja e Poder
representações e discursos (século IV-XI), 2001, p.1-25.
Disponível em: http://refletindobrasil.files.
wordpress.com/2010/11/cristandade-medieval.pdf. Acesso em:
14 de mai. 2022.

FRANCISCO, Papa. Laudato Si. Sobre o Cuidado da Casa


Comum. São Paulo: Paulinas, 2015.

155
CRISTIANISMO PRIMITIVO

LE GOFF, J. 1995. A Civilização do Ocidente Medieval. 2ª ed.,


Lisboa, Estampa, vol. I, p. 384.

ORDEM TEANTINA. Ordem dos Clérigos Regulares: Os


Teantinos, 2017. Disponível em:
https://ordemteatina.wordpress.com/nos-teatinos/. Acesso
em: 14 de mai. 2022.

OSABRASIL. Nós Agostinianos carisma interioridade: a busca


de Deus, 2017. Disponível em:
https://www.osabrasil.org/interioridade_carisma.htm. Acesso
em: 14 de mai. 2022.

156
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Biografias

Natural de Manaus, Amazonas, Ricardo Uchôa é


graduando pela Universidade do Norte do Brasil (UNINORTE).
Especialista em Historia do Brasil pela Faculdade de Minas -
FACUMINAS e atualmente faz parte do corpo discente do curso
de mestrado sobre a História da Igreja na Faculdade FACITE em
Rio Bonito -RJ.

157
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Natural de Monte Alegre, Pará, Elisson Márcio é


graduando pela Universidade do Norte do Brasil (UNINORTE).
Especialista em Docência na Educação Profissional e
Técnológica pelo Instituto Federal do Amapá e Especialista em
Filosofia da Educação pela Faculdade Intervale, atualmente faz
parte do corpo discente do curso de Pedagogia na UEA
Universidade do Estado do Amazonas.

158
CRISTIANISMO PRIMITIVO

Natural de Manaus, Amazonas, Allan Almeida Lima e


graduado pela Universidade do Norte do Brasil (UNINORTE).
Especialista em História do Brasil pela Faculdade de Minas –
FACUMINAS e também possui um canal no Youtube que se
chama (RESGATANDO A HISTÓRIA).

159
Zaya Serviços Editoriais

Jão Marcílio Cano, 15 |Parque Nove de Julho

CEP: 18760-330 | Cerqueira César | SP

E-mail: [email protected]

Você também pode gostar