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Introdução
veio para o Paraná no ano de 1951, ele reconstrói miliares, assim como de outros grupos, constitui-se
todo o desenvolvimento pelo qual a colônia passou. em um meio imagético para disseminar discursos e
O guardião ou o mediador se torna um narrador ressaltar relações sociais que ali ficaram congeladas
privilegiado da história do seu grupo. Nesse aspecto no instante retratado” (SANTOS, 2009, p. 148).
Angela de Castro Gomes aborda que: Sendo assim, é possível através das fotos esta-
belecer relações entre a descrição e memória de
O guardião ou o mediador, como também é chama- acontecimentos passados e as imagens. Philippsen
do, tem como função primordial ser um “narrador
privilegiado” da história do grupo a que pertence e constrói uma narrativa histórica baseada em relatos
sobre o qual está autorizado a falar. Ele guarda / pos- de seus antepassados, isto é através da memória de
sui as “marcas” do passado sobre o qual se remete, outros indivíduos6. Sobre a memória PESAVENTO
tanto porque se torna um ponto de convergência de
histórias vividas por muitos outros do grupo (vivos aborda que:
e mortos), quanto porque é o “colecionador” dos
objetos materiais que encerram aquela memória. Também se situa de forma análoga, pois constrói
Os “objetos de memória” são eminentemente bens laços de pertencimento e amarramento dos indiví-
simbólicos que contêm a trajetória e a afetividade duos ao seu passado. A memória, no caso, patrimo-
do grupo. Sejam documentos, fotos, filmes, móveis, nializa as lembranças, levando os grupos à coesão
pertences pessoais, etc., tudo tem em comum o fato social e a uma comunidade simbólica de sentido
de dar sentido pleno, de “fazer viver” em termos partilhada. Cria identidades, enfim, atividades de
profundos o próprio grupo (GOMES, 1996, p. 7). referência imaginária que situam os indivíduos no
mundo. Construídas. Inventadas sem serem neces-
sariamente falsas (PESAVENTO, 2006, p. 6).
Com relação aos elementos constitutivos da
memória, individual ou coletiva, Michael Pollak res- Sendo assim, a memória faz com que se reto-
salta que: me o passado buscando uma história não só indivi-
Em primeiro lugar, são os acontecimentos vividos
dual como coletiva, pois quem rememora traz uma
pessoalmente. Em segundo lugar, são os aconteci- experiência do vivido, as marcas do passado.
mentos que eu chamaria de “vividos por tabela”, Além de ter examinado essas duas fontes, ser-
ou seja, acontecimentos vividos pelo grupo ou pela vimo-nos também de imagens disponíveis na obra
coletividade à qual a pessoa se sente pertencer.
São acontecimentos dos quais a pessoa nem sem- Witmarsum em Quatro Décadas. In Vier Jahrzehnten
pre participou mas que, no imaginário, tomaram (COOPERATIVA MISTA AGROPECUÁRIA LTDA,
tamanho relevo que, no fim das contas, é quase im- 1991) que possibilitaram uma análise comparativa
possível que ela consiga saber se participou ou não
(POLLAK, 1992, p. 2). (em relação aos relatos) de aspectos sociais, eco-
nômicos (equipamentos utilizados nas primeiras
Já Koop se tornou a peça chave dessa pesquisa, plantações de arroz, trigo, milho, trigo preto, ai-
através da maneira como relata o passado, ficando pim, melancia), religiosos (a imagem da igreja que
evidente que o mesmo testemunhou a saída dos simboliza a religião, fator importante na vida dos
imigrantes menonitas do estado de Santa Catarina e imigrantes menonitas), a imagem da sede da Fa-
a chegada no estado do Paraná. Sobre o estado de zenda Cancela para ilustrar o início da formação
Santa Catarina, observando um conjunto de foto- da colônia e as mudanças ocorridas, e a imagem da
grafias durante a entrevista, relata: primeira casa construída por esses imigrantes.
Sobre a colônia Witmarsum, Altiva Pilatti Ba-
Esta foto aqui é em Santa Catarina. Onde nós mora- lhana e Brasil Pinheiro Machado apresentam algu-
mos, teve certo “chuncho”, eram para nós termos
ido para uma terra onde diziam que era muito boa.
mas considerações importantes (BALHANA; MA-
Mas esse morro que eu mencionei anteriormente, o CHADO, 1968). Balhana aborda temas como a for-
morro Dona Emma, tinha 800 metros de altura. Não mação da colônia e a organização da comunidade
conseguiam vender. Nós éramos gente que não ti-
nha nada, éramos iguais aos sem terra, pior que sem
(BALHANA; MACHADO, 1968, p. 55-88). Galbas
terra, nem pátria nós tínhamos, pois, nos nossos Milléo e Altiva Pillati Balhana analisam característi-
documentos estava escrito sem nacionalidade. E o cas relacionadas ao trabalho coletivo, à religião, or-
que nós podíamos fazer? Nós tivemos que ir para lá
(KOOP, 2012, p. 4).
ganização da família e padrões de relacionamentos,
com relação a visitas de residentes fora da colônia
Segundo SANTOS, “a fotografia de grupos fa- como também publicações de jornais e revistas re-
cebidas de várias procedências (BALHANA; MA-
6 Durante o depoimento o senhor Heinz Egon Philippsen refere-se aos seus antepassados como os pais e os avós os quais migraram do estado
de Santa Catarina para Witmarsum, na região de Palmeira.
