A Revolução Russa

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Centro Educacional Santa Rita de Cássia

História Professor: Marlon Fonseca 9º ano

Capítulo 6 – A Revolução Russa

A Rússia Czarista
No final do século XIX, o império Russo era o maior do mundo (22 milhões de km2) e tinha uma
população de cerca de 160 milhões de habitantes. O regime político era a monarquia absolutista e todo
poder se concentrava na mão do czar (soberano tido como eleito por Deus). Ele nomeava e demitia
ministros conforme sua vontade, censurava jornais e revistas e decidia pela Nação. De 1613 a 1917 o
Império Russo foi governado pelos czares da dinastia Romanov. O czar e sua família, a nobreza (os
boiardos) e o clero ortodoxo possuíam enormes privilégios e eram donos da maior parte das terras russas.
Já os camponeses (os mujiques) compunham cerca de 80% da população e viviam, em sua maioria,
como servos, devendo a seus senhores uma série de pesadas obrigações. Analfabetos em sua imensa
maioria, eram eles também os mais atingidos pelas doenças e pelas crises de fome que assolavam o país
com frequência. Os camponeses reagiram à servidão promovendo revoltas. Entre os séculos XVII e XIX
ocorreram várias rebeliões camponesas na Rússia; a maior delas foi a Rebelião Pugatchev (1773-1775),
que contou com a participação de milhares de camponeses e só foi derrotada pelo exército czarista depois
de muita luta.

A modernização da Rússia
Na segunda metade do século XIX, o império Russo começou a se modernizar. Instalaram-se as
primeiras industrias, iniciou-se a exploração de petróleo, e a produção do aço e vislumbrou-se o crescimento
das cidades. Essa industrialização foi impulsionada por capitais estrangeiros (alemães, franceses e belgas),
pela mão de obra farta e barata, formada por trabalhadores vindos do campo, e pela construção de várias
ferrovias, entre as quais a Transiberiana. No governo do czar Nicolau II (1894-1917), o capitalismo russo
continuou se desenvolvendo e surgiram centros industriais em cidades como São Petersburgo, Moscou e
Kiev.
Mas essa industrialização crescente estava longe de beneficiar igualmente a todos. Nas fábricas, o
salário eram muito baixos, os riscos de acidentes eram altos e a jornada de trabalho chegava as 14 horas
por dia. Reagindo a isso, o operariado russo promovia greves e passeatas; essas manifestações, no entanto,
eram reprimidas sempre com muita violência pela polícia czarista, a Okhrana. Esse contexto opressivo
facilitou a entrada de ideias socialistas e anarquistas nos meios operários e intelectuais da Rússia.

O marxismo
O socialismo científico (doutrina política, social e econômica) foi uma doutrina formulada por Karl
Marx e Friedrich Engels, em meio às lutas do operariado europeu por melhores condições de vida. As
ideias fundamentais do socialismo científico estão contidas no Manifesto Comunista, obra de Marx e
Engels publicada na Europa, em 1848.
Eles afirmavam que o motor da história é a luta de classes e que, no caso da sociedade industrial
capitalista, o confronto se dava entre a burguesia e o proletariado (trabalhadores assalariados). Eles
acreditavam que o proletariado faria a revolução, derrubaria a burguesia do poder e assumiria o controle do
Estado; os bens individuais, como terras, fábricas e máquinas, seriam estatizados, isto é, passariam ao
controle do Estado.
Por meio do lema “Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos”, Marx e Engels incentivavam
operários do mundo inteiro a se organizar em partidos e sindicatos para lutar pelo fim do capitalismo e pela
construção do socialismo.