CHADO, 1968, p. 177-200). Herbert Minich analisa menonitas através das fontes orais, analisando o
os antecedentes dos imigrantes menonitas, a orga- contexto regional de sua adaptação.
nização da Igreja Menonita, entidades e atividades
das congregações reunidas, o calendário religioso,
a filiação religiosa em Witmarsum e também o mes- Os menonitas
mo faz uma relação das diferenças na vida religiosa
dos menonitas na Rússia com a que eles levam no Antes de expor a trajetória dos menonitas do
Brasil (BALHANA; MACHADO, 1968, p. 153-176). estado de Santa Catarina para Palmeira no estado
Cecília Maria Westphalen, por sua vez, analisa a or- do Paraná, é fundamental compreender a origem
ganização econômica. desses imigrantes que vieram para o Brasil, vítimas
A bibliografia consultada ampliou as possibilida- de perseguições políticas e religiosas. MINICH
des de compreensão do tema pesquisado, pois as (1968) ressalta que os menonitas são de origem
obras abordam temas sobre a imigração, a memó- anabatista.
ria, fontes orais, como também análise de imagens. “Todos os menonitas do mundo têm sua origem
Entre os autores que trabalham com temas rela- no movimento anabatista da época da Reforma.
cionados à imigração destacam-se: Valdir Gregory, Esse movimento sócio-religioso desenvolveu-se
que trabalha com a colonização de imigrantes no simultaneamente nas regiões da Suíça e da Alema-
sul do Brasil, mais precisamente no oeste do Paraná nha do Sul, bem como nas províncias hoje chama-
(GREGORY, 2008). Wanderley Machado, trabalha das de Países Baixos” (MINICH, 1968, p. 153). “O
com a importância cultural do legado dos imigran- termo “Menonita” originou-se de Menno Simons
tes, abordando características relacionadas à arqui- ex-sacerdote católico que se uniu aos anabatistas
tetura, a culinária e as festas, não só características da Holanda” (WITMARSUM 50 anos no Paraná,
de imigrantes alemães como também italianos e 2011, p. 1). Esse movimento pregava o batismo de
poloneses. O autor traz em sua obra aspectos li- adultos. Segundo essa tradição, a pessoa entra para
gados ao trabalho mútuo, a conquista e a vontade a comunidade após ser batizada aos 15 anos, idade
de prosperar acima de tudo, sem nunca perder as em que, segundo os menonitas, a pessoa já é capaz
raízes de sua origem (MACHADO, 2005). Giralda de fazer escolhas próprias.
Seyferth analisa aspectos sobre a imigração no sul Com relação à imigração, envolvendo os mo-
do Brasil, bem como valores culturais de grupos ét- mentos de perseguições pelos quais os menonitas
nicos como alemães, italianos, poloneses e japone- sofreram na Holanda, MINICH ressalta:
ses (SEYFERTH, 1990).
Para a construção desse artigo foram utilizados Uma vez que as Igrejas Protestantes daquela época
eram “igrejas de Estado”, o princípio da separação da
textos de autores que trabalham com a memória Igreja do Estado, defendido pelos menonitas, não foi
histórica e fontes orais, como o trabalho de Angela apreciado nem pelos católicos, nem pelos protestan-
de Castro Gomes (1996, p. 17-30), Sandra Jatahy tes. Desta maneira, os membros do movimento ana-
batista foram perseguidos e condenados à morte, tan-
Pesavento (2006, p. 6) e Michael Pollak (1992, p. to por católicos, como por protestantes. Face a essa
200-212). Utilizamos o artigo que resultou da dis- perseguição, ainda nos meados do século XVI, alguns
sertação de mestrado de Francieli Lunelli Santos, anabatistas menonitas, emigraram da Holanda para o
delta do Vistula, na região de Dantzig, a fim de encon-
que estuda as representações da figura feminina nos trar liberdade religiosa e paz (MINICH, p. 154).
retratos de família em Ponta Grossa, construindo
interpretações não apenas para a mulher, mas tam-
Quando os imigrantes menonitas chegaram ao
bém para os grupos familiares (2009, p. 146-167).