O socialismo na Rússia

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Influenciados por ideias marxistas, intelectuais e operários russos organizaram vários agrupamentos
políticos de tendência socialista, que se juntaram em 1898 para formar o Partido Operário Social-
Democrata Russo (POSDR). Esse partido foi duramente perseguido e logo desmantelado pela polícia do
czar, que prendeu vários de seus membros. Porem seus principais líderes, Vladimir Ulianov, conhecido
como Lênin e Lev Bronstein, conhecido como Trotsky, deixaram a Rússia e voltaram a se organizar no
exterior.
Havia, no entanto, divergências internas no Partido Operário Social-Democrata Russo e elas ficaram
evidentes durante um Congresso desse partido político, realizado em 1903. A maioria dos presentes votou
nas teses de Lênin e, por isso, foram chamados de bolcheviques ("maioria", em russo). Já os seus opositores,
cujo líder era Martov, ficaram conhecidos como mencheviques ("minoria", em russo).

bolcheviques mencheviques
Principal Líder : Lenin Principal Líder: Martov
Objetivo : Conquistar o poder por meio da Objetivo: Conseguir o poder aliando-se á
revolução socialista. burguesia e obtendo a maioria no parlamento.
Estratégia: Confiar a luta revolucionária a um Estratégia: Promover uma revolução
partido disciplinado que unisse soldados, burguesa contra o czarismo, e depois, chegar ao
operários e camponeses. socialismo pela via eleitoral.

A rebelião popular de 1905 e o ingresso da Rússia na Primeira guerra Mundial


Em 1904, a Rússia e o Japão travaram uma guerra imperialista pelo controle da Manchúria. A Rússia
saiu da guerra derrotada e, com isso, perdeu territórios e prestígio. Internamente, a guerra elevou a tensão
social e a crítica ao czarismo. Em um domingo de 1905, operários em greve e suas famílias caminharam
desarmados pelas ruas de São Petersburgo cobertas de neve em direção ao Palácio de Inverno, sede do
governo czarista, com um abaixo-assinado para ser entregue ao czar.
O documento não chegou a ser entregue ao czar, pois ele mandou que seus soldados atirassem contra
a multidão à queima-roupa. Muitos manifestantes foram mortos e milhares ficaram feridos. O fato ficou
conhecido como Domingo Sangrento.
Os populares reagiram ao Domingo Sangrento, promovendo uma série de greves e revoltas. A mais
famosa delas foi a revolta dos marinheiros do Encouraçado Potemkim contra os castigos corporais e a
fome a quem eram submetidos na marinha czarista.
A onda de rebeldia foi duramente reprimida; diante disso, os populares reagiram organizando os
primeiros Sovietes, que eram conselhos de deputados eleitos por operários, camponeses e soldados.
Em 1914, decidida a controlar o acesso do Mar Mediterrâneo pelo Mar Negro, a Rússia czarista
entrou na Primeira Guerra Mundial. O Império Russo mobilizou contra os alemães cerca de 13 milhões de
soldados, mais esse exército numeroso carecia de fuzis, botas, cobertores e, sobretudo, treinamento
adequado. O resultado foi trágico: em pouco tempo milhões de soldados foram mortos. A população civil
também foi fortemente atingida pelo desemprego, pela inflação e pela fome.

O processo revolucionário
O povo culpava o czar Nicolau ll pela permanência da Rússia na Primeira Grande Guerra e saqueava
armazéns e lojas em busca de comida e roupa. Uma onda de protestos se alastrou pelo país. Em 23 de
fevereiro de 1917 (calendário Juliano), tecelãs e operários de São Petersburgo marcharam em direção ao
prédio do governo; no caminho conseguiram inclusive o apoio de soldados do exército czarista, que
entregavam suas armas e se juntavam aos rebeldes. Unido, o povo invadiu o Palácio de Inverno e pôs fim
ao czarismo. O poder transferiu-se para o Parlamento e formou-se um governo provisório.
O governo provisório
Alexander Kerenski (menchevique) assumiu o governo provisório e procurou diminuir a
insatisfação popular libertando os presos políticos, permitindo a volta dos exilados e concedendo liberdade
de imprensa e associação. Mas declarou que a Rússia continuaria na guerra.
Lenin (bolchevique) retornou do exilio em abril de 1917 e passou a defender a derrubada do governo
provisório, a retirada da Rússia da guerra e a repartição de terras entre os camponeses. Os lemas defendidos
por Lenin eram: “Todo o poder aos soviets” e “Paz, terra e pão”.
No dia 24 de outubro de 1917, tinha início a Revolução: os bolcheviques, liderados por Lenin e
Trotsky, ocuparam os prédios públicos da cidade de São Petersburgo e assumiram o poder. O governo da
Rússia passou às mãos dos bolcheviques, sob a liderança de Lenin, no cargo de presidente do Conselho de
Comissários do Povo.

O governo de Lenin e a guerra civil


Medidas adotadas pelo governo de Lenin:
• Propôs paz aos alemães: em 3 de março de 1918, a Rússia saia da guerra, assinando com a Alemanha
o Tratado de Brest-Litovsk;
• Confiscou as terras da família real, dos nobres e da Igreja ortodoxa, distribuindo-as entre os
camponeses;
• Estatizou a economia: industrias, bancos e estradas de ferro.
• Estabeleceu a igualdade de direitos entre homens e mulheres.

A guerra civil
As medidas bolcheviques provocaram a reação de monarquistas, mencheviques e liberais (os russos
brancos). Teve início, então, uma guerra civil que se estendeu por três anos (1918-1921). De um lado,
estava o Exército Branco ajudado por potências capitalistas (Inglaterra, Estados Unidos e Japão); de outro,
o Exército Vermelho, comandado por Leon Trotsky, defensor da Revolução.

Durante essa guerra civil, o governo bolchevique radicalizou suas posições:


• adotou o comunismo de guerra, ou seja, manteve um rígido controle sobre a produção industrial e
agrícola e o comércio;
• confiscou a produção agrícola dos camponeses para manter o esforço de guerra;
• criou tribunais que condenavam sem julgamento todos aqueles que eram considerados inimigos da
Revolução; na ocasião, o czar e sua família foram condenados e mortos.
A guerra civil terminou com a vitória dos bolcheviques. Ao fim do conflito, porém, a economia
encontrava-se totalmente arrasada e o povo russo, esgotado e empobrecido. A fome tinha tirado a vida de
milhões de pessoas.
O "Exercito Vermelho" de Lenin venceram a guerra mas o país ficou ainda mais destruído do que
estava antes.
A NEP: Nova Política Econômica
Para enfrentar essa situação de penúria, o governo de Lenin adotou medidas capitalistas ao lado das
socialistas. Essa “Nova Política Econômica”, conhecida como NEP:
• permitiu aos camponeses vender o excedente de suas colheitas no mercado inteiro;
• Incentivou a formação de pequenas e médias indústrias privadas, permitindo a esses
estabelecimentos a contratação de mão de obra assalariada;
• Liberou a entrada de capitais estrangeiros na Rússia sob a forma de empréstimos e investimentos.
• Manteve a indústria de base (aço, ferro, máquinas, entre outras), o comércio exterior, o sistema
bancário, os transportes e as comunicações sob o domínio do Estado comunista.
A NEP conseguiu que a Agricultura russa de recuperasse, mas a indústria e o comercio continuaram
em situação difícil.
A formação da URSS
Essa flexibilidade na economia, porém não correspondeu a uma abertura na política. Ao contrário,
implantou-se uma ditadura do Partido Comunista: as autoridades do Partido tomavam decisões sem
consultar a sociedade, a liberdade de imprensa foi suprimida e os sindicatos e os sovietes perderam sua
autonomia, sendo obrigados a obedecer às ordens do Partido. Em dezembro de 1922, um grande congresso
reunindo os diferentes povos que habitavam o território russo fundou a União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS). Formou-se um governo composto de representantes de várias repúblicas, sendo a
Rússia a principal delas.
Com a oposição sob controle, o autoritarismo do Partido Comunista, o único permitido na União
Soviética, se agigantou. O poder do Estado, com milhões de funcionários, acentuou-se mais ainda, em 1922,
com a ascensão de Josef Stalin ao cargo de secretário-geral do Partido, o mais alto posto na hierarquia do
poder na União Soviética. Stalin aproveitou-se do cargo para afastar, prender ou eliminar seus opositores e
nomear para os postos mais importantes homens de sua confiança.