Brasil fixaram-se no vale do Krauel, em 1930, numa
A ideia básica para a compreensão da trajetória
região chamada Witmarsum no estado de Santa Ca-
desses imigrantes menonitas é analisar essas fontes
tarina7. Porém as condições impróprias de terrenos
contextualizando junto à bibliografia, que permite
acidentados, que não proporcionava desenvolvimento
fazer uma ligação entre o aspecto vivenciado pelo
econômico pelo qual almejavam, e as difíceis condições
imigrante e o contexto regional e nacional. Nosso
de lá se manterem, fizeram com que esses imigrantes
objetivo será relatar como se deu o desenvolvi-
buscassem novas terras. Nesse sentido Giralda Seyfer-
mento da colônia de Witmarsum pelos imigrantes
th aborda que:
7 Colônia fundada por menonitas em 1930, no vale do Rio Krauel em Santa Catarina. Mesmo tendo sido abandonado pelos menonitas há 40
anos, o lugar até hoje é conhecido como Witmarsum (COOPERATIVA, 1991. p. 8).
8 Este vocábulo passou a ser aplicado, também para denotar o indígena, no sentido de “inculto”, “selvático”, “estrangeiro”, “pagão”, e “não cris-
tão”- uma noção de forte valor pejorativo, portanto. Disponível em: pt.wikipédia.org/wiki/Bugre. Acesso em 20 out. 2012.
9 Chamada de aipim (no sudeste), ou macaxeira (no norte e nordeste), é consumida como os demais tubérculos, cozida, frita, em purês e em
doces. Disponível em: www.mao.org.br/fotos/pdf/biblioteca/pinto_01.pdf. Acesso em: 17 de out. 2012.
Além dessas dificuldades tiveram que se adaptar lonos que vieram para Witmarsum após a compra
a um meio ambiente diferente e uma nova língua (o da fazenda Cancela adaptaram suas instalações para
português). Ainda sobre a adaptação SEYFERTH (p. darem início a uma nova vida.
57) explica que:
Por outro lado, houve aceitação por parte dos imi-
grantes de valores culturais brasileiros, principal-
mente dos aspectos relacionados a adaptação ao
meio ambiente, a necessidade de utilização do idio-
ma português, aos efeitos dos meios de comunica-
ção de massa, como o rádio e a televisão, etc.
12 Trigo Sarraceno (Fagopyrum esculentum), também chamado de trigo mourisco, é uma planta da família Polygonaceae. Os grãos de trigo
sarraceno são comestíveis e parecem-se aos grãos de cereais, [...]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Trigo_sarraceno. Acesso em: 28
set. 2012.
Fui para a Alemanha visitar minha irmã e visitei tam- italiana no Sul SEYFERTH relata que: “No Sul, por
bém um produtor de leite o qual me questionou
como eu falava bem alemão, se você disse que nun- exemplo, entre colonos de origem alemã e italiana
ca esteve aqui. Respondi que passei aqui quando ti- ainda se usam dialetos de origem dos imigrantes no
nha 10 anos. Mas então você fala alemão? Na escola? dia-a-dia das colônias, e o português, para eles, é a
Mas como? No trem eu e minha esposa viajamos 15
dias e nós falávamos o nosso dialeto. E aí as pessoas língua utilizada na esfera econômica ou no contato
perguntavam para nós: O que vocês estão falando, com estranhos” (SEYFERTH, 1990, p. 93)
que língua é essa? Nós somos do Brasil, e eles in- Em 1951 foi construída na colônia Witmarsum
dagavam do Brasil? Ninguém queria acreditar. Mas
como vocês falam tão bem o alemão? Falei para eles a primeira Igreja Menonita com sua edificação em
o seguinte: em casa falamos o dialeto, na escola e madeira e estilo europeu.
na igreja nós falamos o alemão legítimo e na rua o
português (KOOP, 2012, p. 6).
por aspersão. Este era um meio de integrar a pes- principal menonita sempre foi separar o Estado da
Igreja e pregar a “Liberdade Religiosa”. Você acre-
soa à comunidade tornando-se assim um membro dita naquilo que você quer. Você é livre não pode
da igreja menonita. ser imposto por um Estado ou por um governo ou
até mesmo pela família. A pessoa tem que chegar a
uma conclusão do que ela quer acreditar e isso nós
temos, é um dos princípios base dos menonitas. Ja-
mais vamos restringir alguém vir aqui para a colônia
(PHILIPPSEN, 2012, p. 8-9).