A disputa entre Trotsky e Stalin


Com a morte de Lenin em 1924, acirraram-se as disputas pelo poder, particularmente entre Stalin,
secretário-geral do Partido Comunista desde abril de 1922, e Trotsky, Comissário de Defesa.
Trotsky destacou-se como comandante do Exército Vermelho. Passou a ser visto como o mais
provável sucessor de Lênin. Segundo Trotsky, a única forma de impedir que as potências capitalistas
destruíssem a União Soviética era estender a Revolução socialista a outros países, ou seja, internacionalizar
a revolução. O ideal trotskista era, portanto, o de uma revolução permanente.
Já Stalin pensava de outra maneira, Seu lema era: O socialismo num único país”. Ou seja, julgava
que, primeiramente, era necessário consolidar o socialismo na União Soviética para depois ajudar a fazer a
revolução socialista em outros países. Por meio de manobras políticas Stalin expulsou Trotsky do partido
em 1927 e, pouco depois, do país. Posteriormente, Stalin mandou matar Trotsky que, na ocasião, estava
exilado no México.

O governo de Stalin
Durante seu governo (1927-1953), Stalin adotou os Planos Quinquenais, que previam um rigoroso
planejamento da economia, e pôs em prática a coletivização da agricultura e a industrialização acelerada.
No campo, obrigou a milhões de camponeses a entregar suas terras para o Estado. Nessas terras
implantou os sovkhozes, fazendas estatais (a produção e as terras pertenciam ao Estado e os camponeses
trabalhavam por salários baixíssimos), e os kolkhozes, cooperativas cujos membros eram donos da
produção, mas não da terra.
No setor industrial, os resultados foram positivos. O Estado investiu na montagem de indústrias
metalúrgicas, siderúrgicas, químicas, elétricas, de maquinas pesadas, conhecidas como indústrias de base.
Investiu na instalação de fábricas de automóveis e tratores, estradas, ferrovias e no metrô de Moscou.
Na educação, o governo combateu o analfabetismo e implantou cursos técnicos por todo o país. O
resultado dessa política industrial e educacional foi um crescimento econômico significativo. Por volta de
1940, a URSS era a terceira potência mundial, atrás apenas dos Estados Unidos e da Alemanha.
A ditadura stalinista
Stalin implantou uma ditadura brutal que perdurou até 1953 ano de sua morte. Essa sangrenta
ditadura, conhecida como stalinismo, tinha as seguintes características:
• Sistema de partido único: não admitia nenhum tipo de oposição. A simples suspeita era suficiente
para enviar o cidadão para os campos de trabalho forçado, os gulags, na Sibéria;
• Opressão às nacionalidades: obrigou os povos não russos, como os ucranianos, a falarem o russo
e a viverem de acordo com as regras ditadas pelo governo soviético;
• Burocratização do Estado: a cúpula do Partido Comunista, militares de alta patente, funcionários
públicos e técnicos graduados constituíram uma elite poderosa conhecida como nomenklatura.
Essa elite tinha uma série de privilégios e benefícios concedidos pelo Estado;
• Proibição da liberdade de imprensa e de pensamento: milhares de artistas, escritores, intelectuais
e cientistas foram perseguidos, presos e mortos.
• Julgamentos forjados: os adversários eram obrigados a confessar, sob tortura, que eram “traidores
da pátria”, sendo em seguida fuzilados. A propaganda tornou Stalin conhecido pelos comunistas do
mundo todo como “grande irmão”, “pai do povo” e “melhor amigo das crianças”.
Mapa Mental da Revolução Russa

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