Enfim, alguns traços originais da cultura alemã sum constitui uma comunidade trilíngüe, na qual
serviram de instrumento básico para a preservação predominam os idiomas Plautdietsch, Hochdeutsch
do grupo. A língua alemã também serviu como uma e o Português. O uso cotidiano do idioma alemão
espécie de veículo de interação para que os meno- contribuiu para que fossem mantidos alguns dos ele-
nitas da colônia Witmarsum pudessem manter re- mentos culturais europeus da comunidade de Wit-
lações com comunidades menonitas do Brasil e de marsum. Contudo, além da língua, fica evidente que
outros países. a religião proporcionou outro dos fatores marcantes
da formação da colônia.
Considerações finais
Referências
Discutindo cultura, desenvolvimento, econo-
mia, imigração, história regional, afirmamos que a
colonização da colônia Witmarsum teve objetivos ALBERTI, V. Indivíduo e biografia na história oral.
e desfechos como todos os processos imigratórios. Rio de Janeiro: Centro de Pesquisa e Documen-
Evidenciamos assim que os imigrantes menonitas, tação Contemporânea do Brasil - CPDOC/
mesmo enfrentando dificuldades em outro estado FGV, 2000. p. 1-5. Disponível em: www.cpdoc.fgv.
(Santa Catarina), não desistiram de conquistar seu br. Acesso em: 27 ago. 2012.
espaço saindo em busca de novas terras. Devido às
dificuldades relacionadas ao clima e as terras aci- ______. Biografia dos avós: uma experiência de pes-
dentadas, não conseguiram conquistar o desenvol- quisa no ensino médio. Rio de Janeiro: Centro de
vimento pelo qual almejavam. Os motivos religiosos Pesquisa e Documentação Contemporânea do
também fizeram parte dessas dificuldades. Sendo Brasil - CPDOC/ FGV, 2006. p. 1-10. Disponível
assim em 1951, adquiriram a fazenda Cancela na re- em: www.cpdoc.fgv.br. Acesso em: 27 ago. 2012.
gião de Palmeira, iniciando uma nova colonização.
Em seus relatos ressaltam o trabalho em grupo e BALHANA, A. P.; MACHADO, B. P. (orgs) et al.
que estavam sempre resolvidos a tentar um novo Campos Gerais: Estruturas Agrárias. Curitiba,
começo, fato este presente no depoimento de um 1968. 268p.
descendente de imigrantes:
COOPERATIVA MISTA AGROPECUÁRIA LTDA.
Demorou muito para haver desenvolvimento na
região. As pessoas nos contam, eu não sou da-
Witmarsum: Em Quatro Décadas In Vier Jahrzehn-
quela época, mas é interessante quando a gente ten 1951-1991. Castro: Kugler Artes Gráficas Ltda,
houve, sente um pouco de orgulho e às vezes 1991. 138p.
pena, porque os nossos antepassados foram mi-
grando de um país para o outro. Levavam desen-
volvimento e iam embora, isso é bem histórico. DUCK, E. S. Witmarsum, Uma Comunidade
Quando a situação era difícil estavam bem unidos Trilíngüe: Plautdietsch, Hochdeutsch e Por-
e conseguiam progredir rapidamente, ficavam
tranqüilos e migravam novamente. É bem inte-
tuguês. 2005, Dissertação (Mestrado em Estudos
ressante, eu estudo bastante história e a gente Lingüísticos, Curso de Pós Graduação em Letras
nota estas tendências. Nós somos de certa forma Lingüísticas. Universidade Estadual Do Paraná,
um povo colonizador, abertura de fronteiras e
depois quando a situação fica bem, nós nos per-
Curitiba, 2005.p. 18.Disponível em:http://dspace.
guntamos e agora? Parece que a gente precisa de c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/handle/1884/2981/
algo assim, iniciar (PHILIPPSEN, 2012, p. 8). Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Elvine%20Sie-
mens%20Duck.pdf?sequence=1. Acesso em 05
Aos poucos essas famílias construíram suas ca- out. 2012.
sas em madeira, muitas das quais trazidas de Santa
Catarina. Na área econômica a plantação que mais FERREIRA, M. de M. Diário pessoal, autobiografia
se desenvolveu no início foi o cultivo de melancia. e fontes orais: a trajetória de Pierre Deffontaines.
Chegaram a enviar cargas para o estado do Rio de In: INTERNATIONAL ORAL HISTORY CON-
Janeiro. Foi com o sucesso do cultivo desta fruta que FERENCE. Rio de Janeiro: CPDOC/FGV/Casa
os imigrantes menonitas puderam investir em má- Oswaldo Cruz, vol. 1, 1998, p. 1-14.
quinas agrícolas.
Observe-se também que a colônia Witmar- GOMES, Â. de C. A guardiã da memória. Acervo:
Revista do Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, vol. Grasiele Kapp Ewert; Samanta Hass Karas. Palmeira
9, n. 1/2, jan/dez. 1996, p. 1-15. – Colônia Witmarsum, 2012. p. 1- 6.
Entrevistas orais